Capítulo 1
Globalização 2
Capítulo 2
Europa: aspectos naturais 28
Capítulo 3
Regionalização da Europa 54
Volume 1
capí
tulo
Globalização 1
As trocas comerciais, econômicas e culturais entre paí-
ses e regiões promovem um fluxo mundial de mercadorias,
tecnologias e capital financeiro. Isso interfere diretamen-
te em nosso cotidiano e nas transformações do espaço
geográfico.
Observe a imagem acima. Nela está escrito, em inglês,
que determinado produto foi projetado nos Estados Uni-
dos (designed in the USA), mas fabricado na China (made
in China). Por que isso ocorre? Você tem algum objeto que
não foi fabricado no Brasil ou que foi produzido aqui por
empresas estrangeiras? Como você imagina a relação entre
esse processo produtivo e a globalização?
• Origens e evolução da globalização
• Globalização e desigualdade
• Globalização e
impactos ambientais
• Europa: berço da globalização?
• A Ásia no contexto
da globalização
o que vocêvai conhecer
©Joe Raedle/Getty Images
2
Geografia
• Compreender as origens da globaliza-ção e sua relação com o processo de expansão internacional do capitalismo.
• Perceber a influência e a atuação das empresas transnacionais no processo de globalização.
• Identificar as características da glo-balização, considerando a integração econômica e cultural entre países.
• Compreender a importância das tec-nologias de comunicação e informa-ção no mundo globalizado.
• Analisar as contradições resultantes do processo de globalização.
• Identificar o papel da Europa e da Ásia no cenário da globalização.
objetivos do capítulo
Além de possibilitar muitas interpretações, o termo "globalização" costuma ser utilizado
em vários ramos de estudo para se entender o contexto socioeconômico e cultural contem-
porâneo, e cada um tem suas formas de compreendê-lo.
Usualmente, a globalização é considerada um fenômeno em que há um processo de in-
terdependência de países e de interação envolvendo diferentes espaços econômicos resul-
tantes das economias que passaram a se orientar para o mercado global. Além da relação
comercial e econômica entre países, a globalização abrange ainda a difusão de culturas, há-
bitos e conhecimentos entre os povos.
Vemos exemplos dessa difusão em nosso cotidiano: religiões orientais, como o budismo,
estão dispersas também no Brasil; diversas técnicas agrícolas, influências musicais (samba e
blues) e linguísticas, transmitidas pelos africanos; a música e o estilo de vida estadunidense,
entre outros. Do mesmo modo, aspectos da cultura brasileira se espalham, como o caso da
capoeira, prática esportiva ensinada ao redor do mundo. Assim, a globalização pode ser ana-
lisada tanto pela perspectiva comercial e econômica quanto pela humana e cultural, assim
como pela interdependência envolvendo esses aspectos.
Origens e evolução da globalização
Muitos estudiosos afirmam que o início desse processo ocorreu no período das Grandes
Navegações, que expandiu os domínios de países europeus sobre diversas nações do mundo.
No entanto, a globalização se intensificou no pe-
ríodo da Guerra Fria, com a aceleração do avanço
tecnológico e a expansão industrial dos Estados
Unidos e a hegemonia do capitalismo.
Templo budista em Grajaú, São Paulo, Brasil, 2017
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Diante da necessidade de aumentar os lucros e crescer, as grandes empresas industriais
intensificaram uma estratégia usada desde o início do século XX: instalar unidades de pro-
dução em países menos desenvolvidos economicamente. Assim, ocorreu a disseminação das
transnacionais, grandes empresas que espalharam escritórios e linhas de produção em vá-
rias regiões do planeta.
Atraídas por um mercado consumidor em crescimento, pela mão de obra barata e por
incentivos fiscais, as transnacionais ajudaram a intensificar o processo de industrialização
em vários países, a exemplo de Brasil, México e Argentina, além dos Tigres Asiáticos. Ao se
difundir mundialmente, a empresa transnacional rompe as fronteiras nacionais e estabelece
uma relação de interdependência econômica com raízes mais profundas, inaugurando o que
é chamado de economia-mundo.
Empresas transnacionais
Uma corporação transnacional é formada por um grupo de empresas de diferentes ramos que concentra capitais e interesses sob um único controle.
A grande expansão das empresas transnacionais faz com que a aplicação de capital, a tecno-logia, a mão de obra, o planejamento da produção e das vendas e, finalmente, o marketing sejam praticados em escala global. Isso significa que as etapas do processo de produção ultrapassam as fronteiras das nações de origem das empresas, ocorrendo em vários países.
Essas empresas atuam de acordo com seus interesses econômicos, e seu capital é deslocado para outras nações, independentemente de fronteiras, culturas ou sistemas políticos. As trans-nacionais podem distribuir as fábricas que produzem cada um dos componentes de uma mer-cadoria em regiões, países, estados e cidades que lhes sejam mais convenientes, buscando mão de obra e matérias-primas mais baratas, redução de impostos, além de mercados consumidores em expansão. Assim, uma empresa transnacional pode conceber um produto na Alemanha, de-senvolver seu projeto na França, fabricar os componentes na Coreia do Sul, realizar a montagem na China e comercializá-lo em todos os continentes. O capital se aproveita das vantagens que a diversidade do espaço mundial pode oferecer. Com isso, as empresas transnacionais aumentam a velocidade da produção, reduzem os custos e ainda melhoram a qualidade do produto final. Com a produção globalizada, a atividade industrial é realizada em uma imensa "fábrica" global.
saiba mais
O termo "mundialização" também é muito utilizado, sobretudo por geógrafos, sociólo-
gos e economistas franceses, para designar o contexto socioeconômico contemporâneo. De
modo amplo, as denominações "globalização" e "mundialização" têm significados aproxima-
dos, portanto referem-se ao mesmo fenômeno geral: o contexto socioeconômico e cultural
do mundo atual.
4
Geografia
Globalização e mundialização
O termo “globalização”, palavra de origem inglesa que se refere ao contexto socioeconômi-co do mundo contemporâneo, nem sempre pode ser definido de maneira precisa. Isso acon-tece em virtude da grande variedade de fenômenos sociais, uns de ordem mais cultural e outros de ordem econômica, que costumam estar associados a essa denominação. Aspectos triviais de nosso cotidiano podem ser entendidos como expressão de um contexto mais am-plo de globalização no qual estamos inseridos. Por exemplo: a disponibilidade de alimentos perecíveis em mercados espalhados a milhares de quilômetros dos locais de produção; ou a difusão, nos mais diversos países, de mercadorias produzidas de maneira padronizada por grandes empresas transnacionais; assim como personalidades e produtos simbólicos dessas empresas divulgados nas mais diversas mídias, tanto virtuais (sites de internet e redes so-ciais, por exemplo) quanto as mais tradicionais (televisão, rádio, revistas, jornais, etc.); ou, ainda, os rápidos fluxos financeiros que permitem a circulação de capitais financeiros por diferentes países e setores de atividade com grande agilidade.
Para alguns autores, entretanto, o termo “mundialização” contempla a análise econômi-ca do mundo, sob uma perspectiva mais financeira (crédito bancário, bolsa de valores, etc.) do que simplesmente a troca de mercadorias (importação e exportação) propriamente dita. Para outros, esse conceito também enfatiza a padronização e cada vez maior difusão de di-versos elementos culturais, como certos alimentos, idiomas, artistas e estilos musicais, em contraposição à diversificação cultural proporcionada pela miscigenação desses elementos com outras expressões de origem local ou regional.
SANTOS, Ueberson A. S. SPE Geografia: 9º. ano. Curitiba: Positivo, 2017. p. 5.
Globalização e tecnologia
A globalização também está relacionada ao uso de novas tecnologias de comunicação e
informação pelos governos e grandes corporações transnacionais. O impacto dessas tecno-
logias é tão grande que podemos falar de uma nova organização do espaço mundial, agora
globalizado, no qual ocorrem intensos fluxos de produtos, informações e pessoas.
©Shutterstock/HelloRF Zcool
Representação do fluxo de
informações. Vista da cidade de Shenzhen, província de Cantão, China
5
A nova configuração geográfica do mundo se organiza, em grande parte, por meio de
redes. A rede geográfica – do latim retis, que significa fio – é um conjunto de linhas interco-
nectadas que permitem a circulação de pessoas, mercadorias, energia, transportes, infor-
mações, etc. As redes podem ser materiais (gasodutos, oleodutos, linhas de trem, redes de
transmissão de energia, tubulações que conduzem água, etc.) e imateriais (transmissões de
rádio e TV por satélite, etc.).
Nos territórios do mundo atual, as redes geográficas têm o poder de ultrapassar as fron-
teiras dos países. Assim, as empresas transnacionais se apropriam das redes e investem cada
vez mais em sua logística, para movimentar seus negócios pelo mundo.
leitura cartográfica
Este mapa apresenta um bom exemplo de rede que abrange a escala mundial. Ele mos-
tra as relações internacionais existentes no comércio mundial de mercadorias. Observe-o e
responda às questões propostas.
Fluxo do comércio mundial
Fonte: CHARLIER, Jacques (Org.). Atlas du 21e siècle. Paris: Èditions Nathan, 2009. p. 168. Mapa A. Adaptação.
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Geografia
1 Em quais direções os fluxos comerciais são mais intensos?
2 Quais continentes ou regiões participam menos intensamente dos fluxos comerciais?
Na globalização, portanto, o fluxo de
informações e de pessoas aumenta diaria-
mente, tanto em volume quanto em velo-
cidade, fazendo com que o mundo pareça
estar mais próximo. No início do século XX,
por exemplo, uma viagem de automóvel
de São Paulo para o Rio de Janeiro durava
cerca de 30 dias. Na atualidade, demora em
torno de 4 horas por via terrestre e 40 mi-
nutos por via aérea.
Observe a imagem ao lado.
Explique a relação entre a expansão da globalização e o "encolhimento" do mundo, representado na imagem anterior.
Fonte: HARVEY, David. Condição pós- -moderna. 17 ed. São Paulo:
Loyola, 2008. p. 220.
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A evolução dos meios de transporte influenciou diretamente a expansão da globali-
zação, favorecendo o fluxo comercial e reduzindo o tempo de deslocamento de pessoas
e mercadorias. A globalização também está relacionada às inovações tecnológicas, em
especial as das áreas de telecomunicações e informática, que permitiram às instituições
financeiras e empresas trocarem informações. Isso facilitou o processo de integração dos
mercados internacionais.
Atualmente, a internet é um dos meios de comunicação mais utilizados no planeta.
Apesar disso, sua propagação é irregular, e ainda existem lugares onde o acesso à rede é
reduzido, como mostra o mapa abaixo.
Mundo: usuários de internet (%) – 2016
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Geografia
Talita Kathy Bora
Fonte: WORLD BANK. Individuals using the Internet (% of population – 2016). Disponível em: <https://data.worldbank.org/indicator/IT.NET.USER.ZS?end=2016&start=1960>. Acesso em: 17 fev. 2019. Adaptação.
9
leitura cartográfica
1 De acordo com o mapa Mundo: usuários de internet (%) – 2016, qual continente tem a maior parte de seus países com baixo número de internautas (menos de 20%)?
2 Caracterize a Europa em relação ao número de usuários de internet.
3 No Brasil, qual era a porcentagem de internautas em 2016?
4 Consulte um mapa-múndi e cite os países asiáticos mais conectados à internet (acima de 90%).
5 O mapa seguinte mostra o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países do mundo. Compa-re-o com o mapa anterior e escreva suas conclusões sobre a relação entre esses dados.
6 Conte quantos alunos da sua turma utilizaram a internet (de qualquer local) nos últimos três meses,
por computador, telefone celular ou outros dispositivos. Com isso, calcule a porcentagem equivalen-te (por exemplo: se 24 de 30 alunos usaram internet, isso equivale a 80% da turma). Após o cálculo, responda: A porcentagem encontrada é maior ou menor que a mostrada no mapa para o Brasil? Cite
um país cuja porcentagem é equivalente à de internautas de sua turma.
Mundo: IDH (2017)
Fonte: UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Human Development Reports. Table 1. Human Development Index and its components. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/composite/HDI>. Acesso em: 17 fev. 2019. Adaptação.
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Geografia
Globalização e desigualdade
Como é possível observar no mapa das páginas 8 e 9, a Europa e alguns países da Ásia
são regiões intensamente conectadas. Entretanto, o acesso à internet é reduzido em muitas
outras regiões da Ásia e do Pacífico. Coincidentemente, muitos desses países têm baixo nível
de desenvolvimento econômico. Isso ocorre porque, para implementar novas tecnologias, é
necessário grandes investimentos em infraestrutura de telecomunicações, o que, muitas ve-
zes, é impeditivo nos países mais pobres. Além disso, mesmo quando existe infraestrutura, a
população desses países não consegue adquirir os equipamentos (celulares, computadores
e outros eletrônicos) e arcar com o alto custo dos planos de acesso à internet.
Segundo a ONU, o acesso à internet é um importante indicador do desenvolvimento
socioeconômico dos países e deve ser considerado um direito das pessoas. Para esse órgão,
a internet pode impulsionar o desenvolvimento econômico, social e político dos países. En-
tretanto, é válido ressaltar que o mero acesso à internet não é suficiente para reduzir as
desigualdades: é preciso ajudar as pessoas a adquirir as habilidades necessárias para tirar
o máximo proveito da conexão. Afinal, a aquisição de conhecimentos só ocorre quando se
aprende a relacionar, questionar, modificar e analisar as informações obtidas na rede.
Internet muda hábitos e melhora a vida no interior da Amazônia
Na comunidade amazônica de Suruacá (PA), às margens do rio Tapajós, as antigas histórias e lendas da floresta deram lugar ao conto da tecnologia, cujos protagonistas são as redes sociais e o acesso à sociedade de consumo e sedução das grandes cidades. Se por um lado a instalação de antenas de telefonia e a propagação da internet no interior da Amazônia vêm mudando hábitos e transformando as culturas das comunidades, por outro também melhora a qualidade de vida das pessoas, a educação e a saúde e facilita as denúncias de ações ilegais e crimes ambientais.
“A presença do Estado aqui é muito pequena, temos uma tensão frequente devido à invasão de madeireiras ilegais. Precisamos fortalecer os líderes comunitários e dar mais condições de comunicação para que eles denunciem. Hoje, graças à internet e ao telefone, as comunidades amazônicas do Tapajós têm contato direto com Ministério Público, prefeituras e Brasília. Além disso, cresceu a demanda por cultura, saúde e educação de qualidade”, afirma Paulo Lima, um dos coordenadores do Projeto Saúde e Alegria, uma ONG que atua há 22 anos na região.
[...]
O coordenador do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino, explica que o acesso à internet na Amazônia está fazendo com que os moradores locais digam o que pensam e querem ao seu modo, in-vertendo a lógica de que quem está de fora é que determina suas vidas. Segundo ele, um trabalho forte entre a ONG e os líderes locais é feito para que os ribeirinhos se apropriem da tecnologia e mostrem ao mundo a sua cultura, sem estereótipos. Para isso, foi criada a rede Mocoronga, com blogs, rádio, jornal e TV, produzidos integralmente pelos amazônicos, com auxílio da ONG, e instalados telecentros.
saiba mais
TONETTO, Mauricio. Internet muda hábitos e melhora a vida no interior da Amazônia. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/educacao/internet-muda-habitos-e-melhora-a-vida-no-interior-da-amazonia,4a6ddc840f0da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html >. Acesso em: 21 fev. 2019.
11
O uso das novas tecnologias integra não só o indivíduo, mas
também nações inteiras ao cenário econômico global. Isso porque
se inserir no processo de globalização sem utilizar as novas tec-
nologias seria como tentar industrializar um país sem ter acesso
à eletricidade.
Essas tecnologias favorecem a abertura comercial das econo-
mias, e o crescimento econômico, acompanhado de políticas públi-
cas eficientes, pode reduzir a pobreza de uma população. Entretan-
to, alguns estudiosos afirmam que é impossível existir globalização
sem desigualdade, porque sempre haverá interesses hegemônicos
de um lado e subalternos do outro.
Um exemplo disso são as indústrias maquiladoras instala-
das no México, para onde grandes empresas dos Estados Unidos
migraram, visando reduzir gastos com mão de obra, impostos e
outros custos operacionais. Nesses casos, a maior parte do lucro
retorna para as empresas estadunidenses, criando-se uma divisão
do trabalho em que cargos menos especializados e de baixa remu-
neração fiquem no México, perpetuando a desigualdade.
O último relatório dos Objetivos do Desenvolvimento do
Milênio (2015) afirma que o progresso econômico verificado com
o processo de globalização aconteceu, porém em ritmo irregular
e de modo heterogêneo. O progresso tende a ser inferior de acor-
do com etnias específicas, mulheres, idosos, deficientes, entre
aqueles que pertencem a patamares de renda inferiores e vivem
nas zonas rurais.
Veja o exemplo seguinte, extraído do relatório.
1990 Projeção para 2015 Meta para 2015
0 50 100 150 200
Regiões em vias de desenvolvimento
Regiões desenvolvidas
15
100
47
6
Redução (%)
61%
53%
Meta
Meta
Taxa de mortalidade abaixo dos cinco anos, 1990 e 2015 (mortes por 1 000 nascidos vivos).
Fonte: ONU. Relatório sobre os objetivos de desenvolvimento do milênio: 2015. p. 32. Disponível em: <https://www.unric.org/pt/images/stories/2015/PDF/MDG2015_PT.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2019.
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Os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio
(ODM) foram elaborados por
líderes de diversos países no
ano de 2000, durante a Cúpula
do Milênio, com o objetivo
de erradicar a pobreza e
diminuir as desigualdades
mundiais por meio de ações
sustentáveis, com base em
oito metas que deveriam ser
atingidas em 15 anos. Segundo
a ONU, esses objetivos foram
efetivos na redução da pobreza
mundial, o que estimulou,
a partir de 2015, a criação
de metas mais abrangentes,
denominadas Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável
(ODS), compostos de 17 ações.
PNUD BRASIL. Objetivos de desenvolvimento sustentável. Disponível em: <http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-development-goals.html>. Acesso em: 28 maio 2019.
9. ano – Volume 112
Geografia
Os dados seguintes, levantados pelo Banco Mundial (2018), trazem um panorama da ques-
tão da desigualdade no mundo atual.
Fonte: BANCO MUNDIAL. Quase metade do mundo vive com menos de US$ 5,50 por dia. Disponível em: <https://www.worldbank.org/en/news/press-release/2018/10/17/nearly-half-the-world-lives-on-less-than-550-a-day>. Acesso em: 21 fev. 2019.
atividades
Escreva um parágrafo associando as informações do infográfico com as palavras "globalização" e "desigualdades".
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UM MUNDO DESIGUAL
conectadoAs redes sociais também podem ser utilizadas como ferramentas auxiliares na transforma-
ção da sociedade. O motivo é que facilitam a livre circulação de informação e a propagação de
ideias e de movimentos político-sociais, permitindo uma comunicação que transcende barreiras
geopolíticas e culturais. Desde o fim de 2010, elas permitiram que jovens árabes organizassem
protestos contra as más condições de vida, corrupção e repressão, levando milhares de mani-
festantes às ruas. Essa mobilização, denominada Primavera Árabe, iniciou-se na Tunísia e rapi-
damente se espalhou por vários países, como Argélia, Egito, Síria, Líbia, entre outros, resultando
em sérios confrontos entre população e governos, na queda de três ditadores e no banimento
de diversos políticos. No texto seguinte, leia sobre o papel das redes sociais nesse movimento.
13
Você já ouviu falar de algum movimento
social ocorrido no Brasil que tenha sido orga-
nizado pelas redes sociais? Conhece alguém
que já participou de alguma mobilização so-
cial e/ou política pela internet? Em sua opi-
nião, qual causa principal deveria mobilizar
nossa sociedade? Converse sobre esses as-
suntos com o professor e os colegas.
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Manifestantes tunisianos protestam contra o governo de Zine El Abidine Ben Ali, resultando em sua renúncia por
causa da pressão popular. Túnis, 2011
Redes sociais foram o combustível para as revoluções no
mundo árabe
A propagação do movimento conhecido como Primavera Árabe [...] não teria sido possível sem os recursos e dispositivos proporcionados pelas redes sociais. A conclusão foi tirada de um relatório divulgado pela Dubai School of Government, que indica a importância de servi-ços como Twitter e Facebook na disseminação e fortalecimento das manifestações populares que, em última instância, se espalharam pelo mundo.
Na Tunísia, ponto de partida da série de revoltas, o número de usuários cadastrados no Facebook aumentou consideravelmente em um período de apenas dois meses: 200 mil novos cadastrados entre novembro de 2010 e janeiro de 2011, segundo o estudo.
Foi justamente nessa época que os tunisianos foram às ruas para exigir a queda do presi-dente Zine El Abidine Ben Ali, que estava no poder há 23 anos.
[...]
Durante os protestos do mundo árabe, o Twitter foi amplamente utilizado para que muitos países ocidentais fossem informados a respeito do que acontecia nos países. Isso porque o acesso da imprensa internacional a alguns desses locais era muito restrito.
De certa forma, este cenário fez com que a cobertura e a repercussão da revolução não ficassem restritas aos países da região. O ranking dos assuntos mais comentados durante este ano no Twitter evidencia o fato de que, em muitas nações, os manifestantes encontraram bre-chas para utilizar o serviço e disseminar informações sobre os protestos.
[...]
Por conta do crescente uso das redes sociais pelos árabes nos países em revolução, muitos governos intensificaram o bloqueio e as restrições às ferramentas para evitar que as revoltas se fortaleçam.
[...]
BORGES, Thassio. Redes sociais foram o combustível para as revoluções no mundo árabe. Disponível em: <https://operamundi.uol.com.br/noticia/18943/redes-sociais-foram-o-combustivel-para-as-revolucoes-no-mundo-arabe>. Acesso em: 22 fev. 2019.
9. ano – Volume 114
Geografia
Existem diferenças entre os termos "consumo"
e "consumismo". O consumo é a aquisição
daquilo que necessitamos para viver e é parte
indissociável da vida, desde os primórdios da
humanidade. Já o consumismo se refere à
necessidade de atender a desejos materiais e
imateriais crescentes, e muitas vezes supérfluos,
nos quais a sensação de bem-estar se relaciona
à aquisição de bens de consumo. Por exemplo:
se alguém compra um carro porque precisa
dele para se deslocar diariamente ou viajar,
isso é um hábito de consumo. Mas se uma
pessoa, mesmo já tendo um carro, resolve
trocá-lo todo ano por um modelo mais novo, ou
precisa ter vários outros na garagem, isso pode
ser um sinal de consumismo, pois implica um
desejo de adquirir mais do que o necessário.
atividades
De acordo com o conteúdo estudado, assinale com X a alternativa correta em cada caso.
a) Muitos pesquisadores afirmam que o início desse processo ocorreu nos tempos das Grandes Navegações, que expandiram os domínios de países europeus sobre diversas nações do mundo.
( ) Globalização ( ) Expansão industrial
b) Período em que ocorreu uma intensificação do processo de globalização.
( ) Grandes Navegações ( ) Guerra Fria
c) Sistema político-econômico interligado ao processo de globalização.
( ) Capitalismo ( ) Socialismo
d) Estimuladas pela possibilidade de redução dos custos operacionais, essas empresas estão rela-cionadas ao processo de globalização da economia e à intensificação do processo de industria-lização dos países em desenvolvimento.
( ) Microempresas ( ) Empresas transnacionais
e) Para alguns estudiosos, esse conceito está relacionado à padronização e à difusão planetária de elementos culturais.
( ) Mundialização ( ) Globalização
f) Conjunto de linhas interconectadas que permitem a circulação de pessoas, mercadorias, ener-gia, transportes e informações.
( ) Redes geográficas ( ) Infraestrutura
g) Além da evolução dos meios de transporte, a globalização está diretamente associada ao de-senvolvimento desse tipo de tecnologia.
( ) Redes geográficas
( ) Tecnologias da comunicação e da informação
Globalização e impactos ambientais
O processo de globalização está profundamen-
te relacionado com os interesses do mercado, que
atuam no sentido de atender às diversas necessida-
des da sociedade, colocando à disposição das pes-
soas uma infinidade de produtos. Mas, em busca de
lucro, o mercado também age para intensificar o
comércio, criando necessidades supérfluas e orien-
tando nossos hábitos de consumo. Isso porque o
aumento de consumo significa maior circulação de
mercadorias, capitais e investimentos.
15
Outra questão relacionada à satisfação das necessidades de crescimento do mercado
é a tendência de se produzirem mercadorias descartáveis, um processo chamado obsoles-
cência programada.
A acelerada inovação tecnológica, uma das condições básicas da globalização, permite
que os produtos sejam renovados e superados de maneira constante, alimentando a linha
de produção e o desejo pelo novo, característica da sociedade atual. No entanto, esse avan-
ço tecnológico intensifica e amplia a degradação do ambiente, pois os recursos naturais,
utilizados direta ou indiretamente para a fabricação dos mais variados produtos, são finitos
e estão sendo pressionados pelo estímulo ao consumo crescente. A ampliação do desmata-
mento, a extinção de animais, o aumento da poluição atmosférica e hídrica, o esgotamento
dos recursos minerais e a produção de lixo são alguns dos impactos indesejáveis da globali-
zação sobre a natureza, relacionados à expansão do consumo.
Rumo a 4 bilhões de toneladas por ano
Sete bilhões de seres humanos produzem anualmente 1,4 bilhão de to-neladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) — uma média de 1,2 kg por dia per capita. Quase a metade desse total é gerada por menos de 30 países, os mais desenvolvidos do mundo. Se o número parece assustador, cenário ain-da mais sombrio é traçado por estudos da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Banco Mundial: daqui a dez anos [2024], serão 2,2 bilhões de to-neladas anuais. Na metade deste século, se o ritmo atual for mantido, tere-mos 9 bilhões de habitantes e 4 bilhões de toneladas de lixo urbano por ano.
Não faz muito tempo, a produção de RSU era de algumas dezenas de quilos por habitante por ano. Hoje, a maioria dos países mais industrializados gera mais de 600 quilos anuais per capita de lixo. Nos últimos 30 anos, o aumento do volume de lixo produzido no mundo foi três vezes maior que o populacional. O índice per capita de geração de lixo nos países mais ricos aumentou 14% desde 1990 e 35% desde 1980, aponta relatório do Banco Mundial. Em geral, essas taxas crescem em um ritmo ligeiramente inferior ao aumento do produto interno bruto (PIB).
[...]
Diz o estudo da ONU que de 20% a 30% dos orçamentos municipais já estão comprometidos com a coleta e destinação desses resíduos. [...] essa situação, além de prejudicar a economia, representa ris-cos à saúde e ao meio ambiente. A falta de coleta ou o descarte em locais inapropriados contamina o solo e os cursos d’água, a queima sem controle polui o ar e o baixo uso de materiais reciclados acelera o esgotamento dos recursos naturais.
Para o presidente da Iswa [Associação Internacional de Resíduos Sólidos], David Newman, a expli-cação é simples: a população, além de crescer rapidamente desde o século passado, também tem cada vez mais acesso à renda, o que aumenta o consumo e a produção de lixo. Países desenvolvidos produ-zem mais RSU por habitante porque têm níveis mais elevados de consumo. À medida que os países vão se tornando mais ricos, há uma redução gradual dos componentes orgânicos no lixo. A proporção de plásticos, metais e papel no lixo doméstico fica maior.
olhar geográfico
resíduos sólidos urbanos : é o lixo oriundo das atividades humanas nos centros urbanos, como matéria orgânica, plástico, vidro, metais, papel, papelão e outros (eletrodomésticos, vestuário, resíduos de construção civil, etc.).
9. ano – Volume 116
Geografia
[...]
Por isso, nas últimas décadas, cresceu muito a pressão sobre as economias mais ricas para acabar com a cultura de descartar um produto como lixo após um único uso. A filosofia ideal de gerencia-mento de resíduos se escora em metas claras: reduzir o consumo, reutilizar ou então reciclar os ma-teriais e, como último recurso, recuperar o conteúdo energético do que não puder ser reutilizado ou reciclado. O desafio é como harmonizar essas premissas com, por exemplo, a redução das desigualda-des sociais e econômicas.
Um estudo da Universidade de Columbia estimou que o consumo de energia e a geração de resí-duos sólidos per capita nos EUA são o dobro daqueles dos europeus e japoneses, que têm padrão de conforto similar. Em 2010, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental (EPA) daquele país, 34 milhões de toneladas de sobras de comida foram parar nas lixeiras.
Ou seja, uma mudança de hábitos de vida dos americanos produziria um impacto importante nas contas de energia e destinação de lixo.
RUMO a 4 bilhões de toneladas por ano. Em Discussão!, Brasília, ano 5, n. 22, p. 48-49, set. 2014. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/emdiscussao/residuos-solidos/residuos-solidos.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2019.
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Fonte: BANCO MUNDIAL. Que desperdício: uma revisão glogal do sólido – gestão de resíduos. Washington, 2012. Anexo J, p. 80-83. Disponível em: <https://siteresources.worldbank.org/INTURBANDEVELOPMENT/Resources/336387-1334852610766/What_a_Waste2012_Final.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2019.
De acordo com o texto, resolva as questões seguintes.
1 Em geral, os índices per capita de geração de lixo crescem em ritmo ligeiramente inferior ao aumen-to do Produto Interno Bruto (PIB). O que isso quer dizer?
17
2 Qual explicação justifica o aumento do volume de lixo produzido no mundo nos últimos 30 anos?
3 Quais são os problemas econômicos e ambientais relacionados ao aumento da produção de lixo urbano?
4 Cite três medidas para um gerenciamento mais eficiente de resíduos sólidos.
5 Por que a mudança nos hábitos de consumo dos americanos (estadunidenses) poderia reduzir o impacto nas contas de energia e destinação de lixo?
6 Observe os gráficos seguintes e, de acordo com os dados deles e o texto lido, resolva a questão.
Caracterize a diferença na composição do lixo dos países de alta renda e de baixa renda, em relação a resíduos alimentares e verdes, plástico, papel e metal. Explique essa diferença.
Composição do lixo de acordo com a renda dos países
Fonte: BANCO MUNDIAL. O que é um desperdício 2.0: um panorama global da gestão de resíduos sólidos para 2050. Washington, 2018. p. 30. Disponível em: <https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/30317>. Acesso em: 19 fev. 2019.
32%
5%
6%11%
25%
13%
4%4%
Países de alta renda Países de baixa renda
56%
1%
2%
27%
7%
6.4%
<1%
Metal
Outros
Papel e papelão
Plástico
Borracha e couro
Madeira
Resíduos alimentares e verdes (aparas de grama, galhos, flores e folhas)
Vidro
Fla
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01
9. D
igit
al.
9. ano – Volume 118
Geografia
Assim, muitos estudiosos afirmam que é preciso criar um modelo de desenvolvimento
sustentável, no qual nossas necessidades atuais possam ser satisfeitas sem comprometer as
das futuras gerações. Há quem acredite, no entanto, que os princípios da sustentabilidade
não são compatíveis com o modelo capitalista de produção, embasado em lucro e consumo
crescentes. Desse modo, é fundamental que as discussões sobre o progresso ultrapassem o
viés do crescimento econômico e se voltem também para o bem-estar da humanidade e do
planeta como um todo, propondo a redução das desigualdades e dos impactos ambientais.
Portanto, ao consumirmos, nós temos responsabilidade perante a sociedade e o meio
ambiente. Nesse sentido, podemos adotar práticas de consumo consciente, alinhadas aos
princípios da sustentabilidade, conforme explica o texto seguinte.
O consumo sustentável envolve a escolha de produtos que utilizaram menos recursos na-turais em sua produção, que garantiram o emprego decente aos que os produziram e que serão facilmente reaproveitados ou reciclados. Significa comprar aquilo que é realmente ne-cessário, estendendo a vida útil dos produtos tanto quanto possível. Consumimos de maneira sustentável quando nossas escolhas de compra são conscientes, responsáveis, com a compreensão de que terão conse-quências ambientais e sociais – positivas ou negativas.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. O que é consumo sustentável. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/conceitos/consumo-sustentavel.html>. Acesso em: 19 fev. 2019.
Pessoas chegam a acampar em filas à espera do lançamento de um modelo novo de celular.
Estrasburgo, França, 2014.
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ck/H
ad
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Alguns estudiosos afirmam que, atualmente, vivemos em uma sociedade de consumo. O que signi-fica esse conceito?
Europa: berço da globalização?
Alguns estudiosos associam a origem da globalização à hegemonia europeia no mun-
do, que se consolidou com as Grandes Navegações, nos séculos XV e XVI. Nesse período, o
comércio se desenvolveu tanto na própria Europa quanto em outras partes do mundo, ou
seja, diferentes partes do mundo se tornaram produtoras e consumidoras de mercadorias, o
que representou os primeiros passos rumo à integração dos mercados mundiais. Porém, as
relações comerciais entre colônias e metrópoles não ocorreram de forma equitativa, mas de
acordo com uma hierarquia de poder favorável a estas. Assim, a Europa fornecia mercadorias
e ficava com o lucro de sua comercialização, e as colônias forneciam as matérias-primas e o
trabalho, geralmente de escravizados.
19
A partir do século XVIII, o capitalismo passou por profundas mudanças, resultantes das
novas formas de organização do trabalho e das inovações técnicas, possibilitadas pela inven-
ção da máquina a vapor.
A Revolução Industrial alterou a estrutura de circulação do capital, pois o principal setor
da economia passou a ser o da produção, e não mais o do comércio. As indústrias inglesas
expandiram seu mercado não apenas em suas próprias colônias, mas também nas colônias
luso-hispânicas, por meio de acordos com os governos português e espanhol. Para tanto,
Inglaterra e França, as potências líderes do capitalismo industrial, começaram a defender o
chamado liberalismo econômico, ou seja, a diminuição da influência do Estado na economia
e a liberdade total de comércio, com o rompimento dos monopólios metropolitanos.
Nessa fase da globalização, os países europeus ainda detinham a hegemonia do incipien-
te comércio mundial. Isso porque suas colônias e países menos desenvolvidos se limitavam a
fornecer produtos primários, com menor valor agregado, enquanto os europeus produziam
e comercializavam produtos industrializados, de maior valor.
Durante a Guerra Fria (1945-1989), porém, os Estados Unidos e a União Soviética ascen-
deram no cenário global. Com isso, outras áreas, incluindo a Europa, ficaram subordinadas
aos interesses dessas duas superpotências. Nesse período, o progresso dos meios de comu-
nicação e transporte, graças ao avanço da tecnologia, promoveu maior integração mundial
em diversos setores.
Na década de 1960, a Europa já se recuperava da crise resultante da Segunda Guerra
Mundial e, com o Japão, passou a conquistar maior espaço no cenário econômico mundial.
Isso se intensificou com o fim da bipolaridade e o relativo declínio econômico estaduniden-
se, quando observamos a mundialização do capitalismo.
União Europeia: o maior mercado único
Atualmente, a Europa, especialmente os países que compõem
a União Europeia (UE), destaca-se no comércio mundial, como é
possível observar nos gráficos seguintes.
A União Europeia é uma
organização de integração
econômica, social e de
segurança que engloba 28
países europeus, por meio da
adoção de políticas comuns.
Fonte: PARLAMENTO EUROPEU. Posição da UE no comércio mundial em números. Disponível em: <http://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/priorities/globalizacao/20180703STO07132/posicao-da-ue-no-comercio-mundial-em-numeros>. Acesso em: 22 fev. 2019.
Fonte: PARLAMENTO EUROPEU. Posição da UE no comércio mundial em números. Dis-ponível em: <http://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/priorities/globalizacao/ 20180703STO07132/posicao-da-ue-no-comercio--mundial-em-numeros>. Acesso em: 22 fev. 2019.
Resto do mundo
China
UE
Estados Unidos
Japão
50,4
17
15,6
11,8
5,2
50,5
12,4
14,8
17,6
4,7
Exportaçõesmundiais de bens
Importaçõesmundiais de bens
Posição da União Europeia no comércio mundial: 2016 (%)
Resto do mundo
China
UE
Estados Unidos
Japão
33
15
22
24
6
Cota da União Europeia no PIB mundial: 2015 (%)
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9. ano – Volume 120
Geografia
O desenvolvimento econômico dos países europeus é facilita-
do pela qualidade das redes de comunicações, de infraestrutura
e de energia, que otimizam as transações comerciais entre as em-
presas. Além disso, os tratados de cooperação, como o que deu
origem à União Europeia, incentivam a integração econômica des-
ses países, abrindo as fronteiras para o capital financeiro europeu.
A Comissão Europeia é uma grande incentivadora da globa-
lização. No documento Controlar a globalização, publicado em
2017, a entidade afirma que a União Europeia colhe grandes benefícios advindos da globali-
zação, responsabilizando-a por tirar milhões de pessoas da pobreza: a cada 1 bilhão de euros
obtidos com exportações, são criados 14 mil novos empregos em toda a região. Além disso,
estima-se que um em cada sete postos de trabalho dependa das exportações. De acordo com
a Comissão, as importações, por sua vez, reduzem os preços aos consumidores europeus.
Entretanto, a publicação reconhece que existem desigualdades na distribuição desses
benefícios e cita os desafios impostos pela globalização, que devem ser superados. Por
exemplo, parte da população europeia culpa a globalização pelo desemprego, pelas práticas
comerciais injustas, pelos impactos ambientais e pela sensação de perda de identidade, em
virtude dos movimentos migratórios e da fluidez das fronteiras.
Os desafios impostos pela globalização aos europeus têm se
tornado uma justificativa para que alguns países da região insta-
lem políticas protecionistas.
Contudo, atualmente, a Comissão Europeia vem rejeitando o
protecionismo, por acreditar que, em médio e longo prazos, es-
sas medidas podem trazer resultados desastrosos. Essa entidade
sustenta que um aumento de 10% das restrições comerciais possa
resultar em uma redução de 4% no rendimento nacional.
Portanto, a prática do protecionismo é controversa: tanto
pode contribuir para o desenvolvimento do mercado interno e do
nível de emprego quanto pode perturbar a cadeia produtiva. Isso
porque os parceiros comerciais costumam retaliar medidas prote-
cionistas, aumentando taxas de importação e exportação, o que
resulta em aumento de custos e preços das mercadorias para os
consumidores. Com as exportações menos competitivas, há maior
risco de desemprego.
A Comissão Europeia é o
órgão executivo da União
Europeia, responsável pela
elaboração de propostas de leis
e pela execução das decisões
do Parlamento Europeu e do
Conselho dessa organização.
O protecionismo consiste
em uma prática de defesa do
mercado interno de um país
contra a concorrência externa. A
maneira mais comum de praticar
o protecionismo é restringir
as importações, por meio da
adoção de impostos sobre os
produtos importados. Outra
medida consiste em oferecer
vantagens aos produtores locais,
a fim de estimular a produção
interna e a competitividade. No
setor agropecuário, os países
costumam adotar normas
fitossanitárias mais rígidas,
desestimulando a entrada de
produtos vindos do exterior.
Segundo a Comissão Europeia, 45% dos europeus encaram a globalização como uma ameaça, sobretudo pela redução dos postos de trabalho. Com a globalização e a inovação tecnológica, o trabalho operário vem sendo substituído por máquinas. O número de postos de trabalho menos qualificados, em especial na indústria transformadora, está reduzido e esse tipo de desemprego é denominado "desemprego estrutural". Realize uma pesquisa na internet e conceitue essa expressão.
pesquisa
21
A Ásia no contexto da globalização
A globalização já passou por várias fases ao longo do tempo. Atualmente, vemos a Chi-
na como uma das grandes responsáveis pela intensificação desse processo, já que é hoje a
segunda maior economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas nem sempre foi
assim. O Japão e os países que compõem os Tigres Asiáticos também participam do cenário
econômico mundial em maior ou menor grau, dependendo do momento histórico em ques-
tão. É sobre esses países, além da Índia, que vamos enfocar os estudos a respeito do conti-
nente asiático e do processo de globalização.
Japão: uma potência capitalista
O Japão é uma das potências econômicas do mundo, apesar de seu reduzido território: é
líder das relações comerciais da Ásia com os países da orla do Pacífico; mantém considerável
influência na área do Oceano Índico; e tem forte atuação nas economias da Europa Ocidental
e dos Estados Unidos.
Na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lançaram bombas atômicas nas cidades
de Hiroshima e Nagasaki, obrigando os japoneses a se renderem. Após isso, os estaduniden-
ses ocuparam o Japão e impuseram um sistema de governo nos moldes das democracias oci-
dentais, procurando impedir o avanço do socialismo no Oriente e defender seus interesses
na região.
Os Estados Unidos ocuparam o Japão até 1952, promovendo mudanças políticas e eco-
nômicas, além de incentivar o crescimento industrial do país.
Em 1954, teve início um processo de grande crescimento econômico, baseado sobretu-
do nas indústrias eletroeletrônica, automobilística, naval, de aço e de máquinas. Gradativa-
mente, esses produtos foram ganhando qualidade, ao mesmo tempo que mantinham bons
preços no mercado internacional.
Após um período de estagnação de sua economia a partir da década de 1990, por causa
do colapso nos setores bancário e imobiliário, o Japão tem se recuperado, investindo ainda
mais no processo de internacionalização. Diversos grupos empresariais japoneses têm ad-
quirido o controle de empresas no exterior, passando a atuar, portanto, mundialmente.
A redução do crescimento de sua população, assim como seu envelhecimento, significa
uma diminuição do mercado interno. Isso também leva o Japão a orientar, cada vez mais, sua
economia para o mercado internacional, bem como contar com mão de obra estrangeira,
especialmente de descendentes de japoneses, que vêm ao país para trabalhar. Dados refe-
rentes ao ano de 2016, divulgados pelo Ministério do Trabalho do Japão, estimam que haja
mais de 1 milhão de estrangeiros trabalhando formalmente no país, e desses cerca de 10%
são brasileiros.
Na atualidade, o comércio internacional do Japão se caracteriza pela exportação de pro-
dutos com grande valor agregado, pelo uso de tecnologia avançada. Observe, no gráfico, os
países com os quais o Japão tem maior relação comercial.
22
Geografia
Fonte: SOLUÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO INTEGRADO. Exportações, importações e saldo comercial do Japão por país, 2017. Disponível em: <https://wits.worldbank.org/CountryProfile/en/Country/JPN/Year/2017/TradeFlow/EXPIMP/Partner/by-country#>. Acesso em: 21 fev. 2019.
Japão
Austrália
Chi
na
Hong Kong
Coreia do Sul
Outros asiáticosArábia Saudita
Estados Unidos
Outros
Japão: parceiros comerciais – 2017 F
lap
er.
20
19
. Dig
ita
l.
Tigres Asiáticos: modelo de eficiência e produção
Na Ásia, destacam-se ainda os chamados Tigres Asiáticos. Durante a Guerra Fria (1945-1989),
período de grande rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética, o Japão se sobressaiu
como potência mundial. Com isso, passou a servir de base e modelo para o desenvolvimento
de alguns países do Pacífico. Nessa época, a China e a Coreia do Norte ameaçavam o equilíbrio
de poder na região. Por serem países socialistas, o fato de se destacarem na Ásia representava
uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos em relação ao Japão e a seus parceiros.
Após o boom econômico do
Japão na década de 1970, quan-
do seu crescimento acelerado
chamou a atenção do mundo
para essa região, a ligação des-
se país com as nações asiáticas,
além do caráter cultural, comer-
cial e tecnológico, ganhou nova
dimensão: a de integração re-
gional e de interesses comuns.
Os países que se beneficia-
ram da política de apoio pro-
movida, principalmente, pelos
Estados Unidos e pelo Japão
foram chamados de Tigres
Asiáticos. São eles: Cingapu-
ra, Coreia do Sul e Taiwan (ilha
considerada província rebelde
pela China, com administração
própria), além de Hong Kong,
atualmente anexado à China.
Tigres Asiáticos
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
Ta
lita
Ka
thy
Bo
ra
23
Além dos países citados, Malásia, Tai-
lândia, Indonésia, Filipinas e Vietnã se des-
tacaram no processo asiático de valorização
econômica do espaço, com a priorização dos
investimentos em educação e especializa-
ção de mão de obra, e com a conquista de
mercados e avanço tecnológico. Esses paí-
ses ficaram conhecidos como Novos Tigres.
Por terem se tornado atraentes para o
capital externo e iniciado seu processo de
desenvolvimento bem mais recentemente,
Filipinas e Vietnã vêm sendo chamados de
Novíssimos Tigres.
O que mais chama a atenção nesses paí-
ses é a presença de grupos transnacionais, que investem grandes somas de capital e know-
-how para promover o desenvolvimento industrial e tecnológico.
Os fatores que determinam o crescimento acelerado de sua economia são: o baixo custo
da mão de obra: o grande contingente populacional; os incentivos fiscais por parte do Esta-
do; e as facilidades para a exportação.
Os Tigres Asiáticos despontaram no cenário internacional no início da década de 1980,
em virtude de sua capacidade de produzir superávits na balança comercial. A expansão das
exportações começou a dar sinais de esgotamento quando o custo trabalhista ficou tão caro,
ou até mais, quanto o dos principais parceiros comerciais. Para completar, o Japão deixou
de ser um grande comprador, e a China se tornou um grande produtor. A concorrência com
a gigantesca economia chinesa pode ser uma das razões desse complexo problema. Com a
abertura da economia aos investidores estrangeiros, a China soma volumes consideráveis de
poupança interna, capazes de sustentar um crescimento econômico duradouro.
China: a nova potência
Atualmente, a China é considerada uma superpotência econômica, com influência global.
Em 2010, tornou-se a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Após 1976, com a morte do líder comunista Mao Tsé-Tung, que governou o país por qua-
se 30 anos, a China passou por profundas modificações internas, que a levaram à abertura
das relações diplomáticas e comerciais e ao aumento da produção para exportação.
O gigantesco projeto de modernização da China é norteado por princípios políticos do
socialismo, mas a abertura em curso admite a economia de mercado capitalista. Essa é a
peculiaridade do chamado modelo chinês, que define a China como um país socialista de
mercado – isto é, com abertura comercial, porém submetido a um rígido controle político.
Atualmente, o país é um dos maiores exportadores do mundo e recebe grandes somas
de investimentos estrangeiros. A globalização da economia se acelerou em 2001, com a en-
trada do país na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a consequente adoção de medi-
das de liberalização do comércio exterior.
Novos Tigres Asiáticos
Ta
lita
Ka
thy
Bo
ra
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
24
Geografia
pesquisa
A Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma organização internacional composta de164 países, que representam 98% do comércio mundial. Entre suas atribuições, está a formulação de regras que regulam o comércio entre as nações. Pesquise reportagens que tratem de disputas comerciais entre países e que foram mediadas por essa organização. Anote, em forma de tabela, os países envolvidos, os motivos da disputa e quais as ações da OMC para resolver a situação.
Na China, existem muitas parcerias com empresas estrangeiras, assim como inúmeras
pequenas e médias empresas nacionais, que tornam a economia mais dinâmica. Foram de-
finidas ainda Zonas Econômicas Especiais (ZEE), nas quais os investimentos estrangeiros
diretos são acolhidos em setores ou ramos permitidos pelo governo. Além disso, a exis-
tência de um grande contingente populacional resulta em ampla oferta de mão de obra,
o que mantém os custos salariais baixos. Esse fator estimula as empresas estrangeiras a
abrir linhas de montagem em território chinês, a fim de reduzir os custos operacionais. Des-
se modo, muitos objetos comuns no cotidiano dos brasileiros, como smartphones, roupas
e calçados de marcas estadunidenses, são muitas vezes produzidos na China, em virtude
dessas vantagens.
Nos últimos 30 anos, a economia chinesa cresceu em um ritmo superior à economia bra-
sileira e à do restante do mundo. É o que mostra o gráfico a seguir.
12,24
19,39
2,06
4,87
3,68
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
1990 2000 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Tril
hões
de
dóla
res
ESTADOS UNIDOS
CHINA
JAPÃO
ALEMANHA
BRASIL
Evolução do PIB: 1990-2017 (US$)
Fla
pe
r. 2
01
9. D
igit
al.
Fonte: BANCO MUNDIAL. GDP (current US$). Disponível em: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD?end=2017&start=1960&year_high_desc=true>. Acesso em: 20 fev. 2019.
25
Com base no gráfico da página anterior, responda às questões seguintes.
1 Em que ano, aproximadamente, a China ultrapassou o Japão como segunda maior economia do mundo?
2 Até que ano, aproximadamente, Brasil e China tinham o mesmo desempenho econômico? Qual o comportamento do gráfico após esse período?
olhar geográfico
Apesar de a economia chinesa ter desacelerado nos últimos anos, ela ainda cresce em
ritmo superior à média global, por isso tem sido considerada um dos principais pilares da
globalização. Isso pode ser constatado facilmente, quando vemos, em nosso cotidiano, pro-
dutos com a indicação made in China, já que o Brasil é um dos principais parceiros comerciais
desse país.
Índia: tecnologia de ponta
A Índia é outro país asiático que se destaca no cenário da globalização. O país intensifi-
cou sua caminhada rumo à abertura internacional da economia na mesma época que o Brasil,
na década de 1990. Mas a Índia tem dois trunfos em relação à globalização: o fato de contar
com um grande mercado consumidor interno, já que é o segundo país mais populoso do
planeta, com 1,3 bilhão de habitantes; e a qualidade de sua mão de obra especializada, pois,
ao contrário de outros países emergentes como a China e o Brasil, a Índia exporta produtos
de alta tecnologia, especialmente softwares, desenvolvidos por importantes universidades
e centros de pesquisa e ensino.
Ainda assim, a eco-
nomia indiana fica bas-
tante atrás de outras
potências asiáticas, em-
bora seu crescimento
tenha se mantido cons-
tante desde a década
de 1990. É o que mos-
tra o gráfico ao lado.
ÍNDIA2,60
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
1990 2000 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Tril
hões
de
dóla
res
Índia PIB (US$)
Índia: evolução do PIB – 1990-2017F
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20
19
. Dig
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l.
Fonte: BANCO MUNDIAL. GDP (current US$). Disponível em: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.
CD?end=2017&start=1960&year_high_desc=true>.
Acesso em: 23 fev. 2019.
26
Geografia
1 Leia a seguinte afirmação, feita pelo geógrafo Milton Santos em seu livro Por uma outra globaliza-ção (2005, p. 23), e explique o que ele quis dizer com ela.
“A globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista.”
2 Leia um trecho da canção Banda larga cordel, do compositor brasileiro Gilberto Gil.
o que já conquistei
Rodovia, hidrovia, ferrovia
E agora chegando a infovia
Pra alegria de todo o interiorGIL, Gilberto. Banda larga cordel. Intérprete: Gilberto Gil.In: _____. Banda larga cordel. Rio de Janeiro: Geleia Geral/Warner, 2008. 1 CD, digital, estéreo. Faixa 15.
a) A canção se refere a dois elementos que estão diretamente associados ao processo de globali-zação. Quais são eles?
b) O que o compositor quis dizer com “a infovia/pra alegria de todo interior”? Você concorda com ele?
3 Segundo uma pesquisa realizada em 21 países no ano de 2012, 41% das pessoas entrevistadas disse-ram que a China é a maior potência econômica mundial e 40% acreditam que são os Estados Unidos.
a) Qual grupo consultado na pesquisa está correto? Comente os fatores que comprovam a escolha.
b) Cite três fatores que facilitaram a introdução da China no mercado globalizado.
4 Para muitos pesquisadores, a mundialização está associada à padronização das culturas. Cite exem-plos de como isso se mostra na sociedade em que você vive, em relação aos hábitos e às manifesta-
ções culturais.
27
capí
tulo Europa: aspectos
naturais 2
• Eurásia: um
continente, várias culturas
• Relevo e hidrografia
da Europa
• Clima e vegetação
da Europa
• Recursos naturais e fontes de energia
Apesar da pequena extensão territorial, a Europa tem uma
grande diversidade de paisagens naturais, resultantes da dinâ-
mica existente entre os diversos tipos de clima, relevo, vegeta-
ção e hidrografia. Essas paisagens contemplam uma gama de
recursos naturais, que contribuíram diretamente na configura-
ção do espaço geográfico do continente, pois foram, e ainda
são, essenciais para o estabelecimento das atividades econô-
micas desenvolvidas ao longo de vários séculos.
A extração do carvão possibilitou o desenvolvimento da in-
dustrialização e da urbanização nas grandes planícies da Euro-
pa. Você conhece outros exemplos de atividades econômicas
desenvolvidas com base nas características naturais de deter-
minada região? Como o ambiente natural pode contribuir para
a existência de atividades econômicas?
o que vocêvai conhecer
©blickwinkel/Schuetz/Alamy/Fotoarena
Região industrial em Duisburgo, no Vale do Ruhr, Alemanha, 2018
28
Geografia
• Entender os determinantes geográ-ficos e culturais que condicionam a separação do continente eurasiático entre Europa e Ásia.
• Identificar e explicar as principais características naturais da Europa.
• Reconhecer as inter-relações dos aspectos naturais da Europa e entre eles e a sociedade.
• Compreender a relação entre as características naturais, a oferta de recursos naturais e as atividades eco-nômicas desenvolvidas na Europa, com base em diferentes fontes de energia.
• Reconhecer os impactos da explora-ção dos recursos naturais no ambiente.
objetivos do capítulo
Eurásia: um continente, várias culturas
Observe o mapa seguinte.
Limite físico entre Europa e Ásia
Ta
lita
Ka
thy
Bo
ra
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
É possível notar que parte dos continentes africano, europeu e asiático se constitui uma
única e contínua porção de terras emersas. O bloco formado pela Europa e pela Ásia, sob
uma perspectiva geológica, é conhecido por Eurásia ou continente eurasiano.
Esse continente se formou após a divisão da Laurásia, que era a porção norte do super-
continente Pangeia, formado há cerca de 260 milhões de anos.
Contudo, é possível regionalizar esse continente em duas partes – Europa e Ásia –, utili-
zando critérios tanto físicos quanto culturais e históricos.
As fronteiras entre os dois continentes mudaram várias vezes ao longo da história. Os
limites físicos entre esses dois continentes, demarcados em vermelho no mapa acima, são os
Montes Urais, os mares Negro e Cáspio e as montanhas do Cáucaso. Esses limites coincidem
com as fronteiras de alguns países asiáticos, como o Cazaquistão e o Azerbaijão, mas também
abrangem países considerados parte europeus e parte asiáticos, como a Turquia e a Rússia.
29
Esses dois continentes são bastante distintos entre si em virtude de suas tradições his-
tóricas e culturais. Por exemplo, na Europa, os cristãos são maioria e, na Ásia, constituem
minoria. Na Ásia, há maior pluralidade de línguas e culturas, como árabe, hindu e chinesa, e
suas respectivas línguas e religiões, que possibilitam diversas sub-regionalizações.
Diante dessas e de outras diferenças, a divisão da Eurásia entre Europa e Ásia é conside-
rada também a fronteira entre os mundos ocidental e oriental, respectivamente. A expressão
"mundo ocidental" tem sido aplicada ainda a outras regiões ligadas historicamente à Europa,
como a América, resultante das imposições colonialistas, conforme explica o texto a seguir.
Ocidente oriente
[...]
O que predomina no longo dessa história, compreendendo sempre também a geografia, é o Ocidente sobre o Oriente.
[...] Desde fins do século XV, está em andamento a acumulação originária na Europa Oci-dental, processo esse de grande envergadura, envolvendo feitorias, entrepostos, capitanias, enclaves e colônias, bem como a pirataria e a instituição de várias modalidades de trabalho compulsório, dentre as quais se destaca o regime de trabalho escravo. Sim, a acumulação ori-ginária está na base das grandes navegações marítimas, dos descobrimentos e das conquis-tas que os europeus realizam em praticamente todos os continentes, ilhas e arquipélagos. Passam pela exploração de recursos e produções locais a escravatura, a pirataria e, portanto, o estabelecimento de sistemas coloniais. É assim que se formam e desenvolvem os sistemas coloniais espanhol, português, holandês e inglês, além de outros. Aos poucos, no longo dos séculos XIX e entrando pelo XX, formam-se os vários sistemas imperialistas, abarcando colô-nias e estados nacionais formalmente soberanos, como os que se criam com a primeira onda de descolonização ocorrida no Novo Mundo, no fim do século dezoito com a independência dos Estados Unidos da América do Norte, e nos começos do século dezenove com a indepen-dência de colônias ibéricas. O imperialismo compreende uma fase já bastante avançada do capitalismo, e em escala mundial, como modo de produção e processo civilizatório. Tanto é assim que na passagem do século XIX ao XX o mundo todo está desenhado, cartografado e dividido entre as nações imperialistas, compreendendo principalmente a Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Itália, Portugal, Rússia e Japão. São vários e diferentes os sis-temas imperialistas sob os quais são colocados a Índia, a Indochina, a China, a Oceania, a África e inclusive os estados nacionais da América Latina e do Caribe.
Nesse sentido é que o mercantilismo, o colonialismo e o imperialismo desempenham pa-péis decisivos no desenho dos contornos e meandros do Oriente e Ocidente.
[...]
IANNI, Octavio. Ocidente Oriente. In: XX Encontro Anual da Anpocs, Caxambú, MG, 22-26 out. 1996. Grupo de Trabalho 21: Sociologia da Cultura Brasileira. Disponível em: <http://anpocs.com/index.php/encontros/papers/20-encontro-anual-da-anpocs/gt-19/gt21-13/5459-octavioianni-ocidente-oriente/file>. Acesso em: 27 fev. 2019.
30
Geografia
Em seus estudos, o sociólogo Octavio Ianni, autor do texto que você leu na página an-
terior, afirma que as relações entre Ocidente e Oriente adquiriram outros significados na
atualidade. Estes envolvem não apenas a ocidentalização do mundo, mas também sua orien-
talização. No caderno, cite exemplos que confirmem essa afirmação.
Diante desses argumentos, apesar da união física, vamos estudar o continente euroasiá-
tico separadamente, entre Europa e Ásia. Para facilitar os estudos sobre a Europa, regiona-
lizaremos o continente europeu em quatro conjuntos espaciais: Europa Ocidental, Europa
Setentrional, Euro-
pa Centro-Oriental
e Europa Meridio-
nal. No próximo ca-
pítulo, no entanto,
o estudo dessas
regiões será mais
aprofundado levan-
do em consideração
aspectos históricos
e socioeconômicos.
Relevo e hidrografia da Europa
Observe o
mapa ao lado.Europa: relevo e hidrografia
Europa: divisão regional
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
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Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro,
2016. Adaptação.
31
De maneira geral, as paisagens naturais europeias apresentam os elementos seguintes.
Relevo: destacam-se as extensas planícies na porção setentrional do continente; os pla-
naltos, de altitudes modestas, nas porções centro-oriental, meridional e setentrional; nas
porções meridional e ocidental, há áreas elevadas, com formações montanhosas antigas
e recentes, como os Pirineus, entre a França e a Espanha; os Alpes, que se estendem da
França até a Eslovênia; o Cáucaso, na divisa entre Ásia e Europa; os Apeninos, na Itália; os
Montes Urais, na Rússia; os Bálcãs, da Eslováquia ao norte da Grécia.
A extensa planície europeia merece destaque no relevo europeu, especialmente porque sua
gênese reuniu condições favoráveis para o desenvolvimento do carvão mineral. Há cerca de 300
milhões de anos, essa região era ocupada por pântanos que, com o tempo, foram cobertos por
sucessivas camadas de sedimentos. A pressão de forças tectônicas sobre os restos orgânicos re-
sultou na formação do carvão mineral. Durante a Revolução Industrial, a exploração desse recur-
so nas bacias sedimentares de Reino Unido, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Polônia, Ucrânia e
Rússia resultou na reconfiguração do espaço geográfico. Isso se deu com o crescimento de mui-
tas cidades, e a integração entre elas, as minas de carvão e as indústrias por meio de ferrovias.
Hidrografia: rica e diversificada, é utilizada como meio de transporte e geração de energia
elétrica, em muitos trechos. A maioria dos países europeus com economia desenvolvida
investe no transporte hidroviário por ser mais barato, principalmente para o transporte
de grandes volumes de mercadorias e cargas pesadas. Embora o deslocamento seja mais
lento, a ampla rede hidroviária, que liga quase todo o território europeu, reduz o custo
final dos transportes. Grandes civilizações do passado se desenvolveram próximo a rios
do continente, dando origem a importantes cidades: Londres, capital do Reino Unido,
às margens do Rio Tâmisa; Paris, capital da França, às margens do Rio Sena; e as cidades
alemãs Hamburgo, no Rio Elba, e Colônia, no Rio Reno.
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Vilarejo nos Alpes Franceses com vista para o Monte Branco (ao fundo). Vale Tarentaise, França, 2012
O Rio Reno tem grande importância econômica, funcionando como hidrovia para o escoamento de produtos agrícolas e industriais.Dusseldorf, Alemanha, 2018
Os Alpes são um dobramento moderno que se destaca na região ocidental da Europa,
incluindo principalmente a Suíça e a Áustria. Nessa cadeia montanhosa, encontra-se o Monte
Branco (Mont Blanc), o segundo mais alto da Europa, com 4 810 metros.
Ainda na porção ocidental, cabe destacar as planícies dos Países Baixos, formadas pela
planície marinha e a do baixo curso do Rio Reno, onde estão os territórios da Bélgica e dos
Países Baixos; a Parisiense, uma área de sedimentação dos rios Sena e Loire; as planícies
32
Geografia
olhar geográfico
do leste e do sul das ilhas britânicas, incluindo a bacia de sedimentação de Londres; e a da
região do Rio Elba, na Alemanha, que, por ter se formado em grande parte sobre bacias sedi-
mentares no fim da Era Paleozoica, apresenta significativas jazidas carboníferas.
Nessa região, estão localizados rios de grande importância local: o Tâmisa, que atravessa
a capital inglesa; o Sena, o Loire e o Ródano, na França; o Elba e o Spree, na Alemanha.
O Rio Ródano é uma via de transporte fundamental para o petróleo, que chega à Europa
pelo Porto de Marselha, no sul da França. Contudo, é o Rio Reno que cumpre papel essencial
na interligação regional. Ele nasce nos Alpes Suíços, percorre 1 326 quilômetros – banhando
Suíça, Liechtenstein, Alemanha, França e Países Baixos – e desemboca no Mar do Norte, ao
lado do Porto de Roterdã.
Cidades alemãs de grande porte se alinham ao longo do Reno: Friburgo, Mannheim, Co-
lônia, Essen e Bonn (capital da Alemanha Ocidental no período em que o país esteve divi-
dido). Na bacia do Rio Reno, situa-se ainda uma das áreas industriais mais desenvolvidas
da Europa. O Rio Ruhr, um de seus afluentes, centraliza o que muitos consideram o maior
complexo industrial europeu. Nas margens do Rio Meno, outro afluente, localiza-se o centro
comercial de Frankfurt, o mais importante da Alemanha.
O vale do Tâmisa é habitado há séculos, desde a época dos romanos. Sua importância
como rota de comércio também foi fundamental durante a Revolução Industrial, quando di-
versas indústrias se instalaram em suas margens, em especial na região de Londres. Por esse
motivo, ele se tornou extremamente degradado, até que passou por um grande projeto de
despoluição, conforme explica o texto seguinte.
O caso Tâmisa
Em 1878, 600 passageiros do navio a vapor Princess Alice morreram em Barking, na região leste da Grande Londres, após a embarcação colidir e ir a pique. O principal vilão da tragédia não foi o afundamento: as vítimas foram intoxicadas pela poluição das águas do Rio Tâmisa enquanto nadavam para alcançar as margens.
O drama do Princess Alice é um exemplo das condições em que o rio de 346 quilômetros de extensão, o maior da Inglaterra, se encontrava na época vitoriana. A água despejada pelas indústrias e os dejetos provindos dos recém-inventados vasos sanitários fluíam diretamente para o rio ao longo de cidades importantes como Oxford, Windsor, Kingston, Richmond e Londres. A vida selvagem, peixes, mamíferos e aves agonizavam. Para piorar, os londrinos bebiam água retirada sem tratamento, o que resultou na morte de milhares de pessoas.
A situação só mudou para valer a partir de 1957, quando os níveis de poluição chegaram a um grau tão elevado que o Tâmisa foi declarado biologicamente morto. A água tinha pouco oxigênio e não suportava nenhuma forma de vida. Do lodo depositado no fundo emanava um insuportável cheiro de “ovo podre” que obrigou a suspender sessões do Parlamento, em 1858. Desde então, o governo central e as prefeituras ao longo do rio começaram uma guerra coor-denada, sem tréguas, contra a poluição.
33
Em 1855, o renomado cientista Michael Faraday escreveu uma carta reclamando do grave problema da poluição do Rio Tâmisa. Ela foi publicada em vários jornais da época. No mesmo ano, o ilustrador John Leech publicou um cartum na revista de humor Punch, retratando Faraday entregando a carta ao “pai Tâmisa” (a personificação do rio na mitologia), esperando que ele o consultasse para resolver o problema da poluição.
Uma legislação ambiental rígida obrigou as fábricas a eliminar o despejo de poluentes nos 20 tributários do rio. O sistema de tratamento do esgoto da região metropolitana de Londres (atualmente com 8 milhões de habitantes) foi aperfeiçoado. O problema recorrente das en-chentes foi resolvido em 1980 com a construção da Barragem do Tâmisa. Trechos de concreto que impermeabilizavam as margens (como se
vê atualmente nas margens do Rio Tietê na capital de São Paulo) foram retirados pela Agên-cia de Meio Ambiente, responsável pelo manejo do rio hoje atravessado por 214 pontes e 20 túneis. Abriu-se espaço, assim, para solos de lama e mais de 400 hábitats para vida selvagem.
O conjunto de ações devolveu vida ao Tâmisa. Atualmente, há 125 espécies de peixes e 400 espécies de invertebrados povoando as águas e as margens.
[...] O Tâmisa nunca esteve tão limpo em 150 anos. Mas a guerra contra a poluição deve ser perene, advertem as autoridades. O antiquado sistema de drenagem e esgoto conjugado da capital, construído na era vitoriana para uma população menor, precisa ser refeito. Todo material orgânico e inorgânico transportado deve ser integralmente tratado. Com o sistema no limite, consertos de encanamento malfeitos e despejo inadequado de lixo, de pet, de sacos plásticos e de óleo podem agravar os problemas e voltar a apresentar risco à população.
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ARAIA, Eduardo. O caso Tâmisa. Planeta, São Paulo, ed. 475, 1º. abr. 2012. Disponível em: <https://www.revistaplaneta.com.br/o-caso-tamisa/>. Acesso em: 4 mar. 2019.
De acordo com o texto, resolva as questões seguintes.
1 Quais motivos contribuíram para a poluição das águas do Rio Tâmisa?
2 Cite três medidas responsáveis pela recuperação do Rio Tâmisa.
34
Geografia
3 As autoridades consideram a questão da poluição do Rio Tâmisa um processo encerrado. Essa afir-mativa é verdadeira ou falsa? Por quê?
4 Na cidade onde você mora, existe algum rio que apresenta os mesmos problemas que o Tâmisa sofria há 150 anos? Em caso afirmativo, você sabe o que tem sido feito para recuperar suas águas? Que atitudes você e sua família podem ter para contribuir com a redução da poluição dos rios?
Na Europa Setentrional, os Alpes Escandinavos são a princi-
pal formação montanhosa da região. Eles se estendem próximos
ao litoral, no sentido norte-sul. Suas elevações são acompanha-
das de planaltos, com lagos e vales glaciais formados pela ero-
são do gelo e, depois, invadidos pela água do mar, originando os
fiordes, comuns principalmente no litoral norueguês.
Nessa região, existem também planícies e depressões. Criadas pela erosão glacial, essas
depressões originaram considerável quantidade de lagos, pelo movimento do gelo maciço
que havia sobre elas, que recuou após a última idade do gelo, há cerca de 20 mil anos.
Os lagos são bem numerosos no sul da Finlândia, e os de maior extensão se localizam
entre a Estônia e a Rússia (Peipus) e ao sul da Suécia (Vänern e Vättern). A Rússia também
apresenta grande quantidade de lagos glaciais, entre os quais se destacam o Ladoga, com
cerca de 18 mil km², e o Onega, com quase 10 mil km².
Neves eternas no Pico Kebnekaise, Alpes Escandinavos, Suécia, 2011
Cidade portuária de Mariestad, à beira do Vänern, maior lago sueco, 2018
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fiordes: consistem em vales estreitos, com paredões íngremes
invadidos pelo mar, originados pela erosão glacial oriunda da ação de derretimento e expansão de geleiras.
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Vista panorâmica de parte dos Montes Urais, Yamal, Rússia, 2009
Já os rios de maior destaque nascem na região dos Alpes Escandinavos, alguns em lagos
glaciais, e são aproveitados especialmente para a produção de eletricidade.
Parlamento húngaro às margens do Rio Danúbio, Budapeste, Hungria, 2012
Na porção centro-oriental do continente, os Montes Urais, considerados a fronteira na-
tural entre a Europa e a Ásia, constituem o elemento físico mais expressivo. Em seu entorno,
encontram-se importantes jazidas de carvão, ferro e cobre, que são exploradas economica-
mente. Destaca-se ainda o Planalto Central Russo, outro maciço antigo.
Mais ao sul dessa região, estão localizados: as formações do Cáucaso, na fronteira entre
a Geórgia e a Rússia, onde se encontra o Monte Elbrus, pico mais alto da Europa, com 5 633
metros de altitude (observe sua localização no mapa de relevo e hidrografia da Europa, pá-
gina 31); e os Cárpatos, cadeia que se estende da Eslováquia à região da Transilvânia, na
Romênia, onde há picos que ultrapassam os 2 mil metros.
Quanto à hidrografia, os dois rios mais extensos do continente europeu estão nes-
sa região: o Volga e o Danúbio, o qual banha capitais importantes, como Viena (Áustria),
Budapeste (Hungria) e Belgrado (Sérvia).
A posição da bacia do Danúbio (rio principal da bacia, com 2 860 quilômetros de exten-
são) é extremamente importante para a navegação. O motivo é que ele permite o escoa-
mento de toda a produção do centro-leste para o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo, o qual é
ponto de partida para os principais mercados mundiais.
O Rio Volga é o mais extenso da Europa, com 3 531 quilômetros. Ele nasce no Planalto
Central Russo e percorre áreas relativamente baixas, em grande parte planícies. É muito
utilizado para a navegação, embora o transporte em seu curso seja dificultado pelo congela-
mento de suas águas no inverno, em especial na porção norte.
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Plantações de uva (parreiras) no vale do Rio Douro, Vila Real, Portugal, 2010
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Cordilheira dos Pireneus, divisa da França com a Espanha, 2014
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Geografia
AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE. Sinais 2018: água é vida. 2018. p. 13-14. Disponível em: <https://www.eea.europa.eu/pt/publications/aea-sinais-2018-agua-e-vida>. Acesso em: 4 mar. 2019.
No aspecto físico, a porção meridional do continente é dominada por áreas montanho-
sas: o sul dos Alpes, que se ligam aos Apeninos, na Itália, e aos Alpes Dináricos, na Península
Balcânica; e os Pireneus, entre a França e a Espanha, que se alongam principalmente sobre a
Espanha. Na ilha da Sicília, na Itália, situa-se o Etna, o mais alto vulcão ativo da Europa, com
3 340 metros de altitude.
O relevo regional apresenta formações em que o calcário e outras rochas sedimentares
dão origem a elevações consideráveis, como as encontradas no sul da França (Alpes Maríti-
mos) e na região turística da Côte d’Azur (Costa Azul) ou Riviera Francesa. Na Grécia, também
há esse tipo de formação calcária, originando montes e colinas. Essas formações abrigam
muitas cavernas com lagoas subterrâneas, estalactites, estalagmites e colunas, esculpidas
pela fácil infiltração da água em rochas calcárias.
As planícies são pouco extensas, destacando-se a Planície do Pó, no norte da Itália, e
pequenas extensões de sedimentação marinha.
Quanto à hidrografia da região, há rios de importância local: Tejo, Douro, Minho, Ebro e
Guadalquivir, na Península Ibérica; e Pó, Tibre e Arno, na Itália.
olhar geográfico
Utilização da água na Europa: a quantidade e a qualidade enfrentam grandes desafios
[...] Apesar da abundância relativa de recursos hídricos em certas partes da Europa, a disponibilidade de água
e a atividade socioeconómica estão distribuídas de forma desigual, o que conduz a grandes diferenças nos
níveis de stress hídrico ao longo das estações do ano e nas várias regiões. A procura de água na Europa tem
vindo a aumentar progressivamente nos últimos 50 anos, em parte devido ao crescimento demográfico. Esta
situação conduziu a uma diminuição global de 24% dos recursos hídricos renováveis per capita, em toda a
Europa, sendo particularmente evidente no sul da Europa, causada sobretudo por níveis de precipitação mais
baixos [...]. Por exemplo, no verão de 2015, houve menos 20% de recursos hídricos renováveis (como águas
subterrâneas, lagos, rios ou albufeiras) do que os registrados no mesmo período de 2014, devido a uma
diminuição global da precipitação na ordem dos 10%. O facto de haver um maior número de pessoas que se
mudam para as cidades tem também impacto na procura, especialmente em zonas densamente povoadas.
A AEA [Agência Europeia do Ambiente] estima que cerca de um terço do território da EU [União Europeia] esteja
exposto a condições de stress hídrico, permanente ou temporariamente. Países como a Grécia, Portugal e Espanha
já registraram secas graves durante os meses de verão, mas a escassez de água
também começa a ser um problema nas regiões setentrionais, incluindo em partes
do Reino Unido e da Alemanha. As zonas agrícolas com irrigação intensiva, as ilhas
do sul da Europa populares entre os turistas e as grandes aglomerações urbanas
são consideradas os pontos mais críticos do stress hídrico. Prevê-se que a escassez
de água se torne mais frequente devido às alterações climáticas.
stress hídrico: ocorre quando a necessidade por água não é atendida por causa da redução de sua disponibilidade e/ou qualidade.
albufeiras: açudes, represas.
37
Europa: utilização da águapor setores econômicos - 2015 (%)
Europa: captação de águapor origem - 2015 (%)
Anual (%) Anual (%)2015 2015
Lagos 1,5
Açudes/represas 10,3
Setor de serviços 2,5
Consumo doméstico 11,6
Indústrias extrativas, indústria transformadora, construção
17,7
Eletricidade 27,8
Agricultura 40,4
Rios 64,6
Águas
subterrâneas
23,6
De acordo com os gráficos acima e o texto lido, resolva as questões seguintes.
1 Na Europa, qual setor econômico mais consome água? Qual é a relação entre essa atividade e o stress hídrico? Na sua opinião, no Brasil, qual setor mais consome água?
2 Qual é a relação entre urbanização e stress hídrico?
3 Explique a relação entre a precipitação e a diminuição dos recursos hídricos na Europa, em 2015.
4 A captação de água na Europa é maior advinda de qual origem?
Por que os lugares mais visitados pelos turistas podem sofrer condições de stress hídrico?
Fonte: AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE. Sinais 2018: água é vida. 2018. p. 20. Disponível em: <https://www.eea.europa.eu/pt/publications/aea-sinais-2018-agua-e-vida>. Acesso em: 4 mar. 2019.
Fonte: AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE. Sinais 2018: água é vida. 2018. p. 20. Disponível em: <https://www.eea.europa.eu/pt/publications/aea-sinais-2018-agua-e-vida>. Acesso em: 4 mar. 2019.
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Geografia
Clima e vegetação da Europa
Observe estes mapas:
leitura cartográfica
1 Que tipos climáticos predominam na Europa?
2 É possível estabelecer relações entre os climas e as vegetações encontradas na Europa? Quais?
3 Quais tipos climáticos existem no Brasil, mas não ocorrem na Europa?
Europa: climas e correntes marítimas
Europa: vegetação original
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7.
ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
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A Europa apresenta climas predominantemente temperados ou frios. Uma das caracte-
rísticas mais marcantes desses climas é a presença de quatro estações bem definidas.
Observe os fatores que interferem nos climas do continente europeu.
• Latitude: varia de 34° N a 75° N. Portanto, ao norte do Trópico de Câncer, o continente é
atravessado pelo Círculo Polar Ártico. Assim, a Europa situa-se, predominantemente, na
zona temperada do Hemisfério Norte.
• Altitude: os invernos são mais rigorosos e prolongados nas altas montanhas, representa-
das por maciços antigos e dobramentos modernos.
• Maritimidade: a proximidade do mar e o relevo baixo facilitam a penetração de massas de ar
oceânicas no litoral, as quais regulam a quantidade de chuvas e a temperatura. Os locais pró-
ximos ao mar sofrem menos variações térmicas que os situados no interior do continente.
• Correntes marítimas: a presença da Corrente do Golfo, que é quente, ameniza as baixas
temperaturas do litoral inglês e do norueguês.
• Massas de ar: a ação das massas polares acentua as baixas temperaturas no norte, e os
ventos secos, provenientes do Deserto do Saara, contribuem para a escassez de chuvas
na região mediterrânea. Os ventos vindos do oeste proporcionam a entrada de massas
úmidas do Atlântico, responsáveis pela ocorrência de chuvas mais frequentes nas áreas
próximas ao litoral.
No extremo norte do continente, porção setentrional, nas áreas de clima polar, mani-
festam-se as mais baixas temperaturas de todo o continente europeu. Em muitos locais,
uma vegetação herbácea, composta principalmente de liquens e musgo, que constituem a
tundra, só consegue se manifestar com o degelo. Essa formação vegetal se desenvolve no
permafrost, solo que passa a maior parte do ano congelado. No verão, quando a luz solar
chega a incidir durante 24 horas durante um longo período, o permafrost descongela, e suas
plantas brotam, florescem e frutificam em poucos meses.
O aumento do aquecimento da atmosfera verificado nas últimas décadas tem produzi-
do transformações na região ártica. De acordo com estudos da Nasa divulgados em 2018, o
gelo marinho restante do verão no Ártico vem cobrindo uma área cerca de 30 a 40% menor
que no final da década de 1970. Em uma relação interdependente, essa redução da camada
de gelo aumenta ainda mais a taxa de aquecimento no Ártico, pois reduz a área de reflexão
Neves eternas na Cordilheira de Jotunheimen, que abriga as montanhas mais altas da Noruega, 2014
Paisagem montanhosa com vegetação de tundra, Spitsbergen, Noruega, 2012©
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Geografia
dos raios solares. Assim, mais luz solar é absorvida pelo oceano, que fica mais aquecido e
pode afetar os padrões climáticos globais. No futuro, se nada for feito para diminuir o aque-
cimento da atmosfera, estima-se que grande parte do Oceano Ártico pode ficar livre de gelo
durante o verão. Essa tendência tem levado os países com litoral ártico – Estados Unidos, Ca-
nadá, Rússia, Noruega e Dinamarca (Groenlândia) – a disputar direitos de exploração sobre
os recursos naturais dessa região. Isso porque se calcula que ela abrigue 13% das reservas
de petróleo ainda não descobertas e 30% das reservas de gás natural.
As árvores da floresta boreal, na Finlândia, são muito utilizadas para fins industriais, 2018
Estepe no verão europeu, quando as plantas afloram. Região da Crimeia, sul da Ucrânia, 2011
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Nas porções centro-oriental e setentrional da Europa, ocorre o clima frio, que apresen-
ta grande amplitude térmica, com invernos muito frios, verões acentuadamente quentes e
chuvas menos regulares.
No litoral norueguês, ocorre a influência direta da Corrente do Golfo, proveniente do Golfo
do México. Nascendo em área de baixa latitude, próximo ao Trópico de Câncer, essa corrente
quente vai até o noroeste europeu, circula entre as ilhas do Arquipélago Britânico e, depois,
pela Península Escandinava, atingindo o litoral da Noruega. Nessas altas latitudes, a Corrente
do Golfo ameniza o rigor dos invernos e contribui para elevar a umidade atmosférica.
Essa corrente quente é importante para a Noruega, pois evita a formação de gelo no
mar, o que possibilita o uso do sistema portuário durante o ano todo.
Associadas a esse tipo de clima, manifestam-se as formações de floresta temperada, de
coníferas (ao norte) e de estepes (ao sul), onde se desenvolvem plantas herbáceas rasteiras
e arbustos de pequeno porte.
Um aspecto importante das estepes é a presença de solos muito ricos, apropriados para
o cultivo de cereais. Essas formações vegetais aparecem principalmente na Rússia e na Ucrâ-
nia. Nas regiões onde a vegetação dominante é formada por estepes, o clima é semiárido.
As variações térmicas diárias são expressivas: os dias são muito quentes, e as noites, rela-
tivamente frias. Nessa região, a amplitude térmica anual também é acentuada: no verão, a
temperatura média é de 22 °C; no inverno, cai para 1 °C. Os índices pluviométricos são baixos
(inferiores a 700 milímetros por ano).
Por ter sua área inserida quase totalmente no Hemisfério Norte, a floresta de coníferas
também é chamada de floresta boreal. Na Europa, essa floresta é mais conhecida como taiga,
41
onde os pinheiros e os abetos são muito utilizados para fins industriais, principalmente na
produção de madeira, celulose e papel. A Finlândia é um dos grandes produtores e exporta-
dores desses produtos, com a madeira extraída da taiga. Na Rússia, a extração de madeira
levou a uma redução da área de cobertura vegetal da floresta boreal.
O clima dominante na maior parte da porção ocidental da Europa é o temperado. Esse
tipo climático, em geral, apresenta as quatro estações do ano bem definidas, mas com algu-
mas variações: a oceânica (mais úmida e com menor amplitude térmica) e a continental (com
grandes amplitudes entre o verão e o inverno).
Esse clima está associado a florestas temperadas ou de folhas caducas (caducifólias), as
quais apresentam árvores que perdem as folhas no inverno, como carvalhos, bétulas, faias,
freixos, olmos e plantas frutíferas (macieira, pereira e cerejeira, por exemplo). Durante esse
período, a planta “hiberna” para entrar novamente em atividade no início da primavera, com
o renascimento de suas folhas.
Porém, a floresta temperada já foi devastada por milhares de anos de ocupação humana.
Originalmente, essa vegetação cobria quase toda a extensão do continente, desde as conífe-
ras, ao norte, até as estepes, pradarias e formações mediterrâneas, ao sul.
A mesma paisagem, em estações diferentes, mostra uma das características da floresta temperada: no inverno, muitas espécies perdem as folhas (caducifólias), que se tornam mais exuberantes no verão. Hyde Park, Londres, Reino Unido, janeiro de 2013 (esquerda) e julho de 2017 (direita)
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O clima seco, característico dos verões do sul da Europa, propicia a ocorrência de incêndios na vegetação. Algarve, Portugal, 2018.
Plantação de oliveiras em Andaluzia, Espanha, 2017
42
Geografia
Na Europa Meridional e na porção ocidental do continente, o tipo climático mediterrâ-
neo é característico. Trata-se de um clima subtropical de elevada amplitude térmica anual,
com invernos frios e chuvosos e verões quentes e muito secos, assumindo, assim, algumas
características de semiaridez.
A região sofre influência das massas quentes e secas originadas no Deserto do Saara. Além
disso, as elevações que existem ao norte, representadas sobretudo pelos Alpes, dificultam a
penetração dos ventos frios do norte do continente. Os ventos úmidos do Atlântico também
não atingem toda a região, apenas a Península Ibérica. O comportamento do clima mediter-
râneo é favorável ao cultivo de vinhedos e oliveiras; por isso, essa região é muito conhecida
tradicionalmente pela produção de vinho e azeite de oliva, de qualidade internacional.
As condições naturais do sul da Europa, como as praias ensolaradas, oferecem muitos
atrativos para os turistas, que procuram a região em diferentes épocas do ano.
A vegetação típica do clima mediterrâneo é constituída por árvores pequenas e arbustos
dotados de espinhos.
olhar geográfico
Mudanças climáticas podem colocar a Europa em chamas
Altas temperaturas, fortes ventos e baixa umidade do ar foram o estopim para a violenta onda de incêndios
florestais que castigaram a Europa no ano passado, atingindo principalmente os países do Mediterrâneo,
como Portugal, Itália e Espanha, que perderam mais de 800 mil hectares de terra para o fogo. Ao que tudo
indica, o fenômeno não é passageiro.
Com um terço do seu território formado por florestas, o continente europeu está “sentado” sobre uma imen-
sa caixa de fósforos. Em tempos de mudanças climáticas, à medida que o mundo se aquece e a terra e vege-
tações se tornam mais secas, cresce o risco de incêndios florestais.
[...]
O alerta vem de um estudo feito a pedido a Comissão Europeia e que analisa os fatores que afetam a ocor-
rência de incêndios no continente.
[...] O estudo identifica alguns fatores-chave que poderiam ajudar a reduzir o risco, como atividades huma-
nas, características da vegetação e a crescente urbanização.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS) confirmam que quase todos os
incêndios florestais na Europa começam devido à atividade humana. Minimizar esse fator envolve explorar
as causas que levam as pessoas a iniciarem incêndios, bem como aumentar a conscientização sobre o perigo
de queimadas, incentivar o bom comportamento e punir os infratores.
[...]
Algumas espécies de árvores e ecossistemas particulares são mais resistentes à seca e mais bem adaptados
à recuperação pós-fogo, por exemplo. O estudo destaca que o design cuidadoso da paisagem é fundamental
para uma composição florestal bem adaptada ao clima que garanta florestas sustentáveis e menos propen-
sas a incêndios.
43
De acordo com o texto e o conteúdo estudado no capítulo, resolva as questões seguintes.
1 O clima característico de Portugal, Itália e Espanha contribui para o aumento de queimadas. Qual é o nome desse tipo de clima e quais suas características?
2 Nos países mediterrâneos, como as condições climáticas e o tipo de vegetação podem contribuir para a existência de incêndios florestais?
3 Qual é a relação entre a urbanização e o aumento dos incêndios florestais verificados nos países mediterrâneos?
4 Realize uma pesquisa na internet e responda: Como as mudanças climáticas podem afetar a ocor-rência de incêndios florestais nos países citados?
A crescente concentração de pessoas em grandes cidades também pode aumentar o risco de incêndios. À
medida que o mundo se torna mais urbanizado, as terras agrícolas abandonadas se transformam em combus-
tível para alimentar os incêndios florestais. Assim, um design paisagístico cuidadoso também deve abarcar o
planejamento estratégico do uso da terra agrícola, com o objetivo de evitar o abandono de terras agrícolas.
BARBOSA, Vanessa. Mudanças climáticas podem colocar a Europa em chamas. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/mundo/mudancas-climaticas-podem-colocar-a-europa-em-chamas/>. Acesso em: 5 fev. 2019. ©Vanessa Barbosa / Abril Comunicações S.A.
Paisagem árida próxima ao Lago Baskunchak, Rússia, divisa com o Cazaquistão, 2011
O Etna é o maior vulcão da Europa. Pela sua grande altitude, pode apresentar neve no topo, durante o inverno. Sicília, Itália, 2018
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Na Europa, também existem pequenas porções de território onde atuam os climas frio
de montanha e desértico. O clima frio de montanha é característico das regiões de grandes
altitudes, especialmente nos Alpes, onde neva de maneira intensa. À medida que a altitude
aumenta, a vegetação se torna escassa e de porte cada vez menor. Nessas altitudes, ocorrem
apenas musgos e liquens: é a tundra alpina. Nas altitudes ainda mais elevadas, há ausência
total de vegetação, e ocorrem as chamadas neves eternas.
Na Europa, o clima desértico se encontra restrito a uma pequena porção da Rússia, pró-
ximo à fronteira com o Cazaquistão, que, por sua vez, tem grande parte do seu território do-
minada por clima árido. Nesses locais, a vegetação é escassa, de tipo xerófila, isto é, formada
por espécies que se adaptam à escassez de chuva.
44
Geografia
atividades
1 Que fatores influenciam a variação climática do continente europeu? Escolha um desses fatores e explique como ocorre essa influência.
2 Compare os mapas da página 39 com um mapa político da Europa e complete a tabela seguinte.
TIPO CLIMÁTICO VEGETAÇÃO PAÍSES
Polar
Frio
Frio de montanha
Temperado
Mediterrâneo
Desértico
Semiárido
Estudar os domínios morfoclimáticos de continentes e países é uma das maneiras de
conhecermos o seu espaço natural. A Eurásia, em seu conjunto, exibe climas e formações
vegetais que abrangem as três zonas térmicas da Terra: tropical, temperada e polar; por isso,
tal continente apresenta muitos domínios morfoclimáticos. Vejamos mais detalhadamente
esses diferentes domínios naturais.
olhar geográfico
45
1 Qual domínio morfoclimático predomina na Europa? Quais são suas características?
2 Quais domínios morfoclimáticos ocorrem na Ásia, mas não na Europa?
3 Por que os domínios encontrados na Europa são similares aos da América do Norte?
4 Quais formações de relevo europeias estão associadas aos domínios de zona montanhosa?
5 Entre Brasil e Europa, existem domínios em comum? Quais?
Mundo: domínios morfoclimáticos
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Fonte: SUMMERFIELD, Michael A. Global geomorphology. Essex: Addison Wesley Longman, 1991. p. 25; TRICART, J.; CAILLEUX, A. Introduction à la géomorphologie climatique. 1965. fig. 49. In: BEYER, Lutz. A climatic classification for geomorphological purposes. Géographie physique et Quaternaire, 1981, v. XXXV, n. 3, p. 290. Disponível em: <https://www.erudit.org/fr/revues/gpq/1981-v35-n3-gpq1496685/1000540ar.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2019. Adaptação.
Recursos naturais e fontes de energia
Recursos naturais são todos os bens encontrados na natureza e que podem ser utiliza-
dos para a sobrevivência e o bem-estar da sociedade humana, como água, vento, vegetação,
petróleo, entre outros.
Vamos enfatizar os recursos naturais com mais destaque na Europa, que são emprega-
dos como fonte de energia, a exemplo de carvão, petróleo e gás natural, combustíveis fós-
seis considerados não renováveis.
Entretanto, neste século, o aumento progressivo do uso de recursos naturais renováveis
como fonte de energia também vem se destacando no cenário europeu.
46
Geografia
Fontes de energia não renováveis
Os recursos não renováveis são aqueles cuja renovação natural ocorre em um longo pe-
ríodo de tempo, considerando a escala humana, como carvão, petróleo e gás natural. O uso
excessivo desses recursos como fonte de energia, que vem ocorrendo com mais intensidade
após a Revolução Industrial, pode inviabilizar sua utilização futuramente.
Carvão
A Europa tem diversas jazidas de carvão mineral, principalmente nas regiões situadas entre
o vale do Rio Ruhr, na porção ocidental da Alemanha; na região da Alsácia-Lorena, fronteira en-
tre a França e a Alemanha, que já foi muito disputada por esses dois países por causa das reser-
vas carboníferas; na região da Silésia, na Polônia; e em diversas regiões do Reino Unido.
Desde o século XVIII, o uso do carvão mineral nas indústrias siderúrgicas e nas usinas de
energia elétrica é bastante intenso na Europa. Rússia, Alemanha e Ucrânia são os países do
continente que figuram entre os dez com as maiores reservas comprovadas de carvão mineral.
A queima do carvão mineral para a geração de energia pode resultar
na emissão de gases do efeito estufa e na formação de chuvas ácidas. Es-
sas chuvas podem precipitar sobre as regiões carboníferas e industriais,
mas também se deslocar com os ventos e as massas de ar, chegando a
áreas mais setentrionais do continente. Especialmente Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlân-
dia sofrem com chuvas ácidas originadas pelas atividades de outros países, o que já gerou
tensões diplomáticas entre eles. Os impactos causados pela chuva ácida são: contaminação
química do solo, desgaste de estruturas metálicas, monumentos e edificações, destruição da
cobertura vegetal, danos à saúde dos animais e dos seres humanos.
Petróleo
Em média, 77% da demanda energética da Europa vem de combustíveis fósseis, como pe-
tróleo, carvão e gás natural. Entretanto, grande parte da Europa depende das importações
desse tipo de recurso, em especial do petróleo, o que implica preocupações geopolíticas re-
lacionadas à segurança do abastecimento de energia. Na União Europeia, por exemplo, quase
86% do petróleo necessário para atender à demanda vem de países de fora do bloco, e essa
proporção tem aumentado nos últimos anos, sendo a Rússia e a Noruega os principais forne-
cedores. Um dos motivos para a Noruega não aderir à União Europeia foi justamente o fato de
ter autonomia energética, graças às suas reservas de petróleo e gás natural.
Para reduzir essa dependência e diminuir as emissões de gases do efeito estufa, que es-
tão associados às mudanças climáticas, e se adequar a acordos internacionais, muitos países
da Europa estão investindo em fontes de energia alternativas e renováveis, como a eólica.
Veja na tabela da página seguinte os maiores produtores europeus de petróleo.
Gás natural
O gás natural é formado pelo mesmo processo geológico de formação do petróleo. As-
sim como este, a Rússia detém uma das maiores reservas globais de gás natural, o que esta-
belece uma dinâmica geopolítica própria nas relações comerciais que o país protagoniza com
a Europa. Isso porque boa parte do gás natural consumido na União Europeia é importada
47
da Rússia, de onde chega por meio de gasodutos que
passam pela Ucrânia. Porém, conflitos constantes
entre esses dois países ameaçam o abastecimento
de gás natural na Europa. Essa preocupação originou
a criação de planos integrados entre os países, para
reduzir as consequências de possíveis falhas no abas-
tecimento de petróleo e gás.
Europa: produção de petróleo bruto por dia – 2016 (em barris)
Posição mundial
País Barris por dia
1 Rússia 10 550 000
15 Noruega 1 648 000
21 Reino Unido 933 000
39 Dinamarca 140 600
Fonte: AGÊNCIA CENTRAL DE INTELIGÊNCIA. O livro de fatos do mundo: comparação de países – produção de petróleo bruto. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/rankorder/2241rank.html>. Acesso em: 6 mar. 2019.
A Ucrânia, que já foi uma das
repúblicas da URSS, tem sido
palco de conflitos desde 2014,
quando a região da Crimeia
foi ocupada pela Rússia.
Atualmente, o país está dividido
entre os que defendem a
aproximação com a União
Europeia, que são a maioria, e
os que defendem a aproximação
com a Rússia, muitos deles
descendentes de russos, que
são maioria na Crimeia.
Fonte: EUROPEAN NETWORK OF TRANSMISSION SYSTEM
OPERATORS FOR GAS (ENTSOG). The european natural gas network
– 2017. Disponível em: <https://www.entsog.eu/sites/default/files/
files-old-website/publications/Maps/2017/ENTSOG_CAP_2017_
A0_1189x841_FULL_064.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2019. Adaptação.
Europa: rede de gás natural
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atividades
1 Qual é a relação entre o uso dos combustíveis fósseis e as alterações climáticas?
2 Como a disponibilidade dos combustíveis fósseis na Europa afeta o relacionamento entre os países?
48
Geografia
Energia termonuclear
O desenvolvimento da energia termonuclear se expandiu durante a Guerra Fria, em vir-
tude da corrida armamentista entre a extinta URSS e os Estados Unidos. Atualmente, do to-
tal do consumo interno bruto de energia na União Europeia, 13,2% correspondem à energia
gerada por usinas termonucleares.
Limitações relacionadas à localização, como a insuficiên-
cia de recursos naturais e energéticos, estão associadas ao
uso da energia termonuclear. A geração desse tipo de ener-
gia também depende da existência de reservas de minérios
radioativos, especialmente de urânio. Como envolve radioa-
tividade, acidentes em usinas nucleares costumam ser gra-
ves; por isso, tal fonte energética é cercada de polêmica. Aci-
dentes nucleares, como os ocorridos na usina de Chernobyl
(Ucrânia, 1986) e na usina de Fukushima (Japão, 2011), leva-
ram muitos países europeus a repensar o uso dessa fonte de
energia.
A França, por exemplo, é o país da Europa com o maior
potencial instalado no que se refere à energia nuclear, con-
forme mostra a tabela ao lado.
PRODUÇÃO DE
ELETRICIDADE DE FONTES
País
França 77,6
Eslováquia 56,9
Hungria 52,2
Eslovênia 38,1
Bélgica 37,5
Suíça 34,9
Suécia 34,7
Finlândia 33,9
República Tcheca 32,5
Reino Unido 20,9
Espanha 20,6
O acidente na usina de Chernobyl foi o maior desastre nuclear da história. Ele simbolizou a luta pela conscientização sobre os impactos da energia nuclear no ambiente. Realize uma pesquisa a respeito do assunto e responda às seguintes questões.
Quais são as características geográficas da região de Chernobyl?
Como e por que ocorreu o acidente na usina?
Quais foram suas consequências para o meio ambiente e para a saúde das pessoas? Qual foi o alcance geográfico da radiação?
Como está Chernobyl atualmente? A região se recuperou das consequências do acidente?
Quais são as vantagens e as desvantagens do uso da energia nuclear? O que você pensa sobre isso?
pesquisa
Fonte: BANCO MUNDIAL. Produção de eletricidade de fontes nucleares (% do total). Disponível em: <https://data.
worldbank.org/indicator/EG.ELC.NUCL.ZS?year_high_desc=true>. Acesso em: 7 mar. 2019.
Fontes de energia renováveis
As fontes de energia provenientes de recursos renováveis (vento, água, sol, etc.) vêm
aumentando seu papel na Europa. Como em geral são produzidas internamente, essas fon-
tes possibilitam reduzir a importação de energia, que é alta no continente. Além disso, por
serem provenientes de recursos renováveis, são consideradas mais sustentáveis, isto é,
49
Mundo: principais locais de atividade geotérmica
Mundo: principais usinas geotérmicas
Fonte: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION (FAO). Uses of geothermal energy in food and agriculture: opportunities for developing countries. Roma: FAO, 2015. p. 4. Disponível em: <http://www.fao.org/3/a-i4233e.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2019. Adaptação.
Fonte: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION (FAO). Uses of geothermal energy in food and agriculture: opportunities for developing countries. Roma: FAO, 2015. p. 4. Disponível em: <http://www.fao.org/3/a-i4233e.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2019. Adaptação.
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atividade geotérmica: é causada pela transferência de calor da profundidade para a superfície da Terra, por meio de vulcões, fontes termais, gêiseres, etc.
têm condições de permanecer disponíveis para a utilização das gerações futuras, embora
sejam sensíveis às condições climáticas. É o caso das fontes de energia hidrelétrica, eólica,
solar, geotérmica e de biomassa.
Para uma fonte renovável também ser considerada limpa, ela deve liberar, na fase de
produção e/ou consumo, poucos gases do efeito estufa, o que acontece com grande parte
dessas fontes, em comparação com os combustíveis fósseis.
Energia geotérmica
A energia geotérmica é uma das fontes renováveis de menor impac-
to econômico e ambiental. Entretanto, para viabilizá-la, são necessárias
condições naturais bastante específicas. Observe os mapas seguintes.
50
GeografiaGeografia 51
leitura cartográfica
Compare os mapas e responda às questões seguintes.
1 Por que os países assinalados no mapa Mundo: principais usinas geotérmicas são produtores desse tipo de energia?
2 Com base na comparação entre os mapas, cite dois outros países que poderiam utilizar energia geotérmica, mas não têm usinas. Por que isso ocorre, na sua opinião?
Na Europa, os países que mais investem em
energia geotérmica são a Itália e a Islândia. Como é
possível notar nos mapas anteriores, esses países se
localizam em área de grande atividade geotérmica
e vulcanismo. Nesses lugares, o calor geotérmico,
de fendas na crosta terrestre ou de fontes termais,
pode ser empregado diretamente para aquecimen-
to de edifícios e estufas, estas utilizadas no cultivo
de alimentos. Além disso, por meio de perfurações,
é possível captar águas aquecidas, cujo vapor ali-
menta usinas geotérmicas.
Vapor quente
Condensador
TurbinaGerador
Vapor quente
Interior da Terra
Água
Eletricidade
Esquema simplificado do funcionamento de usina geotérmica
Fonte: STORK. Usina de energia geotérmica. Disponível em: <https://www.stork.com/
en/markets-references/reference-projects/gearbox-repair-at-geothermal-powerplant>.
Acesso em: 6 mar. 2019.
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Energia eólica
A energia eólica, gerada por
meio dos ventos, está em franca
expansão na Europa, especialmen-
te nos países da União Europeia,
como é possível observar no grá-
fico ao lado.
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2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Geotérmica
Eólica
Solar
Hidrelétrica Biomassa e resíduos renováveis
Marés e ondas
União Europeia: geração de eletricidade bruta (renováveis) – 1990-2016 (twh)
Fonte: COMISSÃO EUROPEIA. UE energia em números: livro de bolso estatístico. Luxemburgo: Publicações da União Europeia, 2018. p. 93. Disponível em: <https://publications.europa.eu/en/publication-detail/-/publication/99fc30eb-c06d-11e8-9893-01aa75ed71a1/language-en/format-PDF/source-78277087>. Acesso em: 8 mar. 2019.
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51
atividades
De acordo com o gráfico da página anterior, responda às questões seguintes.
a) Atualmente, qual recurso renovável é o mais empregado na Europa como fonte de energia?
b) Qual recurso renovável passou a ser mais utilizado como fonte de energia?
c) Quais recursos renováveis evoluíram pouco em relação ao seu uso como fonte de energia?
d) Em sua opinião, por que a energia geotérmica é uma das menos utilizadas na Europa?
Na União Europeia, os maiores produtores de energia eólica são Alemanha, Espanha,
Reino Unido e França, nessa ordem. No Reino Unido, existe o London Array, maior parque
eólico de alto-mar do planeta. Segundo o consórcio que administra esse parque, a energia
produzida por ele em 2015 evitou a emissão de mais de um milhão de toneladas de CO²,
principal gás ligado à ampliação do efeito estufa, para a atmosfera.
Energia hidrelétrica
Nos países europeus, o papel da energia hidrelétrica varia muito de acordo com a locali-
zação geográfica. As condições favoráveis de clima e relevo facilitam a instalação de usinas
hidrelétricas, resultando em fornecimento de energia a preços acessíveis. É o caso da Norue-
ga e da Albânia, que usam quase exclusivamente essas usinas para gerar eletricidade, pois
apresentam muitos rios com potencial hidrelétrico. Outros países, como Bélgica e Holan-
da, não têm as condições naturais necessárias para produzir energia hidrelétrica de modo
satisfatório.
Condições de estiagem ou invernos rigorosos, com secas ou congelamento das águas,
podem reduzir o fornecimento de energia hidrelétrica. Na Europa, existem atualmente pro-
jetos de usinas que trabalham com sistemas de armazenamento de energia. Muitas vezes,
elas estão integradas às usinas solares e eólicas para garantir o fornecimento em períodos
de imprevisibilidade climática.
Apesar de o uso de energia
eólica ter crescido, a energia
hídrica ainda foi o recurso de
energia renovável mais utiliza-
do da Europa em 2016, sendo
a Suécia, a França e a Itália as
maiores produtoras.
Barragem de
Santa Maria, Suíça, congelada durante o inverno, 2005
©Creative commons
52
Geografia
1 Quais são as altitudes predominantes no relevo europeu? E que tipo de relevo elas caracterizam?
2 Quais elementos naturais separam a Europa da Ásia, que formam juntas o continente Eurásia?
3 Quais tipos de vegetação original ocorrem na Europa? Originalmente, qual deles ocupava a maior extensão do continente?
4 Leia o texto seguinte.
o que já conquistei
Recursos renováveis superam carvão como principal fonte
energética da Alemanha
Os recursos renováveis superaram o carvão como principal fonte energética da Alemanha pela primeira vez no ano passado [2018], representando pouco mais de 40 por cento da geração de eletricidade, revelou uma pesquisa [...].
A indústria de energia eólica gerou 111 TWh, cifra que combinou a infraestrutura terrestre e costeira de pouco menos de 60 GW, constituindo 20,4 por cento da geração de energia total do país.
A energia hidrelétrica só representou 3,2 por cento da geração energética, com 17 TWh, já que o calor de verão extremo secou rios e foi acompanhado de uma precipitação baixa. A con-tribuição da biomassa foi de 8,3 por cento.
ECKERT, Vera. Recursos renováveis superam carvão como principal fonte energética da Alemanha. Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/economia/recursos-renovaveis-superam-carvao-como-principal-fonte-energetica-da-alemanha-23342761.html>. Acesso em: 7 mar. 2019.
De acordo com o texto e o conteúdo estudado no capítulo, responda no caderno às questões a
seguir.
a) O que são fontes de energia renováveis? Quais são suas vantagens em relação às fontes não renováveis?
b) De acordo com os estudos do capítulo, por que a Alemanha tem investido no uso de fontes de energia renováveis?
c) Uma das informações do texto está relacionada com uma das desvantagens das fontes renová-veis. Que informação é essa? Qual a desvantagem associada a ela?
53
capí
tulo
Regionalização da Europa3
Apesar de ser o segundo menor continente do planeta,
com pouco mais de 10 milhões de km², a Europa é rica em
culturas e etnias, com notável diversidade de paisagens na-
turais, além de distinções políticas, étnicas e econômicas.
O continente europeu é fragmentado em 50 países,
criados com as relações de instabilidade que marcaram
esse espaço historicamente. Ainda hoje, existem na Euro-
pa diversos movimentos separatistas, muitos causados por
conflitos étnicos. A imagem acima mostra uma manifesta-
ção pela independência da Catalunha diante da Espanha.
Você já ouviu falar sobre algum movimento separatista?
Que problemas podem surgir relacionados a esse tipo de
movimento?
• Europa Ocidental
• Europa Setentrional
• Europa Meridional
• Europa Centro-Oriental
• Outras regionalizações
o que vocêvai conhecer
Barcelona, Espanha, 2017
©Shutterstock/Concealed Resonances
54
Geografia
• Identificar as diferentes formas de regionalização da Europa.
• Caracterizar as quatro regiões da Europa, identificando os fatores naturais, socioeconômicos e culturais que conferem identidade a essas regiões.
• Reconhecer que não existe uma só forma de regionalizar a Europa, observando os contextos históricos e seus objetivos.
objetivos do capítulo
Atualmente, uma das regionalizações mais utilizadas do continente europeu foi propos-
ta pela ONU, dividindo-o em quatro conjuntos espaciais: Europa Ocidental, Europa Seten-
trional, Europa Centro-Oriental e Europa Meridional.
Porém, nem sempre foi assim. Uma das regionalizações mais populares durante décadas
dividia o continente europeu em apenas duas partes: Europa Ocidental e Europa Oriental.
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
Europa Ocidental e Oriental
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A expressão "cortina de ferro" era utilizada para simbolizar a divisão entre o oeste, áreas
de domínio do capitalismo, sob a influência dos Estados Unidos, e o leste, áreas socialistas,
sob a influência da União Soviética. Essa forma de regionalizar o espaço europeu, com base
em aspectos políticos e econômicos, foi empregada até o início de década de 1990. Logo
após a dissolução da União Soviética, suas antigas repúblicas, que faziam fronteira com a
Europa Oriental, declararam independência e se uniram ao restante da Europa, tornando-se
economias com mercados abertos.
A divisão entre Europa Ocidental e Oriental cortava a Alemanha em duas partes. Isso
porque, durante a Segunda Guerra Mundial (1941-1945), Estados Unidos, França, Inglaterra
e União Soviética se aliaram para derrotar o nazismo alemão. Após a derrota alemã, várias
55
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7.
ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
Europa: divisão regional
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uza
divergências políticas e ideológicas entre os Estados Unidos e a União Soviética vieram à
tona. Com o fim da guerra, em 1945, um acordo entre os países aliados delimitou a área de
influência soviética no continente europeu, palco das disputas territoriais. Nesse processo,
a Alemanha foi dividida em dois países: República Democrática Alemã (Alemanha Oriental),
comunista, que ficou sob a influência soviética; e República Federal da Alemanha (Alemanha
Ocidental), capitalista, que ficou sob as influências estadunidense, francesa e britânica. O
Muro de Berlim foi construído para separar simbolicamente esses dois países. Ele foi derru-
bado em 1989, durante o processo de enfraquecimento da União Soviética.
Apesar de essa divisão da Europa ter sido extinta em 1991, seu legado ainda é sentido,
pois há divergência nos padrões de vida entre o oeste e o leste do continente. Isso se deve
à difícil transição político-econômica dos países comunistas para se adequar à economia ca-
pitalista, que já era praticada há muito tempo nos demais países europeus. As diferenças de
infraestrutura e tecnologia existentes nos países do leste foram alguns dos entraves para o
progresso econômico. Ainda hoje, muitos países que faziam parte da Europa Oriental sentem
os reflexos desse período, apresentando índices socioeconômicos mais baixos que outras par-
tes do continente, como taxas de mortalidade infantil mais elevadas e menor renda per capita.
Isso também pode ser exemplificado com a Alemanha. Embora a unificação dos dois
países, com sistemas políticos tão diferentes, tenha ocorrido melhor do que o esperado, foi
um processo cujos efeitos não foram sentidos de imediato. A parte ocidental da Alemanha
ainda é consideravelmente mais rica do que a oriental, onde a renda é menor, o desemprego
é maior, e o risco de um habitante dessa região empobrecer é cerca de 25% maior que o de
um alemão ocidental. Nenhuma das 30 maiores empresas alemãs está localizada no leste.
Estima-se que os dois lados da Alemanha se tornem mais homogêneos em relação aos seus
indicadores socioeconômicos apenas daqui a uma geração.
Os casos da Alemanha e do leste da Europa, portanto, são bons exemplos de como as
regionalizações podem esconder, dentro de seus limites, diversas heterogeneidades.
Nos dias de hoje,
a regionalização mais
popular da Europa em-
prega critérios fisiográ-
ficos e aspectos socioe-
conômicos dos países.
Essa é a regionalização
que vamos utilizar em
nossos estudos sobre
o continente europeu,
conforme mostra o
mapa ao lado.
9. ano – Volume 156
Geografia
leitura cartográfica
Com base no mapa, responda às seguintes questões.
1 Qual é o título do mapa? Quais são os critérios para a divisão regional do continente europeu?
2 Considerando localização geográfica, elementos naturais e aspectos econômicos, é possível dividir o continente europeu em quatro grandes regiões. Quais são elas?
3 Qual regionalização contempla o maior número de países?
4 A França se situa entre a Espanha e a Itália e é banhada, assim como esses países, pelo Mar Mediter-râneo, mas ela não faz parte da Europa Meridional. Por que isso ocorre, na sua opinião?
Europa Ocidental
A Europa Ocidental é formada por alguns países banhados pelo Oceano Atlântico (Reino
Unido, Irlanda e França); por países que mantêm relação direta com o Atlântico pelo Mar do
Norte (Países Baixos, Bélgica e Alemanha); e por países sem saída para o mar, mas que estão
direta ou indiretamente vinculados ao Ocidente (Áustria, Suíça, Luxemburgo e Liechtenstein).
saiba mais
É muito comum as pessoas confundirem os Países Baixos com a Holanda, assim como
não conhecerem a diferença entre Inglaterra, Grã-Bretanha e Reino Unido. Entretanto,
há uma grande diferença entre esses termos e essas expressões.
Holanda é o nome de uma re-
gião do país denominado Reino
dos Países Baixos, como mostra o
mapa ao lado. Apesar de peque-
na, essa região é muito impor-
tante, pois nela se encontram as
principais cidades do país. Haia,
por exemplo, é a sede do gover-
no e abriga o Tribunal Internacio-
nal de Justiça das Nações Unidas.
Em virtude dessa importância,
os Países Baixos passaram a ser
popularmente conhecidos como
Holanda, e seus habitantes, cha-
mados de holandeses.
O Reino Unido é formado por
quatro unidades políticas e territo-
riais sob a liderança da Inglaterra.
Europa: Reino dos Países Baixos
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
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As porções ocidental e central da Europa Ocidental são as mais desenvolvidas do conti-
nente europeu. Essa região reúne algumas das maiores potências da economia global, que
foram o berço da industrialização mundial, desenvolvida com base nos recursos naturais de
seus países; nas reservas carboníferas, que eram fonte de energia para as indústrias; e nos
rios de planície, que serviam para o transporte de mercadorias e pessoas, favorecendo o es-
tabelecimento de grandes complexos industriais e aglomerações urbanas em suas margens.
A Europa Ocidental tem também o maior número de integrantes do Grupo dos Oito
(G-8), conjunto dos países mais industrializados do mundo, mais a Rússia: Estados Unidos,
Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Rússia.
Seu território ocupa duas ilhas principais, que, com várias outras menores, compõem o
Arquipélago Britânico. A ilha de maior extensão, a Grã-Bretanha, inclui Inglaterra, Escócia
e País de Gales. A outra ilha, também importante e situada a oeste da principal, é a Irlan-
da, que está dividida em duas unidades territoriais pertencentes a estados diferentes: a
Irlanda do Norte (ou Ulster), que faz parte do Reino Unido, e a independente República
da Irlanda (ou Eire), cuja capital é Dublin. Cada unidade política e territorial tem uma capi-
tal, mas Londres é a capital de todo o Reino Unido e a sede da monarquia constitucional.
O nome oficial completo é Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
Ilhas Britânicas: divisão política
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Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
9. ano – Volume 158
Geografia
Europa Setentrional
Os países que compõem essa porção do continente podem ser classificados como nór-
dicos e bálticos.
Os países nórdicos são Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Islândia. Entre esses paí-
ses, Noruega, Suécia e Dinamarca – Arquipélago e Península da Jutlândia – formam o que se
denomina Escandinávia. Os habitantes da Islândia também são chamados de escandinavos
por sua afinidade étnica e cultural com noruegueses, suecos e dinamarqueses.
Confira a localização desses países nos mapas seguintes.
Os países bálticos faziam parte da antiga Europa Oriental durante a era soviética. Depois,
tornaram-se economicamente mais integrados com o oeste do continente e com a Europa
Setentrional, apresentando maior proximidade étnica e cultural com os países do norte.
A Europa Setentrional sofre forte influência dos fatores naturais em suas paisagens,
principalmente no extremo norte, onde predomina o clima polar. Por isso, na porção sul,
encontram-se as maiores concentrações populacionais e as principais atividades econômi-
cas, baseadas na indústria. Suas condições naturais favorecem: a produção de energia hidre-
létrica, por causa dos rios de planalto; a exploração mineral (ferro, petróleo e gás natural);
e a produção de madeira, papel e celulose, pela presença da floresta de coníferas. O clima
frio limita a agropecuária, destacando-se o cultivo de produtos mais adaptados às condições
climáticas, como beterraba, batata e cereais.
Países nórdicos Países bálticos
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.
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Europa Meridional
A Europa Meridional compreende os países situados no sul do continente: Portugal e
Espanha (Península Ibérica), Itália (Península Itálica), Grécia e a porção europeia da Turquia
(3% do território; 97% do território se situa na Ásia), além de outros pequenos países, como
Vaticano, Andorra, San Marino, Mônaco e República de Malta.
Quase todos esses países são banhados pelo Mar Mediterrâneo, razão pela qual essa
região também é chamada de Mediterrânea. A Turquia será estudada posteriormente, pois a
maior parte de sua população está na Ásia, assim como Ancara, a capital do país.
A região é marcada por forte tradição cultural e histórica. Nela floresceram a civilização
grega e a romana. Navegantes e mercadores percorreram o Mar Mediterrâneo oriental e,
depois, o ocidental, formando as raízes da colonização dos demais continentes. Vários povos
transitaram por essas terras, fixaram moradia, criaram cidades e disseminaram suas línguas
e produtos.
Os menores países
No continente europeu, há seis países
cuja dimensão é particularmente peque-
na: Andorra (468 km²), Liechtenstein (160
km²), Mônaco (2 km²), República de Malta
(316 km²), San Marino (61 km²) e Vaticano
(0,44 km²). Apesar do tamanho, todos são
soberanos, isto é, contam com governos
próprios. Observe a localização desses
países no mapa ao lado.
saiba mais
Menores países europeus
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Cu
ba
sFonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro,
2016. Adaptação.
Apesar de essa regionalização se basear nas semelhanças entre seus países, a Europa
Meridional abriga muitas diferenças socioeconômicas em seus limites. Sobre isso, a Itália é
bastante representativa: o norte é um dos principais centros de produção da Europa, mais in-
dustrializado e urbanizado que o sul rural. Na Espanha, ocorre uma situação similar: a região
urbanizada em torno de Barcelona, no nordeste, tem indústrias de alta tecnologia e melhor
padrão de vida, e o sul tem uma economia centrada na agricultura. Portugal e Grécia apre-
sentam economias menos alinhadas com as da região central industrial da Europa.
De acordo com o que você estudou sobre a Europa no capítulo anterior, relacione os
aspectos naturais da Europa Meridional que influenciaram a ocupação desse espaço, parti-
cularmente em relação à atividade agrícola e ao turismo.
9. ano – Volume 160
Geografia
Europa Centro-Oriental
A regionalização da Europa Centro-Oriental é fortemente marcada por critérios históri-
cos e políticos. Isso porque reúne todos os países que integravam o extinto bloco socialista
europeu: Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Albânia, Sérvia,
Montenegro, Kosovo, Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina e Macedônia. Além disso, en-
globa as repúblicas que constituíam a antiga União Soviética em sua parte europeia: Belarus,
Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão e Rússia.
Nos últimos anos, parte da região passou por profundas alterações em suas fronteiras
internas, em decorrência da crise do regime socialista.
Antes, muitos países dessa região faziam parte de apenas um país, denominado Iugoslá-
via: Bósnia e Herzegovina, Croácia, Montenegro, República da Macedônia, Sérvia, Eslovênia e
Kosovo. A Iugoslávia se constituiu como país depois da Primeira Guerra Mundial, com a reu-
nião de diferentes povos e quase duas dezenas de minorias étnicas. Essa profunda diversi-
dade étnica foi a raiz da fragmen-
tação do país em várias repúblicas
desde a década de 1990, depois
de inúmeros conflitos, já que, em
cada região, a população majoritá-
ria reivindicava autonomia.
A Europa Centro-Oriental
tem, em maior ou menor grau,
países cujas economias ainda não
se adaptaram ao capitalismo. Isso
resultou em desigualdades so-
cioeconômicas em comparação
a outras partes da Europa. Parte
de sua economia é baseada no se-
tor industrial, especialmente o de
base, e no mineral, destacando-se
Rússia, República Tcheca e Ucrâ-
nia. Esta ficou conhecida como o
celeiro da União Soviética e da Eu-
ropa durante o regime socialista,
por ser um importante produtor
de grãos e cereais.
Desmembramento da Iugoslávia
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Fonte: CALENDÁRIO Atlante de Agostini. Novara: Instituto Geográfico
de Agostini, 2008. Adaptação.
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Com uma localização geográfica estratégica, grande parte da Europa Centro-Oriental
tem laços tanto com o Oriente quanto com o Ocidente, mas apresenta acentuadas diferen-
ças em relação ao restante do continente, mesmo com o fim da divisão ideológica da Guerra
Fria. Os aspectos religiosos são um exemplo disso: em grande parte da Europa, prevalecem
o catolicismo romano e o protestantismo, e, no leste, o catolicismo ortodoxo e o islamismo.
Atualmente, a imigração de muçulmanos do norte da África e de países asiáticos, como a Sí-
ria, tem contribuído para a difusão do islã na região. Além disso, é grande o número de ateus
e sem religião nessa porção do continente, herança dos governos comunistas, que restrin-
giam organizações religiosas.
Observe as imagens seguintes e responda às questões propostas.
olhar geográfico
©Shutterstock/Vladimir Korostyshevskiy ©Shutterstock/Yurchyks ©Shutterstock/DeReGe
Croatas em festa típica, usando trajes folclóricos, Zagreb, 2014
Estátua do líder socialista Lenin derrubada por manifestantes populares na Lituânia, 1991
Rio Moldova em Praga, capital da República Tcheca, com o Castelo de Praga, datado do século IX, ao fundo, 2017
1 Quais atrativos você imagina que os países da Europa Centro-Oriental oferecem aos visitantes estrangeiros?
2 Em países que eram socialistas, diversas estátuas, como a da imagem, têm sido derrubadas nas últi-mas décadas. Por quê? O que significa esse sistema político para você?
3 Você tem acompanhado notícias sobre os países da Europa Centro-Oriental? O que elas costumam
informar?
9. ano – Volume 162
Geografia
atividades
1 Relacione a coluna da esquerda com a da direita.
( a ) Europa Centro-Oriental
( b ) Europa Ocidental
( c ) Europa Setentrional
( d ) Europa Meridional
( ) Os países que compõem essa porção do continente podem ser classificados como nórdicos e bálticos.
( ) Região onde teve início a Revolução Industrial, no século XVIII. Economicamente, é a mais desenvolvida do continente.
( ) É formada por um conjunto de países que passaram gran-de parte do século XX sob a vigência do sistema político--econômico socialista.
( ) Região onde floresceram importantes civilizações do pas-sado, como os gregos e os romanos. O tipo climático pre-dominante é o mediterrâneo.
2 Complete as lacunas das frases seguintes.
a) Os países são Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Islândia. Já os
países são Estônia, Letônia e Lituânia. Todos esses países fazem parte da
Europa .
b) O é formado por Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
c) A é a ilha de maior extensão do Reino Unido e inclui Inglaterra, Escócia e País de Gales.
d) A sofreu muitas alterações em suas fronteiras internas em decorrên-cia da crise do regime socialista, resultando na fragmentação de seu território em: Bósnia e
Herzegovina, , Montenegro, República da Macedônia, Sérvia, Eslovênia e Kosovo.
Outras regionalizações
Como estudamos, existem muitos critérios para se regionalizar uma porção do espaço.
Por exemplo, a regionalização da Europa entre ocidente e oriente, agora em desuso, foi fei-
ta com base em critérios políticos e ideológicos. Aquela que divide o continente em quatro
regiões foi idealizada se valendo de critérios mais abrangentes, como as características na-
turais, culturais e socioeconômicas. Nesse sentido, o continente europeu também pode ser
regionalizado segundo a qualidade de vida de sua população. Para isso, é usado o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), criado em 1991 e divulgado anualmente pelo Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A apuração desse índice é feita com
base em três indicadores: saúde, educação e renda.
O IDH é uma média ponderada entre esses três indicadores. Ele varia de 0 a 1. Quanto
mais próximo de 1, mais elevado é o desenvolvimento humano, ou seja, melhor é o bem-
-estar ou a qualidade de vida das pessoas. Esse índice classifica os países em quatro níveis de
desenvolvimento: baixo, médio, elevado e muito elevado.
63
Europa: IDH (2017)
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leitura cartográfica
De acordo com o mapa Europa: IDH (2017), responda às questões seguintes.
1 Em quais níveis de desenvolvimento se enquadram os países europeus?
2 O que os países com IDH apenas alto da Europa têm em comum, em termos de regionalização? Em linhas gerais, por que isso acontece?
3 Em sua opinião, o que pode ser feito para que os países europeus com IDH alto alcancem os demais países europeus?
4 Em 2017, o IDH brasilileiro foi de 0,759. Com qual região europeia o Brasil mais se identifica em termos de desenvolvimento?
Fonte: UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Human Development Reports: Table 1. Human Development Index and its components. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/composite/HDI>. Acesso em: 6 fev. 2019. Adaptação.
9. ano – Volume 164
Geografia
Outra maneira de regionalizar a Europa é com base em suas características culturais,
distinguindo as línguas faladas ou as religiões professadas, por exemplo. As diferenças cul-
turais entre os povos europeus são bem marcantes e de grande importância social e política
nesse continente. Muitas vezes, tais diferenças são a causa de conflitos étnicos e sentimen-
tos nacionalistas, conforme vimos na abertura deste capítulo.
Desse modo, para regionalizar a Europa por esse aspecto, é necessário um esforço de
generalização. Isso porque o continente comporta muitas peculiaridades e diferentes gru-
pos culturais, os quais podem ser separados por características geográficas dos lugares onde
habitam, como montanhas e florestas. Estima-se que exista mais de uma centena de grupos
culturalmente distintos na Europa. Para grande parte deles, o que os distingue uns dos ou-
tros é a linguagem ou o dialeto, bem como a religião. Os catalães, por exemplo, falam uma
língua bastante diferente do restante da Espanha. Já os sérvios e os croatas falam a mesma
língua (servo-croata), mas não se veem como iguais por causa da religião que professam
(cristãos ortodoxos e católicos romanos, respectivamente). Com base em estudos, etnógra-
fos regionalizaram tal continente em 21 áreas, que comportam os principais grupos culturais
europeus, conforme mostra o mapa seguinte.
Europa: regiões culturais
O mapa das regiões culturais da Europa mostra um aspecto característico das regionali-
zações, relacionado ao estabelecimento de seus limites. Escreva sobre isso.
Fonte: ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA. Europa: população. Disponível em: <https://www.britannica.com/place/Europe/People # / media / 1/195686/1455>. Acesso em: 11 mar. 2019. Adaptação.
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1 A Europa pode ser regionalizada em quatro grandes regiões. Quais são elas? Que critérios foram utilizados nessa regionalização?
2 É possível usar diferentes critérios para regionalizar o espaço geográfico. Além da regionalização que divide a Europa em quatro regiões, quais outras possibilidades foram estudadas? Explique.
3 Qual característica comum é usada para definir a Europa Meridional?
4 Quais características naturais contribuíram para o desenvolvimento econômico da Europa Ocidental?
5 Por que a porção sul da Europa Setentrional é o lugar onde se encontram as maiores concentrações populacionais e as principais atividades econômicas dessa região?
6 Com base nos estudos do capítulo, resolva as questões seguintes.
a) Quais países da Europa Centro-Oriental já fizeram parte da antiga divisão entre Europa Ociden-tal e Oriental?
b) Faça uma pesquisa e descubra quais países da Europa Centro-Oriental são membros da União Europeia (UE) atualmente.
c) Qual a diferença socioeconômica entre os países da Europa Centro-Oriental que fazem parte da UE e aqueles que não fazem parte dela? Para isso, consulte o mapa Europa: IDH (2017), na página 64.
o que já conquistei
9. ano – Volume 166