doenÇas em pinus: identificaÇÃo e controle

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DOENÇAS EM PINUS: IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE

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DOENÇAS EM PINUS: IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE

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República Federativa do BrasilFernando Henrique Cardoso

Presidente

Ministério da Agricultura e do AbastecimentoMarcus Vinicius Pratini de Moraes

Ministro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Conselho de AdministraçãoMárcio Fortes de Almeida

Presidente

Alberto Duque PortugalVice-Presidente

Dietrich Gerhard QuastJosé Honório Accarini

Sérgio FaustoUrbano Campos Ribeiral

Membros

Diretoria-Executiva da Embrapa

Alberto Duque PortugalDiretor-Presidente

Dante Daniel Giacomelli ScolariElza Ângela Battagia Brito da Cunha

José Roberto Rodrigues PeresDiretores

Embrapa FlorestasVitor Afonso Hoeflich

Chefe Geral

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DOENÇAS EM PINUS: IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE

Celso Garcia AuerAlbino Grigoletti Júnior

Álvaro Figueredo dos Santos

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Florestas

Ministério da Agricultura e do Abastecimento

Colombo2001

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Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:Embrapa FlorestasEstrada da Ribeira km 111 - Caixa Postal 31983411-000 - Colombo, PR BrasilFone: (0**41) 666-1313Fax: (0**41) 666-1276www.cnpf.embrapa.brE-mail: [email protected]

Comitê de Publicações:Américo Pereira de Carvalho, Antônio Carlos de S. Medeiros, Edilson Batista de Oliveira, Erich Gomes Schaitza,Honorino Roque Rodigheri, Jarbas Yukio Shimizu, José Alfredo Sturion, Moacir José Sales Medrado (Presidente),Patricia Póvoa de Mattos, Rivail Salvador Lourenço, Sérgio Ahrens, Susete do Rocio C. Penteado, GuiomarMoreira (secretária).

Diagramação e editoração eletrônica:Cleide da S.N.F. de Oliveira

Capa:Cleide da S.N.F. de Oliveira

1a impressão (2001):300 exemplares

CIP- Brasil – Catalogação na PublicaçãoEmbrapa Florestas

Auer, Celso GarciaDoenças em pinus: identificação e controle / Celso Garcia Auer,

Albino Grigoletti Júnior, Álvaro Figueredo dos Santos. – Colombo :Embrapa Florestas, 2001.

28p. ; il ; (Embrapa Florestas. Circular técnica, 48).

ISSN 1517-5278Inclui bibliografia

1. Pinus – doença - controle. I. Grigoletti Júnior, Albino. II. Auer,Celso Garcia. III. Santos, Álvaro Figueredo dos. IV. Título. V. Série.

CDD 634.97

© Embrapa 2001

Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada dessa

publicação, no todo ou em parte, constitui violaçãodo Copyright © (Lei no 9.610).

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SUMÁRIO

1 Introdução ..................................................................................................7

2 Deterioração de Sementes ............................................................................7

3 Tombamento de Mudas ................................................................................8

4 Podridão de Raízes por Armillaria ................................................................. 10

5 Podridão de Raízes por Cylindrocladium ........................................................ 12

6 Podridão de Raízes por Fusarium.................................................................. 14

7 Queima de Acículas por Cylindrocladium ....................................................... 14

8 Queima de Acículas por Mycosphaerella ....................................................... 15

9 Queima de Acículas por Cercospora pini-densiflorae ....................................... 16

10 Seca de Ponteiros .................................................................................... 16

11 Manchas de Acícula ................................................................................. 18

12 Morte de Árvores causada por Hendersonula ............................................... 19

13 Fumagina ............................................................................................... 20

14 Ausência de Micorrizas ............................................................................. 21

15 Animais ................................................................................................. 22

16 Distúrbios de Origem Abiótica ................................................................... 22

Referências Bibliográficas .............................................................................. 26

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DOENÇAS EM PINUS: IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE

Celso Garcia Auer1

Albino Grigoletti Júnior2

Álvaro Figueredo dos Santos2

1 INTRODUÇÃO

O gênero Pinus é plantado, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil,como matéria prima para a produção de celulose de fibra longa, de móveis, chapas eplacas. Após passar por sucessivos desbastes, sua produtividade média atinge até 35m3/ha.ano, no corte final, quando as populações atingem as idades entre 20 e 25 anos(Sociedade..., 1998). Em 1997, a área plantada com Pinus, no Brasil, correspondeu aaproximadamente 36 % do total de espécies plantadas em reflorestamentos (Sociedade...,1998). Dada a importância do gênero para o Brasil, este trabalho foi realizado parafacilitar a identificação das doenças e de outros problemas registrados e orientar sobreas medidas de controle.

2 DETERIORAÇÃO DE SEMENTES

O uso de sementes de boaqualidade permite a formação demudas sadias e adequadas paraplantio no campo. Estas sementesdevem ser oriundas de sistemas deprodução baseados em materialgenético selecionado. Caso assementes não sejam devidamentebeneficiadas e armazenadas, osmicrorganismos invadem aquelasdanificadas ou com alto teor deumidade ou baixa viabilidade (Figura1). Estes podem ser o motivos do

1 Eng. Florestal, Doutor, Pesquisador da Embrapa Florestas.2 Eng.-Agrônomos, Doutores, Pesquisadores da Embrapa Florestas.

Figura 1 Sementes de Pinus taeda sadias.

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baixo rendimento da germinação de certoslotes de sementes (Carneiro, 1986).Fusarium oxysporum é um exemplo defungo patogênico em sementes de P.elliottii. Esporos desse fungo podem estarpresentes nas sementes e, com agerminação desses esporos e a colonizaçãodas sementes, ocorre o tombamento dasplântulas (Homechin et al., 1986).

Em outra situação, osmicrorganismos podem ser encapsulados,durante a polinização dos estróbilosfemininos, ficando dormentes até oprocesso de germinação (Auer, 1993).Posteriormente, alguns dos fungospresentes nas sementes podem causar otombamento de mudas.

As perdas na germinação por ataquede fungos podem ser reduzidas pelotratamento prévio das sementes comfungicidas e armazenamento emcondições de baixa umidade e

3 TOMBAMENTO DE MUDAS

O tombamento de mudas é um dosprincipais problemas em viveirosflorestais. Com o desenvolvimento datécnica de produção de mudas em sacosou tubetes plásticos, diminuiu-se oimpacto desta doença, cuja maiorincidência pode ser observada emviveiros com sistema de produção demudas em sementeiras e posteriorrepicagem, sem o uso de medidassanitárias preventivas.

temperatura. Os fungicidas recomendadoscontra fungos veiculados nas sementesprotegem a emergência das plântulas. Otratamento químico das sementes comfungicidas tem sido a medida maisadequada para se evitar a entrada depatógenos exóticos e a disseminação dosfungos pelos viveiros florestais.

Outro exemplo da importância daação de fungos em sementes pode serverificado quando da obtenção deembriões para cultivo in vitro. A extraçãodo embrião deve ser feita em condiçõesassépticas, desinfestando-se as sementes,externamente, com álcool e águaoxigenada. Posteriormente, as sementestratadas são dissecadas e os embriõesretirados e transferidos para placas commeio BDA e incubados por um períodoentre 7 e 21 dias, para a seleção daquelesisentos de microrganismos.

A doença é causada por fungos desolo, dos gêneros Cylindrocladium,Fusarium, Phytophthora, Pythium, eRhizoctonia (Ferreira, 1989).

• Sintomas

Os fungos destroem os tecidostenros e suculentos das plântulas durantea germinação, levando-as à morte (Figura2A). Se o ataque do fungo acontecer no

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período de pré-emergência, ocorre oapodrecimento das sementes ou morte dasplântulas. Ataques após a emergência daplântula resultam em lesões necróticas nohipocótilo ou nas radicelas, em geral, no níveldo solo. Podem ocorrer, também, lesões noepicótilo, nos cotilédones e na gema apical.O tombamento da planta decorre dodesenvolvimento rápido das lesões no colo,seguido de murcha e morte da parte aérea(Figura 2B). Sinais dos patógenos, comomicélio e esporos, podem surgir sobre ostecidos lesionados ou em plântulas mortas.Alguns destes transformam-se emestruturas de resistência que permanecemno substrato, tornando-se em fontesecundária de inóculo.

• Condições favoráveis

As fontes primárias de inóculopodem ser as sementes, o solo ousubstratos, a água de irrigação, asinstalações e os materiais contaminados(estufas, tubetes). A fonte secundária éconstituída por esporos produzidos emmaterial doente, disseminados pelo vento,

Figura 2BTombamento de mudas em sacos plásticos.

Figura 2ATombamento de mudas em tubetes.

esterilização de substratos ou uso desubstratos inertes; incorporação demicrorganismos antagônicos ou fungosectomicorrízicos no substrato; semeadura embaixa densidade; controle da umidade nossubstratos; eliminação de substratoscontaminados. A presença de micorrizas énecessária, por seu papel protetor exercidocontra patógenos do solo. Em casosextremos, pode ser feita a aplicação defungicidas, cuidando-se para evitar acontaminação ambiental e os riscos deintoxicação. No caso do controle deRhizoctonia solani, recomenda-se aplicarfungicidas que sejam eficientes contra opatógeno, e inócuos para as micorrizas.

pelos respingos de água, pelo manuseiodas mudas ou pelo contato entre asmesmas. A doença poderá se agravarquando houver excesso de água,sombreamento e adubação nitrogenadapara as plântulas.

• Controle

As principais medidas de controle dotombamento recomendadas são: a

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4 PODRIDÃO DE RAÍZES POR Armillaria

A podridão de raízes, causada porArmillaria sp., afeta um grande número deplantas lenhosas. No Brasil, a doença foiconstatada em coníferas (espécies dePinus e Araucaria), nos estados da regiãoSul e Sudeste, sem registro em espéciestropicais (May, 1962; Auer & Grigoletti,

1997a). Foram registradas perdassignificativas de árvores, embora compoucos casos atingindo proporçõesepidêmicas. O agente causal tem sidoidentificado como Armil laria (ouArmillariella) mellea (Reis, 1975).

• Sintomas

A podridão de raízes se manifesta,freqüentemente, em plantações com 2 a10 anos de idade, com ataques esporádicosem árvores com 18 anos (Krugner & Auer,1997). Na copa, os sintomas iniciam-secom um amarelecimento geral, seguido demurcha, bronzeamento e seca das acículas(Figura 3A). Estes sintomas, normalmente,precedem a morte das árvores, queacontece quando todo o sistema radicular

acha-se comprometido, ou tenha havidoanelamento na região do colo da árvore. Amorte da árvore pode ser acelerada emperíodos de déficit hídrico. A diagnose dadoença pode ser feita observando-se asraízes mais grossas e a base do tronco.Nestes pontos, ocorre intensa exsudaçãode resina que se acumula no solo, ao redordas raízes, ou do tronco, formando umacrosta de solo mais resina solidificada. Ofungo ataca os tecidos da casca e do lenho,causando o seu apodrecimento. Placasmiceliais de coloração esbranquiçada sãoformadas na região da entre-casca,estendendo-se até cerca de 1 m do solo(Figura 3B). Este crescimento micelial é a

Figura 3APodridão de raízes por Armillaria: árvore morta

Figura 3BPodridão de raízes por Armillaria: placa micelial dofungo, na entre-casca de árvore morta.

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característica mais importante para adiagnose da doença. O fungo pode,também, formar rizomorfas, tanto na regiãoda entre-casca quanto sobre a casca e nosolo adjacente aos tecidos doentes. Asrizomorfas são estruturas filamentosas,semelhantes a cordões, de coloraçãomarrom escura, visíveis a olho nu, medindode 1 mm a 2 mm de diâmetro, maisfacilmente encontradas em espéciesfolhosas nativas do que em Pinus no Brasil.As rizomorfas podem ser verificadas,também, em culturas puras de Armillaria,produzidas em laboratório.

As frutificações de Armillaria sãocogumelos, de coloração amarela a marrompalha, produzidas em tufos, na base dotronco das árvores, ou em tocos emdecomposição. Os cogumelos sãoefêmeros e perecíveis.

• Condições favoráveis

A fonte primária de focos dapodridão de raízes é o micélio ou arizomorfa presente em restos vegetaislenhosos como tocos, galhos ou raízes, viasolo. Esta doença ocorre, principalmente,em áreas recém-desmatadas, onde sãodeixadas grandes quantidades de resíduosvegetais, que funcionam como fontes deenergia de arranque para o patógeno e deinóculo. A mortalidade das árvores tendea diminuir à medida que o povoamentoenvelhece, quando a fonte original deinóculo é exaurida e as árvores tornam-semais resistentes. Outro tipo de infecção éproduzida pelos basidiosporos,disseminados pelo vento. A penetração no

tecido das árvores é feita pelas rizomorfase por hifas vindas do solo ou de rizomorfasproduzidas pela germinação dosbasidiosporos (Lanier et al., 1978; Ivory,1987).

Outro fator determinante para ainfecção e severidade do ataque deArmillaria é a predisposição das árvores.Fatores adversos ao crescimento normaldas árvores (déficit hídrico, solos comcamada de impedimento aodesenvolvimento radicular, sistemaradicular enovelado, ataque de insetos,descargas elétricas, povoamentos semdesbaste) podem debilitar as árvores epredispô-las ao ataque do patógeno. Váriasespécies de Pinus são suscetíveis àArmillaria, especialmente P. elliottii. Outrasespécies suscetíveis são P. caribaea, P.kesiya, P. patula, P. radiata e P. taeda(Krugner & Auer, 1997). Um grandenúmero de registros dessa doença tem sidoverificado, em decorrência de grandes áreasplantadas com essas espécies de Pinus.

• Controle

A presença da podridão de raízesdemanda observação sucinta dos danoscausados em todas as fases dereflorestamento e o monitoramento dosnovos plantios. Áreas recém-desmatadasdevem ter os restos vegetais da mataanterior removidos, durante o preparo doterreno para plantio, principalmente ostocos e as raízes (Ivory, 1987). Estaoperação pode não ter viabilidadeeconômica, porém, é efetiva. O plantio deespécies suscetíveis deverá ser feito em

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áreas isentas de patógeno ou que já tenhamsido cultivadas com plantas nãohospedeiras do patógeno (culturasagrícolas ou outras espécies florestais).

A construção de valetas e aaplicação de produtos químicos como calvirgem ou formol, ao redor de focos dadoença, é uma medida recomendada para

5 PODRIDÃO DE RAÍZES POR Cylindrocladium

o controle de Armillaria, em pomares defruteiras. Porém, essa técnica não foidevidamente testada em plantios de Pinus.O enovelamento de raízes, pode sereliminado com o uso de mudas de boaqualidade e cuidados no plantio.Recomenda-se, portanto, plantios em sítiosadequados, com espécies resistentes emanejo de forma correta.

A podridão de raízes porCylindrocladium pode ocorrer, tanto emviveiro quanto no campo. A ocorrênciadessa podridão de raízes foi registrada emplantios comerciais de P. caribaea var.hondurensis e P. oocarpa, nos estados doEspírito Santo, Minas Gerais, Paraná e SãoPaulo (Krugner & Auer, 1997). Aprogressão da doença é lenta, contínua e,sob ataque intenso, a árvore morre. Opatógeno é o fungo Cylindrocladiumclavatum. Esta espécie foi observada emviveiros florestais no estado de MinasGerais, atacando, também, raízes de mudasde eucalipto (Ferreira, 1989).

• Sintomas

A incidência da podridão de raízespor Cylindrocladium nos viveiros é baixa,com distribuição esparsa nos canteiros. Ossintomas são observados em mudas, apartir do segundo mês de idade, quando jáexiste a diferenciação nos tecidos do

sistema radicular. O patógeno ataca asraízes tenras, destruindo os tecidos; emraízes mais desenvolvidas, o ataque é naregião da casca (Hodges & May, 1972).Nestas raízes, observa-se, inicialmente, apresença de lesões escuras,correspondentes às áreas necrosadas nacasca. As lesões podem progredir nosentido do comprimento das raízes ou nasua circunferência, tendendo a estrangulá-las. A região do lenho é mais resistente aoataque, permanecendo com coloraçãoclara, ao contrário da região da casca quese escurece, devido à destruição edecomposição dos tecidos. As mudasinfectadas podem apresentar sintomas demurcha e amarelecimento na parte aérea.A destruição do sistema radicular ocasionaa morte da muda. Pode ocorrer a reduçãono vigor das mudas, embora seja umsintoma pouco perceptível.

Em árvores, os sintomas da podridãode raízes por Cylindrocladium são

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observados na parte aérea, a partir dosegundo ano, quando a maior parte dosistema radicular já se encontra destruídoou o colo anelado (Homechin, 1979). Sãocaracterísticas da doença o amarelecimentogeneralizado das acículas, a murcha dosponteiros e a seca progressiva das acículas,geralmente, de baixo para cima, até a morteda planta. As acículas tombam, ficandopresas na copa por algum tempo, atéadquirirem uma tonalidade marromacinzentada, quando começam a cair. Amorte de árvores ocorre de forma esparsa,atingindo indivíduos isolados ou formandofocos. Estes focos são constituídos porgrupos de árvores afetadas, em diferentesestádios de evolução dos sintomas. Nosistema radicular, os sintomas ocorrem emraízes de todos os tamanhos. Iniciam-sepelo aparecimento de lesões necróticasescuras na região da casca, onde seacumulam grandes quantidades de resina(Figura 4). O acúmulo de resina determina

o encharcamento dos tecidos da casca edo lenho. Com o tempo, a resina acabasendo lixiviada, ficando a casca apodrecida.

• Condições favoráveis

No caso de viveiro, as condições deumidade, sombreamento e proximidade dasmudas favorecem a instalação, odesenvolvimento e a disseminação dapodridão de raízes por Cylindrocladium. Essefungo é encontrado, naturalmente, em solosde terrenos virgens, desconhecendo-se oshospedeiros nativos. A disseminação dopatógeno, no campo, não foi estudada massupõe-se que deva ocorrer através do soloou das raízes, entre árvores adjacentes, oupelas partículas de solo aderidas aimplementos agrícolas durante o preparo dosolo e tratos culturais, na fase de implantaçãodos talhões.

As raízes das árvores de Pinusexercem um efeito estimulante nocrescimento da população deCylindrocladium, no solo. A entrada dessepatógeno nos tecidos da planta deveocorrer através de ferimentos e na presençade fatores predisponentes como oenovelamento de raízes.

• Controle

O controle, em viveiros, deverá serfeito, preventivamente, com a desinfestaçãodo solo ou pela solarização do substrato(Krugner & Auer, 1997). Caso sejanecessário o controle, a aplicação defungicida poderá dar resultadossatisfatórios, embora não se disponha de

Figura 4 Raiz de Pinus taeda com sintomas esinais da podridão causada porCylindrocladium clavatum.

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estudo a respeito. Mudas doentes podemrecuperar-se no viveiro com a aplicação deadubos. O plantio de mudas doentes nãodeve ser feito, pois estas podem servir de

6 PODRIDÃO DE RAÍZES POR Fusarium

7 QUEIMA DE ACÍCULAS POR Cylindrocladium

fonte de inóculo da doença para opovoamento. Em campo, as perdasprovocadas pela doença não têm justificadoa aplicação de medidas de controle.

Espécies de Fusarium podem estarassociadas à podridão de raízes emviveiros, determinando a morte de mudas,especialmente em raiz nua ou que se

utilizam de substrato contaminado (Krugneret al. 1970). Para o seu controle, podemser utilizadas as mesmas medidasrecomendadas para C. clavatum.

A queima de acículas causada porCylindrocladium pteridis está limitada àsregiões Nordeste e Norte do Brasil, ondefoi observada em mudas e povoamentosde P. caribaea var. hondurensis e P. oocarpa.Árvores jovens afetadas podem sofrersevera desfolha (Hodges et al, 1975).

• Sintomas

A queima de acículas causada porC. pteridis se caracteriza pela formação delesões, de coloração marrom-avermelhada,medindo entre 2mm e 5mm de

comprimento, que estrangulam a acícula.As lesões determinam a morte de parte daacícula, desde o ponto de estrangulamentoaté a extremidade da mesma. No campo,árvores severamente atacadas aparentamchamuscamento por fogo. A severidade doataque varia entre indivíduos, numa mesmapopulação. Isso faz supor que existevariabilidade genética do hospedeiro,quanto à resistência ao patógeno. Lesõesmenos severas são caracterizadas por umcentro marrom, envolvido por um haloamarelado, sem o estrangulamento dasacículas.

• Condições favoráveis

A queima de acículas ocorre duranteperíodos contínuos de chuvas ou sob condiçõesde elevada umidade, como no caso de excessode irrigação no viveiro. Nestas condições,numerosos conídios são produzidos sobre os

tecidos infectados que, disseminados porrespingos de água, rapidamente infectamnovos tecidos. Os primeiros sintomassurgem em uma a duas semanas e a queimade acículas desenvolve-se logo em seguida.

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• Controle

O controle da queima de acículas,em viveiros, poderá ser efetuado medianteadoção das seguintes medidas:

a) evitar densidade excessiva desemeadura, para impedir o adensamentode mudas em canteiros de raiz nua;

b) evitar adubação excessiva,principalmente com fertilizantesnitrogenados, que predispõem as mudasao ataque do patógeno;

c) efetuar pulverizações foliares comfungicidas. As pulverizações poderão serefetuadas, preventivamente, a partir do

segundo mês pós-semeadura. Naaplicação de fungicidas, deve-se ponderaras possíveis implicações que estetratamento pode ter na formação demicorrizas das mudas.

O controle não tem sido efetuadono campo. Porém, o aumento da área deplantio de espécies suscetíveis, nasregiões tropicais úmidas do país, poderádemandar tais medidas. Evidências deresistência genética à doença abrempossibilidades para a seleção de materialgenético resistente.

8 QUEIMA DE ACÍCULAS POR Mycosphaerella

A queima de acículas causada porMycosphaerella pini, conhecida como“red band needle blight”, no exterior, éuma doença de importância secundáriano Brasil, uma vez que as espéciescultivadas são resistentes ao patógeno.Esse patógeno tem sido encontrado nafase anamórfica conhecida comoDothistroma septospora. A doença foiconstatada em duas espécies suscetíveis(Pinus pinaster e P. radiata), causandointensa seca e queda de acículas, nosplantios em São Paulo, Paraná, SantaCatarina e Rio Grande do Sul (Almeida,1970; Nowacki et al. 1970). Os danosverificados em plantios de P. radiatalimitaram o cultivo desta espécie noBrasil.

• Sintomas

A queima de acículas porMycosphaerella se manifesta, inicialmente,com pequenas manchas amareladas nasacículas (Figueiredo & Namekata, 1969).Posteriormente, elas aumentam de tamanho,circundando as acículas, tomando coloraçãocastanha. Estas lesões são envolvidas porum halo castanho-avermelhado. Quando oataque é severo, várias dessas lesões podemaparecer numa mesma acícula, que seca ese desprende da planta. Em conseqüência,pode ocorrer um intenso desfolhamento quedeixa os ramos nus, permanecendo verdessomente as brotações que ainda nãosofreram o ataque do fungo. Odesenvolvimento da árvore é seriamenteprejudicado e, dependendo da intensidadedo ataque, pode ocorrer até mesmo morte.

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• Condições favoráveis

Não existem informações sobre ascondições favoráveis ao desenvolvimentoda queima de acículas por Mycosphaerella,no Brasil.

9 QUEIMA DE ACÍCULAS POR Cercospora pini-densiflorae

• Controle

O controle da Mycosphaerella nãotem sido prescrito, uma vez que P. radiatae P. pinaster não foram mais plantadas noBrasil.

Cercospora pini-densiflorae foiencontrado sobre acículas mortas deárvores de Pinus caribaea, com dois anosde idade, em plantios localizados no estadode Minas Gerais (Reis, 1976). A doençafoi considerada restrita a uma pequena

10 SECA DE PONTEIROS

área, sem maiores conseqüências deimportância econômica. Pelas informaçõesexistentes, pouco se sabe sobre ascondições que favorecem o aparecimentodessa doença ou sobre a necessidade demedidas de controle.

A seca de ponteiros é importanteem espécies como P. radiata e P. pinasterpois, a exemplo de Mycosphaerella pini,impediu a silvicultura destas espécies noBrasil (Krugner & Auer, 1997). O agentecausal da seca de ponteiros é o fungoSphaeropsis sapinea, saprófita que viveem restos vegetais de Pinus. Além daseca de ponteiros, pode atacar mudas eplantas adultas, causando infecçõesprimárias e secundárias em ramos,podridão de raiz e colo e cancros emramos e troncos (Gibson, 1978; Swart& Wingfield, 1991).

• Sintomas

A seca de ponteiros se caracteriza,inicialmente, por lesões deprimidas e comexsudação de resina, de coloração cinzaou púrpura, formadas sobre tecidos verdesdo ramo de plantas jovens, normalmentena base de um ponteiro infectado oudanificado. Este pode se curvar, comoresultado do crescimento apenas do ladosadio. A morte do ponteiro pode acontecerantes ou após o curvamento. Os tecidosafetados tornam-se cinzentos ou escurose quebradiços. As acículas da área afetadamorrem, adquirindo coloração palha

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avermelhada, permanecendo, por algumtempo, ligadas à haste. Logo abaixo daregião afetada, ocorre emissão de novasbrotações que circundam o ponteiro morto.Este acaba por cair, após a recuperaçãodo desenvolvimento do ramo atacado.

O ataque de S. sapinea pode serverificado em mudas de P. taeda,provocando queima e encurvamento dosponteiros, tendo como conseqüência a secados mesmos (Auer & Grigoletti Junior,2000). Outros sintomas associados a esteproblema são a formação de lesõesresinosas e de pequenos cancros (Figura5A), além do surgimento de gemasadventícias. A morte dos ponteiros nãoresulta em morte da muda, mas deforma amesma, provocando a perda da qualidade.

O fungo pode causar a morte deárvores de P. patula, após a execução dedesrama artificial sob período de intensaprecipitação pluviométrica (Auer et al.,1997). Pode causar, também, o azulamentoda madeira, em árvores atacadas e nastoras após o abate (Auer & Grigoletti Júnior,1997b), penetrando através de lesõescausadas pelo quebramento de galhos ouferimentos provocados nas operações deabate e arraste dos troncos (Figura 5B).Sobre a lesão, formam-se picnídios escurosque expelem cirros escuros de conídios(Figura 5C). Os picnídios tendem adesaparecer, mas os conídios ficam sobreos tecidos doentes ou aderidos à resinaexsudada.

Figura 5ASinais e sintomas de doenças causadas porSphaeropsis sapinea: ataque à casca de P. patula

Figura 5BSinais e sintomas de doenças causadas porSphaeropsis sapinea: azulamento da madeira deP. taeda.

Figura 5C Sinais e sintomas de doenças causadaspor Sphaeropsis sapinea: conídios do fungo.

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• Condições favoráveis

A disseminação da seca de ponteirosé facilitada pela abundância de conídiosem picnídios e por ser veiculado pelo vento,chuva, insetos e sementes. Existemevidências de que o agente causador dessadoença seja um patógeno secundário quese estabelece em tecidos injuriados,notadamente em situações em que ohospedeiro tenha sofrido ferimentoscausados por granizo, insetos, desramaartificial, desbaste e extremos detemperatura e umidade.

Quanto ao grau de suscetibilidade,P. radiata é altamente suscetível, seguidapor P. nigra, P. pinaster, P. sylvestris, P.ponderosa e P. canariensis. P. patula é desuscetibilidade intermediária. O fungoataca, também, outros gêneros deconíferas.

• Controle

No caso de ocorrência da seca deponteiros em mudas no viveiro, recomenda-se fazer pulverizações com fungicidas. NoBrasil, as medidas de controle não têm sidoprescritas para campo, uma vez que asespécies mais suscetíveis não sãoplantadas. P. caribaea, P. elliottii e P. taedasão relatadas como resistentes a essadoença. Porém, não devem ser plantadasem locais com ocorrência de precipitaçãoelevada, ocorrência de granizo e deficiêncianutricional. No caso do azulamento damadeira, o controle deve ser efetuado apóso abate das árvores, em toras de árvoressadias. Se o fungo estiver instalado emárvores vivas, ocorre o manchamento damadeira. A secagem e o processamento dastoras, logo após o abate, é suficiente parase evitar o problema. Caso contrário, seránecessário o uso de preservantes demadeira.

11 MANCHAS DE ACÍCULA

Davisomycella e Lophodermium sãogêneros de fungos da ordem Rhytismatales,de ocorrência em todo o mundo, associadosa acículas de coníferas. Podem ser patógenosprimários, causando queima ou seca deacículas ou simples saprófitas em acículasmortas ou em senescência (Figura 6). NoBrasil, estes fungos foram observados emdiversas espécies de Pinus, nos estadosdo Paraná, Santa Catarina, São Paulo,Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahiae Espírito Santo (Namekata et al., 1970).

Figura 6Mancha de acícula de Pinus taeda causadapor Lophodermium.

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Os fungos causadores da mancha deacículas são observados com relativafacilidade, mesmo a olho nu, nas áreas secasdas acículas ou nas acículas mortas, aindapresas na árvore ou caídas no chão. Asfrutificações caracterizam-se como ascomas,na superfície da acícula, na forma depontuações negras, alongadas e salientes.Estes ascomas apresentam característicasintermediárias entre apotécios e peritécios.São imersos nos tecidos da planta,rompendo-se na maturidade, sob altaumidade, através de uma fissura longitudinalque libera os ascósporos. Eventualmente,ocorre seca severa de acículas, porém, nuncacausando a morte de árvores. Os indivíduosafetados podem apresentar desfolhamentosignificativo mas recuperam-se à medida queo ambiente torna-se desfavorável à doença.

• Condições favoráveis

Não existem informações sobre ascondições favoráveis ao desenvolvimentoda mancha de acículas, no Brasil.

• Controle

O controle da mancha de acícula nãotem sido preconizado, dada a pequenaimportância do problema.

• Sintomas

Os sintomas iniciais da mancha deacículas são manchas avermelhadas,diminutas, que se expandem, envolvendo,com essa coloração, toda a acícula, atingindoaté cerca de 4 mm de comprimento nosentido longitudinal. A porção central damancha torna-se necrosada, tomando umacoloração marrom-avermelhada, ondesurgem as frutificações. A partir da necrose,ocorre a morte da acícula. Em sintomastardios e na interface entre as manchasmarrons, observa-se uma linha negratransversal. Do início do primeiro sintomaaté a morte da acícula, decorreaproximadamente um ano.

O fungo Davisomycella ampla foiencontrado em P. pinaster, P. radiata e P.elliottii var. elliottii. D. fragilis foiencontrada somente em P. elliottii var.el l iotti i. Lophodermium pinastri éfacilmente encontrado em pinheirostropicais como P. caribaea e suasvariedades, P. kesiya e P. oocarpa, de até10 anos de idade, afetando as acículasdo terço inferior das copas (Mendes,1980).

12 MORTE DE ÁRVORES CAUSADA POR Hendersonula

A mor te de á rvores porHendersonu la fo i reg is t rada nosestados de São Paulo e Paraná, em P.elliottii, com quatro anos de idade. Adoença foi registrada somente entre

1969 e 1970 (Lasca & Abrahão, 1971).O patógeno foi identificado comoHendersonula sp., porém, sem aidentificação completa da espécie.

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• Sintomas

Os sintomas do ataque deHendersonula ocorrem nas raízes e na parteaérea das árvores, à semelhança do ataquede S. sapinea. Nas raízes, o fungo causaapodrecimento e destruição dos tecidos dacasca, podendo ocasionar o apodrecimentodo colo, revestindo o lenho com um mantomicelial escuro. Com o desenvolvimento dapodridão, a árvore torna-se clorótica emorre. Na parte aérea, ocorre seca deramos que se inicia na extremidade eprogride em direção ao tronco, até tomar aplanta toda. Provavelmente, o fungo penetrapela extremidade do ramo e, à medida queavança pelos tecidos do ramo, provoca asua morte. A lesão é profunda, atingindo o

lenho, deixando-o com coloração parda.Sob a casca das raízes e do ramo,observam-se frutificações do fungo,expostas através de rachaduras da casca.

• Condições favoráveis

A única informação sobre ascondições favoráveis ao desenvolvimentode Hendersonula, no Brasil, é o fato de adoença ter sido constatada no inverno.

• Controle

A única medida recomendada parao controle de Hendersonula é a retiradadas árvores com a doença e posteriorqueima.

13 FUMAGINA

A fumagina origina-se do ataque deinsetos (pulgões) do gênero Cinara que,sugando a seiva dos ramos e das acículas,excretam uma substância açucarada(Penteado et al., 2000). Os açúcarespropiciam o crescimento de fungos, decoloração escura, criando um mofosuperficial sobre acículas e ramos (Figura7). Normalmente, os fungos do gêneroCapnodium estão associados à fumagina(Ivory, 1987).

Em condições muito úmidas, outrosfungos podem ser encontrados colonizandoacículas vivas. Os danos provocados pelafumagina estão relacionados com ocrescimento do fungo sobre as acículas,

que dificulta os processos de respiração etranspiração da planta, interferindo em seudesenvolvimento. O controle da fumaginapoderá ser obtido com o controle dospulgões.

Figura 7Fumagina em acículas de Pinus taeda.

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A falta de ectomicorrizas em Pinuspode acarretar problemas ao seudesenvolvimento. As ectomicorrizas sãoimportantes, pois as árvores dependemda simbiose para at ingirem umcrescimento adequado e para maiorsobrevivência no campo (Bellei &Carvalho, 1992). O principal benefício damicorriza é a melhor exploração do solo,para extração de nutrientes e água,minimizando os estresses fisiológicos enutricionais (Figura 8).

Levantamentos da ocorrência defungos micorrízicos, em plantios dePinus, no Brasil, revelaram a presença deAmanita muscaria, Inocybe lanuginosa,Inocybe sp., Pisolithus tinctorius,Telephora terrestris e várias espécies deScleroderma e de Suillus. Várias delasforam introduzidas, de forma nãocontrolada, e as inoculações das mudasnos viveiros, quando ocorrem, vêm sendofeitas de forma ineficiente. Os métodosde inoculação, usados de formainadequada, resultam em estabelecimentode plantios com crescimento irregular,particularmente em solos de baixaferti l idade ou com característicasadversas ao sistema radicular de Pinus.Recomenda-se, assim, a micorrização dasmudas para garantir um bomdesenvolvimento das árvores no campo,principalmente em locais onde não haviaplantios anteriores com Pinus.

14 AUSÊNCIA DE MICORRIZAS

Figura 8Sistema radicular de Pinus taedacolonizado por ectomicorrizas.

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15 ANIMAIS

Ataques de roedores e outrosanimais têm sido registrados em plantiosde P. taeda, nos estados de Santa Catarina,Rio Grande do Sul e Paraná. Provavelmente,por falta de alimento ou pela emissão dealguma substância das árvores, ocorre aatração destes animais, os quais tentamse alimentar da casca da árvore. Os sinaisde ataque de roedores são verificados nabase da árvore e, de macacos, no terçosuperior (Figura 9). As medidas de controledevem ser feitas por especialistas emanimais silvestres, visando ao seu manejo.

fendilhado das árvores afetadas. Um estudoem plantios de P. radiata, com 15 anos deidade, na Austrália, revelou que asdescargas elétricas ocorrem comfreqüência significativamente maior empontos próximos às bordaduras dostalhões, estradas e clareiras, do que emoutros pontos dos plantios (Minko, 1975).

Figura 9Ação de macacos em troncos de Pinustaeda.

Figura 10Clareira em povoamento de Pinus taedaprovocada por descarga elétrica.

16.1 DESCARGAS ELÉTRICAS

As descargas elétricas causam aqueima e a quebra de ramos, fendilhamentoda casca e do lenho, no sentidodescendente da árvore e, em casosextremos, a explosão do tronco e da árvore(Figura 10). Um declínio gradual pode serobservado, dependendo da intensidadeelétrica e do período de exposição. Emplantios de Pinus, podem ser verificadosfocos de morte de árvores originados daação de descargas elétricas. Normalmente,no centro do foco, existe uma árvore morta,queimada ou explodida, com várias outrasmortas ou somente com os ramos mortos,na face voltada para o foco. O diagnósticoé facilitado pela morte das árvores, queocorre mais rapidamente do que no casode doenças e pelo aspecto chamuscado e

16 DISTÚRBIOS DE ORIGEM ABIÓTICA

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Além das árvores mortas ou debilitadas,as descargas elétricas podem originarincêndios, devido à inflamabilidade dasárvores. Dado o perigo de incêndio,recomenda-se o monitoramento daocorrência de descargas elétricas e de seusefeitos nos plantios, bem como a retiradado material vegetal inflamável.

16.2 MÁ FORMAÇÃO DO SISTEMA RADICULAR

O sistema de produção de mudasem recipientes tem sido empregado emPinus, além do método de produção demudas de raiz nua. Notadamente, noprimeiro caso, algumas mortes de mudaspodem ser observadas logo após o plantio(Figura 11A) ou alguns anos depois.Examinando-se o sistema radicular, podeser verificada a presença de raízesenoveladas ou com o sintoma denominadode encachimbamento ou com poucas raízeslaterais presentes (Figura 11B). Essas raízeslaterais são importantes para a fixação daplanta ao solo e, principalmente, para atarefa de absorção de água e nutrientesdo solo.

Cuidados devem ser tomadosquando da formação das mudas e com otipo de recipiente empregado, para que nãohaja deformação das raízes. Durante oplantio, outros cuidados devem serdispensados para que as raízes não sejamdanificadas ou amassadas, sob o solo, paraimpedir a entrada de patógenossecundários, oriundos do solo.

Figura 11AMorte de mudas decorrente de má formaçãodo sistema radicular: muda morta.

Figura 11BMorte de mudas decorrente de máformação do sistema radicuar: raízes demudas mortas.

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16.3 PRECIPITAÇÃO DE GRANIZO

A precipitação de granizo danifica asacículas e ramos, em proporção direta aotamanho das pedras de gelo. O granizoprovoca ferimentos e a quebra de ramos eponteiros. Pequenos cancros podem surgir

causando ferimentos, que permitem aentrada de S. sapinea. A exemplo dasdescargas elétricas, pouco pode ser feito,a não ser o monitoramento do fenômeno ede seus danos.

16.4 ENCHARCAMENTO DO SOLO

O excesso de água no solo podeafetar, negativamente, o crescimento dasárvores, principalmente das espécies nãoadaptadas a esta condição. Muitasmorrem quando sujeitas a períodosprolongados de excesso de água no solo.O sintoma mais comum é a clorose dasfolhas e acículas, seguida pela morte dacopa e das árvores (Figura 12), se oproblema persistir. O encharcamento dosolo dificulta a troca de gases entre omesmo e as raízes, além de acumularsubstâncias tóxicas às raízes ou criarcondições para o desenvolvimento depatógenos secundários. As árvores comclorose apresentam sistema radicularpouco desenvolvido e crescimento lento,quando comparadas com outras damesma idade, situadas em solos semencharcamento. Também, nota-se aausência de micorrizas e a presença depequenas lesões nas raízes secundárias.Recomenda-se que os plantios nãosejam feitos em solos com possibilidadede encharcamento. Estes locais devemser destinados a espécies florestais maisadaptadas a essa condição.

Figura 12Efeito do encharcamento do solo sobre odesenvolvimento de Pinus taeda.

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16.5 AÇÃO DE GEADAS

A geada pode danificar mudas dePinus, causando a queima de ponteiros.Em casos extremos, com geadasfreqüentes e intensas, ocorre a morte deplântulas e mudas jovens. Este tipo deproblema tem sido verificado em P. elliottiie P. taeda nos estados do Paraná e SantaCatarina. As mudas apresentam-se comsintomas de murcha, encurvamento doponteiro e a região encurvada comcoloração azulada (Figura 13) (Auer et al.,2000). Em câmara úmida, foramencontrados os fungos Cladosporium sp.,Epicoccum sp., Alternaria sp. e Botrytiscinerea. No Chile, B. cinerea comumenteataca mudas de Pinus danificadas porgeada e que, em seguida, passam por umperíodo de clima úmido e quente,similarmente ao que ocorre no sul doBrasil. No Paraná, mudas em viveiro eárvores jovens de P. chiapensis, P. greggiie P. maximinoi, sob efeito da geadacomeçaram a morrer. Exame do colodessas mudas revelou a presença defrutificações de uma espécie dePhomopsis. Provavelmente, a ação dageada predispôs as mudas ao ataque dosfungos observados. Para se evitar estesproblemas, recomenda-se a proteção dasmudas, no viveiro, em período de invernorigoroso ou sob risco de geadas intensas.No caso de mudas muito danificadas,aplicar fungicidas para minimizar osprejuízos advindos do ataque de fungossecundários. Para plantios jovens, aexemplo da precipitação de granizo, poucopode ser feito, a não ser o replantio emtalhão com menos de seis meses de idade.

Figura 13Danos em mudas de Pinus taeda causados porgeada.

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