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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS - GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NO ENSINO
SUPERIOR: UM MODO DIFERENTE DE ENSINAR.
Por: Fábio Ferreira Torres
Orientador
Prof. Vilson Sérgio
Rio de Janeiro
2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS - GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NO ENSINO
SUPERIOR: UM MODO DIFERENTE DE ENSINAR.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de Especialista em Docência do Ensino
Superior.
Por: Fábio Ferreira Torres
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PENSAMENTO
Continuo a pensar, sobre aquela máxima vivida
por Dom Juan, índio yaqui de sonora, no México,
abordado nos livros do antropólogo Carlos Castaneda; se
este caminho tem coração, se tem, é um bom caminho.
Sinto que esta árdua monografia foi escolhida assim, após
conflitos e decidida depois de uma aula de metodologia,
feita com coração.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu Poder Superior por me guiar
todos os dias do meu caminho e a um trabalho duro de
um programa de vida maravilhoso. Aos meus colegas de
Turma de Docência em Ensino Superior, pessoas que me
mostraram que a diversidade é realmente nossa maior
força. E a todos os professores, como meu Pai e minha
Mãe, anos de magistério a serviço do outro. Não
esquecendo, do meu amigo, professor, músico e
psicólogo, orientador informal e perspicaz, Sidnei.
Àqueles que fazem com paixão e me inspiram a ser um
professor com desejo de compartilhar a vida e
experiências com todos no meu caminho.
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DEDICATÓRIA
A minha família, principalmente na figura de
minha mãe, paciência, persistência e amor representados
na terra. A minha namorada Simone, parceira e guerreira
nas horas difíceis e boas. Aos meus sobrinhos, Gabriela e
Vinicius, anjos de luz e aos meus antepassados, que já se
foram e continuam olhando por mim.
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RESUMO
O problema central, representado pela pergunta: Como analisar, planejar
e controlar a aprendizagem através da avalição para alcançar um modo diferente de
ensinar, só pode ser respondido através dos objetivos propostos, que são analisar o
processo Ensino-Aprendizagem no Ensino Superior, conhecer o planejamento e
estudar a avaliação.
Possibilitar que o aluno seja o agente de seu aprendizado, responsável
pela continuação de seu conhecimento, com a ajuda do professor como mediador ou
facilitador da aprendizagem, simboliza a análise deste processo evidenciando que
ensinar é diferente de aprender. O planejamento de ensino norteia a ação do
Professor Universitário, pois o planejamento deve responder questões como: Para
quê? O quê? Como? Para quem? Quando? Para alcançar o tema proposto, que é o
Processo Ensino-Aprendizagem.
A avaliação principalmente a formativa leva a um modo diferente de
ensinar por ser controladora da aprendizagem, através do domínio gradual e
hierárquico de cada etapa de aprendizagem por parte do aluno.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi pesquisa qualitativa, método bibliográfico em
virtude da necessidade de busca de fontes. Como referência, livros, artigos
eletrônicos, retirados da internet, procedentes do Brasil e do Mundo nos últimos
cinquenta anos. Entrevista feita através de e-mail e pessoalmente nas dependências
da AVM filial Méier, Rio de Janeiro. Coleta e analise de dados sobre a experiência
de dois professores, utilizando referencial teórico de Carl Rogers, sobre o perfil do
facilitador da aprendizagem.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPITULO I – O Processo Ensino - Aprendizagem No Ensino Superior:
Uma Análise 12
CAPÍTULO II – O Mediador, O Facilitador Da Aprendizagem Ou Simplesmente,
Um Educador 24
CAPÍTULO III – O Planejamento No Processo Ensino – Aprendizagem 30
CAPÍTULO IV – A Avaliação 37
CONCLUSÃO 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 45
ANEXOS 49
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INTRODUÇÂO
Para alcançar um novo modo de ensinar através do processo ensino-
aprendizagem no ensino superior, deve-se começar pela análise desse processo.
No Brasil, no mundo e principalmente na Europa, as instituições de ensino superior
estabelecem uma oferta formativa. Nas exigências do mundo atual, a renovação das
práticas docentes, no sentido de formação de cidadãos a se integrarem e
participarem em ambientes sociais e profissionais cada vez mais complexos e
exigentes, numa lógica de educação e formação ao longo da vida. O trabalho de
aprendizado assentada numa nova forma de organização focada no aluno, que pode
influenciar na mudança de paradigmas. Passando de uma pedagogia de
transmissão de conhecimentos para uma pedagogia de construção de
conhecimentos.
Aprender não é o mesmo que ensinar. Aprender é um processo, no qual o
professor deve entender este processo de aprendizagem, permitindo que o aluno
aprenda a aprender. Todavia o ensino é o ato comum do professor e aluno. Para
estabelecer esta relação íntima entre professor e aluno, os sete princípios para a
boa prática na educação de ensino superior, podem ajudar nesta ligação.
Desenvolvidos por Chickering e Gamson (1991), são eles: A boa prática encoraja o
contato entre o aluno e o professor; encoraja a cooperação entre os alunos; encoraja
a cooperação entre os alunos; encoraja a aprendizagem ativa; fornece feedback
imediato; enfatiza o tempo da tarefa; comunica altas expectativas e por fim, a boa
prática respeita os diversos talentos e as diferentes formas de aprendizagem.
Em um segundo momento, a entrevista entre dois professores, deixa claro
que um deles prefere não se enquadrar em rótulos, e se vê simplesmente como um
educador. Outro professor se enquadra não só no perfil de um facilitador da
aprendizagem, por Carl Rogers, aprendendo e ensinando como pessoas que
buscam em suas relações humanas a chave para o conhecimento real. Deixando de
ser um mero transmissor para ser um estimulador de todos os processos que levem
os alunos a construírem seus conceitos, valores, atitudes e habilidades que lhes
permitam crescer como pessoas. E principalmente no papel de um mediador da
aprendizagem, por favorecer uma postura reflexiva e investigativa do aluno, através
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do ato de pesquisar, para compor os próprios achados, promovendo o ato de pensar
e juntamente com a metodologia, promover um novo conhecimento no seu cotidiano.
Na penúltima etapa, que é o planejamento do processo ensino-
aprendizagem, encontra-se o planejamento como um ato peculiar atualmente, pois
no cotidiano o ser humano lança mão de um artificio simples e vital, que é o planejar
seu dia. É um processo contínuo e dinâmico, um conjunto de ações intencionais,
integradas, coordenadas, orientadas para tornar realidade em um objetivo futuro.
Também possibilita a tomada de decisões antecipadamente.
Para o exercício de antecipação, há três tipos de planejamento, o
estratégico, com uma visão de longo prazo, o tático, com relação a metas de curto
prazo, e o operacional, que é a formalização. Documentos escritos sobre a
metodologia, e desenvolvido para implantações estabelecidas. No processo ensino-
aprendizagem não é diferente; pois é vivo e complexo, de uma sociedade em
transformação. O planejamento educacional é um ato político-pedagógico que
explicita suas intenções bem como os objetivos que pretendem atingir. Quando
pensamos em planejamento educacional, outros planejamentos vêm à tona, como o
escolar, de ensino e curricular. Outra ferramenta poderosa é o plano de ensino,
Instrumento este que norteia as ações do professor universitário.
E por fim, a avaliação no processo ensino-aprendizagem. A avaliação
classificatória trabalha com a ideia de mérito, julgamento e recompensa. A medição
pura e simples constitui a dinâmica escolar de visibilidade e resultados quantitativos
que exponham o rendimento de cada aluno com a demonstração da aprendizagem
realizada. Dinâmica esta que isola os sujeitos com suas peculiaridades,
idiossincrasias e alma. Dificulta o diálogo e reduz espaços solidários e de espírito de
cooperação, estimulando a competição. Já a avaliação formativa, está no centro de
uma revolução pedagógica, transição da profissão de professor, antes dispensador
de aulas e lições, agora um criador de situações de aprendizagem. Transbordando
de sentido e regulação, nessa direção, a avaliação permite o aluno refazer o que
exercitou em situações de aprendizagem. Ela impulsiona o aluno a se autorregular,
em direção a uma aprendizagem que o impulsione para um projeto de educação, de
uma ação pedagógica.
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A avaliação não é um fim ou princípio em si, mas algo que revelará a aquisição do
conhecimento visado, principalmente para sua formação como indivíduo, situado em
um mundo em eterna transformação.
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CAPITULO I
O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NO ENSINO
SUPERIOR: UMA ANÁLISE.
Ao começarmos esta análise do processo ensino-aprendizagem devemos
situar o ensino superior num contexto atual e moderno. Borralho e Fialho (2009)
trazem sugestões organizativas do ensino superior tais como a massificação, a
heterogeneidade da população discente, novas culturas de qualidade, mudanças no
mundo produtivo e do trabalho, internacionalização dos estudos superiores, novas
orientações para formação, redução de fundos. São alguns dos fatores que se tem
repercutido na forma como as instituições de ensino superior organizam seus
recursos e estabelecem a oferta formativa. Neste contexto diante as exigências do
mundo atual, e a renovarem as práticas docentes no sentido de formação de
cidadãos capazes de se integrarem e participarem em ambientes sociais e
profissionais cada vez mais complexos e exigentes, numa lógica de educação e
formação ao longo da vida.
A adoção do sistema ECTS (European Credit Transfer System) que se
focaliza no trabalho de aprendizado do aluno, se induz uma nova forma de
organização centrada no estudante e colocando maior ênfase nos processos de
aprendizagem. Para Reimão (2001) pode influenciar na mudança de paradigmas
exigindo a mudança do ensino “magistro centrado”, que assente numa pedagogia de
transmissão de conhecimentos, dê lugar ao ensino “sócio centrado”, assente numa
pedagogia de construção de conhecimentos.
A declaração de Bolonha desencadeou vastas reformas nas instituições
de ensino superior tanto a nível organizativo como estrutural, com implicações no
processo de ensino, aprendizagem e avaliação, ao enfatizarem a tutoria
universitária, pois envolvem a personalização desses processos e arrastam a opção
por uma via de aprendizagem autônoma e cooperativa por parte dos estudantes. Na
opinião de Zabalza (2002), o papel do professor passa a ser o de guia orientador do
processo de aprendizagem e facilitador da aquisição de desenvolvimento de
competências básicas e profissionais nos estudantes, incrementando a sua
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autonomia, pensamento crítico e a reflexão sobre o seu próprio processo de
aprendizagem.
Para Prandi (2009) o ensino na universidade se constitui um processo de
busca da construção científica e crítica ao conhecimento produzido. Este é, portanto,
o papel da sociedade na construção dela mesma. Indo um pouco mais além, sem
discordar desta preciosa contribuição, é como estivesse se reinventando,
construindo o próprio conhecimento, uma construção viva, orgânica, modificando a
própria sociedade que se vive trazendo poderosas contribuições a uma sociedade
em ebulição e transformação, onde o fórum de experiências únicas se dá no exato
instante em que os alunos se reconhecem atores deste processo, protagonistas de
um tempo que estão a escrever no aqui e agora.
Alguns autores dentre eles Arroyo (2000); Pimenta; Anastasiou (2002);
Souza (2003); Gasparin (2005); Zabalza (2004); Passos et al (2006) , concordam
que o ato de aprender a aprender é uma das principais funções do ato de ensinar,
ou melhor, do ato de educar. Zabalza (2004) aprofunda ainda mais esse consenso,
dizendo que tais reflexões nos fazem perceber como é importante o professor
universitário determinar, de início, o que o universitário será capaz de fazer ao final
do aprendizado. Alguns autores em consonância com outros como Mello (1999);
Freire (2005); Libâneo (1999); Massetto (2003); Alarcão (2003) concordam com o
fato de que o espaço institucional que o professor ocupa é dinâmico, atravessado
por tensões, onde acontece um intensivo jogo de poder gerador de conflitos e lutas.
Não é neutro e refletem carências, expectativas, desejos, fragilidades, pensamentos,
dependência, enfim, tudo o que afeta o professor como profissional e pessoa.
Prandi (2009) situa o ensino superior na perspectiva contemporânea de
educação, a docência apresenta-se como uma atividade complexa pela
convergência concomitante das questões teóricas e práticas, com origens no
enfrentamento do cotidiano, envolvendo o professor na sua totalidade. Nesse
sentido, sua prática é resultado do saber e do fazer e, sobretudo, do ser,
significando um compromisso consigo mesmo, com o aluno, com o conhecimento e
com a sociedade em transformação. Acredita-se ser possível abandonar a
exclusividade atribuída à técnica, e os professores universitários podem se mostrar
favoráveis à prática que implica um professor acolhedor, confiante, dialógico,
questionador e provocador. Em relação à disciplina ministrada, pode surgir uma
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proposta mais global, relacionada a conteúdos, sentimentos, cooperação,
participação e/ou incertezas.
Encontrar um meio acabado e definido para se traçar metas de
decomposição do processo ensino-aprendizagem parece uma tarefa inglória e sem
sentido. A busca de um modo diferente de ensinar através de planejamento,
orientação e controle da aprendizagem aponta na direção do que significa o
processo ensino-aprendizagem.
Assim como cada um empresta um pouco de si para construir sua
didática, na opinião de Chiraldelli Jr. (2007), um conteúdo educativo quando
permeado por uma pedagogia, visa à alteração do comportamento de quem esteve
na relação ensino-aprendizagem, e ficamos efetivamente sabendo quando o
estudante que se integra nessa situação, tem um comportamento que revela
alterações que queríamos ver alcançadas.
Na direção da construção do conhecimento encontra-se a interação
dialética entre o instrutivo processo de formar homens capazes e inteligentes, e o
educativo. No educativo ocorre a formação de valores e sentimentos que identificam
o homem como ser social, transformador, significativo, polêmico, convicto com suas
vontades, sonhos e aspirações. Dois outros elementos da esfera evolutiva são
importantes para o processo ensino-aprendizagem, a afetiva, onde todas as
relações cotidianas se dão, tornando o homem um ser essencialmente social, onde
o afeto é argamassa de sua condição humana; e a cognitiva, possibilitando o de
construir ativamente sua visão de mundo.
O propósito essencial dessa interação dialética é construir para formação
integral da personalidade do aluno. Dentre os objetivos do ensino, destaca-se o
cognitivo de cujo propósito é desenvolver destrezas motoras. Como foi visto pela
contribuição de Chiraldelli Jr. (2007), em termos comportamentais surgem condutas
manifestadas pelo aluno ao apreender o assunto pretendido.
Na formação multilateral da personalidade do homem, ou seja, a
interação dialética entre o instrutivo e o educativo, não se pode deixar de fora a
resposta que ele dá, através da apropriação do conhecimento, desenvolvimento
intelectual e físico, e formação de sentimentos, qualidades e valores. Resposta esta
para se alcançar objetivos gerais e específicos propostos em cada nível de ensino.
Para alcançar a apropriação da informação, parte-se da informação da
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personalidade do aluno, onde o binômio ensinar-aprender parte das estratégias
desenvolvidas pelo professor e pelo aluno.
Oportunamente Zuanon (2006) desenvolve o pressuposto que há sempre
envolvido pelo menos dois atores, sujeitos sociais, históricos e culturais;
instrumentalizados pela linguagem. Este fluxo se dá nas duas direções onde
acontece a permuta de valores, princípios e crenças.
Estas estratégias são desenvolvidas pela vontade do aluno de aprender
através de sua sede de conhecimento sobre determinado ramo, onde sua vida pode
ser modificada e ser dado um significado.
A interação dos alunos com seus significados compartilhados se
complementam ao se inserir a figura do professor, que nessa interação parte de
determinada estratégia de ensino descentralizando opiniões que geram um
desenvolvimento potencial. A expressão das emoções dos estudantes reduz a
desigualdade, rompe a hierarquia do grupo, ao perceber o comportamento de seus
pares. Evoluindo para uma envolvente e benéfica sociabilidade, em que os desiguais
se harmonizam, sem perderem suas individualidades, realçando suas opiniões
divergentes, onde a maior força é a diversidade, dando várias cores em contribuição
para este quadro social, esta equipe, esta nova tribo com convívio regulador e
orgânico entre si.
Uma boa relação resulta na satisfação do grupo, onde todos alcançam
êxito e o indivíduo não. Entretanto, quando o resultado é o fracasso mesmo com
êxito de um indivíduo o nível de satisfação cai. No processo interativo-cooperativo a
motivação se dá no sucesso do grupo, e não do indivíduo, no qual cada um dá sua
contribuição, ocorrendo melhora da informação, levantamento de opiniões
contrárias, desenvolvendo laços de aprendizagem. Rever e diversificar metodologias
para desenvolver o sistema motivacional cooperativo, pensa-se em um aluno com
abertura, interesse e predisposição para inovações, desejoso de conhecer práticas
pedagógicas alternativas, entremeadas por vários campos do conhecimento,
empenhada na construção de um saber coletivo, solidário, socializante.
Através de um influxo de pensamentos inovadores, mudanças de ideias,
construções e desconstruções sucessivas, desempenho de papéis, condutores de
responsabilidades compartilhadas e cooperativas, quer com o professor, quer com
seus pares, o aluno permite-se valorizar e vivenciar sua capacidade de intervenção
e mergulhar na atuação de vários papéis ao longo do trabalho investigativo.
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Perceber e refletir sobre o processo ensino-aprendizagem torna-se imprescindível
na construção do conhecimento científico.
Ações pedagógicas formativas que substituem as informativas utilizam
informações acumuladas culturalmente através de instrumentos de conhecimento,
passam a serem elementos de trabalho para alunos orientados por professores que
a utilizam como meios de compreensão da realidade em seu entorno, da situação
em loco na qual vive, de sua atuação como ator social, na resolução de seus
problemas.
O aluno torna-se sujeito de sua ação, indo além das aparências imediatas
para a transformação do conhecimento de senso comum para um conhecimento
mais elaborado, crítico e reflexivo.
A prática do professor está centrada sobre três pontos principais, o
conteúdo, no qual é especialista, sua visão de educador e as habilidades e
conhecimentos que lhe permitem uma ação pedagógica em sala de aula. Assim o
cerne da questão é a opção que o professor faz, pelo ensino que desenvolve, seja
pela aprendizagem que o aluno se vê como agente responsável por esta ação. O
ensino consiste em uma resposta planejada as exigências naturais do processo de
aprendizagem, onde o ensino se dá através da relação pessoal do professor com o
aluno. O entusiasmo do professor, estar pleno de Deus deve influenciar o amor à
ciência e pelos alunos através de sua convicção e conhecimento alicerçado em
planejamento e metodologia adequada, permitindo a iniciativa própria através de
esforços intelectuais e morais para atingir a aprendizagem.
Para alcance de bons resultados o processo de ensino deve deixar
acontecer naturalmente, apenas facilitando-o e incrementando-o.
Na visão estratégica de Bodernave e Pereira (2011)|, os fatores que
interferem no processo Ensino-Aprendizagem baseiam-se no tripé aluno-professor-
conteúdo, o aluno trás a motivação consigo mesmo para impulsionar o processo, o
assunto se estrutura entre componentes, relações. O professor utiliza a situação
estimuladora ambiental, tirando tudo que o ambiente possa lhe ofertar nesse
processo, sem se esquecer dos conhecimentos próprios trazidos pelo aluno. O
assunto requer tipos de aprendizagem, instrumentos para a comunicação verbal, de
instrução do professor buscando tirar melhor proveito de sua relação com o aluno,
tirando o máximo de aproveitamento da metodologia da ordem de apresentação,
apresentando o correto feedback aos seus alunos sobre seu processo. Mais uma
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vez se relacionando com estes, que desenvolvem uma atitude com a disciplina em
sua relação com o professor, que demonstra atitude com a matéria ensinada.
Ao passar rapidamente pela teoria de Piaget (1969), onde o pensamento
é a base que se assenta a aprendizagem, é a maneira de a inteligência manifestar-
se, que por sua vez é um fenômeno biológico condicionado pela base neurônica do
cérebro e do corpo inteiro, sujeito ao processo de maturação do organismo. A
inteligência desenvolve uma estrutura e um funcionamento e o próprio
funcionamento vai modificando a estrutura. Essa estrutura não é fixada e acabada,
mas dinâmica, um processo de construção continua.
Já Skinner (1972) se interessa no poderoso papel da “recompensa” ou
“reforço”, ou como se diz num velho ditado popular, primeiro a obrigação depois à
devoção, preenchendo requisitos de fatores condicionantes da sociedade,
cumprindo papeis, e depois saborear as recompensas do dever cumprido. Este
ainda parte da premissa que toda ação que produza satisfação tenderá a ser
repetida e aprendida.
A contribuição de Gagné (1971) é sobre a importância de uma hierarquia
de tipos de aprendizagem que vão da simples associação de estímulos à
complexidade da solução de problemas. Assim as três teorias mencionadas acima,
Piaget, Skinner e Gagné indicam conceitos comuns para o entendimento do
processo de aprendizagem, resumidas em que o agente da aprendizagem é o aluno,
o professor é um orientador e facilitador, as diferenças individuais entre alunos
devem ser respeitadas e a aprendizagem ser compartilhada de maneira mais
individualizada; e que a aprendizagem de qualquer assunto requer uma continuidade
ou sequência lógica e psicológica.
Há alguns pontos ou princípios a se considerar quando se preocupa com
a real aprendizagem do aluno, dentre eles o que mais exemplifica o entusiasmo pela
aprendizagem é ela ser significativa para o aluno, relacionada com experiências,
conhecimentos e viveres dos alunos, permitindo-lhes problematizar suas questões
pessoais, sua realidade. Em contrapartida, a retirada de experiências e soluções
para dar significado a sua existência, a aprendizagem é pessoal e individualizada,
visando objetivos realísticos, necessitando de feedback imediato, num processo
contínuo, imbricada em um bom relacionamento entre elementos do processo:
aluno, professor e colegas.
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Aprender não é o mesmo que ensinar. Aprender é um processo que parte
do aluno, e o faz agente especial deste processo, no qual o professor deve entender
este processo de aprendizagem, permitindo que o aluno aprenda a aprender.
Na relação professor-aluno, cabe a ambos determinar o clima desta
relação por se tratar de seres humanos, as relações se dão em clima evolutivo e de
igualdade, permitindo o crescimento mútuo, onde a reciprocidade é essencial, em
base de um clima de colaboração. Para a contribuição do projeto, o professor
aprende com este, é ensinado verdadeiramente pelos seus alunos permitindo
realizar-se em seu projeto de conhecimento. Parafraseando Arsitóteles, ¨o ensino é
o ato comum entre o professor e aluno¨.
Em um momento de elucidação Krishnamurti, livre pensador hindu, criado
pela aristocracia inglesa, afirma: ¨Há verdadeira educação quando o educador está
sendo educado, no mesmo tempo que os jovens, e isso implica, que deve haver
liberdade tanto para a criança como para nós mesmos na conclusão de um longo
curso de disciplina e coerção”. Nesta linha de pensamento o mesmo constata que a
educação não é um mero acumular e reproduzir de conhecimentos baseia-se em
fórmulas bastante precárias, que inevitavelmente levam a um pensar cego, e que é
quase universal a submissão às fórmulas. Pois nosso sistema de educação está
baseado em que pensar e não como pensar.
Em outro momento de rara lucidez, o mesmo pensador afirma: “ Se
desejas, porém, inaugurar a educação correta, está interessado em libertar a mente,
para que possa considerar a vida como uma visão integrada que só pode vir com o
autoconhecimento; esta é a razão porque é tão importante que tanto o educador
como o educando, estejam plenamente cônscios do processo da mente e do próprio
ser”.
Continuando na relação professor-aluno, não são as características de
personalidade do professor e sim suas ações em sala de aula que influenciam na
aprendizagem dos alunos. Levando em consideração aspectos sociais, culturais e
políticos, pois políticas são todas as ações relacionadas dos homens, que
condicionam este relacionamento que torna o papel do professor num sistema
complexo e dialético. Um clima de apreço e empatia emblema uma relação de
autenticidade com tendência a construção do indivíduo, inaugurando uma verdadeira
epopeia educacional. A aprendizagem transforma-se em vida, e com entusiasmo
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como fruto dessa relação, o aluno passa por uma aprendizagem, por uma mudança
interior, verdadeira, duradora e reveladora.
Como não conhecer e descrever os sete princípios para a boa prática na
educação de ensino superior, desenvolvidos por Chickering e Gamson (1991), fruto
de amor de ensino sobre as boas práticas de ensino-aprendizagem em faculdades e
universidades americanas. Nada além de corroboração motivada por uma visão
prática e sistêmica resultante de anos de experiência e pesquisas, de todos os
conceitos teóricos relacionados ao processo ensino-aprendizagem.
Os autores descrevem que o professor que encoraja o contato com os
estudantes tanto dentro quanto fora da sala de aula, obtém alunos mais motivados,
comprometidos intelectualmente e com melhor desenvolvimento pessoal. Logo a
boa prática encoraja o contato entre aluno e professor. O professor entusiasmado
com seu trabalho, interessado e preocupado com o futuro do aluno, mantêm-se apto
para dialogar, incentivar discussões de pontos de vista diferentes e abre
possibilidades para juntos desenvolverem e projetarem novos rumos nas nuances
do conhecimento e a resolverem seus problemas. Os contatos informais entre
professores e alunos com mais êxito, eram aqueles que focavam assuntos de
interesse dos alunos, relacionados com a futura carreira profissional.
A influência sobre esse relacionamento pode ser marcada por algumas
variáveis, como tamanho da classe, experiência em sala de aula, estrutura, política e
tamanho da instituição. Outro princípio e que a boa prática encoraja a cooperação
entre alunos. Como se pode ver nas práticas educacionais o trabalho em equipe é
muito disseminado, pois esse estímulo tem a intenção de funcionar como dinâmica
para estimular a cooperação, pois em todos os ramos das atividades humanas o
trabalho em grupo é primordial. Trabalhos com outros aumenta o envolvimento com
a aprendizagem, dividir as próprias ideias com colegas ou responder as ações
propostas por esses, desafia o raciocínio, aprofundando o entendimento.
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A cooperação ao contrário do que se dissemina atualmente, trazendo a
competitividade com melhorias no sistema de produção, revela-se na aprendizagem,
um fator de aumento de produtividade, para o desenvolvimento do comprometimento
e relacionamento positivos entre membros do grupo, proporcionando crescimento e
autoestima.
Aluno ensinando aluno demonstra-se mais positivo do que práticas
passivas, como as aulas expositivas, onde percebe um alcance de aprendizagens
cognitivas de nível mais alto ou de aprendizagens atitudinais. A boa prática encoraja
a aprendizagem ativa, observa-se que a postura passiva de meros receptores do
conteúdo emitido resulta em baixo índice de aprendizagem, onde ouvir os
professores, memorizar conceitos e desejar respostas realçam ainda mais essa
baixa aprendizagem. Os alunos deveriam tecer outros pontos de vista sobre o que
se está aprendendo, fazer relações com experiências anteriores, saber aplicar o
aprendido na vida prática. Resinificar o que estão aprendendo, tornando o conteúdo
parte de si mesmos.
Utiliza-se na aprendizagem ativa, exercícios estruturados, desafios,
problematizações para ensinar soluções inerentes à vida real, trabalhos em grupo,
onde nota-se um melhor aproveitamento em sala de aula, cada um dando sua
participação, não sectária e sim complementar. A aprendizagem ativa também pode
ocorrer fora de sala de aula, tanto em grupo quanto individualmente, apesar de
pesquisas indicarem um melhor aproveitamento quando estimulam a cooperação
entre os alunos, como visto anteriormente.
O atendimento a este princípio requer despertar o interesse e a
curiosidade do aluno; mas exemplos fazendo conexão entre conteúdo e a vida real e
as experiências pessoais, estimula o desenvolvimento de estudos e pesquisas
individuais e em grupos, utilizar métodos vivenciais como jogos, simulações, estudos
de caso, laboratórios e dramatizações, realizar atividades de extensão como visitas,
palestras e seminários.
O princípio que diz que a boa prática fornece feedback imediato, é o que
permite os alunos checarem constantemente sua performance, para alcançarem um
aproveitamento melhor, possibilitando-os checar o que sabem e o que não sabem,
para focar nos objetivos da aprendizagem. Existe uma relação positiva entre o
pronto feedback e a satisfação e auto regulação dos alunos, informando e
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direcionando-os para suas principais fontes de erro, possibilitando ver se está ou
não no caminho da aprendizagem pretendida.
Há uma tendência para a necessidade de se focar na qualidade dos
meios utilizados para a avaliação da aprendizagem, tais como testes de
memorização versus pensamento crítico. Como também a utilização de diferentes
instrumentos de medição de desempenho como exercícios de fixação,
apresentações orais, debates, fóruns, seminários e apresentação de trabalhos de
pesquisas que permite o espírito investigativo de uma realidade em constante
mutação, trazendo à luz uma atualização condizente com objetivos traçados para
aprendizagem.
A boa prática do ensino enfatiza o tempo da tarefa, possibilitando o aluno
a gerenciar o tempo necessário para a aprendizagem, o manuseio realístico por
parte do professor permite alcançar a prática do ensino. As disciplinas que utilizam
uma maior quantidade de aulas semanais e horas e horas-aula obtêm um melhor
desempenho do aluno, evidenciando assim a necessidade de uma maior
continuidade e planejamento das aulas no processo ensino-aprendizagem. Há
questões fundamentais como os professores utilizam o tempo em sala de aula,
diferentes variáveis como gerenciamento, ritmo e tarefa, além de como estruturar o
tempo em parcelas, na aplicação de atividades cooperativas, aprendizagem ativa,
fornecimento de pronto feedback e articulação de objetivos. Estas questões
permitem um aprofundamento na natureza do tempo nas tarefas em sala de aula e
fora delas. Também se devem levar em consideração outras etapas que possibilitam
o cumprimento das questões levantadas acima, principalmente etapas que
demandam o planejamento curricular, definição de horário pelas instituições e
elaboração dos planos de ensino pelos professores.
No contínuo observar dos princípios na boa prática na educação, o
princípio que comunica altas expectativas, os esforços formais e informais dos
professores e administradores proporcionam um clima organizacional que reflete na
motivação e desenvolvimento performático dos alunos, tornando-se desafiador ou
exige-se pouco destes. Metas desafiantes estimulam mais os alunos que tendem a
experimentar, a medir suas capacidades para atingir seus objetivos e expectativas
mais elevadas. O professor que mantem altas expectativas em relação ao
desempenho acadêmico de seus alunos, alcançam geralmente efeitos mais
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positivos nestes como um maior rendimento, maior frequência às aulas e maior
senso de responsabilidade.
O último princípio, diz que a boa prática respeita os diversos talentos e as
diferentes formas de aprendizagem. Como não beber da fonte extraordinária de
saberes e conhecimentos que os alunos trazem para faculdade, frutos de uma vida
de percepções, valores, conceitos e realidades diferentes e desafiadoras? Os
talentos são frutos de uma existência, estilos de aprendizagem desenvolvidos ao
longo de sua vida estudantil, observar, respeitar e aprender com esses talentos e
estilos faz do professor um garimpeiro, que retira às vezes gemas brutas, trazendo
através de suas mãos e trabalho bruto, a lapidação necessária para fazer essas
riquezas desabrocharem. Essas riquezas são uma aprendizagem individualizada e
colaborativa, fruto de uma convivência em uma pequena sociedade orquestral que é
a sala de aula.
Os alunos podem expandir seus estilos de aprendizagem, combinando
métodos instrucionais com seus estilos pode resultar em uma melhoria acentuada
no processo de ensino-aprendizagem e aqueles que monitoram o uso de estratégias
mais adequadas alcançam melhores resultados. O professor busca uma variação
constante das técnicas e métodos de ensino, vislumbrando o aproveitamento dos
diferentes estilos de aprendizagem dos alunos, respeitando suas potencialidades e
individualidades. Este último princípio se relaciona com os outros seis para
estabelecer uma boa sinergia na prática da Educação.
Para fechar esta análise do processo ensino-aprendizagem, não poderia
ficar de fora Paulo Freire (2005), que com sua visão e militância em uma pedagogia
de libertação pode oferecer pérolas que fazem refletir de uma maneira ágil e
especifica. Um exemplo dessa lucidez é sintetizada no seguinte pensamento: “
Ninguém educa ninguém. Ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam
entre si, mediados pelo mundo” (p.39). Ao contrário da Educação como transmissão
de conhecimento, como ele mesmo diria, bancária, onde se deposita conhecimento
na cabeça de um aluno como tábua rasa, “ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a produção ou a sua construção”.
Para Freire (2005), o conhecimento é algo a ser construído na
coletividade, pelo qual o movimento da ação-reflexão é fundamental. Sua pedagogia
se caracteriza por ser dialógica e também dialética, dialética porque não podemos
realizar uma dicotomia sobre os fundamentos da Educação que são; ação-reflexão,
23
subjetivo-objetivo, homem-mundo, educador-educando; não há hierarquia, nestes
parâmetros a Educação não é via de mão única, mas via de mão dupla. Não é
assimétrica, mas é simétrica. Dialógica porque é através da comunicação que
estabelecemos relações com o outro, que edificamos a dialética em nossas vidas.
Essa reflexão sintetiza a relação de aprendizado entre aluno e professor
franca e aberta, possibilitando um sistema vivo, onde a relação humana é mestra no
desvelar de emoções e ações, possibilitando troca e concreção de um novo
aprendizado, uma nova forma de educação.
24
CAPÍTULO II
O MEDIADOR, O FACILITADOR DA APRENDIZAGEM OU
SIMPLESMENTE, UM EDUCADOR.
Este capítulo inicia-se com a aventura de uma entrevista realizada com
dois profissionais de educação, com suas visões um tanto diferentes com relação à
figura do facilitador da aprendizagem, mas que se completam, inspirada na visão do
educador Carl Rogers, coadunando com uma forma diferente de ensino. Após a
entrevista, será realizada uma análise desses dados.
A primeira entrevista foi realizada por troca de e-mail com o Professor e
Psicólogo Marcelo Saldanha em 25/03/2013 às 23 horas com sua autorização para
identificação e utilização dos dados. A segunda, realizada pessoalmente com o
Professor Geraldo César Rena, professor em tecnologia têxtil do SENAI-CETIQT, na
sala 13 do Instituto de ensino AVM, unidade Méier na cidade do Rio de Janeiro, às
20 horas e 30 minutos do dia 10/08/2013, contando com a autorização do mesmo
para identificação e utilização de dados. Segue a entrevista na integra com as
respostas de ambos respectivamente após a reprodução da pergunta.
_ Qual a sua visão do processo ensino-aprendizagem?
_ Saldanha: Entendo exatamente como se pensa: é um processo. Estão
em jogo variáveis importantíssimas para a construção de algo em conjunto. Esse
algo é o conhecimento. Ninguém tem um saber pronto. Temos saberes e momentos
em que esses saberes são solicitados. O professor tem um conteúdo que dever ser
desenvolvido em sala mediante a consideração da capacidade do aluno, o ambiente
em que se dá uma aula e a relação que se estabelece entre as partes.
_ Rena: Evoluiu para ambiente de aprendizagem, com a presença do
agente facilitador, “o mediador”.
25
_ Você percebe-se no perfil de um facilitador da aprendizagem, segundo
Rogers, dentre outros aspectos, deve ser uma pessoa real, autêntica, vivencial;
apreciar e respeitar o estudante com empatia e sobre tudo confiar sinceramente na
capacidade potencial dom estudante de crescer e aprender proporcionando um
clima de liberdade e apoio?
_ Saldanha: Eu sei que devo procurar empatia, mas não, “me percebo no
perfil de um educador”. O educador não é um ser estático e, por vezes, se a relação
não é bem construída, talvez eu não confie na capacidade do aluno. É uma troca. Se
eles não confiam em mim, é bem provável que eu não confie neles. Idealizar a figura
do educador, a meu ver, atrapalha a visão da educação no sentido em que as partes
são interdependentes. Cabe ao professor iniciar a relação, mas também é atribuição
dos alunos buscar empatia e produtividade.
_ Rena: Sim. A evolução das técnicas de didática ajuda neste
posicionamento.
_ Ainda sobre o perfil de um facilitador, o professor não dá provas ou
exames obrigatórios, encontrando muitos outros métodos e procedimentos, para
gerar na sala de aula um clima de liberdade e autonomia para seus estudantes. O
que você acha disso?
_Saldanha: Apesar de me considerar bem liberal e com um sentido
democrático bem desenvolvido, sou a favor de provas. Não sou a favor das provas
que sabotam o aluno e querem derrubá-lo em nome da autoafirmação de quem se
diz educador. A avaliação é o ponto culminante da aprendizagem e deve ser levada
a termo. Só que provas não são apenas perguntas... podem ser pesquisas,
relatórios e atividades ou qualquer instrumento que, de uma maneira ou de outra,
indicam que houve aprendizado. Por exemplo: Matemática pode ser avaliada não
pela prova pura e simples, mas demonstrando como aquelas práticas podem ser
úteis no dia-dia. Dá trabalho, mas o resultado é bem melhor.
_Rena: Fundamental para o desenvolvimento. O professor não reprova o
aluno a vida faz isso.
26
_Você se vê como um facilitador?
_Saldanha: Sinceramente, não sei. Procuro não reproduzir em sala de
aula os comportamentos que considero destrutivos numa relação pedagógica. É
muita prepotência eu me avaliar sem observar o produto final em cada turma. Pode
ser que eu facilite, mas não consigo avaliar antes de ter um feedback dos alunos.
_Rena: Sim, devido à prática em um ambiente de trabalho. Temos que
trazer para dentro da sala de aula o que se passe na vida real.
A seguir será analisada a entrevista e seus dados. Com relação a
pergunta sobre o processo ensino-aprendizagem ambos dão ênfase ao ambiente
onde este processo se dá, o Professor Marcelo Saldanha considera a capacidade do
aluno e seu saber próprio, e a construção desta relação em torno do conhecimento.
Geraldo Rena vê que a presença do facilitador proporciona este ambiente de
aprendizagem através de uma intervenção própria como mediador deste processo.
Sobre o perfil de um facilitador, Rena acredita que as técnicas didáticas
ajudam no posicionamento de ser uma pessoa real; autêntica, vivencial, sobretudo
no relacionamento com empatia, acreditando na capacidade potencial do estudante.
Saldanha percebe-se no perfil de um educador, mais que no de facilitador da
aprendizagem, sem se enquadrar em qualquer rótulo, acredita, sobretudo numa
relação de troca com aluno onde a relação de confiança é mutua, cabendo ao
educador iniciar a relação e o aluno buscar a mesma com pró-atividade. Ainda sobre
o perfil do facilitador da aprendizagem, a postura de não aplicar provas e exames
obrigatórios, encontrando outros métodos e procedimentos para avaliar a
aprendizagem. Rena considera o ambiente de liberdade e autonomia para os
estudantes fundamental, tirando o peso da reprovação, colocando a vida como
mestra da própria vida. Saldanha se vê mais como educador, e não abre mão das
provas, mesmo se considerando bem democrático e liberal, sendo contra provas que
tentam sabotar ou derrubar o aluno. Ambos acreditam que a liberdade e autonomia
podem ser conseguidas através de outras avaliações que completam o processo de
ensino no dia-a-dia.
27
Com relação ao autoconceito de um facilitador, Saldanha procura não
reproduzir em sala de aula comportamentos considerados destrutivos numa relação
pedagógica, observando o produto final da aprendizagem através do feedback dos
alunos. Rena trás a prática para o ambiente de trabalho, reproduzindo na sala de
aula, situações que se passam na vida real. Em resumo, Geraldo Rena se vê no
perfil de um facilitador da aprendizagem, ou como ele mesmo se percebe, o
mediador. Marcelo Saldanha se vê simplesmente como um educador.
Continuando na pista deixada pelos entrevistados, onde em Saldanha
bate o coração de um educador sem rótulos, e em Rena o perfil de um facilitador, ou
melhor, na sua visão, de um moderador, ambos sem medo de mediar o ensino
através da mágica socrática de caminhar ao ar livre, aprendendo e ensinando como
pessoas que buscam nas relações humanas a chave para um conhecimento real.
Na visão de Santos (2001), “o professor tem deixado de ser um mero
transmissor de conhecimentos para ser mais um orientador, um estimulador de
todos os processos que levam os alunos a construírem seus conceitos, valores,
atitudes e habilidades que lhes permitam crescer como pessoas, como cidadãos e
futuros trabalhadores, desempenhando uma influencia verdadeiramente construtiva”;
o mediador favorece uma postura reflexiva e investigativa do aluno, através do ato
de pesquisar, para compor os próprios achados, promovendo o ato de pensar, e
juntamente com a metodologia, um novo conhecimento no dia-a-dia, refletindo,
vislumbrando seu universo, adicionando insights, modificando e transformando o
conhecimento. A autonomia de pensamento e ação amplia a participação social, seu
desenvolvimento mental, um ensaio para exercer seu papel de cidadão no mundo.
Esse entendimento do mundo através de informação e reflexão utiliza a diversidade
para crescer, pois problematizar aguça a sua criatividade, curiosidade e auto
capacidade de desenvolvimento e autonomia para resolver novos desafios.
O mediador não deve ser um mero reprodutor do conhecimento, pois o
aluno pode aprender a reproduzir, mas não compreender o conteúdo. O mediador
deve se mostrar competente, demonstrar domínio sobre a ciência que propõe a
mediar, deve vivê-la, entendê-la, apaixonar-se por ela, entusiasmar-se, no sentido
de estar pleno de “Deus”, que seja uma inspiração como um sopro divino. Pode usar
recursos audiovisuais, como instrumentos para apoiar a metodologia adequada à
comunicação com os alunos, para propor aprendizagem, mas antes utilizar sua
competência humana, motivar o indivíduo para seu desenvolvimento pessoal, pois
28
os resultados de aprendizagem só serão alcançados se om ambiente for propício
para o aluno criar, comparar, discutir, rever, questionar, se sentir seguro para
perguntar, ampliar suas ideias, conquistar seu espaço, estabelecer um diálogo com
a ciência, vislumbrar o novo, ser revolucionário no seu saber, não aceitar tudo de
mão beijada, refutar verdades solenes, pois a ciência só se transforma se for
questionada, não foi assim que grandes verdades não caíram por terra?
Proporcionar aos alunos condições para o desenvolvimento da
capacidade de pensar e criticar é logicamente o grande desafio do mediador, para
isso deve oferecer meios para a resolução de problemas. Com relação aos
conteúdos trabalhados, permeados por seu cotidiano, permitindo que ele os
compreenda, mais do que memorize, é preciso exercícios com enfoque prático
podendo melhor desenvolver raciocínio e criatividade, que serão recompensados
pala satisfação pessoal de resolver problemas e aprender conceitos e ideias.
Métodos devem ser abordados mediante a exploração de problemas para
desenvolver competências utilizando ferramentas para interpretá-los, compreendê-
los, absorvê-los e resolvê-los. Não é uma resolução mecânica através de fórmulas,
ou um manual de êxito. Proporciona um contexto para aprender conceito,
procedimentos, atos, para isso o aluno deve sentir o profissionalismo, a ética por
parte do mediador, e o compromisso com os mesmos para conduzi-los ao
aprendizado.
As concepções atuais que coloca o educando em um papel de destaque
do processo ensino-aprendizagem, faz com que este analise as teorias e as coloque
em pratica de forma crítica-reflexiva-laborativa. Para pensar em conceitos atuais e
passados para identificar o que há de melhor em um mundo tão dinâmico e laboral,
para criar novos conceitos, grande parte das ciências percorrem o caminho
contrário, partindo do método empírico, através de observação e labor para
estruturarem conceitos complexos e estruturados com base em comprovação
científica e de experimentos controlados.
Teoria e prática não se consubstanciam, se redimensionam, são objetos
de investigação, a pesquisa é atividade básica que alimenta e atualiza o processo
ensino-aprendizagem. Ao pensar no momento da gênese do conhecimento, através
do trinômio ensinar-aprender-pesquisar, deve levar em consideração que os sujeitos
envolvidos no processo ensino-aprendizagem são seres humanos, embebidos de
sua cultura e história de vida, trazendo componentes biológico, social, cultural,
29
afetivo e linguístico, onde os conteúdos de ensino e atividades compõem essa teia
complexa que forma um indivíduo.
Produção e produto, o processo-ensino aprendizagem parte do formal ao
latente, oculto, provido dos indivíduos, sujeitos participantes do processo, além das
comunidades escolares e coletividade. Devem-se estabelecer vínculos satisfatórios
entre a experiência de vida dos alunos e os conteúdos oferecidos pela escola e
demandas da sociedade, imbricar relações necessárias para compreensão da
realidade da realidade social e direcionamento para novas aprendizagens com
sentido prático e objetivo no seu universo próprio, sua vida, engrenagem de relação
com o mundo.
A mediação se dá entre o conhecimento prévio dos alunos e o
sistematizado, rumo ao conhecimento científico capacita-se na busca e organização
de informações no seu desenvolvimento de pensamento e na formação de
conceitos, possibilitando a apropriação de conteúdos. É na escola que ocorre no
saber fazer, constituído por características políticas, sociais, culturais e críticas. Um
sistema vivo, aberto, influenciado pelo ambiente, onde as respostas são dinâmicas e
contínuas, o professor não está acima do aluno hierarquicamente, mas é visto como
um igual. O relacionamento de ambos concretiza o processo ensino-aprendizagem.
O professor deve conhecer o mecanismo de funcionamento ensino-aprendizagem,
proporcionando meios para que o aluno seja consciente, ativo, autônomo,
modificador de sua realidade. Ao tornar as práticas educativas mais condizentes
com a realidade, tornando humanas todas as relações para que o indivíduo tenha
capacidade de se perceber de uma forma holística, complexa e atual.
30
CAPÍTULO III
O PLANEJAMENTO NO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM.
O que vem a ser planejamento? Antes de entrar propriamente no
planejamento do ensino-aprendizagem deve-se recorrer à ajuda do dicionário. Os
sinônimos dão a ideia do que é e do que se pretende atingir com o ato de planejar.
As palavras organização, ideação, programação, premeditação, cogitação,
planificação dentre outras, em antagonismo com a palavra improvisação, dá a ideia
de um ato tão peculiar ao ser humano em tempos modernos tão difíceis, de se
atingir objetivos, o cotidiano lança mão de artifício simples e vital, que é acordar, ou
de véspera, planejar o seu dia como será. As palavras acima dão uma dimensão
muito além do ato calculista de planejar, pois conceito como premeditação, ideação,
cogitação, fazem do ato de planejar algo irrequieto, o pensar sobre algo antes de
acontecer, uma ideação que junto com a palavra em português de Portugal,
planeamento dão a noção de algo que emergirá das profundezas dão um sinal claro
de rumo ou meta a se seguir, um clareamento das brumas e fumaças da confusão
do cotidiano ou do caos organizacional que toma conta de qualquer organização que
não se planeja.
No universo da Administração, Sampaio (2008) contribui com a definição
coerente de que planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste em
um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para
tornar realidade um objeto futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões
antecipadamente. Essas ações devem ser identificadas de modo a permitir que elas
sejam executadas de forma adequada e considerando aspectos como prazo, custos,
qualidade, segurança, desempenho e outras condicionantes.
A contribuição de Escóssia (2010) é fundamental. Segundo ele, para um
exercício sistemático de antecipação, três tipos de planejamento, o estratégico, que
possibilita estabelecer o rumo a ser seguido, com objetivos para longo prazo, e com
maneiras e ações para alcançá-los. O planejamento tático, que se relaciona com
objetivos de curto prazo, com maneiras e ações que afetam uma parte da
31
organização, tendo como eixo central, otimizar determinadas áreas de resultado.
Trabalha com a decomposição dos objetivos e políticas estabelecidas no nó
estratégico.
O planejamento operacional é a formalização, documentos escritos das
metodologias e desenvolvimento e implantações estabelecidas. Correspondem a um
conjunto de partes homogêneas do planejamento tático; que contém detalhes como
recursos, procedimentos básicos, os produtos finais esperados, prazos e
responsáveis para a execução e implementos.
No senso comum em que o planejamento se refere ao desenho de um
futuro desejável e dos meios efetivos para realiza-lo. Todavia deve ser considerado
de um ponto de vista mais amplo, como um organismo pluridimensional e
multidimensional de um tecido social, passando pela administração de programas
num ambiente organizacional. O planejamento é o guia para tecer este tecido. Ele
vira o processo de tomada de decisão, aprofunda a compreensão e amplia a visão
dos responsáveis pela tomada de decisão em qualquer nível. Neste sentido a
colaboração de Denver (1988) enriquece esta compreensão, pois trás o paradoxo da
tomada de decisão, pois as organizações como sistema aberto obtêm informações
do ambiente e reagem às mudanças das condições. No processo ensino-
aprendizagem não é diferente, pois é vivo e interativo e complexo, de uma
sociedade em transformação, onde a educação é carro chefe dessa transformação.
Podem agir sobre este ambiente buscando reduzir incertezas e aumentar a
flexibilidade.
O planejamento, é um processo de coletar informações do ambiente, usá-
las no desenvolvimento e elaboração das ações e atividades de organização, e no
processo ensino-aprendizagem. O ambiente e a própria sociedade que se apoia e se
inspira neste processo para formar o cidadão para o mundo, como registro e
pegadas de sua história.
Afinal qual é a finalidade do planejamento? Segundo Gandin (1999), é a
execução perfeita de uma tarefa que se realiza. O planejamento educacional é um
ato político-pedagógico, que explicita suas intenções bem como os objetivos que se
pretendem atingir. Quando se fala em planejamento em educação, os seguintes
termos aparecem, tais como planejamento escolar, planejamento de ensino,
planejamento curricular. O planejamento educacional na visão de Xavier (2000)
preocupa-se com a educação de modo geral, a fim de atender as necessidades
32
individuais e coletivas, em uma acepção macro com intervenção estatal, envolvida
com políticas públicas em nível federal, estadual e municipal, e suas várias
instituições como conselhos, secretarias, ministérios e planos de governo. Vários
estudos que lançam mão de planos estratégicos e operacionais para dar conta dos
problemas educacionais brasileiros. E também há uma acepção micro, se ocupando
de planejamento em sala de aula, com duas vertentes, uma tecnicista e outra
participativa ou crítica. O caminho para a satisfação de tais necessidades será
adequado através de ações pensadas e estratégias atribuídas para alcançar
objetivos.
Para descrever om planejamento escolar recorre-se a Libâneo (1999),
segundo ele: “ É um processo de racionalização, organização e coordenação da
ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”
(p.221). Como o próprio nome diz, é o planejamento global da instituição escolar,
que reflete e define sua estrutura, organização e funcionamento.
No planejamento curricular, o currículo é a figura central, prevê todas as
atividades a serem realizadas pelo aluno em sala de aula e fora dela, e em cada
área do conhecimento, promovendo atividades que tragam ao aluno aprendizado
num contexto envolvendo competências para atuarem no mundo de forma a
aprender, crítica e pensante. Antes de tudo deve ser funcional, promovendo
aprendizagem e condições favoráveis a sua aplicação e integração dos
conhecimentos. Para Turra et alii (1995), o planejamento exige do professor: ¨
Constante atualização, pois os conteúdos sempre se renovam de forma acelerada,
desafiando todos aqueles envolvidos no processo educacional, buscando meios
adequados a obtenção de melhores resultados ¨(p.18).
O planejamento de ensino deve focar a relação entre ensinar e aprender,
além disso, a principal função do planejamento é garantir a coerência entre as
atividades que o professor faz com seus alunos e as aprendizagens que se pretende
atingir. O professor, como disse Saldanha em sua entrevista no capítulo II, deve ser
o primeiro a romper a barreira da distância formal que separa os estranhos e abrir
um canal de comunicação, estimulando o aluno a participar no processo ensino-
aprendizagem. Com envolvimento a fim de efetuar uma aprendizagem tão
significativa quanto permitam seus desejos, possibilidades e necessidades. Ainda,
para Turra et alii (1995), o planejamento envolve a previsão de resultados
33
desejáveis, com meios necessários para alcançá-los. A grande parte da eficácia de
seu ensino depende da organicidade, coerência e flexibilidade de seu planejamento.
No planejamento de ensino o que se realiza em classe deve ser muito
bem planejado, pois melhora o aprendizado e aperfeiçoa a prática pedagógica. Não
deve ser um ato mecânico e burocrático, alguns aspectos devem ser analisados. Os
alunos não com uma turma homogênea, e sim cada aluno como um universo em
potencial. Suas hipóteses, seu processo, suas questões a partir de sua própria
história e o aprendizado retirado disto. Considerar o que é significativo para aquela
turma. Aonde se quer chegar? Que recorte na História deve ser feito para se
escolher temáticas e atividades que serão implantadas, levando em consideração o
interesse e motivação do grupo.
O plano de ensino é um instrumento que norteia a ação do professor
universitário. Perguntas como para quê, focaliza o objetivo. O quê, o conteúdo.
Como, a metodologia, e com quê, os recursos didáticos, que estão ligados com o
resultado, ou seja, a avaliação. A pergunta, o quê, que está relacionada com o
conteúdo, pode ser ampliada com quê fazer e para quem? E quanto tempo será
necessário para alcançar os objetivos, está relacionada com o cronograma.
Como avaliar se os resultados estão sendo alcançados? A partir destas
perguntas e respectivas respostas, são determinadas algumas fases do
planejamento. No diagnóstico da realidade, sondar a realidade que se encontra o
aluno é essencial, o nível de aprendizagem, dificuldades existentes, possibilidades,
orientar suas realizações e integração com a comunidade. Dimensionando as
particularidades de cada um, condições para um desenvolvimento harmônico,
satisfazendo necessidades, vendo o aluno de forma holística.
Outro enfoque nessa fase do diagnóstico da realidade é encontrar o ponto
comum entre comunidade e escolas. O professor é este ponto de referência. Não só
como pessoa, mas como profissional responsável para orientação adequada do
trabalho escolar. Em síntese, o professor como instrumento do plano de ensino,
consegue efetuar uma análise da realidade.
Outra fase do planejamento é a definição do tema e preparação. Após o
diagnóstico da realidade, o professor parte de um tema escolhido por ele ou pelos
alunos, a partir do interesse deles. Planejar dentro de uma temática não fragmenta o
conhecimento, tornando-o mais significativo. Na fase de planejamento, todos os
34
passos para a execução do trabalho para concretizar e alcançar os objetivos, em
busca por uma definição clara. É a fase de decisão e da concretização de ideias.
Nesta fase ainda serão determinados os objetivos, e em seguida os
objetivos específicos. Também são organizados os conteúdos, procedimentos de
ensino, as estratégias a serem seguidas, bem como recursos materiais ou humanos.
A próxima etapa é a avaliação, que está ligada ao processo de
preparação e intimamente ligados aos objetivos, não é o fim em si mesma, e não
está relacionada com o resultado final, e será analisada durante todo o processo.
Para facilitar o processo de avaliação, devem ser permeados por instrumentos e
estratégias próprias para a verificação de resultados. Em suma, na avaliação, o
processo de ação-reflexão-ação está em pauta, parte-se do planejamento para agir
na realidade do que se planejou. Ao analisar os resultados, corrige-se o planejado e
retorna-se para a ação, para ser posteriormente avaliada. É um processo vivo, que
se retro- alimenta, se põe em total reciclagem, em um ciclo-vicioso, ou melhor,
virtuoso, que se permite arejar, reformular e organicamente estar vivo. Contrapõe o
vício, com relação a hábitos como coisas ruins, e sim aponta para renovação,
purificação e aperfeiçoamento do processo de educar.
A prática docente aumenta a qualidade da educação, planejar melhor,
analisar melhor, ensinar melhor, aprender melhor. Não adianta ter um bom
planejamento de educação. No geral, se o planejamento não vai bem o ensino não
vai bem, e não acontece a aprendizagem. Para a concretização e um bom
planejamento, precisa-se de um bom plano de ensino, neste quesito, Masseto
(1996) diz que é um documento escrito, que materializa um determinado momento
de um planejamento. É a apresentação. Um plano para que se constitua em um
instrumento eficiente de ação; precisa ser muito bem pensado, e melhor ainda, muito
bem redigido. Isto significa a apresentação de diretrizes claras e objetivas. Como um
documento escrito, o plano compõe-se das seguintes partes: Identificação, objetivos,
conteúdos, estratégias, avaliação, o cronograma e bibliografia.
É muito útil desde que o professor compreenda que o plano é uma
diretriz, um roteiro flexível que precisa ser revisto periodicamente, para ajustamentos
ás possibilidades de realização. Elementos de um plano de ensino é essencialmente
a identificação da instituição, e uma série de dados sobre a disciplina; o público alvo;
requisitos de acesso; distribuição de tempo; ementa; justificativa; objetivos divididos
35
em geral e específico; conteúdo; procedimentos (estratégias de ensino); recursos
didáticos; avaliação e bibliografia, ou melhor, referencial teórico.
No plano de aula, alguns dos itens do plano de ensino estão presentes,
ainda que em nível de abrangência menor. É útil e simples. Define-se o que se
pretende ensinar, depois se colocam no papel as ideias para verificar sua
viabilidade. Algumas das vantagens de um plano de aula visam fixar bem o
conteúdo da aula na mente do professor; dar a ele um plano de operação. Oferecer
uma ampla reflexão sobre os diferentes momentos da aula, dividir as lições em
atividades cronologicamente bem distribuídas. Facilitar a participação cronológica
dos alunos. Deixar o professor mais seguro em relação para a temática a ser
tratada. Alguns fatores devem ser considerados, como o tempo, local, número de
alunos, materiais disponíveis, etc. Basicamente é estruturado em três partes:
Introdução, ou apresentação, desenvolvimento e conclusão. Estas três partes, bem
definidas e bem alinhadas são essenciais para o sucesso da aula.
Plano de aula refere-se basicamente a um roteiro básico do que se
pretende trabalhar em sala de aula, como serão desenvolvidas as intenções
pedagógicas de tal proposta e quanto tempo irá demandar. Deve ser construído em
função da experiência do professor, quanto mais ele conhece os alunos, há menos
chances de errar no planejamento e prever demandas essenciais. Se há mudanças
inesperadas, estas serão dribladas por alguém que se planejou para aquela
situação, muito mais que para aqueles que resolveram improvisar.
Para Morin (1996), planejar é visto como estratégia, e não como
programa. O programa consiste numa cadeia de passos prescritos a serem seguidos
rigorosamente em sequência. A estratégia ao contrário, é arte de trabalhar com a
incerteza, compondo cenários de ação que podem se modificar em função de
informações, acontecimentos e imprevistos que sobrevenham no curso das ações
em seu conjunto.
Se o compromisso e o objetivo do professor é o aluno aprender, portanto
através de uma boa intervenção de ensino, planejar é um compromisso com a
qualidade de suas aulas, ações e a garantia do cumprimento de seus objetivos.
Estabelece-se daqui em diante, a inter-relação sobre planejar e avaliar.
Encerra-se este capítulo sobre o planejamento do processo ensino-aprendizagem no
ensino superior com um vislumbre do último capítulo, que discorre sobre a avaliação
no mesmo processo. Traça-se uma linha tênue e indivisível entre avaliação e os
36
demais elementos do planejamento no processo de ensinar e aprender. No final da
etapa de planejamento, ocorre a avaliação para verificar se os objetivos foram
alcançados, e se deve ou não refazer o planejamento para atingi-los.
Da mesma forma que se avalia o que se ensinou, ou o que se aprendeu,
avalia-se para ensinar e aprender melhor. Porém, sendo diagnóstica, a avaliação
pode aparecer tanto no início como, durante o andamento do processo para
perceber o desenvolvimento. E por último, portanto, em um determinado ponto de
chegada provisório, estabelecendo necessidades tanto de avanço, como de recuo.
Pontua-se o diagnóstico para a continuidade, estabelecendo necessidades, medindo
resultados, sempre como diagnóstico para a continuidade.
37
CAPÍTULO IV
A AVALIAÇÃO.
A avaliar no sentido convencional pede a informação por parte do
professor sobre o que o aluno sabe e atribui um valor a seus conhecimentos. A
avaliação classificatória trabalha com a ideia de mérito, julgamento e recompensa,
isolando os sujeitos envolvidos em suas práticas cotidianas.
Assim esta tarefa que dificilmente se constitui em uma prática
pedagógica, apesar das tentativas de troca, não se constitui em um processo
coletivo, plural, pois com o objetivo de classificar, dar um valor a alunos e alunos,
não criam espaços profundos de diálogo. Esta tarefa de avaliar deveria mobilizar
corações e mentes, afeto, razão, sonhos, desejos e possibilidades, tarefa que dá
identidade ao professor.
A medição pura e simples constitui a dinâmica escolar de visibilidade de
resultados quantitativos que exponham o rendimento de cada aluno como
demonstração da aprendizagem realizada. A prática de avaliação que pretende
simplesmente medir o conhecimento para classificar os estudantes, apresenta uma
dinâmica que isola os sujeitos com suas peculiaridades e idiossincrasias, alma,
registro impar de cada um, dificulta o dialogo , reduz espaços solidários e de espírito
de cooperação. Estimula a competição, isola práticas favoráveis para uma
aprendizagem.
Ao se criar tramas que entrelaçam a avaliação e qualidade por meio de
controle dos sujeitos, de suas práticas e desenvolvimento de suas habilidades. Para
aprender na verdadeira escola que é a vida, o estabelecimento de procedimentos
coercitivos ou de práticas ditas como premiação pelos pais e pela sociedade, para
que alunos e alunas estudem e tenham rendimentos aceitáveis. E para que o
professor ensine, e vá resultar em melhor rendimento, a avaliação desta forma não
se refere á aprendizagem e ao ensino como processos interativos e intersubjetivos,
mas sim, o rendimento como resultado verificável.
O que seria a representação do desempenho do sujeito torna-se uma
característica que o define como bom ou mau aluno, dependendo do seu
rendimento. Tornando o processo avaliativo uma formula para se coisificar o aluno,
38
dizendo que ele é bom ou mau para o mercado, e como produto profissional, sem
levar em consideração a pessoa que enfrentará a realidade problematizada da
prática da vida, sua bagagem, sentimentos e pensamento prático alicerçado no bom
senso, que tem e age como ser humano.
A avaliação remete a uma relação de poder entre o professor e seus
alunos, este procedimento evoca indiretamente uma avaliação do próprio professor,
que através dos resultados de seus alunos, atribuem valores ao mesmo. O resultado
de sua turma indica seu desempenho que pode ser medido, produzindo uma
classificação, ao avaliar também é avaliada.
No cotidiano escolar, o professor vai aprendendo lições contraditórias.
Para ensinar é preciso classificar, e isto não ajuda a ensinar melhor, classificar
produz exclusão e para ensinar é indispensável incluir. Contradição abrigada na
ambivalência da avaliação, que ao medir para incluir, produz um limbo, que não se
deixa perceber que, algumas categorias nas quais ambos estão inclusas, que só
produzem exclusão. Assim junto às práticas classificatórias objetivas, que medem à
aprendizagem e o ensino. O professor usa conhecimentos adquiridos no fazer, no
contato, no olho a olho, por experiência, mas sistematicamente ensinados.
A avaliação quantitativa dá ênfase nos resultados alcançados e na
possibilidade de sua quantificação, o que prevê uniformização dos sujeitos e
organização curricular que priorize um conhecimento objetivo, mantendo uma
atuação fortemente disciplinadora.
Em contrapartida, outra vertente é a avaliação qualitativa, baseada na
especificidade do humano, procurando romper o paradigma positivista. Este
movimento de avaliação, relacionando-se ao processo de conhecimento articulado,
tem a tendência de compreender o mundo e não dominá-lo ou manipulá-lo. Alguns
princípios do conhecimento-emancipação, dá ênfase na comunidade, com suas
dimensões de participação e solidariedade, aprofundando aspectos subjetivos e
coletivos da avaliação.
A avaliação não deve pretender ser um rótulo para classificar e controlar o
rendimento do aluno e do professor. Deveria refletir, antes de tudo, experiências de
ensinar e aprender coletivamente. Em todos os lugares onde se dá esta interação,
realiza-se um trabalho que permita a ampliação de conhecimentos.
Ao se pensar em avaliação deve-se pensar no aluno como sujeito cultural,
possuidor de saberes, experiências, emoções e de chama de vida, vislumbrando
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projetos. A necessidade de enxergar seus conflitos, desejos e preocupações no dia
a dia em sala de aula, levando em consideração suas experiências. Utilizando o
hoje, interrogando os jovens com seus dilemas, fazendo parte de sua história de
vida. Para isso deve-se considerar importante o que se faz na sala de aula, e não
apenas através de listagem de conteúdos presentes em livros didáticos, em
planejamentos de aula, cursos e propostas oficiais. Compreender que não existem
instrumentos de avaliação perfeitos, mas que sejam eficazes e próximos da
verificação do saber real dos alunos e alunas.
A questão fundamental relacionada à avaliação é dificuldade
impulsionada pela pouca afinidade que professores têm com os objetivos a serem
atingidos. A dificuldade de compreender os processos reais de aprendizagem que se
dá por rede e não disciplinarmente, e de que as informações das aulas sejam
incorporadas de modo diferenciado pelos alunos. E por fim, a inadequação dos
instrumentos aos objetivos.
Para descrever uma avaliação tradicionalmente voltada para seleção,
descreve-se sempre uma hierarquia de excelência, que descreverá uma progressão
no curso escolhido. Privilegia ainda um estar na aula . Define um modelo de aluno
dócil, pouco imaginativo, autômato, repetitivo, entre outros. São classificados em
termos de uma norma de excelência, definido no absoluto encarado pelo professor
exigente e os melhores alunos. Há um contrato pedagógico celebrado entre aluno,
professor e família ou comunidade. A nota pode se tornar uma mensagem, que não
diz necessariamente o que o aluno sabe, mas o que pode acontecer se continuar no
mesmo caminho até o fim do ano. Uma espécie de bússola a trilhar o caminho para
o ¨sucesso¨ ou ¨fracasso¨ do aluno naquela sequência escolar. Mensagem
tranquilizante para alguns, inquietante para outros, a avaliação ao ser dirigida à
família, tem a função de prevenir e advertir. No final do confronto com o contrato
pedagógico, uma decisão de não aprovação ou admissão em uma habilitação,
apenas confirma os prognósticos desfavoráveis ou favoráveis antecipados aos
alunos ou a sua família.
Outra função tradicional é considerar uma certificação em relação a
terceiros, como no caso de admissão no mercado de trabalho com um diploma, que
garanta ao empregador, que os candidatos receberam uma formação compatível
com as exigências do mercado de trabalho.
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A avaliação faz parte de uma engrenagem pedagógica complexa, atuando
na seleção e orientação escolar, controlando as atividades escolares ao passo que
regulam os fluxos.
Em contrapartida, a avaliação formativa, está no centro de uma revolução
pedagógica, possibilitando a transferência da profissão de professor, que antes agia
como dispensador de aulas e lições, e agora, em criador de situações de
aprendizagem, transbordando sentido e regulação. Nesta direção, essa avaliação
permite o aluno refazer om que executou em situações de aprendizagem, diante de
uma sequência de tarefas semelhantes, que por orientação consegue procurar e
mobilizar conhecimentos e operações que o possibilite aprender com o processo
avaliativo em si. Permitindo rever o que assimilou em um feedback imediato, criativo
e reflexivo.
A avaliação formativa impulsiona o aluno a se autorregular em direção de
uma aprendizagem que o complete e o impulsione para um projeto educativo, de
uma ação pedagógica. Essa mudança na prática de avaliar acompanha uma
transformação da forma de gerir uma aula. Com planejamento e objetivos, olhando
para todos os alunos, principalmente os em dificuldades, pois este olhar com
cuidado permite tentar diminuir as inequidades gritantes e latentes no universo dos
alunos.
O modo de funcionamento permite uma nova concepção de equidade e
igualdade, uma tolerância ao caos, à desordem, a diferença, as potencialidades, as
qualidades. Onde se auto avaliar permite uma auto regulação, uma forma de
continuidade, não apenas em um ano, mas em todo o curso, durante um ciclo de
estudos.
A diferença fundamental entre as avaliações formativa e certificativa, é
que a primeira, trabalha no âmbito da colaboração e transferência, e a segunda, na
competição e conflito. A avaliação não é um fim ou princípio em si, mas algo que
revelará a aquisição de conhecimentos visados, principalmente para sua formação
como individuo, situado em um mundo em eterna transformação.
Para estabelecer um contrato pedagógico mais construtivo e menos
inóspito, segundo a proposta de Perrenoud (1999), alguns direcionamentos para
serem seguidos, como ver erros e obstáculos como fonte de conhecimento, onde um
olhar mais formativo, diria que seu erro me interessa, pois tiraremos lições para toda
a vida. Trabalha com a relação entre o saber e o sentido do trabalho escolar, algo
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que trará benefícios para sua formação. As dificuldades de aprendizagem não são
imputadas a ninguém e a nenhuma situação fora das condições de aprendizagem,
um meio propício para o desenvolvimento da capacidade de aprender. Nada se
aprende sozinho, a colaboração é necessária em um mundo competitivo, onde
sinergia pode levar á um objetivo em comum de uma sociedade mais solidária.
Todas as questões merecem elucidação, sem se voltar contra seus autores. As
regulações se dão em torno dos métodos de trabalho, um conselho de classe é
instituído em relação as suas competências e dispositivos didáticos.
Desenvolve-se uma cultura que visa, aparar as arestas, harmonizar os
desiguais, semeando cooperação e respeito mútuo. Associar os pais à avaliação,
sem lhes impor, é uma condição favorável para a construção do conhecimento em
conjunto; a negociação é uma modalidade legítima e democrática, dirigida em todos
os níveis de trabalho.
Na área de educação, ao se falar de avaliação, não se poderia deixar de
descrever a Teoria da Medida, por Bordenave e Pereira (2011), que medir significa,
através de instrumentos adequados, medir aspectos quantitativos e qualitativos do
comportamento humano. Aspectos estes como variáveis da personalidade, traços de
caráter, temperamento, capacidade de ajustamento, interesses, atitudes, etc... Ou
aspectos relacionados com a aprendizagem sistemática, medida de aptidões, o que
o aluno aprendeu ou está aprendendo. A função da escolaridade acompanha o
processo de aprendizagem, diagnosticando-a e controlando-a. Seleciona e classifica
o estudante para a aprendizagem.
As provas e testes são acompanhamentos de aprendizagem; do
diagnóstico e controle; servem para averiguar o que foi apreendido, a aprendizagem
e eficiência do professor. A medida na seleção e classificação dos alunos tem papel
fundamental nas fases de transição entre um nível e outro. Também tem por
finalidade verificar comportamentos considerados como pré-requisitos para a
aprendizagem mais avançada; verificando se os objetivos anteriores foram atingidos.
Em resumo, a medida da escolaridade, medida de comportamentos do
indivíduo em graus de qualidade e quantidade. Ainda segundo Bordenave e Pereira
(2011), a medida de escolaridade e objetivos do ensino, planeja o ensino e fixa o
que se pretende alcançar, ao medir ou formar comportamentos durante o processo
de aprendizagem. Provas e testes medem estes objetivos, se foram alcançados e
em que grau. Sempre clara é a ideia de que o professor deve sempre ter em mente
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quais objetivos deve alcançar. Não só para orientar a aprendizagem, como para ter
claro quais os instrumentos de medida são necessários para verificar a meta traçada
e se foi alcançada, permitindo-lhe direcionar a aprendizagem dos alunos.
Os objetivos pretendidos podem representar três áreas básicas: A motora,
a afetiva e a cognitiva. Na motora, mede comportamentos que se evidenciam, pois
são habilidades manipulativas, as atividades e ações como o poder de síntese e de
se fazer relatórios lógicos e concisos, ou ainda, realizar um procedimento asséptico
e meticuloso, como introduzir e instalar um cateterismo vesical em um paciente. A
área afetiva descreve comportamentos que são denominados como atividades,
interesses, valores, como por exemplo, uma cultura ampla, questionadora, e
também o interesse por resolução de problemas atuais da sociedade. E por fim, a
área cognitiva, habilidades intelectuais e conhecimentos que devem desenvolver; é
a área mais medida com frequência e intensidade na escola e em exames de
seleção e classificação.
As três áreas são coordenadas pelo professor para fixar seus objetivos.
Ao construir instrumentos de medida dos objetivos fixados, o professor seleciona
questões que meçam esses objetivos. Para cada categoria, tipos mais adequados
de medida. A natureza de um instrumento depende intrinsicamente do objetivo que o
instrumento deva medir. Em suma, a resolução de um problema prático envolve as
três áreas, através de uma simulação de uma situação real, ou elaboração de um
exercício que represente a realidade. Ou uma situação.
Os tipos de medidas que são quatro fecharam a Teoria da medida, por
Bordenave e Pereira (2011). Estes são a prova oral, a prova prática, a dissertação
ou ensaio, e o chamado teste objetivo. Como os objetivos do ensino variam as
formas de medi-los também. Não há formulas exatas a se medir a escolaridade. Que
tipo de questão seria melhor para medir a escolaridade, e que tipo de questão seria
melhor para medir o objetivo pretendido? Uma habilidade manipulativa talvez fosse
medida de melhor maneira numa prova prática. Também poderia ser uma prova oral,
que por sua vez poderia avaliar melhor a aquisição de uma nova língua, ou a
capacidade de fluência; falar com clareza, correção e boa dicção. Se for verificar o
poder de síntese, talvez o melhor, uma dissertação ou ensaio. Habilidades
intelectuais também podem ser medidas por questões objetivas. A forma de medida,
o tipo de questão, dependerá exatamente daquilo que se pretende medir. O
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instrumento de medida será melhor ou pior dependendo da adequação das questões
aos objetivos pretendidos.
Outra maneira de aplicar a verificação além da descrita na Teoria da
Medida é uma vertente mais holística, fluente e humanizada, que vai além dos
instrumentos e técnicas de medida. A resolução de problemas ou simulação de uma
situação real, ou elaboração de um exercício que represente a realidade, ou melhor,
uma situação prática. Esta resolução passa a envolver as três áreas descritas
anteriormente, as áreas motora, afetiva e cognitiva. Reunindo em um só ingrediente
o que pode ser de grande valia. A experiência, o olhar de quem entende o
aprendizado, o universo de possibilidades oriundo do indivíduo em expansão, o
aluno, que ao se permitir engajar em seu próprio aprendizado. Se formar gente, uma
pessoa amadurecida em seu processo de expansão.
A maçã do final sobre avaliação fica com os próprios autores da Teoria da
Medida. O propósito real da avaliação, não é premiar ou punir o aluno, mas ajudar-
lhe a conhecer seu progresso real no difícil caminho da aprendizagem.
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CONCLUSÃO
O problema em forma de pergunta, como analisar, planejar e controlar a
aprendizagem através da avaliação para alcançar um modo diferente de ensinar.
Pode ser respondido da seguinte forma: ao analisar, constata-se que ensinar é
diferente de aprender. O mediador, ou facilitador da aprendizagem dá condições
para que o aluno busque e desenvolva sua aprendizagem através de suas histórias
e necessidades.
O planejamento de ensino que motiva e norteia a ação do professor
universitário, ao perguntar para quê, focaliza o objetivo; o quê, o conteúdo; como, a
metodologia, podendo ser ampliada em para quem? O aluno, e quando, o tempo
necessário para alcançar os objetivos, está relacionado com o cronograma e por fim
avaliando se os resultados estão sendo alcançados.
E por ultimo, deixando claro a intima relação entre planejamento e
avaliação. Avaliação formativa que leva a um modo diferente de ensinar. Que
segundo Carvalho (2012) é aquela com função controladora sendo realizada durante
todo o período letivo, com o intuito de verificar se os alunos estão atingindo os
objetivos previstos. Logo é formativa, por avaliar se o aluno domina gradativamente
e hierarquicamente cada etapa de aprendizagem antes de prosseguir para outra
etapa subsequente do ensino-aprendizagem, os objetivos em questão.
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ANEXOS
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Entrevista com os Professores Geraldo Cesar Rena, Marcelo Saldanha:
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