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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PAPEL DO GESTOR NA MUDANÇA ORGANIZACIONAL E SEUS ASPECTOS CULTURAIS Por: Ana Paula Simões Lemos Orientador: Prof. Dr. Antonio Fernando Vieira Ney Rio de Janeiro 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO GESTOR NA MUDANÇA ORGANIZACIONAL E

SEUS ASPECTOS CULTURAIS

Por: Ana Paula Simões Lemos

Orientador: Prof. Dr. Antonio Fernando Vieira Ney

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO GESTOR NA MUDANÇA ORGANIZACIONAL E

SEUS ASPECTOS CULTURAIS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Administração Escolar.

Por: Ana Paula Simões Lemos

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu esposo Lenine Lemos

por sempre me apoiar e acreditar em

meu potencial.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os meus

alunos e ex-alunos que fazem parte

efetivamente da minha história, me

fazendo sentir vontade de aprender cada

vez mais sobre a vida e o mundo.

Aos funcionários que trabalharam sob

minha liderança na FAETEC, por

proporcionar o aprendizado prático

dessa pesquisa.

5

“Estar vivo é estar em conflito

permanente, produzindo dúvidas,

certezas sempre questionáveis. Estar

vivo é assumir a educação do sonho

cotidiano. Para permanecer vivo,

educando a paixão, desejos de vida e

de morte, é preciso educar o medo e a

coragem. Medo e coragem em ousar.

Medo e coragem em assumir a solidão

de ser diferente. Medo e coragem em

romper com o velho. Medo e coragem

em construir o novo.”

Madalena Freire

6

RESUMO

Esta monografia tem o objetivo de analisar a Cultura Organizacional, ou seja,

de investigar o universo “invisível” das instituições. Isso porque para se

conhecer uma organização efetivamente é necessário identificar a sua cultura,

ou melhor, suas características próprias, seu modo de ser, sua identidade.

Todavia, a cultura aqui investigada é voltada à instituição escolar, abordando-se

as necessidades e o papel do gestor escolar frente às inovações e mudanças nas

escolas de Educação Básica Brasileira. Para tanto, dividiu-se o tema em três

capítulos. No primeiro capítulo aborda-se a Cultura Organizacional,

discorrendo-se sobre sua origem, seu desenvolvimento e seus componentes

fundamentais. No capítulo 2, trata-se da cultura organizacional relacionando-a

aos aspectos concernentes à mudança, mas voltados à instituição escolar. E,

finalmente, no capítulo 3 o enfoque é dado ao papel do gestor escolar,

apontando a importância da liderança e da implantação do processo de mudança

e da gestão inovadora na escola. Vale salientar que o gestor escolar precisa se

empenhar em prol da reestruturação da escola, visto que a aprendizagem agora

ocupa toda a vida das pessoas, além da escola, fazendo com que elas adquiram

conhecimentos em diversos espaços, seja no familiar, seja no social ou no

espaço virtual.

7

METODOLOGIA

A pesquisa acerca da “Cultura Organizacional” tem sido objeto de

uma multiplicidade de abordagens teóricas e metodológicas, que, em alguns

casos, se assemelham ou se complementam, já em outros, se excluem

mutuamente. E, no caso desta monografia, o tema pretendeu destacar a

influência dos aspectos culturais no processo de mudança na instituição escolar,

ao visar evidenciar o papel do gestor escolar nesse processo.

Para tanto, o projeto se viabilizou ao optar pela metodologia teórica,

em que o espaço de investigação foi delimitado na atuação da gestão das

escolas de Educação Básica no Brasil. Trata-se, assim, de uma pesquisa

qualitativa, social descritiva, de cunho bibliográfico, que contou com o auxílio

das referências de importantes autores da área de administração e da área

educacional, como: Chiavenato (2004); Fleury & Fischer (1999); Lück (2002);

Paro (1997); Pires & Macêdo (2006); Santos (2002); Schein (1982, 2001); entre

outros.

Vale ressaltar que para a execução do estudo foram utilizadas fontes

de sites de livros, sites da internet, revistas, artigos científicos, monografias e

dissertações já aprovadas. E de posse do material selecionado a redação do

texto foi iniciada.

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 09

CAPÍTULO I - CULTURA ORGANIZACIONAL ............................................ 11

CAPÍTULO II - A CULTURA ORGANIZACIONAL, ASPECTOS

RELACIONADOS À MUDANÇA E À INSTITUIÇÃO ESCOLAR .................. 19

CAPÍTULO III - O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR FRENTE ÀS

INOVAÇÕES E MUDANÇAS ......................................................................... 27

CONCLUSÃO ................................................................................................. 38

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 40

ÍNDICE .......................................................................................................... 43

9

INTRODUÇÃO

A presente monografia teve o objetivo de se remeter ao universo

“invisível” das instituições: a Cultura Organizacional. Isso porque se acredita

que para se conhecer uma organização, efetivamente, é necessário identificar a

sua cultura, ou melhor, suas características próprias, seu modo de ser, sua

identidade.

Todas as instituições têm o comportamento das pessoas nelas

inseridas influenciado pelas normas formais e informais de conduta, pelas

crenças, pelos valores, pelos hábitos e outros condicionantes do comportamento

humano. O estudo da cultura organizacional permite o conhecimento da

experiência que o grupo adquire e se torna uma variável importante no estudo

das organizações.

Muitos são os avanços e os processos de mudança no atual mundo

globalizado, tão presentes no que alguns autores denominam de pós-

modernidade. E à medida que o mundo vem se tornando cada vez mais

complexo, o universo organizacional também vem se modificando. Dentro desse

contexto, a Escola de Educação Básica Brasileira - nesse caso, caracterizada

como uma “organização” - precisa buscar a reflexão no que diz respeito aos

desafios dos seus gestores, com vistas ao processo de mudança que busca

adequar as organizações escolares aos novos padrões da sociedade atual, por

meio da inovação e da prática de gestão participativa.

Desse modo, este estudo teve o propósito de abordar as necessidades

e o papel do gestor escolar frente às inovações e mudanças nas escolas de

Educação Básica Brasileira, identificando os motivos que levam à formação da

10

cultura organizacional de uma escola e como se caracteriza o processo de

mudança nesse ambiente. E, por isso, pretendeu-se responder a seguinte

questão: Quais são os olhares, as ações desenvolvidas e as necessidades do

gestor escolar frente às inovações e mudanças no ambiente escolar?

Vale lembrar ser imperativo o investimento na transformação da

atitude dos profissionais da instituição escolar, no sentido de orientar suas

práticas pedagógicas e administrativas para a garantia de uma educação formal

contínua e de qualidade aos alunos. Portanto, a escola deve estar de acordo com

os interesses da sociedade atual, assumindo as características de uma instituição

que atenda às exigências geradas por tais fatores.

Cada vez que a sociedade se depara com transformações

significativas em suas bases sociais e tecnológicas, novas atribuições são

exigidas à escola. O gestor escolar precisa se empenhar em prol da

reestruturação da escola, visto que a aprendizagem agora ocupa toda a vida das

pessoas, além da escola, fazendo com que elas adquiram conhecimentos em

diversos espaços, seja no familiar, seja no social ou no espaço virtual.

Nesse sentido, para responder a questão central, dividiu-se o tema em

três capítulos. No primeiro capítulo aborda-se a Cultura Organizacional,

discorrendo-se sobre sua origem, seu desenvolvimento e seus componentes

fundamentais. No capítulo 2, trata-se da cultura organizacional relacionando-a

aos aspectos concernentes à mudança, mas voltados à instituição escolar. E,

finalmente, no capítulo 3 o enfoque é dado ao papel do gestor escolar frente às

já citadas inovações e mudanças, apontando, assim, a importância da liderança

e da implantação do processo de mudança e da gestão inovadora na escola.

11

CAPÍTULO I

CULTURA ORGANIZACIONAL

Neste primeiro capítulo, aborda-se o conceito de Cultura

Organizacional, discorrendo-se sobre sua origem, seu desenvolvimento e seus

componentes fundamentais.

Quando se fala em “Cultura”, significa abordar a capacidade de

adaptação do indivíduo à realidade do grupo no qual se pertence. E a partir da

construção do significado social e normativo, a cultura permite que um grupo se

fortaleça ou se desintegre. No que diz respeito às organizações, a noção de

cultura é que determina como a organização será administrada. A organização

depende das pessoas para atingir seus objetivos. É através da interação entre as

pessoas que se definem os propósitos das organizações.

1.1. O Que é Cultura Organizacional?

Pode-se dizer que uma das palavras-chave para se compreender as

ações humanas está no conceito de “Cultura”, esta que funciona como um

padrão coletivo que identifica os grupo. Mais do que um conjunto de regras, de

hábitos e de artefatos, cultura implica na construção de significados partilhados

pelo conjunto de pessoas inseridas em um mesmo grupo social.

12

À medida que um grupo de pessoas se reúne para desenvolver uma

determinada atividade, esse grupo inicia também a construção de seus hábitos,

sua linguagem e sua cultura.

O conceito de cultura é necessário e muito utilizado

porque atende a várias necessidades e vários interesses da

sociedade e dos próprios pesquisadores. A cultura implica

estabilidade, enfatiza demonstrações conceituais, serve

como fator aglutinador para levar os membros do grupo

em direção ao consenso, implica dinâmica e padronização.

(PIRES & MACÊDO, 2006, p.83).

Nos anos 1960, foram identificadas mais de cem diferentes

definições do conceito de cultura, o que fez com que se constasse os inúmeros

significados desse vocábulo, sendo todos derivados de sua raiz latina, que faz

referência à plantação no solo. Em diversas línguas ocidentais, a cultura denota

civilização ou refinamento da mente e, em especial, os resultados desse

refinamento, por exemplo, a educação, a arte e a literatura. “À medida que um

grupo de pessoas se reúne para desenvolver uma determinada atividade, esse

grupo inicia também a construção de seus hábitos, sua linguagem e sua

cultura”. (PIRES & MACÊDO, 2006, p.83).

A cultura se traduz em um complexo e multidimensional conjunto de

tudo o que constitui a vida em comum nos grupos sociais, podendo ser descrito,

de forma sintetizada, como o reflexo dos modos “de pensar, de sentir e de agir,

mais ou menos formalizados, os quais, tendo sido aprendidos e sendo

partilhados por uma pluralidade de pessoas, servem de maneira ao mesmo

tempo objetiva e simbólica” (PIRES, MACEDO, 2006, p.84), e passam a

integrar essas pessoas em uma coletividade distinta de outras. Assim, a cultura

é resultante de ações cujos componentes e determinantes são compartilhados e

transmitidos pelos membros de um dado grupo.

13

1.2. A Criação e o Desenvolvimento da Cultura Organizacional

A partir da década de 1980, a evolução dos estudos organizacionais

privilegiou o termo “cultura organizacional”. Esse termo surgiu como modismo,

que, por vezes, caracteriza um campo de conhecimento. Entretanto, para o atual

mercado, o tema se apresenta praticamente obrigatório nas discussões de

análises administrativas, no cotidiano das empresas modernas, fazendo parte do

escopo da Teoria das Organizações (GOMES, 2010).

No contexto das organizações, a ideia de cultura pode ser

considerada um fenômeno relativamente novo, ou seja, de se compreender as

organizações como culturas, sistemas de visão, ou de significado

compartilhado. Até poucas décadas atrás se encaravam as organizações como

instrumentos racionais, sob uma visão tipicamente mecanicista, para coordenar

e controlar um grupo de pessoas.

Departamentos, hierarquias e, mais do que tudo, linhas de autoridade

construíam a visão que se tinha das organizações, incluindo a de seus próprios

trabalhadores. Mas, elas tendiam a ser muito mais do que isso, porque de modo

similar às pessoas, observou-se que elas possuíam sua própria personalidade,

com muitas variações: rígida, flexível, amigável e apoiadora, inovadora ou

conservadora (GOMES, 2010).

As organizações dependem das pessoas para atingir seus objetivos, e

é através da interação entre as pessoas que a compõem que esses objetivos são

definidos. Nesse sentido, as organizações são realidades sociais construídas de

forma compartilhada.

A estrutura organizacional, regras, políticas, objetivos,

missões, descrições de cargos e procedimentos

operacionais padronizados desempenham uma função

interpretativa... atuam como pontos primários de

referência para o modo pelo qual as pessoas pensam e dão

14

sentido aos contextos nos quais trabalham. (MORGAN,

1996, p.36).

Schein (2001) diz que a cultura pode ser observada como um

processo organizado e heterogêneo que é passado de uma geração para a outra,

tanto na sociedade como nas organizações. Todavia, o que é essencial à cultura

não é revelado de imediato aos novos membros, mas somente após participarem

dos círculos em que os valores são partilhados. Pode-se dizer, então, que toda

organização se insere em um espaço cultural e social que determina a sua

administração, recebendo influência do seu contexto cultural. Daí a necessidade

de se analisar tanto a cultura quanto os valores organizacionais difundidos

dentro dela.

Conforme Sour (1998 apud COSTA, 2010) são em número de quatro

os campos do saber para se analisar a cultura nas organizações: 1) o saber

ideológico, que se refere às evidências doutrinárias, não-demonstráveis,

retóricas; 2) o saber científico, que se refere ás evidências explicativas,

demonstráveis; 3) o saber artístico, que se refere às expressões estéticas; e 4) o

saber técnico, que se refere aos procedimentos, às regras operatórias, ou

melhor, ao “know-how”.

Diante desse cenário, a cultura organizacional pode ser

compreendida pelas normas e valores que auxiliam na interpretação dos eventos

e da avaliação do que é apropriado e inapropriado. A isso, acrescenta-se o

pensamento de que essas normas e valores podem ser ainda entendidos como

sistemas de controle capazes de atingir grande eficácia, pois levam a um alto

grau de conformação, da mesma maneira em que conferem elevada sensação de

autonomia.

A cultura expressa os valores e as crenças que os membros

desse grupo partilham. Tais valores manifestam-se por

meio de símbolos, como mitos, rituais, histórias, lendas e

15

uma linguagem especializada, orientando os indivíduos de

uma referida cultura na forma de pensar, agir e tomar

decisões. (PIRES & MACÊDO, 2006, p.84).

Ao concordar com Pires & Macedo (2006), as ideias de Fleury e

Fischer (1999) assinalam que a cultura é um conjunto de valores e pressupostos

básicos demonstrados em elementos simbólicos, que em sua capacidade de

ordenar, atribuindo significações e construindo a identidade organizacional,

atua tanto como elemento de comunicação e consenso, quanto oculta e

instrumentaliza as relações de dominação.

Há também um fator relevante na formação da cultura organizacional

a ser lembrado: para Fleury e Fischer (1999), a cultura organizacional equivale

ao modo de vida da empresa, considerando todos os seus aspectos e

representando, de fato, o conjunto de crenças e hábitos dos membros da

organização. Portanto, reflete a mentalidade de dirigentes e funcionários,

motivo pelo qual está diretamente ligada ao modelo de gestão das pessoas. “A

cultura organizacional consiste em padrões explícitos e implícitos de

comportamentos adquiridos e transmitidos ao longo do tempo que constituem

uma característica própria de cada empresa.” (CHIAVENATO, 2004, p.164).

16

1.3. Os Componentes da Cultura Organizacional

As principais funções da cultura organizacional, de acordo com

Schein (1982) são divididas em dois tipos de funções: externas e internas. A

primeira se volta à adaptação ao meio externo, enquanto que na segunda ocorre

a integração e organização interna. Para o autor, quando os gestores possuem o

conhecimento dessas funções e do universo cultural da organização uma

atuação mais efetiva pode ser exercida, realizando as transformações

organizacionais necessárias à sobrevivência e o desenvolvimento da mesma.

Lima & Alban (2002) argumentam que a cultura organizacional é o:

conjunto de valores, crenças e tecnologias que mantém

unidos os mais diferentes membros, de todos os escalões

hierárquicos, perante as dificuldades, operações do

cotidiano, metas e objetivos. Pode-se afirmar ainda que é a

cultura organizacional que produz junto aos mais

diferentes públicos, diante da sociedade e mercados o

conjunto de percepções, ícones, índices e símbolos que

chamamos de imagem corporativa. (LIMA & ALBAN,

2002, p.34).

As organizações inseridas dentro desse novo mundo que começa a se

delinear tendem cada vez mais a ampliar seu papel, deixando de serem somente

unidades de produção de bens e serviços para constituírem também espaços

sociais. Isto é, onde indivíduos e grupos possam realizar aprendizagens mais

significativas para o desenvolvimento dos seus potenciais e onde tenham

oportunidade de usar seus talentos em favor do próprio desenvolvimento e do

desenvolvimento da organização como um todo.

17

Segundo Chiavenato (2004), a cultura organizacional pode ser

dividida em dois níveis: visível e invisível. No nível visível estão os padrões e

estilos de comportamento dos empregados, e parece ser muito mais difícil de

mudar. E no nível invisível estão os valores compartilhados e crenças que

permanecem durante um longo período de tempo.

Mamede (2010) cita como indicadores da cultura organizacional:

Ø Iniciativa individual - Nível de responsabilidade, liberdade e

independência das pessoas.

Ø Direção - Clareza em relação aos objetivos e expectativas de

desempenho.

Ø Integração - Capacidade de as unidades trabalharem de maneira

coordenada.

Ø Identidade - Grau de identificação das pessoas com a organização

como um todo, mais que com seu grupo imediato ou colegas de profissão.

Ø Controle - Volume de regras e regulamentos, e de supervisão

direta que se usa para supervisionar e controlar o comportamento dos

empregados.

Ø Contatos gerenciais - Disposição dos gerentes para fornecer

comunicações claras, assistência e apoio aos subordinados.

Ø Sistema de recompensa - Associação entre recompensas e

desempenho.

Ø Tolerância ao risco - Nível de encorajamento da agressividade,

inovação e riscos.

Ø Tolerância ao conflito - Grau de abertura para a manifestação de

conflitos e críticas.

18

Ø Padrões de comunicação - Grau de restrição das comunicações aos

canais hierárquicos.

Portanto, a cultura organizacional pode ser determinada pelas normas

e valores que auxiliam a interpretar eventos e avaliar o que é apropriado e

inapropriado, e estes ainda podem ser apreendidos como sistemas de controle,

capazes de alcançar grande eficácia por levarem a um alto grau de conformação,

da mesma forma em que conferem elevada sensação de autonomia.

19

CAPÍTULO II

A CULTURA ORGANIZACIONAL, ASPECTOS

RELACIONADOS À MUDANÇA E À INSTITUIÇÃO

ESCOLAR

Este segundo capítulo trata da cultura organizacional relacionando-a

aos aspectos concernentes à mudança, mas voltados aos aspectos culturais da

instituição escolar.

Atualmente, não apenas a escola desenvolve a consciência da

mudança, porém a própria sociedade - globalizada e com a economia centrada

no conhecimento - cobra que ela o faça. A escola se encontra no centro de

atenções da sociedade por reconhecer que a educação constitui grande valor

estratégico para o seu desenvolvimento assim como condição relevante para a

qualidade de vida dos indivíduos.

2.1. Mudança Organizacional e Aspectos Culturais

O processo de mudança é uma passagem do presente para o futuro,

envolvendo forças positivas e negativas, as quais devem ser identificadas e

tratadas de forma adequada, pois são elas que permitem que a transformação se

efetive. Assim, a mudança significa a passagem de um estado para outro

20

diferente, constituindo-se na transição de uma situação para outra, que envolve

transformação, interrupção, perturbação e ruptura, dependendo da sua

intensidade.

Já é lugar comum afirmar que esta é uma época de mudança.

Contudo, a mudança mais significativa que se pode registrar é a do modo como

a realidade é vista e de como dela as pessoas participam, estabelecendo sua

construção.

No geral, em toda a sociedade, observa-se o

desenvolvimento da consciência de que o autoritarismo, a

centralização, a fragmentação, o conservadorismo e a

ótica do dividir para conquistar, do perde-ganha, estão

ultrapassados, por conduzirem ao desperdício, ao

imobilismo, ao ativismo inconseqüente, à

desresponsabilização por atos e seus resultados e, em

última instância, à estagnação social e ao fracasso de suas

instituições (LÜCK, 2000, p.12).

No caso das transformações culturais, sabe-se que essas são

complexas e demoradas, mas as tentativas de mudanças efetivas não acontecem

sem a real mudança da cultura, pois assim, invariavelmente, elas tropeçam,

demandando muito mais tempo ou falhando. Em contrapartida, as mudanças

quando bem conduzidas, provêm o contexto adequado para a condução da

estratégia da organização, possibilitando às pessoas menor carga psíquica e, por

conseguinte, menor sofrimento.

O fator comportamental parece ser crucial no processo de mudança,

já que se mostra como o condicionamento do comportamento das pessoas e a da

cultura da organização. E o seu resultado faz com que o sujeito venha a

apresentar diferentes atitudes frente às pessoas e ao sistema considerado.

21

De acordo com Stahl & Bounds (apud MAMEDE, 2010),

transformações organizacionais efetivas são, na realidade, transformações, já

que a mudança só será efetiva se os sistemas organizacionais mais

significativos se mantiverem alterados, mesmo que seus implantadores e

maiores defensores não estejam mais atuantes na organização. A transformação

estará, então, incorporada à nova cultura da corporação.

Schein (1982) cita que o processo de mudança em relação à cultura

envolve algumas fases:

a) A fase da percepção, que é o ponto de partida para qualquer

mudança e se relaciona ao momento de tomada de consciência de que algo não

vai bem ou não acontece conforme as expectativas das pessoas.

b) A fase da mudança de atitude - que se relaciona ao

descongelamento, ou seja, a pessoa muda e aceita com humildade o fato de não

saber tudo e de cometer erros, passando a adotar nova atitude e a compreender e

aceitar os comportamentos nos outros.

c) A mudança de comportamento - que é a fase que se concretiza

com a implementação de ações, implica na externalização sustentada de algo

que já foi decidido, aprendido ou realizado.

d) A fase de fixação do novo comportamento - é aquela que diz

respeito à habilidade de aprender a aprender, ou seja, quando a pessoa perde o

medo de mudar.

De acordo com Motta, 2001 (apud TRES, 2010, p.2404), “mudar é

confrontar a organização com novas perspectivas, iniciativas e modelos mentais

(paradigmas); usar o pensamento sistêmico e desenvolver o aprendizado

colaborativo entre pessoas de capacidade equivalente”.

Todavia, embora haja a importância do reconhecimento do processo

de mudança para a sobrevivência de qualquer organização, elas podem vir a

causar os mais variados tipos de reação dos sujeitos organizacionais. Reações

22

que podem variar desde a adesão imediata à proposta de mudança até à

completa resistência. E são muitos os determinantes dessas diferentes reações: o

fato da mudança alterar o poder e a hierarquia organizacional; questões

relacionadas ao indivíduo, por exemplo, o requerimento de novas competências

para o trabalho; ou, até mesmo, a alteração no próprio modo de se encarar o

trabalho (BRESSAN, 2004).

Chiavenato (2004) acredita que muitos esforços de mudança

fracassam porque, na maioria das vezes, as pessoas são desfavoráveis ou inábeis

para mudar atitudes ou comportamentos que já estão há longo tempo

estabelecidos. Isso quer dizer que existem pessoas que não aceitam a mudança

por motivos pessoais ou grupais, ou elas ainda não sabem incorporar a mudança

por não poderem ou, simplesmente, por não saber fazê-lo.

Geralmente, a resistência é uma das reações mais frequentes à

mudança organizacional. Segundo Motta (1999 apud BRESSAN, 2004, p.7), “A

mudança é um ônus, pois requer que a pessoa reveja sua maneira de pensar,

agir, comunicar, se interrelacionar e criar significados para a sua própria vida”.

Assim, a resistência à mudança, pode acontecer de forma individual

ou organizacional. A mudança no âmbito do indivíduo se refere às suas

características subjetivas e pessoais, abarcando aspectos como: hábitos,

necessidades, características de personalidade, inseguranças, grau de

conhecimento e questões econômicas. E a resistência organizacional se volta

aos aspectos globais, abrangendo a organização como um todo, relacionando-se

à inércia estrutural e do grupo, ao foco restrito da mudança – por exemplo,

mudanças apenas em um setor - e às percepções de ameaça advindas da

mudança.

(...) a estabilidade é conhecida, não traz surpresas, não

ameaça. A mudança traz o inesperado, a surpresa, o

desafio, o movimento. Mesmo quando a expectativa da

mudança é favorável, quem nos garante, a priori, que ela

23

seguirá os caminhos traçados? Daí a angústia, o medo e a

fuga. (PEREIRA, 1995 apud BRESSAN, 2004, p.7).

O modelo sequencial do processo de mudança para Chiavenato

(2004) se compõe três fases, tomando como base a Teoria do Campo de Forças,

que são: o descongelamento, a mudança e o recongelamento. A primeira fase, a

do descongelamento, ocorre quando a necessidade de mudança se torna evidente

para que possa ser rapidamente entendida e aceita.

A segunda fase, a da mudança, ocorre quando há descoberta e adoção

de novas atitudes, valores e comportamentos, promovidos com a ajuda de

processos de identificação e internalização, ou seja, nesta fase as novas ideias e

práticas são aprendidas de maneira que as pessoas começam a pensar e a

executar de forma diferente. E a fase do recongelamento se refere à

incorporação do novo padrão de comportamento, utilizando-se de mecanismos

de suporte e de reforço, de modo que ele se torne a nova norma, significando

que o aprendido foi integrado à prática.

24

2.2. Os Elementos Essenciais da Cultura de uma Escola e a

Importância das Mudanças

Quanto à instituição escolar, assim como as demais organizações,

esta sofre influências externas, de ordem diversa, determinando a cultura

organizacional. Penin & Vieira (2002 apud TRES, 2010) afirmam que as

mudanças culturais sofridas na escola se relacionam aos momentos históricos

que a sociedade vive. Segundo eles, “sempre que a sociedade defronta-se com

mudanças significativas em suas bases sociais e tecnológicas, novas atribuições

são exigidas à escola” (PENIN; VIEIRA, 2002 apud TRES, 2010, p.2403).

Tudo isso faz com que se entenda que a escola deve estar sempre

atenta aos interesses da sociedade atual, devendo assumir as características de

uma instituição que responda às exigências geradas por esses fatores.

As mudanças no contexto sociopolítico que penetram e

permeiam o cotidiano escolar se articulam com as

mudanças ocorridas no próprio modo de produção

capitalista na contemporaneidade. O sistema de automação

influencia o modelo de produção das indústrias, com

implicações em diferentes instituições dos diversos

campos sociais, inclusive da escola. (...) Desse modo, a

participação é afirmada como um meio de se ter um bom

crescimento da empresa, possibilitando a solução de

problemas. (SILVA, 2010, p.1-2).

A escola deve ser um espaço de livre articulação de ideias, devendo-

se comportar como uma instituição que busca a socialização do saber, da

ciência, da técnica e das artes produzidas socialmente, comprometendo-se

politicamente, e sendo capaz de interpretar as carências que a sociedade revela,

25

para, assim, direcionar essas necessidades aos princípios educativos que

consigam responder as demandas sociais. No entanto, tal socialização demanda

uma gestão democrática e participativa, focando tanto as soluções de problemas

quanto a tomada de decisões que irão influenciar diretamente a escola (PAULA,

R. L.; SCHNECKENBERG, 2008).

De acordo com Paro (1997, p.17), “cabe aos profissionais da

educação fazerem valer o seu papel de educador, dando ênfase a um ensino

mais democrático, com diálogos abertos, com informações que provoquem

reflexões a respeito dos fatos sociais existentes”. Daí a relevância de se

trabalhar sempre com o concreto, estimulando o educando a criar situações

dentro de um processo democrático, porém, não se esquecendo da necessidade

da prévia reflexão a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade

apresenta para a ação.

A realidade pode ser mudada só porque e só na medida em

que nós mesmos a produzimos, e na medida em que

saibamos que é produzida por nós. Tal compreensão é o

fundamento da gestão democrática, que pressupõe a idéia

de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas,

analisando situações, decidindo sobre o seu

encaminhamento e agindo sobre elas, em conjunto. Desse

trabalho compartilhado, orientado por uma vontade

coletiva, cria-se um processo de construção de uma escola

competente compromissada com a sociedade. (KOSIK

apud LÜCK, 2000, p.27).

Portanto, as mudanças que vêm acontecendo no seio da sociedade,

sobretudo, na última década, devem levar à reflexão acerca do real papel das

instituições de ensino no processo de socialização dos indivíduos. E isso remete

a se pensar de que modo a instituição escolar vem contribuindo na preparação

dos educandos para o enfrentamento dos desafios que lhes são impostos

26

cotidianamente, sejam nas relações profissionais ou pessoais. Assim, tal

questão deve reportar a sociedade à escola em si, focando-se no modo como

esta instituição tem conduzindo seus processos internos, suas relações internas,

o modelo de gestão adotado, e, de maneira especial, no papel do gestor escolar

nesse contexto.

27

CAPÍTULO III

O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR FRENTE ÀS

INOVAÇÕES E MUDANÇAS

No capítulo 3 o enfoque é dado ao papel do gestor escolar frente às

já citadas inovações e mudanças, apontando, assim, a importância da liderança

e da implantação do processo de mudança e da gestão inovadora na escola.

A gestão escolar constitui uma dimensão importantíssima da

educação, pois por meio dela pode-se observar a instituição escolar e os

problemas educacionais globalmente, e, ainda, se busca abranger, por meio da

visão estratégica e de conjunto, como também pelas ações interligadas, tal como

uma rede, os problemas que, de fato, funcionam de modo interdependente.

3.1. Aspectos Relacionados à Liderança

Líderes surgem em quase todas as sociedades e organizações, sejam

grandes ou pequenas, simples ou complexas, em todos os períodos históricos e

em todas as partes do mundo. O termo “liderança” já vem sendo utilizado na

língua inglesa há aproximadamente duzentos anos, acreditando-se que ele tenha

aparecido por volta do ano 1.300 d.C (CESPEDES, 2005).

28

A liderança é um conceito escorregadio e ilusório, que

deixa perplexos mesmo os cientistas sociais. Após estudar

mais de 3.000 livros e artigos sobre liderança, escrito ao

longo dos últimos quarenta anos, certo pesquisador

concluiu que não se sabe muito mais a respeito desses

assuntos hoje em dia do que se sabia quando toda a

confusão teve início (CLEMENS, J.K & MAYER, D.F,

1989 apud CESPEDES, 2005, p.10).

A questão da liderança veio à tona desde a percepção do surgimento

de líderes, e isso data da época em que os homens, procurando segurança,

trocavam sua liberdade de viver só por viver em grupo, formando o que se

conhece hoje como sociedade. A preocupação com a liderança é tão antiga

quanto à história escrita, sendo um exemplo a obra de Platão chamada A

República, o qual relata a adequada educação e treinamento dos líderes

políticos, assim como da grande parte dos filósofos, que, naquela época,

procuraram lidar com esse problema (FIEDLER apud CESPEDES, 2005).

Portanto, a liderança tem se constituído como uma particular

preocupação nas democracias, nas quais, por definição, não se pode repousar

sobre uma ocorrência acidental, tendo em vista a procura de líderes. Pode-se

observar que onde existe aristocracia hereditária, cada homem é potencialmente

um líder, e a sociedade tem que conseguir ainda identificar e treinar

adequadamente aquele homem que será capaz de conduzir suas instituições.

A palavra liderança apresenta forte apelo para aqueles que dirigem e

para aqueles que são dirigidos, e, assim, refletem, aparentemente, diferentes

conceitos para diferentes pessoas. Moro e Denardin (2006) ainda completam

essa ideia dizendo que:

desde que o mundo é mundo os líderes existem. Nos

vários tipos de sociedade, o líder tem papel fundamental,

29

seja para conduzir uma nação ou para seus seguidores

espelharem-se. Entre os animais, o líder é escolhido

conforme as necessidades de cada espécie, que pode ser

através da força ou não. Nas sociedades primitivas, o

líder, geralmente, o mais velho do grupo, é o detentor do

conhecimento e tem a responsabilidade de transmitir às

próximas gerações (PAIVA; Miranda, 2003 apud MORO;

DENARDIN, 2006, p.3).

A liderança deve incluir não somente a presença e o espírito do

indivíduo que comanda, mas também, o relacionamento que ela forma com as

pessoas chefiadas. O líder do atual milênio deve compreender sistemas, caso ele

pretende gerenciar de forma adequada suas tomadas de decisão. A partir dessa

abordagem, fica certo que a liderança empresarial distingue-se do cargo, sendo

tanto o acúmulo de ‘atributos’ pessoais (firmeza, carisma, perseverança, visão

etc.) quanto uma ‘arte’, isto é, uma habilidade pessoal de convencer que algo

pode ser almejado e empreendido (SCHOLTES, 1999).

Davel e Machado (2001), ao argumentar sobre os relacionamentos

entre líder e liderados, concluem que a liderança é, sobretudo, um

relacionamento, um processo mútuo de ligação entre líder e seguidor. Tal

processo envolve um relacionamento de influência em duplo sentido, orientado

principalmente para o atendimento de objetivos e expectativas mútuas.

Nesses termos, não se poderia dizer que a liderança fica apenas a

cargo do líder. O processo de influência não está unicamente assegurado pela

vontade do líder, mas, pela conjunção desta vontade com as imagens, desejos e

crenças compartilhados pelo grupo, ou seja, de sua cultura.

30

3.2. Liderança e Implantação do Processo de Mudança

Na apreciação de Kisil (1998 apud TRES, 2010, p.2405) “um dos

grandes marcos do mundo contemporâneo é o fenômeno da mudança”. A partir

dessa assertiva, torna-se, cada vez mais, notória a necessidade de investimentos

no aumento da capacidade de criação e de inovação da escola. Entretanto, como

já exposto neste estudo, na maioria dos casos, o processo de mudança na cultura

de uma organização pode vir a gerar resistência.

Nesse sentido, na instituição escolar cabe ao gestor fazer com que

essa resistência seja vencida de forma construtiva, não impondo o novo modelo,

porém promovendo o comprometimento de todos os atores para que a mudança

seja adotada e cultivada. Mas, antes de tudo, deve-se lembrar que para a

implantação de mudanças significativas, as quais possibilitem, principalmente,

a elevação do padrão da escola e a busca do efetivo espaço democrático e

participativo, o gestor escolar deve estimular uma mudança radical na atitude

das pessoas inseridas no mencionado espaço.

O conceito de gestão deve conter a concepção de coordenação e de

participação. Para Pazeto (2000 apud SILVA, 2010), a participação constitui

um dos componentes indispensáveis da gestão, e o autor complementa

afirmando que a participação:

articularmente quando ela é fruto do quadro de atores,

quando ela é da sua atuação responsável. A diversidade de

formas de participação e a intensidade com a qual ela é

exercida correspondem ao grau de identificação e de

comprometimento dos integrantes com a missão e com o

projeto da instituição. A solidariedade, a reciprocidade e o

compromisso são valores que justificam a participação no

processo de gestão. (PAZETO, 2000 apud SILVA, 2010,

p.2).

31

O propósito do gestor deve ser fazer com que os profissionais da

escola comecem a encarar a inovação como um desafio, estimuladas pela

motivação pessoal e, então, se tornem aptos a prosseguir ir além dos seus

próprios limites. Assim, a atitude das pessoas que trabalham na escola deve ser

analisada pelo gestor para que seja diagnosticado o grau de interesse

profissional com a instituição a qual fazem parte e a partir daí haja a

intervenção que aprofunde o nível de envolvimento desses profissionais com as

questões pedagógicas e administrativas da instituição.

O gestor escolar deve atuar como líder, ou seja, formar

pessoas para acompanhá-lo em suas tarefas e prepará-las

para serem abertas às transformações. Isso requer um

constante aprendizado. Sendo assim, os gestores devem

conscientizar-se de que seu papel na escola de hoje é

muito mais de um líder que de um burocrata. Espera-se

dele que assuma a direção como um membro ativo da

comunidade escolar. (SANTOS, 2002 apud TRES, 2010,

p.3).

De acordo com Lück et al (2002, p. 35), a liderança é: “a dedicação,

a visão, os valores e a integridade que inspira os outros a trabalharem

conjuntamente para atingir metas coletivas”. Assim sendo, uma liderança eficaz

é observada como a capacidade de conseguir influenciar positivamente os

grupos e de inspirá-los a se unirem em ações comuns coordenadas. Isso reforça

a necessidade de um gestor/líder para que todos sejam participantes da gestão

da escola.

A liderança é uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida e

exercida a cada dia. O gestor escolar deve agir como líder, pensando no

progresso de todos que fazem parte de sua equipe. Isso implica em dizer que um

gestor que atua como líder tem a capacidade de desenvolver o potencial de

32

trabalho de toda sua equipe, fazendo com que essa equipe consiga transformar e

realizar efetivamente todos os projetos desenvolvidos pela escola.

Qualquer gestor deve levar em consideração que cada tipo de

organização apresenta características próprias, pois cada uma delas busca

alcançar os seus objetivos propostos. Sob tal perspectiva, o gestor escolar deve

se apresentar como um líder que trabalha para desenvolver uma equipe que se

compõem de pessoas que unidas serão responsáveis para garantir o sucesso da

escola. E o gestor escolar deve lembrar de que sua equipe não se limita:

a alunos, professores e demais funcionários internos da

instituição. A equipe escolar é composta também pelos

pais dos alunos e por toda a comunidade de forma geral,

que deve ser mobilizada para que juntos possam promover

o principal objetivo de toda equipe escolar: a

aprendizagem dos alunos (ARMELIN, 2008, p.2).

Vale ressaltar que o maior objetivo de uma instituição escolar deve

focar o sucesso de seus aprendizes no processo de ensino-aprendizagem,

viabilizando-o ao longo de sua trajetória. Todavia, a reflexão sobre o princípio

educativo só é possível com a compreensão de seu processo de desenvolvimento

e aprendizagem, não é possível compreender esses aspectos desarticulados, pois

eles adquirem significados pela forma como se produzem na sociedade,

estabelecendo relações que determinam e que são determinadas.

O sentido de educação e de escola se torna mais complexo

e requer cuidados especiais. O aluno não aprende apenas

na sala de aula, mas na escola como um todo: pela maneira

como a mesma é organizada e como funciona; pelas ações

globais que promove; pelo modo como as pessoas nela se

relacionam e como a escola se relaciona com a

comunidade, pela atitude expressa em relação às pessoas,

33

aos problemas educacionais e sociais, pelo modo como

nela se trabalha, dentre outros aspectos (LÜCK et al,

2002, p.8).

Para Armelin (2010), quando a escola viabiliza o sucesso escolar de

seus alunos tem nesse fator sua maior propaganda de marketing, visto que

justamente por se sentirem satisfeitos com o sucesso escolar de seus filhos, os

pais se empenharão mais em cooperar com o desenvolvimento das atividades

escolares, projetos e até mesmo na divulgação do nome da instituição de ensino.

A Escola precisa ser interessante à sua clientela, cativá-la,

ser referencial e seus colaboradores devem ser capacitados

e conscientes do papel de “transformadores de cidadãos”,

devem repensar suas práticas, reformularem seu

planejamento visando facilitar o processo de ensino e

aprendizagem dos alunos e para então se empenharem em

elevar o nível intelectual da escola (LOPES, 2010, p.3).

Assim, o sucesso da aprendizagem exerce um papel relevante para o

ser humano, como indivíduo e como espécie, em todas as culturas. É um

processo altamente complexo, em que toda a sociedade, praticamente, contribui

para o seu êxito através de suas forças mais expressivas: a família, a instituição

escolar e a solidariedade do meio social, no sentido mais amplo da palavra.

34

3.3. Gestão Inovadora na Instituição Escolar

Pode-se perceber que o principal destaque da liderança é o papel de

ensino, visto que gestor/líder deve auxiliar a desenvolver as habilidades dos

outros participantes, para que compartilhem a gestão na unidade.

As escolas atuais necessitam de líderes capazes de

trabalhar e facilitar a resolução de problemas em grupo,

capazes de trabalhar junto com professores e colegas,

ajudando-os a identificar suas necessidades de capacitação

e a adquirir as habilidades necessárias (LÜCK et al, 2002,

p. 34).

Segundo Glatter (1992 apud TRES, 2010, p.2405) o processo de

mudança se divide em três fases: 1) iniciação; 2) implementação e 3)

institucionalização. Na primeira, a iniciação, deve haver a introdução de novas

idéias e práticas e procurar o apoio institucional; na implementação deve haver

a operacionalização das idéias; e na outra, a institucionalização (ou

estabilização) deve se constituí-las em normas e rotinas, para que se tornem

parte integrante do cotidiano escolar.

Segundo Santos (2002 apud TRES, 2010), na implantação de um

processo de mudança na instituição o gestor necessita elaborar um planejamento

participativo que tenha como propósito alcançar os seguintes aspectos:

responder às transformações impostas pela sociedade;

compreender que a comunidade escolar é o foco dessas

mudanças; motivar os profissionais para atingirem os

objetivos da organização escolar; desenvolver uma cultura

organizacional de desafio constante; realizar reuniões

periódicas com a equipe escolar para discutir propostas de

35

mudanças estratégicas na organização e apresentar os

benefícios que todos poderão tirar disso. (SANTOS, 2002

apud TRES, 2010, p. 2405).

“O conceito de gestão participativa envolve, além dos professores e

outros funcionários, os pais, os alunos e qualquer representante da comunidade

que esteja interessado na escola e na melhoria do processo pedagógico” (LÜCK

et al, 2002, p. 15). Isto é, trata-se do retrato do envolvimento de pessoas

interessadas nas questões da instituição escolar bem como no seu processo de

tomada de decisões.

Tudo isso envolve uma atuação democrática do gestor, ao opinar e

propor medidas que se disponham ao aprimoramento dos trabalhos escolares, ao

sucesso da instituição, além do exercício da sua liderança administrativa e

pedagógica, ou seja, suas atitudes devem ser executadas com vistas à

valorização e ao desenvolvimento de todos os componentes na escola.

Frente às inovações e mudanças o gestor deve ter sempre em mente

que para a condução de sua equipe deve haver um propósito a ser concretizado

e uma estratégia de ação para a conquista dos objetivos. Para Armelin (2008,

p.1) “esse é o ponto de partida para que as ações da equipe escolar sejam bem

sucedidas e quando uma de suas estratégias falha, o gestor educacional

incentiva sua equipe a descobrir o que é necessário fazer para dar um passo a

diante”.

Outro fator fundamental a ser lembrado sobre o gestor é a habilidade

que este profissional de ter em gerenciar conflitos, já que toda instituição

escolar, assim como qualquer outra instituição, muitas vezes, se depara com

conflitos que podem incidir entre os membros da equipe. Cada sujeito possui

características individuais, e os conflitos podem ser ocasionados por fatores

externos ou internos ao ambiente de trabalho.

36

Em contrapartida, é necessário que o gestor acredite no potencial que

cada indivíduo possui, mesmo que esse potencial ainda precise ser

desenvolvido. E, também, ouvir o que os participantes têm a dizer é essencial

quando se pratica a liderança porque parece ser impossível para um líder gestor

desenvolver trabalhos e conquistar sozinho as metas estipuladas. A visão de

cada integrante da equipe é totalmente relevante para a conquista de objetivos

em comum. “O trabalho em equipe, as opiniões diferenciadas e o pensamento

individual de cada um são fundamentais para que se construa o sucesso

coletivo” (ARMELIN, 2008, p.4).

O papel do gestor neste contexto deve ser o de coordenação e de

direção de todas as ações dos profissionais que constituem o sistema escolar,

sempre os alertando em face de o processo de mudança no mundo globalizado, e

possibilitando situações favoráveis para que eles consigam bons desempenhos

nas atividades realizadas a partir dessa realidade educacional.

É um grande desafio para o gestor escolar atuar como líder

e desenvolver formas de organização inovadoras,

empreendedoras e participativas, mas isso é indispensável.

Sendo assim, o gestor para liderar as mudanças e

implantá-las deve ter a consciência da existência de riscos

para que assim possa evitar possíveis erros, por meio de

um planejamento bem elaborado e participativo. (TRES,

2010, p.2404).

O papel do gestor escolar não deve requerer apenas a execução de

decisões, mas sim de preparação de condições, de estímulos, da instituição para

as mudanças que advirem ao longo do processo administrativo. Deve-se lembrar

que a função administrativa se constituiu em uma função comum a todas as

organizações e demanda pessoas bem preparadas para exercê-la.

37

Com efeito, para o sucesso da organização, considera-se relevante

que a gestão da escola busque a participação de todos (coordenadores,

professores, técnico-administrativos, serviços gerais) para uma melhor

implantação dos objetivos almejados. Logo, é necessário que a organização

escolar possua uma gestão participativa, pois a principal alternativa para que a

escola se transforme em um ambiente de crescimento contínuo e integrado é a

participação e o comprometimento de todos (LIBÂNEO, 2001). No entanto, não

basta apenas a tomada de decisões, mas é preciso que elas sejam postas em

prática.

38

CONCLUSÃO

Esta monografia teve como propósito central trazer à tona quais

deveriam ser os olhares, as ações desenvolvidas e as necessidades do gestor

escolar frente às inovações e mudanças nas escolas brasileiras, identificando os

motivos que levam à formação da cultura organizacional de uma escola.

Em primeiro lugar, vale ressaltar que as diversas transformações que

vêm acontecendo na sociedade, sobretudo, na última década - com as

informações cada vez mais rápidas fruto de uma tecnologia cada dia mais

avançada -, faz refletir sobre o papel das instituições de ensino no processo de

socialização dos aprendizes e na contribuição da sua preparação para o

enfrentamento dos desafios que lhes são impostos no cotidiano, tanto nas

relações profissionais quanto pessoais. E quando se pensa sobre esta questão, a

administração da escola aparece como a figura-chave, focando-se no modo

como esta instituição vem conduzindo seus processos internos, nas relações que

dentro dela acontecem, no modelo de gestão adotado e, principalmente, na

figura do gestor escolar.

Desse modo, em resposta a problemática lançada na introdução,

pôde-se constatar que a gestão escolar deveria se empenhar ao máximo para a

promoção de uma gestão participativa para a inovação do ambiente escolar em

todos os aspectos. Compete a essa gestão sustentar e dinamizar a cultura da

escola, de maneira que esta seja orientada para mudança voltada a resultados

satisfatórios, utilizando-se de ações conjuntas, associadas e articuladas.

Para tanto, o papel do gestor não deve se resumir no cumprimento -

ou em fazer cumprir - as leis e regulamentos, decisões ou prazos para o

39

desenvolvimento dos trabalhos na instituição escolar, ou ainda na transmissão à

sua equipe da estratégia a ser adotada no desenvolvimento dessas atividades.

O verdadeiro papel do gestor escolar, cujo exercício se consiste de

importantes atribuições, deve ser de um líder que promove um clima de

transformação de atitudes e estimula a sua equipe de profissionais para o

seguirem rumo a um caminho eficaz para a concretização de uma escola

reflexiva. Afinal mudar a escola denota mudar as pessoas que a formam, ou

seja, a sua cultura organizacional.

Em suma, o gestor para implantar um efetivo processo de mudança

na escola precisa conseguir responder às transformações impostas pela

sociedade atual, motivando seus integrantes a desenvolver uma cultura

organizacional de desafio constante, visando, mais do que tudo, à valorização

de uma cultura aberta às mudanças, e, portanto, que torna a escola uma

instituição forte e longe de dificuldades.

40

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43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ........................................................................................ 02

AGRADECIMENTO ....................................................................................... 03

DEDICATÓRIA .............................................................................................. 04

RESUMO ........................................................................................................ 06

METODOLOGIA ............................................................................................ 07

SUMÁRIO ...................................................................................................... 08

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 09

CAPÍTULO I - CULTURA ORGANIZACIONAL ............................................ 11

1.1. O Que é Cultura Organizacional? .............................................................. 11

1.2. A Criação e o Desenvolvimento da Cultura Organizacional ....................... 13

1.3. Os Componentes da Cultura Organizacional .............................................. 16

CAPÍTULO II - A CULTURA ORGANIZACIONAL, ASPECTOS

RELACIONADOS À MUDANÇA E À INSTITUIÇÃO ESCOLAR .................. 19

2.1. Mudança Organizacional e Aspectos Culturais .......................................... 19

2.2 Os Elementos Essenciais da Cultura de uma Escola e a Importância das

Mudanças ........................................................................................................ 24

CAPÍTULO III - O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR FRENTE ÀS

INOVAÇÕES E MUDANÇAS ......................................................................... 27

3.1. Aspectos Relacionados à Liderança .......................................................... 27

3.2. Liderança e Implantação do Processo de Mudança .................................... 30

44

3.3. Gestão Inovadora na Instituição Escolar ................................................... 34

CONCLUSÃO ................................................................................................. 38

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 40

ÍNDICE .......................................................................................................... 43