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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O GESTOR E O REFLEXO DE SUAS AÇÕES NO RESULTADO DO
TRABALHO DOS DOCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL NA
ESCOLA PARTICULAR
POR ISABEL CRISTINA MONTEIRO DA COSTA TINOCO
ORIENTADOR PROF. M. S. NILSON GUEDES DE FREITAS
NITERÓI
2006
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O GESTOR E O REFLEXO DE SUAS AÇÕES NO RESULTADO DO
TRABALHO DOS DOCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL NA
ESCOLA PARTICULAR
Monografia apresentada para obtenção parcial do título
de especialista no curso de pós-graduação em administração
escolar, com o orientador prof. M. S. Nilson Guedes de
Freitas.
POR ISABEL CRISTINA MONTEIRO DA COSTA TINOCO
Niterói
2006
3
AGRADECIMENTO
A Deus por ter me conduzido até aqui, a todos que contribuíram de alguma forma para ampliar meus conhecimentos e principalmente ao meu marido J.J. Tinoco, que participou ativamente com sua presença e paciência de todo o processo de construção deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Ao meu marido, J.J. Tinoco, por ser ele o
grande escudeiro das minhas batalhas e
aos meus alunos, pois é para eles que
sonho uma escola cada vez melhor.
5
EPÍGRAFE
Só a verdadeira educação,
proporciona o crescimento de uma nação.
Autor desconhecido.
6
RESUMO
A sociedade hoje vive num acelerado processo de modernização dos seus valores e atitudes. Este fato reflete diretamente nas escolas e seus membros, afinal o meio social mais intenso do jovem é seu universo escolar. Por isso este trabalho procura dirimir um problema que pode parecer simples mas não o é: Como o gestor pode influenciar o profissional de educação que está sob sua administração? Afinal, é dele que saem as decisões referentes à sua escola. É feita uma análise de como os profissionais de sala de aula serão influenciados pelos seus respectivos diretores, pois, os docentes precisam da parceria dele para que suas idéias e atitudes possam ser colocadas em prática. Então precisamos analisar as ações do gestor que influenciará direta ou indiretamente o resultado do trabalho no seu corpo docente, delimitando este estudo, nas escolas particulares de São Gonçalo do ensino fundamental, segundo ciclo. Isso porque em municípios considerados mais pobres os recursos de modernidade demoram mais a chegar e é preciso que os profissionais de educação se esforcem mais para torna-los acessíveis aos seus alunos. É impossível imaginar um sucesso dos professores de uma forma geral sem a participação efetiva do gestor. Neste trabalho, teóricos como José Carlos Libâneo, Gabriel Chalita, Augusto Cury, Tânia Zagury, entre outros, foram utilizados para a defesa das idéias aqui colocadas. A partir de pesquisas bibliográficas pode-se enxergar que a qualidade de nossa educação só será alcançada com a evolução ideológica de todos os educadores, estando em gabinete ou em sala de aula.
Palavras-chaves: conscientização, parceria, modernização, educação, aluno.
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................08
2. CAPÍTULO 1.......................................................................................................11
3. CAPÍTULO 2.......................................................................................................17
4. CAPÍTULO 3.......................................................................................................25
5. CAPÍTULO 4.......................................................................................................36
6. CONCLUSÃO.....................................................................................................42
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA........................................................................46
8. ANEXO...............................................................................................................48
9. ÍNDICE................................................................................................................49
10. FOLHA DE AVALIAÇÃO...................................................................................51
8
INTRODUÇÃO
O professor desempenha um trabalho onde a construção do conhecimento
tem de ser feita e acompanhada passo a passo junto a sua matéria prima, o
aluno, de forma intensa, constante e objetiva. Para tanto, é necessário um
conjunto de condições e situações que façam o objetivo de seu trabalho ser
considerado alcançado.
Levando em consideração que o aluno é um ser pensante, que tem
raciocínio e vontade própria, e além de tudo está inserido num contexto de
avanços tecnológicos relâmpagos, estrutura familiar voltada para o trabalho de
pai e mãe, deixando-o mais vulnerável a toda e qualquer interesse mais
descompromissado, é importante entender que a esse aluno é preciso trocar
energias e estímulos. É preciso que haja uma interação professor/aluno, para que
não exista um abismo entre o conhecimento e o objeto a ser conhecido. Que a
escola em que estuda seja um reflexo real do que acontece no mundo em que
vive, com todos os aspectos positivos e negativos fazendo-o além de aprender
conhecimentos específicos de disciplinas, também possa vivenciar aquilo que lhe
será exigido ao se deparar no mercado de trabalho.
Normalmente é exigido do professor o estímulo ao aluno, a cobrança de
notas de aprovação, criatividade, dinamismo. Porém, será que os professores
estão recebendo condições para exercer plenamente aquilo que lhe é exigido?
Como o gestor pode influenciar o profissional de educação que está sob sua
administração? Pode ser que positivamente, pode ser que negativamente. Mas o
que se deve levar em conta, é que nestes novos tempos dos novos alunos o
professor precisa cada vez mais da participação do seu gestor escolar. É preciso
que este gestor esteja em afinação com seu corpo docente, para que este possa
executar suas tarefas e ainda atingir o interesse de seus alunos.
9 Não se pode mais aceitar aquele tipo de administrador escolar que usa
frases como: “no meu tempo era assim e agora tem de ser também...”, ou “Na
minha época eu dava zero e acabou...”. Estas situações não existem no mundo
de hoje simplesmente porque o aluno não é o mesmo do de antigamente. Não
por superioridade ou inferioridade de um ou de outro, mas por uma questão de
evolução comportamental da própria sociedade em que vive. Os tempos são
outros, assim como a sociedade, escola, os pais, os alunos e os professores.
Então há de ser também outros tempos para os antigos administradores
escolares, que por sinal, hoje são gestores escolares.
A razão deste trabalho é analisar as ações do gestor que influenciará
direta ou indiretamente o resultado do trabalho no seu corpo docente. Fazer ver
aos gestores que sua função não está restrita em seus gabinetes com balanços e
contas a pagar e a receber. Mas sim, que além da sua função administrativa
econômica é preciso que se tenha o olhar no aluno e nas mudanças que fazem
parte dos novos tempos. A modernização de suas ações será fundamental para a
sobrevivência das escolas particulares, uma vez que a concorrência aumenta, e
na constante busca por novas matrículas, pecará aquele que não oferecer um
colégio dentro do perfil do mundo novo que cerca nossos adolescentes.
Esta análise está delimitada no ensino fundamental, segundo ciclo, nas
escolas particulares da cidade de São Gonçalo e para tanto foram feitas pesquisas
bibliográficas que fundamentam as idéias apresentadas.
Para que todos o grupos envolvidos no processo de aprendizado fossem
bem entendidos, os objetivos específicos estão divididos e se propõem a partir do
detalhamento das questões formadoras educacionais explicitar os elementos que
levarão ao questionamento principal deste trabalho.
No primeiro capítulo, a preocupação será de entender o cenário sócio-
político dos anos da ditadura e inseri-lo na realidade da administração escolar no
período de 1964 aos anos de redemocratização até 2005. Assim será possível ao
10 leitor identificar a natureza ideológica do gestor quanto ao seu entendimento sobre
educação a partir da sua própria formação escolar e ainda toda a estrutura política
que a envolvia na época.
No segundo capítulo o objetivo é mostrar de que forma os profissionais de
educação de hoje obtiveram suas formações acadêmicas, tendo que conviver com
a repressão político-ideológica da época, e que tipo de educador temos hoje em
nossas escolas. Tanto quanto os gestores, é preciso também fazer um
acompanhamento quanto ao professor que está em sala de aula hoje, no período
em que recebeu a sua educação escolar. Ou seja, o professor também sofreu
influências políticas, porém em outro período do Brasil. Ele é mais jovem, portanto,
mais próximo cronologicamente de seus alunos e então é preciso estudar o
comportamento deste professor.
No terceiro capítulo busca-se identificar o comportamento dos alunos e a
sua relação com a escola no período em que suas atitudes eram severamente
controladas e punidas, caso mostrassem qualquer desajuste ao que determinava
o sistema militar de 1964 e comparar esses alunos aos de hoje, que possuem total
liberdade de ação e expressão. Esta comparação existe justamente para ressaltar
a mudança da sociedade e os seus valores que refletem diretamente sobre o
comportamento dos jovens, exigindo de uma maneira indireta que os profissionais
que trabalham com eles também passem a se reajustar aos valores modernos.
O quarto capítulo pretende provar que o atual administrador escolar, precisa
de uma constante atualização para que nos dias atuais ele possa ser para o seu
professor um grande instrumento de atuação junto aos alunos, que por terem uma
vida totalmente livre, precisa de profissionais em sintonia com suas novas
aspirações e comportamento. Este capítulo busca uma união entre
administradores, professores, pais e alunos para que a educação se faça de
maneira verdadeira.
11
1 – A ESCOLA E SEUS GESTORES NO PERÍODO DE 1964
A 2005.
Foi, portanto, a partir dos problemas da moderna organização que se procurou definir a função administrativa, tentando-se interpretá-la como um instrumento indispensável à estrutura geral das organizações, a fim de permitir a realização dos objetivos propostos. Em nenhum momento a função administrativa deveria ser vista como um fim, mas sempre, necessariamente, como um meio para a existência da organização e para realização de seus propósitos (Alonso,1973, p.130).
A partir do que se entende por administrar e ser um administrador pode-se
buscar um caminho onde a escola alcance o seu grande objetivo, que é educação.
Pode, num primeiro momento, parecer uma mistura heterogênea impossível
de se tornar uma coisa só. Mas se houver uma análise profunda e racional, logo
se pode ver a relação entre a administração geral e a administração escolar.
Enquanto a administração geral está voltada para o sucesso das empresas,
a administração escolar está voltada para o sucesso da escola como empresa e
como educadora. Por isso, não se pode ignorar os conceitos e atitudes colocadas
em práticas no âmbito empresarial como elementos infinitamente úteis, criando
recursos para que haja um trabalho educacional paralelo.
Dito isto, fica entendido que é necessário ao administrador escolar um
conhecimento sobre administração de empresas que lhe será bastante válido em
momentos de decisões práticas. Porém, isso basta para fazer do administrador um
sucesso? Não. É preciso que saiba olhar, enxergar o mundo, para que suas ações
estejam acompanhando as mudanças que hoje em dia são quase instantâneas.
Precisa que pratique uma administração onde seus valores e suas opiniões sejam
passíveis de mudanças, desde que coerentes e racionais. Precisa que os seus
subordinados não o olhem como peça de museu, mas sim como um chip ligado ao
mundo.
12 Colocado desta forma, parece fácil e óbvio. Porém não tão fácil nem tão
óbvio assim. Isso porque na comunidade de São Gonçalo, existe um universo de
escolas particulares de ensino fundamental bastante grande. Várias com muitos
anos de vida e outras mais jovens, porém já consolidadas. Neste universo
referido, encontra-se os respectivos donos das escolas, na função de direção, ou
administração, ou gestão. São estes donos de escolas que exercem o poder de
mando que é preciso analisar, pois estas pessoas tiveram em sua formação
escolar um período de repressão da liberdade e podem hoje estar agindo sob uma
influência muito grande do período da ditadura.
1.1- O Diretor de hoje, enquanto estudante ontem.
Levando em consideração que o período de ditadura oficialmente acabou
em 1985 e iniciou-se em 1964, temos então um período de 21 anos de controle
ideológico. E se considerarmos que entre 1985 e os dias atuais, temos 20 anos,
podemos concluir que qualquer dirigente atual com pelo menos 35 anos recebeu
diretamente uma educação repressiva, em momentos importantes de formação da
sua capacidade ideológica, racional e política. Como ele irá atuar hoje? Depende
do que foi assimilado, uma vez que no período repressivo em questão, o direito à
educação ainda estava muito ligado â posição social. Isso significa que os valores
das classes mais abastadas se perpetuavam na medida que saíam delas os novos
governantes, políticos, empresários, donos de escolas, sendo estes últimos
aliados aos primeiros, os principais responsáveis pela limitação do saber. A
ignorância da população ou o aprendizado com limites, eram interessantes para
as elites.
No processo de degradação das atividades profissionais do educador escolar, com a conseqüente desqualificação de seu trabalho e o aviltamento de seus salários, deu-se algo de semelhante: na medida em que não interessava à classe detentora do poder político e econômico, pelo menos no que diz respeito à generalização para as massas trabalhadoras, mais que um ensino de baixíssima qualidade, o Estado, como porta-voz dos interesses dessa classe, passou a dar cada vez menor importância à educação (...), endereçando para aí recursos
13 progressivamente mais insuficientes e descuidando cada vez mais das condições em que se realizava o ensino de massa (Paro, 1987, p.131).
Quando o governo não age na educação pública, as massas populares
ficam desamparadas, restando para as escolas particulares ocuparem uma fatia
deste mercado. Porém, quem procura a escola particular não é o pobre e sim a
classe média, que desta forma ajuda ao governo a controlar o povo através de sua
ignorância.
Quando se identifica falha do governo na educação pública é percebido que
a massa da população pobre, que precisa da ação do governo neste setor, acaba
sendo prejudicada. Isso porque não existe um programa curricular capaz de
alcançar um nível de aprendizado real sobre as crianças nas escolas
matriculadas. Ainda existe o problema da má remuneração do professor, falta de
melhores condições materiais de trabalho e ausência de políticas educacionais.
Neste universo de problemas na escola pública, surge então a escola
particular como redentora. Esta escola possui maior cuidado em sua composição
curricular e pedagógica. Tem também profissionais com capacitação elevada e
praticada, transformando-se então numa melhor opção para os pais que desejam
uma educação de qualidade para seus filhos. Porém, este privilégio de pagar pelo
ensino é restrito a um universo pequeno de brasileiros. A grande maioria da
população está fora da chance de pagar uma escola particular. Então, toda a
classe baixa se concentra na escola pública.
Esta realidade ajuda à consolidação das elites que estão no poder. Para
esses representantes da classe alta, é interessante que esse sistema se perpetue,
pois, é através da ignorância promovida pelo fraco desempenho da escola pública,
manipulada pelas ações do governo, é que sempre se poderá conduzir “o rebanho
popular” para onde as elites quiserem, uma vez que, a população não consegue
perceber que o que lhe é oferecido está muito aquém do que poderia ser.
14 Este fato fica ainda mais evidente se levarmos em consideração que São
Gonçalo é uma cidade pobre, considerada dormitório e por muitas vezes
confundida como periferia de Niterói. Sua população durante anos e anos foi
excluída do direito à educação e isso favoreceu tantas escolas particulares.
Foram destas elites, com raras exceções, que saíram os nossos atuais
diretores. Quanto mais jovem ele estiver hoje, maiores serão as chances de
transformar sua administração em gestão. Quanto mais velho estiver hoje,
maiores serão as chances de serem diretores autoritários. Vejamos como isso se
processa:
Por exemplo, um estudante que serviu o exército no auge da ditadura, aos
18 anos, suficientemente novo para sucumbir à autoridade militar. No início dos
anos 70 ele entra na universidade buscando a formação acadêmica em
licenciatura. Acostuma-se a perceber entre as pessoas que freqüentam as aulas,
possíveis informantes do SNI (Serviço Nacional de Informação), e por este motivo
evita qualquer assunto polêmico ou questionador, fato este muito bem aprendido
nos tempos de serviço militar. Sai da universidade pronto para ministrar as aulas
para o qual se formou, porém os valores repressores da ditadura já estão dentro
dele totalmente assimilado. É o período do milagre econômico, período em que a
classe média se fartou graças ao governo militar. É fácil concluir que sendo ele
originalmente da classe média, formado academicamente dentro dos valores da
classe média e sendo o governo militar um facilitador da classe média, este
indivíduo irá cultuar e praticar os valores a que foi condicionado em sua vida
inteira. Nos dias de hoje, este senhor de mais de 55 anos, poderá estar dentro de
uma escolar particular, onde seu compromisso legal será com as regras da
educação, impostas pelo governo federal, porém com um comportamento
totalmente autoritário, achando que esta é a melhor forma de administrar. Ele
exige e não ouve, justamente porque não considera isso importante. Para ele,
sempre a solução para qualquer questão é a sua opinião ou o que acha que é
certo.
15 Este perfil de administrador está dentro do que se propunha o regime militar
para os estudantes da época.
Todas as formas de vigilância contra quaisquer tentativas de “subversão” exerceram influência muito forte na formação das pessoas, especialmente da juventude, impedida do livre exercício da contestação e do debate em torno das questões políticas. Conforme o entendimento dos militares, constituíam atos subversivos as manifestações de natureza política que não estivessem devidamente sintonizadas com os “objetivos nacionais”. As conseqüências, embora possam ter sido maiores na fase mais dura do regime militar, não se limitaram àquele período. Elas permanecem de alguma forma presentes até hoje, principalmente no discurso saudosista dos que não conseguem ou não querem compreender o preço pago pelo desenvolvimento gerado após o Golpe de 64 (Colares, 2003, p.35).
Aliada a toda essa realidade política massacrante, os diretores de escolas
da época repetiam em seus gabinetes a repressão e o autoritarismo do governo
central, mesmo estando ele dentro de escola particular, de sua propriedade ou
não, num município de baixa renda como São Gonçalo. Este administrador era o
representante das idéias de direita dentro de sua escola.
Este diretor, braço de apoio do governo militar, foi um instrumento
importante para a construção dos profissionais filhos da ditadura. Podemos
perceber esta realidade se analisarmos entre tantas outras práticas da época uma
em que o diretor possuía em seu gabinete um recurso de áudio que permitia a ele
ouvir o que se passava em aula. Se detectasse um comportamento subversivo,
entregava para as autoridades militares. Este exemplo direciona como estes
alunos da época estavam cerceados de seus direitos de liberdade de expressão.
Quanto à capacidade de pensamento, também estava comprometida, uma vez
que, a construção do raciocínio lógico, crítico e racional forma-se em 80% na
escola, o que não pôde ocorrer com esses estudantes. Esses “filhotes da
ditadura”, hoje são adultos comandando nossas escolas. Para eles, administrar
tem tudo a ver com o que viu, sentiu, assimilou. Porém hoje, eles não podem mais
manter essa característica autoritária, sob pena de fechar as portas de sua escola.
16 Mas embora percebendo a modernidade batendo em sua porta, não é fácil
para eles abrirem mão de conceitos e valores que estão fortemente construídos
em suas personalidades e passem a agir de forma democrática e aberta. Quanto
mais velho, mais difícil é.
Este diretor atua de acordo com a tendência liberal tradicional, ou seja, não
há interação aluno/professor/escola. Os conteúdos não levam em consideração a
experiência do aluno. São passados de maneira mecânica.
(...) Os programas, então, devem ser dados numa progressão lógica,
estabelecida pelo adulto, sem levar em conta as características próprias
de cada idade. A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para o
que se recorre freqüentemente à coação ( Libâneo, 2003, p.24).
No entanto, professores, alunos, pais, ou seja, toda a comunidade escolar,
deseja estar inserida nos assuntos escolares. Querem opinar, questionar, ajudar.
Querem realmente tornarem-se participantes ativos na escola. Além deste novo
comportamento daqueles que compõem o universo escolar, vimos também que os
recursos utilizados pelos profissionais já não podem se restringir à oratória,
apontamentos, questionários. O investimento também deve acompanhar esta
mudança comportamental, coisa que dependendo do administrador pode ser
considerado totalmente dispensável. Este tipo de administrador mesmo tendo
evasão terá muita dificuldade de enxergar nele próprio o problema de sua escola.
Diante dos fatos analisados não dá para aceitar a estagnação, a mesmice,
a centralização de poder, o atraso. Qualquer escola hoje precisa de um
governante que olhe sempre para frente, usando o passado apenas como
condição de agregação de experiências. Repetir o que é bom para o administrador
e os administrados e ignorar ou não praticar qualquer ato que não seja
reconhecido como bom por pelo menos a maioria.
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2. A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DO ENSINO
FUNDAMENTAL DE 1964 A 2005
Estamos diante da necessidade da construção de uma prática renovadora em que a tarefa do aprender/fazer é de importância superior ao transmitir. Um dos grandes desafios é rever a concepção de currículo, romper os limites positivistas, concebendo o conhecimento como uma construção dinâmica a partir de novos suportes teóricos, pois somente a atualização intelectual dos educadores fertilizará a escola com as novas contribuições científicas, filosóficas e tecnológicas (Marinho, 2005, p.57).
Os professores dos dias atuais se vêem diante de uma realidade que por
muitas vezes apresentam-se incoerentes. Isso acontece quando se percebe que a
ele já não basta mais sua graduação normal e o conhecimento adquirido ao longo
do processo de sua formação. Ele precisa de elementos em sua tarefa de ensinar
que misturam criatividade, leveza, interação, enfim, recursos que não faziam parte
do dia a dia do professor/aluno alguns anos atrás.
O universo de profissionais de educação é enorme. E dentro deste
universo, são encontrados os mais diferentes estilos, pensamentos, formações,
condutas. Mas o que fazer para unir as diferenças e usá-las a favor da educação?
Só será possível responder a esta pergunta analisando a formação do profissional.
2.1. As Influências sofridas durante a formação do professor.
Pode-se creditar o nível de profissional que está dentro de sala de aula, à
sua própria capacidade de busca de aprendizado, aprimoramento profissional e
comprometimento ético. Isso porque desde a época imperial o Brasil sempre
relacionou formação acadêmica com posição social. Mesmo posteriormente, com
a independência, só aquele que tivesse renda, poderia se dedicar aos estudos. A
massa populacional pobre, se destinava ao trabalho braçal. O mesmo ocorrendo
após a República. Ou seja, educação no Brasil sempre esteve de braço dado com
a condição econômico social daquele que a estava recebendo.
18 Os tempos avançaram e vimos uma série de medidas ora reformadoras, ora
modernas, ora revolucionárias. Porém, em nenhuma delas houve uma
preocupação real em dar capacitação universitária aos mais pobres.
Dentro destas políticas educacionais elitistas, os componentes curriculares
acadêmicos estavam voltados para o ideal do governo central. Este fato remete ao
grande problema que a maioria do professor de hoje deve conviver: ele não foi
informado. Ele aprendeu menos do que deveria. Ele foi “condicionado” dentro do
que era interessante para o governante do momento. Ou seja, se para o governo
da época não fosse interessante uma população politizada, então os professores
jamais iriam discutir as ideologias deste ou daquele movimento, ou partido político.
A criança no banco escolar aprendia que política é chato sendo desestimulada a
falar sobre ela. Este fato está inserido sutilmente em todo o jogo de poder que usa
o Ministério de Educação para controlar ostensivamente ou discretamente o que é
ensinado na sala de aula.
É esta a educação recebida pelo professor atual enquanto criança. Essa é
uma realidade de todos os profissionais de educação independente do período em
que viveu sua formação escolar, com exceção daqueles que não se detiveram aos
bancos escolares. Aqueles que foram buscar aquilo que os currículos tradicionais
não os completavam como profissionais.
Hoje, com o estudo concluído, podemos afirmar que, do nosso ponto de vista, competente é o professor que, sentindo-se politicamente comprometido com seu aluno, conhece e utiliza adequadamente os recursos capazes de lhes propiciar uma aprendizagem real e plena de sentido. Competente é o professor que tudo faz para tornar seu aluno um cidadão crítico e bem-informado, em condições de compreender e atuar no mundo em que vive (Moisés, 2003, p.15).
Estes professores acabam destoando da grande maioria. Esta sim, limitada e grande propagadora da ordem vigente.
E a sala de aula? Mudou? Continuou como estava? A resposta é: depende.
Depende de como o professor olhou para a sua própria formação. Aquele que foi
buscar especialização, aprimoramento, experiências fora e dentro de sala de aula,
19 aumentou o seu campo de aprendizado e trabalho. Sua capacidade de
compreensão e percepção do aluno ficou mais aguçada. Provavelmente se tornou
um profissional sintonizado com as mudanças do mundo e certamente levou e
levará para a sua aula os elementos de dinamismo que desenvolveu durante seu
processo de aperfeiçoamento. Construiu para si um caminho menos espinhoso
para trilhar com seus alunos. Ele terá condições de montar projetos, atividades,
trabalhos complementares, propondo sempre uma educação realmente moderna.
É o professor moderno. Mesmo que tenha sido limitado no período da ditadura
militar ou pelos governos elitistas que sempre estiveram no poder, vai conseguir
ultrapassar a barreira que impedia a informação plena na educação.
Diante da conduta deste profissional dinâmico, atual, vibrante, existe uma
resposta muito positiva do seu alunado. Isso porque este último não o enxerga
como aquele professor pesado, tradicional, cheio de verdades absolutas sem
direito a questionamentos, mas sim, como alguém que o estimula a buscar o novo,
o desconhecido, o incompleto. Este professor tem uma convivência bastante
harmônica com seu aluno, conseguindo até que ele em muitas vezes se interesse
por assuntos que antes não dava valor.
Identificamos este professor dentro da Tendência Liberal Renovada,
classificada como uma proposta de “ensino que valorize a auto-educação, a
experiência direta sobre o meio pela atividade; um ensino centrado no aluno e no
grupo”( LIBÂNEO, 2002,). Isso porque este professor interage de tal forma com
seu aluno, que passa a ser um orientador intelectual deixando para trás a figura
didática do professor tradicional.
Dentro das tendências liberais renovadas de Libâneo, classifica-se esta
situação retratada em progressivista, onde a relação professor/aluno é de total
harmonia e estímulo ao aprendizado. Aprendizado este que é motivado através de
“estímulo do problema e das disposições internas e interesses do aluno”
(LIBÂNEO, 2002).
20 Não há lugar privilegiado para o professor; antes, seu papel é auxiliar o
desenvolvimento livre e espontâneo da criança; se intervem, é para dar forma ao raciocínio dela. A disciplina surge de uma tomada de consciência dos limites da vida grupal; assim, o aluno disciplinado é aquele que é solidário, participante, respeitador das regras do grupo. Para se garantir um clima harmonioso dentro da sala de aula é indispensável um relacionamento positivo entre professores e alunos, uma forma de instaurar a “vivência democrática” tal qual deve ser a vida em sociedade (Libâneo, 2002, p.26).
É preciso que a escola seja progressivista também, pois “a finalidade da
escola é adequar as necessidades individuais ao meio social e por isso, ela deve
se organizar de forma a retratar o quanto possível, a vida” (LIBÂNEO, 2002).
Lógico que a este profissional será preciso adesão da comunidade escolar
em que estiver inserido. Não importa se é formado a 20, 10, 05 ou 02 anos. O
que interessa é como ele se colocou profissionalmente neste período. A formação
universitária teve uma data limite final, mas a sua formação pedagógica é de
constante aprendizado e este é o seu diferencial.
Enquanto estava dentro da cronologia de sua graduação, foi buscar uma
capacitação profissional oficial, ou seja, seu registro. Mas não foi o seu limite. Não
foi a sua plenitude. Para ele, foi preciso e ainda é preciso aprender mais.
Aperfeiçoar e conhecer técnicas de aprendizado. Desenvolver fórmulas e formas
de estreitar cada vez mais o caminho entre ensino/aprendizagem.
O professor descrito acima é aquele a que se pode chamar de atual. Mas
estes profissionais ainda são exceções. A grande parcela de nossos educadores
possui uma conduta bem diversa. Partindo-se do princípio que em ambos os
casos o tipo de formação escolar foi idêntica (elitista, repressora, limitada etc), viu-
se na primeira situação, o professor que se inquieta e não aceita o saber pouco.
Já na situação que será agora relatada, existe um profissional em formação
que acata cada ensinamento proferido, com questionamento bastante tímido.
Aprende o que lhe é oferecido e passa a ser um reprodutor do modelo em que ele
mesmo foi vítima. Nesse professor o comportamento é bastante adverso em
21 relação ao primeiro, tendo em vista que, sua escolha foi de ser o sujeito passivo
de sua capacitação profissional. Neste contexto, percebe-se que o tipo de
formação recebida é a que Libâneo caracteriza como Tendência Liberal
Tradicional, e que agora graduado passa a repetir. Basta analisar o fato deste
profissional está repassando uma atitude conteudista, valorizando aquele aluno
mais capaz de atingir as matérias propostas. Não se preocupa em anexar às suas
aulas a experiência do aluno e as realidades sociais em que vive, mas sim em
acrescentar cada vez mais conteúdos que valorizarão sua capacidade intelectual
que ele entende, que é o que se é alcançado quando se tem um acúmulo de
informação e conhecimento.
O relacionamento professo/aluno dentro da tendência liberal
tradicional é estritamente unilateral, o professor sabe e o aluno aprende.
Predomina a autoridade do professor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer comunicação entre eles no decorrer da aula. O professor transmite o conteúdo na forma de verdade a ser absorvida; em conseqüência, a disciplina imposta é o meio mais eficaz para assegurar a atenção e o silêncio (Libâneo, 2002, p.24).
Muitos dos nossos educadores durante seu processo de formação
acadêmica sofreram a mesma pressão do sistema político sobre a educação.
Porém, estes atuais professores enquanto estudantes, absorveram as meias
informações como inteiras, entenderam como certo o autoritarismo tão típico em
época da ditadura, não questionaram ou não perceberam que seu próprio
professor passava um conhecimento limitado ou porque não podia fazer de
maneira ampla, ou porque não sabia mesmo.
De modo geral, o conteúdo ministrado nos estabelecimentos de ensino era impregnado de valores e informações que faziam a apologia ao Regime Militar. Pouca crítica a esse conteúdo era feita, uma vez que direta ou indiretamente sofria o rigoroso controle dos órgãos de censura, assim como eram censuradas as publicações de livros didáticos e outras obras de natureza reflexiva, bem como as músicas e as peças teatrais cujo conteúdo expressava algum indício que pudesse ser entendido como ofensivo ao regime (Colares, 2003, p.70).
22 Este profissional é altamente influenciável, tem sua formação acadêmica
extremamente frágil e é incapaz de mudar o rumo de sua própria história.
Colocando a questão de uma maneira crua e objetiva pode-se por vezes
confundir este profissional de formação limitada com profissionais de fraca
capacidade intelectual. Não é o caso. O que existe é um sistema suficiente forte
capaz de arrastar para dentro de si até mesmo aquele que está se dedicando ao
aprendizado e ensinamento.
(...) Há falhas na sua formação que não podem ser esquecidas. Os movimentos organizados que hoje se fazem presentes em todo o Brasil em torno da questão da formação do educador dão testemunho não só das falhas a que nos referimos, como também das soluções que estão sendo procuradas, quer no plano pedagógico, quer no político institucional (Moisés, 2003, p.19).
Dentro deste quadro, nasce um educador totalmente despreparado para
educar. Provavelmente irá manter um “distanciamento seguro” em relação ao seu
aluno, justamente para que não seja interpelado, inquirido ou questionado. O que
ele terá medo não é da pergunta em si, mas o seu temor é não ter segurança
suficiente em seu próprio conhecimento para se colocar numa posição de dar
respostas corretas.
O risco que se corre é de ser ele capaz de construir um conhecimento em
seu aluno, que não o torne capaz de raciocínio próprio ou entendimento pleno do
seu redor. O “bitolamento” que poderá ocorrer no aluno é reflexo direto do próprio
“bitolamento” do professor.
O professor é um grande formador de opinião. Dependendo do que ele
pensa ou se expressa, ele pode arrebanhar para junto de si, muitos daqueles que
o ouve. Diante disso, como se comportar diante de alguém de conhecimento
resumido numa posição tão intelectualmente privilegiada que é a de professor.
2.2. Professor Tradicional e Professor Moderno: caminhos
opostos.
23 Pode-se perceber diante dos questionamentos propostos tanto ao professor
tradicional quanto ao professor moderno que a formação acadêmica está bastante
semelhante no que diz respeito à graduação, porém o resultado final desta
formação foi bastante diferente visto que o caminho trilhado por ambos foi
antagônico.
A nenhum deles pode-se caracterizar incapacidade ou superioridade
intelectual. O que existe é um comprometimento com a qualidade individual maior
em um do que em outro. Muitas vezes essa passividade surge de forma
inconsciente, e é muito difícil uma mudança na maneira de agir, justamente
porque falta consciência do fato.
O professor quando inicia o seu trabalho é colocado diante de si todo um
projeto político pedagógico (documento de identificação das diretrizes estratégicas
da instituição de ensino e das propostas pedagógicas por segmento, bem como a
filosofia na qual está embasada e todo o processo educativo em que a escola
pretende se desenvolver). Este PPP tem como principal objetivo construir o
caminho para que o corpo docente e discente por ali transitem e cheguem a um
objetivo comum que é o objetivo maior da escola: o aprendizado. Porém, muitas
vezes ele não está de acordo com a realidade local. Em muitos casos são feitos
por teóricos de educação que não acompanham a realidade do dia a dia escolar e
por isso criam diretrizes que nem sempre condizem com o que se vive dentro e
fora da escola. Outras vezes se encontra tendo que cumprir uma grade curricular
que não tem valor prático na vida diária do aluno enquanto cidadão. Estas
situações são por muitas vezes responsáveis pelo sucumbir do professor ao
sistema.
(...) vale dizer que tanto nas escolas da rede pública como nas da rede privada – com raras exceções – ainda predomina o saber enciclopédico, descolado de realidade, que pouco valia tem para a construção do sujeito social (Moisés, 2003, p.33).
24 Quando o professor quebra paradigmas, quando busca construir um novo
caminho junto com seu aluno, quando busca resolver problemas ao invés de
apenas levantar questionamentos, usa os projetos políticos pedagógicos e
currículos inserindo-os no contexto social do aluno, temos então um professor
moderno.
Quando o professor se rende aos currículos e planejamentos impostos,
quando baseia sua aula em moldes que ele próprio viveu enquanto estudante,
quando não aceita interação e debate e sim passividade e disciplina, temos um
professor tradicional e ultrapassado. O seu resultado final poderá ficar longe do
que se é considerado satisfatório.
Todo educador tem como produto final de seu trabalho, o aluno que ele
formou. Não é possível mais responsabilizar apenas o aluno por seu insucesso e
parabenizar o professor quando o mesmo alcançava o sucesso. A participação do
professor está presente nos dois casos.
Essa matriz teórica se impõe com uma força tão avassaladora entre nós que, apesar do evidente fracasso que impera na educação em todos os níveis, ela predomina, sem encontrar grandes oponentes. Diríamos mesmo que é um paradigma tão forte, tão impregnado nos atos pedagógicos, nos conteúdos dos livros didáticos e nos conteúdos escolares, que sua ruptura está exigindo um enorme e continuado esforço daqueles que percebem sua falência (Moisés, 2003, p.31).
“O Santo Gral” do professor é a aprovação de seu aluno com um
aprendizado verdadeiro. Mas só quem consegue isso é o educador que faz de sua
profissão um objeto de busca constante de respostas. Não é fácil, uma vez que a
postura moderna é progressivista e as escolas possuem uma estrutura tradicional,
porém quebrando paradigmas, acomodações e bloqueios, o professor é o
profissional que terá maiores condições de mudar a cara e a essência da escola.
25
3. O COMPORTAMENTO E RELAÇÃO ESCOLAR DOS
ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL ENTRE 1964 A 2005.
Não se pode fazer uma análise comportamental dos alunos em questão,
sem antes identificar o universo social na qual estão inseridos. A realidade de uma
criança ou um jovem no antigo primário e ginásio respectivamente, das crianças e
jovens do ensino fundamental primeiro e segundo segmento atuais, são
antagônicas de maneira profunda.
Para que se possa levantar um questionamento sobre os dois universos é
preciso entender o seu cotidiano enquanto membro de uma sociedade.
A educação da criança em São Gonçalo variou bastante no decorrer dos
anos a partir de 1964, assim como a educação das crianças de um modo geral no
Brasil deste período. As famílias brasileiras, praticavam em seus filhos uma
educação rígida, patriarcal. Onde os princípios de moral e conduta (os bons
costumes) eram exigidos de forma incondicional. O respeito aos pais, avós, às
pessoas mais velhas, à lei, ao Estado, ao comportamento social eram da mais
profunda importância. Para que esta criança fosse considerada bem educada, não
importava o que precisasse ser feito: castigo físico, supressão de alguma vontade
ou qualquer forma de ação que punisse aquele que fosse desobediente. Os
direitos das crianças e adolescentes paravam no que os seus pais achavam que
era certo ou errado.
Nos anos 80 e 90 as crianças de 64 já eram pais e mães de suas próprias
crianças, e por terem sido por demais reprimidos permitiram tudo a seus filhos,
transformando-os em pequenos ditadores onde o limite era a própria vontade do
menor. São crianças voluntariosas que devido a pouca cobrança de seus pais se
perderam no meio de tanta liberdade. Liberdade esta que era praticada na vida
social e que por conseqüência foi levada para dentro da escola, iniciando assim
26 sérios problemas de disciplina que as escolas passaram a viver, a conviver e a
sobreviver.
As razões para que tudo isso acontecesse foram diversas e os motivos
podem ser divididos em setores: família, vida social, direitos, tecnologia, relação
escolar entre pais/alunos/escola.
3.1. A Família.
A estrutura familiar de 1964 até mais ou menos o início dos anos 80, estava
montada em cima da figura do pai, da mãe, dos filhos. Ao pai cabia prover a
família, dar todo a condição material que ela precisasse bem como sua
alimentação e estudos. À mãe cabia a educação. Era ela que deveria ensinar os
filhos a se comportar, falar baixo, sentar-se à mesa, ceder lugar aos mais velhos,
enfim, inseri-lo na sociedade. Ela não trabalhava fora e cuidava para que a casa
estivesse sempre em ordem, com todos os membros da família bem alimentados
e a organização ou administração familiar em perfeito equilíbrio.
Esta estrutura por mais paradoxal que possa parecer, se preservou muito
nas famílias de classe média não muito alta. Isso porque essas pessoas foram
criadas dentro de um pensamento que à mulher destinava-se o casamento (e toda
a estrutura comentada acima), enquanto ao homem cabia ir ganhar dinheiro para
sustentar sua família. Essas pessoas mesmo tendo que se adaptarem ao
orçamento de que dispunha o chefe familiar, não cogitavam outro tipo de vida. As
exceções vinham exatamente de quem não precisava tanto: as mulheres de
classe mais alta, que já começavam a lutar por seu espaço no mercado de
trabalho, não por precisar de dinheiro, mas por querer uma independência que os
antigos moldes não proporcionavam.
Não se pode esquecer que estão sendo situadas as famílias das crianças
deste período, portanto, seus pais pertencem a uma geração ainda mais antiga
27 com valores mais profundos. Daí todo o pensamento e forma de agir relatada
acima.
Este trabalho delimita-se no município de São Gonçalo, onde as famílias
medianas (financeiramente) possuíam esta estrutura familiar. Então é fácil
perceber que as crianças oriundas destas famílias tinham um acompanhamento
regular e conseqüentemente desenvolveram um senso de responsabilidade,
respeito, hierarquia bastante positivo. É fácil perceber então que na escola vai
haver uma participação constante de seus pais.
Também é preciso levar em conta que muitas vezes o desejo e autoridade
dos pais eram impostos à força. Neste período são comuns os castigos como um
aliado na educação.
No segundo período analisado, passamos a ver um comportamento
familiar, principalmente de pais e mães bem diferente do anterior.
O conforto não é mais importante do que a presença, o afeto. Aqueles pais que não entendem por que os filhos são rebeldes e reclamam afirmando que lhes deram tudo – viagens, melhores escolas, cursos, roupas de boas marcas, festas -, não lhes deram o essencial: atenção, carinho, amor. Então não deram nada. Quantos casais não mandam seus filhos para paraísos de férias com empregados ou amigos? Que ótimo poder viajar, mas que maravilhoso seria ter a companhia do pai e da mãe. O dinheiro não faz tudo (Chalita, 2001,p.28).
Dos anos 80 em diante, já se tem uma geração de jovens e adultos que se
tornaram pais e mães. Os dois passaram a priorizar o conforto e o prazer material,
e para isso era preciso que os dois trabalhassem para garantir financeiramente
seus desejos. Passaram a entender que seus filhos precisavam de escola,
esporte, inglês, música, etc. e para isso, dedicam a maior parte de seus tempos a
produzir dinheiro. Como estavam os dois fora, trabalhando, essas crianças
passaram a ser educadas pela empregada (quando a família não tinha posses
para ter empregada e babá), por babás ou por avós. Ou seja, a mãe não participa
ativamente da formação da personalidade de seu filho, não está mais
acompanhando o dia a dia de seu crescimento. Além da ausência materna no
28 cotidiano, as famílias passaram também a serem reduzidas, sendo comum o filho
único. A este filho é dado tudo o que de bem material este pai e mãe vão poder
dar. O tempo disponível a ele será à noite ou os finais de semana, que devido à
ausência semanal dos pais e uma culpa inconsciente, passam a permitir todas as
suas vontades criando uma criança sem limites. É importante ressaltar que não há
uma conscientização dos pais de seus próprios atos. Acreditam estar fazendo o
melhor para seu filho. Porém esta criança vai levar para a sua vida, todos os
valores que foram aprendidos durante o seu processo de formação e que teve a
participação parcial dos seus pais.
A família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar para os desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais. Os filhos se espelhando nos pais e os pais desenvolvendo a cumplicidade com os filhos (Chalita, 2001, p.20).
Não há como negar que estas crianças conseguem se posicionar diante
dos questionamentos de uma maneira mais segura, uma vez que não estão
obrigadas a repetir aquilo que seus pais acreditam ser correto. Elas terão
liberdade de escolhas e opiniões e isto fará delas adultos, pelo menos
teoricamente, mais questionador e consciente.
3.2. A Vida Social.
O período cronológico e a força biológica inerentes ao jovem são importantes. Os costumes que vão mudando à medida que ele cresce, como uma inesperada túnica inconsútil que vai lhe servir com o tempo. Os colegas que têm a mudança de voz ao mesmo tempo, a primeira namorada e o primeiro baile de formatura ou de debutante. A primeira vez que se pode dirigir o carro e ir para a farra. As primeiras aventuras, quando se é permitido ir para onde quiser, sem depender do pai ou da mãe. O poder (Chalita, 2001, p.32).
A vida social das crianças do primeiro período relatado (1964 até em torno
de 1980) estava toda ligada ao que seus pais entendiam por ser ou não
apropriado. Era comum o grupo de colegas formado por vizinhos que se tornavam
parceiros nas brincadeiras e nas traquinagens. O social destas crianças girava em
torno de seus amigos/vizinhos, amigos/primos, amigos/irmãos. Havia uma intensa
29 interação entre eles. As festas e qualquer confraternização eram acompanhadas
de seus pais. Quando chegava à adolescência era lhe permitido algumas
liberdades como saída com colegas, desde que com hora de chegar em casa. Às
moças era exigido o namoro em casa, a virgindade até o casamento, o consumo
apenas de refrigerantes e um comportamento recatado. Aos rapazes permitiam-se
os grupos de amigos, as saídas com horário de retorno um pouco mais “elástico”,
os pequenos excessos com bebidas, o cigarro (tendo que ser usado no mais
absoluto sigilo familiar) e as orgias com garotas, desde que não ofendessem a
moral das famílias. Porém, tudo isso, era sob a intensa e preocupada supervisão
da mãe, pois era ela a responsável pelos atos de seus filhos fora de casa, afinal
foi ela que os educou. Aliás este era o discurso comum dos pais, pois ele também
colocava toda a responsabilidade dos atos dos filhos nas mães.
Já as crianças do segundo período analisado (dos anos 80 até os dias
atuais) possuem uma vida social muito mais intensa, pois, os grupos de rua
continuam comuns, principalmente porque São Gonçalo é um município onde
prevalece casas como residências e gerações de famílias num mesmo bairro. As
brincadeiras e traquinagens ainda fazem parte deste grupo, o que difere são as
formas de brincar, pois, as brincadeiras de pic, roda, bandeirinha, foram
substituídas por “ataques alienígenas”, “combate aos traficantes de drogas” e
“prisão de terroristas”, tudo inspirado nos desenhos animados (por mais incrível
que pareça) e nos filmes de ação que são consumidos vorazmente por estas
crianças. Aos 12 anos tanto meninos quanto meninas já pensam em namorados.
Não os romances que viviam os adolescentes do primeiro momento, mas sim
“ficar” sem compromisso de namoro. Aos 14 anos já estão pensando e fazendo
sexo. Aos 16 anos já saem paras as festas sem nenhum tipo de controle quanto a
onde estão indo ou quanto a hora de voltar. Têm acesso à bebida, ao cigarro e às
drogas de maneira fácil. Questionam e não se comprometem com os conselhos
dados pelos mais velhos. A facilidade social não exige responsabilidade com as
coisas que lhes serão exigidos quando forem adultos. Diante deste quadro, a
30 escola passa a ser o local chato e desinteressante, que ele só freqüenta porque é
a exigência de seus pais.
O jovem não teme mais o que era tido como muito inatingível. É influenciado de todos os lados, os bons e os não tão bons. A chama da rebeldia o invade. Detesta conselho, detesta obedecer ao pai, à mãe, ao professor, ao diretor ou a qualquer outra autoridade que não se dá conta de que ele não é mais criança e muito menos adolescente (Chalita, 2001, p.33).
3.3. Os Direitos.
Os direitos das crianças, jovens e adolescentes do primeiro momento estão
todos relacionados no “estatuto individual dos seus respectivos pais”, ou seja, o
direito estava resumido ao que o pai ou mãe achava o que deveria ser ou não
para o seu filho. Sua vontade era pouco ouvida. Não se pode dizer que não podia
opinar sobre nada. Até podia. O que não podia era decidir. Isso cabia aos pais. Se
o respeito não estava condizendo com os ensinamentos dados, rapidamente havia
um castigo, onde não se importava estar ridicularizando, constrangendo,
traumatizando a criança. O importante era que ele ou ela aprendesse de uma vez
por todas o caminho que seus pais queriam que traçasse.
Não se pode esquecer que esta família está sob o governo militar e não
cabia a ninguém contestar ordem. Ordem dada, ordem cumprida! E este modelo
era reproduzido nas famílias.
Art. 3°. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros, meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4°. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, á alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (ECA, 1990, p.11).
O Estatuto da Criança e do Adolescente resume toda a gama de direitos
que se fazem presentes nos dias de hoje. A Constituição Federal, também garante
31 direitos aos jovens e crianças, principalmente a educação. Diante disso, já se
pode notar que a própria condução de suas idéias, farão desses jovens mais
respeitados, mais ouvidos e mais dinâmicos. Terão um posicionamento de
igualdade perante seus pais, avós, professores, amigos, vizinhos, enfim, todos
aqueles que compartilham ou compartilharam do seu crescimento. Terá um pouco
de dificuldade de entender que não é só ele que tem direitos, mas sim todo o
cidadão, isso porque foi acostumado com liberdade extrema e satisfação de seus
prazeres.
3.4. Os Conhecimentos Tecnológicos
(...) E o desafio da escola é preparar a juventude para essa nova realidade: suprir o aluno do equilíbrio necessário para não temer novos rumos e situações, caminhos desconhecidos que precisarão ser trilhados com determinação em qualquer idade. Disso faz parte a educação continuada, que desperta o olhar crítico sobre o que acontece no mundo e a capacidade de desenvolver múltiplas e diferentes habilidades nesta época de mutação rápida e constante (Chalita, 2001, p.57).
As crianças e jovens do primeiro momento, não tinham muito acesso ao
conhecimento. Estes eram transmitidos através das experiências dos mais velhos,
da própria experiência da criança, dos professores na escola. Os jornais e
programas de televisão eram supervisionados pela Censura Federal, órgão da
ditadura, que controlava o que as pessoas podiam saber. Os gibis e as revistas
tão comuns entre as crianças neste período, também eram tendenciosos,
principalmente no que se refere aos heróis norte-americanos, fazendo deles um
exemplo a ser seguido. Não era muito difícil encontrar jovens brasileiros bastante
americanizados quanto às suas preferências artísticas e culturais, bem próprio do
sistema militar vigente que possuía um grande apoio dos Estados Unidos.
Jovens e crianças atuais vivem num paraíso de informações. Hoje a
televisão já não é mais controlada por órgão do governo (embora elas ainda
estejam presas ao jogo do interesse político), jornais, revistas, livros e internet
32 fazem dos jovens atuais muito bem informados. O volume de informação que são
adquiridas e processadas passou a ser constante, intensa e instantânea.
Hoje eles podem se relacionar com quem quiser através dos chats da
internet. Pode conhecer culturas de qualquer canto do mundo. Tem condição de
acumular informações suficientes para se tornar um adulto bem situado no mundo.
Faz dele um sujeito com maior capacidade de raciocínio, condicionado a lidar com
diversas situações, com maior condição de tomada de opinião.
Este jovem foi criado com liberdade, tem direitos garantidos por lei, tem
acesso a todo o tipo de situações na sociedade, e tem condições de conhecer o
mundo através da tela do seu computador. Definitivamente este jovem é
totalmente diferente dos jovens oprimidos, violentados, amordaçados do primeiro
momento identificado.
3.5. A Relação Escola/Pais/Aluno.
A escola deve revitalizar a confiança da família no seu papel de formadora e traze-la cada vez mais para dento da instituição. Quando os pais passaram a se sentir inseguros e culpados por não estar próximos dos filhos, a escola tentou ocupar esse espaço. Mas ela não tem condições de fazer bem as duas coisas. Os conteúdos estão mudando muito rapidamente. O professor precisa se reciclar, tem responsabilidades profissionais e não pode arcar com tarefas que são prioritariamente da família (Zagury, 2000, p.26).
Como já foi dito anteriormente, os pais do primeiro momento participavam
mais da vida de seus filhos. Principalmente a mãe porque era dela a função de
formar o caráter de seu filho. Pois bem, para que isso pudesse ocorrer atendendo
satisfatoriamente os seus desejos, era comum entre as famílias medianas a
matrícula de seu filho em escolas particulares, onde se acreditavam que havia
uma maior qualidade de ensino. Neste período as escolas públicas não devem ser
consideradas ruins, em algumas delas inclusive havia provas para conseguir o
direito da matrícula. Mas de uma forma geral a escola particular dava uma certa
garantia de qualidade diante de sua grade curricular tão intensa e a cobrança
33 incondicional de tudo o que foi ensinado ao aluno. O sucesso da escola particular
neste momento é conseguido não só por sua preocupação em ter melhores
professores e instalações, não só por ter uma direção voltada objetivamente para
o aprendizado do seu alunado (embora estando eles inseridos na ditadura militar,
tivessem um comprometimento em controlar os pensamentos). O sucesso da
escola particular era que ela tinha a parceria dos pais. Havia um acompanhamento
constante da mãe do aluno, um cuidado quando sabia-se da necessidade de em
casa o aluno ter a continuidade do que recebera em sala de aula. Então, era a
mãe que ajudava nas tarefas de casa, nos trabalhos escolares, no
acompanhamento às dependências da escola, deixando bem nítida a proximidade
entre mãe, aluno, professora, escola.
É claro que estando num regime opressor, e essa opressão também estar
presente em casa, a escola acaba reproduzindo estes atos. Então, encontram-se
castigos como ficar em pé virado para parede, orelha de burro, batidas de régua
na palma da mão, puxão de orelha e beliscões. Tudo isso fazia parte do universo
das professoras para garantir a ordem, a disciplina, o respeito, a realização das
tarefas. Diante dos atos punitivos, eram muito comuns classes numerosas e
silenciosas; crianças apavoradas nos dias em que a lição ia ser tomada pelo
simples medo de não saber responder. O receio de ser humilhado ou
envergonhado diante da turma. Isso tudo gerou adultos profissionais, capazes ou
não, com valores muito ligados aos momentos em que viveram nos bancos
escolares.
Os jovens e crianças do segundo momento já se relacionam com a escola
de maneira mais descompromissada (erradamente). Buscam conhecimento
daquilo que lhes interessam apenas e quase nunca está dentro de sala de aula.
Não tem respeito pelo seu professor, por que foi passado para ele que professor
ganha pouco, é um profissional que não tem valor e por isso ele não o respeita
como deveria. Acredita que tudo que ensinam na escola é dispensável, que ele vai
ser rico vai ter tudo que deseja como tantas pessoas que ele vê na televisão.
34 Na realidade são tantas as informações que estes jovens recebem num
momento em que a maturidade ainda não está pronta para recebe-las que ajudam
a formar este pensamento tão equivocado quanto a sua formação profissional e
sua capacidade de enriquecimento. Embora ele próprio acredite que ele já sabe
tudo que alguém precisa saber, ele não tem experiência de construir sua própria
história, e quando isso é cobrado pelo professor ou pela escola de uma forma
geral, ele não aceita. Em casa não houve uma construção de intimidade, de troca
de confidências, de construção de sonhos juntos, então, depois de crescido este
jovem não vai ter este tipo de comportamento com seus familiares.
A juventude sempre foi uma fase de rebeldia às convenções dos adultos. Mas a atual geração produziu um efeito único na História: matou a arte de pensar e a capacidade de contestação da juventude. Os jovens raramente contestam o comportamento dos adultos. Por que? Porque eles amam o veneno que produzimos. Eles amam o sucesso rápido, o prazer imediato, os holofotes da mídia, ainda que vivam no anonimato. O excesso de estímulo gerou uma emoção flutuante, sem capacidade contemplativa. Até seus modelos de vida têm de ter um sucesso explosivo. Querem ser personagens como artistas ou esportistas que do dia para a noite, conquistam fama e aplausos (CURY, 2003, p.36).
Existem muitas escolas que viraram depósitos de crianças. Ou seja, Lá elas
ficam enquanto os pais trabalham só retornando para casa quando os pais estão
de volta do trabalho. Passou à escola a responsabilidade de formação do caráter
daquele cidadão. Porém, a escola já não é tão poderosa como antes. Os direitos
conquistados por crianças e jovens inibem a atuação da escola. Hoje mais do que
nunca, a escola precisa da participação dos pais junto aos seus filhos, pois ela
pouco pode sobre eles. No entanto, cada vez os pais estão longe das
dependências escolares de seus filhos.
Não tem como haver uma educação satisfatória tanto para pais,
professores, alunos, sociedade se não houver um equilíbrio entre as exigências e
cobranças do primeiro momento com a liberdade e conscientização através do
conhecimento proporcionado pelo segundo momento.
Não basta ser eloqüente. Para ser um professor fascinante é preciso conhecer a alma humana para descobrir ferramentas pedagógicas
35 capazes de transformar a sala de casa e a sala de aula num oásis, e não numa fonte de estresse. É uma questão de sobrevivência pois, caso contrário, alunos e professores não terão qualidade de vida. E isso já está acontecendo (Cury, 2003,p.62).
Pais, professores, gestores, precisam se unir para um objetivo comum: a
educação de seus filhos, alunos, clientes. É preciso que cada um faça a sua parte
de forma total e ainda se disponha a buscar caminhos para que as necessidades
destas crianças quanto à sua formação de caráter e cidadania seja plena.
36
4. O REFLEXO NO ENCONTRO DO TRABALHO DO
ADMINISTRADOR COM O TRABALHO DOS DOCENTES
A partir da análise da formação escolar e profissional daqueles que dirigem
as escolas e dos que ministram suas matérias em sala de aula, pode-se ver que
por muitas vezes, se formou um abismo entre os dois grupos e em outros
momentos uma acomodação, prejudicando em muito os alunos. Pois, na luta entre
os que são responsáveis pela organização, qualificação e prática da educação, se
não houver um pensamento uniforme atendendo o interesse do aluno, ele sempre
sairá perdendo. Pode também haver uma aproximação entre as metodologias e
pensamentos, embora não muito estreita, resultando num sucesso parcial quanto
aos alunos. Afinal, mesmo que de maneira incompleta já vai estar chegando até
as salas de aula um pensamento moderno. Pode também haver ainda, uma união
total entre os dois setores, favorecendo totalmente os alunos. Enfim, eles terão
todas as forças somadas e direcionadas para eles. Com base nisso podemos
classificar o encontro das administrações escolares com seus corpos docentes em
três níveis:
1°. Diretores tradicionais e professores tradicionais x professores liberais;
2°. Diretores tradicionais x professores tradicionais x professores liberais
3° Diretores liberais e professores liberais x professores tradicionais
. É importante analisar cada caso de forma bastante particular.
No caso diretor que se coloca num pedestal, de maneira autoritária e
ditadora, não vai obter em sua escola a adesão completa dos seus profissionais.
A forma pela qual é percebida a função do administrador escolar varia de acordo com as concepções educacionais vigentes, as expectativas individuais e sociais relativamente à ação da escola, o papel do professor e ainda conforme a tradição, isto é, os modos comuns pelos quais aquela ação é exercida. Esses diferentes modos de perceber a
37 função administrativa por sua vez se refletem sobre a definição do papel do diretor e, conseqüentemente sobre o seu desempenho (Alonso, 1978, p. 130).
Quando se refere ao funcionário burocrático que é tratado de maneira
inferior, o diretor obtém a submissão justamente porque o nível intelectual é
mediano e o nível econômico de total dependência. Já quando estas atitudes
autoritárias chegam no professor, o reflexo é outro. Isso porque a este profissional
dever ser reconhecida sua capacidade intelectual, sua posição de importância
dentro da escola e de ser ele componente de outra escola (de forma geral),
portanto, não dependente financeiramente. Pois bem, quando o professor sente
que todo o tempo que ele usou para se atualizar, para criar novas fórmulas para
conquistar o interesse do aluno não está sendo valorizado pelo diretor da escola
em que ele busca aplicar seus conhecimentos (diretor este que por sinal, não fez o
mesmo que ele), vai cair na desmotivação. E a partir desta desmotivação, suas
aulas vão ser arrastadas, unilaterais, cada vez mais mecânicas gerando a
desmotivação também dos seus alunos. Percebe-se nesse caso que quem
destruiu o vigor, o entusiasmo do professor, foi aquele que justamente deveria
incentiva-lo intensamente. Afinal, sendo escola particular, num município onde o
número de escolas aumenta significativamente, é preciso que a qualidade do
ensino seja o grande diferencial entre elas. E não se pode negar que esta
qualidade só pode ser assegurada pelo bom professor.
No entanto este tipo de diretor autoritário se encaixa de maneira perfeita ao
professor acomodado. Este, como foi descrito no capítulo 2, não se preocupa
muito com o resultado do seu trabalho. Cumpre sua carga horária, seu programa
anual referente à sua disciplina. Cumpre todas as regras impostas pela direção,
sem questionamentos ou sugestões e não traz para seus alunos nenhum
elemento de motivação e troca.
Durante muito tempo este tipo de profissional se alastrou pela educação
com a conivência das respectivas escolas tradicionais como um todo. E não era
38 cobrado dele o seu resultado, ou seja, o aprendizado aluno, mas sim a aprovação
deste aluno. É claro que esse sistema educacional era referente ao governo
militar, porém, após este período, já não há mais espaço tão livre para este tipo de
profissional. A sociedade já não é mais tão passiva quanto aos seus direitos.
Como a análise está sendo feita na cidade de São Gonçalo, onde as pessoas
procuram a escola particular como forma de garantir melhores estudos e futuro
para seus filhos, estes professores começam a ser colocados em
questionamentos.
É a escola tradicional, e os professores tradicionais presos aos paradigmas
tradicionais.
Baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou demonstração. Tanto a exposição quanto a análise são feitas pelo professor.(...) A ênfase nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas na memorização visa disciplinar a mente e formar hábitos. (Libâneo, 2002, p. 24).
A partir daí é fácil perceber que o aluno, que agora opta, faz escolhas,
prefere deixar essa escola para traz. Não quer uma escola limitada, já que ele tem
um universo de novidades imenso e intenso. Quando é obrigado a permanecer
nesta escola, o seu rendimento muitas vezes deixa a desejar tanto a ele, quanto
aos seus pais e quanto à própria escola, uma vez que ele se torna repetente.
Na segunda situação, o diretor é limitado quanto à sua atualização ou
modernização. Porém, ele reconhece esta limitação. Então dá liberdade para que
os professores mais dinâmicos exerçam as suas formas didáticas modernas,
esbarrando de vez em quando em fortes paradigmas que este diretor não
consegue quebrar. Então, este professor atualizado “abre caminhos” de acordo
com o que ele tem em mãos. Não faz um trabalho totalmente da forma que
gostaria, mas consegue realizar algumas tarefas que motivam seus alunos. Este
diretor também vai ter entre os seus professores, os tradicionais, aqueles
autoritários, paradigmáticos, limitados quanto à atualização. Porém, a estes
professores, ele cobra a aprovação e alguma atividade mais dinâmica. Como ele
39 próprio não é atual, sua criatividade também está “enferrujada”, então qualquer
trabalho que seja um pouco diferente do que está habituado a fazer, já o deixa
satisfeito. Então ele terá em suas mãos, na sua escola, representantes da escola
liberal renovada e da escola tradicional. Sendo os primeiros limitados e os
segundos “cutucados”. Os liberais serão limitados pela própria limitação da
direção e os tradicionais serão “cutucados” pela necessidade de modernização
desta mesma direção. O paradoxal desta situação é que os alunos acabam se
equilibrando em duas vivências distintas com os seus respectivos professores e
terão que se adaptar ao estilo de cada um. O reflexo deste quadro, é que haverá
uma grande receptividade aos profissionais liberais renovados, justamente porque
essas crianças vivem no seu dia a dia, a modernidade em toda a sua dimensão.
Então, quando eles vêem no seu professor, alguém que fala sua língua, o
professor vira ídolo, o estímulo e a troca entre os dois serão constantes e o
professor tradicional será colocado de lado, fazendo com que o aluno se comporte
da maneira antiga: decorando, estudando para passar de série e o professor será
o fardo que ele terá que transpor para chegar onde quiser.
O que segurará os alunos nesta escola será justamente o diferencial
proporcionado pelos professores renovados, embora limitados, que puderam
realizar durante o ano letivo.
Agora, quando numa escola existe uma total quebra de paradigma: diretor,
coordenação, professor e aluno estão integrados na modernidade atual? É o
terceiro momento acima dividido.O resultado é uma escola bastante dinâmica e
viva. Isso porque o seu diretor percebeu que seus alunos não são de sua geração.
O mundo mudou, a sociedade mudou, os valores mudaram. Ele entendeu que o
aluno precisa de professores que entendam as suas facilidades e dificuldades
dentro do mundo real em que vivem e não num mundo pressuposto equilibrado,
justo, que as escolas tradicionais se colocam.
A escola de tendência liberal renovada busca o indivíduo.
40 A finalidade da escola é adequar as necessidades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto possível, a vida. (...) Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução de problemas (Libâneo, 2002, p.25).
Por isso essa escola tem em seus quadros, apenas professores renovados.
Professores em sintonia com o mundo, criativo e dinâmico.
Esta escola provavelmente será escolhida pelos seus alunos. Nela as
crianças e jovens quererão estar e estudar. E o resultado provavelmente será um
aprendizado real. A troca de experiências fará com que a construção do
aprendizado seja de maneira muito mais sólida e definitiva. Serão alunos muito
bem formados no conteúdo, na construção do pensamento e na capacidade de
percepção em sua vida social.
O lado negativo desta escola, é que para se equipar ela precisa de dinheiro.
Seus profissionais são muito bem pagos, o processo de reciclagem é dispendioso.
Por isso, sua mensalidade é cara. O resultado é que acaba sendo uma escola de
crianças abastadas. Então a escola viva, moderna e dinâmica é a exceção, onde
deveria ser a regra.
As escolas particulares de ensino fundamental no município de São
Gonçalo, estão vivenciando problemas que tem tudo a ver com o processo de
globalização que envolve o mundo e conseqüentemente a acelerada
transformação da sociedade. Aqueles que estão no comando escolar buscam uma
adaptação aos novos tempos ou não, mas sabem que tudo que envolve a
educação atual será uma questão de sobrevivência, embora se deva sempre
ressaltar que o município é composto de uma maioria de pessoas de renda baixa,
cuja despesa com educação é bastante limitada.
Ao administrador escolar é preciso uma clara noção de que ele é um
componente de guia aos profissionais que estão em sua escola. Que o trabalho
desenvolvido será reflexo de seus pensamentos e idéias. Por isso não cabe
41 apenas a ele se prender ao que viveu em seus tempos de alunos ou de professor,
mas sim, buscar novas formas de adequações para a sua experiência atual: a de
diretor numa época de intensa mudança.
A participação do administrador escolar na proposição, explicitação, revisão e adequação de objetivos a uma situação particular e condição básica para a compreensão da função administrativa dentro de uma perspectiva dinâmica. Se, por muito tempo, a tendência dos administradores práticos foi a de restringir-se à rotina administrativa transformando a tarefa administrativa em um processo de execução de técnicas especializadas de registro de dados, confecção de orçamento, etc., isto se deveu ao fato de ser a administração entendida de um modo restrito, muito preso a concepções de administração interna estritamente. Hoje tal tipo de concepção não se sustenta pela sua inadequação ao explicar os fenômenos de mudança da organização em face das necessidades de ajustamento ao meio externo. A administração escolar se mostra, portanto, necessariamente comprometida com a explicitação e revisão da filosofia e da política educacional, de um tal modo que o administrador escolar é, por isso mesmo, um elemento integrante do grupo político em matéria de educação. Mesmo porque, na medida em que se tenta encarar o administrador como responsável pela implementação e desenvolvimento de um processo educacional em determinada escola, ele somente poderá assumir tal função na medida que seja capaz de perceber a importância dos objetivos propostos, sua adequação ou inadequação às reais necessidades uma realidade próxima e, portanto, capaz de imprimir uma nova diretriz a esse programa no momento em que se mostre inadequado (Alonso, 1978, pp.134 e 135).
O gestor é de importância fundamental para o rumo de sua escola, pois a
sua capacidade de adequação ou não aos novos tempos farão de sua escola
atraente para pais e alunos ou desinteressante para os mesmos. Por isso é de
suma importância que o gestor administre, ouça, divida e principalmente seja
realmente parceiro de seus professores. Desta forma, ele terá um corpo docente
todo voltado para os alunos de uma maneira bem mais empolgante e satisfatória.
42
CONCLUSÃO
Durante muito tempo a escola foi refém de um autoritarismo sem limite e
isso acabou a transformando num centro de alienação de seus membros, o que
mesmo sem ter idéia do que lhes estavam ocorrendo, acabavam sendo
repetidores em todos os níveis de um sistema repressivo.
Este trabalho inicia sua análise a partir dos anos de chumbo da ditadura
militar. E neste período pode-se perceber o quanto a escola foi usada para
garantir a dominação da população desde cedo nos bancos escolares. Pode-se
entender que o reflexo desta educação tão repressiva acabou levando para os
gabinetes de direção e para as salas de aula profissionais da educação que
reproduziam todo o controle de poder que foram vítimas. Fazendo novas vítimas
deste sistema tão pouco preocupado em construir aprendizado e pessoas
pensantes. Na realidade toda a máquina do governo estava voltada para a
condução da população sem agitações. Porém, os anos de ditadura passaram e
em sua herança deixou-nos um sistema educacional caótico, sem atender às
verdadeiras necessidades do povo. Então as escolas particulares surgem com
toda a força para dar a qualidade que não se conseguia nas escolas públicas. Mas
infelizmente pudemos comprovar que apenas algumas realmente se preocuparam
com a qualidade, ficando a grande maioria voltada para o comércio de educação.
E nessas escolas o diretor é o autoritário, o professor pertence à linha tradicional e
os alunos continuam condicionados à memorização, à repetição, ou seja, antigos
moldes do período militar. Porém, muitos estudiosos resolveram falar sobre isso,
ou divulgar trabalhos de autores antigos que já identificavam estes problemas e
como conseqüência, os profissionais de educação começaram a mudar.
Passaram a se preocupar em levar o seu aluno a pensar, a questionar, a ter seus
próprios valores. Em vista disso percebemos que a mudança começou a partir dos
professores, porém eles precisam também da mudança do seu diretor. É preciso
que este diretor perceba que ele precisa contribuir com renovação para que na
sua escola haja uma real alteração educacional.
43 O questionamento principal a que se propõe este trabalho é de como o
gestor pode influenciar o profissional de educação que está sob sua
administração? E diante de tal pergunta, a resposta hipotética seria a valorização
da atualização literária, dos cursos complementares à graduação, do exercício de
troca entre administrador e administrados e o interesse de renovação. Ao final
deste estudo, aquilo que era hipótese, acaba se tornando real, pois várias são as
obras literárias que direcionam à construção do pensamento do aluno, fazendo-o
um cidadão pleno em sua capacidade de clareza e entendimento. Ao estudante
antigo era exigido datas, nomes e fatos. Ao estudante de hoje pergunta-se o que
foi, a quem interessava, quais os objetivos, quem fez, por que fez. Esse novo perfil
de estudante só pôde existir porque o seu professor foi buscar respostas em
livros, em experiências profissionais, em horas de análise e sua sala de aula.
Participou de debates e promoveu tantos outros entre seus jovens. Então este
estudante recebeu das mãos de seu educador um aprendizado renovado, com
ajuda dos teóricos que levaram ao seu professor construir o próprio pensamento,
quebrando os paradigmas que ele próprio vivenciou quando ainda era aluno
fundamental.
O ato de aprender não é só através de teóricos e livros. O aprendizado
também se constrói no cotidiano, nas experiências trocadas, por isso, o diretor
precisa ouvir sugestões, reclamações, opiniões e processa-las em sua mente e
executa-las sempre pensando no bem comum. Parece óbvio sendo colocado
assim, mas se os diretores tradicionais não estão acostumados a pensar pelo
outro e sim por si próprio, fica bem mais difícil para eles entenderem que ouvir o
que o outro pensa vai fazer com cresçam como educadores. Porém, se eles se
recusarem, o tempo lhes será cruel. Só restará duas alternativas: ou ele vai
entender que os avanços são grandes e rápidos demais para ele e vai sair de
cena, ou aos poucos, quem sabe nem tão aos poucos assim, ele vai estar
fechando as portas de sua escola, devido ao êxodo constante de seus alunos em
rumo a outras escolas.
44 Os jovens e crianças de hoje têm vontade, são ouvidos e têm direitos.
Dizem o que querem e não se intimidam apenas com título ou posição hierárquica.
Existe uma verdade suprema na educação de hoje: a escola não poder ser
apenas o local onde se ensina matérias básicas, agora é o lugar onde se constrói
as cabeças pensantes do país. Quem não pensar assim, não deve estar envolvido
no processo educacional. Embora este devesse ter sido o objetivo desde a
construção da primeira escola, só agora as pessoas estão exigindo por isso.
O município de São Gonçalo não possui uma população com situação
financeira alta. Por isso, suas escolas particulares estão presas a um orçamento
que por muitas vezes impedem que o diretor por mais liberal que seja, não
consiga realizar. Mas nos dias de hoje as parcerias com empresas acabou
servindo para suprir as necessidades materiais da escola e as necessidades
fiscais das empresas. Outro aspecto de grande importância é a abertura de
estagiários da educação dentro da escola, pois a estes futuros profissionais
poderá ser dada experiência para sua carreira e para a escola, mão de obra jovem
(próxima dos alunos) entusiasmada, vibrante. As várias formas de expor os
talentos de seus alunos também pode reverter em crescimento para a escola, pois
concursos, exposições, atraem atenção de muitos e o colégio em evidência atrai
investimentos de empresas parceiras.
Como se pode notar, as sugestões para o alcance de uma escola moderna
está muito distante da escola tradicional. Mas a escola hoje tem que ter
informática, línguas estrangeiras, esporte com equipes formadas, centro de
estudos ou uma biblioteca básica, ou seja, a escola é hoje uma central de
conhecimento e para isso ela precisa do professor dedicado, capaz, sensível,
atuante, criativo. O profissional com este perfil, precisa que o seu diretor também
tenha este perfil, ou seja, o resultado de sala de aula é o que está lhe sendo dado
nos bastidores da escola. O professor tem que lapidar um diamante em pedra
bruta, que é o aluno. Porém, as ferramentas devem ser fornecidas pelo diretor. E o
resultado disso será um adulto consciente, seguro e lutador, pois ele aprendeu a
45 lutar, a questionar, a vencer obstáculos nos bancos da escola com os seus
professores e os seus diretores.
Quando os diretores de uma forma geral conseguirem alcançar o
entendimento de sua importância dentro da renovação escolar, não mais o
chamaremos de diretores e sim de gestores.
46
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ALONSO,Myrtes, O Papel do Diretor na Administração Escolar, 2ªed., Rio de
Janeiro, Difel, 1978.
CHALITA, Gabriel, Educação: a solução está no afeto, 9ªed., São Paulo, editora
Gente,2001.
CURY, Augusto, Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, 9ª ed., Rio de Janeiro
Editora Sextante, 2003.
COLARES, Anselmo Alencar; COLARES, Maria L. I. Sousa, Do Autoritarismo
Repressivo à Construção da Democracia Participativa, São Paulo, editora
Autores Associados, 2003.
FAIGUENBOIM, Guilherme, Revista Educação, Edição Comemorativa, São Paulo,
Editora Segmento, 2005.
LIBÂNEO, José Carlos, Democratização da Escola Pública – A Pedagogia Crítico-
Social dos Conteúdos, 18ª ed., Loyola, 2002.
MARINHO, Genilson; CAPUCHO,Vera A. C., Revista Construir Notícias, São
Paulo, Multimarcas Editoriais, 2005.
MOYSÉS, Lúcia, O Desafio do Saber, 10ªed., São Paulo, Papirus, 2003.
PARO, Vitor Henrique, Administração Escolar – Introdução Crítica, 2ªed., São Paulo,
Cortez, 1987.
47 ROMANELLI, Otaíza de Oliveira, História da Educação no Brasil 1930/1973,
Petrópolis-RJ, Vozes, 1978.
ZAGURY, Tânia, Revista Escola, São Paulo, Editora Abril, 2005.
48
ANEXO
49
ÍNDICE
CAPA..................................................................................................................................01
FOLHA DE ROSTO .......................................................................................................... 02
AGRADECIMENTO............................................................................................................03
DEDICATÓRIA...................................................................................................................04
EPÍGRAFE..........................................................................................................................05
RESUMO............................................................................................................................06
SUMÁRIO...........................................................................................................................07
INTRODUÇÃO....................................................................................................................08
CAPÍTULO 1: A ESCOLA E SEUS GESTORES NO PERÍODO DE 1964 A 2005............11
1.1: Diretor de hoje, enquanto estudante ontem. ......................................12
CAPÍTULO 2 : FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL
DE 1964 A 2005.....................................................................................17
2.1. As influências sofridas durante a formação do professor.............17
2.2 Professor tradicional e professor moderno, caminhos opostos....22
CAPÍTULO 3: O COMPORTAMENTO E RELAÇÃO ESCOLAR DOS ALUNOS DE
ENSINO FUNDAMENTAL ENTRE 1964 A 2005. ..............................25
3.1. A Família. ...........................................................................................26
3.2. A vida social. .....................................................................................28
50 3.3. os direitos..........................................................................................31
3.4. Os conhecimentos tecnológicos.....................................................31
3.5. A relação escola/pais/aluno. ..........................................................32
CAPÍTULO 4: O REFLEXO NO ENCONTRO DO TRABALHO DO
ADMINISTRADOR COM O TRABALHO DOS DOCENTES.....36
CONCLUSÃO.........................................................................................................42
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA............................................................................46
ANEXO...................................................................................................................48
ÍNDICE ...................................................................................................................49
FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................................51
51
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da Monografia: O Gestor e o Reflexo de suas Ações no Resultado do
Trabalho dos Docentes do Ensino Fundamental na Escola Particular.
Data da Entrega: 28 de Janeiro de 2006.
Avaliação: Como você avaliaria essa monografia?
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Avaliado por:________________________________________Grau___________
_________________, _____de______________de 2006.
52