Download - A Agricultura No Brasil
Agricultura no Brasil Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Brasil: Agricultura
Brasil, "celeiro do mundo"1
Área cultivada. 65.338.804 ha2
Terra cultivável (% de área terrestre) 31%
População rural 5.965.000 famílias
Principais produtos cana-de-açúcar, café, soja, milho.
Produção
grãos (2008) 145,4 milhões de toneladas
2
Principais itens
Cana e derivados (2007/08) 493,4 milhões de toneladas
Soja (2008) 59,2 milhões de toneladas
2
Milho (2008) 58,9 milhões de toneladas
2
Participação na economia - 2008
Valor da safra R$ 148,4 bilhões2
Participação no PIB 4,53%3
PIB Agronegócio (Indústria e comércio rurais, pecuária e agricultura)
26,46%3
A agricultura no Brasil é, historicamente, umas das principais bases da economia do país, desde os
primórdios da colonização até o século XXI, evoluindo das extensas monoculturas para a diversificação
da produção. A agricultura é uma atividade que faz parte do setor primário onde a terra é cultivada e
colhida para subsistência, exportação ou comércio.
Inicialmente produtora de cana-de-açúcar, passando pelo café, a agricultura brasileira apresenta-se como
uma das maiores exportadoras do mundo em diversas espécies de cereais, frutas, grãos, entre outros.
Desde o Estado Novo, com Getúlio Vargas, cunhou-se a expressão que diz ser o "Brasil, celeiro do
mundo" - acentuando a vocação agrícola do país.4
Apesar disto, a agricultura brasileira apresenta problemas e desafios, que vão da reforma
agrária às queimadas; do êxodo rural ao financiamento da produção; da rede escoadora à viabilização
econômica da agricultura familiar: envolvendo questões políticas, sociais, ambientais, tecnológicas e
econômicas.
Para Norman Borlaug, Nobel da Paz de 1970, em visita ao Brasil em 2004, o país deve se tornar o maior
destaque na agricultura. Enquanto os Estados Unidos já exploram toda a sua área agricultável, o Brasil
ainda dispõe de cerca de cento e seis milhões de hectares de área fértil a expandir - um território maior do
que a área de França e Espanhasomadas. 5
Segundo resultados de pesquisa feita pelo IBGE, no ano de 2008, apesar da crise financeira mundial, o
Brasil teve uma produção agrícola recorde, com crescimento na ordem de 9,1% em relação ao ano
anterior, motivada principalmente pelas condições climáticas favoráveis. A produção de grãos no ano
atingiu a cifra inédita de cento e quarenta e cinco milhões e quatrocentas mil toneladas.2
Essa produção foi a maior já registrada na história; houve aumento, em relação ao ano anterior, de 4,8%
da área plantada que totalizou sessenta e cinco milhões, trezentos e trinta e oito mil hectares. A safra
recorde rendeu cento e quarenta e oito bilhões de Reais, tendo como principais produtos o milho (com
crescimento de 13,1%), a soja (crescimento de 2,4%).2
Índice
[esconder]
1 História
o 1.1 Primórdios
1.1.1 As queimadas
o 1.2 Brasil Colônia: a monocultura da cana
1.2.1 Mão-de-obra escrava
o 1.3 Brasil Império: domínio do café
1.3.1 Problemas internacionais
o 1.4 Surgimento das escolas de Agronomia
o 1.5 Diversificação agrícola: anos 1960 a 1990
o 1.6 Mecanização: os anos 90
2 Questões agrárias
3 Irrigação
4 Infraestrutura agrícola
o 4.1 Escoamento da produção
o 4.2 Estoques reguladores e preço mínimo
o 4.3 Armazenagem
o 4.4 Gestão Territorializada da Agricultura
5 Agricultura familiar no Brasil
6 Extrativismo vegetal
7 Trabalho escravo e infantil
8 Agricultura e impacto ambiental
o 8.1 Erosão do solo
o 8.2 Agrotóxicos no Brasil
o 8.3 Transgênicos no Brasil
o 8.4 Cultivo orgânico
9 Solos brasileiros
10 Evolução do agronegócio brasileiro
o 10.1 Perspectivas e limitações
o 10.2 Balança comercial agrícola
10.2.1 Mercados externos
o 10.3 Agronegócio por regiões
10.3.1 Região Sul
10.3.2 Região Sudeste
10.3.3 Região Nordeste
10.3.4 Região Norte
10.3.5 Região Centro-Oeste
11 Principais produtos
o 11.1 Algodão
o 11.2 Arroz
o 11.3 Café
o 11.4 Cana-de-açúcar
o 11.5 Feijão
o 11.6 Floricultura e paisagismo
o 11.7 Frutas e culturas perenes
11.7.1 Banana
11.7.2 Cacau
11.7.3 Laranja (citros)
11.7.4 Silvicultura e madeira
o 11.8 Horticultura
11.8.1 Tomate
11.8.2 Cebola
o 11.9 Mandioca
o 11.10 Milho
o 11.11 Soja
o 11.12 Tabaco
12 Quadro geral da agricultura no Brasil
o 12.1 Ranking geral do país
13 Referências
História
Mas, a terra em si, é de muito bons ares, frios e temperados como os de Entre-Doiro e Minho, porque nesse tempo de agora, assim os achávamos, como os de lá. Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem!
6
– Pero Vaz de Caminha, Carta a El Rei D. Manuel, Versão integral, no Wikisource
Dos indígenas com sua agricultura primordial ao mais incrementado processo do agronegócio de
exportação, o Brasil vem expandindo sua vocação agrícola, a ponto de ter na agricultura um dos
principais itens de sua economia, com possibilidade de expansão sobretudo pela melhoria da qualidade
produtiva.7
Primórdios
Frutas brasileiras, em pintura deAlbert Eckhout.
A agricultura era uma prática conhecida pelos nativos, que cultivavam a mandioca, o amendoim, o tabaco,
a batata-doce e o milho, além de realizarem o extrativismo vegetal em diversos outros cultivares da flora
local, como o babaçu ou o pequi, quer para alimentação quer para subprodutos como a palha ou
a madeira, e ainda de frutas nativas como a jabuticaba, o caju, cajá, goiaba e muitas outras.
Com a chegada dos europeus, os indígenas não apenas receberam a cultura mais forte e dominante,
como influenciaram os que chegavam: O português passara "a nutrir-se de farinha de pau, a abater, para
o prato, a caça grossa, a embalar-se na rede de fio, a imitar os selvagens na rude e livre vida", no dizer
de Pedro Calmon8
Até a introdução do cultivo de exportação, o extrativismo do pau-brasil foi a primeira razão econômica da
posse das novas terras por Portugal.9
As queimadas[editar | editar código-fonte]
Queimadas são um dos problemas ainda presentes na agriculturabrasileira.
Uma das práticas usadas pelos indígenas, na abertura dos aceiros para o cultivo era a da queimada. Isto
possibilitava, além da rápida limpeza do terreno, o aproveitamento das cinzas como adubo e cobertura.
Ao contrário do que preconizam os estudiosos e pessoas que, como Monteiro Lobato, abordaram a
prática como um legado nocivo dos índios, as queimadas que estes realizaram ao longo de cerca de doze
mil anos de sua presença nas atuais terras do Brasil mantiveram a natureza em equilíbrio - o que deixou
de ocorrer, entretanto, com a incorporação da limpeza do terreno pelo fogo à cultura européia introduzida
a partir de 1500: a divisão da terra em propriedades, o cultivo monocultor, etc., que dizimaram a flora
nativa.10
O manejo dos índios não era baseado apenas no fogo: a formação das roças em locais escolhidos
permitia a interação com a natureza circundante, sua preservação, obtendo em troca a caça e a proteção
contra pragas. Algo que foi perdido, como constatou Darcy Ribeiro, ao afirmar: "Assim passaram milênios
até que surgiram os agentes de nossa civilização munidos, também ali, da capacidade de agredir e ferir
mortalmente o equilíbrio milagrosamente logrado por aquelas formas complexas de vida"10
Brasil Colônia: a monocultura da cana
O açúcar atraiu o colonizador, fez virem os escravos da África e provocou a invasão do território.
A imagem retrata um engenhoholandês, na obra Historia Naturalis Brasiliae, de 1648.
Logo após o Descobrimento, as riquezas naturais da terra não se revelaram promissoras, até a introdução
da produção de cana-de-açúcar na região Nordeste. Isto obrigou os portugueses a introduzirem a mão-
de-obra escrava, capaz de realizar as duras tarefas de cultivo da monocultura, sistema muitas vezes
chamado de plantation. Essa fonte de riqueza, entretanto, não serviu para a promoção do
desenvolvimento técnico ou social.11
A concentração da riqueza e a formação de latifúndios geraram um sistema social quase feudal - diverso
do que ocorreu, por exemplo, na América do Norte, onde a terra foi dividida em pequenas propriedades. A
economia brasileira era em sua maior parte dependente da exportação do açúcar, que a despeito de ser
trinta por cento mais barato que o produzido noutras partes, não possuía acesso aos mercados, vindo a
declinar na segunda metade do século XVII. Muitas regiões produtoras, então, passaram a diversificar a
produção, passando ao plantio do algodão ou, no Recôncavo Baiano, do tabaco ou do cacau - embora o
legado negativo desse período tenha permanecido: a estrutura social arcaica e a baixa tecnologia
agrícola.11
Mão-de-obra escrava
Na ilustração de "O Fazendeiro do Brasil", de 1806, José Mariano da Conceição Veloso descreve etapas e ferramentas
usadas no cultivo doíndigo, no Brasil.
O trabalho do indígena, tentado inicialmente pelos colonos, não se revelou producente. Leis proibiam sua
escravização, embora nos rincões estas não fossem respeitadas. Entretanto, mesmo estes trabalhadores
forçados, se rebelavam, fugiam ou simplesmente morriam. Os colonos passaram a exigir, então, a vinda
dos africanos.12
No primeiro século após o Descobrimento a população cativa já superava a de homens livres. Tão
necessária era sua força de trabalho na agricultura que Antonilassim descreveu: "os escravos são as
mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles, no Brasil, não é possível fazer, conservar ou
aumentar fazenda, nem ter engenho corrente"13
Os escravos foram, ainda, os responsáveis pelo desbravamento das novas fronteiras agrícolas, no oeste
cafeeiro paulista. Ao final do II Reinado o Brasil já respondia por mais da metade da produção mundial
deste grão que, assim, substituía na agricultura o papel anteriormente representado pela cana-de-
açúcar.12
A Lei Áurea, segundo João Ribeiro, "mais que todas humana e cristã, ameaçava o trabalho e feria
gravemente os interesses dos agricultores; ainda havia no Brasil mais de setecentos mil escravos (…)
Muitos dos agricultures passaram-se para o partido republicano ou ficaram indiferentes ao ataque das
instituições…"14
Feita sem seguir a uma distribuição de terras aos ex-cativos, a Abolição acabou
provocando o êxodo rural, tanto dos trabalhadores quanto de proprietários arruinados, por um lado. Por
outro, foi a raiz de problemas futuros, como afavelização dos centros urbanos, da violência e pobreza.15
Brasil Império: domínio do café
Plantação brasileira de café, no começo do século XX.
Ainda no final do período colonial o café foi introduzido no país. Mas foi somente após
a independência que a produção se consolidou na região Sudeste, sobretudo no estado de São Paulo. A
exportação, que no começo do século XIX era de 3.178 sacas de 60 kg, passou a 51.361.000 sacas, nas
décadas de 1880 e 1890 - saltando de dezenove por cento para cerca de sessenta e três por cento do
total da exportação do país.11
Esse enorme peso econômico fez surgir uma nova oligarquia dominante no Brasil, os chamados Barões
do Café. Apressou, ainda, os movimentos de imigração, com ofim da escravidão, atingindo seu ápice nas
chamadas política do café-com-leite epolítica dos governadores, esta última no governo Campos Sales,
até a crise de 1929 encerrar este ciclo na década de 1930 e com a industrialização do país - com o capital
oriundo do excedente cafeeiro.16
Ensacamento para exportação, no auge do ciclo do café.
A imigração européia se acentuou com a produção do café no oeste paulista, com a chegada ao país
sobretudo de italianos. A riqueza gerada pelo produto acentuou as diferenças entre as regiões brasileiras,
especialmente o Nordeste.11
Além do café outras culturas tiveram crescimento ainda no século XIX, como o fumo e o cacau, na Bahia,
e a borracha na Amazônia: em 1910 a borracha representava em torno de quarenta por cento das
exportações. O algodão assistiu um crescimento temporário, durante a Guerra de Secessão, nos Estados
Unidos da América.11
Problemas internacionais
A produção brasileira de café, já no começo do século XX, excedia a demanda mundial. Isto fez ocorrer o
conhecidoConvênio de Taubaté, onde o Estado passou a adquirir a produção excedente, que era
destruída; novas mudas foram proibidas de serem plantadas - objetivando manter um preço mínimo
rentável do produto.11
Também a borracha sofreu com a concorrência externas: a Inglaterra, em 1870, contrabandeou mudas
da seringueira e em1895 tinha início a plantação de mudas na Ásia. Nas décadas de 1910 e 1920 essa
concorrência praticamente fez sucumbir a produção brasileira.11
Surgimento das escolas de Agronomia
Entrada do Colégio Agrícola de Camboriú, da UFSC.
Ainda no Império teve lugar, na Bahia, ao surgimento da primeira escola destinada à formação de
profissionais agrônomos. No ano de 1875 foi fundado, no povoado de São Bento das Lages, o primeiro
curso, na cidade de Cruz das Almas.17
Em 1883, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o segundo curso foi
criado.18
O reconhecimento do curso somente se deu trinta e cinco anos após a criação do primeiro colégio, com o
decreto 8.319/1910. A profissão de engenheiro agrônomosó veio a ser reconhecida em 1933 e
atualmente são cerca de setenta faculdades de agronomia regulares no país. O dia 12 de outubro,
quando foi promulgado o decreto, passou a ser o "Dia do Engenheiro Agrônomo".18
O registro profissional é feito junto aos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura, integrados
nacionalmente pelo CONFEA;19
os alunos dos cursos de Agronomia, por sua vez, integram aFederação
dos Estudantes de Agronomia do Brasil.
Diversificação agrícola: anos 1960 a 1990
O ex-ministro, Luís Fernando Cirne Lima, fundador da Embrapa, em palestra pelos 35 anos da entidade. Brasília, 2008,
José Cruz/ABr.
Durante o regime militar foi criada em 1973 a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária),
com o objetivo de diversificar a produção agrícola. O órgão foi responsável pelo desenvolvimento de
novos cultivares, adaptados às condições peculiares das diversas regiões do país. Teve início a expansão
das fronteiras agrícolas para o cerrado, e latifúndios monocultores com a produção em escala semi-
industrial de soja, algodão e feijão.11
Dentre os pesquisadores da Embrapa que possibilitaram a incrementação darevolução verde na
agricultura brasileira, destaca-se a pesquisadora tcheca-brasileira Johanna Döbereiner que, com suas
pesquisas sobre os microrganismosfixadores de nitrogênio, por sua amplitude mundial, rendeu-lhe,
em 1997, a indicação para receber o Prêmio Nobel de Química.20
Em 1960 eram quatro os principais produtos agrícolas exportados; no começo da década de 1990 estes
passaram a dezenove. O avanço nestes trinta anos incluiu o beneficiamento: nos anos 60 os produtos
não-beneficiados eram oitenta e quatro por cento do total exportado, taxa que caiu a vinte por cento, no
começo da década de 90.11
As políticas de fomento agrícola incluíam créditos subsidiados, perdão de dívidas bancárias, e subsídios à
exportação (que, em alguns casos, chegou a cinquenta por cento do valor do produto).11
Mecanização: os anos 90
Colheitadeira em uma plantação dealgodão brasileira.
A partir de 1994, com a estabilização monetária do Plano Real, o modelo agrícola brasileiro passou por
uma radical mudança: o Estado diminuiu sua participação e o mercado passou a financiar a agricultura
que, assim, viu fortalecida a cadeia doagronegócio, desde a substituição da mão-de-obra por máquinas
(houve uma redução da população rural brasileira, que caiu de vinte e um milhões e setecentas mil,
em 1985, para dezessete milhões e novecentas mil pessoas em 1995), passando pela liberação do
comércio exterior (diminuição das taxas de importação dos insumos), e outras medidas que forçaram os
produtores brasileiros a se adaptarem às práticas de mercado globalizado. O aumento da produtividade, a
mecanização (com redução dos custos) e profissionalização marcam esse período.11
Questões agrárias
Desde suas origens o Brasil possuiu uma grande concentração de terras, primeiro no sistema conhecido
por sesmarias, que vigeu até 1822, e que deu origem aos atuais latifúndios.21
Em 1850 (mesmo ano da lei
que proibia o tráfico negreiro) foi promulgada a Lei de Terras, que manteve o sistema de concentração da
terra em latifúndios e que permaneceu até1964, quando a ditadura preparou o Estatuto da Terra. O custo
elevado da produção agrícola na Colônia e Império contribuiu para a formação de latifúndios e no país
nunca houve uma grande reforma agrária, que somente passou a integrar a política oficial e legal do país
após a Constituição de 1988.22
Dos cerca de trinta e um milhões de brasileiros que vivem na faixa de pobreza, mais da metade está na
zona rural. Nos últimos vinte e cinco anos do século XX cerca de trinta milhões de moradores do campo
abandonaram ou perderam suas terras, criando um déficit de cerca de quatro milhões e oitocentas mil
famílias sem terra. Neste tempo, a grande maioria dos recursos de financiamento foi dirigido para
as oligarquias e grandes proprietários, atendendo ao modelo de exploração intensiva das propriedades,
formação de grandes monoculturas e áreas de pastagens, que com o esgotamento da
chamada revolução verde, acabou por revelar uma série de problemas como o uso excessivo
de agrotóxicos, irrigação e desmatamento descontrolados, agressão à cultura nativa, dentre outros.23
Com a redemocratização o país teve, entre 1985 e 1988, quase nove mil conflitos sociais no meio rural,
com o assassinatode 1.167 pessoas por questões agrárias.23
Neste período teve início um confronto que
gerou, de um lado, os sindicatos, movimentos sociais e a Igreja Católica (então no país orientada pela
chamada "opção preferencial pelos pobres", com ascomissões pastorais) e, do outro, os grandes
proprietários, reunidos na União Democrática Ruralista - a UDR - cujo representante maior era Ronaldo
Caiado.24
A mais famosa vítima desses conflitos foi o sindicalista Chico Mendes, no Acre, em 1988.
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST), principal grupo representante dos trabalhadores
sem terra, durante o encerramento do 5º Congresso do MST em Brasília, em 2007.
Segundo o pesquisador Bernardo Mançano, da UNESP, os censos rurais realizados
desde 1940 apontavam para a concentração da terra, somente possível de ser revertida com o fim do
êxodo rural e assentamento anual de cento e cinquenta mil famílias. Durante o Governo Itamar Franco,
o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) realizou cerca de cem mil assentamentos
anuais; nesta administração foi instituído o rito sumário de desapropriação, vencendo um dos principais
obstáculos para a medida, que era a sua demora.25
Os conflitos atingiram seu ápice em 1996 com o chamado Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará,
quando o então governador Almir Gabriel ordenou a desocupação de uma estrada ocupado por sem-
terras. A chacina daí decorrente - dezenove mortos e cinquenta e um feridos - expôs ainda mais o
problema agrário no país, e o desrespeito aos direitos humanos vivido.26
Em artigo de 1996, a economista Maria da Conceição Tavares, uma das maiores críticas do Governo
Fernando Henrique Cardoso, alertava que "a importância de uma reforma agrária aumentou muito e a
disputa pela terra, se não forem regulados rapidamente as relações de "domínio" da propriedade rural,
levará a enfrentamentos crescentes".27
Em 1998 os movimentos sociais na luta pela terra provocaram cerca de quinhentas ocupações de
fazendas que consideravam improdutivas. Como reação às invasões, o Presidente FHC editou a Medida
Provisória 2.027-38, que continha a proibição de destinar para a reforma agrária toda terra que fosse
ocupada.25
Irrigação
Arrozal gaúcho: onde primeiro se fez irrigação no Brasil.
As primeiras experiências de irrigação no Brasil ocorreram no Rio Grande do Sul, para o cultivo do arroz;
o primeiro registro data de 1881, com a construção da barragem de Cadro, teve seu início em 1903.
Entretanto, a prática só veio a se ampliar nos últimos trinta anos do século XX.28
Enquanto nas regiões Sul e Sudeste a irrigação desenvolvia-se paulatinamente pela iniciativa privada, na
região Nordeste era incentivada por órgãos oficiais, como oDNOCS e a CODEVASF, a partir da década
de 1950. Em 1968 foi instituído o Grupo Executivo de Irrigação e Desenvolvimento Agrário (GEIDA), que
dois anos depois veio a instituir o Programa Plurianual de Irrigação (PPI). A maioria dos recursos foram
destinados ao Nordeste.28
Essas iniciativas burocráticas federais, entretanto, não obtiveram o sucesso esperado. A partir de 1985 foi
dada nova orientação e, em 1996, um novo direcionamento foi buscado, a fim de ampliar o uso da
irrigação na agricultura, com oProjeto Novo Modelo da Irrigação, que contou com a participação de mais
de mil e quinhentos especialistas do país e do estrangeiro.28
O potencial de irrigação no Brasil, segundo o Banco Mundial é de cerca de vinte e nove milhões de
hectares. No ano de 1998 havia, entretanto, somente 2,98 milhões.29
No final da última década do século XX o país tinha a irrigação de superfície como a principal forma
(59%), seguida pelaaspersão (35%) e, por último, a irrigação localizada. A Região Sul apresentava a
maior área irrigada (mais de um milhão e cem mil ha), depois o Sudeste (oitocentos e noventa mil ha) e
Nordeste (quatrocentos e noventa mil ha).29
Presentemente, o marco regulatório da atividade encontra-se em tramitação no Congresso Nacional,
através do Projeto de Lei 6.381/200528
, que visa substituir a Lei 6.662/1979, que disciplina a Política
Nacional de Irrigação.30
A Política Nacional de Recursos Hídricos é disciplinada pela Lei 9.433/1997, e
gerenciada pelo Conselho Nacional.28
Infraestrutura agrícola
Dentre os principais itens infraestruturais que demandam atenção pela atividade agrícola estão o
transporte, os estoques reguladores, armazenagem, política de preço mínimo, defesa fitossanitária, entre
outros.
Escoamento da produção
Transporte da safra por rodovias: exemplo de atraso na infraestrutura do Brasil.
O transporte das safras é um dos problemas estruturais enfrentados pela agricultura, no Brasil.
Pedro Calmon registrava que, desde o Império, "o escoamento das safras é difícil" e indicava que "os
velhos projetos de estradas de ferro ou caminhos carroçáveis, ligando o litoral às montanhas centrais (…)
a que resistem os estadistas forrados de ceticismo, que repetem Thiers, quando, em 1841, achava que as
vias férreas não convinham à França".31
No Brasil não existe uma política de armazenamento da safra nas propriedades. A maioria do transporte é
feito em rodovias, a grande parte em más condições de tráfego, através de caminhões. O custo do
transporte, em geral recaindo sobre o produtor, é elevado e não obedece aos princípios de logística.32
Na safra 2008/2009, por exemplo, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) denunciava o
estado precário das estradas da região Centro-Oeste, algumas com problemas desde 2005 e, a despeito
de solicitações às entidades governamentais, nada havia sido feito.33
A despeito disto, o governo federal elaborou, em 2006, um Plano Nacional de Logística e Transportes,
destinado a proporcionar um melhor escoamento da produção.34
A falta de investimentos no setor,
entretanto, continua a ser o principal problema na logística de escoamento.
Estoques reguladores e preço mínimo[editar | editar código-fonte]
Um bom exemplo da necessidade da formação de estoques reguladores está na produção de álcool
combustível a partir da cana-de-açúcar. A grande variação de preços ao longo do ano-safra, que variam
por razões climáticas e fitossanitárias, justificam a formação de estoques.35
Os estoques também visam assegurar estabilidade aos rendimentos dos agricultores, além de impedir a
flutuação de preços entre-safras. Até a década de 1980 havia no país a implantação da chamada Política
de Garantia de Preços Mínimos, que perdeu importância na política agrícola a partir dos anos 90, com
a globalização. O principal efeito é a instabilidade de preços dos produtos agrícolas.36
A composição de estoques, no plano nacional, compete à Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab).37
Armazenagem
Caminhões transportando safra de soja, revelam falta de silos.
Roosevelt Pinheiro/ABr.
A armazenagem agrícola é uma das etapas da produção da agricultura do país que apresentam
necessidades de investimento e ampliação, a fim de acompanhar o desenvolvimento do setor. Dentre as
ações logísticas da produção, a capacidade de armazenagem brasileira, em 2003, era de 75% da
produção de grãos,38
quando o ideal é que seja 20% superior à safra.39
A produção, por falta de armazéns e silos, precisa ser comercializada rapidamente. Segundo dados
da Conab, apenas 11% dos armazéns estão nas fazendas (enquanto na Argentina esse total é de 40%,
na União Européia de 50%, noCanadá chega a 80%). Isto força o agricultor a servir-se dos serviços de
terceiros, para estocar sua produção. Fatores sazonais, como a quebra de safras e defasagem cambial
descapitalizam o produtor, e este não consegue investir na construção de silos. Com estes pode negociar
sua produção em condições mais favoráveis, e não quando da colheita, apenas. A situação brasileira
permite dizer que os caminhões se transformam em "silos sobre rodas".39
Gestão Territorializada da Agricultura[editar | editar código-fonte]
Proposta de estímulo ao ordenamento territorial da agricultura brasileira e uso eficiente do solo. A maior
capacidade de gestão das atividades de agricultura, pecuária e silvicultura é fundamental para conciliar as
exigências de controle e mitigação dos impactos ambientais com o atendimentos às demandas para
produção de alimentos, agroenergia e insumos florestais para a indústria. A gestão territorializada da
agricultura trata do estabelecimento de uma política que considere os diferentes potenciais produtivos e
sua localização no território, oferecendo instrumentos que permitam monitorar a situação agrícola por
meio de ferramentas geoespaciais, considerando assimetrias no uso do solo em termos de produtividade,
tecnologias e demandas futuras. Combinando esses instrumentos a novas propostas no Plano Safra no
Programa Agricultura de Baixo Carbono e estudos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência
da República, a oferta de crédito poderá ser guiada à intensificação do uso de determinadas áreas,
orientando o produtor para a priorização de sistemas sustentáveis.
Agricultura familiar no Brasil
Hortas, em regime de agricultura familiar. ABr/Antonio Cruz.
A agricultura familiar, assim considerada a que emprega apenas o núcleo familiar (pai, mãe, filhos e,
eventualmente, avós e tios) nas lides da terra,40
podendo empregar até cinco trabalhadores
temporários,41
é responsável direta pela produção de grande parte dos produtos agrícolas brasileiros.
Responde, assim, pela produção de 84% da mandioca, 67% do feijão e 49% do milho.40
Na década de 1990 a agricultura familiar apresentou um crescimento de sua produtividade na ordem de
75%, contra apenas 40% da agricultura patronal. Isso deve-se, em grande parte, à criação
do PRONAF (Programa Nacional da Agricultura Familiar), que abriu uma linha especial de crédito para o
financiamento do setor. Segundo o Censo Agropecuário de 1995/96, do IBGE, havia no país 4.339.859
estabelecimentos familiares no país, com área até 100 ha.41
Até 2009 foram realizadas seis edições da Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária,
sendo as quatro primeiras edições em Brasília e as duas últimas no Rio de Janeiro. Seu objetivo é
divulgar a importância do setor para a economia brasileira, pois responde por 70% dos alimentos
consumidos no pais, o que perfaz um total de 10% do PIB.42
Extrativismo vegetal
Mulheres colhem babaçu, noMaranhão.
A colonização do país iniciou-se com o extrativismo vegetal: a exploração da madeira do pau-brasil,
chamado pelos nativos de ibirapitanga, e que acabou dando o nome à terra descoberta pelos
portugueses.43
Existem no Brasil quarenta e nove reservas extrativistas e sessenta e cinco florestas protegidas por lei
federal, com o intuito de preservar o ambiente natural, nas quais é incentivada a prática do extrativismo
vegetal como modo de interagir com o meio, sem degradá-lo.44
Por falta de incentivo governamental as reservas extrativistas vêm se tornando inviáveis economicamente.
O caso da borracha natural é um caso típico: no Acre cerca de quatro mil famílias teriam abandonado a
atividade, conforme revelado por políticos do estado no início de 2009. A seringueira vem sendo cultivada,
após ter passado por aclimatação, com grande sucesso, no estado de São Paulo, onde mais de trinta e
seis mil hectares foram plantados com a árvore - enquanto o Acre conta com pouco mais de mil
hectares.45
A despeito disso, o pesquisador Alfredo Homma, que há mais de três décadas estuda o ambiente
amazônico, assinala que a prática é inviável economicamente, em longo prazo. Para tanto ressalta
exemplificando que para extrair o látex de quatrocentas e cinquenta árvores um seringueiro deve dispor
de uma área superior a trezentos hectares, quando as mesmas plantas podem ser cultivadas em igual
número numa área equivalente a um campo de futebol. O cultivo de áreas já degradadas com árvores
nativas deve ser uma solução economicamente viável, segundo o estudioso, como já vem sendo feito em
várias culturas que tiveram aumento da demanda, a exemplo do cupuaçu e do jaborandi.44
Segundo o IBGE, no ano de 2003 a produção do extrativismo vegetal apresentou os seguintes dados: o
setor não-madeireiro, que representa 35% do extrativismo, produziu um valor de quatrocentos e quarenta
e nove milhões de Reais, com os seguintes produtos principais: piaçava (27%), babaçu (amêndoa -
17%), açaí (16%), erva-mate (14%), carnaúba(8%) e castanha-do-pará (5%). Já o setor madeireiro
representa 65% do extrativismo no país.46
Trabalho escravo e infantil
Fiscais do Ministério do Trabalho e agentes da Polícia Federal em carvoaria clandestina, locais onde mais ocorrem
situações de trabalho ilegal.
No Brasil ainda se verificam situações de trabalho escravo e infantil. Segundo dados do Departamento de
Trabalho do governo dos Estados Unidos da América, o país ocupa o terceiro lugar no mundo em
ocorrências dessas modalidades ilegais de trabalho (junto a Índia e Bangladesh, empatados), sendo que
o setor de agronegócio responde com oito das treze atividades em que tais irregularidades têm maior
incidência, com destaque para a pecuária e os cultivos de sisal, cana-de-açúcar, arroz, tabaco e carvão
vegetal. A despeito dessa posição, o país teve sua atuação no combate dessa situação elogiada, sendo
que no período 1995-2009 cerca de trinta e cinco mil trabalhadores foram libertados das condições
aviltantes de trabalho.47
Para o Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ministro Lélio Bentes, aOrganização Internacional do
Trabalho - OIT - reconhece o empenho brasileiro no combate às práticas criminosas de trabalho, que
passam pela aplicação de multas; dentre as causas aponta a pobreza e a desinformação, ressaltando que
para a solução definitiva mister a constante fiscalização das propriedades, e ainda a possível aprovação
de Projeto de Emenda à Constituição (PEC), que prevê a perda do imóvel para os proprietários flagrados
em situação irregular.48
Agricultura e impacto ambiental
Voçoroca no estado de São Paulo.
No Brasil o setor agropecuário e o desmatamento respondem por 75% das emissões de gases
responsáveis pela mudança do clima. Em razão disto, algumas iniciativas vêm sendo adotadas, com
objetivo de minimizar esse impacto, sobretudo pela redução do desmatamento para a expansão agrícola
e pecuária: a chamada "Moratória da Soja", o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar, e o uso
dafertirrigação nesta última, são exemplos dessas ações.49
Erosão do solo
Um dos problemas enfrentados pela agricultura brasileira é a falta de cuidados referentes ao uso do solo
e controle da erosão. Uma grande parte das regiões Sudeste e Nordeste do país é de formações
rochosas graníticas e de gnaisse, sobre as quais assenta-se uma camada deregolito, bastante suscetível
à erosão e formação de voçorocas. Autores, como Bertoni e Lombardi Neto, apontam essa condição
como um dos maiores riscos ambientais do país, e grande parte delas são decorrentes da ação
humana.50
A erosão impõe a reposição de nutrientes ao solo, em consequência da perda dos mesmos, e ainda
provoca perda da estrutura, textura, e diminuição das taxas de infiltração e retenção de água.51
Os procedimentos usados comumente no preparo do plantio, como a aração e uso de herbicidas para o
controle das ervas daninhas acabam por deixar o solo exposto e suscetível à erosão - quer pelo
carregamento da camada superficial (e mais rica em nutrientes), quer pela formação das voçorocas. A
terra levada pela água, assim, provoca o assoreamento de rios e reservatórios, ampliando deste modo o
impacto negativo no ambiente. Uma das soluções é o chamado plantio direto, prática ainda pouco
divulgada no país.52
Agrotóxicos no Brasil
Existem quatro mil tipos de agrotóxicos, que resultam em cerca de quinze mil formulações distintas, dos
quais oito mil estão licenciadas no Brasil. São produtos
como inseticidas, fungicidas, herbicidas, vermífugos, e ainda solventes e produtos para higienização de
instalações rurais, dentre outros. Seu uso indiscriminado provoca o acúmulo dessas substâncias no solo,
água (mananciais, lençol freático, reservatórios) e no ar - e são largamente utilizados para manter as
lavouras livres de pragas, doenças, espécies invasoras, tornando assim a produção mais rentável.53
O Brasil apresenta uma taxa de 3,2 kg de agrotóxicos por hectare - ocupando a décima posição mundial,
para alguns estudos, e a quinta, em outros. O estado de São Paulo é o maior consumidor, no país, sendo
também o maior produtor (com cerca de 80% da produção nacional). Para o controle dos efeitos danosos
ao meio ambiente do uso dessas substâncias é preciso a educação do agricultor, a prática do plantio
direto, e ainda o esforço de órgãos tecnológicos como a EMBRAPA, com o desenvolvimento de espécies
mais resistentes, de técnicas que minimizem a dependência aos produtos, do controle biológico de
pragas, entre outros.53
No ano de 2007 os produtos que apresentaram maior índice de contaminação por agrotóxicos foram
tomate, alface e morango, sendo o agricultor o principal afetado. Isso decorre porque é baixa a
conscientização do produtor e poucos são os que cumprem as determinações legais para o uso dessas
substâncias, como a de Equipamento de Proteção Individual (EPI).54
Segundo informações da Anvisa com base em dados da ONU e Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio, as lavouras brasileiras utilizam pelo menos dez tipos de agrotóxicos considerados proibidos
em outros mercados, como União Europeia e Estados Unidos.55
Transgênicos no Brasil
Brasília, 2007: manifestantes pedem liberação de milho transgênico.
Antonio Cruz/ABr.
O país ocupa a terceira posição mundial no uso de sementes transgênicas. As principais culturas que
usam dessa biotecnologia são a soja, o algodão e, desde 2008, o milho.56
Diversas ONGs nacionais ou internacionais brasileiras, como o Greenpeace, MSTou Contag,
manifestaram-se contrários ao cultivo de plantas geneticamente modificadas no país, expondo
argumentos como a desvalorização destes no mercado, a possibilidade de impacto ambiental negativo, a
dominação econômica pelos grandes empresários, dentre outros.57
Entidades ligadas ao agronegócio,
entretanto, apresentam resultados de estudos efetuados pela Associação Brasileira de Sementes e
Mudas (Abrasem), nos anos de 2007 e 2008, tendo como resultado "vantagens socioambientais
observadas nos demais países que adotaram a biotecnologia agrícola há mais tempo"56
No país a Justiça Federal decidiu que alimentos que contenham mais de 1% de transgênicos em sua
composição devem, nos seus rótulos, expor a informação em destaque, a fim de informar o consumidor.58
Cultivo orgânico[editar | editar código-fonte]
Cultivo orgânico de berinjela.
José Cruz/ABr.
A chamada Agricultura orgânica visa a produção de alimentos sem uso de fertilizantes, agrotóxicos,
agroquímicos, etc. O Censo Agrícola de 2006 do IBGE reportou a existência de noventa mil
estabelecimentos do tipo no Brasil, o que perfaz 2% do total; destes, entretanto, apenas 5106 possuem o
certificado de produção orgânica.59
Os orgânicos estão presentes sobretudo nas pequenas e médias propriedades, e a maioria dos
produtores estão organizados em associações ou cooperativas. O estado com maior número de
produtores é a Bahia (223), seguido por Minas Gerais (192), São Paulo (86), Rio Grande do Sul (83),
Paraná (79), Espírito Santo (64) e outros.59
O programa Organics Brasil, constituído em 2005, visa promover as exportações do setor.59
Solos brasileiros
Solo regolítico, em rochagranulítica, Leblon, RJ.
O programa de mapeamento e classificação dos solos do país teve início em 1953, com a elaboração
da Carta de Solos do Brasil, resultando na publicação do primeiro mapa pelo IBGE no ano de 2003. O
conhecimento dos solos foi um dos fatores que permitiram a ampliação produtiva da agricultura, no
período a partir de 1975. O Centro-Oeste teve sua expansão efetivada graças ao uso da tecnologia; a
região é constituída principalmente por latossolos, tem-se que estes tipos de solo favorecem a
mecanização desde o preparo do terreno até a colheita, em face da qualidade dorelevo, embora sejam
pobres em nutrientes.60
A classificação dos solos do país, seu estudo e sistematização são capitaneados pela Embrapa Solos,
contando ainda com a participação de diversas entidades, no passado e no presente, tais como o Projeto
RADAM, a Universidade Rural (atual UFRRJ) e diversos cursos deAgronomia.61
Evolução do agronegócio brasileiro
Maquinário na produção de soja.
Durante as duas décadas finais do século XX, o Brasil assistiu a uma brutal evolução na sua produção
agrícola: em uma área praticamente igual à do início dosanos 80, a produção praticamente dobrou no final
do século.
Em 2010, a OMS aponta o país como o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas
de Estados Unidos e União Europeia.62
63
Vários fatores levaram a este resultado, tais como a melhoria dos insumos utilizados (sementes, adubos,
máquinas), as políticas públicas de incentivo à exportação, a diminuição da carga tributária (como, por
exemplo, a redução do imposto de circulação, em 1996), a taxa de câmbio real que permitiu estabilidade
de preços (a partir de 1999), o aumento da demanda dos países asiáticos, o crescimento da produtividade
das lavouras62
e outros componentes, como a intercessão governamental junto à OMC para
derrubar barreiras comerciais existentes contra produtos brasileiros em países importadores.64
Esta evolução do setor permitiu que a agricultura passasse a representar quase um terço do PIB nacional.
Esta avaliação leva em conta não somente a produção campesina em si mesma, mas de toda a cadeia
econômica envolvida: desde a indústria produtora dos insumos até aquela envolvida no seu
beneficiamento final, transporte, etc.64
Enquanto a agricultura propriamente dita apresentou, no período de 1990 a 2001 uma queda na oferta de
empregos, o setor do agronegócio praticamente triplicou a oferta de empregos (que saltou de trezentos e
setenta e dois mil para um milhão e oitenta e dois mil, no interregno). O número de empresas era, em
1994, de dezoito mil, e em 2001 saltou para quase quarenta e sete mil. Já a relação
emprego/produtividade na agricultura apresentou um crescimento expressivo, oposto à diminuição do
número de trabalhadores. 65
Perspectivas e limitações
O setor agrícola brasileiro possui possibilidades de ampliar a produção existente. Para tanto, há que se
considerar as áreas em que pode haver expansão da fronteira agrícola, bem como o incremento daquelas
subexploradas. Fatores que limitam essa expansão vão desde o surgimento de pragas em virtude
das monoculturas, infraestruturais (vide a seção sobre o transporte), os problemas ambientais gerados
por práticas como o desmatamento, etc.64
Balança comercial agrícola
Dentre os produtos do agronegócio a soja é o líder. No período compreendido entre agosto de 2007 e
julho de 2008 as exportações agrícolas renderam ao país sessenta e oito bilhões e cem milhões
de dólares, que fizeram o setor apresentar um superávit (diferença entre o valor importado e o exportado)
de cinqüenta e sete bilhões e trezentos milhões de dólares, no período.66
Mercados externos
No ano de 2008 o maior mercado consumidor dos produtos agrícolas brasileiros foi a União Européia.
A China, entretanto, foi o país que, individualmente, teve maior participação como importador, com um
montante de 13,2% no total, seguido pelos Países Baixos (com 9,5%) e Estados Unidos da
América (8,7%).66
Agronegócio por regiões
As Regiões do Brasil possuem ampla diversidade climática e, portanto, apresentam vocação agrícola e
industrial com problemáticas bastante diferenciadas, trazendo assim participações bem distintas no
agronegócio.
No ano de 1995, as regiões brasileiras participavam, percentualmente, da seguinte forma no total do
volume do setor: Norte – 4,2%; Nordeste – 13,6%; Centro-Oeste – 10,4%; Sudeste – 41,8%; e Sul –
30,0%, dados estes que revelam a concentração nestas duas últimas regiões de mais de setenta por
cento de todo o montante do agronegócio brasileiro. Este quadro vem se alterando, com a pequena e
gradual ampliação das regiões Centro-Oeste e Norte.67
Região Sul
Parreiral gaúcho.
Nos estados do Sul brasileiro (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) houve considerável
participação das cooperativismo. Os produtos de maior representatividade no PIB agrícola do país são
a avicultura e o arroz irrigado, que lidera, e posições estáveis com o milho e o feijão - havendo perdido as
posições que ocupava no ranking nacional em produtos como soja, trigo, cebola, batata e outros.68
É,
ainda, a maior produtora de tabaco no país que, por sua vez, é o maior exportador mundial.69
A vocação agrícola no Sul, incrementada a partir da década de 30, coincidiu com a integração com os
setores industriais da região. Enquanto nos demais estados as indústrias tenderam, na atualidade, à
importação dos insumos, Santa Catarina mantém um elevado grau de interdependência do setor industrial
com o agrícola.70
No Rio Grande do Sul, sobretudo, é importante a participação do chamado agronegócio familiar, derivado
sobretudo do modelo de colonização ali verificado, com expressiva representatividade no PIB agrícola
daquele estado. Outro fator importante é que este modelo proporciona um elevado grau de fixação do
homem no campo, bem como a interação entre os pequenos produtores.71
No ano de 2004 a região respondia com 14,4% da produção frutícola, ocupando o terceiro lugar do país.72
Região Sudeste
Plantação de cana, em Avaré, São Paulo.
Em 1995 o Sudeste (composto pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito
Santo), era responsável pela maior participação no montante do agronegócio do país, mas em tendência
de queda face a expansão das fronteiras agrícolas e à instalação de indústrias noutras regiões.67
O Sudeste é o maior produtor nacional de frutas, com 49,8% do total nacional, em dados de 2004.72
A
região concentra 60% das empresas de software voltadas para o agronegócio, segundo levantamento
efetuado pela Embrapa Informática Agropecuária (situada em Campinas/SP).73
Quanto à exportação, o
setor do agronegócio ocupava a segunda posição nacional, no período de 2000 a maio de 2008, ficando
atrás da Região Sul; o Sudeste representou 36% do montante exportado de 308 bilhões de dólares - os
produtos que mais se destacaram no comércio exterior na região foram o açúcar (17,27%), café (16,25%),
papel e celulose (14,89%), carnes (11,71%) e hortifrutícolas (com destaque para o suco de laranja) com
10,27%.74
Região Nordeste
Plantação de palma, em Urandi
Valter Campanato/ABr
.
No Nordeste brasileiro, região formada por nove estados
(Bahia, Sergipe,Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão) 82,9 %
da mão de obra do campo equivale à agricultura familiar.75
A região é a maior produtora nacional de banana, respondendo pelo montante de 34% do total.76
Lidera,
ainda, a produção da mandioca, com 34,7% do total.77
Segunda maior produtora de arroz, com uma safra
estimada para 2008 de um milhão, cento e catorze mil toneladas, em que o Maranhão tem majoritária
participação (com 668 mil toneladas).78
Também ocupa a segunda posição na produção frutícola, com
27% da produção nacional.72
Um dos grandes problemas da região são as estiagens prolongadas, mais fortes nos anos em que ocorre
o fenômeno climático do El Niño. Isso provoca o êxodo rural, a perda de produção, minimizados seus
efeitos por meio de ações governamentais de emergência, através da construção de açudes e outras
obras paliativas, como a transposição do Rio São Francisco. As piores secas dos últimos anos foram as
de 1993, 1998 e 1999, a primeira considerada a pior em cinquenta anos.79
Região Norte
Oficina de horticultura, Manacapuru, Amazonas.
A região Norte (composta pelos estados
do Acre, Amapá, Amazonas, Pará,Rondônia, Roraima e Tocantins) tem como principal característica a
presença dobioma amazônico, em que a floresta tropical é marcante (e, por sua presença em parte do
estado do Maranhão, este é incluído nas ações de governo nesta região). O grande desafio da região é
aliar a rentabilidade e produtividade com a preservação da floresta.80
A região já foi responsável, por um breve período, pela produção do mais importante produto de
exportação brasileiro, no final do século XIX e começo do XX, durante o chamado Ciclo da borracha, em
que o extrativismo da seringueira gerou o avanço das fronteiras nacionais (conquista do Acre), até o
contrabando da árvore pela Inglaterra e sua aclimatação em países asiáticos.81
É a segunda maior produtora nacional de banana, respondendo por 26% do total.76
Também é a segunda
na produção de mandioca (com 25,9% do total), ficando atrás somente do Nordeste.77
Na produção de
frutas ocupa a penúltima posição, responde por 6,1% da produção nacional, à frente apenas da região
Centro-Oeste.72
Região Centro-Oeste
Alho irrigado (Catalão-GO).
Há cerca de trinta anos a região era quase desconhecida em seu potencial econômico. O
principal bioma é o cerrado, cuja exploração foi possível graças às pesquisas para adaptação de novos
cultivares de vegetais como o algodão,girassol, cevada, trigo, etc. - permitindo que, em 2004, viesse a se
tornar a responsável pela produção de 46% da soja, milho, arroz e feijão produzidos no país.82
Essa é a região onde a fronteira agrícola brasileira teve maior expansão. Em as três últimas décadas do
século XX sua agricultura teve um crescimento de cerca de 1,5 milhão de toneladas de grãos por safra,
saltando de uma produção de 4,2 milhões para 49,3 milhões de toneladas, em 2008 - um crescimento
superior a mil e cem por cento.83
A área cultivada na região, que compreende os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e
o Distrito Federalem 2008 era de quinze milhões e cem mil hectares, tendo avançado nos primeiros anos
do século XXI, sobretudo sobre áreas anteriormente dedicadas à pecuária. Dentre os principais fatores
que levaram a esse crescimento conta-se a abertura de estradas, que facilitou o escoamento da
produção.83
Na fruticultura a participação da região, em dados de 2004, aponta o último lugar no país, com 2,7% do
total produzido.72
Principais produtos
Dada a sua grande variedade climática e extensão territorial, o país possui variadas áreas especializadas
em determinados cultivos - por vezes dentro dum mesmo estado da federação - como, por exemplo, na
Bahia, em que se tem o cultivo de soja e algodão, na sua região oeste, de cacau, no sul, frutas, no Médio
São Francisco, feijão em Irecê, etc. Também um produto agrícola encontra áreas distintas no território
nacional - como por exemplo o arroz, que é plantado no Rio Grande do Sul, no sul do Maranhão e Piauí,
em Sergipe e nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Alguns produtos, como o trigo, arroz e feijão84
, não tem produção suficiente para atender à demanda
interna; outros, como a soja, são quase que exclusivamente produzidos para exportação (a soja é o
principal produto exportado pelo agronegócio brasileiro66
). Por ordem alfabética, os principais produtos
agrícolas do Brasil são:
Algodão
Algodão, plantado na região decerrado da Bahia.
Dos anos 1960, quando teve início a mecanização agrícola do país, até o começo do século XXI, a área
plantada com algodão decresceu, os preços caíram, mas a produção aumentou substancialmente.85
A partir da década de 1990 o pólo produtor deslocou-se das regiões Sul e Sudeste para a Centro-Oeste e
Oeste da Bahia. A produção deixou de atender apenas à demanda interna, e passou-se a exportar o
produto, desde 200185
86
Com o ingresso do Brasil no mercado exportador de algodão, logo surgiu o embate com os Estados
Unidos, que com os subsídios e taxações às importações do produto, mantinham o preço do produto
artificialmente baixo no mercado internacional. A demanda brasileira foi levada à OMC no ano de 2002 e,
com os recursos impetrados pelos estadunidenses, as sanções foram finalmente decididas em
2009.87
88
Essa ação marcou a história do agronegócio brasileiro, nas palavras do ex-Ministro da
Agricultura Marcus Vinicius Pratini de Moraes: "…(a vitória na OMC foi) um dos momentos mais
importantes do agronegócio brasileiro. Mostramos ao mundo que, além de competitivos, somos fortes.",
no livro publicado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, a entidade privada dos
produtores que, junto ao Governo do Brasil, ingressou na OMC com o processo contra os subsídios
estadunidenses, intitulada "A Saga do Algodão: das primeiras lavouras à ação na OMC".89
Arroz
Colheita de arroz, Rio do Sul, Santa Catarina.
De exportador do grão o Brasil passou, na década de 1980, a importar o produto em pequenas
quantidades para atender à demanda interna. Na década seguinte tornou-se um dos principais
importadores, atingindo no período de 1997-1998 a dois milhões de toneladas, equivalentes a 10% da
demanda. Uruguai e Argentinasão os principais fornecedores do cereal para o país.90
Em 1998 foi plantada uma área total de três milhões e oitocentos e quarenta e cinco mil hectares,
havendo uma redução, estimada em 2008, para dois milhões e oitocentos e quarenta e sete mil hectares;
a produção, entretanto, saltou de onze milhões e quinhentas e oitenta e duas mil toneladas para,
estimadas, doze milhões e cento e setenta e sete mil toneladas, no ano de 2008. 78
Café
Cafezal florido, Minas Gerais.
O cultivo iniciou-se no Brasil em 1727 e já em 1731 o país exportava o produto. Sua evolução como item
do comércio exterior brasileiro atingiu o ápice em 1929, quando representava 70% de tudo que o país
exportava. Embora sua participação tenha diminuído, com a diversificação da produção, em 2008 o café
representou 2,37% das exportações do Brasil e 0,5% do PIB. Entre 2006 e 2009 exportou uma média de
vinte e oito milhões e trezentos mil sacas do produto ao ano, o que faz do país o maior exportador
mundial. Sua produção anual é de cerca de cem milhões de sacas, 25% do que é produzido no planeta.91
A produção estimada para 2009 é de mais de trinta e nove milhões de sacas, sendo o maior produtor o
estado de Minas Gerais (mais da metade do produzido no país). O cultivo ocupa uma área de dois
milhões e trezentos mil hectares, com cerca de seis bilhões e quatrocentos mil pés.91
O melhor café do país é produzido na cidade baiana de Piatã, onde o grão adquire um sabor especial e
único - segundo concurso que avalia o café gourmet, em novembro de 2009. As condições de altitude e
clima permitiram à cidade daChapada Diamantina ter outros três produtores entre os dez melhores do
Brasil.92
Cana-de-açúcar
Canavial em São Paulo.
A cana-de-açúcar ocupa a terceira posição entre as culturas cultivadas no Brasil, quanto à área (ficando
atrás da soja e do milho). O país é o maior produtor mundial, tendo colhido na safra 2007/2008 493,4
milhões de toneladas, dos quais foram produzidos 31 milhões de toneladas de açúcar e 22,5 milhões de
metros cúbicos de álcool.93
Em números, o setor representa 1,5% do PIB; na exportação de etanolatinge
a marca de 5 bilhões de litros, e de açúcar destina ao comércio externo 20 milhões de toneladas.94
A área cultivada, entre 1987 e 2008 evoluiu de 4,35 milhões de hectares para 8,92 milhões hectares; no
período a produtividade saltou de 62,31 t/ha, para 77,52 t/ha.93
As principais regiões produtoras são a Centro-Sul e Norte/Nordeste, que colheram, respectivamente, na
safra 2007/2008, 431,225 milhões de toneladas e 57,859 milhões de toneladas.93
Feijão
Feijão irrigado em Avaré, São Paulo.
O Brasil é o maior produtor mundial do feijão, respondendo por 16,3% do total produzido, que foi de 18,7
milhões de toneladas no ano de 2005, segundo a FAO. Historicamente o grão é produzido por pequenos
agricultores, sendo que nas últimas duas décadas cresceu o interesse por parte de integrantes do
agronegócio, o que gerou o aumento expressivo da produtividade (em alguns casos superando os três mil
quilos por hectare).84
A área cultivada com feijão sofreu uma redução, no período de 1984-2004, de cerca de vinte e cinco por
cento. Isto, entretanto, não resultou na diminuição da produção, que teve aumento de dezesseis por cento
no período. É cultivado em todo o país, havendo portanto, dadas as diferenças climáticas, safras durante
todo o ano.84
Apesar de sua posição de liderança entre os produtores, com safras equivalendo a três milhões de
toneladas ao ano, a produção do feijão não é suficiente para atender à demanda interna. Com isso, o
Brasil importa cem mil toneladas ao ano do produto84
Floricultura e paisagismo
Exemplar de rosa brasileira, emBrasília-DF.
Importante mercado representa a produção de flores e paisagismo no país, onde por volta de três mil e
seiscentos produtores dedicam-se ao cultivo, numa área de 4.800 ha.95
O setor possui grande capacidade de expansão no mercado interno, onde o consumo per capta é
pequeno. Emprega cerca de cento e vinte mil pessoas, dos quais 80% de mulheres, e cerca de 18%
da agricultura familiar.96
Os produtores de quinze estados estão representados pelo Instituto Brasileiro de
Floricultura (IBRAFLOR), que tem apoio governamental como entidade informativa e fomentadora.97
A floricultura teve início ainda na década de 1870, com o filho de Jean Baptiste Binot, que viera ao país a
fim de ornamentar o Paço Imperial, cujo orquidário é reconhecido internacionalmente. Em 1893foi fundada
uma empresa para a produção de flores de outras espécies pelos germanos Dierberger, de onde saíram
os Boettcher, pioneiros na produção de rosas.96
O amadorismo dirigiu a produção de flores no Brasil, até quando os imigrantes holandeses fundaram,
em 1948 umacooperativa em Holambra, cidade que até hoje capitaneia o setor.96
Desde 2000 a produção integra as políticas públicas, com implantação do Programa de Desenvolvimento
de Flores e Plantas Ornamentais do Ministério da Agricultura. O maior produtor é o estado de São Paulo,
seguido por Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Paraná, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Amazonas e Pará.96
Frutas e culturas perenes
Plantação de pinhas em sistema irrigado, às margens do Rio São Francisco, na Bahia.
As principais frutas cultivadas economicamente no Brasil são, em ordem
alfabética:abacaxi, Abiu, açaí, acerola, ameixa, amora, araticum-do-brejo, atemóia, bacaba,bacuri,
banana, biribá, cajá, caju, camu-camu, caqui, carambola, castanha-do-pará, citros (laranja, limão, lima,
etc), coco, cupuaçu, figo, framboesa, fruta-
pão, goiaba,graviola, jambo, kiwi, maçã, mamão, manga, mangaba, mangostão, maracujá, mirtilo,muruci,
nectarina, patauá, pequiá, pêra, pêssego, Physalis, pinha, rambutã, sapota,sapoti, seriguela, sorva, tucum
ã, umbu, uva, e ainda melancia, melão, morango e noz comestível.98
O setor fruticultor produziu, em 2002, em valor bruto, nove bilhões e seiscentos milhões de dólares - total
este que corresponde a dezoito por cento da agropecuária brasileira. A produção nacional é superior a
trinta e oito milhões de toneladas, cultivadas em três milhões e quatrocentos mil hectares. As exportações
do setor tiveram crescimento, entre 1990 e 2003 de 183% no valor, 277% na quantidade e também
no superávit gerado, este em 915%.99
A importância do setor reflete-se também na geração de emprego e renda: para cada dez mil dólares
investidos na produção de frutas, são gerados três empregos diretos e dois indiretos.99
O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, ficando atrás da China (produz cento e cinquenta
e sete milhões de toneladas) e da Índia (com cinquenta e quatro milhões). Laranja e banana respondem,
juntas, por sessenta por cento da produção total de frutas, no país. 72
A fim de incrementar a participação brasileira no mercado frutícola mundial, foi criada pela Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o IBRAF e o
supermercado Carrefour uma parceria para a realização doBrazilian Fruit Festival, com edições em vários
países como Polônia e Portugal, ocorridos nos anos de 2004 a 2007.72
100
Banana
Plantação de bananas em projeto de irrigação, Rio S. Francisco, Bahia.
A banana é produzida em todo o território do país. Na fruticultura ocupa o segundo lugar entre as frutas
produzidas e consumidas no Brasil.76
No ano de 2003 o país cultivou quinhentos e dez mil hectares com a
fruta, que produziram seis milhões e meio de toneladas. Por ordem decrescente, os maiores produtores
foram São Paulo (com um milhão, cento e setenta e oito mil toneladas), Bahia (setecentas e sessenta e
quatro mil toneladas) e Pará (seiscentas e noventa e sete mil toneladas).101
No ano de 2004 a banana produzida no Brasil atingiu um total de seis e meio milhão de toneladas, o que
a torna a segunda fruta mais colhida no país, atrás somente da laranja.72
Em dados da FAO, ocupa o país o terceiro lugar em volume de produção da fruta, ficando atrás
da Índia (produz 16 milhões de toneladas) e do Equador (com seis e meio milhões de toneladas). A
produtividade brasileira é considerada baixa - doze e meia toneladas por hectare, enquanto na Costa
Rica, por exemplo, esta alcança quarenta e seis toneladas e seiscentos quilos por hectare.102
Cacau
Cacaueiro em Ilhéus, Bahia.
O cacau já foi um dos principais produtos agrícolas exportados pelo Brasil, e teve uma relevante
importância econômica para a Bahia. Sua produção, entretanto, foi decaindo paulatinamente. Embora
produzida em estados como Espírito Santo, Pará e Rondônia, a Bahia em 2002 representava 84% da
área colhida no país, segundo o IBGE. Neste ano havia mais de quinhentos e quarenta e oito mil hectares
plantados com a cultura.103
De exportador, o Brasil passou a importar o cacau no ano de 1992, matéria-prima para a fabricação
do chocolate. Segundo a FAO o país, entre 1990 e 2003, caiu da nona para a décima sétima posição no
ranking dos principais produtores mundiais.103
O cacau baiano é o maior exemplo de como uma praga e a ausência de cuidados fitossanitários pode
afetar a produção de uma cultura. No caso a incidência da doença chamada vassoura-de-bruxa foi a
responsável direta pela queda da produção, iniciada no ano de 1989.104
Essa decadência brutal da
produção perdurou até 1999, quando variedades resistentes foram introduzidas. A despeito disto,
em 2007 a produção baiana voltou a declinar, ao passo em que a paraense aumentou sua
participação.105
106
Laranja (citros)
Laranjal, em S. Paulo.
Os citros equivalem ao gênero citrus e outros afins, e dizem respeito a uma gama variada de espécies de
laranjas, limas, tangerinas, limões, etc., dos quais a de maior importância agrícola é a laranja.107
No ano de 2004 o Brasil produziu dezoito milhões e trezentas mil toneladas em laranja, o que equivale a
quarenta e cinco por cento do total em frutas colhido naquele ano, o que torna a fruta o principal cultivo do
setor frutícola.72
O estado de São Paulo responde, sozinho, com um total de 79% de toda a produção de laranja no país,
que por sua vez é o maior produtor e exportador desuco de laranja, responsável por metade da produção
mundial, dos quais 97% são destinados à exportação.108
Brasil e Estados Unidos da América são os maiores produtores mundiais de citros, com 45% do total, em
que ainda se destacam África do Sul, Espanha e Israel, para a laranja dita in natura e tangerinas.107
O suco de laranja brasileiro equivale a 80% das exportações mundiais, a maior fatia de um produto
agrícola brasileiro.62
Silvicultura e madeira
Plantação de pinus para produção de celulose, Bocaina do Sul, Santa Catarina.
Dados comparativos da exploração florestal no Brasil, entre os anos de 2003 e 2002 apontam um
crescimento da silvicultura (florestamentos e reflorestamentos) sobre a participação da exploração das
florestas pelo extrativismo: o setor silvícola, que em 2002 representava 52% da produção, passou a ser
de 65% - ao passo em que o extrativismo diminuiu de 48% para 35%.46
Os eucaliptos são a espécie mais utilizada em reflorestamentos no país, e seu cultivo é destinado
sobretudo para a produção de chapas de madeira e de celulose.109
Em 2001 o país tinha três milhões de
hectares cultivados com essa árvore; outros um milhão e oitocentos mil hectares estavam reflorestados
compinus,110
espécies climaticamente mais adaptadas ao cultivo no Sul e Sudeste, e usadas para a
produção de celulose, placas, móveis e chapas.111
Nos últimos anos, o uso de espécies nativas tem sido promovido como altenativa ao eucalipto e ao pinus,
espécies estrangeiras. Em 2007, foi lançado o Plano Nacional de Silvicultura com Espécies Nativas e
Sistemas Agroflorestais (PENSAF), numa ação integrada entre os Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(MAPA), entre outros.112
Em 2003 o país produziu dois milhões,cento e quarenta e nove mil toneladas de madeira para carvão
vegetal; 75% desse total foi produzido em Minas Gerais. Já o carvão produzido a partir do extrativismo
somou dois milhões, duzentas e vinte e sete toneladas, sendo a maior parte (35%) oriunda do Pará. A
madeira para a produção de lenha totalizou quarenta e sete milhões, duzentos e trinta e dois mil metros
cúbicos, sendo o estado maior produtor a Bahia.46
O Brasil é o sétimo maior produtor mundial de celulose de todos os tipos, e o maior em se tratando de
celulose de fibras curtas. No ano de 2005 o país exportou cinco milhões e duzentas mil toneladas das seis
milhões produzidas, que geraram uma receita de três bilhões e quatrocentos milhões de dólares. 113
No ano de 2006 foi aprovada a Lei de Gestão de Florestas Públicas, que estimula a produção de madeira
legalizada, objetivando diminuir o desmatamento ilegal, e estimulando o setor madeireiro a explorar a
atividade de forma sustentável.114
Horticultura
Hortas, Almirante Tamandaré, PR.
A produção brasileira de hortaliças, no ano de 2004, foi estimada em onze bilhões, seiscentos e noventa e
seis milhões de Reais, ocupando uma área cultiva de setecentos e setenta e seis mil hectares com uma
produção de dezesseis milhões, oitenta e seis mil toneladas. As principais regiões produtoras foram a Sul
e Sudeste, com 75% do total produzido, ficando o Nordeste e Centro-Oeste com os demais 25%. Este
setor do agronegócio emprega entre oito a dez milhões de trabalhadores.115
O setor conta com pesquisas feitas pela seção olerícola da Embrapa, com sede noDistrito Federal, criada
em 1978 e em 1981 denominada de Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças (CNPH).116
O Centro
conta com uma área de mil, duzentos e quatro hectares, com laboratórios, prédios administrativos e de
apoio, sendo cento e dez hectares dedicados à produção experimental de hortaliças, dos quais dezoito
voltados à chamada produção orgânica.117
No ano de 2007 o Brasil exportou trezentas e sessenta e seis mil, duzentas e treze toneladas de
olerícolas, que renderam um montante de duzentos e quarenta milhões de dólares. Dentre estes, treze mil
toneladas de batata, vinte mil toneladas de tomate, trinta e sete mil toneladas de cebola, duzentas e
quatro mil toneladas de melão, trinta e três mil toneladas demelancia. Outras hortaliças exportadas foram
o morango, gengibre, ervilhas, pepinos, capsicum, mostardas, cenoura, alho, milho-doce e outras.118
Tomate
Plantação de tomate, Arandu, SP.
A produção do tomate brasileira ocupa a sexta posição mundial e a primeira daAmérica do Sul, no ano
2000. A produção de 1999 atingiu a marca recorde de um milhão, duzentas e noventa mil toneladas de
tomate para a produção de polpa para a indústria de alimentos.119
No ano de 2005 a produção do país passou para três milhões e trezentas mil toneladas, ocupando a nona
posição mundial (atrás de China, EUA, Turquia, Itália,Egito, Índia, Espanha e Irã, o Brasil com 3% da
produção global.) Os estados maiores produtores, em 2004, foram Goiás (com oitocentas e setenta e uma
mil toneladas), São Paulo (setecentas e quarenta e nove mil toneladas), Minas Gerais (seiscentas e vinte
e duas mil), Rio de Janeiro (duzentas e três mil) e Bahia (cento e noventa e três mil). 120
O avanço da cultura na região do cerrado goiano e mineiro fez a região saltar de 31% para 84% da
produção nacional brasileira, entre os anos de 1996 a 2001, com o desenvolvimento de variedades
híbridas desenvolvidas para esse ambiente, aumentando a produtividade.121
A produção por regiões foi,
em 2007, a seguinte: Sudeste plantou vinte e dois mil, quatrocentos e quarenta e dois hectares,
produzindo um milhão, quatrocentas e quarenta e duas mil toneladas; Centro-Oeste, com dez mil,
quatrocentos e oitenta e seis hectares, colhendo oitocentas e trinta e cinco mil, novecentas e oitenta e oito
toneladas; Sul, nove mil, quatrocentos e quarenta hectares, resultando em quinhentas e dezessete mil,
quatrocentas e cinquenta e três toneladas; Nordeste, doze mil, oitocentos e setenta e oito hectares,
colhendo quinhetas e dezessete mil, quatrocentas e cinquenta e três toneladas; e Norte, com mil e vinte e
nove hectares, resultando em oito mil e setenta e quatro toneladas produzidas, segundo o IBGE.122
Cebola
Réstia de cebola roxa.
A cebola é um dos principais produtos da horticultura brasileira, não pela lucratividade mas por servir de
sustento e motivo de fixação das famílias na terra, pois os pequenos agricultores, nos próprios imóveis ou
em forma de parceria com grandes proprietários, são responsáveis por mais da metade da produção do
país.123
A região com maior produtividade da cebola compreende as cidades de Juazeiro, na Bahia, e Petrolina,
em Pernambuco - cidades vizinhas, separadas pelo Rio São Francisco: ali a olerícola é irrigada,
resultando numa produtividade de vinte e quatro toneladas por hectare, contra a média brasileira de
dezessete toneladas.123
No ano de 2006 a produção das duas cidades (duzentas mil toneladas) superou a
de outros estados, ficando atrás somente de Santa Catarina (trezentas e cinquenta e cinco mil
toneladas).124
Mandioca
O Brasil é o segundo produtor no ranking mundial, com 12,7%, embora exporte apenas meio por cento do
que produz - mercado este formado pela Venezuela (maior importadora, com 31,4% das vendas
externas), seguida por Argentina,Colômbia, Uruguai e EUA; a média exportada em 2000 e 2001 foi de
treze milhões e cem mil toneladas ao ano, gerando receita acima de seiscentos milhões de dólares.77
O cultivo dá-se em todas as regiões do país, visando tanto o consumo humano quanto animal; no primeiro
caso a produção divide-se em mandioca in natura, das espécies comestíveis, e para a produção
de farinha e fécula. Essa cadeia produtiva gera cerca de um milhão de empregos diretos,77
em um total
estimado de dez milhões de empregos para a cadeia produtiva.125
Em 2002 previu-se uma produção nacional de vinte e dois milhões e seiscentas mil toneladas da raiz,
sendo cultivados um milhão e setecentos mil hectares. Os estados maiores produtores são o Pará
(17,9%), Bahia (16,7%), Paraná (14,5%), Rio Grande do Sul (5,6%) e Amazonas (4,3%) - que juntos
respondem por quase sessenta por cento do total produzido.77
Milho
Milharal, São Paulo.
A produção brasileira dá-se, basicamente, em duas épocas ao ano: a safra, propriamente dita, durante os
períodos de chuva, e a chamada "safrinha" - ou "de sequeiro" - durante a estiagem. O primeiro caso
ocorre, na Região Sul, do final de agosto; no Sudeste e Centro-Oeste, em outubro e novembro; no
Nordeste, no início do ano. A segunda safra é feita nos estados de Paraná, São Paulo e no Centro-Oeste
com o milho cultivado fora do tempo, nos meses de fevereiro e março.126
No ano de 2006 a área plantada com o seu cultivo no Brasil foi de cerca de treze milhões de hectares,
com uma produção superior a quarenta e um milhões de toneladas - produtividade considerada aquém da
capacidade.126
O país foi, ainda em 2006, o terceiro maior produtor mundial (atrás dos Estados Unidos da América e da
China), sendo responsável por 6,1% do milho produzido no globo. O estado que mais produz é o Paraná,
com 25,72% do total.127
Soja
Plantação de soja (Goioerê-PR).
Sua introdução deu-se no ano de 1882, e a partir do começo do século XX a produção destinava-se
à forragem animal. A partir de 1941 a produção de grãos superou a forrageira, até tornar-se o principal
objetivo da cultura, adaptada ao país sobretudo após estudos do Instituto Agronômico de Campinas.128
No ano de 2003 o país teve uma produção de cinquenta e dois milhões de toneladas, o que correspondeu
a 26,8% da produção do mundo.128
Na safra 2007/2008 a produção foi sessenta milhões e cem mil
toneladas, superada apenas pela estadunidense; a previsão de colheita para a safra 2008/2009 é de
sessenta e quatro milhões de toneladas.129
Os maiores produtores brasileiros são Mato Grosso, Paraná e Goiás, respectivamente com produções em
2004-2006, de quinze, nove e seis milhões de toneladas.130
Tabaco
O Brasil é segundo maior produtor mundial de tabaco, e o maior exportador de fumo desde 1993, com o
faturamento de cerca de um bilhão e setecentos milhões de dólares. O maior produtor voltado para o
mercado externo é o Rio Grande do Sul,131
e a Região Sul responde por 95% da produção nacional, que
exporta entre 60-70% do que produz.132
Quadro geral da agricultura no Brasil
Mapa ilustrativo da agricultura no território brasileiro, com as atividades predominantes.
Viviam, em 2004, em áreas rurais não-metropolitanas, segundo o IBGE(Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios - PNAD 2004), 5.965.000 famílias em todo o Brasil.133
A participação da agricultura para o PIB brasileiro cresceu, no período compreendido de 2001 a 2004,
passando de 8,4% para 10,1% - incremento que foi favorecido pelos preços favoráveis de commodities e
do câmbio.133
Em 2006 foram cultivados sessenta e dois milhões e trezentos mil hectares do
território.134
Aproximadamente três milhões e seiscentos mil ha foram irrigados, responsáveis por 69% de
todo o consumo de água doce no Brasil.135
A área total cadastrada oficialmente como destinada à agricultura perfaz um total de trezentos e sessenta
milhões de hectares, que não é toda ela agricultável. Cerca de vinte e nove milhões e meio de hectares
estariam aptos ao uso da irrigação.135
Da área cultivada em 2006, 4,8% foi destinada à fruticultura, responsável por 16,8% do rendimento da
safra daquele ano, e que tem como principais produtos a laranja, banana e uva (57% da produção em
frutas); outros produtos integram a produção frutífera nacional, com menor expressão, como
a manga, maçã, mamão e abacaxi.134
O eucalipto, árvore introduzida da Austrália e adaptada ao Brasil, é o principal item das culturas
de florestamento, ocupando uma extensão de três milhões de hectares no país, destinada à produção
de celulose e para a metalurgia (ferro-gusa).135
Ranking geral do país
Em 2005, a agricultura brasileira ocupava o primeiro lugar na produção e exportação de açúcar (42% da
produção mundial), etanol (51%), café (26%), suco de laranja (80%) e tabaco (29%); segundo maior
produtor e exportador de soja em grãos (35% da produção mundial) e soja em farelo (25%); no milho era
o quarto maior produtor, e terceiro maior exportador (com 35% da produção), segundo dados da USDA’s
Foreign Agricultural Service and Global Trade Information Services data136
Segundo relatório da OMC referente a 2010, apesar de 80% da produção de grãos estar em áreas
temperadas, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de exportação em produtos
como açúcar, café, suco de laranja, tabaco e álcool; e o segundo lugar em soja e milho.62
Referências
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sendo largamente utilizada para designar a vocação agrícola do país [2]. Ganhou maior força quando
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extração das madeiras(...) A partir de 1530 a crise do comércio de especiarias... forçaram Portugal a
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