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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA ALIMENTOS FUNCIONAIS E APOIO FAMILIAR PARA O PACIENTE COM CÂNCER Por: Teresa Raquel Tavares Serejo Orientador Maria Esther de Araújo Co-orientadora Giselle Böger Brand São Luís 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

ALIMENTOS FUNCIONAIS E APOIO FAMILIAR PARA O

PACIENTE COM CÂNCER

Por: Teresa Raquel Tavares Serejo

Orientador

Maria Esther de Araújo

Co-orientadora

Giselle Böger Brand

São Luís

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

ALIMENTOS FUNCIONAIS E APOIO FAMILIAR PARA O

PACIENTE COM CÂNCER

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Saúde da Família.

Por: Teresa Raquel Tavares Serejo

AGRADECIMENTOS

A Deus, a meus pais, aos professores

do curso, orientadora e co-orientadora,

cônjuge, filho e amigos.

DEDICATÓRIA

A Deus e à família.

RESUMO

O binômio dieta-saúde representa um novo paradigma no estudo dos

alimentos. Neste contexto, surge a compreensão de que a alimentação

adequada exerce um papel além do que fornecer energia e nutrientes

essenciais, enfatizando, também, a importância dos constituintes não-

nutrientes, que, em associação, são identificados pela promoção de efeitos

fisiológicos benéficos, podendo prevenir ou retardar doenças tais como as

cardiovasculares, câncer, infecções intestinais, obesidade, dentre outras. Os

alimentos funcionais são alimentos que provêm à oportunidade de combinar

produtos comestíveis de alta flexibilidade com moléculas biologicamente ativas,

como estratégia para consistentemente corrigir distúrbios metabólicos,

resultando em redução dos riscos de doença. Objetivos: Delinear, na literatura

científica, o papel dos alimentos funcionais na quimioprevenção e tratamento

do Câncer; Analisar o uso dos alimentos funcionais na oncologia; Apresentar

mecanismos farmacológicos por meio dos quais os alimentos funcionais

possam atuar como fator protetor do câncer. Metodologia: Adotou-se a

metodologia de estudo quantitativo em associação à qualitativa, tendo, como o

instrumento de coleta de dados adotado, o levantamento na base de dados

MedLine e Scielo nos últimos cinco anos, recuperando os textos integrais de

todas as metanálises, revisões sistemáticas e reuniões de consenso

envolvendo os alimentos funcionais e prevenção do câncer, utilizando, como

palavras-chaves, alimentos funcionais, câncer, prevenção. Resultados e

Conclusão: Os estudos de análise dos alimentos funcionais devem continuar

sendo realizados com o intuito de esclarecer o verdadeiro papel destes frente

ao câncer e ratificar a importância do apoio familiar e da dieta na abordagem

desta doença, que já é reconhecida, mesmo sendo os componentes

alimentares quimiopreventivos pouco fundamentados.

Palavras-chave: Câncer. Alimentos Funcionais. Prevenção

METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi do tipo qualitativo associada à

quantitativa no que se refere ao mínimo de informações necessárias para

subsidiar o presente estudo.

Optou-se pela Revisão Sistemática, onde há a possibilidade de

integrar a informação existente sobre o uso dos alimentos funcionais e o apoio

familiar no tratamento do Câncer através do agrupamento e análise dos

resultados procedentes de estudos primários realizados em locais e momentos

diferentes por grupos de pesquisa independentes, permitindo a geração de

evidência científica na temática que dê suporte na implementação e execução

de diversos programas de saúde.

Nesta perspectiva, o instrumento de coleta de dados adotado foi

levantamento na base de dados MedLine e Scielo nos últimos anos,

recuperando os textos integrais das metanálises , revisões sistemáticas e

reuniões de consenso envolvendo pacientes com diagnóstico de Câncer e

tratamento. Baseando-se nos estudos de Garofolo, A. et al, Miller et al e

Santos e Cruz (2001).

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Câncer 11 1.1. Patogenia do câncer 1.2. Gênese de uma célula cancerosa 1.3 Detecção precoce e diagnóstico 1.4. Fatores de risco 1.5. Espécies reativas 1.6 Estresse oxidativo 1.7. Sistema de defesa antioxidante 1.8. Câncer e o estado nutricional 1.9 Tratamento CAPÍTULO II - Alimentos funcionais 20 2.1 Histórico 2.2 Legislação 2.3 Propriedades Fisiológicas 2.4 Efeito Antitumoral dos alimentos CAPÍTULO III – Apoio familiar 39

CAPÍTULO IV- Resultados e Discussões 42 CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA 55

ÍNDICE 59

INTRODUÇÃO

Na atual conjuntura da saúde do nosso país, muitos questionamentos

surgem a respeito da cura de algumas doenças, entre elas o câncer. Os

cientistas seguem pesquisando e tentando descobrir fórmulas para tratamento

e também para a prevenção da doença.

Neste contexto emergem os alimentos funcionais como alternativa

para quimioprevenção e tratamento do câncer. A literatura sugere que os

fatores dietéticos podem contribuir para a carcinogênese, portanto, a

progressão e controle desta doença parecem estar relacionados aos hábitos

alimentares, consumo de gorduras, carnes, produtos lácteos, frutas e vegetais,

fibras, fitoestrógenos e outros componentes dietéticos.

Na busca da alimentação saudável surge a compreensão de que o

alimento adequado será aquele que exerce um papel além do que fornecer

energia e nutrientes essenciais, o alimento adequado será aquele que poderá

desenvolver efeitos fisiológicos benéficos, podendo prevenir ou retardar

doenças tais como o câncer, doenças cardiovasculares, infecções intestinais,

obesidade, dentre outras.

A importância da dieta na abordagem ao câncer já é reconhecida,

entretanto, os componentes alimentares quimiopreventivos necessitam ser

mais bem fundamentados, além disso ,por se tratar de um problema de saúde

pública que afeta todo sistema familiar, carregada de superstições, anseios e

muito associada a morte, é essencial um suporte familiar para o paciente

acometido pelo câncer; portanto, o tema deste estudo será a importância

alimentos funcionais e o apoio familiar para o paciente com câncer.

A questão central deste trabalho será esclarecer o real papel dos

alimentos funcionais na dieta do paciente e de pessoas saudáveis, de que

forma estes podem contribuir para gerar qualidade de vida, auxiliar no

tratamento e contribuir para prevenção do câncer, bem como esclarecer o

papel da família no contexto do paciente, tendo em vista que a família é a

primeira unidade de cuidado do doente.

O tema sugerido é de fundamental relevância, pois poderá

complementar as diversas pesquisas existentes, além de informar, de forma

concisa, o papel dos alimentos funcionais no controle e prevenção do câncer e

desvelar a relevância da família junto ao paciente.

Já é sugerido na literatura que os alimentos apresentam relação com

a saúde, e os alimentos funcionais por serem alimentos com a capacidade de

combinar produtos comestíveis de alta flexibilidade com moléculas

biologicamente ativas acabam sendo estratégia para consistentemente corrigir

distúrbios metabólicos, resultando em redução dos riscos de doenças e

manutenção da saúde.

São, portanto, objetivos desta pesquisa, apresentar mecanismos

farmacológicos por meio dos quais os alimentos funcionais possam atuar como

fator protetor do câncer ; analisar o uso dos alimentos funcionais na

oncologia; atualizar profissionais de saúde envolvidos com a Oncologia

sobre as novas possibilidades de quimioprevenção do Câncer; analisar o papel

da família na recuperação do paciente oncológico.

O primeiro capítulo abordará o câncer, patogenia, gênese de uma

célula cancerosa, detecção precoce, diagnóstico, fatores de risco, estresse

oxidativo, sistema de defesa antioxidante e estado nutricional.

O segundo capítulo por sua vez, abordará os alimentos funcionais,

significado, legislação, importância, propriedades fisiológicas, tipos de

alimentos funcionais, efeito atitumoral dos alimentos.

O terceiro capítulo irá explanar sobre a importância da família no

contexto do paciente acometido pelo câncer, pretendemos revelar qual o

verdadeiro papel da família para o doente em tratamento e internação.

Por fim, no quarto capítulo serão apresentados os resultados e

discussões, neste capítulo confrontaremos alguns estudos com resultados

significativos e não significativos para nossa pesquisa.

CAPÍTULO I

CÂNCER

O CONCEITO

As várias células do corpo humano dividem-se pelo processo

chamado divisão celular, em condições normais esse processo é controlado,

ordenado e responsável pela formação, crescimento e regeneração dos

tecidos.

“Câncer é uma doença caracterizada pela multiplicação e

propagação descontroladas de formas anômalas de nossas próprias células“

(RANG, 2003, p 789).

Essas células dividem-se rapidamente e tendem a ser muito

agressivas e incontroláveis, determinando a formação de neoplasias malignas.

Por outro lado um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada

de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido

original, raramente constituindo um risco de vida (INCA, 2013). Diversas

situações podem alterar o comportamento natural das células tais como:

Agentes ambientais (poluentes inalados na fumaça do cigarro, raios ultra-

violeta, toxinas ambientais); Agente biológicos (infecção por vírus);

Predisposição genética ligadas à desordens hormonais (MERCK SHARP &

DOHME, 2013).

1.1- Patogenia do câncer

“Células cancerosas manifestam quatro características, em graus

variáveis, que as distinguem das células normais: metástases; poder de

invasão; perda de função; proliferação descontrolada” (RANG, 2003, p 790).

1.2- Gênese de uma célula cancerosa

Uma mutação no DNA, herdada ou adquirida, pode transformar uma

célula normal em uma célula cancerosa. O câncer em si não é herdado, porém

um gene que sofreu mutação pode predispor o desenvolvimento deste.

O desenvolvimento do tumor maligno é um processo múltiplo que

envolve além das alterações genéticas, outros fatores epigenéticos (ação

hormonal, co-carcinógeno, e efeitos de promotores tumorais) que em si não

induzem o câncer, entretanto aumentam a probabilidade da mutação genética

resultar em câncer.

“Existem duas categorias principais de alterações genéticas, que

levam ao desenvolvimento do câncer: ativação de proto-oncogenes em

oncogenes e a inativação dos genes supressores tumorais” (RANG, 2003, p

790).

Os proto-oncogenes, são genes relacionados com o crescimento,

diferenciação e proliferação de células normais, enquanto os oncogenes são

proto-oncogenes ativados através de alterações genéticas causadas por vírus

ou carcinógenos (LOPES, 2002).

Os genes supressores tumorais, também denominados

antioncogenes, são genes capazes de suprimir as alterações malignas

(LOPES, 2002).

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de

células do corpo. Estes podem se diferenciar pela velocidade de multiplicação

de suas células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos. São

exemplos destes: câncer anal, oral, de boca, colo-retal, de esôfago, de

estômago, de fígado, de pele, leucemias, linfomas, de ovário entre outros

(INCA, 2013).

Eles podem ser divididos em tumores sólidos e neoplasias

hematológicas. Os tumores sólidos podem ser:

“Tumores do sistema nervoso, formados a partir de células do sistema nervoso; Tumores de células germinativas, formados a partir de células dos órgãos reprodutivos; Melanoma, tumores formados por células pigmentadas da pele; Sarcoma, tumores que se originam das células dos músculos, gordura, ossos, tendões ou vasos sanguíneos; Carcinoma, câncer se origina dos tecidos epiteliais de revestimento, ou a formação das glândulas” (MERCK SHARP & DOHME,2013, p 01).

Já as neoplasias hematológicas podem ser:

- Linfomas: é uma forma de câncer que se origina nos linfonodos do

sistema linfático;

- Leucemias: neoplasia que se origina na medula óssea (INCA,

2013).

1.3- Detecção precoce e diagnóstico

Os exames de detecção precoce da doença servem para detectar a

possibilidade da presença de um câncer e podem contribuir para a redução dos

riscos de morte, pois este quando detectado nos estágios iniciais pode ser

tratado antes de disseminar-se. Os exames precoces não são definitivos,

geralmente são confirmados com exames adicionais.

Dois exames de detecção precoce mais utilizados em mulheres são

o Papanicolau (detectar câncer de colo uterino) e a Mamografia (detectar

câncer de mama). A determinação da concentração sérica do antígeno

prostático específico (PSA) é um exame de detecção precoce comum para os

homens (MERCK SHARP & DOHME, 2013).

A dificuldade do diagnóstico do câncer, esta relacionada ao fato do

câncer ser uma patologia com localizações e aspectos clínico-patológicos

múltiplos, podendo ser detectado em vários estágios de sua evolução

histopatológica e clínica. Ao procurar um médico, o paciente não sabe ainda a

natureza da sua doença e por isso não procura diretamente um especialista.

Setenta por cento dos diagnósticos de câncer são feitos por médicos não-

cancerologistas, o que evidencia a importância destes profissionais no controle

da doença (INCA, 2013).

Para o diagnóstico e determinação de um tipo específico de câncer,

é essencial a obtenção de uma amostra do tumor suspeito, biópsia, para

exame microscópico. Pode ser necessária a realização de vários exames

especiais da amostra para se caracterizar o câncer.

1.4- Fatores de risco

Na epidemiologia, o risco é utilizado para definir a probabilidade de

um indivíduo sem uma doença, e exposto a determinados fatores, adquirir esta.

Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, ser herdados ou

representar hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e

cultural (INCA, 2013).

São fatores de risco:

• tabagismo;

• alcoolismo;

• hábitos alimentares;

• hábitos sexuais;

• medicamentos;

• fatores ocupacionais;

• radiações;

Alguns medicamentos (exemplos: clornafazina e do melfalan).

A Hereditariedade também é um fator importante, Algumas famílias

apresentam um risco significativamente mais elevado de apresentar certos

tipos de câncer em comparação com outras .

1.5- Espécies reativas: radicais livres

Os radicais livres estão envolvidos no processo de envelhecimento,

bem como em aproximadamente 40 doenças, entre as quais o câncer e a

aterosclerose, o ataque dos radicais sobre o DNA, RNA e proteínas pode gerar

citotoxicidade, alergias e/ou carcinogênese (FERREIRA; MATSUBARA, 1997).

Os radicais livres são átomos ou moléculas altamente reativos, que

apresentam número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica, o que

lhe confere alta reatividade. São resultados de uma reação de óxido-redução,

podendo também provocá-las. O elétron não pareado é extremamente instável

e, na busca de estabilidade, “rouba” um elétron de outro átomo (FERREIRA;

MATSUBARA,1997).

Existem também espécies altamente reativas de oxigênio e

nitrogênio que não apresentam elétrons desemparelhados, portanto, o termo

radical livre não é o termo ideal para designar todos os agentes reativos,

conforme mostra a tabela 1.

A formação destas moléculas ocorre naturalmente no organismo de

todos os seres vivos, devido à exposição ao oxigênio molecular. São formados

nas organelas citoplasmáticas, como a mitocôndria, que pode ser considerada

o motor das células. Existem também fontes exógenas de radicais livres como

as radiações gama e ultravioleta, os medicamentos, a dieta, o cigarro e os

poluentes ambientais (BIANCHI; ANTUNES, 1999).

Todos os componentes celulares são suscetíveis à ação das

espécies reativas, porém a membrana é a mais atingida em decorrência da

peroxidação lipídica, ou lipoperoxidação, que acarreta em diversas alterações

na estrutura e permeabilidade da membrana. Cada vez que uma proteína ou

um lipídeo perde um elétron, sofre modificações irreversíveis e, por ter perdido

um elétron, tornam-se um novo radical livre, criando uma verdadeira reação em

cadeia (FERREIRA; MATSUBARA, 1997).

As espécies reativas do oxigênio, nitrogênio, outros radicais livres e

produtos de peroxidação lipídica constituem um grupo de agentes que induzem

diversas injúrias celulares e nucleares (BIANCHI; ANTUNES, 1999).

A ação dos radicais livres sobre o DNA, sobretudo o radical hidroxila

(OH•), resulta na ocorrência de danos oxidativos decorrentes de alterações

estruturais, compreendendo as bases nitrogenadas, purínicas e pirimidínicas;

açúcar desoxirribose e ligações cruzadas DNA-proteína. As lesões causadas

nas células podem ser prevenidas por ação de antioxidantes (BARBOSA et al

2008).

Tabela 1. Classificação e nomenclatura das espécies reativas de oxigênio e nitrogênio

RADICAIS LIVRES

NÃO RADICAIS

Espécies Reativas de Oxigênio (ERO´S) Superóxido (O2•) Hidroxila (OH•)

Hidroperoxila (HO2•) Peroxila (RO2 •) Alcoxila (RO•)

Carbonato (CO3•) Dióxido de Carbono (CO2•)

Peróxido de Hidrogênio (H2O2) Ácido Hipobromoso (HOBr) Ácido hipocloroso (HOCl)

Ozônio (O3) Oxigênio Singlet (1O2)

Peróxidos Orgânicos (ROOH) Peroxinitrito (ONOO)

Ácido Peroxinitroso (ONOOH) Espécies Reativas de Óxidos de Nitrogênio (ERON’s)

Óxido Nítrico (NO•) Dióxido de Nitrogênio (NO2•)

Ácido Nitroso (HNO2) Cátion Nitroxil (NO+) Anion Nitroxil (NO–)

Trióxido de Dinitrogênio (N2O3) Tetróxido de Dinitrogênio (N2O4)

Peroxinitrito (ONOO) Ácido Peroxinitroso (ONOOH)

Cátion Nitril (NO2+) Peroxinitritos Alxil (ROONO)

Fonte: http://lildbi.bireme.br/lildbi/docsonline/lilacs/20090300/098-LILACS-UPLOAD.pdf

1.6- Estresse oxidativo

Estresse oxidativo é o desequilibrio entre os sistemas oxidantes e

antioxidantes, em favor dos primeiros. É desencadeado pelas espécies reativas

e favorece o dano oxidativo, que se dá pela oxidação das biomoléculas,

especialmente, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos.

Cada vez há mais evidências científicas de que o estresse oxidativo

desempenha importante papel na etiologia de enfermidades crônicas não

transmissíveis, como as neoplasias malignas (BARBOSA et al, 2008).

1.7- Sistema de defesa antioxidante

Em sistemas aeróbicos, é essencial o equilíbrio entre agentes

oxidantes e redutores (como as espécies reativas) e o sistema de defesa

antioxidante. Para proteger-se, a célula possui um sistema de defesa que pode

atuar em duas linhas.

Uma delas atua como detoxificadora do agente antes que ele cause

lesão, e é constituído por glutationa reduzida (GSH), superóxido-dismutase

(SOD), catalase, glutationa-peroxidase (GSH-Px) e vitamina E. Outra linha de

defesa tem a função de reparar a lesão ocorrida, sendo constituída pelo ácido

ascórbico (vitamina C), pela glutationa-redutase (GSH-Rd) e pela GSH-Px,

entre outros (FERREIRA; MATSUBARA, 1997).

1.8- Câncer e o estado nutricional

Grande parte dos portadores de tumores malignos, variando com a

localização e a terapia, desenvolvem um quadro de desnutrição, chamado

caquexia do câncer. Este quadro é uma síndrome caracterizada por: anorexia,

anormalidades no metabolismo de proteínas, lipídeos e carboidratos; atrofia do

músculo esquelético, perda de peso corpóreo, fraqueza e perda tecidual, e está

associada com anemia e alterações na função imune (LISBOA, 2006).

A causa da perda de peso nos pacientes com câncer é,

indiscutivelmente, multifatorial. Como possíveis causas estão o aumento do

consumo de energia, a diminuição da ingestão de alimentos, anorexia

secundária à alteração do paladar, resistência pela terapia e anorexia

provocada pelas reações psicológicas à doença (SÉRGIO JAMNIK et al.,

1998).

O metabolismo dos carboidratos nos pacientes com câncer é

caracterizado pela intolerância a glicose, com redução a sensibilidade periférica

a insulina. Portadores de câncer produzem mais glicose através do ciclo de

Cori no fígado, utilizando o lactato produzido na glicólise anaeróbica do tumor.

As alterações no metabolismo dos lipídeos estão relacionadas à

lípase-proteica, que se encontra diminuída, gerando elevação dos níveis

circulantes dos lipídeos e a depleção da reserva, devido a fatores circulantes

que levam ao aumento do catabolismo da gordura e à diminuição da sua

síntese. A depleção da gordura corporal é uma característica típica da

desnutrição no câncer (LISBOA, 2006).

A anorexia é fundamental para a síndrome da caquexia do câncer e

se deve a alteração na percepção da comida, ou seja, no gosto e no cheiro. Em

conseqüência, a ingesta de energia será menor que o gasto.

Quanto ao metabolismo das proteínas, o aumento da produção

hepática de proteínas da fase aguda, tem sido sugerido como sendo

parcialmente responsável pelo catabolismo das proteínas no músculo

esquelético (SÉRGIO JAMNIK et al 1998).

Pacientes que desenvolvem o quadro da caquexia apresentam

menor resposta à intervenção terapêutica, maior incidência de complicações

pós-operatórias, internação mais prolongadas, diminuição do estado

imunológico e sobrevida, piora da qualidade de vida e maior morbidade e

mortalidade (LISBOA, 2006).

1.9- Tratamento

O tratamento do câncer pode ser feito através de cirurgia, radioterapia,

quimioterapia ou transplante de medula óssea. Em alguns casos, pode ser

necessário combinar essas modalidades (INCA, 2013).

A cirurgia é a forma de tratamento mais antiga que existe e mais

definitiva, é bem sucedida principalmente quando o tumor está em estágio local

e anatomicamente mais favorável para sua retirada, entretanto para algumas

modalidades de câncer a cirurgia não é suficiente devido a disseminação das

células cancerosas local ou difusamente, nestes casos a cirurgia pode ser

associada com o tratamento quimioterápico ou a radioterapia (MERCK SHARP

& DOHME, 2013).

A radioterapia é o tratamento em que se utiliza radiação para destruir o

tumor ou impedir que suas células aumentem. Metade dos pacientes com

câncer são tratados com radioterapia, quando esta não promove diretamente a

cura do paciente, promove a melhoria da qualidade de vida deste (INCA, 2013).

“Os principais agentes antineoplásicos utilizados na quimioterapia

podem ser divididos em três categorias: agentes citotóxicos, hormônios,

agentes diversos que não se enquadram nas categorias anteriores” (RANG,

2003, p 794).

“O tratamento com combinação de vários agentes antineoplásicos

aumenta a citotoxicidade contra as células cancerosas, sem necessariamente

aumentar a toxicidade geral. As combinações também diminuem a

possibilidade de resistência a agentes individuais. São exemplos de fármacos

utilizados na quimioterapia do câncer: cisplatina, bleomicina, vincristina e

metrotexato” (RANG, 2003,p 805).

O transplante de medula óssea é o tratamento oferecido para o câncer

que atinge as células do sangue, é basicamente a substituição de uma medula

óssea doente, por células normais de medula óssea com o intuito de

reconstituir a medula deficiente (INCA, 2013).

CAPÍTULO II

ALIMENTOS FUNCIONAIS

O CONCEITO

Segundo a Secretária da ANVISA, do Ministério da Saúde (MS),

alimento funcional é aquele alimento ou ingrediente que, além das funções

nutritivas básicas, quando consumido como parte da dieta usual, produza

efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou benéficos à saúde, devendo ser

seguro para o consumo sem supervisão médica (RDC 18/99).

2.1- Histórico

Este conceito moderno e revolucionário que aborda a função

metabólica dos alimentos e sua conseqüência na saúde, através da

alimentação, não é novo. O novo é a busca e a exploração por novos

conhecimentos a cerca dos alimentos funcionais.

Dos primórdios da civilização onde o homem alimentava-se do que

encontrava na natureza ate os dias atuais, muita coisa mudou. Hoje se procura

alimentos que além da função de nutrir possam auxiliar funções fisiológicas

promovendo melhorias na saúde e prevenção de doenças. Portanto a

qualidade de vida hoje está diretamente relacionada à qualidade da dieta

(MORAES; COLLA, 2006).

Somente nas ultimas décadas que os consumidores em outros

países tiveram uma maior preocupação com relação ao alimento ingerido.

Antigamente, comia-se para sobreviver, de forma que a qualidade dos

alimentos não era ponto prioritário. Devido ao baixo poder aquisitivo da

população, a variedade ofertada de produtos era bastante limitada. Somente no

século XX, após a Segunda Guerra Mundial, a preocupação pela maior

quantidade e qualidade dos alimentos se disseminou por toda a Europa e,

posteriormente, para os outros continentes (VIEIRA, 2007).

O conceito comida-remédio ou alimentos terapêuticos já existia nas

antigas culturas chinesa, indiana, egípcia e grega. Aos alimentos eram

atribuídas propriedades curativas e/ou preventivas e reconhecida às condições

adequadas de preparo e consumo dos mesmos (VIEIRA, 2007).

Em meados dos anos 1980, o termo alimentos funcionais foi

inicialmente introduzido no governo do Japão, sendo este país o primeiro na

formulação do processo de regulamentação específica para os alimentos

funcionais. Estes apareceram como uma tentativa de minimizar os gastos com

saúde pública, levando-se em consideração a elevada expectativa de vida

naquele país. São conhecidos como Alimentos para Uso Específico de Saúde –

Foods for Specified Health Use – FOSHU, são qualificados e trazem um selo

de aprovação do Ministério da Saúde e Bem-Estar Japonês (MORAES, COLLA,

2006).

O consenso científico da relação estreita entre alimentação-saúde-

doença, os novos conceitos sobre os efeitos benéficos de outros compostos

não nutrientes, a urbanização, o aumento de expectativa de vida, e o

desenvolvimento cientifico e tecnológicos são fatores que vêm estimulando a

produção de novos alimentos e de alimentos específicos na manutenção da

saúde (MORAES; COLLA, 2006).

No Brasil, A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

aprovou em 1999 a regulamentação técnica para análise de novos alimentos e

ingredientes, incluindo os alimentos com alegação de propriedade funcional ou

de saúde.

Para esse tipo de alimento são permitidas alegações funcionais

relacionadas com o papel fisiológico no crescimento, no desenvolvimento e nas

funções normais do organismo, alegações sobre a manutenção geral da saúde

e a redução de riscos de doenças. Não são permitidas alegações que façam

referências à cura, ou à prevenção de doenças (ANVISA, 1999).

2.2- Legislação

No Brasil, o MS, através da ANVISA, regulamentou os Alimentos

Funcionais através das seguintes resoluções: ANVISA/MS 16/99; ANVISA/MS

17/99; ANVISA/MS 19/99, cuja essência é:

a) Resolução da ANVISA/MS 16/99 – Aborda os procedimentos para

registro de alimentos e ou novos ingredientes, não necessitando de um Padrão

de Identidade e Qualidade (PIQ) para serem registrados. Podem ser

registrados novos produtos sem histórico de consumo no país e novas formas

de comercialização de produtos já consumidos;

b) Resolução da ANVISA/MS 17/99 – Aprova o regulamento Técnico

que estabelece as Diretrizes Básicas para analisar a segurança e os riscos de

alimentos, baseados em evidências científicas e estudos para classificar os

produtos como seguros ou não, levando-se em consideração os riscos à

saúde;

c) Resolução ANVISA/MS 18/99 – Aprova o Regulamento Técnico

que estabelece as Diretrizes Básicas para a Análise e Comprovação de

Propriedades Funcionais e/ou de Saúde, alegadas em rotulagem de alimentos.

São permitidas alegações de função, podendo ser aceitas as que

descreverem a função do nutriente ou não nutriente no organismo, sendo

necessária a demonstração da eficácia na rotulagem, sendo isentos aqueles

nutrientes com funções devidamente reconhecidas pela comunidade científica.

Não são permitidas alegações que façam referência à prevenção ou

cura de doenças, serão permitidas apenas aquelas que abordem a

manutenção geral da saúde, a redução dos riscos a doenças e o papel

fisiológico dos nutrientes ou não nutrientes.

A comprovação da propriedade funcional, levará em consideração

evidências científicas, evidências da literatura científica, comprovação do uso

tradicional da população sem danos à saúde, organismos internacionais de

saúde e legislação internacionalmente reconhecidas sobre este produto,

estudos epidemiológicos e ensaios clínicos.

d) Resolução ANVISA/MS 19/99 – Aprova o Regulamento Técnico

de Procedimentos para Registro de Alimentos com Alegação de Propriedades

Funcionais e ou de Saúde em sua Rotulagem. O interessado apresentará um

Relatório Técnico Científico que juntamente com as alegações de propriedades

funcionais, serão avaliados por uma Comissão de Assessoramento Técnico-

Científica em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos constituídos pela

ANVISA.

2.3- Propriedades fisiológicas

As evidências epidemiológicas estão continuamente providenciando

recomendações para que as pessoas aumentem o consumo de frutas e

verduras como medida preventiva para reduzir os riscos de diversas doenças

degenerativas. Existem altíssimas correlações de efeitos benéficos de

nutrientes essenciais, ou não, que podem modificar processos celulares, com

efeitos fisiológicos protetores (ANGELIS, 2001).

Os alimentos que apresentarem em seus dizeres de rotulagem e ou

material publicitário, as alegações de propriedades funcionais, devem ser

registrados na categoria de “Alimentos com Alegações de Propriedade

Funcional e ou de Saúde”. Assim, devem ter registro prévio à comercialização,

conforme anexo II da Resolução RDC nº. 278/2005. O registro de alimentos

com alegações e a avaliação de novas alegações serão realizados mediante a

comprovação científica da eficácia das mesmas, atendendo aos critérios

estabelecidos nas Resoluções nº. 18/99 e 19/99.

A tabela 2 apresenta as alegações de propriedades funcionais e de

saúde aprovadas pela ANVISA.

Tabela 2. Alegações de propriedades funcionais e de saúde aprovadas pela ANVISA

COMPONENTE ALEGAÇÃO

Ácidos graxos

ômega 3

“O consumo de ácidos graxos ômega 3 auxilia na manutenção

de níveis saudáveis de triglicerídeos, desde que associado a

uma dieta equilibrada e hábitos de vida”.

Licopeno “O licopeno tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Luteína “A luteína tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

COMPONENTE ALEGAÇÃO

Fibras alimentares “As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Beta Glucana “A beta glucana (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Frutooligossacaríd

eos

“Os frutooligossacarídeos – FOS contribuem para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Inulina “A inulina contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Lactulose “A lactulose auxilia o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Psyllium “O psillium (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de gordura. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Quitosana “A quitosana auxilia na redução da absorção de gordura e colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Fitoesteróis “Os fitoesteróis auxiliam na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Probióticos “O (indicar a espécie do microrganismo) (probiótico) contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Bifidobacterium

lactis

“O Bifidobacterium lactis (probiótico) contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Bifidobacterium

animallis

“O Bifidobacterium animallis (probiótico) auxilia o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Proteína de soja “O consumo diário de no mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Fonte: www.anvisa.gov.br

2.4- Efeito antitumoral dos alimentos

Diversas investigações epidemiológicas e experimentais foram e

estão sendo realizadas com o intuito de esclarecer o papel dos alimentos em

relação às doenças. Estes são considerados, além de um elemento chave para

a nutrição, uma nova alternativa para prevenção de doenças crônicas, como o

câncer, conforme tabela 3.

Podem ser citados como responsáveis por essa proteção: os

carotenóides, as vitaminas antioxidantes e os minerais como o selênio. Uma

alimentação adequada, que contenha frutas, legumes e verduras, representa

uma possível proteção contra o câncer (FERRARI; TORRES, 2002).

Tabela 3 – Exemplos de efeitos promotores(+) e inibidores(-) de câncer de alguns alimentos ( Angelis 2001)

ÓRGÃO PROMOTOR(+) MECANISMO INIBIDOR(-) esôfago Alimentos salgados,

álcool Ativação de carcinógenos

Vegetais verdes-amarelos, chá verde

fígado Alcalóides, álcool, frituras, gordura

Citotoxicidade, ácidos biliares

verduras

mama Frituras e gorduras Balanço hormonal, estrógenos, obesidade

Peso, soja, tomate

cólon Frituras aminas, ácidos biliares

Ácidos biliares fibras e verduras

Fonte: ANGELIS, 2001.

CAPÍTULO III

APOIO FAMILIAR

A família na sociedade contemporânea constitui uma unidade básica e

complexa, tem seu processo dinâmico e possui ampla diversidade de

estruturas e formas de organizar o seu modo de vida. Na complexidade do

processo de viver do ser humano, a família é algo muito especial e para a

maioria das pessoas, ela é a coisa mais importante.

A assistência familiar ao doente oncológico tem se tornado um grande

desafio, especialmente, quando este se encontra dependente e/ou em fases

avançadas da doença, necessitando de maior atenção e cuidado por parte da

família.

Segundo a Sociedade Brasileira do Câncer, no transcorrer do

tratamento e internação, o recebimento de notícias claras ajudam o paciente e

a família a compreender as medidas para melhor enfrentar a doença e

sintomas, ajustar as expectativas para o futuro, minimizar os medos,

ansiedades e dúvidas decorrente das hospitalizações.

O paciente com Câncer deve contar com uma ampla estrutura de

apoio, para suportar as diferentes etapas do tratamento. Para família o cuidar

representa desafios a serem superados, envolvendo longos períodos de tempo

dispensados com o paciente, desgastes físicos em hospitais, custos

financeiros, sobrecarga emocional , riscos mentais e físicos ( BURRILE et al,

2008).

A presença dos familiares neutraliza os efeitos da possível separação,

colabora na assistência integral, melhora a adaptação ao hospital, facilita a

aceitação do tratamento e promove a positiva resposta terapêutica ( PRIMIO et

al, 2010).

Cuidar de doentes em casa é uma prática antiga, mas com a

institucionalização dos serviços de saúde, as exigências da vida moderna e os

avanços da medicina deixaram de ser rotineira. Atualmente, com o

envelhecimento da população, o aumento das condições crônicas e a política

nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) visando a desospitalização, essa

prática tem sido resgatada, estimulando o cuidado domiciliário com a

participação da família.

Em casa, a família poderá funcionar como unidade principal de

tratamento do doente, poderá ser proporcionado um ambiente saudável que

facilitará a adaptação e aceitação do sujeito diante de sua dificuldade, pois ele

estará em sua casa, perto das pessoas que mais considera importante e ama.

A assistência domiciliária envolve não apenas a prática do cuidado em

si, mas abarca ações de promoção e prevenção, o tratamento da doença e a

reabilitação, situações que se correlacionam com questões sociais específicas,

como políticas de saúde, habitação, emprego, saneamento básico e condições

de vida. Por esse motivo, o cuidado domiciliário precisa ser planejado e

desenvolvido de acordo com a necessidade e realidade de cada família.

Segundo Burrille (2008), a família é muito importante tanto na

internação quanto no tratamento, diminuindo a solidão o medo do tratamento, e

é essencial para a recuperação.

Primio et al (2010) diz que o câncer gera uma fragilidade na família,

considerando as intercorrências no decorrer do tratamento quimioterápico.

Nesse sentido, o tratamento para o câncer é tão importante quanto a atenção

dispensada aos aspectos sociais da doença. Desse modo no encontro com a

doença, a família tamb

CAPÍTULO IV

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As evidências epidemiológicas estão continuamente providenciando

recomendações para que as pessoas aumentem o consumo de frutas e

verduras como medida preventiva para reduzir os riscos de diversas doenças

degenerativas. Existem altíssimas correlações de efeitos benéficos de

nutrientes essenciais, ou não, que podem modificar processos celulares, com

efeitos fisiológicos protetores.

Pool-Zobel et al (1997), conduzindo um estudo experimental com

seres humanos, não-fumantes, com idades entre 27-40 anos, observaram que

frutas, legumes e verduras como o espinafre, a cenoura e o tomate, possuem

um efeito protetor contra o câncer, exercido pelos carotenóides por meio da

redução de lesões ao DNA, identificadas, tanto pela redução da oxidação das

bases pirimidínicas do DNA, quanto pelo menor número de quebras de fitas do

DNA linfocítico; esse efeito também pôde ser evidenciado por Porrini; Riso

(2000), por meio da suplementação com purê de tomate. Observações como

essas sugerem que dietas com altas concentrações de licopeno podem

diminuir o risco de doenças crônicas por meio da redução da lesão oxidativa ao

DNA. Além disso, a maior concentração de licopeno sérico e a suplementação

de beta-caroteno também estão associadas à maior velocidade de reparo de

danos do DNA.

Entretanto o β-caroteno não reduziu a incidência de câncer de

próstata, em um estudo randômico e placebo controlado, realizado com 29133

homens fumantes com idade entre 50-69 anos que foram designados para

receber o β-caroteno e α-tocoferol, ambos ou placebo, diariamente por 5 a 8

anos. Além do caroteno citado não apresentar redução na incidência do câncer

de próstata, aumentou em 25% a incidência de tumores em outros sítios

(ALBANES et al, 1995). Outros quatro estudos experimentais, realizados em

grandes populações, foram conduzidos e não apresentaram resultados

significativos no que se refere à redução de risco de câncer relacionada à

ingestão de suplementos de beta-caroteno(GOMES, 2007).

Esse resultado pode ser devido ao fato dos homens que

participaram deste estudo serem fumantes e o tabaco ser uma das maiores

fontes de degradação dos carotenóides (MARIANA UENOJO, MARÓSTICA

JÚNIOR; PASTORE, 2007).

Miller et al. (2005) realizaram um estudo alimentar randomizado

controlado, com 103 adultos saudáveis com idades superiores a 21 anos de

idade, os quais eram aleatoriamente alocados em diferentes grupos. Ao grupo

controle, era ofertada uma dieta típica dos Estados Unidos; o outro grupo

recebia a dieta denominada Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH),

a qual era rica em frutas, legumes e verduras e em laticínios, com reduzidas

quantidades de gordura; incluía cereais integrais, aves, peixes e frutos

oleaginosos; e era reduzida em carne vermelha, doces, bebidas contendo

açúcar, gordura saturada, gordura total e colesterol. Os participantes

concordaram em comer apenas o que lhes fosse oferecido e nada mais, por

um período de três meses. O estudo demonstrou que o consumo da dieta

DASH reduziu o estresse oxidativo, e resultou em um aumento da

concentração sérica de antioxidantes.

Tendo em vista que o estresse oxidativo é um processo

desencadeado pelos radicais livres e que podem ocasionar mutação no

material genético podendo resultar em câncer, esse estudo mostrou que uma

dieta mais saudável possivelmente minimizará os riscos gerados pelos radicais

livres.

O estresse oxidativo é reconhecido como um dos maiores

responsáveis para o aumento do risco de doenças cardiovasculares e câncer.

Pesquisas levantadas evidenciam o licopeno como o carotenóide que

apresenta a mais potente atividade antioxidante demonstrada em estudos

experimentais (MACHADO, 2005).

Em um estudo realizado para avaliar o efeito protetor do licopeno

sobre os danos induzidos no DNA e a hepaticarcinogênese em roedores

mostrou que o licopeno, na concentração 300 ppm, reduziu significativamente

os danos no DNA induzidos pela dietilnitrosamina na etapa de iniciação da

hepatocarcinogênese de rato, embora não tenha sido observada redução do

número e área dos focos GST-P-positivos( modelo de hepatocarcinogênese de

média duração proposto por Ito et al., 1988). Os resultados dos experimentos in

vitro mostraram que o tratamento prévio e simultâneo com licopeno (10, 25, e

50 miuM) foi eficaz em reduzir os níveis de danos no DNA induzidos pelo H202

e pela DEN em células de hepatoma humano (SCOLASTICI,2006).

Em estudo que analisou o consumo dos carotenóides e o risco de

câncer de pulmão, constatou que caroteno e licopeno foram significativamente

associados com um risco menor de câncer de pulmão, e que o risco foi

significativamente menor nos indivíduos que consumiam uma dieta rica em

uma variedade de carotenóides (MICHAUD et al ,2000).

Em relação ao câncer de próstata, apesar das evidências protetoras

do licopeno, estudos têm demonstrado resultados inconsistentes sobre este

efeito. Esta inconsistência pode ser parcialmente explicada por problemas com

a biodisponibilidade do licopeno de diferentes fontes alimentares (MACHADO,

2005).

Tal como outros carotenóides, sabe-se que o licopeno está presente

na próstata em concentrações significativas, e inibe o crescimento de culturas

de células do câncer de próstata. Estudos recentes sugerem que homens com

elevadas concentrações sanguíneas de licopeno apresentam baixo risco deste

câncer. Pensa-se que os efeitos biológicos deste composto sejam devidos às

suas propriedades antioxidantes.

Uma metanálise avaliando 10 trabalhos sobre os efeitos do tomate

na prevenção do Câncer de próstata mostrou, na metade deles, que o

consumo diário deste vegetal reduz os riscos de vários cânceres, entre eles o

de próstata. (MARTINS et al., 2006).

Ainda sobre os carotenóides, Nishino et al (2005) demonstraram que

ratos induzidos ao câncer de pele e suplementados com luteína tiveram uma

incidência significantemente menor, quando comparados aos que não

receberam o suplemento (p<0,05), e evidenciaram uma ação anticarcinogênica

relacionada tanto à iniciação quanto à promoção.

MARCHIONI et al., (2007) Realizaram estudo de caso controle na

região metropolitana de São Paulo, com amostra de 835 indivíduos, sendo 366

casos com confirmação histológica e 469 controles; baseado em inquérito

dietético, analisou os alimentos básicos da dieta dos brasileiros e sua relação

com o câncer oral. Verificaram associações inversas entre o câncer oral e o

consumo mais elevado de feijão, vegetais crus, e para o tercil

(porções/semana) intermediário de arroz e massas. Associações diretas foram

observadas para o mais elevado consumo de ovos, batata, e leite.

As leguminosas são uma fonte de antioxidantes, incluindo minerais

traços e compostos fenólicos. Os grãos integrais têm uma digestão e absorção

mais lenta do que, por exemplo, alimentos refinados, e diminuem a resposta

glicêmica sangüínea pós-prandial. Esses mecanismos, isoladamente ou em

conjunto, poderiam explicar o efeito protetor atribuído a esse alimento, nas

várias fases do processo carcinogênico (MARCHIONI et al., 2007).

Nos estudos de Kjaerheim et al. (1998), Franceschi et al. (1999), e

Garrote et al. (2001), as leguminosas associaram-se positivamente ao câncer,

enquanto Petridou et al. (2002), Kreimer et al. (2006) e De Stefani et al. (2005)

observaram associação negativa para leguminosas.No entanto, os resultados

dos estudos epidemiológicos são inconsistentes, e a avaliação da possível

contribuição quantitativa para a diminuição do risco permanece incerta.

Os vegetais cruz também se mostraram positivos em relação ao

câncer oral, entretanto apesar de vários estudos na literatura abordarem as

evidências do efeito protetor da cenoura, vegetais verdes , amarelos e o

tomate; provavelmente devido a presença de antioxidantes como os

carotenóides; a cenoura e o tomate não apresentaram efeito protetor para o

câncer oral (MARCHIONI et al., 2007).

Os resultados nulos podem ser devido a heterogeneidade da

população estudada. Uma das grandes limitações que podem conduzir a erros

ou vieses é a escolha do inquérito dietético adotado nos estudos, uma vez que

estes dependem tanto das informações fornecidas pelos entrevistados, quanto

da habilidade do entrevistador em estimar o porcionamento correto do alimento

consumido. No entanto, empregam-se esses levantamentos, valorizando

alguns nutrientes isoladamente, enquanto que a população, de forma geral,

consome alimentos como combinações de um grande número de compostos.

Por isso, é complexo e merece análise cautelosa atribuir um papel

carcinogênico ou anticarcinogênico a um único fator da dieta (GARÓFOLO,

2004).

O consumo do arroz e massas apresentou associação inversa ao

câncer oral, contrapondo-se aos estudos de Chyou et al. (1995), Garrote et al.

(2001), De Stefani et al. (2005) , onde o consumo mais freqüente de arroz e

massas associou-se com aumento do risco para o câncer oral. Porém,

Franceschi et al. (1999), em um dos maiores estudos conduzidos na Europa,

não observaram associação, como no estudo prévio. Zheng et al. (1993)

observou associação inversa, como constatado no estudo por Marchioni et al.

(2007).

Quanto ao leite, grande parte dos estudos de caso-controle

realizados, apresentam resultados nulos, porem o resultado de Marchioni et al.

(2007) requer maiores investigações. O consumo elevado de ovos e batatas

mostrou associação direta ao câncer oral. Esse efeito pode ser devido à

gordura saturada e o colesterol presente nos ovos. Quanto a batata,

Franceschi et al. (1999) e Garrote et al. (2001) relataram efeitos nulos. Esse

feito pode ser devido ao consumo de uma dieta menos variada, portanto com

menor fornecimento de nutrientes, pois o câncer oral parece estar relacionado

com este tipo de dieta.

As hortaliças e as frutas têm assumido posição importante nos

estudos que envolvem a prevenção do câncer, os autores buscam destacar as

evidências epidemiológicas de que o consumo de frutas e hortaliças tem um

efeito protetor contra diversas formas de câncer. Um estudo realizado com

esse intuito,e baseado em uma extensa análise de pesquisas epidemiológicas

mundiais, realizadas de forma independente por comitês de especialistas do

World Cancer Research Fund and the American Institute for Cancer Research

e do Chief Medical Officer's Committee on Medical Aspects of Food and

Nutrition Policy. Observa-se (Tabela 6), que os registros dos comitês

apresentaram divergências. Contudo, pode-se verificar evidências do efeito

protetor do consumo de hortaliças e frutas sobre diversos tipos de câncer.

Fazendo uma projeção na estimativa de prevenção, pode-se supor que o

aumento no consumo de frutas e hortaliças promove uma redução na

incidência global de câncer, que varia de 7% (estimativa conservadora) a 31%

(estimativa otimista). Tendo por base os resultados das pesquisas avaliadas,

os comitês foram unânimes em recomendar o aumento na ingestão de frutas e

hortaliças, visando a prevenção do desenvolvimento do câncer (GARÓFOLO,

2004).

Estudos indicam que algumas vitaminas antioxidantes, como as

vitaminas A, C e E minimizam os efeitos tóxicos produzidos pelas drogas

antineoplásicas e interferem positivamente na resposta ao tratamento

empregado ao câncer (SANTOS; CRUZ, 2001).

Segundo Santos; Cruz (2001) a suplementação de vitamina A (3000

UI) e vitamina E (70 mg de acetato de α-tocoferol) em pacientes com câncer

gástrico recebendo quimioterapia com metotrexato, 5-fluoracil, epirrubicina e

leucovorin, produziu uma taxa de remissão do tumor em torno de 50%,

incluindo 10% de remissão total. A média de sobrevida foi de 12,3 meses para

os pacientes que receberam a suplementação, em comparação ao grupo

controle, cuja média foi de 3,1 meses. Os autores concluíram que a associação

das drogas antiblásticas com as vitaminas antioxidantes proporciona melhores

condições de vida, atribuindo este fato às propriedades antioxidantes dos

nutrientes citados.

A oferta de vitaminas antioxidantes como a A, E e C associada às

drogas antiblásticas resulta em menores efeitos colaterais e permite que a

continuidade do tratamento empregado não seja prejudicada, pois a toxicidade

causada pelas drogas antineoplásicas é fator limitante desta terapia.( SANTOS;

CRUZ, 2001)

Lima (2004), em seu estudo de caso-controle, analisou fatores

dietéticos e câncer de mama, e não observou associação estatisticamente

significativa da vitamina A, Vitamina C e beta-caroteno com o câncer de mama.

Entretanto, uma metanálise que avaliou o risco relativo de câncer de mama em

26 publicações, de 1982 a 1997, evidenciou uma relação inversa entre o

consumo de vitamina C e risco relativo deste tipo de neoplasia (GANDINI et al.,

2000).

Ainda sobre a vitamina C, foi avaliada a capacidade do 6-bromo-6-

dioxi-L-ácido ascórbico (6-BrAA), um análogo desta vitamina, em reduzir a

toxicidade causada pela cisplatina, agente antineoplásico. Os autores

observaram que o mecanismo envolvido com a toxicidade a várias drogas

usadas no tratamento de câncer, incluindo a cisplatina, é devido ao dano

oxidativo. Esta droga interage com os lipídios e afeta enzimas. Este mecanismo

foi evidenciado pela inibição da síntese de proteínas, tendo como

consequência o prejuízo celular do aumento da peroxidação lipídica em rins e

fígados de ratos. Foi observado que o efeito protetor do 6-BrAA contra a

toxicidade da cisplatina, in vivo, depende da dosagem da droga. Os dados

desta pesquisa mostram proteção contra a nefrotoxicidade, hepatotoxicidade

ou toxicidade esplênica obtida com o uso de cisplatina e 6-BrAA (10 mg/Kgde

peso) (SVERKO et al., 1999).

A quimioprevenção através dos fitoquímicos presentes na

alimentação é bastante discutida, as isoflavonas são constantemente

analisadas, pelo seu possível papel na quimioprevenção do câncer.

Verheus et al. (2007) em estudo de caso controle analisando a

relação da circulação de genisteina e câncer de mama em mulheres

holandesas, constatou que nas mulheres com relativos níveis de circulação

global de isoflavonas, os altos níveis de genísteina estavam associados ao

decréscimo do risco do desenvolvimento do câncer de mama.

Indram et al. (1997) realizaram estudo com mulheres recém-

diagnosticadas com o câncer de mama. Neste eles defenderam que a

genisteína reduziu o risco, porém sem atingir muita significância. Concluiu-se

então que essa isoflavona não apresenta uma redução significativa no risco do

câncer de mama entre as mulheres com elevado consumo de alimentos ricos

nestas. Esse resultado pode estar ligado às dificuldades de doseamento.

Clapauch, et al. (2002), afirmam que a administração por via oral da

genisteina com o intuito de obter efeito inibitório na célula mamaria é ineficaz,

tendo em vista que para esta se sobrepor aos efeitos da primeira passagem

hepática, serão necessárias doses elevadas. Tornando-se necessário

estabelecer uma dose adequada, bem como uma freqüência da ingestão.

Hsieh et al. (1998) realizaram um estudo para avaliar os efeitos

estrogênicos da genisteína no crescimento de células mamárias cancerígenas

receptores estrogênio positivas (MCF-7), in vitro e in vivo, demonstrando que a

genisteína agiu como um agonista do estrogênio em ambos experimentos, o

que resultou na proliferação das células malignas e aumento da expressão do

gen pS2, que é estrogênio dependente.

Segundo Padilha; Pinheiro (2004) em revisão bibliográfica, as

evidências científicas relacionam a genisteína à inibição dos fatores de

crescimento sérico e epidérmico de células mamárias normais, quando

comparadas às células cancerígenas. Deste modo, a ingestão de soja pode

prevenir a iniciação do câncer, mais do que inibir o crescimento de células

acometidas previamente existentes.

Alguns estudos sugerem que o consumo de derivados da soja pode

contribuir para a redução na incidência de câncer de mama, cólon e próstata,

em países como a China e o Japão29 (MESSINA, 1994). Estudos

experimentais têm demonstrado que os produtos da soja inibem a

carcinogênese em modelos animais. (POLLARD; LUCKERT, 1997).

Um estudo norte-americano, que avaliou homens adventistas,

demonstrou que aqueles que ingeriam leite de soja apresentavam redução na

incidência de Câncer de próstata em 70% (JACOBSEN, 1998). Apesar da

pouca significância estatística do estudo, o papel da soja na prevenção do CaP

merece estudos adicionais no futuro.

Diante das exposições acima, é necessário avaliar o efeito do

consumo de alimentos fontes de isoflavonas como terapêutica, em virtude dos

seus possíveis efeitos adversos, obtidos especialmente em relatos

experimentais com baixas concentrações destas. Porém, estudos

complementares devem ser estimulados. Além disso, dados recentes não

suportam a utilização de suplementação com isoflavonas (GERBER et al.,

2003).

Entre os micronutrientes mais investigados por sua atuação

quimiopreventiva na carcinogênese, é importante ressaltar o papel do selênio.

No estudo realizado por Assis (2007), foi analisado o crescimento do

tumor experimental de Erlich(um adenocarcinoma mamário de camundongo

Fêmea), uma neoplasia transplantável de origem epitelial maligna, em

camundongos fêmea BALB/c de 8 semanas de idade suplementados com

vitamina E e selênio, demonstrando que o selênio não levou a uma redução do

crescimento tumoral. Porém os animais inoculados com tumor de Ehrlich e

tratados com dieta suplementada com vitamina E, apresentaram uma redução

no crescimento do tumor, devido a uma maior ativação das células imune e o

maior índice de apoptose de células tumorais.

Nesse estudo o selênio utilizado foi a selenometionina(selênio

orgânico), que não é muito efetiva na inibição de tumores quimicamente

induzidos quanto o selenito de sódio (selênio inorgânico). Em uma revisão

escrita por Milner (1984), o autor relata alguns estudos utilizando tratamento

com selênio e tumor de Ehrlich, em que o selênio foi capaz de retardar o

crescimento tumoral. Porém a forma utilizada do selênio nesse estudo foi o

selenito de sódio (selênio inorgânico)

A dosagem também pode ter influenciado para o resultado negativo

do selênio. No estudo foi administrado por via oral 25 µg/dia de selênio que

corresponde a 1µg/g de peso do animal.

Em um trabalho que avaliou várias doses de diferentes formas de

selênio, foi constatado que sob a forma de selenometionina somente foi eficaz

em uma concentração de 2 µg/g de peso, que é superior a quantidade utilizada

no estudo (ASSIS, 2007).

Em outro estudo realizado nos Estados Unidos, que analisou o

selênio e a incidência do câncer, constatou um significativo efeito protetor do

selênio sobre a incidência do câncer de próstata, embora o efeito foi restrito

àqueles com menor base PSA(antígeno prostático específico) e concentrações

plasmáticas selênio (DUFFIELD-LILLICO et al. ,2003).

Existe um ensaio clínico prospectivo, randomizado e duplamente

cego, patrocinado pela National Cancer Institute (NCI) norte-americano,

denominado SELECT, cujo objetivo é analisar o papel do Selênio, bem como

da vitamina E na prevenção do câncer de próstata em homens sadios, mais de

35000 homens estão participando desse estudo que esta acontecendo em

mais de 400 locais nos Estados Unidos, Porto Rico e Canadá.

CONCLUSÃO

As evidências epidemiológicas estão continuamente providenciando

recomendações para que as pessoas aumentem o consumo de frutas e

verduras como medida preventiva para reduzir os riscos de diversas doenças

degenerativas. Existem altíssimas correlações de efeitos benéficos de

nutrientes essenciais, ou não, que podem modificar processos celulares, com

seus efeitos fisiológicos protetores.

Diante dos dados mostrados, pôde-se verificar que os alimentos

funcionais produzem efeitos benéficos ao organismo, porém na

quimioprevenção e tratamento do câncer o que se percebe é que não há um

consenso científico.

Provavelmente o tipo de câncer, o estágio de desenvolvimento, o

agente causador, as particularidades de cada paciente, a heterogeneidade da

população estudada e as características de cada nutriente como

biodisponibilidade e concentração da dose, podem ter influenciado os

resultados dos estudos apresentados.

Por sua vez, a família apresenta-se como peça fundamental no

processo de tratamento e cura do paciente enfermo, ajudando na adesão do

paciente ao tratamento e também podendo tornar o ambiente hospitalar mais

familiar.

O caráter de proteção à saúde está ligado à redução dos riscos de

doenças e outros agravos, o qual poderá ser atingido, pela implementação

programática de uma série de medidas. Os alimentos funcionais, objeto deste

trabalho, não devem ser confundidos com “alimentos mágicos” ou com

medicamentos tradicionais. Sendo uma área de estudo importante, é

necessário um maior número de pesquisas sobre as substâncias

biologicamente ativas contidas nesses alimentos para que se possa determinar

seus efeitos benéficos com mais exatidão e quantificar as doses máximas e

mínimas que podem ser ingeridas pela população, a fim de oferecer eficácia

sem oferecer riscos de toxicidade e avaliar os efeitos colaterais através do uso

prolongado.

REFERÊNCIAS

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