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DOSSIÊ SOBRE O CAOS NO

SISTEMA SOCIOEDUCATIVO DO

RIO GRANDE DO NORTE

Antes de iniciar nossas considerações acerca da situação caótica do

sistema socioeducativo no estado do Rio Grande do Norte, gostaríamos de

apresentar algumas imagens, falas de profissionais e familiares sobre a realidade

do sistema socioeducativo:

Natal/RN

Maio/2013

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Violência Institucional em Unidade de Internação

julho de 2012

Brincadeira na internação – Ato 1. Representante do alto escalão da Polícia Militar na cidade de Mossoró/RN foi a uma rede de TV local denunciar que já era tempo da Justiça agir. Ele comemorava a apreensão de dois adolescentes pelo assassinato de uma jovem de 25 anos morta brutalmente em sua própria residência, na frente de um pai em desespero, por ter delatado o comércio de drogas. Segundo a autoridade, a Polícia Militar tinha feito seu trabalho, mas pelas mãos da Justiça e do Ministério Público eles logo estariam livres e, profetizou, ainda mais violentos. A denúncia (desabafo) veio menos de 48 horas depois que a Polícia Militar – a mesma que trabalha e profetiza – entrou no Centro de Internação Provisória (Ciad) de Mossoró para promover uma recreação com os adolescentes internos. A brincadeira ocorreu no dia 3 de julho de 2012 e envolveu vários policiais da ROCAM, a tropa de elite. Chamou-se atirei o pau no gato. As regras do jogo eram simples. Os homens de farda faziam uma roda e os garotos ficavam dentro dela, nus e de mãos dadas, dançando e brincando. Em dado momento, um brincante era convidado a dizer que não gostava da PM... daí era pau no gato! Durou um tempão a atividade, o suficiente para que todos, várias vezes, vestissem o couro do gato. Não há registro de que nessa noite lúdica os presságios do alto escalão da PM tenham se realizado, mas ficou provado que até mesmo as profecias ditas divinas não dispensam a praticidade, a força e o auxílio de mãos terrenas – no caso em questão, mãos que brincam. Continua...

Brincadeira na internação – Ato 2, final. (Baseado em fatos reais). Existem pessoas que nascem com coragem. Uma delas se chama Maria – preservo o nome, em razão de ameaças a sua vida. Ela integra o quadro de educadores do Centro de Internação Provisória de Mossoró (Ciad). É uma mulher de fé e que se diz crente nos poderes do Estado de Direito, tendo confidenciado muitas vezes que o ED está sempre em sua consciência, não importa o que faça ou onde esteja. Na noite do dia 3 de julho de 2012, sua fé não foi abalada. No meio da noite, recebeu uma ligação. Tinha que assistir a movimentação da ROCAM, a tropa de elite, no referido Centro. Lá, encontrou policiais militares dirigindo a brincadeira atirei o pau no gato – outras já tinham sido executadas, como imitar cobra na areia, peixe nadando no cimento, galinhas ciscando etc. Achou injustas as regras de todas as brincadeiras e levantou o dedo para o grupo dos homens fardados. Eram muitos. Ora, testosterona não se dá com dedo em riste, a turma cresceu como massa no fermento, parafernália armada para um lado e outro. O placar já tinha sido anotado, como provam os hematomas na pele dos pelados e, como não dava para continuar, a educadora e os perdedores foram se alojar numa ala. Deveriam esfriar a cabeça e digerir a derrota. A educadora, porém, ficou serena e não ligou para o bafafá dos militares. Intrigou-se mesmo foi com a passividade do Estado de Direito. “Será que Ele não escutou nem viu nada do que aconteceu? Melhor assim, ouvido tapado não entra fuxico e, ainda, quem olha injustiça não enxerga Direito”, pensou, acalmando de vez sua crença no ED.

Fim.

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Ambientes insalubres

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Ambientes insalubres

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Contextos das violações da socioeducação

“Os adolescentes de Natal estão revoltados porque não querem

estar aqui, o que aumenta a quantidade de fugas e a rebeldia

dos jovens;

“”Aqui não é presídio, mas eles sentem como se fosse.”

“O extermínio dos jovens pobres mostra que falhou a última

fronteira, o sistema judiciário.”

“Se a piscina está daquele jeito, imagine o que você não se vê;

“Brigo no conselho tutelar e digo que sou a mãe dele e tenho

que saber o que ele fez pra estar lá.”

“Eu vivo em hospital por causa dos nervos, sobe a pressão

porque eu não aguento ver meu filho naquele estado. As

pessoas julgam demais.”

“E quando a policia chega já sabe... É muito errado! Eles estão

presos, pra que bater? Mãe, eles tiram a roupa, jogam água,

dão choque, queimam com cigarro.”

“A voz do silêncio: ficar calado pra não sofrer represálias ... É

porque eles têm medo que a gente denuncie aos direitos

humanos e a policia se vingue, até mate eles.”

“Querem que os meninos fiquem dentro da lama;

Porque o certo era o Ceduc daqui abrir. Todo dia eu peço a

Deus por isso”

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“Não sou bola de sinuca para está toda hora de lá para cá”.

“Eu acredito na recuperação do meu filho, por isso que estou

sempre acompanhando ele. E todos podem se recuperar!”

“Estou meio triste, acho que só vou deixar de ficar assim

quando meu filho tiver plena liberdade”.

“Nós não estamos sabendo quais são os nossos direitos. É isso

que quero entender”.

“Eu me revolto com a justiça mesmo, porque eles não ouvem

o lado menos poderoso, os pobres”

“E a gente tem medo porque a gente não tem dinheiro, aí eles

podem querer descontar no filho da gente”

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Para a compreensão da atual situação que envolve os adolescentes autores de atos

infracionais, bem como seus familiares, comunidade e todos os profissionais e gestores que

atuam na socioeducação no RN é preciso uma breve contextualização:

No Rio Grande do Norte, o sistema socioeducativo foi implantado em 1979 e, desde

1994, a administração de tal sistema no estado ficou sob a responsabilidade da Fundação da

Criança e do Adolescente (FUNDAC), uma autarquia ligada ao poder estadual. Sob a

responsabilidade da FUNDAC encontra-se atualmente a execução das medidas de privação de

liberdade, realizadas em oito unidades, sendo quatro na capital – Natal (internação masculina,

internação feminina, semiliberdade e internação provisória) –, uma em Caicó (internação

masculina) e três em Mossoró (internação masculina, semiliberdade e internação provisória).

As medidas socioeducativas em meio aberto – Liberdade Assistida (LA) e Prestação de

Serviço à Comunidade (PSC) –, por sua vez, são executadas nos âmbitos municipais,

geralmente pelos profissionais dos Centros de Referência Especializada em Assistência Social

(CREAS).

De forma geral, o que se percebe na execução das medidas socioeducativas, nesse

estado, são práticas que continuam baseadas em discursos e ações higienistas, moralistas e

repressivos, que ignoram e desrespeitam os Direitos Humanos, o Estatuto da Criança e do

Adolescente e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, e se perpetuam de forma

cada vez mais forte, a partir do apelo da mídia e sociedade pela redução da maioridade penal e

criminalização da juventude pobre.

A situação dos adolescentes no sistema socioeducativo do RN continua extremamente

precária, não fazendo justiça, inclusive, ao termo socioeducação, visto que, em geral, não

existem planejamentos ou atividades pedagógicas, as estruturas físicas são precárias, falta

preparação das equipes técnicas, e os adolescentes e seus familiares vivem situações de

violações de direitos, que vão desde a falta de acesso à educação, à saúde (inclusive com

graves questões de adoecimento mental) até a violação do direito à vida, visto que ocorrem,

frequentemente, mortes de adolescentes que se encontram em cumprimento de medidas e,

portanto, sob a responsabilidade do Estado.

No cenário atual, o estado apresenta um quadro em que as medidas socioeducativas

em meio aberto inexistem na maioria dos municípios, inclusive na capital Natal, onde os

adolescentes não recebem nem mesmo os recursos de passagem para acessar as instituições.

No que diz respeito à privação de liberdade, todas as unidades se encontram com

interdição parcial ou total. Entre as unidades totalmente interditadas encontra-se o Centro de

Educação (CEDUC) Pitimbu – unidade de internação masculina, localizada em Parnamirim,

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município da região metropolitana de Natal –, que atende adolescentes da capital e toda a

região metropolitana, interditado desde agosto de 2012, por problemas na estrutura física,

hidráulica e elétrica. Tal interdição ocorreu a partir da formalização de um Termo de

Ajustamento de Conduta liderado pelo Ministério Público, a fim de resolver as condições

consideradas “desumanas” pelas autoridades, e as “péssimas” condições de habitação,

salubridade e higienização.

Diante da interdição do CEDUC Pitimbu foi realizado um “arranjo” perverso entre a

FUNDAC e o poder judiciário, em que todos os adolescentes do estado do Rio Grande do

Norte - sentenciados a medidas de privação de liberdade - são encaminhados para a unidade

do município de Mossoró, ferindo o direito à convivência familiar e comunitária,

apresentando como resultado desse processo a exposição a graves situações de tortura, e

violações de direitos, tendo em vista a dificuldade de monitoramento das situações que

acontecem no interior das unidades.

Algumas das principais violações identificados no âmbito do sistema socioeducativo

do RN são as seguintes:

Morte de adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas, tanto em meio aberto

quanto na privação de liberdade;

Ausência de proposta político-pedagógica, repercutindo em total ociosidade dos

adolescentes e a reprodução do sistema prisional, com a lógica da punição,

descumprindo o principio norteador do SINASE, em que o caráter pedagógico deve se

sobrepor ao sancionatório do processo socioeducativo;

Violação do Estatuto da Criança e do Adolescente, do SINASE, e do Plano de

Convivência Familiar e Comunitária, no que se refere a não garantia de vagas no

sistema socioeducativo nas regiões de domicilio dos adolescentes, impossibilitando,

assim, a convivência familiar e comunitária;

Desconhecimento, tanto dos socioeducandos quantos das famílias, em relação ao

processo de responsabilização em que consiste a aplicação da medida socioeducativa,

e da existência do Plano Individual de Atendimento – PIA;

Manutenção ininterrupta dos adolescentes nos alojamentos, não respeitando o

momento de banho de sol, atividade física ou lazer;

Alto índice de medicalização dos adolescentes, com medicamentos comuns a todos,

sem monitoramento e avaliação médica psiquiátrica regular;

Ineficiência na efetivação do acesso ao sistema de saúde básica e mental;

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Precário acesso à escola – o direito constitucional à educação é negado aos

adolescentes no sistema de privação de liberdade quando este não é garantido em

condições adequadas, ou mesmo quando é utilizado como caráter punitivo, retirando o

acesso à escola como medida disciplinar;

Infraestrutura dos alojamentos precária e insalubre;

Utilização de espaço dito de “reflexão” em condições sub-humanas, vexatórias,

adoecedoras;

Relato de familiares1 que não querem se identificar, ser uma constante a tortura

policial na unidade de internação do CEDUC Mossoró;

Unidades do CIAD Natal, Mossoró, CEDUC Caicó, Semiliberdade Mossoró e Natal –

Interdições parciais;

Unidade CEDUC Pitimbu – interdição total com estrutura condenada pelo Corpo de

Bombeiros;

Infraestrutura operacional deficiente desde equipamentos, material de consumo e

alimentação de qualidade aos socioeducandos;

Equipe técnica desfalcada e sem suporte para efetivação das propostas ou

planejamentos, como exemplo o Plano Operacional da Saúde dos Adolescentes

privados de liberdade, pois, apesar de ter sido construído o documento, não há

implicação politica e técnica da gestão para efetivá-lo;

Falta de implicação política e de gestão na efetivação do Plano Político Pedagógico

da FUNDAC e consequentemente das unidades;

Falta de planejamento estratégico da FUNDAC e plano de ação operacional referente

à gestão financeira, de material, manutenção e de pessoas;

Clara “limitação técnica” de gestão da FUNDAC, uma vez que o funcionamento

básico – alimentação, reparos na infraestrutura, material de consumo, transporte das

famílias é feito mediante ordem judicial;

A interferência político-partidária é uma realidade da FUNDAC, bem como nas

regionais de Caicó e Mossoró;

Violação no direito à defesa técnica qualificada, com amplo direito ao contraditório;

Sentenças aplicadas aos socioeducandos que violam princípios norteadores do

SINASE, no que se refere à excepcionalidade da aplicação da medida de internação,

por exemplo;

1 Tem medo de se identificar e o filho sofrer as “consequências” na unidade.

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Falta de investimento estadual no processo de monitoramento das medidas

socioeducativas em meio aberto, bem como no conhecimento do processo de

aplicação e reincidência dessas medidas fora da capital do estado;

Violência institucional a que adolescentes são submetidos, seja na abordagem e

apreensão policial, ou mesmo dentro das unidades de internação;

Falta de clareza na aplicação das medidas disciplinares e da garantia de defesa dos

adolescentes junto ao conselho disciplinar;

Uso de força policial no interior da unidade de internação como forma de

disciplinamento, coação e ameaça aos adolescentes;

Acesso de policiais aos adolescentes, inclusive fotografando-os2;

Equipe de educadores e técnica desfalcada, provocando sobrecarga e desconhecimento

dos contextos e necessidades dos adolescentes;

Profissionais despreparados, sem o mínimo de identificação com a temática de

trabalho;

Descumprimento das normativas do SINASE, no que se refere ao perfil dos diretores

de unidade – ensino superior em áreas do Direito, Serviço Social ou Psicologia.

Precárias condições de infraestrutura para o trabalho, remuneração incompatível

trabalho;

Ausência de uma politica de gestão pessoas que possa dar suporte ao quadro técnico

das unidades;

Ressalta-se que o quadro de violação de direitos humanos, apresentados através da

precária condição infraestrutura, de pessoal, de proposta técnica, é uma realidade que vem se

asseverando ao longo do tempo. No entanto, nos últimos anos, o acumulo de Termos de

Ajustamento de Conduta e Ajuizamento de Ações cresceram sem nenhum tipo de

comprovação por parte da gestão estadual e da FUNDAC em cumprir ou garantir o mínimo

cumprimento à luz do ECA e SINASE.

A partir da indignação diante da situação insustentável do sistema socioeducativo, da

omissão política nos âmbitos municipais e estadual, e da aproximação dessa realidade, a partir

da realização do projeto de extensão do Observatório da População Infanto-juvenil (OBIJUV)

da UFRN, intitulado “Familiares e a luta pela efetivação do Sistema Nacional de Atendimento

Socioeducativo” as famílias dos adolescentes inseridos no sistema socioeducativo - junto ao

OBIJUV/UFRN e em parceria com o Centro de Referência em Direitos Humanos –

CRDH/UFRN, o Conselho Regional de Psicologia do RN-CRP 17, o Fórum dos Direitos da

2 Informação repassada pelos adolescentes, familiares e profissionais da instituição.

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Criança e do Adolescente – Fórum DCA, O Conselho Estadual dos Direitos de Crianças e

Adolescentes - CONSEC, Conselho Estadual de Direitos Humanos e Cidadania – COEDHUC

e profissionais da rede socioassistencial, vem respeitosamente clamar pela intervenção da

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, na figura de sua

representante, a excelentíssima ministra Maria do Rosário Nunes, nesse caos instaurado

na socioeducação do RN.

Nós, que assinamos esse manifesto, solicitamos a esta Secretaria que, no exercício do

seu papel na luta e defesa dos Direitos Humanos, contribua na provocação e

responsabilização para que a gestão estadual e municipal assumam o compromisso com

a execução de medidas socioeducativas em consonância com os dispositivos legais – ECA

E SINASE, frutos de lutas históricas dos movimentos da infância e adolescência. Neste

sentido solicitamos:

a) Garantia do direito à VIDA e dignidade dos adolescentes que estão cumprindo

medidas socioeducativas, sejam elas em meio aberto ou fechado;

b) Garantia do direito à saúde (física e mental), à educação, e à profissionalização dos

adolescentes que estão cumprindo medidas socioeducativas;

c) Garantia de Defesa Técnica qualificada com amplo direito ao contraditório, através do

fortalecimento da Defensoria Pública;

d) Realização do reordenamento da FUNDAC garantindo o direcionamento da sua

atividade para execução socioeducativa de acordo com os instrumentos legais –

Constituição, ECA e SINASE;

e) Investimento estadual na implementação, ampliação e fortalecimento das medidas em

meio aberto junto aos executores municipais e todo o Sistema de Justiça;

f) Construção do Plano Estadual do Sistema Socioeducativo;

g) Efetivação das ações para o cumprimento da Lei do SINASE, principalmente no que

se refere:

a. Quadro técnico completo e qualificado;

b. Infraestrutura física adequada;

c. Propostas sociopedagógicas estruturadas;

d. Medidas Disciplinares claras, de amplo conhecimento com a garantia do

direito à defesa dos adolescentes;

e. Plano Individual de Atendimento construído com o envolvimento e

participação dos adolescentes e suas famílias como fundamenta o SINASE;

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h) Garantia à Convivência Familiar e Comunitária, neste caso com uma condição de

transporte adequada e semanal às famílias que precisam se deslocar para outras

regiões do estado por ineficiência deste em manter as unidades de internação e

restrição de liberdade em condições adequadas e funcionamento;

Observando a importância e seriedade do cumprimento das medidas socioeducativas,

entendemos que o Estado deve ter o compromisso e a responsabilidade de oferecer condições

adequadas e dignas, que possibilite a construção de novos projetos de vida para os

adolescentes em cumprimento de medida, preservando e garantindo os Direitos Humanos dos

socioeducandos e de suas famílias.