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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PERSPECTIVA DA INCLUSÃO PELO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO BÁSICA Rejane Rezende Machado Nascimento ORIENTADORA: Profª. Fabiane Muniz Niterói 2018 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

PERSPECTIVA DA INCLUSÃO PELO PROFESSOR DA

EDUCAÇÃO BÁSICA

Rejane Rezende Machado Nascimento

ORIENTADORA:

Profª. Fabiane Muniz

Niterói

2018

DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

E DIR

EITO A

UTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito

parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia.

Por: Rejane Rezende Machado Nascimento

PESPECTIVAS DA INCLUSÃO PELO PROFESSOR DA

EDUCAÇÃO BÁSICA

Niterói

2018

3

AGRADECIMENTOS

A Ms Fabiane Muniz que me orientou neste

trabalho.

A Ms. Simone Peneda pelos ensinamentos em

sala de aula.

Aos professores que participaram das entrevistas,

fazendo com que a pesquisa de campo pudesse

ser efetivada.

A Mauricio Sant`Ana pelo incentivo e ajuda na

interpretação dos resultados das entrevistas.

4

DEDICATÓRIA

Dedica-se ao meu esposo e as minhas filhas com

carinho.

5

RESUMO

No primeiro capítulo deste trabalho aborda a inclusão escolar, trazendo o

conceito, os objetivos, tipos de escolas e suas formas de inclusão/ exclusão,

histórico sobre inclusão no Brasil e a legislação brasileira que rege a inclusão.

No segundo capítulo a formação de professores, trazendo a capacitação

de professores e o modelo de educador: professor técnico especialista e

professor reflexivo.

O terceiro capítulo versará sobre procedimentos metodológicos, após a

pesquisa bibliográfica, efetivando a investigação da literatura já publicada sobre

o assunto, na forma de livros e realizada a pesquisa de campo (entrevistas)

que teve objetivo averiguar a atuação do professor no exercício da inclusão,

como forma de fortalecer a pesquisa bibliográfica e poder sustentar o objeto da

pesquisa.

Realizada uma técnica para análise dos dados coletados conhecida por

análise do documento e, posterior, interpretação dos dados coletados, sendo

concluída através de relatório de análise dos resultados.

As entrevistas foram respondidas por 21 (vinte e um) professores do

ensino básico, de todas as disciplinas, com diferentes tempos de magistérios e

idades diversas. Antes da aplicação definitiva das entrevistas foi realizado um

pré-teste com professores para verificar os tipos de dificuldades encontradas

para responder o questionário, com o objetivo de tornar o instrumento de coleta

de dados o mais claro possível, além de preciso e coerente quanto ao que se

pretende investigar.

O desenvolvimento e elaboração de um instrumento de coleta de

dados, na forma de entrevistas respondidas por professores. O planejamento e

a definição do conteúdo das entrevistas ocorreram na forma de compreender a

6

atuação do professor no exercício da inclusão, buscando-se assim, um suporte

com o conjunto das indagações.

Para finalização da análise dessa modalidade de estudo, segundo uma

abordagem do problema foi utilizada a forma qualitativa, predominantemente,

conforme objetivo geral de cunho descritivo, analisando valores, opiniões,

conceitos e significado emitidos pelos entrevistados. Foi realizada conversas

informais (não estruturadas e semi-estruturadas a partir de um pequeno

número de perguntas) e centradas (onde dentro de uma certa hipótese e certos

temas), deixando o entrevistado descrever livremente sua opinião pessoal,

finalizando com a interpretação do resultado.

7

METODOLOGIA

De acordo com o procedimento técnico realizado, a pesquisa é do tipo

estudo de caso, que segundo Ludke e André (1986 p. 13), entre as várias

formas que pode assumir uma pesquisa qualitativa, destaca-se a pesquisa do

tipo estudo de caso, que vem ganhando crescente aceitação na área da

educação, devido principalmente ao seu potencial para estudar as questões

relacionadas à escola.

O estudo de caso, segundo autores supracitados, pode ser similar a

outros, mas é ao mesmo tempo distinto, pois tem um interesse próprio e

regular, possui características tais como: visar à descoberta, enfatizar a

interpretação em contexto, buscar retratar a realidade de forma

complexa/profunda e utilizar uma variedade de fontes de informações.

Utilizou-se segundo o problema em estudo, a abordagem qualitativa,

pois Bogdan e Biklen (1982) citados por Ludke e André (1986, p.11), afirmam

que a pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no

contato direto com o pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o

processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos

participantes.

A abordagem qualitativa segundo Minayo (2003, p.21), responde a

questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um

nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o

universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o

que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e

dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

8

Conforme objetivo geral optou-se pela forma descritiva, os dados

coletados são predominantemente descritivos, situações, acontecimentos e

transcrição de entrevistas.

Foi desenvolvido e elaborado um instrumento de coleta de dados, na

forma de entrevistas. Segundo definição de Gil (1994, p.92), a entrevista:

É uma técnica em que o investigador se apresenta frente

ao investigado e lhe fórmula perguntas, com o objetivo de

obtenção dos dados que interessam à investigação. A

entrevista pode ser totalmente estruturada quando se

desenvolve a partir de uma relação fixa de perguntas,

podendo até ser confundida com formulário.

Conforme afirmação de Costa (2001, p.76), as entrevistas trazem a

vantagem de respostas imediatas, possibilidade de análise de

expressões verbos-corporais e explicações complementares ao

interlocutor.

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I

A inclusão Escolar 13

CAPÍTULO II

Formação de professores 28

CAPÍTULO III

Procedimentos metodológicos 35

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 54

ÍNDICE 57

10

INTRODUÇÃO

O cerne da problemática da inclusão escolar reside na inadequação

de um sistema educacional que norteia a política, o direito, a administração

pública, a educação e os costumes embasados no paradigma da exclusão.

Este paradigma trata-se de um modelo predominante em que em geral,

persegue acredita no progresso, no crescimento, na prosperidade dos mais

aptos, na visão da educação sendo dominada, refletindo as seguintes

manifestações: destruição de sonhos, extinção daqueles que possuem

necessidades educacionais especiais – NEEs do convívio social, desequilíbrios

emocionais, esgotamento das pessoas envolvidas, formatação do ser humano

etc.

O momento denota uma série de desconforto para os alunos com

NEEs que se expressa na má qualidade de vida escolar. Em todos os sentidos

o que se persegue é um ser humano com um grau de perfeição, infalível.

Contudo, sob o aspecto idealizado, este estilo é caracterizado pela importância

das aparências e não do ser.

No livro VII da República, Platão expõe o Mito da Caverna, os

homens estão presos por argolas no fundo de uma caverna escura. Sempre

viveram ali, sem poder ao menos virar o pescoço. Por trás deles, um fogo arde,

a certa distância, irradiando uma luz que se projeta no interior da caverna. Nas

paredes, formas humanas, formas que se movem.

Os homens que estão no interior da caverna pensam que o vêem é

a realidade. Mas não, eles vêem apenas suas próprias sombras. Pensam

assim porque não conhecem outro mundo.

Maquiavel diz que os homens, em geral, julgam mais com os olhos e

menos com as mãos, o que significa que não são duas classes de homens que

estão em jogo e sim duas formas de juízo que todos, em princípio, podem

utilizar, mas que a maioria não o faz. (ADVERSE, 2010, p. 48).

11

Os valores humanitários não foram admitidos, absorvidos, de forma

a criar raízes e proporcionar melhoria da qualidade de vida para os portadores

de NEEs, apenas foram instalados de forma precária, superficial e provisória na

vida escolar.

No quadro atual as poucas conquistas que os alunos com NEEs

obtiveram acerca de movimentos que pregam uma melhoria na qualidade de

vida escolar vêm sofrendo retrocessos institucionais por conta da insistência da

exclusão que se instalou e pelo colapso dos padrões políticos e

socioeconômico no Brasil que de fato deixa a inclusão escolar cada vez mais a

desejar.

Logo, em função do preconceito, da intolerância, falta de amor ao

que faz e ao próximo, busca-se uma transformação sob o ponto de vista

político, econômico e social para criação de uma nova relação escolar, calcada

na aceitação, cujos atores sejam pessoas ativas, trabalhando para obtenção de

soluções concretas que visem à dignidade humana e o bem-estar daqueles

que possuem NEEs.

Desta forma, uma questão é levantada: como redirecionar a cultura

da exclusão para uma atuação ativa em prol de uma escola inclusiva, além de

fazer compreender a própria responsabilidade na condução dos rumos sociais

para a presente e futuras gerações.

Considerando a escola como tendo a responsabilidade pela

formação dos cidadãos, permitindo estes a conhecerem um mundo desgastado

pela ação de pessoas preconceituosa e que proporciona conhecer meios para

que se possam utilizar formas de inclusão, estariam os professores, alunos,

membros de coordenação preparados para combater a exclusão escolar?

Baseando-se na Lei brasileira de inclusão (LBI), onde a inclusão escolar é

abordada de forma notável.

Portanto, esta monografia vem averiguar a atuação do professor da

educação básica no exercício da inclusão, de forma a identificar os pontos

negativos e positivos para que este profissional exercite à inclusão na escola.

12

Assim, na tentativa de suprir os problemas enfrentados pelos

professores, serão relatadas maneiras de enquadramento da legislação

pertinente à inclusão escolar.

A pesquisa em questão se justifica pela importância da Inclusão no

panorama escolar, estabelecido pela Constituição Federal/88 e Lei n°

13146/2015 que enuncia a inclusão da pessoa com deficiência e demais

legislações citadas no capítulo 1 desta monografia, ensejando a transformação

na ordem social e política no país nos processos de exclusão e preconceito.

Busca-se, dessa forma, proporcionar um conhecimento o necessário

à compreensão de todos os envolvidos na comunidade escolar, na

conscientização para promover a inclusão buscando mudança nos métodos de

ensino aprendizagem, nas soluções viáveis para eliminar barreiras

arquitetônicas e a diminuição da discriminação que afeta alunos com NEEs,

que podem ser viabilizadas por efetivas ações tendo como escopo o trabalho

colaborativo nas escolas e por meio de providências políticas, administrativas e

financeiras.

Tem-se por objetivo averiguar a atuação do professor no exercício da

inclusão. Estabelece-se como objetivos específicos: Apontar e identificar os

pontos negativos e os positivos para que o profissional exercite o direito à

inclusão e identificar e relatar as perspectivas de inserção e de enquadramento

da norma de inclusão na escolaridade formal.

13

CAPÍTULO I

A INCLUSÃO ESCOLAR

1.1 Conceito

Na Constituição Federal/88 é possível verificar vários pontos que nos

leva ao conceito de inclusão, no art. 3º podemos destacar o item III que aponta

a redução das desigualdades sociais e o item IV que destaca a promoção do

bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer

outras formas de discriminação.

Este avanço na legislação implementou a garantia do direito das

pessoas com deficiência, tratando-as como igualdade. O preceito constitucional

nos permite extrair que não se pode separar por categorias de aprendizagem,

deve haver um regime escolar único capaz de atender a todos sem distinção,

sem preconceitos. O conceito vai se formando à medida que percebemos que

inclusão é interagir com outro sem qualquer forma de discriminação.

A Declaração de Salamanca (UNESCO 1994) dilatou o conceito de

necessidades educacionais especiais, abrangendo todas as crianças que não

estejam conseguindo se beneficiar com a escola, não importando o motivo.

Desta forma a inclusão de portadores de deficiências também abrange aqueles

que estejam passando por necessidades temporárias ou permanentes no

ambiente escolar, os que não conseguem passar para a série seguinte, e todas

as crianças que por inúmeros motivos tais como, trabalho forçado, vítimas de

abusos e as que vivem em extrema pobreza.

Percebe-se que a Declaração de Salamanca reconhece da mesma

forma que a nossa Constituição Federal/88 preconiza, a inclusão como um

direito fundamental, ela deve assistir a todas as crianças, independente de

classe social, de inúmeras características individuais e coletivas. Segundo a

14

declaração, “cada criança tem o direto fundamental à educação e deve ter a

oportunidade de conseguir manter-se em nível aceitável de aprendizagem”.

Destaca-se no conceito de inclusão que ele presume que todos os

alunos tenham uma resposta educativa num ambiente regular que lhes

promovam o desenvolvimento de suas capacidades. Esta norma fundamental

consta na Declaração de Salamanca.

“O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os

alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente

das dificuldades e das diferenças que apresente. Estas escolas

devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus

alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de

modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de

currículos adequados, de uma boa organização escolar, de

estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma

cooperação com as respectivas comunidades. É preciso, portanto, um

conjunto de apoios e de serviços para satisfazer o conjunto de

necessidades especiais dentro da escola”. (p. 11-12).

O conceito de escola inclusiva em conformidade com as diretrizes

Curriculares Nacionais para Educação especial (MEC/SEESP) implica uma

nova postura da escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no

currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educandos,

ações que favoreçam a integração social.

A Inclusão escolar é entendida como sendo, conforme a Lei Federal n°

13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão – LBI) em seu art. 27:

A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados

sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao

15

longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento

possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais

e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de

aprendizagem.

A inclusão social é caracterizada como um processo pelo qual a

sociedade se adapta para poder incluir pessoas portadoras de necessidades

especiais e, ao mesmo tempo, estas se preparam para assumir seus papéis na

sociedade. Portanto, a inclusão segundo Sassaki (2006) se constitui em “um

processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam,

em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a

equiparação de oportunidades para todos”.

O conceito de inclusão deve ser pensado não na adaptação do aluno,

mas a adaptação do contexto escolar aos alunos. O conceito perpassa a

inclusão escolar como sendo a aceitação por parte do sistema de ensino, que

deve matricular todos os alunos, cabendo à escola se organizar para atender

aos educandos com necessidades especiais.

16

1.2. Objetivos

O documento “A política Nacional de Educação especial na perspectiva

da educação de 2008”, elaborado por um grupo de trabalho (nomeado pela

portaria nº 555/2007, prorrogada pela portaria nº 948/2007). É um texto

orientador, dispõe sobre os seguintes objetivos da inclusão.

– transversalidade da educação especial desde a educação infantil

até a educação superior;

– atendimento educacional especializado;

– continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino;

– formação de professores para o atendimento educacional

especializado e demais profissional da educação para a inclusão

escolar;

– participação da família e da comunidade;

– acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e

equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação;

– articulação Intersetorial na implementação das políticas públicas.

(BRASIL, 2008).

Segundo Mantoan (2006) o acesso dos alunos da educação especial às

turmas das escolas comuns propostos pela Política de 2008, visa à

transposição das barreiras que os impediam de cursar com autonomia todos os

níveis de ensino, a autora chama atenção para resguardar o direito à diferença,

na igualdade de direitos.

Interessante observar a colocação que a autora faz sobre os objetivos

do atendimento educacional especializado, na medida em que for absorvido

pelo estabelecimento de ensino regular, o espaço físico, recursos,

equipamentos, formação continuada de professores em serviço, integração da

educação especial nos projetos político-pedagógicos vão sendo exigidos.

17

Vale lembrar ainda a Lei n° 13.146 (Lei brasileira de inclusão da pessoa

com deficiência), No capítulo que trata do Direito à Educação, no art. 28, inc. II

traz como objetivo a garantia de condições de acesso, permanência,

participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e recursos de

acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena.

O que se verifica e parece ser o mais sensato é aprender a conviver com

as diferenças, compreender que Inclusão é interagir com o outro, sem

separações, sem preconceitos e traçar caminhos que levem de fato aos

objetivos previstos pelas leis de inclusão.

18

1.3 Tipos de escolas e suas formas de inclusão/exclusão

Percebe-se a existência de escolas distintas no Brasil, existem as

tradicionais, as integrativas e as inclusivas. Nenhuma escola irá admitir que

não faz a inclusão, é algo velado, pois do contrário seria demonstrar que a

mesma, ocorre em práticas de discriminação estaria assim infringindo a lei.

As escolas tradicionais resistem, ficam inertes a todas as mudanças,

mesmo havendo uma vasta legislação exigindo a inclusão na rede regular de

ensino. As escolas integrativas conseguem fazer a integração de apenas

alguns alunos com alguns tipos de deficiência, erra quando faz a distinção,

separa alunos “normais” dos com e “necessidades educativas especiais”, ou

seja, separa aqueles que seguem o currículo uniforme e principal, daqueles

que tem deficiência ou dificuldade propõe a esses, condições especiais de

apoio, nota-se uma escola especial paralela a regular. A escola inclusiva não

faz separação de alunos. O currículo é igual para todos, o que ocorre são

adaptações, não exclui “incluindo”, como nas escolas integrativas.

De acordo com Rodrigues (2001), são características fundamentais dos

três tipos de escolas:

Escolas tradicionais o indivíduo é abstrato, possui um produto, há

uniformização e o currículo é construído, nas escolas integrativas

há categorias, produtos diferentes, dicotomia metodológica e

dicotomia curricular e nas escolas inclusivas indivíduos e grupos,

processos, diferenciação e currículo em construção.

A escola integrativa parece uma tentativa de mudança, que não

representou a ruptura da escola tradicional, a proposta era a

integração de todos os alunos, o que de fatos só aconteceu para

alguns. Ficou apenas na tentativa tendo em vista que o que se

fornece meios para aos “diferentes”, com o objetivo de se

ultrapassar as diferenças, os alunos tidos como “diferentes”

19

devem enquadrar ao padrão estabelecido pela escola. O que

implica em um esforço unilateral dessas pessoas excluídas para

fazerem parte da sociedade.

Já a escola inclusiva promove uma cultura de que é possível obter

êxito para todos os alunos, há uma ruptura da educação como

reprodutora, com um currículo engessado, que obriga os alunos a

pensarem de forma padronizada. Assim na escola inclusiva não

se apaga as diferenças se permite que pertença a uma

comunidade educacional que valoriza sua individualidade.

Diante dos três modelos de escola, fica clara a necessidade de ruptura

dos padrões estabelecidos, segundo Werneck (1997):

“A inclusão exige uma transformação da escola, pois defende a

inserção no ensino regular de alunos com quaisquer déficits e

necessidades. A inclusão exige rupturas. No sistema educacional da

inclusão cabe à escola se adaptar às necessidades dos alunos e não

os alunos se adaptarem ao modelo de escola”.

Recorrendo a história da humanidade, no período renascentista se

percebeu exatamente isso, a capacidade individual em contraponto ao período

anterior, que proliferada a ideia oposta. Hoje temos uma sociedade onde a

padronização impera, a inclusão escolar vem com o objetivo de não apagar as

diferenças, mas valorizar a individualidade de cada aluno, tirando proveito da

diversidade que ali existe, ou melhor, da multiplicidade que existe ali.

De acordo com Silva (2000):

"A diferença (vem) do múltiplo e não do diverso. Tal como ocorre na

aritmética, os múltiplos são sempre um processo, uma operação, uma

ação. A diversidade é estática, é um estado, é estéril. A multiplicidade

20

é ativa, é fluxo, é produtiva. [...] A multiplicidade estimula a diferença

que se recusa a se fundir com o idêntico".

A Política Nacional de Educação Especial de 2008 preceitua que por

meio de ensino de conteúdos e utilização de recursos que lhe conferem a

possibilidade de acesso, permanência e participação em turmas regulares, com

autonomia e independência.

Na perspectiva de que haja mais escolas inclusivas a Política Nacional de

Educação Especial lança diretrizes tais como:

A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis,

etapas e modalidades [...].

O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e

organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a

plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas [...].

Dentre as atividades de atendimento educacional especializado, são disponibilizados

programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos

de comunicação e sinalização e tecnologia assistiva [...].

O acesso à educação tem início na educação infant il, na qual se desenvolvem as

bases necessárias para a construção do conhecimento e desenvolvimento global do

aluno [...].

Do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se expressa

por meio de serviços de estimulação precoce, que objetivam otimizar o processo de

desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviços de saúde e assistência

social [...].

Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial na perspectiva da

educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e

guia-intérprete, bem como de monitor ou cuidador dos alunos com necessidade de

apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomoção, entre outras, que exijam

auxílio constante no cotidiano escolar [...].

Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação,

inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e

conhecimentos específicos da área [...]. (BRASIL, 2008)

21

1.4 Histórico sobre inclusão no Brasil

Diferentemente do que foi verificado a nível internacional, o início do

discurso sobre o tema inclusão ocorreu mais tarde. Conforme Jannuzzi (2004),

por volta do século XVIII, o atendimento aos deficientes ficava restrito aos

sistemas de abrigos e nas Santas Casas havia distribuição de alimentos.

O atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do

Império, com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos

Cegos, em 1854, hoje Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos

Surdos Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto Nacional da Educação dos

Surdos – INES, que ficam localizados no Rio de Janeiro.

No início do século XIX, os deficientes mentais não recebiam qualquer

tipo de educação, eles eram tratados como “alienados mentais”. Aqueles que

não oferecessem riscos à sociedade ficavam vagando pelas ruas já os

agressivos, eram destinados a ficar acorrentados dentro de cadeias.

(MAZZOTTA, 2005).

Em meados do século XIX as Santas Casas de Misericórdia brasileiras

começaram a realizar um trabalho de assistência aos doentes psiquiátricos que

proporcionavam a eles cuidados específicos.

Em 1852 foi inaugurado o hospício Pedro II, assim denominado, foi o

primeiro lugar no Brasil onde doentes psiquiátricos, ficavam sobre a tutela dos

médicos da época que tentavam sua reabilitação para a inserção na sociedade.

Os pacientes não recebiam tratamentos biológicos e os agressivos eram

trancados em quartos fortes e amarrados em camisas de força (MAZZOTTA,

2005).

No século XX, a questão educacional foi se configurando, sendo mais

centrada nas causas biológicas da deficiência. Com o avanço da psicologia,

novas teorias de aprendizagem começam a influenciar a educação e

22

configuram a concepção na linha psicopedagógica, que ressalta a importância

da escola. (MAZZOTTA, 2005).

No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi em 1926, instituição

especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; Em 1945, é

criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com

superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. Em 1954, é

fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE.

Segundo Sassaki (2006) ao explicar sobre o processo de inclusão

educacional situa quatro fases que ocorreram ao longo do desenvolvimento da

história da inclusão: Fase de Exclusão onde não havia nenhuma preocupação

com as pessoas deficientes ou com necessidades especiais, rejeitava-se ou

ignorava-se. Fase da Segregação Institucional onde as pessoas com

necessidades especiais eram afastadas de suas famílias e recebiam

atendimentos em instituições religiosas ou filantrópicas. Fase da Integração:

onde algumas pessoas com necessidades especiais eram encaminhadas às

escolas regulares, classes especiais e salas de recursos e fase de Inclusão:

onde as pessoas com necessidades especiais devem ser inseridas em classes

comuns, sendo que os ambientes físicos e os procedimentos educativos é que

devem ser adaptados aos alunos.

O que se verifica na prática é que a fase de integração ainda persiste em

muitas escolas, que estão longe de conseguir alcançar a fase de inclusão. A

escola precisa se adaptar às necessidades e especificidades do aluno,

buscando o seu desenvolvimento. É preciso eliminar o caráter segregacionista,

de modo que sejam incluídos neste processo sem que haja exceções.

23

1.5 Legislação Brasileira que rege a Inclusão

No Brasil, o tema inclusão foi incluído na Constituição Federal de 1988,

destaca-se no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o

pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação

para o trabalho.

No seu artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de

acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino.

No art. 208, inciso III, define como dever do Estado “o atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na

rede regular de ensino”.

E defina anda, no art. 227, inciso II, §§ 1° e 2°, a criação de programas

visando à integração de jovens portadores de necessidades especiais, através

de facilitação dos bens e serviços, garantindo acesso adequado a essas

pessoas.

A lei 7853/89, chamada “lei da Integração”, que dispõe sobre o apoio às

pessoas portadoras de deficiência e sua integração social. Define como crime

recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante

por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele

público ou privado.

A Lei 8069/90 (Estatuto da criança e do adolescente - ECA) estabelece

que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de

negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão, punindo na forma

da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”

e no art. 55 determina que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de

matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. Reafirmando o

disposto na Constituição Federal.

24

A Política Nacional de Educação Especial publicada em 1994 traz um

retrocesso, ao ratificar os pressupostos construídos a partir de padrões

homogêneos de aprendizagem, não valorizando os diferentes potenciais.

Pois ela orienta o processo de “integração instrucional” que condiciona o

acesso às classes comuns do ensino regular àqueles que “(…) possuem

condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares

programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais”.

(MEC/SEESP, 1994, p.19)

A Lei de Diretrizes e Bases - LDB (1996), art. 4°, inciso III, repete o

previsto na Constituição/1988, consolidando que o atendimento educacional

aos portadores de deficiência, deverá ser preferencialmente na rede regular de

ensino.

A LDB define ainda, no art. 24 inc. V, dentre as normas para a

organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas

séries mediante verificação do aprendizado” e no art. 37, “oportunidades

educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus

interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames”.

No art. 58 § 2° diz que “o atendimento educacional será feito em classes,

escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições

específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns

do ensino regular”.

De forma controversa, manteve a concepção tradicional de educação, ao

prever classes, escolas ou serviços especializados para alunos considerados

sem possibilidade de serem integrados no ensino regular em razão de

condições específicas.

25

No artigo 59, prevê que os sistemas de ensino devem assegurar aos

alunos “currículo, métodos, técnicas, recursos educativos e organização

específicos para atender às suas necessidades”; e a aceleração de estudos

aos superdotados para conclusão do programa escolar.

O decreto nº 3.298/99, que regulamenta a Lei nº 7.853/89, dispõe

sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência, define a educação especial como uma modalidade transversal a

todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar

da educação especial ao ensino regular.

A lei 10.172/2001 (PNE) destaca que “o grande avanço que a década

da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que

garanta o atendimento à diversidade humana”.

A lei 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio

legal de comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas

institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da

disciplina de Libras como parte integrante do currículo nos cursos de formação

de professores e de fonoaudiologia.

A portaria nº 2.678/02 que aprovou a diretriz e normas para o uso, o

ensino, a produção e a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades de

ensino, compreendendo o projeto da Grafia Braile para a Língua Portuguesa e

a recomendação para o seu uso em todo o território nacional.

O decreto 5296/04 que regulamenta as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00,

estabelecendo normas e critérios para a promoção da acessibilidade às

pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida (implementação do

Programa Brasil Acessível).

O decreto 5626/05 que regulamenta a Lei nº 10.436/02, visando à

inclusão dos alunos surdos, dispõe sobre a inclusão da Libra como disciplina

26

curricular, a formação e a certificação de professor, instrutor e

tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa como segunda

língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue no ensino

regular.

O decreto 6094/07 que estabelece dentre as diretrizes do Compromisso

Todos pela Educação a garantia do acesso e permanência no ensino regular e

o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos,

fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas.

O decreto n° 7611/2011 que incorporou o decreto n° 6571/2008, institui

a política pública de financiamento no âmbito do Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da

Educação (FUNDEB), estabelecendo o duplo cômputo das matriculas dos

estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades/superdotação.

A Lei 12764/12 que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos

da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei

nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

A Lei nº 13.005/2014, que institui o Plano Nacional de Educação (PNE),

em seu art. 8°§ 1º, inc. III determina que os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios garantam o atendimento as necessidades específicas na educação

especial, assegurado o sistema educacional inclusivo em todos os níveis,

etapas e modalidades.

E a lei 13146/2015 que institui a Lei brasileira de inclusão da pessoa

com deficiência (Estatuto da pessoa com deficiência), que inclusive foi objeto

da ação direta de inconstitucionalidade (ADIN- 5357/15) ajuizada pela

Confederação Nacional dos estabelecimentos de Ensino (Cofenem), tendo o

supremo Tribunal Federal (STF) julgado constitucionais as normas do referido

27

Estatuto, que estabelece obrigatoriedade de as escolas privadas promoverem a

inserção de pessoas com deficiência no ensino regular e prover as medidas de

adaptação necessárias sem que o ônus financeiro seja repassado às

mensalidades, anuidades e matrículas.

Conclui-se que a partir da Constituição Federal, ou seja, década de 80, a

legislação sobre inclusão tem sido frequentemente promulgada e de forma

bastante evoluída. Entretanto, nem o reconhecimento da necessidade, nem a

obrigatoriedade da lei são suficientes para garantir a inclusão na escola.

Percebe-se no âmago da questão, que não basta leis e ações judiciais

para convalidar a inclusão. Antes de tudo, deve-se considerar o panorama

atual, onde professores, que são um dos principais agentes de implantação da

inclusão carecem de capacitação e apoio para lidar com a diversidade e a

diferença. Por isso, tornam-se necessárias mais que a construção de políticas

públicas, mas que haja recursos de toda ordem, providências políticas,

administrativas, financeira e oferta de formação para desenvolver a inclusão

escolar.

28

CAPÍTULO II

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Na concepção histórico-crítica, Saviani (2001), aponta que o papel do

professor nesse processo de inclusão é fundamental, uma vez que, ele é o

mediador do processo ensino/aprendizagem.

Segundo Mantoan (2006), “Todos os níveis dos cursos de formação de

professores devem sofrer modificações nos seus currículos, de modo que os

futuros professores aprendam práticas de ensino adequadas às diferenças”.

Faz-se necessária, pensar na formação de professores, no sentido de

torna-los capazes de trabalhar a complexidade da vida de forma

interdisciplinar, promovendo cursos voltados para a inclusão, que sejam de

baixo custo de investimento e de curta duração, derrubando barreiras que

separam a escola da comunidade a fim de ampliar a democratização do

espaço escolar e melhorar a qualidade na educação. Desta forma, os

resultados não se traduziram apenas em estatísticas, mas na aplicação dos

conhecimentos transmitidos às crianças e jovens para viverem de forma

construtiva e confiante. Estas são medidas ações que geram significativas

mudanças. Uma escola “que inclui”, certamente, será muito diferente da

maioria das escolas que temos.

A escola tem um papel fundamental no processo de construção de

consciência da inclusão, é o melhor local para aprender lidar com aqueles mais

diferentes. A obrigação foi imposta por lei, para aceitar alunos com

necessidades especiais, percebe-se a dificuldade de atender toda a

diversidade, por medo, resistência. A inclusão vem defender que a diversidade

é algo inevitável e a escola por imposição está aprendendo a viver

conjuntamente, e proporcionando a transformação da sociedade, tornando a

mais solidária, mais tolerante, mais humana.

O educador é quem seleciona, organiza e apresenta o conteúdo ao

aluno. No processo de inclusão, é importante que o profissional esteja

29

preparado para o cumprimento de suas tarefas. Esse quadro que teoricamente

deveria ser o sustentáculo par um processo de construção do saber, é bastante

crítico principalmente nos países em desenvolvimento, onde os educadores

têm uma formação precária, apesar da legislação (Decreto 7611/11, art.5°)

solicitar a observância da adequação dos programas já vigentes de formação

continuada de educadores.

Para a consolidação da Inclusão, os professores formandos deveriam

ser preparados para conduzir a inserção desta na escola. A assimilação dos

objetivos da Inclusão permite uma melhor interpretação da realidade social,

que pressupõe a substituição de uma visão fragmentada por uma integrada.

Isto por sua vez, conduz a mudança nas crenças e valores e assim combate

atitudes discriminatórias.

A falta de contextualização na formação acadêmica é vista como

fator limitador do conhecimento da Inclusão na realidade do indivíduo. Outro

fator que pode ser atribuído é o isolamento da universidade a outros contextos

e a excessiva valorização do conhecimento técnico. A visão tecnicista, aquela

que detém o conhecimento e precisa fazer a passagem do senso comum para

o conhecimento científico, criou uma relação de extrema autoridade entre o

aluno e o professor, contrárias às metodologias participativas recomendadas

pela inclusão, onde a educação é para todos.

A formação acadêmica que contemple as ações inclusivas é

compreendida como um dos requisitos no processo de formação de

professores que promovam a inclusão. Há uma rede de relações a ser

considerada, tais como: a formação acadêmica, a ação governamental, a

prática pedagógica, a prática política coletiva, as pesquisas em educação e a

legislação em vigor.

30

2.1 Capacitação de professores

O decreto 7611/2011que dispõe sobre a educação especial, em seu art.

5°,§ 2° inc. III e IV retrata que:

A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de

ensino dos Estados, Municípios e Distrito Federal, e a instituições

comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a

finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional

especializado aos estudantes com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados

na rede pública de ensino regular.

§ 2o O apoio técnico e financeiro de que trata o caput contemplará as

seguintes ações:

III - formação continuada de professores, inclusive para o

desenvolvimento da educação bilíngue para estudantes surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do Braile para estudantes cegos ou com baixa visão;

IV - formação de gestores, educadores e demais profissionais da

escola para a educação na perspectiva da educação inclusiva,

particularmente na aprendizagem, na participação e na criação de vínculos interpessoais;

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva orienta os sistemas de ensino para promover respostas às

necessidades educacionais, garantindo: Formação de professores para o

atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação

para a inclusão escolar;

A lei impõe que seja realizado, se por um lado é importante desenvolver

um contexto legislativo favorável a mudança e à implementação, por outro lado

é igualmente essencial, mudar a sociedade, procurando torna-la mais inclusiva.

De acordo com Mantoan, (2006), é necessário recuperar,

urgentemente, a confiança dos professores em saber lidar e desenvolver o

31

processo de ensino aprendizagem com todos os alunos, sem exceções.

Capacitar os professores para que consigam incluir implica principalmente

fazer com que eles vivam, no próprio curso de capacitação, uma experiência de

inclusão. Ou seja, dar-lhe os instrumentos necessários para serem os agentes

de própria formação futura.

Capacitar para promover inclusão é em um primeiro momento, levar

o indivíduo a repensar a sua relação com o meio em que vive, as suas relações

humanas, a forma como percebe as pessoas em sua volta, a fim de garantir

mudanças de atitudes em prol da melhoria da própria qualidade de vida e de

toda a sociedade.

Nesse sentido os professores, independente da área ou seguimento

de atuação, necessitam de formação continuada, sobre o processo de inclusão,

sobre as necessidades educacionais especiais e sobre como se dá o

desenvolvimento cognitivo das pessoas em seu processo de aquisição de

conhecimentos.

Assim voltando à questão da “mudança”, é necessário que os

professores estejam abertos às mudanças desse novo contexto de inclusão e

que possam refletir e repensar suas concepções e conhecimentos antigos e

novos, seu papel e posicionamento diante de uma classe de escola inclusiva. O

processo de Inclusão já está posto e não se trata de desativar o seu

andamento, mas sim de buscar alternativas e formas de articulações que

possibilitem esse novo modo de ver e pensar o processo de ensino

aprendizado não só para os alunos com necessidades educacionais especiais,

mas para todos.

Segundo Mantoan (2006):

A orientação da Política de Educação especial é formar um

profissional que não está encerrado no conhecimento específico de

32

uma dada deficiência, como ocorria antes. Essa formação não lhe

confere poderes de ensinar a partir de conhecimentos

universalizados, referentes a uma deficiência – os problemas e

soluções estão encarnados no aluno e não se encaixam em um

receituário geral.

É um enorme, mas não instransponível desafio, não pode haver capacitação

apenas para questões pontuais, como se houvesse uma receita, mas sim

possibilitar que o professor possa refletir e re-significar sua prática pedagógica

para atender seus alunos.

No que diz respeito ao professor refletir é no sentido de ele mesmo

se perguntar: O que preciso fazer para que o aluno (a), que tem uma

deficiência/dificuldade, possa aprender o conteúdo programado, como os

demais? Será que estou falando faz sentido para ele (a)? Será que ele (a)

partilha dos mesmos significados que a maioria dos outros alunos?

A escola inclusiva apoia o professor a desenvolver habilidades e

competências elaborando estratégias educativas adequadas às necessidades

de cada aluno, ou seja, para que haja “inclusão de cada um”, por esse motivo

se afirma que não há receitas prontas, contudo bons professores respeitam a

potencialidade dos alunos especiais e que sejam facilitadores da aprendizagem

com ajuda de mediadores, intérpretes de libras, psicopedagogos e demais

profissionais.

33

2.2 Modelo de educador: Professor técnico especialista e

Professor reflexivo

Frente à obrigatoriedade da inclusão nas escolas regulares, espera-

se que o professor exerça a função inicialmente de disseminador da ideia sobre

inclusão e das suas consequências no contexto social.

Ao longo do século XX, a concepção epistemológica que prevaleceu

na formação e na atuação profissional foi à epistemologia técnica ou

racionalidade técnica, herdada do positivismo, pela qual o professor pode ser

considerado um técnico especialista que aplica com rigor as regras que

derivam do conhecimento científico. Nesta concepção, atividade profissional é

sobretudo instrumental, dirigida para a solução de problema mediante a

aplicação rigorosa de teorias e técnicas científicas. Os profissionais devem

enfrentar os problemas concretos que encontram na prática, aplicando

princípios gerais e conhecimentos científicos derivados da investigação.

(PÉREZ GÓMES,1992).

A inclusão tem o efeito de estimular o especialista a voltar

novamente seus olhos à realidade do entorno. E, por meio de seu olhar

específico, reconhece a inclusão como ocorrências concretas.

Sendo a inclusão altamente inerente à formação de qualquer

profissional, a especialização não encontra lugar, pois a visão linear não dá

conta de compreender a complexidade de mundo, em geral possui um a

abordagem extremamente reducionista, não conseguindo enxergar as

atividades integrativas entre os alunos com necessidades especiais e os

demais.

A racionalidade técnica reside nitidamente na dualidade já

consagrada entre teoria e prática, sustentada na concepção de neutralidade do

conhecimento, com uma forte clivagem entre ciência /verdade e senso

34

comum/ilusão muito presente nas escolas. Dessa forma, torna-se uma

condição impeditiva da realização de uma atuação profissional mais reflexiva.

Assim, Nóvoa (1991) apresenta um tipo de professor que é reflexivo,

cuja formação implica em três tipos de desenvolvimento: pessoal, profissional e

organizacional. Ou seja, a formação do professor não passa apenas por um

processo de crescimento pessoal e aperfeiçoamento profissional, mas também

por transformação da cultura escolar, que inclui a implementação e

consolidação de novas práticas participativas de gestão escolar.

Numa linha de pensamento semelhante à de Nóvoa, Zeichner (1993)

destaca a importância do contexto, afirmando que o professor, além de refletir

sobre as práticas, necessita analisar as condições de produção de trabalho, ou

seja, levar em conta as condições sociais, políticas e econômicas que

interferem em sua prática pedagógica.

Vivendo numa sociedade marcada por diferenças de classe, religião,

etnias é fundamental a reflexão sobre a dimensão política do ato educativo.

Severino (1986) entende que o processo de conscientização ocorre na

passagem de uma consciência puramente natural para uma consciência

reflexiva. De uma consciência em si para uma consciência para si. De uma

consciência dogmática para um a consciência crítica.

Como refere Gómez (1992), incluir o cotidiano requer do professor o

desenvolvimento de uma racionalidade prática, enquanto reflexão na ação e

não uma racionalidade estritamente técnica.

Portanto, podem-se distinguir duas concepções da atividade de

ensino: “O professor como técnico – especialista que aplica com rigor as regras

que derivam do conhecimento científico e o professor como prático autônomo,

como artista que reflete, que toma decisões e que cria durante sua própria

ação” (GÓMEZ, 1992).

35

CAPÍTULO III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Etapas da pesquisa

Realizada a primeira fase através da pesquisa bibliográfica, efetiva-se a

investigação da literatura já publicada sobre o assunto, na forma de livros. Na

segunda fase, realiza-se pesquisa de campo (entrevistas e análises

documentais) que tiveram o objetivo de averiguar a atuação do professor no

exercício da inclusão, como forma de fortalecer a pesquisa bibliográfica e poder

sustentar o objeto da pesquisa. Na terceira fase, utiliza-se uma técnica para a

análise dos dados coletados conhecida como análise do conteúdo e, posterior,

interpretação dos dados coletados, sendo concluída através de relatório de

análise dos resultados.

3.1.1 Amostra

As entrevistas, conforme (Quadro 1), foram respondidas por professores

de quatro escolas, sendo uma federal, uma estadual , uma municipal e uma

privada, todas situadas no estado do Rio de Janeiro.

Foram realizadas 21 entrevistas com professores de todas as

disciplinas, a opção pelo uso do instrumento - entrevista – está relacionada

com os propósitos da pesquisa e segundo os procedimentos técnicos da

pesquisa.

3.1.2 Pré teste

A única preocupação foi entrevistar professores de diferentes disciplinas.

Antes da aplicação definitiva das entrevistas, foi realizado um pré-teste com

professores para verificar os tipos de dificuldades encontradas para responder

36

o questionário. O pré-teste tem o objetivo de tornar o instrumento de coleta de

dados o mais claro possível, além de preciso e coerente quanto ao que se

pretende investigar.

3.1.3 Elaboração da entrevista

O planejamento e a definição do conteúdo das entrevistas ocorreram na

forma de compreender as múltiplas relações do processo educativo com os

agentes (professores); buscando-se, assim, um suporte para entender as

dificuldades que os professores têm para se capacitar e promover a inclusão.

Quadro 1: Questões das entrevistas sobre a atuação do professor

1) Para você, o que significa a inclusão? Qual é a sua importância?

2) Você já fez, está fazendo ou pretende realizar, ou participar de projetos na

área da inclusão, no local que leciona? Caso negativo, o que impede a sua

participação?

3) Você se acha capacitado para promover a inclusão? Caso positivo, relate

alguns meios que permitem haver essa capacitação?

4) Em sua opinião, de quem é a reponsabilidade da implementação da

inclusão de forma contínua, no processo educativo mais amplo?

5) Você acredita que a inclusão deve ser para todos, ou a inclusão deve ser

para cada um?

6) O que você espera que a inclusão lhe traga?

Tendo realizado conversas estruturadas a partir de um pequeno número

de perguntas e centradas (onde dentro de certa hipótese e certos temas,

deixando o entrevistado descrever livremente sua opinião).

37

3.1.4 Técnica para análise dos dados

A análise dos dados é realizada segundo técnica conhecida como

análise do conteúdo. Está representada, de forma objetiva, está centrada na

pesquisa da significação do material coletado. É inferencial, pois permite a

passagem da simples descrição dos conteúdos da mensagem à sua

interpretação, possui a vantagem de permitir que o leitor dessa pesquisa faça

suas próprias inferências e interpretações.

As falas e os discursos transcritos são analisados e interpretados em

seu contexto e ação. Os sujeitos não são identificados individualmente, porque

o que interessa é a dimensão coletiva das opiniões emitidas.

O mapeamento das 21 (vinte e uma) entrevistas realizadas com

professores serve para levantar os elementos emergentes (o que mais se

tornou evidente nas respostas)

3.1.5 Entrevistas transcritas

A primeira pergunta: Para você, o que significa a inclusão? Qual é

a sua importância?

Demanda um conhecimento geral sobre a questão da inclusão, trata-se do

conceito/importância.Observa-se nas falas dos entrevistados:

...assegurar educação de qualidade para os alunos especiais. É importante

para garantir a eles os mesmos direitos que são conferidos aos demais alunos.

...a possibilidade de inserir de maneira cuidadosa certos alunos com

necessidades mais particulares do que o convencional.

...dar condições para q a pessoa com necessidade especiais ou deficiência desenvolva suas habilidades e participação cidadã em sociedade.

...é capacitar o aluno com alguma deficiência a interagir como cidadão na sociedade. Fazendo parte efetiva dela, sendo aceito e podendo influencia-la,

mesmo nas suas limitações. Ela é importante para, inclusive, combater a discriminação e o preconceito.

...é uma maneira de tentar acolher a todas as pessoas, independente de classe econômica, etnia, portadores de necessidades especiais, dentre outros

38

aspectos. A inclusão é importante para que todos tenham a chance de se

inserir na sociedade, sendo também uma forma de contribuir para o desenvolvimento psicológico e de suas próprias habilidades/competências.

...Quando penso em inclusão, penso numa escola dinâmica na qual várias

cabeças criam e (re)criam o processo ensino/ aprendizagem. É impossível pensar em inclusão e não realizar, ainda que utopicamente, o exercício da

reflexão, próprio do ser humano.

...significa dar as mesmas chances para todos. Sua importância é fundamental para termos uma sociedade menos desigual.

...significa inserir a pessoa no grupo de modo que ela seja vista como alguém que faz parte do grupo e apesar de ser "diferente" pode contribuir da forma que

ela consegue para o engrandecimento próprio e do grupo.

...Inserir esses grupos de pessoas dentro de diferentes ambientes q antes não tinham acesso, dando oportunidades para todos.

...Todos poderem participar das atividades oferecidas pela instituição, independente de suas limitações. É essencial para que todos tenham as

mesmas oportunidades.

...É inserir o aluno na atividade comum a todos.

...é uma ação que favorece o convívio social e, sobretudo a autonomia da pessoa portadora de dificuldades específicas.

... significa, para mim, trazer (no sentido de elevar) um ou mais indivíduos ao

nível um social aceitável pela sociedade onde estão inseridos. Com o objetivo de dar a estas pessoas condições de conviver (socializar-se) e sobreviver (por

meios próprios) na estrutura social a que pertencem.

...é possibilitar que o indivíduo se desenvolva em todos os seus aspectos!

...Como já diz é o ato de incluir um indivíduo. É uma educação voltada para a

valorização das diferenças, pois as diferenças sempre existiram. Sem a inclusão não há como atender a todos de forma completa e sistemática.

... significa inserir aqueles que são "diferentes", que apresentam algum tipo de

dificuldade se comparado com um aluno "normal". A inclusão traz o respeito ao próximo, porque, se bem realizada, aproxima os alunos e desenvolve a

solidariedade entre eles. ... Entendo como um ato de inserir pessoas (com algum tipo de deficiência em

determinados grupos, escolas, empresas). E também, se estende a exclusão causada por diferenças sociais, religiosas, etc. A importância está no fato de

gerar as mesmas oportunidades para todos.

39

... Introduzir, colocar alguém em situações/ lugares em que não faz parte. A

inclusão é muito importante para mostrar que todos têm o mesmo direito na sociedade.

... significa inserir a criança, o adolescente ou a pessoa com necessidades

especiais na educação, no lazer, na família. Sua importância é proporcionar

uma total socialização...

... implica possibilitar um ambiente o educando se sinta produtivo, útil, que ele

consiga produzir e se sentir incluído de fato. Importância reside no fato que

vivemos em uma sociedade de direitos...

...Não sou apta a falar de inclusão.

A segunda pergunta: Você já fez, está fazendo ou pretende

realizar, ou participar de projetos na área da inclusão, no local que leciona?

Caso negativo, o que impede a sua participação?

Remete a uma reflexão sobre atividade docente. Colocações dos

professores:

...Infelizmente, as condições de formação dos professores e da maioria das

escolas são lamentáveis neste assunto. Eu não me sinto preparado e as escolas em que leciono também não tem o mínimo necessário para tal.

...Eu nunca participei de projetos com esse objetivo, mas adoraria.

...Nunca pensei no assunto. Não pretendo, pelo menos por enquanto fazer algo do tipo. O que me impede é a rotina de trabalho e falta de interesse no

assunto, apesar de considerar extremamente importante.

... Já fiz de maneira parcial, com resultados pouco efetivos.

...Nunca participei e nem desenvolvi projetos na área de inclusão. ...Mas, por

exemplo, como tenho com regularidade alunos com necessidades especiais e em alguns casos, dificuldades para me comunicar e passar o conhecimento da

minha disciplina para eles. ejo a importância de trabalhar assuntos sobre a inclusão não só com os professores, mas também com toda a comunidade escolar. O que parece, infelizmente, é que existe uma preocupação apenas

para incluir as pessoas, e não de como trabalhar essa inclusão.

...a escola onde leciono, temos alguns alunos especiais dentro das salas de

ensino regular. Sempre me proponho a elaborar trabalhos específicos baseados nos temas de aula. Mas um projeto voltado para o caso, nunca

40

participei porque esta é a primeira vez que recebo na minha docência alunos

com necessidades especiais, por isso não me despertou interesse (ainda), falta de oportunidade.

...Não participo de projetos por total falta de tempo uma vez que trabalho em dois outros lugares.

...Estou participando.

...sim, projeto de ajuda – Aulas.

...Acho que, mais importante do que realizar projetos de inclusão é exercê-la

diariamente.

... Sim.

...Nunca participei de projetos de inclusão. Apenas tive alunos “incluídos” nas

minhas turmas, o que sempre me deu uma sensação de impotência, de frustação. Percebia que nada de efetivo fazia por eles. Era horrível! Batia uma

culpa enorme! Pedi ajuda algumas vezes, mas a escola fazia o que podia e não tinha como capacitar professores.

...Fiz assistência social e religiosa entre os quatorze e quinze anos na favela do Jacarezinho. Não pretendo participar mais. Por quê? Primeiro: a situação foi criada pelo governo, eu paguei e pago altos impostos para que isso não

acontecesse e para que os problemas sejam resolvidos.

...Não. Desconheço qualquer projeto na área da inclusão realizado pela

instituição!

...Já. A inclusão é um assunto muito discutido nos dias de hoje é ganhou espaço principalmente após a LDB.

... A realização de projetos na área da inclusão deveriam ser realizados periodicamente pelas secretárias de educação, já que a qualificação dos

professores e demais profissionais da educação são essenciais para o processo de inclusão dos alunos.

...Nunca participei de projetos relacionados ao assunto. Gostaria de participar,

entendo que seja de extrema importância para qualquer cidadão, principalmente, profissionais da educação.

...Já tive aluno incluso por dois anos consecutivos, mas infelizmente não temos

capacitação e nem material para trabalhar.

...Na verdade já trabalho com alunos inclusos. ...Na minha prática faço trabalho

atividades de acordo com a necessidade e capacidade de cada um, mas relacionadas ao conteúdo dado. Projetos específicos, na área da inclusão, não tenho participado.

41

..não cheguei de nenhum processo formativo na área da inclusão. Tive

algumas experiências de inclusão prática profissional.

... Embora já tenha lecionado em turmas com alunos inclusos, não tenho

preparo para trabalhar com estes.

A terceira pergunta: Você se acha capacitado para promover a inclusão? Caso positivo, relate alguns meios que permitem haver essa

capacitação?

Essa pergunta nos permite perceber se os docentes entendem que

há necessidade de capacitação para o exercício da inclusão. Na opinião dos professores:

...Não.

... Não me considero capacitado nem pela minha formação acadêmica, nem capacitado ou apoiado pelo sistema educacional onde leciono.

...Não. Na graduação, pouquíssimo vi sobre inclusão. Pelo menos não sobre deficiência ou necessidades. Especiais.

... No geral, não me sinto capacitado. Faltam formação específica ou mais

direcionada, turmas e cargas horárias menores, que permitam uma dedicação adequada ao aluno que se quer incluir, em alguns casos, equipamentos e

materiais específicos,...Não é uma tarefa fácil, que possa ser feita sem planejamento, acompanhamento adequado ou metas bem definidas.

... busco promover a inclusão nas minhas aulas entre os alunos para que todos se sintam iguais, mas não me sinto capacitada.

... Não. Quando fiz a graduação não se falava em classes mistas, esse é um fenômeno recente. Portanto, não me sinto capacitada.

... Me acho capacitado pois trabalho com diferentes realidades escolares e

acredito que isso favoreça minha percepção de igualdade para todos.

... Não me acho capacitada no sentido de formação acadêmica, mas como

educadora não posso fechar os olhos para alunos com necessidades especiais que fazem parte da turma que leciono.

... capacitada para agir em outras áreas não.

... Não quando se trata de limitações dos sentidos. Não saberia como lidar com um aluno com deficiência auditiva ou visual.

...Não me sinto capacitada, mas sempre me movimento para ter um bom desempenho profissional, faço pesquisas, peço ajuda aos colegas de profissão

para desenvolver atividades, etc.

42

...Absolutamente me sinto capacitada para promover a inclusão. Apenas, como

qualquer professor, procuro estar atenta para levar a rotina na sala de aula.

... Plenamente. Porém eu acho que tornar um indivíduo cidadão é mais que

ensinar qualquer ofício ou dar um reforço na sua base intelectual, necessitamos tornar “os que quiserem” cidadãos plenamente conscientes de seus deveres e seus direitos, nessa ordem.

... Não me sinto capacitada! Em nenhum momento, durante minha formação na graduação, fui preparada para trabalhar com alunos que necessitassem de

algum atendimento especializado.

... Não, mas tenho procurado sanar algumas lacunas que encontro pelo caminho através de instruções que recebo da equipe pedagógica da escola e

através da leitura de alguns artigos que se refiram ao assunto.

... Não me sinto capacitada para promover a inclusão.

... Em alguns casos, como de deficiências físicas (auditivas ou visuais, por exemplo)...não me sinto capacitada.

... Não me considero capacitada para trabalhar com alunos inclusos. Apesar de

já ter feito dois cursos, acho que vai além de você só estudar. Precisamos de material, principalmente concreto, para trabalhar com esses alunos.

...Sim. Embora às vezes, me sinto limitada em relação à inclusão, pois não fiz ou faço nenhum tipo de curso e/ou capacitação no assunto. Limito apenas às atividades em sala de aula.

...Não me acho capacitado, a educação inclusiva implica em diversos tipos de processo, o didático, a abordagem, tipos de atividades, tipos de avaliações.

... os professores não são capacitados e muito menos o sistema a que somos submetidos. Precisamos passar por uma reclassificação, fazendo cursos de capacitação e repensar a forma como a implementação da inclusão vem

acontecendo.

A quarta pergunta: Em sua opinião, de quem é a reponsabilidade

da implementação da inclusão de forma contínua, no processo educativo mais amplo?

Trata-se da questão da responsabilidade. Alguns depoimentos

demontram que:

...A responsabilidade é primeiramente dos nossos governantes, que precisam

parar de demagogia e tratar o caso com seriedade. Os profissionais precisam ser preparados para isso em sua formação, as escolas precisam ser preparadas para o assunto. Nunca vi isso com os meus 8 anos de experiência.

... Acredito que é dever dos nossos legisladores se empenharem em implantar políticas públicas inclusivas.

43

... Das secretárias de educação. Elas de acordo com a demanda do município

devem dar suporte ao alunado assim como aos professores q atenderão estes alunos.

... Cabe aos profissionais da educação, em especial aos que tem formação técnica para esse tipo de trabalho definir como e até onde a inclusão pode ser feita.

... A responsabilidade da implementação da inclusão é de toda a comunidade escolar. Um trabalho realizado por todos os envolvidos no processo

educacional facilita a compreensão, principalmente dos estudantes que ainda estão em processo de formação como pessoa, que o diferente existe, mas que podemos lidar com isso sem preconceitos, respeitando as limitações de cada

um.E cabe ao governo prover condições para que ela possa acontecer.

... Ora, a discussão aí nos leva a várias análises. Podemos considerar a

problemática uma imposição do sistema, portanto ela vem de cima pra baixo. O próprio sistema deveria ser o responsável pela avaliação do público alvo, da capacitação do docente, da legislação (implantação e fiscalização), preparação

das escolas, etc. Num segundo momento, faço uma mea-culpa, porque é do meu interesse estar apta a receber a todos, universalidade do ensino básico

pauta amanhã ética profissional.

... A responsabilidade é de todos, porém com mais ênfase no corpo docente de qualquer instituição.

... Acredito que a responsabilidade da implantação da inclusão seja do apoio da Direção Escolar e do grupo docente com o apoio da família do aluno com

necessidades especiais.

... governo - políticas públicas

... Ambos.

...Todos! Família, escola, sociedade!

....Ações governamentais, como: capacitação dos profissionais...

... Sempre do governo.

... A responsabilidade é de todos. Em primeiro lugar da Universidade. Ela deve preparar os futuros profissionais da educação para propiciar uma conclusão

verdadeira. Em segundo lugar, das instituições!

... Acredito que o sistema educacional.

... responsabilidade pela implementação da educação deve ser assumida primeiramente pelas secretárias de educação, nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal, com a qualificação e valorização dos profissionais da educação.

Vale lembrar que psicólogos, fonoaudiólogos e outros profissionais que não são considerados da educação são importantíssimos para o sucesso de alunos

inclusos.

44

... Creio que a responsabilidade seja de todos (governo, secretarias, unidades

educacionais). Inclui também nossas ações em sala de aula, que devem ser sempre de buscar a inclusão. Ou seja, o meio físico propício, preparado (em

caso de deficiências físicas) e atitudes humanas.

... Acho que a responsabilidade é um pouco de cada um: estado/prefeitura/ governo, escola, pais e professores.

...Do governo. Acho que o mesmo deveria investir em políticas públicas que viabilizam a realização de práticas educativas que proporcionem ao incluso

uma participação plena no processo educativo, e capacitação, treinamento e apoio aos profissionais que trabalham diretamente e indiretamente com os alunos inclusos.

...De toda a sociedade, é um compromisso que todos devem assumir... é obvio que existem graus de responsabilidade que são maiores que outros, a

universidade de assumir o papel de maior importância, mas as instituições públicas e privada deve assumir um grau maior nesse processo.

...pois tem coisa que não sei responder.

A quinta pergunta: Você acredita que a inclusão deve ser para todos, ou a inclusão deve ser para cada um?

Essa pergunta permite averiguar se os docentes percebem que cada aluno possui seu processo de aprendizagem, sua forma de compreensão, seu desenvolvimento, “cada um é um”. Relatos dos professores:

... Eu acredito que a inclusão deve ser para todos.

... mas acredito numa escola plural, com inclusão para todos,

independentemente das necessidades especiais. No entanto, n acredito que esteja a cargo apenas do professor a função de atender os alunos com necessidades especiais.

... A inclusão deve ser para todos... respeitando a individualidade e a necessidade de cada um.

... As pessoas são indivíduos, com características, limitações, potenciais, ..., únicas. A inclusão não pode ser massificada ou impessoal. Nem todos alcançarão a mesma meta (nem mesmo entre os "normais" é assim)....Uma

tentativa de inclusão mal conduzida pode, inclusive, gerar barreiras que afastem ainda mais o indivíduo de uma interação mais ampla com o meio

social/de trabalho/de cidadania... Deve existir uma inclusão para cada um, para que todos ou a maioria possa alcança-la. Ou estaremos participando apenas de uma encenação sob uma bonita legenda.

... Seria perfeito se já fosse possível adotar a inclusão para cada um, garantindo que todos tenham educação de qualidade. Entretanto, isso é

bastante complexo. São necessárias estratégias que vão além da sala de aula. A escola como um todo precisa está preparada para poder atender às peculiaridades de cada aluno.

45

... As palavras são abertas, ou seja, dentro delas, encontramos inúmeros

significados. Todos somos diferentes, especiais e esperamos daquele que nos recebe um tratamento especial, de maneira individualizada, personalizada.

Trata-se de um conceito muito complexo.

... A inclusão deve ser para todos.

...Acredito que a inclusão deva ser para todos, mas com enfoque nas suas

particularidades.

... inclusão é para todos. Todos têm q ter acesso aos direitos básicos como

saúde, educação, moradia, ... agora cada um tem q se empenhar para valer os seus direitos.

... Ambos.

... Todos!

...Acredito que a inclusão deveria ser para todos, atentando para as

especificidades de cada caso.

... O processo de inclusão deve ser levado a todos...

... A inclusão deve ser para todos. Não da forma que tem sido feita. ...me

parece que o único tipo de inclusão que tem ocorrido ( e assim mesmo não de maneira satisfatória) é a social.

... Para cada um, pois somos seres singulares.

...Sim, acredito que deve ser para todos.

... Se pensarmos nas necessidades de aprendizagem, a inclusão é para cada

um. Já que mesmo nos alunos sem deficiência o ritmo de aprendizado é individual.

...Para todos em um sentido mais amplo sem distinção de classe social, raça ou necessidade especial.

...Sim, deve ser um direito de todos, vivemos em uma sociedade plural, tipos

de talentos e aptidões, todos devem ser contempladas...

... Não sou apta a falar de inclusão.

A sexta pergunta: O que você espera que a inclusão lhe traga?

Permite aferir a perspectiva em relação ao que ele espera para si, para o aluno e para sociedade. Depoimentos dos professores:

...Espero que a inclusão me traga a satisfação de ver um aluno especial podendo exercer a sua cidadania plena e sendo respeitado por toda sociedade.

46

... Acredito que a inclusão me possibilite repensar constantemente a prática

pedagógica, desde que essa inclusão seja implantada com todo o amparo que um professor precisa ao lidar com um publico sempre tão diversificado, como

geralmente é o corpo discente.

...Que me proporcione primeiramente como ser humana respeitar e valorizar a vida, as limitações e habilidades de cada indivíduo.

... O benefício de viver a experiência da diferença, buscando distintas maneiras para lidar com as diferentes realidades.

...Novas experiências, enriquecimento profissional e aceitação do outro, sempre.

... Espero que a inclusão traga uma maior facilidade no trabalho e que aumente

as chances para todos.

... Primeiro, espero que a inclusão traga oportunidades para os incluídos serem respeitados e que consigam desenvolver suas potencialidades.

...Primeiro, espero conseguir ser uma educadora melhor, capaz de novas

descobertas que possam favorecê-los.

... igualdade para todos.

...A satisfação de ter ajudado alunos a encontrar seu lugar na sociedade.

...Nada! Mas gostaria de fazer parte, diferença na vida de todas as crianças de uma maneira positiva, afetiva.

...Creio que não só para mim, mas para todos – profissionais e cidadãos -, que a inclusão traga o exercício do respeito ao próximo. Enfim, que ela favoreça as

oportunidades, o mais igualitárias possível.

... Para mim nada mais que a fantástica satisfação de saber que caminhamos para ser um país forte composto por cidadãos com a consciência plena de suas

responsabilidades e orgulhosos de seu futuro.

... eu fiquei confusa, me senti um de nossos alunos.

... Contribuições para a minha prática, sempre com o objetivo de incluir a todos no processo pedagógico.

... Espero que a inclusão traga a tolerância e o sentimento de solidariedade para os aluno "perfeitos". E que os alunos inclusos se sintam preparados para ter uma vida social e profissional mesmo com suas limitações.

47

... Crescimento, principalmente, como ser humano e depois, como profissional.

Aprendendo a enxergar o outro, compreendendo os limites de cada um e os seus anseios.

... Mais força de vontade de aprender. Não só na teoria, mas Principalmente na prática.

... Um crescimento na minha vida profissional, porque é no dia a dia com os

nossos alunos inclusos e não inclusos é que aprendemos a lidar não só com a limitações dos nossos alunos, mas com as nossas próprias limitações.

...Atingir uma sociedade com mais justiça social.

....pois tem coisa que não sei responder.

48

3.2 Interpretação dos resultados

O exercício da inclusão pelo professor da educação básica fica claro

na fala dos entrevistados, é relatado de forma não verificado em obras

bibliográficas, por isso importante, se não fomos ousados em dizer fundamental

a coleta de dados através de entrevistas. A seleção de professores foi com o

propósito de conseguir obter as mais variadas percepções, assim temos

entrevistados de faixa etária, tempo de magistério e disciplinas diversas. E

ainda, de escola pública e privada.

As respostas sobre significação/importância da inclusão, em sua

maioria, se concentram na ação de inserção das pessoas com necessidades

especiais na sociedade e aplicação de ensino de qualidade para as mesmas.

Quanto à questão se está fazendo ou pretende realizar, ou participar

de projetos na área da inclusão, no local que leciona e que impede a

participação caso não participe. A maioria dos professores observam que

nunca participaram e que precisam ter formação para lidar com essa questão.

A falta de conhecimento do processo de inclusão vem gerando desinteresse,

frustação e sensação de impotência. Alguns professores relatam que alunos

apenas são colocados na sala, mas não há orientação como proceder. No

entanto, por outro lado há depoimentos em menor quantidade que prospera a

participação do docente no processo de inclusão.

Na questão que versa sobre capacitação e os meios que a permitam,

a maioria observa que não estão capacitados, por não ter formação ou por não

ter visto nada na graduação. Um dos problemas apontados são os curso de

licenciatura. Os entrevistados indicam a ausência de preparo, durante seus

estudos, para exercício da inclusão, além de uma carência de um investimento,

por parte da instituição onde trabalham.

Nas entrevistas, foi constatado que os professores alegam

que o curso universitário não contribuiu sobre a perspectiva da inclusão. A

princípio, julgava que somente os professores com mais tempo de profissão

poderiam alegar que não tiveram formação para o exercício da inclusão, no

49

entanto verificou-se que tanto os professores com 6 ou 7 anos de magistério

quanto o de 20 ou 30 anos retratam que não tiveram formação acadêmica

voltada para a inclusão. Infelizmente, nos tempos de graduação destes

profissionais, o curso de graduação não atendia às necessidades de um

profissional que gostaria de trabalhar a inclusão.

Por outro lado, não se deve dizer que a formação básica não contribui

em nada, pois há professores que apontam práticas relevantes do

conhecimento adquirido durante o exercício docente.

Os que relatam que possuem capacidade usam experiências

adquiridas no exercício da profissão, traduzem a inclusão baseados em

significações próprias. Interpretam A inclusão como uma forma de promover

valores para que todos se sintam iguais, sem fundamentação teórica ou

conhecimento sobre o assunto, agem por conta própria. Registra-se a

ocorrência de um docente que busca ajuda com os colegas de profissão

expressando assim o trabalho colaborativo.

Observa-se a mudança de atitude norteada pela inclusão. Para a

inclusão, o importante se faz no coletivo (trabalho colaborativo) e não no plano

individual.

Expressa a importância das interações sociais, manifestando-se de

forma clara de como o conjunto de fatores (prática de trabalho/leituras/curso)

fazem parte de sua formação coletiva.

Quanto à prática/ atividade de ofício verifica-se que, entre a formação

básica e a prática de ofício de professor, há um grande distanciamento, ou

seja, uma descontinuidade. Não se valoriza a formação básica, é como se não

tivesse nenhuma influência sobre a atividade do ofício. Numa visão ampliada, o

profissional compreenderia que a formação inicial é uma etapa

desencadeadora de outros processos de formação, e assim sucessivamente.

No que diz respeito à questão de quem é a responsabilidade, os

professores divergiram quase em sua totalidade. Responsabilizam os

50

governantes, legisladores, secretarias de educação, profissionais da educação

com formação técnica, o sistema, o corpo docente, a direção escolar, as

políticas públicas, universidades, instituições, sistema educacional,

comunidade escolar, poucos citaram que a responsabilidade é de todos. É

importante destacar a observação de um docente que psicólogos,

fonoaudiólogos e outros profissionais que não são considerados da educação

são importantíssimos para o sucesso de alunos inclusos, expressando assim

uma rede de apoio.

O trabalho em equipe passa ser enriquecido através de experiências

realizadas na escola, modificando a relação entre pessoas e estabelecendo

interações, parece ser o caminho para o exercício da inclusão.

Se a inclusão é para todos ou deve ser para cada um, a maioria

respondeu todos se basearam no sentido amplo da palavra, observando que o

assunto é de direito de todos. Alguns, porém fizeram extensão do significado

para questão da individualidade, atentando para as particularidades que cada

um possui, para a necessidade de a inclusão ocorrer de forma individualizada.

Sobre o que se espera da inclusão, as respostas foram

surpreendentes. A maioria dos professores um resultado para si, mas no

sentido de aprimoramento, enriquecimento, facilidade no trabalho, satisfação,

na tentativa de se tornar um profissional melhor, de respeito ao próximo, de

tolerância e sentimento de solidariedade, na promoção de um ser humano

melhor, respeitando e valorizando a vida.

A inclusão vista como um direito deveria garantir condições de

acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de

serviços e recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras, mas verifica-

se nas entrevistas a dificuldades apontadas pelos professores.

Diante do panorama atual, ou seja, da educação de resultados, da

falta de valorização do docente, da cobrança a carga de tudo recai sobre o

professor, da falta condições de trabalho, deixa a desejar a inclusão.

51

Necessita-se de um ordenamento escolar visando que a inclusão ocorra de

fato.

Embora se reconheça a importância da inclusão, na prática ela fica a

desejar, o cenário atual está muito longe do que está previsto na legislação.

Alguns profissionais se esforçam, mas fazem por questões pessoais, por

solidariedade, por gostar de trabalhar de forma colaborativa, outros, porém não

praticam por não se sentirem capacitados.

52

CONCLUSÃO

A Constituição Federal e a Declaração de Salamanca foram

elementos deflagradores para uma série de acontecimentos. Percebe-se a

mobilização de alguns professores, porém destaca-se que agem de forma

isolada. Muitas das vezes é feita a integração e não a inclusão. Apesar de

todos os esforços dos movimentos, conferências e debates, as iniciativas por

parte da escola/ professor são dispersas e efêmeras.

A inclusão permite conviver com as diferenças, serve como fonte de

valores e atitudes de respeito dos alunos e de toda comunidade escolar. A lei

que instituiu a Inclusão vai contra o discurso dos professores que se recusam

ou que ficam na inércia para praticar a inclusão.

A inclusão não é algo facultativo, após a Lei Brasileira de Inclusão,

passa ser obrigatório, por imposição, uma lástima que tenha que ter sido

assim, mas querendo ou não, fomentou a mudança da estrutura retrógada da

escola regular, ainda que de forma diminuta.

O currículo flexível atende aos diferentes, mas é preferível dizer que

atende a diversidade, pois cada aluno tem sua especificidade, sua forma de

aprender. Portanto pensar em adequar a escola para receber os “diferentes”

não tem nada de extraordinário, tendo em vista que somos todos diferentes.

Verificou-se que a inclusão escolar não está sendo realizado de

maneira adequada na escola, o que inviabiliza as pretensões da legislação que

preceitua a inclusão plena.

Logo, deve se desenvolver um trabalho colaborativo reflexivo entre

professores e demais profissionais da educação, a socializarem experiências

educacionais. Desenvolver práticas que respondam a todos e a cada um. São

perspectivas de educação menos familiares aos professores, no entanto,

alguns professores aceitam, entendem e praticam o princípio da inclusão

utilizando algumas práticas de colaboração entre docentes, família e

comunidade. Outros professores, por sua vez ainda estão longe desse

53

entendimento, não aceitam por falta de informação ou porque lhes dá mais

trabalho.

54

BIBLIOGRAFIA

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55

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WERNECK, Claúdia. Ninguém vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. Rio de

Janeiro: WVA, 1997.

57

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05 METODOLOGIA 07

SUMÁRIO 09 INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I

A inclusão Escolar

1.1 Conceito 13

1.2 Objetivos 16

1.3 Tipos de escolas e suas formas de inclusão/exclusão 18

1.4 Histórico sobre inclusão no Brasil 21

1.5 Legislação brasileira que rege a inclusão 23

CAPÍTULO II

Formação de professores

2.1 Capacitação de professores 28

2.2 Modelo de educador: Professor técnico especialista e Professor

reflexivo

33

CAPÍTULO III

Procedimentos metodológicos

3.1 Etapas da pesquisa 35

3.1.1 Amostra 35

3.1.2 Pré-teste 35

3.1.3 Elaboração da entrevista 36

3.1.4 Técnica para análise do resultado 37

3.1.5 Entrevistas transcritas 37

3.2 Interpretação dos resultados 48

CONCLUSÂO 52

BIBLIOGRAFIA 54