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A IMPORTÂNCIA DAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA O PROCESSO DE
APRENDIZAGEM DA LEITURA NAS SÉRIES DO 1º AO 3º ANO
SOBRAL, Erivaneide Zacarias da Costa1 FARIAS, Eliete Francisca da Silva2
AMADOR, Amanda Micheline3
RESUMO Ao ensinar a ler, deve-se considerar como ponto de partida do ensino, os fatores que possam interferir na compreensão e interpretação dos textos, como também as dificuldades individuais que vão desde o social e cultural do aluno. A partir deste entendimento o presente estudo teve como principal objetivo verificar as estratégias de ensino que devem ser adotadas para o efetivo aprendizado da leitura nas séries iniciais do 1º ao 3º ano nas escolas públicas. Como metodologia foi realizada uma pesquisa de campo, de cunho qualitativo, em cinco escolas do município Serra do Mel-RN, a saber, Escola Municipal Vila Alagoas, Escola Municipal Vila Sergipe, Escola Municipal Vila Pernambuco, Escola Municipal Vila Bahia e Escola Municipal Vila Rio Grande do Norte, com 10 professores que atuam em sala de Ensino Regular e Multiseriado. O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário, contendo perguntas abertas e fechadas. Os dados foram analisados por meio de formação discursiva com a transcrição direta das respostas dos participantes da pesquisa. Os resultados apontaram que apesar dos professores que atuam na MR e MM realizarem estratégias e atividades diferenciadas os alunos têm dificuldades de aprender a ler e consequentemente dominar os demais componentes como escrever, interpretar e produzir textos. O que torna necessário buscar o auxilio, seja com a coordenação ou com a família, para que se possa ter uma aprendizagem significativa com efetivo resultados. Concluindo que é importante ter consciência de que se essas questões não forem devidamente trabalhadas pela escola, aqui representada pelos professores, a grande maioria dos alunos apresentará inúmeras dificuldades para aprender a ler. Palavras Chave: Aprendizagem. Estratégia. Leitura. Professor. ABSTRACT When teaching how to read, one must consider as a starting point of teaching, the factors that may interfere in the understanding and interpretation of the texts, as well as the individual difficulties that range from the social and cultural of the student. Based on this understanding, the present study had as main objective to verify the teaching strategies that must be adopted for the effective learning of reading in the initial grades of the 1st to the 3rd year in public schools. As a methodology, a qualitative field research was carried out in five schools in the municipality of Serra do Mel-RN, namely, Vila Alagoas Municipal School, Vila Sergipe Municipal School, Vila Pernambuco Municipal School, Vila Bahia Municipal School and Vila Municipal School Rio Grande do Norte, with 10 teachers who work in the Regular and Multiseriate Teaching Room. The data collection instrument used was the questionnaire, containing open and closed questions. The data were analyzed through discursive training with direct transcription of the responses of the research participants. The results showed that despite the teachers who work at MR and MM carry out differentiated strategies and
1 Doutoranda em Ciências da Educação pela Veni Creator Christian University. 2 Doutoranda em Ciências da Educação pela Veni Creator Christian University. 3 Professora Orientadora da Veni Creator Christian University.
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activities, students have difficulties in learning to read and consequently master the other components such as writing, interpreting and producing texts. What makes it necessary to seek help, either with the coordination or with the family, so that one can have a meaningful learning with effective results. Concluding that it is important to be aware that if these issues are not properly addressed by the school, represented here by the teachers, the vast majority of students will have numerous difficulties in learning to read. Keywords: Learning. Strategy. Reading. Teacher.
INTRODUÇÃO No processo de ensino o professor deve a partir de um referencial básico
organizar seus procedimentos de ensino que possibilitem um processo dinâmico na
aprendizagem. As estratégias de ensino devem contribuir para que o aluno:
Mobilize seus esquemas operatórios de pensamento e participe ativamente das experiências de aprendizagem, observando, lendo, escrevendo, experimentando, propondo hipóteses, solucionando problemas, comparando, classificando, ordenando, analisando, sintetizando etc . (HAYDT, 2006, p. 144)
Por ser a estratégia de ensino um método didático, devem ser considerados
os objetivos, o conteúdo a serem desenvolvidos, as características dos alunos e o
tempo disponível. E a partir dessas considerações adotarem as práticas mais
adequadas para um processo ativo de reconstrução do conhecimento (HAYDT,
2006, p. 145).
Nesse sentido, a aprendizagem será mais eficiente e significativa se o ensino
partir das experiências, vivências e conhecimentos anteriores, como também,
construir o objeto de ensino por meio da atividade mental do aluno. Desta forma,
qualquer que seja a estratégia de ensino adotado, Haydt (2006, p. 151) recomenda
ao professor, que ofereça “aos alunos situações que lhes permitam comparar,
estabelecer relações, classificar, induzir, deduzir, sintetizar, conceituar e justificar”.
Com isso, levá-los a operar mentalmente na construção do conhecimento.
Carvalho apud Haydt (2006, p. 147) apresenta a seguinte classificação dos
métodos de ensino:
a) Métodos individualizados de ensino – São aqueles que valorizam o atendimento às diferenças individuais e fazem a adequação do conteúdo ao nível de maturidade, à capacidade intelectual e ao ritmo de aprendizagem de cada aluno, considerado individualmente. Entre estes estão o trabalho com ficha, o estudo dirigido e o ensino programado.
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b) Métodos socializados de ensino – São os métodos que valorizam a interação social, fazendo a aprendizagem efetivar-se em grupo. Incluem as técnicas de trabalho em grupo, a dramatização e o estudo de casos. c) Métodos sócio-individualizados – São os que combinam as duas atividades, a individualizada e a socializada, alternando em suas fases os aspectos individuais e sociais. Abrangem, entre outros, o método de problemas, as unidades de trabalho, as unidades didáticas e as unidades de experiência.
O professor conhecendo os métodos existentes, ele irá usar as estratégias e
os procedimentos didáticos mais adequados aos objetivos que deseja alcançar.
Tendo como principal objetivo, facilitar a aprendizagem do aluno. Ou seja, para
alfabetizar, o professor precisa de um caminho metodológico para atingir seus
objetivos, não importando que terminologia use, todos tem o mesmo significado,
método, técnica, tecnológica, procedimento, processo, estratégia ou fórmula de
modelo.
Dentro deste contexto é necessário considerar a contribuição que os recursos
pedagógicos e estratégias de ensino podem oferecer para o processo de
apropriação da leitura. Visto que a complexidade e a multiplicidade de diversos
aspectos explicam por que o processo de ensino da leitura tem sido estudado por
diferentes profissionais. Uma teoria coerente exigiria uma articulação e integração
dos achados e análises a respeito de suas diferentes estratégias. Entre elas
encontra-se o processo de obtenção do conhecimento e de aprendizagem da leitura.
A partir deste contexto o presente estudo buscou responder a seguinte
questão: a importância das estratégias de ensino que devem ser adotadas para o
efetivo aprendizado da leitura nas séries iniciais do 1º ao 3º das escolas públicas?
Para Freire (1996, p. 25) “ensinar não e transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Ainda de acordo com o
autor (1996) ao se proporcionar efetivas aprendizagens os educandos adquire o
verdadeiro entendimento o que levam a se tornarem sujeitos da construção e da
reconstrução do conhecimento ensinado, juntamente com o educador, igualmente
sujeito do processo.
Vygotsky (1988) reforça esse entendimento ao afirmar que a aprendizagem
se dá de forma individual ou com a colaboração de outra pessoa, por meio da
vivência e experiências, como também ao observar e explorar o seu ambiente,
construindo o conhecimento necessário para modificar situações através da
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reestruturação de seus pensamentos, interpretando e buscando soluções para
novos fatos, o que contribui e muito, para o desenvolvimento intelectual do indivíduo.
Tais reflexões apontam que é imprescindível haver a elaboração de uma
prática educativa em que a criança constitua o eixo do processo, e que sejam
levadas em consideração as diferentes dimensões de sua formação para que se
possa proporcionar uma aprendizagem significativa.
De acordo com Moreira (1999) a aprendizagem significativa acontece quando
um novo conhecimento relacionado de forma eventual com outra informação já
existente na composição cognitiva do aprendente. Desta forma, os dois
conhecimentos, se relacionam e formam outro, modificado.
METODOLOGIA
Este trabalho se caracteriza, quanto aos fins, como uma pesquisa qualitativa
de caráter descritivo, pois teve o objetivo de verificar as estratégias de ensino que
devem ser adotadas para o efetivo aprendizado da leitura nas séries iniciais do 1º ao
3º ano nas escolas públicas.
De acordo com Richardson (2010, p. 90) “a pesquisa qualitativa pode ser
caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e
características situacionais apresentadas pelos entrevistados”. Este tipo de pesquisa
tem como processo básico a explicação dos fatos e a atribuição de seus
significados.
O estudo foi realizado em cinco escolas do município Serra do Mel-RN, a
saber, Escola Municipal Vila Alagoas, Escola Municipal Vila Sergipe, Escola
Municipal Vila Pernambuco, Escola Municipal Vila Bahia e Escola Municipal Vila Rio
Grande do Norte.
Os sujeitos da pesquisa foram 10 professores que atuam em sala de Ensino
Regular e Multiseriado.
Todas as questões éticas foram cumpridas. A autorização para realização da
pesquisa foi obtida pela direção da escola.
O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário, contendo
perguntas abertas e fechadas, com uma duração média de 1 hora.
Após a aplicação do questionário com os coordenadores e professores, foi
realizada a transcrição e análise dos dados, e para preservar a identidade dos
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participantes foram atribuídas as siglas PMM para professores de sala de
Modalidade Multiseriada e PMR para Modalidade Regular, seguido do número
arábico consequentemente, que participaram da pesquisa para coleta de
informações. Foram analisadas as transcrições das respostas, mas considerando
aquelas mais relevantes para a discussão do estudo.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O início da análise foi baseado na verificação com os participantes do estudo
de que existe um déficit de aprendizagem dos alunos do 1º ao 3º ano no processo
de aprendizagem da leitura, diante dessa dificuldade em aprender foi questionado
aos professores se existe a elaboração de projetos que de apoio a leitura, escrita,
interpretação e produção textual, os quais se posicionaram conforme apresenta o
Quadro 1.
Quadro 1. Formação Discursiva sobre Elaboração de projetos de apoio a leitura, escrita, interpretação e produção textual para educandos do 1º ao 3º ano, em escolas que oferecem o ensino na Modalidade Regular (MR) e Modalidade Multissérie (MR) do município de Serra do Mel-RN, 2019
FD: Elaboração de projetos de apoio a leitura, escrita, interpretação e produção textual
Identificação do profissional
Excerto de Depoimentos (ED)
PMR1 “(...) Sim. Durante todo o ano é desenvolvido vários projetos que auxiliam os alunos nesse processo de leitura e escrita.”
PMR2 “(...) Sim. Sarau, escrita de pequenos textos, produção de cartazes, leitura diária, produção de textos lidos, estrutura de textos com início, meio e fim.””
PMR3 "(...) Raramente, pois existe relutância em realizar esses projetos”
PMR4 “(...) Sim. Mas precisa de mais suporte de pessoal para ajudar o professor.”
PMR5 “(...) Raramente. Conhece a realidade, porém não apresenta nada de novo.”
PMM6 "(...) Sim. Contínua.”
PMM7 “(...) Sim.”
PMM8 “(...) Sim. Menos interpretação textual.”
PMM9 "(...) Sim. Desenvolve projetos de leitura.”
PMM10 “(...) Sim. Pois é uma maneira de incentivar a leitura.”
Fonte: Dados da pesquisa de campo (2019)
A realização de Projetos de apoio à leitura é importante tanto para o processo
de alfabetização como para o incentivo ao gosto pela leitura, auxilia também na
formação do cidadão letrado. Dessa forma é importante haver a implantação dessa
estratégia. Conforme apresenta o Quadro 1, apenas os profissionais PMR3 e PMR5
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responderam que raramente são elaborados projetos na escola como incentivo a
leitura, os demais responderam que sim, existem projetos de apoio.
No entanto, os mesmos profissionais quando questionados sobre o
desenvolvimento dos alunos em relação a sua habilidade de leitura quando chegam
ao 3º ano, quando questionados tanto os profissionais da modalidade regular como
da multissérie informaram que os alunos concluem o 3º ano com pouca habilidade
de leitura ou não sabem ler, ou seja, não alcança o domínio da leitura.
Diante dessa afirmativa, torna-se necessário haver uma investigação do que
realmente acontece, e do por que dos alunos não conseguirem alcançar o domínio
da leitura, uma vez são realizados vários projetos durante todo o ano letivo que
auxiliam os alunos nesse processo de leitura e escrita, e com ações como apresenta
PMR2 de “Sarau, escrita de pequenos textos, produção de cartazes, leitura diária,
produção de textos lidos, estrutura de textos com início, meio e fim.” E mesmo
havendo a necessidade de “suporte de pessoal para ajudar o professor” como
questiona PMR4, a realização efetiva de projetos deve proporcionar resultados mais
significativos e que contribuem para que ao final do 3º ano o aluno tenha o domínio
da leitura e escrita.
A elaboração de projetos colabora para concretização do currículo no
cotidiano escolar para que os conteúdos possam ser mais facilmente apropriados
pelos educandos, também de acordo com o planejamento de cada professor em sua
prática pedagógica. É o que se pode denominar de currículo “real”, que de acordo
com Libâneo (2004, p. 172) “é a execução de um plano, é a efetivação do que foi
planejado”, é o que o professor realmente coloca em prática, ações que realiza no
seu dia a dia escolar.
O que se percebe nas escolas estudadas é que as ações não são
desenvolvidas, visto que ao final do 3º ano, os resultados apresentados para essa
série, conforme informações dos professores, pode existir o desejo, faltando a real
concretização. Sobre essa questão Lima, Zanlorenzi e Pinheiro (2012) afirmam que
os conteúdos das séries iniciais podem ser trabalhados e organizados em planos e
projetos, “mas a questão maior não está no conteúdo em si, mas na maneira como
esse conteúdo é apresentado às crianças e com elas trabalhado” (p.179).
Não basta apenas realizar projetos de leitura durante todo o ano letivo, mas
sim, utilizar formas de real concretização. É necessário que a escola ou a Secretaria
de Educação oportunize formação continuada que possam atender as reais
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necessidades para melhoria educacional do processo de ensino e aprendizagem da
leitura para que os problemas possam ser superados.
Havendo dificuldades pelos profissionais para alfabetizar os alunos do 1º ao
3º ano se faz necessário a oferta de seminários ou palestras que envolvam
metodologias que possam auxiliá-los neste processo.
É importante ressaltar que independente da modalidade de ensino MM ou MR
o profissional deve buscar nessas formações profissionais o subsidio necessário
para sua prática docente. Mesmo ciente de que a teoria estudada nem sempre
condiz com a realidade de cada comunidade escolar, a sala de aula, mas é um norte
que possibilita alternativas para um ensino de qualidade, ou seja, ajustar as técnicas
da proposta pedagógica às situações do seu dia a dia. Como afirma Giroux (1998, p.
83, apud VELOSO; MACHADO; ALMEIDA, 2017, p.3) “as estruturas teóricas e os
fatos são parte inseparável do que chamamos conhecimento”.
Nas escolas estudadas, tanto nas MM como nas MR os profissionais não
tiram o proveito necessário das formações profissionais oferecidas para trabalhar
adequadamente no ensino da leitura e escrita das séries do 1º ao 3º ano, uma vez
que essas formações são realizadas anualmente conforme os próprios profissionais
afirmam e no final do 3º ano os alunos não estão devidamente alfabetizados.
Ao ser verificado a falta de habilidade e dificuldades para aprender os
componentes da leitura, escrita, interpretação e produção textual foi solicitado aos
participantes quais as atividades são realizadas em sala de aula para promover a
aprendizagem dos alunos, os quais se posicionaram conforme apresenta o Quadro
2.
Quadro 2. Atividades realizadas pelos professores para promover a aprendizagem dos alunos do 1º ao 3º ano no que se refere ao processo de leitura, escrita, interpretação e produção textual em escolas que oferecem o ensino na Modalidade Regular (MR) do município de Serra do Mel-RN, 2019
Modalidade Regular (MR) e Modalidade Multisseriada (MM) Componente: Leitura, escrita, interpretação e produção textual
Identificação profissional
Estratégia
PMR1
“(...) Auto ditado; roda de leitura; jogos silábicos; produção textual; lista de palavras do mesmo campo semântico e mala de leitura.”
PMR2 “(...) Jogos educativos estimulando a leitura e atividades lúdicas.”
PMR3
“(...) Roda de leitura; auto ditado; jogo de silabas; produção textual coletiva; lista de palavras no mesmo campo semântico; escrita de pequenos textos; textos fatiados e lacunados e contação de história.”
PMR4 “(...) Leitura recorrente por experimentação e a prática diária e atualização do PNAIC.”
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PMR5
“(...) Os meus alunos apresentam dificuldades em tudo, procuro sempre incentivar a leitura, trazer textos fáceis de fácil compreensão e escrita do eu e proposto em sala praticando a escrita e a interpretação através da opinião pessoal de cada aluno.”
PMM6
“(...) Trabalhando as dificuldades de aprendizagem e habilidades em cada nível durante o processo de alfabetização criança sendo acompanhada pela psicopedagoga. As estratégias que procuro utilizar são textos fatiados; música cantiga de roda; formação de palavras; frases sequenciais didáticas; cruzadas; caça palavras; leitura de vários gêneros textuais; produções de textos, etc.” ”
PMM7
“(...) Os alunos com alguma Necessidade Especial Educacional procuro aplicar métodos de acordo com a necessidade da criança; Outras estratégias são: o cantinho da leitura; livros diversos em sala de aula; produção oral e coletiva; produção individual e escrita; escrita espontânea e dirigida; outras.”
PMM8 “(...) Procuro conversar com a família, mas geralmente não tem sucesso; utilizo estratégias de aulas expositivas; leitura silenciosa e oral e painel.”
PMM9
“(...) Quando me deparo com alunos que não tem domínio e habito de leitura procuro desenvolver projetos que mostre a importância de saber ler para viver em sociedade; mostro o quanto e necessário dominar a leitura para poder se comunicar; desenvolvo o método de se comunicar através de carta. Bilhete ou mensagem, etc.; utilizo também estratégia de leitura coletiva e individual; lista de palavras produção coletiva e individual”
PMM10 “(...) Trabalho textos diversos, naturais que venha a explorar o cotidiano, imaginário coletivo e pessoal.”
Fonte: Dados da pesquisa de campo (2019)
De acordo com a formação discursiva constante do Quadro 2, em
decorrências das várias situações que foram vivenciadas pelos participantes do
estudo foram apresentadas diferentes atividades que podem contribuir para o
processo de ensino da leitura, escrita interpretação e produção textual. Ressaltando-
se que havendo o domínio da leitura os demais podem ser aprendidos com mais
facilidade.
As atividades mais utilizadas na visão dos participantes que oferecem
melhores resultados são as que envolvem a ludicidade, como projetos conforme
afirma PMR1 “A roda da leitura”, que trabalha dentro da sala de aula e na
comunidade onde os alunos vão de casa em casa, lendo, contando histórias para as
pessoas que não sabem ler. Outra “atividade é a mala de leitura que é trabalhada
em casa, e o aluno apresenta a história lida para a turma”.
A “Mala de leitura “ tem o objetivo de resgatar todo o prazer pelo hábito da
leitura, além da inclusão num mundo de descobertas constantes, oferecendo
literaturas como condições aos seus desenvolvimentos pessoais, ao mesmo tempo
em que oferece ao docente a possibilidade de fazer uma autoanálise através de
reflexões das suas práticas utilizadas em sala de aula, geralmente são livros infantis
e cativantes. De acordo com Aguiar (2001, p. 83)
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O uso da fantasia na literatura infantil é mais um recurso de adequação do texto ao leitor (...) já que a criança compreende a vida pelo viés do imaginário. A partir da transfiguração da realidade pela imaginação, o livro infantil põe a criança em contato com o mundo e com todos os seus desdobramentos.
Com isso, nota-se o quão importante se faz ações estimulantes em sala de
aula. O comprometimento do professor é algo que precisa ser executado ao modo
de poder despertar nos alunos o gosto e compromisso com a leitura, formando
leitores críticos e independentes, com a capacidade de desenvolver seus próprios
pensamentos através de uma visão crítica/construtiva do mundo.
Para a realização de atividades de leitura, escrita e produção é necessário
que o professor se utilize de estratégias adequadas para que o aluno não perca o
interesse pela atividade, como a contação de história apresentada por PMR3 no
entanto, é importante haver uma preparação dos ouvintes para o momento da
leitura, conforme Cavalcanti (2004, p. 83),
Antes de qualquer contação de história é indispensável que se prepara a audiência para adentrar no mundo do imaginário, portanto o ritual de transmissão dos relatos deve ser preservado, ou seja, o leitor deve sentir-se convidado a experimentar o sagrado.
Ainda no entendimento da autora:
Contar história é algo que caminha do simples para o complexo e que implica estabelecer vínculos e confiança com os ouvintes. Contar histórias é confirmar um compromisso que vem de longe e, por isso, atividades relacionadas às contações de histórias devem ser desenvolvidas com muito critério (CAVALCANTI, 2004, p. 83).
Percebe-se, pois, que o gosto pela leitura é algo que se provoca pelo afeto. O
desejo e o prazer são elementos essenciais que se devem buscar para a formação
de leitores.
Foi apresentada também por PMR5, PMM6 e PMM10 a utilização de vários
estilos de textos para facilitar a aprendizagem do aluno. Sobre essa questão Solé
(1998) ressalta que se o propósito geral é levar o aluno a uma aprendizagem
significativa, evitando o analfabetismo funcional, a escola não pode se limitar ao
ensino de um ou dois tipos de textos. Embora “alguns textos são mais adequados
que outros para determinados propósitos de leitura – assim como para determinadas
finalidades de escrita” (p.83). Portanto, as estratégias precisam se adequar aos
textos abordados e ao nível de conhecimento da sala de aula.
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Com o objetivo de levar os estudantes ao domínio da leitura com textos, as
atividades pedagógicas devem progressivamente estabelecer novos desafios, de
acordo com a complexidade ou a apresentação de novos gêneros. Considerando
sempre o tamanho do texto, o grau de “novidade” (quanto mais demandar
conhecimento novo, mais difícil será o texto), a seleção lexical, a estrutura sintática,
o próprio tema, etc.
Para uma abordagem significativa do texto, o professor deve auxiliar o
educando utilizando estratégias que faça dele, progressivamente um leitor
proficiente. Mas, para que isso ocorra é imprescindível o uso de bons e variados
textos, procurando fazer sentido com as práticas sociais de leitura.
Dessa forma, o uso das estratégias possibilita ao leitor avançar
progressivamente de uma forma mais eficiente. Elas facilitam a escolha do caminho
mais adequado que o leitor deve seguir. Solé (1998, p. 70) considera as estratégias
de compreensão leitora como: “procedimentos de caráter elevado, que envolvem a
presença de objetivos a serem realizados, o planejamento das ações que se
desencadeiam para atingi-los, assim como sua avaliação e possível mudança”.
Conclui-se que apesar das escolas MM e MR apresentarem na formação
discursiva do Quadro 2 várias atividades que de acordo com o referencial teórico
adotado são essenciais para um efetivo ensino da leitura e escrita, falta ser feito
mais alguma ação que possam auxiliá-los na formação dos alunos do 1º ao 3º ano,
visto que quando o aluno chega ao 3º ano ainda não tem o domínio da leitura e
escrita conforme foi ressaltado pelos professores em conversa informal de que a
habilidade de leitura dos alunos do 3º ano, é pouca ou nenhuma o que configura um
déficit de aprendizagem no domínio de leitura e escrita.
Dessa forma, é necessário os professores busquem alternativas, estratégias e
atividades para trabalhar adequadamente o conteúdo, de maneira a eliminar o déficit
de aprendizagem da leitura, escrita, interpretação e produção textual dos alunos do
1º ao 3º ano.
De acordo com Farias (2019) se as várias dificuldades apresentadas para o
processo de ensino aprendizagem não forem devidamente trabalhadas pela escola
através da interação entre os profissionais a maioria dos estudantes não alcançará
o devido domínio da leitura. É preciso estabelecer e cumprir metas que são
essenciais para o bom desenvolvimento do aluno.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As questões que envolvem a leitura estão essencialmente atreladas ao
entendimento que se tem sobre o conceito de linguagem e o que é ensinar e
aprender. Esses entendimentos passam, imprescindivelmente, pelos objetivos que
são atribuídos à escola e à escolarização.
Dessa forma é preciso estar atento as dificuldades que são apresentadas
pelos alunos para que possam ser trabalhadas adequadamente a fim de que se
possa alcançar os objetivos que são proposto no ensino da leitura. Visto que é um
aprendizado que vai além de simples decodificação, pois se trata de uma (re)
atribuição de sentidos. E não apenas uma compreensão de leitura como decifração
de signos linguísticos claros e de ensino e aprendizagem como um processo de
juntar caracteres.
Aprender a ler sugere não somente o conhecimento das letras e da maneira
de decodificá-las (ou de associá-las), mas a oportunidade de utilizar esse
conhecimento em proveito de maneiras possíveis de se expressar e comunicar,
reconhecidas, essenciais e legítimas em um determinado contexto cultural. O
professor no decorrer da aula precisa empregar várias estratégias e atividades para
facilitar a aprendizagem dessas formas linguísticas mais formais.
Ao final deste estudo foi possível verificar que apesar dos professores que
atuam na MR e MM realizarem estratégias e atividades diferenciadas os alunos têm
dificuldades de aprender a ler e consequentemente dominar os demais
componentes como escrever, interpretar e produzir textos. O que torna necessário
buscar o auxilio, seja com a coordenação ou com a família, para que se possa ter
uma aprendizagem significativa com efetivo resultados.
Concluindo que é importante ter consciência de que se essas questões não
forem devidamente trabalhadas pela escola, aqui representada pelos professores, a
grande maioria dos alunos apresentará inúmeras dificuldades para aprender a ler.
REFERÊNCIAS AGUIAR, Vera Teixeira de. (Org.) Era uma vez... na escola: formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato Editorial, 2001. CAVALCANTI, Joana. Caminhos da literatura infantil e juvenil: dinâmicas e vivências na ação pedagógica. São Paulo: Paulus, 2004.
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FARIAS, Eliete Francisca da Silva. Aprendizagem a partir da socialização: a importância dos conhecimentos prévios do aluno. In: RIBEIRO JÚNIOR, João Cavalcanti. A educação popular frente aos desafios contemporâneos. Olinda-PE: MXM Gráfica, 2019, Cap. 8, pag. 65-72. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 2ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. HAYDT, Regina Celia Cazaux. Curso de Didática Geral. 7. ed. São Paulo: Ática, 2006. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática. 5º ed. Goiânia: Alternativa, 2004. LIMA, Michele Fernandes; ZANLORENZI, Cláudia Maria Petchak; PINHEIRO, Luciana Ribeiro. A função do currículo no contexto escolar. Curitiba: Intersaberes, 2012. MOREIRA, Marco Antônio. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1999. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. VELOSO, Geisa Magela; MACHADO, Ferreira; ALMEIDA, Cecídia Barreto. Contribuições do PNAIC para a construção de saberes por professores alfabetizadores. Revista @mbienteeducação • Universidade Cidade de São Paulo Vol. 10 • nº 2 jul/dez, 2017 - 227-35. VYGOTSKY, Lev Semionovich. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1988.