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* Depois do roubo, alarme ligado - p.01

* ‘Adicional jeitinho’ se alastra em Minas - p.15

* CNJ mira contracheques excepcionais de magistrados para pedir devoluções - p.31

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ESTADO DE MINAS – 1ª P. E P. 17 E 18 – 18.02.2012

Depois do roubo, alarme ligado Após assalto a igreja no Norte de Minas e denúncia do EM de que sistema de proteção

estava inativo em todo o estado, Iepha manda religar em caráter de urgência equipamentos que monitoram bens tombados. Na véspera do carnaval, instituto pede reforço no policiamento

Situação da Fazenda Boa Esperança, de responsabilidade do Iepha, preocupa quem conhece o rico acervo, que inclui capela com arte barroca: desde que vigia se aposentou, em dezembro, complexo está desprotegido

Mateus ParreirasTrês dias depois que ladrões arrombaram a Igreja Matriz

de Santo Antônio, em Itacambira, uma providência emergencial tenta colocar cadeado nas portas que protegem o patrimônio re-ligioso mineiro. O sistema de alarme de 40 igrejas, santuários e sítios tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) de Minas Gerais começou ontem a ser reativado em regime de emergência. A falta de renovação do contrato com a Alvo Segurança Ltda, em 2011, fez com que todos os locais tivessem seus equipamentos de vigilância desligados. A falha ad-ministrativa deixou um acervo centenário de peças sacras e histó-ricas de valor inestimável vulnerável à ação de criminosos, como denunciou em sua edição de ontem o Estado de Minas. Outra medida tomada às pressas foi requisitar reforço no policiamento em cidades que abrigam acervo tombado.

O anúncio do contrato emergencial foi feito pelo Iepha, que ontem comunicou ao coordenador das promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), promotor Marcos Paulo de Souza Miranda, sobre a re-gularização dos sistemas. “Recebi um telefonema do presidente do Iepha (Fernando Viana Cabral) e ele se comprometeu a firmar um contrato de emergência de 90 dias para o programa Minas para Sempre, até que contratos regulares sejam restabelecidos. A situação não podia ficar como estava”, declarou o representante do Ministério Público.

O instituto de patrimônio estadual se manifestou apenas por meio de nota e não deu informações mais detalhadas sobre a providência. No texto divulgado ontem, o Iepha sustenta que a empresa de segurança já começou a providenciar a regularização dos equipamentos. “A pedido da Secretaria de Estado de Cultura, por meio do Iepha, a Secretaria de Estado de Defesa Social refor-çará a segurança desses imóveis durante o período de carnaval, quando é grande o fluxo de turistas nos municípios mineiros”, diz o comunicado.Contudo, o tempo que os locais que abrigam acer-vo histórico ficaram desprotegidos foi suficiente para que mais peças fossem roubadas, engrossando a estatística que estima em 60% o patrimônio móvel já dilapidado no estado. O último alvo foi a Matriz de Itacambira, no Norte de Minas, que teve cerca de 20 peças levadas, entre elas imagens do século 18 de São Vicente Ferrer, São Miguel, Sant’ana Mestra, São Sebastião e Santo An-tônio. Como os demais templos mineiros, a igreja estava com o sistema de segurança desativado. “São perdas inestimáveis para nosso patrimônio. O valor das peças e imensurável. É lamentável que isso tivesse de ocorrer para que o estado providenciasse a segurança do patrimônio”, criticou o promotor Marcos Paulo de Souza Miranda. “Agora, nos resta rastrear as imagens que fo-ram levadas pelos bandidos”, disse. Interpol, polícias rodoviárias Federal e Estadual, além da Infraero, receberam alertas sobre o material roubado e as investigações já teriam identificado rastros

da quadrilha, mas ainda não houve prisões.

BARREIRA ELETRÔNICA Em 2008, o projeto Minas para Sempre deu início à atualiza-

ção dos equipamentos instalados em bens tombados pelo Iepha/MG quando da criação do programa, em 1997. Os primeiros apa-relhos de alerta foram substituídos por um sistema mais moderno, que permite monitoramento remoto, por telefonia celular. Foram reinstalados alarmes em 40 imóveis tombados, nesta primeira fase. Em cada comunidade onde a aparelhagem foi implantada, três pessoas ligadas ao bem receberam treinamento para operá-la e tiveram acesso à senha para ativação e desativação. O novo sistema passou a ser monitorado pela mesma empresa contratada para a instalação, a partir de central em Belo Horizonte.

Além desses 40 pontos iniciais, a ideia é que o sistema seja expandido gradativamente, inclusive com o incremento de vide-ocâmeras, com gravação remota, detectores de fumaça e sistemas de combate a incêndio e pânico nos bens que ainda não contam com esse recurso.

Porém, como confirmou ontem o Estado de Minas, a se-gurança eletrônica está longe de cobrir todo o acervo histórico mineiro. A Fazenda Boa Esperança, um dos patrimônios mais es-petaculares de Minas, na Região Central do estado, está sem pro-teção. O vigia que tomava conta do lugar se aposentou há quase três meses e o Iepha não providenciou ninguém para tomar conta do casarão colonial construído no fim do século 18 e inaugurado em 1822, com capela com trabalhos de talha dourada e painéis atribuídos ao Mestre Athayde. (Com Pedro Ferreira)

DenuncieQuem tiver informação sobre a localização de peças rou-

badas do patrimônio mineiro deve entrar em contato com o Ie-pha/MG, pelo telefone (31) 3235-2813 ou pelo site www.iepha.gov.br.

ALARMES DE IGREJAS SÃO RELIGADOS ÁS PRESSASApós EM denunciar fim da vigilância em 40 templos históricos, Iepha corre para reativá-la

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Pedro FerreiraO acervo de um importante patrimônio de Minas, tom-

bado não só pelo estado, mas também pela União, está entre-gue à própria sorte. Um casarão colonial construído no fim do século 18 e inaugurado em 1822, sede da Fazenda Boa Esperança, na Região Central do estado, está sem funcioná-rio para vigilância desde dezembro, quando o vigia local se aposentou. O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG), proprietário do imó-vel, ainda não providenciou substituto para o funcionário e, embora a estrutura esteja em processo de restauração, as peças sacras do complexo estão desprotegidas. A capela que fica na varanda da frente é uma verdadeira obra-prima, que encanta todos pela sua riqueza e aspecto singelo. Nela há trabalhos de talha dourada e painéis atribuídos a Manoel da Costa Athayde, o Mestre Athayde (1762-1830). Tudo indica que o retábulo foi esculpido pelo português Francisco Vieira Servas (1720-1811).

A dona de casa Zélia Teixeira Mendonça, de 66 anos, é a vizinha mais próxima. Ela mora a 900 metros de distância e teme pela segurança do casarão. “Se acontecer algum rou-bo lá, ninguém vai ficar sabendo. É muito perigoso deixar aquela casa sozinha. A impressão é de que ela está abando-nada”, disse.

Zélia conta que o antigo vigia do lugar morava a 600 metros da fazenda e passava o dia na casarão. “Ele e a mu-

lher sempre retornavam à noite para ver se estava tudo bem. Ele limpava o pátio e a mulher fazia faxina na casa e limpa-va a capela. Agora, o mato está crescendo em volta”, disse Zélia. “Tenho muito medo de assalto aqui na região. Quando meu marido sai de casa e fico sozinha, tranco tudo”, disse.

A fazenda também é tombada pelo Instituto do Patri-mônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), desde 1959. Quem chega ao lugar, a seis quilômetros do Centro do mu-nicípio mais próximo, não deixa de se impressionar com a grandiosidade do monumento histórico e paisagístico, con-siderado palácio rural desde os tempos do seu fundador, se-nhor de mais de 900 escravos que trabalhavam na mineração de ouro e agricultura. Logo na entrada, no meio do extenso pátio gramado, duas frondosas sapucaias dão boas-vindas aos visitantes, convidando ao silêncio, comunhão com a na-tureza e contemplação do engenho de pedra (paiol) e da bela capela. A varanda dos fundos tem 36 metros de comprimen-to e 2,5 metros de largura e esteiras coloridas de taquara no forro. Ao todo, são 24 cômodos, totalizando 45 portas.

Durante a semana, o casarão tem a proteção de seis fun-cionários de uma empresa contratada para trocar o telhado do antigo engenho, mas nos fins de semana e feriados o local fica deserto. “O estado ficou de mandar outro vigia, mas até hoje, nada”, disse um dos carpinteiros. O telhado do enge-nho ganhou nova estrutura em madeira e telhas que imitam as antigas, com um investimento de R$ 319 mil.

No topo do altar-mor da Matriz de Santo Antônio, nicho vazio denuncia ação de ladrões, que levaram pelo menos 5 imagens

REPORTAGEM DE CAPA

Um tesouro sem vigilância Fazenda colonial com capela adornada por elementos atribuídos a mestres do barroco,

tombada pelo estado e pela União, está sem proteção por falta de funcionários

Capela integrada à varanda abriga painéis de Mestre Athayde. Telhado do engenho passa por restauração

Publicação: 18/02/2012

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Gustavo WerneckUma força policial especializada, capaz de garantir a

segurança das construções coloniais e impedir novos furtos de peças das igrejas e capelas do estado. O presidente da As-sociação das Cidades Históricas de Minas Gerais e prefeito de Congonhas, Anderson Cabido (PT), informou ontem que vai entregar ao governador Antonio Anastasia (PSDB), logo depois do carnaval, documento pedindo a criação de polícia especializada em proteção do patrimônio cultural e turístico, delegacia com a mesma finalidade e unidades do corpo de bombeiro em municípios tombados pelo Instituto do Patri-mônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A iniciativa também é defendida pelo Ministério Público estadual (MP), via Coordenadoria das Promotorias de Justiça do Patrimônio Cultural e Turístico/MG (Cppc).

“Estamos nessa luta há quatro anos. O patrimônio cultu-ral precisa de um tratamento diferente, com pessoal especia-lizado, a exemplo do existente para crimes de informática e fraudes eletrônicas, pois os criminosos estão se organizando e se sofisticando cada vez mais”, diz o coordenador do Cppc, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda. “Se a ocorrência for tratada em uma delegacia comum, o furto de uma obra de arte vai entrar na mesma fila de um ladrão de galinhas”, ironiza. Ele ressalta que a criação de uma polícia para a proteção do acervo artístico está prevista no artigo 83 da Constituição Mineira promulgada em 1989 e lamenta que não esteja em prática.

O pedido a ser entregue ao governador será assinado pelos 45 prefeitos que integram a Associação das Cidades Históricas, fundada em 2003 com o objetivo de desenvolver políticas direcionadas ao patrimônio, cultura e turismo. “O furto, na madrugada de quarta-feira, de cinco imagens da Matriz de Santo Antônio, em Itacambira, na Região Norte do estado, nos preocupou muito. Há uma situação de vulne-rabilidade, por isso é preciso ficar atento à segurança do con-junto arquitetônico, bem como à vigilância contra roubos, descargas atmosféricas (raios) e outros fatores de risco”, alerta o prefeito Anderson Cabido, que administra a “cidade dos profetas”. Ele lembra que, durante a campanha para go-vernador, em 2010, a associação sugeriu aos candidatos que incluíssem as medidas na plataforma política para posterior execução.No momento do assalto, a Matriz de Santo Antônio estava sem alarme em funcionamento, a exemplo de outras 40 igrejas, santuários e monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), vinculado à Secretaria de Estado da Cultura. A falta de re-novação do contrato com a Alvo Segurança Ltda., em 2011, fez com que todos os locais tivessem seus equipamentos de vigilância desligados. Somente depois da denúncia feita por Marcos Paulo, em reportagem do Estado de Minas, é que o

instituto mandou reativar o sistema. Cabido destaca a existência de uma polícia específica

para o turismo em estados nordestinos. “Nossa proposta é que uma fração da Polícia Militar seja treinada para atuar na preservação do patrimônio cultural e que a Polícia Civil pos-sa investigar com mais propriedade os furtos de peças sacras e obras de arte de monumentos seculares”, diz o prefeito. Estimatima-se que 60% do acervo histórico mineiro já tenha sido dilapidado pela ação de ladrões.FOGO

Outro problema sério no circuito das cidades de rele-vância histórica em Minas é a falta de unidades do Corpo de Bombeiros. “Dos 45 municípios, poucos têm esse ser-viço”, diz o presidente da associação, citando Ouro Preto e Barbacena, na Região Central, São João del-Rei, no Cam-po das Vertentes, Sabará, na Grande BH, e Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. Os demais ficam na dependência de outros centros urbanos. “Até hoje não conseguimos trazer uma guarnição para Congonhas”, diz o prefeito, lembran-do o incêndio, na madrugada de 14 de agosto de 2010, que atingiu dois imóveis do século 18. Na época, a solução foi pedir apoio à corporação sediada no município vizinho de Conselheiro Lafaiete, distante 20 quilômetros. O promotor de Justiça Marcos Paulo conta que há uma ação do MP na Justiça, contra o estado, para que seja instalado um batalhão na cidade dos profetas.

O prefeito lembra que, com a proximidade da Copa’2014, o momento é mais do que oportuno para dar mais seguran-ça às cidades coloniais. Em encontro, no fim do ano, com o secretário de Estado Extraordinário da Copa do Mundo (Secopa), Sérgio Barroso, a associação conseguiu incluir as cidades históricas entre os produtos de promoção do gover-no mineiro.

ANÁLISE DA NOTÍCIA

Crime muda de tática fugindo da vigilância

Antes, os mais visados eram os municípios da Região Central – Ouro Preto, Mariana e distritos de ambos, Saba-rá, Santa Luzia, Caeté e outros do Ciclo do Ouro –, além do Campo das Vertentes e do Sul de Minas. As autoridades fecharam o cerco e os ladrões de peças sacras mudaram de rota. Depois de dilapidar igrejas, capelas, museus e prédios, seguiram rumo ao Centro-Oeste, fazendo mais estragos. Agora, trocaram novamente de tática e direção, priorizando pequenos povoados e municípios, onde a fiscalização é falha. É preciso que os órgãos de proteção voltem à carga e criem um sistema de defesa definitivo. Do contrário, a história das Gerais ficará irremediavelmente à mercê dos criminosos, que estão cada vez mais ousados e sofisticados. (GW)

ESTADO DE MINAS – P. 15 - 20.02.2012

Tropa de elite da memória Associação das Cidades Históricas entrega ao governo, logo após o carnaval, pedido de

criação de força policial especializada em patrimônio, delegacias específicas e unidades dos Bombeiros em cada um dos municípios mineiros com bens tombados pela união

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Igrejas de São Francisco e do Carmo, na Praça Minas Gerais, em Mariana: apesar de o Iepha ter anunciado esquema especial de proteção, militares trabalham com mobilização tradicional para o período de carnaval

Publicação: 20/02/201

CONT... ESTADO DE MINAS – P. 15 - 20.02.2012

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MINAS GERAIS SÁBADO, 18 DE FEVEREIRO DE 2012 - 6CULTURA

Serão

mil nas obras,

com empresas

Local vai abrigar o Centro de Referência da Cultura Negra

-creverem-se no processo sele-

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O prazo para inscrição vai -

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Cultura convida entidades para compor Conselho Estadual

Iepha vai restaurar Fazenda dos Martins em BrumadinhoS -

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cravos e, como apontam os

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Integrantes do Iepha, Ministério Público e prefeitura em reunião com proprietários do imóvel

MINAS GERAISCIRCULA EM TODOS OS MUNICÍPIOS E DISTRITOS DO ESTADO

DIÁRIO OFICIAL

DOS PODERES

DO ESTADOwww.iof.mg.gov.br

BELO HORIZONTE, SÁBADO, 18 DE FEVEREIRO DE 2012ANO 120 - Nº 35

SAÚDE

CULTURA

(Página 6)

Fazenda histórica em Brumadinho será restaurada pelo iepha

pro-hosp amplia e aprimoraserviço hospitalar no estado

(Página 3)

AGRICULTURA

Grande norte terár$ 1,55 Bilhãopara plantiode Florestas

(Página 5)

JUVENTUDE

valores de minasreceBe inscriçõespara seleçãode 500 jovens

www.plugminas.mg.gov.br(Página 4)

Programa de esportes

Zona da Mata(Página 8)

MARCOS PAULO MIRANDA

DIVULGAÇÃO

MINAS GERAIS - 1ª P. E P. 06 - 18.02.2012

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Alice Maciel Depois de várias denúncias envolvendo o mau uso da

verba indenizatória na Câmara Municipal de Belo Horizonte, o presidente da Casa, vereador Léo Burguês (PSDB), criou uma comissão que vai funcionar a partir de 1º de março para estudar maneiras mais rígidas de controle e fiscalização dos recursos públicos. Vão compor o grupo sete vereadores que serão indicados pelos partidos de maior representatividade da Casa: PT, PMDB – que já indicou Cabo Júlio – PSDB, PV, PDT, PSB e PPS. O colégio de líderes se reuniu ontem para discutir o assunto.

O funcionamento da comissão será definido pelos par-lamentares. O objetivo é tentar um consenso na Casa para um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministé-rio Público. Uma das propostas é diminuir o valor da verba indenizatória e passar alguns itens, atualmente ressarcidos pela Câmara ao vereador, para uma licitação conjunta. “A Câmara de Belo Horizonte já é muito rígida na fiscalização da verba indenizatória, mas nunca é demais tentar melhorar isso”, justificou o presidente. Apesar de Léo Burguês apostar na eficiência do controle dos recursos usados mensalmente pelos vereadores, o Ministério Público, no ano passado, en-controu distorções e abusos na prestação de contas destas verbas.

Em maio do ano passado, o promotor João Medeiros disse que iria propor ação civil pública contra os 41 par-lamentares belo-horizontinos por ato de improbidade na administração e acusação de enriquecimento ilícito no uso irregular da verba indenizatória. Alguns vereadores dizem ainda não terem sido notificados pela Justiça. Os vereado-res recebem R$ 15 mil por mês para os gastos extras, como compras de papelaria, abastecimento de veículos e paga-

mentos de refeições. Conforme mostrou o Estado de Minas em reportagem divulgada em 18 de janeiro, os parlamenta-res gastaram R$ 2,7 milhões em 2011 com divulgação das atividades parlamentares, serviços postais e gráficas.

A promessa de formar uma comissão para aperfeiçoar as regras que disciplinam a verba indenizatória foi feita pelo presidente da Câmara no início do ano legislativo, quando Léo Burguês prometeu ainda disponibilizar ao Ministério Público e Tribunal de Contas todas as despesas da Câmara durante seu mandato de presidente para serem analisadas com profundidade.

Voto secreto Quando voltarem do carnaval, os vereado-res ainda terão de resolver o imbróglio envolvendo o voto secreto. Isso porque, na semana passada, o vereador Henri-que Braga (PSDB) apresentou um projeto de lei que permite aos vereadores decidirem, por maioria de dois terços, se a votação será secreta. Isso seria definido a cada votação por vontade dos parlamentares. Enquanto isso, no mesmo dia, o Legislativo devolveu a proposta, de autoria de Fábio Cal-deira (PSB), que pretendia acabar de vez com o voto secreto depois de o vereador Marcio Almeida ter retirado a assina-tura a proposta.

Isso foi visto, por parlamentares que apoiam a extinção do voto secreto, como uma manobra para acabar definitiva-mente com a discussão, uma vez que o projeto de Henrique Braga dificulta o fim do sigilo. Mas Caldeira diz que não vai desistir e, se precisar, fará uma emenda ao projeto do tucano. Para pressionar os vereadores, ele disse que convo-cará uma audiência pública em março com a participação da sociedade civil e deputados federais. “O mais importante é que o debate seja feito e a Câmara vá ao encontro do que a população quer, que é mais transparência”, disse.

ESTADO DE MINAS – P. 04 18.02.2012

LEGISLATIVO MUNICIPAL

Promessas depois do vendaval Presidência da Câmara de Belo Horizonte cria comissão para propor mudanças no uso da verba

indenizatória pelos vereadores. Objetivo é aumentar o controle dos recursos públicos

Decisão de aumentar a fiscalização e a transparência ocorre depois que o Ministério Público encontrou distorções no uso do dinheiro público

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hOjE EM DIA - 1ª P. E P. 03 - 23.02.2012Órgãos públicos têm Carnaval de até dez dias

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EM DIA COM A POLíTICA Baptista Chagas de AlmeidaPINGAFOGOUm grupo de deputados es-

taduais visitou o Ministério Pú-blico para ter informações sobre o desabamento do prédio do Bu-ritis. Sabe qual foi a informação que receberam? Resposta rápida: que a casa caiu!

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Carandaí

Diniz é condenado por não ter feito licitação

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ESTADO DE MINAS – 1ª P E P. 21, 24 E 25 – 19.03.2012

‘Adicional jeitinho’ se alastra em Minas Detonada após escândalo no TCE, investigação sobre promoções obtidas por servidores com diplomas irregulares chega a funcionários da Assembleia, PM e até da Justiça e MP. Só na

Prefeitura de BH, 1.924 integrantes da educação foram punidos ou tiveram progressão negadaGlória TupinambásInvestigação sobre o uso de diplomas irregulares para

obtenção de promoções e aumentos salariais revela que o gol-pe se alastrou por órgãos da administração pública em Minas Gerais. O primeiro foco do inquérito do Ministério Público estadual é a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), onde pelo menos 2,5 mil professores – um quarto do total ligado à Se-cretaria Municipal de Educação – são suspeitos de conseguir benefícios por meio de certificados de conclusão de cursos de pós-graduação que não cumprem as regras estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC).

A sindicância aponta também indícios de irregularidades e prejuízos aos cofres públicos na Secretaria de Estado de Educação – onde 1.652 servidores são investigados –, na Polí-cia Militar, na Assembleia Legislativa, no Tribunal de Justiça e até no próprio Ministério Público. A ação foi motivada por um escândalo, em maio de 2005, envolvendo profissionais do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) (veja o quadro Memória).

Na prefeitura da capital, onde as investigações estão mais adiantadas, os primeiros resultados do inquérito enchem páginas e páginas do Diário Oficial do Município (DOM). De junho do ano passado até o início deste mês, 924 promoções suspeitas foram canceladas e 525 novos pedidos de aumen-to salarial com base nos diplomas irregulares foram negados pela Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e In-formação. A punição atinge servidores que fizeram cursos de especialização na Faculdade da Região dos Lagos (Ferlagos) e nas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ), ambas no Rio de Janeiro. As duas instituições são acusadas pelo Minis-tério Público de oferecer, ilegalmente, cursos não presenciais e também de adulterar diplomas.

O cerco às fraudes na Prefeitura de BH começou a apertar em 2009, quando foram abertos os primeiros processos admi-nistrativos para que funcionários apresentassem documentos comprovando a presença nos cursos de especialização. Todos os notificados foram obrigados a mostrar cópia dos diários de classe com a frequência às aulas e comprovantes de despesas com deslocamento e hospedagem no período. Depois da aná-lise dos dados, a administração municipal publicou, em feve-reiro do ano passado, parecer no qual determinou que novos pedidos de progressão salarial com diplomas emitidos pela FIJ e pela Ferlagos não seriam mais aceitos e que os benefí-cios já concedidos seriam cancelados.

Além disso, os valores recebidos indevidamente deve-riam ser devolvidos.Apenas este ano, 24 professores tiveram a promoção cancelada e 32 pedidos de progressão foram ne-gados. Estimativa feita pelo EM com base em dados divul-gados pela prefeitura em 2009 aponta que, nos últimos seis anos, o prejuízo aos cofres públicos municipais com promo-ções suspeitas pode ser de, no mínimo, R$ 5,2 milhões. A prefeitura não divulga valores oficiais, mas confirma as pu-nições. “Fomos alertados pelo Ministério Público de que os cursos de pós-graduação em questão não eram presenciais, apesar de o diploma atestar frequência em 360 horas de aula. Como a prefeitura não tinha comprovação cabal, decidimos suspender os pedidos de progressão com base nesses cursos. Ao mesmo tempo, fizemos uma revisão das promoções já concedidas, abrindo prazo para que os servidores comprovas-sem que tinham feito a pós-graduação conforme previsto na grade do curso”, explica o procurador-geral do Município, Marco Antônio Rezende Teixeira.

Segundo ele, a análise dos documentos permitiu à ad-ministração concluir que os servidores não participaram do curso presencialmente, o que justificou a suspensão de pro-moções. “A prefeitura confirmou que a pós-graduação não foi ministrada como previsto na grade e, portanto, não poderia gerar os efeitos que gerou, ou seja, a progressão por escola-ridade. Por isso, estamos cobrando a devolução dos valores recebidos indevidamente”, acrescentou. Os atos da prefeitura levaram a uma avalanche de ações judiciais com contestação às punições. Segundo levantamento do Sindicato dos Traba-lhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede/BH), há pelo menos 800 processos em tramitação.

Além de acompanhar a investigação das promoções em todos os órgãos da administração pública de Minas Gerais, o Ministério Público requisitou abertura de inquérito poli-cial no Rio de Janeiro, para apurar possíveis crimes contra o consumidor, estelionato e falsidade ideológica cometidos pelas duas faculdades fluminenses. “O processo é tão demo-rado porque são muitos professores e cada um abriu uma ação individual para ter direito às progressões. Os primeiros pro-cessos de reconhecimento dos diplomas estão sendo julgados agora e, quando houver uma sentença judicial, ela deve ajudar a nortear o processo como um todo, acelerando-o”, afirma a promotora de Justiça Especializada na Defesa do Patrimônio Público, Patrícia Medina Varotto de Almeida.

CONTRA A FARRA DO DIPLOMAMP investiga uso de certificados irregulares para obtenção de promoção no serviço públicos

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Os diplomas com suspeita de irregularidade foram a causa de um escândalo no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), em maio de 2005, quando os certificados fornecidos pela Fer-lagos e pela FIJ foram usados por funcionários para se classificar em processo interno de progressão de carreira, que abriu 34 vagas em 2004. Essas promoções permitiram aumento salarial de até 20%. Na época, o Estado de Minas comprovou o esquema da venda de cursos por uma agência de viagem, a Cláudia Turismo, em que chamava a atenção os atrativos oferecidos aos alunos. Além de poder aproveitar o dia nas praias de Cabo Frio ou da capital fluminense, já que as aulas só eram realizadas das 16h às 22h e em apenas cinco dias, o inte-ressado poderia contar com os serviços de uma pessoa indicada pela agência para fazer trabalhos e monografia do curso. A agência exigia R$ 500 de cada aluno, referentes a viagem, hospedagem e “serviços” oferecidos pela empresa. As instituições cobravam menos de R$ 1,5 mil por todo o curso, incluindo matrícula e mensalidades. Durante as investigações, ficou comprovado que os alunos só estiveram em Cabo Frio ou no Rio de Janeiro durante cinco dias e frequentaram apenas 30 horas do curso, sendo que a carga horária mínima exigida pelo MEC é de 360 horas-aula. Apesar disso, o diploma atestava a frequência e a conclusão de um curso na modalidade presencial.ENTENDA O CASO

O Plano de Carreiras da Prefeitura de Belo Horizonte prevê au-mento de 5% no salário de servidores que apresentam novos títulos de especialização. Pelas normas, o benefício vale para, no máximo, cinco progressões na carreira.

Na prática, isso quer dizer que um professor com salário ini-

cial de R$ 1.676,03 tem um ganho real de R$ 83,80 ao apresentar o primeiro diploma de pós-graduação. Ao fim das cinco progressões, a remuneração chega a R$ 2.139,08.

Cerca de 2,5 mil servidores da PBH, a maioria vinculados à Se-cretaria Municipal de Educação, são suspeitos de usar diplomas irre-gulares para conseguir promoções e aumentos salariais.

Os professores apresentaram diplomas de cursos presenciais fei-tos entre 2000 e 2005, na Faculdade da Região dos Lagos (Ferlagos), em Cabo Frio (RJ), ou nas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ), na cidade do Rio de Janeiro.

Apesar de atestar presença em carga horária que variava de 360 a 420 horas-aula, os cursos eram oferecidos a distância.

Além do falso atestado de presença, a FIJ só obteve autorização do Ministério da Educação para ministrar cursos a distância em maio de 2005. Até hoje, a Ferlagos só está credenciada a oferecer cursos presenciais de pós-graduação.

O golpe se alastrou por outros órgãos da administração pública. Na Secretaria de Estado de Educação, 1.652 servidores são investi-gados. Além disso, há sindicância na Polícia Militar, na Assembleia Legislativa, no Tribunal de Justiça e no Ministério Público.

Na Prefeitura de BH, onde as investigações estão mais avança-das, 1.449 servidores já foram punidos. Desses, 924 perderam a pro-moção e devem devolver os valores recebidos indevidamente e 525 tiveram os pedidos de progressão negados.

Investigação vai definir se houve má-fé MP diz que professores caíram em golpe, enquanto PBH cobra devolução do dinheiro obtido com diplomas frios. Servidores municipais afirmam que estão sendo prejulgados e humilhados

CONT... ESTADO DE MINAS – P. 21, 24 E 25 – 19.03.2012Memória

Diplomas frios valiam até 20% de aumento

REPORTAGEM DE CAPAMP diz que professores cairam em golpe, enquanto PBH cobra devolução do dinheiro obtido com

diplomas frios. Servidores municipais afirmam que estão sendo prejulgados e humilhados

Investigação vai definir se houve má-fé

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A expectativa de melhorar de vida e aperfeiço-ar conhecimentos levou a professora Bruna (nome fictício) a fazer três cursos de pós-graduação nas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ), no Rio de Janeiro. Com 20 anos de experiência em sala de aula, a educadora de uma escola municipal na Re-gião de Venda Nova, em Belo Horizonte, viajou seis vezes para a capital fluminense entre 2004 e 2006 para assistir às aulas e obter os três diplomas de es-pecialização.

Hoje, a mulher, de 45 anos, mãe de dois adoles-centes e de jeito simples, se mostra revoltada com a postura da administração municipal. A professora conseguiu duas promoções na carreira – cada uma com acréscimo de 5% em seu salário –, mas teve o terceiro pedido de progressão negado.

“Antes de fazer os cursos, liguei para a Secre-taria Municipal de Educação (Smed) para saber se o diploma atendia aos critérios estabelecidos pela prefeitura para promoções. A Smed recomendou o estudo na faculdade e eu ainda sei de casos em que a prefeitura pagou para servidores se especializarem nesses locais. Por isso me empolguei para fazer três pós-graduações. Eu jamais iria pagar para fazer cur-sos se houvesse dúvidas sobre a qualidade deles ou se a prefeitura não tivesse me dado segurança de que atendiam às exigências necessárias”, lamenta Bruna, que tem diplomas de especialização nas áre-as de gestão ambiental, docência do ensino superior e magistério das séries iniciais.

HUMILHAÇÃO Além da indignação com o fato de a administração municipal ter negado o ter-ceiro pedido de progressão, a professora se diz ma-goada com o “prejulgamento” quanto à honestidade dos servidores. “Fiz os cursos com toda a seriedade, mandando trabalhos e monografias de acordo com o calendário da faculdade, e a prefeitura nos fez pas-sar pela humilhação de ser julgados como antiéticos. Outro absurdo é cogitar a necessidade de devolução do dinheiro recebido nos últimos seis anos.”

Segundo levantamento feito pelo Estado de Minas, a servidora recebeu pelo menos

R$ 12 mil nesse período, referentes às duas pro-moções. O Sindicato dos Trabalhadores em Educa-ção da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede/BH) faz coro às reclamações de Bruna e aposta nas ações judiciais para defender os pro-fessores. “O servidor fez tudo o que foi exigido dele e não temos como fiscalizar universidades ou a va-lidade de diplomas. Isso é atribuição do Ministério da Educação”, diz uma das diretoras da entidade, Vanessa Portugal.

Além disso, o sindicato acusa a prefeitura de tomar decisões sem embasamento legal. “O parecer do Ministério Público com a suspeita de irregulari-dade nos diplomas é a única justificativa usada pela prefeitura para cancelar benefícios e negar novas promoções. Ela não está amparada por legislação, não tem provas concretas e, na falta de legitimida-de, se apoia em documentos do Ministério Público”, acrescenta. (GT)

CONT... ESTADO DE MINAS – P. 21, 24 E 25 – 19.03.2012

‘A prefeitura nos fez passar por antiéticos’

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Amanda AlmeidaApesar da decisão do Supremo

Tribunal Federal (STF) que validou a Lei da Ficha Limpa para este ano, os principais partidos em Minas não pretendem peneirar em seus quadros candidatos eventualmente impedi-dos de disputar as eleições. Alheios a recomendações de juristas, eles vão deixar a tarefa para a Justiça Eleitoral e os ministérios públicos. Líderes partidários no estado ale-gam que é difícil viabilizar o pen-te-fino e, assim, apenas vão acionar seus advogados para orientarem os filiados sobre as novas regras para registro de candidatura.

Para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), partidos têm responsabilidade sobre seus candidatos.

O STF declarou constitucional a inelegibilidade de políticos conde-nados por órgãos colegiados. Depois da decisão, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Arnaldo Versiani afirmou que a expectativa é de que os partidos políticos façam uma seleção mais “criteriosa” de seus candidatos: “Quem sabe com o julgamento do Supremo os partidos passem a fazer uma peneira. Tomara que seja assim. A dificuldade são os caciques políticos que têm currícu-los não convincentes. A gente sabe que há grandes figuras com contas rejeitadas e condenação criminal que insistem em ser candidatos”.

Não é a linha que os partidos devem seguir em Minas. O presi-dente do PMDB no estado, deputa-do federal Antônio Andrade, admite que a legenda não vetará os fichas-sujas. “Quem vai fazer a seleção é o eleitor e a Justiça”, afirma, acres-centando considerar inviável que o próprio partido faça o pente-fino nos 853 municípios mineiros. Para

ele, vários pré-candidatos a prefeito devem ter desistido por conta pró-pria de concorrer depois da decisão do STF. “É muito raro achar um agente público que tome conta de orçamentos, como é o caso do pre-feito, que não tenha problemas com a Justiça”, argumentou. O PMDB distribuirá cartilhas aos seus filia-dos com os critérios para registro de candidatura.

Já o presidente do PSDB no es-tado, deputado federal Marcus Pes-tana, diz que a assessoria jurídica da legenda vai auxiliar os candidatos. “São 827 municípios em que pode-mos ter candidatos. Então, é muito difícil fazer essa peneira. Vamos orientar nossos filiados”, relata. Se-gundo ele, será feito um seminário em maio para tirar as dúvidas sobre critérios de elegibilidade. Ele não descarta que haja casos de fichas-sujas no partido. “A sociedade em peso exige uma revolução ética na política. O PSDB tem tradição éti-ca. Mas todo partido está sujeito a ter esses casos.”

O PT em Minas também não criará uma ferramenta “antificha-suja”. Segundo o presidente do PT em Minas, deputado Reginaldo Lo-pes, o partido considera que já eli-mina candidatos que não atendam a critérios éticos ao exigir a assinatura de uma carta de princípios da legen-da. “Temos esse documento há mais de 30 anos. Mais do que eliminar ficha-suja, tiramos candidatos sem compromisso com a população”, afirma. O DEM em Minas também não vai fazer seleções. “Não tenho como saber da vida de cada um. Vai depender do bom senso do candi-dato. Além disso, acho que aque-les que insistirem não terão êxito”, alega o presidente da legenda em Minas, deputado estadual Gustavo

Corrêa.O único discurso destoante foi

o do presidente do PSD em Minas, Paulo Simão. Segundo ele, o parti-do fará a peneira. “A gente tem de louvar a atitude do Supremo. Va-mos passar o pente-fino. Pode não funcionar 100%, mas já eliminará alguns”, constata. Simão completa que a orientação para selecionar os candidatos de acordo com a Lei da Ficha Limpa será repassada a líde-res da legenda no interior.MPMG

As regras da Ficha Limpa serão aplicadas já no registro da candida-tura. Se o juiz verificar, por meio de documentos apresentados, que o político é inelegível, ele poderá ne-gar o pedido. Além disso, é possível que o registro seja concedido pela Justiça e, depois, impugnado pelo Ministério Público Eleitoral. O co-ordenador eleitoral do MPMG, Ed-son Resende, diz que os promotores analisarão todos os pedidos de can-didatura para as eleições deste ano, sendo preparados para considerar os novos critérios criados pela Lei da Ficha Limpa.

Segundo Resende, os promoto-res vão se reunir em todo o estado com os partidos políticos antes das eleições para orientá-los sobre o que podem e não podem fazer. “É um trabalho preventivo para que possam passar um filtro nos candi-datos nas próprias convenções par-tidárias”, comenta. Ele diz que os partidos devem mesmo orientar os filiados a não se candidatarem caso tenham a ficha suja, mas também têm responsabilidade de vetá-los em casos que desobedeçam à lei. “O partido endossa o desejo do candi-dato. A Constituição deu a ele essa importância. Não é simplesmente um despachante de documentos.”

ESTADO DE MINAS – P. 03 – 18.02.2012 FIChA LIMPA

Jogo de empurra não acabou Presidentes de partidos em Minas elogiam a decisão do STF, mas abrem mão de selecionar

os candidatos fichas-sujas, repassando a tarefa para o eleitor e para a Justiça Eleitoral

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Diego Abreu

Brasília – Não adian-ta a resistência dos pre-sidentes de partidos. As legendas foram acuadas pela Lei da Ficha Lim-pa e não terão opção nas convenções de junho se-não a de vetar a candida-tura dos políticos fichas-sujas. Diante da decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), se os partidos indicarem filiados que tenham con-denação por órgão co-legiado ou renunciado a mandato eletivo, ficarão sem os votos recebidos por esse candidato “sub judice”.

O Estado de Minas apurou que mesmo aque-les considerados inele-gíveis pela nova lei po-derão se candidatar, por meio de liminares con-tra o indeferimento do registro. Ou seja, assim como ocorreu em 2010, políticos nessa situação terão o nome, o número e a foto estampados nas urnas eletrônicas.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, o fato de políticos com o registro de candidatura indefe-rido poderem concorrer às eleições “gera insegu-rança jurídica ao pleito e frustra o eleitor, porque o voto dele vai para o lixo”.

O ministro observa, porém, que não há como excluir o nome do candi-

dato inelegível da urna, pois enquanto houver possibilidade de recurso contra a impugnação o cidadão que teve o regis-tro negado gozará dos mesmos direitos de um candidato normal, com a ressalva de que seus votos não serão conta-bilizados para efeito de resultado. “Aí se aposta na morosidade da Justi-ça, que decorre sempre da sobrecarga de proces-sos”, afirma Marco Au-rélio, observando que o julgamento de recursos contra o indeferimento de registro costuma ul-trapassar a data do plei-to.

Nas eleições passa-das, a Justiça Eleitoral contabilizou os votos de todos os candidatos com o registro sub judice.

A contagem serviu posteriormente para que o cálculo da distribuição de cadeiras nas casas le-gislativas fosse refeito, a partir da decisão do pró-prio STF, que, em março de 2011, considerou que a Ficha Limpa não pode-ria ter sido aplicada na-quela eleição.

Neste ano, o método será o mesmo, com a res-salva de que a possibili-dade de haver reversões é praticamente nula, uma vez que a decisão desta semana do Supremo é definitiva.

“Os candidatos fi-chas sujas escolhidos pelas convenções fatal-

mente serão impugna-dos pelo Ministério Pú-blico e pelas coligações adversárias”, destacou Marco Aurélio. Segundo ele, um candidato ine-legível que conquistar voto suficiente para ser eleito só poderá assumir o mandato caso sua con-denação seja revertida. Ainda assim, após a di-plomação o prazo para ação recisória é só de 120 dias.

O ministro Marcelo Ribeiro, do Tribunal Su-perior Eleitoral (TSE), avalia que os partidos estarão alertas durante as convenções.

“O partido vai pen-sar três vezes antes de lançar a candidatura do sujeito (ficha- suja)”, afirmou Ribeiro. Arnal-do Versiani, também mi-nistro do TSE, emenda que os partidos, se opta-rem por algum inelegí-vel, lançarão o candidato “por sua conta e risco”.

“Podem até disputar a eleição, mas os votos dados a eles serão nulos, o que vai prejudicar não só o candidato como o partido político, que não terá o voto e assim pode-rá fazer menos cadeiras na eleição proporcio-nal.”

Na avaliação do pre-sidente do PMDB, sena-dor Valdir Raupp (RO), os próprios pré-candida-tos que tiverem ficha suja deverão ceder o espaço para colegas. “Não tem

sentido ir para o sacri-fício de uma campanha com uma candidatura sub judice, sabendo que, lá na frente, o candidato será cortado do processo eleitoral”, disse. (Cola-borou Karla Correia)

Maluf é exemplo

A Justiça Eleitoral barrou a candidatura de centenas de políticos nas eleições de 2010. A maior parte dos casos referia-se a condenação por órgão colegiado. Esse era o caso do depu-tado federal Paulo Maluf (PP-SP), condenado em abril de 2010 por impro-bidade administrativa, sob a acusação de ter su-perfaturado uma compra na época em que exercia o cargo de prefeito de São Paulo.

Mesmo com o regis-tro indeferido, ele con-correu à reeleição, tendo recebido 497 mil votos. Como Maluf estava com o registro barrado, os votos recebidos foram considerados nulos. Ma-luf não tomaria posse.

No entanto, como sua condenação foi sus-pensa em dezembro pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, ele acabou diplomado deputado federal. Caso ocorram situações semelhantes à de Maluf no pleito deste ano, a regra a ser aplica-da é a mesma.

CONT... ESTADO DE MINAS – P. 03 – 18.02.2012Votos podem ser nulos

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Paulo Henrique Lobato

A Polícia Civil prendeu o advogado Marco Antônio Garcia de Pinho, de 41 anos, investigado pela suspeita de ameaçar a promotora Laís Maria Costa Silveira, em setem-bro de 2011, quando o carro dela foi pichado com cruzes e a frase “vadias, a morte sempre está por perto”. Ele foi detido na noite de sexta-feira, em casa, onde os agentes que cumpriram os mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão encontraram uma agenda com os nomes de quatro mulheres: o da própria promotora, o da ex-esposa do acusa-do, o da cunhada dele, Lorenza Silva e o da delegada Tânia D’arc. A polícia não descarta a possibilidade de o homem, encaminhado ao Ceresp São Cristóvão, ter planejado ou até mesmo encomendado a morte delas.

“É a crônica da morte anunciada”, desabafou o promo-tor André Luiz Garcia de Pinho, irmão do suspeito, que tam-bém teria sofrido ameaças por telefone. A primeira apontada como vítima da raiva do suspeito é sua ex-mulher, também promotora em Belo Horizonte. O casal teve um desentendi-mento há dois anos e se separou litigiosamente. “Ele pediu que eu o apoiasse, mas me recusei, porque o Marco Antônio praticou violência contra ela. Há, inclusive, uma medida ju-dicial que o proíbe de se aproximar da ex-esposa”, acrescen-tou o promotor.

Indignado com a ex-mulher, o advogado também teria dirigido sua revolta contra a promotora Laís, que teve o car-ro pichado e recebeu telefonemas anônimos. Para a polícia, ele acreditava que o processo de violência doméstica que respondeu na Justiça foi conduzido por Laís, pois ela é titu-lar da Promotoria de Defesa da Mulher Vítima de Violência

Doméstica e Familiar. Por estar chateado com o irmão, que não o apoiou na ação, Marco Antônio também é acusado de ameaçar na cunhada, Lorenza, que também conseguiu na Justiça medida protetiva para manter o suspeito distante.

“A partir daí, foi só ameaça em cima de ameaça. Até culminar com um fato que significa extorsão: há alguns dias, dois motoqueiros pegaram minha esposa e apertaram o seu pescoço até que ela desmaiasse. Disseram que, se não reti-rasse o processo contra meu irmão, o próximo aviso seria à bala”, afirmou o promotor. As atitudes de Marco Antônio le-varam a Polícia Civil a instaurar inquérito e a pedir ao Judi-ciário o mandado de prisão preventiva. O nome da delegada Tânia D’Arc, chefe do 1º departamento, teria aparecido na agenda em razão do inquérito.

A equipe responsável pela investigação se encontrou ontem com o promotor. Segundo André, o irmão deixou sua “assinatura” na agenda, pois nela havia o desenho de cruzes semelhantes aos desenhos pichados no carro da promotora Laís. Ela e Lorenza, a mulher do promotor, estavam jun-tas na noite em que o carro da primeira foi alvo de jatos de spray. André acrescenta que os desenhos foram feitos nas páginas que representam datas em que ele e as mulheres te-riam recebido telefonemas anônimos.

A polícia não sabe ainda se o suspeito teria encomenda-do a morte das mulheres, mas, segundo uma fonte que pre-fere não se identificar, há a possibilidade de as autoridades responsáveis pelo caso oferecerem ao advogado o benefício da delação premiada para que ele esclareça esse ponto.

ESTADO DE MINAS – 22 – 19.03.2012 INVESTIGAÇÃO

Advogado preso após ameaça a promotoras Revoltado com separação, suspeito teria pichado carro de uma das vítimas e é acusado de tramar até contra delegada

Promotora que atua na defesa de mulheres teria sido alvo da fúria do investigado por ter conduzido denúncia de violência doméstica

Publicação: 19/02/2012

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Mais uma vez, a praça Iron Marra, no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, foi palco de violência envolvendo moradores de rua. Em um ato planejado de vingança, um andarilho de 22 anos ateou fogo em outros dois mendigos depois de um desentendimento entre os três homens na noite de anteontem. Um deles não resistiu aos ferimentos e morreu. Maicon Almeida de Souza, 22, foi preso em flagrante e disse à polícia que “tinha que matar para vingar o que eles fizeram” com ele, se referindo a uma suposta agressão e tentativa de homicídio que teria sofrido das víti-mas no último dia 16. A praça do bairro Santa Amélia vive uma situação precária de degradação e há pelo menos três anos é habitada pelos anda-rilhos - que sofreram uma tentativa de homicídio ano passado ao serem envenenados com chumbinho no mesmo local.

Segundo Camilo Espinelli Filho, 57, que trabalha em um ponto de táxi em frente à praça, o suspeito aproveitou enquanto as vítimas dor-miam, por volta das 22h30, para atear fogo nos colegas usando uma garra-fa de gasolina e uma caixa de fósforos. Conforme a Polícia Militar, os três andarilhos chegaram a ter um desentendimento na noite anterior à tentati-va de homicídio, quando se agrediram mutuamente por causa de comida.As duas vítimas foram socorridas por uma unidade do Serviço de Aten-dimento de Urgência Móvel (Samu) e encaminhadas para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Segundo a assessoria do hospital, Varlei dos Santos Cabral, 43, sofreu queimaduras graves de terceiro grau e teve 80% do corpo queimado. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu. William Alves Ribeiro, 31, teve 15% do corpo atingido principalmente nas costas, mas seu estado de saúde é estável, de acordo com o hospital.

Vingança. O suspeito do crime foi preso pouco tempo depois de co-

locar fogo nos andarilhos. Ele foi encaminhado à 1ª Delegacia de Plantão de Venda Nova e confessou que planejou matar os homens devido a uma agressão que teria sofrido dos moradores de rua no dia anterior ao crime.

“Ele disse que iria matar mesmo, que esse era o único jeito de resol-ver as pendências com os outros andarilhos”, disse o soldado Fábio Pinto, do 49º Batalhão de Polícia Militar (PM). Souza ainda disse que foi alvo de uma tentativa de homicídio provocado. A PM confirmou a denúncia e informou que foi registrado boletim de ocorrência sobre o caso.

AGRESSÃO

Chumbinho foi usado para intoxicar em 2011

Em maio do ano passado, oito moradores de rua foram intoxicados com chumbinho, na praça Iron Marra, no bairro Santa Amélia. Segundo o delegado Felipe Cordeiro, responsável pelo caso, o acusado da tentativa de homicídio tomou a atitude intencionalmente por ter desavenças com alguns andarilhos e se sentir incomodado com a presença deles na praça.

O andarilho Adalton César de Oliveira, 27, tomou a substância ve-nenosa e passou 22 dias em coma no Hospital João XXIII. Ele mora na praça até hoje e presenciou a tentativa de homicídio contra dois colegas anteontem. “Eles tiveram os problemas deles lá, mas isso não é certo. Nós moramos na rua, mas não precisamos ser mal tratados nem viver o tempo todo com medo de alguma ameaça de morte. Isso não é humano”, criticou Adalton. (LS)

O TEMPO – ON LINE – 22.02.2012Vingança.Após briga, morador de rua ateia fogo em outros dois; um deles não resistiu e morreu

Santa Amélia volta a ser palco de violência contra mendigosNo ano passado, oito andarilhos foram envenenados na praça Iron Marra

Após guerra, CNJ quer população mais pertohOjE EM DIA - P. 3 - 18.02.2012

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Em sua primeira reunião desde que teve suas prerrogativas mantidas pelo Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostrou, mais uma vez, a im-portância de sua atuação para o bom funcio-namento do Judiciário.

Por 12 votos contra 2, o órgão encarre-gado de promover o controle da magistratura puniu com a aposentadoria compulsória - a pena máxima em processo disciplinar admi-nistrativo - o desembargador Roberto Wider, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Wi-der, que está afastado de suas funções des-de que o CNJ abriu uma sindicância contra ele, em janeiro de 2010, foi condenado por ter nomeado dois advogados - sem concurso público, como determina a lei - para dirigir cartórios extrajudiciais e por ter favorecido candidatos considerados corruptos, quando presidiu o Tribunal Eleitoral do Rio de Janei-ro, livrando-os do risco de cassação de can-didatura.

Os dois advogados trabalhavam no es-critório de um conhecido lobista carioca, que está sendo acionado por vender sentenças ju-diciais, cobrar propina de tabeliães, atuar ir-regularmente como doleiro e ser dono de em-presa cujas movimentações financeiras foram consideradas atípicas pelo Conselho de Con-trole de Atividades Financeiras (Coaf). As investigações do CNJ mostraram que o lobis-ta, amigo pessoal de Wider, exercia enorme influência em suas sentenças - inclusive no tempo em que ele foi corregedor da Justiça fluminense, quando tinha por atribuição coi-bir o tráfico de influência, o nepotismo e a corrupção.

Outra importante iniciativa do CNJ, em sua primeira sessão de 2012, foi abrir con-sulta pública para debater a proposta de reso-lução apresentada pela corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, com o objetivo de regulamentar a participação de magistrados em congressos e eventos patrocinados por entidades privadas, empresas estatais e socie-dades de economia mista. O problema é anti-go, mas foi agravado no segundo semestre do ano passado, depois de três eventos polêmi-cos. O primeiro envolveu um torneio espor-

tivo de juízes trabalhistas, realizado na praia de Porto de Galinhas, em Pernambuco, com patrocínio da Ambev, Oi, Qualicorp e Banco do Brasil. O segundo evento foi realizado em hotel de luxo da Praia da Enseada, no Guaru-já. O encontro contou com a presença de mi-nistros dos tribunais superiores e as despesas foram pagas por seguradoras.

O terceiro evento, cuja realização foi suspensa por ordem da Corregedoria Nacio-nal de Justiça, era um torneio de futebol de juízes federais no campo de treino da sele-ção brasileira, em Teresópolis, com base num acordo feito com a Confederação Brasileira de Futebol, cujo presidente é acusado de cri-mes financeiros.

“Trata-se de um problema ético da ma-gistratura. Muitas vezes a instituição patro-cinadora está ligada a ações na Justiça e isso desgasta a corporação”, disse a ministra Elia-na Calmon, ao justificar sua iniciativa. Entre os conselheiros que votaram contra a propos-ta da corregedora destacaram-se o desembar-gador Tourinho Neto e o presidente do CNJ, ministro Cezar Peluso. Tourinho, que inte-gra a Justiça Federal, chamou a imprensa de “marrom” e a acusou de estar promovendo uma campanha contra as associações de ju-ízes. Peluso afirmou que “a opinião pública não precisa ser consultada” e que o Código de Ética da magistratura já trata da matéria.

A última decisão do CNJ, e que não foi noticiada pela imprensa, foi o reconhecimen-to da legalidade, por 8 votos contra 6, da de-cisão administrativa tomada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6.ª Região após a última greve de seus servidores.

A Corte decidiu descontar os salários dos grevistas, em vez de autorizar a tradicional - e inócua - compensação por meio de ho-ras extras. Temendo que as Justiças estaduais sejam atingidas por paralisações, vários con-selheiros recomendaram aos demais tribunais que seguissem o exemplo do TRT da 6.ª Re-gião.

O saldo da primeira sessão do CNJ, des-de que teve seus poderes mantidos pelo Su-premo, não poderia, como se vê, ter sido mais produtivo.

O ESTADO DE SP – ON LINE – 19.03.2012

As novas decisões do CNJ

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Luís Cláudio Chaves

Minas Gerais ocupa a segunda posição no país no que diz respeito ao número de votantes, um cobiçado colégio eleitoral de 14,5 milhões de pessoas. O estado sempre é decisivo em todos os pleitos eleitorais para a Presidência da República. Começo o artigo com esses dados para san-cionar que somente tal situação já deveria ser vista com bons olhos pelos nossos governantes. Mas, na prática, não é isso que vem acontecendo. Pesquisas do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) de-monstram o descaso das gestões do governo federal na balança com o estado, principalmente no que se refere à liberação de verbas e recursos que movem a economia e a solidez. Tem sido assim há vários anos.

Para ter ideia, passam por Minas mais de 10 mil quilômetros de malha rodoviária federal, a maior concentração de rodovias do país, fato que não se reflete em recursos. Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) revela que o estado amarga a 13ª posição em libera-ção de verbas para a revitalização das estradas. Vale ressaltar que fomos, nesses últimos meses, o estado que mais sofreu devido às intempéries da natureza. As chuvas foram capazes de desolar as cidades mineiras e, prin-cipalmente, o acesso a elas. As nossas rodovias estão desprezadas, cheias de buracos e foram esquecidas pelo poder público. Os nossos municípios sofreram e sofrem com os efeitos da chuva e não foram contemplados preventivamente com recursos oriundos do Ministério da Integração, que destinou quase todos os recursos para Pernambuco.

E o pior é que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não prevê recursos suficientes para a duplicação da BR-381, mais uma prova de que o governo federal trata com descaso a situação das rodovias do nosso estado. A morosidade nos processos de licitação para a elaboração de projetos e execução de obras nas rodovias federais em Minas Gerais tem impedido a chegada de recursos para as estradas mineiras.

Enquanto essa burocracia e entraves ocorrem, o número de mortes cresce nas estradas brasileiras e mais ainda nas mineiras. Faz-se então a

pergunta: será necessária a estadualização das rodovias federais do Bra-sil? Seria melhor o governo conceder à iniciativa privada a exploração das rodovias que têm viabilidade econômica? Nesse quesito de rodovias paro por aqui. Sem respostas.

As obras do metrô onde estão? Paralisadas. Além disso, estamos com gargalos nos aeroportos. Fala-se em ampliar os voos para o aeroporto da Pampulha sem sequer qualquer tipo de aporte. As obras do Aeroporto Tancredo Neves, em Confins, com promessas de conclusão para antes da Copa do Mundo, também necessárias para o desenvolvimento do Estado, estão atrasadas.

Agora, um fato real de como Minas tem perdido seu prestígio polí-tico no cenário nacional. Enquanto na posse do ex-presidente Lula havia quatro mineiros no ministério, tal situação não se repete e sequer se apro-xima dos indicados pela atual presidente mineira. Com Dilma, o estado conta com apenas um representante. De todos os estados do país, Minas foi o que mais perdeu pastas.

Outra situação que nos constrange é o fato de não termos a insta-lação do Tribunal Regional Federal (TRF) em Minas Gerais. Luta árdua e constante da OAB e dos advogados mineiros, que clamam juntamente com o apoio de representantes dos poderes Legislativo, Executivo e Judi-ciário a atenção da União para o nosso estado, que tem mais de 50% dos processos em tramitação no TRF da 1ª Região.

Portanto, é impensável que Minas com sua riqueza, tradição e cul-tura não receba investimentos que possam tornar nosso estado ainda mais competitivo em relação aos de outras regiões do país. Nos resta reivindi-car à presidente Dilma, consagrada nas urnas com o voto dos mineiros, uma atenção redobrada ao seu estado natal. E, acima de tudo, lutarmos no Congresso Nacional para que Minas recupere seu espaço e seu prestígio político, jurídico e econômico. Temos que nos unir e bradar por todos os cantos, sobretudo os do Congresso Nacional, mesmo que seja por meio de nossos representantes, que Minas também é Brasil e o Brasil também é Minas Gerais.

ESTADO DE MINAS – P. 9 – 18.02.2012 OPINIAO

Minas maltratada Segundo maior colégio eleitoral, Minas é lembrada na eleição e, depois, desprezada pelo governo federal

Marcos Braid

Os juizados especiais têm competência para processar e julgar cau-sas de menor complexidade, assim consideradas aquelas cujo valor não exceda a 40 vezes o salário mínimo. O processo vai se orientar pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade.

O legislador infraconstitucional limitou o procedimento das causas que se processam perante os juizados especiais e os meios de impug-nação das decisões judiciais, admitindo, além do recurso inominado às turmas recursais e dos embargos de declaração, apenas o cabimento de recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal (STF). Portanto, por ausência de previsão legal, ficou impossível a análise da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que é o órgão de uniformização da jurisprudência relacionada à legislação ordinária vigente no país, enges-sando a possibilidade de revisão da decisão por um órgão superior diante das inúmeras limitações e requisitos exigidos para a admissibilidade do recurso extraordinário pelo Supremo.

A jurisprudência do Supremo e do STJ despertou para esse poder absoluto dos juizados especiais e criou uma forma de revisão dessas de-cisões por meio da reclamação, e de controle da competência dos atos emanados dos juizados especiais via mandado de segurança perante os tribunais locais. No primeiro caso, o Supremo decidiu que, enquanto não é criada a turma de uniformização para os juizados especiais estaduais, poderia haver a “manutenção de decisões divergentes a respeito da in-terpretação da legislação infraconstitucional federal” e determinou que as questões fossem processadas e decididas por meio de reclamação no STJ.

A Corte editou a Resolução nº 12, de 2009, criando as reclamações

“destinadas a dirimir divergência entre acórdão prolatado por turma re-cursal estadual e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, suas súmulas ou orientações decorrentes do julgamento de recursos especiais processados na forma do art. 543-C do Código de Processo Civil”.

No segundo caso, a admissão do mandado de segurança possibilitou aos tribunais e, por consequência, ao próprio STJ em grau de recursos, proceder ao exercício de controle da competência dos juizados especiais.

Com base nesses instrumentos de revisão e controle, o Superior Tri-bunal de Justiça vem moralizando as execuções de multas diárias (astrein-tes) processadas perante os juizados especiais. Essas multas nada mais são que meio de coerção pecuniário aplicado ao devedor para compeli-lo a cumprir determinada obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa. No âmbito dos juizados, por exemplo, uma simples reclamação visando obter a exclusão do nome do autor dos órgãos de proteção ao crédito, em caso de eventual descumprimento de um comando judicial no qual fora fixada multa diária, poderá transformar-se em fonte de enriquecimento ilícito para a parte dependendo do tempo de descumprimento da ordem judicial.

O STJ, em boa hora, seja via reclamação, seja via mandado de segu-rança, vem admitindo a suspensão de execuções milionárias e a redução de multas que ultrapassem o limite do teto de 40 salários mínimos para as demandas que tenham curso perante os juizados especiais.

Infelizmente, alguns juizados especiais e tribunais locais ainda não quiseram enxergar os limites de competência de atuação da Justiça espe-cial, e insistem em determinar e permitir o processamento de execuções milionárias a título de astreintes. Felizmente, o STJ vem combatendo es-ses abusos e moralizando esse modo de atuação, colocando os juizados especiais no seu devido lugar, que é o de dizer o direito dentro dos limites e atribuições que lhe foram conferidas por lei.

ESTADO DE MINAS – P.09 – 18.02.2012

Limite dos juizados especiais para multar

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O TEMPO - P. 2 - 18.02.2012

de que todos nós precisamos.

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