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PRETEXTO 2009 | Belo Horizonte | v. 10 | n. 1 | p. 9-27 | jan./mar. | ISSN 1517-672 X (Revista impressa) | ISSN 1984-6983 (Revista online) 9 RESUMO Este estudo objetiva investigar as formas de divulgação dos elementos de Capital Intelectual (CI) nos Relatórios da Administração (RA) das 30 maiores companhias abertas (capital social), pertencentes ao Nível I de Governança Corporativa, e fazer uma análise comparativa com empresas do Novo Mercado. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, com fonte de dados de natureza secundária. A pesquisa é documental e adota a técnica de análise de conteúdo. Dentre os resultados obtidos no segmento Nível I, destacam-se: 87% das empresas evidenciam elementos de CI; elementos como Competências relacionadas ao trabalho e Canal de distribuição lideram a frequência de evidenciação (43% e 33%, respectivamente). A categoria Competência dos Funcionários teve a maior representatividade (43%). Na análise comparativa envolvendo as empresas do Nível I e as do Novo Mercado, constatou-se que: o elemento Processos gerenciais foi evidenciado pelos dois segmentos e, no segmento Novo Mercado, a categoria Capital Interno foi a mais representativa (41%). PALAVRAS-CHAVE Capital Intelectual. Evidenciação Voluntária. Governança Corporativa Nível I. Novo Mercado. Relatório da Administração. ABSTRACT This study investigates the different ways in which information about Intellectual Capital (IC) elements is disclosed in the Administration Reports (AR) of the thirty largest open (social capital) companies listed under the Level I Corporate Governance. Another objective is to carry out a comparative analysis between CAPITAL INTELECTUAL: ANÁLISE COMPARATIVA EM EMPRESAS DE GOVERNANÇA Donizete Reina Universidade Federal de Santa Catarina Sandra Rolim Ensslin Universidade Federal de Santa Catarina Ernesto Fernando Rodrigues Vicente Universidade Federal de Santa Catarina INTELLECTUAL CAPITAL: COMPARATIVE ANALYSIS IN COMPANIES OF GOVERNANCE

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PRETEXTO 2009 | Belo Horizonte | v. 10 | n. 1 | p. 9-27 | jan./mar. | ISSN 1517-672 X (Revista impressa) | ISSN 1984-6983 (Revista online) 9

DONIZETE REINA ||||| SANDRA ROLIM ENSSLIN ||||| ERNESTO FERNANDO RODRIGUES VICENTE

RESUMO

Este estudo objetiva investigar as formas de divulgação dos elementos de Capital Intelectual (CI) nosRelatórios da Administração (RA) das 30 maiores companhias abertas (capital social), pertencentesao Nível I de Governança Corporativa, e fazer uma análise comparativa com empresas do NovoMercado. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, com fonte de dados de natureza secundária. Apesquisa é documental e adota a técnica de análise de conteúdo. Dentre os resultados obtidos nosegmento Nível I, destacam-se: 87% das empresas evidenciam elementos de CI; elementos comoCompetências relacionadas ao trabalho e Canal de distribuição lideram a frequência de evidenciação(43% e 33%, respectivamente). A categoria Competência dos Funcionários teve a maiorrepresentatividade (43%). Na análise comparativa envolvendo as empresas do Nível I e as doNovo Mercado, constatou-se que: o elemento Processos gerenciais foi evidenciado pelos doissegmentos e, no segmento Novo Mercado, a categoria Capital Interno foi a mais representativa(41%).

PALAVRAS-CHAVE

Capital Intelectual. Evidenciação Voluntária. Governança Corporativa Nível I. Novo Mercado.Relatório da Administração.

ABSTRACT

This study investigates the different ways in which information about Intellectual Capital (IC) elementsis disclosed in the Administration Reports (AR) of the thirty largest open (social capital) companies listedunder the Level I Corporate Governance. Another objective is to carry out a comparative analysis between

CAPITAL INTELECTUAL: ANÁLISE COMPARATIVA EMEMPRESAS DE GOVERNANÇA

Donizete ReinaUniversidade Federal de Santa Catarina

Sandra Rolim EnsslinUniversidade Federal de Santa Catarina

Ernesto Fernando Rodrigues VicenteUniversidade Federal de Santa Catarina

INTELLECTUAL CAPITAL: COMPARATIVE ANALYSIS IN COMPANIES OF GOVERNANCE

PRETEXTO 2009 | Belo Horizonte | v. 10 | n. 1 | p. 9-27 | jan./mar. | ISSN 1517-672 X (Revista impressa) | ISSN 1984-6983 (Revista online)10

CAPITAL INTELECTUAL: ANÁLISE COMPARATIVA EM EMPRESAS DE GOVERNANÇA

these and New Market companies. The research is qualitative and relies on secondary data. Thedocuments used as a source of information are subject to content analysis. Some important resultsobtained through the analysis of the Level I segment are: 87% of the companies disclose IC elements;the elements most frequently disclosed are Competences related to work and Distribution channel(43% and 33%, respectively). Furthermore, the category Employees’ Competence was the mostrepresentative (43%). When comparing Level I and New Market companies, it was found that theManagement processes element was disclosed by both types of companies. Moreover, in the NewMarket segment the Internal Capital category was the most frequent (41%).

KEYWORDS

Intellectual capital. Voluntary disclosure. Corporate governance Level I. New market. Administrationreport.

INTRODUÇÃO

O capital intelectual tem assumido papelimportante na vida das pessoas e organizações,(STEWART, 1998; REZENDE, 2001; ANTUNES;MARTINS, 2007), além de produzir ativos de tovalor para as empresas (ROCHA; ARRUDA, 2005;CUNHA, 2006). Antunes e Martins (2002), Pereze Famá (2006), Ensslin e Carvalho (2007) ePatrocínio, Kayo e Kimura (2007) afirmam que aliteratura tem evidenciado o capital intelectualcomo agente que adiciona valor às organizações.Cabe destacar que, em sua grande maioria, asinformações referentes ao Capital Intelectual (CI)não são relatadas nos balanços tradicionais –embora esforços iniciais estejam emergindo,conforme se pode verificar com a publicação daLei 11.368/07 - criando com isso, um “gap”informacional no mercado. Este “gap”informacional acaba por afetar, dentre outrosindivíduos, os investidores, que demandam, cadavez mais, informações. Como resultado, uma

tendência tem se manifestado: as informaçõessobre as práticas de CI são divulgadasvoluntariamente, de tal forma a preencher esseespaço (MOUTISEN; BUKH; MARR, 2005) e areduzir a assimetria informacional (IUDÍCIBUS,2004). A partir dessa constatação, destaca-se anecessidade de redução da assimetriainformacional, por meio da evidenciação. SegundoIudícibus e Lopes (2004) e Lopes e Martins (2005)uma consequência dessa divulgação voluntária éprodução de um impacto no preço das ações. Natentativa de atender a esse mercado e,consequentemente, melhorar o valor de suasações e atrair possíveis futuros investidores, asempresas estão identificando e divulgando oselementos que compõem o seu CI.

Para Moutisen, Bukh e Marr (2005), apudReina e Ensslin (2008), existem alguns motivos quejustificam uma necessidade crescente em relatarinformações sobre capital intelectual. Um dessesmotivos é que as informações sobre capitalintelectual – se não divulgadas - podem prejudicar

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os acionistas minoritários, uma vez que esses nãopossuem livre acesso aos intangíveis das empresas.Outro motivo seria o acesso a informações“privilegiadas”, o que pode, eventualmente, gerarum “comércio” dessas informações, entre osgestores, com intuito de explorá-las. Um terceiromotivo apontado pelos autores é a liquidez domercado de ações e a busca crescente pelos títulosde crédito oriundos de empresas com uma maiordivulgação voluntária desses intangíveis. Um quartomotivo é o perigo de geração de estimativasimprecisas para os investidores e demaisstakeholders, no caso de não divulgação do CI. Umquinto e último motivo está relacionado aoaumento no custo de capital, em função do maiorgrau de risco imputado às empresas.

O que significa evidenciar informações deforma voluntária? Segundo Piacentini (2004, p. 51)“[...]As evidenciações voluntárias são meiosutilizados pelos investidores para analisar asestratégias e os fatores críticos de sucesso dacompanhia, tanto no ambiente em que as mesmasestão inseridas, como sob o aspecto competitivodo cenário econômico”. Corroborando essa ideia,a deliberação 29/86, da Comissão de ValoresMobiliários (CVM), acrescenta que “as empresasprecisam dar ênfase à evidenciação de todas asinformações que permitem a avaliação da suasituação patrimonial e das mutações de seupatrimônio [...]” (CVM, p. 03). A Contabilidade éuma ciência cujo objetivo é fornecer informaçõessobre a situação econômico-financeira dasempresas, aos seus usuários, por meio dasdemonstrações contábeis (IUDÍCIBUS;MARTINS; ELBCKE, 2007). As informaçõescontidas nas demonstrações contábeis sãocomplementadas pelas Notas Explicativas e peloRelatório da Administração. Por intermédio dessesrelatórios, os stakeholders podem avaliar tendênciasfuturas das empresas, bem como os investimentosna área social e em ativos intangíveis (DALMÁCIO;PAULO, 2004).

O Relatório da Administração, segundoIudìcibus, Martins, Gelbcke (2007, p. 505),“representa um necessário e importantecomplemento às demonstrações contábeispublicadas por uma empresa, em termos depermitir o fornecimento de dados e informaçõesadicionais que sejam úteis aos usuários em seujulgamento e processo de tomada de decisões”.Justifica-se, assim, a utilização dos Relatórios daAdministração como fonte de coleta de dados parainvestigação da existência, ou não, dos elementosde CI nas organizações.

Para fins deste estudo, as companhiasselecionadas para investigação são as pertencentesao Nível I de Governança Corporativa. Segundoa Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) as

empresas listadas nesses segmentos oferecem aos

seus acionistas e investidores melhorias nas práticas

de governança corporativa que ampliam os direitos

societários dos acionistas minoritários e aumentam

a transparência das companhias, com divulgação de

maior volume de informações e de melhor

qualidade, facilitando o acompanhamento de sua

performance.1

Este segmento (Nível I de GovernançaCorporativa) foi implantado em dezembro de2000, pela Bolsa de Valores de São Paulo(BOVESPA), como segmento especial,desenvolvido com o objetivo de proporcionar umambiente que estimulasse o interesse dosinvestidores, simultaneamente com a valorizaçãodas companhias.

1No âmbito da disponibil ização deinformações aos investidores, segundo asatividades e elementos que agregam maior valorà organização, e partindo-se do pressuposto deque uma maior evidenciação de informações sobreCI, pelas empresas, pode vir a conquistar maisinvestidores, surge a questão que direciona este

1http://www.bovespa.com.br/home/redirect.asp?end+/Empresas/Níveis/NívelI.asp

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estudo: Qual é o comportamento das companhiasbrasileiras pertencentes ao Nível I de GovernançaCorporativa, no que se refere à evidenciação deseus elementos de CI nos RA? Buscandoresponder à pergunta de pesquisa proposta pelosautores do trabalho, o objetivo geral dainvestigação pode ser assim formulado: investigarquais empresas brasileiras, pertencentes ao NívelI de Governança Coorporativa, mais divulgamelementos de capital intelectual, qual a forma dedivulgação, quais elementos têm sido priorizadospor essas empresas, nos Relatórios deAdministração, fazendo uma análise comparativacom empresas também de GovernançaCorporativa, porém, pertencentes ao NovoMercado.

Esta pesquisa está estruturada em seis seções.Após esta seção de caráter introdutório, a seção 2apresenta estudos empíricos sobre CI; a seção 3apresenta a metodologia empregada na coleta eanálise dos dados; a seção 4 apresenta osresultados do estudo, obtidos por meio da técnicade análise de conteúdo; a seção 5 apresenta aanálise comparativa entre os níveis de Governança;a seção 6 apresenta as conclusões e, por fim,apresentam-se as referências.

ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE CAPITALINTELECTUAL

Na literatura corrente, há alguns estudosempíricos sobre CI e, conforme demonstrado noQuadro 1, vários foram os focos e resultadosidentificados.

FONTE: Adaptado de Bastos e Filho (2007, p. 3).

QUADRO 1Estudos empíricos sobre Capital Intelectual

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METODOLOGIA

Este estudo é descritivo, visto que investiga asformas de divulgação dos elementos de CapitalIntelectual nos Relatórios da Administração (RA).Para Andrade (2002), apud Beuren (2003, p. 81),o estudo descritivo preocupa-se em “observar osfatos, registrá-los, classificá-los e interpretá-los”. Apesquisa possui abordagem qualitativa, pois nãoutiliza instrumentos estatísticos na coleta e análisedos dados (RICHARDSON, 1999). A realizaçãodo estudo foi por meio da leitura e interpretaçãodos dados contidos nos RAs. Embora a pesquisainclua a contagem numérica das empresas e doselementos, bem como percentuais de elementosevidenciados, a mesma é classificada unicamentecomo qualitativa.

Os relatórios foram analisados por meio daanálise de conteúdo. Segundo Bardin (1979, p. 31)“A análise de conteúdo é um conjunto de técnicasde análise das comunicações”. A pesquisa étambém documental, visto que foram utilizadosdados secundários. Na visão de Richardson (1999,p. 253), a esse tipo de pesquisa “não tem relaçãodireta com o acontecimento registrado, senãoatravés do elemento intermediário”, neste caso,os RAs.

A condução dos estudos pode ser dividida emduas fases. A primeira está relacionada àinvestigação dos elementos de CI nos RAs, nasempresas do Nível I de Governança Corporativa.Para tanto, será adotada a classificação de CIproposta por Sveiby (1997) e a codificaçãonumérica proposta por Guthrie et al. (1999). Nasegunda fase, será realizada uma análisecomparativa entre os resultados do presentetrabalho e um estudo semelhante realizado porReina e Ensslin (2008).

A presente pesquisa possui algumasdelimitações. Primeiramente, seus resultados nãosão passíveis de generalizações. Outra delimitaçãoé o critério de definição da amostra, pois foramselecionadas empresas com maior capital social em

função de um dado período (exercício de 2006).Por fim, ressalta-se que foram investigadas apenasas empresas classificadas no Nível I de GovernançaCorporativa. Cabe salientar que a adoção daclassificação proposta por Sveiby (1997) e dacodificação numérica de Guthrie et al. (1999)forneceu uma base de classificação e codificaçãodos dados para posterior análise comparativa como estudo de Reina e Ensslin (2008).

Universo e Amostra

Em 02 de janeiro de 2008, existiam 44empresas classificadas no Nível I de GovernançaCorporativa. Desse universo, foi extraída umaamostra, sendo o capital social o critério adotadopara a extração. Foram selecionadas as 30empresas com maior capital social. A adoção dessecritério foi baseada na percepção de que asempresas com maior capital social tendem adivulgar mais informações em seus relatórios, jáque possuem maior participação de capital deacionistas e visam a atender uma quantidade maiorde usuários. O mesmo critério foi utilizado porReina e Ensslin (2008), que também conduziramum estudo com uma amostra de 30 empresas commaior capital social. Assim, a análise comparativaentre os dois estudos, que é um dos objetivosdeste trabalho, tornou-se mais fácil.

Cabe ressaltar que as empresas do Nível IInão foram selecionadas devido ao número limitadode empresas nessa categoria (menos que 30), oque dificultaria a comparação com as empresas doNovo Mercado, investigadas por Reina e Ensslin(2008).

A Tabela 1 representa as empresas da amostra.Os valores atribuídos às respectivas empresas estãodispostos em milhares de reais. Para facilitar aidentificação das entidades, adotou-se umanumeração para cada uma, começando do nº 1,identificado como a empresa VALE DO RIODOCE, chegando até o nº 30, para a empresaRANDON PARTICIPAÇÕES.

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TABELA 1Empresas da amostra

FONTE: Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA

Análise de Conteúdo dos Relatóriosda Administração

Visando a análise do conteúdo dos RAs dasempresas contidas na amostra, foi adotado umsistema de códigos numéricos, proposto porGuthrie et al. (1999), que adota uma escala de 0 a3, para apontar a existência, ou não, daevidenciação do elemento, e como este estavasendo divulgado: 0 = elemento não apareceu norelatório anual; 1 = elemento apareceu norelatório anual em forma narrativa; 2 = ele-mento recebeu um valor numérico no relatórioanual; e, 3 = elemento recebeu um valormonetário no relatório anual. Observe-se que amesma sistemática foi utilizada em estudossemelhantes (REINA; ENSSLIN, 2008; ENSSLIN;CARVALHO, 2007; ABEYSEKERA, 2007).

Para identificação dos elementos de CI, foramselecionados aqueles propostos por Sveiby (1997),descritos na Tabela 2. Os 24 elementos dessatabela estão dispostos em 3 categorias maiores:Capital Interno, Capital Externo e Competênciasdos Funcionários.

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TABELA 2Matriz desenhada para análise de conteúdo dos relatórios da administração

FONTE: Adaptado de Sveiby (1997), apud Carvalho e Ensslin (2007, p. 485).

A coleta de dados para esta pesquisa foirealizada por meio da leitura dos RAs, sendo osdados levantados registrados em uma matrizadotada para esse fim (Tabela 2). O registro damatriz foi feito da seguinte maneira: quando oselementos não eram identificados nos relatórios,registrou-se na célula o código “0”; no caso deidentificação de presença do elemento, registrou-

se o código “1” ou “2” ou “3”. Para exemplificaresse procedimento, ilustra-se o caso da empresa3. Como pode ser observado na coluna 3(referente a esta empresa), o código 1 foi sinalizado7 vezes, o que significa que 7 elementos de CIforam identificados nos relatórios. Após o processode identificação dos elementos e consequenteatribuição de códigos, foi feito um somatório, no

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eixo vertical, dos elementos presentes nadivulgação dos relatórios da empresa (no caso daempresa 3, 7 elementos se fizeram presentes).Simultaneamente, foi feito um somatório no eixohorizontal, para investigação do número total decada elemento identif icado. O elementoColaboração dos negócios, por exemplo, ocorreuem 5 empresas (17% do total) da amostra. Nasequência, os pesquisadores calcularam afrequência, em percentuais, com que cadaelemento foi divulgado; buscando identificar acategoria (Capital Interno, Capital Externo e CapitalHumano) mais representativa de Capital Intelectualnos Relatórios da Administração das empresas.

RESULTADOS DO NÍVEL I DEGOVERNANÇA CORPORATIVA

A evidenciação do CI nos RAs das empresasbrasileiras é examinada sob três perspectivas.Inicialmente, verificou-se a existência de divulgaçãoe quais as empresas que mais divulgaram ou quaismenos divulgaram. Em seguida, é apresentada afrequência de divulgação dos elementos de CI eprocedeu-se à identificação da categoria maisrepresentativa. Em seguida, é apresentada anatureza da evidenciação de CI no Brasil, por meiode segmentos extraídos dos relatórios deadministração. Finalmente, é apresentada anatureza da evidenciação de CI, por meio desegmentos extraídos do RA.

Evidenciação Voluntária do CapitalIntelectual nos Relatórios daAdministração

A amostra pesquisada revelou que quase todasas empresas apresentaram evidenciação voluntáriade algum tipo de elemento de CI. Cabe notar que,

embora quase todas as empresas adotemevidenciação voluntária, apenas 4 (quatro)empresas não evidenciaram CI, a saber: empresa6 identificada como UNIBANCO HOLDING, 19identificada como BRADESPAR, 23 identificadacomo BICBANCO e a empresa 26, identificadacomo DAYCOVAL. Do total de 30 empresas daamostra, apenas 13,33% das empresas deixaramde evidenciar elementos de CI, o que demonstraque a maioria das companhias (86,67%) percebea importância de informar para os usuários dainformação o tratamento dispensado a esseselementos, mesmo que a divulgação dos mesmosnão seja obrigatória.

A quantidade de elementos divulgados varioubastante. A empresa BRADESCO, evidenciou 14elementos (58,33% do total de 24 elementosanalisados), sendo a empresa que mais evidenciouelementos de CI. Em seguida, aparece a BRASILTELECOM, com 9 elementos (37,5%), bemcomo as empresas ARACRUZ e BRASILTELECOM PARTICIPAÇÕES, respectivamente,ambas com 8 elementos (33,33%) cada. Já asempresas UNIBANCO e CEMIG,respectivamente, evidenciaram 7 elementos(29,17%), enquanto as empresas VALE DO RIODOCE, UNIPAR e VIGOR, respectivamente,divulgaram apenas 1 elemento (4%), sendo essasúltimas as que menos evidenciaram elementos deCI.

Frequência da Evidenciação eCategoria mais Representativa

A Tabela 3 exibe as frequências encontradasna análise do conteúdo dos relatórios deadministração das 30 (trinta) empresas da amostra.

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TABELA 3Frequência de divulgação de cada elemento e seu percentual de ocorrência

FONTE: Adaptado de Guthrie and Petty (2000a), apud Carvalho e Ensslin (2007, p. 488).

Dentre os itens mais divulgados pelasempresas da amostra está o elementoCompetências Relacionadas ao Trabalho, divulgadopor 13 empresas, isto é, 43% das empresasmanifestam interesse no aperfeiçoamento deprocessos internos, relacionados à execução das

atividades, visando a melhorar o desempenho deseu quadro colaborativo, bem como a melhorarresultados através de processos internos. Já oelemento Canal de Distribuição é evidenciado por10 empresas (33%), o que sugere umapreocupação das empresas em demonstrar seus

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investimentos em tecnologia e formas mais rápidas,precisas e seguras de relacionamento com seusclientes. Ainda no que diz respeito a esse elemento,vale ressaltar a preocupação das empresas emdemonstrar seu interesse na questão logística comrelação ao oferecimento de seus produtos, formasde distribuição, etc..

O elemento Educação também épreocupação de pelo menos 10 empresas (33%),que podem estar buscando evidenciar esseelemento para mostrar à sociedade o quanto teminvestido em educação, sua parcela de contribuiçãopara a mesma, por meio de retorno às pessoasque trabalham nessas organizações. Outrainferência a ser considerada diz respeito à tentativadas empresas em atrair e reter novos talentos, emfunção de estarem demonstrando que valorizamseus colaboradores e que estão preocupadas como crescimento deles no ambiente de trabalho, pormeio de programas de bolsas de estudos e outrasformas de incentivo ao aumento do conhecimentoe cultura de seus colaboradores. Outro elementobastante evidenciado foi Processos Gerenciais,sendo que 9 empresas (30%) o divulgaram.Destaca-se a preocupação das organizações emdar transparência à forma de condução dosprocessos internos e gerenciais, talvez com oobjetivo de distribuir responsabilidades visando amelhorar o fluxo de informações dentro daempresa, buscando uma maior participação doscolaborados nas decisões da mesma, bem comode facilitar processos de auditoria.

Outros elementos tiveram um baixo índice deevidenciação: Sistemas de Relacionamentos eFidelidade de Clientes, sendo preocupação deapenas 3% das empresas. Uma inferência sobreo baixo índice de divulgação desses últimos poderiaser o interesse das empresas em proteger suacarteira de cientes bem como suas parcerias erelacionamentos. Ainda de acordo com a Tabela3, destaca-se que os elementos Patentes, DireitosAutorais, Marcas Registradas, Relações Financeirase Acordo Licenciado não foram identificados em

nenhuma das entidades. Os autores alertam parao subjetivismo e julgamento de valores existentes,quando da tentativa de interpretação do porquêda ocorrência ou não da evidenciação doselementos de CI.

No que diz respeito às três categoriasutilizadas para este estudo, observe-se que 43%dos elementos estão relacionados à categoriaCompetências dos Funcionários, corroborando aconcepção daqueles que acreditam que o capitalintelectual está, em sua grande maioria, noscolaboradores. Elementos pertencentes à categoriaCapital Externo representam 32% da informaçãoevidenciada, enquanto os da categoria CapitalInterno representam 25%. Embora existam essasdiferenças percentuais entre as categorias, observa-se que elas não são tão discrepantes entre si, oque sugere que as organizações estão buscandoformas de alinhar essas três categorias, ou seja,estão entendendo que uma corrobora o sucessoda outra e que, juntas, podem proporcionar umavantagem competitiva ainda maior.

Natureza da Evidenciação do CapitalIntelectual

Foi observado pelos autores, no decorrerda pesquisa, que a maioria das organizações daamostra, em relação à evidenciação voluntáriasobre CI, valeu-se da produção textual, isto é, daforma narrativa, para evidenciar suas informações.Visando ilustrar essa assertiva, bem como a títulode exemplo de evidenciação voluntária de capitalintelectual, foram extraídas informações textuaisdos relatórios da administração, as quais sãoapresentadas a seguir.

a) Capital Interno:a) Capital Interno:a) Capital Interno:a) Capital Interno:a) Capital Interno:

FFFFFilosofia Gerencial.ilosofia Gerencial.ilosofia Gerencial.ilosofia Gerencial.ilosofia Gerencial. A empresa Brasil Telecom,como filosofia gerencial divulgou os objetivos paraos gerentes com enfoque na superação de metase solução de problemas, conforme segue:

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O Programa de Desenvolvimento Gerencial tem porobjetivo dar condições para que os gerentesconduzam suas equipes no sentido de valorizar osprincípios de gestão estabelecidos pela BrasilTelecom, o alcance e a superação de metas, a

solução de problemas, estimulando-as a criar umclima de trabalho favorável ao desenvolvimento docapital humano na Empresa. É composto pordiversas ações, como o programa dedesdobramento e fixação de metas coletivas e anuaisde negócios, o programa de avaliação individual, o

banco de talentos, o planejamento de sucessão, oplanejamento diferenciado de treinamento e otreinamento gerencial. (BRASIL TELECOM S. A,

Relatório da Administração de 2006, p. 47).

Cultura Corporativa. Cultura Corporativa. Cultura Corporativa. Cultura Corporativa. Cultura Corporativa. Já o Unibanco, porexemplo, na disseminação em relação à culturacorporativa, aposta no slogan “Jeito Unibanco”.

Em 2006, o Unibanco estabeleceu e difundiu entreseus colaboradores sua cultura interna, denominada

Jeito Unibanco. Nela estão reunidas as 10 atitudesesperadas de cada colaborador. Para definir o JeitoUnibanco, cerca de 8.500 colaboradores dediferentes áreas, cargos e regiões do país,participaram de pesquisas qualitativas e quantitativas.(UNIBANCO, Relatório da Administração de 2006,

p. 08).

b) Capital Externo:b) Capital Externo:b) Capital Externo:b) Capital Externo:b) Capital Externo:

Canal de distribuição.Canal de distribuição.Canal de distribuição.Canal de distribuição.Canal de distribuição. Existem empresas,como é o caso da Randon Participações, queevidenciam ações realizadas em prol do canal dedistribuição de seus produtos, defendendo,inclusive, que a ampliação de seus canais dedistribuição é fator importante para incrementaras exportações.

A ampliação dos canais de distribuição foi

fundamental para o incremento das exportações.

Foram implantadas unidades montadoras de semi-

reboques terceirizadas em parceria com

empresários locais, para comercializar, distribuir e montar

produtos Randon, na Argélia, Marrocos e Quênia.

Também foram criadas novas filiais/escritórios

comerciais em Dubai, Chile, Alemanha, México e

Estados Unidos, além da subsidiária Randon Automotive

(Pty) Ltda. em Johannesburg e escritório de

desenvolvimento de negócios em Shangai (China) e na

Índia pela controlada Fras-le S. A. (RANDON

Participações, Relatório da Administração de 2006, p.

09).

Clientes. Clientes. Clientes. Clientes. Clientes. Investir nos clientes parece ser umbom negócio, principalmente quando se tem oobjetivo de proporcionar maior controle nosprocessos de faturamento, arrecadação einformações integradas para subsidiar a gestão dosclientes, como é o caso da empresa Cemig.

Em abril de 2006, foi iniciado o projeto de

implementação do novo Sistema de Gestão de

Clientes (Projeto Evolução). Esse projeto tem como

objetivo a substituição de alguns dos principais

sistemas de informação da Companhia envolvidos

no processamento do faturamento, arrecadação,

atendimento, contabilização, serviços de campo,

gestão de equipamentos de medição, além da

emissão e impressão de notas fiscais de energia e

relatórios. Dentre os principais objetivos deste

programa estão um maior controle e segurança dos

processos de faturamento e arrecadação, com

informações integradas e precisas para subsidiar o

controle e a gestão de clientes. (CEMIG, Relatório

da administração de 2006, p. 39).

c) Capital Humano:c) Capital Humano:c) Capital Humano:c) Capital Humano:c) Capital Humano:

Educação. Educação. Educação. Educação. Educação. O elemento educação éevidenciado, também, como sendo uma daspreocupações das empresas, que às vezesinvestem milhões em programas educativos edesenvolvimento de pessoal. Um exemplo é a

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empresa Usiminas, que destinou R$ 9,68 milhõesà educação, só no ano de 2006.

No Brasil, em 2006, foram investidos cerca de R$

9,68 milhões em programas de educação,

treinamento e desenvolvimento de pessoal. A

remuneração, somada aos encargos e benefícios,

totalizou cerca de R$ 1.287,23 milhões. (USIMINAS,

Relatório da Administração de 2006, p. 21).

Competências relacionadas ao trabalho. Competências relacionadas ao trabalho. Competências relacionadas ao trabalho. Competências relacionadas ao trabalho. Competências relacionadas ao trabalho. Emrelação às competências relacionadas ao trabalho,empresas como a CESP, investem em cursos,palestras e outras capacitações. Nesse sentido, aCESP evidencia que:

No exercício de 2006, ocorreram 4.606participações de empregados em treinamento nascategorias de cursos, palestras, seminários,congressos e eventos, que totalizaram a cargahorária de 8.240 horas.

Além dos cursos regulares de capacitação,outras ações de treinamento foram desenvolvidas,como o Programa de Idioma Estrangeiro, Cursosde Especialização e Programa de Concessão de

Bolsa de Estudos. (CESP, Relatório daAdministração de 2006, p. 16).

Tendo sido apresentadas as empresas quemais divulgaram seu CI, a frequência com que oselementos de CI são evidenciados nos relatóriosde administração e reproduzidos alguns exemplosde divulgação, cumpre, finalmente, cotejar estesresultados com os resultados investigados nasempresas do Novo Mercado.

ANÁLISE COMPARATIVA DO NÍVEL ICOM O NOVO MERCADO

O objetivo desta análise comparativa éinvestigar se existe diferença de divulgação entreos níveis as empresas pertencentes ao Nível I deGovernança Corporativa (dados do presenteestudo) e as empresas do Novo Mercado (dadosdo estudo realizado por Reina e Ensslin, 2008)listadas na Bovespa.

Evidenciação Voluntária do CapitalIntelectual nos Relatórios daAdministração

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TABELA 4Comparação entre Empresas Nível I e Novo Mercado

FONTE: Adaptado de Guthrie and Petty (2000a), apud Carvalho e Ensslin (2007, p. 488).

A comparação entre as empresas dos doissegmentos foi feita, inicialmente, utilizando oselementos propostos por Sveiby (997), como jáfoi explicado na seção 4.2. A Tabela 4 apresentalado a lado a frequência e porcentagem de

evidenciação dos 24 elementos analisados para asempresas do Nível I e do Novo Mercado.

O Quadro 2 demonstra, de forma resumida,os elementos que mais foram evidenciados, bemcomo os que foram menos evidenciados.

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QUADRO 2Comparativo entre Nível 1 e Novo Mercado quanto à Frequência da

Evidenciação do Capital Intelectual

FONTE: Dados da pesquisa

Dentre os elementos mais evidenciadosdentro da categoria Capital Interno, observa-se queo elemento Processos gerenciais foi evidenciadopelos dois segmentos, mostrando a preocupaçãodeles com o funcionamento dos processosinternos. Na categoria Capital Externo, ossegmentos se dividem um pouco. As empresasdo Nível I estão preocupadas com o elementoCanal de distribuição, enquanto que as do NovoMercado ressaltam mais o elemento Clientes. Emrelação à categoria Competência dos Funcionários,o foco parece ser o mesmo: Competências eConhecimento relacionados ao trabalho. Porém, aênfase do Nível I está relacionada à forma dedistribuição e linhas de trabalho, enquanto que,no Novo Mercado, a ênfase está na forma deexecução.

Dentre os elementos menos evidenciadospelas empresas dos dois segmentos, conforme

mostra o Tabela 5, destacam-se da categoria CapitalInterno: Patentes, Direitos autorais e Relaçõesfinanceiras, da categoria Capital Externo: Acordolicenciado e, da categoria Competência dosfuncionários: Qualidade Vocacional.

Frequência da Evidenciação eCategoria mais Representativa

Em relação à frequência da categoria maisrepresentativa, conforme o Gráfico 1, observa-seque a categoria Capital Interno tem maisrepresentatividade no segmento Novo Mercado,sendo 41% o índice de evidenciação, contra 25%referente ao Nível I. O mesmo ocorre em relaçãoà categoria Capital Externo, porém, a discrepânciaé menor, já que no Nível I observa-se 32% deevidenciação, enquanto que no Novo Mercadoesse percentual é de 34%.

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Gráfico 1 - Comparação entre Empresas do Nível I e do Novo Mercado porCategorias de CI.

FONTE: Dados da pesquisa.

Natureza da Evidenciação do CapitalIntelectual

O Quadro 3 apresenta alguns exemplos daforma narrativa, que acabou prevalecendo nosrelatórios dos dois segmentos de empresas. Oelemento Cultura corporativa, por exemplo,aparece nos dois segmentos, porém, com focosdiferentes. No Nível I, o foco está relacionado àpostura dos colaboradores em relação àcompanhia. No Novo Mercado, o foco está na

busca pela liderança junto ao mercado acionário.O elemento Clientes também aparece nos doissegmentos. No Nível I, o foco está no sistema deinformação para a gestão de clientes e arrecadação.Já no Novo Mercado, o foco está relacionado àpreocupação de oferecer novos produtos aosclientes. O elemento Conhecimentos relacionadosao trabalho também foi citado nos dois segmentose, para esse elemento, o foco é o mesmo: cursode capacitação e treinamentos aos colaboradores.

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QUADRO 3Comparativo entre Nível 1 e Novo Mercado quanto à Forma de Evidenciação

de CI

FONTE: Dados da pesquisa

Todavia, no Nível I, a ênfase está no valor gastopela empresa em cursos de capacitação etreinamento, enquanto no Novo Mercado, aênfase está nos tipos de treinamento oferecido aoscolaboradores.

CONCLUSÕES

O objetivo desta pesquisa foi investigar comoas empresas brasileiras, classificadas no Nível I deGovernança Corporativa, estão divulgando oselementos de CI, nos RA, bem como fazer uma

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análise comparativa entre as empresas dossegmentos Nível I e Novo mercado.

Verificou-se que várias empresas do Nível Itêm divulgado os elementos de CI em seus RA.Nesse sentido, destaca-se que, das 30 (trinta)empresas analisadas, somente 4 (quatro) empresasnão evidenciam capital intelectual. Portanto,86,66% das companhias evidenciam algumelemento de CI, demonstrando que essasempresas podem estar preocupadas em divulgarsuas ações relacionadas à CI. Foi constatado que aempresa BRADESCO liderou a evidenciação, com58,33%, num total de 14 (quatorze) elementos,seguida da companhia BRASIL TELECOM, com37,5%, perfazendo um total de 9 (nove)elementos. Em contrapartida, também foramidentificadas empresas que não evidenciaramelemento algum: UNIBANCO HOLDING,BRADESPAR, BICBANCO e DAYCOVAL. Aoanalisar os itens mais representativos, constatou-se que o elemento Competências relacionadas aotrabalho desponta entre os mais evidenciados, com43%, sendo, portanto, o elemento maisrepresentativo. Na sequência, aparecem oselementos Canal de distribuição e Educação, amboscom 33%. Traçando-se um paralelo entre essestrês elementos, pode-se inferir que as empresasestão preocupadas com fatores como capacitação,forma de distribuição, gestão dos produtos geradose o conhecimento que seus colaboradorespossuem. Alguns elementos não foramevidenciados, como por exemplo, Patentes,Direitos autorais, Relações financeiras, entre outros.A forma de divulgação que prevaleceu foi anarrativa.

No que tange às categorias de elementosCapital Interno, Capital Externo e Competência

dos Funcionários, verificou-se que foi evidenciada,com maior frequência, a categoria Competênciados Funcionários, com 43% de frequência, seguidade Capital Externo, com 32%, e Capital Interno,com 25%. Por meio desta pesquisa, pode-seobservar que a maior evidenciação da categoriaCompetência dos Funcionários mostra apreocupação das empresas com o conhecimento,habilidades e talentos.

Em relação à análise comparativa com asempresas do Novo Mercado, constatou-se quedentre os elementos mais evidenciados, observa-se que o elemento Processos gerenciais foidivulgado pelos dois segmentos, dentro dacategoria Capital Interno; na categoria CapitalExterno, os segmentos se dividem um pouco, oNível I está preocupado com a distribuição de seusprodutos, enquanto que o Novo Mercadodemonstra atenção aos clientes; na categoriaCompetência dos Funcionários o foco parece sero mesmo, Competência e Conhecimentorelacionados ao trabalho. Quanto à frequência dacategoria mais representativa, pode ser observadoque, no segmento Nível I a categoria Competênciados Funcionários teve a maior representatividade,com 43%; já no Novo Mercado, a categoria CapitalInterno tem mais representatividade (41%).Quanto à forma de evidenciação, pode-se afirmarque a narrativa acabou prevalecendo nos doissegmentos de empresa.

Como recomendação para futura pesquisa, osautores acreditam ser frutífero acompanhar aevolução da evidenciação do CI, por meio dainvestigação dos RA de 2007 das empresasselecionadas na presente pesquisa.

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Donizete ReinaUniversidade Federal de Santa Catarina

EndereçoUniversidade Federal de Santa Catarina

Campus Universitário - Trindade88040-900 - Florianópolis, SC - Brasil

Caixa-Postal: 476Telefone: (48) 37216608

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Sandra Rolim EnsslinUniversidade Federal de Santa Catarina

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88010-970 - Florianópolis, SC - BrasilCaixa-Postal: 476

Telefone: (48) 37216608 Ramal: 6608 Fax: (48)37219383

[email protected]

Ernesto Fernando Rodrigues VicenteUniversidade Federal de Santa Catarina

EndereçoUniversidade Federal de Santa Catarina.

Campus Universitário - Trindade88010-970 - Florianópolis, SC - Brasil - Caixa-

Postal: 476Telefone: (48) 33319383

Homepage: [email protected]

Data de submissão: 27/05/2008Data de aprovação: 01/03/ 2009Sistema de avaliação double blind review.Universidade FUMEC / FACE. Prof. Dr. Cid Gonçalves Filho| Prof. Dr. Luiz Cláudio Vieira de Oliveira | Prof. Dr. MárioTeixeira Reis Neto

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