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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DORVAL BELING BITENCOURT GESTÃO E DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS; BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE AMAMBAÍ-MS CAMPO GRANDE-MS 2004

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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

DORVAL BELING BITENCOURT

GESTÃO E DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS; BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS E

AMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE AMAMBAÍ-MS

CAMPO GRANDE-MS 2004

UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

DORVAL BELING BITENCOURT

GESTÃO E DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS; BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS E

AMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE AMAMBAÍ-MS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em nível de Mestrado Acadêmico em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Comitê de orientação: Prof. Dra. Lúcia Elvira Raffo de Mascaró (orientadora) Prof. Dr. Cleber José Rodrigues Alho Prof. Dr. Celso Correia de Souza

CAMPO GRANDE-MS 2004

FOLHA DE APROVAÇÃO

Candidato: Dorval Beling Bitencourt Dissertação defendida e aprovada em 28/10/2004 pela Banca Examinadora: __________________________________________________________ Profa. Doutora Lúcia Elvira Alicia Raffo de Mascaro (Orientadora) __________________________________________________________ Profa. Doutora Ana Maria Marques Camargo Marangoni (USP) __________________________________________________________ Prof. Doutor Ademir Kleber Morbeck de Oliveira (UNIDERP)

_________________________________________________ Profa. Doutora Mercedes Abid Mercante

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional

________________________________________________ Profa. Doutora Lúcia Salsa Corrêa

Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIDERP

ii

Dedico este trabalho à minha esposa Margaret e ao meu filho Frederico pela compreensão e tolerância que a mim dispensaram no tempo que dediquei ao curso e a este trabalho de dissertação

iii

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profa. Dra. Lúcia Elvira Raffo de Mascaró pelo trabalho e empenho a mim dedicados.

À Profa. Dra. Albana Xavier Nogueira, pela ajuda, pelo tempo e pela colaboração dedicados na execução deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Celso Correia de Souza, co-orientador e colaborador pelas incansáveis sugestões e correções efetuadas neste trabalho.

E especialmente ao Prof. Dr. Ademir Kleber Morbeck de Oliveira, pela paciência e colaboração dedicadas, pelas sugestões oferecidas e pelas correções executadas.

À Professora Eva Teixeira dos Santos, pelo empenho, ajuda e dedicação.

Aos diretores da empresa C. P. dos Santos&Cia Ltda., Srs., João Batista dos Santos e Clodoaldo Pereira dos Santos, terceirizada da prefeitura de Amambaí-MS na administração da Usina de Processamento de Lixo, pela participação, cooperação, disponibilidade e informações fornecidas.

Ao Prefeito de Amambaí-MS, Sr. Dirceu Lanzarini e a Secretária de Serviços Urbanos, Sra. Jaqueline Raymundo pela permissão, confiança e colaboração, para que executássemos este trabalho.

Aos trabalhadores da Usina de Processamento de Lixo de Amambaí-MS, pela participação direta, colaboração, fornecimento de informações e entrevistas realizadas, tão necessárias a conclusão deste trabalho.

iv

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. vi

LISTA DE TABELAS ............................................................................................. ix

LISTA DE SIGLAS ................................................................................................ xi

RESUMO .............................................................................................................. xii

ABSTRACT ..........................................................................................................xiii

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................1

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................5

2.1. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ...............................................................11

2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS.............................................................12

2.3. QUANTO À REGIÃO DE PRODUÇÃO ........................................................15

2.4. ASPECTOS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS.....................................................16

2.5. CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS.......................................17

2.6. COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS................................................17

2.7. POLUIÇÕES CAUSADAS PELOS RESÍDUOS SÓLIDOS...........................17

2.8. SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS......................................18

2.9. ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................19

2.10. COLETA E TRANSPORTE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .............................19

2.11. TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DOMICILIARES......................................21

2.11.1. Separação e triagem dos resíduos domiciliares.......................................22

2.11.2. Resíduos recicláveis e reciclagem ...........................................................23

2.11.3. Resíduos reutilizáveis...............................................................................23

v

2.12. RESÍDUOS ORGÂNICOS ............................................................................24

2.12.1. Compostagem ..........................................................................................24

2.12.2. Composto orgânico ..................................................................................25

2.12.3. Chorume...................................................................................................25

2.13. REJEITOS DO LIXO.....................................................................................26

2.13.1. Disposição final dos rejeitos .....................................................................26

2.13.2. Legislação pertinente a resíduos sólidos domiciliares..............................28

3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................32

3.1. MATERIAL....................................................................................................32

3.2. MÉTODOS ...................................................................................................34

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................36

4.1. DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS PELA POPULAÇÃO..................................42

4.2. COLETA E TRANSPORTE DOS RESÍDUOS ..............................................43

4.3. CUSTOS COM A COLETA E TRANSPORTE DOS RESÍDUOS..................44

4.4. TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS COLETADOS.................46

4.5. RECICLAGEM DO MATERIAL ORGÂNICO (COMPOSTAGEM) ................58

4.6. RECICLAGEM DOS MATERIAIS INORGÂNICOS EXISTENTES NO

LIXO .............................................................................................................69

4.7. REJEITOS ....................................................................................................75

4.8. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS .........................................76

4.9. BENEFÍCIOS SOCIAIS ALCANÇADOS COM O TRATAMENTO DOS

RESÍDUOS DOMÉSTICOS..........................................................................79

4.10. BENEFÍCIOS AMBIENTAIS OBTIDOS COM O TRATAMENTO DOS

RESÍDUOS DOMÉSTICOS..........................................................................80

5. CONCLUSÃO...................................................................................................82

6. RECOMENDAÇÕES ........................................................................................84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................87

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - População residente, por situação do domicílio, Brasil de 1940 a

2000. ..................................................................................................10

Figura 2 - Evolução da população do município de Amambaí-MS, no

período de 1980 a 2000. ....................................................................39

Figura 3 - Área degradada, destino final de entulhos e resíduos de poda e

varrição na cidade de Amambaí-MS. .................................................40

Figura 4 - UPL de Amambaí-MS, prédio da área administrativa – 2003. ...........41

Figura 5 - Tonel na cor azul, na via pública, onde são depositados os sacos

com lixo e lixo avulso para a coleta na área urbana da cidade de

Amambaí-MS. ....................................................................................42

Figura 6 - Metade de um tonel, na cor azul, em frente de residência, para

depositar os sacos com lixo para coleta na cidade de Amamabai-

MS......................................................................................................43

Figura 7 - Caminhão compactador, descarregando na UPL após coleta e

transporte dos resíduos domiciliares na cidade de Amambaí-MS. ....44

Figura 8 - Área da UPL onde são descarregados os resíduos domésticos

coletados na área urbana da cidade de Amambai-MS. .....................46

Figura 9 - Encaminhamento dos sacos de lixo e do lixo avulso para o funil

ou moega na UPL da cidade de Amambai-MS. .................................47

vii

Figura 10 - Funil por onde passam os sacos de lixo e o lixo avulso para a

esteira de separação na UPL da cidade de Amambaí-MS. ...............47

Figura 11 - Esteira de separação e catação do lixo na UPL da cidade de

Amambaí-MS. ....................................................................................48

Figura 12 - Esteira de separação, saída do material orgânico para o pátio

das leiras na UPL da cidade de Amambaí-MS...................................49

Figura 13 - Resíduos processados e os resíduos reciclados no ano de 2002

na UPL da cidade de Amambaí-MS...................................................51

Figura 14 - Resíduos processados e os rejeitos resultantes no ano de 2002

na UPL da cidade de Amambaí-MS...................................................52

Figura 15 - Resíduos processados e os resíduos reciclados no ano de 2003

na UPL da cidade de Amambaí-MS...................................................54

Figura 16 - Resíduos processados e os rejeitos resultantes no ano de 2003

na UPL da cidade de Amambaí-MS...................................................55

Figura 17 - Leiras montadas diretamente no solo na UPL na cidade de

Amambaí-MS. ....................................................................................59

Figura 18 - Leiras montadas em piso coberto com cimento na UPL na

cidade de Amambaí-MS.....................................................................59

Figura 19 - Setor de peneiramento e depósito do composto orgânico na UPL

na cidade de Amambaí-MS................................................................61

Figura 20 - Rejeito da compostagem na UPL na cidade de Amambaí-MS. .........62

Figura 21 - Morador transportando composto orgânico produzido na UPL na

cidade de Amambaí-MS para uso em hortas e pomares. ..................62

Figura 22 - Lagoa de contenção do líquido percolado ou chorume na área

da UPL na cidade de Amambaí-MS...................................................63

Figura 23 - Horta construída com composto orgânico da UPL na cidade de

Amambaí-MS. ....................................................................................65

viii

Figura 24 - Horta e estufa construída em terreno da Prefeitura para

produção de legumes, hortaliças e árvores frutíferas e nativas na

cidade de Amambaí-MS.....................................................................66

Figura 25 - Estufa que recebe muda germinada para crescimento na cidade

de Amambaí-MS. ...............................................................................66

Figura 26 - Produção de mudas de árvores nativas e frutíferas na cidade de

Amambaí-MS. ....................................................................................67

Figura 27 - Material reutilizável, vidros de conserva, na UPL de Amambaí-

MS......................................................................................................71

Figura 28 - Material reciclável, papelão, na UPL de Amambaí-MS. .....................71

Figura 29 - Material reciclável, plástico já prensado, na UPL de Amambaí-

MS......................................................................................................72

Figura 30 - Material reciclável, ferro, na UPL de Amambaí-MS. ..........................72

Figura 31 - Material reciclável, latinhas de refrigerantes, na UPL de

Amambaí-MS. ....................................................................................73

Figura 32 - Material reciclável, latas, na UPL de Amambaí-MS. ..........................73

Figura 33 - Material reciclável, garrafas de vidro, na UPL de Amambaí-MS. .......74

Figura 34 - Material reciclável, pneus usados, na UPL de Amambaí-MS.............74

Figura 35 - Aterro de rejeitos na UPL de Amambaí-MS. ......................................75

Figura 36 - Amaplast (indústria de beneficiamento de plástico reciclável) na

cidade de Amambaí-MS.....................................................................78

Figura 37 - Interior da indústria de beneficiamento de plástico reciclável

Amaplast na cidade de Amambaí-MS................................................78

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução da população total e urbana no Brasil de 1950 a 2000. .....10

Tabela 2 - Quantidade de resíduos coletados e destinação final - Brasil

2000 ...................................................................................................27

Tabela 3 - Situação dos sistemas de gestão de resíduos domésticos em

Mato Grosso do Sul - 2003 ................................................................37

Tabela 4 - Evolução da população do município de Amambaí-MS, no

período de 1980 a 2000. ....................................................................39

Tabela 5 - Despesas médias mensais com a coleta e transporte dos

resíduos domésticos na cidade de Amambaí-MS, 2° semestre de

2003 ...................................................................................................45

Tabela 6 - Quantidade de resíduos coletados e processados no ano de

2002 na UPL da cidade de Amambaí-MS..........................................50

Tabela 7 - Quantidade de resíduos coletados e processados no ano de

2003 na UPL da cidade de Amambaí-MS..........................................53

Tabela 8 - Balancete financeiro - média mensal da UPL de Amambaí-MS -

2003 ...................................................................................................56

Tabela 9 - UPL de Amambaí-MS - relatório mensal de operação enviado à

Funasa - total de resíduos processados mês de novembro de

2003 ...................................................................................................57

x

Tabela 10 - Composto orgânico fornecido à comunidade de Amambaí-MS

para atendimento aos programas sociais da prefeitura no ano de

2003. ..................................................................................................64

Tabela 11 - Despesa média mensal da prefeitura de Amambaí-MS para

tratar os resíduos sólidos domésticos ................................................77

Tabela 12 - Entrevista realizada com os funcionários da UPL em junho de

2003. ..................................................................................................80

xi

LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear. CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio. FUNASA – Fundação Nacional de Saúde. IAC – Instituto Agronômico de Campinas. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ICMS – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias

e sobre as Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação.

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. IMAP – Instituto Meio Ambiente Pantanal. IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas. NBR – Normas Brasileiras. OMS – Organização Mundial de Saúde. PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. SEFOP – Secretaria de Finanças, Orçamento e Planejamento de Mato

Grosso do Sul SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul. SUPLAN/MS – Superintendência de Planejamento de Mato Grosso do Sul. UPL – Usina de Processamento de Lixo.

xii

RESUMO

O sistema de gestão de resíduos domiciliares, operando em Amambaí-MS, elimina o impacto do lixo no ambiente e a prática do lixão como disposição final desses resíduos, gera empregos e receita financeira, recicla materiais, reduz os rejeitos, ajuda na recuperação orgânica do solo e na conservação dos recursos naturais. Foram visitados locais para verificar como a população disponibiliza os resíduos no ambiente, como são transportados até a UPL e como é feito o tratamento. Foi avaliada a quantidade de resíduos tratados, os materiais recicláveis separados e comercializados, a quantidade de material orgânico destinado à compostagem e a quantidade de composto orgânico entregue à população no período. Foram entrevistados funcionários, o administrador da UPL e secretários municipais. Foi registrada a receita média mensal da UPL, o número de funcionários envolvidos, as informações referentes aos custos envolvidos com a coleta e o transporte dos resíduos. O benefício social mais significativo foi a geração de empregos legais, empregando trabalhadores com pouca ou nenhuma formação escolar e também com idade avançada, além das hortas que produzem hortaliças e a produção de mudas de árvores nativas e frutíferas. Os principais benefícios financeiros verificados, no período estudado, foram o valor obtido com a venda dos materiais recicláveis, R$ 117.360,00; a redução do custo com uso do trator de esteira, os impostos gerados com a venda dos recicláveis e a implantação de indústrias de beneficiamento de materiais retirados do lixo. Dentre os benefícios ambientais mais importantes, salienta-se o composto orgânico, a não disposição do lixo a céu aberto, a redução dos rejeitos no solo e a quantidade de materiais reciclados que chegou a 75% do lixo produzido. Constatou-se que as despesas com esta atividade não são significativas comparadas com os benefícios socioeconômicos e ambientais que proporciona.

Palavras-chave: resíduos domésticos; reciclagem; compostagem.

xiii

ABSTRACT

The management system of domestic residues, operating in Amambaí-MS, has excluded the impact of the garbage in the environment and the practice of the rubbish dump as a final disposition of these residues, boosting jobs and financial income, recycling materials, reducing the rejects, helping in the organic recovery of the soil and conservation of the natural resources. A field research was made to check how the population disposes of the residues in the environment, how they are carried to UPL and how the residue treatment is carried out. It was estimated the amount of residues treated, the recyclable materials were divided and commercialized, the amount of organic materials destinated for compostage and the amount of organic compost delivered to the population in the period. Workers, UPL manager and city hall aids were interviewed. It was recorded the monthly average income of the UPL, the number of the workers involved, the information referring to costs involved with the collecting and transporting the residues. The most important social benefits were the boosting of legal jobs, employing persons with little or none academic formation and also with advanced age, as well as vegetable gardens that produce vegetables and the production of native and fruit tree seedling. The main financial benefits checked in the observed period was the value to obtained with the sale of the recyclable materials, R$ 117.360,00; the reduction of the costs with the use of a tractor, the taxes flow coming from the sale of the recyclable materials and the introduction of industries that use the garbage as their principal material. Among the benefits for the environment the most important are the organic compost, the non exposure rubbish outdoors the reduction of the rejects in the soil and the amount of recyclable material which reached 75% of the rubbish produced. It was found that the expenses with this activity aren’t significant compared to the social, economical and environmental benefits that it provides.

Key words: domestics residues; recycling; compostage.

1. INTRODUÇÃO

Qualquer quantidade de resíduo produzido tem que ser devidamente

acondicionado para que possa ser coletado, transportado e disposto de forma

ambientalmente correta, e não polua o ambiente. Somente 10% do lixo coletado

no Brasil tem tratamento correto (Prandini et al., 1996).

Sabe-se que a disposição inadequada e sem controle dos resíduos

produzidos pelo homem são uma preocupação antiga que, ainda hoje, no século

21, preocupa o homem, porque nesses ambientes, os lixões, vivem e proliferam

insetos e roedores portadores de microorganismos patogênicos capazes de

causar agravos à saúde humana, como a peste bubônica ou a peste negra na

Europa, onde a pulga Xenospsylla cheops, vetor biológico que vive no corpo do

rato urbano tem como agente etiológico a Pasteurella pestis (Lima, 1991).

Recentemente, no Brasil, ocorreram problemas epidêmicos como o da

Dengue e o da Febre Amarela, que têm como vetor biológico o Aedes aegypti.

Manifestaram-se, também, casos de Leptospirose, que tem como vetor

biológico o Rattus novergicus, o qual transmite através da urina a bactéria

Leptospira interrogans e a Leishmaniose causada pelo protozoário Leishmania

chagasi cujo vetor biológico é o mosquito Flebótomo ou Mosquito-palha(Pereira

Neto, 1999), além de casos de Hantavirose que são atribuídos a roedores

silvestres, Bolomys lasiurus, que, quando contaminados, podem transmitir a

doença pelas fezes, urina e saliva. Observa-se que tanto os roedores como os

insetos causadores destas doenças são encontrados em resíduos domésticos

abandonados pelo homem no ambiente.

2

Constata-se, na atualidade, que continuam as dificuldades para solucionar

o problema de tratamento e destinação final dos resíduos produzidos, dentre elas

a falta de vontade política, a inexistência de projetos melhor elaborados ou a falta

de recursos financeiros (Pereira Neto, 1999).

Para Calderoni (1999), toda a atividade humana gera resíduos e ele cita

que é impossível parar de produzi-los, esteja a atividade relacionada ao trabalho,

à manutenção da saúde ou ao lazer. Existe ainda como agravante o fato de os

resíduos continuarem a ameaçar o bem-estar físico, mental e social do homem. O

desenvolvimento das ciências associado à tecnologia de produção tem

contribuído significativamente para o aumento dos resíduos, tanto na produção

quanto no pós-uso e a produção de bens realizada no mundo a cada dia, em

breve, provavelmente, voltará como resíduo.

Constata-se também que nem só a ciência e a tecnologia aumentam a

produção de resíduos, mas também o crescimento acelerado da população

urbana, conforme cita Grossi (1989 apud Valente e Grossi, 1999), e que a

produção de resíduos no ambiente urbano é uma variável dependente do

crescimento populacional e do aumento do processo de industrialização.

Também são conhecidos a preocupação e o empenho dos países em

aumentar a produção e as exportações de produtos manufaturados, mas poucos

são os movimentos e as pesquisas para as ações de tratamento dos resíduos

gerados e dos cuidados com a natureza, principalmente se comparados aos

valores investidos na produção.

Sabe-se que os fatores acima citados contribuem para o aumento da

produção de resíduos e, associado a eles, está o aumento dos custos para

manutenção e operação do sistema de gestão de resíduos domésticos e esta é a

alegação principal das administrações públicas municipais: a falta de recursos

financeiros e disponibilidade de pessoal para tratar os resíduos domésticos

gerados. A solução mais freqüente é disponibilizá-los em lixões a céu aberto, sem

qualquer tratamento.

O tratamento dos resíduos domésticos, dos esgotos e da água é atividade

básica de saneamento, obrigação da gestão pública local, conforme cita Oliveira

3

(1992) e que, influencia de forma decisiva na saúde pública, nas despesas com

saúde feitas pelos órgãos públicos e na qualidade de vida da população.

Além dos problemas financeiros, sociais e ambientais, os resíduos

domésticos ou lixo trazem consigo o estigma de algo ruim, sem valor, que

atrapalha no espaço urbano e causa péssimo aspecto estético, razão pela qual

todos querem vê-los longe, embora ainda possa conter materiais com potencial

de reaproveitamento (Douglas, 1976 apud Leão, 1995).

Tratar os resíduos gerados é, em alguns casos, responsabilidade da

entidade geradora, dentre eles os resíduos industriais, dos serviços de saúde, os

de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários, os agrícolas, e ainda os

tóxicos e/ou perigosos, mas os resíduos domésticos e especiais, como os

entulhos e da limpeza pública são de responsabilidade da administração pública

local, como estabelecido na Constituição de 1988 (Bidone, 2001).

Gerenciar os resíduos domésticos é criar uma estrutura composta de ações

normativas, operacionais, financeiras e de planejamento baseadas em critérios

sanitários, ambientais e econômicos para coletar, transportar, tratar e dar

destinação final ambientalmente adequada (Prandini et al., 1996).

Portanto, um sistema de gestão eficaz de resíduos consiste no uso de

práticas administrativas corretas, com manejo seguro e fluxo efetivo desses

resíduos, com vistas ao mínimo impacto sobre a saúde pública e ao ambiente

(Prandini et al., 1996).

A cidade de Amambaí-MS, objeto desse estudo, até o ano de 2001,

adotava a prática de disponibilizar os resíduos domésticos produzidos em lixão a

céu aberto, sem qualquer tratamento. Os caminhões descarregavam os resíduos

coletados e um trator de esteira esparramava e compactava o lixo lá

disponibilizado enquanto catadores, dentre eles crianças, buscavam materiais de

valor para sua sobrevivência.

Este trabalho é um estudo de caso, cujo objetivo geral é estudar o sistema

de gestão de resíduos sólidos domiciliares implantado na cidade de Amambaí-MS

e cujos objetivos específicos são verificar os resultados de sua implantação,

4

visando, principalmente, os benefícios socioeconômicos e ambientais obtidos no

período analisado de janeiro de 2002 a dezembro de 2003.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para Odum et al. (2004), a Terra é um sistema constituído de incontáveis

partes interligadas que se relacionam e trabalham juntas, dentre elas as cidades,

os rios, as planícies alagadas, os oceanos, as geleiras, os vegetais, os campos,

os bosques, as matas, as florestas, as montanhas, os desertos, os seres

humanos e os animais em geral, e este imenso universo está saturado de

problemas ambientais, tais como águas contaminadas, solos degradados, ar

poluído e grande quantidade de resíduos.

Conforme este pensamento sistêmico, a Terra é a totalidade, as cidades e

as áreas rurais são subsistemas dessa totalidade que precisam estar equilibrados

no que tange à utilização dos recursos naturais e ao manejo dos processos

ecológicos. Resíduos sólidos não tratados geram desequilíbrio nesses ambientes

e produzem impacto e degradação ambientais.

Sistema significa um conjunto articulado de inter-retro-relacionamentos entre partes constituindo um todo orgânico. Ele é mais do que as próprias partes, um sistema dinâmico, está sempre buscando seu equilíbrio e se auto-regulando permanentemente. Todo sistema apresenta essas duas facetas: por um lado, é fechado e, por outro, aberto. É fechado porque constitui uma realidade consistente, com relativa autonomia e dotado de lógica interna pela qual se auto-organiza e se auto-regula. É aberto porque se dimensiona para fora constituindo uma teia de interdependência com outros seres e com o meio circundante. Dando e recebendo. Trocando informações no seio de uma imensa solidariedade ecológica, terrenal e cósmica. Tudo está ligado a tudo (Boff, 1997, p. 100).

Sabe-se que o ambiente natural, parte deste sistema maior, não gera

6

resíduos como os conhecemos, pois todos os materiais excretados pelos seus

componentes e estes quando morrem, são transformados e incorporados ao solo

como matéria orgânica. Os decompositores, que são as bactérias, os fungos e as

minhocas, além de outros microorganismos, têm a função de processar e

absorver totalmente a matéria orgânica existente no solo (Bidone, 2001).

Observa-se, então, que os produtores e consumidores não alteram a

estabilidade do ambiente natural. Conclui-se, então, que o elemento causador da

degradação ambiental não existe, pois o decompositor trabalha de forma eficiente

e o material orgânico que cai no solo é facilmente decomposto, não tendo

durabilidade na natureza (Bidone, 2001).

Portanto, os decompositores que vivem no solo utilizam esta matéria

orgânica como alimento e, através do processo digestivo, desdobram moléculas

complexas em nutrientes simples, tais como fósforo, potássio, nitrato e outras

substâncias que voltam às raízes das plantas (Odum et al., 2004).

Os aglomerados humanos, rurais ou agrícolas são sistemas que

desenvolvem inúmeros processos e têm como objetivo principal a produção de

alimentos e matéria prima para as cidades, assim produzindo alimentos de

subsistência, grãos, pastagens para bovinos, caprinos, ovinos, plantações

florestais, criatórios de aves, etc.

Essas áreas rurais podem desenvolver uma agricultura primitiva ou uma

agricultura intensiva, onde a primitiva é a atividade agrícola de pouco consumo de

energia, combustível, recursos financeiros e muito trabalho humano. Predomina

neste sistema pequena produção de resíduos orgânicos, cabendo aos animais

domésticos e à natureza fazerem a reciclagem e a reintegração dos descartes ao

solo (Odum et al., 2004).

Na agricultura intensiva utiliza-se muita energia, combustível, fertilizantes,

pesticidas, intensa atividade mecanizada, transporte, recursos financeiros e pouco

trabalho humano; os resíduos gerados são diversificados e, além dos resíduos

orgânicos produzidos normalmente, é comum o descarte de produtos, tais como

sacos plásticos, papéis, embalagens de agrotóxicos, vidros, latas e pneus,

7

amontoados nas propriedades rurais e ao longo das estradas, resultado da

modernidade que já chegou ao campo e, com ela, os problemas causados pelos

resíduos, já conhecidos na cidade (Odum et al., 2004).

As cidades, segundo Odum et al. (2004), são subsistemas desta totalidade

e abrigo de populações, locais para onde convergem bens, matérias primas,

serviços e energia para produzir bem-estar social, mas, também, produzem

problemas, como as águas servidas, a drenagem urbana e o lixo.

Sabe-se que a cidade, desde épocas antigas, em relação à área total de

determinada região, segundo Le Goff (1998), é um pequeno espaço onde se

concentram muitas construções para abrigar pessoas, desenvolver atividades e

relacionamentos; produção de bens, conhecimento, comércio e serviços.

Ainda segundo Le Goff (1998), a cidade externa seu poder sobre seu

entorno e, na maior parte das vezes, determina onde deverão ser produzidas

suas necessidades, crescendo e se expandindo para todos os lados, fazendo

surgir novos aglomerados cujas funções essenciais são as trocas, as

informações, a prestação de serviços, a vida cultural e o poder.

A realidade urbana, para Ferraz (1996), é de trabalho, na qual os homens

disponibilizam suas habilidades, capacidades e energias, desenvolvendo e

transformando a cidade com a instalação de indústrias e instituições associadas e

o desenvolvimento e crescimento da indústria estão ancorados no

desenvolvimento tecnológico. Portanto, a tecnologia atrai capital, tecnologia e

capital atraem indústrias e indústrias atraem trabalhadores. Como conseqüência,

tem-se o crescimento da cidade, da população, do consumo e também da

geração de resíduos.

Agindo de forma integrada, com a observação, a curiosidade, a ousadia e a

capacidade criativa que lhe é peculiar, segundo Ferraz (1996), os seres humanos

buscam constantemente novos conhecimentos e novos valores, o que faz com

que as estruturas físicas e sociais das cidades estejam em constante

transformação.

Logo, verifica-se que o crescimento das populações urbanas, o aumento da

8

produção industrial, a evolução da tecnologia gerando novos produtos (Oliveira,

1992) e as ações de marketing que incentivam o consumo são fatores que,

associados à vida moderna, têm como conseqüência imediata o aumento da

geração de resíduos.

Bidone (1999) coloca que a geração de resíduos sólidos por parte da

população depende de condições culturais, hábitos de consumo, renda, classe

social, fatores climáticos e é função das atividades de manutenção da vida e que

a situação econômica momentânea interfere na geração de resíduos e nos

momentos de crise econômica, observa-se a redução no consumo, reduzindo a

quantidade de resíduos gerados porque os indivíduos utilizam o extremamente

necessário à sobrevivência, o que faz aumentar a reutilização.

Portanto, o avanço da tecnologia, o desenvolvimento da indústria e o

crescimento da população aceleram o processo de urbanização que, associados

à produção de novos modelos de produtos, com pequeno tempo de utilização e,

portanto, passíveis de serem substituídos rapidamente, contribuem para o

aumento da quantidade de resíduos produzidos. No Brasil, segundo Lima (1995

apud Valente e Grossi, 1999), estima-se que a produção per capita de resíduos

domésticos(lixo produzido nos domicílios, restaurantes e bares) seja de 0,5

kg/hab. para cidades menores que 100.000 habitantes e de 0,7 kg/hab. para

cidades maiores que 100.000 habitantes.

A cultura existente é de que os resíduos não têm utilidade, além da pouca

preocupação com a quantidade produzida e suas conseqüências. As pessoas não

têm noção da quantidade de resíduos que produzem por dia e não se preocupam

com o destino que lhes é dado e os problemas ambientais que eles podem

causar. As principais preocupações são de acondicioná-los e disponibilizá-los

para coleta, queimar ou jogar em terrenos baldios, margens de córregos, beiras

de rios ou escondê-los no meio de vegetação arbustiva. O importante é não vê-los

por perto (Valente e Grossi, 1999).

Em função disso, tornaram-se comuns em discussões públicas e privadas,

seminários e trabalhos acadêmicos, ações e argumentos a favor de soluções

capazes de mitigar os efeitos nocivos que os resíduos possam causar ao

9

ambiente e à saúde da comunidade e, dentre estes trabalhos, está o da

reciclagem (Calderoni, 1999).

Os resíduos, como elementos negativos, que podem gerar impacto e

degradação ambientais, de acordo com Bidone (2001), surgem nos sistemas

antrópicos, onde a capacidade de processamento e absorção pela natureza é

menor que a quantidade de resíduos gerados e estes possuem durabilidade maior

na natureza.

Em vista disso, o impacto ambiental causado pelos resíduos sólidos deve-

se à interação dos mesmos com o ambiente onde foram dispostos e ao

esgotamento da capacidade de depuração dos resíduos por esse ambiente

(Bidone, 2001).

De acordo com Planterberg e Ab’saber (1994), o desconhecimento desses

limites torna impossível prever quais efeitos e conseqüências resultarão quando

ações e atividades forem implementadas no ambiente. Alterar condições ou afetar

qualquer organismo do sistema altera relações, o que significa causar impacto e

ou degradação ambiental. O gerenciamento inadequado dos eventos causadores

de impactos, em projetos já implantados, impede ações mitigadoras norteadas

pelo princípio da precaução.

As atividades de previsão de impactos ambientais requerem planejamento

e ações com visão interdisciplinar voltados para os interesses culturais, sociais e

de conservação ambiental que olhem sempre para o futuro (Planterberg e

Ab’saber, 1994).

A Tabela 1 e o Gráfico 1 nos mostram que o crescimento acelerado da

população urbana no Brasil é um dos grandes problemas cujas taxas de

incremento populacional são elevadas. Os dados a seguir mostram que, entre

1970 e 1980, a taxa média geométrica de crescimento da população urbana foi de

4,4%, enquanto a população brasileira em geral cresceu em torno de 2,5% no

mesmo período.

10

Tabela 1 - Evolução da população total e urbana no Brasil de 1950 a 2000.

População urbana Ano População total

Absoluta Relativa

1950 51.944.397 18.782.891 36,00%

1960 70.197.370 31.533.681 44,93%

1970 93.139.037 52.084.984 55,92%

1980 119.002.706 80.436.406 67,69%

1990 146.825.475 109.825.475 74,83%

2000 169.799.170 137.953.959 81,00%

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1956/1960, 2001.

Figura 1 - População residente, por situação do domicílio, Brasil de 1940 a 2000. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2001.

Observa-se que, entre 1940 e 1970, a população urbana, no Brasil, passou

de 30% para 56%; em número de habitantes, o aumento foi superior a 40 milhões

de pessoas, ou seja, durante 30 anos a população urbana brasileira cresceu em

média 1,3 milhões de pessoas por ano. Na seqüência da análise da Figura 1,

observa-se que, entre 1970 e 2000, o aumento da população urbana foi de 86

milhões de habitantes, onde se constata que a população urbana brasileira teve

um crescimento médio de 2,86 milhões de habitantes por ano, mais que o dobro

12,0

28,318,8

33,2 31,338,8

52,141,1

80,4

38,5

111,0

35,8

138,0

31,8

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

milh

ões

de h

abita

ntes

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000

Urbana Rural

11

do crescimento observado no período de 1940 a 1970. Observa-se então, que a

população urbana teve aumento de 126 milhões de habitantes entre 1940 e 2000,

enquanto a população total do Brasil aumentou 130 milhões no mesmo período. O

que parece é que a população brasileira só cresceu nas cidades. Como cada

habitante gera determinada quantidade de resíduos, conclui-se que o aumento da

população produz aumento na quantidade de resíduos gerados, o que requer

maiores investimentos na coleta, transporte, tratamento e área próxima do

ambiente urbano para depositar os resíduos produzidos sem que causem

impactos e degradação ambientais.

2.1. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Resíduo, do latim residuum, de residere, significa ficar assentado no fundo,

ou seja, resto, sobra, borra, sedimento e aquilo que resta de qualquer substância,

resto, coisas inúteis sem valor (Bueno,1988 apud Bidone, 2001).

A definição de resíduos sólidos, adotada no Brasil, pela norma brasileira

“NBR 10.004 – Resíduos sólidos” é:

Todos os resíduos no estado sólido e semi-sólido que resultam das atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, os gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviáveis seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou exijam para isso, soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (Bidone, 1999, p.15).

O capítulo 21, da Agenda 21, que trata do “Manejo Ambientalmente

Saudável dos Resíduos Sólidos e Questões Relacionadas com os Esgotos”, item

21.3. define que: os resíduos sólidos urbanos, para os efeitos deste capítulo,

compreendem todos os restos domésticos e resíduos não perigosos, tais como os

resíduos comerciais e institucionais, o lixo da rua e os entulhos da construção

(Agenda 21..., 2000).

12

Resíduos sólidos urbanos, segundo Lima (1991), são todos e quaisquer

resíduos que aparentemente não tenham mais utilidade e resultem das atividades

diárias do homem na sociedade, sendo composto de: sobras de alimentos,

papéis, papelões, madeira, latas, plásticos, trapos, couro, vidros, lamas, gases,

vapores, poeiras, e outras substâncias descartadas pelo homem no ambiente.

Resíduos sólidos são os restos das atividades humanas, consideradas pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Normalmente, apresenta-se sob estado sólido, semi-líquido, semi-sólido ou semi-líquido, com conteúdo líquido insuficiente para que este líquido possa fluir livremente (Consoni e Peres, 1996, p. 23).

Para a Organização Mundial de Saúde, resíduo é qualquer coisa que o

proprietário não quer mais, em um certo local e em um certo momento, e que não

apresenta valor comercial corrente ou percebido (Bidone, 2001).

2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

Os resíduos sólidos urbanos são compostos de diferentes tipos de

resíduos; para Lima (1991), se considerados os critérios de natureza e estado

físico, podem ser classificados como: sólido, líquido, gasoso e pastoso.

Quando considerados os critérios de origem e produção, conforme Lima

(1991), podemos classificá-los como:

a) domiciliar: são os resíduos gerados nas residências, constituídos de

restos de alimentos, cascas de frutas, verduras, produtos deteriorados,

jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, folhagens, papel

higiênico, vidros, plásticos, folhagens e grande diversidade de outros

resíduos, podendo também conter resíduos de saúde e resíduos tóxicos;

b) comercial: são os resíduos gerados nos estabelecimentos comerciais e

de serviços; supermercados, bancos, lojas, bares, hotéis e restaurantes.

Os resíduos mais comuns são papéis, papelões, plásticos, embalagens

de madeira, embalagens diversas;

13

c) industriais: são os resíduos gerados pelas atividades industriais,

compostos de cinzas, lodos, óleos, plástico, madeira, fibra, borracha,

metal, escórias, cerâmicos, vidros. Estes resíduos são classificados em

quatro categorias:

i) categoria I – resíduos considerados perigosos que possuem

substancial periculosidade, real ou potencial, à saúde humana e aos

organismos vivos;

ii) categoria II – resíduos biodegradáveis e/ou combustíveis;

iii) categoria III – resíduos inertes e incombustíveis;

iv) categoria IV – resíduos constituídos por mistura viável e heterogênea

de substâncias que, individualmente, poderiam ser classificadas nas

categorias II e III.

d) especiais: são os resíduos em regime de produção transiente, como

veículos abandonados, animais mortos, mobiliários, podas, descargas

clandestinas;

e) outros: são os resíduos não contidos nos itens anteriores e os

provenientes de varreduras, de limpeza pública, de galerias e bocas de

lobo;

f) entulho: são os resíduos provenientes de obras civis, escavações,

demolições, terra;

g) hospitalares: são os resíduos produzidos em hospitais, clínicas médicas,

odontológicas, laboratórios, postos de saúde e farmácias, podendo ser

classificados em resíduos comuns, não sépticos, e resíduos especiais,

estes últimos denominados resíduos sépticos, conforme NBR n. 10.004

os quais devem ser manejados de forma especial.

A Resolução n. 005, de 05 de agosto de 1993, do Conselho Nacional de

Meio Ambiente (CONAMA), art. 2° e 3°, anexo I, tratou da Classificação dos

14

Resíduos Sólidos. Para os efeitos desta Resolução, classifica-os, conforme a

seguir (Resoluções..., 2004):

a) grupo A: os resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e

ao meio ambiente, devido à presença de agentes biológicos.

Enquadram-se neste grupo, dentre outros: o sangue e hemoderivados;

animais usados em experimentação, bem como os materiais que tenham

entrado em contato com os mesmos; excreções, secreções e líquidos

orgânicos; meios de cultura; tecidos, órgãos, fetos e peças anatômicas;

filtros de gases aspirados de área contaminada; resíduos advindos de

área de isolamento; restos alimentares de unidade de isolamento;

resíduos de laboratórios de análises clínicas; resíduos de unidades de

atendimento ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de

internação e de enfermaria e animais mortos a bordo dos meios de

transporte, objeto desta Resolução. Neste grupo incluem-se, dentre

outros, os objetos perfurantes ou cortantes, capazes de causar punctura

ou corte, tais como lâminas de barbear, bisturi, agulhas, escalpes, vidros

quebrados, provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços

de saúde;

b) grupo B: os resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e

ao meio ambiente devido às suas características químicas. Enquadram-

se neste grupo, dentre outros: drogas quimioterápicas e produtos por

elas contaminados; resíduos farmacêuticos, medicamentos vencidos,

contaminados, interditados ou não-utilizados; demais produtos

considerados perigosos, conforme classificação NBR n. 10.004 (tóxicos,

corrosivos, inflamáveis e reativos);

c) grupo C: resíduos radioativos. Enquadram-se neste grupo os materiais

radioativos ou contaminados com rádionuclídeos provenientes de

laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e

radioterapia, segundo resolução Federal da Comissão Nacional de

Energia Nuclear (CNEN) – NE n. 6.05/85 de 17 de dezembro de 1985;

15

d) grupo D: os resíduos comuns, que são todos os demais resíduos que

não se enquadram nos grupos descritos anteriormente.

A NBR n. 12.808 define como resíduos de serviço de saúde aqueles que

são originados em estabelecimentos de saúde e abrangem todos os materiais

rejeitados pelos diversos ramos da medicina, farmácia, clínicas, laboratórios e

outras áreas correlatas (Bidone, 2001).

Os resíduos podem ser classificados, segundo a NBR n. 10.004 de 1987,

quanto às diversas formas de coleta, que os divide em (Bidone, 2001):

a) classe I – resíduos perigosos: são os resíduos que apresentam riscos ao

meio ambiente ou à saúde pública, contribuindo para o aumento do

índice de mortalidade ou incidência de enfermidades, devido à sua

inflamabilidade, corrosividade, toxidade ou patogenicidade. Não são

incluídos neste item os resíduos domiciliares e aqueles gerados nas

estações de tratamento de esgotos domésticos;

b) classe II – resíduos não inertes são aqueles que não se classificam

como classe I e III e podem ter propriedades, tais como,

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São os

que mais se aproximam dos resíduos domiciliares;

c) classe III – resíduos inertes são quaisquer resíduos que não possuem

nenhum constituinte solubilizado em concentração superior aos padrões

de potabilidade da água no anexo H da NBR n. 10.004, excetuando-se

os padrões de aspectos como cor, turbidez, odor e sabor.

2.3. QUANTO À REGIÃO DE PRODUÇÃO

As atividades humanas geram resíduos de tipo e diversidade variáveis e,

para Oliveira (1992), os resíduos podem ser produzidos na área rural ou na área

urbana, sendo a maior quantidade gerada na área urbana onde são compostos de

16

parte orgânica e parte inorgânica. Na maior parte das cidades, a quantidade de

matéria orgânica na composição geral dos resíduos domésticos varia 50% e 70%.

Os resíduos sólidos domiciliares urbanos no Brasil, de acordo com Pereira

Neto (1991 apud Phillipi Jr., 1999) e Galvão Júnior (1994 apud Phillipi Jr., 1999),

têm composição média (em peso): matéria orgânica (52,5%); papel/papelão

(24,5%); plásticos (2,9%); metal ferroso (1,4%); metal não ferroso (0,9%); vidro

(1,6%); e outros (16,2%).

2.4. ASPECTOS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Quanto ao aspecto, alguns critérios têm que ser observados, pois segundo

Mansur e Monteiro (1991), poderão causar efeitos maléficos e afetar a saúde e a

vida da população. Os aspectos a serem observados são:

a) aspectos sanitários - os resíduos sólidos poderão ser nocivos através

de: agentes físicos - quando jogados às margens dos rios ou canais de

drenagem e em encostas, o que provoca assoreamento e

deslizamentos; agentes químicos - quando queimados a céu aberto,

poluem a atmosfera e as substâncias químicas, presentes na massa de

resíduos, contaminam os lençóis de água. Essas são ações maléficas à

saúde das pessoas e ao ambiente; agentes biológicos - quando mal

acondicionados ou depositados a céu aberto, são abrigo e alimento para

vetores transmissores de doenças, como ratos, baratas, moscas;

b) aspectos estéticos e de bem-estar: os resíduos sólidos dispostos

indevidamente geram incômodos pelo mau odor e poluição visual e pela

degradação do espaço;

c) aspecto econômico-financeiro: a reciclagem dos resíduos sólidos pode

reduzir os custos com a gestão;

d) aspecto social: quando depositados nos lixões a céu aberto, atraem

catadores que, em condições subumanas, catam e comercializam os

materiais recicláveis.

17

2.5. CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos sólidos domésticos, conforme Mansur e Monteiro (1991),

podem variar de acordo com a cidade, em função de diversos fatores, como

atividade dominante, hábitos e costumes da população e o clima. As

características dos resíduos a observar são:

a) características físicas: composição gravimétrica, o peso específico, teor

de umidade, compressividade e a geração per capita;

b) características químicas: poder calorífico, potencial de hidrogênio, teor

de cinzas, matéria orgânica, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo

mineral e gorduras e a relação carbono/nitrogênio;

c) características biológicas: estudo da população microbiana e dos

agentes patogênicos presentes nos resíduos sólidos.

2.6. COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Para Oliveira (1992), a composição depende do local de geração. Em

comunidades de maior poder aquisitivo a composição dos resíduos produzidos

tem quantidade maior de produtos recicláveis, orgânicos e inorgânicos. A

composição dos resíduos poderá ser qualitativa ou quantitativa, sendo a

quantitativa constituída de três parcelas: detritos orgânicos em geral – restos de

alimento, vegetais, etc.; detritos inorgânicos e orgânicos estáveis – papéis,

metais, etc.; e cinzas – resíduos de queima de combustíveis.

2.7. POLUIÇÕES CAUSADAS PELOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos dispostos diretamente no solo, conforme Valente e Grossi

(1999), poluem o solo. Dependendo do tipo de solo, permitem a percolação do

chorume, que é um líquido escuro de odor forte formado pela umidade natural dos

resíduos e pela água existente na constituição física dos materiais que compõem

18

o lixo; este líquido apresenta na sua constituição cloretos, nitratos, sulfatos, zinco

e alta demanda bioquímica de oxigênio (DBO) que contaminam as águas do

aqüífero subterrâneo. As águas da chuva por arraste e erosão transportam

microorganismos patogênicos como fungos, vírus e bactérias, poluindo o solo, os

cursos d’água e os aqüíferos subterrâneos. Os microorganismos patogênicos

podem, ainda, através de micro e macrovetores, afetar a saúde das comunidades.

Os materiais existentes no lixo, conforme os mesmos autores, fermentam e

geram gases como metano e sulfídrico, os quais diminuem a quantidade de

oxigênio no local, o que pode destruir a vegetação.

Para Lima (1991), os resíduos sólidos poluem as águas a partir do

momento em que são usados os córregos e cursos d’água como destinação final

dos resíduos, causando poluição física, química, bioquímica, biológica e, quando

depositados sem controle, a céu aberto, poluem o ar, porque materiais se

decompõem naturalmente, produzindo metano, amônia e gás sulfídrico e, além do

processo de decomposição natural, a queima do lixo gera fumaça, dióxido de

carbono, materiais particulados, ácido clorídrico, óxido de enxofre, dioxinas e

furanos que causam prejuízos à saúde pública.

2.8. SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Gerenciar os resíduos sólidos produzidos em ambiente urbano significa

recolher e tratar os resíduos coletados, utilizando tecnologias adequadas à

realidade local, dando aos resíduos coletados destino final ambientalmente

seguro, hoje e no futuro próximo. Para que tais ações e atividades tenham

sucesso, é necessário atender a normas operacionais, financeiras e de

planejamento, baseadas em critérios sanitários, ambientais e econômicos para

coletar, transportar, tratar e dispor os resíduos produzidos (Prandini et al., 1996).

19

2.9. ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos gerados no ambiente urbano são, normalmente, tratados e

disponibilizados em locais distantes de onde foram produzidos. Logo, devem estar

bem acondicionados e adequados ao método de coleta e transporte utilizado. Em

função disso, Mansur e Monteiro (1991) afirmam que os recipientes para abrigar

os resíduos devem atender às seguintes exigências: o recipiente deve atender às

condições sanitárias; não ser repulsivo no ambiente; ter capacidade para conter a

quantidade de lixo gerada; possibilitar a coleta rápida e segura por parte do

coletor.

Os recipientes para acondicionar resíduos sólidos poderão ser: para

pequenos volumes, cestos coletores de calçada; recipientes basculantes;

basculantes em carrinhos; tambores e sacos plásticos. Para grandes volumes,

contêineres (Cunha et al.,1996).

No Brasil, os recipientes para acondicionar resíduos sólidos são

normatizados pela ABNT, através da Norma P-EB-558.

A forma mais comum de acondicionar resíduos sólidos é o uso de sacos

plásticos descartáveis, que devem ser fabricados obedecendo às normas de

padronização propostas na NBR n. 9.190 e NBR n. 9.191 (Cunha et al.,1996).

O acondicionamento de resíduos sólidos de serviços de saúde poderá ser

feito em sacos plásticos, fabricados com materiais incineráveis, de cor branca e

propriedades definidas pelas normas IPT-NEA 59 ou NBR n. 9.191. Recipientes

para resíduos perfurantes e cortantes devem ser incineráveis, de polietileno rígido

ou papelão ondulado, na cor amarela, resistentes à perfuração, à compressão, ao

vazamento e ao levantamento pela alça, devendo ser fabricados segundo as

normas IPT-NEA 55 ou BS 7320.

2.10. COLETA E TRANSPORTE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Não coletar os resíduos sólidos domésticos, gerados e disponibilizados

20

pela população no ambiente urbano, torna a cidade feia e suja, com aspecto e

cheiro ruim, além de os resíduos em estado de putrefação propiciarem o

desenvolvimento de vetores causadores de doenças que encontram no lixo abrigo

e alimento (Mansur e Monteiro, 1991).

Os resíduos sólidos precisam ser coletados do meio urbano onde foram

gerados e transportados até o local de tratamento e destinação final. Portanto,

devem ser apresentados em dias, locais e horários pré-estabelecidos (Cunha et

al.,1996).

Segundo Mansur e Monteiro (1991), os resíduos sólidos poderão ser

coletados no período diurno ou noturno; todos os dias, ou em intervalo de dias, da

maneira mais adequada e que facilite a coleta, não atrapalhe o trânsito, seja

seguro para os coletores e tenha baixo custo.

A NBR n. 12.980/1993 define os diferentes tipos de coleta de resíduos

sólidos, que são:

a) coleta domiciliar: coletar os resíduos nas residências, estabelecimentos

comerciais e indústrias, conforme legislação municipal;

b) coleta de resíduos em feiras, praias, calçadas e outras áreas públicas;

c) coleta de resíduos de serviços de saúde; hospitais, ambulatórios;

farmácias, postos de saúde, laboratórios, clínicas; coleta particular;

d) coleta especial: consiste em recolher entulhos, animais mortos, poda de

jardim;

e) coleta seletiva de resíduos: é a atividade que recolhe os resíduos

gerados selecionados e separados na origem.

Quanto ao transporte, os resíduos gerados pela população têm que ser

transportados para o local de tratamento e destinação final e, para tanto, os

serviços de transporte podem ser efetuados pela Prefeitura ou por empresa

contratada para executá-los.

21

Esses materiais devem ser acondicionados pelos geradores e dispostos

para coleta e o transporte pode ser efetuado por diferentes tipos de veículos; usa-

se desde tração animal, micro trator e motocicleta, rebocando pequenas carretas

até caminhões dotados de carrocerias compactadoras fechadas (Cunha et

al.,1996).

Cidades que geram diariamente grandes quantidades de resíduos e têm as

estações de tratamento e/ou destinação final distantes das áreas de coleta,

necessitam utilizar veículos com grande capacidade de armazenamento e esses

veículos, normalmente caminhões, estão equipados com carrocerias metálicas; as

carrocerias sem compactação são denominadas coletores convencionais,

conforme NBR-12.980/1993 e os veículos para maiores capacidades de

armazenamento utilizam carrocerias metálicas dotadas de compactadores,

denominados coletores compactadores com sistema de carregamento traseiro ou

lateral, de acordo com a NBR-12.980/1993.

Para Mansur e Monteiro (1991), os veículos mais indicados para o

transporte dos resíduos são: o caminhão basculante convencional e o caminhão

baú, principalmente em cidades de pequeno e médio porte.

2.11. TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DOMICILIARES

Tratar os resíduos significa reduzir a quantidade, o volume e a

periculosidade que eles possuem antes de dar-lhes a destinação final

ambientalmente adequada, o que traz vantagens de ordem ambiental, estética,

econômica e sanitária.

O tratamento dos resíduos domiciliares pode ser feito pelo gerador, antes

de disponibilizá-lo no meio urbano para coleta, o que se denomina coleta seletiva,

ou tratá-lo após a coleta e transporte, no momento de fazer a disponibilização

final (Wells e D’Almeida, 1996).

Mansur e Monteiro (1991), colocam que as formas mais conhecidas de

tratamento dos resíduos domiciliares são:

22

a) compactação: processo de redução do volume inicial de 1/3 a 1/5;

b) trituração: processo que reduz a granulometria dos resíduos;

c) incineração: processo que consiste na queima controlada dos resíduos;

d) aterro comum: é o método de disposição final dos resíduos em que os

resíduos são descarregados sobre o solo;

e) aterro controlado: é o método de disposição final onde os resíduos são

compactados em camadas sobre o solo, coberto com terra ou material

inerte;

f) aterro sanitário: é o método de disposição final dos resíduos executado

com critérios e normas de engenharia que atendem padrões de

segurança preestabelecidos para proteger o meio ambiente;

g) compostagem: método utilizado para decompor o material orgânico

existente nos resíduos domiciliares e produzir composto orgânico para

uso na agricultura;

h) reciclagem: é o processo que retira dos resíduos sólidos domiciliares

materiais que poderão ser usados como matéria prima para confeccionar

novos produtos, reduzindo o uso de matéria-prima virgem, água e

energia de processamento.

2.11.1. Separação e triagem dos resíduos domiciliares

A separação e triagem dos materiais existentes no lixo, acontece na

unidade de triagem, a qual pode operar de forma manual ou mecânica, que,

segundo Bidone (2001), é composta de unidade de triagem e armazenamento,

unidade de compostagem e unidade de peneiramento. A unidade de triagem é

composta de local de descarga, funil ou moega e esteira de separação e catação;

a unidade de armazenamento é composta de galpões de armazenamento e

prensa; unidade de compostagem é o local onde são montadas as leiras

constituídas de materiais orgânicos retirados do lixo e a unidade de peneiramento

23

é o local onde está instalada a peneira e o depósito do composto orgânico

produzido.

2.11.2. Resíduos recicláveis e reciclagem

Resíduos recicláveis são gerados pelo homem nas suas ações e

atividades, os quais ele descarta como sem utilidade ou sem valor, mas que

podem ser reutilizados novamente, ou utilizados, após processamento, como

produtos semelhantes ou outros produtos. Esses produtos fazem parte do lixo e a

sua separação para nova utilização é denominada reciclagem e ela é responsável

pela transformação de lixo em insumos para a indústria com vantagens

econômicas e ambientais.

Para Calderoni (1999), reciclagem é um novo processamento do mesmo

material para que se possa utilizá-lo novamente. É ressuscitar o mesmo material

para outra utilização.

A reciclagem é um conjunto de ações que fazem com que materiais que

estão no lixo sejam separados e processados para se transformarem em matéria-

prima na produção de bens que antes eram feitos com matéria-prima virgem. A

reciclagem traz benefícios como a diminuição da quantidade de lixo a ser

aterrado, aumentando a vida útil dos aterros, a preservação dos recursos

naturais, a economia de energia, a diminuição da poluição do ar e das águas e a

geração de empregos (Wells e D’Almeida, 1996).

2.11.3. Resíduos reutilizáveis

Segundo Bidone (2001), a reutilização é o aproveitamento do material, na

forma em que foi descartado, não sendo necessário nenhum tratamento, apenas

limpeza, e, colocação de etiquetas.

24

2.12. RESÍDUOS ORGÂNICOS

Cerca de 50% dos materiais que compõem o lixo são resíduos orgânicos

(Naumoff et al., 1996) e, segundo Grossi (1993 apud Valente e Grossi, 1999), dos

resíduos domiciliares produzidos cerca de 45% são resíduos orgânicos facilmente

putrescíveis. Conforme Pereira Neto (1991 apud Phillipi Jr., 1999) e Galvão Júnior

(1994 apud Phillipi Jr., 1999), o percentual médio em peso dos resíduos orgânicos

no lixo domiciliar no Brasil é de 52%.

Mais da metade dos resíduos domiciliares produzidos poderiam ser

reciclados usando o método da compostagem, no qual o composto orgânico

produzido voltaria para melhorar a capacidade produtiva do solo e seria evitada a

saturação precoce dos aterros, além dos ganhos econômicos, ambientais e

geração de empregos resultante.

2.12.1. Compostagem

Bidone (2001) escreve que a compostagem é uma atividade antiga,

praticada de forma empírica por gregos, romanos e orientais para fazer com que

os resíduos orgânicos descartados retornassem ao solo para melhorar ou manter

a fertilidade.

A compostagem é um processo biológico, aeróbico e controlado, no qual ocorre a transformação de resíduos orgânicos em resíduos estabilizados com propriedades e características completamente diferentes do material que lhe deu origem (Bidone, 2001, p. 45).

Lima (1991) define compostagem como uma transformação dos resíduos

orgânicos existentes no lixo em matéria biogênica estável através de processos

físicos, químicos e biológicos, que tem como resultado o composto orgânico para

uso na agricultura e na correção dos solos.

25

2.12.2. Composto orgânico

O composto orgânico ou húmus, segundo Lima (1991), é um fertilizante

natural, resultante de material existente no lixo e que, quando utilizado, pode

melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, melhorando a

agregação e estruturação, a porosidade, a consistência, o fornecimento de macro

e micro nutrientes, a capacidade de troca iônica, a quelatação dos metais e o

poder tampão.

Características do composto orgânico produzido de materiais orgânicos

retirados do lixo, segundo Lima (1991), são a granulometria, partículas de

composto com dimensões variando de (0,1 a 2,0) mm; temperatura do composto,

quando exposto ao ar livre próxima da temperatura ambiente; umidade quando

em ambiente coberto inferior a 35%; densidade variando de 150 a 350 kg/m3; odor

semelhante à terra mofada; grau de decomposição acentuado, sem condições de

identificar o material anterior; coloração de cinza escuro a negro e pH alcalino de

7,6 a 8,0.

2.12.3. Chorume

A escolha do local para instalação de uma unidade de triagem, reciclagem

e compostagem, deve ter como pré-requisitos, distância considerável de

nascente, córrego ou rio e serem devidamente observadas as condições

hidrológicas no sentido de proteger o aqüífero subterrâneo, pois, durante o

processo de compostagem ou decomposição biológica da matéria orgânica, é

produzido o líquido percolado ou chorume.

Conforme Bidone (1999), líquido percolado ou chorume é um líquido

escuro, de odor forte, formado pela umidade natural dos resíduos e pela água que

faz parte da constituição física de alguns materiais. O chorume resultante do

processo de compostagem dos resíduos sólidos domésticos apresenta na sua

composição cloretos, nitratos, sulfatos, zinco e alta demanda bioquímica de

oxigênio, razão pela qual pode contaminar os recursos hídricos.

26

O tratamento do líquido contaminado, segundo Lima (1991), pode ser feito

utilizando lagoas de estabilização, sendo uma anaeróbica e outra facultativa, para

a biodegradação da matéria orgânica através da ação de bactérias aeróbias e

anaeróbias. Pode ser utilizado, ainda, tratamento por ataques químicos, por filtros

biológicos e por processos fotossintéticos.

2.13. REJEITOS DO LIXO

Rejeitos são os resíduos sólidos encontrados no lixo que não são

aproveitados como possíveis de reciclagem, reutilização ou compostagem. A

estes materiais é dada a destinação final imediata, os quais são depositados em

aterros comuns ou lixões, aterros sanitários, aterros controlados ou levados para

incineração.

2.13.1. Disposição final dos rejeitos

Os resíduos sólidos domiciliares, depois de processados, terão parte

reciclada e outra será destinada para o rejeito. Alguns critérios têm que ser

observados para que se escolha o melhor método de destinação final, sendo que

os principais são: a capacidade financeira do município, a condição

ambientalmente adequada e as condições de saúde da população (Consoni et al.,

1996).

Dentre os principais métodos de destinação final adotados pelos

municípios brasileiros estão o lixão, o aterro sanitário, o aterro controlado e a

incineração. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

(PNSB)/1989, realizada pelo IBGE, editada em 1991, a disposição final de

resíduos sólidos domiciliares no Brasil tinha como destinação final o lixão (76%),

aterro controlado (13%), aterro sanitário (10%) e tratado, reciclado, incinerado

(1%) (Consoni et al., 1996).

Atualmente, a produção de resíduos aumentou em conseqüência do

aumento da população, dos tipos de embalagens e dos hábitos da população,

27

mas a destinação final teve alterações significativas. A quantidade de resíduos

produzidos no Brasil é de aproximadamente 228.414 t/dia, (Tabela 2).

Tabela 2 - Quantidade de resíduos coletados e destinação final - Brasil 2000

Quantidade Destinação final t/dia %

Aterro controlado 84.576 37,0

Aterro sanitário 82.640 36,0

Vazadouro a céu aberto/lixão 48.322 21,0

Estação de compostagem 6.550 2,9

Estação de triagem 2.265 1,0

Vazadouro em áreas alagadas 233 0,1

Outros 3.828 2,0

Total 228.414 100,0

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000.

Observando os percentuais e as quantidades disponibilizadas em 1991 e

2000, verifica-se que os resíduos dispostos em lixões foram reduzidos de 76%

para 21%, os aterros controlados aumentaram, passando de 13% para 37%, os

aterros sanitários também aumentaram, passando de 10% para 36% e os

resíduos tratados passaram de 1% para 5,9%. Estes dados constatam que

aumentou a preocupação em dar destinação final mais adequada aos resíduos

sólidos domiciliares, embora ainda deixe a desejar quanto à destinação

ambientalmente correta.

De acordo com Consoni et al. (1996), os principais métodos de disposição

de resíduos são:

O lixão é a forma mais comum de disposição final, sendo realizada a

descarga dos resíduos sobre o solo, sem nenhuma medida de proteção ao

ambiente e à saúde pública, pois os caminhões descarregam os resíduos e

tratores de esteira os esparramam sem executar qualquer cobertura. Neste

método não existe critério nem controle na disposição dos resíduos

28

O aterro controlado é o processo de disposição final, de forma mais

adequada. Ele minimiza os riscos à saúde pública e reduz os impactos

ambientais. Este procedimento confina os resíduos e os cobre com material

inerte. Este método gera poluição localizada e pode contaminar as águas

subterrâneas, pois não trata o chorume produzido e nem os gases gerados.

O aterro sanitário é um processo que possui métodos, critérios e normas

operacionais para disposição final de resíduos, permitindo depositá-los de forma

segura no que tange ao controle de poluição ambiental e proteção à saúde

pública. Os resíduos são depositados em camadas, a parte inferior da camada é

impermeabilizada e a parte superior de cada camada é coberta com material

inerte. Utiliza-se dreno para coletar o chorume.

Existem, ainda, segundo Lima (1991), os aterros de superfície e os de

depressão. Os primeiros são os executados em áreas planas e o método

empregado poderá ser de trincheira, de rampa ou de área. Os aterros de

depressão são os executados em lagoas, mangues, ondulações, pedreiras

extintas e depressões em áreas urbanas.

2.13.2. Legislação pertinente a resíduos sólidos domiciliares

O cuidado, no Brasil, com os resíduos sólidos e seu aspecto nocivo

começou em 1954, sob o enfoque da saúde humana(Lei Federal n. 2.312, de 3 de

setembro de 1954) estabelecendo que a coleta, o transporte e o destino final dos

resíduos sólidos deveriam dar-se em condições que não provocassem

inconvenientes à saúde e ao bem-estar públicos. Essa lei foi regulamentada pelo

Decreto n. 49.974-A, de 21 de janeiro de 1961, denominado Código Nacional de

Saúde.

A necessidade de proteger os recursos naturais, proteger o ambiente e

normatizar o tratamento dos resíduos fez surgir novas leis, portarias, decretos e

resoluções e as que regem os resíduos sólidos domiciliares são as seguintes:

29

a) A Resolução n. 006 do CONAMA, de 16 de junho de 1988, define os

empreendimentos que devem gerir o destino dos resíduos;

b) A Resolução n. 006 do CONAMA, de 19 de setembro de 1991, dispõe

sobre a incineração ou qualquer outro tipo de queima dos resíduos

sólidos procedentes dos serviços de saúde, portos e aeroportos;

c) A Resolução n. 005 do CONAMA, de 05 de agosto de 1993, dispõe

sobre o gerenciamento de resíduos sólidos procedentes de serviço de

saúde, portos e aeroportos, bem como terminais ferroviários e

rodoviários e estabelece que as empresas responsáveis por essas

atividades deverão gerenciar seus resíduos sólidos desde a geração até

a disposição final;

d) A Resolução n. 023 do CONAMA, de 12 de dezembro de 1996, dispõe

sobre o controle do movimento transfronteiriço de resíduos;

e) A Portaria n. 53/97 (item X) do Ministério do Interior proíbe a disposição

final de resíduos em lixões, pois o impacto ambiental, nesses casos,

geralmente consiste na contaminação do solo por chorume, podendo

afetar o lençol freático, os cursos d’água e a destruição da vegetação;

f) A Resolução n. 257 do CONAMA , de 30 de julho de 1999, determina

que pilhas e baterias que contenham chumbo, cádmio, mercúrio e seus

compostos, após seu esgotamento energético, sejam devolvidas aos

fabricantes para reutilização, reciclagem ou disposição final;

g) A Resolução n. 258 do CONAMA, de 26 de agosto de 1999, determina

que os fabricantes e importadores de pneumáticos são obrigados a

coletar e dar destinação final ambientalmente adequada aos pneus

inservíveis no território nacional;

h) A Resolução n. 275 do CONAMA, de 26 de agosto de 1999, estabelece

o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na

identificação dos coletores e transportadores e para a coleta seletiva de

resíduos;

30

i) A NBR n. 8.849 de 1985, apresentação de projeto de aterros controlados

de resíduos sólidos urbanos – procedimento;

j) A NBR n. 10.004 de 1987, resíduos sólidos – classificação;

k) A NBR n. 10.005 de 1987, lixiviação de resíduos;

l) A NBR n. 10.006 de 1987, solubilização de resíduos;

m) A NBR n. 10.007 de 1987, amostragem de resíduos;

n) A NBR n. 11.174 de 1990 ou NB n. 1.264 de 1989, armazenamento de

resíduos classe II – não inertes e III – inertes;

o) A NBR n. 8.419, de 1992, apresentação de projetos de aterros sanitários

de resíduos sólidos urbanos;

p) A NBR n. 9.190, 9091, 9095, 13.055, 13.056 de 1993, normas para

sacos plásticos para acondicionamento de lixo;

q) A NBR n. 12.980 de 1993, coleta, varrição e acondicionamento de

resíduos sólidos urbanos;

r) A NBR n. 13.221, 13.333, 13.334 de 1994 e 1995, transporte de

resíduos sólidos;

s) A NBR n. 13.463 de 1995, coleta de resíduos sólidos;

t) A NBR n. 8.843 de 1996, gerenciamento de resíduos sólidos em

aeroportos.

Somados a esse conjunto de leis, tem-se a lei maior do país, a Constituição

Federal de 1988 que, em seu art. 23 inciso VI, estabelece que a proteção ao meio

ambiente e o combate a qualquer forma de poluição, inclusive por resíduos

sólidos, é de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

municípios; o art. 24, inciso VI, prevê a interferência da União, dos Estados e do

Distrito Federal para legislar sobre a defesa do solo, a proteção do meio ambiente

e o controle da poluição e o art. 30 estabelece caber aos municípios

31

complementar a legislação Federal e Estadual e promover adequação territorial

mediante o planejamento e controle do uso e ocupação do solo, além de legislar

sobre assuntos de interesse local, conforme incisos I e V, como a organização

dos serviços públicos, o gerenciamento dos serviços de limpeza urbana e

destinação final dos resíduos sólidos (Lopes, 1998).

No capítulo VI do Meio Ambiente, art. 225, a lei ambiental diz que todos

têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do

povo, essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações.

As leis existem para proteger e evitar que as pessoas incorram em erros,

neste caso, contra a natureza. As leis que protegem a natureza, na maior parte

das vezes, não são respeitadas, seja por desconhecimento, falta de instrução,

ganância ou apenas desobediência. A natureza, de imediato, normalmente não

reclama, não se defende quando agredida ou maltratada, suporta silenciosamente

toda sorte de agressões, mas, possui leis próprias que, gradativamente, impõem

ao homem severas punições, como a destruição dos bens por ele construídos.

Buscar entender as leis da natureza é preservá-la, olhar de forma

responsável para o futuro. Um provérbio africano nos diz que a terra em que

vivemos não nos foi dada por nossos pais e sim nos foi emprestada por nossos

filhos. Logo, teremos de devolvê-la conservada e produtiva, um compromisso com

a geração presente e de respeito, solidariedade e fraternidade para com as

gerações futuras.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado na cidade de Amambaí, no sul de Mato Grosso

do Sul. Os dados foram obtidos em campo, através de relatórios operacionais,

documentos, registros, fotos, e verificações locais, junto à empresa CP dos

Santos & Cia. Ltda. que administra a UPL, na Prefeitura de Amambaí e na

Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), além de entrevistas com funcionários

dessas instituições e estudo dos processos operacionais utilizados no tratamento

dos resíduos sólidos domiciliares. Os dados levantados são relativos ao período

de janeiro de 2002 a dezembro de 2003.

3.1. MATERIAL

O município de Amambaí está situado na região sul de Mato Grosso do

Sul, próximo à fronteira com o Paraguai. Limita-se ao norte com os municípios de

Caarapó e Laguna Caarapã; a noroeste com o município de Aral Moreira; a

nordeste com o município de Juti; ao sul com o município de Tacuru; a sudoeste

com o município de Paranhos; a sudeste com o município de Iguatemi; a leste

com o município de Itaquiraí e a oeste com o município de Coronel Sapucaia.

O município de Amambaí possui uma área de 4.202,20 km2 e população de

29.484 habitantes, com 18.818 habitantes na área urbana e 8.051 domicílios

(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000).

Estão também no município de Amambaí três aldeias indígenas: a aldeia

33

Amambaí, a aldeia Limão Verde e a aldeia Jaguari, com uma população de

aproximadamente 5.700 índios.

É um município de características agrícolas, produtor de grãos, com área

plantada de aproximadamente 30.000 hectares, onde as principais culturas são a

soja, o milho e o trigo; rebanho bovino de 350.000 cabeças e um pólo importante

de suinocultura com 2.200 matrizes e produção anual de 44.000 leitões; também

possui uma produção anual de 4.000.160 aves. O município tem 90% das

propriedades rurais atendidas com energia elétrica.

A sede administrativa do município, a prefeitura de Amambaí, está distante

da capital do Estado de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, aproximadamente

332 km, na latitude 23°06’12,5” e longitude 55°13’45,3”, com altitude de 480 m.

A cidade de Amambaí possui, na sua infraestrutura, um terminal rodoviário,

1 aeroporto para pequenas aeronaves, 3 hospitais, 5 postos de saúde, 4

laboratórios de análises clínicas, 4 agências bancárias e 2 rádios comerciais. No

que tange à educação, existem 7 escolas municipais, 5 centros de educação

infantil, 5 escolas estaduais, 1 escola especial e 1 universidade. Estão instaladas

no município cerca de 500 pequenas e médias empresas, 42 indústrias e 47

empresas de prestação de serviços.

. Do total de ruas existentes no circuito urbano 85% são asfaltadas; existe

água tratada em 98% dos domicílios e rede de esgotos em 61%. Todos os

domicílios são atendidos com energia elétrica. A limpeza pública é contínua e a

coleta de resíduos é diária. Não há coleta seletiva de resíduos.

Quanto à UPL, foi fundada em 05 de junho de 2000, inaugurada em 08 de

setembro de 2001 e iniciou as operações em 12 de novembro de 2001. Está

instalada em área afastada 6 km da região central da cidade ao lado do lixão

desativado, mais precisamente no quilômetro 3 da rodovia MS 289 que liga

Amambaí a Juti, na latitude 23°08’56” e longitude 55°11 03” com altitude de 472

m. Está na região do entorno de Amambaí, a 3,5 quilômetros da Rodovia MS 156

que interliga a cidade de Amambaí à cidade de Iguatemi.

A unidade possui uma área de 6 hectares e é o local onde são depositados

34

os resíduos sólidos domésticos recolhidos no ambiente urbano de Amambaí para

serem tratados. A área é toda cercada de arame, com árvores de eucalipto

plantadas ao longo da cerca, e no seu interior estão instalados os prédios e

depósitos que compõem a usina.

3.2. MÉTODOS

O trabalho iniciou com a investigação junto a órgãos públicos, como a

Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) e a Fundação Nacional de Saúde

(FUNASA), através de entrevistas com funcionários dessas instituições, buscando

obter informações sobre tratamento e destinação final dos resíduos sólidos

domésticos gerados nas cidades de Mato Grosso do Sul.

Buscou-se saber também quais os critérios e pré-requisitos que devem ser

atendidos para implantar, de forma legal e ambientalmente correta, um sistema de

gestão de resíduos sólidos domiciliares e se são disponibilizados incentivos ou

benefícios técnicos e financeiros governamentais para implantação dessa

atividade nos municípios.

Foi feita pesquisa bibliográfica relativa ao acondicionamento, coleta,

transporte, tratamento e destinação final dos resíduos domésticos, analisou-se

cidade como sistema gerador de resíduos, o sistema de gestão destes resíduos, a

normatização e a legislação.

No ambiente urbano, a maior fonte de geração de resíduos, foram

observados e realizado registro fotográfico de como a população acondiciona e

disponibiliza os resíduos para coleta e como são coletados e transportados os

resíduos e qual o intervalo de coleta.

No principal local de estudo, a UPL, foram feitos levantamentos quanto à

localização da UPL e ao histórico da existência desta unidade e à pesquisa de

dados existentes neste local quanto à quantidade de resíduos tratados,

reutilizados, reciclados e a quantidade de composto orgânico produzido, forma de

tratamento do líquido percolado ou chorume e destinação final dos rejeitos nos

35

anos de 2002 e 2003, além de registro fotográfico das várias fases e processos

de tratamento dos resíduos na UPL.

Ainda na UPL foi pesquisado o número de pessoas que lá trabalham e se

são devidamente registradas como trabalhadores; qual o salário médio que

recebem e que benefícios adicionais eles têm. A entrevista foi feita de forma

individualizada, inclusive com o administrador da UPL.

Também foi levantado o custo médio mensal para operar a UPL, a receita

média mensal da UPL e se a prefeitura repassa verba à empresa terceirizada

para ajudar na redução dos custos operacionais.

Como complemento do trabalho foi recolhida (1) uma amostra do composto

orgânico produzido na UPL, e, encaminhado ao Instituto Agronômico de

Campinas (IAC), para análise de micro e macro nutrientes e elementos

contaminantes, e (1) uma amostra de água do subsolo para realização de análise

no laboratório da Uniderp em Campo Grande-MS.

Foi observada a existência de empresas que desenvolvem atividades de

reciclagem que usam ou possam usar materiais processados na UPL da cidade

de Amambaí-MS.

Na Prefeitura buscaram-se, por meio de entrevista, informações relativas

ao tratamento dos entulhos, dos resíduos hospitalares, dos resíduos de poda e

varrição e aos benefícios socioeconômicos e ambientais obtidos com o tratamento

dos resíduos domésticos, além de, informações quanto à parte ou partes do

sistema de gestão serem ou não terceirizadas, bem como custos relativos às

fases anterior e posterior à implantação da UPL.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sabe-se que a motivação principal para o tratamento dos resíduos

domésticos no Brasil não foi, inicialmente, a proteção ao ambiente e sim

desenvolver ações de saneamento para prevenção e controle de doenças

epidêmicas e endêmicas, prioritariamente em municípios com até 30 mil

habitantes e/ou municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

A Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) desenvolve programas para a

implantação de sistemas de tratamento e/ou destinação final de resíduos

domésticos para controle de vetores hospedeiros de doenças que encontram, nas

deficiências dos sistemas públicos de limpeza urbana, as condições ideais de

propagação de agravos à saúde(Ministério da Saúde-Portaria n° 225, 2003).

A Funasa, em Mato Grosso do Sul, órgão do Ministério da Saúde que atua

na melhoria e na manutenção da saúde pública em nosso estado, também

desenvolve, implanta e supervisiona projetos de sistemas de gestão de resíduos

domésticos, tratamento de água e esgotos nos municípios, visando a reduzir os

problemas de saúde da população. Esse trabalho consiste de orientação,

recebimento dos projetos, análise e, após aprovação, liberação de recursos

financeiros e disponibilização de treinamento para implantar e operar tais

sistemas. Posteriormente à ativação, fiscaliza as atividades através de visitas de

orientação e acompanhamento através de relatórios operacionais.

Em Mato Grosso do Sul, até meados da metade do ano de 2003, haviam

sido liberados recursos financeiros federais no valor de R$ 1.214.552,00 para

37

implantar sistemas de gestão de resíduos sólidos domésticos em 28 municípios.

Desse total, apenas 9 estavam operando normalmente, 5 estavam operando

parcialmente e o restante paralisados, seja por falta de licença ambiental, de

recursos orçamentários para contratar funcionários, de utilização do local para

outras atividades e outros motivos (Tabela 3).

Tabela 3 - Situação dos sistemas de gestão de resíduos domésticos em Mato Grosso do

Sul - 2003

Município Repasse (R$) Obra Operando Obs. Alcinópolis 28.350,00 concluída não Receita orçament Amambaí 80.000,00 concluída sim Antonio João 57.530,00 concluída parcialmente Receita orçament.Aparecida do Taboado mat. p/ const. concluída parcialmente Sema embargou Aral Moreira 28.350,00 concluída paralisada Receita orçament.Bandeirantes 55.000,00 em execução não Conv. em andam. Bataguassú mat. p/ const. concluída parcialmente Separa mat.recic. Bela Vista 88.000,00 concluída parcialmente Falta treinamento Bonito 116.350,00 concluída não Receita orçament.Caarapó 108.350,00 em execução não Conv. em andam. Cassilândia 54.900,00 concluída não Receita orçament.Chapadão do Sul mat. p/ const. concluída sim Corumbá 63.750,00 concluída Sim Falta treinamento Corguinho Licitação paralizada Receita orçament.Coxim mat. p/ const. concluída paralisada Fábrica de blocos Iguatemi 54.622,00 concluída sim Ivinhema mat. p/ const. concluída paralisada Ação judicial Japorã 28.350,00 concluída paralisada Receita orçament.Jardim 62.350,00 concluída Sim Nova Alvorada do Sul 28.350,00 concluída Sim Paranhos 28.350,00 concluída Sim P. Murtinho 154.800,01 em execução Não Em construção. S. G. Doeste mat. p/ const. concluída Sim Selvíria 28.350,00 concluída não Receita orçament.Sete Quedas 28.350,00 concluída não Outros Sidrolândia 63.750,00 concluída sim Tacuru 28.350,00 concluída parcialmente Receita orçament.Total geral 1.214.552,00 28 9 -

Fonte: Ministério da Saúde, 2003.

38

Observa-se que cidades de grande atividade turística em Mato Grosso do

Sul, com financiamento já liberado, como Dourados, Três Lagoas, Corumbá e a

capital Campo Grande, não implantaram sistema de gestão de resíduos

domésticos, adotando ainda a prática do lixão como disposição final para os

resíduos sólidos domésticos produzidos.

Para implantar o sistema de gestão de resíduos domésticos, o município de

Amambaí-MS obteve financiamento a fundo perdido do Ministério da Saúde,

através da Funasa, para construção dos prédios e aquisição de maquinários para

unidade de triagem e compostagem, materiais e equipamentos para realizar a

coleta, o transporte e o treinamento para operação do sistema.

Amambaí-MS, como a maior parte das cidades brasileiras, apresenta

crescimento populacional, conforme mostra a Tabela 4, onde se observa que a

população urbana, passou de 15.279, em 1991, para em torno de 18.818

habitantes em 2000. Até o ano de 2000 e parte de 2001, a cidade disponibilizava

os resíduos domésticos em lixão, a céu aberto e um trator de esteira realizava a

atividade de esparramar e compactar os resíduos domésticos sobre o solo.

A Tabela 4 e a Figura 2 mostram as variações da população total e da

população urbana no município de Amambaí-MS, entre os anos de 1980 e 2000 e

a estimativa de população do município em 2003. Analisando-se a Tabela 4,

verifica-se que, entre 1980 e 1991, 32.573 habitantes migraram para outras

cidades e que, após 1991, o percentual de habitantes na área urbana aumenta

em média 0,5% ao ano.

39

Tabela 4 - Evolução da população do município de Amambaí-MS, no período de 1980 a 2000.

População urbana (hab.) Ano População total (hab.)

n. %

1980* 58.524 31.351 54,0

1991* 25.951 15.279 59,0

1996** 27.935 17.417 62,0

2000* 29.484 18.818 64,0

2003*** 30.572 19.566 64,0

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2003. *censo demográfico; **contagem da população; ***estimativa da população em 2003. Figura 2 - Evolução da população do município de Amambaí-MS, no período de 1980 a

2000. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2003. *censo demográfico; **contagem da população.

O sistema de gestão de resíduos sólidos implantado na cidade de

Amambaí-MS entrou em operação no final de 2001, sendo composto de coleta,

transporte e destinação final dos resíduos de poda, varrição e entulhos, dos

resíduos dos serviços de saúde e dos resíduos sólidos domésticos, o lixo.

Os entulhos e os resíduos de poda e varrição coletados são depositados

em área degradada, no início da estrada de Amambaí para Caarapó, de onde foi

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

1980* 1991* 1996** 2000*

hab. Total

Urbana

40

retirada terra para uso no trabalho de terraplenagem desta estrada. O depósito foi

autorizado e teve licença ambiental aprovada pela Secretaria Estadual de Meio

Ambiente (SEMA).

O procedimento para a coleta e destinação final dos entulhos, galhos de

árvores e folhagens, assim como resíduos de poda e varrição, é fazer solicitação

à prefeitura, a qual prescreve pagamento para coletar e transportar os materiais

até o local (Figura 3), além de outros transportadores que jogam entulhos na

mesma área.

Os resíduos produzidos nos estabelecimentos de saúde são incinerados no

local de geração, segundo informações obtidas na Prefeitura. Quanto aos

resíduos industriais, são gerenciados pelas próprias indústrias e estas não são

fiscalizadas pela prefeitura, pelo menos até o presente momento. Este trabalho

não se ateve a esses materiais porque o foco principal eram os resíduos

domiciliares.

Figura 3 - Área degradada, destino final de entulhos e resíduos de poda e varrição na

cidade de Amambaí-MS.

41

Para implantar o sistema de gestão de resíduos domiciliares o município

obteve aprovação da SEMA e Instituto Meio Ambiente Pantanal (IMA-P) para

operar a UPL, recebendo as Licenças Prévia, de Instalação e de Operação para a

atividade de tratamento e disposição final de resíduos domésticos.

A UPL é constituída das seguintes unidades: prédio da administração

(Figura 4), unidade de recebimento e triagem de materiais (Figura 8), prédio de

depósito e prensa, unidade de peneiramento e armazenamento do composto

orgânico produzido(Figura 19), pátio para montagem das leiras (Figura 18), lagoa

de contenção do chorume (Figura 22) e poço para destinação final de resíduos

domiciliares, os rejeitos(Figura 35).

Figura 4 - UPL de Amambaí-MS, prédio da área administrativa – 2003.

Os resíduos domésticos gerados nas residências e na área comercial são

coletados, transportados pela Prefeitura e depositados na UPL para tratamento.

42

4.1. DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS PELA POPULAÇÃO

A disposição dos resíduos pela população e pelas instituições comerciais

obedece a critérios e costumes locais, pelos quais os resíduos domésticos, na

sua maioria, são acondicionados em sacos plásticos e sacos de supermercados.

Então, esses sacos com lixo são armazenados em tonéis de plástico na cor azul,

cortados pela metade ou mantidos inteiros, e dispostos na calçada. Os tonéis

azuis e os sacos de supermercados são um processo de reutilização e economia

de materiais, além de estéticas e sanitárias, evitando que o lixo possa ser

esparramado na calçada (Figuras 5 e 6).

Figura 5 - Tonel na cor azul, na via pública, onde são depositados os sacos com lixo e

lixo avulso para a coleta na área urbana da cidade de Amambaí-MS.

43

Figura 6 - Metade de um tonel, na cor azul, em frente de residência, para depositar os

sacos com lixo para coleta na cidade de Amamabai-MS.

Não se percebe, ao andar pelas ruas de Amambaí, lixo jogado na rua,

como conseqüência de sacos de lixo rasgados por animais domésticos ou por

sacos de lixo mal fechados. Existe inconveniência, apenas, quanto ao peso dos

tonéis na hora em que o coletor os transporta e vira dentro do caminhão.

4.2. COLETA E TRANSPORTE DOS RESÍDUOS

A coleta dos resíduos é realizada diariamente por funcionários da prefeitura

no período diurno. Eles colocam o conteúdo dos tonéis dentro dos caminhões tipo

compactadores, conforme Figura 7, e, depois, devolvem os tonéis para as

residências. Em cada caminhão trabalham 4 funcionários coletando e 1 motorista,

tendo capacidade para transportar, em média, até 3 toneladas de resíduos por

viagem.

A prefeitura dispõe, para esta atividade, de 2 caminhões que trabalham em

dois turnos e utilizam, para coleta, 20 funcionários, transportando, em média, 12

44

toneladas de resíduos por dia, considerando-se até o final do ano de 2003. Após

a coleta, os caminhões, depois de completamente carregados, levam os resíduos

até a UPL para tratamento, onde descarregam e voltam para, novamente, coletar.

Figura 7 - Caminhão compactador, descarregando na UPL após coleta e transporte dos

resíduos domiciliares na cidade de Amambaí-MS.

4.3. CUSTOS COM A COLETA E TRANSPORTE DOS RESÍDUOS

A despesa média mensal, feita pela prefeitura de Amambaí, com a coleta

dos resíduos e o transporte até a UPL, no ano de 2003, pode ser observada na

Tabela 5 e atinge o montante de R$ 11.800,00 por mês, concentrando-se a maior

parte em salários e manutenção de equipamentos.

45

Amambaí, no ano de 2003, tinha aproximadamente 19566 habitantes na

área urbana. Logo, conclui-se que o custo médio, mensal por habitante, nesse

ano, para coletar e transportar o lixo domiciliar, era de R$ 0,603, não

considerados impostos, encargos sociais e custos de investimentos em

equipamentos.

Em 2002, a população de Amambaí, na área urbana, era de

aproximadamente 18.818 habitantes e produzia em torno de 10,236 toneladas de

resíduos por dia, o que equivale a 0,544 kg de resíduos por habitante. No final de

2003 a população urbana aumentou para 19.566 habitantes e gerava, em torno

de 11,954 toneladas de resíduos por dia, o que equivale, em média, a 0,611 kg

por habitante.

Esse aumento de população na área urbana e também o aumento de

geração per capita de resíduos domiciliares em 2003 gerou um aumento de 1,718

toneladas de resíduos domiciliares por dia. Sendo os serviços de coleta,

transporte e tratamento do lixo responsabilidade da Prefeitura, esta tem de alocar

recursos financeiros e operacionais para atender o crescimento da demanda

destes serviços.

Tabela 5 - Despesas médias mensais com a coleta e transporte dos resíduos

domésticos na cidade de Amambaí-MS, 2° semestre de 2003

Despesas Quantidade Valor (R$)

Óleo diesel 600 litros 960,00

Manutenção 2 caçambas 3.000,00

Salários 20 funcionários 6.000,00

Adicional de insalubridade 20 funcionários 1.920,00

Total 11.800,00

Fonte: Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura de Amambaí, 2003.

46

4.4. TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS COLETADOS

O tratamento dos resíduos domésticos é feito na UPL e começa com a

descarga dos resíduos no galpão de recepção (Figura 8), onde, inicialmente, são

retirados os materiais mais volumosos, recicláveis ou não, tais como colchões,

caixas de papelão, latas grandes, pneus, madeira, metais, tecidos, sacos vazios,

pedaços de geladeiras, fogões, bicicletas, animais mortos, sacos com folhas de

árvores. Após isso, estes materiais vão direto para prensa para fazer fardos ou

para serem amontoados, por tipo de material, no pátio da UPL para,

posteriormente, serem comercializados e os não recicláveis vão para o poço dos

rejeitos em carrinho transportado por funcionário.

Figura 8 - Área da UPL onde são descarregados os resíduos domésticos coletados na

área urbana da cidade de Amambai-MS.

Na seqüência do processo, os sacos com lixo e o lixo avulso são

encaminhados para o funil ou moega (Figuras 9 e 10).

47

Figura 9 - Encaminhamento dos sacos de lixo e do lixo avulso para o funil ou moega na

UPL da cidade de Amambai-MS.

Figura 10 - Funil por onde passam os sacos de lixo e o lixo avulso para a esteira de

separação na UPL da cidade de Amambaí-MS.

48

Na seqüência, os sacos com lixo e o lixo avulso são, então, esparramados

na esteira rolante, e funcionários postados ao longo dos lados dessa esteira

fazem o processo de separação e catação manual, dando ao lixo o destino

adequado: reutilização, reciclagem ou rejeito (Figura 11).

Figura 11 - Esteira de separação e catação do lixo na UPL da cidade de Amambaí-MS.

Ao lado de cada funcionário estão colocados tambores de plástico e

carrinhos, onde são colocados os materiais recicláveis, tais como plástico, vidro,

metais, ossos, garrafas, latinhas, latas, papel em geral e os rejeitos, como panos,

fraldas descartáveis, os próprios sacos de lixo, animais mortos. Os tambores de

materiais recicláveis, quando cheios, são transportados por outro funcionário para

a prensa ou para o pátio e colocados em pilhas de acordo com o tipo de material

(lata, vidro, garrafa, metal). Ao longo da esteira passam os materiais orgânicos

que não são separados, como folhas, cascas de frutas, restos de alimento, frutas

e alimentos deteriorados e, por fim, caem no final da esteira num carrinho que,

quando cheio, é transportado por funcionário para o pátio onde são montadas as

leiras (Figura 12).

49

Figura 12 - Esteira de separação, saída do material orgânico para o pátio das leiras na

UPL da cidade de Amambaí-MS.

A UPL da cidade de Amambaí-MS processou, no ano de 2002, um total de

2.702,41 toneladas de lixo, com média mensal de 225,20 toneladas e uma média

diária de 10,24 toneladas. Cada habitante da cidade produziu, em média, 544

gramas de lixo por dia. Do total de resíduos produzidos, 733,45 toneladas foram

rejeitos, o que equivale a 27,14%; 1.410,30 toneladas foram matéria orgânica

destinada à compostagem, o que corresponde a 52,18% e 558,66 toneladas

foram materiais reutilizáveis ou recicláveis, o equivalente a 20,68% do total de

resíduos domésticos produzidos; logo, das 2.702,41 toneladas de resíduos

produzidos, 1.968,96 toneladas foram recicladas, o que equivale a 72,86%, sendo

a maior parte compostada (Tabela 6, Figuras 13 e 14).

50

Tabela 6 - Quantidade de resíduos coletados e processados no ano de 2002 na UPL da cidade de Amambaí-MS

Trimestre Resíduos tratados Resíduos

1° 2° 3° 4° n. %

Material orgânico 356,35 343,70 349,44 360,81 1.410,30 52,18

Plástico pet 10,55 7,43 7,25 8,43 33,66 1,25

Plástico duro 15,77 13,69 13,70 15,23 58,39 2,16

Plástico mole 18,42 25,29 32,43 34,48 110,62 4,09

Papel 11,22 8,08 6,12 7,65 33,07 1,22

Papelão 32,32 56,51 70,45 74,45 233,73 8,65

Metais ferrosos 6,73 3,18 1,82 3,47 15,20 0,56

Metais não ferrosos 0,26 0,22 0,35 0,37 1,20 0,05

Metais pesados 0,71 0,91 1,41 2,04 5,07 0,19

Vidro 13,7 19,60 18,68 14,11 66,09 2,45

Ráfia 3,4 3,32 3,57 3,42 13,71 0,51

Osso 1,23 1,36 1,09 3,68 0,14

Pneu 13,95 12,22 10,08 36,25 1,34

Rejeitos 156,87 170,01 172,99 181,57 681,44 25,21

Composto orgânico 35,9 59,20 55,60 47,10 197,80 -

Rejeito da compostagem 9,91 12,61 13,13 16,36 52,01 1,92

Leiras preparadas 64 63 61 60 248 -

Temperatura média das leiras 55°C 56,5°C 56°C 55,60°C 56°C -

Média de dias com chuva 4,6 2,3 2,7 3,33 3,23 -

Quantidade de resíduos tratados (t) 626,30 667,12 691,79 717,20 2.702,41 -

Média de resíduos produzidos por habitante/dia 504,3 g 537,1 g 557 g 577,5 g 544 g

Fonte: CP dos Santos&Cia Ltda1, jun. 2003. Obs.: população de Amambaí-MS: 18.818 hab. (área urbana); 10.666 hab. (área rural).

1 Relatórios mensais de operação emitidos pela empresa C. P. dos Santos&Cia Ltda. à FUNASA.

51

Figura 13 - Resíduos processados e os resíduos reciclados no ano de 2002 na UPL da

cidade de Amambaí-MS. *Quantidade de resíduos processados. Fonte: CP dos Santos&Cia Ltda, jun. 2003.

0,00 500,00 1.000,00 1.500,00 2.000,00 2.500,00 3.000,00

QRP*

Material orgânico

Plástico pet

Plástico duro

Plástico mole

Papel

Papelão

Metais ferrosos

Metais não ferrosos

Metais pesados

Vidros

Ráfia

Osso

Pneus

52

Figura 14 - Resíduos processados e os rejeitos resultantes no ano de 2002 na UPL da

cidade de Amambaí-MS. Fonte: CP dos Santos&Cia Ltda, jun. 2003.

No ano de 2003, foram coletadas e tratadas 3.155,80 toneladas de

resíduos domésticos na cidade de Amambaí-MS, apresentando um aumento de

453,39 toneladas, em relação ao ano de 2002, percentual de aumento de 16,78%.

Do total processado, 2.379,38 toneladas foram encaminhadas para reciclagem ou

compostadas, o que corresponde a 75,40%; somente 776,41 toneladas foram

direcionadas para o poço dos rejeitos, equivalendo a 24,60% do total processado

(Tabela 7, Figuras 15 e 16).

0,00

1.000,00

2.000,00

3.000,00

Quantidade de resíduos processados

Quantidade de rejeitos resultantes da separação na esteira

Quantidade de rejeitos da compostagem

53

Tabela 7 - Quantidade de resíduos coletados e processados no ano de 2003 na UPL da cidade de Amambaí-MS.

Trimestre Resíduos tratados Resíduos

1° 2° 3° 4° n. %

Material orgânico 384,26 405,62 427,06 425,85 1.642,79 52,05

Plástico pet 9,27 9,86 10,63 10,04 39,80 1,30

Plástico duro 17,63 19,75 19,85 19,39 76,62 2,43

Plástico mole 36,54 34,42 24,10 14,49 109,55 3,47

Papel 10,25 11,45 10,91 11,56 44,17 1,39

Papelão 78,98 67,08 31,70 20,96 198,72 6,30

Metais ferrosos 4,02 13,74 27,75 20,49 66,00 2,10

Metais não ferrosos 0,44 1,26 1,64 1,33 4,67 0,14

Metais pesados 2,53 2,92 2,65 0,95 9,05 0,28

Vidro 20,17 23,35 23,42 24,80 91,74 2,90

Ráfia 4,87 4,96 4,58 3,41 17,82 0,56

Osso 1,54 1,98 2,47 1,41 7,40 0,23

Pneu 13,99 16,06 21,48 19,52 71,05 2,25

Rejeitos 202,16 189,16 171,40 213,69 776,41 24,60

Composto orgânico 35,40 39,40 30,60 6,90 112,30 3,54

Rejeito da compostagem 19,78 24,60 28,13 23,37 95,88 3,02

Leiras preparadas 60 137 285 285 767 -

Temperatura média das leiras 57°C 53°C 40°C 43,30 48°C -

Média de dias com chuva 3,33 3,33 0,70 6,70 3,51 -

Quantidade de resíduos tratados (t) 786,65 801,61 779,64 787,89 3.155,80 -

Média de resíduos produzidos por habitante/dia 609 g 621 g 604 g 610 g 611 g -

Custo médio de coleta, transporte, tratamento, habitante/mês R$ 1,10 R$ 1,10 R$ 1,10 R$ 1,10 R$ 1,10 -

Custo médio da quantidade de resíduo coletado, transportado, tratado, quilograma/dia R$ 0,082 R$ 0,080 R$ 0,081 R$ 0,082 R$ 0,082 -

Recursos destinados à coleta, transporte e tratamento dos resíduos domiciliares diários produzidos R$ 978,8 R$ 978,8 R$ 978,8 R$ 978,8 R$ 258.403,20 -

Fonte: CP dos Santos&Cia Ltda, jan. 2004. Obs.: população de Amambaí-MS: 19.566 hab. (área urbana); 11.006 hab. (área rural).

54

Figura 15 - Resíduos processados e os resíduos reciclados no ano de 2003 na UPL da

cidade de Amambaí-MS. *Quantidade de resíduos processados. Fonte: CP dos Santos&Cia Ltda, jan. 2004.

0,00 500,00 1.000,00 1.500,00 2.000,00 2.500,00 3.000,00 3.500,00

QRP*

Material orgânico

Plástico pet

Plástico duro

Plástico mole

Papel

Papelão

Metais ferrosos

Metais não ferrosos

Metais pesados

Vidros

Ráfia

Osso

Pneus

55

Figura 16 - Resíduos processados e os rejeitos resultantes no ano de 2003 na UPL da

cidade de Amambaí-MS. Fonte: CP dos Santos&Cia Ltda, jan. 2004.

Analisando as Tabelas 6 e 7, constata-se que a quantidade de matéria

orgânica existente no lixo, coletado e tratado na cidade de Amambaí-MS, está na

média das cidades brasileiras; 52,18% em 2002 e 51,9% em 2003, comparando

com os percentuais citados por Galvão Junior (1994 apud Phillipi Jr, 1999).

Constatou-se também que a média de resíduos domiciliares produzidos por

habitante/dia, na cidade de Amambaí-MS, foi de 544 g em 2002 e 611 g em 2003,

semelhante a quantidade média de resíduos domiciliares produzidos na maior

parte das cidades brasileiras. Segundo a Organização Panamericana da Saúde

(OPAS), a quantidade de resíduos domiciliares produzidos na América Latina e

Caribe é de 0,3 a 0,6 kg/hab./dia (Hederra, 1996 apud Phillipi Jr., 1999).

Apenas os dados da Tabela 7, ano de 2003, foram utilizados para calcular

o custo médio mensal para coletar, transportar e tratar os resíduos domiciliares,

função de dados e custos mais recentes, sendo esses custos, em média, de R$

0,082/kg/dia ou R$ 1,10 por hab./dia.

As atividades operacionais e a conservação da UPL foram terceirizadas

pela prefeitura através de contrato formal com a empresa CP dos Santos&Cia

0,00

1.000,00

2.000,00

3.000,00

4.000,00

Quantidade de resíduos processados

Quantidade de rejeitos resultantes da separação na esteira

Quantidade de rejeitos da compostagem

56

Ltda., que opera e mantém a usina, sendo repassada a essa empresa,

mensalmente, a quantia de R$ 9.733,20.

A empresa contratada, CP dos Santos & Cia Ltda, é responsável pelos

funcionários, em número de vinte e dois, pela segurança patrimonial, pelo destino

dos materiais processados e pelos custos envolvidos no processamento do lixo,

tais como energia elétrica, material de limpeza, impostos em geral, ferramentas e

combustível. Analisando o balancete financeiro médio mensal da UPL, observa-se

que a receita líquida operacional é positiva, com valor médio mensal de R$

2.789,20, o que, atualmente, não inviabiliza financeiramente a operação da usina

conforme mostrado nas Tabelas 8 e 9. No balancete financeiro da UPL não

aparece despesa com o material água, porque ela é retirada de poço artesiano

dentro da área da UPL.

Tabela 8 - Balancete financeiro - média mensal da UPL de Amambaí-MS - 2003

Discriminação Valor (R$) Receitas

Receita repasse municipal 9.733,20 Receita de venda dos materiais recicláveis 4.890,00 Receita total 14.623,20

Despesas Folha de pagamento de funcionários 7.200,00 Diárias 180,00 Impostos 292,00 Despesa com INSS, FGTS, Simples, honorário 1.928,00 Emergia elétrica – Enersul 430,00 Giricas e carriolas 110,00 Combustível 320,00 Arame 310,00 Botas 80,00 Ferramentas 52,00 Material de expediente e limpeza 40,00 Telefone 160,00 Manutenção e conservação 490,00 Luvas e frete 242,00 Despesa total 11.834,00 Receita líquida operacional 2.789,20

Fonte: CP dos Santos&Cia Ltda., fev. 2004.

57

Tabela 9 - UPL de Amambaí-MS - relatório mensal de operação enviado à Funasa - total de resíduos processados mês de novembro de 2003

Resíduos Quantidade

Material orgânico 140.450 kg

Plástico pet 3.020 kg

Plástico duro 6.180 kg

Plástico mole 4.890 kg

Papel 4.290 kg

Papelão 7.220 kg

Metais ferrosos 7.305 kg

Metais não ferrosos 380 kg

Metais pesados (pilhas, baterias) 310 kg

Rejeitos 72.280 kg

Total de leiras 95 un

Temperatura média das leiras 50° C

Período de chuvas 13 dias

Rejeito da compostagem 7.080 kg

Outros resíduos recicláveis:

Vidro 8.320 kg

Ráfia 1.010 kg

Osso 120 kg

Pneus 4.595 kg

Total de resíduos tratados 260.370 kg

Fonte: CP dos Santos&Cia Ltda., jan. 2004.

Os responsáveis pela empresa terceirizada estão preocupados com a

diminuição dos materiais recicláveis de maior valor de comercialização, como

alguns tipos de plástico, latinhas, cobre, alumínio e papelão. Esses materiais

estão sendo retirados pelos catadores e por ações sociais de empresas que

incentivam a reciclagem, o que, certamente, diminui a receita financeira, receita

que é necessária para cobrir os custos operacionais da UPL.

A demora na formação de carga para o transporte dos materiais recicláveis

retarda a formação de receita financeira para a UPL e os custos com frete e ICMS

dificultam a comercialização, porque as empresas que utilizam esses materiais

58

como matéria prima nas suas linhas de produção estão estabelecidas fora de

Mato Grosso do Sul. Elas estão, principalmente, nos Estados do Paraná e Santa

Catarina. Seria importante a instalação de mais empresas de reciclagem de

materiais em Mato Grosso do Sul.

Dos materiais recicláveis produzidos na UPL, apenas o composto orgânico

não gera receita financeira para a empresa CP dos Santos & Cia Ltda, porque

está acordado em contrato que este material deve ser entregue à Secretaria de

Desenvolvimento Econômico e Social com vistas a atender os projetos sociais da

Prefeitura.

4.5. RECICLAGEM DO MATERIAL ORGÂNICO (COMPOSTAGEM)

Os materiais orgânicos retirados na esteira de separação e catação, tais

como folhagens, cascas de frutas, frutas deterioradas e restos de alimentos, são

depositados em carriolas para serem transportados para o pátio onde o material

orgânico é depositado, formando montes denominados leiras que têm base

semelhante a um retângulo de aproximadamente dois metros e meio de largura

por três metros e meio de comprimento e altura aproximada de um metro e meio.

O pátio de compostagem tem leiras montadas na terra e no piso de cimento

(Figuras 17 e 18).

59

Figura 17 - Leiras montadas diretamente no solo na UPL na cidade de Amambaí-MS.

Figura 18 - Leiras montadas em piso coberto com cimento na UPL na cidade de

Amambaí-MS.

60

Na formação da leira, em média, são amontoados de 25 a 30 carriolas de

material orgânico, o que equivale em peso a até 1.800 kg; depois de montada, a

leira é identificada com uma placa de madeira com informações de data da

montagem e número da leira. As leiras permanecem no pátio até atingirem o

estado de maturação, período de 120 dias para as leiras montadas no piso de

cimento e de até 160 dias para as montadas diretamente no solo.

O processo de maturação utilizado é aeróbico e as leiras são reviradas

periodicamente para oxigenação, de sete em sete dias, ou, no máximo, de 15 em

15 dias. Antes da execução do reviramento do material, é medida a temperatura

na parte superior, no meio e na parte inferior da leira.

As temperaturas verificadas durante o processo de compostagem nas

leiras montadas na UPL de Amambaí-MS foram de 55 a 60°C na parte superior,

de 65 a 80°C na parte mediana e de 60 a 65°C na parte inferior. As mensurações

nas leiras foram efetuadas na temperatura ambiente que, no local, varia de 25 a

30°C, em média. Essa temperatura, bem acima da temperatura ambiente,

verificada na parte inferior, mediana e superior das leiras é resultado da ação dos

fungos, bactérias e outros microorganismos decompondo a matéria orgânica.

O decréscimo da temperatura nos pontos citados indica diminuição da

atividade dos microorganismos e avanço no processo de maturação, quando

dentro da normalidade. O processo poderá ser acelerado adicionando bactérias

ou, até mesmo, o próprio chorume, que é o líquido resultante da decomposição da

matéria orgânica, pois ele é rico em microorganismos.

O processo de compostagem necessita também de umidade para sua

realização. Nessa UPL, esse parâmetro não é medido e a referência é o tempo.

Se ocorrerem muitos dias sem chuva e secos, com baixa umidade, os

funcionários molham as leiras, o que acontece com freqüência no período de

estiagem.

Terminado o processo de maturação, quando cessa a ação dos

microorganismos, a temperatura da leira fica próxima da temperatura ambiente. A

partir desse momento, o material é transportado por funcionário em carrinho de

61

mão até a peneira (Figura 19), onde são separados os materiais que estão juntos

com o composto, como tampas de garrafas, canetas, pequenos objetos plásticos

e quaisquer outros materiais que tenham passado na esteira de separação e

levados para as leiras. Esses materiais são denominados rejeitos da

compostagem (Figura 20) e são depositados no poço dos rejeitos.

O composto orgânico, depois de peneirado, fica depositado em local

coberto (Figura 21) à espera de ser transportado por pessoa da comunidade que

o utilizará na correção do solo ou como adubo orgânico em hortas e pomares.

As leiras, quando montadas em piso coberto com cimento, possibilitam a

canalização do chorume para a lagoa de decantação (Figura 22). Já quando

montadas diretamente no solo, corre-se o risco de o líquido percolado contaminar

os mananciais de água e/ou lençol freático.

Figura 19 - Setor de peneiramento e depósito do composto orgânico na UPL na cidade

de Amambaí-MS.

62

Figura 20 - Rejeito da compostagem na UPL na cidade de Amambaí-MS.

Figura 21 - Morador transportando composto orgânico produzido na UPL na cidade de

Amambaí-MS para uso em hortas e pomares.

63

Figura 22 - Lagoa de contenção do líquido percolado ou chorume na área da UPL na

cidade de Amambaí-MS.

Em Amambaí, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social

desenvolve projetos sociais nos quais o composto orgânico produzido na usina é

liberado para pessoas da comunidade que utilizam esse material, principalmente,

para produção de hortaliças, uso em pomar e produção de mudas de árvores

frutíferas e nativas.

No ano de 2002 foram produzidas na UPL e liberadas pela Prefeitura para

a comunidade aproximadamente 197,80 toneladas de composto orgânico e, no

ano de 2003, 112,30 toneladas (Tabela 10).

64

Tabela 10 - Composto orgânico fornecido à comunidade de Amambaí-MS para atendimento aos programas sociais da prefeitura no ano de 2003.

Mês Quantidade (kg)

Janeiro 7.600

Fevereiro 10.200

Março 17.600

Abril 9.450

Maio 18.600

Junho 11.350

Julho 14.000

Agosto 12.700

Setembro 3.900

Outubro 3.500

Novembro 2.200

Dezembro 1.200

Total 112.300

Fonte: CP dos Santos&Cia Ltda, jan. 2004.

Dentre os projetos desenvolvidos pela prefeitura com a comunidade estão

o “Fundo de Quintal”, no qual ela fornece o composto orgânico produzido na

usina, cal, sementes de hortaliças e orientação técnica para que as famílias façam

sua horta e produzam parte do seu alimento; em 2002, foram em torno de 500

hortas, em 2003, 860 hortas e em 2004 esperam atingir 1.500 hortas. A Figura 23

mostra uma horta, que utiliza composto orgânico produzido na usina.

65

Figura 23 - Horta construída com composto orgânico da UPL na cidade de Amambaí-

MS.

Outro projeto é a produção de mudas de árvores frutíferas e nativas para a

proteção de nascentes, dentre elas a do córrego Areião. A Prefeitura entrega o

composto orgânico, plástico e sementes no presídio e os detentos montam os

saquinhos, colocam as sementes, cuidam delas até a germinação e depois,

entregam as mudas à Prefeitura, que as planta e também disponibiliza-as à

comunidade.

A Prefeitura também possui projeto em que planta, em terreno próprio,

legumes e hortaliças, usando composto orgânico produzido na UPL e distribui a

produção entre seus funcionários, ativos e aposentados, para ajudá-los na

alimentação diária (Figuras 24 a 25).

É mantido também pela Prefeitura o Projeto Maracujá, no qual a Prefeitura

fornece composto orgânico, cal e sementes para pequenos produtores

desenvolverem a cultura da fruta do maracujá para suco.

66

Figura 24 - Horta e estufa construída em terreno da Prefeitura para produção de

legumes, hortaliças e árvores frutíferas e nativas na cidade de Amambaí-MS.

Figura 25 - Estufa que recebe muda germinada para crescimento na cidade de

Amambaí-MS.

67

Figura 26 - Produção de mudas de árvores nativas e frutíferas na cidade de Amambaí-

MS.

O fertilizante orgânico produzido na UPL de Amambaí-MS é resultado da

compostagem de materiais orgânicos que compõem o lixo, razão pela qual, o

produto resultante pode apresentar contaminação por metais pesados, poluentes

ou patogênicos. Por esse motivo, como complemento do trabalho, foi feita uma

análise do composto orgânico para saber quais os teores de metais pesados que

poderiam estar agregados ao produto.

O resultado da análise pode ser verificado no Resultado Analítico de

Amostras de Fertilizante Orgânico, protocolo n. 58, amostra n. 30000363, emitido

em 10/02/2004 pelo IAC-Instituto Agronômico de Campinas. O resultado foi

comparado com normas internacionais e também com o Fertilurb, fertilizante

orgânico produzido na Usina de Reciclagem/Compostagem da cidade de Irajá-RJ;

conforme mostra o Quadro 1, onde constam os teores de metais pesados

aceitáveis por normas internacionais e os teores de metais pesados obtidos com

o Fertilurb, neste Quadro 1, quais serão adicionados os resultados obtidos pelo

IAC para o composto produzido na UPL de Amambaí-MS.

68

Quadro 1 - Comparação dos teores de metais pesados do fertilizante orgânico produzido na Usina de Processamento de Lixo de Amambaí-MS com o Fertilurb da Usina de Reciclagem e Compostagem de Irajá-RJ e legislações internacionais do Canadá, Áustria, Estados Unidos, França, Alemanha, Suíça e CCE

Metais pesados (mg/kg) Fontes/elementos

Fe Hg Cd Ni Pb Cr Zn Cu

Fert. orgânico:

UPL - Amambaí 19.000 * 0,3 10,9 61,2 10,60 206 64

Fertilurb 48.683 1 0 85 211 242 1603 405

Legislações:

Alemanha/RAL) * 1 1.5 5 150 100 400 100

Suíça * 3 3 50 150 150 500 150

EPA * 17 39 420 300 1.200 2.800 1.500

França * 20 40 400 1.600 2.000 6.000 2.000

Áustria * 1 a 4 1 a 60

30 a 200

200 a 900

50 a 300

300 a 1.500

0 a 1000

CCE

* 16 a 25

20 a 40

300 a 400

1.000 a

1.750 *

2.500 a

4.000

1.000 a

1.750

Canadense * 5 20 180 500 1.060 .1850 757

Fonte: Azevedo et al., 2004; Bernardes Júnior et al., 1999.

O resultado da análise fornecido pelo IAC mostra que o fertilizante orgânico

produzido na UPL de Amambaí-MS apresenta baixos teores de metais pesados

comparado com as normas e com o Fertilurb. O composto orgânico na análise

efetuada só não atende ao teor estabelecido na norma alemã para o elemento Ni-

níquel porque a norma alemã é considerada bastante exigente. Quanto as

demais, o composto atende-as plenamente.

Ainda quanto ao fertilizante da UPL de Amambaí-MS, a norma canadense

prevê relação C/N =2 5, que é considerada boa. O Instituto Agronômico de

Campinas, quando efetuou a análise do fertilizante orgânico produzido na UPL de

Amambaí-MS, encontrou na análise C/N = 30,8, o que pode ser considerada uma

relação ainda melhor; quanto ao pH, o Ministério da Agricultura, para compostos

orgânicos desta natureza, estabelece pH > 6,0 e, o fertilizante produzido

apresenta pH = 7,6, o que atende plenamente; a umidade não deve ser superior a

69

40%, sendo que no fertilizante produzido é de 23,2% e a matéria orgânica de 334

g por kilograma de fertilizante (Bidone, 2001).

O resultado da análise da água coletada no subsolo da UPL de Amambaí-

MS pode ser verificado a seguir (não foram analisados DBO, DQO, análise

microbiológica e existência de coliformes fecais):

a) cor = 0,0 mg/L;

b) pH = 5,12;

c) turbidez = 0,94 UNT;

d) condutibilidade = 4,42 µS;

e) alc bic = 6,0 mg/L;

f) acidez total = 39,0 mg/L;

g) dureza total = 2,0 mg/L;

h) cálcio = 1,9 mg/L;

i) magnésio = 0,084 mg/L; e

j) sólidos sedimentares = ausentes.

A amostra analisada apresentou o pH ácido, conseqüência do tipo de solo,

na região da UPL (arenoso), confirmação do Sr. Engenheiro Maurício da

Secretaria de Obras de Amambaí, em setembro de 2004. Não foram observados

problemas aparentes em relação à qualidade da água.

4.6. RECICLAGEM DOS MATERIAIS INORGÂNICOS EXISTENTES

NO LIXO

Na unidade de triagem de Amambaí são retirados da esteira de separação

e catação, materiais como vidros de conservas, garrafões, garrafas de bebidas;

70

metais como cobre, ferro, alumínio, estanho, plásticos diversos, papel, papelão,

ráfia, ossos, latas, latinhas, antimônio, petch cristal, petch verde e petch óleo,

pneus, madeiras, móveis velhos (Figuras 27-34).

Muitos dos produtos citados no parágrafo anterior contribuem para

formação da receita financeira da unidade e são vendidos às empresas que

necessitam desses materiais como matérias primas para seus processos

produtivos. Esses materiais têm custo de aquisição menor do que as matérias

primas virgens disponíveis no mercado e gastam menos energia no

processamento industrial, além de conservarem os recursos naturais.

Nos anos de 2002 e 2003, os materiais reutilizáveis e recicláveis separados

na esteira somaram um total de 1.347,27 toneladas. Segundo balancete

financeiro da unidade, nos anos de 2002 e 2003, a receita média mensal obtida

com a venda dos materiais recicláveis e reutilizáveis foi de R$ 4.890,00 e gerou,

no período estudado, receita total de R$ 117.360,00; logo, a receita gerada com a

venda dos recicláveis resultou como imposto imediato para os cofres públicos o

valor de R$ 14.083,20 (ICMS). Assim, o que ia ser jogado, sem controle, na

natureza, gerou empregos, receita financeira, impostos e produziu matéria prima

para outros segmentos da cadeia produtiva, ajudando a conservar os recursos

naturais.

71

Figura 27 - Material reutilizável, vidros de conserva, na UPL de Amambaí-MS.

Figura 28 - Material reciclável, papelão, na UPL de Amambaí-MS.

72

Figura 29 - Material reciclável, plástico já prensado, na UPL de Amambaí-MS.

Figura 30 - Material reciclável, ferro, na UPL de Amambaí-MS.

73

Figura 31 - Material reciclável, latinhas de refrigerantes, na UPL de Amambaí-MS.

Figura 32 - Material reciclável, latas, na UPL de Amambaí-MS.

74

Figura 33 - Material reciclável, garrafas de vidro, na UPL de Amambaí-MS.

Figura 34 - Material reciclável, pneus usados, na UPL de Amambaí-MS.

75

4.7. REJEITOS

Na UPL de Amambaí, os materiais selecionados como rejeito são

depositados em aterro dentro da área da UPL. O tipo de aterro utilizado é o aterro

controlado e os poços são feitos por máquina retroescavadeira e têm,

aproximadamente, cinco metros de largura, dez metros de comprimento e dois

metros e meio de profundidade e, depois de atulhados com rejeitos, são cobertos

com terra (Figura 35).

Figura 35 - Aterro de rejeitos na UPL de Amambaí-MS.

A quantidade de rejeitos destinada ao aterro, nos anos de 2002 e 2003, foi

de 1.605,74 toneladas, apenas 25% do total de resíduos produzidos, mostrando

que, aproximadamente, 75% dos resíduos coletados foram reaproveitados.

76

4.8. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS

Os principais benefícios econômicos obtidos com a implantação do sistema

de gestão de resíduos domésticos em Amambaí-MS foram:

a) aluguel mensal de trator de esteira/despesa eliminada ........ R$ 6.000,00,

50 horas/mês – R$ 120,00/hora;

b) fertilizante orgânico, mensal.................................................. R$ 1.033,60,

12,92 t de fertilizante orgânico/mês – R$ 80,00/t;

c) retorno de ICMS....................................................................... R$ 586,80,

receita dos recicláveis – média mensal R$ 4.890,00 (Tabela 8), imposto

sobre ICMS de 12%;

d) valor total mês ....................................................................... R$ 7.620,40;

e) retorno de ICMS/receita futura/mês ...................................... R$ 9.828,00,

indústria de reciclagem de plástico Amaplast, capacidade instalada 70

t/mês, diferencial compra/venda do plástico R$ 1,17/kg;

f) retorno de ICMS/receita futura/mês ......................................... R$ 360,00,

indústria de reciclagem de vidro Schell Indústria de Vidros 50 t/mês,

diferencial compra/venda do vidro, R$ 0,06/kg.

Logo, conclui-se que houve benefícios financeiros imediatos da ordem de

R$ 7.620,40/mês e benefícios futuros, ainda em 2004, de R$ 10.188,00/mês com

as empresas de reciclagem trabalhando na capacidade máxima. Fazendo-se

estimativas para o último trimestre de 2004, com base nos dados considerados, a

Prefeitura terá benefícios financeiros médios mensais de R$ 17.808,40 com a

implantação do sistema de gestão de resíduos e ainda há que considerar-se os

benefícios financeiros indiretos resultantes dos salários dos 59 trabalhadores que

estarão circulando no mercado local.

Indústrias de reciclagem, implantadas recentemente, que já estão em

operação, nasceram após a ativação da usina de processamento de lixo, dentre

77

elas a Amaplast (Figuras 36 e 37), empreendimento financiado pelo Banco do

Brasil, instalada e operando em terreno ao lado da UPL e que pode beneficiar até

70 toneladas de plástico por mês, gerando 27 empregos.

Também se instalou em Amambaí-MS, a Schell Indústria de Vidros que irá

beneficiar em torno de 50 toneladas de vidro por mês e empregará 12

trabalhadores.

A Amaplast e a Schell Indústria de Vidros estão buscando plástico e vidro

nos municípios vizinhos a Amambaí, para complementar as necessidades de

matéria prima de que necessitam para operar, porque a UPL de Amambaí não

atende as suas necessidades.

Observa-se, na Tabela 11, que a Prefeitura tem despesa de R

2.112,80/mês para fazer o tratamento dos resíduos sólidos domésticos.

Anteriormente a implantação da UPL, a Prefeitura de Amambaí-MS adotava a

disponibilização dos resíduos domiciliares em lixão e tinha despesa com trator de

esteira, média de R$ 6.000,00. Com a implantação e ativação da UPL, a

Prefeitura eliminou a despesa com trator, R$ 6.000,00/mês, passou a recolher

ICMS dos recicláveis, média de R$ 586,80; utilizou o composto orgânico para

projetos sociais o que pode-se considerar como receita e repassa para a empresa

CP dos Santos & Cia Ltda R$ 9.733,20/mês. A despesa média mensal para fazer

o tratamento dos resíduos domiciliares gerados no ambiente urbano de Amambaí-

MS é de R$ 2.112,80.

Tabela 11 - Despesa média mensal da prefeitura de Amambaí-MS para tratar os

resíduos sólidos domésticos

Itens Valor (R$) Repasse mensal da prefeitura para a usina - 9.733,20

Despesa com trator de esteira +6.000,00

Composto orgânico produzido + 1.033,60

ICMS mensal gerado pelos recicláveis + 586,80

Despesa líquida mensal média para tratar os resíduos domésticos - 2.112,80

Fonte: Dorval Beling Bitencourt, 2003.

78

Figura 36 - Amaplast (indústria de beneficiamento de plástico reciclável) na cidade de

Amambaí-MS.

Figura 37 - Interior da indústria de beneficiamento de plástico reciclável Amaplast na

cidade de Amambaí-MS.

79

4.9. BENEFÍCIOS SOCIAIS ALCANÇADOS COM O TRATAMENTO

DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS

O sistema de gestão de resíduos domésticos implantado trouxe benefícios

sociais significativos, dentre eles a geração de empregos formais, em que

pessoas com pouca instrução e alguns com idade avançada têm oportunidade de

trabalhar devidamente registradas. São 59 empregos, considerando-se a UPL e

as empresas de reciclagem.

Outro benefício social obtido com o sistema de gestão de resíduos foi a

eliminação do lixão, onde, antes, homens, mulheres e crianças viviam de forma

subumana, catando materiais recicláveis para sobreviver.

Somados a esses benefícios sociais, têm-se os programas implementados

pela Prefeitura, como as hortas residenciais e a produção de mudas de árvores

nativas e frutíferas.

Em depoimento, o Senhor Valdir dos Santos, morador na região há

bastante tempo e funcionário da usina desde a inauguração, contou que conhecia

o lixão e que, aproximadamente, 50 pessoas ali trabalhavam, catando materiais

recicláveis. Desse total, em torno de 30 eram crianças, algumas índias e, entre os

adultos, também se viam índios. Contou, também, que no local, aconteciam

brigas, desentendimentos e acidentes, na disputa pelos materiais que vinham no

lixo.

Com a implantação da UPL, esses catadores dispersaram-se, sendo

alguns admitidos para trabalhar na usina, outros incorporados aos acampamentos

dos “Sem Terra” e o restante foi trabalhar em fazendas da região, serviços de

jardinagem na cidade e descarga de caminhões. A maior parte deles mora na Vila

Santo Antonio.

Numa das visitas realizadas, foram entrevistados os trabalhadores da UPL,

no total de 19 (Tabela 12).

80

Tabela 12 - Entrevista realizada com os funcionários da UPL em junho de 2003.

Idade (anos) Trabalhadores da usina

20 a 30 30 a 40 40 a 50 50 a 60

Idade 10 2 2 5

Sexo masculino 9 2 1 5

Sexo feminino 1 - 1 -

Analfabeto - 1 2

Instrução 1° grau incompleto 9 2 1 3

Instrução 1° grau completo 1 - - -

Registrado 5 2 1 2

Diarista 5 - 1 3

Dependentes 13 6 12 8

Analisando-se a Tabela 12, vê-se que a maior parte dos trabalhadores da

usina é do sexo masculino (89,0%); o nível de instrução predominante é o 1° grau

incompleto, com alguns analfabetos.

A falta de instrução da maior parte e a idade avançada de alguns (37,0%),

dificulta-lhes achar trabalho, mas a atividade diária na usina é mais braçal e não

exige grandes habilidades e conhecimentos, razão pela qual a usina é uma das

poucas opções de trabalho que alguns deles possuem na região.

Na entrevista com os trabalhadores da UPL, foi-lhes perguntado sobre os

dependentes de cada um e obteve-se a informação de que o total de

dependentes dos trabalhadores da UPL chega a 39 pessoas e muitas delas são

crianças. A única receita financeira destes trabalhadores é o salário que ali

recebem.

4.10. BENEFÍCIOS AMBIENTAIS OBTIDOS COM O TRATAMENTO

DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS

Os benefícios ambientais obtidos são importantes para o ambiente de

Amambaí, pois, do total de lixo processado, 3.053,09 toneladas foram matéria

81

orgânica, o equivalente a 54,69%, que foram transformados em fertilizante

orgânico (Tabelas 6 e 7).

As 1.333,14 toneladas, 22,75% do total processado, foram destinadas à

reutilização e reciclagem, evitando que materiais virgens fossem retirados da

natureza para industrialização. O que foi jogado no solo, nesse período, no poço

de rejeitos, correspondeu a 1.471,98 toneladas, 25,12% do total de lixo produzido,

sendo esse percentual já livre de muitos riscos de possíveis reações químicas

indesejáveis e contaminação do solo.

Desses dados coletados, observa-se que 4.386,23 toneladas de resíduos

domésticos processados, o que equivale a 77,44% do total de lixo produzido,

foram recicladas, não foram jogadas diretamente no solo, a céu aberto, o que

teria produzido, poluição no solo, na água e no ar, além de mau cheiro, fumaça e

aspectos estéticos e sociais desagradáveis.

As mudas de árvores nativas produzidas estão sendo plantadas na beira

de córregos e rios para recuperar a mata ciliar, para proteger as nascentes, como

no caso do córrego Areião, para ajudar no seqüestro de carbono, para produzir

abrigo e alimento para os pássaros e para recompor o ambiente natural em

algumas áreas do município, além de madeira combustível.

As mudas de árvores frutíferas, quando estiverem produzindo, certamente

contribuirão para disponibilizar maior diversidade de alimentos e até gerar receita

para as pequenas propriedades. As árvores nativas ajudarão na recomposição da

vegetação natural da região de Amambaí.

O composto orgânico produzido melhora a condição orgânica do solo e

ajuda a recompor a vegetação local. Os materiais que foram processados

evitaram a contaminação das águas superficiais e subsuperficiais dos córregos e

rios.

5. CONCLUSÃO

O sistema de gestão de resíduos sólidos implantado em Amambaí-MS

trouxe benefícios sociais, econômicos e ambientais. O benefício social mais

significativo foi a geração de empregos diretos, 22 na UPL e 37 nas indústrias de

reciclagem de plástico e vidro recentemente instaladas no município. Outros

importantes benefícios sociais que podemos citar são: o fim do lixão, onde não

mais se percebe a presença de pessoas, principalmente crianças, trabalhando

misturados com corvos e animais domésticos, a ausência da fumaça resultante da

queima do lixo e do mau cheiro característico do lixo que afetavam a comunidade.

Em função disso, a cidade está mais limpa e com melhor qualidade de vida para a

população.

Somados aos benefícios sociais, têm-se os benefícios econômicos, visto

que o lixo foi transformado em dinheiro com a venda dos recicláveis, R$

4.890,00/mês, R$ 117.360,00 no período estudado, reduziu-se a despesa com

trator de esteira, geraram-se impostos com a venda dos recicláveis e com a

produção de plásticos e vidros reciclados nas indústrias recentemente instaladas

e porque evitou-se despesa com o uso do composto orgânico produzido na UPL

para atender os projetos sociais da Prefeitura, além de outros efeitos econômicos

financeiros indiretos, como o salário dos trabalhadores.

E, por fim, há os benefícios ambientais, sendo que o principal benefício

ambiental obtido com o sistema de gestão de resíduos foi a quantidade de

materiais reciclados no período, 3.053,09 toneladas de matéria orgânica, 54,69%,

que produziram 310,1 toneladas de fertilizante orgânico para melhorar as

83

condições orgânicas do solo e 1.333,14 toneladas de materiais recicláveis que,

juntos, perfazem 4.386,23 toneladas de materiais, 74,87%, que deixaram de ser

jogados no solo, enterrados ou incinerados, contaminando o ambiente. Outro

benefício é a produção de mudas de árvores nativas e frutíferas produzidas com o

uso do fertilizante orgânico que, depois de plantadas, irão ajudar na recuperação

da mata ciliar e na proteção das nascentes, conservando os recursos hídricos da

região e recuperando a vegetação nativa, além de melhorar a qualidade do ar. Os

materiais recicláveis reduzirão a utilização de materiais virgens e gastarão menos

energia nos processos de industrialização.

Concluiu-se também que o percentual de matéria orgânica existente no lixo

é da ordem de 50% do total de lixo gerado e que a média de lixo produzida pelos

habitantes está em torno de 611 gramas por habitante, em 2003.

Analisando-se a quantidade de resíduos tratados, em 2002 e 2003, conclui-

se que a eficiência no processamento dos resíduos domiciliares melhorou, visto

que em 2002, do total processado, 20,68% foi material reciclável e 27,14% rejeito;

já em 2003, 23,34% foi material reciclável e 24,60% foi rejeito. Constata-se que

houve melhora no processo de separação e tratamento da ordem de 3%.

Os benefícios socioeconômicos e ambientais obtidos com o sistema de

gestão de resíduos domésticos implantado poderão proporcionar melhorias

contínuas nos aspectos social, econômico e ambiental e ajudar Amambaí-MS na

abertura do caminho para o desenvolvimento sustentável, conforme prescrito na

Agenda 21.

6. RECOMENDAÇÕES

Vê-se que é grande o número de leiras montadas diretamente no solo e

sabe-se que elas liberam, durante o processo de compostagem, o líquido

percolado denominado chorume que será levado pela água da chuva para os

mananciais de água e que pode, ainda, penetrar no solo, contaminando o lençol

freático. Logo, recomenda-se aumentar a área de piso coberto com cimento para

montar um número maior de leiras e corrigir essa irregularidade, canalizando o

chorume até a lagoa de contenção.

Atualmente, o processo de separação dos materiais na esteira deixa muitos

materiais miúdos, como plásticos, vidros, pedaços de madeira, pedaços de

metais, misturados com a matéria orgânica para compostagem o que não

possibilita um composto de boa qualidade; aconselha-se, além de melhorar o

processo de separação, triturar a matéria orgânica antes de montar as leiras para

acelerar o processo de maturação e diminuir o tempo de compostagem, o que

fará aumentar a produção e a qualidade do fertilizante orgânico.

Observou-se que a lagoa de contenção do chorume foi construída em área

do antigo lixão e não foi feita a adequada impermeabilização do fundo dessa

lagoa para impedir a penetração do chorume no solo. Portanto, recomenda-se

construir nova lagoa devidamente impermeabilizada para corrigir essa

irregularidade.

Observa-se que os poços de rejeitos são feitos sem a impermeabilização

do fundo e das paredes laterais. Logo, recomenda-se impermeabiliza´-lo com

85

lona plástica para evitar que os materiais fiquem em contato direto com o solo e

possam provocar algum tipo de contaminação, além de os líquidos atingirem o

lençol freático.

Percebe-se que é grande a quantidade de leiras montadas todos os dias,

visto que a quantidade de matéria orgânica existente, que supera 50% do total de

lixo coletado. Em função disso, sugere-se a mecanização na produção do

composto, implementando um trator para revirar as leiras, visto que, atualmente,

esse trabalho é feito manualmente pelos funcionários.

Sugere-se melhorar o controle sobre a quantidade e tipos de materiais

processados, buscando maximizar a receita com os materiais recicláveis e reduzir

a quantidade de rejeitos.

Sugere-se que parte do composto orgânico produzido, seja liberado à

empresa que gerencia a UPL. Que se misture calcário ao fertilizante, e que seja

acondicionado em embalagens padronizadas para comercialização em

floriculturas, objetivando melhorar a receita financeira da UPL.

Sugere-se repetir a análise do composto orgânico produzido na UPL,

conforme procedimento citado, pelo menos mais 4 vezes e fazer as comparações

com as normas mostradas no Quadro 1.

Recomenda-se repetir a análise da água, realizando também DQO, DBO,

análise microbiológica e de coliformes fecais.

Sugere-se à Secretaria de Serviços Urbanos implementar campanhas

educativas que incentivem a população a fazer o processo de separação e

acondicionamento do lixo na origem em, pelo menos, três tipos: lixo seco, lixo

úmido e lixo sanitário, devidamente identificados. Esse procedimento facilitará a

coleta, o transporte e o processamento do lixo na UPL. As medidas citadas

melhorarão a qualidade e a quantidade dos materiais recicláveis, inclusive do

fertilizante orgânico produzido, reduzindo a possibilidade de maior contaminação

por metais pesados. Os materiais recicláveis também serão melhor valorizados.

86

Recomenda-se também, a execução da coleta dos resíduos na área central

da cidade de Amambaí-MS no período noturno e, nos bairros mais afastados no

período diurno, visando reduzir os custos de coleta e transporte e evitar

transtornos no trânsito.

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