A CONSTRUÇÃO DE UMA ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: OFICINAS
PEDAGÓGICAS DO PIBID DE GEOGRAFIA - UERN
Hudson Tiago Lima da Silva
Bolsista da Capes/PIBID de Geografia da UERN - [email protected]
Simonítala Dutra de Lima
Bolsista da Capes/PIBID de Geografia da UERN - [email protected]
1. INTRODUÇÃO
O ensino da cartografia apresenta-se como uma ferramenta ímpar para o
conhecimento e uso do espaço geográfico. Este saber apresenta múltiplas
funcionalidades, que vão desde a escala local, como por exemplo, a partir do
reconhecimento e da localização espacial, a escala global, como elemento que
possibilita o entendimento de certas lógicas políticas, econômicas, territoriais. É por
meio desse conhecimento que, os alunos, quando estimulados, tornam-se leitores e
mapeadores do meio em que estão inseridos; são capazes de fazer uma leitura espacial,
para além do imediato, do momento.
Entretanto, no processo de ensino-aprendizagem da cartografia escolar existem
inúmeras lacunas, resultado geralmente da deficiência formativa dos professores ou dos
procedimentos metodológicos adotados pelos mesmos.
Diante desse contexto, há a necessidade de se fomentar ações que transformem
essa realidade, que possibilitem a aprendizagem da cartografia para além da reprodução
mecânica de mapas, e que “formem” alunos leitores e mapeadores do espaço (se
tornando, conscientes e críticos).
Considerando esses apontamentos e a realidade vivenciada em muitos ambientes
escolares, no que se refere ao ensino cartográfico, o presente artigo propõe-se a relatar e
discutir os resultados de uma das propostas de oficina cartográfica realizada pelo
Programa Institucional de Iniciação a Docência (Pibid), da Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte (UERN), do subprojeto de Geografia, em algumas escolas de
ensino regular (ensino fundamental e médio) da cidade de Mossoró-RN, a saber: Escola
Estadual Professor José de Freitas Nobre (Ensino Fundamental); Estadual Municipal
Professor Manoel Assis (Ensino Fundamental); Escola Estadual Aída Ramalho Cortez
Pereira (Ensino Médio); e a Escola Estadual Presidente Kennedy (Ensino Médio).
2. OBJETIVO
Promover a construção de uma consciência cidadã por meio dos saberes
geográficos, e de modo especifico, por meio da leitura, do entendimento e da
representação espacial (alfabetização cartográfica).
3. METODOLOGIA
Nossa metodologia consistiu na elaboração das oficinas, cujo tema escolhido foi
à cartografia escolar, partiu-se do pressuposto de que era necessário ter o
reconhecimento do nível de alfabetização cartográfica dos alunos das escolas parceiras.
Diante disso, foram elaborados e aplicados testes cartográficos (com várias vertentes e
níveis investigativos) com os discentes das escolas citadas acima.
Esses meios de reconhecimento cognitivo (avaliativo) permitiram que fosse
estruturado um quadro geral sobre o nível cartográfico, por turma, das escolas
colaboradoras; e serviram como ferramenta de reconhecimento das principais
deficiências cartográficas dos alunos pesquisados.
Ressalta-se que, do total de alunos por escola, foram retirados 10% de amostra
por turma. O teste foi elaborado em conjunto, envolvendo os alunos pibidianos
(bolsistas), os professores supervisores das escolas participantes, e o professor-
orientador do projeto geral.
Com os dados tabulados, sistematizados e analisados, com base em materiais
teóricos (fundamentação), foram delimitados os temas geradores de cada etapa da
oficina, a saber: História dos mapas (da cartografia) e projeções; Orientação e
localização; Escala e Legenda.
De posse dos resultados e dos temas propostos, cada escola, por meio de sorteio,
ficou responsável por aplicar/desenvolver, inicialmente, uma das temáticas propostas
acima (como uma “aplicação-teste”), além de produzir uma gama de materiais e
atividades didáticas para as mesmas.
Foi aplicada a oficina sobre legenda (elementos simbólicos), realizada
inicialmente, durante a fase de testes, na Escola Estadual Professor Estadual de Freitas
Nobre.
4. RESULTADOS
4.1. A CARTOGRAFIA ESCOLAR: UMA PAUSA PARA A DISCUSSÃO
- “Vire à direita na terceira avenida”.
- “Veja essa placa. Estamos chegando ao aeroporto”.
As informações retratadas nos diálogos acima são comuns ao cotidiano de
muitas pessoas e aparentam ser de fácil assimilação e execução por causa do uso banal
de tais termos. Entretanto, esses comandos estão envoltos a um leque de saberes
complexos que são aprimorados, construídos e organizados sistematicamente nos
ambientes escolares por meio do processo de leitura, escrita e interpretação espacial, ou
seja, por meio da alfabetização cartográfica.
Conforme Passini (2012, p.13), o processo de alfabetização cartográfica consiste
em uma “[...] inteligência espacial e estratégica que permite ao sujeito ler o espaço e
pensar sua Geografia [...]”. É um processo amplo e complexo, que envolve as noções
básicas de localização, organização, representação e compreensão dos espaços
elaborados pelas sociedades (CASTROGIOVANNI, 2008).
Esse conhecimento cartográfico é “construído” com um tempo, passando por
alguns passos fundamentais de leitura e interpretação, como em um texto, em que o
sujeito tem que compreender o que está vendo/lendo. Na perspectiva cartográfica, as
letras seriam os códigos e as suas coerências e concordâncias estariam relacionadas à
capacidade de assimilação, interpretação, codificação e significação de seus símbolos. O
mapa seria assim, como um texto, e para compreendê-lo e interpretá-lo criticamente, é
preciso que o sujeito esteja alfabetizado espacialmente e cartograficamente.
Sobre esse processo, Guerrero (1994) enfatiza que
Ao partir da premissa de que a geografia da educação infantil a conclusão do
Ensino Fundamental, deve alfabetizar os alunos para a leitura e a
compreensão do espaço, defendemos a idéia de que a linguagem cartográfica
insere-se em um processo ainda maior, que é a própria alfabetização espacial
(p. 40).
Castrogiovanni (2008), nessa mesma linha de pensamento, destaca que, “[...] o
aluno precisa ser preparado para ‘ler’ representações cartográficas [...]” e enfatiza, “[...]
só lê mapas quem aprendeu a construí-los [...]”. (p.41).
Nessa mesma abordagem e acrescentando elementos pontuais na discussão,
Francischett (2007) ressalta que, o ensino da linguagem cartográfica não contribui
apenas para que os alunos compreendam os mapas, mas para que os mesmos tenham a
capacidade cognitiva de representação do espaço e suas dinâmicas.
O fundamental no ensino da Geografia é que o aluno/cidadão aprenda a fazer
uma leitura critica da representação cartográfica, isto é, decodificá-la,
transpondo suas informações para o uso cotidiano. Deve ter claro que ela
antes de mais nada é uma representação política. Para tanto, é necessário
conhecer e saber utilizar os elementos do mapa em diferentes e possíveis
leituras, como sendo verdades temporárias. (CASTROGIOVANNI, 2008, p.
41-42)
Entretanto, quando se fala em cartografia nos ambientes escolares, a realidade,
muitas vezes, não condiz com as ideias propostas. Na Geografia escolar, o ensino
cartográfico é tratado, muitas vezes, como um complemento, um assunto a mais ou um
saber secundarizado. Metodologicamente, por deficiência na formação acadêmica, os
professores trabalham a cartografia em sala de aula de maneira metódica, cansativa e
mnemônica, desvinculada da realidade do aluno. Nessa perspectiva, Filizola (2009,
p.36) fala que, “[...] raramente, os alunos são envolvidos na construção ou elaboração de
mapas, tampouco os conteúdos da matéria são relacionados ao manuseio de
representações cartográficas”, e ainda enfatiza:
Em decorrência disso, a maior parte das aulas é tomada para a resolução,
quase sempre mecânica, de problemas como escala, como por exemplo:
‘Num mapa de escala X, a distância entre dois pontos é de Y cm. Determine
a distância real entre ambos’, pintura ou reprodução de mapas, classificação
de mapas (político, físico, econômico...), exemplificação de convenções
cartográficas, entre outros. (FILIZOLA, 2009, p.36)
Contudo, a cartografia deveria ser trabalhada em sala de aula tomando, como
base, a realidade do aluno. Esse primeiro passo seria o ponto inicial para um ‘salto’
ainda maior no processo de ensino-aprendizagem.
Na perspectiva de um ensinar a pensar o espaço, a pensar geograficamente a
realidade, o aluno deve ser orientado a utilizar o mapa segundo um outro
enfoque. É a partir dessa nova orientação que se espera formar alunos leitores
críticos de mapas e mapeadores conscientes. (FILIZOLA, 2009, p.36-37).
Toda essa alusão ao uso da cartografia como ampliador de pensamento, de
análises críticas da realidade, de um olhar geográfico sobre o espaço, só será possível se
o professor trabalhar a cartografia como um dicionário da leitura do mundo. Claro que
sua forma tradicional de interpretar os lugares e as coisas não deve ser desprezada, mas
reposicionados a essas novas formas de enxergar e pensar o espaço geográfico.
4.2. A OFICINA: UM APANHADO SOBRE NOSSAS “FERRAMENTAS”
Antes de se detalhar os procedimentos gerais e específicos da oficina sobre
elementos cartográficos (legenda), desenvolvida na Escola Estadual Professor José de
Freitas Nobre, cabe ressaltar que, as turmas escolhidas para essa proposta foram as dos
8º anos (A e B), pois as mesmas apresentaram uma série de deficiências no que se refere
aos conteúdos cartográficos (mesmo quando comparadas às turmas de níveis inferiores).
Em uma das questões do teste cartográfico, foi solicitado que os alunos
identificassem os elementos básicos de um mapa (título, escala, rosa dos ventos, fonte).
A turma do 8º ano A, por exemplo, quando comparada às outras turmas, apresentou
erros em todos os itens solicitados.
Em outra questão do teste cartográfico, foi solicitado que os alunos
identificassem a localização das peças de um tabuleiro de xadrez, a partir das noções de
coordenadas geográficas. O 8º ano B, a outra turma selecionada para a oficina,
apresentou resultados expressivamente negativos no que se refere a esse tópico
cartográfico.
Turmas de menor nível, por exemplo, obtiveram resultados mais positivos do
que essa turma. Em uma mesma questão sobre a identificação de peças no tabuleiro de
xadrez do teste cartográfico aplicado com as turmas para a escolha da turma escolhida
para a realização das oficinas, que levaram em conta a questão das noções sobre
coordenadas geográficas, o 6º A, teve 71% de acertos, conseguindo identificar o que
fora pedido, e também o 7º U, conseguindo ter 100% de aproveitamento da questão. Já
o 8º B (uma das turmas escolhidas), somente 60% da turma conseguiram compreender e
acertar a questão, demonstrando que o nível de alfabetização da turma estava baixo.
Esta questão serviu apenas para exemplificar o que queríamos achar uma turma
com maior “deficiência” com relação ao processo de alfabetização cartográfica. Mas,
nas outras questões do teste a turma do 8º A e B, também teve rendimento abaixo do
esperado, o que nos levou a escolhê-la para aplicar as oficinas cartográficas.
De porte das informações processuais, dos levantamentos empíricos e teóricos e
organização interna do projeto, chega-se a proposta de oficina: “Elementos Simbólicos -
Legenda”. Esta faz parte de um conjunto de outras oficinas, já citadas, que visam à
alfabetização cartográfica dos alunos das escolas parceiras.
Eis a importância de se fazer essa oficina. Para que o aluno tenha a capacidade
de interpretar/ler uma representação espacial é necessário que ele sabia o significado do
simbolismo (códigos) presentes em um mapa. Dessa forma, é preciso que o mesmo
tenha se “alfabetizado cartograficamente”.
Mas, como ocorre esse processo? Como um sujeito é “alfabetizado
cartograficamente”? Da mesma forma que, somos alfabetizados (processo de
letramento) durante o processo de escolarização, também aprendemos, desde que,
estimulados, a assimilar e a decodificar os símbolos de um mapa.
Dessa forma, a oficina “Alfabetização Cartográfica: Elementos simbólicos
(legenda)” têm como proposta principal, desenvolver (ou aprimorar) nos alunos, a partir
de atividades interativas e dinâmicas (lúdicas), a leitura e a interpretação significativa de
mapas; além de possibilitar, dentro dos limites cognitivos dos discentes, a construção de
mapas (trabalho com a construção de legendas/símbolos).
O porquê de se trabalhar legenda (como proposta de oficina)? A legenda pode
não ter muita relevância para alguns por ser um dos elementos do mapa que atribui
significado a informações descritas. Mas, justamente por isso, ela deve ser valorizada,
uma vez que esta possibilita e facilita a compreensão dos mapas em sua dimensão.
Independente do tipo de mapa (relevo, demografia, rodoviário, clima, etc.) e de suas
informações, todos precisam ter legendas para que se possa interpretá-los corretamente.
Em mapas com um número maior de informações/conteúdos, cabe à legenda o papel de
caracterizar, descrever e suscitar que este mapa se torne compreensível aos olhos de
quem o lê.
Imagine que você irá ler um mapa com vários elementos em sua composição. Se
por acaso esse mapa estiver sem a legenda, como ficaria? Seria como se ao mesmo
tempo soubéssemos do que este tratava, mas não soubéssemos interpretá-lo, pois falta
algo. Cada elemento que constitui um mapa é relevante para a leitura final. Não existe
mapa sem título ou sem escala, da mesma maneira que não se pode deixar a legenda de
um mapa de lado. Então,
Os elementos da paisagem e os fenômenos socioespaciais são representados
nos materiais cartográficos de modo simbólico. A cartografia utiliza
símbolos, como formas geométricas, pictogramas, texturas e cores para
representar os fenômenos geográficos nos mapas. A principal função desses
símbolos, quando colocados nos mapas, é favorecer ou melhorar a
assimilação da informação representada pelo receptor. Isso significa que os
símbolos são selecionados pelos criadores de mapas para melhorar a
comunicação entre os usuários e o próprio mapa. (GUERRERO, 2012, p.85-
86).
Desenvolver e/ou aprimorar a capacidade de leitura e interpretação de mapas, a
partir de uma alfabetização cartográfica significativa, faz parte do objetivo da oficina,
como também, o de possibilitar a construção de mapas, a partir da codificação e
decodificação de seus elementos (construção simbólica).
Não deve ser nada fácil para os cartógrafos tentarem repassar informações nos
mapas por meios de símbolos, já que estes tem que ser compreendidos por todos. Os
símbolos devem ser bem elaborados para que permeiem o entendimento geral. Muitas
dessas convenções cartográficas são universais, ou seja, utilizadas para a descrição de
um mesmo elemento ou objeto. Segundo Trindade (2014), “A informação visual, para
ser realmente compreendida, requer uma aprendizagem. Ela não é nem natural e nem
espontânea porque possui uma linguagem própria que precisa ser apreendida”. (p.43).
Ou seja, para quem se propõe a fazer uma legenda, é necessário que este faça uma
apreensão dos símbolos que serão utilizados, para que os outros que irão ler possam ter
a mesma assimilação das informações. Joly (1990) discorre sobre simbologia
cartográfica, dizendo que esta “[...] é, definitivamente, um conjunto de sinais e cores
que traduz a mensagem expressa pelo autor.” (p.17). Ainda ressalta que,
Os objetos cartografados, materiais ou conceituais, são transcritos através de
grafismos ou símbolos, que resultam de uma convenção proposta ao leitor
pelo redator, e que é lembrada num quadro de sinais ou legenda do
mapa. (p.17).
A oficina “Alfabetização Cartográfica: Elementos simbólicos (legenda)” foi
desenvolvida a partir de atividades teóricas e práticas. Entretanto, o foco da mesma
esteve voltado para as atividades práticas (lúdicas), tais como jogos, dinâmicas e
brincadeiras que envolvam a temática trabalhada. Essa oficina foi desenvolvida em
forma de gincana competitiva entre os alunos, a fim de proporcionar uma maior
participação da turma. As atividades da oficina foram desenvolvidas em três momentos
distintos, e cada um desses momentos foi dividido em algumas etapas. Segue o quadro
01, uma explicação mais detalhada dos procedimentos utilizados na execução da
mesma.
4.2.1. AS FASES DA OFICINA
Quadro 01: Representação da estruturação da oficina de legenda
Oficina Cartográfica de Legenda: elementos simbólicos
1ª MOMENTO
Primeira etapa: Reconhecimento dos símbolos cotidianos e cartográficos
Descrição Objetivos Materiais Os alunos receberam uma ficha impressa,
com vários símbolos presentes no seu
cotidiano, e também cartográficos. A ficha
continha símbolos com diferentes níveis de
complexidade. Os alunos foram divididos em
equipes e tiveram que identificar o maior
número possível desses símbolos, atribuindo
aos mesmos, os significados corretos.
Estabeleceu-se um sistema de pontuação. Em
seguida realizou-se uma discussão do assunto.
O objetivo da atividade
consiste em perceber o nível
de familiaridade dos alunos
com esses símbolos, e da sua
capacidade de interpretação
dos mesmos para, a partir daí,
evoluir para a etapa seguinte.
Fichas impressas em
folhas A4, projetor
multimídia, slides do
Powerpoint.
Segunda etapa: Decodificando e codificando mensagens
As equipes tiveram que decodificar as
mensagens elaboradas com os símbolos do
Whatsapp, muito familiar a eles. As
mensagens foram projetadas no quadro em
projetor multimídia, e foi determinado um
tempo limite para que eles fizessem esse
reconhecimento. Finalizado esse processo de
decodificação, os alunos tiveram que realizar
o processo inverso – codificação. Foram
entregues (aleatoriamente) frases aos alunos,
e com símbolos do Whatsapp, eles tiveram
que construir mensagens. Essa parte da
atividade foi realizada usando o próprio
celular dos alunos, e em seguida, transferida
para o projetor multimídia (para a discussão
em sala de aula).
O foco dessa atividade está na
ideia da decodificação (leitura
sistematizada a partir de
códigos), processo semelhante
que ocorre na alfabetização
cartográfica.
Projetor multimídia,
slides do Powerpoint,
celulares com o
aplicativo do
Whatsapp.
Terceira etapa: Construindo símbolos convencionais
Foram dadas aos alunos, situações e lugares
hipotéticos, como por exemplo, desenhar uma
placa que representasse um desmoronamento.
Não se podia escrever nada na placa, só
desenhar. Dentro desse contexto, eles tiveram
que elaborar um código convencional para
cada situação citada. Ou seja, deveriam
desenvolver um símbolo - como base em cada
situação – de modo que o mesmo, sendo visto
por qualquer pessoa do mundo, pudesse ser
entendido e interpretado. Em seguida
projetaram-se todos os desenhos corretos de
cada situação recebida por eles para
comparação e discussão dos resultados.
O desenvolvimento dessa
atividade visava demonstrar a
dificuldade da elaboração dos
símbolos cartográficos
convencionais. Cabe ressaltar
também que, os símbolos
elaborados pelos alunos
devem apresentar certas
similaridades (um padrão),
pois os mesmos são uma
tentativa de construção
cartográfica convencional.
Impressões em A4
com as situações,
lápis, borracha, lápis
de cor, projetor
multimídia, slides em
PowerPoint.
2º MOMENTO
Quarta etapa: Apresentação teórica (Convenções cartográficas e legenda) Foram realizadas uma discussão e uma
exposição, de forma sistematizada, dos
seguintes conteúdos: convenções
cartográficas, legenda, símbolos dos mapas e
suas tipologias (conteúdo exemplificado).
Compreensão dos conteúdos
apontados e sua corelação com
a oficina.
Projetor multimídia e
slides em Powerpoint.
Quinta etapa: Codificando mapas: aprendendo a construção mapas/legendas
Essa atividade foi feita a partir da exposição
dos conteúdos mencionados na etapa anterior,
especificadamente, a partir da noção de
símbolos cartográficos e suas tipologias. Foi
feito uso de mapas “mudos” do Rio Grande
do Norte, onde os alunos tiveram que criar
diferentes legendas (baseando-se nas ideias de
construção da legenda a partir de pontos,
linhas e áreas). O tema gerador dessa
atividade se tratou das “Atividades Produtivas
do Rio Grande do Norte”. Os alunos tiveram
ajuda de um atlas do Rio Grande do Norte, na
atividade.
O objetivo da atividade esteve
voltado para a autonomia dos
alunos com relação aos
instrumentos presentes no
mapa entregue a eles. Desse
modo, os alunos realizaram de
maneira eficiente sua tarefa, e
não apresentaram grandes
dificuldades na elaboração da
mesma.
Impressões em A4
dos mapas “mudos”
do RN, e materiais
alternativos (por
exemplo, barbante,
cola em alto relevo,
“glitter”, sementes,
sal e lápis de cor para
a construção da
legenda).
3º MOMENTO
Sexta etapa: Construção de mapas ordenados e quantitativos (uso de moldes vazados). Essa última proposta foi construída com base
na atividade elaborada e exposta por Leite
(2014). Os alunos receberam dados
estatísticos sobre a população e o IDH de três
espaços específicos, a saber: a América do
Sul, o Brasil e a Região Nordeste do Brasil.Os
mesmos tiveram que organizar esses dados
em tabelas e representá-los em seus
respectivos mapas, usando para isso, os
conhecimentos já estabelecidos sobre
codificação e decodificação dos mapas -
legenda. Depois que os dados estavam
devidamente organizados, os alunos
transferiram os mesmos para os seus devidos
mapas. Cabe ressaltar que, nos mapas
quantitativos (dados sobre a população –
números quantitativos) serão utilizados
moldes vazados (circunferências produzidas
em chapas de RX). Esses moldes
possibilitaram a construção e a representação
dos dados quantitativos de forma
proporcional.
O objetivo da atividade
consistiu em promover a
construção de mapas
temáticos, especificadamente
do tipo ordenado e
quantitativo, de forma a
trabalhar a organização e a
sistematização de dados
estatísticos e a sua
representação nas projeções
cartográficas.
Moldes vazados feitos
de Raios-X velhos (os
moldes tinham
circunferências de
diferentes tamanhos,
correspondentes as
amostras), impressões
em A4 com mapas da
América do Sul,
Brasil e Nordeste
brasileiro, lápis de
cor.
Fonte: Elaborado pelos os autores, 2016.
Imagem 01: Etapas da oficina de legenda
Fonte: Os autores, 2015.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao utilizar-se de uma forma lúdica para se trabalhar a alfabetização cartográfica
com os alunos, possibilitamos um maior interesse e também curiosidade sobre o nosso
objeto de estudo. Ao empregarmos uma oficina como forma de trabalhar uma temática
tão específica, Elementos Simbólicos: legenda, só evidenciamos e potencializamos o
que queríamos promover. No ensino de Geografia, trabalhar dessa forma só estimula os
alunos, pois proporcionamos uma nova visão desta disciplina, principalmente quando
falamos de “Noções Básicas de Cartografia”. Esta irá oferecer ao aluno a capacidade de
ler o espaço e interpretá-lo, de se localizar e se orientar sobre ele. As atividades aqui
mostradas permitiram desenvolver, o que seriam: elementos simbólicos, legenda, as
formas de representação em um mapa (ponto, linha, zona, cor e formas), codificar e
decodificar elementos representativos, símbolos convencionais, entre outros.
6. REFERÊNCIAS
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos; CALLAI, Helena Copetti; KAERCHER, Nestor
André. Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre:
Editora Mediação, 2008.
FILIZOLA, Roberto. Didática da Geografia: proposições metodológicas e conteúdos
entrelaçados com a avaliação. Curitiba: Base Editorial, 2009.
FRANCISCHETT, M. N. Cartografia Escolar Crítica. 2007. Professora do Curso de
Geografia – UNIOESTE - Campus de Francisco Beltrão/PR, 2007. Disponível em:
<http://www.bocc.ubi.pt/pag/francischett-mafalda-cartografia-escolar-critica.pdf>
Acesso em 13 Mar. 2015
GUERRERO, Ana Lúcia de Araújo. Alfabetização e letramento cartográfico na
geografia escolar. São Paulo: Edições SM, 2012.
JOLY, Fernand. A cartografia. [trad. Tânia Pellegrini] Campinas: Papirus, 1990.
LEITE, Gerson Rodrigues. Materiais Didáticos para Cartografia Escolar:
metodologias para a construção de mapas em sala de aula. Dissertação (Mestrado).
FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.