dosimetria da pena

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Pena

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Comarca da Regio Metropolitana de Curitiba Foro Central de Curitiba - 9 Vara Criminal - Autos n. 2008.282-2ngela Regina Ramina de Lucca Juza de Direito 13/13

Vistos e examinados estes autos n 2008.282-2, de processo-crime, em que autor o Ministrio Pblico e r NELLY MENDES DE MORAES.

Nelly Mendes de Moraes, brasileira, divorciada, pesquisadora de mercado, portadora do documento de identidade RG n 3.956.472/PR, natural de Guaraci/PR, nascida em 23.09.1960, com 47 anos de idade na data dos fatos, filha de Antnio Mendes de Moraes e de Aparecida Moreira de Moraes, residente na Rua Irati, 67, Santa Quitria, nesta Capital, foi denunciada pelo Ministrio Pblico como incursa nas sanes previstas no artigo 16, pargrafo nico, inciso IV, da lei 10.826/30, pela prtica, em tese, dos seguintes fatos tidos como delituosos:

No dia 27 de dezembro de 2007, por volta das 05h00, em via pblica, na Rua Irati, Santa Quitria, nesta cidade e comarca de Curitiba/PR, a denunciada Nelly Mendes de Moraes, dolosamente, com vontade livre e plenamente ciente da ilicitude e reprovabilidade de sua conduta, portava, arma de fogo de uso permitido, sendo 01 (um) revlver calibre 38, niquelado, com n de identificao suprimido e desmuniciado (cf. auto de exibio e apreenso de fl.11). O que fazia sem autorizao e em desacordo com determinao legal ou regulamentar.

A acusada foi presa na data dos fatos, em 27.12.2007. Por meio da deciso proferida em 13.02.2008 foi concedida de ofcio a liberdade provisria acusada. O alvar de soltura foi expedido em 18.02.2008. (fls. 54/56 e 58)Acostado aos autos o Laudo de Exame de Leses Corporais n 37/2008, realizado na acusada. (fls. 60/61)Certificados os antecedentes criminais s fls. 62/64O processo foi instaurado anteriormente reforma processual de 2008, sendo sua fase inicial regida pela lei vigente poca. A denncia foi recebida no dia 15 de janeiro de 2008. (fls. 68/70)A r Nelly Mendes de Moraes foi pessoalmente citada, interrogada e apresentou defesa prvia, com rol de testemunhas. (fls. 53-v, 68/70 e71)Designada audincia para inquirio das testemunhas arroladas pela acusao, na data aprazada, deu-se incio instruo criminal, com a inquirio da testemunha Antonio Carlos Rodrigues Galvo (fls. 81/84). O Ministrio Pblico insistiu na inquirio da testemunha faltante. Ausente a acusada, que compareceu em cartrio aps o horrio designado para a audincia, conforme certido de fls. 85.O advogado constitudo pela acusada comunicou s fls. 86 a renncia ao mandado outorgado pela r (fls. 86/87). A acusada requereu a nomeao de defensor dativo, sendo nomeado o Defensor Pblico atuante nesta Vara para prosseguir na sua Defesa. Em 5 de julho de 2010 realizou-se audincia de instruo e julgamento em continuao, quando foi inquirida a testemunha Marlon Csar Nunes, arrolada na denncia, sendo que novamente a r estava ausente (fls. 104/105).Sobreveio a notcia de que a r estava recolhida priso na Comarca de Matelndia/PR, sendo deprecado o seu interrogatrio (fls. 106). A acusada constituiu novo advogado para patrocinar sua defesa (fls. 117).Certificado nos autos que a acusada evadiu-se da cadeia pblica de Matelndia (fls. 129), foi decretada a sua revelia, com fulcro no artigo 367 do Cdigo de Processo Penal (fls. 133), sendo designada audincia de instruo e julgamento em continuao para inquirio das testemunhas arroladas pela Defesa. Certificado nos autos que a acusada estava recolhida priso, no Centro de Triagem I, de Curitiba/PR (fls. 136).Na audincia realizada na data 09 de novembro de 2011, a defesa requereu a substituio das testemunhas arroladas por declaraes escritas abonatrias de conduta. Diante da apresentao da acusada, que estava recolhida priso em razo de outro processo, procedeu-se ao seu interrogatrio (fls. 144/147).Juntado aos autos o Laudo de Pesquisa Toxicolgica (fls. 150), Laudo de Exame de Arma de Fogo (fls. 156/157 e complementao s fls. 166). Dada cincia s partes, o Ministrio Pblico manifestou-se s fls. 167. A Defesa no se pronunciou (fls. 170).Acostadas aos autos Informaes Processuais da acusada, s fls. 171/180.O Ministrio Pblico, em suas alegaes finais, aduziu que a materialidade est comprovada, pois se trata de crime de mera conduta e o fato de estar desmuniciada a arma no afasta o crime previsto no artigo 16, pargrafo nico, inciso IV da Lei 10.826/2003. Apontou que o laudo pericial no fez meno supresso de sinal identificador da arma de fogo e registrou que o revolver possua nmero de srie 4410. Requereu a desclassificao da conduta para o tipo penal do artigo 14, caput, do Estatuto do Desarmamento. Quanto autoria, o Parquet discorreu sobre as provas produzidas e sustentou que apesar da negativa da acusada, a autoria recai de maneira certa na pessoa da denunciada. Pugnou pela condenao da acusada nas sanes do artigo 14, caput da Lei 10.826/2003 e discorreu sobre a dosimetria da pena. (fls. 181/190).Ante a inrcia do advogado constitudo quanto ao oferecimento de alegaes finais e da acusada, que foi intimada para constituir novo advogado, nomeou-se defensor dativo para prosseguir na defesa da r.Nas alegaes finais apresentadas, a Defesa mencionou o teor do laudo pericial realizado na arma de fogo apreendida e requereu a emendatio libelli, para desclassificar a capitulao jurdica da conduta para o artigo 14 da Lei 10.826/2003. No mrito, sustentou que no h prova cabal da autoria delitiva e pugnou pela absolvio da acusada. Em caso de condenao, aduziu que as circunstncias so favorveis acusada e que a r no pode ser considerada reincidente, pois as condenaes indicadas nos autos transitaram em julgado em data posterior ao fato ora apurado. (fls. 198/202). Vieram os autos conclusos para sentena. o relatrio. Decido.

O processo transcorreu regularmente, observados o contraditrio e a ampla defesa, no havendo nulidades a serem declaradas ou sanadas, podendo-se ingressar no exame do mrito. acusada Nelly Mendes de Moraes foi imputada a prtica do delito previsto no artigo 16, pargrafo nico, inciso IV, da Lei n 10.826/2003.Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depsito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessrio ou munio de uso proibido ou restrito, sem autorizao e em desacordo com determinao legal ou regulamentar: Pena recluso, de 3 (trs) a 6 (seis) anos, e multa.Pargrafo nico. Nas mesmas penas incorre quem:IV portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numerao, marca ou qualquer outro sinal de identificao raspado, suprimido ou adulterado; (...).

A materialidade do fato est consubstanciada pelo Auto de Priso em Flagrante Delito (fls. 06/09), Boletim de Ocorrncia (fls. 12/14), Auto de Exibio e Apreenso (fls. 15), Auto de Exame de Constatao de Eficincia e Prestabilidade de Arma e Munio (fls. 17) e Laudo de Exame de Arma de Fogo (fls. 74/77, 156/157 e complementao s fls. 166).Submetida a arma percia tcnica, foi constatado o funcionamento normal de seu mecanismo, portanto, a sua prestabilidade e eficincia. Segundo consta no laudo pericial, a arma encaminhada para exame Trata-se de um revlver com marca ilegvel, calibre nominal 38, nmero de srie 4410, tambor com capacidade para seis cartuchos do tipo longo, cano longo, revlver niquelado, com placas do cabo confeccionadas em madreprola e contendo o logotipo da marca BH, se encontra em regular estado de conservao e denota sinais de uso...- fls. 156.Oficiado ao Instituto de Criminalstica para que as Peritas esclarecessem acerca da existncia de nmero de srie, em resposta foi informado que a numerao de srie da referida arma estava, no momento do exame desta arma de fogo, legvel, sendo sua leitura facilitada atravs de instrumento ptico de aumento (LUPA) e que, no primeiro exame desta arma no foram utilizados mtodos qumicos para levantamento de numerao latente... fls. 166.Esclarecida a questo quanto ao nmero de srie, impende observar que embora o laudo pericial tenha feito meno que a arma encaminhada para exame apresentava marca ilegvel, na concluso as Peritas consignaram que na arma constava o logotipo da marca BH. Assiste razo s partes ao pugnarem pela desclassificao da conduta do artigo 16, pargrafo nico, inciso IV da Lei 10.826/2003 para o artigo 14 da mesma lei, pois no foi confirmado que a arma apreendida possua numerao, marca ou qualquer outro sinal de identificao raspado, suprimido ou adulterado.Embora a conduta imputada r na denncia tenha sido capitulada como artigo 16, pargrafo nico, inciso IV da Lei 10.826/2003, ela encontra adequao no tipo penal do artigo 14, caput, da mesma lei.Porte ilegal de arma de fogo de uso permitidoArt. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depsito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessrio ou munio, de uso permitido, sem autorizao e em desacordo com determinao legal ou regulamentar:Pena recluso, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

A testemunha Antnio Carlos Rodrigues Galvo, policial militar, relatou:Que receberam uma denncia relatando a ocorrncia de trfico de drogas em uma invaso no bairro Santa Quitria, perpetrado por uma cidad chamada Kate e que segundo a mesma denncia, ela portava 4 (quatro) armas de fogo; pediu apoio de mais viaturas para atender a situao e estava acompanhado de outro policial militar, o soldado Marlon Csar Nunes; ao chegarem mencionada invaso, deixaram as viaturas e seguiram a p, quando viram uma mulher soltar algo no incio do trecho que levava invaso e sair correndo em direo aos barracos; o depoente recolheu o objeto deixado no cho: um revlver calibre 38; o depoente e seu colega seguiram a mulher; ao adentrar o barraco, o depoente encontrou a acusada Nelly Mendes de Moraes e a prendeu, uma vez que a reconheceu como sendo a pessoa que abandonou o revlver na rua; a denunciada negou que portava a arma; ela respondeu pela alcunha de Kate; mostrada a fotografia constante nos autos, reconheceu a acusada como sendo a pessoa presa na data dos fatos. (fls. 81/82 e CD).

A testemunha Marlon Csar Nunes, policial militar, declarou em juzo que no se recorda dos fatos, porm reconheceu a assinatura no Boletim de Ocorrncia e no termo de depoimento prestado por ele por ocasio da priso em flagrante, s fls. 08 e ratificou o seu teor. (fls. 104 e CD)

Em seu primeiro interrogatrio judicial, realizado em 04 de maro de 2008, a acusada Nelly Mendes de Moraes negou a prtica do crime e apresentou a seguinte verso dos fatos:Nega que portava a arma; na data dos fatos, cerca de 10 (dez) policiais militares arrombaram a porta de sua casa, procurando por armas e drogas ilcitas; a interrogada foi agredida durante a abordagem, por isso declarou que o revlver encontrado dela; os policiais militares no tinham motivo para isso; a interrogada ela no est mais envolvida com trfico de drogas. (fls. 68/70 e CD)

No interrogatrio realizado em 09 de novembro de 2011, ao final da instruo, de acordo com a nova lei processual, a acusada Nelly Mendes de Moraes, manteve a verso anteriormente apresentada e acrescentou que: No conhece a equipe de policiais militares que esteve em sua residncia; eles conhecem todos os moradores da invaso do bairro Santa Quitria, alm de possurem o costume de revistarem os barracos frequentemente; J foi presa por trfico de drogas e est presa novamente pelo mesmo crime; confirma que o seu apelido Kate. (fls. 144/147 e CD)

Apesar da negativa de autoria da acusada, as provas auferidas na instruo conferem certeza narrao da denncia. No se pode ignorar ou desprezar o depoimento dos policiais que efetuaram a priso, sobretudo considerando que inexistem nos autos razes para que se afaste a credibilidade de seus testemunhos, eis que se apresenta harmnico e coerente com as demais provas coligidas. A condio de policial militar no impede ou torna suspeito o testemunho, o qual serve de meio de prova para o crime, desde, claro, que no demonstrada m-f ou abuso de poder. Nesse sentido a jurisprudncia:

O valor do depoimento testemunhal de servidores policiais - especialmente quando prestado em juzo, sob a garantia do contraditrio - reveste-se de inquestionvel eficcia probatria, no se podendo desqualific-lo pelo s fato de emanar de agentes estatais incumbidos, por dever de ofcio, da represso penal" (STF - HC n 73.518-5/SP).

No h divergncia entre o discorrido pelas testemunhas na fase investigativa e em juzo. Tambm no h qualquer motivo para que as testemunhas tenham o objetivo de macular a existncia da r, pois que, como se pode depreender dos autos, nem mesmo a conheciam. necessrio destacar que a acusada Nelly Mendes de Mooraes confirmou em seu interrogatrio que atende pela alcunha Kate (fls. 144/147 e CD). Segundo um dos policiais militares ouvidos em juzo, o Soldado Antnio Carlos Rodrigues Galvo, havia a noticia de que uma pessoa conhecida como Kate realizava trfico de drogas na invaso do bairro Santa Quitria e portava armas de fogo (fls. 81/82 e CD), sendo esse o fato que impeliu a ida dos policiais at o local.Para corroborar a verso dos policiais, tem-se o extrato do narcodenncia acostado s fls. 21 dos autos, que menciona a prtica de trfico de drogas e posse de armas por uma mulher de alcunha Keiti, com idade e caractersticas fsicas compatveis s da acusada.A alegao da defesa de que h apenas indcios da prtica delitiva, insuficientes para ensejar o decreto condenatrio no merece acolhida. As provas carreadas aos autos (depoimentos dos policiais militares e apreenso da arma de fogo), comprovam que a acusada portava, sem autorizao e em desacordo com determinao legal, a arma descrita na inicial acusatria, com a ressalva j efetuada acerca da presena dos sinais identificadores da arma de fogo.No mais, no concorre qualquer causa excludente de antijuridicidade ou que afaste a culpabilidade da r. Ao contrrio, o conjunto probatrio traz elementos que indicam potencial conscincia da ilicitude e possibilidade de assumir conduta diversa, consoante ao ordenamento jurdico e imputabilidade.

Pelos fundamentos expostos, desclassifico a imputao contida na denncia, capitulada como artigo 16, pargrafo nico, inciso IV da Lei 10.826/2003 para o delito previsto no artigo 14 da mesma lei, com base no Laudo Pericial elaborado pelo Instituto de Criminalstica e condeno a acusada Nelly Mendes de Moraes, s penas do artigo 14, caput, da Lei 10.826/2003, que individualizo a seguir, com a observncia do artigo 68 do Cdigo Penal.Condeno a acusada ao pagamento das custas processuais.

Pena-baseAtendendo s circunstncias judiciais elencadas no art. 14, caput, do Cdigo Penal, a seguir passo fixao da pena-base, partindo da pena mnima:Culpabilidade: agiu a r com plena conscincia em busca do resultado criminoso, pois enquanto imputvel tinha, na ocasio dos fatos, pleno conhecimento da ilicitude de seu proceder.Antecedentes: os apontamentos existentes nas Informaes Processuais acostadas aos autos configuram antecedentes criminais (fls 62/64). Conforme entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal de Justia, Smula 444-STJ, vedada a utilizao de inquritos policiais e aes penais em curso para agravar a pena-base.Conduta social: no h dados suficientes nos autos para aferir a conduta da r. Personalidade: no foi avaliada por profissional especfico.Motivo do crime: no foi esclarecedor.Circunstncias do crime: no apresentam peculiaridades a justificar a exasperao penal.Consequncias: no houve agravantes seno as inerentes ao crime.Do comportamento da vtima: No houve agravantes, visto que trata-se de crime que contribuiu para a falta de segurana pblica. Ponderadas as circunstncias judiciais, sendo favorvel o motivo do crime, fixo a pena-base no mnimo legal, em 2 anos de recluso ( de 2 a 4 anos segundo o art. 14 lei 10826/2003) e multa de 10 (dez) dias-multa (art. 49, caput, CP).

Circunstncias atenuantes e agravantesIncide em agravante da reincidncia, prevista no artigo 63 do Cdigo Penal, pois a r possui sentena condenatria transitada em julgado, no tendo transcorrido o prazo de 5 anos entre o cumprimento ou a extino da pena e a infrao apurada neste feito. (Considerar a r reincidente.)Assim, procedo ao aumento da pena em razo da reincidncia, fixando-a em 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de recluso, e multa de 30 (trinta) dias-multa.

Causas de aumento e de diminuio de penaAusentes causas de aumento e diminuio de pena.

Pena definitiva A pena fixada r Nelly Mendes de Moraes, torna-se definitiva em 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de recluso, e multa de 30 (trinta) dias-multa. O valor do dia-multa dever ser calculado no mnimo legal, a base de 1/30 (um trinta avos) do salrio mnimo vigente na poca do fato, devendo ser corrigido monetariamente, na forma da lei, desde a data da infrao (artigos 49, 1 e 2 do Cdigo Penal e artigo 60, do Cdigo Penal), j que a r est recolhida no sistema carcerrio.

Regime de cumprimentoEstabeleo o regime semiaberto para o incio do cumprimento da pena, com fundamento no art. 33, 2, b e c do Cdigo Penal, em razo da reincidncia.Conforme precedentes e Smula 269 do e. Superior Tribunal de Justia:(...) II O ru reincidente, condenado a pena inferior a quatro anos e com circusntncias favorveis, poder iniciar o cumprimento da pena em regime semiaberto, ex iv dos artigos 33 e 59 do Cdigo Penal (precedentes e Smula 269/STJ). Writ concedido. (HC 96.500/SP, Rel.Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/05/2008, DJe 18/08/2008).Embora desfavorvel o motivo do crime, as demais circunstncias judiciais so favorveis, de modo que no vislumbro a necessidade ou a presena dos requisitos para fixao de regime inicial de cumprimento mais agravoso.

Detrao da Pena Anlise do artigo 387, 2 do Cdigo de Processo Penal.A r Nelly Mendes de Moraes, foi presa na data dos fatos, em 27.12.2007 e obteve a liberdade provisria no curso do processo, sendo expedido o alvar de soltura em 18.02.2008 (fls.54/56 e 58). O tempo de priso provisria da acusada deve ser levado em considerao para fins de detrao e fixao do regime inicial do cumprimento da pena, nos termos do artigo 387, 2o, do Cdigo de Processo Penal, com redao dada pela Lei n 12.736, de 30.12.2012.Substituio da pena Invivel a substituio da pena restritiva de liberdade por pena restritiva de direitos por ser a r reincidente e por no ser a medida socialmente recomendvel, em virtude de condenao anterior por dois crimes de trfico de drogas.

Suspenso da pena (sursis) No esto preenchidos os requisitos previstos no artigo 77, caput e inciso I, do Cdigo Penal, pois a pena excede o quantum de 2 (dois) anos e a r reincidente.

Disposies GeraisConsiderando que foi concedida a liberdade provisria acusada durante o curso do processo, bem como o montante da pena aplicada, no esto presentes os fundamentos para decretao da priso cautelar.

Aps o trnsito em julgado da sentena:Ao Contador para o cmputo das custas (art. 804, observando-se o contido no art. 805 do CPP) e multa imposta. A pena de multa ora cominada dever ser paga em dez dias aps o trnsito em julgado desta deciso.Lance-se o nome da r no rol dos culpados. Expea-se Guia de Recolhimento.Compute-se o tempo de priso provisria, para fins de detrao da pena.Encaminhe-se para o Comando do Exrcito a arma de fogo apreendida s fls. 15 para destruio, conforme dispe o artigo 25, da Lei 10.826/03, o artigo 1 da Resoluo n 134/2011 do Conselho Nacional de Justia e os itens 6.20.11 e 6.20.12 do Cdigo de Normas da Corregedoria Geral da Justia.Oficie-se Justia Eleitoral para os fins do artigo 15, inciso III, da Constituio Federal, na forma do item 6.15.3 do Cdigo de Normas.Cumpram-se as disposies aplicveis do Cdigo de Normas da e. Corregedoria-Geral da Justia.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Curitiba, 23 de maio de 2014.

ngela Regina Ramina de Lucca Juza de Direito