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1 PLANIFICAÇÃO DE SUBUNIDADE DIDÁTICA CESÁRIO VERDE: POETA-PINTOR LABORATÓRIO GRAMATICAL | USOS DO ADJETIVO

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1

PLANIFICAÇÃO DE SUBUNIDADE

DIDÁTICA

CESÁRIO VERDE: POETA-PINTOR

LABORATÓRIO GRAMATICAL | USOS DO ADJETIVO

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2

DISCIPLINA: PORTUGUÊS

ANO|TURMA: 11.º B1

SUPERVISORA: PROFESSORA DOUTORA MARTA

VÁRZEAS

ORIENTADORA COOPERANTE: DRª ANABELA

GONÇALVES

SUBUNIDADE DIDÁTICA

CESÁRIO VERDE, POETA-PINTOR

ESTAGIÁRIA: CARLA ALEXANDRA MONTEIRO DA SILVA SANTOS

MESTRADO EM ENSINO DO PORTUGUÊS 3ºCICLO ENS.BÁSICO E

E.SEC. E LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENS.BÁSICO E E. SEC.|

MEPLE

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3

1 . F U N D A M E N T A Ç Ã O P E D A G Ó G I C A 4

2 . A U L A D E 2 0 D E F E V E R E I R O 8

3 . A U L A D E 2 1 D E F E V E R E I R O 36

4 . B I B L I O G R A F I A 52

5 . . R E C U R S O S D I G I T A I S 53

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4

1 . F U N D A M E N T A Ç Ã O P E D A G Ó G I C A

“Ó meu Cesário, apareces-me e eu sou enfim feliz porque regressei, pela

recordação, à única verdade que é a literatura”

Bernardo Soares, O Livro do Desassossego

A unidade didática que motiva esta fundamentação pedagógica é constituída por duas aulas de

noventa minutos, tendo como desígnio fundamental o estudo do texto poético de Cesário

Verde, dando seguimento ao que está programaticamente definido para a disciplina de

Português no décimo primeiro ano de escolaridade.

Os poemas “Sentimento dum Ocidental” e “Num Bairro Moderno” foram selecionados para

integrarem, respetivamente, a matéria de análise e interpretação da primeira e segunda aula.

Uma vez que esta unidade didática introduzirá o estudo da poesia de Cesário Verde, pareceu-

nos adequado principiar por aquele que é por muitos considerado o mais importante texto da

sua produção poética: “Sentimento dum Ocidental”.

Por outro lado, e sendo necessário fazer uma ponte adequada entre a matéria poética e o

contexto da sua produção, introduzindo e explicitando o conceito periodológico do Realismo e

o contexto social da época, pareceu-nos aquele texto especialmente ilustrativo.

Com o intuito de introduzir dados fundamentais da época, sem os quais a leitura de Cesário

ficaria desfocada, foi selecionado um texto de Maria Filomena Mónica (1999) que

contextualiza a época em questão, dando-nos a ver o Portugal de então, precisamente no dia

da morte de Cesário Verde.

Relativamente ao conceito de Realismo, procurou-se, em primeiro lugar, contrastá-lo com o

período literário anteriormente estudado, o do Romantismo. Por outro lado, foram

selecionadas algumas pinturas, de ambos os períodos, para estimular a reflexão em torno de

diferenças fundamentais e alterações introduzidas pelo Realismo. A referência a estas

questões teve em atenção o que preconizam os programas para o ensino do Português

quando sustentam:

«A leitura do texto literário pressupõe informação contextual e cultural bem

como teoria e terminologia literárias, que deverão ser convocadas apenas

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5

para melhor enquadramento e entendimento dos textos, evitando-se a

excessiva referência à história da Literatura ou contextualizações prolongadas,

bem como o uso de termos críticos e conceitos que desvirtuem o objectivo

fundamental da leitura.»(p. 25)

Uma vez vislumbrado o contexto epocal e contemplada a definição de Realismo – antecipando

parcialmente o estudo subsequente de Eça e uma mais detalhada reflexão sobre este mesmo

conceito – procurou-se fazer dos textos poéticos o núcleo de ambas as aulas.

A leitura e o estudo da poesia levantam um conjunto de questões e de desafios, relativamente

aos quais procurámos delinear um leque de estratégias que tivesse como orientação nuclear

possibilitar o acesso dos alunos à interpretação e compreensão global e analítica dos poemas,

com o não menos desejável intuito de lhes possibilitar, também, a fruição dos mesmos.

Abrir o espaço da aula e o contexto da leitura obrigatória à fruição do texto parece-nos

claramente desejável. Naturalmente que um texto só poderá chegar a ser apreciado se o leitor

souber convocar as estratégias adequadas à sua interpretação, fazendo o trânsito entre o

“sapere” e o “sapore” para aludir ao binómio barthesiano da Lição.

A revista Relâmpago (2002) dedicou um dos seus números ao ensino da poesia no ensino.

Nesse número, um questionário foi proposto a diferentes ensaístas, docentes e poetas. A

primeira questão era justamente a seguinte:

«Pode ensinar-se a ler poesia? Como fazê-lo sem que a obrigatoriedade da

leitura e do estudo se transformem em obstáculo à plena fruição do poema?»

Gastão Cruz responderá nos seguintes termos a esta questão:

«Mesmo que não saibamos exatamente o que seja a “plena fruição” de um

poema, de uma composição musical, de um quadro, etc., uma coisa sabemos,

com alguma certeza: a não ser, talvez, que falemos de “arte popular”,

conceito passível, aliás, de múltiplos equívocos, raras vezes se acede

espontaneamente, sem preparação e sem auxílio, à linguagem artística». (p.

23)

A leitura e interpretação que se procurará fazer dos dois textos visará aumentar a sua

legibilidade junto dos alunos. Tematicamente, os textos serão lidos sob a luz de alguns dos

temas mais nucleares à interpretação da poesia de Cesário Verde, como a oposição valorativa

entre os espaços da cidade e do campo, por exemplo.

Aduz Hélder Macedo (1986):

«O tempo-espaço inicialmente defindio nos poemas de Cesário é a cidade, a

realidade presente que, ao ser contrastada com a metáfora antinómica

representada pelo campo, é definida como confinadora e destrutiva. A nível

pessoal, a cidade significa a ausência, a impossibilidade ou a perversão do

amor, e o campo, a sua expressão idílica. A nível social, a cidade significa a

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opressão, e o campo, a recusa da opressão e a possibilidade do exercício da

liberdade.» (p. 53)

Procurar-se-á, também que os alunos venham a compreender a estrutura comum a ambos os

textos, na sua vertente narrativa e deambulatória, atenta ao real circundante e dele partindo

para exercícios de transfiguração do real.

A linguagem e o estilo de Cesário - na sua plasticidade, no recurso que faz ao impressionismo,

na expressividade do uso também plástico do adjetivo e do advérbio, o recurso frequente à

hipálage e à sinestesia, o visualismo e a sonoridade dos seus alexandrinos – serão, também,

motivo de análise.

De facto, a linguagem de Cesário, na estetização que faz do real e do quotidiano, no

tratamento plástico e extraordinariamente visualista e sensorial das descrições, nas

deambulações que se assemelham quase a movimentos de câmara, nos instantes capturados,

pode ser – e esperamos lograr veiculá-lo deste modo – especialmente motivador num grupo-

turma vocacionalmente orientado para as artes visuais.

Sobre o estilo cinematográfico e plástico de Cesário, Hélder Macedo (1986) não deixa de

referir:

“Os poemas progridem numa série de sequências aparentemente acidentais

de acontecimentos justapostos cuja articulação metonímica é mais cinética do

que visual, mais próxima da técnica cinematográfica de corte e montagem do

que da técnica de composição pictórica. “ (p.94)

Cremos que, além da necessária análise textual, da leitura silenciosa e orientada, a audição dos

poemas será, indubitavelmente, uma importante estratégia na consecução dos objetivos a que

nos propomos.

Na senda do que advoga, por exemplo, Sophia,1 no que toca à reivindicação da poesia como

matéria verbal para ser dita, parece-nos que a audição de leituras expressivas de ambos os

poemas poderá trazer aos alunos a motivação necessária para a aproximação ao texto poético,

mas poderá, também, contribuir para dar mais sentidos aos sentidos do texto.

No caso de Cesário Verde, a audição parece-nos especialmente pertinente, uma vez que os

seus poemas sublinham incisivamente a matéria fónica dos textos.

Também Eugénio de Andrade, questionado pela Revista Relâmpago (2002), advogará o ensino

da poesia. Mais especificamente, alerta para a importância da matéria significante da poesia

que não poderá ser descurada:

«Claro que deve ensinar-se a ler poesia. E quem a ensina pode começar por

prevenir que não se comem sílabas aos versos, porque são altamente

1 Num poema justamente intitulado «Cesário» assim define Sophia o estilo do poeta oitocentista: “Falar

claro falar limpo falar rente”

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venenosas. Um poema, como Paul Valéry escreveu (Cahiers, II, Pleaide, p.

1065), é uma longa hesitação entre som e sentido. Conta e canta, dizia outro

poeta, Antonio Machado. Portanto a sua leitura deve fazer-se em voz alta,

porque todas aquelas palavras aguardam uma voz para tomarem forma e

figura.» (p. 13)

Partindo da inseparabilidade entre o estudo do texto literário e o estudo da língua, e

atendendo ao uso expressivo que dele faz Cesário, selecionou-se o estudo do adjetivo e seus

usos como matéria para o funcionamento da língua da segunda aula, recorrendo à

metodologia do Laboratório Gramatical.

Subjacente a esta atividade está um novo entendimento das atividades de funcionamento da

língua, defendida por Inês Duarte (1992: 165) como sendo “…necessário dar aos alunos um

trabalho laboratorial sobre a língua, desligado dos objetos comunicativos com que a utilizamos

como falantes”. Por outro lado:

“num laboratório de língua, o aluno é o principal ator da produção do

conhecimento, atuando à semelhança de um cientista e utilizando princípios

de investigação inerentes ao método científico: a observação; a formulação

de hipóteses, a comprovação destas e o registo de conclusões» (Silvano e

Rodrigues:2010).

Na preparação de ambas as aulas houve, pois, a preocupação pelos interesses e motivação dos

alunos, atendendo às características particulares do grupo-turma e uma tentativa de

aproximá-los do texto poético e de Cesário Verde.

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8

2 . A U L A D E 2 0 D E F E V E R E I R O

PLANIFICAÇÃO

E S T A G I Á R I A :

A L E X A N D R A

M O N T E I R O

T U R M A :

1 1 º B 1

D U R A Ç Ã O :

9 0

M I N U T O S

D A T A :

2 0 - 0 2 -

2 0 1 3

S U P E R V I S O R A :

D O U T O R A

M A R T A

V Á R Z E A S

O R I E N T A D O R A :

D R ª A N A B E L A

G O N Ç A L V E S

P A S S O S /

T E M P O

O B J E T I V O S

C O N T E Ú D O S

E S T R A T É G I A S / A T I V I D A D E S

R E C U R S O S P R O C E S S U A I S D E C L A R A T I V O S

1

( 5

M I N U T O

S )

R E C U P E R A R C O N T E Ú D O S

A N A L I S A D O S N A S A U L A S

A N T E R I O R E S ; M O B I L I Z A R

C O N H E C I M E N T O S

P R É V I O S ;

O B S E R V A Ç Ã O E

C O M E N T Á R I O D E

I M A G E N S

L E I T U R A D E I M A G E M C O N T R A P O S I Ç Ã O D E P I N T U R A S

D O R O M A N T I S M O E D O

R E A L I S M O .

C O M P A R A Ç Ã O E R E G I S T O D E

C O N C L U S Õ E S .

E S Q U E M A C O M C O N C E I T O S - C H A V E

D O R E A L I S M O .

D I A P O S I T I V

O S :

P I N T U R A S

R O M A N T I S M

O E D O

R E A L I S M O ;

2 A P R E E N D E R O S E N T I D O L E I T U R A : E S T R A T É G I A S D E

L E I T U R A : L E I T U R A D O T E X T O D E M A R I A

F I L O M E N A M Ó N I C A : « O A N O D A

F I C H A : « O

A N O D A

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9

P A S S O S /

T E M P O

O B J E T I V O S

C O N T E Ú D O S

E S T R A T É G I A S / A T I V I D A D E S

R E C U R S O S P R O C E S S U A I S D E C L A R A T I V O S

( 1 5

M I N U T O

S )

D E T E X T O S E X P O S I T I V O S .

L E I T U R A S E L E T I V A :

P E S Q U I S A D E

I N F O R M A Ç Ã O

P R E C I S A

T E X T O S

E X P O S I T I V O S :

P O R T U G A L N O S

F I N A I S D O S É C U L O

X I X

E X P R E S S Ã O O R A L :

A N Á L I S E

C O M E N T A D A D E

I M A G E N S

M O R T E D E C E S Á R I O V E R D E »

O B S E R V A Ç Ã O D E I M A G E N S D E

L I S B O A D O S É C U L O X I X ; O S

A L U N O S D E V E R Ã O C O M E N T A R D E

A C O R D O C O M A L E I T U R A D O

T E X T O D E M A R I A F I L O M E N A

M Ó N I C A .

M O R T E D E

C E S Á R I O

V E R D E »

3 C O N T A C T A R C O M U M

A U T O R D O P A T R I M Ó N I O

C U L T U R A L P O R T U G U Ê S A N T E C I P A R C O N T E Ú D O S

A P A R T I R D E I N D Í C I O S

V Á R I O S A P R E E N D E R O S S E N T I D O S

D O T E X T O P R A T I C A R A E S C U T A

A T I V A

L E I T U R A :

G L O B A L , S E L E T I V A E

A N A L Í T I C A

E X P R E S S Ã O O R A L

E S C U T A A T I V A

S E N T I M E N T O D U M

O C I D E N T A L : L E I T U R A

E I N T E R P R E T A Ç Ã O :

- R E A L I S M O

- S E N S A Ç Õ E S

- N O T A Ç Õ E S

T E M P O R A I S E

E S P A C I A I S

A U D I Ç Ã O D O P O E M A

L E I T U R A S I L E N C I O S A

L E I T U R A E C O M E N T Á R I O E M

S E Q U Ê N C I A S

R E G I S T O D E C O N C L U S Õ E S ( F I C H A

S Í N T E S E )

C O M P U T A D O

R

V Í D E O

C O L U N A S

M A N U A L

F I C H A

( Q U A D R O -

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10

P A S S O S /

T E M P O

O B J E T I V O S

C O N T E Ú D O S

E S T R A T É G I A S / A T I V I D A D E S

R E C U R S O S P R O C E S S U A I S D E C L A R A T I V O S

R E C O N H E C E R A

E S P E C I F I C I D A D E D O

D I S C U R S O P O É T I C O R E C O N H E C E R A

D I M E N S Ã O E S T É T I C A E

S I M B Ó L I C A D A L Í N G U A E

D A I M A G E M

- D E S C R I Ç Õ E S

- L I N G U A G E M

( H I P Á L A G E ,

S I N E S T E S I A ,

V I S U A L I S M O

- E S T R U T U R A

D E A M B U L A T Ó R I A E

N A R R A T I V A

- C I D A D E C O M O

E S P A Ç O D E

A P R I S I O N A M E N T O E

D O E N Ç A

R E S U M O )

4 ( 1 5

M I N U T O S

)

I D E N T I F I C A R E

S I N T E T I Z A R O S

C O N T E Ú D O S E A S

A T I V I D A D E S

D E S E N V O L V I D A S N A A U L A

E X P R E S S Ã O

O R A L / E S C R I T A

S Í N T E S E

C O M E N T Á R I O D O V E R S O D E

A L B E R T O C A E I R O S O B R E C E S Á R I O

P A R A S Í N T E S E D O P O E M A E D O S

C O N T E Ú D O S A B O R D A D O S

C O M P U T A D O

R ;

D I A P O S I T O V

O S ;

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11

S U M Á R I O : D O R O M A N T I S M O A O R E A L I S M O : A « P E R S E G U I Ç Ã O D O R E A L » .

A N Á L I S E D E P I N T U R A S R E A L I S T A S . O R E A L D E C E S Á R I O V E R D E : L E I T U R A D O

T E X T O D E M A R I A F I L O M E N A M Ó N I C A .

“ O S E N T I M E N T O D E U M O C I D E N T A L ” : L E I T U R A E I N T E R P R E T A Ç Ã O : A C I D A D E

C O M O E S P A Ç O D O A P R I S I O N A M E N T O .

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12

DESENVOLVIMENTO DA AULA

PA SSO 1: Do ROMANTISMO AO REAL IS MO (5 minutos)

- Ponte com os conteúdos programáticos antecedentes (Frei Luís de Sousa e o romantismo) a

que se oporá um novo período literário: o realismo.

- Introduz-se o conceito de «realismo» opondo pinturas o período romântico a pinturas do

período realista.

- Expande-se, sucintamente, o que se refere ao mundo pictórico, para o mundo da literatura.

(Power Point)

- Faz-se o registo de conceitos/tópicos-chave para o entendimento de «realismo» Eça e

Cesário como os dois expoentes máximos do realismo em Portugal: respetivamente no

romance e na poesia. (apresentação de diapositivos)

PA SSO 2: O REAL DE CE SÁRIO VERDE (CONTEXTO EPOCAL ) (15 MINUTOS )

- Ponte: uma vez que foi referido que Cesário Verde é um poeta realista e que o realismo se

volta para o real circundante e contemporâneo, será necessário conhecer melhor esse mesmo

real focado por Cesário.

Leitura do texto de Maria Filomena Mónica: «O dia que Cesário Verde Morreu». (FICHA de

LEITURA)

Instrução de leitura: sublinhar tudo o que remeta para a caracterização da cidade de Lisboa

nos finais do século XIX;

Pós-leitura: observação de algumas imagens de Lisboa do século XIX; os alunos deverão

comentar de acordo com a leitura do texto de Maria Filomena Mónica.

PA SSO 3: O SENTIMENT O DE UM OCIDE NTAL (AV E MARIA S) (20 minutos)

1. Instrução de leitura: (manual p. 280): ler a primeira parte do poema (Ave-Marias) e

sublinhar tudo o que remeta, o que se relacione com a leitura anterior do texto de Maria

Filomena Mónica e com as fotografias da Lisboa de finais do século XIX que foram vistas.

(Resolução: o gás; os carros de aluguer; as partidas para o estrangeiro dos burgueses e das

classes privilegiadas; a pequena burguesia – dentistas e lojistas; os operários (carpinteiros e

calafates); as varinas; o trem de praça; o porto de Lisboa – o couraçado inglês; a vida

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13

quotidiana; as descargas do carvão; pobreza das classes trabalhadoras – as varinas descalças;

os calafates secos; condições de vida e a insalubridade dos espaços urbanos – focos de infeção)

2. O facto de ter sido possível identificar no texto de forma tão nítida marcas do quotidiano

lisboeta de finais do século XIX indica-nos que estamos perante que escola literária? (R.:

realismo)

Ave-Marias

Nas nossas ruas, ao anoitecer,

Há tal soturnidade, há tal melancolia,

Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia

Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,

O gás extravasado enjoa-me, perturba;

E os edifícios, com as chaminés, e a turba

Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem carros de aluguer, ao fundo,

Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!

Ocorrem-me em revista, exposições, países:

Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,

As edificações somente emadeiradas:

Como morcegos, ao cair das badaladas,

Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,

De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;

Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,

Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:

Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!

Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!

Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!

De um couraçado inglês vogam os escaleres;

E em terra num tinir de louças e talheres

Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.

Num trem de praça arengam dois dentistas;

Um trôpego arlequim braceja numas andas;

Os querubins do lar flutuam nas varandas;

Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

Vazam-se os arsenais e as oficinas;

Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;

E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,

Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!

Seus troncos varonis recordam-me pilastras;

E algumas, à cabeça, embalam nas canastras

Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,

Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;

E apinham-se num bairro aonde miam gatas,

Comment [-1]: Iluminação a gás: “primeiros candeeiros a gás tinham chegado em

1884”

Comment [-2]: Quotidiano da cidade

Comment [-3]: Classe trabalhadora; crescimento urbano da cidade de Lisboa

Comment [-4]: v. infra

Comment [-5]: a vida comercial da cidade ligada à zona ribeirinha

Comment [-6]: v. comentario infra

Comment [-7]: pequena-burguesia da cidade

Comment [-8]: v infra

Comment [-9]: Classes baixas e o retrato das suas condições de vida: “Nos bairros antigos, a higiene era deplorável. “Com quintais apinhados de galinhas, coelhos e porcos, as casas estavam infestadas de parasitas.” (MF Mónica)

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E o peixe podre gera os focos de infecção!

3.

Audição da primeira parte do poema Sentimento de um Ocidental (SdO):

https://www.youtube.com/watch?v=DQ8R1xvtw1Y

Instrução de audição: Escutarão a leitura/interpretação da primeira parte deste texto,

tentando identificar e caracterizar o estado de espírito do sujeito poético. (R.: O estado de

espírito do sujeito poético caracteriza-se pela perturbação, melancolia - «há tal

soturnidade/há tal melancolia» - e profundo desânimo.

Questões:

1) O que causa esse estado de espírito? (R.: O espaço envolvente, a cidade. )

2) Que desejo lhe é suscitado pela experiência angustiante da cidade? (R.: desejo de evasão. )

3) Como é percecionada a cidade? Quais as principais características desse espaço, tal como

ele é captado pelo sujeito poético? (R.: A cidade é um local de aprisionamento; um espaço

perturbador; o céu parece baixo; as edificações são gaiolas; é também um espaço de tédio,

onde os lojistas se enfadam. Ao mesmo tempo, a cidade é um local associado à doença e à

infeção. )

4) Que sensações estão envolvidas na descrição e caracterização desse espaço? R.: a visão, o

olfato e a audição: «cor monótona e londrina»; «maresia» , gás»,«bulício».

5) Identifica o momento do dia e o lugar em que decorre a ação esboçada no poema. (in

Quadro-resumo) ( explicar a indicação de Ave-Marias)

6) De que modo são descritas as descrição das varinas? A que são comparadas? (R.: cardume

negro (não são individualizadas; negro – luto; cardume (peixes); as varinas são comparadas

a um cardume.

7) Explicar. ( R.: desumanidade das condições de vida)

Registo de conclusões e síntese no quadro-resumo;

PA SSO 4: O SENTIMENT O DE UM OCIDE NTAL (NOITE FECHADA ) (15 MINUTOS)

1) Solicita-se a leitura silenciosa e pede-se para sublinhar as referências ao tempo e ao

espaço.

Comment [-10]: referência nítida às condições de vida precárias das clases baixas na cidade

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15

2) Faz-se a leitura em voz alta e expressiva, pela professora, em segmentos, seguindo-se

comentários e questões.

(1ª sequência de leitura e comentário)

Toca-se às grades, nas cadeias. Som

Que mortifica e deixa umas loucuras mansas!

O Aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças,

Bem raramente encerra uma mulher de << dom>>!

E eu desconfio, até, de um aneurisma

Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes;

À vista das prisões, da velha Sé, das Cruzes,

Chora-me o coração que se enche e que se abisma.

A espaços, iluminam-se os andares,

E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos

Alastram em lençol os seus reflexos brancos;

E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.

Questões:

1) De “Ave Marias” para “Noite Fechada” , regista-se uma progressão temporal. Em que

momento do dia nos encontraremos agora? ( A noite caiu, a escuridão adensou-se e os

candeeiros estão agora acesos).

2) Caracteriza o estado de espírito do sujeito poético e identifica o que conduziu a tal

sentimento. (R.: morbidez; tristeza causadas pela cidade e pela visão das prisões. )

4) Comentar a expressividade do verso: ”Alastram em lençol os seus reflexos brancos” como

exemplificativo da expressividade plástica e da sugestão plástica de Cesário. (R.: Visão plástica

da luz ocupando o espaço noturno da cidade como se fosse um lençol branco estendendo-se

na noite; metáfora com aliteração do «l»).

5) Que sensações ou impressões predominam nesta três estrofes? (R.: sugestão auditiva e

visual. )

(2ª sequência de leitura e comentário )

Duas igrejas, num saudoso largo,

Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:

Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,

Assim que pela História eu me aventuro e alargo.

Na parte que abateu no terremoto,

Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas;

Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,

E os sinos dum tanger monástico e devoto.

Mas, num recinto público e vulgar,

Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,

Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,

Um épico doutrora ascende, num pilar!

Comment [-11]: impressão sonora

Comment [-12]: notação temporal; impressão visual

Comment [-13]: estadode espírito do sujeito poético é, mais uma vez, transmitido pela cidade.

Comment [-14]: impressão visual

Comment [-15]: expressividade da imagem; repetir o verso;

Comment [-16]: em contraste com a ideia de luz das estrofes que antecedem;

Comment [-17]: realçar que se trata de uma interseção do passado no presente.

Comment [-18]: 1755

Comment [-19]: Expressividade do adjetivo

Comment [-20]: Importante: «muram-me; afrontam-me»: a cidade como local do emparedamento e da prisão.

Comment [-21]: Atentar no constraste dos adjetivos: «vulgar» e «exíguas» com «monumental» Camões: grandeza do passado/ decadência do presente Poema redigido em comemoração do centenário de Camões

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16

Questões:

1) Nesta passagem, podemos dizer que a cidade é atravessada por memórias do seu passado

que não passam despercebidas ao sujeito poético. Pedir ao alunos que exemplifiquem e/ou

expliquem. ( Terramoto, inquisição, «épico de outrora»)

2) Relativamente à 3ª estrofe de que modo é feito o contraste entre o passado e o presente?

Como são ambos os tempos percecionados? O que os distingue?

R.: O presente: vulgar; exíguo; Passado: monumental; Constatação: decadência do presente

face às glórias do passado. A grandeza de Camões contrasta com a vulgaridade do espaço onde

está a sua estátua.

3) Como se manifesta sentir o sujeito poético em relação ao espaço? R.: Há a constatação de

uma progressiva sensação de aprisionamento (a pronominalização de «muram-me» é

especialmente sugestiva).

Registo no quadro-síntese das conclusões.

PA SSO 5: O S E NT IM E NT O D E U M O C ID E NT A L (AO GÁ S) (20 M I NU T O S )

1. Solicita-se a leitura silenciosa das primeiras seis estrofes:

Instrução: sublinhar o que remete para doença/saúde. (moles hospitais; chorar doente dos

pianos; cheiro salutar e honesto»; «versos salubres»; «palidez»).

1ª sequência de leitura/comentário

E saio. A noite pesa, esmaga. Nos

Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.

Ó moles hospitais! Sai das embocaduras

Um sopro que arrepia os ombros quase nus.

Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso

Ver círios laterais, ver filas de capelas,

Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,

Em uma catedral de um comprimento imenso.

Questões:

1) A sensação de aprisionamento continua. Que versos podem ser citados para comprovar esta

afirmação? (R.: “A noite pesa, esmaga. “Cercam-me as lojas, tépidas”)

Comment [-22]: Há um trajeto ao longo do poema; o sujeito poético deambula pela cidade; o poema vai progredindo no espaço e no tempo. Poesia ambulatória. Flâneur.

Comment [-23]: Uma vez mais, a sensação de confinamento e reclusão que o espaço urbano suscita. Antes era o «céu parece baixo e de neblina».

Comment [-24]: Metáfora : a expressividade de «mole» como prefiguração de doença, falta de vitalidade:

Comment [-25]: Aprisionamento do espaço da cidade. Tépidas: contrasta com o «frio» referido na estrofe anterior. A tepidez das lojas vem da sua luz.

Comment [-26]: IMAGINAÇÃO TRANSFIGURADORA: passa a descrever o que imagina ver.

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17

2) “Cercam-me as lojas, tépidas. “ Explicar o verso ( R.: o que é tépido e vem das lojas é a luz ); –

associar esta estrofe à pintura de Munch (manual p. 283):

R.: lividez; o céu opressivo; os rostos adoecidos e pálidos, cadavéricos; a luz proveniente das

casas – quente – contrasta com a a fria palidez dos rostos e da noite.

2ª sequência de leitura/comentário

Num cutileiro, de avental, ao torno,

Um forjador maneja um malho, rubramente;

E de uma padaria exala-se, inda quente,

Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.

E eu que medito um livro que exacerbe,

Quisera que o real e a análise mo dessem;

Casas de confeções e modas resplandecem;

Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.

Questões/Comentários:

- Regresso ao real

1) Que sensações estão presentes nestas duas quadras? R.: Sensações olfativas, auditivas e

visuais. Contraste das anteriores notações de doença da cidade e do cheiro «salutar» do pão.

Cheiro do pão é quente (sinestesia)

O cheiro é honesto (hipálage)

(REGISTAR NO QUADRO)

Sinestesia (associação de dois

sentidos numa única perceção)

Hipálage: atribuição a uma entidade

de uma característica que se refere a

outra e que pode estar expressa ou

subentendida no discurso.

Ex.: «As tias faziam meias sonolentas»

(Eça de Queirós)

Comment [-27]: Regresso ao real

Comment [-28]: Uso expressivo do avdérbio – característico do estilo de Cesário. Aliteração do «m»

Comment [-29]: Sensações olfativas, auditivas e visuais. Contraste das anteriores notações de doença da cidade e do cheiro «salutar» do pão.

Cheiro do pão é quente (sinestesia)

O cheiro é honesto (hipálage)

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18

PA SSO 6: O SENTIMENT O DE UM OCIDE NTAL (HORAS MORTA S ) (20 MINUTOS)

Audição do excerto;

Instrução de leitura/audição: sublinhar o que remete para a sensação de aprisionamento do sujeito

poético na cidade.

1ª sequência de leitura/comentário

Horas mortas

O teto fundo de oxigénio, de ar,

Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras;

Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras,

Enleva-me a quimera azul de transmigrar.

Por baixo, que portões! Que arruamentos!

Um parafuso cai nas lajes, às escuras:

Colocam-se taipais, rangem as fechaduras,

E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.

E eu sigo, como as linhas de uma pauta

A dupla correnteza augusta das fachadas;

Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas,

As notas pastoris de uma longínqua flauta.

Questões/comentários:

1) Que versos traduzirão, uma vez mais, a sensação da cidade como espaço de clausura? 2) O que é que vai suscitar o devaneio do sujeito poético? (R.: o ouvir ao longe o som de

uma flauta pastoril. )

2ª sequência de leitura/comentário

Se eu não morresse, nunca! E eternamente

Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!

Esqueço-me a prever castíssimas esposas,

Que aninhem em mansões de vidro transparente!

(…)

Mas se vivemos, os emparedados,

Sem árvores, no vale escuro das muralhas!...

Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas

E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.

(…)

E, enorme, nesta massa irregular

Comment [-30]: personificação

Comment [-31]: desejo de evasão

Comment [-32]: impressão sonora; pormenor auditivo apenas possível no solêncio da noite alta.

Comment [-33]: Visualismo da comparação: as ruas estreitas, com prédios altos de cada um dos lados.

Comment [-34]: Infausta - infeliz

Comment [-35]: Trata-se um delirio positivo, de eternidade e perfeição. NB: delíroo positivo suscitado pela audição da flauta pastoril, evocativa do campo.

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19

De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,

A Dor humana busca os amplos horizontes,

E tem marés, de fel, como um sinistro mar!

Questões: 1) A cidade é agora inequivocamente retratada como um espaço de reclusão, morte e dor.

Que versos/expressões o transmitem? (R.: Emparedados; vale escuro das muralhas; treva; gritos de socorro)

2) Através de que expressão se associa a cidade a um espaço de morte?

Registo no quadro-síntese.

PASSO 7: S ÍNTE SE DA AU LA (15 MINUTOS )

- Comentário do verso de Alberto Caeiro para síntese do poema:

“(…) Que pena que tenho dele! Ele era um camponês

Que andava preso em liberdade pela cidade. (…)“

- Retrato da cidade como espaço da doença, do aprisionamento. ( Diapositivos síntese sobre a

cidade)

- Registo no quadro com a colaboração dos estudantes sobre o tema principal do poema “O

Sentimento de um Ocidental”: deambulação pelo espaço da cidade, percebido disforicamente

como um espaço de aprisionamento e de doença.

- Leitura expressiva ou nova audição da primeira parte do poema (Ave Marias).

MATERIAIS UTILIZADOS

I ) FICHA DE LEITURA : O ANO DA MORTE DE CE SÁRIO VERDE – MARIA

FILOMENA MÓNICA

Em 1886, Portugal era um país predominantemente rural. Fora de

Lisboa e do Porto, não havia cidades. A maior parte da população –

8 em cada 10 portugueses – vivia no campo, trabalhando uma tera

pouco fértil e mal distribuída. (...)

Lisboa, cuja população havia dobrado nos últimos trinta anos, era

uma cidade diferente da capital que acolhera Saldanha depois do

Comment [-36]: Explicar disfórico como antónimo de eufórico

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20

golpe da Regeneração.

Em parte devido à pressão dos recém-chegados, em parte porque o

alargamento dos limites urbanos era uma forma de obter receitas

para o Estado, a cidade alastrara rapidamente. A cintura urbana

estendia-se quase até Benfica e Lumiar, onde, nos montes, ainda

havia moinhos. Cesário Verde conhecia bem esta paisagem.

Especialmente no caso daqueles que haviam deixado as suas aldeias

na véspera, as saudades do campo eram imensas. Nos dias quentes de

Verão, era vê-los, a caminho das hortas, com cestos repletos de

talhadas de melão, damascos e pão-de-ló. Na cidade, sentiam-se

emparedados, sem árvores, no vale escuro das muralhas. (...)

Em 1886, já tinham sido introduzidas em Lisboa algumas das

inovações que facilitavm a vida urbana: os primeiros candeeiros a

gás tinham chegado em 1884 e, em 1878, haviam sido instalados no

Chiado seis candeeiros elétricos.

Mas estes melhoramentos não se propagaram rapidamente. Grande parte

das ruas continuava malcheirosa e mal alumiada. A civilização não

chegara a todas as vielas, becos e escadinhas. Nos bairros antigos,

a higiene era deplorável. Com quintais apinhados de galinhas,

coelhos e porcos, as casas estavam infestadas de parasitas. Apesar

da captação do rio Alviela ter permitido instalar uma rede de

distribuição de água ao domicílio, o benefício chegava a poucas

casas. Nos mercados, as condições sanitárias eram péssimas (...).

Cesário Verde conhecia bem esta paisagem (...).

Cidade portuária, a zona ribeirinha era uma das mais ativas de

Lisboa. (...) Fragateiros, varinas e descarregadores povoavam este

cenário febril. Todos os dias atracavam navios transatlânticos,

despejando e recolhendo mercadorias. (...) Cesário Verde conhecia

bem esta paisagem.

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21

É verdade que os burgueses portugueses eram modestos, quando

comparados com os seus parceiros europeus, mas, em face da miséria

indígena, pareciam uns nababos. (...) Não havia caridade que

chegasse para acudir ao exército de costureirias tísicas, de

artesãos desempregados e de velhas abandonadas que pululavam pela

cidade. Cesário Verde conhecia bem esta paisagem. (...)

Na madrugada de 19 de julho de 1886, entre as ribeiras e os montes

de Caneças, o clima estava ameno. (...) Foi no meio deste esplendor

que, às cinco horas da manhã, com os pulmões destruídos pela

tuberculose, morreu Cesário Verde.

A maioria dos seus contemporâneos nunca ouvira falar deste poeta

com 31 anos. Nenhum livro seu estava acessível nas livrarias.

Apenas alguns jornais tinham acedido, por favor, a publicar versos

por ele assinados. Mas Cesário era o maior poeta do seu tempo.

Maria Filomena Mónica, Cenas da Vida Portuguesa

II) D IAPOSITIVOS: DO ROMANTISMO AO REALISMO

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22

III) D IAPOSITIVOS: IMAGENS DE L ISBOA NOS FINAIS DO SÉCULO XIX

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23

IV) D IAPOSITIVOS: A CIDADE EM CESÁRIO VERDE

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24

Page 25: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

25

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26

V) QUADRO-SÍNTESE SENTIMENTO DUM OCIDENTAL

S E N T I M E N T O

D E U M

O C I D E N T A L

Q U A N D O ?

O N D E ?

P E R C E Ç Ã O D O

E S P A Ç O

Q U E M ?

E S T A D O D E E S P Í R I T O D O

S U J E I T O P O É T I C O

E S T I L I S T I C A M E N

T E :

Page 27: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

27

S E N T I M E N T O

D E U M

O C I D E N T A L

Q U A N D O ?

O N D E ?

P E R C E Ç Ã O D O

E S P A Ç O

Q U E M ?

E S T A D O D E E S P Í R I T O D O

S U J E I T O P O É T I C O

E S T I L I S T I C A M E N

T E :

AV

E-

MA

RI

AS

« A S S O M B R A S , O

B U L Í C I O , O

T E J O »

« C O M O

M O R C E G O S »

« E M B R E N H O - M E

A C I S M A R , P O R

B O Q U E I R Õ E S ,

P O R B E C O S »

« E N U M

C A R D U M E N E G R O

( … ) A S S O M A M

A S V A R I N A S »

« C O R

M O N Ó T O N A E

L O N D R I N A »

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28

S E N T I M E N T O

D E U M

O C I D E N T A L

Q U A N D O ?

O N D E ?

P E R C E Ç Ã O D O

E S P A Ç O

Q U E M ?

E S T A D O D E E S P Í R I T O D O

S U J E I T O P O É T I C O

E S T I L I S T I C A M E N

T E :

TE

-FE

CH

AD

A

« A L A S T R A M E M

L E N Ç O L O S S E U S

R E F L E X O S

B R A N C O S »

« C O N S T R U Ç Õ E S

R E T A S , I G U A I S ,

C R E S C I D A S » ;

Page 29: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

29

S E N T I M E N T O

D E U M

O C I D E N T A L

Q U A N D O ?

O N D E ?

P E R C E Ç Ã O D O

E S P A Ç O

Q U E M ?

E S T A D O D E E S P Í R I T O D O

S U J E I T O P O É T I C O

E S T I L I S T I C A M E N

T E :

AO

S

« U M F O R J A D O R

M A N E J A U M

M A L H O ,

R U B R A M E N T E » :

« U M C H E I R O

S A L U T A R E

H O N E S T O A P Ã O

N O F O R N O »

Page 30: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

30

S E N T I M E N T O

D E U M

O C I D E N T A L

Q U A N D O ?

O N D E ?

P E R C E Ç Ã O D O

E S P A Ç O

Q U E M ?

E S T A D O D E E S P Í R I T O D O

S U J E I T O P O É T I C O

E S T I L I S T I C A M E N

T E :

HO

RA

S M

OR

TA

S

« E E U S I G O ,

C O M O A S L I N H A S

D E U M A P A U T A A

D U P L A

C O R R E N T E Z A

A U G U S T A D A S

F A C H A D A S »

Page 31: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

31

VI) QUADRO-RESUMO DE SENTIMENTO DUM OCIDENTAL – CORREÇÃO

S E N T I M E N

T O D E U M

O C I D E N T A

L

Q U A N D O ?

O N D E ?

P E R C E Ç Ã O D O

E S P A Ç O

Q U E M ?

E S T A D O D E E S P Í R I T O D O

S U J E I T O P O É T I C O

E S T I L I S T I C A M E N T E :

Page 32: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

32

AV

E-

MA

RI

AS

“ A O A N O I T E C E R “

A O F I N A L D O D I A

A A L T U R A D A S

“ A V E - M A R I A S “

L I S B O A : Z O N A

R I B E I R I N H A ;

B E I R A D O

T E J O ;

« B O Q U E I R Õ E S ,

B E C O S , O U

E R R O P O R

C A I S »

V I S Ã O ,

O L F A T O ,

A U D I Ç Ã O ;

A P R I S I O N A M E N

T O

( « S E M E L H A M -

S E A

G A I O L A S » )

D O E N Ç A / I N F E Ç

à O / I N S A L U B R I D

A D E : « B A I R R O

O N D E M I A M A S

G A T A S »

( O B S E R V A Ç Ã O

C R Í T I C A D O

R E A L )

C A R P I N T E I

R O S ;

D E N T I S T A S

;

C A L A F A T E S

;

L O J I S T A S ;

V A R I N A S :

-

( H E R C Ú L E A

S ; F I R M E S )

O E S P A Ç O P R O V O C A N O

S U J E I T O P O É T I C O

M E L A N C O L I A , T R I S T E Z A ;

N Á U S E A ;

D E S E J O D E E V A S Ã O ;

E N U M E R A Ç Ã O : « A S

S O M B R A S , O B U L Í C I O ,

O T E J O »

C O M P A R A Ç Ã O : « C O M O

M O R C E G O S »

A L I T E R A Ç Ã O :

« E M B R E N H O - M E A

C I S M A R , P O R

B O Q U E I R Õ E S , P O R

B E C O S »

M E T Á F O R A S : « E N U M

C A R D U M E N E G R O ( … )

A S S O M A M A S V A R I N A S »

A D J E T I V A Ç Ã O

E X P R E S S I V A : « C O R

M O N Ó T O N A E

L O N D R I N A »

Page 33: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

33

NO

IT

E-F

EC

HA

DA

I N Í C I O D A N O I T E :

“ A O A C E N D E R D A S

L U Z E S ”

A L J U B E

( P R I S Ã O ) ;

S É

T A S C O S ,

C A F É S ,

T E N D A S ,

E S T A N C O S ;

L A R G O C O M

D U A S I G R E J A S ;

L A R G O D E

C A M Õ E S ;

P A L Á C I O E

C A S E B R E ;

Q U A R T E L Q U E

J Á F O I

C O N V E N T O ;

B R A S S E R I E ; :

S O M : « T O C A -

S E À S G R A D E S

N A S C A D E I A S »

V I S Ã O : « A

E S P A Ç O S

I L U M I N A M - S E

O S A N D A R E S »

C O S T U R E I R

A S ,

F L O R I S T A S ,

B U R G U E S A

S , P R E S O S ,

C A M Õ E S ;

M O R B I D E Z

( A N E U R I S M A ) ;

S O F R I M E N T O ( « C H O R A - M E

O C O R A Ç Ã O » )

S E N S A Ç Ã O D E

E N C L A U S U R A M E N T O

E C O N F I N A M E N T O

P R O V O C A D O P E L O

E S P A Ç O C I T A D I N O :

« M U R A M - M E A S

C O N S T R U Ç Õ E S

R E T A S , I G U A I S ,

C R E S C I D A S »

I M A G E M / M E T Á F O R A :

« A L A S T R A M E M L E N Ç O L

O S S E U S R E F L E X O S

B R A N C O S » ;

A D J E T I V A Ç Ã O

E X P R E S S I V A :

« C O N S T R U Ç Õ E S R E T A S ,

I G U A I S , C R E S C I D A S » ;

Page 34: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

34

AO

S

A N O I T E

I N S T A L O U - S E ; A

C I D A D E E S T Á

A R T I F I C I A L M E N T E

I L U M I N A D A P E L O S

C A N D E E I R O S A

G Á S .

N O S P A S S E I O S

D E L A J E D O ;

P A D A R I A ;

S O M E V I S Ã O

D O F O R J A D O R ;

C H E I R O D O

P Ã O ;

L U Z D A S L O J A S ;

M O L E Z A D O S

H O S P I T A I S ;

A S

I M P U R A S ;

F O R J A D O R ;

P R O F E S S O R

D E L A T I M ;

A S E N S A Ç Ã O D E

A T R O F I A M E N T O E

E N C L A U S U R A M E N T O

C A U S A D A P E L A C I D A D E

A U M E N T A ( « A N O I T E

P E S A , E S M A G A » ;

« C E R C A M - M E A S L O J A S » ; )

E X P R E S S I V I D A D E D O

A D V É R B I O ; A L I T E R A Ç Ã O

D E M : « U M F O R J A D O R

M A N E J A U M M A L H O ,

R U B R A M E N T E » :

H I P Á L A G E E

S I N E S T E S I A : « U M

C H E I R O S A L U T A R E

H O N E S T O A P Ã O N O

F O R N O »

Page 35: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

35

HO

RA

S M

OR

TA

S

A L T A S H O R A S D A

N O I T E

P E L A S R U A S ,

P O R E N T R E A S

F A C H A D A S .

A P R I S I O N A M E N

T O ;

E M P A R E D A M E N

T O :

“ V A L E E S C U R O

D A S

M U R A L H A S ” ;

“ E M P A R E D A D O S

” ; “ P R É D I O S

S E P U L C R A I S ” ;

Q U A S E

N I N G U É M ,

A P E N A S

U M A

C A L E C H E

Q U E

P A S S A ; A S

N O T A S

P A S T O R I S

D A F L A U T A

Q U E

A L G U É M

T O C A ; A S

P E S S O A S

Q U E

T O S S E M

D E N T R O D E

C A S A ; O S

G U A R D A S .

S E N S A Ç Ã O D E

E M P A R E D A M E N T O E

C O N F I N A M E N T O C A U S A D O

P E L A C I D A D E M A N T É M - S E .

N O E N T A N T O , A A U D I Ç Ã O

D E U M A F L A U T A P A S T O R I L

– R E C O R D A N D O - O D O

C A M P O – T R A Z U M A

S E N S A Ç Ã O P O S I T I V A Q U E

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36

3 . A U L A D E 2 1 D E F E V E R E I R O

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37

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38

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M O D E R N O E S E N T I M E N T O D E U M O C I D E N T A L .

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39

DESENVOLVIMENTO DA AULA

PA SSO : 1: PONTE COM A AULA ANTE R IOR ; AUD IÇÃO DO POEMA ; DESCR IÇÃ O DA

HORTALICE IRA ; O REAL ISMO EM CESÁRIO (RE FERÊ NCIA ALUSIVA ) (20 M INUTOS)

Ponte com a aula anterior: os alunos são questionados sobre o poema lido e analisado na aula

anterior (Sentimento de um Ocidental) e sobre o seu principal conteúdo temático (experiência

disfórica da cidade);

- Registo do sumário.

- Explica-se que a aula continuará o estudo de Cesário Verde. Indica-se o título do poema

«Num Bairro Moderno» e solicita-se antecipações quanto ao seu possível conteúdo.

Audição do poema «Num Bairro Moderno».

Instrução de audição: Devem escutar o poema e sublinhar no texto (manual p. 268) os tipos

sociais que surgem no texto. ( R.: a hortaliceira; o criado; os padeiros) e os versos que fazem a

sua descrição.

Questões: Solicita-se aos alunos uma tentativa de paráfrase do texto. Na sua paráfrase do

texto, as seguintes questões serão colocadas:

1) Localização espacial e temporal da situação descrita (R.: dez horas da manhã, na rua de um

bairro moderno);

2) O sujeito poético encontra uma figura feminina. Identifica-a. ( R.: hortaliceira, vendedora de

legumes);

- Descrição da hortaliceira (R.: pobre, trabalhadora, frágil, de baixa estatura, magra;

«esguedelhada, feia»; bracinhos brancos»; tamancos» «enfezadita»)

Personagem-tipo identificada pela profissão;

Fragilidade;

Empatia do sujeito poético ( uso dos diminutivos : «pequenina»; «bracinhos brancos»;

«enfezadita»;

Contraste da vida burguesa e ociosa do bairro moderno com a condição da hortaliceira

A que outra(s) figura(s) feminina de O sentimento de um Ocidental poderíamos comparar esta

hortaliceira?

3) Narrar o encontro do sujeito poético com a hortaliceira. (Encontrou-a, observou-a; ajudou-

a a levantar o cesto do chão e ficou a vê-a afastar-se).

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40

4) A hortaliceira interage com um criado. Como caracterizaríamos a relação? Que verso nos

indica que há uma manifestação de superioridade relativamente à hortaliceira por parte do

criado?

(R.:« e muito descansado, atira um cobre ignóbil, oxidado (…) »

5) Que recurso expressivo? Hipálage

6) De que modo poderíamos comentar a sua expressividade?

R.: crítica social e subjetividade do sujeito poético que crítica a atitude fria e vil do criado

relativamente à hortaliceira.

PA SSO 2: O IMPRESSIONISMO EM CE SÁRIO : A RE AL IDADE DESCRITA PELAS IMPRE SSÕES

E SENSA ÇÕES ; A TRA NSFIGURAÇÃO DA REAL ID ADE . (20 MINUTOS )

1ª sequência de leitura/comentário

Solicita-se aos alunos a releitura silenciososa das duas primeiras estrofes

Instrução: reler as duas primeiras estrofes do poema e sublinhar tudo que aponte para

aspetos visuais, tudo o que se relacione com sensações e impressões relacionadas com o

campo da visão.

R.: transparentes; matizam; vista; brancuras; estucados; pintados; reluzem;

Dez horas da manhã; os transparentes

Matizam uma casa apalaçada;

Pelos jardins estancam-se as nascentes,

E fere a vista, com brancuras quentes,

A larga rua macadamizada.

Rez-de-chaussé repousam sossegados,

Abriram-se, nalguns, as persianas,

E dum ou doutro, em quartos estucados,

Ou entre a rama dos papéis pintados,

Reluzem, num almoço as porcelanas.

Questões:

1) Os versos têm uma forte carga visual, isto é, podemos «ver claramente visto» o quadro que

Cesário nos pinta. (poeta-pintor). Que cor predomina? Como caracterizaríamos a intensidade

da luz?

R.: cor clara ( «transparentes», «brancuras» «estucados», «reluzem» e intensa «brancuras

quentes».

2) Explicar o sentido da expressão «brancuras quentes», identificando o recurso expressivo.

Comment [m37]: Explicitar o significado; vil; desprezível;

Comment [-38]: Notação temporal: Cesário repórter do quotidiano

Comment [-39]: sinestesia

Comment [-40]: personificação

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41

R.: A luz do sol é forte, as cores dominantes da realidade observada são claras, daí a referência

a brancura quente que, ao associar uma impressão visual com uma impressão tátil (térmica) ,

faz uso da sinestesia.

A professora progride na explicação: vimos que nestas duas estrofes o real observado nos é

dado através das impressões visuais do poeta. Não temos uma descrição objetiva, mas uma

descrição do real que nos é oferecida pelas impressões, pelas sensações do sujeito poético.

3) No entanto, há um momento no texto que é parte do real para a imaginação do sujeito

poético, i.e, a partir do real, o poeta imagina uma realidade outra (transfiguração do real). A

partir de que estrofe se dá início à transfiguração do real?

R.: «Subitamente – que visão de artista! (…) »

4) Que conector introduz a transformação fantasiosa? (R.: Subitamente).

5) Qual a expressividade deste conector no contexto do poema? (R.: destaca a natureza

imprevista e abrupta da «visão de artista» e o modo surpreendente como surgiu na sua

imaginação).

2ª sequência de leitura/comentário

Solicita-se aos alunos a releitura das estrofes seguintes; Instrução de leitura: ler as estrofes e

sublinhar todos os verbos que remetam para a composição da sua «visão de artista» (R.:

«recompunha»; «achava os tons»; «descobria»)

Subitamente - que visão de artista! -

Se eu transformasse os simples vegetais,

À luz do Sol, o intenso colorista;

Num ser humano que se mova e exista

Cheio de belas proporções carnais?!

Boiam aromas, fumos de cozinha;

Com o cabaz às costas, e vergando,

Sobem padeiros, claros de farinha;

E às portas, uma ou outra campainha

Toca, frenética, de vez em quando.

E eu recompunha, por anatomia,

Um novo corpo orgânico, aos bocados.

Achava os tons e as formas. Descobria

Uma cabeça numa melancia,

E nuns repolhos seios injetados.

As azeitonas, que nos dão o azeite,

Negras e unidas, entre verdes folhos,

São tranças dum cabelo que se ajeite;

E os nabos - ossos nus, da cor do leite,

E os cachos de uvas - os rosários de olhos.

Comment [-41]: Como realista procura reproduzir criticamente o social; a vertente impressionista – a transfiguração da realidade que é figurada na sua poesia.

Comment [-42]: impressão olfativa

Comment [-43]: impressão sonora

Comment [-44]: hipálage

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42

Há colos, ombros, bocas, um semblante

Nas posições de certos frutos. E entre

As hortaliças, túmido, fragrante,

Como dalguém que tudo aquilo jante,

Surge um melão, que me lembrou um ventre.

E, como um feto, enfim, que se dilate,

Vi nos legumes carnes tentadoras,

Sangue na ginja vívida, escarlate,

Bons corações pulsando no tomate

E dedos hirtos, rubros, nas cenouras.

Depois da leitura e verificados os verbos que apontam para a composição do imaginário do

sujeito poético («recompunha»; «achava os tons»; «descobria») procura-se que os alunos

descrevam a visão de artista do sujeito poético e qual a relação que ela poderá ter com a tela

O Verão de Arcimboldo (in Manual, p.269)

Questões:

1) Que versos poderiam ser destacados como os que mais diretamente se relacionam com a

pintura?

Antropomorfização dos vegetais:

A professora explica:

Acabamos de ver que neste momento, o poema dá expressão ao domínio da fantasia.

Ou seja, se tínhamos visto, na aula anterior que a poesia de Cesário era realista (pela atenção

dada ao real, ao circundante – os «focos de infeção» as personagens-tipo) vamos perceber

hoje que além de realista o seu estilo, a sua poesia é também impressionista.

Em que palavra pensamos imediatamente se pensamos em «impressionismo»? (impressão). -

Breve alusão à pintura impressionista e à procura de captação de impressões momentâneos

deixadas pelos cambiantes de luz e cor. (Recurso: Diapositivos: Impressionismo)

Comment [-45]: dilatado

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43

PASSO 3: CONCLUSÃO DA LEITURA E A NÁLISE D O POEMA «NUM BAIRRO MODERNO»;

COMPARA ÇÃO DOS POEM A S NUM BA IRRO MODER NO E SENTIMENTO DE U M OCIDENTAL

RELATIVAMENTE À OPOS IÇÃO C IDADE/CAM PO E E STRUTURA DE AM BULATÓRIA . (30

MINUTOS )

1. Acabamos de ver como a imaginação transfiguradora se relaciona com a vertente mais

impressionista de Cesário. No poema «Num Bairro Moderno», antes deste exercício da

fantasia, como poderíamos descrever o estado de espírito do sujeito poético?

R.: Ansiedade; mal-estar; adoentado; «tonturas de uma apoplexia».

Instrução de leitura:

Depois de avistar a hortaliceira e da visão dos legumes lhe suscitar o quadro imaginativo já

analisado, há um regresso ao real.

Se antes o sujeito poético confessava o seu mal-estar, como é que podemos agora descrever o

seu estado de ânimo? Relê as estrofes e destaca sublinhando tudo o que remeta para a

descrição do estado de ânimo do sujeito poético.

R.: animado; vitalizado; satisfeito: «E, recebi, naquela despedida/ As forças, a alegria, a

plenitude»; «chegam do gigo emanações sadias».

Sequência de leitura/comentário

O Sol dourava o céu. E a regateira,

Como vendera a sua fresca alface

E dera o ramo de hortelã que cheira,

Voltando-se, gritou-me prazenteira:

" Não passa mais ninguém! ... Se me ajudasse?! ..."

Eu acerquei-me dela, sem desprezo;

E, pelas duas asas a quebrar,

Nós levantámos todo aquele peso

Que ao chão de pedra resistia preso,

Com um enorme esforço muscular.

«Muito obrigada!Deus lhe dê saúde!»

E recebi, naquela despedida,

As forças, a alegria, a plenitude,

Que brotam dum excesso de virtude

Ou duma digestão desconhecida.

E enquanto sigo para o lado oposto,

E ao longe rodam umas carruagens,

Comment [-46]: metáfora

Comment [-47]: narrativa de passeios; progressão do poema no espaço; estrutura ambulatória.

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44

A pobre afasta-se, ao calor de agosto,

Descolorida nas maçãs do rosto,

E sem quadris na saia de ramagens.

Um pequerrucho rega a trepadeira

Duma janela azul; e, com o ralo

Do regador, parece que joeira

Ou que borrifa estrelas; e a poeira

Que eleva nuvens alvas a incensá-lo.

Chegam do gigo emanações sadias,

Oiço um canário – que infantil chilreada! –

Lidam ménages entre as gelosias,

E o sol estende, pelas frontrarias,

Seus raios de laranja destilada.

Questões:

1. A que poderemos atribuir a modificação do seu estado de ânimo? A que é o sujeito poético

associa a saúde, a vitalidade?

R.: Ao encontro com a hortaliceira; à visão transfiguradora sugerida pelo avistar dos legumes

no cesto.

Ou seja, no momento inicial – estando na cidade – constatamos que o sujeito poético confessa

o seu mal-estar. Agora o seu estado de ânimo é inverso e isso graças aos elementos associados

ao campo ( legumes e a própria hortaliceira).

A alteração é significativa: se de início se confessa à beira de uma apoplexia, consegue agora

levantar o pesado cesto da hortaliceira do chão.

Resumindo:

Oposição Cidade/Campo:

Elementos associados à cidade: doença; falta de vitalismo;

Elementos associados ao campo: força; vitalidade;

Ponte: já verificamos que o campo é um polo positivo a que se opõe uma visão disfórica da

cidade.

2. Depois do encontro com a hortaliceira, do qual sai vitalizado pelo contacto com o campo, o

sujeito poético segue o seu caminho (estrutura deambulatória)

2.1 Que verso nos dá essa indicação de progressão espacial? (R.: “E enquanto sigo para o lado

oposto”.)

2.2 Retomado o caminho, qual a impressão ou impressões que nos deixa o sujeito poético

sobre a realidade urbana circundante?

- ao longe rodam umas carruagens (sonoro)

- afasta-se ao calor de agosto (táctil)

- oiço um canário (sonoro)

- “e o sol estende ,pelas frontarias, seus raios de laranja destilada. “ (visual; paladar; cor e

sabor)

Comment [-48]: Visão, azul, luz, estrelas

Comment [-49]: comparação: predominio elementos visuais;; borrifa estrelas – imagem com forte carga visual

Comment [-50]: CAMPO: SAÚDE

Comment [-51]: Sol (visão) Raios de de laranja destilada: cor e sabor (sinestesia)

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45

Explorar a sugestividade do verso; o seu significado; identificar o recurso expressivo. ( R.:

impressão extremamente plástica e sugestiva, associando a cor da laranja ao seu sabor –

sinestesia – e retratando determinado momento do dia e da realidade)

(céu de Lisboa; cores meridionais de Lisboa)

(Impressionismo de Cesário já referido)

Quadro Comparativo dos Poemas «Sentimento dum Ocidental» e «Num Bairro

Moderno»

PA SSO 4: O ADJETIVO : VALOR RESTR IT IVO E N ÃO RESTR IT IVO (20 MINUTOS)

Ponte: vimos que em Cesário as impressões do real e o seu estilo se socorrem de um uso

particularmente expressivo do adjetivo.

- Ficha Laboratório Gramatical sobre o valor dos adjetivos.

MATERIAIS UTILIZADOS

I) D IAPOSITIVOS: O IMPRESSIONISMO

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46

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47

II) D IAPOSITIVOS: SENTIMENTO DE UM OCIDENTAL E NUM BAIRR O

MODERNO - COMPARAÇÃO

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48

( C O R R E Ç Ã O )

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49

III) LABORATÓRIO GRAMATICA L: USOS DO ADJETIVO

VALOR DOS ADJETIVOS: LABORATÓRIO GRAMATICAL

1. Observa as frases seguintes.

a) A pobre hortaliceira afastou-se.

b) A hortaliceira pobre afastou-se.

2. Identifica e explicita o sentido de cada uma das frases.

a)

b)

3. O que se alterou da primeira para a segunda frase?

4. Regista as tuas conclusões:

Tipicamente, a posição dos adjetivos qualificativos é à ………………………… do nome.

Alguns adjetivos, no entanto, podem ocorrer à …………………………… ou à

……………………… do nome. Em certos casos, a ocorrência do adjetivo, consoante a

sua posição seja pré ou pós nominal, pode condicionar o sentido da frase.

5. Lê as frases seguintes.

a) «Um pequerrucho rega a trepadeira/Duma janela azul»

Um pequerrucho rega a trepadeira duma

janela que é azul.

b) «Toldam-se de uma cor monótona e londrina»

c) «Meu velho professor nas aulas de latim. »

d) «E pendurando os seus bracinhos brancos»

5.1 Transforma-as de acordo com o exemplo dado, sempre que possível.

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50

5.2. Conclui:

Na(s) alíneas ------------------------------------ foi possível expressar o mesmo conteúdo,

utilizando uma oração -------------------------------------------------------------------------------------

-------.

Na (s) alínea (s) ----------------------------- a mesma operação não foi possível.

5.3. Na(s) alíneas em que não é possível transformar a(s) frase (s) utilizando uma

oração relativa restritiva, em que posição se encontra o adjetivo relativamente ao

nome?

5.4. Conclui:

Na(s) alínea(s) ---------------------------- e encontrando-se o adjetivo à ---------------------------

do nome foi possível transformar a frase utilizando uma oração relativa restritiva.

Nesta(s )frases, o adjetivo tem um valor ----------------------------------------, ou seja,

particulariza o significado do nome.

Na(s) alínea(s) ----------------------- a mesma operação não foi possível, encontrando-se o

adjetivo à ----------------------- do nome. Nesta(s) frase (s), o adjetivo tem um valor --------

------------------------------.

IV) LABORATÓRIO GRAMATICA L USOS DO ADJETIVO: CORREÇÃO

VALOR DOS ADJETIVOS: LABORATÓRIO GRAMATICAL

1. Observa as frases seguintes.

c) A pobre hortaliceira afastou-se.

d) A hortaliceira pobre afastou-se.

2. Identifica e explicita o sentido de cada uma das frases.

a) pobre: pena pela condição da hortaliceira

b) pobre: condição material da hortaliceira

3. O que se alterou da primeira para a segunda frase? A posição do adjetivo.

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51

4. Regista as tuas conclusões:

Tipicamente, a posição dos adjetivos qualificativos é à direita do nome. Alguns

adjetivos, no entanto, podem ocorrer à esquerda ou à direita do nome. Em

certos casos, a ocorrência do adjetivo, consoante a sua posição seja pré ou pós

nominal, pode condicionar o sentido da frase.

5. Lê as frases seguintes.

e) «Um pequerrucho rega a trepadeira/Duma janela azul»

Ex.: Um pequerrucho rega a trepadeira

duma janela que é azul.

f) «Toldam-se de uma cor monótona e londrina»

Toldam-se de uma cor que é monótona

e londrina

g) «Meu velho professor nas aulas de latim. »

Não é possível

h) «E pendurando os seus bracinhos brancos»

E pendurando os seus bracinhos que

são brancos.

5.1 Transforma-as de acordo com o exemplo dado, sempre que possível.

5.2. Conclui:

Na(s) alíneas a, b e d foi possível expressar o mesmo conteúdo, utilizando uma oração

relativa restritiva.

Na (s) alínea (s) c) a mesma operação não foi possível.

5.3. Na(s) alíneas em que não é possível transformar a(s) frase (s) utilizando uma

oração relativa restritiva, em que posição se encontra o adjetivo relativamente ao

nome?

Em tais casos, encontra-se à esquerda do nome.

5.4. Conclui:

Na(s) alínea(s) a, b e d e encontrando-se o adjetivo à direita do nome foi possível

transformar a frase utilizando uma oração relativa restritiva. Nesta(s )frases, o

adjetivo tem um valor restritivo, ou seja, particulariza o significado do nome.

Page 52: 18 FEV UD2_CESARIO VERDE_Carla Alexandra Monteiro Da Silva Santos (1)

52

Na(s) alínea(s) c a mesma operação não foi possível, encontrando-se o adjetivo à –

esquerda do nome. Nesta (s) frase (s), o adjetivo tem um valor não restritivo.

3 . B I B L I O G R A F I A

AA.VV. (s/d):Dicionário Terminológico. Ministério da Educação. Disponível em

http://dt.dgidc.min-edu.pt/. (Acessado no dia 9 de fevereiro de 2013).

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Lopes, Silvina Rodrigues Lopes (1990): «Como quem escreve com sentimentos. Uma leitura de

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Morão, Paula (1993): Viagens na Terra das Palavras: Ensaios sobre Literatura

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Pinto, Alexandra Dias et alii (2011): Português 11º. Lisboa. Santillana

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Silva, Pedro et alii (2011):Expressões 11º ano. Porto. Porto Editora.

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4 . R e c u r s o s D i g i t a i s

Ilustrações cidade de Lisboa:

- http://desenhoserpa.blogspot.pt/2010/04/lisboa-revisitada.html (acessado no dia 9 de

fevereiro)

- http://ricardopereiracabral.blogspot.pt/2008/04/lisboa-lisbon.html (acessado no dia 9 de

fevereiro)

Imagens da cidade de Lisboa nos finais século XIX :

- http://lisboaantiga.web.simplesnet.pt/ (acessado no dia 4 de fevereiro)

- http://joaotavora.blogs.sapo.pt/258587.html (acessado no dia 4 de fevereiro)

- http://www.eb23-cmdt-conceicao-silva.rcts.pt/sev/hgp/13.lx_xix.JPG (acessado no dia 4 de

fevereiro)

Vídeo com imagens de Lisboa nos finais século XIX:

- http://www.youtube.com/watch?v=ofB7OvCzubU (acessado no dia 4 de fevereiro)

Vídeo da leitura do poema Sentimento de Um Ocidental ( Um Poema por Semana – Paula

Moura Pinheiro):

- http://www.youtube.com/watch?v=DQ8R1xvtw1Y (acessado no dia 4 de fevereiro)