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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA FORMAÇÃO DE PROFESSORES FACE ÀS NOVAS TENDÊNCIAS EDUCACIONAIS: A importância das novas tecnologias de informação e comunicação(TICs) nas salas de aula Por: Lavinia Magalhães Ianni Orientadora Prof.ª Marta Relvas Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES FACE ÀS NOVAS

TENDÊNCIAS EDUCACIONAIS: A importância das novas

tecnologias de informação e comunicação(TICs) nas salas de aula

Por: Lavinia Magalhães Ianni

Orientadora

Prof.ª Marta Relvas

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES FACE ÀS NOVAS

TENDÊNCIAS EDUCACIONAIS: A importância das novas

tecnologias de informação e comunicação(TICs) nas salas de aula

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Tecnologia Educacional.

Por: Lavinia Magalhães Ianni

AGRADECIMENTOS

A meus pais, Denise e Luigi Ianni, e ao

meu namorado, Weder Corrêa, que

acompanharam cada passo da construção

deste trabalho. A vocês meus sinceros

agradecimentos, muito obrigada!

DEDICATÓRIA

... Dedico esta pesquisa a todos

aqueles (as) que fomentam a mudança

da escola com vistas a torná-la mais

participativa, democrática, enfim, mais

viva.

RESUMO

A pesquisa enseja fomentar a reflexão sobre as práticas docentes no que tange a

educação significativa e/ou participativa. Ou seja, analisar a cultura escolar com

vistas de (re)significar o trabalho docente e buscar romper com uma educação

conservadora em que consiste na mera reprodução de conteúdos ao invés da

compreensão dos fenômenos. Diante destes impasses apresenta-se, também, o

avanço tecnológico cada vez mais sofisticado e acessível aos indivíduos na

sociedade vigente, a pós- moderna. Nessa perspectiva, a escola não deve ou

deveria relegar a importância de se pensar nas tecnologias aplicadas à educação,

pois não acompanhar as práticas sociais, que se constituem e reconstroem no

conflito de interesses interpostos na sociedade, significa um retrocesso na educação

brasileira.

Palavras-chave Educação, Novas Tecnologias,Tecnologia Educacional, Educação on-line e TICs.

METODOLOGIA

O trabalho, Formação de professores face às novas tendências educacionais:

a importância das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) nas salas

de aula, foi realizado por meio do método de revisão bibliográfica. A escolha por

esse método ocorreu por se acreditar que através da exploração temática conseguir-

se-á refletir as práticas educativas vigentes com o intuito de se (re) pensar um novo

paradigma educacional _ que atenda as reais necessidades da Educação atual.

O primeiro capítulo se propõe a trazer as concepções iniciais sobre o que são e

as características principais das tecnologias educativas e a que tipo de educação

esta pesquisa almeja vislumbrar como sendo o novo paradigma educacional. Para

atingir aos objetivos propostos foram usados autores como: Martha Gabriel (2013),

Pierre Levy (1993), José Manuel Moran (2010), Adorno (1995), Seymourt Papert

(1996) e Greg Kearsley (2012).

O segundo capítulo já traz a elucidação histórica dos termos “mídia” e

“educação” com Maria Luiza Belloni (2009) e sobre a importância de se construir

uma relação eficaz entre os meios de comunicação e a educação com Nelson Pretto

(2013).

Por fim, o terceiro capítulo aborda alguns dos principais impasses para se

consolidar uma educação com base nas novas tecnologias e algumas ferramentas

de tecnologias educativas com possíveis usos para a Educação.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................8

CAPÍTULO I - O que se entende por TICs na Educação: conceitos preliminares da

Educação On-Line......................................................................................................10

CAPÍTULO II - Educomunicação, Mídia & Educação.................................................21

CAPÍTULO III - Quais são os impasses enfrentados pelos docentes para o

desenvolvimento de uma rede colaborativa nas salas de aula? ...............................31

CONCLUSÃO.............................................................................................................42

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................43

ÍNDICE.......................................................................................................................44

8

INTRODUÇÃO

A sociedade vigente, a pós-moderna, se caracteriza, sobretudo, pela inovação

tecnológica e, consequentemente, a disseminação de informações a passos largos.

Os avanços, em particular, os da Internet tem modificado a forma de pensar, ser,

agir,..., em suma, as interações humanas.

Da oralidade à escrita, da internet discada à banda larga, da Web 1.0 à Web

2.0,..., dentre as demais modificações estas merecem destaque por conferir,

principalmente, rapidez aos acessos e registros dos mesmos, e, em relação a

passagem para a Web 2.0, ela é responsável por permitir que os indivíduos não só

consumam informações mas também as editem, compartilhem e as produzam.

Contudo, diante deste emaranhado de informações disponíveis é necessário

saber navegar na internet com qualidade. As informações estão na rede, mas o

simples fato delas estarem disponíveis não se traduz automaticamente em qualidade

de pesquisa realizada pelos usuários, por isso o professor ser o mediador do

conhecimento e se falar em alfabetização digital.

Apesar da importância da tecnologia como aliada pedagógica muitos

professores ainda resistem ao seu uso por diversos motivos (não possuir

conhecimentos técnicos, vê a tecnologia como ameaça ao seu trabalho docente, a

imprevisibilidade de resultados, a pressão por resultados institucionais, dentre outros

fatores) ou ainda os usam inadequadamente conforme advertiu MORAN(2000): "ela

(a tecnologia) pode ser apenas a extensão de um modelo tradicional". Pierre

Levy(1993) em seu livro, As Tecnologias da Inteligência, ao mencionar o caso da

informática escolar na França nos anos 80 também já havia nos advertido para o

fato de que não adianta introduzir computadores se não há clareza de como usá-los

para o aprendizado.

A tecnologia não deve ser um mero recurso, substituição de tecnologias

perpetuando o mesmo propósito, a educação tradicional; mas uma ferramenta

educacional possibilitadora da interação humana, de uma educação colaborativa.

Características essas que temos notado como algo presente na vida social de

9

“nossas crianças”, dos alunos de modo geral, e que a escola ainda não as aderiu

para o seu contexto: compartilhar, curtir, comentar,... Aprender dentre e fora da sala

de aula não seria algo maravilhoso? Seria medo incabível de destituir a escola como

o local no qual se aprende as “coisas importantes” que os impedem de inserir-seno

novo contexto social?

Formação de professores face às novas tendências educacionais: A

importância das novas Tecnologias de Informação e Comunicação(TICs) nas salas

de aula não se propõem fornecer uma “cartilha” (no sentido pejorativo do termo) aos

docentes, mas a fomentar nos professores o interesse em buscar inovar suas

práticas, a usar meros recursos digitais que auxiliem os educandos no objetivo

comum existente entre as partes: o aprendizado. Este é um trabalho ainda um tanto

quanto incipiente no que tange a quantidade de estudos realizados nesta área, mas

tem como intuito debater as principais problemáticas que assolam a escola

“moderna”, ou melhor, a escola atual.

Neste viés, esta pesquisa se debruça a demonstrar de modo claro e objetivo o

que refere um estudo baseado em tecnologias digitais; além de suscitar reflexões

nos professores, tais como: Por que perpetuamos a forma escolar de décadas atrás

se os alunos não são mais os mesmos? Até que ponto introduzimos técnicas

escolares sem analisar a sua aplicabilidade em determinado contexto? Estamos

promovendo uma educação, de fato, libertadora ou continuamos a perpetuar o velho

dilema: transmissor (professor) x receptor (aluno). Estamos nos empenhando em

tentar fazer o melhor para a educação dos alunos ou nos ancoramos em discursos

que nos acomodam a permanecer no “status quo”?

10

Capítulo I: O que se entende por TICs na Educação: conceitos

preliminares da Educação On-Line.

Este capítulo tem por proposta inicial discutir acerca do que representa ensinar

e aprender na atualidade e, em vistas disso, quais elementos se configuram como

fundamentais nesse processo, em que o uso das novas tecnologias aparecem

constantemente nas salas de aula, quer seja por parte dos alunos ou professores.

Por isto, se falar em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e/ou em

tecnologias educativas em prol dos interesses educacionais. Nos dias atuais é

impossível não conceber a revolução que a Internet instaurou na sociedade, a

Revolução Digital; ela está em toda parte _nos mobiles, tablets, notebooks, Ipad,

Iphone, dentre outros aparatos tecnológicos_ sem que haja a perfeita clareza de

todas as suas potencialidades. Portanto, segundo MARTHA GABRIEL (2013, p.4) a

grande necessidade agora é: “entender como usar todo esse aparato digital para

vivermos melhor, produzirmos mais, nos relacionarmos de forma mais interessante e

eficiente e como aprender e educar de forma mais adequada”.

Para que se possa compreender o que representa uma mudança histórica e,

consequentemente, compreender melhor a conjectura atual pela qual os indivíduos

estão vivenciando na sociedade vigente é necessário se fazer algumas elucidações,

no caso, o objeto de estudo em análise será a questão do conhecimento. Pierre

Lévy (1993, p.10) faz uma elucidação histórica a essa temática ao dizer "Vivemos

hoje uma redistribuição da configuração do saber que havia se estabilizado no

século XVII com a generalização da impressão.", ele está se referindo, sobretudo, as

mudanças das práticas sociais. Visto que, os valores sociais se modificam

consoante a disputa de interesses entre os sujeitos sociais.

Nesse sentido, a educação não pode ser concebida como estática, mas sim

como algo plural. Assim, não podemos falar em metodologia educativa e sim

metodologias educativas e em diversas formas de aprendizagem. A grande questão,

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portanto, é tentar entender como os indivíduos aprendem e em fazer a melhor

escolha possível de estratégias educativas de acordo com o contexto em questão.

No entanto, para MORAN (2010) as escolas não objetivam educar os

indivíduos, mas sim em ensinar. Para José Manuel Moran (2000), ensino é diferente

de educação, pois o ensino se remete ao aprendizado de conteúdos enquanto a

educação vai além do aprendizado de conteúdos, o conhecimento para a vida.

Segundo suas palavras:

Há uma preocupação com ensino de qualidade mais do que com educação de qualidade. Ensino e educação são conceitos diferentes.No ensino organiza-se uma série de atividades didáticas para ajudar os alunos a compreender áreas específicas do conhecimento (ciências, história, matemática). Na educação o foco, além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade. Educar é ajudar a integrar todas as dimensões da vida, a encontrar nosso caminho intelectual, emocional, profissional, que nos realize e que contribua para modificar a sociedade que temos. (MORAN, 2000, p.12)

Nesse relato, apresenta-se a questão concernente a preocupação das

instituições escolares, as quais estão mais voltadas ao ensino de conteúdos do que

a educação em sua totalidade. BECKER em debate com ADORNO (1995) indaga

sobre "o que é" e "para que" é a educação.Nessa perspectiva, ADORNO(1995) ao

dizer " Formação _para quê?" ou "Educação _para quê?" não está questionando a

importância dela, mas nos fazendo refletir "para onde a educação deve conduzir?" .

Ao tratar da Educação e, consequentemente, do objetivo educacional,

ADORNO (1995) alega:

A seguir, e assumindo o risco, gostaria de apresentar a minha concepção inicial de educação. Evidentemente não a assim chamada modelagem de pessoas, porque não temos o direito de modelar pessoas a partir do seu exterior; mas também não a mera transmissão de conhecimentos, cuja característica de coisa morta já foi mais do que destacada, mas a produção de uma consciência verdadeira. (ADORNO, 1995, p.141)

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ADORNO (1995) faz uma crítica à educação tradicional, a qual segundo ele pode

tolir o indivíduo no tocante a sua singularidade, expressividade, criatividade, em

suma, a sua liberdade de pensamento.

Em contraponto, ADORNO (1995) fala da educação para a emancipação.

Emancipação, segundo ADORNO (1995), significa conscientização. Enquanto

conscientização denota:

Mas aquilo que caracteriza propriamente a consciência é o pensar em relação à realidade, ao conteúdo---- a relação entre as formas e estruturas de pensamento do sujeito e aquilo que este não é. Este sentido mais profundo de consciência ou faculdade de pensar não é apenas o desenvolvimento lógico formal, mas ele corresponde literalmente à capacidade de fazer experiências. (ADORNO, 1995, p. 151)

Portanto, para ADORNO (1995) a verdadeira consciência não é aquela que

reside apenas enquanto abstração, mas, sobretudo, nas experienciações

intelectuais ou na reflexão-ação. A prática seria o local propício de se pensar,

experenciar e refletir.

Para ele, além da conscientização os indivíduos devem ser capazes de se

adaptarem às mudanças, pois a sociedade é dinâmica, sendo os valores vigentes

constantemente questionados e reformulados. Conforme nos diz ADORNO (1995,

p.143) a respeito da adaptação: "A educação seria impotente e ideológica se

ignorasse o objetivo de adaptação e não preparasse os homens para se orientarem

no mundo.".

Nessa ótica, por que não pensar numa educação transmídia? Por que não

acoplaros benefícios da educação tradicional (não se deve cair no modismo e

relegar os seus ganhos, visto que ela não é ruim em sua totalidade, só está em

desacordo com parte das necessidades atuais) à educação tecnológica?

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1.1-Tecnologia Educacional: elementos componentes

Agora que já se discutiu sobre que tipo de educação se almeja, ir-se-á

esclarecer a que elementos constam numa educação baseada em tecnologias. Por

questões meramente didática, esta pesquisa abordou os aspectos separadamente;

todavia, os aspectos da educação on-line encontram-se inter-relacionados entre si.

Os elementos que integram uma educação on-line são: colaboração, conectividade,

foco no aluno, eliminação de fronteiras, comunidade, exploração, conhecimento

compartilhado, experiências multissensoriais e a autenticidade.

a) Colaboração;

A educação com o uso das tecnologias pressupõem uma colaboração entre os

usuários, pois eles interagem entre si, compartilham informações e, em muitas

ocasiões, eles constroem conhecimento em conjunto. À título de exemplificação

pode-se citar os wikis, que são páginas na qual os usuários produzem informações

em rede colaborativa. Nesta ferramenta, grosso modo, qualquer pessoa pode editar

e escrever informações, construindo deste modo o conhecimento em coletivo.

Atualmente, o site mais conhecido que utiliza a ferramenta wiki é a Wikipédia, cuja

proposta central é a construção de uma enciclopédia on-line feita pelos próprios

usuários.

b)Conectividade;

A conectividade representa a facilidade em que temos na educação on-line de

nos conectarmos uns com os outros. Em outras palavras, o dicionário on-line de

Português (http://www.dicio.com.br) traduz conectividade como:

s.f. Particularidade ou característica do que é conectivo. Informática. Tendência ou possibilidade (de um computador, programa etc) de realizar ou fazer operações num ambiente de rede. Informática. Capacidade para se conectar à Internet. (Etm. conectivo + (i)dade)

Alguns dos programas que facilitam a conectividade no Brasil são _ o e-mail,

os programas de conferência como o Skype, as redes sociais, etc.

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c) Foco no aluno;

Segundo Greg Kearsley (2012) nesse aspecto ”Os professores definem as

metas e facilitam ou gerenciam o processo de aprendizagem; os alunos descobrem

o conteúdo por si mesmos e executam tarefas ou projetos.” (2012, p.5) Ele também

afirma que, para tal, é necessário que os alunos assumam a responsabilidade sobre

sua aprendizagem.

Isso retrata uma das principais diferenças do ensino dito tradicional para o

ensino com vistas à emancipação do sujeito: a corresponsabilidade que o mesmo

apresenta no seu processo de aprendizagem. Além disso, o aluno passa a ser um

sujeito autônomo em que busca informações e/ou conhecimento ao invés de esperar

passivamente para saber algo.

d) Eliminação de fronteiras;

KEARSLEY (2012) dimensiona acerca de possíveis usos da eliminação de

fronteiras através da educação on-line, em que permite a aprendizagem em lugares

marcados pelas adversidades, em alunos que não se enquadram na forma de

ensinar estabelecida pelas instituições escolares, em alunos com necessidades

específicas, etc. Em suas palavras:

Costuma-se dizer que a educação on-line ultrapassa as paredes da sala de aula, no sentido de que dá ao aluno acesso à informação e a pessoas em qualquer parte do mundo. Ao mesmo tempo, podemos dizer que ela abre as portas da sala de aula para muitos outros alunos. A educação on-line remove as fronteiras de espaço e tempo da aprendizagem, bem como em relação a quem pode aprender. Ela é uma grande dádiva para indivíduos que vivem em lugares remotos, são deficientes físicos, que se mudam com frequência ou que, de algum modo, são diferente dos alunos “típicos” inscritos em um programa de estudos. (KEARSLEY, 2012, p.5)

Portanto, a educação pensada com base nas tecnologias é uma educação que

prima por atingir a todos, visto que o acesso à internet se encontra cada vez mais

difundido na sociedade. Ademais, ela favorece a educação colaborativa, ou seja, a

participação de todos na construção do conhecimento. Não há mais apenas um local

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para a aprendizagem, mas sim espaços de aprendizagem que se entrelaçam, que

se complementam.

e) Comunidade; Assim como na sociedade que se organiza por grupos (familiar, de trabalho,

interesses comuns,...) a rede também se estrutura, sendo que na rede não há a

obrigatoriedade de um espaço físico para o encontro dos indivíduos, além da

facilidade de se conectarem uns com os outros.

f) Exploração;

A exploração deve ser adotada na educação para o descobrimento de novas

aprendizagens, pois crianças tendem a ser curiosas em tenra idade. Um exemplo

que podemos citar são os jogos on-line, em que as crianças passam horas a fio a se

aventurar. Portanto, a adoção e criação de jogos virtuais educativos podem trazer

vários benefícios à aprendizagem. Para crianças em processo de alfabetização uma

boa dica seria o jogo Arie na Escola, que é um jogo gratuito e disponível na Internet.

Já para os adolescentes é interessante explicar os conteúdos a eles usando

situações-problemas.

g) Conhecimento compartilhado;

É inegável que o uso da Web, sobretudo a Web 2.0, possibilitou o

compartilhamento de informações a larga escala, contudo nas salas de aula ainda é

a minoria dos professores que a utilizam levando em consideração o conhecimento

de cada aluno com o viés da difusão de saberes. Ainda, como demonstra a pesquisa

realizada pelo CETIC.br, Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e

da Comunicação, em 2012, o uso da Web nas escolas ainda se encontram bastante

restritas à aspectos instrumentais e pesquisas individuais, relegando em muitos

casos a pesquisa colaborativa ou ao compartilhamento de saberes entre os sujeitos

conforme mostra a tabela abaixo.

16

http://www.cetic.br/educacao/2012/apresentacao-tic-educacao-2012.pdf)

O compartilhamento de informações pelos alunos acontece na maioria das

vezes sem que haja preparo de atividades específicas por mediadores desse

processo de ensino-aprendizagem, pois ela tem acontecido â margem da escola.

Nesse sentido, não é de se espantar que se compartilhem informações triviais,

eventos sociais, dentre outras coisas que lhe apetecem; e se esteja diante de um

subaproveitamento de suas reais potencialidades.

h) Experiências multissensoriais

KEARSLEY (2011, p.9) relembra o fato de que a aprendizagem é mais

significativa quando há diversidade de experiências sensoriais e que os indivíduos

aprendem melhor quando estão diante de estímulos sensoriais que os favorecem.

Por isso, ser tão importante abordar vários formatos no ensino e de se pensar na

tecnologia multimídia como uma possibilidade de ensino eficaz.

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i) Autenticidade

A Internet permite que os alunos tenham contato com documentos de diversas

organizações ao invés de apenas ouvirem falar sobre eles. Nesse sentido, eles têm

um ensino autêntico, visto que podem ter contato direto com fontes de pesquisa de

destaque na sociedade.

Estes elementos conforme mencionado configuram, o que se pode chamar de

educação on-line, pertencente à Web 2.0. Esta é a fase da Internet em que se

encontra a sociedade, ou seja, aquela marcada pela interação entre os indivíduos e

que permite a produção pelos mesmos. A outra fase da Internet já vista pela

sociedade foi a Web 1.0, ou seja, aquela em que o uso da Internet se configurava na

mera recepção de informações, os usuários só podiam realizar leituras da página,

por isso ser considerada a Web estática.

Outra evolução da Internet, que está próxima de acontecer, é a Web 3.0, que é

considerada a evolução da Web 2.0, pois nela, dito de forma simplista, a busca é

feita levando em consideração a pergunta feita pelo indivíduo, pois as informações

estão mais organizadas nela, com o intuito de promover uma agilização nos

processos, é a web semântica e/ ou web inteligente. Por exemplo, na busca por

restaurantes no Rio de Janeiro ela vai dispor somente de informações de

restaurantes na cidade do Rio e não procurar pelas palavras soltas, trazendo

informações descompassadas.

Estas alterações acopladas com o fato de que a nova geração ou a chamada,

por alguns, de Geração Y nasceram e/ ou estão nascendo nessa sociedade cada

vez mais tecnológica, demandam novas atitudes por parte dos profissionais de

educação. Pois, as crianças nascidas em voltas à tecnologia possuem, segundo

Seymour Papert (1996), “fluência tecnológica”, o que modifica o seu modo de ser,

pensar e agir. Para PAPERT (1996), a fluência representa “o aspecto mais

importante do tipo de conhecimento que as crianças devem ter sobre a tecnologia”

(p.54), a qual advém da utilização. Todavia, para PAPERT (1996) ser

“tecnologicamente fluente” não equivale a dizer que a pessoa sabe tudo, mas que

explora o objeto, sem constrangimento, até que se adquira o conhecimento acerca

do mesmo.

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Portanto, uma educação com vistas à Educação On-line tem por base a

exploração do objeto, o que demanda um ambiente rico em possibilidades de

aprendizagem, que leve em consideração os elementos que a norteia sem relegar a

pluralidade, o potencial criador do sujeito. Ademais, PAPERT (1996, p.9) também

enfatiza “a importância da vertente afectiva da aprendizagem”, em que “se aprende

efectivamente quando se está verdadeiramente interessado no assunto”.

Por este e outros aspectos é que repensar essa égide do conhecimento e

como os sujeitos aprendem e ensinam pode se gerar um ganho inestimável à

educação. Com este propósito, os profissionais da educação devem junto com a

família e o aluno pensar em propostas de ensino que atendam suas reais

necessidades e expectativas, mesmo que isto denote uma tarefa árdua, marcada

por renúncias a velhos clichês e novas lutas e vitórias.

Esta parte deste capítulo se debruçou a expor algumas ferramentas digitais

que podem ser usados em sala de aula de modo mais eficiente, contudo a seguir ir-

se-á apresentar em caráter introdutório uma outra modalidade de educação, a

Educação a Distância (EAD).

1.2- Educação a Distância (EAD)

Segundo o Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, a Educação à

Distância se caracteriza por:

Art. 1º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Logo, as tecnologias na educação em hipótese alguma vêm com intuito de diminuir a

importância do trabalho docente, mas em reconfigurar essas novas formas de

aprendizagem. A educação a distância amplia os espaços escolares para além dos

muros da escola. Ela possibilita novas interações e traz a oportunidade de educação

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para alunos que demandam flexibilidade de tempo e aprendem de modo diferente ao

convencionado pelas escolas.

Os modos de aprendizagem mais usuais nesta modalidade são ofertados

através de interfaces de salas de chats, videoconferências, fóruns, etc. Por não estar

diariamente em salas de aula presenciais, esta modalidade demanda autodisciplina

por parte dos educandos conforme sanciona o Decreto 2.494, de 10 de fevereiro de

1998:

Art. 1º Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação.

Esta característica sinaliza qual tipo de aluno está apto a aderir esta

modalidade, pois demanda um aluno centrado em seu processo de ensino-

aprendizado, que assuma esta responsabilidade, seja um sujeito autônomo e

organize seu tempo de modo hábil. Caso contrário, ver-se-á procrastinação de

processos ou, até mesmo, a evasão escolar.

Desde que o aluno assuma esta autonomia no ensino com a devida

responsabilidade, a Educação a Distância (EAD) é uma possibilidade de ensino sem

que para isto o aluno precise passar horas a fio no trânsito, reduza gastos de

deslocamento e possa trabalhar sem gerar ônus aos estudos. Ademais, a EAD traz

como proposta uma democratização do ensino, visto que pessoas dantes excluídas

da Educação possam ingressar nesta modalidade de ensino.

Contudo, cabe salientar que muitas instituições veem nesta modalidade de

ensino como uma verdadeira “fábrica de dinheiro”, ofertando cursos sem qualidade e

exigência aos estudantes. Eles disponibilizam o material, geralmente em formatos

de textos em pdf, e quando o aluno considerar que pode passar de módulo; ou seja,

quando ele ler o material apenas, faz um teste. Autores denominam esta forma de

“broadcast”.

Outra forma ineficiente de se fazer EAD é como alguns autores denominam de

“um-para-muitos”, ou seja, disponibiliza-se o material e em caso de dúvidas os

alunos perguntam aos professores e estes os respondem. Dito de outro modo,

mudou-se a roupagem, mas permanece o ensino conservador.

20

Enquanto na abordagem, “muitos-para-muitos” há uma real interação tanto por

parte dos professores com os alunos quanto entre alunos. Nessa perspectiva, os

fóruns e chats servem como o “local de encontro” para as calorosas discussões, as

trocas de saberes e o compartilhamento de informações. Nesses espaços os

professores mediam os debates e propõem desafios.

Nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), portanto, podem ocorrer

experiências múltiplas, seja por meio das videoconferências, mensagens em

correios eletrônicos, chats, fóruns , dentre outras ferramentas. Nesta vertente, a EAD

vai de encontro à aprendizagem multirreferencial.

21

Capítulo II - Educomunicação, Mídia & Educação

Segundo o artigo, Mídia-Educação: conceitos, história e perspectivas, de

Evelyne Bévort e Maria Luiza Belloni (2009), o termo “mídia-educação” se refere,

num primeiro momento a:

A expressão “educação para as mídias” ou “mídia-educação” aparece em organismos internacionais, particularmente na UNESCO, nos anos de 1960 e, num primeiro momento, refere-se de modo um tanto confuso à capacidade destes novos meios de comunicação de alfabetizarem em grande escala populações privadas de estruturas de ensino e de equipes de pessoal qualificado, ou seja, às virtudes educacionais das mídias de massa como meios de educação a distância. (p.1085)

A partir desta concepção percebe-se que a “mídia-educação” em sua fase

inicial foi concebida para suprir carências educacionais no tocante à alfabetização

dos indivíduos. Portanto, era uma espécie de “alfabetização em massa” usando

recursos de educação à distância. Indivíduos residentes em locais distantes e

desprovidos de Educação poderiam, então, se escolarizar.

Contudo, com o passar do tempo reconhece-se que esta concepção de “mídia-

educação” é um tanto quanto reducionista em suas potencialidades, passando a

compreender em 1973 como:

Por mídia-educação convém entender o estudo, o ensino e a aprendizagem dos meios modernos de comunicação e expressão, considerados como parte de um campo específico e autônomo de conhecimentos, na teoria e na prática pedagógicas, o que é diferente de sua utilização como auxiliar para o ensino e a aprendizagem em outros campos do conhecimento, tais como a matemática, a ciência e a geografia. (UNESCO, 1984, apud. BÉVORT; BELLONI, 2009, p.1086)

Nessa perspectiva, cabe salientar que a “mídia-educação” é vista como aprendizado

técnico. É uma tentativa de entender os seus recursos midiáticos, sobretudo, os

referentes à comunicação e socialização. Em contrapartida, também introduz em

sua conceituação a noção de tecnologia educacional, a qual será concebida como

ferramenta pedagógica um pouco adiante ainda na década de 70.

Outra definição atribuída à “mídia-educação” surgiu em 1979 como:

Todas as maneiras de estudar, aprender e ensinar em todos os níveis (...) e em todas as circunstâncias, a história, a criação, a utilização e a avaliação das mídias enquanto artes práticas e

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técnicas, bem como o lugar que elas ocupam na sociedade, seu impacto social, as implicações da comunicação mediatizada, a participação, a modificação do modo de percepção que elas engendram, o papel do trabalho criativo e o acesso às mídias. (UNESCO, 1984, apud. BÉVORT; BELLONI, 2009, p.1086)

Esse viés tenta envolver todas as dimensões das mídias ao relatar os campos,

ensino-aprendizagem, em seus diversos tipos de uso; quer seja, os efeitos sociais,

como o modo como elas redimensionam a forma de se viver em sociedade (o

grande potencial comunicativo, cooperativo, o desabrochar da criatividade,..., em

suma, “o estar junto virtual”).

Contudo, outra vertente foi enunciada em 1982 na reunião internacional

organizada pela UNESCO em Grünwald (que é a Alemanha ocidental)

estabelecendo uma Declaração com vistas a auferir a importância da mídia-

educação ao inseri-la num documento oficial e correlacioná-la à promoção da

cidadania. Nesta declaração estabelece que:

Mídia-educação é definida como uma formação para a compreensão crítica das mídias, mas também se reconhece o papel potencial das mídias na promoção da expressão criativa e da participação dos cidadãos, pondo em evidência as potencialidades democráticas dos dispositivos técnicos de mídia. (BÉVORT; BELLONI, 2009, p.1087)

Em outras palavras, a mídia-educação vislumbra a educação para a

emancipação. Ela pretende formar indivíduos para a cidadania, para a

conscientização crítica dos fenômenos. Portanto, as mídias podem ser ferramentas

de alto teor pedagógico, elas podem e devem formar indivíduos plenos; ou seja,

mais autônomos, críticos e criativos. Segundo BÉVORT; BELLONI a mídia-

educação possuem duas dimensões, quais sejam:

(...) a consideração das mídias não só como meios de comunicação de massa, cuja leitura crítica é preciso desenvolver, mas também como meios de expressão da opinião e da criatividade pessoais, cuja apropriação é necessária assegurar a todos os cidadãos. (BÉVORT; BELLONI, 2009, p.1087)

O uso das mídias vai muito além da comunicação de massa, portanto, ela se

configura como a exacerbação de opinião e criatividade, em outras palavras, ela

promove as singularidades. Nessa ótica, BÉVORT e BELLONI complementam:

23

Começa a se construir, a partir de então, a noção da mídia-educação como formação para a apropriação e uso das mídias como ferramenta: pedagógica para o professor, de criação, expressão pessoal e participação política para todos os cidadãos. (BÉVORT; BELLONI, 2009, p.1087)

Nessa perspectiva, pensa-se em formar indivíduos plenos, cujos valores em

voga são, dentre outros: a expressão de opiniões; a promoção da criatividade; a

colaboração; a autonomia; a criticidade; ...; em suma, o estar e pensar junto em

sociedade.

As abordagens de Grünwald continuam sendo relevantes, salvo a noção de

que as mídias se modificam constantemente e com a inserção das TIC houve

grande alteração de seus usos, tendo ganho cada vez mais notoriedade as

interações sociais.

Partindo deste pressuposto surge um novo viés para se pensar “mídia-

educação”:

A noção de mídia-educação proposta neste documento vai além das anteriores, caracterizando-se como uma “alfabetização” (literacy) alargada, como uma abordagem mais integrada do ensino da linguagem e da comunicação e mais ampla, em termos de suportes técnicos, abrangendo todas as mídias modernas. O foco, porém, não é o uso pedagógico ou didático das mídias, mas as experiências midiáticas dos jovens fora da escola para, a partir delas, ensinar sobre as mídias. (BÉVORT; BELLONI, 2009, p.1088)

Portanto, nota-se que a Declaração de Grünwald visa unir duas áreas do

conhecimento à saber: Educação e Comunicação. As novas tecnologias de

informação e comunicação (TIC) entra neste cenário como desafio às mídias de cuja

conjectura pautava-se no consumo desmedido. Ao passo que as TIC trazem em sua

finalidade a interação e produção de mensagens.

Outra acepção, portanto, é a observação e reflexão de como os jovens

redimensionam o uso das mídias em seu cotidiano fora dos muros da escola. Em

outras palavras, como eles internalizam e reconfiguram o uso tecnológico, para que

a partir deste direcionamento possa-se usar as mídias de modo mais significativo.

PRETTO ao analisar o audiovisual e o papel da escola, diz que:

Momentos de crise civilizatória com os que estamos vivendo valorizam, certamente, o papel da educação. Educação em um sentido amplo. No entanto, o papel reservado à escola ainda não está definido e, certamente, não será definido no interior da própria

24

escola. Momentos de transição como esses podem fornecer-nos elementos significativos para uma reflexão sobre uma nova escola. Uma escola que possa superar a atual, ainda calcada nos velhos paradigmas da civilização em crise e que não conseguiu solucionar os problemas propostos pela própria modernidade. Uma escola fundamentada apenas no discurso oral e na escrita, centrada em procedimentos dedutivos e lineares, praticamente desconhecendo o universo audiovisual que domina o mundo contemporâneo. A escola não pode desconhecer esta realidade que se aproxima com o novo milênio e, muito menos, caminhar em sentido oposto ao que ocorre do lado de fora dos seus muros. (PRETTO, p.122, 2013)

É notório de como os pesquisadores, em sua maioria, são unânimes em

relação a escola atual, cujo ensino se apresenta insatisfatório ao mundo

contemporâneo e a necessidade de se buscar pensar o audiovisual como

ferramenta educacional, como produção de significados e significantes. Ao passo

que, os indivíduos já vêm se inserindo neste “novo mundo” _ o tecnológico _ e

incorporando, de modo desigual entre as regiões, esta nova cultura que está se

instaurando na sociedade.

Nelson Pretto (2013), internaliza o conceito “razão imagética” de Walter

Benjamim e diz, em outras palavras, que a sociedade deve se ater aos novos

“signos audiovisuais e sonoros” gerados pelos meios eletrônicos de comunicação.

Ele já adverte sobre a questão da superação do “analfabetismo das imagens, da

comunicação e da informação” (p.123, 2013) e a importância do espaço educacional

(apesar dele não garantir a transformação por si só) valorizar essas novas

mudanças para a “formação do novo ser humano” (p.123).

Portanto, em seu ponto de vista, PRETTO acredita que a escola deve buscar

soluções para os problemas atuais. É ou deveria ser, nesse sentido, um espaço de

constante reinvenção, de apropriação do novo para atender e formar cidadãos para

esta nova sociedade, a qual permeia os aparatos audiovisuais cada vez mais

interacionais. Por isso, se pensar numa educomunicação.

Todavia, conforme ressalva PRETTO, 2013: “Compreender mais claramente o

papel dos sistemas de comunicação nas diversas culturas tem sido um desafio para

muitos países.” (p.126). Levando-se em consideração esta afirmação, sabe-se que

apesar da dificuldade em se saber fazer uma Educomunicação com qualidade, os

indivíduos devem se ater para este viés. Pois, a partir dele que elaborar-se-á uma

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escola com vistas na sociedade, uma escola que não esteja aquém dela e sim que

forme cidadãos que saibam responder aos anseios de uma nova era.

De acordo com Nelson Pretto (2013) a nova escola deve ser:

Nesse contexto de transformação, a nova escola brasileira precisa ser pensada como sendo uma instituição que, efetivamente, possa trabalhar com uma multiplicidade de visões de mundo, em uma perspectiva mais integral, e não mais operativa ou homogeneizadora que ainda busque a construção do ideal do homem iluminista. A nova escola que se está construindo tem que ter na imaginação, em vez da razão, o seu elemento mais fundamental. Essa nova escola, que está sendo gestada nesse processo, deverá estar centrada em outras bases, não mais reducionista e manipuladora. O novo sistema educativo trabalhará, portanto, na perspectiva de formar o ser humano programador da produção, e não de treinar um ser humano mercadoria, tendo esse sistema como base a realidade maquínica dos meios de comunicação – dos mais simples aos mais sofisticados -, tornando viável o desenvolvimento de suas ações com todos esses elementos. (pp. 126-127)

Nessa ótica, a educação deve estar pautada na produção tecnológica por parte dos

alunos e não mais na mera reprodutibilidade de informações e/ou conhecimentos.

Os recursos audiovisuais por ser (oni)presente e de aceitabilidade dos educandos

são recursos que merecem destaque neste novo ser e fazer pedagógico.

A produção de vídeos, documentários, imagens e outros vieses educativos são

de inestimável ganho na escola e, em especial, na formação dos cidadãos

contemporâneos. Não é aceitável mais relegar a segundo plano os gostos dos

alunos _ a sua facilidade e criação com os videogames, televisões, celulares,

tablets, computadores, etc. Pois, nota-se que em cada vez menos idade os alunos já

trazem estes aparatos para dentro da escola.

Por outro lado, há uma visível dificuldade no trabalho com as imagens na

educação quer seja por parte dos educadores ou dos dirigentes escolares. Apesar

de se estar inserido numa sociedade imagética, o trabalho com as imagens e a

imaginação ainda contraria aos paradigmas escolares da pretensa racionalidade.

Segundo PRETTO (2013), as mídias só chegam às escolas por pressões, visto

que nela e em outros segmentos sociais ainda há um certo receio, ou melhor,

preconceito em relação a essa nova cultura que se busca engendrar na escola como

produtora de conhecimento _ a do audiovisual. Em suas palavras:

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Esse quase preconceito com a mídia é identificado em quase todas as partes do mundo e, no entanto, esses novos meios estão chegando nas casas das pessoas, nas cidades e, muitas vezes, nas próprias escolas. E chegam, como já vimos, por pressões, tanto da indústria de equipamentos e de entretenimento, que quer aproveitar o potencial do mercado educacional, como também por meio dos alunos, que, em muitos casos, já convivem com essas tecnologias cotidianamente. (PRETTO, p.129, 2013)

Outro dado preocupante, é que quando entram na escola as mídias são

utilizadas para reforçar as velhas concepções do que se configura como a forma de

ensinar e aprender e não como elas realmente são _ uma nova cultura. E por se

tratar de uma nova cultura, necessita-se de uma nova forma de se trabalhar, de se

pensar a educação, uma nova abordagem e não uma nova roupagem.

Essa tendência tem como respaldo ao que se pensa ser o principal motivo de

impasse, como afirma PRETTO (2013):

As dificuldades de uma compreensão mais integral do significado desse momento histórico atingem, evidentemente, a sociedade como um todo e a escola em particular. Incorporar a imaginação, a afetividade, uma nova razão, não mais operativa e sim baseada na integridade e na globalidade, encontra inúmeras resistências. (PRETTO, p.131, 2013)

A falta de clareza, de estruturação e “modelo” / referencial de como se consolidar

uma educação com e para as mídias obstaculiza a sua implementação na cultura

escolar.

Ver-se-á corroborada esta análise quando, por exemplo, realizam-se pesquisas

e tem por resultado que os professores afirmam a importância do vídeo, mas a sua

prática é pouco frequente. É uma contradição que assinala a perspectiva dos

professores do uso das mídias como reforço teórico ao conteúdo trabalhado em sala

de aula.

Este, geralmente acontece ocasionalmente, representando uma confirmação

de algum conteúdo visto anteriormente pela turma. O que retrata a falta de cultura

imagética e audiovisual no interior das escolas. Em síntese, esta foi uma das

conclusões da pesquisa de PIOVESAN, em 1992, no estado de São Paulo.

27

Ao passo que, os alunos aderem a proposta do uso do vídeo com bastante

aceitabilidade. De acordo com a pesquisa realizada Piovezan (1992), apud

PRETTO (2013, p.135) de 312 alunos pesquisados, 61,22% gostam muito do uso de

vídeo, enquanto 0% não gostam, conforme mostra a tabela:

A tabela mais uma vez reforça a concepção de que o audiovisual e as mídias de

modo geral são uma alternativa educacional, que tem por expectativa a redução da

evasão escolar, já que são meios os quais os alunos se identificam.

PRETTO (2013), reforça que apesar das escolas já estarem se equipando com

as tecnologias, isso não garante por si só um novo paradigma educacional. Pois,

segundo PRETTO (2013) as mídias podem ter os respectivos modos de uso _

instrumental ou como fundamento.

O uso instrumental é o tido como mais um recurso didático-pedagógico, não

instaura modificação no modo de ensino. Ele perpetua a mesma lógica da educação

formal, da leitura e escrita, só modificando o objeto. Neste, também não se explora

os usos possíveis da mídia em questão. Para Pierre Babin (1991) apud PRETTO

(2013) “colocar as linguagens audiovisuais na escola, nessa perspectiva, é o mesmo

que matá-las”. E para PRETTO (2013): “Obrigar o audiovisual _ cinema, vídeo,

televisão e, agora, as multimídias _ a entrar `a força nas categorias preexistentes da

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educação é o mesmo que não utilizá-lo.”(p.137) A UNESCO (1977) apud (PRETTO,

2013) também alude à esta mesma perspectiva de que “o filme não é nem ilustração

de uma aula de literatura, nem auxiliar pedagógico para desenvolver a imagem da

criança” (p.137).

Na vertente do fundamento, o trabalho com o filme, segundo Pierre Babin e

Kouloumdjian (1989, p.176) apud PRETTO (2013), consiste em: “ a primeira fase do

trabalho do professor sobre um filme deve, portanto, consistir em utilizá-lo para

desenvolver a imaginação das crianças, sua memória e suas representações

afetivas.” PRETTO, também admite que pode-se usar o caráter instrumental como

recurso pedagógico no princípio do fundamento sem perder suas características

norteadoras, mas a relação contrária já não é possível.

A negação do uso instrumental ocorre no sentido em que o incremento da

tecnologia se configura meramente como mais um equipamento escolar sem gerar

modificações no modo de pensar. Como se apenas a inserção do objeto resolvesse

por si só os problemas escolares. Essa funcionalidade das mídias acarretaria,

segundo PRETTO (2013) “uma escola sem futuro”, pois seria o mesmo que admitir

que “o futuro está no equipamento e não na escola”(p.139).

Em contrapartida, os meios de comunicação no viés do fundamento são

inseridos nas escolas para:

(...) passam a fazer parte da escola como um elemento carregado de conteúdo (e não apenas como instrumento), como representante (talvez principal) de uma nova forma de pensar e sentir, que começa a se construir no momento em que a humanidade começa a deslocar-se de uma razão operativa para uma nova razão, ainda em construção, porém baseada na globalidade e na integridade, em que realidade e imagem fundem-se no processo. (PRETTO, p.139, 2013)

Portanto, nesta perspectiva explora-se novas possibilidades das ferramentas

tecnológicas, além de provocar novas sensações e produções quer seja por parte

dos alunos quanto dos professores. Formam-se sujeitos comunicantes em

detrimento da recepção irrefletida de informação.

No entanto, para PRETTO (2013) para que ocorra a mudança do velho

paradigma educacional para o novo, ou em suas palavras “para uma nova escola,

29

com futuro”, é imprescindível analisar a estrutura educacional em vigência. Para

PRETTO (2013), um dos aspectos centrais para que aconteça esta transformação

está em realizar uma “revisão urgente na formação dos professores e no papel das

universidades públicas nessa área.” (p.140)

A escola vista nessa nova concepção de ensino-aprendizagem passaria a ser:

A escola, sendo um centro irradiador de conhecimento, terá, com a presença dos meios de comunicação, uma outra lógica, não linear, não racional e não dedutiva. Assim, o seu relacionamento com os meios de comunicação e informação será de outra natureza. Como diz Marília Franco, ela não deve competir com a mídia, mas travar com ela um jogo dialético. (FRANCO,1987, apud PRETTO, p.141, 2013)

Logo, a escola seria um local de debate, de troca de saberes e de produção do

conhecimento. Os meios de comunicação vir-se-ão para acrescentar valores ao local

que, por excelência, é ou deveria ser de produção de conhecimento. Através deles

podem-se insurgir novos debates, novos olhares nas salas de aula. O conhecimento

seria produzido como uma cadeia rizomática, ou seja, em redes, com caráter

interdisciplinar, em que as redes e os sujeitos dialogam entre si; e, ao mesmo

tempo, de cunho global, totalizador.

Com vistas a este propósito, se deduz que os olharem direcione-se, em

particular, aos educadores e a comunidade escolar como um todo para que esta

relação entre educação e comunicação se reflita em ganhos nas salas de aula.

Ademais, a formação de professores nos dias atuais pressupõe o trabalho com

problemas e soluções que assolam a atualidade e não mais a velha forma do que se

supõe ser escola e educação. Nesse ponto de vista, PRETTO (2013) diz que:

Iniciar, hoje, a formação do novo educador é premente. Um significativo passo nessa direção é considerar, no cotidiano da sua formação, as questões da comunicação, da informação e das imagens, com o objetivo de tornar os novos profissionais preparados para vivenciar os desafios do mundo que se está construindo. (PRETTO, p.141, 2013)

30

Nesse sentido, é inadmissível, hoje, os cursos de formação de professores não

possuírem no currículo disciplinas que se proponham a ensinar e pensar a respeito

da inter-relação entre comunicação e educação. Pois, relegar a sua importância é o

mesmo que dizer que os indivíduos vivenciam uma “escola sem futuro”(PRETTO,

2013). Um exemplo disto, ocorre quando chegam às escolas novas tecnologias e a

forma de se trabalhar com elas não se modificam. Tecnologias as quais trazem

consigo uma série de potencialidades, de riquezas para a Educação como um todo

ainda não exploradas.

Contudo, esta é apenas uma menção a um dos prováveis motivos de impasse

ao novo paradigma educacional, pois no próximo capítulo ver-se-á estas questões

mais detalhadamente.

31

Capítulo III – Quais são os impasses e/ou novos desafios

enfrentados pelos docentes para o desenvolvimento de uma

rede colaborativa nas salas de aula?

Todavia, cabe ressaltar, inicialmente, que a tecnologia por si só não é boa nem

má, é o uso que se faz dela que traz benesses ou danos aos indivíduos. Nas

palavras de Martha Gabriel em “Educar: a (r)evolução digital na educação”:

O mesmo raciocínio se aplica à educação – as novas tecnologias tanto podem auxiliar como atrapalhar nos processos educacionais. A sua mera presença em si não é uma vantagem, mas o seu uso apropriado o é. Por exemplo, o fato de uma escola ou universidade possuir laboratórios não torna a educação melhor ou pior, o que vai determinar a qualidade da educação é como esse laboratório é usado por alunos e professores. Na mesma linha de raciocínio, o fato dos estudantes terem tablets e acessarem a internet durante as aulas pode tanto ser positivo quanto negativo dependendo do tipo e do objetivo de acesso à internet e de sua relação com os conteúdos educacionais da aula. (2013, p. 12)

É um erro comum na sociedade vincular a presença de tecnologias digitais à

melhora educacional. Assim como, a tecnofobia também é um equívoco, pois é

reduzir todas as suas possibilidades a alguns usos indevidos que se fazem do

mesmo. Nesse viés, cabe esclarecer um dos grandes fatores de impasse a esta

concepção trazidos à discussão por GABRIEL:

No entanto, acredito que ainda existe uma confusão muito grande quando são abordadas as questões relacionadas à tecnologia na educação. O foco geralmente é em inclusão digital, quais sistemas e equipamentos disponibilizar, e assim por diante. No entanto, não adianta em nada discutir ferramentas antes capacitar o seu uso. Em minha opinião, o principal investimento deve ser feito em pessoas para capacitá-las e educá-las para esse cenário. Um dos grandes problemas atuais no mercado e nas instituições é a falta de educação digital e de pensamento estratégico em relação às mídias digitais. Para que o segundo aconteça, é necessário investimento no primeiro. Depois da capacitação, o passo natural é o investimento em automatização e ferramentas que possibilitem o aumento da produtividade. (2013, p.7)

MARTHA GABRIEL (2013) sintetiza a importância em se ater à capacitação docente

para o uso desses recursos para que se concretize uma educação tecnológica, cujos

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fundamentos foram explicitados no capítulo anterior. Alguns dos programas

governamentais já vislumbram há um bom tempo deste entendimento, em que se

devem conceder computadores com internet acrescido de cursos de capacitação

docente; este é o caso, por exemplo, do PROUCA (Programa Um Computador por

Aluno). Em tese ele se destina a:

Instituído em 2010 pela Lei nº12.249, de 14 de junho de 2010, o Programa Um Computador por Aluno (Prouca) é uma iniciativa da Presidência da República coordenada em conjunto com o Ministério da Educação e tem por objetivo promover a inclusão digital pedagógica e o desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem de alunos e professores das escolas públicas brasileiras, mediante a utilização de computadores portáteis denominados laptops educacionais.(p.1) (...) O Prouca integra planos, programas e projetos educacionais, de tecnologia educacional e inclusão digital, vinculando-se às ações do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE e do Programa Nacional de Tecnologia Educacional – ProInfo (Decreto nº 6.300, de 12/12/2007). (p.1)

Contudo, apesar da iniciativa governamental será que as escolas têm posto em

prática estes aprendizados ou usado as tecnologias educacionais de modo eficiente

ou até mesmo relegado a segundo plano, restringindo à pesquisa de dados e uso de

Pacote Office? Será que os docentes têm acessado o portal do PROUCA de

capacitação docente como, por exemplo, o ambiente virtual de Tocantis

(http://www.prouca.com)? Será que as escolas têm ofertado a infraestrutura

necessária para a sua implementação? Será que se tem trabalhado pautado nos

componentes básicos de uma educação digital, quais sejam: colaboração,

conectividade, foco no aluno, eliminação de fronteiras, comunidade, exploração,

conhecimento compartilhado, experiências multissensoriais, autenticidade?

Em relação à infraestrutura da TIC nas escolas a pesquisa, TIC Educação

2012, aponta que “99% das escolas públicas possui computador” e “89% das

escolas públicas que possuem computador possuem acesso à Internet”, mas a

“velocidade de conexão limita o uso das TIC nas escolas públicas”.

Outro dado preocupante se refere ao local de instalação desses computadores,

que têm denotado a falta de propósito educativo. Observando o gráfico abaixo vê-se,

em maior freqüência, a alocação de computadores para usos pessoais da gestão

escolar ao passo do uso dentro das salas de aula como deveria de ser a fim de se

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construir um trabalho eficiente com os alunos. Além disto, por ser maior distribuído

computadores nos laboratórios infere-se que o uso do maquinário ainda tem caráter

bastante instrumental e com acesso restrito (dentro do curto espaço de tempo

disponibilizado a cada turma). Porém, este dado, infelizmente, não é só uma

estimativa, mas realidade em que o capítulo anterior já havia demonstrado.

No entanto, como que os profissionais da educação ainda ousam ficar inertes

nos mesmos modelos educacionais de décadas passadas se "os alunos de hoje já

não são mais os mesmos" (CORTELLA, 2003)? Ou, segundo Roger Von Dech(1998,

apud GABRIEL): “Quando novas informações surgem e as circunstâncias mudam, já

não é possível resolver os problemas com as soluções de ontem”. Então, como se

pode ignorar as novas formas de comunicação e interação? Ou ainda, segundo

BELLONI:

A primeira questão crucial pode ser assim formulada: como poderá a escola contribuir para que todas as nossas crianças se tornem utilizadoras (usuárias) criativas e críticas destas novas ferramentas e não meras consumidoras compulsivas de representações novas de velhos clichês?

A esta questão acrescenta-se outra ainda mais crucial e urgente: como pode a escola pública assegurar a inclusão de todos na sociedade do conhecimento e não contribuir para a exclusão de futuros "ciberanalfabetos"? (BELLONI, 2005,p.8)

34

Esta crítica que BELLONI alude ainda é muito comum no interior das escolas,

em que se acredita no “poder” das Novas Tecnologias, mas quando a praticam se

traduz somente na inserção e no mero consumo da mesma. Apesar de toda a

pluralidade existente de estudos feitos a este respeito ainda permanece a ser um

erro comum_a não produção a partir do uso das tecnologias. Ademais, os alunos

nem sequer fazem parte do processo de disputa dos projetos a serem postos em

prática na escola.

Infelizmente, na maioria das instituições escolares vive-se num paradoxo, qual

seja: fala-se da educação democrática, mas não a praticam de fato; pois, a

competência de se fazer ouvir e ser ouvido ou a relação dialógica entre professor e

aluno se limita a esclarecimentos de dúvidas a respeito dos conteúdos trabalhados

em sala e não a expressividade das singularidades dos indivíduos.

Contudo, a educação é um fenômeno complexo em que há diversas causas

envoltas. Na história da educação vê-se desde a desvalorização do magistério até

mesmo a tendência simplista em mascarar as problemáticas ao culpabilizar o

professor ou a família por todos os fracassos educacionais. Ademais, existe a

pressão por resultados, principalmente, os referentes a atribuições de premiações

ou concessões de verbas, como é o caso da Prova Brasil e do Saeb.

Diante de tais paradigmas é comum docentes se envolverem emocionalmente

ou apresentarem uma aparente avareza aos problemas de aprendizagem dos

alunos causando-lhes um certo "mal-estar". Outro fator de impotência aos docentes,

que resulta nessa sensação de "mal-estar", é o tabu de que fala ADORNO(1995)

sobre o (des)prestígio do magistério em relação a supremacia de outras carreiras

perante a sociedade e do professor universitário.

Além disso, a sociologia acadêmica e da educação pouco atentaram para a distinção que a população estabelece entre disciplinas com prestígio e desprestigiadas: entre as prestigiadas listam-se a Jurisprudência e a Medicina, e sem dúvida não consta o estudo da Filologia; nas faculdades de filosofia, a exceção visível é a altamente prestigiosa História da Arte. (...)

Numa complementariedade peculiar parece encontrar-se o inabalável prestígio do professor universitário, apoiado inclusive em estatísticas.

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De um lado, o professor universitário como a profissão de maior prestígio; de outro, o silencioso ódio em relação ao magistério de primeiro e segundo graus; uma ambivalência como esta remete a algo mais profundo. (ADORNO, 1995, p.99)

Outro fator de impasse a essa nova ótica da aprendizagem são as dificuldades

técnicas que encontram muitos docentes no manuseio dos computadores e no

receio em expor suas fragilidades frente a “Era Digital”, na qual as crianças de tenra

idade já as parecem dominar. PAPERT (1996) aborda uma experiência semelhante

a esta ao citar a surpresa que os pais possuem frente à fluência tecnológica do filho.

Assim PAPERT (1996) alude esta passagem:

Como fez ela isto? Será verdade que as crianças estabelecem uma ligação mágica com a forma correcta de manusear o computador? Não, não existe nada de mágico, se exceptuarmos a forma mágica como as crianças aprendem. O maior recurso da Lauren é não ter receio de experimentar, o que não quer dizer que experimente ao acaso. Ela sabe por experiência que certas teclas têm maior probabilidade de provocar resultados interessantes. O medo que o pai tem de fazer algo de errado vai inibir a exploração que conduziria à acção certa. (PAPERT, 1996, p.55)

Nesse sentido, para Papert um dos principais vilões para essa nova forma de

ensino é o próprio medo. O medo da experimentação, do não saber frente a

recursos cada vez mais diversificados. E o mais agravante perante os professores, o

medo de perderem a sua autoridade docente por deixar de ser visto como a

sociedade os cristalizou _ o detentor do saber. A postura exigida para essa nova

modalidade de ensino requer professores mais democráticos e menos autoritários.

Outro fator que pode gerar insegurança ao manuseio de computadores como

ferramentas educacionais é como denota os resultados da “Pesquisa TIC

Educação”, de 2012, realizada pelo CETIC.br, Centro de Estudos sobre as

Tecnologias da Informação e da Comunicação, ao informar que a maior parte das

universidades em cursos de formação de professores não possuem uma disciplina

que trabalhe estas questões como se pode observar no gráfico abaixo.

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Mais uma vez pesquisas vêm a corroborar a importância em se pensar em

como estruturar uma educação com as TICs ao invés de se centrar apenas na sua

importância, que já se encontra em consenso entre pesquisadores e professores.

Atualmente, vê-se uma crítica demasiada sobre o não conhecimento de como usar

estes aparatos tecnológicos para a Educação, mas como exigir dos professores se

não há clareza de como seria esta nova Educação e tampouco se é formado para

esta nova realidade?

Para tentar amenizar esta sensação de impotência e ressignificar o ofício

docente, a escola deve promover uma cultura de cooperação em que professores

possam pensar em coletivo novas alternativas para determinado problema e novas

formas de ensino-aprendizagem com o intuito de estabelecer uma educação

significativa, preocupada em desenvolver o educando em sua totalidade.

A mudança escolar e, particularmente, a valorização do magistério, como todas

as mudanças significativas na sociedade, só pode ocorrer no coletivo através da

disputa ideológica entre camadas sociais. Portanto, é crucial nesta luta pela

valorização docente os professores resistirem às políticas públicas que insistem em

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manter no imaginário dos cidadãos o desprestígio da profissão docente e deixar

claro as suas especificidades, importância e dificuldades, que é em lidar com a

formação humana.

3.1- Novos olhares para a sala de aula

Nesta parte do capítulo será abordado alguns usos simples e possíveis das

tecnologias nas salas de aula. Pois, comumentemente costuma-se possuir o errôneo

pensamento de que as tecnologias, as quais os alunos mais utilizam só possuem

como finalidade a diversão, o lazer descomprometido com a sua formação. Um fato

que corrobora nossa afirmação de que isto é uma visão reducionista de suas

aplicabilidades é que cada vez mais surgem grupos no Facebook _a rede social

mais acessada no Brasil em 2013, relacionados a estudos categorizados por

instituições, temáticas,... Lá os alunos compartilham informações, conteúdos da aula

e/ou relacionados a ela, esclarecem algumas dúvidas, dentre outras atividades.

Portanto, o primeiro ponto de que eu chamaria a atenção para nos atentarmos é a

ampliação das possibilidades de uso das redes sociais.

a) Facebook

Logo, só para fins didáticos, vou detalhar cada ferramenta separadamente.

Antemão, para aqueles que ainda não tiveram contato com o facebook e não

possuem uma conta por não saber usá-lo vou explicá-lo de modo bem simples e

fácil: 1º passo) Acessar o site: www.facebook .com (aqui entra a questão da

conectividade de que tratamos na seção anterior); 2º passo) Cadastrar a sua conta

(no botão cadastre-se) preencha os dados e pronto, estará conectado ao facebook.

Lá você pode entrar e criar grupos de acordo com o interesse; compartilhar

informações; comentar sobre a questão abordada;encontrar pessoas interessantes e

interessadas em trocar informações, aprofundar a temática de interesse comum;

dentre outras inúmeras possibilidades cabíveis.

Um exemplo disto são os grupo escolares no facebook, em que os alunos

divulgam informações, trazem questões a se pensar, ou seja, promovem um diálogo

interdisciplinar, pessoas com formações diversas dialogando entre si, (re) pensando

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acerca das questões educacionais e cotidianas que se imbricam entre si. Entretanto,

esta disposição em dialogar não se apresenta apenas nos adultos e usá-lo em prol

de desenvolver a expressividade dos sujeitos seria um ganho à escola.

b) Blog

O blog tem bastante aceitabilidade aos adolescentes por assemelhar-se muitas

vezes a um diário. Contudo, sua função é muito mais vasta do que esta, nele pode-

se expressar através da escrita, produzir textos, poemas, postar fotos, vídeos e

comentá-los. O blog é uma possibilidade de aproximação entre professores, alunos

e a escrita. É uma tentativa de despertar o gosto pela leitura e escrita nos

educandos. Uma apropriação que os professores poderiam fazer nele é divulgar os

trabalhos produzidos pelos alunos a partir de um tema ou deixar a cargo dos

próprios alunos a escolha sobre o que se produzir desde que tivesse relação com os

conteúdos vistos em aula. Deste modo, os alunos sentir-se-ão sujeitos autônomos e

reconhecidos pelos seus esforços. Eles também poderiam mobilizar a comunidade a

qual pertencem, entrevistando algumas pessoas que julgarem pertinentes com sua

proposta de pesquisa.

Os sites para a criação do blog são muitos, dentre eles estão:

www.wordpress.com, www.webnode.com.br, www.blog.uol.com.br, etc. E, segundo o

artigo, Aprendizagem mediada e avaliada por computador: a inserção dos blogs

como interface da educação, de Rosa Meire Carvalho de Oliveira(2006, p.340), as

vantagens do blog na educação se configuram como:

• Interface de fácil manuseio. • Desenvolve o papel do professor como mediador na produção de conhecimento. • Favorece a integração de leitura/ escrita num contexto autêntico, incentivando a autoria. • Incentiva a criatividade, através da escrita livre. • Favorece resultado didático no processo de desenvolvimento de habilidades. • Promove a autoria e co-autoria. • Incentiva a escrita colaborativa, a partir da partilha de informações de interesse comum. • Desenvolve a expressão e opinião pessoais, o pensamento crítico e a capacidade argumentativa. • Explora conteúdo e hipertexto de forma ilimitada. • Incentiva o aprendizado extra-classe de forma divertida.

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• Explora a formação de comunidades locais, regionais e internacionais. • Desenvolve a habilidade de pesquisar e selecionar informações, confrontar hipóteses. • Potencializa possibilidades do ensino-aprendizagem. • Potencializa a participação dos pais na vida escolar dos filhos. • Potencializa interação entre a classe.

Infere-se que a partir dessa enumeração dos benefícios do blog na educação,

as ferramentas online estão sendo usados muito aquém de suas potencialidades, o

que tem inviabilizado a ampliação de contextos educacionais.

c)Google drive

Falando em escritad que tal realizarmos uma produção textual coletiva, em

que cada usuário seja um colaborador? No google drive, você pode criar uma pasta,

documento, apresentação, planilha, formulário e desenho. Nele é permitido você

compartilhar o arquivo com outros usuários e optar se serão meros leitores do

arquivo ou se poderão editá-lo.

Outro aspecto interessante do google drive é que os arquivos estão na

computação em nuvem, portanto basta que tenha a Internet e faça o login de sua

conta no google drive para acessá-los em qualquer localidade, e os arquivos são

salvos imediatamente sem que haja a necessidade de sua solicitação.

d) Skype

Precisando retirar alguma dúvida e não quer perder tempo e dinheiro de

deslocamento? Instale o software do Skype gratuitamente e conecte seus amigos,

pois nele você pode fazer chamadas de vídeo e voz com eles desde que estejam

conectados ao mesmo tempo. O Skype, portanto, é uma ferramenta síncrona, ou

seja ambos precisam estar conectados ao mesmo tempo (online). Além de usar

algumas ferramentas assíncronas, ou seja, aquelas em que não há a necessidade

de estaremos conectados ao mesmo tempo, como o chat e envio de arquivos, por

exemplo.

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e) Hot potatoes

O Hot Potatoes é um software educacional gratuito para uso pedagógico,

devendo-se apenas preencher um formulário no site, cuja finalidade é a criação de

exercícios. Estes podem ser:

JCloze – cria exercícios de preenchimento de lacunas JCross – cria exercícios de palavras cruzadas JMatch – cria exercícios de combinação de colunas (textos e/ou imagens) JMix – cria exercícios de análise de sentenças JQuiz – cria exercícios de múltipla escolha

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Hot_Potatoes)

Portanto, o Hot Potatoes se configura como um programa de autoria, pois o usuário

é quem cria os seus próprios exercícios ao invés de retirar apenas modelos,

exemplos de exercícios. Basta que ele escolha qual ferramenta usar e insira as

questões, respostas,..., que o programa gera a página Web com o exercício

elaborado.

f) Prezi

No Prezi você pode criar apresentações dinâmicas. O conceito chave no Prezi,

portanto, é o de apresentações de zoom, por se tratar de aproximações e

distanciamentos com as imagens e os textos. A apresentação pode conter imagens,

textos, vídeos e músicas de fundo para a mesma, o que as deixa bastante cativante

para o público. Para utilizar o Prezi basta que crie uma conta no sitewww.Prezi.com

e que o local da apresentação disponha de Internet (as apresentações criadas ficam

salvas na sua conta do site), visto que a instalação do programa em seu computador

não está acessível na versão gratuita.

g)Podcast

Em síntese, nas palavras de MOURA, Adelina e CARVALHO, Ana Amélia o

podcast ou podcasting significa:

O podcasting (combinação da palavra iPod e broadcasting) é um modo de difusão de emissões de rádio. Através de subscrição de um “feed RSS”, e com a ajuda de um programa específico, pode-se descarregar automaticamente para o computador ou o IPod as emissões de rádio previamente seleccionadas e de seguida transferi-las para um leitor de ficheiros MP3 e serem ouvidas onde e quando o utilizador pretender. De facto, o que faz do podcast uma ferramenta

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atraente é a possibilidade que o ouvinte tem de subscrever os podcasts que lhe interessam usando um agregador RSS (Real Simple Syndication) que lhe garante automática a actualização dos podcasts para o PC ou leitor portátil. (pp.88-89)

As vantagens do podcasting são diversas por parte de todos ou atores da

sociedade. Ou autores por facilitar a disseminação de suas obras, os professores

por extrapolarem o local limítrofe das salas de aula para poder ensinar algo, os

alunos por exteriorizar suas opiniões acerca das coisas; estes são apenas alguns

usos estereotipados do que podemos fazer com o podcasting e, felizmente,

iniciativas vêm crescendo nesta área como podemos notar ao pesquisarmos em

sites de busca por podcast.

Uma ressalva que faço é não focarmos, nas escolas, esta ferramenta

tecnológica na “hierarquização do saber”, ou seja, em criar arquivos de podcast

somente os professores, autores, diretores,..., pois todos tem algo a dizer, portanto,

deveríamos estimular tanto os professores quanto alunos nesta produção. Para

compreendermos melhor do assunto e de que é uma tecnologia de uso fácil convido-

os a assistirem o vídeo (http://youtu.be/6YbH9XseDeA) do Prof. Eziquiel Mentae a

buscarem mais informações em sites de busca e artigos acadêmicos.

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CONCLUSÃO

A partir desta pesquisa conclui-se que apesar de décadas de pesquisa já

existente nesta área, o que representa um avanço científico, ainda necessitam de

estudos referentes à elaboração de um currículo escolar, que estruture o ensino

escolar aliado às tecnologias educacionais.

Ademais, anterior a entrada de uma nova concepção de ensino nas escolas

brasileiras faz-se necessário promover nas universidades uma formação docente

que satisfaça as condições da sociedade vigente. Nesse sentido, por a sociedade

atual estar permeada por objetos tecnológicos cada vez com mais recursos

comunicativos a relação entre informação, comunicação e educação é

imprescindível para que se construa um novo paradigma educacional ou, em outras

palavras, uma “escola com futuro” (PRETTO, 2013).

Contudo, não basta que cheguem os recursos às escolas, mas que se saibam

trabalhar com suas possibilidades para a formação do sujeito crítico, autônomo,

criativo, emancipado. Portanto, (re)pensar para que estão sendo formados os novos

educadores e que tipo de educação se almeja são as molas mestras para que possa

ocorrer a passagem para um novo paradigma educacional.

43

BIBLIOGRAFIA:

• ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação. São Paulo: Paz e Terra,

2012.

• DECRETO N.º 2.494.

<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/D2494.pdf>. Data de

acesso: 15/08/14.

• DECRETO N.º 5.622. <htbtp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-

2006/2005/Decreto/D5622.htm>. Data de acesso: 18/08/14.

• GABRIEL, Martha. Educar: a (r) evolução digital na educação. 1.ed. São

Paulo: Saraiva, 2013.

• KEARSLEY, Greg. Educação on-line: aprendendo e ensinando. São Paulo:

Cengage Learning, 2011.

• LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era

da informática. Rio de Janeiro: Ed.34,1993.

• MANUAL. Programa um computador por aluno.

<http://www.uca.gov.br/institucional/downloads/manual_eletronico.pdf>. Data

de acesso: 10/08/14.

• MENTA, Ezequiel. O que é Podcast?<http://youtu.be/6YbH9XseDeA>. Data

de acesso: 20/07/14.

• MOURA, Adelina; CARVALHO, Ana Amélia A. Podcast: Potencialidades na

Educação. .

• PAPERT, Seymour. A família em rede. Lisboa: Relógio D´Água, 1996.

• PRETTO, Nelson. Uma escola sem/com futuro: educação e multimídia.

Salvador: EDUFBA, 2013.

• OLIVEIRA, Rosa Meire Carvalho de. Aprendizagem mediada e avaliada por

computador: a inserção dos blogs como interface da educação. In. Avaliação

da aprendizagem em educação online SILVA, Marco; SANTOS, Edméa

(orgs.). Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2006.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO......................................................................................................2

AGRADECIMENTO......................................................................................................3

DEDICATÓRIA.............................................................................................................4

RESUMO......................................................................................................................5

METODOLOGIA...........................................................................................................6

SUMÁRIO.....................................................................................................................7

INTRODUÇÃO.............................................................................................................8

CAPÍTULO I

O que se entende por TICs na Educação: conceitos preliminares da Educação On-

Line.............................................................................................................................10

1.1 – Tecnologia Educacional: elementos componentes...........................................13

1.2 – Educação a Distância (EAD).............................................................................18

CAPÍTULO II

Educomunicação, Mídia & Educação.........................................................................21

CAPÍTULO III

Quais são os impasses e/ou novos desafios enfrentados pelos docentes para o

desenvolvimento de uma rede colaborativa nas salas de aula?................................31

3.1 – Novos olhares para a sala de aula....................................................................37

CONCLUSÃO.............................................................................................................42

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................43

ÍNDICE.......................................................................................................................44