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Doenças de Depósito
IV WORKSHOP INTERNACIONAL DE ATUALIZAÇÃO EM HEPATOLOGIA
15 e 16 de maio de 2009Curitiba - PR - Brasil
Gilda Porta
1908 - Garrod - descrição da alcaptonúria
Individualmente raros
Coletivamente numerosos
Doenças metabólicas
Acumulativa Geral1 1:2500 RN vivos
Individual Variável
Estimativa no Brasil:EIM 1200 casos novos/ano
1Applegarth DA et al, 2000, Pediatrics 105 (1): p. e10
Incidência
Anos
Erros inatos do metabolismo conhecidos
Anos
Janeiro de 20018a edição
1a
edição
4 volumes255 capítulos6338 páginas
0
10
20
30
40
50
60
70
AR AD X MIT
Tipo de herança
AR= autossômicarecessiva
AD= autossômicadominante
X= ligada ao XMIT= mitocondrial
n = 413
% total
Doenças metabólicas
0
10
20
30
40
50
60
IN U
TERO
NASC-1a
1a-P
UBERD
PUBERD-50a
>50a
Idade de início dos sintomas
n = 362
% total
Doenças metabólicas
Instituto da Criança - FMUSP
28382838
356356
(12,5%) doenças metabólicas
DoenDoençças metabas metabóólicaslicas
0
20
40
60
80
100
120
Glicogenoses
Def A1A1T
Fibrose císticaGaucher
Niemann-PickWilson
Frutosemia
Berardinelli
Galactosemia
Tirosinemia
MucopolissacaridoseOutros
108108
7070
5555
32322424
2020
88 88 77 661313
Doenças metabólicas
Defic LCHAD 2Acidemia glutárica II 2Defic 3-OH-3 metilglutaril 2Porfiria 2Defic arginino-succinase 1Gangliosidose 1D. depós éster colesterol 1D. de Criggler-Najjar 1S. depleção mitocondrial 155
Outras
lesão do hepatócito com falha de outras funçõesmetabólicas e eventual evolução para cirrose e tumores
depósitos (lípides, glicogênio, etc)
deficiência enzimática na ausência de alterações estruturais (defeitos do ciclo da uréia)
Espectro do comprometimento hepático
Doenças metabólicas
Glicogenoses
Doenças secundárias a EIM do glicogênio
Ausência ou deficiência enzimática na síntese ou degradação do glicogênio
Alteração na concentração ou na estrutura do glicogênio em diversos tecidos
Glicogênio
Glicose- 1-P
Glicose - 6-P
Glicose Glicose - 6-fosfatase
Frutose-6-P frutose-1,6-P
lactato piruvato
gliconeogênese glicóliseUDPG-pirofosforilase
UDP-Glicose enz. deramificadorafosforilase
enzimaramificadora
glicogênio sintase
Fosfoglucoseisomerase fosfofrutoquinase
frutose-1-6-bifosfatase
via fosfatopentose
glicoquinase
GLUT 2Glicose
Fígado
RE
Mb plasmática
TIPO DENOMINAÇÃO ENZIMA TECIDOS
0 Glicogenose A glicogênio sintetase Fígado, músculo
Ia D. Von Gierke Glicose-6-fosfatase Fígado, músculo, intestino
Ib Translocase 1 Fígado, músculo, intestino
Ic Translocase 2 Fígado, músculo, intestino
Id Translocase 3 Fígado, músculo, intestino
III D. Cori Amilo-1,6-glicosidase Fígado, músculo, coração
IV D. Andersen Amilo-(1,4 - 1,6)-transglicosidase Fígado
VI A. Hers Fosforilase do glicogênio do fígado Fígado
VIII Fosforilase hepática inativada Fígado e cérebro
IX Fosforilase quinase Fígado e músculo
X Fosforilase quinase dependente de AMP-c Fígado e músculo
XI Desconhecida Fígado e rins
Glicogenoses hepáticas
9 tipos DDG hepáticas Mais comum Tipo IX80% das DDG hepáticas: I, III e IX
Basso LS et al, 2006Bayraktar Y, 2007
Hiperlipidemia
Glicogênio
Glicose- 6-p Glicose
Triose –P Glicerol-P
acetil -CoA ác. GraxosPiruvato
colesterolα- Cetoglutarato
tecido adiposo
ATP
ADP
IMP
Ác. Urico
Hiperuricemia
LactatoAcidemia lática
alanina
Hiperalanimemia
músculo
TCA
PP-ribose-P Hipoglicemia
triglicérides
GlicogenoseTipo 1
Glicose - 6-fosfatase
Wolfsdorf JI et al, 2003Basso LS et al, 2006Bayraktar Y et al, 2007
Abdome protuberante → 83%Alterações metabólicas → 71%Baixa estatura → 25%Hipotonia muscular → 13%Retardo desenvolvimento psicomotor → 7%Infecções recorrentes
DDG Ia → 3%DDG Ib → 41%
Tipo Ib → neutropenia ou disfunção neutrofílica
Rake et al, Eur J Pediatr 2002
Bayraktar, WJG 2007
Glicogenose tipo 1
Manifestações clínicas
Hepatomegalia → 100%Baixa estatura → 90%Hiperuricemia → 89%Hipercolesterolemia → 76%Hipertrigliceridemia → 100%Adenoma hepático → 75%Proteinúria ou microalbuminúria → 67%Calcificações renais → 65%Osteopenia ou fraturas → 27%Hipertensão pulmonar → Alguns
Talente GM et al, 1994
Complicações da DDG I persistem na idade adulta
Glicose-6-fosfato Glicose Fosfato
Gl-6-Ptransportador
sub unidadecatalítica
Glctransportadores
PiTransporta-doresMembrana RE
citosolcitosol
lumen
Glicose – 6- fosfato Glicosefosfato
Sistema Glicose – 6 – fosfatase microssomal hepático
1a
1b1c
Diagnóstico
Diagnóstico Glicogenose Ia e Ib:achados clínicos + bioquímicos + análise de mutaçãoNeutropenia + infecção recorrente/DII → inicia com pesquisa da mutação do gen Glicose-6-Fosfatase Translocase (G6PT, 11q23)Caso contrário: análise do gen G6PC, 17q21 (unidade citolítica)Se 1 ou 2 mutações são identificadas →
não é necessário BH + análise enzimáticaSe nenhuma mutação for identificada: Teste de tolerância a Glicose
Rake et al, Eur J Pediatr 2002
Análise enzimática em tecido frescoDDG Ia = G6Pase deficiente em microssomo intacto e
rompidoDDG Ib = G6Pase deficiente em microssomo intacto e
normal ou ↓ no rompido
Biópsia hepática
Glicogenose
Corrigir anormalidades metabólicas
TratamentoObjetivos do tratamento dietético
Promover taxas de crescimento próximas do normal
Prevenir complicações a curto e longo prazo
Tratamento
1. Dieta sem lactose, sacarose, frutose e sorbitol2. Maisena crua após 8 meses de idade, a cada 4-6 horas3. Fracionamento da dieta a cada 3-4 horas, inclusive a noite4. Uso de alopurinol em casos de hiperuricemia5. Uso de vitamina C6. SNG , gastrostomia7. Transplante hepático
Glicogenose
Doença de Gaucher
Doença de depósito lisossômico mais freqüente
Doença de Gaucher
Herança autossômica recessivaDeficiência da enzima β-glicosidase ácida
(glicocerebrosidase)Acúmulo de glicosilceramida (GlcCer)no sistema macrófago/monócitos
GlcCer é componente de membranas celulares e atua em vias de biossíntese e degradação dos esfingolípídeos
O eritrócito parece ser a maior fonte de GlcCer na DG
Doença de Gaucher
Doença metabólica de depósito mais comumPrevalente em judeus Ashkenazi
Curso crônicoIdade de início e gravidade variáveisA progressão da doença parece ser mais lenta na vida adultaNão envolve o SNC / raramente Parkinsonismo Principais manifestações: hematológicas, viscerais e esqueléticas
Doença de Gaucher
Forma não neuropática (tipo 1)
Pacientes com Doença de Gaucher Tipo 1
0 3 6 9 12 15 18
esplenomegaliahepatomegalia
epistaxeaumento volume abdominaldor abdominal
dor ósseahematomas pele
crise ósseafraturaosteomielite
osteocondriteesplenectomia
Quadro clínico – Tipo 1Doença de Gaucher
N= 35 casos Instituto da Criança- FMUSP
Ensaio enzimático
Atividade enzimática – 10-30% do normalCrianças com a forma grave tem atividade enzimática < 10%Atividade residual nem sempre é preditivo de gravidade de doença
Análise das mutações
Análise dos alelosTestar nos parentes para verificar os portadoresImportante analisar nos familiares de pacientes com a forma
neuronopática
Doença de Gaucher
Diagnóstico
Aumento da atividade enzimática
Terapia de Reposição Enzimática (TRE)
Transplante de Medula Óssea
Terapia Gênica
Chaperonas
Terapia de Redução de Substrato (TRS)
Inibição parcial da biosíntese de GSL
Tratamento da doença com manifestaçãoneurológica (miglustat)
Doença de Gaucher
Tratamento
Cerezyme
Doença de Gaucher
Terapia de reposição enzimática
Pré e pós -TRE
Doença de Gaucher
Doença de Wilson
Doença autossômica recessiva
Incidência : 1:30.000 – 1: 50.000 nascidos vivos
Freqüência do gene : 1:90 – 1:150
Gene - braço longo do cromossomo 13
Gene – ATP7B
80 Kb
DNA – 22 exons
Mais de 300 mutações identificadas
Cobre não é incorporado a ceruloplasmin dentro dos hepatócitos e não é excretado adequadamente na bile
Cobre se acumula no fígado (pelo menos 70 μg/g peso seco) e eventualmente em outros órgãos (cérebro, rins, cornea, coração, sinovia, placenta)
Há uma proteína na membrana localizada no trans-Golgi que está envolvida na incorporação do cobre livre a apoceruloplasmina e transportando o excesso de cobre às vesículas secretórias para excreção dentro dos canalículios biliares
Doença de Wilson
2
WilsonATPase
cuproproteína RE
canalículo biliar
1
Golgi TGN
ATOX1
1- defeito da produção da proteína2- defeito do processamento da protéina3- defeito do transporte4- prejuízo do reciclo do cobre na rede trans-Golgi5- defeito da interação com a chaperona
Hepatócito
Patogênese
ceruloplasmina secretada
Murr 1
3
4
bile
Hemólise
Tubulopatiaosteoporose
Articular Tremores
Anel de K-F
Neuropsiquiátrica
Hepática
Doença de Wilson
0102030405060708090
<10 a 10-18a
>18a
hepática
neurológica
Doença de Wilson
Distribuição das manifestações hepáticas por idade
casos%
ScheinbergSternliebWalshe
GiacchinoItal J Gastroenterol Hepatol, 1997
n=44
20%
Assintom.
52%
Hepatitecrônica
13%
CirroseDescompensada
2%I.Hepática 9%
Hep. +Neurol.
Doença de Wilson
Manifestações hepáticas na infância
Critérios diagnósticosIdade: 3 - 55 anos ou mais velho se a clínica for sugestivaNíveis muito baixos de ceruloplasmina (<50 mg/L = <5 mg/dL) 20% dos pt tem níveis normais ou próximos de ceruloplasminaséricaAnel Kayser-Fleischer +. Crianças ???
Se os níveis de ceruloplasmina estiverem pouco diminuídos : tome cuidado: Suspeita-se do diagnóstico por evidenciasclínicas e laboratoriais.
Melhor teste para o clínico:cobre urinário de 24 horas
Outro teste usado , principalmente na infância éa concentração de cobre urinário usando a D-penicilamina
Apesar do valor do cut-off estabelecido ser >1590 lg/24 h nos pts com D.Wilson, muitos jádocumentados com a doença e a maioria dascrianças tem valores baixos de cobre urinário
Critérios diagnósticos
Biópsia hepática
Mediada do cobre tecido: diagnóstico se if >250 μg/g peso seco (se <40 μg/g, não é DWExclui outras doenças como CEPEstabelece o estadiamento da doença
Critérios diagnósticos
Diagnóstico genético
DefinitivoProblema- há muitas mutações, alta prevalência de heterozigotosMuito útil para estudo familiarGrupos definidos: Islândia, Sardinia, Japão, Coréia, IlhasCanárias, Leste europeu, Italia
Brazil
Genotype–phenotype correlation in Italian children with Wilson’s disease
Nicastro E et al J Hepatol 2009 ;50 : 555–561
N=50 pt com doença hepática
34 Mutações diferentes - 91.3% cromossomos WDAs mutaçoes mais comuns:
missense - p.H1069Q (15.5%), p.M769V (4.3%)nonsense - p.R1319X (9.5%)frameshift mutations - c.2299 delC (5.2%),
c.2298_2299insC (5.2%) , c.2530delA (4.3%)splice site mutation c.2447 + 5G > A (5.2%)
Nicastro E et al J Hepatol 2009 ;50 : 555–561
• Não houve correlação entro o tipo de mutação e a concentração de Cu urinário• Otima correlação entre a idade ao diagnóstico e a concentração de Cu urinário (r = 0.3; r2 = 0.09; p = .027)
Nicastro E et al J Hepatol 2009 ;50 : 555–561
Mutações nonsense e frameshift apresentaram níveis menores de ceruloplasmina e cobre sérico no início da doença.
Algumas mutações missense mostraram que há capacidade residual de transportar cobre para o lumen Golgi , onde o metal se liga a apoceruloplasmina formando a forma estável da ceruloplasmina
Não houve correlação entre o genótipo e a idade do início e tipo dos sintomas
Genotype–phenotype correlation in Italian children with Wilson’s disease
Nicastro E et al J Hepatol 2009 ;50 : 555–561
Quelam e aumentam a excreção urinária do cobreAumentam a metalotioneína no fígado
Sulfato ou Acetato de ZincoImpedem a absorção do cobre
Aumentam a metalotioneína no enterocito e no fígado
TetratiomolibdatoImpede a absorção do cobreFix o cobre com a proteína
Penicilamina Trientina
Doença de Wilson
Tratamento
Doença de Wilson
Pensar sempre em DW em qualquer criança > 3 anos com ALT elevada