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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA VIOLÊNCIA ESCOLAR: O REFLEXO DA FAMÍLIA E DA SOCIEDADE. Por: PAULO CÉZAR LIMA BASTOS Orientador Profª. EDLA LUCIA TROCOLI XAVIER DA SILVA Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

VIOLÊNCIA ESCOLAR: O REFLEXO DA FAMÍLIA E DA

SOCIEDADE.

Por: PAULO CÉZAR LIMA BASTOS

Orientador

Profª. EDLA LUCIA TROCOLI XAVIER DA SILVA

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

VIOLÊNCIA ESCOLAR: O REFLEXO DA FAMÍLIA E DA

SOCIEDADE.

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar

Por Paulo Cézar Lima Bastos

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AGRADECIMENTOS

A Deus, minha professora orientadora

Edla Trocolli, aos meus professores da

AVM e aos meus amigos de turma.

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha esposa Nádia, minha

mãe Maria dos Anjos (In Memorian), aos

meus afilhados Dênis e Denise, aos meus

sobrinhos: Nandinho, Cacau e Manu.

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“Se a educação sozinha não transforma a

sociedade, sem ela tampouco a

sociedade muda”. (Paulo Freire).

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RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido tendo por enfoque principal a violência

escolar que tem sido algo que nestes últimos anos houve uma explosão de

casos, uma epidemia. A violência deixou de ser um simples caso de uma

“manha” de criança e uma “rebeldia” juvenil, para se tornar um grande monstro

incontrolável, sem limites no qual a escola não está preparada para enfrentar,

porque não depende somente da escola, requer um trabalho com os pais que

não estão sabendo educar seus filhos e fazem todas as suas vontades, pois

maioria dos pais, devido ao excesso de trabalho e sem tempo, os suprem com

brinquedos e jogos o que deveria ser com diálogos. Como se fosse pouco,

ainda temos a ausência do Estado que sempre tratou a educação com

desdém, hoje o Estado, precisa rever seus conceitos, já que muitos

professores não querem lecionar por medo e muitos alunos não querem

assistir aula devido a violência imposta pelo tráfico de drogas, que além das

crianças ficarem sem aula quando tem confronto ainda viciam nossas crianças

destruindo os seus sonhos, que entorpecidas transformam se numa bomba

relógio prestes a explodir a qualquer momento, sobrando para a figura do

professor saber lidar com essa nova realidade .

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METODOLOGIA

A metodologia a ser utilizada será basicamente pesquisa bibliográfica com

livros sobre a temática da violência escolar.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 9

CAPÍTULO I

Violência escolar : O que vem a ser?.............................................................. 11

CAPÍTULO II

O que contribui para violência escolar?..........................................................19

CAPÍTULO III

Medidas a serem tomadas para redução da violência escolar....................... 25

CONCLUSÃO..................................................................................................32

BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................34

ÍNDICE ............................................................................................................36

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INTRODUÇÃO

Nunca se ouviu falar tanto de violência escolar como nestes últimos

anos. Chega ser epidêmico. Alguns casos fogem da esfera educacional, para

virarem casos de polícia alimentado pela mídia que banaliza a violência, ao

invés de focar em boas ações que estão sendo feitas, focam em violência para

dar IBOPE sendo um incentivo e um aprendizado para o crime. Já que são

repletos de “novidades” criminalísticas mostrando diversas faces e

modalidades. Existem canais onde sua grande maioria são dedicados aos

programas conhecidos como “mundo cão” que infelizmente as escolas tem

estampado este tipo de noticiário: alunos que batem em professores,

professores que batem em alunos , alunos com alunos etc. A escola refletindo

as ruas, um mundo doentio que resolve tudo através da violência. Porque na

escola solucionaria com o diálogo? Ficando cada vez mais difícil para o

profissional de educação lidar com este contexto.

Seria utópico pensar numa escola sem violência, porém teremos que

diminuir vertiginosamente, já que são muitos os alunos que estão deixando a

escola e muitos professores que estão deixando o magistério porque está

ficando insuportável o convívio.

A escola tem que ser de acolhimento, um lugar para as pessoas se

sentirem seguras. Pois muitos veem na escola a tábua de salvação, para um

mundo “esquizofrênico” onde há inversões de valores. Antes o professor era

visto, como um amigo mais velho, um pai, uma mãe, que dava conselhos, e

como temos aconselhado ultimamente, quantos problemas nossas crianças

tem se deparado, muitas não preparadas, começam a fazer uso de drogas por

curiosidade, para mostrar que cresceram ou por fuga de uma realidade que só

piorará, porque passarão a ficar mais agressivos devido a abstinência da

drogas legalizadas e as ilegais. Aumentando ainda mais os números de

violência escolar. As escolas precisam de ajuda e por ser algo novo, fica

complicado porque cada caso é um caso, cada escola tem sua particularidade,

pois são pessoas diferentes, realidades diferentes, cada caso é um caso que

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traz suas histórias, seus conflitos, seus medos, suas desilusões, suas

incertezas, porque cada ser humano é único.

Neste trabalho apresentaremos o que vem a ser a violência escolar, o

que contribui para ela e quais as medidas a serem tomadas para redução da

mesma.

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CAPÍTULO I

VIOLÊNCIA ESCOLAR: O QUE VEM A SER?

Violência por si só já é um tema muito amplo, que vai desde um stress

ocasionado por algo até um extermínio.

Neste contexto no dicionário Aurélio a palavra violência significa:

1. Estado daquilo que é violento.

2. Um ato violento.

3. Ato de violentar.

4. Veemência.

5. Irascibilidade

6. Abuso da força.

7. Tirania; opressão.

8. Constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a

fazer um ato qualquer; coação.

Infelizmente, porém é uma triste realidade que a violência ganhou mais

um termo a violência escolar, que outrora eram situações quase banais como:

rabiscar as carteiras, rabiscar as paredes e furar pneus dos professores por ter

tirado notas baixas comparadas atualmente chegam a ser simplórias devido as

formas de agressividade como: bater nos professores, quebrar a escola entre

outros.

Segundo pesquisa da Apeoesp ( 2013) para conceituar o que é violência

escolar , os professores manifestaram opiniões diversas como: Desvalorização

do professor, agressão verbal, ameaças, indisciplina, vandalismo, conflito entre

alunos, falta de educação/respeito, violência no entorno da escola, problemas

familiares, relação ruim entre aluno e professor, políticas públicas,

desinteresse, discriminação, problemas sociais, drogas e álcool, crimes e

delitos, postura da direção entre outros.

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De acordo com Debarbieux (2002) Existem fatores de riscos:

• Fatores psicológicos: Hiperatividade, impulsividade, controle

comportamental deficiente, problema de atenção, nervosismo e

ansiedade, baixa inteligência e desempenho escolar deficiente.

• Fatores familiares: Supervisão parental deficiente, pais

agressivos, conflito entre os pais e ausência paterna.

• Fatores relativos a colegas, condição sócioeconômica e

vizinhança: Ter amigos delinquentes, provir de uma família de

baixa condição socioeconômica, provir de uma família numerosas

e pais jovens, pode ser um prenúncio de violência. Moradores de

áreas urbanas são mais violentos do que os das zonas rurais.

Morar em bairro ruim e pobre é um prenúncio de violência, visto

que não veem perspectiva.

• Fatores circunstanciais: O uso de bebidas alcoólicas pelos jovens

e consumo de drogas.

De acordo com Ruotti (2006) Estaríamos vivendo um período de crise

na educação, a escola já não aparece tão atraente para os alunos que a

consideram desagradável e excludente. Antigamente a escola era vista como

uma opção para se mudar de vida um trampolim para uma vida melhor. Hoje

os jovens vivem a desesperança em relação ao futuro e nesse ambiente que

emerge a violência escolar.

Segundo Silva (2008) violência era simplesmente uma questão de

disciplina depois para delinquência juvenil, mas hoje está muito amplo devido a

globalização e a exclusão social.

Hoje os tempos são outros um simples esbarrão pode causar uma

morte. Muitos são os casos de assassinato em sala de aula, algo que jamais

imaginaríamos décadas atrás. A vida passou a não ter valor algum. De acordo

com Schilling:

Um dos primeiros efeitos ocasionados pela violência , quando esta

deixa de “caber” nos marcos antigos, que nos diziam que esta era

uma anomalia,um efeito de uma situação de anomia social, fruto de

um desvio, de mentes perturbadas. A violência quebra os discursos

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que estavam prontos, arranjados, arrumados instaura um

questionamento profundo daquilo que era considerado como nossa

normalidade. (SCHILLING,2004,p.31)

A violência escolar que outrora passava desapercebida em sala de

aula como “coisa de criança” ou “coisa de adolescente” os tempos mudaram

trazendo o reflexo da sociedade para sala de aula.Torna-se impossível falar de

violência escolar sem falar da sociedade e família já que podem contribuir de

maneira positiva ou negativa.

“A expressão violência escolar engloba uma multiplicidade de práticas

heterogêneas que se apresentam juntas, entrelaçadas. É, portanto, uma

constelação” ( Elias, 2011, p.11) Está constelação envolve a escola, os pais, a

mídia e a sociedade estão sempre interligados não adiantando só a escola

fazer a sua parte é maior que a escola,mas através dela poderemos alcançar

uma diminuição. Ruotti (2006) A violência escolar é um problema atual que

está afetando a escola. A complexidade do problema também exigirá

mudanças amplas já que a extinção da mesma seria quase impossível seria

muito “Poliana” de nossa parte acharmos que acabaremos com algo tão

complexo que envolve toda uma “politicagem” para a promoção do caos. Cria-

se o caos para vender segurança. E a escola está imersa neste contexto.

Segundo Abramovay (2002) a escola deveria ser um local de acolhimento e

não uma reprodução da violência. Mas infelizmente esta não é uma realidade

brasileira. Da mesma forma define Schilling (2004) que escola é vítima em

alguns casos em outros é algoz.

1.1Tipos de violência

Segundo Elias (2011) existem tipos de violência que a escola deve

prevenir:

1- Aquela que deixa marcas e feridas nos alunos e professores

(violência exógena à escola) – São os homicídios e suicídios, os

problemas sociais e econômicos que afetam a todos, entre outros

problemas.

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2- O que acontece na escola – Massacres e chacinas embora que nos

Estados Unidos e Europa são muito comuns. O comércio e tráfico de

drogas que nesta década tem tomado conta das escolas

principalmente as públicas em áreas carentes, entre outros casos.

3- A dirigida à escola – As depredações, pichações, violência dos

alunos para com o corpo docente e funcionários, entre outras formas

de se “vingar” do sistema educacional.

4- A da escola –Violência de professores e funcionários contra alunos,

autoritarismo, não cumprir seu papel na formação do aluno, isto

também é uma forma de violência como não atingir o nível e a

qualidade do ensino previsto, entre outros.

5- As violências que perpassam ( ou podem perpassar) todas as outras-

São as violências de ordem sexual: Sexismo, machismo, homofobia e

os preconceitos e descriminações em sua totalidade.

A violência na escola pode ser: física, simbólica, micro e macro.

A violência pode ser, tanto física (quando ações ou comportamentos

põem em risco a integridade física do indivíduo, por exemplo , socos,

chute, uso de armas etc.) como simbólica (quando as ações e

comportamentos trazem riscos à integridade psíquica e emocional do

indivíduo, por exemplo, ironia, intimidação, humilhação);

A violência pode ser tanto “macro” (quando suas consequências

atingem um grande número de pessoas, por exemplo, crime

organizado, a fome, a corrupção, a exclusão etc.) como pode ser

“micro” (quando suas consequências são sentidas nas relações

cotidianas, pessoais, nos indivíduos, por exemplo, agressão verbal,

agressão física, “pressão da turma” etc.). (SILVA 2008,p.8)

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A violência pode ter causas externas e causas internas.

Segundo (RUOTTI ,2006, p.28)

Entre as causas externas temos: ideais de gênero, sexismo; relações

raciais, racismo e xenofobia, migração e conflitos regionais; estrutura

familiar dos alunos; influências da mídia; características do ambiente

onde a escola está inserida. Quanto às causas internas ( aquelas que

se originam no interior da escola ) essas incluiriam : idade e nível de

escolaridade dos alunos; regras, disciplina e o sistema de punições

das escolas; a indiferença dos professores frente a todos os casos de

violência, a má qualidade de ensino, carência de recursos humanos e

a relação de autoridade entre professores e alunos.

Então são muitas as dificuldades encontradas por profissionais de

educação que embora não sendo algo novo a violência escolar é cheia de viés.

1.2 Bullying

Entre os tipos de violência este é um dos piores e age de forma violenta

e às vezes silenciosamente, tornando insuportável a vítima continuar na

escola, já que este é um das causas maiores da evasão escolar.

Não se encontra uma tradução para o termo bullying na língua

portuguesa.

De acordo com Ruotti (2006) Bullying é um tipo de violência física ou

psicológica às vezes ambas, caracterizada pela repetição de atos no qual o

agressor utiliza do poder para desequilibrar a vítima.

Dessa forma (idem) no contexto escolar bullying são xingamentos,

apelidos, fofocas, empurrões e chutes que acontecem seguidamente contra

uma pessoa.

Segundo Elias (2011) as características do bullying são:

• Intenção de prejudicar a pessoa.

• Repetir ou reiterar o comportamento.

• Domínio por parte do agressor e submissão da vítima

• Presunção de impunidade por parte do agressor.

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• Impotência da vítima para se defender ou comunicar a outros sua

situação.

• Os agressores sempre dizem que são brincadeiras , mas na verdade

não são.

Além disso, existem dois tipos de bullying. Segundo Ruotti (2006) O

bullying direto e o bullying indireto. O primeiro é mais fácil de ser percebido

pelo professor porque são agressões na frente de todos de forma direta podem

ser físicas: socos, empurrões, chutes entre outros ou verbais: colocar apelidos,

ameaçar, insultar, espalhar boatos e fofocas. O bullying indireto é um tipo de

agressão mais sutil e mais difícil de ser percebido, são alunos que fazem

caretas e gestos obscenos para suas vítimas, sem que o professor ou alguns

alunos o vejam. É uma forma cruel, visto que a vítima fica desamparada e

muitas das vezes sem ter como agir. Os agressores manipulam os amigos

para isolar e excluir as vítimas das atividades de grupo.

De acordo com Debarbieux (2002) existem fatores de riscos individuais

de vir a sofrer bullying são as crianças com deficiência ou que apresentam

algum tipo de necessidade educacionais especiais é um fator de risco a se

tornar vítima de bullying 3 vezes mais do que outras crianças. Os alunos que

possuem poucos amigos em que se possa confiar e que não seja de condição

social inferior, e a rejeição sociométrica (o que não conta com a simpatia dos

colegas), este provavelmente sofrerá bullying, e ficará difícil de ajudá- ló por

que não está inserido em grupo algum.

Segundo (Olweus,1993 apud Schilling, 2006), tanto vítimas como

agressores possuem características que podem ser percebidas tanto na

escola quanto em casa.

Nas vítimas, os sinais primários são:

• As vítimas são repetidamente importunadas de forma vexatória;

• São chamadas por apelidos depreciativos;

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• São ridicularizadas e ameaçadas;

• São motivo de piadas de mal gosto.

• São humilhadas, agredidas, tem seus pertences roubados. Estão

sempre machucados com arranhões, cortes, roupas rasgadas, na qual

não dão explicação.

Os sinais secundários são: Crianças e jovens que são excluídas dos

grupos, são os últimos a serem escolhidos nas atividades esportivas, fora da

aula estão sempre com adultos e quase ou nenhum amigo, ficam depressivos

e não tem um bom desempenho escolar, perdem o apetite, tem dores de

cabeça, apresentam sono agitado, perda de interesse pelos estudos, parecem

estar sempre tristes e com alteração de humor.

Os agressores, também tem características que podem identificá-los,

estão sempre importunando os outros alunos de maneira desagradável, com

insultos, brigando, ridicularizando os outros e estragando os pertences de seus

colegas. Seus alvos principais são alunos mais fracos. Ainda se utiliza de

outros colegas para se “esconder” da sua covardia. Maioria dos agressores

são fisicamente mais forte do que seus colegas e são bons em atividades

físicas. Ficam irritados facilmente, querem dominar a todos, são intolerantes e

rebeldes. São desafiadores e egocêntricos. São considerados os valentões,

estão sempre cercados de pequenos ou grandes grupos, para trazer

problemas. De acordo com a pesquisa feita pelo (Defensor do Povo, 2007

apud Elias, 2012) são 13 categorias de fenômenos violentos, agrupados em

cinco tipos de agressão, todas sobre bulling:

• Exclusão social: Ignorar e não deixar participar.

• Agressão verbal: Insultar, colocar apelidos ofensivos e falar mal de outro

pelas costas

• Agressão física indireta: Esconder coisas da vítima, quebrar coisas da

vítima e roubar coisas da vítima.

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Ameaças: Bater, ameaçar somente para causar medo, obrigar a fazer

coisas ameaçando (chantagem) e ameaçar com armas (faca, pau entre

outros)

• Acosso sexual: Acossar sexualmente com atos ou comentários.

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CAPÍTULO II

O QUE CONTRIBUI PARA VIOLÊNCIA ESCOLAR

São muitos os fatores que contribuiu para violência escolar é uma rede

muito complexa, não tem com dizer esta escola é violenta por causa disto e a

outra escola é violenta por causa daquilo. São pessoas diferentes, locais

diferentes, realidades diferentes e problemas diferentes entre outros.

“ Há violências diversas implicando atores (sujeitos) diversos e

acontecendo sob formas diferentes ( violência física,

psicológica,emocional, simbólica). A exigir respostas diferentes. De

diferentes dimensões – macro e micro, que se relacionam entre si de

maneiras peculiares. Em todos os casos há agressores específicos e

há vítimas”.( SCHILLING,2004,pg.35)

Segundo a pesquisa da Apeoesp (2013) muitas coisas contribui para

violência escolar como: pobreza, desemprego, ausência da participação da

comunidade, falta de funcionários, falta de estrutura administrativa e

segurança, falta de policiamento, drogas e álcool, educação em casa e conflito

entre alunos.

2.1 Ausência da verdadeira escola

A escola é um lugar de acolhimento.Quando esta deixa de ser e passa

a ser mais um lugar para violência , fica insuportável o convívio por parte de

todos.

Segundo Ruotti (2006) não faz sentido os alunos frequentarem um lugar

que é desagradável e excludente. Antes a escola era visto como um lugar a ser

frequentado para mudar de vida, porém o jovem perdeu esta esperança em

relação ao futuro e todo tipo de violência é refletido na escola.

Hoje o que vemos nas escolas é o culto ao individualismo. É uma

disputa de egos, ao invés de se trabalhar a coletividade, o humanismo e a

união.

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(SCHILLING 2004,pg.61) “A escola é vista como instituição que

reproduz as desigualdades sociais”.

A escola continua com o mesmo mecanismo, se encontra obsoleta, sem

nenhuma perspectiva de mudança.

Educá-los, mas não demasiadamente, o bastante para que

aprendessem a respeitar a ordem social, mas não tanto que

pudessem questioná-la. O suficiente para que conhecessem a

justificação de seu lugar nesta vida, mas não ao ponto de

despertar neles expectativas que lhes fizessem desejar o que

não estavam chamados a desfrutar.(SCHILLING apud ENGUITA,

2004,pg.62,63

2.2 A vizinhança da escola

Escolas deveriam ser planejadas a ficar um pouco longe dos centros

urbanos para evitar problemas com trânsito, barulho e lugares impróprios no

entorno das escolas, mas como é impossível este contexto, temos que lidar

com alguns problemas.

Segundo Ruotti ( 2006 ) O grande número de bares perto das escolas, o

descaso das autoridades públicas que deveriam coibir o funcionamento

desses locais, tem permitido o acesso dos jovens as bebidas alcoólicas, o que

é um fator agravante de situação de violência.

A presença dos bares em frente as escolas se torna um problema ainda

maior, já que muitos são pontos de tráfico de drogas. Além de vender drogas

legalizadas como o álcool e o cigarro, sempre tem alguém traficando drogas

ilegais como maconha e cocaína nestas proximidades. Jovens alcoolizados e

drogados tem sido uma constante em algumas escolas aumentando ainda

mais o problema da violência já que se encontram alterados, qualquer motivo

é motivo para o “estopim”, ocasionando agressões verbais e às vezes físicas.

É proibido bar perto de escolas, mas nosso Brasil no quesito de cobrar

respostas é muito lento, fazendo com isso que a impunidade faça aumentar a

cada dia mais e mais a violência escolar.

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2.3 Ausência dos pais

Nos últimos anos, houve uma mudança muito grande no que diz

respeito as questões familiares. Antigamente o pai trabalhava e a criança era

educada pela mãe e a escola ensinava o aluno para ser inserido no mercado

de trabalho. Com o passar do tempo as famílias mudaram. Hoje o que mais

temos são pais separados, família constituída de filhos de outros casamentos a

qual a criança terá que se adaptar ao novo lar. A mãe que cuidava da criança

para educá-la, hoje está no mercado de trabalho e em muitos casos é a chefe

de família, que tem traz o sustento para sua casa. E os filhos? Estes são

criados sozinhos ou por terceiros que não se preocupam em educá-lo. O

filósofo e professor Cortela, em uma de suas entrevista aos professores disse:

“ Professor não é para educar e sim escolarizar”. O que tem acontecido hoje

em dia são pais querendo passar a responsabilidade de educar seus filhos

para a escola. São pais sem tempo, porque os tempos mudaram. São pais que

suprem financeiramente e não tem suprido com a educação, deixando e

cobrando da escola tal atitude.

Segundo Ruotti (2006) Nos casos de indisciplina escolar os pais nem

compareciam e alguns diziam que não sabia o que fazer para ajudar; ou ainda

se voltava contra a escola para defender seus filhos.

Neste novo contexto a família tem uma grande parcela de culpa, já que

com o descaso em cuidar dos seus somente contribui ainda mais para

aumentar a violência escolar.

2.4 Alunos x alunos

Escola sempre foi um local de acolhimento das diferenças: as diferentes

religiões, gostos musicais, estilos de se vestir, entre outros. A verdade é que

sempre houve briga em escola, porém não como hoje que tudo se resume as

brigas.como diz Silva (2010) As brigas são algo comum, mas com a

banalização da violência as brigas são a solução, e eles “brincam de brigar” e a

“brincadeira acaba em pancadaria”. Sendo que ultimamente qualquer motivo é

motivo para violência , uma banalização da mesma, seja por que não gosto da

sua religião, não gosto da música que você ouve, não gosto do seu jeito de se

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vestir, não gosto da sua opção sexual,entre outros. Qualquer motivo é um

motivo desencadeador para as brigas. Não se usa o diálogo, não se quer o

diálogo, tudo é resolvido nas brigas.

Segundo Ruotti (2006) A ocorrência das brigas são as agressões físicas

ou verbais, as fofocas, as gozações, as provocações, os xingamentos, os

ciúmes dos namorados ou materiais que os alunos escondem ou roubam.

2.5 Alunos x professores e professores x alunos

Acabou-se o respeito aos mestres, muitos alunos se quer sabem o

significado da palavra respeito na teoria, na prática muito menos. Se não

respeitam os pais em casa, irão respeitar os professores? Claro que não!

O que está acontecendo ultimamente é que pais acham que os professores

tem que transformar seus filhos mal educados, mimados e irresponsáveis em

alunos educados, altruístas e responsáveis da noite para o dia. Uma tarefa dos

pais na qual a escola seria co-participante não uma responsável por esse ato.

O que tem acontecido é que os pais no mercado de trabalho, crianças sendo

criada por terceiros ou às vezes sozinha. Não conhecem a palavra limite e nem

a palavra não. Criou-se crianças mal educadas e mimadas que ainda são

supridas pelos pais não com afetos mas com presentes, achando que

presentes valem mais do que o bom e velho diálogo.Quando são crianças

fazem pirraças e quando adolescentes fazem rebeldia.Sobrando assim para o

professor que não cederá seus mimos e o tratará de igual para igual não como

o “reizinho” ou “rainhazinha” que estão acostumados a ditar ordens a seus pais

como se fossem seus súditos.O professor não cedendo, pronto, o conflito está

feito.

Quanto mais confiamos na repressão, mais descuidamos da

educação. Os melhores antídotos para a violência na escola são uma

boa relação educador-educando, baseada em vínculos afetivos,

diálogo, respeito mútuo e princípios de justiça, e um ambiente escolar

de participação, valorização, alegria e flexibilidade. Isso demora e da

mais trabalho do que chamar a polícia, mas é exatamente essa a

missão da escola.(MILANY apud ABROMOVAY,2002 pg.59)

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Muitos professores estão doentes, desequilibrados psicologicamente e

alguns não poderiam nem lecionar. As pessoas pensam que professores são

super heróis. Professores tem problemas como qualquer ser humano, além do

mais, seus problemas são maximizados pela escola que não os valorizam,

pelos alunos que não os respeitam e pelo alto nível de stress que a profissão

exige, o transformando numa pessoa que pode explodir a qualquer momento,

muito mais nos dias de hoje.

As brigas ocasionadas são às vezes tão banais que dariam para ser

relevadas, porém a somatização de diversos episódios acabam a

transformando em algo tão grande que fica difícil de acreditar que o estopim da

agressão às vezes é por motivo simples, porém saturado o convívio está feito o

conflito.

2.6 A mídia e a violência

A Mídia tem um poder de destruição tão grande que acabaram com a

vida das pessoas envolvidas na Escola Base que ficou conhecido como o

maior erro de imprensa. Não apuraram o caso e já foi logo expondo a escola e

seus funcionários que foram acusados de crimes sexuais, que depois foram

absolvidos por não ter provas, porém já era tarde, pois a mídia já tinha dado

uma ênfase absurda para algo que não passou de uma grande mentira.

Muito tem sido a culpa da mídia na questão da violência. Ao invés de

focar em boas ações que estão sendo feitas, focam em violência. Sendo uma

“escola do crime” mostrando diversas faces. Existem canais que maioria de

sua grade é composta por programas conhecidos como “mundo cão” que

infelizmente dão ibope, sendo uma máquina de adoentar psicologicamente,

onde somos bombardeados diariamente com notícias ruins. Com essa visão

dada pela mídia da violência como algo banal que acontece todo dia a toda

hora, na escola não tem sido diferente, já o que reflete na rua, sempre reflete

na escola. Com um mundo doente que soluciona tudo através da violência, por

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que na escola solucionaria com o diálogo? Ficando cada vez mais difícil para

os profissionais de educação lidar com este contexto.

Segundo Abramovay( 2002) De julho de 2001 a fevereiro de 2003 foram

222 notícias sobre violência escolar, sendo que estes casos são de extrema

violência, fora os que não são notificados pela mídia o que são resolvidos na

própria escola com a ajuda do diretor, do coordenador, do professor e dos pais

dos alunos.

2.7 Ausência do Estado

Não é novidade para ninguém que o Estado como um todo nunca ligou

para educação, na verdade não querem cabeças pensantes querem é massa

de manobra, pois assim com seus assistencialismos baratos, conseguem votos

para fazer de um cargo político uma “profissão” vantajosa.

As pessoas se sentem órfãos do Estado, que para muitos é o “Salvador

da pátria” a tábua de salvação”, confiam suas vidas esperando mudanças

políticas, e se esquecem que também somos culpados, porque nós os

elegemos, nos acomodamos e não cobramos. Com um Estado ausente o mal

está presente. Falta segurança nas ruas para nos proteger, imagina nas

escolas? Um Estado falho, falido para a população e nababesco para seus

governantes. De acordo com Schilling (2004) no Brasil convivemos com a

fome, a falta de moradia, o desemprego, a falta de serviços públicos de saúde

e de lazer, e uma grande desigualdade social e uma renda mal dividida que vai

repercutir para dentro da escola. O Estado é um pai ausente, cabendo a nós

requerermos nossos direitos. Se há violência tem que haver políticas públicas

para segurança pois é direito de todos. Na Constituição no artigo 5º e 144

dispõe que o direito a segurança pública é dever do Estado, direito e

responsabilidade de todos e também na Declaração Universal dos Direitos

Humanos no artigo 3 dispõe que toda pessoa tem direito à vida, a liberdade e

segurança pessoal. Segundo Elias (2011) violência é desrespeitar os direitos

humanos. O respeito aos direitos humanos permite uma educação para paz e

a convivência como algo para estar presente no dia a dia de cada cidadão,

fazendo um mundo bem melhor.

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CAPÍTULO III

MEDIDAS A SER TOMADA PARA REDUÇÃO

DA VIOLÊNCIA ESCOLAR

Temos que tomar medidas para reduzir a violência escolar para que no

futuro professores e crianças possam encontrar uma sala de aula de

acolhimento e não uma sala de aula de exclusão. Será necessário modificar

muitas coisas, mas para isso a escola precisará estar de “mãos dadas” com a

família, a comunidade e ser apoiada por seus governantes.

3.1 O papel da escola

A escola tem feito algumas mudanças para “amenizar” a violência,

porque dizer acabar seria quase impossível, pois é mais complexo do que

imaginamos, já que existem muitos viéis.

Segundo( SCHILLING,2004 pg.57) “É necessário desemparedar a

escola, perder o medo do outro”.

Já na visão de Elias (2011) Uma escola murada e com grades por todos

os lados, não é uma escola , é um presídio.

Para acabar com esse “emparedamento” ações são sempre bem

vindas.

Segundo Ruotti (2006) para amenizar a violência são necessárias ações

com desenvolvimentos lúdicos, artísticos e esportivos. Tornar o grêmio

estudantil mais atuante, alterar nos currículos dos professores o estudo da

violência, consumo de drogas, gestação e maternidade precoces, fracasso

escolar. Preparar os professores para promoção de reflexão de valores, ética e

respeito.

De acordo com Abramovay(2002) A escola pode ser um local

privilegiado para combater a violência porque pode irradiar para a comunidade

e a sociedade, já que é um lugar de encontro de diversidade cultural, tem

contato com a comunidade e a família e a importância de valores e

transmissão de conhecimento.

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Segundo Derbarbieux (2002) tem que haver uma política de formação

de professores para evitar a violência e lidar com ela nas escolas. Para se ter

êxito os professores tem que trabalhar em suas escolas algumas medidas tais

como:

1. Saber e entender como os comportamentos agressivos se desenvolvem

nos jovens;

2. Acreditar que a educação, mais especificamente a escola são capazes

de contribuir para evitar que a violência se desenvolva e tenha

continuidade;

3. Intervir de forma ativa com relação à violência.

4. Intervir individualmente porque cada caso é um caso, uma

intervenção sob medida.

5. Valorizar a formação continuada, sabendo que a experiência não é o

bastante para evitar ou lidar com a violência.

6. Integrar em suas práticas os novos conhecimentos surgidos das

pesquisas. Integrar em suas atividades juntamente com as práticas

corroboradas por esses estudos.

7. Desenvolver parceria com os pais, para que os mesmos sejam um

aliado na intervenção subsequente.

8. Reconhecer a importância do trabalho de equipe, porque unidos somos

mais fortes, uma verdadeira empreitada comunitária.

Segundo Elias (2011) os professores tem um papel fundamental

para que os projetos de prevenção da violência escolar deem certo,

porém a formação deve ser permanente, assim como as ações para a

diminuição do stress e do esgotamento que afetam o professorado, pois

é necessário que os professores estejam bem para que a escola esteja

bem. É de suma importância a contribuição da escola ao cidadão que se

pretende formar, evitando ao máximo, que a violência escolar atrapalhe

esta digna função.

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3.2 O papel da família

É de suma importância o papel da família no ambiente escolar, pois

através dela temos nosso referencial de quem somos hoje, nossos gostos

musicais, nossas crenças e nossos valores. Segundo Elias (2011) os valores

são crenças básicas, no qual nós como seres humanos damos sentido a vida

pessoal ou em sociedade. Os principais valores são:

• Dignidade;

• liberdade;

• igualdade;

• respeito;

• justiça;

• democracia;

• paz;

• tolerância;

• diálogo;

• solidariedade;

• direitos humanos (civis e políticos; econômicos, sociais e culturais;

coletivos e difusos).

Estes valores devem ser passados primeiro pela família, para depois pela

escola, o que estamos vendo nas escolas são crianças e jovens que estão

chegando na escola sem nenhuma noção de valores seja ele qual for, uma

pedra a ser lapidada no qual a família não quer ter trabalho algum. Então

se grande parte do que somos vem da família, nada mais justo do que a

família ser participante e atuante na questão de reduzir a violência escolar,

a família pode ser um forte aliado da escola. De acordo com a pesquisa

Apeoesp (2013) os professores consideram que os pais devem ser os

principais colaboradores para reduzir a violência nas escolas. Em segundo

lugar, seriam os próprios professores. Tem que haver uma divisão de

papéis, porque cada um tem sua função, sua participação no que diz

respeito a contribuição para uma escola menos violenta. Para Abramovay

(2002) É necessário o fortalecimento do vínculo da escola, da família,

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e também da comunidade, senão torna-se mais difícil devido aos fatores

externos que também influenciam na escola. A escola é viva, pulsa e

respira não está numa redoma de vidro que não possa receber influências

de fora negativas e positivas, ultimamente mais negativas do que positivas

e cabe a família rever seus conceitos e querer colaborar com a escola para

ajudar a reduzir a violência escolar.

3.3 O papel da comunidade

A escola não chegará a nenhum lugar sozinha, sem a ajuda da

comunidade, no que se refere as medidas a ser tomadas para redução

da violência, porque segundo ( SCHILLING, pg.76) “ Há canais constantes de

comunicação entre o “dentro” e o “fora”, por mais que a escola se feche”.

É necessário um trabalho em conjunto para chegar a um bem comum,

tem que haver uma sintonia entre a escola e a comunidade, pois assim todos

ganharão corpo docente, corpo discente, os pais e a comunidade.

Uma escola sem barreiras como diz Elias (2011) a biblioteca, o

laboratório de informática e as instalações esportivas tem que ser acessível. A

abertura tem que se estender aos finais de semana. Assim, por estar aberto

fortalece a idéia de ser algo da comunidade, algo que eles também tem que

cuidar e zelar.

Para Ruotti (2006) quando a escola permite o uso de sua estrutura pela

comunidade, não só mostra sensibilidade às necessidades da comunidade,

como também a possibilidade de diálogo com aqueles que estão em seu

entorno, porque se temos algo que podemos usar, claro que vamos cuidar e

não deixar que outras pessoas o destruam, pois assim não poderemos mais

usufruir de tal benefício.

Segundo Elias (2011) faltam projetos de prevenção da violência que a

comunidade possa ser englobada como as expressões artísticas: a dança, o

teatro e a música. Uma outra linguagem conhecida por todos que é capaz

também de mobilizar e integrar é o esporte, no qual o brasileiro é apaixonado.

As festas, as exposições, os saraus com a poesia que tem um poder

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transformador na vida das pessoas que é capaz de sensibilizar, fazendo de um

ser humano agressivo possa rever seus conceitos e se tornar um ser humano

sensível e sociável. A escola como um espaço de produção cultural aberto a

comunidade para que a mesma possa se sentir incluída e desta forma

colaborar para que a mesma não tenha episódios de violência ao ponto de

acabar com esta troca.

3.4 O papel dos governantes

De acordo com Debarbieux (2002) Os maiores problemas

governamentais são com cortes orçamentários recentes ou eminentes, os

problemas com pessoal (alta rotatividade, recrutamento, saúde física,

qualidade, motivação) e espaço físico insuficiente. Fora estes problemas tem

um em maior proporção e que afeta não só a escola, mas a nação inteira que

são o tráfico de drogas. O que tem acontecido ultimamente é que algumas

escolas o tráfico de drogas está presente de uma maneira bastante audaciosa,

com ausência do Estado para impor segurança na escola, é comum alunos

traficando drogas dentro da mesma. Isto tem sido um problema muito grande,

e a escola precisa de ajuda dos governantes.

Segundo Ruotti(2006) O problema do tráfico de drogas dentro da escola

é de responsabilidade da polícia e do sistema de justiça e não da escola, pois

para cada tipo de problema recorre-se a uma instância específica. Da mesma

forma os casos de insultos e incivilidades devem ser resolvidos por profisionais

capacitados dentro da própria escola.

O que tem acontecido em algumas escolas que qualquer problema é

chamado a polícia, o conselho tutelar, os pais querendo processar a escola

uma babel de problemas onde ninguém sabe ao certo onde começa e termina

suas instâncias. É um jogo de empurra-empurra , porém às vezes os

problemas com tráfico de drogas é bastante complicado para a escola, muito

mais por está inserido dentro daquela comunidade, onde traficantes podem

fazer retaliações, porque está impedindo seu “trabalho”. Cabendo a escola a lei

do silêncio.

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De acordo com Elias (2011) as ações que podem ser tomadas pelos

governantes além da segurança, são:

• Cuidar, zelar e manter os prédios escolares, os equipamentos e

os recursos.

• Manter e dar continuidade a projetos e orientações de política

educacional.

• Valorizar a profissão do professor, inclusive as questões salariais

que são muito baixas.

• Garantir estrutura, recursos, assessoria e formação para os

projetos preventivos elaborados nas escolas.

Segundo Elias (2011) além dos governantes, professores, conselheiros

tutelares e policiais é necessária a criação de uma grande rede de ajuda

mútua, onde cada parceiro pode atuar no âmbito da sua competência e

também cooperar com ações conjuntas. Podendo se integrar a este rede de

ajuda a escola: As famílias; Representantes da comunidade; Movimentos

populares do bairro; Promotores de políticas públicas ( saúde, educação,

assistência social, geração de trabalho e renda, juventude entre outros), nas

três esferas esferas de governo (municipal, estadual e federal); Vara da

Infância e da Juventude; Representante das polícias ( Guarda Municipal,

Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros); Ordem dos Advogados do

Brasil (OAB); Organizações não governamentais.

Toda essa rede para tecer um futuro melhor para todos, em prol da redução da

violência escolar, parece muito, mas é pouco. Pois grande parte não faz a sua

parte e sobra sempre para a escola resolver conflitos sem ser amparada se

quer por alguns conselhos ou representações, às vezes por má vontade e

preguiça ou devido a burocracia que cerca tudo no que diz respeito ao

governo, muitas vezes por problemas políticos que fazem o caos para vender o

paraíso numa próxima eleição, no que dizem quer melhorar a educação, vota

no partido tal. Ficando inviável e insustentável só a escola resolver o problema

da violência escolar já que é um problema de todos e afeta a todos, não

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somente a escola. É necessário que essa rede funcione para o bem estar de

todos, porque assim a escola não se sentirá desamparada, muito pelo

contrário se sentirá mais forte a tomar decisões, sabendo que pode contar com

diversas pessoas para ajudar.

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Conclusão

Como algo epidêmico, deveríamos responder com uma cura. Sendo que

se tratando de violência escolar fica difícil avistar uma luz no fim do túnel, haja

visto que pouco são os pais engajados em ajudar os professores nesta longa

missão, às vezes é como se estivéssemos nadando contra maré ou clamando

no deserto. Nós profissionais de educação, se sentimos sozinhos,

abandonados e impotentes, mas temos que unir forças para lidar com o

problema da violência escolar que é muito complexo não depende somente da

escola, não depende somente dos pais, não depende somente dos

governantes e não depende somente da sociedade, depende de uma “mistura”

com todos e de todos, é um problema a ser dividido no qual todos tem sua

parcela de responsabilidade que não pode ser transferido para o outro.

O mundo mudou de forma muito rápida, hoje há uma grande inversão

de valores, um culto desenfreado aos bens materiais. Nesta sociedade não

importa se você é uma pessoa educada, boa, simpática e amiga, o que importa

é o que você tem. Mais vale um ogro no volante de um carro importado do que

um educado num “busão”, com esta mentalidade de pessoas querendo

dinheiro a todo custo, custe o que custar. Com a mídia oferecendo 24 horas

produtos para você se tornar mais “aceito” fica difícil combater a violência

escolar, já que pessoas se encontram frustradas por não ter algo que

gostariam a curto prazo, já que a geração de hoje é adepta também ao culto

ao imediatismo “eu quero já”, fazendo que a escola não seja um local

interessante, porque educação é a longo prazo, precisa se empenhar, estudar

e pesquisar, tudo que hoje a maioria das pessoas não querem.

Seria muito Poliana de nossa parte achar que a violência escolar pode

acabar de uma hora para outra é necessário um longo e árduo trabalho, porém

temos que compartilhar experiências, acreditar que podemos somar para

reduzir esta violência escolar, pois só assim unidos, sintonizados, conectados,

poderemos ter uma escola mais acolhedora que não exclui, uma escola onde o

professor possa ter prazer em lecionar e o aluno prazer em aprender. Como

sonhar não é proibido, sonhemos com alunos que se interessem menos nas

lições de poder e dinheiro a qualquer custo do Príncipe de Maquiavel a alunos

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que se interessem mais nas lições de amor e de cativar a amizade do Pequeno

Príncipe de Saint- Exupéry.

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Bibliografia

ABRAMOVAY, Miriam; Rua, Maria das Graças.Violência nas escolas.

Brasília: Unesco/Instituto Ayrton Senna/Unaids/Banco Mundial, 2002.

APEOESP ( Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São

Paulo) e INSTITUTO DATA POPULAR. Violência nas escolas: o olhar dos

professores.São Paulo: Apeoesp, 2013.

BRASIL.Constituição (1988). Constituição da República Federativa do

Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

DEBARBIEUX, Eric & BLAYA.C. Violência nas escolas e políticas públicas.

Brasília, Unesco, 2002.

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, ONU,1948.

ELIAS, Maria Auxiliadora. Violência escolar: caminhos para compreender e

enfrentar o problema. São Paulo: Ática Educadores, 2011.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da

Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Positivo, 2010.

RUOTTI, Caren; ALVES, Renato; CUBAS,Viviane de Oliveira. Violência na

escola: um guia para pais e professores. São Paulo: Andhep/ Imprensa

Oficial do Estado de São Paulo, 2006.

SCHILLING, Flávia. A sociedade da insegurança e a violência na escola.

São Paulo: Moderna, 2004.

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SILVA, Fábia Geisa Amaral. Apresentando e analisando as causas da

violência escolar. São Paulo: Editora Edgar Blucher, 2008.

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Índice

FOLHA DE ROSTO.........................................................................................02

AGRADECIMENTOS.......................................................................................03

DEDICATÓRIA................................................................................................04

EPÍGRAFE.......................................................................................................05

RESUMO.........................................................................................................06

METODOLOGIA..............................................................................................07

SUMÁRIO........................................................................................................08

INTRODUÇÃO.................................................................................................09

CAPÍTULO I

Violência escolar : O que vem a ser?..............................................................11

1.1 Tipos violência...........................................................................................13

1.2 Bullying .....................................................................................................15

CAPÍTULO II

O que contribui para violência escolar?...........................................................19

2.1 Ausência da verdadeira escola..................................................................19

2.2 A vizinhança da escola...............................................................................20

2.3 A ausência dos pais...................................................................................21

2.4 Alunos x alunos..........................................................................................21

2.5 Alunos x professores e professores x alunos.............................................22

2.6 A mídia e a violência..................................................................................23

2.7 A ausência do Estado................................................................................24

CAPÍTULO III

Medidas a serem tomadas para redução da violência escolar........................25

3.1 O papel da escola......................................................................................25

3.2 O papel da família......................................................................................27

3.3 O papel da comunidade.............................................................................28

3.4 O papel dos governantes...........................................................................29

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CONCLUSÃO.................................................................................................32

BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................34

ÍNDICE ...........................................................................................................36

FOLHA DE AVALIAÇÃO.................................................................................38

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Folha de avaliação

NOME DA INSTITUIÇÃO: Universidade Cândido Mendes

TÍTULO DA MONOGRAFIA: Violência escolar: O reflexo da família e da

sociedade

AUTOR: Paulo Cézar Lima Bastos

MATRÍCULA: K231039

DATA DA ENTREGA: 08/08/2015

AVALIADO POR: ........................................................... CONCEITO..................