© 2016 Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM
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Governo do Estado de Minas Gerais Fernando da Matta Pimentel Governador
Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMAD Jairo José Isaac Secretário Fundação Estadual do Meio Ambiente - Feam
Rodrigo Melo Teixeira Presidente
Diretoria de Instrumentos de Gestão e Planejamento Ambiental - DIPA Antônio Henrique dos Santos Diretor Gerência de Energia e Mudanças Climáticas - GEMUC Felipe Santos de Miranda Nunes Gerente Equipe Técnica Abílio Cesar Soares de Azevedo – Analista Ambiental Andréa Brandão Andrade – Analista Ambiental Cibele Mally de Souza – Analista Ambiental Diego Cunha Fidelis - Estagiário Larissa Assunção Oliveira Santos – Analista Ambiental Laura Virgínia Soares Veloso – Bolsista Michelle Darc Brites Queiroz Martins de Oliveira Vaz – Bolsista Morjana Moreira dos Anjos – Analista Ambiental Patrícia Vieira Fonseca – Estagiária Rosângela Mattioli Silva – Analista Ambiental Disponibilização Online
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Estratégia de Comunicação sobre Mudanças Climáticas para o estado
de Minas Gerais
Fundação Estadual do Meio Ambiente
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4
2. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO ................................ 5
2.1. OBJETIVOS E METAS..................................................................................................... 6
2.2 PÚBLICO-ALVO ............................................................................................................. 12
3. FERRAMENTAS E INSTRUMENTOS ................................................................ 13
3.1 EVENTOS INSTITUCIONAIS ........................................................................................ 13
3.2 COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL ............................................................................. 14
3.2.1 Comunicação interna ................................................................................................. 14
3.2.2 Comunicação externa ................................................................................................. 15
4. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ........................... 17
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 18
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ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOBRE
MUDANÇAS CLIMÁTICAS (2016-2020)
1. INTRODUÇÃO
As mudanças climáticas se configuram como um fenômeno global cujos impactos se
distribuem de forma não homogênea, seja em tipologia, frequência ou intensidade (ex:
algumas regiões podem ser mais afetadas por secas mais prolongadas e outras com
chuvas torrenciais em períodos não habituais). Dessa forma, é essencial que as
mensagens sobre o tema sejam comunicadas de forma customizada e eficiente para os
mais variados grupos de atores sociais distribuídos nos diferentes territórios. A
participação da comunidade, entidades de classe, governos federal, estadual e municipal,
instituições de ensino e pesquisa e organizações não governamentais é fundamental para que
se tenha uma consciência da magnitude do fenômeno. Devem ser conhecidas suas
causas, consequências e impactos mensuráveis (principalmente no cotidiano das pessoas
e instituições) para que se construa o ambiente necessário à execução das estratégias e
medidas de combate às mudanças climáticas na escala local e regional e suas
implicações globais.
Nesse contexto, a Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM, por meio da
publicação dessa Estratégia de Comunicação sobre Mudanças Climáticas, visa lançar as
bases para a construção de uma comunidade bem informada sobre as mudanças
climáticas e, consequentemente, fazer escolhas locais e globalmente responsáveis, sendo
o grande desafio engajar as pessoas no debate climático, quebrando paradigmas e
conscientizando-as sobre o papel que suas atitudes e estilo de vida representam tanto na
causa dos problemas quanto na busca de soluções. Adicionalmente, esse documento
busca aprofundar o processo participativo e a concertação para implementação do Plano
de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais considerando as diferenças
econômicas, sociais e ambientais dos diferentes territórios no estado.
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2. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO
O Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais - PEMC - é uma política
transversal de médio prazo (2015-2030), construída por meio de um processo
participativo com objetivo de promover a transição para a economia de baixo carbono,
reduzir a vulnerabilidade às mudanças climáticas no território mineiro e articular com
coerência as diferentes iniciativas já desenvolvidas e planejadas, dentro de uma
estratégia territorial integrada.
O PEMC busca promover o estabelecimento de um novo modelo de governança
climática no Estado de Minas Gerais, no qual atores governamentais articulam o
processo de implementação de políticas públicas de maneira coordenada e colaborativa
com os atores não governamentais. A cooperação entre os atores também deve ser
horizontal e vertical, permitindo a transversalidade de ações entre secretarias e
instituições estaduais considerando ainda as esferas nacional, estadual e municipal.
Adicionalmente, os atores territoriais podem promover a articulação mais próxima em
escala regional e local por meio da participação nas oficinas territoriais que contemplam
o setor produtivo, a sociedade civil organizada, universidades e os cidadãos. No entanto,
essa articulação advém de um trabalho de sensibilização, engajamento e efetiva
mobilização dos atores sobre os riscos, desafios e oportunidades relacionadas ao tema,
principalmente os benefícios diretos e indiretos de ações estruturadas para o combate às
mudanças climáticas, que causam efeitos positivos sobre a economia, a qualidade de
vida da população e o meio ambiente. Dessa forma, a efetividade do PEMC no médio-
longo prazo depende, em grande parte, de uma estratégia de comunicação capaz de
produzir um marketing institucional eficaz e o estabelecimento de relações sólidas e
confiáveis com os atores governamentais e não governamentais que deverão estar
mobilizados em favor da transição energética e combate às mudanças climáticas em
todo o território mineiro.
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2.1. OBJETIVOS E METAS
A Estratégia de Comunicação e Mobilização tem como objetivo embasar a atuação
institucional da Fundação Estadual do Meio Ambiente (coordenadora do PEMC) para
sensibilização, disseminação de informação (conhecimento) e engajamento das partes
envolvidas na implementação das ações previstas no Plano. A Estratégia define a forma
de comunicação institucional, identificando e aperfeiçoando os canais e instrumentos,
definindo os públicos, a periodicidade da informação e a qualificação dos conteúdos.
O objetivo principal da estratégia é definir a metodologia mais adequada para propiciar
a disseminação e nivelamento do conhecimento das comunidades e cidadãos em geral
sobre as oportunidades e ameaças consequentes das mudanças climáticas, além de
garantir o comprometimento dos parceiros, colaboradores e demais públicos
interessados na execução das ações do PEMC, para que esses possam internalizar essas
premissas em suas políticas públicas e ações diárias. Além disso, pretende-se integrar à
estratégia as ferramentas transversais do PEMC, principalmente o Observatório Clima e
Energia de Minas Gerais e a Dinâmica Climática Regional, consideradas de grande
relevância para a comunicação do Plano. O Observatório tem por objetivo monitorar um
conjunto de dados e informações geradas pelos diversos atores sobre os temas energia e
mudanças climáticas visando orientar a avaliação e revisão periódica do PEMC, bem
como gerar produtos e indicadores de fácil acesso ao público em geral. A Dinâmica
Climática Regional propõe expandir a governança territorial no Estado, a partir do
processo contínuo e dinâmico de debate social, de capacitação dos atores nos territórios,
inserir a participação social nas decisões governamentais relacionadas às mudanças
climáticas e contribuir para a modificação da cultura dos órgãos e da sociedade,
inserindo a lógica da intersetorialidade e transversalidade do tema.
Cada ferramenta transversal demanda canais e estratégias de comunicação próprias,
embora apresentem objetivos comuns de sensibilização e mobilização dos atores
regionais. Enquanto o objetivo do Observatório é coletar informações, a Dinâmica
Climática visa disseminar informação. Apesar disso um grande desafio permeia as duas
propostas: o tratamento da informação. No primeiro caso é necessário agrupar dados
difusos e de variadas linguagens para compor o banco de dados do PEMC. Já no
segundo, é preciso adaptar a linguagem científica de modo que possa ser compreendida
por diversos setores e atores.
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A estratégia deve ainda focar diferentes tipos de público-alvo, internos e externos,
ampliando os canais de comunicação e garantindo a visibilidade dos resultados
institucionais; além disso, a comunicação deve ser clara, de forma a estimular as
pessoas a participarem ativamente dos processos de mudança como protagonistas dos
mesmos.
De maneira geral, os objetivos estratégicos da Estratégia de Comunicação e
Mobilização são:
Disseminar o conhecimento sobre as mudanças climáticas no território mineiro;
Posicionar o cidadão como parte fundamental do processo de combate à
mudança do clima;
Prover à sociedade mineira uma mudança comportamental e de paradigma
relativo ao desenvolvimento de baixo carbono e resiliente;
Divulgar mensagens positivas e inspiradoras, ao invés de mensagens alarmantes,
focando nas oportunidades relacionadas;
Motivar a tomada de ação pelos gestores municipais que tenham impactos
positivos sobre o clima e as vulnerabilidades territoriais;
Disponibilizar exemplos de boas práticas de mitigação e adaptação que possam
ser concretizadas, com baixos custos, e que proporcione de forma clara a
melhoria da qualidade de vida do cidadão;
Temporalizar os efeitos da mudança do clima e a necessidade de ações
emergenciais;
Ilustrar os impactos diretos da mudança do clima sobre o cidadão, a coletividade
e os setores;
Engajar atores governamentais e não governamentais na troca de informações e
compartilhamento de dados para melhoria contínua dos diagnósticos e estudos
sobre a mudança do clima e seus impactos no território mineiro.
Envolver os cidadãos e a sociedade na busca e cobrança de meios de promover a
ampliação da matriz energética de Minas Gerais por meio da diversificação de
fontes de energia;
Transmitir ao público a importância e benefícios da transição energética para
fontes renováveis de energia;
Desmistificar a dependência energética dos combustíveis fósseis.
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Para se alcançar plenamente os objetivos de comunicação e mobilização em prol do
combate às mudanças climáticas, primeiramente propõe-se a reconstituição e reflexão
de alguns paradigmas (Tabela 1).
Paradigmas Conceito desejado
As causas e efeitos das mudanças climáticas
acontecem em outro lugar.
As causas e efeitos das mudanças climáticas estão
também relacionados às questões locais
As mudanças climáticas não são urgentes, parecem
distantes.
As mudanças climáticas são uma questão atual e
urgente.
As causas e efeitos das mudanças climáticas não
estão relacionados comigo.
Para lidar efetivamente com as mudanças
climáticas e seus efeitos, se faz necessária a ação
de cada indivíduo.
Lidar com as mudanças climáticas requer
sacrifícios dolorosos.
Podemos substituir grande parte dos sacrifícios por
criação de novas oportunidades.
O entendimento das causas e efeitos das mudanças
climáticas é restrito ao mundo acadêmico.
O entendimento da causa e efeito das mudanças
climáticas pode ser ampliado a todas as esferas
sociais.
Ações concernentes às mudanças climáticas dizem
respeito somente às pessoas pobres e vulneráveis.
Ações concernentes às mudanças climáticas
afetam a todos.
O assunto “Mudanças Climáticas” é pessimista e
alarmista.
O assunto “Mudanças Climáticas“ traz
oportunidades para a promoção de um novo
modelo de desenvolvimento mais sustentável.
Mudanças Climáticas trata-se apenas uma questão
ambiental isolada.
As mudanças climáticas estão relacionadas com
questões econômicas, de educação, saúde, lazer,
segurança e outras que afetam a qualidade de vida
do cidadão.
Tabela 1- Principais paradigmas que inibem a compreensão e participação social no combate às mudanças
climáticas
Fonte: Adaptado de FUTERRA, 2005.
Considerando a necessidade de se alcançar os mais variados públicos e suas
particularidades, a identificação do público alvo é crucial para o sucesso da
comunicação e mobilização. A compreensão do público alvo da mensagem influencia
na escolha da linguagem e meios de comunicação, nas informações abordadas e nas
soluções factíveis a cada grupo etário e social.
Da mesma maneira, as características socioeconômicas do público-alvo também
interferem no modo como as mensagens são interpretadas. Dessa forma, podem ser
utilizadas diferentes abordagens para distintas classes sociais e etárias no tocante às
mudanças climáticas (Tabela 2).
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Tabela 2 – Objetivos e abordagens potenciais para comunicação conforme características
socioeconômicas.
Fonte: Adaptado de FUTERRA (2005).
Além da diferença entre grupos, há de se levar em conta também a diferença de
abordagem entre os mais diversos setores da economia envolvidos tanto na geração
quanto na solução do problema. Dessa forma, conforme pode ser observado na Tabela
3, também podem ser destacados pontos diferenciados conforme os setores econômicos
identificados.
Tabela 3 – Principais compreensões a serem abraçadas por alguns setores-chaves.
Fonte: Adaptado de FUTERRA (2005).
Uma estratégia eficaz de comunicação sobre o tema deve ter como principais objetivos:
Alvo Objetivo/ Abordagem sugerida
Jovens 1- Identificar as mudanças climáticas como um tema
atual e presente em Minas Gerais;
2- Aumentar a certeza de que de fato as mudanças
climáticas podem ocorrer na prática.
População em idade ativa 1- Identificar as mudanças climáticas como um tema
atual e presente em Minas Gerais;
2- Aumentar a certeza de que de fato as mudanças
climáticas podem ocorrer na prática.
3- Traçar links mentais entre as mudanças climáticas e
questões chave, tais como segurança, saúde, etc.
População menos favorecida 1- Aumentar a capacidade de entendimento de que
todos nós temos um papel na mudança do clima e
que os mais vulneráveis aos efeitos das mudanças
climáticas são também os mais vulneráveis
socialmente.
Setores Objetivos Construção civil Considerar práticas de baixo carbono como um benefício
de mercado.
Design de produtos Considerar a eficiência energética como um requisito.
Setor Público Compreender a relação entre mudanças climáticas, saúde,
emprego, lazer, economia e o papel das políticas públicas.
Investidores Considerar a gestão dos riscos e oportunidades advindos
das mudanças climáticas como um critério de
investimento.
Seguradoras Se preparar para discutir abertamente sobre as
preocupações e riscos relacionados às mudanças
climáticas.
Consumidores intensivos de energia Tomar as mudanças climáticas como fonte de risco e
oportunidade para os negócios.
Transportes Compreender as oportunidades e benefícios relacionados à
infraestrutura de transportes e mobilidade urbana de baixo
carbono.
Pequenos e médios produtores Considerar o conhecimento nacional, regional e local
referente às mudanças climáticas como um benefício para a
economia.
Mídia Fazer mais referência sobre as relações entre mudanças
climáticas e outros tópicos, tais como saúde, emprego,
lazer, economia, etc.
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Aumentar o nível de conhecimento dos cidadãos e comunidades sobre as
oportunidades e ameaças decorrentes das mudanças climáticas de forma que
consigam entender suas responsabilidades no processo de mitigação e adaptação
à mudança do clima.
Fornecer recomendações e exemplos concretos das melhores práticas de
mitigação e adaptação.
Segundo Ockwell et al (2009), as campanhas de engajamento do público nas estratégias
de baixo carbono devem envolver três componentes: cognitivo (entendimento), afetivo
(emocional) e comportamental (ação). Tais componentes influenciam a resposta de cada
indivíduo às ações de mitigação (redução das emissões de gases de efeito estufa) e
adaptação (preparar-se adequadamente para lidar com os impactos da mudança do
clima). Isso implica que o público somente se engaja nas estratégias quando os
indivíduos tomam conhecimento sobre a real magnitude do problema, se importando
com as consequências diretas e indiretas e se sentindo motivados e capazes de tomarem
ações.
Para desenvolvimento de uma estratégia regional é oportuno também verificar-se
experiências exitosas mundialmente. A estratégia do Reino Unido, por exemplo, sugere
que sejam utilizadas mensagens positivas e inspiradoras, no lugar de mensagens
alarmantes e assustadoras. O mesmo vale para as imagens escolhidas para ilustrar os
materiais relacionados. Também recomenda a definição de uma meta inspiradora e uma
logomarca própria para o assunto, já que a perspectiva de menos gases de efeito estufa
dispersos na atmosfera não configura uma recompensa muito atrativa por todo o esforço
que precisa ser empregado para o combate às mudanças climáticas. Por isso, é
importante encontrar uma meta concreta cujo retorno seja realmente desejado por
aqueles que terão que se dedicar para alcançá-la.
Outro ponto de destaque é a criação de uma frase referência relacionada (uma espécie
de lema, algo do tipo “Ordem e Progresso”), algo que seja marcante e que consiga
resumir em poucas palavras o objetivo pretendido. Interessante ressaltar que essa frase
de efeito deve ser universal, ou seja, deve se adequar aos mais diversos setores tanto
governamentais, quanto não governamentais. É recomendado que a estratégia faça
alusão não apenas à questão ambiental, mas principalmente à mudança de estilo de vida.
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De acordo com Moser (2010), uma comunicação efetiva de mudanças climáticas deve
considerar também alguns aspectos básicos para definir o escopo de trabalho:
I. Definição clara das metas, escopo e objetivos da comunicação;
II. Relevar a audiência que receberá a mensagem, tentando identificar se há grupos
específicos, o nível de escolaridade dos indivíduos, idade e setores econômicos;
III. Enquadrar a questão a ser transmitida, determinando previamente a linguagem, o
uso de metáforas, imagem e meio de transmissão.
IV. Definir a mensagem e a informação transmitida, e como elas podem ser úteis e
acessíveis pelos receptores. Apresentar informação proveniente de fontes
crédulas e confiáveis (ciência);
V. Identificar os transmissores de informação: políticos, celebridades, cientistas,
formuladores de políticas, pessoas de grupos étnicos, classe econômica e idades
diferentes dos espectadores;
VI. Determinar os canais de transmissão da informação;
VII. Definir métodos de avaliação para aferir os efeitos da estratégia de comunicação.
As estratégias de comunicação apresentam desafios pelo fato de serem destinadas a
públicos variados em idade, classe social, nível de escolaridade e interesse nas questões
ambientais e transversais. Em se tratando das mudanças climáticas, o tema por si só
dificulta a transmissão de mensagens coletivas devido à complexidade do tema,
abrangência dos impactos e conexão entre a escala global e local. Em relação às
dificuldades encontradas na tentativa de comunicação sobre mudanças climáticas,
Moser (2010) cita alguns desafios na tentativa de engajar os indivíduos. Um dos
problemas são as causas “invisíveis” do aquecimento global, visto que os gases de
efeito estufa são literalmente invisíveis e não afetam diretamente a saúde e o bem estar
dos indivíduos. Outra dificuldade se encontra no tempo e na localização geográfica
entre a causa e o efeito dos eventos climáticos. O terceiro problema identificado refere-
se à convivência do indivíduo com o ambiente moderno modificado, o que dificulta a
percepção da mudança no ambiente natural relacionados ao clima. Outra característica
chave é a complexidade e incerteza associada às interações dos sistemas ambientais que
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muitas vezes podem gerar sinais inadequados da necessidade e urgência das mudanças
de comportamento.
Ainda de acordo com Moser (2010), tais implicações contribuem para os desafios em
processos de comunicação, especialmente quando transmitida à parcela mais vulnerável
da população, que necessita de comunicação mais clara, simples e imaginativa.
Entretanto, o público com menor acesso à educação representa parte importante do
processo, pois eles devem dar suporte às estratégias de mudanças necessárias em
infraestrutura e mudança de comportamento para promoção de uma economia de baixo
carbono e um desenvolvimento territorial resiliente.
É com base nesses desafios, juntamente com os conceitos, paradigmas, abordagens e
recomendação da literatura especializada avaliada que se estrutura a Estratégia de
Comunicação e Mobilização Sobre Mudanças Climáticas para o Estado de Minas Gerais
para o período de 2016-2020. Espera-se que a Estratégia se torne, em um curto prazo,
uma das principais ferramentas para ampliação do conhecimento relacionado às
mudanças climáticas em Minas Gerais, contribuindo significativamente para a
implementação do Plano de Energia e Mudanças Climáticas - PEMC.
2.2 PÚBLICO-ALVO
A estratégia comunicacional deve ser diversificada, abrangendo os diferentes tipos de
público que se pretende alcançar, sendo eles interno e externo. O público interno,
também denominado de “parceiros institucionais”, é representado por servidores e
colaboradores das secretarias de estado e respectivos órgãos vinculados que atuam em
áreas afins ou cuja atividade desenvolvida possua transversalidade ao tema energia e
mudanças climáticas. Já o público externo é composto por entidades, instituições não
governamentais, comunidade acadêmica, empresas e associações, bem como a
sociedade civil em geral, com potencial para se tornarem disseminadores da informação
e tomadores de ações de combate às mudanças climáticas.
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3. FERRAMENTAS E INSTRUMENTOS
As ferramentas de comunicação devem ser escolhidas e utilizadas com o objetivo de
promover a empatia do público frente às mudanças climáticas. Essa etapa define como
tornar a comunicação mais eficiente, por meio da utilização de diversos instrumentos
conforme o público-alvo, a resposta esperada do público à informação repassada, as
prioridades, os canais de comunicação a serem utilizados, a complexidade do tema
abordado, bem como a periodicidade. Assim, a definição dos instrumentos de
comunicação deve ser realizada a partir das respostas para as perguntas-chave abaixo,
que objetivam nortear a comunicação satisfatória das mensagens e consequente
mobilização:
O que será comunicado?
Para quem será comunicado?
Por que será comunicado?
Como será comunicado? Que meios de comunicação serão utilizados e qual a
linguagem?
Quando será comunicado? Qual a duração da campanha? Quais as etapas?
Quanto será comunicado? Qual investimento será realizado e que público será
atingido?
3.1 EVENTOS INSTITUCIONAIS
Evento de lançamento do Observatório Clima e Energia
Descrição: apresentar aos parceiros institucionais (governos estaduais) e demais atores a
ferramenta, os objetivos propostos, métodos e ações a serem executadas. Previsão de
uma reunião anual, convidando as principais instituições geradoras de dados sobre
energia e mudanças climáticas que possam contribuir para o Observatório. Distribuição
de material técnico aos participantes.
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Eventos regionais de lançamento do Observatório Clima e Energia
Descrição: apresentar aos parceiros institucionais (governos municipais) a ferramenta,
os objetivos propostos, métodos e ações a serem executadas. Previsão de 17 reuniões,
uma em cada território de desenvolvimento de Minas Gerais, convidando as principais
instituições geradoras de dados sobre energia e mudanças climáticas que possam
contribuir para o Observatório. Evento técnico com realização de ata. Distribuição de
material técnico aos participantes.
Evento anual da Dinâmica Climática Regional em Minas Gerais
Descrição: apresentação dos principais resultados do PEMC à sociedade, discussão
sobre temas específicos e convite a especialistas da área. Previsão de uma reunião anual,
convidando a sociedade em geral. Distribuição de material aos participantes.
Reuniões institucionais regionalizadas
Descrição: apresentar aos membros dos Comitês de Bacias Hidrográficas
e aos membros das câmaras técnicas a proposta de trabalho do PEMC para que
possam conhecer, sensibilizar, divulgar e serem multiplicadores locais das ações
voltadas para mitigação e adaptação. Previsão de 35 reuniões, uma em cada
Comitê de Bacia Hidrográfica, convidando a sociedade em geral. Distribuição de
material aos participantes.
3.2 COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL
3.2.1 Comunicação interna
Elaboração de campanha de endomarketing. A campanha deverá ser lançada antes e
durante os eventos e deverá divulgar os desafios institucionais. Inclui:
Envio de convites pelo mailing;
Divulgação no site PEMC e FEAM;
Divulgação na Intranet do Sisema;
Divulgação no site da Agência Minas;
Divulgação no telefone institucional;
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Divulgação no ônibus fretado da Cidade Administrativa.
A campanha tem duração anual, conforme previsão de datas dos eventos institucionais.
3.2.2 Comunicação externa
Elaboração de campanha de exomarketing. A campanha deverá ser lançada antes e
durante os eventos e deverá divulgar os desafios institucionais. Inclui:
Envio de convites pelo mailing;
Divulgação no site PEMC e FEAM;
Divulgação no site da Agência Minas;
Divulgação em rádios nas principais sedes de cada um dos territórios de
desenvolvimento;
Divulgação nas reuniões dos Comitês de Bacias Hidrográficas;
Divulgação nas capacitações de programas do Governo como “Cultivando Agua
Boa”, Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica,
Plantando Futuro, dentre outros;
Divulgação no noticiário da Imprensa Oficial de Minas Gerais.
A campanha tem duração anual, conforme previsão de datas dos eventos institucionais.
Material de divulgação e canais de comunicação
Banner físico: contém resumo sobre o PEMC, metas e valores. Deve ser exposto em
todos os eventos institucionais.
Banner para intranet: contém informações mais detalhadas que o banner físico, a ser
disponibilizado aos parceiros institucionais via mailing, bem como nos sites da FEAM,
Intranet Sisema e Agência Minas. O banner deverá direcionar para o hotsite.
Boletins do Observatório Clima e Energia: informações bimensais, por meio de
infográficos, sobre os dados obtidos junto aos parceiros institucionais, indicadores
elaborados e curiosidades. Ver Boletim do Turismo em
<https://www.dropbox.com/s/k8306m4wmptiueu/Boletim%20mensal-
Dezembro%202015.png?dl=0>. Destinados ao público externo, com linguagem
didática.
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Cartazes: elaboração de peças de comunicação para divulgação nos ônibus
fretados da Cidade Administrativa e prédios públicos do poder estadual.
Cartilhas educativas da Dinâmica Climática Regional: informações bimensais, em
parceria com o Ambientação, sobre as atividades do dia-a-dia para combate às
mudanças climáticas, curiosidades, caça-palavras, jogo dos 7 erros, para colorir,
palavras cruzadas, dicas etc. Ver Cartilha INPE em
<http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/~rmclima/pdfs/Planetinha_e_sua_turma.pdf>.
Destinadas ao público externo, com linguagem didática.
Peça publicitária para rádio: um pequeno comunicado trazendo o slogan do PEMC e
onde encontrar mais informações.
Sítio eletrônico: espaço eletrônico, que pode ser o site do PEMC ou um novo site, para
divulgação das publicações do Observatório Clima e Energia, dos indicadores, parceiros
envolvidos, etc. Inserir mecanismos de feedback do público em geral, como dar nota às
publicações. Ver site Observatoire Climat NPDC em <http://www.observatoire-climat-
npdc.org/fr>. Destinado ao público interno e externo, com linguagem técnica.
Infográficos e recursos multimídia: Coleção de infográficos e recursos multimídia
(animações e vídeos de curta duração) disponíveis no sítio eletrônico do PEMC visando
maior compreensão e engajamento do público não afeto às esferas científica e
tecnológica. Destinados ao público externo, com linguagem didática.
Newsletter: notícias, reportagens e informes em geral sobre assuntos relacionados ao
tema energia e mudanças climáticas no Estado e no país, que agreguem conhecimento
ao público interno e externo.
Redes sociais: Tendo em vista o alcance das redes sociais, faz-se necessário a criação
de contas específicas para o PEMC. No entanto, a alimentação dos referidos canais
deverá ser feita por profissionais capacitados. Nestes canais, devem ser transmitidas
mensagens curtas, mas de impacto. Além de comunicados importantes e convites. Ex.:
Facebook, Instagram, Twitter.
Publicações
Relatório Anual do Observatório Clima e Energia: documento contendo principais
atividades desenvolvidas no âmbito do Observatório, reuniões, atividades, produções,
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resultados, desafios e melhorias previstas para o próximo ano. Destinado ao público
interno e externo, com linguagem técnica.
Assessoria de imprensa
A Assessoria de imprensa ou de comunicação é responsável pela divulgação de
informações sobre a instituição de forma clara e eficaz ao público interno e externo. A
ferramenta de marketing requer profissionais qualificados, para garantir que a
mensagem seja bem compreendida pelo público. Cabe à assessoria:
Elaborar e enviar releases sobre as principais atividades e desafios do PEMC;
Elaborar mailing list, com os endereços dos destinatários aos quais a Assessoria
envia comunicados, newsletters, etc. com o propósito de incentivar a publicação
de determinada informação;
Orientar a equipe técnica a como responder adequadamente os mais variados
tipos de mídia, quando necessário;
Organizar eventos e dispor de agentes de mídia para cobertura.
Publicidade e propaganda
Criar e lançar filmes institucionais sobre ações de combate às mudanças
climáticas, que mostrem as oportunidades e benefícios oriundos da mudança de
comportamento social. Destinado ao público externo, com linguagem didática;
Produzir webinars sobre temas específicos do PEMC para divulgação no site,
com participação de pesquisadores e especialistas na área. Ver proposta com a
Rede Clima. Destinado ao público externo, com linguagem técnica;
Elaboração e customização de convites, certificados, programações de eventos,
dentre outras peças necessárias para a realização dos eventos relacionados ao
PEMC.
4. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
A estratégia de comunicação e mobilização deve prever o acompanhamento das ações e
os resultados alcançados, trazendo um feedback sobre sua efetividade. Esse
acompanhamento pode ser feito através do número de notícias e matérias veiculadas, as
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dúvidas e sugestões recebidas através dos meios de comunicação oficiais, da
participação em demais eventos, a convite dos parceiros institucionais, etc. Esse
levantamento deve ser agrupado em um relatório anual interno, de forma a revisar a
abordagem a ser tomada nos anos subsequentes ao planejamento.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ESPACE – European Spatial Planning: Adapting To Climate Changes. Climate
Change Communication Strategy: A West Sussex Case Study. Disponível em:
<http://www.espace-
project.org/part1/publications/reading/WSCCClimateCommunications Strategy.pdf>.
Acesso em: 05 fev. 2016.
FUTERRA. UK Communications Strategy on Climate Change. 2005. Disponível
em: <http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/cd68/ccc-strategy.pdf>. Acesso em: 02 fev.
2016.
MOSER , S C (2010) Communicating climate change: history, challenges, process
and future directions. V. 1, January/February 2010. Califórnia: John Wiley & Sons,
Ltd. Rose C, Dade P, Gallie N, Scott J (2005). Climate Change Communications –
Dipping a toe into public motivation. Disponível em:
<http://www.campaignstrategy.org/valuesvoters/climatechangecommunications.pdf>
Acessado em: 02/02/2016
OCKWELL, David; WHITMARSH, Lorraine; O’NEILL, Saffron. Reorienting
Climate Change Communication for Effective Mitigation: Forcing People to be
Green or Fostering Grass-Roots Engagement?. 2009. SAGE Publications: United
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<http://sciencepolicy.colorado.edu/students/envs_4800/ockwell_2009.pdf>. Acesso em:
05 fev. 2016.