1
A RELAÇÃO ENTRE O DESENVOLVIMENTO E A NECESSIDADE DE
POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCENTIVO AO EMPREENDEDORISMO
SANTOS, Raquel1
CAVALCANTI-BANDOS, Melissa Franchini2
Eixo Temático: "Instituições, Governança e Desenvolvimento".
RESUMO
Atualmente, o Brasil é considerado um dos países mais empreendedores do mundo, contudo,
historicamente, o que se tem na prática é que este movimento também tem contribuído para o
elevado índice de mortalidade de empresas, uma vez que a criação apenas, não leva ao
desenvolvimento. Nesse contexto, este artigo tem por objetivo analisar a relação entre o
desenvolvimento e a necessidade de políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo,
que deveriam estar presentes na educação formal e na capacitação de empreendedores. Assim,
por meio de uma pesquisa exploratória, baseada essencialmente em dados secundários
verificou-se que é necessária uma educação empreendedora para que o desenvolvimento
aconteça e seja sustentável, permitindo o desenvolvimento de uma cultura empreendedora no
país.
Palavras-chave: Desenvolvimento. Políticas Públicas. Educação Empreendedora,
Empreendedorismo
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento é pauta para muitas discussões, principalmente pela ideia de que
deve ser medido por indicadores, os quais são capazes de afirmar se um país é ou não
desenvolvido. É cada vez mais frequente a discussão em torno da inclusão de outras variáveis
para a promoção do desenvolvimento e não apenas crescimento econômico. Por crescimento
econômico entende-se a acumulação de riqueza, também como força motriz capaz de
conduzir uma sociedade atrasada para uma sociedade avançada. Sen (2000) afirma que, além
da perspectiva dos ganhos econômicos e financeiros, o desenvolvimento deve incluir os
ganhos relativos à melhora da qualidade de vida das pessoas e de acordo com o Programa das
1 Centro Universitário Municipal de Franca Uni-FACEF. Mestranda. [email protected]. 2 Centro Universitário Municipal de Franca Uni-FACEF. Doutorado (FEA-USP). [email protected].
2
Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD (2013), "a renda é importante, mas como um
dos meios do desenvolvimento e não como seu fim."
A prática empreendedora, nesse cenário, tem sido cada vez mais vista, como uma
fonte de geração de empregos, riqueza e, consequentemente, desenvolvimento. No Brasil, nas
últimas décadas, o termo empreendedorismo tem se popularizado, no entanto, segundo
Dornelas (2015), o país ingressa no século XXI, sem ter resolvido o grande desafio histórico
de seu subdesenvolvimento, caracterizado principalmente, pela imensa brecha que separa uma
minoria de cidadãos com condições de vida privilegiadas, representando algo como 30% da
população total, da grande maioria sem condições financeiras e sem acesso a educação.
Dentre estes, 14% das famílias encontram-se em estado de miséria e 31% de grande pobreza,
o que tem contribuído para um número elevado de empreendedores por necessidade, que
reflete muito mais a busca de alternativas que possibilitem aos indivíduos sua subsistência.
Atualmente, o Brasil ocupa a décima primeira posição no ranking de
empreendedorismo segundo o Global Entrepreneurship Monitor – GEM (2015), sendo
considerado, por isso, um dos países mais empreendedores do mundo. São inúmeros os
fatores que levam um indivíduo a empreender. Em geral, as pessoas buscam o
empreendedorismo como uma alternativa ao desemprego, ou ao tempo ocioso que possuem
depois que se aposentam, há também os que veem no empreendedorismo uma oportunidade
de traçarem seus próprios caminhos.
Dessa forma, esse artigo tem como objetivo principal analisar a relação entre o
desenvolvimento e a necessidade de políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo,
que deveriam estar presentes na educação formal e na capacitação de empreendedores. Para
fins deste artigo, buscou-se conhecer como surgiu o empreendedorismo e analisar a sua
contribuição para o desenvolvimento das empresas, dos empresários e do exercício do papel
empreendedor e a importância de uma educação empreendedora, por meio de uma reflexão
teórica. O artigo foi escrito a partir de uma pesquisa exploratória, baseada em dados
secundários.
A fim de alcançar seus propósitos, o artigo é exposto a partir dessa introdução, na
sequencia, um referencial teórico abordando os temas desenvolvimento, empreendedorismo,
empreendedorismo no Brasil e educação empreendedora, para após serem apresentadas
reflexões e considerações finais e as referências.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O Desenvolvimento “A origem do conceito [desenvolvimento] surge na biologia, empregado como processo de evolução dos seres vivos para o alcance de suas potencialidades. Com Darwin, a palavra desenvolvimento passou a ter uma concepção de transformação, vista como um movimento na direção da forma mais apropriada.” (SANTOS et al, 2012, p. 46).
Furtado (1988), explica o conceito de desenvolvimento econômico focado na ideia da
acumulação de riqueza e na expectativa que o futuro guarda em si a promessa de um maior
bem-estar. O desenvolvimento é visto como a força motriz capaz de conduzir uma sociedade
atrasada a uma sociedade avançada.
Smith (1996) afirma que o desenvolvimento de um país só seria possível quando os
agentes econômicos fossem capazes de satisfazer seus interesses individuais de forma
espontânea. Para ele, o homem movido pelo desejo do lucro passaria a produzir mais e o
excedente da produção passaria a ser um benefício para toda sociedade. Diante dessa
premissa, ao procurar o seu interesse, o indivíduo promoveria o interesse da sociedade.
Conforme Vieira (2009), o crescimento econômico significa o aumento da capacidade
produtiva da economia e, portanto, da produção de bens e serviços de determinado país ou
área econômica. Ainda de acordo com o autor, o desenvolvimento econômico é o crescimento
econômico acompanhado pela melhora das condições de vida da população.
Lewis (1960) ressalta que o conceito de desenvolvimento econômico vai além da
riqueza ou da maior disponibilidade de bens e serviços. Por isso, o tema desenvolvimento tem
sido alvo de grande interesse no âmbito político e acadêmico, a fim de buscar metodologias
que promovam o desenvolvimento econômico, juntamente ao tecnológico e social, de maneira
a não comprometer as futuras gerações.
Considerando esse contexto, Sen (2000) afirma que o desenvolvimento deve ser
pensado além da ótica da acumulação de riqueza e aumento do Produto Interno Bruto (PIB), e
está relacionado com a melhora da qualidade de vida. Deve-se pensar em desenvolvimento
social para que a sociedade adquira melhores condições de vida de maneira sustentável. O
desenvolvimento social está relacionado com o desenvolvimento econômico na medida em
que uma melhor situação de vida pode ser oferecida à população por meio de uma educação
empreendedora que contribua com melhores ofertas e acessos aos bens e serviços.
Para Sachs (2004), a ideia de desenvolvimento transborda a crença da multiplicação da
riqueza. Assim como Sen (2000), Sachs defende a ideia de que o crescimento é pertinente e
4
necessário para gerar desenvolvimento, porém, não é de forma alguma suficiente para gerar
qualidade de vida para todos os cidadãos de determinada localidade.
O Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento - PNUD (2013), ao definir
desenvolvimento, inclui as pessoas como os principais atores desse processo. Diante disso,
Veiga (2005) comenta que o desenvolvimento está relacionado à possibilidade das pessoas de
viverem o tipo de vida que melhor lhes convém e, também, de terem as oportunidades que
lhes permitam fazer suas próprias escolhas.
2.2 Empreendedorismo
O termo “empreendedor” (derivado da palavra francesa entrepreneur) foi usado a
primeira vez em 1725 pelo economista Richard Cantillon, que dizia ser entrepreneur um
indivíduo que assume riscos. (CHIAVENATO, 2012, p.6). Schumpeter (1950) (apud
CHIAVENATO, 2012, p. 7) explica que o empreendedor é uma pessoa que deseja e é capaz
de converter uma nova ideia ou uma invenção em uma inovação bem-sucedida e sua principal
tarefa é a “destruição criativa”, a qual se dá por intermédio da mudança.
Verifica-se, portanto, que o empreendedor é o que faz as coisas acontecerem,
antecipando-se aos fatos, isto é, um ser humano inovador, que busca realizar algo diferente.
Empreendedor é alguém capaz de identificar, agarrar e aproveitar oportunidades, buscando e
gerenciando recursos para transformar a oportunidade em negócio de sucesso (TIMMONS,
1994). Drucker (1979) amplia a definição para focá-la em oportunidade, para ele empreender
não é apenas criar um negócio, mas fazê-lo em função de uma verdadeira oportunidade.
O comportamento empreendedor está normalmente relacionado à criação de novos
negócios, verificando, portanto, três características que identificam o espírito empreendedor: a
necessidade de realização, a disposição para assumir riscos e a autoconfiança.
(CHIAVENATO, 2012).
Dessa forma, para ser bem-sucedido, o empreendedor não deve apenas saber criar seu
próprio empreendimento. Deve também saber gerir seu negócio para mantê-lo e sustentá-lo
em um ciclo de vida prolongado e obter retornos significativos de seus investimentos. Isso
significa administrar: planejar, organizar, dirigir e controlar as atividades relacionadas direta
ou indiretamente com o negócio, visando as diferenciações que podem ser necessárias para
seu crescimento diante de tanta concorrência. As empresas, atualmente, operam em cenários
incertos, em que mudanças acontecem. São alterações políticas, econômicas, sociais, culturais
que impactam os negócios, sendo difíceis de controlar. (CHIAVENATO, 2012).
5
Embora o empreendedorismo seja um tema amplamente discutido nos dias atuais,
Dolabela (2008) afirma que o empreendedorismo não é um tema novo ou um modismo, muito
pelo contrário, existe desde sempre, desde a primeira ação humana inovadora com o objetivo
de melhorar as relações do homem com os outros e com a natureza.
Deve-se esclarecer que somente a partir de meados do século passado, porém, é que o
empreendedorismo passou a ter o significado atualmente conhecido e a ser considerado
essencial para a geração de riquezas de um país, principalmente, por promover o
desenvolvimento, gerar empregos e renda, possibilitando melhores condições de vida para a
sociedade em geral.
E para fortalecer esse propósito, de acordo com Dornelas (2015), o empreendedorismo
deve ser ensinado e entendido por qualquer pessoa. Destaca-se que o sucesso seja decorrente
de uma gama de fatores internos e externos ao negócio, do perfil do empreendedor e de como
ele administra as adversidades que encontra. Assim, o ensino do empreendedorismo ajudará
na formação de melhores empresários, melhores empresas e na maior geração de riqueza ao
país.
2.3 Empreendedorismo no Brasil De acordo com Dornelas (2015), o movimento do empreendedorismo no Brasil
começou a tomar forma na década de 1990, quando entidades como Sebrae (Serviço de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas) e Sociedade Brasileira para Exportação de Sotware (Softex),
foram criadas. Antes, praticamente não se falava em empreendedorismo e em criação de
novas empresas porque, segundo Sebrae (2013), os ambientes político e econômico do país
não eram propícios, e o empreendedor dificilmente encontrava informações para auxiliá-lo.
A pesquisa realizada pelo GEM 2015 mostra que o brasileiro tem desenvolvido a
cultura do empreendedorismo, invertendo a proporção da motivação que o leva a abrir um
novo negócio. Assim, a taxa de empreendedores por necessidade que vinha decrescendo
desde 2010, sofre um aumento em 2015. De acordo com o GEM 2015, a taxa de
empreendedores por oportunidade que em 2014 estava em 71%, reduziu para 56 %. A taxa
total de empreendedorismo (TTE) no país chega a 39,3% em 2015, em 2014 era de 34%. O
aumento da TTE de 2014 para 2015 foi determinado pelo aumento significativo na taxa de
empreendedores iniciais (TEA), que foi de 17,2% em 2014 e de 21% em 2015.
Nas análises qualitativas dos índices brasileiros, o número de empreendimentos
nascentes – identificados como iniciativas de abertura de negócios nos últimos 12 meses ou
operações ativas há até três meses – aumentou de 3,7% em 2014 para 6,7% em 2015 o que
contribuiu para o aumento da taxa total de empreendedorismo.
6
Outros dois pontos de atenção são o potencial de inovação e o impacto que os
negócios têm na economia. Em geral, os próprios empreendedores avaliam seus produtos e
serviços como pouco inovadores para a sociedade. A baixa geração de empregos e o
faturamento anual pequeno também são indicadores ruins. Entre os estabelecidos, formados
por donos de empresa com mais de 3,5 anos de operação, 61% não têm empregados e pouco
mais da metade prevê que vai continuar com esse quadro nos próximos cinco anos.
O diagnóstico do GEM 2015, também, traz as considerações dos especialistas, que
avaliam as condições do ambiente empreendedor do país. Políticas públicas de incentivo e a
educação empreendedora estão entre as principais recomendações. O estímulo ao
empreendedorismo deve estar presente na educação formal e na capacitação. Na área de
incentivos formais e programas, os especialistas indicam a necessidade de evoluir nos
critérios de acesso ao crédito subsidiado e reduzir a carga tributária, especialmente para micro
e pequenos empreendedores. Informação aqui, também é essencial, porque há uma grande
distância entre o que existe disponível no mercado, ainda muito restrito, e o nível de
conhecimento do empreendedor sobre o assunto.
2.4 A Educação Empreendedora
No relatório do GEM 2015, as recomendações para educação e capacitação propõem
que o empreendedorismo seja disciplina transversal e esteja presente em todos os níveis
educacionais, do básico ao superior, fazendo uso das tecnologias da informação. A melhora
na educação e capacitação passa, segundo as recomendações dos especialistas pelo
fortalecimento do ecossistema empreendedor, que é formado por incubadoras, aceleradoras e
educação empreendedora no ensino formal. Assim, o artigo reforça a necessidade de políticas
públicas que incentivem o empreendedorismo na educação e a ampliação da capacitação.
Os educadores reconhecem a necessidade de ser modificado o atual sistema
educacional, que coloca maior ênfase na aquisição do conhecimento e pouca atenção no
desenvolvimento de habilidades específicas para uso desses conhecimentos e não enfoca o
desenvolvimento da cultura empreendedora. Os estudantes devem ser preparados para
saberem lidar com a ambigüidade, definindo problemas e projetando soluções
(FRIEDLAENDER, LESZCZYNSKI, LAPOLLI, 2003).
A Universidade, adotando um padrão de articulação entre conhecimento e inteligência
pessoal, modelo baseado na Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, como se propõe
a atuar neste milênio, gera a necessidade de uma Educação Empreendedora (DA RÉ, 2003).
Somado a esse fato é importante destacar que com a globalização, o papel da tecnologia
7
passou a ser primordial para as empresas, aproximando o setor educacional do empresarial.
Gerou-se a necessidade de se rever o modelo de formação profissional em todos os níveis.
A educação é um dos pilares com o qual se constrói um país desenvolvido, tem papel
fundamental a cumprir na transformação do modelo social, uma vez que o paradigma
produtivo requer boa educação. Deve-se educar para a cidadania, oferecendo uma boa
formação acadêmica, multidisciplinar e generalista. Surge, portanto, a preocupação com a
educação, em todos os níveis, orientada ao desenvolvimento pessoal, despertando nos alunos
características que reforçam seu sucesso como futuros profissionais. O aprendizado precisa ter
um modelo simples que consiga fazer a combinação entre o que precisa ser aprendido (desafio
da mudança) e quem precisa aprender (desafio do aprendizado).
O ensino do empreendedorismo é fundamental, contudo deve-se atentar para o fato de
que é difícil se tornar um empreendedor sentado e calado em frente ao seu professor. É
preciso atender às reais necessidades do aluno e auxiliá-lo a entender e enfrentar situações
similares às que ocorrerem no cotidiano. (BRAGA, 2001).
De acordo com Dolabela (2001), os pressupostos da formação do empreendedor
baseiam-se mais em fatores motivadores e habilidades comportamentais do que em um
conteúdo puramente instrumental. As disciplinas voltadas ao empreendedorismo devem
priorizar o comportamento (o ser) em relação ao saber. A proposta não é a transmissão de
conhecimentos, mas o esforço no desenvolvimento de características pessoais necessárias ao
empreendedor de sucesso. Assim, na formação do indivíduo empreendedor requer o
desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e principalmente comportamento: capacidade
de assumir riscos, elevada criatividade, motivação muito grande por resultados, realização e
busca de comprometimento, dentre outros (BRINGHENTI et al, 1999).
3 REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se, ao final, que os países em desenvolvimento, como o Brasil, estão
aprendendo a ver no empreendedorismo uma fonte de geração de riqueza e desenvolvimento.
As altas taxas de desemprego, entre outros fatores, têm feito com que muitas pessoas
busquem o empreendedorismo como uma alternativa de subsistência. O problema está no fato
de que a atividade empreendedora, por si, não gera riquezas, pois empreendedores
desprovidos de informações sobre o mercado, sem experiência na área em que desejam atuar,
sem a capacitação adequada, sem apoio financeiro podem gerar problemas ao
desenvolvimento.
8
Dessa forma, a educação empreendedora é alicerce para um empreendedorismo que
traga emprego e renda para o ambiente a sua volta, potencializando o sucesso do negócio. Isso
porque, no Brasil, tornar-se um empreendedor de sucesso não é uma tarefa tão fácil,
principalmente porque além de superar os desafios do mercado, precisa transpor a excessiva
carga tributária, o excesso de burocracia, a lentidão da justiça, a dificuldade em encontrar mão
de obra qualificada, entre outros fatores.
Atualmente, existe uma preocupação bastante intensificada em relação ao
empreendedorismo e ao que ele representa para a sociedade. Com isso mais estudos e
pesquisas referentes ao tema são realizados, gerando metodologias e procedimentos que têm
por objetivo auxiliar os novos empresários em especial, na iniciação e condução dos negócios
de forma a possibilitar obtenham sucesso e contribuam para o desenvolvimento do país.
Dornelas (2015) é enfático ao esclarecer que as chances de sucesso diminuem à
medida que o candidato a empreendedor tem uma ideia brilhante, dirigida a um mercado que
conhece muito pouco e em um ramo de atividade no qual nunca atuou profissionalmente. O
mesmo autor continua afirmando a necessidade de se procurar iniciar negócios em áreas que
sejam conhecidas pelo empreendedor, e que este já possua alguma experiência ou tenha
sócios que já atuaram nesse ramo de atividade, também deve atuar em algo de que realmente
goste e com o qual se sinta satisfeito e motivado, para enfrentar melhor as dificuldades.
Drucker (2002) afirma que o futuro é algo indeterminado, mas ainda assim pode ser
moldado, e o único fator que pode efetivamente motivar essa ação é uma ideia, como por
exemplo: de uma economia, tecnologia ou mercado diferentes, entre outros. Conforme o
autor, por esse motivo, o planejamento em longo prazo não serve apenas para a grande
empresa. A pequena empresa pode, de fato, conseguir uma vantagem se tentar dar forma ao
futuro hoje, mesmo porque, se fizer um bom trabalho, possivelmente não permanecerá
pequena por muito tempo.
Vale ressaltar que toda empresa de grande porte e bem-sucedida existente na
atualidade foi um pequeno negócio baseado em uma ideia de como deveria ou poderia ser o
futuro. Entretanto, essa ideia precisa ser empreendedora e capaz de produzir riquezas. Além
disso, é preciso ter em mente que “fazer” o futuro acontecer requer trabalho e não genialidade
simplesmente. Drucker (2002) orienta que, no lugar de tentar adivinhar quais produtos e quais
processos o futuro exigirá, é melhor decidir que ideia se quer ver como realidade no futuro e,
a partir dela, construir uma empresa.
Conclui-se com isso que a cultura empreendedora é um dos pilares do
desenvolvimento econômico e social de uma nação e deve ser uma disciplina a ser incluída no
9
ensino fundamental para a geração de uma nova consciência e prática empreendedora com
ética e inovação. Assim, a partir dos autores Friedlaender e Lapolli (2001) verifica-se que
uma proposta metodológica de ensino empreendedor deve contemplar: a motivação, o
processo visionário, a capacidade de identificação, análise e aproveitamento de oportunidades,
a criatividade e o comportamento empreendedor. Os autores reforçam que a abordagem
didática deve levar o aluno a enfrentar situações similares àquelas que poderá encontrar na
prática, para entenderem o funcionamento do mercado.
Alerta-se, portanto, a partir dessa análise entre o desenvolvimento e o
empreendedorismo que é urgente a necessidade de políticas públicas de incentivo ao
empreendedorismo, tanto na educação formal e como na capacitação de empreendedores,
contudo sugere-se para futuras publicações um estudo prática acerca das políticas públicas de
incentivo ao empreendedorismo.
4 REFERÊNCIAS
BRINGHENTI et al. Empreendedorismo em Organizações. In: ENEMPRE – Encontro
Nacional de Empreendedorismo. 1º, Anais, Florianópolis: Escola de Novos
Empreendedores, 1999.
CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo - Dando asas ao espírito empreendedor. 4ª
São Paulo: Manole, 2012.
DA RÉ, C. B. Z. Ensino de empreendedorismo: estudo de caso nos cursos de graduação em
turismo do Distrito Federal. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação em
Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
DOLABELA, F. C. Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura Edit.Associados, 2001.
DOLABELA, F. O Segredo de Luísa. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2015.
DRUCKER, P. F. O melhor de Peter Drucker: obra completa. São Paulo: Nobel, 2002.
FRIEDLAENDER, G. M. S e LAPOLLI, E. M. Preparando-se para um ensino
empreendedor. In: ENEMPRE – Encontro Nacional de Empreendedorismo. 3º, Anais,
Florianópolis: Escola de Novos Empreendedores, 2001.
FRIEDLAENDER, G. M. S; LESZCZYNSKI, S. A C e LAPOLLI, E. M.
Empreendedorismo: A valorização do conhecimento. In: ENEMPRE – Encontro Nacional
de Empreendedorismo. 5º, Anais, Florianópolis: Escola de Novos Empreendedores, 2003.
10
GEM BRASIL. Livro GEM – Global Entreneurship Monitor – Disponível em
<http://www.ibqp.org.br/upload/tiny_mce/Download/GEM_2014_Relatorio_Executivo_Brasi
l.pdf.> Acesso em 10 de jan de 2016.
INSTITUTO BRASILEIRO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE - IBQP. Disponível
em http://www.ibqp.org.br/noticia/146/. Acessado em 10 de janeiro de 2016.
LEWIS, W. A. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro: Zahar, 1960.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD.
Disponível em: http://www.pnud.org.br. Acesso em: 10 de janeiro de 2016.
SACHS, I. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro:
Garamond, 2004.
SANTOS, Elinaldo Leal et al. Desenvolvimento: um conceito multidemensional.
Desenvolvimento Regional em debate, ano 2, n. 1, jul. 2012. Disponível em:
<http://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/1858/1/ART_ElinaldoSantos_2012.pdf>. Acesso em:
10 de janeiro de 2016.
SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE. Disponível em:
www.sebrae.com.br. Acesso em: 10 de janeiro de 2016.
SMITH, A. A Riqueza das Nações. São Paulo: Nova Cultura, 1996.
VEIGA, J. E. da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. 1ª Ed. Rio de
Janeiro: Editora Garamond, 2005.
VIEIRA, E. T. Industrialização e Políticas de Desenvolvimento Regional: o Vale do
Paraíba Paulista na segunda metade do século XX. São Paulo, 2009. Tese (Programa de
Pós-Graduação em História Econômica) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo.