Download - A luta do bem e do mal
________________________________________________________ (*) Toni Martin | cineasta e professor. Homenagem a Glauber Rocha
A luta do Bem e do Mal No corrupto mundo Terra Toni Martin*
Se hoje lembraste Glauber,
Acertaste: 14 de Março de todos os anos! Eita brasileiro bravo
Valente, cabra da peste, Nascido na Vitória da Conquista No meio do sertão calcinado.
Por que vale a pena recordá-lo?
Ele é atual, seu pensamento vivo
Nunca foi tão presente. Glauber, E sua voz rouca sem claquete
Como diria o Jabor, É Cabra que berra palavras
Sem dó, Morreu também Crucificado, de tristeza, De ele próprio, Deu-se fim na primavera
Da vida.
Hoje nos falta heróis! Gritava da alcova mais Um Brasileiro, Mas Brecht responderia:
"Miserável país aquele que não tem heróis,
Miserável país aquele que precisa de heróis”. Ai lembrei do Glauber, Um anti-herói, por quê não?
Foi e sempre será Um beato guerreiro, Homem visionário, Incontrolável servidor Da sua alma atormentada
Aquele cabra que, Desperta terror nos conformados, Assusta hipócritas revolucionários Criador de amigos quanto inimigos, Anarquista graças a Deus, Talentoso de brincar na Fogueira do Mundo, Queimando traidores da virtude no
Fogo da quimera, Morreu pobre, não sei se feliz, Mas realizado, Acredito que sim.
Dizia Machado de Assis: “A vaidade é o principio da
Corrupção”.
É! Aqueles Vaidosos Farejando o ouro da alma
Dos que Cultuam o bem E se afastam do mal, Num rito eterno Entre Deus e o Diabo.
________________________________________________________ (*) Toni Martin | cineasta e professor. Homenagem a Glauber Rocha
Darci Ribeiro chorou Na sua cova, Suas palavras Revelavam o respeito pelo amigo, Pelo Ser e seu pensamento, Cantou sua prosa à dimensão do guerreiro.
“O tempo não para, Não, não para....” Todo cineasta, sabe disso, Todo artista o sente Escorrer pelos dedos.. Prumo à terra mãe.... ...O circo continua! O show não pode parar, No drama da vida Viver é perigosamente belo, Nada é simples,fácil, A infância acaba cedo, Ponto. Se te rebelas... Toma teu sangue nas mãos
Grita o desejo de paz no coração
Neste sertão de todos os santos
Do Beato Sebastião ao Antonio, Urge tua irá contida na
Cegueira pérfida da corrupção. Mas não se cale, não.
Deus e o Diabo, se enfrentam
Como se fossem irmãos
Um nascido do outro, Marcando as almas pela
Cobiça nativa das Trevas que tanto gritaste.
Na Glauber visão do mundo
Da estetyca da fome, Fome do quê? Diria Titãs, Fome da verdade, Sem tréguas, Arreia a sela
No cavalo branco Do São Jorge Protetor,
Fome da busca infinita
Pela vida plena e alegria.
Glauber contou A 50 anos
O que ainda hoje acontece, Da desesperada mania
Dos que tem e querem mais, Dos que não possuem forças, Esses que baixam suas cabeças, Cidadãos do Bem, Mascarados, Crivados pela herança Medieval do silêncio, Que sofrem na solidão, Que choram baixinho, Que criam sua prole sem pão, Sem futuro algum.
Pois hoje lhe direi: A terra pertence
Ao Diabo, Me disseram que o Bichano voa sempre, Cruza o tempo e o espaço
Num bater de asas,
Sim, Ontem, hoje e amanhã Num giro único. Rasga seu manto de maldade Em todo canto da terra, Apertando neurônios do medo
Da “irada caneta” que assina O aborto de verbas para educação
e quem dirá da saúde? Acoitada dia após dia nos quatro cantos Deste Brasil que ainda teima resistir a seca maldita dos gananciosos.
Hoje 14 de Março, Marca maior do irmão
Que chegou ao mundo Missionário, como o Beato De arma na boca e nas mãos. Aqui neste palco querido Tenho orgulho de Ser seu Companheiro de viagem:
Um fiel Contador de Histórias, Sedento pela Verdade de tudo que não se vê, escondido na alma do mundo
________________________________________________________ (*) Toni Martin | cineasta e professor. Homenagem a Glauber Rocha
e tuneis dos labirintos, Dos pobres e ricos de espírito, Dos que não tem o que vestir e orgulho de si.
Entre o Bem e o Mal A batalha persiste, Nesta terra do Sol, Muito simples assim
dirás, Como restar vivo Neste confronto, Carregado de ódio? Ninguém sobrevive À maldade, Judiam crianças e idosos
No palco da guerra bendita Nada sobreviveu, nada...
No aboio do Cangaceiro Ruge sua revolta, De espada em punho, Vingadora lamina viva, desfere golpes amorosos, (em vão), Mal sabe ele que tudo já se foi, Pois Canudos de Antonio Conselheiro
Padeceu na fome Mataram a monarquia do profeta Na fome da Republica Tropical
Que progresso é este que destruidor das vidas frágeis do sertão?
Calas-se a noite, logo o dia surge tímido,
O vento sul liberta Fernando Pessoa Sussurrando distante: Meu caro “tudo vale a pena quando a Alma Não é pequena” Grata mensagem, respiro firme!
Deixo-me encantar pelo som das águas, Das luzes da alvorada, do riso infante
De abraços cândidos Pois neles contém o antídoto Contra o Mal, Da Marca de ferro quente Tatuado em brasa sobre sua carne,
Medite meu irmão No cantinho do seu leito Ouça suas Palavras e atitudes Quem você realmente é?
Levo meu “pranto” a conversar, Eu e ele, ninguém mais. Políticos “safados” São reflexo do povo corrupto
Sim, fora eles dirás em ovação, Espécie de Urubus que procuram O benefício próprio Em detrimento dos demais. Olhe-se também irmão! Julgue-se friamente, Sem pena e misericórdia. eres tu também O Fura fila? Estaciona na vaga Do deficiente, sem o ser? Engana-se ao dar ou Receber um troco? E logo se cala?
Em tempos de Glauber Não há tréguas, É sim tempo de reflexão
Driblando a seca da humanidade.
Sentido o Monte Santo chegar, Suas escadas ásperas e eternas
Lembra a dor do povo brasileiro
Num único ritual sem fim, Precisaremos um exercito completo
Mil "Glauberes e suas câmeras” Pois o mar não esta Para peixe, Oh! Profeta do agreste! Ainda confio em ti, Que um sonho a de se realizar: O sertão vai virar mar, E o mar vai virar sertão
Se Deus quiser, Salve Glauber! Alegria neste teu dia! Ao som de Villa lobos, E dos repentes da tua Terra chamada Brasil.
Toni Martin Giles www.tonimartin.net (061) 8490-0660