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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A RELAÇÃO DO CÉREBRO EMOCIONAL COM A APRENDIZAGEM Por: Rachel dos Reis Villela Orientadora Prof.ªMarta Relvas Pires Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A RELAÇÃO DO CÉREBRO EMOCIONAL COM A

APRENDIZAGEM

Por: Rachel dos Reis Villela

Orientadora

Prof.ªMarta Relvas Pires

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A RELAÇÃO DO CÉREBRO EMOCIONAL COM A

APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Neurociência Pedagógica

Por: Rachel dos Reis Villela

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AGRADECIMENTOS

A Deus, minha família, meu marido,

minha amiga Janaina, colegas de curso

e professores.

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DEDICATÓRIA

...dedico a minha avó (in memoriam),

minha mãe, meus irmãos, meu sobrinho e

meu marido. Que de alguma forma me

ajudaram nessa conquista.

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RESUMO

O presente estudo surge com o intuito de apresentar a relação do

cérebro emocional (Sistema Límbico) com o processo de ensino-aprendizagem

hoje esclarecido pela Neurociência. Através de referências como Damásio, Le

Doux, entre outros, orienta questões que surgem no cotidiano escolar. Para

contribuir com a pesquisa professoras de Educação Infantil dão sua

contribuição. Após a leitura e análise conclui-se que é preciso que o professor

se aproprie desse conhecimento e reveja sua prática, e sua atuação como

educador. Tendo a afetividade como um fio condutor para alcançar e

desenvolver as potencialidades do seu aluno.

Palavras-chave: cérebro, emoção, aprendizagem e afetividade.

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METODOLOGIA

Para este trabalho foi feita uma pesquisa e uma revisão bibliográfica,

onde também foram utilizados alguns livros indicados pelos professores do

curso de Neurociência Pedagógica. Autores pertinentes ao tema cérebro,

sistema límbico, aprendizagem, relação professor/aluno e dificuldades de

aprendizagem. Após uma triagem de alguns livros e fazer anotações, além da

literatura referenciada na bibliografia como Le Doux, Lent, Damásio, Saltini,

Relvas entre outros, alguns sites foram visitados: www.cogweb.com,

www.portalcienciaevida.com.br,www.novaescola.com.br, www.psiqweb.med.br,

onde encontrei artigos interessantes e esclarecedores.

Um questionário com cinco questões foi feito com os professores para

ajudar na pesquisa com relação ao tema relação emocional professor/aluno e

conhecimento sobre a Neurociência Pedagógica onde foi feita uma análise.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Desvendando o cérebro emocional 10

CAPÍTULO II - Emoção, sentimento e memória 19

CAPÍTULO III – Memória, aprendizagem e emoção 31

CONCLUSÃO 40

ANEXO 42 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

BIBLIOGRAFIA CITADA 46

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

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INTRODUÇÃO

A presente monografia tem como Título “A relação do cérebro emocional

com a aprendizagem”. Enfatizando a questão central – Por que a Neurociência

Pedagógica ajuda a explicar a importância da relação emocional para uma

melhor aprendizagem?

Este tema foi escolhido por ter grande relevância para os dias atuais,

tendo a Neurociência Pedagógica como forte aliada na atual educação. Nos

dias de hoje após investigações neurológicas sobre o funcionamento cerebral,

constata-se que é preciso motivação para aprender e que a emoção interfere

no processo de retenção de informação. O objetivo geral da pesquisa é refletir

sobre a importância da relação afetiva no processo de aprendizagem, tendo

como hipótese para uma possível resposta acerca do tema, à relação afetiva

gerada entre professor e aluno pode desencadear um interesse e uma

motivação para o aprendizado, ou não.

Utilizando como procedimento metodológico a pesquisa qualitativa com

professores da Educação Infantil.

Sendo assim o trabalho discorre da seguinte forma: O primeiro capítulo

tem como propósito informar como ocorre o sistema emocional no cérebro,

descrevendo o circuito ocorrido no sistema límbico, este responsável pelas

nossas emoções.

Já o segundo capítulo apresenta o que podemos chamar de emoção,

sua influência e interferência afetiva no outro. E também a relação da memória

nesse processo de construção de sentido para que passando pela afetividade

seja retido.

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O terceiro capítulo fala do que é aprendizagem e sua ligação com a

emoção. Tendo como subtítulo a relação professor / aluno.

Análise dos relatos de pesquisa feita com professores.

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CAPÍTULO I

DESVENDANDO O CÉREBRO EMOCIONAL 1.1-Conceito de cérebro

Como falar do circuito das emoções, sem antes falar do cérebro, já que

este circuito acontece dentro do mesmo. É importante a apresentação desse

conceito, visto que, através de uma pequena abordagem dará uma clara

percepção de como este sistema se processa no interior da pessoa, que

alterações se verificam no nosso organismo e onde se realizam.

Segundo o Atlas de Anatomia Humana (Sobotta, 1993) o cérebro é

modificado e alargado na porção anterior do sistema nervoso central, sendo

circundado por três membranas protetoras (meninges) e ajustado dentro da

cavidade craniana; este é composto por neurônios (ou células nervosas) e

células gliais. As células nervosas comandam a motricidade, a sensibilidade e

a consciência; já as células gliais sustentam e mantêm vivos os neurônios.

Através de uma proeminente ranhura longitudinal, o cérebro é dividido

em duas metades denominadas hemisférios. Na base desta fissura encontra-

se um espesso feixe de fibras nervosas, ao qual se dá o nome de corpo

caloso, fornecendo este um elo entre os hemisférios. O hemisfério esquerdo

controla a metade direita do corpo e o hemisfério direito controla a metade

esquerda, em razão de um cruzamento de fibras nervosas no bulbo. Ainda que

estes hemisférios pareçam ser uma imagem em espelho um do outro, existe

uma importante distinção entre os mesmos. Na maioria das pessoas, por

exemplo, as áreas que controlam a fala estão localizadas no hemisfério

esquerdo, enquanto que as áreas do hemisfério direito governam percepções

espaciais. Do topo do hemisfério, as regiões superiores das áreas motoras e

sensoriais controlam as partes inferiores do corpo.

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O cérebro humano se for cortado numa fatia, apresenta uma camada

externa designada por córtex cerebral, esta cobre inteiramente os dois

hemisférios. Já um corte em profundidade mostra que esta superfície tem uma

espessura que varia entre 1 a 4 mm. Esta é na sua maioria composta por

células nervosas (neurônios) que recebem impulsos dos pontos mais distantes

do corpo e os retransmitem ao destino mais adequado.

No entanto, o cérebro desempenha funções altamente diversificadas e,

por isso mesmo, as células que o constituem também são especializadas.

Tipos diferentes de neurônios são distribuídos através de diferentes camadas

no córtex, dispostos de forma a caracterizar as várias áreas dos hemisférios,

cada qual com a sua função. As camadas específicas (camada molecular;

granulada externa; piramidal externa; granular interna; piramidal interna e

camada fusiforme) são constituídas por agrupamentos de neurônios de vários

tipos. Uns dos aspectos típicos dos neurônios do córtex são as células

fusiformes, que são características da sexta camada. Estas células não estão

sozinhas no córtex; os prolongamentos celulares estabelecem conexões com

vários grupos de fibras que passam por toda a região. Estas chegam e partem

do córtex, trazendo ou levando impulsos nervosos. Outras fibras que estão

dispostas em paralelo à superfície cerebral são responsáveis por conectar

áreas do córtex. Fibras de várias procedências, em cadeia, chegam ao córtex

e ramificam-se como os galhos de uma árvore (Damásio, 2003),

estabelecendo contacto com diferentes células corticais, por meio de diversas

sinapses (ligações entre neurônios). Assim, todos os impulsos nervosos que aí

chegam, são difundidos em fases sucessivas pelas várias camadas.

De acordo com Amaral e Oliveira (1998), o nosso córtex é dividido em

lobos, sendo eles:

Lobo Frontal - localizado a partir do sulco central para frente, é responsável

pela elaboração do pensamento, planejamento, programação de necessidades

individuais e emoção.

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Lobo Parietal - localizado a partir do sulco central para trás é responsável

pela sensação de dor, tacto, gustação, temperatura, pressão. Estimulação de

certas regiões deste lobo em pacientes conscientes produzem sensações

gustativas. Também está relacionado com a lógica matemática.

Lobo Temporal - abaixo da fissura lateral é relacionado primariamente com o

sentido de audição, possibilitando o reconhecimento de tons específicos e

intensidade do som. Tumor ou acidente que afete esta região provoca

deficiência de audição ou surdez. Esta área também exibe um papel no

processamento da memória e emoção.

Lobo Occipital - forma-se na linha imaginária do final do lobo temporal e

parietal e é responsável pelo processamento da informação visual. Danos

nesta área promovem cegueira total ou parcial.

Lobo Límbico - localizado ao redor da junção do hemisfério cerebral e tronco

encefálico está envolvido com aspectos do comportamento emocional e sexual

e com o processamento da memória.

Nas funções especializadas do córtex cerebral podem distinguir-se

diversas áreas, com limites e funções relativamente definidos. A diferença

entre elas reside na espessura e composição das camadas celulares e na

quantidade de fibras nervosas que chegam ou partem de cada uma.

Embora o sistema nervoso seja um todo único, determinadas áreas

cerebrais estão mais diretamente ligadas a certas funções. Assim, podemos

distinguir a área motora principal, a área sensitiva principal, centros

encarregados da visão, audição, tato, olfato, gustação e assim por diante.

1.2- Circuito das emoções - Sistema Límbico

É notório o aumento e os grandes avanços tecnológicos, além de

inúmeras pesquisas sobre o cérebro e o aprendizado humano.

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O cérebro até pouco tempo atrás, não tinha tanto valor como sendo um

órgão primordial e esclarecedor do comportamento humano. Não se

suspeitava que ele fosse o responsável por gerar emoções, percepções e

pensamentos.

Grandes Cientistas como Louis Broca e Carl Wernike, dentre outros,

fizeram descobertas importantíssimas, no caso eles relacionada às áreas do

cérebro e a linguagem.

Segundo a Revista eletrônica de divulgação cientifica em neurociência

"Cérebro e Mente" uma das primeiras teorias sobre o papel das estruturas

cerebrais na formação das emoções surgiu no final do século XIX, tendo sido

proposta por James-Lange, que facilmente descrevia este processo, dizendo

que, logo após uma pessoa receber um forte estímulo, como, por exemplo, um

susto ou um choque, sofre alterações fisiológicas como palpitação, falta de ar,

angústia, entre outros, e só depois é que a emoção é reconhecida pelo

cérebro.

Mais tarde, em 1929, esta teoria sucumbe aos olhos de uma nova,

sendo esta proposta por Walter Cannon e um pouco modificada por Phillip

Bard, que iria receber o nome de teoria Cannon-Bard. Esta refere que,

imediatamente a seguir ao indivíduo receber o estímulo, o impulso nervoso

atinge inicialmente o tálamo e aí a mensagem divide-se, uma parte vai para o

córtex cerebral onde surgem experiências subjetivas como o medo, a raiva, a

tristeza, entre outras, e a outra se dirige para o hipotálamo, o qual determina

as alterações neurovegetativas periféricas. A principal falha desta teoria foi a

de considerar o tálamo como o centro das emoções.

Em 1937, surge uma nova teoria trazida pelo neuroanatomista que

trouxe relevante contribuição, foi James Papez, que através de suas pesquisas

demonstrou que a emoção não é função de centros cerebrais específicos, mas

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sim de um circuito, envolvendo quatro estruturas básicas, interconectadas por

feixes nervosos: hipotálamo com seus corpos mamilares, tálamo, giro do

cíngulo e o hipocampo. Gerando assim um circuito, conhecido como o Circuito

de Papez, que de forma harmônica, responde pelo mecanismo de elaboração

das funções centrais das emoções (afetos), bem como de suas expressões

periféricas (sintomas).

Através de suas pesquisas acreditava que a experiência da emoção

iniciava-se pelo córtex cingulado e depois passava por outras áreas corticais, e

que a expressão emocional era determinada pelo hipotálamo. O giro cingulado

se projetava ao hipocampo e o mesmo ao hipotálamo, passando pelo caminho

do feixe de axônios chamado fôrnix. E impulsos hipotalâmicos alcançavam o

córtex via relé (descarga elétrica) no núcleo talâmico anterior. Formando assim

um circuito.

Aproveitando as ideias de Papez surge Paul Maclean, neurocientista,

responsável pela teoria do Cérebro Trino (reptiliano, mamífero inferiores e

racional). Segundo Paul MacLean é apenas pela presença do neocórtex que o

homem consegue desenvolver o pensamento abstrato e tem capacidade de

gerar invenções.Então ele resolve ir mais além e acrescenta novas estruturas

ao circuito,o que denominou de Sistema Límbico,este que inclui os córtices

órbitofrontral e médio frontal(área pré-frontal),giro parahipocampal,e

importantes grupamentos subcorticais,como:amígdala,núcleo mediano do

tálamo,área septal,núcleos basais do prosencéfalo,e formações do tronco

cerebral.

Sendo assim, o Sistema Límbico tem formato de anel cortical,localiza-se

na parte medial do cérebro e é um conjunto de estrutura que são responsáveis

por várias funções,como:

• Regulação do comportamento emocional;

• Regula o SNA (sistema nervoso autônomo) e os processos de

sobrevivência da espécie como: fome, sede e sexo;

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• Participa da regulação do sistema endócrino;

• Age no mecanismo da memória e aprendizado

Função de “Recompensa” e “Punição” do Sistema Límbico

Centro da recompensa: núcleos cerebrais se interconectam pelo feixe

prosencefálico medial (núcleo lateral e ventromedial do hipotálamo).

Centro da punição: regiões de substância cinzenta periventricular inibem os

centros do prazer e da recompensa.

A motivação origina-se do balanço positivo entre a recompensa e a

punição.

Há traços fortes de memória para experiências que trazem

recompensam ou punição.

Estruturas do Sistema Límbico:

Hipotálamo: Essa estrutura tem o tamanho menor que um grão ervilha, assim

pode-se dizer que esta estrutura representa menos de 1% do tamanho total do

cérebro. O hipotálamo é responsável por diversas funções importantes como:

regulagem do sono, pela libido, controla o apetite e também controla a

temperatura corporal; quando a temperatura aumenta o hipotálamo age na

dilatação dos capilares para o resfriamento sanguíneo. Ele também age

juntamente a hipófise, ajudando no sistema endócrino.

Corpos mamilares: Está intimamente relacionado ao hipotálamo. Os corpos

mamilares são responsáveis por regularem os reflexos alimentares da

alimentação, como por exemplo, a deglutição e ao ver um alimento suculento o

ato de lamber os lábios.

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Tálamo: O tálamo representa uma espécie de duas massas ovais, onde cada

uma delas se localiza nos dois hemisférios do cérebro. O tálamo é responsável

por quatro sentidos: tato, paladar, visão e audição e também é responsável

pelas sensações de dor, quente ou frio e a pressão do ambiente. Apenas os

sinais do olfato são enviados diretamente ao córtex cerebral sem ter que

serem “filtrados” pelo tálamo.

Giro cingulado: Se localiza na porção mediana do cérebro e faz parte do

tálamo. A estimulação dessa parte pode causar alucinações, alterações na

emoção. Essa região é responsável pelos odores e a visão. Em animais

selvagens se houver a retirada deste giro, através de uma cirurgia, a

domesticação é mais fácil e rápida.

Amígdala cerebral: Essa parte do cérebro possui cerca de dois centímetros

de diâmetro. O cérebro é composto por duas amígdalas, onde cada uma se

localiza em um lobo temporal. É nesta região onde é identificado quando há

perigo, medo e ansiedade. As amígdalas também são responsáveis por

memórias emocionais.

Hipocampo: Esta estrutura está localizada no lobo temporal, é responsável

pela memória recente. Quando uma pessoa se lembra de algo, aumenta

significadamente o metabolismo desta estrutura, resultando no aumento do

fluxo sanguíneo.

Tronco cerebral: Região responsável pelas reações emocionais. Na verdade,

apenas respostas reflexas de alguns vertebrados, como répteis e os anfíbios.

As estruturas envolvidas são a formação reticular e o locus cérulus, uma

massa concentrada de neurônios secretores de norepinefrina. É importante

assinalar que, até mesmo em humanos, essas primitivas estruturas continuam

participando, não só dos mecanismos de alerta, vitais para a sobrevivência,

mas também da manutenção do ciclo vigília-sono.

Área tegmental ventral: Grupo de neurônios localizados em uma parte do

tronco cerebral. Uma parte dele secreta dopamina. A descarga espontânea ou

a estimulação elétrica dos neurônios da região dopaminérgica mesolímbica

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produzem sensações de prazer, algumas delas similares ao orgasmo.

Indivíduos que apresentam, por defeito genético, redução no número de

receptores das células neurais dessa área, tornam-se incapazes de se

sentirem recompensados pelas satisfações comuns da vida e buscam

alternativas "prazerosas" atípicas e nocivas como, por exemplo, alcoolismo,

cocainomania, compulsividade por alimentos doces e pelo jogo desenfreado.

Septo: Situado à frente do tálamo, por cima do hipotálamo. A estimulação de

diferentes partes desse septo pode causar muitos efeitos comportamentais

distintos. Anteriormente ao tálamo, situa-se a área septal , onde estão

localizados os centros do orgasmo (quatro para mulher e um para o homem).

Certamente por isto, esta região se relaciona com as sensações de prazer,

mormente aquelas associadas às experiências sexuais.

Área pré-frontal: Não faz parte do Lobo límbico tradicional, mas suas intensas

conexões com o tálamo, amígdala e outras sub-corticais, explicam o

importante papel que desempenha na expressão dos estados afetivos. Está

classicamente dividido em três áreas funcionais e anatómicas: a área

dorsolateral, a área orbitofrontal e a área cingulada anterior.A área dorsolateral

está relacionada com o raciocinio, permite a integração de percepções

temporalmente descontinuas em componentes de ação dirigidos a um objetivo.

A área orbitofrontal representa um interface entre os dominio afetivo/

emocional e a tomada de decisões centradas nos dominios pessoal e social. A

área dorsolateral, funciona como um "secretário de direção" da área

dorsolateral, ao dirigir a atenção. Tem um papel igualmente importante na

motivação do comportamento. As três áreas contribuem para o que se designa

de "Funções Executivas". Quando o córtex pré-frontal é lesado , o indivíduo

perde o senso de suas responsabilidades sociais (lesões orbitofrontais), bem

como a capacidade de concentração e de abstração (lesões dorsolaterais). Em

alguns casos, a pessoa, conquanto mantendo intactas a consciência e

algumas funções cognitivas, como a linguagem, já não consegue resolver

problemas, mesmo os mais elementares. Quando se praticava a lobotomia

pré-frontal para tratamento de certos distúrbios psiquiátricos, os pacientes

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entravam em estado de "tamponamento afetivo", não mais evidenciando

quaisquer sinais de alegria, tristeza, esperança ou desesperança.

O sistema límbico é uma região formada por neurônios e é constituído

de massa cinzenta, dito isso, essa região é denominada lobo límbico.

Segundo Damásio (2003), numa emoção típica, certas regiões do

cérebro que fazem parte do sistema neural das emoções enviam mensagens

para outras regiões do cérebro e para quase todas as regiões do corpo. Estas

mensagens são enviadas através de duas vias. A primeira via é de circulação

sanguínea, na qual as mensagens são enviadas através de moléculas que

atuam nos receptores das células que constituem os tecidos corporais. A

segunda via consiste em neurônios e as mensagens ao longo desta via usam

sinais electroquímicos que atuam sobre outros neurônios, sobre fibras

musculares ou sobre vísceras que podem, por sua vez, libertar substâncias

químicas na circulação sanguínea. O resultado destas mensagens

coordenadas, químicas e neurais, é uma modificação global do estado do

organismo.

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CAPÍTULO II EMOÇÃO, SENTIMENTO E MEMÓRIA.

“Quanto mais emoção contenha determinado evento mais ele será gravado no cérebro.” Iván Izquierdo

2.1- Emoção e sentimento 2.1.1- Emoções

As emoções se caracterizam por uma súbita ruptura do equilíbrio

afetivo. Quase sempre são episódios de curta duração, com repercussões

concomitantes ou consecutivas, leves ou intensas, sobre diversos órgãos,

criando um bloqueio parcial ou total da capacidade de raciocinar com lógica.

Sendo assim pode levar a um alto grau de descontrole psíquico e

comportamental.

Ao contrário do “afeto”, que é sua interpretação consciente, as emoções

surgem de processos cerebrais e são necessárias para adaptação e regulação

do comportamento humano. As emoções são reações complexas geralmente

descritas em termos de três componentes: um estado mental específico, uma

mudança fisiológica e um impulso para agir.

Classificação de emoções e estados emocionais:

• Emoções primárias: ligadas ao instinto e sobrevivência. São elas a

emoção de Choque (que representa ameaça ao indivíduo), emoção

Colérica (anulação de objeto que representa algum incômodo) e

emoção Afetuosa (inclinação ao prazer).

• Emoções secundárias: estados afetivos mais complexos que as

emoções primárias. Dividem-se em duas formas: Estados Afetivos

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Sensoriais (sensações de prazer e dor, relacionado à sensibilidade

corporal) e Estados Afetivos Vitais (mal-estar, bem-estar, animação,

desanimação, relacionado a atitudes internas do indivíduo).

• Emoções mistas: envolvem misturas de estados afetivos contrastantes,

caracterizando um conflito emocional. Este conflito emocional pode ter

grande ou pequena repercussão na conduta individual.

2.1.2-Sentimentos

Os sentimentos são tidos como estados afetivos mais duráveis,

causadores de vivências menos intensas, com menor repercussão sobre as

funções orgânicas e menor interferência com a razão e o comportamento.

Existem sentimentos:

• Sentimentos anímicos e espirituais: sentimentos anímicos são estados

afetivos tidos como qualidades do eu com o mundo de valores; referem-

se a coisas, pessoas ou acontecimentos, atribuindo-lhes valores.

Exemplos de sentimentos anímicos são tristeza e alegria, amor e ódio,

felicidade e desespero.

• Sentimentos espirituais tendem para valores absolutos, como valores de

estética, intelectuais, morais ou religiosos.

Sentimentos são muito mais duradouros que as emoções, e muito mais

numerosos. Desta forma, como um exemplo, podemos contatar que da

emoção primária de choque-pânico, nascem emoções mistas como espanto,

susto, terror, e destas surgem sentimentos de desconfiança, insegurança ou

medo.

Sendo assim, paixão, pavor e ira são emoções. Amor, medo e ódio são

sentimentos.

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Pelas intensas conexões entre a área pré-frontal e as estruturas

límbicas a espécie humana é aquela que apresenta a maior variedade de

sentimentos e emoções.

2.2- Perspectivas históricas

Ao longo da história, filósofos e pensadores supunham uma separação

entre razão e emoção. Platão (428-347 a.C.) via como virtude a troca de todas

as paixões, valores individuais e prazeres pelo pensamento,este sendo um

valor universal. Descartes (1596-1650), com a sua célebre afirmação "Penso,

logo existo", também sugeria a separação entre emoção e razão, atribuindo

ainda superioridade de valor a esta última. Ainda com esta abordagem

dicotômica, Kant (1724-1804) diz da impossibilidade do encontro entre razão e

felicidade, afirmando que se Deus tivesse criado o homem para ser feliz, não o

teria dotado de razão. Kant também julgava as paixões como "enfermidades da

alma".

Com estes pensamentos dicotômicos provenientes da filosofia, a

psicologia, por muito tempo, estudou os processos cognitivos e afetivos de

maneira separada. Jean Piaget (1896-1980) foi um dos primeiros nomes a

questionar a separação entre cognição e afetividade. Através de sua obra Les

relations entre l'inteligence et l'a ectivité dans Le développement de l'efant ,

Piaget afirma que afetividade e cognição são diferentes em natureza, porém

inseparáveis em todas as ações humanas.Toda ação e pensamento

compreendem um aspecto cognitivo, que são as estruturas mentais, e um

aspecto afetivo, que serve como uma energética. De forma geral, a afetividade

seria, para Piaget, funcional para a inteligência: ela é a fonte de energia pela

qual cognição funciona.

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Lev Vygotsky (1896-1934) também estudou as relações entre afeto e

cognição, afirmando que as emoções fazem parte ativa no funcionamento

mental geral. Através do estudo do desenvolvimento da linguagem (sistema

simbólico usado por todos os humanos), Vygotsky estudou as origens do

psiquismo humano através de uma abordagem unificadora entre cognição e

afetividade.

Unindo também razão e emoção, Henri Wallon (1879-1962) tentou

compreender as emoções através de suas funções, dando-lhes papel

fundamental na evolução da consciência de si. Para ele, a evolução da

afetividade depende das construções realizadas no plano da inteligência; a

evolução intelectual depende das construções afetivas. Entretanto, para

Wallon, existem fases em que predominam a razão e fases em que

predominam a emoção.

Atualmente, a visão mais discutida sobre a relação entre as emoções e

a cognição é a de Antonio Damásio (médico neurocientista). Diferentemente

dos outros pensadores sobre esse assunto, em seus trabalhos, ele mostra

algumas relações entre a biologia do corpo humano e o pensamento.

Conjugando ideias de Piaget e Vygotsky, Damásio (2001) afirma que as

emoções e a razão não são elementos completamente dissociados como

propôs Descartes. Até hoje, o senso comum é que a razão é o contrário da

emoção. Entretanto, o mesmo apresenta, em seus trabalhos, que pessoas que

possuem alguma deficiência na região do cérebro responsável pelas emoções

apresentam dificuldades de aprendizado.

Portanto, as emoções são fundamentais no processo de aprendizagem.

As emoções não são atos racionais, portanto não são as causadoras diretas

da cognição. Damásio afirma que emoções geram sentimentos, atos racionais,

e estes são utilizados para a aprendizagem. Com isso, as emoções são as

iniciadoras do processo de aprendizagem.

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Se as emoções proveem uma resposta imediata para certos desafios e

oportunidades enfrentados por um organismo, o sentimento relacionado a elas

provê isso com um alerta mental. Sentimentos amplificam o impacto de uma

dada situação, aperfeiçoam o aprendizado e aumentam a probabilidade que

situações similares possam ser antecipadas.

“a emoção é a combinação de um processo avaliatório mental, simples

ou complexo, com respostas disposicionais a esse processo, na sua maioria

dirigida ao corpo propriamente dito, resultando num estado emocional do

corpo, mas também dirigidas ao próprio cérebro, resultando em alterações

mentais adicionais” (DAMÁSIO, 2001:153).

2.3-Neurotransmissores

Os neurotransmissores têm um importante papel nesses processos

informacionais do organismo. Os sistemas, estruturais e químicos, que

integram as emoções, por via nervosa ou sanguínea, funcionam

continuadamente no nosso organismo e no de outros animais. Já foram

identificados mais de uma centena de neurotransmissores, alguns já

conhecidos do público: acetilcolina, serotonina, noradrenalina, dopamina,

adrenalina e diversos outros.

Alguns neurotransmissores disparam o neurônio recebedor para

aceitar o sinal e outros bloqueiam (impedem) este de receber o estímulo

químico, por isso eles estão divididos em neurotransmissores excitadores e

inibidores.

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Os neurotransmissores são produzidos naturalmente em nosso

organismo. A maior ou menor produção dos neurotransmissores depende de

situações sociais específicas, como, por exemplo, a submissão, que leva a

pessoa a produzir e liberar menos serotonina que a dominação. Além do fator

de relacionamento social, diversas substâncias, algumas “naturais” e aceitas

socialmente, como a cafeína, outras usadas como medicamentos receitados

por médicos e outras, ainda, substâncias combatidas (drogas como cocaína,

anfetamina, nicotina, etc.), ativam a liberação de determinados

neurotransmissores em suas sinapses ou bloqueiam outras (álcool,

calmantes, anticolesterol). O equilíbrio dessa química irá influenciar o

cérebro e, consequentemente, o comportamento da pessoa; a diminuição de

serotonina aumenta a agressividade; a endorfina liberada produz uma

sensação de prazer e de paz; os benzodiazepínicos (sedativos, soníferos)

produzem à calma e ou a indiferença; o café (cafeína), ao contrário, excita e

produz ansiedade. Mas isso é um simples exemplo da ação dos

neurotransmissores ou neuromoduladores.

2.4- Memória

“A memória é a base de todo saber, e por que não dizer, de toda a

existência humana, desde o nascimento. Como tal deve ser trabalhada e

estimulada. É ela que dá significado ao cotidiano e nos permite acumular

experiências para utilizar durante toda vida.”

(LIMA, 2010)

O que seria memória?Memória é a capacidade da mente humana de

fixar, reter, evocar e reconhecer impressões ou fatos passados. A função de

lembrar e sua oposta esquecer são normalmente adaptativos. O aprendizado,

o pensamento e o raciocínio não seriam possíveis sem a memória.

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O sistema de armazenamento tem três fases:

• A codificação: consiste em transformar a informação que nos chega

através dos sentidos em representações mentais armazenadas;

• O armazenamento: consiste na conservação da informação durante

certo tempo, variável em função da necessidade que se tem da

informação;

• A evocação: consiste na recuperação da informação previamente

armazenada.

A memória então consiste num conjunto de procedimentos

que permite ao indivíduo manipular e compreender o mundo, tendo

em conta o contexto e as experiências individuais.

2.4.1- Tipos de Memória

Modalidade sensorial

Dependendo do sentido pelo qual nos chega à informação, podemos

identificar uma memória visual, olfativa, auditiva, gustativa e táctil. De acordo

com o estímulo a memorizar, podemos distinguir entre memória para as

palavras, memória para os rostos, memória para as formas, etc. A capacidade

para reter este tipo de informação depende das estruturas cerebrais de cada

um de nós. De realçar que quanto mais complexa for a informação recebida do

ambiente, maior será o trabalho cerebral a realizar. Um fato recordado pode

ser localizado em diferentes áreas do nosso cérebro (na zona da linguagem,

da visão, do tato, etc.). A maior parte da informação armazenada na memória

consiste em imagens mentais ou sons, por isso, estes dois sentidos assumem

especial importância na memorização sensorial.

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Evocação temporal

Algumas informações são utilizadas de uma maneira imediata quando

nos chegam através dos sentidos, mas há outras que são armazenadas na

nossa memória durante um período de tempo maior até precisarem ser

recuperadas. Deste modo, destacam-se três tipos de memória: a memória

sensorial (registra as sensações e permite explorar as características da

informação que nos chega), a memória de curto prazo (processa os dados que

se utilizam de forma consciente para responder aos problemas que se

apresentam) e a memória de longo prazo (guardam-se as percepções, os

sentimentos e as ações do passado).

Memória de curto prazo

O limite da capacidade de armazenamento de informação foi calculado

à volta de sete unidades de informação.

A duração da informação retida é de cerca de 30 segundos no máximo.

Mantém a informação de uma maneira consciente e ativa.

Costuma codificar as propriedades acústicas e visuais dos estímulos

que chegam através dos sentidos. A informação permanece presente durante

todo o tempo.

A memória de trabalho acontece quando mantemos a informação

enquanto ela nos é útil, por exemplo, quando repetimos um nome ou um

número várias vezes porque não podemos escrever.

Qualquer informação que tenha estado na memória de curto prazo e

que se tenha perdido é irrecuperável.

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Apesar da capacidade da memória em curto prazo ser pequena, lidamos

com uma quantidade enorme de informação e será sobre esta que se

desenvolverá a aprendizagem, o raciocínio e a imaginação. O registro da

informação na memória de curto prazo é efetuado a partir de processamentos

prévios que ocorrem na memória sensorial e constituem uma primeira, e por

vezes decisiva, fase de atribuição de significado à informação processada.

O registro da informação de curto prazo está sujeito a um rápido

esquecimento, a menos que seja repetida e com isso transferida para a

memória de longo prazo.

Memória de longo prazo

Não se conhece um limite preciso à sua capacidade de armazenamento

da informação.

A duração da informação é praticamente ilimitada.

A informação encontra-se em estado latente. Para recuperar é preciso

uma exigência do organismo, de modo que seja ativada e transferida para a

memória de curto prazo.

Codifica, sobretudo, as propriedades semânticas dos sentidos por meio

da elaboração de códigos muito complexos.

A recuperação da informação exige técnicas e mecanismos treinados

consciente ou inconscientemente.

As pesquisas demonstram que o processo da memória é extremamente

complexo, pois que o sistema nervoso deve ser capaz de recriar, em ocasião

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posterior, o mesmo - ou o quase o mesmo - padrão de estimulação do sistema

nervoso central.

Não há uma região específica da memória, sabendo-se, por pesquisas

relacionadas com os mecanismos bioquímicos da memória, que a memória de

curto prazo circula pelo córtex pré-frontal e que informações mais duradouras

passam pelo hipocampo, componente do sistema límbico, que é de suma

importância no estudo das emoções, sendo depois armazenadas em função

de várias regiões do córtex, e como a evocação das lembranças envolve,

afinal, todo o córtex - que hoje se sabe que o cérebro organiza-se como que

em módulos de funções inter-relacionadas, continua presente a dificuldade em

se saber onde ou como se conservam (pessoas com lesões cerebrais graves

reencontram a memória perdida).

De acordo com Albuquerque (2001), para caracterizar o conceito de

memória, podemos orientar-nos por três perspectivas diferentes. No início a

memória foi referida como uma representação interna do que foi aprendido,

sendo neste caso, autobiográfica, uma vez que estaria referenciada no

episodio de processamento. De seguida a memória é considerada como um

processo que conduz à recordação. Pode ser então definida como o conjunto

dos processos de codificação, retenção e recuperação da informação. Na

última perspectiva, a memória consiste na sua interpretação como uma

estrutura, permitindo assim, a distinção em memória sensorial, memória de

curto prazo e memória de longo prazo.

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2.4.2- Esquecimento

A memória seletiva é limitada na sua capacidade de armazenamento.

Por isso, o esquecimento é condição essencial ao normal funcionamento da

memória.

Define-se esquecimento como a incapacidade de recordar, de recuperar

dados, informações, experiências que foram memorizadas no passado.

Segundo Izquierdo (2006), esquecemos a maior parte das informações

que chegam até nós. Várias teorias já foram propostas para esclarecer porque

isso acontece (Sternberg, 2008). Entre elas estão a Teoria da Interferência e a

Teoria da Deterioração.

Para a Teoria da Interferência, a interferência ocorre quando informações

concorrentes, ou seja, quando a informação anterior interfere com a nova

aprendizagem. O esquecimento é resultado da competição entre respostas

similares. À medida que a informação vai sendo processada, a probabilidade

de serem armazenadas informações muito semelhantes, faz com que a

recuperação se possa processar com maior dificuldade. Neste contexto foram

identificados dois tipos de interferência: proativa a retroativa.

No que respeita à interferência proativa ela é tanto maior quanto maior a

similaridade do material a processar, quanto maior for a sua quantidade e

também quanto menor for o intervalo de tempo entre a aprendizagem e a

evocação. “A interferência proativa refere-se à dificuldade que as pessoas têm

de aprender novos itens porque previamente aprendidos interferem numa nova

aprendizagem” (Matlin, 2004, p. 58).

Já na interferência retroativa, o material que interfere está depois que

aprendemos algo, mas antes que tenhamos que recordá-lo (Sternberg, 2008).

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Segundo a Teoria da Deterioração, a informação é esquecida porque

desaparece gradualmente, com o passar do tempo, e não porque ela foi

deslocada por outra informação. A deterioração acontece quando a simples

passagem do tempo faz com que esqueçamos os conteúdos e informações

(Sternberg, 2008).

Segundo Izquierdo (2007, p. 17), “talvez o esquecimento seja o aspecto

mais predominante da memória: mas conservamos e usamos suficientes

memórias ou fragmentos de memória para te um desempenho ativo, funcional

e relativamente satisfatório como pessoas”. Ainda segundo o mesmo autor,

existe algo de seletivo e proposital no nosso esquecimento. Afinal, a nossa

capacidade de formar memórias está intimamente ligada a sua perda

(Izquerdo, 2006).

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CAPÍTULO III MEMÓRIA, APRENDIZAGEM E EMOÇÃO RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO

“Um homem sem memória é um homem sem história. A memória é o brinquedo da aprendizagem”.

(RELVAS, 2010) 3.1- Memória e Aprendizagem

Pode-se imaginar a aprendizagem sem os processos mnésicos?Não.

A memória é uma palavra utilizada frequentemente no nosso cotidiano,

mas muitas vezes não se para pensar no seu significado e na sua importância

para vida e para o processo de aprendizagem.

Para a aprendizagem acontecer à memória passa a ser fundamental,

pois estão intimamente relacionadas, já que ela permite a retenção daquilo que

observamos para posteriormente reproduzirmos.

A aprendizagem ocorre a partir do momento em que é interiorizado uma

série de comportamentos e capacidades intelectuais, isto é, algo pessoal,

sendo um processo de influência externa.

A maior parte da aprendizagem que adquirimos é consequência da

imitação de outras pessoas, entrando então o papel da memória que intervém

decisivamente nesse processo de imitação.

Como nos coloca Lima (1997) “O processo de aprender é múltiplo. Não

há uma única forma de resolver um problema ou de estudar uma língua, ou

formar um conceito de história ou ciências. Aprendemos pela realização de

sistemas, cuja efetivação é função do contexto sociocultural. Do ponto de vista

biológico, a configuração de redes neurais se constituirá em função do

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conjunto de experiências do indivíduo assumindo, portanto, uma configuração

individual”.

A maneira como interiorizamos nosso aprendizado depende não só pelo

fato de termos consciência da sua importância, mas também da relação que se

estabelece entre sentido e significado do que se aprende.

Para Wallon somos seres integrados: afetividade, cognição e

movimento. Portanto, informações e acontecimentos que nos afetam e fazem

sentido para nós ficam retidos na memória com mais facilidade. Como a

construção de sentido passa pela afetividade, é difícil reter algo novo quando

ele não nos afeta. (Almeida 2012)

Não existe aprendizagem sem memória e que sem esta os processos de

aprendizagem estariam sempre se inicializando, prejudicando todo o processo

de adaptação do ser humano. E é através das informações retidas que novas

aprendizagens são construídas.

Nos dias atuais o número de dados, notícias e conhecimento cresce de

uma forma espantosa fazendo com que o aluno não dê conta da grande

quantidade de saberes e sabemos que a maior parte desses será esquecido,

como então ajudar este aluno?

Sabendo o professor desta grande aliada, que é a memória, deverá

ensinar os alunos a organizar e a reter os conhecimentos, para futuramente

usá-los, ou seja, recordá-los.

Sendo assim deve ser um dos objetivos primordiais do professor fazer

com que o aluno aprenda a aprender e aprenda a recordar, utilizando a

memória e tendo-a como função crucial no funcionamento do sistema

cognitivo.

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Ao conhecer o funcionamento da memória, o professor pode planejar

ações para ajudar o grupo a armazenar e evocar conhecimentos:

• Estabelecer relações entre novos conteúdos e aprendizados anteriores

faz com que o caminho daquela informação seja percorrido novamente

(evocação), tornando mais fácil seu reconhecimento;

• Criar elaborações mentais envolvendo recursos como sons, imagens,

fantasias, significados e (por que não?) humor permite que várias áreas

do cérebro trabalhem simultaneamente no resgate de informações e

estimula a memória;

• Utilizar gráficos, diagramas, tabelas e organogramas para classificar as

informações faz com que o cérebro tenha mais facilidade para

armazená-las e, portanto, resgata-as com mais facilidade;

• Reservar os últimos minutos da aula para conversar sobre o conteúdo

estudado possibilita que o novo conhecimento percorra mais uma vez o

caminho no cérebro dos estudantes. Assim, eles fazem uma releitura do

que aprenderam;

• Usar brincadeiras, dramatizações ou jogos para levar emoção à classe

favorece a aprendizagem. Isso só funciona se houver relação entre o

conteúdo e a situação lúdica.

Segundo Relvas (2010): “A forma de aprender está relacionada ao

recebimento de estímulos que captamos pelos nossos sentidos, esses nossos

fiéis escudeiros e selecionadores de estímulos chamados canais sensoriais.

Esses estímulos conhecidos como informações (som, visão, tato, gustação,

olfação) chegam ao tálamo que é uma estrutura no cérebro que tem a função

de receber esses estímulos e reenviá-los para áreas específicas que são

responsáveis na elaboração, decodificação e associação dessas informações.

O tálamo funciona como um “aeroporto” e junto com o hipotálamo, as

amígdalas cerebrais (responsável pela emoção), e o hipocampo (responsável

pela memória de longo prazo), promovem as lembranças e a aprendizagem

significativa”.

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Não seria apenas decorar, ou uma mera repetição, mas sim utilizar de

estratégias de aprendizagem, como nos coloca Schmeck (1983) existe quatro

tipos:

• Aprendizagem de processamento categorial (o aluno gasta o tempo

suficiente a categorizar a informação recebida e a avaliar a adequação

da classificação efetuada com outras categorizações similares);

• Aprendizagem de processamento episódico (o aluno personaliza a

informação recebida, traduzindo-a por palavras próprias e relacionando-

a com a sua própria experiência);

• Aprendizagem fatual (o aluno concentra-se no processamento de fatos e

pormenores relacionados com ele e na memorização de definições,

nomes e datas);

• Aprendizagem metódica (o aluno organiza e planeja seu tempo de

estudo, faz revisões periódicas e cumpre todas as obrigações

escolares).

3.1.1- Atenção

A atenção é fundamental para a percepção e para aprendizagem,

pesquisas comportamentais e neurofisiológicas mostram que o sistema

nervoso central só processa aquilo a que está atento, sendo assim se o desvio

da atenção é significativo, a aquisição de habilidade e a memorização sofrem

prejuízo. Para Piaget (1975): “Prestamos atenção porque entendemos, ou seja,

porque o que está sendo apresentado tem significado e representa uma

novidade. Se há um desafio e se for possível estabelecer uma relação entre

elemento novo e o que já se sabe, a atenção é despertada”.

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3.1.2- Motivação

Estudos comprovam que no cérebro existe um sistema dedicado à

motivação e à recompensa. Quando o sujeito é afetado positivamente por algo,

a região responsável pelos centros de prazer produz uma substância chamada

dopamina. A ativação desses centros de prazer gera bem-estar, que mobiliza a

atenção da pessoa e reforça o comportamento dele em relação ao objeto que

a afetou. Afirma Iván Izquierdo (2012): “Da mesma forma que sem fome não

aprendemos a comer e sem sede não aprendemos a beber água, sem

motivação não conseguimos aprender”.

Nos dias de hoje a escola exige dos educandos a aquisição de uma

grande quantidade de saberes. No entanto, a maior parte desses saberes será

esquecido a não ser que os mesmos “aprendam a aprender” e “aprendam a

recordar”.

3.2-Relação professor/aluno no processo emocional

Não há elaboração do conhecimento sem o envolvimento emocional

do aprendente e do ensinante. A aprendizagem na expressão cognitiva que

veicula, jamais ecoa, sem a presença do sentimento. São atos interligados,

que de acordo com a natureza do comunicado íntimo, favorecerá ou não a

assimilação de conteúdos.

Como nos coloca Marta Relvas (2012), “Poderíamos acrescentar que a

capacidade de aprender e de ser inteligente está ligada ao prazer que a

conquista do conhecimento pode proporcionar, principalmente quando este

conhecimento é produzido pelo próprio educando. Isto nos leva a supor que o

nível de emoção no momento do aprender interferiria no resultado final do

processo”.

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Uma boa relação entre professor e aluno é relevante, pois

relacionamentos mais próximos desenvolvem vínculos afetivos, confiança

mútua, favorecendo o ensino e a aprendizagem.

Para Ausubel (2002): “A aprendizagem é muito mais significativa à

medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de

um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu

conhecimento prévio. Ao contrário, ela se torna mecânica ou repetitiva, uma

vez que se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado, e o

novo conteúdo passa a ser armazenado isoladamente ou por meio de

associações arbitrárias na estrutura cognitiva”.

Sendo o estudo das emoções fator preponderante na descoberta da

relação homem e mundo, necessário se faz integrar a esse contexto reflexões

acerca de como o processo de aprendizagem pode ser melhor trabalhado

quando prioriza a utilização de meios e metodologias que viabilizem sua

inserção na relação professor e aluno,buscando assim a fixação do

conhecimento enquanto parte integrante da vivência de cada um.

Desta forma “A aula deverá ser reflexiva e não produtiva. O estudante

ao estar na sala de aula, apenas assiste aula, o cérebro necessita de desafios

coerentes, interação, participação sempre. Por isso o professor deverá ser um

fazedor, instigador de curiosidades. O cérebro é muito mais “fofoqueiro” e

adora novidades. Com isso, torna-se fundamental que o ritmo da aula seja

sempre emoldurado de desafios e afetividade”. (Relvas, 2010)

A Neurociência tem mostrado que o desenvolvimento do cérebro

decorre da integração entre o corpo e o meio social. Cabe ao educador

potencializar essa interação, aproveitando esse novo conhecimento,

alimentando-se das informações que surgem,buscando fontes seguras e não

acreditando em fórmulas mágicas a favor da sua prática.

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O professor tem que ser sensível e capaz de entender os estágios de

desenvolvimento da criança, fazendo-o vivenciar um mundo de imaginação,

sonhos e alegria, entre outras coisas. Precisa conhecer bem o seu aluno, para

usar estratégias que possam ajudá-lo a desenvolver suas potencialidades.

Para Saltini (2008, p.63): “O professor educador obviamente precisa

conhecer e ouvir a criança. Deve conhecê-la não apenas na sua estrutura

biofisiológica e psicossocial,mas também na sua interioridade afetiva,na sua

necessidade de criatura que chora,ri,dorme,sofre e busca constantemente

compreender o mundo que o cerca,bem como o que faz ali na escola”.

Relata que é através da interação afetiva, do aluno do aluno com o

professor e com seus colegas de classe, que ocorre a troca de informações

através do diálogo, em que o aluno vai se desenvolver intelectualmente na

interação das atividades.

Perante as novas demandas que vem surgindo o professor precisa

repensar sua prática, como nos coloca Relvas: “O professor continua tentando

transmitir dados sem significados e o mesmo não provoca no cérebro de

recompensa do seu educando o prazer de aprender. O professor precisa valer

o uso de recursos não necessariamente tecnológicos, mas da extensão do

próprio corpo que é a principal ferramenta da aprendizagem. Por isso discuti-se

tanto sobre aprendizagem, pois é o momento perfeito de conhecimento do

corpo físico, psicológico, social e planetário que envolve complexa teia da

construção epistemológica do humano. Deseja-se sem dúvida alguma uma

sociedade melhor, mais consciente, porém sem perder suas dimensões

afetivas e emocionais ao lidar nas relações interpessoais. E o espaço para se

dialogar é a escola, pois é nela que o sujeito cerebral é colocado frente ao

pensar e aprender a pensar. A escola e os seus autores têm que ter esse

entendimento, responsabilidade e o comprometimento nesse processo”.

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Com a contribuição da neurociência no campo educacional, fica mais

fácil entender a relação emocional no desenvolvimento da aprendizagem.

Como nos esclarece Marta Relvas (2011) em seu artigo: A

neuroaprendizagem emocional é uma parte integral da aparente aprendizagem

cognitiva. A aprendizagem emocional acontece em um contexto dinâmico,

relacional e emocional inconsciente. A emoção vai dando forma à cognição e a

aprendizagem.

A eficácia emocional da criança se relaciona com a percepção da

própria capacidade de lidar, monitorar, manejar e mudar sentimentos adversos

que inibem a persistência da busca de um objeto. Ela pode experimentar

sentimentos e pedir ajuda, o que a torna um aprendiz eficiente e mais confiante

em si.

A Função da escola e do educador nesse processo é:

• Promover eventos que colaborem com a sociabilidade e o prazer de

aprender de maneira mais solidária e cooperativa,

• Auxiliar a negociação de conflitos,

• Ensinar a assumir responsabilidades por ações e seus

comportamentos, afim de não imputar culpa aos outros.

A criança quando vai à escola geralmente é um misto de alegria e

ansiedade, tanto para as crianças como para os pais, reagindo de maneiras

diferentes uma das outras.

Problemas emocionais exigem um olhar e um acompanhamento, muitas

das vezes tratamentos mais específicos, pois podem desencadear distúrbios

psicossomáticos, tais como: cefaleia, diarreia, dores de barriga e outros, que,

no caso do medo são transitórios, logo que a criança se adapta a escola, os

sintomas e sinais desaparecem.

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Evitar atitudes que agravam a situação como:

• Forçar criança a ficar no espaço sem dialogar,

• Ridicularizar os sentimentos,

• Usar chantagens e subornos,

• Ignorar o medo para ver se a criança esquece.

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CONCLUSÃO

Compreender que o cérebro é responsável por tantas conexões e

comandos é algo que deixa várias pessoas perplexas e instigadas. É como se

fossa uma orquestra, onde cada um tem sua função e o maestro fosse o

Hipotálamo, que controla e coordena para que tudo dê certo, e o espetáculo

(que seria o funcionamento do nosso corpo) saia do jeito que esperado e

desejado.

Em especial aqui nesta pesquisa o destaque é o sistema límbico,

circuito das emoções, as quais corticalizadas, sente-se na pele, o medo,

ansiedade e a satisfação.

Este trabalho de final de curso vem acrescentar o trabalho Pedagógico,

educacional, mas principalmente a vida como ser humano, que pensa que

sente e tem emoções. Neste sentido faz repensar a prática em sala de aula e

que contribuições a Neurociência Pedagógica traz aos educadores,

percebendo as dificuldades dos educandos e como se pode potencializar e

possibilitar sua aprendizagem numa relação de afetividade prazerosa no

momento em que está no espaço escolar.

Apesar de muitos professores terem o conhecimento, talvez por

insegurança e o medo de arriscar, continuem reproduzindo e não se permitem

trilhar novos caminhos. Pois, aparentemente, o habitual oferece menos

resistência, menos problemas, mas também menos desafios e soluções. É

mais fácil ficar na zona de conforto.

“Homens são como tapetes, ás vezes precisam ser sacudidos”.

(CORTELLA, 2002)

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É fundamental que o professor comece a pensar a afetividade a partir

de si mesmo, ou seja, que ele possa perceber compreender e trabalhar com a

integração de sua própria afetividade à prática pedagógica.

Enfim, este trabalho chama a atenção para algo importante, mas que

até então não se dava tanta atenção, de como a afetividade é crucial na

relação emoção e aprendizagem.

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ANEXO ANÁLISE DE RELATOS

Em pesquisa feita com professores de Educação Infantil da Rede

Pública Municipal, pude verificar que todos acham que a relação emocional no

processo de ensino- aprendizagem tem forte influência para que ambos

realizem um bom trabalho.

“O professor, na sua responsabilidade e no seu conhecimento da

importância de sua atuação, pode produzir modificações através de um

relacionamento afetivo, transformando as condições negativas através das

experiências positivas que pode proporcionar. Estabelecendo, assim, um

relacionamento harmonioso e prazeroso com a criança, levando-a a vencer

suas dificuldades”. (Professora Fátima)

Os educadores acham que a relação professor e aluno devem ser

envolvidas por sentimentos bons, criando vínculos que trarão maior motivação

tanto para um quanto para outro.

Quanto ao conhecimento das áreas do cérebro envolvidas no sistema

emocional, a maioria apresentou ter algum conhecimento sobre o sistema

límbico e a Neurociência Pedagógica. E os que não têm informações sobre o

tema demonstraram-se interessados.

Ambos acham o conhecimento relevante para ajudar na sua prática

pedagógica, contribuindo para um melhor entendimento do seu aluno, este que

é único e tem suas especificidades.

Destacaram também que nessa relação emocional, tanto para manter a

identidade quanto autonomia de ambos o diálogo é extremamente importante.

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“Através de conversas abertas em momentos de conflitos buscando

sempre o entendimento de regras da relação e desenvolvendo a aceitação

mútua. O diálogo é uma excelente ferramenta para o conhecimento

interpessoal e que leva a afirmação da própria identidade enquanto conhece e

aceita o outro”. (Professora Roselani)

Deixaram claro que na sua prática a relação emoção e aprendizagem

ocorrem de forma alegre, dialógica, lúdica e de cumplicidade. Avaliando e se

avaliando, transmitindo e recebendo conhecimentos e valores. E contando

também com o grupo de profissionais da escola, pois o aluno é de todos,

sendo um trabalho coletivo.

[...] a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um

em particular é constante, se dá o tempo todo, seja na sala de aula ou no

pátio, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os

objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente. Essa inter-

relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento.

(SALTINI, 2008, p.100)

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BIBLIOGRAFIA CITADA

1 - ALBUQUERQUE, Emanuel Pedro Viana. Memória Implícita e

Processamento. Centro de Estudos em Educação e Psicologia, Instituto de

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2-ALMEIDA. Ana Rita de. A emoção na sala de aula. S.P: Papirus, 1999

3-AMARAL, J.R.e OLIVEIRA J.M. Principios de Neurociência.S.P: Tecnopress,

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4-AUSUBEL D.P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. S.P:

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6-DAMÁSIO A.O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. S.P:

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2003.

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9- A Arte de Esquecer: Cérebro, Memória e Esquecimento. P.A:

Ed. Vieira&Lent:2007..

10-LIMA Elvira Souza. Desenvolvimento e Aprendizagem na Escola: Aspectos

culturais, Neurológicos e Psicológicos. Rio de Janeiro. Ed.Sobradinho, 1997.

11-MATLIN, M. W. Psicologia Cognitiva. R.J: Ed.LTC, 2004.

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12-PIAGET J.O nascimento da Inteligência na criança. R.J: Zahar, 1975.

13-RELVAS Marta Pires. Neurociência na prática pedagógica. R.J: Wak

Editora, 2012.

14- Neurociências e transtornos de aprendizagem: as

múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. R.J: Wak Ed. 2011.

15- Neurociência e Educação, gêneros e potencialidades na

sala de aula. R.J: Wak Ed. 2010.

16-SALTINI C. Afetividade e Inteligência: A emoção na educação. 5ed. R.J:

Wak Editora, 2008.

17-SCHMECK, R.R.Learning styles of colleges students. In R.F.Dillon e

R.R.Schmeck (Eds).Individual differences in cognition.Vol.I.Academic Press.

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18-STERNBERG Robert J. –Psicologia Cognitiva - Porto Alegre: Artes Médicas

Sul, 2000.

19-SOBOTTA, J. Atlas de anatomía Humana. S.P: Guanabara Koogan, 1993.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

DESVENDANDO O CÉREBRO EMOCIONAL 10

1.1 - Conceitos de cérebro 10

1.2 – Circuitos das emoções-Sistema límbico 12

CAPÍTULO II

EMOÇÃO, SENTIMENTO E MEMÓRIA. 19

2.1 – Emoção e Sentimento 19

2.1.1 – Emoções 19

2.1.2-Sentimentos 20

2.2-Perspectivas Históricas 21

2.3-Neurotransmissores 23

2.4-Memória 24

2.4.1-Tipos de memória 25

2.4.2-Esquecimento 29

CAPÍTULO III

MEMÓRIA, APRENDIZAGEM E EMOÇÃO

-RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO. 31

3.1-Memória e aprendizagem 31

3.1.1-Atenção 34

3.1.2-Motivação 35

3.2-Relação Professor /aluno no processo emocional 35

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CONCLUSÃO 40

ANEXO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

BIBLIOGRAFIA CITADA 46

ÍNDICE 48