documento protegido pela lei de direito autoral filemarido waldemar alves de oliveira e aos meus...
TRANSCRIPT
1
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PLANO DE PROJETO DE PESQUISA
VIOLÊNCIAS NAS ESCOLAS E AS RELAÇÕES
SOCIAIS
ALUNA: DOMINGAS NERES DOS SANTOS
ORIENTADOR:
PROFESSOR: VILSON SÉRGIO DE CARVALHO
POSSE – GO
JULHO / 2007
DOCU
MENTO
PRO
TEGID
O PEL
A LE
I DE D
IREIT
O AUTO
RAL
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PLANO DE PROJETO DE PESQUISA
VIOLÊNCIAS NAS ESCOLAS E AS RELAÇÕES
SOCIAIS
Trabalho Monográfico apresentado
como requisito parcial para obtenção
do grau de Especialista em
Psicopedagogia.
POSSE – GO
JULHO / 2007
3
Agradeço á Deus por ter dado
intel igência para chegar ao f im
deste curso. Também a minha
família em especial Naildes e
Laildes que me deu muita força
até o f im para que eu não
desist isse.
4
Dedico esse trabalho em
memória dos meus pais João
Neres dos Santos e Santina
Maria de Jesus também ao meu
marido Waldemar Alves de
Oliveira e aos meus f i lhos
Shayane, Thaís e Bruno
Alexander.
5
RESUMO
Em se tratando de educação, tudo está se tornando cada vez mais dif íci l, pois estamos numa teia de aranha a qual nos vimos obrigados a enfrentar problemas trazidos de casa por nossos alunos devido a agressividade e os maus tratos que sofrem pelos pais, colocando-nos de mãos atadas por termos que assumir a responsabil idade educacional, emocional e social, devido á carência afetiva que eles não tem e buscam através da agressividade, dos comentários maldosos, brigas, ... que fazem para serem vistos e serem chamados a atenção. A violência nas escolas é algo que vem assolando nossos alunos dia-a-dia, onde todos sofrem esse t ipo de violência que vem mascarada em forma de “brincadeira”, os colegas não tendo consciência da gravidade que este ato provoca no inconsciente emocional das crianças, jovens e adolescentes. Por esses atos moliços que as escolas vem passando é que são demonstrados de forma “agressiva” pelos alunos e que nos professores e toda equipe escolar estamos buscando um diálogo com este para mostrar a inf luência posit iva e negativa que eles tem com os colegas; nas salas de aula procuramos mostrar que para sermos bons alunos devemos cumprir algumas regras, e que com o seguinte ditado “onde se planta bons frutos, irá colher também bons frutos”, caso contrário não devemos esperar casas boas, pois somos responsáveis por nosso atos. Percebe-se que uma das causas que inicia a violência e os ditos apelidos que uns colegas colocam nos outros, dando assim oportunidade de os colegas não gostarem e partir para agressões mais violentas, chegando até ser f ísica. Outro fator que também contribuem e a alcoolismo, as drogas até mesmo dentro das escolas e um colega vai incentivando os outros e vai f icando cada dia mais dif íci l a solução para esse problema. E nos como educadores não podemos trabalhar de forma fragmentada este assunto, mas sim devemos ser exemplos para at ingir os objetivos e valorizar as atitudes referentes aos valores que deverão ser construídos do individual ao coletivo, proporcionando um ambiente de harmonia e bem estar.
6
METODOLOGIA
A violência nas escolas faz com que o professor se sente
sem segurança de trabalhar essa temática tão dif íci l por que as
relações sociais na escola constituem-se como passo de fundo para
a ocorrência de atos violentos.
O papel do professor pode ser visto de duas formas
primeiramente é necessário admitir que, de certa forma, prevalece,
entre alunos e professores um modo de relacionamentos que é
essencialmente conflituoso, uma vez que, de um lado, os alunos
questionam a autoridade do docente e assumem um comportamento
de embate e desafio em relação ao mesmo e de outro, os
professores relutam em valorizar a cultura juvenil presente na escola
e assumem posturas que sedimentam a prática da violência
inst itucional dentro dela ut i l izando-se de instrumentos e estratégias
de poder que marginalizam os alunos.
Em contraponto, o desenvolvimento de laços de amizades e
confiança entre docentes e discentes possibi l ita que os primeiros
sejam elementos essenciais a qualquer projeto de prevenção da
violência e mediação de conflitos na escola e que os últ imos atuem
como multiplicadores na difusão de uma cultura de paz no ambiente
escolar e também no meio da sociedade. Esta violência tem um
contexto por traz que e o tráf ico de drogas que esta sendo um
problema muito sério.
As escolas que investem nos professores oferecendo-lhes
cursos e palestras de atualização para um efetivo trabalho de
prevenção ao uso de drogas. Em outras dotados de menos recursos,
a iniciat iva parte de um professor que solicita aos alunos um trabalho
escolar acerca da prevenção ao uso de drogas.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................... 08
CAPÍTULO I
A VIOLÊNCIA NA ESCOLAS E RELAÇÕES SOCIAIS .............. 11
1.1. A violência escolar aparece como expressão de um
processo de desinstitucionalização. .................................. 14
1.2. Violência o contexto do tráf ico de droga ..... ................... 16
1.3. Alguns marcos sobre a relação entre o tráf ico de
drogas e as escolas ..................................................... 18
CAPITULO II
A ESCOLA COMO ESPAÇO DE TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS
E INDIVIDUAIS ..................................................................... 23
2.1. Diferentes relações com as drogas: abordagem com
o adolescente ................................................................. 24
2.2. Uso de drogas e o contexto social. ................................... 27
2.3. A dependência de drogas no modelo sistêmico relacional .. 29
2.4. Autoridade na família e na escola. .................................. 31
2.5. A prevenção integrada no projeto da escola. .. ................. 34
2.6. Da teoria a prática: Construção Projetos de Prevenção. ... 37
CONCLUSÃO ............................................................................. 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 42
ANEXO
8
INTRODUÇÃO
Dentre as diversas formas de violência na sociedade
brasi leira sofrida para crianças adolescente e jovens vem se
preocupando e a educação está sempre envolvida com essa
trajetória da violência na sala de aula.
No Brasil discutir esse tema e o mesmo que dizer de sua
relevância enquanto um problema, uma vez que a maioria ameaça à
vida da criança, adolescentes e jovens, na atualidade, não são as
doenças, mas sim a violência.
Sabemos que no Brasil, da década de 1990, ou seja, num
espaço de dez anos mais de um milhão de pessoas morreram por
violências e isso nos educadores preocupamos, pois o que podemos
fazer pela as nossas crianças é combater essa violência dentro e
fora da escola, lutamos para que nossas crianças ser um cidadão de
bem no meio da sociedade sem usar a violência.
Embora as manifestações de violência que sobrecarregam o
ambiente escolar sejam de diversas ordens e de diferentes graus de
intensidade, elas apresentam um série de traços e efeito comuns
entre elas, part icularmente no que diz respeito às já mencionadas
banalização e natural ização desses fenômenos e, também a ausência
de mecanismo inst i tucionais que impeçam (ou pelo menos amenize).
Hoje cabe nos educadores lutar para que nossos alunos não
sejam violentos dentro e fora da sala de aula, fazendo palestra
mostrando exemplos o que a violência nos traz para a nossa vida e
também no meio da sociedade um cidadão do bem ele sempre é bem
visto no meio da sociedade e que tem bons frutos e sempre está de
bem com a vida. Mas se é o contrário sabemos que o cidadão
9
violento é uma pessoa negativa e não consegue ser l ivre em paz
sempre esta em apuros sem moral, sem amigo e sempre sozinho
fazendo mal para os outros e para si mesma.
Também os educadores está sempre atento com a violência
sexual, diante dessa realidade cruel, da violência contra crianças,
adolescentes e jovens sobre-se que magnitude desse evento vem
mobilizando especialmente as que se ocupam diretamente desse
público. Dessa forma a educação e seus prof issionais passaram a
direcionar ações especif icas voltadas para a temática da violência e
suas manifestações na vida dos estudantes.
Sabemos que todo tipo de violência estão inter-
relacionados, em um contexto de violência extrema no dia-a-dia da
comunidade onde moram os alunos tornando mais dif íc il de
renunciarem à violência nas suas interações cot idiana dentro da
escola. Onde encontramos alunos ameaçadores ou agressivos por
que lá fora na sociedade eles ver a violência todo os dias e f ica
muito dif ícil para nós educadores, mas temos que lutar e tentar f icar
atentos contra qual quer t ipo de violência dentro e fora da sala de
aula e dif íci l, mas temos que lutar contra essa temática tão discutida
e tão dif ícil .
As características do desenvolvimento do adolescente no
contexto sociofamiliar ocorrem de acordo com as condições sociais
sexuais e culturais com as quais ele convive. A reconstrução da
auto-est ima e da identidade nas áreas social, cultural, etc., se baseia
nas mudanças f iscais que inf luenciam a maneira como ele se vê e é
visto, quando o aluno e violento na escola com certeza algum
problema lá fora está acontecendo pode ser que está envolvendo
com drogas ou outras substâncias que está encomendando essas
violências advêm de um contexto de drogas. A escola tem por
obrigação capacitar se para enfrentar o maior mal evitável no século,
10
as drogas queira ou não, seu alunos vão entrar em contato com as
drogas, diretamente ou com pessoas que as usam, ou com
informações que bombardeiam o cotidiano deles. A escola precisa
ajudar os estudantes a fortalecer a opinião contraria ao uso.
De acordo com as orientações gerais para a educação
nacional, o assunto “violência e drogas” devem estar presente na
ação da escola, di luído nas diferentes atividades curriculares.
O problema do consumo de drogas na adolescência pode
indicar o movimento do jovem rumo a sua autonomia e a conquista
de sua independência. O ato de usar drogas, no contexto da
adolescência, é entendido, nesse caso como um desaf io a autoridade
dos pais a partir do qual os estreitos vínculos mantidos no grupo de
pares passam a fumar novo espaço afetivo e de cumplicidades em
substituição a famíl ia.
11
CAPITULO I
VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS E RELAÇÕES SOCIAIS
Sobre violência escolar costuma ser bastante envolvente e
até mesmo apaixonado. Todo esse calor, em geral, provoca uma
indignação e comoção diante de uma violência que estaria
ameaçando e maculando o caráter sagrado e pacíf ico da escola.
Como se a escola fosse, antes, uma ilha de paz.
Um breve olhar histórico contesta veementemente este
raciocínio, mostrando que a violência foi constitut iva do próprio
modelo escolar. Como diz o historiador Philipe Ariés: “A família e a
escola retiraram juntos a criança da sociedade dos adultos”. A escola
confinou uma infância outrora l ivre num regime discipl inar cada vez
mais r igoroso, que nos séculos XVIII e XIX resultou no
enclausuramento total do internato. A solicitude da famíl ia, da igreja,
dos moralistas e dos administradores privou a criança da liberdade
de que ela gozava entre os adultos. Inf l igiu-lhe o chicote, a prisão,
em suma, correções reservadas aos condenados das condições mais
baixas.
Outra violência bastante antiga, embora pouco lembrada,
são os trotes estudantis nas inst ituições acadêmicas. Herdados de
coibra, os trotes chegaram cedo ao Brasil , e já em 1831 há noticia da
morte de um colouro em Recife em decorrência desses rituais
(Natoso, 1985). No entanto, é preciso dist inguir as violências do
passado, caracterizadas pela inst itucionalização dos cast igos
corporais, da violência escolar mais recente.
Nas suas formas mais atuais, a vio lência escolar começa a
12
aparecer no debate público na década de 80, justamente no período
de redemocrat ização do país.
Naquele momento, as reportagens de jornal faziam
referencia sobretudo, a depredação e a invasão dos prédios
escolares.
As pichações e os roubos ocorriam principalmente nos f inais
de semana, e eram protagonizados por grupos do interno escolar,
não é a toa que a primeira pesquisa acadêmica sobre violência
escolar tenha invest igado especif icamente a depredação
(GUIMARÃES, 1984). A violência vinha de fora e relacionava-se com
a destruição do patrimônio público.
Pichações imorais, canos do sistema hidráulico
perfurados a fogo, dez portas das salas de aula destruídas e
armários de aço totalmente entortado, além de bolas e material de
educação física roubados e todas as lâmpadas estouradas. É esse o
estado atual do EEPSG professor Geraldo Hipólito, em São Bernardo
do Campo, violentamente depredada no f im de semana por
desconhecidos, possivelmente arruaceiros do próprio bairro. (O
estado de São Paulo, 07/01/1987, p. 7).
Na década de 90, o fenômeno ganhou novos contornos. As
violências denunciadas passaram a fazer parte do dia-a-dia da
escola, praticadas e sofridas também por estudantes e não apenas
por agentes externos. Além das depredações, mult ipl icaram-se as
denúncias de bombas caseiras, assaltos, furtos, assassinatos de
alunos e professores, brigas entre turmas, ameaças advenidas da
inserção do narcotráf ico no ambiente escolar e ameaças de gangues.
Dentro estas vár ias formas de violência, uma foi ganhando
13
destaque: a violência entre os próprios estudantes, durante o período
escolar (Sposito, 1980).
A situação parecia paradoxal: ao mesmo tempo em que os
jovens eram incluídos nos níveis mais altos do ensino básico,
também mostravam das mais variadas maneiras sua insatisfação em
relação ao modelo escolar vigente. O barulho, a agitação, a
resistência em relação as tarefas escolares e as brigas passam a ser
descritas por alunos e professores como fenômenos disseminados no
cotidiano escolar.
O tipo de agressão mais comum é a falta de respeito, a
ofensa verbal e a “brincadeira maldosa”, um tipo de interação
bastante ambígua, vista como brincadeira por quem faz, e como
agressão por quem sofre.
Os alunos também foram indagados quanto as suas práticas
de agressão auto assumidas. Cerca de 18% dos alunos, ou seja, um
em cada cinco, assumira Ter agredido alguém no intervalo do últ imo
ano. Novamente, os alunos do Ensino Fundamental são maioria:
30,2% contra 10,1% dos estudantes do Ensino Médio. Quanto mais
novos são estudantes, mais se declaram agressores.
Parece bastante signif icat ivo que a violência não esteja
concentrada no pátio, nos corredores ou no portão de entrada, como
poderíamos, a primeira vista supor. Isto signif ica que a experiência
da violência, mais fortemente presente entre os adolescentes mais
novos, é construída debaixo dos olhos dos professores, durante as
aulas. Este aspecto revela que, embora a violência dentro da escola
seja inf luenciada pela real idade social, é em contato com as
dinâmicas e formas de funcionamento internos á escola que boa
parte das condutas de violência são construídas.
14
1.1. A violência escolar aparece como expressão de um
processo de desinstitucionalização
Como aponta Dubet, a violência escolar aparece com
expressão de um processo de desinst itucionalização, em que a
escola vem perdendo progressivamente sua capacidade
socializadora, ou seja, sua capacidade de inserir os indivíduos numa
determinada ordem social (Dubet, 1998). Uma das faces mais
signif icat ivas deste processo é a diminuição do controle adulto sobre
a situação educativa, e até mesmo a dif iculdade dos professores em
estabelecer relações com seus alunos.
Uma das decorrências disso é a ausência de uma relação
intergeracional de cunho socializador entre professor e aluno. A
dimensão dos relacionamentos e do comportamento desaparece do
horizonte de preocupações dos professores especial istas a part ir da
5ª série. Mais preocupados como os conteúdos específ icos, julgam
que a socialização dos estudantes já foi completado, e que o papel
de aluno já foi interiorizado. Mas isso não se observa.
Quando são deixados sob a inf luência de seus próprios
padrões de interação e sociabil idade, os adolescentes dif icilmente
conseguem, sozinhos, superá-los.
Nesse sentido, parece f lagrante uma certa omissão do
mundo adulto e das autoridades escolares diante do universo
relacional dos estudantes. Os adolescentes são obrigados a gerir sua
entrada no mundo social, e no mundo das interações escolares, com
maior autonomia, e um das expressões das dif iculdades em levar a
cabo esta tarefa consiste, justamente na agressividade que se
observa entre eles.
15
A autonomia aparece como uma sobrecarga e, diante de
suas fragil idades e inseguranças, os adolescentes empreendem um
tipo de gestão individual e part icularista do seu próprio medo através
do recurso a violência. Parte desses adolescentes vive a autonomia
de forma autodestrutiva.
Muito embora este processo esteja relacionados a
mudanças macrossociais como a diminuição da autoridade do mundo
moderno ocidental, á mudança na forma de conceber e construir
experiências e identidades, processo cada vez mais l igado as
escolhas e ao empenho individual dos sujeitos, e menos as
inst ituições sociais, é preciso salientar que a atual organização
escolar torna ainda mais agudas estas tendências.
A negação das tarefas social izadoras pelos professores
especialistas es sua ênfase nos conteúdos curriculares parece ter
conseqüências bastante negativas, na medida em que os
adolescentes passam a construir seus comportamentos com base nos
modelos de seus próprios pares, sem confrontá-los com outros
modelos possíveis.
Certamente, essa “missão” do mundo adulto deve ser
analisado em termos das dif iculdades vividas também por estes
sujeitos para construir relações signif icativas com alunos que lhes
são, muitas vezes, hosteis. Ao que parece, a tarefa de educar os
mais jovens e hoje uma tarefa altamente complexa e desafiadora
claramente incompatível com as condições de trabalho e de preparo
técnico dos professores da república.
Geralmente as capacitações voltadas a estes prof issionais
concentram-se na atualização de conteúdos (matemática, geograf ia
etc.). e acabam gerando pouca mudança na medida em que os
16
problemas relacionais antecedem os problemas de aprendizagem e
na ausência de relação intergeracional, qualquer aprendizado f ica
comprometido.
Ao que parece, é necessário e urgente que os professores
descubram novas possibil idades de se relacionar com os jovens,
cujos comportamentos lhes parecem ameaçados.
Essa tarefa é de toda a sociedade. Se é certo que ainda não
temos as respostas, também e certo que não vamos encontrá-las
caso não façamos a pergunta. Af inal, como educar jovem e levá-los a
aprender, no início do século XXI? As chaves para a superação da
violência residem, ainda que parcialmente na busca por estas
respostas.
1.2. Violência o contexto do tráfico de droga
Normalmente, a criança é introduzida ao mundo através da
escola, no entanto, a escola não é de modo algum o mundo e não
deve f ingir sê-lo; ela é, em vez disso, a inst ituição que interpomos
ente o domínio privado do lar e o mundo com o f ito de fazer com que
seja possível a transmissão, de alguma forma, da famíl ia para o
mundo.
Os estudos sobre a escola brasileira, sobretudo a pública
passaram, gradativa e crescentemente, a part ir da década de 80 do
século XX, a incluir palavras e expressões como medo, drogas,
insegurança, ameaças, angustia, humilhação, impotência entre várias
outras, em geral relacionados a manifestações de violência que
atinge o contexto escolar. Entre essas manifestações, o tráf ico de
drogas é uma das muitas questões que colocam para a sociedade e
para a escola, at ingindo prat icamente em toda sua dinâmica de
17
funcionamento. Talvez seja, dentre as diferentes ações de violências
que ocorrem nos estabelecimentos de ensino e que sobre eles agem,
a de maior poder desorganizador, interferindo diretamente com a
cultura escolar e com a cultura da escola, com conseqüência claras
sobre as condições e práticas pedagógicas atr ibuímos as expressões
cultura da escola e cultura escolar o signif icado que lhe é dado por I.
C Forquin; “(. ..) a escola é também um mundo social! que tem suas
características de vida própria, seus ritmos e seus ritos, sua
linguagem, seu imaginário, seus modos próprios de regulação e de
transgressão, seu regime próprio de produção e de gestão de
símbolos. É esta cultura da escola não deve ser confundida (.. .) com
o que se entende por “cultura escolar; que se pode definir como o
conjunto dos conteúdos cognitivos e simbólicos que, selecionados,
organizados, normalizados; rot inizados; sob o efeito dos imperativos
de didatização, constituem habitualmente o objeto de uma
transmissão deliberada no contexto das escolas”. (Forquin, 1993, p.
167).
Há três aspectos sobre os quais é preciso ter clareza
quando se fala sobre o tráf ico de drogas, relacionando-o a ação
escolar: o primeiro é o de que, embora os elementos centrais que
caracterizam a inf luência do tráf ico sobre as escolas sejam comuns,
essas interferência, quando está presente, não se faz de maneira
uniforme, diferenciando-se e ramif icando-se nas imediações e no
interior das inst ituições, em função da organização do espaço no
qual se insere, da forma de inserção e de relação dos grupos
vinculados ao tráf ico com a comunidade, da característ icas dos
estabelecimentos de ensino, entre outros. O segundo aspecto refere-
se a dif iculdade, quando se trata do espaço escolar, de dimensionar
as ações realmente vinculadas ao tráf ico, e as de indivíduos – as
vezes o próprios alunos – ou grupos que se valem de uma suposta
relação com os traf icantes para intimidar e fazer valer suas
disposições na escola. Entre esses grupos, pode-se situar algumas
18
das ações de gangues e galeras. Essa é uma diferenciação
fundamental para dar ao problema sua dimensão real. Pode-se
avançar sobre ela, não pela ação direta, mas pela dinamização e
revital ização da cultura da escola, criando aberturas para a
introdução na inst ituição das questões e linguagem da cultua juveni l
e de integração da comunidade a vida escolar – esse constitui o
terceiro aspecto. Não nos deteremos sobre ele, supondo seu
desenvolvimento por outros textos que fazem parte dessa serie. Vou
me deter na tentativa de caracterização dos dois primeiros aspectos,
relacionando-os com a violência intra e extra escolar.
1.3. Alguns marcos sobre a relação entre o tráfico de
drogas e as escolas
A questão do tráfico de drogas é, por sua própria natureza,
uma das áreas em que as informações são menos transparentes. Essa
realidade não é muito diferente quando se trata das instituições
escolares. Duas pesquisas, no entanto – uma da UNESCO,
Coordenada por Abramavay e Rua (2002), outra da confederação
nacional dos trabalhadores da Educação e Laboratório de Psicologia
do trabalho da Universidade de Brasília (CNTE/LPT) (2001) –
Permitem estabelecer alguns marcos. É importante observar que os
dados fornecidos pelos dois estudos não são comparáveis – foram
produzidos e uti l izando-se de metodologia de investigação diferentes.
Além disso, o estudo da UNESCO foi desenvolvido nas capitais de 14
estados e do CNTE/LPT trabalhou com as redes de escolas dos
estados como um todo. Mas podem ser vistos de forma complementar.
A pesquisa da UNESCO, realizada em 2000 em escolas de 14
capitais brasileiras, registra, entre estudantes e professores de
estabelecimentos de ensino fundamental e médio, que “(...” quando
solicitados a indicar os maiores problemas de escola, um percentual de
19
alunos variando de 25% a 47% apontou as gangues e /ou o tráfico e o
consumo de drogas na escola ou no seu entornou”, enter os
professores esse percentual varia entre 24% e 54%. É importante notar
que esses percentuais englobam três fenômenos: gangues, consumo e
tráfico de drogas. Cerca de 21% das escolas pesquisadas (percentual
agrupado para a categorias ocasionalmente e sempre registram
consumo de drogas nas dependências internas e 41% nas
dependências externas. Embora o recorte desse texto seja o tráfico, é
interessante, pelo menos como ponto de partida, verificar como se
comporta a população escolar em relação aos consumo, uma vez que,
em várias situações, tráfico e consumo se mesclam. No caso de
escolas e escolares, os limites entre os dois processos são muito
tênues, superpondo-se ou interconectando-se em vários pontos. Há
hoje uma grande discussão sobre o tratamento a ser dado a droga. O
que se chama atenção, no caso das escolas, é o fato de que sua venda
no ambiente escolar e nas circunvizinhança – e seu contraponto, o
consumo – atinge os alunos nas mais diferentes etapas de formação,
alguns em idade precoce, em situações nas quais eles tem poucas
possibilidades de escolha. Por ser o equipamento social que reúne
criança e jovens por significativos período diários, a escola torna-se um
dos lugares privilegiados para ampliar o arco de consumidores, além de
espaço de conquista de jovem para o tráfico. Por isso, do ponto de
vista dos professores, é importante ter em conta duplo cuidado: evitar a
discriminação dos consumidores, sem transigir com a droga.
Ou seja, é na escola que se encontra, reunidos de forma
sistemática, o maior mercado consumidor de drogas licitas e ilícitas.
Além disso, é importante levar em consideração um outro aspecto, bem
caracterizado por Lorencinni Júnior: “E a escola que os diferentes
grupos de jovens se encontram, cada qual com suas experiências de
vida e com motivos diversos para fazer uso de drogas. Nesse ambiente
pluricultural, os jovens buscam sua identidade, confrontando as suas
aspirações e desejos com o que os pais e professores esperam deles.
20
Desse modo, demarcam seus territórios, constituem seus “clãs” como
uma forma de organização paralela em que a prática do consumo de
alguma droga passa a ser o caminho natural e possível e compartilhar
de suas intenções (Lorencini Júnior, 1998, p. 40).
Do ponto de vista da atividade escolar, dependendo do uso
que dela pode ser feito, a droga pode levar ao comprometimento da
motivação da atenção e da capacidade de concentração, recursos
fundamentais para a realização da aprendizagem, além de interferir
fortemente com a socialização do aluno. Contribuir, ainda para
fragilizar o espaço escolar. (livro da UNESCO – Drogas no entorno da
escola e seus efeitos – múltiplas formas dessa relação tráfico
consumo).
Quando se refere ao tráf ico, propriamente, a mesma
pesquisa mostra que quando consideradas as dependências da
escola – este ocorria em cerca de 10% das escolas investigadas. Nas
proximidades da escola, esse percentual sobe para 30%. São
percentuais que revelam uma disseminação preocupante na droga no
interior e nas imediações os espaços escolares, tanto mais que pela
natureza das relações escolares entre grupos de pares, a possível
“escolhas” de adesão ao consumo f ica comprometida.
O cenário que se visualiza com base nos dados antes
apresentados, combinado aos resultados e análises de pesquisas
qualitat ivas realizadas desde os anos 80, apresenta-se marcado por
quatro tendências, hoje bastante evidentes: a) o tráf ico esta
fortemente presente nas escolas, como consumo ou comércio
clandestino – no caso a prática escolar, é dif ícil dist inguir os dois
aspectos com clareza; b) há uma clara tendência de interiorização
desse processo: diferentemente do que se verif icava nos anos 80 e
90, quando a violência produzida pelo comércio da droga aparecia
como questão das grandes metrópoles, a tendência atual é a de sua
21
ramif icação para os centros menores, ainda que eles não tenham
atingido os patamares dos grandes centros; c) o tráf ico age,
igualmente, nas duas redes de ensino - público (escolas municipais e
estaduais) e público (escolas municipais e estaduais) e privada.
Pode-se observar que, tanto em relação ao consumo quanto ao
tráf ico, no interior das escolas e em suas imediações, são atingidos
patamares mais altos nas escolas públicas estaduais (são mais altos
no Ensino Médio e no segundo segmento do Ensino Fundamental; 5ª
a 8ª séries), seguidas das escolas municipais e das escolas
particulares; d) por últ imo, os níveis de consumo e tráf ico mostram-
se expressivamente mais alto nas dependências externas e no
entorno das escolas, embora não sejam desprezíveis em sue interior.
Há um ponto de convergência nos estudos sobre violência e
escola no Brasil, mencionado acima, que considero importante tomar
como ponto de partida para a compreensão deste aspecto do
problema e de outros que serão tratados adiante: o de que as ações
de violência nos espaços externos da escola, além de aparecerem
como mais numerosas, são percebidas como mais ameaçadoras que
as que ocorrem nas dependências das inst ituições. Nesse espaço,
acontecem as mais variadas formas de assédio dos alunos por
traf icantes e distr ibuem-se pontos de vendas de drogas, alguns mais
facilmente identif icáveis, outros nem tanto. Além de sua abordagem
no tráf ico para casa, são muitas as escolas públicas nas quais os
alunos só tem espaço, quando estão em aulas, na rua, facil itando o
cerco do tráf ico. No entanto, seria ingênuo pensar que a venda de
drogas dos alunos se dá apenas nos espaços externos. Há casos em
que não só os traf icantes invadem a escola, como mantém alunos
matriculados com esse objetivo. O estudo de Abramovay e Rua
(2002) apresenta uma das poucas e melhores descrições sobre essa
questão.
No interior da escola os “traf icantes escolares” passam, na
maior parte das vezes, como “alunos bem comportados”, que não
22
usam seu “poder” dentro da escola, mas são capazes de mobilizar
grupos nos momentos oportunos, ou de passar, muitas vezes
inadvert idamente, a droga. Situação semelhante e identif icada no
estudo da UNESCO (Abramavay e Rua, 2002), no qual se descreve a
situação de aluno repetente, que por cinco anos conseguiu distr ibuir
a droga para alunos de escola pública de Vitória (ES), sem se
percebido. Outras formas de atuação do tráf ico por meio de alunos
são mencionadas.
23
CAPÍTULO II
A ESCOLA COMO ESPAÇO DE TRANSFORMAÇÕES
SOCIAIS E INDIVIDUAIS
A importância da inf luência da famíl ia e da escola no
desenvolvimento do adolescente. A característ icas do
desenvolvimento do adolescente no contexto sócio-famil iar ocorrem
de acordo as condições sociais e culturais com as quais ele convive.
A reconstrução da auto-imagem e da identidade nas áreas
social, sexual, cultural, etc. se baseia nas mudanças f ísicas que
inf luenciam a maneira com ele se vê e é visto. A relação com os
grupos de pares vai mudando com as fases da adolescência. No
início, vincula-se aqueles com os quais se identif ica, de acordo com
seus critérios e valores. Ao longo da adolescência, migra para
grupos heterossexuais, pela necessidade de exercer novos papéis
sociais. As mudanças familiares e sociais acabam por inf luenciar as
relações sócio-afetivas entre os adolescentes dos sexos masculinos
e femininos. O f im da adolescência é marcada pela assunção de um
projeto de vida, pela realização de escolhas amorosas e pela
conquista de autonomia f inanceira.
O estatuto da criança e do adolescente considera as
crianças e os adolescentes como seres humanos em
desenvolvimento e atribui a família, a sociedade e ao Estado, em
regime de responsabil idade compart i lhada, a função de protegê-los.
Entre os princípios norteadores do ECA, destacam-se: crianças e
adolescentes são cidadãos, sujeitos de direitos; toda a sociedade
deve envolver-se na garantia desses direitos; subst itui-se a sanção
pela proteção. Tem sido mudada a visão do usuário e do dependente
24
de drogas superando preconceitos e o seu estigma de delinqüência.
Propostas e ações que oferecem perspectivas de valorização da
juventude: pacto pela paz (2002), como agenda de enfrentamento da
violência; estatuto da juventude, com o objetivo de propor e
acompanhar a consolidação de polít icas em saúde, educação,
trabalho e justiça como parte do plano nacional da juventude;
programa primeiro Emprego.
Assim como cada cultura e cada sociedade caracterizam-se
de forma distinta, também a educação não se apresenta de uma
única maneira. Podem ocorrer diversas “educação” já a escola
cumpre um papel específ ico no processo educativo, pois é orientada
por programas e estruturas formais de ensino. Conhecer os recursos
que existem na sua escola e na sua comunidade, que nem sempre
estão tão explícitos ou tão disponíveis, pode ser úti l e incorporado ao
seu trabalho pedagógico. A util ização desses recursos pode ajudá-lo
a melhorar seu trabalho.
2.1. Diferentes relações com as drogas: abordagem com
o adolescente
Muitas vezes, os pais ou os educadores recebem a
informação de que um adolescente “está usando drogas” e f icam
af litos sem saber que medidas adotar. Para atuar diante de um fato
como esse, é necessário examinar cuidadosamente a situação. Antes
de mais nada, deve-se esclarecer de que droga se trata. Cigarro?
Crack Álcool? Cafeína? Inalante? Maconha? Como vimos, os efeitos
de cada uma dessas sustâncias são diferentes, assim como a
condição e o signif icado delas dentro da nossa sociedade.
General izar como se todas as drogas e todos os usos fossem iguais
não ajuda muito. Além disso, outro aspecto importante a considerar e
a relação que o adolescente estabelece com a droga consumida.
25
Antes do primeiro uso, dizemos que a relação da pessoas com a
substância. As pessoas não usam todas as drogas, menos ainda ao
mesmo tempo. É possível ser usuário de álcool e abstinente de
cocaína ou ter experimentado inalantes e nunca ter colocado um
cigarro de tabaco na boca.
Ao pensarem nos objetivos de um trabalho de prevenção,
muitos educadores af irmam que sua intenção é de que os
adolescentes “não usem drogas”, isto é sejam “abstinente” sem se
referirem a uma situação específ ica. Essa postura, alem de irrealista,
revela a posição de que qualquer consumo de qualquer droga e
prejudicial.
Na realidade, em razão da fase de desenvolvimento f ísico e
emocional dos adolescentes, não é descabido dizer que o ideal é
que, em principio, eles não façam uso de drogas. Nas se o uso de
álcool, tabaco ou qualquer das drogas il ícitas pode gerar problemas
nessa etapa da vida, também é verdade que essa postura radical
excluir ia o consumo moderado de café, de alguns refrigerantes e
mesmo de certos medicamentos, prescritos por médicos.
A experiência mostra que, quanto mais cedo uma pessoa
começa a usar drogas, mais possibil idades tem de ter problemas com
elas. Por essa razão, constitui um ganho signif icativo evitar o
consumo pelo adolescentes e procurar retardar ao máximo o início do
uso, ou seja, retardar a experimentação. Apesar disso, devemos
reconhecer e considerar que, de fato, o uso de algumas drogas já faz
parte da vida de muitos adolescentes e, por esse motivo, é preciso
encarar a situação. Mesmo os jovens que revelam um consumo
experimental e recreativo precisam receber orientação para que
ref l itam sobre as conseqüências desse comportamento e procurem
reduzir os r iscos e danos ele associados.
26
São próprios dessa fase a busca de identidade e a
curiosidade, que incluem a realização de múltiplas experiências. As
ações para alcançar esses objetivos não tem, em geral, a intenção
de adotar um comportamento, mas de viver uma situação para
conhecer, sentir e integrar-se. E isso também ocorre com o consumo
de substâncias psicotrópicas. Um jovem não se torna “usuário” de
uma determinada de droga de uma hora para outra. Existe um
momento de experimentação, que pode ou não dar origem ao uso
sistemático.
Evidentemente, nenhuma pessoa pode realizar todas as
experiências que deseja unicamente para testar sua capacidade, seu
gosto ou seus limites.
Entretanto, muitos comportamentos dos jovens, vistos
apenas como sinal de rebeldia ou até como problemáticos, são
manifestações de uma fase pela qual estão passando, dentro de um
contexto histórico.
A grande maioria dos jovens que, em algum momento,
fazem uso de determinadas drogas não passa ao uso f reqüente ou
abusivo. Pesquisa realizada entre estudante universitários, por
exemplo, revelar que cerca de 28% deles haviam usado inalantes,
pelo menos uma vez na vida, e 1% passou ao uso freqüente. No caso
da maconha, em que o uso experimental foi de 20% o uso freqüente
f icava em 2%.
O uso esporádico não é um caminho determinante de uso
continuo ou abusivo. Posturas “apavoradas” ou preventivos com
adolescentes podem provocam reações de oposição, rebeldia ou
agressividade que dif icultam o relacionamento com os adultos e o
diálogo educativo.
27
Convém lembrar, entretanto, que, em certas situações, um
único uso de uma droga pode Ter conseqüências prejudiciais. O uso
mesmo experimental de um inalante ou solvente, por exemplo, pode
causar parada cardíaca em quem esteja usando a substância pela
primeira vez.
A experiência de consumo de uma droga pode levar ao
desejo de repeti- la com alguma periodicidade – uso esporádico, ou
com freqüência – uso freqüente, embora não problemático. Um
clássico exemplo disso ocorre quando a pessoa, após algumas
experiências com bebidas, passa a ter um consumo moderado de
álcool, em quantidades toleráveis, dentro de condições seguras como
beber apenas em ocasiões sociais al imentar-se antes de beber, não
dir igir sob o efeito de bebida, evitar brigas e agressões, etc.
2.2. Uso de drogas e o contexto social
Teorias mais recentes ampliam o foco do indivíduo para o
contexto de suas relações. Nessa perspectiva, e importante
considerar a qualidade das relações que a pessoa estabelece nos
diferentes domínios da vida, como a família, a escola, o trabalho e a
comunidade. Os fatores de risco e de proteção ao uso de drogas
estão presentes em todos esses ambientes e, por isso, o dependente
de drogas deve ser visto na sua interação com eles, e os seu
tratamento deve buscar a formação de uma rede de apoio que
coloquei diferentes prof issionais em conexão. Os que têm a intenção
de interferir no uso de drogas dos adolescentes, seja preventivo que
o uso se instale, seja diminuindo-se ou eliminando o, precisam ter
uma visão ampla da situação.
O uso de droga não é um fenômeno individual, nem uma
decisão pessoal isolada de um contexto social. Ao longo da história
28
da humanidade, o uso de substância que alteram a consciência
esteve presente praticamente em todas as sociedades.
Além dos fatores sociais amplos, as decisões individuais
também são inf luenciados por fatores internos e experiências
relacionais com a família, com os pares, com a escola e com a
comunidade mais próxima. As condições sociais como o desemprego,
a discriminação, o empobrecimento, a violência, assim como a
disponibil idade de acesso as drogas, são fatores importantes na
configuração do abuso de drogas.
Para haver uma atuação educativa ef icaz, os pais ou
educadores devem identif icar: o t ipo de droga consumida; a relação
do adolescente com a droga. Ao se defrontar com uma situação de
abuso de drogas, é importante oferecer ajuda e dispor-se a buscar
com adolescente e o encaminhamento da situação. Posturas
“apavorados” ou punitivos com adolescentes podem provocar reações
que dif icultam o relacionamento com os adultos e o diálogo
educativo. Na escola, é possível favorecer a construção de projetos
de vida ao agirmos para que ela se torne um espaço de participação,
real ização e criação, e não de fracasso ou exclusão.
Uma pesquisa sistemática analisou crianças de diferentes
extratos sociais e etnias, expostas a signif icat ivas adversidade e
estresse nas suas vidas, que conseguiram evitar padrões de fracasso
escolar, abuso de drogas e delinqüência juvenil. As relações das
pessoas com as drogas são muito variadas. Nem todo usuário e
alguém problemático que precisa de um tratamento. Convém admitir,
no entanto, que muitas vezes alterar as condições de vida é a única
maneira de reverter o consumo abusivo. Exemplo disso é o uso de
inalantes entre as crianças em situação de rua para aplacar a fome.
Na escola, é possível favorecer a construção de projetos de vida, ao
interferirmos pontualmente no que esta ao nosso alcance, como criar
29
condições para que a escola se tome um espaço de participação,
real ização e criação, e não de fracasso ou exclusão. Cabe a escola
oferecer situações inst igantes como parte de seu processo educativo
que respondam as necessidades e motivações do adolescentes.
2.3. A dependência de drogas no modelo sistêmico
relacional
A dependência de drogas é um fenômeno complexo, pois é
determinado por muitos fatores que interagem entre si, o que faz com
que cada caso seja diferente dos outros. Mesmo se consideramos a
dependência de drogas um problema que deve ser abordado como uma
questão de saúde, isso não significa que se trata apenas de um
problema com causas físicas e orgânicas. As questões psíquicas ou
emocionais, assim como outros fatores da vida da pessoa, inclusive os
sociais culturais, familiares e jurídicos, são igualmente importantes e
interagem de forma entre se. Esta interação de forma dinâmica está
relacionado á teoria sistêmico, que se caracteriza pelo reconhecimento
de que todas as situações estão em conexão umas com as outras.
Pensar sistematicamente implica reconhecer que as
diferentes dimensões do problema não se colocam apenas como um
somatório de fatores, mas interagem em diferentes formas e
combinações. Não é suf iciente apenas identif icam as causas em
jogo, mas como elas estão relacionadas uma com as outras,
determinado a especif icidade de cada situação ou individualmente de
cada pessoa dependente.
A proposta não e descobrir o que vem antes ou depois; quem é
a vítima ou quem é o culpado; o que é causa ou o que é efeito. O
importante é compreender o processo das relações que mantém todas
as pessoas envolvidas em torno de uma determinada situação ou
30
problema. A abordagem das dependências química representa um
desafio constante para os profissionais e exige a integração das
diferentes áreas do conhecimento. Um intervenção ou uma compreensão
sistêmica implica que se transponha a visão específica de cada uma das
disciplinas; psicológicas, sociológica, psiquiatra, forma – ecológica,
social legal, política, econômica e se conte com a participação de
profissionais de várias áreas que trabalhem em cooperação.
E exatamente a poss ib i l idade de um o lhar amplo e de
uma visão de con junto dos d iversos saberes ou áreas do
conhecimento c ient í f ico que nos permit i rá avançar rumo a uma
visão complexa sobre o uso de drogas. Quando pensamos
s is temat icamente, estamos buscando as conexões que exis tem
ent re os fenômenos.
Não e apenas o ado lescente que muda, mas toda a
famí l ia se t ransforma com e le . O ado lescente busca formar sua
ident idade e estabe lecer sua autonomia em re lação á famí l ia . Ao
mesmo tempo, prec isa cer t i f icar-se de que per tence de fato
aquela famí l ia , testar a so l idez de sua referênc ias de autor idade,
para poder ampl iá- las e conduzi r seu processo de separação,
ass im como rea l izar os própr ios dese jos.
O adolescente enfrenta sentimentos contraditórios,
relacionados á dependência que ele tem dos pais e á autonomia que ele
quer ler. Esse conflito é próprio dessa idade e faz parte do processo de
separação afetiva necessária á construção da identidade adulta.
O prob lema do consumo de drogas na ado lescência pode
ind icar o movimento do jovem rumo a suma autonomia e a
conquista de sua independência, é entend ido, nesse caso como
um desaf io a autor idade dos pa is a part i r do qua l os est re i tos
31
víncu los mant idos no grupo de pares passam a formar um novo
espaço-afe t ivo e de cumpl ic idades em subst i tu ição a famí l ia.
2.4. Autoridade na família e na escola
A escola promove uma reunião de pais compart i lhando com
eles a sua preocupação com as ati tudes desrespeitosas dos rapazes
com as garotas da escola. O educador coordenador da reunião
enfatiza a importância da autoridade da escola e da família no
processo de estabelecimento das regras e dos limites para os f i lhos
adolescentes. O tema da autoridade aproxima pais e professores que
passam a compart i lhar sua dif iculdades. A postura segura da escola
quanto a forma de lidar com os adolescentes no estabelecimentos
dos limites necessários e na negociação das regras, possibil ita os
pais repensarem no resgate da sua próprias relações de autoridade
com seus f i lhos. A sexualidade e as drogas surgem como temas
dif íceis tanto para pais como para a escola que passam a construir
soluções conjuntas.
O resultado dessa ação conjunta entre a escola e a família
aparece na melhoria da relação entre pais e filhos no cotidiano familiar.
Destaca-se a atividade da escola com os adolescentes em uma
negociação participativa de direitos e deveres na convivência social.
O tema da autoridade é fundamental no trabalho de
prevenção do uso de drogas especialmente na fase da adolescência.
Para isso, é preciso que e a família estejam consoantes na forma
como agem na definição, em relação ao próprio valor da autoridade
processo educativo. Para entender mais profundamente que relações
existem a cultura escolar e a cultura familiar e como esses dois
universos interagem, é necessário ter noção das dimensões de
disciplina, autoridade, autonomia, limites, regras, normas, valores, ética,
32
moral, convenções sociais, códigos de conduta e cidadania. dimensões
essas difíceis de serem vivenciadas tanto na escola quanto na família.
Disciplina e autoridade na família e na escola: aspectos conceituais
disciplina e indisciplina, a palavra disciplina tem como raiz etimológica a
palavra discípulo que se refere a pessoa iniciada em uma arte ou
conhecimento por um mestre cuja autoridade ele se submete. Essa
palavra, no entanto, possui várias interpretações. Esse comportamento
pode revelar uma postura conformista e o medo de ser castigado. A
indisciplina, em certa medida pode ser uma maneira da a criança e de o
jovem informarem que algo não vai bem. Nesse sentido, seria um
sintoma cujas causas podem estar localizadas na esfera pessoal,
familiar, escolar ou comunitária.
A indisciplina expressa pela transgressão ou simulação de
desconhecimento das normas pode ser uma reação a uma forma de
discipl ina rígida. De modo geral, a indisciplina e considerada uma
rebeldia, uma transgressão as regras de convivência ou a não-
adequação a um modelo ideal, tanto com referência a comportamento
como ao ritmo de aprendizagem. Cabe, então, aos educadores para
manter a disciplina, considerar as inquietações próprias da fase do
desenvolvimento no qual a criança e o jovem se encontram a aceitar
as diferenças individuais. Muitas vezes, os motivos que levam um
aluno a apresentar um comportamento inadequado na escola
extrapolam a dimensão pessoal e estão associados a situações mais
amplas: problemas de saúde: neurológicos, déf icit de atenção;
problemas familiares: por exemplo, violência em casa; problemas
relacionados: professores e colegas. Cabe também atentar para os
fatores do próprio ambiente escolar que contribuem para a
indisciplina: salas muito barulhentas, quentes não ventiladas ou
salas escuras com acomodações pouco confortáveis.
Quando o aluno ultrapassa os limites, desrespeita não
apenas o professor, mas as normas da escola. Para reduzir esse tipo
33
de ação, além do professor desenvolver a habil idade de impor l imites
e estabelecer normas mediante acordos mútuos, é necessário que
ocorra uma maior interação entre professor e alunos.
Autoridades e autoritarismo é o reconhecimento da
autoridade do professor depende de uma infra-estrutura psicológica
moral, anterior á escolarização. Refere-se a permeabilidade ás regras
comuns, parti lha de responsabilidades, solidariedade, cooperação,
reciprocidade, etc. Envolve o reconhecimento da autoridade, isto é
respeito ao outro e ás diferenças. Os valores morais, segundo Freud,
são formadas na constituição do superego com a interiorização das
normas sociais a partir dos limites impostos pelos pais.
Para Piaget, a interiorização das regras se dá por meio de
sua assimilação racional, ou seja, crí t ica, e de uma nova exigência
moral: respeitar e ser respeitado.
A reciprocidade e o respeito mútuo graduam uma relação de
estima. A motivação básica da moral adulta é o sentimento da
própria dignidade, que comporta uma imagem posit iva de si.
As condições da vida pós-moderna impõem desafios que a
família e a escola terão que encarar como a relat ividade do tempo, a
transformação das pessoas em objeto, a ênfase no superfacial e no
banal, a disseminação das informações como o uso da tecnologia e
da informática.
A soc iedade atua l abr iga muitas cont rad ições, e os pa is
não conseguem dar aos f i lhos o que a soc iedade de consumo
va lor iza . A lém d isso, e les convivem com processos perversos
cont rad i tór ios como a erot ização da infânc ia e a in fa t ização dos
adu l tos. Pa is e f i lhos f icam vu lneráve is d iante das cr ises soc ia is e
34
econômicas: urban ização, mobi l idade geográf ica, desemprego,
anonimato das re lações dent ro de uma soc iedade f ragmentada,
perda do prest ig io e das fontes de soc ia l ização normat ivas: a
famí l ia , a esco la, a just iça e a igre ja . Essas t ransformações nas
est ruturas cr iam, no ado lescente , uma d i f icu ldade de se f ixar
sobre um fu turo incer to.
O modelo de famíl ia em que o pai é o mantenedor, a mãe
cuida da harmonia da casa e os f i lhos são obedientes aos pais, já
não corresponde a realidade. Vivemos em uma época que ocorre o
desaparecimento progressivo e inevitável da f igura paterna.
2.5. A prevenção integrada no projeto da escola
A questão das drogas é um componente obr igatór io no
currículo das escolas. Em razão de sua importância e atual idade,
no entanto, e la está cada vez mais presente nas propostas
educacionais. De acordo com o art igo 26 da Lei de Diretr izes e
Bases da Educação – LDB de dezembro de 1996, os currículos do
ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum e
uma parte d iversi f icada. Esta ú l t ima, a ser desenvolvida em cada
sistema de ensino, deve atender ás característ icas regionais e
locais da sociedade, da cul tura, da economia e da c l iente la. É
dentro dessa parte d iversi f icada que muitos s istemas escolares,
usando sua autonomia, incluem projetos de prevenção do uso de
drogas.
De acordo com as orientações gerais para a educação
nacional, o assunto “drogas” deve estar presente na ação da escola,
diluído nas diferentes atividades curriculares. Essa temos está
incluindo nas ações de promoção da saúde considerando que a
iniciação a consumo de drogas se mostra como fator de risco em
35
determinadas realidades. E fundamental reconhecer situação local e
desenvolver programas fundamentados cient if icamente, sem impor
medo diferenciando as drogas e mostrando seus efeitos e riscos.
Cabe a cada escola def inir suas estratégias de acordo com
as diretrizes da polít ica nacional, para promover a integração do
tema de prevenção do uso de drogas com as ações escolares. Ao
usufruir da autonomia para decidir sobre os componentes que devem
integrar o seu currículo, um expressivo numero de escolas elabora e
real iza projetos na área de drogas. Revela a sensibil idade e a
consciência as diferentes dimensões da vida dos estudantes.
Para pensar no desenvolvimento de um projeto de
prevenção do uso de drogas na escola, pr imeiramente é necessário
saber qual a f i losof ia e quais os pr incíp ios que vão fundamentar o
t rabalho. A prevenção será mais adequada e ef icaz se t iver como
objet ivo o desenvolv imento da capacidade de escolha dos
indivíduos. Uma pessoa bem informada e como uma consciência
crí t ica desenvolvida terá mais possibi l idade de tomar decisões que
evi tem r iscos e favoreçam a sua saúde.
Trabalhar com a perspect iva de reduzir os r iscos de
consumo abusivo e os danos causados pelo uso de substâncias
psicoat ivas é uma forma mais real ista, ef icaz e ét ica de t rabalhar a
questão das drogas e as vio lências nas escolas. Uma ação de
prevenção na escola a lcança melhores resul tados quando
fundamentada em pr incíp ios como os descr i tos abaixo:
- p lanejamento que envolva a integração de
representantes dos di ferentes segmentos da escola: d iretores,
coordenadores, professores, funcionários, estudantes, famíl ias e
comunidade. Ex: ações direcionadas par aos estudantes, as
famíl ias e a própr ia comunidade escolar. Programas desenvolvidos
36
a longo prazo, durante todo o processo escolar, com ações
especif icas para cada fa ixa etár ia, in tervenções projetadas para
reduzir “ fatores de r isco” de abuso de drogas e atormentar “ fatores
de pretensão” a saúde, conteúdo que abranja as d iferentes formas
de abuso de drogas, inclu indo as legais e i legais e dando
pr ior idade ás mais consumidas na comunidade, integração em
conjunto de ações de promoção a saúde, busca do for ta lecimento
da auto-est ima e do desenvolvimento da capacidade de enf rentar
problemas e de tomar decisões, inclusão de métodos interat ivo e
informações objet ivas e verdadeiras sem a intenção de amedrontar
por meio de informações desatual izadas e preconceitosas.
A educação escolar, associados a outros setores da
sociedade, é uma instância importante no desenvolvimento de
pessoas conscientes, l ivres, responsáveis e compromet idas com
valores ét icos de promoção a saúde individual e colet iva.
O tema saúde está integrado a outros fatores que compõem
a vida (cultura, valores, espaços social e não pode ser visto de modo
isolado, portanto, há necessidade de se estabelecer um elo entre
eles. A art iculação desses fatores no currículo da escola, como
incorporação de todas as áreas de conhecimento que estruturam da
formato a um currículo “vivo” em que os contecidos não são vistos
como um f im em sei mesmos. Mas meios básicos para constituir
competências cognitivas ou sociais. Com esse referencial, o tema da
promoção da saúde deve ser abordado na perspectiva
interdiscipl inar. Assim, compreende-se a importância de integrar
esse tema as áreas do conhecimento componentes do currículo, pois
se identif icam dimensões da realidade motivadoras de uma proposta
curricular coerente com os interesses e com as necessidades dos
alunos. Comprometida com melhoria da qualidade de vida de toda a
população, a escola, como parte de uma conjunto social, deve
participar de projetos mais amplos nas polít icas públicas.
37
2.6. Da teoria a prática: Construção Projetos de
Prevenção
A prevenção uso de drogas na atualidade deve considerar a
atuação de diferentes prof issionais e contar com grupos sociais da
comunidade, como a família, a escola e demais inst ituições
existentes. E importante enfatizar os recursos afetivos e de apoio
que as famíl ias possuem, os recursos de saúde do próprio indivíduo
e os recursos institucionais ou de grupos espontaneamente
constituídos na comunidade.
E importante que você identif ique as razões que o estão
levando a optar por esse tipo de trabalho. Faça uma ref lexão sobre
os motivos e razões que levaram você a part icipar deste curso, cujo
objetivo é preparar os educadores para desenvolverem ações
preventivas na escola.
Elaborar uma proposta de prevenção nada mais é do que
planejar o que fazer antes de executar a ação. O planejamento é
apresentado sob a forma de um projeto, que pode ser definido como um
conjunto de atividades coordenadas e previstas para serem realizadas em
um tempo determinado com objetivos bem definidos. A intenção de
apresentar um projeto de prevenção é determinar os passos que, em
geral, são seguidos na execução das ações preventiva do uso de drogas.
E importante destacar que você como pessoa que part icipa
de instituição escolar em que o projeto será desenvolvido, tem mais
condições para perceber as dif iculdades e os problemas, pois
vivencia-os diretamente, o que faci l ita o engajamento no trabalho.
Outro aspecto fundamental é ident if icar as pessoas que
estão mot ivadas a part ic ipar dessa in ic iat iva, compondo parcer ias
38
ou formando a equipe de t rabalho. Se você pode atuar em grupo,
por que o fará sozinho(a)? nesse caso, a reunião de pessoa
mot ivadas em torno de um objet ivo comum é muito importante,
sobretudo, porque a questão das drogas é complexa e requer a
part ic ipação e a contr ibuição não só de diferentes prof issionais,
mas também de pessoas da comunidade que estejam mot ivadas a
t rabalhar de modo integrado como funcionários, a lunos e pais.
A obtenção de apoio inst i tucional para ação prevent iva
também e muito importante. A experiência tem mostrado que os
esforços pessoais isolados são pouco produt ivos quando não
existe apoio da própr ia inst i tu ição.
E muito importante conhecer a chamada do grupo com o
qual se vai atuar. No caso da escola, como as pessoas e
segmentos da comunidade. Conhecer a demanda signi f ica
conhecer as expectat ivas do grupo ou o que seus integrantes
esperam que seja fe i to. Caso contrár io, corre-se o r isco de
despender esforços num projeto de prevenção bem elaborado, que
sat isfaz as exigências do planejador, mas não leva em conta as
expectat ivas e a reais necessidades da inst i tuição ou da
comunidade. O t rabalho educat ivo, vol tado para a modif icação de
crenças, at i tudes e comportamentos, tem mostrado que algumas
técnicas e métodos são mais ef icazes do que outros. Assim, as
palestras fe i tas para um grande número de pessoas que despejam
informações em uma audiência que apenas escuta e não tem
oportunidade de part ic ipar não são recomendadas.
A vio lência mult id imencional: é uma pergunta que sempre
faço quando me pedem para fa lar sobre vio lências é: de que
vio lência vocês querem que eu fa lo? Da vio lência das paixões? Da
vio lência que acontecem na famíl ia - contra a mulher, a cr iança, o
idoso, o portador de necessidades especia is, contra aquele(a) que
39
têm uma or ientação sexual d iferente? Da vio lência do desemprego
da fome, da fa l ta de acesso e de oportunidades, da fa l ta de
just iça? Da vio lência das inst i tu ições? Da vio lência das escolas,
das pr isões, da pol ic ia? Da vio lência da corrupção? Da vio lência
do preconceito, do racismo, da discr iminação, dos cr imes do ódio,
entre t r ibos entre aqueles que se juntam e consideram o outro um
in imigo a ser aniqui lado?
40
CONCLUSÃO
Ao f inal desta pesquisa monográf ica sobre violências nas
escolas e suas relações sociais, onde pude perceber a partir de
livros, revistas e vários relatos de violências dentro das escolas esta
se tornando cada vez mais dif íci l, pois estamos numa teia de aranha
a qual nos vimos obrigado a enfrentar problemas trazidos de casa
por nossos alunos devidos a agressividade e os maus tratos que
sofre pelos pais, colocando-nos de mãos atadas por termos que
assumir a responsabil idade educacional, emocional e social, devido a
carência efetiva que eles não tem e buscam, através da
agressividade, nos comentários maldosos, brigas, perseguições
fazem para serem vistos e para despertarem a atenção.
O termo Bull ing é algo que vem assolando nossos alunos
dia-a-dia, onde todos sofrem com esse t ipo de violência que vem
mascarada em forma de “brincadeira” os colegas, não tendo
consciência da gravidade que este ato provoca no inconsciente
emocional das crianças jovem e adolescentes.
Por esse altos índices que as escolas vem passando e que
são demonstrado de forma agressiva pelos alunos e que nos
professores e toda equipe escola estamos buscando levantar a alta
estima através do diálogo para mostrar a inf luência posit iva e
negativa que eles tem com os colegas; nas salas de aulas
procuramos mostrar que para ser bons alunos devem cumprir
algumas regras, e que com o seguinte ditado “onde se planta bons
frutos, irá colher também bons fruto”; caso contrário não devemos
esperar coisas boas, pois somos responsáveis por nossos atos.
Percebe-se que uma das causas que inicia o Bull ing e a baixa auto
estima, falta de amor de atenção dos familiares, também da
comunidade e também o tempo desocupado, tudo isso acaba
41
ref letindo na escola nos próprios colegas com as agressões e
também nos professores atos violentos e f ísico.
E nos como educadores não podemos trabalhar de forma
fragmentada este assunto, mas sim devemos ser exemplos para
atingir os objetivos e valorizar as atitudes referentes aos valores que
deverão ser construídos do individual ao coletivo, proporcionando um
ambiente de harmonia e bem estar. No aspecto familiar através das
observações pude concluir que os pais esqueceram de impor l imites
em seus f i lhos, assim como educá-los. Ou será se os mesmos
esqueceram dos valores morais que a criança deve trazer de berço e
que a escola vai somente acrescentando?
A partir destes conhecimentos estamos trabalhando escola
e familiar de mãos dadas, e levantando a auto estima dos alunos, já
conseguimos solucionar vários problemas encontrados em nossa
escola. Com certeza estará próximo do dia em que esses e outros
problemas serão solucionados.
A conscient ização faz parte da vida de qualquer ser
humano, não basta apenas ensiná-lo e sim que tenha consciência do
que faz através das ações e at itudes.
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, Miriam (coord.) Escolas inovadoras: experiências bem
sucedidas em escola públicas. Brasíl ia: UNESCO, Ministério da
Educação, 2004.
__________. Adolescência . Porto Alegre: Artes Medicas, 1980.
ALBERTINI, H. M. B. Usos motivos, abordagem. In Ta na rota – uma
conversa sobre drogas. São Paulo: SEE/SP, FRM, 2003.
ANBARASAN ETHIRAJAN. Quem ama... não castiga! O correio – Revista
da UNESCO. Rio de Janeiro, ano 28 nº. 2, p. 14 – 16. Fev. 2000.
ARAÚJO,. C. M. M. Psicologia escolar e o desenvolvimento de
competência: uma opção para a capacitação continuada. Tese de
Doutorado, instituto de psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2003.
ARIES, Phil l ippe. História social da criança e da famíl ia . Rio de
Janeiro: Guanabara Kooga, 1981.
AULOAS, G. La competence des familles : temps, chaos, processus
toulouse: Erés. Collect ion Relations, 1995.
CARON, Jean – Claude. Os jovens na escola: alunos de colégios e liceus
na França e na Europa (fim do séc. XVIII fim do séc. XIX) In: LEVI,
Glovanni, SCHMITT, Jean – Claude (Org.) História dos jovens 2: a época
contemporânea. São Paulo: Campanha das letras, 1996, p. 137 – 194).
CORTI, Ana Paula de O. Violência e indiscipl ina no cotidiano da
escola pública . Jovens espectadores, Vit imizados e agentes de
agressões, 2002. Dissertação (mestrado em sociologia).
Universidade Federal de São Carlos (UFSCA) São Carlos.
43
DEBARBIEVX. Enic. Violence dans la closs , Paris: Esf, 1990.
DUBET, Francois. A formação dos indivíduos: a
desinst itucionalização. Contemporenidade & Educação. Rio de
Janeiro, ano 3, n. 3, março 1998.
ESCOLA DO ABC sobre depredação. O Estado de São Paulo, São
Paulo, p. 7, 07 jan. 1987.
GUIMARÃES, Aurea Maria. Escola e Violência: relações entre vigilância,
punição e depredação escolar. Disertação (mestrado em Educação)
Campinas, pontificia Universidade Católica de Campinas, 1984.
LINDSTRÕN. Peter, CAMPART, Mart ina. Brimodes et violence dans
les écoles suedoises . Revue Francaise de Pedagogie, Paris, n. 123,
p. 79, 91, avri l – maio – juin, 1998.
MATTOSO, Glauco. Calvário dos carecas: história do trote estudanti l.
São Paulo: EMW, 1985.
PERALVA, Angelina. Violência e democracia o paradoxo brasi leiro .
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
SPOSTTO, Maril ia. A insti tuição escolar e a violência . Cadernos de
pesquisa. Revista da Fundação Carlos Chagas. São Paulo, 1998.
CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam. Drogas nas Escolas.
Brasília: UNESCO/Coordenação DST/AIDS do Ministério da Saúde
Secretária de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da
Justiça/CNPQ) Instituto Ayrton Senna/UNAIDS/Banco
Mundial/USAID/Fundação Ford/CONSED/UNDIME, 2002.
CHARLOT, Bermard. A Violência na Escola: como os sociólogos
francês abordam a questão . Disponível em: www.sci l lo.br. acesso em
03/02/2005.
44
DESAFIOS E ALTERNATIVAS: Violências nas escolas, brasileira :
UNESCO/UNPP, 2003.
ESTRELA, Maria Teresa. Relação Pedagógica, discipl ina e
indisciplina na escola . 4ª ed. Portugal: Porto =, 2002. (Coleção
Ciências da Educação).
GODO. Wanderley (org.) Educação : carinho e trabalho, “Burn – out”,
a síndrome da desistência do educador, que pode levar a falência da
educação. Brasíl ia: CNTE/Universidade de Brasíl ia/Laboratório de
Psicologia do Trabalho, 1999.
GUIMARÃES. Eloisa. Escola, galeria e narcotráfico . Rio de Janeiro:
UFRJ, 1998.
HALL, Stuart; JEFERSON, Tony. Resistence Through rituals . Jouth
sub cullures in Post – War Britain. Birmingham: Centre for
conlemporary cultural studos – University of Birmingham, 1975.
RAMOS, Paula, S; BERTOLOTE, I. M e Cols. Alcoolismo hoje . São
Paulo: Artes Medicas, 1997.
TAVARES DOS SANTOS, José Vicente. “A violência na escola:
confli tual idade social e ações civi l izações”. Escola: conflitualidade
social e ações civii l izatórias”. Educação e pesquisa. São Paulo:
Feusp, V.27n. 1, jan/jun. 2001.
SAVATER, Fernando. Ética para amador. Barcelona, Ariel, 1993.
SILVA. Severino M. da. Se liga! O l ivro das Drogas. Rio de Janeiro:
Record, 1997.
45
ANEXOS
UM BREVE RELATO DE ALUNOS
Temos alunos de todos os esti los de família desestruturada,
pais separados, porém o que percebemos é que em uma escola
todos devemos respeitar para ser respeitados, e também que na
escola não é lugar de irmos bêbados, drogados e praticar atos
violentos e sim buscarmos conhecimentos e amigos de verdade e ao
concluirmos o estudo encontrarmos um bom emprego para ter uma
vida futura melhor e até mesmo ajudar nossas famílias sendo um
cidadão de bem.