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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
SUPERVISÃO PEDAGÓGICA: MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA
PRÁTICA DOCENTE E NA GESTÃO ESCOLAR
Sônia Chaves Costa
ORIENTADORA: Professora Edla Trocoli
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e Supervisão Escolar. Por: Sônia Chaves Costa
SUPERVISÃO PEDAGÓGICA: MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
NA PRÁTICA DOCENTE E NA GESTÃO ESCOLAR
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
À minha mãe, aos meus irmãos e sobrinhos,
vocês fazem a diferença na minha vida, sempre.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à minha mãe, Aurita Chaves
Costa, meu exemplo de mulher guerreira, de
superação e inteligência.
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RESUMO
Este estudo teve como objetivo analisar e descrever o papel do
Supervisor Pedagógico como mediador dos conflitos sociais na escola. Para
tanto, buscou refletir sobre a prática do professor a partir do paradoxo entre
formação e a prática de sala de aula. Como a adesão a crenças opera
veladamente a valores de pertença a um determinado grupo social,
reproduzindo a desigualdade existente na sociedade. Definindo-se como um
campo de interação complexo, a escola é um espaço de projeção de conflitos
sociais. A forma de lidar com eles pode levar a desdobramentos positivos ou
negativos. A compreensão dessa problemática é uma questão crucial para
gestores e outros membros da instituição de ensino. Portanto, a ação da
supervisão pedagógica, como mediadora de conflitos, deverá identificar
oportunidades e estratégias de aperfeiçoamento e superação de dificuldades,
tanto no âmbito das práticas docentes como da gestão escolar.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi uma análise de livros, artigos científicos,
pesquisa na internet, de pesquisas realizadas sobre prática docente e gestão
escolar. Buscou-se considerar a abordagem sobre o conceito de conflito, o
papel do supervisor pedagógico como mediador, a gestão pedagógica e a
prática docente, por meio de diversas referências bibliográficas. Destacando-se
os seguintes autores: Claudius Ceccon (2009), sobre o conflito e sua origem
nas diferenças que existiriam dentro de nós. Serge Moscovici (1978, 2003)
sobre a formulação das representações sociais como um fenômeno
psicossocial observável no funcionamento dos grupos sociais. O sujeito
constrói a realidade, atribuindo sentido ao desconhecido, caracterizando uma
forma de conhecimento particular que tem a função de elaboração de
comportamentos e a comunicação entre os indivíduos. E por fim, a gestão
educacional, de acordo com Heloísa Lück (2012), instituindo um novo
paradigma, uma transformação nas organizações administrativas,
caracterizando-se numa preocupação com o todo e o relacionamento entre as
suas partes.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Prática docente: o lugar de pertença 10
CAPÍTULO II
O espaço da escola e os conflitos sociais 18
CAPÍTULO III
Supervisão Pedagógica: mediação de conflitos 26
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 35
ÍNDICE 38
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INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa surgiu a partir do seguinte
questionamento: o respeito aos saberes socialmente construídos pelos alunos
durante a sua vida desde a infância influenciaria uma aprendizagem mais
significativa dos conteúdos privilegiados nas instituições de ensino,
contribuindo para diminuir os conflitos sociais?
A formação do professor, na teoria, focaliza ideais de igualdade e
justiça. Porém, quando analisada a sua prática, identificam-se crenças e
valores que representam pertença a determinado grupo social, reproduzindo a
desigualdade social existente na sociedade.
Essa desigualdade social torna-se bem visível quando da
convivência no espaço da escola. Como um campo de interação complexo,
onde a escola é um espaço de projeção de conflitos sociais. Portanto, o
objetivo do presente estudo foi trazer à consideração a característica de
mediador do supervisor pedagógico.
O desenvolvimento da pesquisa estrutura-se em torno de três
capítulos. Inicialmente, o capítulo 1 propõe pensar o contexto social, o lugar de
pertença do professor e a representação social. A organização da escola
reflete a sociedade na qual está inserida, com suas contradições e
desigualdades.
Para Bourdieu (1989), o Habitus diz respeito à incorporação e à
aceitação de valores de uma determinada estrutural social, enquanto o Capital
Cultural se relaciona ao acúmulo de conhecimentos e diplomas que
diferenciam as pessoas socialmente, dividindo-as em grupos superiores e
inferiores. Sendo que a violência simbólica estaria presente na escola e
refletiria essa relação de desigualdade. O autor criou esse termo para definir a
forma pela qual um grupo se sobrepõe ao outro, onde o superior define o estilo
de vida que o outro grupo seguirá de forma inconsciente, caracterizando a
relação entre dominante e dominado.
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A escola transmite modelos sociais que são diferentes para cada
grupo social a que o indivíduo pertence. Os educandos possuem a sua visão
de mundo, o seu saber de acordo com o conhecimento elaborado pela
interação com o seu grupo.
Em prosseguimento, no capítulo 2, apresenta-se a maneira de lidar
com os conflitos no espaço escolar. Segundo Ceccon (2009), o potencial
construtivo ou criativo do conflito desaparece quando o mesmo é mal
administrado. A não compreensão dos diferentes interesses, aspirações e
desejos em jogo, teria como consequência a ofensa, o possível diálogo seria
transformado em confronto. O resultado desse comportamento é o desgaste
psicológico, agressividade e violência.
No terceiro e último capítulo, aborda-se a intervenção que o
supervisor pode implementar na equipe escolar, envolvendo professores,
direção, funcionários, pais e alunos. De acordo com Lück (2000), a essa
mudança de administração para gestão significou muito mais que uma
mudança terminológica, mas uma importante alteração de atitude e orientação
conceitual. Colocar esse tipo de gestão em prática seria promover
transformações nas relações de poder, de práticas e da organização escolar.
A responsabilidade do professor é muito mais do que transmitir
conteúdo. De acordo com Belmonte (Rangel, 2009), o supervisor pedagógico
pode contribuir com o processo de ensino-aprendizagem através da análise da
carência de formação do docente, elaborando um plano geral de
desenvolvimento permanente em cada escola. A partir daí, seria possível criar
uma cultura de pesquisa e acompanhamento.
Ceccon (2009) reitera que a escola pode desenvolver parcerias com
instituições, que tenham afinidades com seus valores, para desenvolver
projetos sobre a construção de uma sociedade sem violência. Os líderes
escolares, diretores e equipe gestora, devem ser capazes de estimular a
capacidade das pessoas de focar a realidade da escola por outro ângulo,
reforçando a cooperação e a sinergia, alimentando a alma da escola.
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CAPÍTULO I
PRÁTICA DOCENTE: O LUGAR DE PERTENÇA
Esse capítulo objetiva refletir sobre a prática do professor a partir do
paradoxo entre a sua formação, a qual levou em conta os conceitos de
igualdade e justiça social, e a sua prática de sala de aula. Como sua adesão a
crenças opera veladamente a valores de pertença a um determinado grupo
social, reproduzindo a desigualdade existente na sociedade. Definindo-se como
um campo de interação complexo, a escola é um espaço de projeção de
conflitos sociais. A forma de lidar com eles pode levar a desdobramentos
positivos ou negativos. A compreensão dessa problemática é uma questão
crucial para gestores e outros membros da instituição de ensino.
1.1. A prática docente
Refletir sobre a educação é pensar no contexto social. A
organização da escola reflete a sociedade na qual está inserida, com suas
contradições e desigualdades. Ao abordar sobre o trabalho docente, Perrenoud
(2000) assinalou que o trabalho docente evoluiria lentamente porque a relação
educativa obedeceria a uma trama estável, inserida numa condição de trabalho
e cultura profissional que transformam a prática dos professores em rotinas.
O grupo social diferencia-se de classe social, que tem um sentido
macro, onde a divisão da classe é devido ao poder aquisitivo. O grupo social é
micro, formado pelas pessoas que fazem parte do nosso cotidiano. Para
Bourdieu (1989), o Habitus diz respeito à incorporação e à aceitação de valores
de uma determinada estrutural social, enquanto o Capital Cultural se relaciona
ao acúmulo de conhecimentos e diplomas que diferenciam as pessoas
socialmente, dividindo-as em grupos superiores e inferiores. A violência
simbólica, sobreposição de um grupo sobre outro, onde o superior define o
estilo de vida que o outro grupo seguirá de forma inconsciente, caracterizando
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a relação entre dominante e dominado. Assim, a escola refletiria essa relação
de desigualdade existente na sociedade.
Oliveira (2005) citou Baugnet ao relatar sobre os princípios adotados
pela escola enquanto instituição, sobretudo de ideais igualitários, não
garantirem sua aplicação na prática. Pelo contrário, nesse espaço de relações,
poderia até produzir exclusão, tornando legítimas ou certificando as
desigualdades sociais.
A autora cita uma pesquisa realizada com 80 alunos que se
diferenciavam no plano escolar, a partir da análise dos boletins escolares,
como bons ou maus; e no plano comportamental, como alunos com ou sem
problemas. Foi solicitado que eles se definissem às cegas, pois não foi
informada a categoria à qual eles pertenciam, como aluno. O que foi expresso
por eles coincidiu com o status objetivado. Ou seja, a pesquisa indicou que eles
possuem conhecimento do seu status dentro da classe e da instituição e que
utilizam desse conhecimento para se definirem e se situarem.
Conforme Jovchelovitch (2008), a comunidade constrói um repertório
comum de saber que dá aos seus membros referenciais e parâmetros que dão
sentido o mundo ao seu redor. O conhecimento comum determina a
experiência de pertença, o sentimento que nos adequa em um meio cultural.
Moretto (2014) fez uma distinção entre interiorizar o conhecimento e
se apropriar do conhecimento. Considerou que responder pura e simplesmente
à pergunta feita em uma prova de acordo com a explicação do professor
demonstra a interiorização do que foi ensinado; por outro lado, estabelecer
relações significativas com outros conhecimentos já elaborados, ampliando,
transformando e permitindo que se estabeleça novas relações, significa que o
aluno se apropriou daquele conhecimento.
De acordo com Dauter (2012), Vieira asseverou que o processo de
ensino-aprendizagem na escola, com as suas metalinguagens, não só se
impõe aos alunos de cultura e pouca proximidade com a leitura e escrita, como
também a suas famílias, o que implicaria numa distância entre o que dominam
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e o que não dominam, tendo como consequência o insucesso escolar. E
acrescenta que determinados professores não estão preparados para entender
a mente cultural de alguns alunos e nem de alguns pais.
Reis (2014), ao pensar numa epistemologia de formação continuada,
considerou que esta deveria ser mais democrática, horizontal e ecológica. O
projeto de pesquisa da autora nasceu do desejo de trocar experiências com
professoras. O curso de extensão da UFRJ, intitulado “Conversas entre
professores: a prática como centro do encontro”, foi criado como um dos braços
do seu projeto.
A autora considerou pertinente trabalhar com memoriais porque os
mesmos pressupõem sempre dois tempos, o passado a partir do presente. O
que o indivíduo é agora interfere em suas memórias passadas, pois narram-se
reminiscências a partir do sujeito em que está constituído. A partir da evocação
de fatos, lembranças e reflexão acerca da noção de pertencimento, aparecem
e entrelaçam-se as suas vivências. A pesquisadora observou que a maioria das
professoras que contavam suas histórias moravam e trabalhavam no mesmo
município, no caso da pesquisa, o município de Queimados, localizado na
baixada fluminense, no estado do Rio de Janeiro. Essa pertença possibilitou
uma valorização dos saberes que ali circulavam. Essa característica configurou
um caminho para pensar a importância de conhecer para transformar, indignar-
se com a realidade existente.
Para exemplificar um desses memoriais, reproduzimos a seguir um
depoimento transcrito por Reis, onde uma participante relata como se constituiu
professora:
“Quando eu terminei o ensino fundamental, ainda não sabia o que queria, fiz o fundamental numa escola Municipal perto da minha casa, estudei lá do pré até a 8° série e aí no finalzinho da 8° série que pintou a questão de ser professora. Porque nesse período eu sempre trabalhei em casa de família. Meus pais eram muito católicos e eu comecei a fazer catequese lá pelos 7/8 anos. Essa catequese que eu fazia não era na igreja, eu ia na casa da catequista. Ela era da igreja, mas fazia catequese em casa. Essa moça tinha uma filha, ela pediu à minha mãe se eu poderia fazer companhia à sua filha. Eu fui e quando percebi estava trabalhando em casa de família. A primeira casa na qual eu trabalhei, foi a casa de minha catequista e depois em outras, mas nunca deixei de estudar. Quando eu estava na 8° série, eu trabalhava numa casa e nos fundos tinha uma creche. Quando eu terminava os serviços da casa, ela às vezes me chamava para dar
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uma mão lá na creche. Eu ia para lá e ficava ajudando. De ajuda em ajuda, começou a nascer a vocação e quando eu terminei a 8° série eu fiz concurso para o Carmela Dutra. Fiquei muito bem colocada. Na época tinha que fazer uma prova no qual constavam vinte questões, das 20 eu acertei 17. Antes de ingressar a gente tinha que pagar uma taxa e nesse período meu pai não tinha dinheiro para pagá-la. Eu e ele fomos à escola para conversarmos com o diretor. Quando a gente chegou lá, o nome dele era Geraldo, igual ao nome do meu pai, ele disse: “Sua filha ficou muito bem colocada, mas ela não vai poder ficar aqui porque o senhor não tem o dinheiro para pagar a taxa”. Quando ele falou aquilo eu senti como como o chão estivesse afundando e eu caindo dentro de um buraco. Ele deve ter percebido pois rapidamente voltou atrás e disse que estava brincando, falou que me pai podia pagar a taxa quando tivesse o dinheiro. Então eu estudei no Carmela Dutra, considerada uma das melhores escolas de preparação de professores. Continuei trabalhando em casa de família, até o 3° período e depois aprendi o ofício de manicure e comecei a fazer unhas até que eu consegui meu primeiro emprego como professora. Foi numa creche na Gávea, por intermédio de minha mãe que era diarista. A filha da patroa da minha mãe era orientadora e resolveu abrir uma creche e pediu à minha que me convidasse para trabalhar como recreadora, pois ela sabia que eu fazia o Curso Normal. O emprego não era como professora ainda, mas era numa creche, mais próximo da minha profissão e eu fui. Fiquei lá por três anos. Depois trabalhei numa escola na Tijuca durante 12 anos e de lá fui para a Prefeitura de Queimados. Nessa escola, na Tijuca, eu passei por uma discriminação racial por parte da diretora. Eu era a única professora negra da escola. Eu era auxiliar de turma e a diretora tinha combinado comigo que assim que tivesse uma vaga ela era minha, mas isso nunca acontecia. Fiquei dois anos assim, até que a professora titular com quem eu trabalhava passou numa prova e foi embora. A reunião de pais era no dia seguinte e eu era a única que conhecia a turma, assim não teve jeito, ela teve que me colocar como regente. Fiquei lá mais dez anos. Mas a partir disso, comecei a perceber o lugar que a criança negra ocupa dentro da sala de aula. As únicas crianças negras dessa creche eram os filhos dos funcionários. A Tijuca é um bairro nobre, não é um bairro da Zona Sul, mas é um bairro nobre e eu não via crianças negras. A maioria dos empregados eram negros. Com esse olhar eu fiz o trabalho de monografia na UFF sobre a questão da criança negra e por conta disso o meu trabalho todo, tem sido nessa área. Quero agora fazer meu mestrado e minha pesquisa será nesta mesma linha (REIS, 2014, p.146,).
Conforme Carlotto (2002), no século XVI, as escolas já constituídas
e sob a tutela da Igreja, abriram-se às camadas populares no sentido de
instrumentalizar o povo para a leitura das sagradas escrituras, sendo o clero o
responsável pela atividade docente. Entretanto, a partir da necessidade de
convocar colaboradores leigos, surgiu o termo professor, significando aquele
que professa a fé e que tem fidelidade aos princípios da Igreja.
Desde então, a prática do magistério fazia parte da memória coletiva
como uma imagem de que o professor detém de privilégios, com alto nível de
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qualificação e de autonomia, que o situava no campo do trabalho intelectual em
oposição ao trabalho manual.
Com o passar do tempo, a imagem da instituição escola e do
professor foi sofrendo transformações. Na sociedade contemporânea, a escola
perdeu o papel hegemônico na transmissão e distribuição da informação. Os
meios de comunicação e a tecnologia da informação oferecem de modo
atrativo e ao alcance da maioria dos cidadãos uma variedade de informações.
Essas informações recebidas pelas crianças, somadas ao conhecimento de
suas experiências e interações sociais vão elaborando novos saberes.
O ritmo das transformações na sociedade e na escola são
diferentes. Na escola, é muito mais lenta, os docentes enfrentam diversos tipos
de cobranças, abalando sua estrutura emocional, adoecendo, sentindo-se
frustrados pelos problemas ocorridos em sala de aula ou pela falta de
progresso de seus alunos.
Tal situação pode acarretar o desenvolvimento de um grande
distanciamento com relação aos alunos. Ainda de acordo com Carlotto (2002),
sentimentos de hostilidade em relação a administradores e familiares de alunos
também são frequentes, bem como o desenvolvimento de visão depreciativa
com relação à profissão.
Farber (apud Carlotto, 2002), ao se referir aos fatores de
personalidade, assevera que a literatura considera professores idealistas e
entusiasmados com sua profissão os mais vulneráveis. E isto ocorre por serem
mais comprometidos com o trabalho e envolvidos intensamente com suas
atividades.
Ao sentir-se desapontados quando não recompensados por seus
esforços, o professor está sujeito ao desenvolvimento de uma síndrome
multidimensional denominada burnout. A síndrome significa uma exaustão
emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho.
(CARLOTTO, 2002)
Partindo da premissa de que a escola além do espaço de
aprendizagem, define-se também como espaço de socialização do saber, de
formação de atitudes, podemos caracterizá-la como local de representações
sociais.
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O professor domina o conteúdo a ser ensinado, porém sabe pouco
sobre o conhecimento que o aluno traz do seu meio.
1.2. A representação social
A escola transmite modelos sociais que são diferentes para cada
grupo social a que o indivíduo pertence. Os educandos possuem a sua visão
de mundo, o seu saber de acordo com o conhecimento elaborado pela
interação com o seu grupo. Entretanto, os mesmos são retirados do seu
contexto social, do seu cotidiano, para serem inseridos num ambiente cultural
abstrato e num espaço que se pretende neutro que é a instituição escolar.
Diversos grupos agem sobre o processo educativo e influenciam
seus resultados. O sistema escolar sempre sofreu as marcas originárias dos
diferentes grupos, quais sejam, os gestores (coordenadores, diretores,
supervisores, orientadores), o governo, os políticos, os discursos institucionais
dos diferentes níveis de hierarquia, os discursos dos usuários.
A relação entre a pertença a um determinado grupo social e as
atitudes e comportamentos diante da escola influenciam o modo pelo qual o
professor concebe o seu papel, determinando as práticas de sala de aula.
Um bom repertório do que os professores sabem originam da sua
própria história de vida. Esses conhecimentos anteriores fazem parte de suas
crenças e representações. Os pesquisadores Raymond, Butt e Yamagishi
(apud Tardif, 2000) observaram que, diante dos problemas de indisciplina
ocorridos em sala de aula, a tendência dos professores era reativar modelos de
solução de conflitos que vinham de sua própria história familiar e escolar. A
aquisição da sensibilidade relativa às diferenças entre os alunos constitui uma
das principais características do trabalho docente.
Sobre como ocorre a elaboração de um saber, Moscovici (1978,
2003) formulou as representações sociais como um fenômeno psicossocial
observável no funcionamento dos grupos sociais. O sujeito constrói a realidade,
atribuindo sentido ao desconhecido, caracterizando uma forma de
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conhecimento particular que tem a função de elaboração de comportamentos e
a comunicação entre os indivíduos, exercendo uma influência nas trocas e
interações sociais que direcionam para a concepção de um universo
consensual.
Para o autor, seria a versão contemporânea do senso comum, o
conhecimento popular, uma forma pela qual as ideias científicas se
transformam e fazem parte do pensamento corrente das pessoas.
Para o grupo social, a representação é um elemento fundamental da
sua visão de mundo. Segundo Abric (2003), a teoria do núcleo central, ou
abordagem estrutural, se refere à representação social como um conjunto
organizado que apresenta um conteúdo e uma estrutura, fortemente
influenciados pelos valores relacionados ao sistema ideológico e à história do
grupo que a transmite.
A organização interna da representação constitui-se em torno de dois
sistemas: um central, ligado à memória coletiva, dando significado à
representação social; e outro, periférico, ligado ao cotidiano, ao contexto
imediato.
O termo zona muda de uma representação social, utilizado pela
primeira vez em 1996, por Claude Flament (Abric, 2005), significa um
subconjunto de cognições ou crenças que não são expressas pelos indivíduos
em condições normais de produção, porque há uma pressão do contexto social
e nem sempre o indivíduo expressa o seu pensamento.
Jodelet (2001) assevera que essa teoria se preocupa com a seguinte
proposição na forma de saber: quem sabe e de onde sabe? O que e como
sabe? Sobre o que se sabe e com que efeitos?
Machado (2008) ao abordar sobre o serviço de Psicologia Escolar do
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, relatou que os relatórios
produzidos pelos psicólogos pouco estavam sendo em levados em conta pelos
professores da rede pública de ensino e responsáveis por demonstrarem algo
que estava distante do que acontece no âmbito escolar. Fato este que levou a
aproximação do serviço psicológico para dentro da escola. A partir daí, foram
pensadas novas maneiras de agir e de intervenção em relação ao problema
apresentado. A seguir, destacamos um trecho dessa fala da pesquisadora:
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(...). A pobreza, o tráfico, o sofrimento, a violência, o abuso, a solidão, a miséria, a doença, as más condições de trabalho, o excesso de aulas, a banalização e a naturalização dos acontecimentos cotidianos, entre outros, estão presentes em muitas histórias. (..) Vejamos algumas cenas: uma professora nos contou que, ao ir visitar um aluno, foi logo seguida por um olheiro, pois estava entrando em uma região na qual o tráfico de drogas domina. (...) um aluno da 1ª série chorava na saída, pois teria de ir morar com a avó, em outra região do Brasil, já que sua mão não poderia mais cuidar dele; ... (MACHADO, 2008, p.2)
As pesquisas no campo da psicologia social podem auxiliar a
pedagogia na reflexão das práticas dos professores. Quando a psicologia
social estuda o comportamento humano à luz da teoria das representações
sociais, ela focaliza o ser humano enquanto um ser que faz perguntas, procura
respostas e pensa, e não como alguém que processa informação.
Os professores terminam a sua formação sem ter abalado suas
crenças, que serão reatualizadas no momento da prática. A adesão a
determinadas ideias e valores dá conta da pertença a um grupo social. Nesse
sentido, ser professor requer que alguns aspectos do exercício profissional
operem veladamente, sustentando um sistema educativo que produz
idealmente igualdade e justiça, mas na prática, reproduz a desigualdade.
Segundo Tardif (2000), os pesquisadores Baudoux e Noircent, e
Zeichner e Hoeft, afirmaram que várias pesquisas evidenciaram o fato de que
certos professores tinham espontaneamente menos tendência a se dirigir em
classe a certas categorias de alunos. A repartição da atenção do professor
entre os alunos em sala de aula é um importante dilema ético constitutivo do
ensino.
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CAPÍTULO II
O ESPAÇO DA ESCOLA E OS CONFLITOS SOCIAIS
Definindo-se como um campo de interação complexo, a escola é um
espaço de projeção de conflitos sociais. A forma de lidar com eles pode levar a
desdobramentos positivos ou negativos. A compreensão dessa problemática é
uma questão crucial para gestores e outros membros da instituição de ensino.
2.1. Conflito na escola
Chrispino (2007) define conflito como “toda opinião divergente ou
maneira diferente de ver ou interpretar algum acontecimento. A partir disso,
todos os que vivemos em sociedade temos a experiência do conflito”.
Ceccon (2009) assevera que o conflito tem origem nas diferenças e
existiriam dentro de nós, porque razões e emoções diferentes nos habitam, e
entre de nós, porque as pessoas são diferentes. Portanto, conflito seria
inerente às interações, não podendo ser eliminado.
Conforme registramos na introdução desse capítulo, conflitos
existem, mas suas manifestações positivas ou negativas dependem de como
lidar com eles. Ainda segundo o autor, o potencial construtivo ou criativo do
conflito desaparece quando o mesmo é ignorado ou mal administrado. E a
explicação seria a não compreensão dos diferentes interesses, aspirações e
desejos em jogo, tendo como consequência a ofensa, o possível diálogo
transforma-se em confronto. O resultado desse comportamento é o desgaste
psicológico, agressividade e violência.
De acordo com Zampa (apud Chrispino, 2007), os conflitos podem
ser classificados entre:
• docentes (falta de comunicação; interesses pessoais;
questões de poder; conflitos anteriores; valores diferentes;
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busca de “pontuação”; conceito anual entre docentes; não-
indicação para cargos de ascensão hierárquica; divergência
em posições políticas ou ideológicas;
• alunos e docentes (não entendimento do que é ensinado;
notas arbitrárias; divergência sobre critério de avaliação;
avaliação inadequada -na visão do aluno; descriminação; falta
de material didático; não serem ouvidos (tanto alunos quanto
docentes); desinteresse pela matéria de estudo;
• alunos (mal entendidos; brigas; rivalidade entre grupos;
descriminação; bullying; uso de espaços e bens; namoro;
assédio sexual; perda ou dano de bens escolares;
• pais, docentes e gestores (agressões ocorridas entre alunos e
entre os professores; perda de material de trabalho;
associação de pais e amigos; cantina escolar ou similar; falta
ao serviço pelos professores; falta de assistência pedagógica
pelos professores; critérios de avaliação, aprovação e
reprovação; uso de uniforme escolar; não-atendimento a
requisitos “burocráticos” e administrativos da gestão).
Para a mediação de conflito, basta exercitar o diálogo. Ceccon
(2009) relatou uma história que dizia que uma senhora estava para fechar a
quitanda porque já se aproximava o horário do fechamento, quando chegaram
duas freguesas querendo laranja, mas só havia uma laranja para vender. A
dona da quitanda então perguntou para que elas queriam a laranja, uma
respondeu que era para fazer suco, e a outra, precisava da casca para fazer
um bolo. Essa história ilustra a função do diálogo, do ouvir o outro, as
necessidades eram diferentes e daria para resolver o conflito.
A sua reflexão sobre os saberes necessários à prática docente,
Freire (2014, p. 25) assinala que ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua produção. A relação professor e aluno não é
uma relação de sujeito-objeto, os dois são sujeitos nesse processo de ensino-
20
aprendizagem, “(...). Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina
ao aprender. (...)”.
O autor compreende o homem e a mulher como seres históricos e
inacabados, e foram aprendendo que socialmente, na prática, era possível
ensinar. Assim, o aprender precederia o ato de ensinar, quanto mais se
exercesse a capacidade de aprender, mas se desenvolveria a curiosidade de
saber, de conhecer.
Charlot (2012) assevera que a educação é um direito antropológico.
O nascimento possibilita a cada indivíduo o direito de ser educado, permitindo
a entrada num processo de humanização, de socialização, de singularização.
O autor assinala que é o ingresso numa cultura.
De acordo com Charlot, a educação consiste em ajudar alguém para
que se torne um ser humano singular, pertencente a uma sociedade, a uma
comunidade, a um grupo humano e a uma cultura. Para o autor, a
emancipação consiste em ajudar alguém a superar os obstáculos encontrados
nesse processo.
Sua reflexão sobre a educação emancipatória é que a prática
educativa deve levar em consideração a “equação pedagógica” de que
“aprender = atividade intelectual + sentido + prazer”, significa que os alunos
estudem para entender o mundo, a vida, para crescer, para se sentir
inteligentes. Em seguida, Charlot fala sobre a dicotomia professor de
informação x professor de saber. O primeiro, transmite informação que o
estudante pode encontrar no Google; mas, o segundo, precisa avaliar a
informação, relacioná-la com outra e utilizá-la, a fim de resolver problemas ou
responder questões. Essa é a diferença, um ensino inteligente, onde os
recursos tecnológicos abrem novas perspectivas para a inovação das aulas
daquele professor de saber.
Como foi dito no início desse capítulo, a escola é um espaço de
conflitos sociais. Segundo Charlot (2008), existem tensões inerentes ao ato de
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educar e ensinar. Seria necessário gerir essas tensões por meio da prática dos
professores, da organização e do funcionamento da instituição escola.
Charlot ressaltou que, quando o estudante não aprende, sempre
surge a questão de saber de quem é a culpa: é do aluno? É do professor? Para
o autor, esse questionamento pode gerar uma tensão, permitindo o
aparecimento de contradição e conflito. O aluno humilhado pode tornar-se
agressivo devido à situação que o fracasso em aprender desperta.
Sobre a “violência simbólica”, que Bourdieu conceituou, Charlot
assevera que a proibição de tatuagens, piercings, brincos nas orelhas dos
rapazes não é uma questão de pedagogia ou educação escolar. Para o autor,
qual seria a legitimidade da escola se meter nisso se não fosse uma violência
simbólica inscrita no Regimento da escola.
2.2. A supervisão pedagógica
Nas comunidades primitivas, os adultos educavam de forma indireta,
protegendo e orientando as crianças pelo exemplo e, eventualmente, por
palavras. Com a fixação do homem à terra, surge a propriedade privada e, a
partir daí, surge a divisão de classes. A função supervisora significava uma
forma de controle, de fiscalização e mesmo de coerção, expressa nas punições
e castigos físicos.
De acordo com Saviani (2005), foi na década de 1920 que surgiram
os profissionais da educação. Na separação entre a parte administrativa e
técnica, o supervisor ficou com a técnica.
Com o capitalismo no Brasil acelerando o processo de
industrialização e urbanização, intensificou-se as pressões sociais em torno da
questão educacional. As reformas de 1931 (Francisco Campos) e de 1942 a
1946 (Capanema), desembocaram na promulgação da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, de 20 de dezembro de 1961, tratando-se de organizar o
ensino e formar os agentes para operar a máquina burocrática da educação,
22
pois, nessa época, foram criados o Ministério da Educação e as Secretarias de
Educação. (SAVIANI,2005)
A categoria de técnico da educação tinha um sentido genérico, era o
pedagogo generalista, que permaneceu até os 1960. A partir de 1969, foi
reformulado o curso de Pedagogia, pretendendo-se formar o profissional em
habilitações. Nesse momento, houve a profissionalização do supervisor. (idem,
2005).
A tendência tecnicista, introduzida no Brasil no período da ditadura
militar, resultou em aplicar na escola o modelo empresarial. Essa tendência
utilizada na escola significava reduzir o comportamento humano à verificação
do comportamento nos seus aspectos mensuráveis e observáveis. A educação
tecnicista privilegiava os ideais de racionalidade, organização, objetividade,
eficiência e produtividade (ARANHA, 2006)
Para Freitas (2000), o final do século XX testemunhou várias
mudanças na política da administração da educação brasileira. O Estado
passou a permitir e a incentivar a convivência de diversas formas de
gerenciamento escolar. Algumas experiências ocorrem com o gerenciamento
da escola pública por entidades privadas. São criados colegiados ou conselhos
escolares com poder deliberativo e autonomia para tomar certas decisões no
âmbito da escola; são permitidas eleições de diretores; são ativadas as
participações de pais, líderes comunitários; começa-se a discutir a importância
da preparação de diretores escolares que incentivem a participação das
comunidades escolar e local e atendam à legislação vigente.
Pazeto (2000) assevera que a ideia de gestão denota a concepção de
coordenação e de participação. A participação estabelece um dos
componentes indispensáveis da gestão, e a diversidade de formas e
intensidade com que ela é exercida correspondem ao grau de identificação e
de comprometimento com a missão e o projeto da instituição.
A gestão educacional, de acordo com Lück (2012), possibilitou
observar o conjunto da engrenagem da escola, instituindo-se como um novo
paradigma, uma transformação nas organizações administrativas,
23
caracterizando-se numa preocupação com o todo e o relacionamento entre as
suas partes. A gestão é orientada pelos princípios democráticos e pela
participação consciente das pessoas nas decisões sobre a orientação, a
organização e o planejamento do trabalho, articulando as várias dimensões e
os desdobramentos de seu processo de implementação.
Frente ao planejamento educacional, as intervenções do supervisor
pedagógico podem ser direcionadas para a reflexão da comunidade escolar
sobre o tipo de aluno que se pretende formar.
Para tanto, seria necessário propiciar debates acerca do currículo,
quais os conteúdos que seriam priorizados, relacionando com a visão de
mundo constante do planejamento político-pedagógico da escola e das
tendências pedagógicas que orientam o seu olhar para a aprendizagem. O
desafio do supervisor seria a tentativa de despertar um outro lado do ser
humano, quais sejam, o altruísmo e habilidades sociais, permitindo o
envolvimento de fatores psicológicos e emocionais na realização das tarefas do
cotidiano escolar.
Essa complexidade do trabalho pedagógico depende de ações
coletivas. A participação de diversos profissionais na instituição escolar garante
a articulação crítica do processo educacional.
O papel do Supervisor Pedagógico, como líder integrador numa
comunidade escolar envolvendo a família, os alunos, a comunidade interna e
externa, gira em torno da percepção das necessidades da equipe. Querer mais
e melhor significa ter ambição, definida como querer mais conhecimento,
tranquilidade, para todos e não só para si. O líder é aquele que facilita o
desenvolvimento dessa capacidade ambiciosa. Para tanto, será importante
desenvolver uma comunicação assertiva com a equipe, sobre suas
necessidades, vontades e opiniões, sem a finalidade de punir, ameaçar ou
humilhar o outro.
Esta comunicação envolve a concordância entre a linguagem verbal
e não verbal, e a capacidade de:
• dizer NÃO;
24
• pedir ou fazer favores;
• expressar sentimentos positivos e negativos;
• iniciar, manter e terminar conversas gerais.
Para atuação no ambiente escolar, a liderança não é somente
técnica, o supervisor tem que ter sensibilidade, ir além do óbvio, devendo ser
compreensivo e flexível, porém, com atitude. O resultado refletirá o trabalho da
equipe, a qual perceberá que a realização dos anseios comuns e metas do
grupo da escola e da comunidade em geral, sendo aceito e compartilhado por
todos.
Entretanto, mesmo após bons resultados, o líder nunca deve ficar
satisfeito com o que já foi conquistado, a satisfação leva à acomodação,
impossibilitando de se perceber perspectivas para alçar novos voos. O
profissional tem que exercitar, desenvolver, praticar essa virtude, o importante
é a experiência de liderança na intensidade da prática no cotidiano escolar. De
acordo com Cortella (2009), as cinco competências essenciais para liderar:
- abrir a mente: estar aberto a novas ideias, a realidade é dinâmica e em
movimento constante;
- ser capaz de elevar a equipe;
- inovar: colaborar para pensar a reinvenção do modo de atuar, o professor
recebe alunos de várias gerações, bem como a escola recebe também
diversas gerações de profissionais e ainda tem que saber lidar com as famílias,
ainda mais nessa época de ampliação do conceito de família, não somente
formada por um homem e uma mulher;
- recrear o espírito:
- empreender o futuro: proatividade.
Gardner ressaltou que seria possível desenvolver a inteligência
porque a mesma seria uma espécie de força, e, assim como desenvolve-se a
força física com exercícios, poderíamos também fazer mesmo com a
inteligência, possibilitando que se possa facilitar a descoberta das múltiplas
inteligências do ser humano. (CORTELLA, 2009)
Como consequência a esse desenvolvimento, o Administrador
Escolar poderia desenvolver ou já ter desenvolvido a sua inteligência
interpessoal – a capacidade ou a tendência de desenvolver uma boa
25
comunicação entre as pessoas, bem como a inteligência intrapessoal, - a forma
como lida com os seus próprios sentimentos.
Lück (2012) assevera que pesquisas sobre escolas eficazes demonstra
uma correlação positiva entre o envolvimento dos professores e do sindicato
dos professores na criação da visão e na visão dos objetivos da escola. Para
tanto, o conhecimento dos professores é levado em conta para a solução dos
problemas, além da construção do currículo escolar.
Para os autores, a liderança participativa possibilita o surgimento de uma
visão compartilhada que faz toda a diferença no momento da prática das
atividades. Um profissional que se avalia numa perspectiva positiva na
instituição escolar cria uma energia que lhe impulsiona a realizar a tarefa com
mais entusiasmo.
26
CAPÍTULO III
SUPERVISÃO PEDAGÓGICA: MEDIAÇÃO DE
CONFLITOS
Esse capítulo buscou analisar a supervisão pedagógica exercendo o
papel de mediadora de conflitos, tanto no âmbito das práticas docentes como
da gestão escolar.
3.1. Na prática docente
A responsabilidade do professor é muito mais do que transmitir
conteúdo. De acordo com Belmonte (Rangel, 2009), sobre as propostas de
renovação e atualização dos professores, o supervisor pedagógico pode
contribuir com o processo de ensino-aprendizagem através da análise da
carência de formação do docente, elaborando um plano geral de
desenvolvimento permanente em cada escola. A partir daí, seria possível criar
uma cultura de pesquisa e acompanhamento.
Para o autor, é necessário fazer o seguinte questionamento:
• “Com qual pedagogia institucional a equipe docente constrói a mente dos alunos e os forma integramente?
• Com que método ensinamos nossos alunos a aprender e a ensinar?
• Que tipo de pessoa queremos formar em nossa escola?
• Que impacto esperamos na nossa formação?
• Com que indicadores vamos avaliar os resultados de nossa formação?
• Em que conteúdos, como e durante quanto tempo necessitamos nos formar?
• A formação realmente responde a nossas expectativas e necessidades, fornecendo-nos os conteúdos de que mais precisamos para levar à mudança ou à renovação que buscamos?” (RANGEL, org., 2009, p.31)
27
Para Perrenoud (2000), a construção do conhecimento é um
percurso coletivo no qual o professor orienta os seus alunos e cria condições e
auxílio, sem propor soluções para o problema. Sendo necessário envolver o
aluno em atividades de pesquisa, Perrenoud indagou como seria possível
tomar o conhecimento apaixonante por si mesmo. A competência do professor
passaria pela arte de seduzir, comunicar, encorajar, mobilizar, envolvendo-se
como pessoa.
O supervisor pedagógico, no exercício da sua função, deve
identificar oportunidades e estratégias de aperfeiçoamento das práticas e
superação das dificuldades. Como já dito em capítulos anteriores, a escola é
um espaço de conflitos sociais, decorrentes das relações interpessoais que se
estabelecem. Portanto, a inserção do supervisor na gestão escolar deverá levar
em conta a valorização da vida e da dignidade humana. Para tanto, conforme
Zieger (Rangel, 2009), a supervisão poderá implementar estudos com a equipe
docente acerca do entorno da escola, dos fatos e problemas da localidade, do
país e do mundo globalizado.
A partir dessa abordagem, o supervisor construirá com a equipe de
docentes algumas regras de convivência que serão propostas para a escola, as
quais discriminamos a seguir:
• Regras de convivência construídas coletivamente;
• Buscar diálogo para descobrir as causas dos conflitos;
• Fortalecer o vínculo entre a escola, pais e comunidade do
entorno da instituição;
• Currículo incluindo questões de interesse da comunidade que
a escola está inserida; e
• Desenvolvimento de habilidade para administrar
produtivamente os conflitos existentes.
28
Como um novo paradigma, a ação supervisora tem como tarefa
árdua o enfretamento dos conflitos com o objetivo de despertar um outro lado
do ser humano, o seu lado altruísta. Por meio de sua mediação, o supervisor
abrirá espaço para que o professor possa expressar suas opiniões, seus
pontos de vista e suas soluções.
A postura de mediador do supervisor deve ser apoiada pelas regras
de conduta que a escola possui e, gradativamente, esse tema pode ser
inserido no currículo escolar para que não seja uma ação isolada, mas
incorporada ao cotidiano da instituição.
Portanto, para que o processo de mediação tenha êxito no ambiente
escolar, é necessário um currículo que contemple a cultura da paz. Dessa
forma, seria possível ensinar e aprender a mediar conflitos, assim como se faz
com outras habilidades.
3.2. Na gestão escolar
O trabalho da direção da escola passou a ser entendido como um
processo de equipe. Essa mudança de enfoque mudou a fundamentação
teórico-metodológica necessária para a orientação e compreensão dessa
atividade. Esse novo paradigma é caracterizado, sobretudo, por uma mudança
de consciência a respeito da realidade e da relação das pessoas.
De acordo com Lück (2000), essa mudança de consciência está
associada à substituição da abordagem de administração para a de gestão.
Para a autora, isso não significou somente uma mudança terminológica, mas
uma importante alteração de atitude e orientação conceitual. Colocar esse tipo
de gestão em prática seria promover transformações nas relações de poder, de
práticas e da organização escolar. Esse novo paradigma seria baseado nos
seguintes pressupostos:
“. A realidade é global, sendo que tudo está relacionado a tudo, direta ou indiretamente, estabelecendo uma rede de fatos, circunstâncias e situações, intimamente interligadas. . A realidade é dinâmica, sendo construída socialmente, pela forma como as pessoas pensam, agem e interagem. . O ambiente social e comportamento humano são dinâmicos e por isso imprevisíveis, podendo ser coordenados e orientados e não plenamente controlados. O controle cerceia, a orientação impulsiona.
29
. Incerteza, ambiguidade, contradições, tensão, conflito e crise são vistos como elementos naturais de qualquer processo social e como condições e oportunidades de crescimento e transformação. . A busca de realização e sucesso corresponde a um processo e não a uma meta. Não tem limites e gera novos sucessos e realizações que devem, no entanto, ser continuamente buscados pela ação empreendedora.” (Lück, 2000, p. 15)
A partir de tais pressupostos, surgiria o entendimento de que
professores, equipe técnico-pedagógica, funcionários, alunos, pais,
comunidade, todos, além de fazerem parte do ambiente cultural, o formam e
constroem.
A mudança da ação do supervisor, de técnico burocrata de gabinete
para o chão da sala, possibilitou incorporar as modificações ocorridas na
sociedade para dentro da escola. (Grinspun; Oliveira, 2009). Nesse processo, o
objetivo da supervisão é articular crítica e construtivamente o processo
educacional, motivando a discussão a fim de garantir o bem-estar na escola.
No século XVIII, época da revolução industrial, a supervisão tinha a
função de controle, trazendo para dentro da escola a divisão social do trabalho.
Essa atitude não pertence mais ao novo paradigma de gestão escolar. As
novas competências e habilidades do supervisor giram em torno de se criar
estratégias para lidar com a diversidade, estimular e divulgar novas
experiências pedagógicas.
O ato de supervisionar vai além de um ato de monitoração,
considera-se um ato de encorajamento, num contínuo processo de interação
consigo próprio e com os outros, incluindo estratégias de observação e
reflexão. Uma reflexão colaborativa, com interações em contextos
diversificados.
Ferreira (Rangel, 2009) ressaltou a importância de uma prática
articulada, onde as ações dos gestores estejam comprometidas com a
formação humana em todas as dimensões, envolvendo todos os profissionais
da educação.
O autor faz a seguinte conceituação sobre política, planejamento e
gestão:
30
Políticas,(...). Elas norteiam e lhes dão sentido. São as diretrizes de ação que definem ou norteiam práticas, como normas, leis e orientações.
Planejamento é o processo de elaboração de planos de ação, que obedece a diretrizes e as operacionaliza com vistas à sua concretização.
Gestão é o processo de coordenação da execução de uma linha de ação, isto é, um plano. (...) (Rangel, 2009, p. 88)
Bussman (2013, p. 51 e 52), asseverou que a implementação do
projeto político-pedagógico é condição para a construção da identidade da
escola, devendo ser discutido, elaborado e assumido coletivamente. E, para
essa construção coletiva, destacam-se algumas demandas que deverão ser
atendidas:
• “(...) rompimento com estruturas mentais e organizacionais fragmentadas;
• definição clara de princípios e diretrizes contextualizadas, que projetem o vir a ser da escola;
• envolvimento e vontade política da comunidade escolar para criar a utopia pedagógica que rompe com os individualismos e estabelece a parceria e o diálogo franco;
• conhecimento da realidade escolar baseado em diagnóstico sempre atualizado e acompanhado;
• análise e avaliação diagnóstica para criar soluções às situações-problema da escola, dos grupos, dos indivíduos;
• planejamento participativo (...);
• atualização constante do pessoal docente e técnico (...);
• coordenação administrativo-pedagógica competente e interativa que estimule, planeje, comande, avalie, apoie e dialogue sempre, continuamente.”
Se a escola é considerada como democrática, mas a sua prática na
relação com professores e alunos não leva em conta essa característica, tal
situação pode desencadear resistência, oposição e rebelião.
Luckesi (2011) definiu o projeto político-pedagógico como o segundo
mediador na relação professor-aluno. E isto porque a seleção do conteúdo a
ser assimilado dependerá da ativação e utilização por meio do sujeito. Para
31
tanto, a cultura herdada na família, no ambiente que o rodeia inicia esse
percurso do processo de aprendizagem.
De acordo com Veiga (2008), Romanovski e Martins definem a aula
com expressão das dimensões sociais do tempo histórico em que se realiza,
sendo mediada pela relação professor-aluno, que traz suas próprias histórias.
Perrenoud (2000) assinalou que uma sociedade sem conflito seria
ou uma sociedade formada por ovelhas, que se curva sem resistência diante
do chefe, ou uma sociedade na qual ninguém pensa. Para o autor, cada
pessoa aborda um conflito de acordo com a sua história pessoal e sua
formação. Uma equipe pedagógica dependeria de sua maturidade, estabilidade
e serenidade pessoais.
O supervisor pedagógico, como mediador de conflitos na gestão
escolar, seria esse profissional com configuração mais harmoniosa capaz de
apaziguar os conflitos buscando um funcionamento mais harmonioso.
Perrenoud assinala que viver com as neuroses do outro exige não somente
uma certa tolerância, mas também competência de regulação no sentido de
evitar o pior, rompendo os nós e as esperais.
Nesse sentido, a construção do planejamento político-pedagógico é
momento que o supervisor pode contribuir com uma gestão inovadora,
privilegiando as seguintes características, dentre outras:
• Intencionalidade da escola;
• Interesse da comunidade;
• Perfil do cidadão que será formado; e
• Formação continuada dos professores
Um trabalho de prevenção deverá fazer parte do cotidiano da escola.
Construir pontes para que cada divergência seja trabalhada, vendo a realidade,
evitando-se o não enfrentamento das questões que geram o conflito.
32
Ceccon (2009) sugere um ABC para conviver com os conflitos,
destacam-se, a seguir, alguns:
• A: Identificar e desmontar as armadilhas da comunicação;
• B: Usar normas de colaboração para uma comunicação
produtiva; e
• C: Retomar a comunicação adotando um diálogo restaurativo.
Segundo o autor, a escola pode desenvolver parcerias com
instituições, que tenham afinidades com seus valores, para desenvolver
projetos sobre a construção de uma sociedade sem violência. Em seguida,
reitera que os líderes escolares, diretores e equipe gestora, devem ser capazes
de estimular a capacidade das pessoas de focar a realidade da escola por
outro ângulo, reforçando a cooperação e a sinergia, alimentando a alma da
escola.
Nesse momento, o supervisor pedagógico pode sugerir atividades
que aperfeiçoem essas competências, incluindo domínio de conhecimento e
atitude necessária para lidar com o conflito.
Parrat-Dayan (2012) assevera que o conceito de indisciplina pode
ser interpretado de diversas maneiras de acordo com o marco referencial, ou
seja, se considerar ou o aluno ou o professor ou a escola como um todo.
O papel do supervisor pode contribuir com uma nova forma de lidar
com o problema de conflito na escola. Ao focar numa liderança que conecte a
equipe para juntos caminharem para atingir um objetivo comum, as ações do
supervisor representarão a visão de toda a comunidade escolar, sem privilegiar
somente um membro da administração escolar. Essa parceria entre todos os
envolvidos torna a solução de conflitos possível.
Refletir sobre a teoria e a prática no momento atual torna-se
imprescindível. A sociedade passa por diversas transformações, abalando-se
os valores e a moral adquiridos. Como abordar um assunto que o aluno já
33
consultou algo na internet através do Google? O que a escola deve fazer?
Como a supervisão pedagógica pode intervir nesse processo de relativização
do ensinar da escola e o da informação pelo acesso à tecnologia?
Para Trevisol, de acordo com La Taille (2009), a família é o primeiro
grupo social com o qual o indivíduo interage e aprende as regras de convívio
social. Quando esse sujeito, por diversas razões, não se apropria de uma base
moral no período correto da sua infância no seio da família, ele chegará à
escola sem direção, tendo como consequência o pouco valor e significado que
a escola terá em sua vida.
Por isso, o supervisor deverá aproveitar possibilidades de parcerias
com os responsáveis, trazer esses pais para a escola. A escola só tem a
ganhar com esse relacionamento, pois, além de poder contribuir com melhorias
no aspecto físico da escola, o intercâmbio pode propiciar divisão de
responsabilidades.
34
CONCLUSÃO
A ação supervisora tem como tarefa o enfretamento dos conflitos
com o objetivo de despertar um outro lado do ser humano, o seu lado altruísta.
A prática do magistério fazia parte da memória coletiva, com a imagem do
professor detentor de privilégios. A partir da evocação de fatos, lembranças e
reflexão acerca da noção de pertencimento, aparecem e entrelaçam-se
vivências sobre diversos conhecimentos.
Sodré (2012) citou Santos ao afirmar que há práticas sociais
baseadas em conhecimentos populares, indígenas, camponeses, urbanos, que
não são considerados como importantes ou rigorosos. Para Sodré, o pluralismo
das linguagens de alunos oriundos de diferentes estratos sociais esbarra no
obstáculo do monismo cultural que privilegia a linguagem hegemônica.
Se a escola é democrática, a sua prática na relação com professores
e alunos deve levar em conta esse pluralismo de linguagens. Luckesi (2011)
definiu o projeto político-pedagógico como o segundo mediador na relação
professor-aluno. A seleção do conteúdo a ser assimilado dependerá da
ativação e utilização por meio do sujeito de conhecimentos já adquiridos para
assimilar e acomodar o novo. Para tanto, a cultura herdada na família, no
ambiente que o rodeia, é como um ritual iniciático desse percurso do processo
de aprendizagem.
A supervisão pedagógica pode intervir e mediar esse processo de
relativização do ensinar da escola. O conflito é reduzido na medida que todos
os envolvidos terão sua fala respeitada. De acordo com Sodré (2012), p. 22,
“(...). A monocultura do saber está por trás da crescente violência nas escolas
frequentadas por jovens provenientes de classes economicamente subalternas
(...), assim como pode responder também pelo fracasso do ensino ...”.
35
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38
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I PRÁTICA DOCENTE: O LUGAR DE PERTENÇA 10 1.1. A prática docente 10 1.2. A representação social 15 CAPÍTULO II O ESPAÇO DA ESCOLA E OS CONFLITOS SOCIAIS 18 2.1. Conflito na escola 18 2.2. A supervisão pedagógica 21 CAPÍTULO III SUPERVISÃO PEDAGÓGICA: MEDIAÇÃO DE CONFLITOS 26 3.1. Na prática docente 26 3.2. Na gestão escolar 28 CONCLUSÃO 34 BIBLIOGRAFIA 35 ÍNDICE 38