doenças profissionais causadas por agentes físico químicos

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São apresentadas informações e comentários à respeito da incidência de agentes químicos nos ambientes de trabalho e dos males que esses provocam aos trabalhadores.

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Page 1: Doenças profissionais causadas por agentes físico químicos

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Doenças profissionais causadas por agentes físicos químicos

Prof. Eng. Antonio Fernando Navarro1 [email protected]

Um ambiente de trabalho é um local que trás riscos aos trabalhadores, alguns

relacionados ao layout adotado pela empresa, outras, a fatores de iluminação ou ventilação, aos

associados às características da operação e funcionamento dos equipamentos, e, não esgotando as

razões, à inadequação dos equipamentos de proteção individual, escolhidos muitas vezes em razão

dos custos e não da eficiência da prevenção dos riscos. São os chamados riscos ambientais. Riscos

ambientais são os provocados pelos agentes dispersos no ambiente de trabalho, que podem

ocasionar danos à saúde do trabalhador. Os agentes podem ser físicos, químicos ou biológicos.

Para compreender as razões dos trabalhadores, em muitas ocasiões não utilizarem

adequadamente seus equipamentos de proteção individuais – EPIs, e até por isso, passarem a se

expor desnecessariamente aos riscos, realizamos uma pesquisa com entrevistas do tipo "fechadas",

com abordagens diretas, em conversas individualizadas, obtendo-se os resultados apresentados a

seguir>

Período : set 2007 a dez 2007

Objetivo : Identificar as razões e ou preferências dos trabalhadores de não utilizar ou empregar

determinados EPIs.

Amostra : 345 trabalhadores

Nessa pesquisa, aleatória, sem considerar a origem (empresa) de onde os trabalhadores

provinham, buscou-se, com o apoio de três profissionais de Segurança, Meio Ambiente e Saúde -

SMS, com no mínimo 15 de experiência profissional na fiscalização de serviços e em Auditorias

Comportamentais, identificar as razões e ou preferências dos trabalhadores de não utilizar ou

empregar determinados EPIs, que estivessem cometendo Desvios (Atos Inseguros), sofrendo Quase

Acidentes (Incidentes) e Acidentes sem Afastamento, ou seja, nessa amostra não foram incluídos

trabalhadores que houvessem sofrido acidentes com afastamento. Como no período da pesquisa não

houve óbitos, a pesquisa ficou restrita não à análise de relatos de acidentes, promovidos por

comissões de investigação de acidentes (exigidos contratualmente no caso de acidentes fatais ou 1 Físico, Matemático, Engenheiro Civil, Especialista em Gerenciamento de Riscos, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Especialista em Proteção de Sistemas Elétricos, Mestre em Saúde e Meio Ambiente, Professor do Curso de Ciências Atuariais da Universidade federal Fluminense.

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2 com afastamento das atividades, seja para a recuperação do trabalhador ou promovida por uma

invalidez permanente ou não por acidente), mas sim de entrevistas com os trabalhadores, após esses

terem sido abordados nas Auditorias Comportamentais (Auditorias – Inspeções de Campo) com

análise dos comportamentos e ou posturas assumidas pelos trabalhadores durante a realização de

suas atividades que pudessem expô-los desnecessariamente a serem vítimas de acidentes.

As entrevistas individuais duravam 10 a 15 minutos (dependendo da receptividade dos

trabalhadores), com o emprego de questionários com perguntas fechadas, direcionadas para a

compreensão da razão dos trabalhadores não estarem empregando os EPIs requeridos para o

exercício das atividades.

Nos serviços onde foram coletadas as respostas os trabalhadores tinham a obrigação de

entrar no canteiro de obras já portando e ou utilizando os EPIs. As botas, capacetes e óculos eram

obrigatórios na entrada das áreas de trabalho. Os protetores auriculares passavam a ser obrigatórios

nas proximidades das atividades de serviços. As luvas de segurança, protetores faciais, aventais,

perneiras, entre outros passavam a ser obrigatórios antes do início das atividades.

Tabela – Reconhecimento do uso ou da falta do uso e as ocorrências de desvios (AFANP)

Perguntas Respostas

Sim Não

Os EPIs fornecidos pela empresa são de boa qualidade? 68% 32%

A empresa fornece os EPIs adequados às suas atividades? 64% 36%

Você tem conhecimento dos EPIs que deve utilizar na realização dos serviços? 63% 37%

Os EPIs incomodam a realização das atividades profissionais? 62% 38%

Você acha importante utilizar os EPIs para se proteger contra os riscos de acidentes? 61% 39%

Você reclamou com seu Encarregado sobre a má qualidade ou inadequação dos EPIs? 59% 41%

Os EPIs podem fazer com que você venha a sofrer acidentes do trabalho? 55% 45%

Você utiliza espontaneamente os EPIs exigidos para a execução dos serviços? 52% 48%

Você acredita que os EPIs o protegem dos acidentes do trabalho? 51% 49%

Você acredita que suas atividades na obra possam causar acidentes a você 23% 77%

Você foi capacitado para empregar corretamente os EPIs necessários para suas tarefas? 17% 83%

Quando se aborda a questão dos equipamentos ou dispositivos de proteção individuais

dos trabalhadores, empregados para evitar ou atenuar as lesões decorrentes das atividades laborais,

observa-se que há recorrências entre as pesquisas. Os EPIs incomodam mais do que o necessário

porque não são adequados ao biótipo de trabalhador brasileiro. Isso é percebido na maioria das

pesquisas. Afora isso, até pelo fato de serem obrigatórios passam a ser rejeitados pelos

trabalhadores (dito por 28% dos respondentes).

Passa a ser pensamento comum o fato que as experiências profissionais acumuladas já

bastam para prevenir os trabalhadores dos acidentes. Mas, os resultados, obtidos em um ambiente

onde havia um nível de exigência para com as questões de EPIs bem rigoroso, afora o fato dos

Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho das empresas serem dimensionados

sempre acima do exigido na legislação essa muito pouco atendida e compreendida pelas empresas,

nos trouxeram informações novas, como por exemplo:

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3 1a. 68% dos respondentes disseram que os EPIs fornecidos eram de boa qualidade, contrariando o

conceito mais divulgado que as empresas costumavam economizar na compra dos EPIs.

Lógico nos parece que a qualidade possa estar associada ao grau de risco e ao nível de

exigência das empresas contratantes. Deve ser considerado também, e mesmo discutido o

verdadeiro sentido do conceito – qualidade – se expandido para a durabilidade, adequação ou

funcionalidade.

2a. 64% disseram que os EPIs eram adequados às atividades, o que poderia contribuir para que

fossem mais utilizados, pois que eram próprios;

3a. 63% disseram que tinham conhecimento de qual tipo de EPI deveriam empregar para realizar

suas tarefas;

4a. 62% disseram que os EPIs os incomodavam quando realizavam as atividades. Isso pode ser

percebido em qualquer obra e pode ser a causa dos trabalhadores preferirem deixar de usá-los

para não se sentirem mais incomodados do que emprega-los.

As atividades manuais apresentam desgastes físicos, como em uma obra civil. As atividades em

uma obra civil apresentam stress para os trabalhadores, por uma série de razões, começando

pelos elevados níveis de cobrança para a realização das atividades.

Não são as obras que devem se ajustar aos ritmos dos trabalhadores, mas sim o contrário.

Muitas vezes esse ajuste não se dá no tempo certo, principalmente porque a rotatividade de

pessoal pose ser elevada, principalmente na construção civil. Em pesquisas realizadas

verificou-se que para contratos com até 9 meses de duração a rotatividade chegava a ser

superior a 60%. Elevadas rotatividades não possibilitam a rápida adaptação do trabalhador

ao ritmo da empresa. Afora isso, se há justos motivos ou razões para "piorar a situação", o

risco de acidentes é ampliado.

5a. 61% dos respondentes disseram serem os EPIs importantes para suas proteções;

Não se entrando em outros méritos que não os derivados das interpretações dos resultados da

pesquisa, cabe somente a 49% do efetivo a responsabilidade por não entenderem que os EPIs

são importantes para sua proteção. Avaliando-se, através de perguntas secundárias, sempre

que possível, percebeu-se que desse total 73% dos depoentes disseram que "viam" seus colegas

se acidentarem mesmo empregando os EPIs. Assim, por que tornar o trabalho ainda mais

desagradável?

Até aqui se percebem números positivos elevados, dentro das expectativas de um

ambiente com elevados níveis de exigência e cobrança quanto às questões relativas à SMS;

6a. 59% dos respondentes disseram já haver reclamado com seus encarregados sobre a má

qualidade ou o fato dos EPIs não serem adequados às atividades realizadas.

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Esse percentual contradiz os percentuais anteriores, podendo também denotar que as

empresas poderiam estar padronizando um grupo de EPIs que os trabalhadores teriam que

utilizar, independentemente na tarefa realizada.

Já se teve a oportunidade de pesquisar ambientes de trabalho onde os trabalhadores

eram obrigados a utilizar protetores auriculares independentemente de estarem próximos ou

realizando atividades onde os níveis de pressão sonora eram elevados. Bastava que entrassem no

canteiro de obras e já teriam que inserir os plugs nos ouvidos. Em muitas empresas, para entrar no

canteiro de obras era obrigatório o uso de botas de segurança, mesmo em atividades de escritório, o

capacete e os óculos de segurança. Esses procedimentos eram bastante questionados pelos

trabalhadores. Para muitos trabalhadores, o EPI deixava de ser algo que os protegia dos riscos para

ser uma obrigação sem muito nexo, pois que somente deveriam retirar o capacete, por exemplo,

quando iam para o refeitório.

7a. 55% dos depoentes disseram que os EPIs poderiam fazer com que viessem a sofrer acidentes.

A resposta ia de encontro ao que havia sido dito na segunda pergunta.

Em uma análise transversal da questão percebeu-se que havia uma parte dos trabalhadores

que recebia luvas de segurança - um dos itens com maior número de reclamações -

inapropriadas para suas tarefas. Um dos casos mais "bizarros" foi o de um trabalhador que

calçava sapatos nº 42, e como estava em falta esse número foi-lhe dado um par de sapatos

número 40. Simplesmente o trabalhador passou a utilizar o calçado como se fosse uma

sandália. Em outro caso, o trabalhador abriu um orifício na botina porque tinha um "joanete"

na lateral do primeiro pododáctilo direito (dedão do pé direito). Se esses trabalhadores fossem

entrevistados estariam no grupo dos que disseram que os EPIs poderiam fazer com que

sofressem acidentes. O número de casos de trabalhadores utilizando luvas de segurança

inapropriadas é elevado; como o trabalho com material úmido empregando luvas de algodão,

ou o fornecimento de luvas de limpeza doméstica de látex ou invés de luvas para uso industrial.

8a. 52% dos depoentes empregavam espontaneamente os EPIs.

Acredita-se que essa espontaneidade era fruto das cobranças contínuas pelos encarregados e

profissionais de SMS.

9a. 51% dos depoentes acreditavam que os EPIs poderiam protegê-los dos acidentes.

Não está inserido no questionário, mas foram perguntados aos trabalhadores quais EPIs eram

mais importantes, obtendo-se as seguintes respostas:

• Capacete (43%);

• Bota de segurança (29%);

• Óculos de segurança (18%);

• Demais EPIs (10%).

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Nesse cenário, justifica-se o percentual de respostas, principalmente quando os desvios

possam ter sido provocados pela falta de uso de luvas, protetor facial, perneiras, ou avental de

segurança.

10a. 23% dos depoentes declararam que suas atividades não poderiam causar acidentes a eles

próprios.

Pelas respostas descobre-se que esses trabalhadores acreditavam muito mais nas suas

experiências profissionais do que em procedimentos de segurança ou de EPIs.

11a. 17% dos depoentes declaram terem sido orientados sobre o emprego e importância do uso de

todos os EPIs (compatíveis com os riscos de suas tarefas), como citado na resposta à 9ª

pergunta. Isso significa que 83% dos trabalhadores não foi corretamente orientado.

Mais uma vez tem-se a repetição da questão dos profissionais de segurança apresentarem nos

briefings de segurança as orientações sobre os principais equipamentos de proteção.

Já se teve a oportunidade de presenciar profissional de segurança dando orientações sobre

cinto de segurança do tipo paraquedista, somente através de slides. Os trabalhadores não

foram informados sobre como ajustar o cinto nas coxas e no tronco, e muito menos de avaliar

se o argolão estava posicionado corretamente, ou os ganchos dos talabartes estavam em boas

condições de uso.

Não se pode considerar como uma pesquisa específica, já que não foi estruturada para

isso, e sim uma "pesquisa de oportunidade". Nessa ocasião, outubro de 2010, perguntou-se a um

grupo de trabalhadores que já vinhamos observando o perfil e o modo de trabalhar. Como nas

atividades existiam trabalhadores de várias partes do Brasil, questionou-se porque não utilizavam

"todos" os EPIs que as equipes de SMS recomendavam. O resultado, "negativo" associado à região

do Brasil de onde eram provenientes os trabalhadores foi o seguinte:

I. Região Norte : 8 trabalhadores

II. Região Nordeste : 25 trabalhadores

III. Região Centro-Oeste : 11 trabalhadores

IV. Região Sudeste : 87 trabalhadores

V. Região Sul : 16 trabalhadores

Total de Trabalhadores : 147 trabalhadores

Respostas Região Qde %

1. Os EPIs dificultam a execução das tarefas.

I 4 50%

II 6 24%

III 2 19%

IV 5 6%

V 3 19%

2. O EPI incomoda. I 5 63%

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II 6 24%

III 7 64%

IV 6 7%

V 4 25%

3. Não a riscos na atividade.

I 2 25%

II 7 28%

III 6 55%

IV 29 33%

V 11 69%

4. O encarregado não está presente.

I 3 38%

II 3 12%

III 2 19%

IV 6 7%

V 1 6%

5. Não está carregando consigo.

I 6 75%

II 7 28%

III 11 100%

IV 15 17%

V 1 6% Notas:

1a. Esclarece-se tratar de empresa atuando em várias áreas do Brasil e em segmentos distintos, como construção civil, instalação e montagem, obras de arte especiais.

2a. Não se sabe se esse grupo de trabalhadores já vinha trabalhando antes na mesma empresa ou se foram contratados especificamente para aquelas atividades.

3a. Não se tem condições de se afirmar que todos tiveram o mesmo programa de capacitação em SMS. 4a. O fato de 100% dos trabalhadores oriundos da região Centro Oeste não estarem portando os EPIs

não significa que estejam "errados", vez que podem tê-los deixado em seus locais de trabalho. 5a. Aproveitou-se o horário da saída do almoço para se realizar a pesquisa, que durou aproximadamente

5 minutos por pessoa, com o máximo de 5 pessoas por dia, com três entrevistadores, incluindo AFANP.

6a. Não foi informado aos trabalhadores o objetivo da pesquisa e nem foi dado conhecimento dos resultados à empresa contratante, razão pela qual não se considerou como uma pesquisa estruturada. Todavia, os resultados, apesar de alguns "falsos negativos", imprecisos, possibilita repassar um retrato de um momento, obtido em um determinado período e de uma obra específica.

Na interpretação dos resultados algumas considerações são importantes, seguindo os

mesmos tópicos dos questionamentos formulados:

1. Não é estranho que o trabalhador responda que o EPI dificulta a realização das atividades.

Uma luva de raspa impede uma melhor percepção; a aba frontal do capacete dificulta a

visualização do que ocorre acima dele; uma vestimenta de um soldador é pesada,

desconfortável e "calorenta"; um óculos de segurança fica embaçado. Todos esses

argumentos são apresentados pelos trabalhadores. Ocorre que, o EPI melhor indicado nem

sempre é o mais barato. Assim, a opção recai sobre aquele cuja relação custo versus

benefício seja mais adequada à empresa;

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2. A segunda questão é complementar à primeira, da afirmação que um EPI incomode. Se esse

é o adequado ao trabalhador e o protege dos riscos passa a ser mais empregado. A questão é

que sob determinadas circunstâncias as escolhas recaem sobre a proteção ao risco e não a

proteção do trabalhador. Quem se acidenta é o trabalhador. Novamente a questão "custo" é

priorizada em detrimento da adequação ao uso;

3. Quando se menciona que não há riscos na execução da atividade deve se ampliar o horizonte

da avaliação. P.Ex.: um trabalhador está em um ambiente aberto construindo um banco de

madeira, tendo que cortar tábuas e as pregá-las. Será o capacete um item importante na

prevenção ou o mais indicado é o óculos de segurança, ou quem sabe um protetor facial?

Será que a bota de segurança representa um fator importante, ou o cinto de segurança com

duplo talabarte? Questões como essa são impactantes, vez que há muitas empresas que

generalizam o uso dos EPIs – todos – para uniformizar procedimentos e assegurar-se que o

trabalhador, ao concluir aquela tarefa não irá ser conduzido para a realização de outra tarefa

onde os riscos sejam distintos;

4. Infelizmente em muitas empresas o Encarregado ainda é considerado como o "feitor", ou

mesmo o "dedo duro", já que foi um servente que progrediu para ser um pedreiro, e que

evoluiu ainda mais para ser o encarregado. Os empregados param a percebê-lo como um

colega. E em sendo ele um "dedo duro" assumem atitudes dúbias, Quando ele se ausenta

entendem que podem ficar à vontade, inclusive deixando de lado os EPIs;

5. A questão de não carregar os EPIs consigo é complexa, dependendo da atividade exercida

pelo trabalhador. Um soldador, ao final do serviço, certamente deixará aquele uniforme

pesado e quente pendurado em algum local. O capacete até que é tolerado, principalmente se

tiver o adesivo da empresa. Passa a ser sinal de status, sair com o capacete da empresa,

mesmo que seja para almoçar, principalmente se o local da refeição não for o local da obra,

como ocorre em obras nos centros das cidades.

Alguns agentes físicos e químicos encontram-se presentes no ambiente de trabalho e

não são levados em consideração adequadamente para evitar riscos aos trabalhadores, como:

Agentes físicos: ruído, vibrações, calor, frio, pressões anormais, radiações ionizantes ou não, iluminação,

umidade.

Agentes químicos: névoas, neblinas, poeiras, fumos, gases e vapores.

Agentes biológicos: bactérias, fungos, parasitas, bacilos, vírus e outros.

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1) Informações gerais sobre agentes nocivos ao Ser Humano:

⇒ o diâmetro das partículas respiráveis pelo homem varia de 0,5 µ a 10 µ. As partículas menores

do que 0,5 µ não são retidas;

⇒ em trabalhos de galvanoplastia, a neblina expelida de cianeto de cromo provoca o câncer

respiratório;

⇒ as neblinas de ácido sulfúrico observadas no carregamento de baterias atacam seriamente as

construções;

⇒ os fumos (diâmetros da ordem de 0,1 µ) formados pelo aquecimento de um metal acima do

ponto de ebulição dele devem ser observados com cuidado, principalmente o de cloreto de

amônia (NH4Cl), altamente tóxico;

⇒ o zinco, o alumínio e o antimônio, em doses normais são atóxicos;

⇒ a sílica (SiO2) provoca uma grave doença pulmonar denominada de silicose. 1 cm3 de sílica

polui 2.000 cm3 de ar;

⇒ as partículas de PVC (poeiras) provocam câncer de bexiga;

⇒ toda matéria orgânica, finamente pulverizada e em suspensão no ar oxida-se violentamente,

quase sempre explosivamente.

2) Doenças profissionais causadas por agentes físico-químicos

Algumas das substâncias causadoras de doenças profissionais encontram-se listadas a

seguir. Destaca-se que os limites máximos de tolerância não devem ser empregados como

argumento de atendimento à lei para a proteção dos trabalhadores. As empresas têm obrigação de

eliminar os riscos existentes antes de disponibilizar aos trabalhadores os equipamentos de proteção

coletiva ou individuais. Acima dos limites de tolerância especificados em normas os produtos

podem causar os seguintes sintomas, ou os seguintes males, ou atuar ou agir nos órgãos descritos a

seguir:

� monóxido de carbono

• morte súbita, quando em grande concentração e em exposição demorada;

• cefaléia;

• perda parcial da capacidade de visão a cores;

• enjôos, náuseas e vômitos.

� amônia, cloro e seus derivados ácidos, dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio

• irritação das mucosas respiratórias e oculares;

• infecções crônicas das vias respiratórias, do tipo: bronquites, pneumonias, tuberculoses e

supurações pulmonares.

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� sulfeto de hidrogênio (H2S)

• efeito irritante das mucosas oculares, particularmente através de conjuntivites químicas;

• afeta o sistema nervoso central.

� Sulfeto de Carbono (CS2)

• provoca alterações no sistema nervoso central;

• ataca os rins;

• afeta as arteríolas oculares.

� Benzeno (C6H6)

• age diretamente sobre a medula óssea, provocando anemia;

• gera euforia;

• provoca cefaléia;

• gera hipertonia;

• produz necrose;

• produz leucopenia.

� Chumbo

• atua sobre os ossos;

• atua sobre o estômago;

• atua sobre o sistema nervoso central;

• atua sobre o sistema neuro-muscular.

� Mercúrio

• atua sobre o aparelho digestivo;

• provoca a queda de dentes;

• provoca lesões cutâneas;

• gera distúrbios neuro-psiquicos;

• provoca enterocolites hemorrágicas.

� Manganês

Causa mal de Parkinson.

� Benzol, fósforo e sulfeto de carbono

Provocam em contato direto com o corpo humano:

• lesões na pele;

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• anemias;

• hemorragias;

• leucopenia;

• plaquetopenia.

� Benzopireno, dietilsulfato, metilcolantreno, dimetilsulfato, metilbenzilidrazina

Podem apresentar efeitos carcinogênicos pré-natal.

� Agentes de limpeza à base de hipoclorito

• provocam irritação ou corrosão da pele, quando em contato;

• dores na boca, esôfago e estômago; sialorréia; vômitos; edema de glote, quando ingerido.

� Agentes de limpeza à base de amônia

• quando em contato direto provocam:

→ queimaduras;

→ dermatites intensas, etc.

• quando ingerido, provocam:

→ dores na boca, esôfago e estômago;

→ sialorréia;

→ vômitos intensos;

→ hematênese;

→ distúrbios circulatórios;

→ pneumonias químicas.

� Agentes de limpeza à base de óleo de pinho

• provoca irritações e dores no estômago;

• gera gastrite hemorrágica;

• induz a depressão do sistema nervoso central;

• provoca hipotermia;

• provoca distúrbios respiratórios.

� Produtos de limpeza à base de ácido clorídrico ou fosfórico, oxalatos, carbonatos, silicatos,

compostos fenólicos

Geram graves lesões cáusticas e distúrbios gastrointestinais.

� Acetona

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O contato direto com a substância gera:

• dermatites;

• cefaléias;

• náuseas;

• hematênese;

• narcose;

• coma.

� Bórax

Os efeitos do Bórax sobre o corpo humano são:

• eritema;

• lesões renais;

• lesões hepáticas;

• distúrbios neurológicos;

• hipotensão.

� Cânfora

A cânfora, quando em contato com o corpo humano pode provocar:

• cefaléia;

• tonturas;

• distúrbios psíquicos;

• espasmos musculares.

� Fenol

Os efeitos que se manifestam na presença do fenol são:

• cefaléia;

• anorexia;

• tremores;

• convulsões;

• sudorese.

� Formaldeído

O contato com o formaldeído pode produzir:

• dores intensas na boca e faringe;

• diarréia;

• vertigens;

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• convulsões;

• torpor;

• coma.

� Hexano

O hexano quando aspirado ou em contato direto produz:

• depressão no sistema nervoso central;

• asfixia.

� Tolueno

O produto, acima dos limites de tolerância, pode ser causador de:

• bronquite;

• pneumonia;

• náuseas;

• vômitos;

• lesões renais.

� Agentes cancerígenos

São considerados agentes cancerígenos:

• carvão (ataca a pele);

• alcatrão (provoca sarcomas);

• dibenzoantraceno e benzopireno (provoca câncer nas mãos, lábios, face e escroto);

• hidrocarbonetos obtidos entre 270ºC e 360ºC - parafinas; óleos pesados; graxas;

lubrificantes; óleos isolantes;

• éter.

A empresa deve disponibilizar aos trabalhadores, quando técnicamente não há como

evitar-se o contato direto ou acidental dos trabalhadores com esses produtos, dispositivos de

proteção individual que sejam os mais adequados. Torna-se importante salientar que o simples fato

de a empresa disponibilizar os EPIs não retira a responsabilidade da empresa pelos acidentes que

possam ocorrer. É importante que o emprego dos EPIs seja acompanhado pelos profissionais de

segurança da empresa e que os trabalhadores saibam como utilizá-los adequadamente.

� Bibliografia Suplementar

� Produtos Químicos Agressivos - Weyne, G.R. de Sá - Nobel - São Paulo - 1982.

� Chemical Proses Industries - Shreve,N. - McGraw Hill.

Page 13: Doenças profissionais causadas por agentes físico químicos

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� Back,C.K. & Van Stee E.W. - Toxicology of Haloalkane Propellants and Fire

Extinguishants - Pharmacol Toxicol - 1977.

� Gosselin,R.E. , Hodge,H.C. , Smith,R. & Gleason,M.N. - Clinical Toxicology of

Commercial Products - Willians & Wilkins - 1977.

� Christensen,H.E. & Cols - The Toxic Substance List - US Depto Health Educational Welf.

- 1974.

� Schvartsman,S. - Produtos Químicos de Uso Domiciliar - Segurança e Riscos

Toxicológicos - Almed - 1980.