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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER Por: KLEBER RIBEIRO BAPTISTA Orientador Prof. FRANCIS RAJZMAN Rio de Janeiro 02 DE FEVEREIRO DE 2013. DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

Por: KLEBER RIBEIRO BAPTISTA

Orientador

Prof. FRANCIS RAJZMAN

Rio de Janeiro 02 DE FEVEREIRO DE 2013.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito e Processo Penal.

Por: KLEBER RIBEIRO BAPTISTA

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AGRADECIMENTOS

Aos mestres, ao orientador e aos colegas de curso, cujo convívio contribuiu de forma inigualável ao crescimento profissional e intelectual de um operador do direito.

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DEDICATÓRIA

À minha mulher Rosna Mattos, a quem tanto admiro como esposa, mãe, amiga e principalmente pela excelente profissional do direito que é, bem como a Juliana, Marianna e Kleber Júnior, nossos filhos, pelo que proporcionaram as nossas vidas.

À Marlene Ribeiro Baptista, minha mãe, que no papel de pai e mãe soube educar seus filhos no caminho da dignidade.

Kleber Ribeiro Baptista.

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RESUMO

Na sociedade em que vivemos as ocorrências envolvendo homem e mulher ou vice versa, na maioria das vezes, com a devida vênia, é tratadocomo banal, briga de marido e mulher ou de menor importância.

Como profissional do direito tive a infeliz experiência de vivenciar certos casos de violência contra mulher, sendo que em um deles o desfecho foi extremamente brutal. Após inúmeros registros policiais sob o título de AMEAÇA a mulher acabou sendo realmente vítima de HOMICIDIO perpetrado por arma de fogo, tendo seu agressor se suicidado com um tiro na cabeça, quando a polícia tentava convencê-lo a se entregar e não matar a mulher.

Diante das “ formalidades “ para a atuação eficaz do Estado e, face aos anseios da sociedade em busca da igualdade e justiça decidi abordar o tema que diariamente ocorre e, somente quando atinge o extremo ou certas celebridades é relembrado.

Como exemplo podemos apontar a Lei 11340/ 2006, conhecida como LEI MARIA DA PENHA a qual surgiu dando uma falsa impressão de ter sido realmentecriado um instrumento capaz de minimizar ou mesmo por um fim nas várias formas de violência contra mulher, porém, a Lei Maria da Penha, é o marco na luta das mulheres para a igualdade social.

Esse trabalho tem por objetivo a discussão da lei 11340/2006 chamando atenção da sociedade para as demais espécies de violência contra mulher, como por exemplo pressão psicológica, ameaça, humilhação, assédio moral, espancamentos, assédio sexual, prostituição forçada, seqüestro, tortura, escravidão.

Ainda existe em nosso século lugares onde a mulher é vista e tratada como posse, como se ela não fosse um ser humano.

Em 1993, na Conferência de Viena sobre Direitos Humanos, que “as mulheres passaram a ser consideradas sujeitos de direitos, bem como tiveram seus direitos humanos reconhecidos como inalienáveis – como parte integral e indivisível dos Direitos Humanos Universais”.

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METODOLOGIA

Reportagens, denúncias, reclamações sobre o tratamento dado as mulheres vítimas de violência nas repartições públicas, nas dependências policiais, no âmbito judicial até certo período traduzia o total descaso das autoridades frente os anseios de justiça daquelas que se enchendo de coragem trilhavam um caminho exaustivo, ou seja uma verdadeira via crucis visando fazer valer seus direitos como cidadã.

Por mais que se empenhassem e lutassem por maioria das vezes viam cair por terra todo esforço dispensado, apagando a fagulha de esperança dando lugar a revolta, ao repúdio que vultuosamente se transforma em frustração.

Aluta pelas mulheres, o clamor público e, a atenção “dispensada” aos anseios da sociedade frente à situação das mulheres vítima de violência encontrou eco na sociedade mundial.

Com o apoio da Anistia Internacional chegou ao Brasil o livro intitulado MULERES LIVRES, das escritoras AurineCrémieu e HéléneJullieu.

Mulheres Livres conta quatorze histórias de luta e resistência de mulheres ao redor do mundo. Baseado em estórias verídicas, o livro retrata a violência praticada contra mulheres, nos Estados Unidos, França, Malaui, Tunísia, África, Chile, Indonésia, Paquistão, Tchetchênia, India, Tibete e etc.

Em destaque, as escritoras enumeram a violência contra mulher passando por pressão psicológica, assédio moral, estupro, violência doméstica, prostituição forçada, tortura, escravidão, sequestro, além de espancamentos. (publicado por Carlos Scomazzon – 04 de agosto de 2008)

“Em defesa da mulher, no combate a violência sofrida pelas mulheres, na publicação nº. 6, fevereiro de 2004 do livro OUTRAS VOZES, Maria José Artur, atribui a posição de subordinação das mulheres como violência e como fator preponderante, reflexo de uma sociedade patriarcal”.

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Engajada também na luta contra a violência praticada contra as mulheres, a jornalista Cristine Ockerent , em sua publicação O LIVRO NEGRO DA CONDIÇÃO DAS MULHERES, denuncia a opressão sofrida pelas mulheres, indagando que ainda há muito o que fazer para atingir a igualdade.

Temos em destaque pela autora, as cinco fases que caracterizam os anseios de justiça e traduzem a luta por seus direitos: SEGURANÇA, INTEGRIDADE, LIBERDADE, DIGNIDADE E IGALDADE.

O problema da violência contra mulher, apesar ainda dos avanços e das conquistas, perdura até os dias atuais, é um problema em caráter mundial, enraizado não só em países subdesenvolvidos como nos países de primeiro escalão.

Ainda bem distante do anseio social, da igualdade das partes e, olhando criteriosamente sob a maquiagem da nossa estrutura legislativa obrigada a tratar do assunto, comparando os avanços e as medidas adotadas no tratamento dispensados as mulheres vítimas de violência, espero que não estejamos nos preparando par um círculo vicioso, que não haja um retrocesso no que até agora alcançamos, continuando tratando do assunto como mera desavença entre casais, como por exemplo:

No julgamento do HC 113.608- do STJ- MG a sexta turma referiu-se ao artigo 16 da Lei 11340/2006 da seguinte forma: "se a vítima só pode retratar-se da representação perante o juiz, a ação penal é condicionada. Ademais, a dispensa de representação significa que a ação penal teria prosseguimento e impediria a reconciliação de muitos casais".

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - A Importância da Mulher 11

1.1 – A Santidade. 1.2 – A mulher e suas conquistas. 12

CAPÍTULO II - Conceito de Crime. 18

2.1 – Definições de Crime.

2.2 – Crimes de Menor Potencial Ofensivo. 19

2.3 –Ação Penal. 20

2.4 - Classificação da Ação Penal. 21

2.5 - Extinção da Punibilidade. 22

2.6 – Prescrição e Decadência. 23

2.7 – Representação. 24

2.7.1 – Conceito. 25

2.7.2 – Natureza Jurídica.

2.7.3 - Prazo.

CAPÍTULO III – Teoria e Prática. 26

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

WEBGRAFIA 41

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INTRODUÇÃO

A Lei Maria da Penha é aplicável em todos os casos de violência contra mulher?

A violência contra mulher nem sempre está vinculada a Lei Maria da Penha, conforme atualmente grande parte da sociedade crê. O objetivo deste estudo é o esclarecimento das hipóteses e das questões em que são aplicáveis ou não a Lei 11340/2006, haja vista que a violência contra mulher não se limita apenas ao âmbito familiar, encontra-se presente no trabalho, na vida política, e na vida social.

Há vários séculos, as mulheres lutam em todos os continentes, buscando oportunidades para participar de forma integral na vida política, econômica e cultural de seus países. Foi preciso que 129 mulheres fossem trancadas e queimadas vivas dentro de uma fábrica na Inglaterra, quando discutiam em uma reunião os direitos que poderiam reivindicar, tais como amamentar seus filhos, horas extras, etc., para que a luta pelos seus direitos passasse a ter importância pela humanidade.

(Extraído de: Procuradoria Geral do Estado de Goiás - 20 de Abril de 2009)

Este tema foi escolhido e desenvolvido visando uma reflexão uma reflexão aguda sobre o tratamento destinado as mulheres desde os primórdios tempos. Comentaremos sobre como eram tratadas as ocorrências que envolviam violência contra mulher, a aplicabilidade das leis, pelo tratamento adotado pelas autoridades e pelos tipos penais e suas conseqüências antes, durante e após a promulgação da Constituição Federal de 1988, abordando os requisitos referentes da representação, prescrição e decadência, que outrora eram utilizados em desfavor das mulheres vítimas, bem como as medidas adotadas após o advento da Lei 11340/2006, com enfoque sobre os mesmos requisitos.

Em resposta a sociedade pelos vinte anos de luta travada por Maria da Penha Maia Fernandes, que foi vítima de duas tentativas de homicídio, sendo a primeira no ano de 1983, quando levou um tiro nas costas enquanto dormia e, a segunda, meses após, quando seu marido Marco Antonio Herredia Viveross a empurrou da cadeira de rodas e tentou

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eletrocutá-la no chuveiro, surgiu a Lei 11340/2006. A lei ganhou o nome de Lei Maria da Penha em sua homenagem.

Maria da Penha, com a ajuda de ONGs, conseguiu expor o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), que, pela primeira vez, acatou uma denúncia de violência doméstica. Seu marido, Marco Antonio Herredia Viveross, só foi preso em 2002, para cumprir apenas dois anos de prisão.

As Organizações Não-Governamentais Feministas Advocacy, Agende, Themis, Cladem/Ipê, Cepia e Cfemea, no ano de 2002 reuniram-se sob a forma de consórcio para elaborar um anteprojeto de lei para combater à violência doméstica e familiar contra a mulher. O anteprojeto foi apresentado à Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República – SPM, que instituiu Grupo de Trabalho Interministerial para elaborar um Projeto de Lei versando sobre mecanismos de combate e prevenção à violência doméstica contra as mulheres (Decreto 5.030, de 31 de março de 2004). Após consultar representantes da sociedade civil, operadores do direito e servidores da segurança pública e demais representantes de entidades envolvidas na temática, por meio de debates e seminários, o Poder Executivo encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei sob o nº 4.559/2004. Na Câmara dos Deputados o projeto original foi alterado por meio de resultado de amplo debate, através de audiências públicas realizadas em todo o país. O substitutivo foi aprovado nas duas casas legislativas e culminou na Lei 11.340, sancionada pelo Presidente da República e publicada em 7 de agosto de 2006, denominada Lei “Maria da Penha”. A Lei Maria da Penha incorporou o avanço legislativo internacional e se transformou no principal instrumento legal de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher no Brasil, tornando efetivo o dispositivo constitucional que impõe ao Estado assegurar a "assistência à família, na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência, no âmbito de suas relações” (art. 226, § 8º, da Constituição Federal). (fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM

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CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA MULHER

1.1 – COMO SANTIDADE

Dentre tantas mulheres judias, Deus decidiu escolher uma jovem virgem, de uma família pobre, da cidade de Nazaré, para ser a mãe de Jesus, o nosso Salvador.

O seu nome era Maria e ...foi a ela que Deus enviou um anjo para fazer um anúncio que a deixou perturbada, pois ela não estava entendendo o que seria tudo aquilo.

Um anjo lhe apareceu e disse: "... Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres" (Lucas 1:28).

Foi uma mulher que lavou os pés de Jesus cm sua lágrimas ( Lucas 7:44). Foi também uma mulher a primeira pessoa a quem Cristo aparece após er ressuscitado (Marcos 16 :9). As mulheres sempre estavam entre aqueles que preservavam (Atos dos Apóstolos 1:14) e que tinham o coração aberto para a pregação(Atos dos Apóstolos 16:14). Mulheres sempre estavam entre o grupo dos que trabalhavam pelo evangelho (Filipenses 4:3) e, talvez por isso a mulher é comparada a igreja, como uma esposa fiel e amorosa que se apronta para seu marido ( Apocalipse 21:12).

Deus, como supremo rei do mundo e todo poderoso, poderia escolher inúmeras formas ou meios para enviar seu filho a nós, porém como nos deixa claro em Lucas 1:28, escolheu uma mulher, virgem, para ser a mãe de Deus filho, Maria de Nazaré.

A missão de ser a mãe de Deus demonstra e deixa claro qual importância e o prestígio da mulher perante aos desígnios de Deus pai, quiçá perante nós homens.

Consta ainda no livro sagrado que a mulher, nos momentos mais importantes da passagem de Jesus Cristo, eram as primeiras a se fazerem presentes, como por exemplo, quando ressuscitou, a primeira pessoa a ser avisada e a informar que o viu foi uma mulher (Marcos 16:9).

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Ainda baseado no livro santo, uma mulher adultera estava para ser apedrejada até a morte em praça pública,pena na época aplicada as mulheres que cometessem esse tipo de crime, quando então houve a interferência de Jesus Cristo impedindo que se concretizasse.

Desde o papel bíblico, a mulher tem grande influência na história da humanidade e, gradativamente vem conquistando seu espaço, apesar de em alguns lugares ainda ser vista como um objeto. Como exemplo do avanço feminino elencamos abaixo:

1.2 -A MULHER E SUAS CONQUISTAS

Extraído de: Procuradoria Geral do Estado de Goiás - 20 de Abril de 2009

A EVOLUÇÃO DA MULHER

Há vários séculos, as mulheres lutam em todos os continentes, buscando oportunidades para participar de forma integral na vida política, econômica e cultural de seus países. Foi preciso que 129 mulheres fossem trancadas e queimadas vivas dentro de uma fábrica na Inglaterra, quando discutiam em uma reunião os direitos que poderiam reivindicar, tais como amamentar seus filhos, horas extras, etc., para que a luta pelos seus direitos passasse a ter importância pela humanidade.

Cinquenta anos depois, também no dia 8 de março, desta vez, em 1910, foi criado o Dia Internacional da Mulher.

Fazendo uma retrospectiva, verificamos que Jesus valorizou a mulher quando levantou e garantiu a mulher adúltera recomendando-lhe, porém, que não pecasse mais, livrando-a do apedrejamento da lei mosaica .

No entanto, o rei Salomão, filho do rei David, citado como o mais sábio dos homens, casou-se com a filha do faraó, mas teve como mulheres 300 princesas e 700 concubinas.

No Oriente Médio, os muçulmanos ainda mantêm o regime poligâmico; o homem pode ter até quatro mulheres desde que possua condições econômicas e possa ampará-las.

No século XVIII, nos EEUU, uma jovem se formou em Medicina e lutou muito para obter o diploma a que fizera jus. Em 1866, Allan Kardec publicou um artigo na Revista Espírita, em Paris, com o artigo palpitante

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naquela época Mulher em alma?, defendendo na ocasião uma jovem que se formara em Direito e teve dificuldades para ser diplomada.

A coragem e a persistência de uma jovem do Afeganistão serve de exemplo para todos: um grupo de homens jogou-lhe ácido no rosto, causando-lhe problemas na visão. Ela disse que continuaria a ir à escola por recomendação de seus pais.

Os desafios globais do século XXI nos fazem meditar sobre as conquistas da mulher ao longo dos anos; mais mulheres comandam governos no mundo inteiro, mas existe muito ainda a ser conquistado. O atual presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama, assinou a Lei Lili Ledbetter, de pagamento justo, fortalecendo as mulheres a contestar salários desiguais.

Por último, a evolução da mulher se deve muito aos homens que as incentivam a exercitar os seus direitos, reconhecendo a importância de seu papel na estabilidade da paz no mundo.

No entanto, a mulher cansou de ser apenas o rouxinol que canta, resolveu também voar e dominar o espaço.

Para se alçar voos harmoniosos e felizes precisamos de duas asas; o homem é uma asa, e a mulher é a outra asa, podendo voar até as alturas.

A mulher tem como âncora saber que a força de propagação da vida está com ela. O homem precisa da mulher para conhecer os mistérios da vida. São transparentes na história mundial os fortes aspectos da mulher em querer cuidar dos necessitados e menores. Assim sendo, tanto o homem como a mulher têm potencial para colocar isso em prática.

Resta mencionar que a China não progrediu sob a autoridade do TsSen-Hi, a rainha católica da Espanha revelou mais visão do que todos os sábios de seu tempo. Isabel apostou em Colombo e mudou o destino do mundo.

Fonte (Iomar David Fonseca é procuradora do Estado de Goiás, jornalista e articulista) Autor: Jornal Diário da Manhã

Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã

Olympe de Gouges(Setembro de 1791)

Este documento foi proposto à Assembléia Nacional da França, durante a Revolução Francesa(1789-1799). Marie Gouze (1748-1793), a autora, era

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filha de um açougueiro do Sul da França, e adotou o nome de Olympe de Gouges para assinar seus planfletos e petições em uma grande variedade de frentes de luta, incluindo a escravidão, em que lutou para sua extirpação. Batalhadora, em 1791 ela propõe uma Declaração de Direitos daMulher e da Cidadã para igualar-se à outra do homem, aprovada pela Assembléia Nacional. Girondina, ela se opõe abertamente a Robespierre e acaba por ser guilhotinada em 1793, condenada como contrarevoluionária e denunciada como uma mulher "desnaturada".

Conferência Mundial sobre Direitos Humanos

Na Conferência de Viena, em 1993, sobre Direitos Humanos que “as mulheres passaram a ser consideradas sujeitos de direitos, bem como tiveram seus direitos humanos reconhecidos como inalienáveis – como parte integral e indivisível dos Direitos Humanos Universais”.

Sobre as conquistas da mulher no Brasil, Tânia Regina Biceglia, Gilmara Pesquero Fernandes Mohr Funes, ratificam que a mulher, desde a origem das civilizações, ocupou um papel de subordinação e opressão, era tida como um mero objeto. Enquanto solteira, eraposse de seu pai, ao casar-se, este múnus passava a ser exercido por seu marido. Com o advento do Código Civil de 1.916, a mulher ainda continuou, por mais das vezes, a ser um objeto.

Estava elencada no rol dos relativamente incapazes, precisava daratificação do marido para que seus atos tivessem validade na órbita civil. Era mãe, mas o pátrio poder lhe era conferido de forma subsidiária.

Somente em 1.962, com a entrada em vigor do Estatuto da Mulher Casada,a mulher foi liberada do autoritarismo masculino, a partir de então, uma série desucessivas leis, que culminou com a promulgação da Constituição Federal de 1.988, buscaram efetivar as conquistas que foram precedidas de grande luta pelas mulheres brasileiras.

(Extraído da pesquisa A MULHER E A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE SUAS CONQUISTAS NA LEGISLAÇÃO CIVIL E CONSTITUCIONAL BRASILEIRA de Tânia Regina Biceglia, Gilmara Pesquero Fernandes Mohr Funes )

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Histórico segundo o Observatório Lei Maria da Penha

“Com a condenação do Brasil pela OEA por negligência e omissão em relação à violência doméstica após incessantes 15 anos de luta e pressões internacionais sem decisão ou mesmo justificativa para a demora no caso denominado Maria da Penha, uma das punições impostas foi a recomendação para que fosse criada uma legislação adequada a esse tipo de violência. E esta foi a sementinha para a criação da lei. Um conjunto de entidades então se reuniu para definir um anti-projeto de lei definindo formas de violência doméstica e familiar contra as mulheres e estabelecendo mecanismos.

Isso ocorreu somente quando, Maria da Penha, através da ajuda ONGS conseguiu enviar o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), que, pela primeira vez, acatou uma denúncia de violência doméstica.

Finalmente em setembro de 2006 entra em vigor a lei 11.340/06, fazendo com que a violência contra a mulher deixe de ser tratada com um crime de menor potencial ofensivo, a reformulação nas penas, além de englobar, além da violência física e sexual, também a violência psicológica, a violência patrimonial e o assédio moral, excluído a Lei 9099/95.”

Alicerçando a lei para que sua aplicação seja, em tese, rigorosa procurando a proteção da mulher vítima de violência, destacamos as medias protetivas:

A previsão dessas medidas protetivas de urgência na Lei Maria da Penha é apontada como um dos maiores avanços no combate à violência doméstica e familiar contra a mulher no Brasil.

Nossos doutrinadores, mesmo sem se deter especificamente no tema da natureza jurídica das medidas protetivas, as trata como medida cautelar, atribuindo a algumas delas caráter cível e a outras caráter penal.

MEDIDAS PROTETIVAS

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

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I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: Citado por 37

a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;

c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;

IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.

§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.

§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.

§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos

§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).

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Seção III Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:

I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;

II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;

III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;

IV - determinar a separação de corpos.

Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:

I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;

II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;

III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;

IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.

Em 1985, justamente na culminância da Década da Mulher declarada pela ONU, é inaugurada a primeira Delegacia 6de Defesa da Mulher em São Paulo e criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), através da lei 7353/85. No ano seguinte - em 1986 - no estado de São Paulo, foi criada pela Secretaria de Segurança Pública a primeira Casa-Abrigo do país para mulheres em situação de risco de morte (Silveira, 2006). Essas três importantes conquistas da luta feminista brasileira são as para a promoção dos direitos das mulheres no combate à violência.

(Texto extraído da Secretaria Especial de Política para as Mulheres)

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CAPÍTULO II

Conceito de Crime

Juridicamente conceitua-se CRIME como sendo toda conduta típica, antijurídica – ou ilícita ou culpável, praticada por um ser humano.

2.1- Outras definições de crime:

Crime é o fato humano contrário a lei – definição de Carmignani

Crime é qualquer ação legalmente punível – definição de Maggiore.

Crime é toda ação ou omissão proibida pela lei sob ameaça de pena – definição de Heleno Fragoso.

Crime é uma conduta (ação ou omissão contrária ao direito, a que alei atribui uma pena) – definição de Pimentel.

Crime é todo fato que a lei proíbe sob ameaça de uma pena – definição de Bruno.

Nossa doutrina confere aos crimes algumas classificações: pela gravidade do fato e/ou lesividade, pela forma de execução, pelos agentes, entre outros.

Dependendo davontade de quem pratica o crime (do criminoso), os crimes podem ser classificados como dolosos ou culposos. Caracterizam-se comodolosos os crimes que ocorrem quando o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado. Em contra partida, caracterizam-se os crimes culposos, quando o agente não tem a intenção de produzir o resultado, mas o faz em três hipóteses distintas:

a) Negligência;

b) Imprudência;

c)Imperícia.

Há ainda os crimes preterdolosos, que são aqueles que se iniciam com dolo e o resultado de produz culposamente ou vice versa.

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O crime quanto a sua realização pode ser classificado como crime consumado e crime tentado. Crime consumado é aquele em que sua prática reúne todos os elementos de sua definição legal, como o verbo (ação ou omissão),a realização desses elementos descritos no tipo penal resultam na consumação do respectivo crime.

Exemplo:Art. 121 do Código Penal - Homicídio: Matar (verbo) alguém (objeto material).

Já o crime tentado ocorre quando, iniciada a execução, não se consuma, por circunstâncias alheias à vontade do criminoso,ou seja, circunstâncias que não dependem da vontade do agente e interrompem sua conduta.

Exemplo: Tentativa de homicídio (art. 121 - Código Penal)

2.2 -Crime de Menor Potencial Ofensivo – Lei 9099/95

O texto do artigo 61 da Lei 9099/95 define o crime de menor potencial ofensivo:

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313 , de 2006). Lei n.º11.313/06

Art. 1º.

Os arts. 60 e 61 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, passam a vigorar com as seguintes alterações:

”Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos', cumulada ou não com multa.” Crime e/ou Infração de menor potencial ofensivoé doutrinariamenteé concebido para classificar os crimes de menor relevância, com ações julgadas e processadas pelos Juizados Especiais Criminais (JECRIM). Nos crimes de menor potencial ofensivo não há prisão em flagrante, o instrumento utilizado na espécie denomina-se TERMO IRCUNSTANCIADO,

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onde o autor do crime ao assiná-lo, assume o compromisso de em juízo comparecer em juízo quando determinado.

O Termo Circunstanciado, contém além da qualificação dos envolvidoso relato sucinto da ocorrência, feito pela autoridade policial, onde este realiza seu juízo fazendo o indiciamento e a tipificação do infrator. Na prática o Termo é o próprio registro de ocorrência com algumas informações adicionais, servindo de peça informativa para o Juizado Especial Criminal.

2.3 - AÇÃO PENAL.

Ação penal é definida como a atividade que impulsiona a jurisdição penal, é o direito ou o poder-dever de provocar o Poder Judiciário para que decida o conflito nascido com a prática de uma conduta definida em lei como crime.

Através da ação penal a conduta definida como crime é subemetida ao crivo do Poder Judiciário para que por meio do processo, no qual são apurados os fatos considerados como crime, o juiz decida se reealmente houve o crime e, se o autor do crime deva ser punido.

São três os requisitos necessários a condição da ação para que ela seja possa ser apurada pelo Poder Judiciário:

As condições da Ação São:

1ª)Legitimidade das partes:

Tem legitimidade para dar início à ação penal pública o Ministério Público, através dos promotores públicos e procuradores de justiça, no âmbito estadual, e dos procuradores da república, no âmbito federal.

Sendo a ação penal privada tem legitimidade para iniciar o processo o ofendido ou seu representante legal.

2ª) Interesse de agir:

Já Humbero Theodoro Junior, citando Alfredo Buzaid, considera: "O interesse de agir, que é instrumental e secundário, surge da necessidade de obter através do processo a proteção ao interesse substancial. Entende-se, dessa maneira, que há interesse processual se a parte sofre

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um prejuízo, não propondo a demanda, e daí resulta que, para evitar esse prejuízo, necessita exatamente da intervenção dos órgãos jurisdicionais

3ª) Possibilidade jurídica do pedido:

Significa que a pretensão do autor deve ser admitida, prevista pelo ordenamento jurídico.

2.4- CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL

De acordo com nosso Código Penal, artigo 100 e nosso código de Processo penal, em seus artigos 24 e 30, a ação penal se classifica em:

a) Ação Penal Pública b) Ação |Penal Privada

CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Código de Processo Penal

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.

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2.5 -Extinção da Punibilidade.

Com a ocorrência do crime surge, automaticamente, o direito de punir do Estado, ou seja, a possibilidade jurídica do Estado aplicar a sanção ao sujeito ativo da infração penal, porém, existem causas que excluem a punibilidade, atingindo a pretensão punitiva(direito de punir do Estado (jus puniend)) ou a pretensão executória (direito que o Estado tem de exigir que o criminoso cumpra a data fixada na sentença), conforme ocorra antes ou depois do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Desta forma, mesmo sendo praticada a ação penal, é possível que o jus punienddo Estado seja impedido, ocorrendo uma dascausas elencadas no art. 107 do Código Penal.

Em nosso estudo ora desenvolvido,vamos destacar a no aspecto da extinção da punibilidade a prescrição e, em especial a extinção da punibilidadepela decadência.

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - pela morte do agente;

II - pela anistia, graça ou indulto;

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Se com a prática do delito nasce o direito de punir do estado, classificado como pretensão punitiva, é a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, o Estado adquire a pretensão executória, que é o direito de obrigar o delinqüente a cumprir a pena imposta.

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A pretensão punitiva e a pretensão executório do Estado, quando não exercida dentro do prazo fixado na lei, são alcançadas pela prescrição.

Prescrição é a perda da pretensão punitiva ou executória, em razão do decurso de tempo.

Com a prescrição, o Estado perde o jus puniend, ou seja, o direito de executar a pena imposta.

2.6- DECADÊNCIA

Majoritariamente nossos doutrinadores(Mirabete, Damásio, Delmanto, Leal, Salles Jr, Bastos) a definem prescrição como: a perda do direito de punir do Estado pelo decurso do tempo, ou seja pelo seu não exercício no prazo previsto em lei.

O mestre Cezar Roberto BITENCOURT ensina que “Decadência é a perda do direito de ação a ser exercido pelo ofendido, em razão do decurso de tempo. A decadência pode atingir tanto a ação de exclusiva iniciativa privada como também a pública condicionada à representação. Constitui uma limitação temporal ao iuspersequendi que não pode eternizar-se”. (p. 702/703). A decadência, portanto, “pode atingir tanto o direito de oferecer queixa (na ação penal de iniciativa privada) como o de representar (na ação penal pública condicionada), ou, ainda, o de suprir a omissão do Ministério Público (dando lugar à ação penal privada subsidiária)” (DELMANTO, p. 382).

Já o mestre CAPEZ, nos ensina que “a decadência está elencada como causa de extinção da punibilidade, mas, na verdade, o que ela extingue é o direito de dar início a persecução penal em juízo. O ofendido perde o direito de promover a ação e provocar a prestação jurisdicional e o Estado não tem como satisfazer seu direito de punir”. E continua afirmando que “a decadência não atinge diretamente o direito de punir, pois este pertence ao Estado e não ao ofendido; ela extingue apenas o direito de promover a ação ou de oferecer a representação” (p. 569).

A decadência é a perda do direito de ação ou de representação, em decorrência de não ter sido exercido no prazo previsto em lei, constituindo, pois, em causa de extinção de punibilidade.

O prazo comum de decadência é, como regra, de seis meses, podendo a lei instituir exceções.

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O termo inicial do prazo de decadência é a data em que o ofendido ou seu representante veio a saber quem foi o autor do crime começa a fluir, portanto, da data da ciência da autoria e não da data do crime, sendo a decadência causa extintiva da punibilidade, ou seja, da perda do direito material conforme o art. 10 do CP:

Contagem de Prazo Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Alterado pela L-007.209-1984)

Segundo se depreende dos arts. 34 e 38 do CPP (Código de Processo Penal), a queixa, ou representação pode ser movida pela vítima ou seu representante legal, quando a primeira tiver 18 a 21 anos. A vítima que ainda não atingiu 18 anos é parte ilegítima para oferecer a queixa ou representação.

Art. 34 CPP- Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.

O prazo decadencial é fatal e improrrogável. Não se suspende nem se interrompe. Sua fluência, para a vítima, permanece impedida, até que ela complete 18 anos.

Art. 38 CPP - Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do Art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.

2.7–REPRESENTAÇÃO CPP - Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941.

Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.

§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou

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procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.

§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.

2.7.1 -CONCEITO.

Representação é a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal quanto ao interesse em que a ação penal seja iniciada..

2.7.2 - Natureza jurídica

É condição de procedibilidade da ação penal pública, sendo que sua falta impede que o Ministério Público ofereça a denúncia.[ É também condição para a ação penal. É dirigida ao Juiz, ao Ministério Público ou a Autoridade Policial

2.7.3 - PRAZO

O direito de representação pode ser exercido no prazo de seis meses, contados do dia em que o ofendido ou seu representante legal soube quem é o autor do crime. Não se conta o prazo a partir do crime, mas da descoberta de seu autor.

De acordo com o art. 10 do Código Penal Brasileiro, na contagem do prazo inclui-se o dia do começo (ao contrário da regra comum no processo civil, onde a contagem começa no dia útil seguinte).

Interrupção do prazo

Não é admissível, visto tratar-se de prazo decadencial, que não admite interrupções ou suspensões.

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CAPÍTULO III

Teoria ePrática

Iniciaremos doravante uma reflexão sobre o tratamento dispensado as mulheres vítimas de violência, a princípio tomando por base como eram os procedimentos com vistas à apuração dos crimes praticados contra as mulheres vítimas de toda sorte de violência.

Alguns crimes que hoje são tipificados como de menor potencial ofensivo, antes da reforma constitucional, bem como a inclusão de alguns parágrafos obedeciam a certos critério e procedimentos, como por exemplo:

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

II - perigo de vida;

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2° Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incuravel;

III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesão corporal seguida de morte

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:

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Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Diminuição de pena

§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Substituição da pena

§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:

I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;

II - se as lesões são recíprocas.

Lesão corporal culposa

§ 6° Se a lesão é culposa:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Aumento de pena

§ 7° No caso de lesão culposa, aumenta-se a pena de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses do art. 121, § 4°.

A mulher vítima de agressão física quando chegava ao extremo de procurar socorro nas dependências policiais, além da desconfiança em que era tratada, passava pelo dissabor e constrangimento de acharem que sua ida àquele local, não passava de mera tolice e o que lhe afligia era de menor importância diante de outros crimes, imperando para ela o descaso.

As que se enchiam de coragem e persistiam em seu atendimento, após inúmeros “conselhos” de que nada adiantaria procurar a polícia se depois de alguns dias viria o arrependimento e ela retornaria para “ retirar a queixa”, eram exaustivamente levadas a desistência do registro.

Lavrado o registro de ocorrência, passamos a fase de investigação, onde vítima, agressor e testemunhas, caso haja, são convocadas a prestar esclarecimentos nas dependências policiais e a mulher vítima é encaminhada a exame de corpo de delito, caso não tenha sido encaminhada quando da lavratura do registro de ocorrência.

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Nesta fase, já com certo tempo decorridosão analisadas toda as provas, como depoimentos das testemunhas, a materialidade do crime através do Auto de Exame de Corpo de Delito encaminhado a distrital.

Diante de todo conjunto probatório, a Autoridade Policial através de portaria indicia o agressor, instaurando o Inquérito Policial. Com a instauração do inquérito, tem início uma nova fase para instrução dos autos com nova colheita de provas e cumprimento de diligências apontadas pela Autoridade Policial ou requeridas pelo Ministério Público, caso o membro do Ministério Público assim determinasse.

Nesse exemplo, vimos que o crime a pena aplicada, no caso em espécie era de três meses a um ano, o que de certa forma mais uma vez desencorajava ainda mais a mulher vítima de violência tomar a atitude de procurar seus direitos.

A tradução desses critérios de avaliação,bem como aposição da mulher na sociedade frequentemente terminava com o retorno das mulheres agredidas, ameaçadas e as eu sofriam outras espécies de crimes, as dependências policiais e, raramente as barras da justiça.

Como em nosso ordenamento jurídico, não havia tipificação específica, com o advento da Lei nº 10.886, de 17 de junho de 2004 esta acrescenta os parágrafos 9º e 10 ao artigo 129 do Código Penal, classificando como fato típico e antijurídico, sob o nomen iuris"violência doméstica" (lesão corporal) "praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade".§9 (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006).

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos Lei nº 11.340 , de 2006

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De acordo com o artigo 5º do Decreto nº 678 de 6 de novembro de 1992 Pacto de São José da Costa Rica -, nos termos da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, "toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral".

Como visto anteriormente o artigo 61 da Lei 9099/95 conceitua o crime de menor potencial ofensivo, comportando a composição civil de danos e transação penal, abrangendo os crimes apenados até dois anos, ou multa, independentemente do rito processual previsto.

O art. 62 da referida lei diz que o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.

No artigo 75, reza que não sendo obtida a composição civil, poderá o ofendido exercer o seu direito de representação.

Dando continuidade ao caso acima, com o advento da nova lei, passaram as autoridades, na prática, com a máxima vênia, a atuar da seguinte forma quanto aos crimes de menor potencial ofensivo:

A mulher vítima do crime ameaça ou lesão corporal, agora no rol da lei 9099/95 comparece a delegacia policial, transpondo as barreiras elencadas no tópico anterior, onde após tudo isso consegue registrar a ocorrência. Na atualidade, o registro de ocorrência contém, além do “termo de representação” e o termo de compromisso, a data pré-fixada para audiência de conciliação no Juizado Especial Criminal da circunscrição da delegacia policial.

Permissa vênia, é meu dever esclarecer que em muitos casos na tramitação dos autos da delegacia policial para o fórum competente, ocorria quase sempre um desencontro de datas contribuindo para o arquivamento do feito em razão do prazo DECADENCIAL. Vale lembrar que em certa época, o termo de representação colhido nas dependências policiais, de nada valiam quando os autos eram remetidos à justiça, que por sua vez exigia que o direito a representação somente na justiça poderia ser exercido. Com isso, mais uma vez a mulher vítima sem ter conhecimento legal de que o seu direito estava atrelado ao prazo de seis meses e que não poderia fazer mais nada visto ter ocorrido a

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DECADÊNCIA, não lhe restava mais nada a não ser o sentimento de frustração, pois se tornou em vão sua busca pela justiça, sendo o autor do fato beneficiado pela extinção da punibilidade.

A Lei Maria da Penha, nasceu por imposição de uma condenação ao Brasil por negligência e omissão e principalmente pela demora no julgamento do caso.

A Lei Lei nº 11.340/2006 não criou tipos penais novos. Nesse sentido, aplica-se a tipificação existente na atual legislação criminal, seja o Código Penal ou outras Leis penais. A única previsão acerca de tipos na Lei Maria da Penha é a alteração da pena prevista para o crime de lesão corporal doméstico-familiar (art. 129, §9, CP), que era de seis meses a um ano e passou a ser de três meses a três anos de detenção.

A Lei Maria da Penha trouxe um grande avanço para o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo, questão ainda polêmica no ordenamento jurídico pátrio, mas já admitida por grande parte da jurisprudência.

Crimes como o de estupro, estupro de vulnerável, latrocínio, homicídio qualificado, extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante sequestro e na forma qualificada são alguns dos crimes hediondos que podem ser cometidos contra a mulher configurando violência doméstica e familiar. Tais crimes hediondos são insuscetíveis de fiança, de acordo com a redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007.

Na busca por resguardar efetivamente a integridade física das mulheres o Ministério Público se utiliza de medidas protetivas, tais como pleitear ao juiz as medidas de urgência para a ofendida, seus familiares e seu patrimônio. Fiscaliza as entidades que prestam atendimento público e privado à mulher em situação de violência, além de solicitar à equipe multidisciplinar laudos, trabalhos e outras medidas para subsidiá-lo na sua atuação. Além disso, realiza encaminhamento a equipes de suporte psicossocial e, ainda, a centros de atendimento, casas abrigo, casas de acolhimento e passagem e centros de reabilitação aos agressores. Ademais, defende os direitos transindividuais das mulheres no que concerne aos serviços de saúde, educação, assistência social, segurança,

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dentre outros. O Ministério Público pode ainda requerer ao juiz no Inquérito policial ou na instrução civil a prisão preventiva do agressor, bem como pleitear direitos ou intervir em causas cíveis ou criminais decorrentes da violência doméstica ou familiar.

(10/02/2012 | Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM ( Instituto Brasileiro de Direito de Família).

Pacífico é o entendimento que hoje a mulher que sofre violência doméstica e comparece à delegacia para denunciar o agressor já está manifestando o desejo de que ele seja punido, razão por que não há necessidade de uma representação formal para a abertura de processo com base na Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006).

Esse entendimento foi adotado pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar um recurso contra decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

Em fevereiro de 2010, a Terceira Seção do STJ (que reúne os membros da Quinta e da Sexta Turmas) decidiu, ao julgar um recurso repetitivo, que a representação da vítima é condição indispensável para a instauração da ação penal (Resp 1.097.042). A decisão de agora é a primeira desde que ficou estabelecido que essa representação dispensa formalidades, uma vez estar clara a vontade da vítima em relação à apuração do crime e à punição do agressor.

Como podemos observar a legislação brasileira teve um grande avanço em relação ao tratamento dispensado às mulheres vítima de violência, o que outrora era visto como causa de menos importância, hoje tem grande relevância, pois não se trata de particularidade nossa, trata-se de uma luta em caráter mundial que vem se arrastando durante décadas, ou porque não dizer séculos.

Quanto mais Marias da Penha terão que surgir para que as autoridades tomem realmente providências, que vá de encontro aos anseios da sociedade?

Na busca da sociedade por uma lei mais rigorosa, temos levar em consideração vários critérios, inclusive o de não se deixar levar pela

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comoção popular. Há excelentes profissionais que imparcialmente poderão desenvolver um trabalho coerente, não podemos conduzir a lei com mão de ferro.

Como vimos acima, agora, mesmo que a mulher não faça representação do crime de violência doméstica para as autoridades competentes, será possível que o Ministério Público apure a acusação.

Isso significa que qualquer pessoa poderá informar um crime de violência doméstica contra a mulher e a investigação prosseguirá mesmo sem o consentimento da vítima. Além disso, a mulher não poderá mais impedir o seguimento da ação penal.

A decisão do STF tem força vinculante e todos os órgãos do Judiciário e da administração pública direta e indireta deverão se adequar à nova interpretação da suprema corte.

Com a decisão para que o Ministério Público faça a apuração do crime de violência contra mulher e, não podendo mais a mulher se manifestar sobre o seguimento ou não da ação penal, não estamos sendo severamente taxativos?

No comentário sobre o artigo 129 do Código Penal, onde na época não havia o § 9º do mesmo artigo, não havia crime de menor potencial ofensivo, muito menos a lei 11340/2006 (Lei Maria da Penha), salvo melhor juízo, com a decisão acima voltamos ao mesmo critério da anterior, onde se instaurava inquérito policial de imediato, passando a desprezar a vontade da vítima em exercer o direito de renuncia ou o direito de representação, isso põe ou não em dúvida quanto ao tão sonhado avanço na legislação?

Como apurado em nosso estudo, a lei Maria da Penha surgiu como pena imposta ao Brasil por sua condenação, por não ter legislação pertinente a crimes cometidos contra mulher, impulsionado por organizações não governamentais, maquiado socialmente como instrumento para combater à violência doméstica e familiar contra a mulher.

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Vale lembrar, que além do aspecto criminal, grande parte de nossos aplicadores do direito levam em consideração o lado emocional das famílias, sendo os casos que chegaram até as barras da justiça, analisados nesse prisma. Os envolvidos não são apenas autor e réu, homem e mulher, há uma complexidade na estrutura, envolvendo filhos, bens, condição social e porque não dizer, condição financeira.

Longe de polemizar, por longo tempo a desculpa adequada de que quando a mulher era vítima de violência doméstica, a qual somente exercia a atividades do lar, caso procurasse a justiça, era de que seria penalizada duplamente, ou seja, sendo seu marido (companheiro) condenado quem arcaria com as despesas da casa, como aluguel, vestuário, remédios, compras do mês e etc. Essa hipótese por mais absurda que pareça perdura até hoje, funcionando como mais um instrumento inibidor da mulher vítima de violência procurar sua defesa.

Imaginemos que com a decisão do STF, não podendo a mulher não mais impedir o seguimento da ação penal, como aplicaríamos o dispositivo ao caso acima exposto? Será que não houve preocupação do legislador no que tange a convivência familiar? O rigor da aplicação do dispositivo legal, seria eficiente? Traria benefícios, ou se tornaria em um malefício? As medidas protetivas surtiriam qual efeito?

Longe de premiar o agressor, pauto esses comentários para um ajuste, uma adequação a cada caso concreto. De certo há meios e modos de se atender cada necessidade, o que é bom para um às vezes não é bom para outro. Uma pena que para alguns é desprezível, para outros é como cair em um abismo, há de ter um meio termo, o endurecimento da lei pode ser gradativo, basta vontade de adequá-la a cada situação.

O que antes necessitava de formalidades e do desejo da parte para o prosseguimento ou não da ação penal, sucumbiu diante do novo entendimento do STF.

Como nesse novo entendimento basta somente à lavratura do registro de ocorrência para dar início à persecução penal, tal fato deve ser minuciosamente esclarecido à sociedade pra que não haja dúvidas quanto à decisão tomada no momento de procurar a justiça, explicando todo o

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trâmite, bem como as conseqüências que vão surgir para ambas as partes a partir da inequívoca decisão tomada.

Equivocadamente, quando do surgimento da Lei 11340/2006 (Lei Maria da Penha) pesou-se que toda violência contra mulher seria por esta lei regulada, porém, como já abordamos a Lei Maria da Penha tem por base a aplicação nos crimes envolvendo violência doméstica e familiar, esse é o fim social a que se destina.

Para tanto, a lei 11340/2006, em seu artigo 14, faz alusão a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgão competente para processar e julgar previstos na lei, nos termos do comprometimento do Brasil na ordem jurídica interna e internacional.

Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Os demais crimes envolvendo homem e mulher, sem estar inserido no rol da Lei Maria da Penha, continuam sob o crivo da legislação pertinente, ou pelo Código Penal, ou pela Lei 9099/95, conforme o caso.

O conhecimento de como proceder, aonde ir, a quem procurar, a sociedade, é de grande relevância, evitando equívocos, aborrecimentos e desgastes.

Outro ponto importante da questão é o esclarecimento de que a Lei Maria da Penha pode ser aplicada aos homens, na qualidade de vítima. Nossa doutrina ainda não tem um posicionamento único a respeito, algumas decisões sustentam sua aplicabilidade, adotando a analogia e outras decisões sustentam sua inaplicabilidade.

Da mesma forma podemos dirimir a dúvida quanto a aplicação da Lei Maria da Penha o âmbito militar. Ao contrário de nosso ordenamento jurídico, os militares possuem um regime jurídico próprio, o Código Penal Militar.

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No caso de ocorrer violência doméstica familiar envolvendo casais militares (federais ou estaduais), casados ou companheiros, a justiça competente para processar e julgar o crime é Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, pois no caso em tela o fato ocorreu no âmbito familiar, não se enquadrando nas tipificações previstas no Código Penal Militar.

Voltada para acirrar na sociedade a discussão sobre violência contra mulher, engajada no tema, aguçando opinião geral, temos nos veículos de comunicação um grande aliado. Diariamente por volta das 20 horas a novela apresentado pela de Rede Globo de Televisão, foca sobre o tráfico de mulheres, as quais iludidas por propostas mirabolantes, deixam seus lares e suas famílias indo para o exterior em busca da sonhada independência financeira e, quando percebe está sendo mais uma vítima de uma rede internacional de prostituição.

Atitudes voltadas a denunciar e abrir os olhos das mulheres esse tipo de violência tem que ser estimulada, para que outros tipos de violência contra mulher possam ser deveras combatidos desde a raiz.

Como exemplo desse tipo de violência podemos citar que na França, Sofia Y. descreve o período em que foi escrava. Levada para a Espanha, teve seus documentos e dinheiro confiscados e foi obrigada a se prostituir. Tentou o suicídio e foi levada de volta para a França, vingando-se posteriormente de seus algozes. O livro traz, ainda, histórias de luta contra a prática da excisão (mutilação clitoriana).

(Extraído da publicação de Carlos Scomazzon sobre livro Mulheres Livres)

Procuradoria Geral do Estado de Goiás em 20 de Abril de 2009 destaca, em sua publicação, a coragem e a persistência de uma jovem vítima de violência contra mulher

“A coragem e a persistência de uma jovem do Afeganistão serve de exemplo para todos: um grupo de homens jogou-lhe ácido no rosto, causando-lhe problemas na visão. Ela disse que continuaria a ir à escola por recomendação de seus pais”.

A sociedade brasileira não pode permanecer inerte quanto a todos os tipos de violência contra mulher, a sociedade mundial clama por uma

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mudança radical, para que direito de igualdade atinja a todas as mulheres, sem exceção, independentemente de raça, cor, país e religião, a tendência e o esforço mundial é erradicar a violência contra mulher.

Passamos agora a elencar a localização de nossos s Juizados da Violência Doméstica e Familiar sendo assim distribuídos:

I Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher Endereço: RUA DA CARIOCA 72 CENTRO - C.E.P.: 20020-903 Secretaria: Telefone : (21) 2232-9939 / Ramal : 21 e 22 Fax: Telefone : (21) 2232-6007 Correio eletrônico: [email protected] II Juizado da Violencia Domestica e Familiar contra a Mulher Titular: Dr. Alberto Fraga Endereço: RUA MANAI, 45 CAMPO GRANDE - C.E.P.: 23052-220 Secretaria: Telefone : (21) 2415-9867 / Ramal : 7930 Correio eletrônico: [email protected]

III Juizado da Violencia Domestica e Familiar contra a Mulher Regional de Jacarepaguá Titular: Dra. Ana Paula Delduque Migueis Laviola de Freitas Endereço: RUA PROFESSORA FRANCISCA PIRAGIBE 80 - TAQUARA/JACAREPAGUA - C.E.P.: 22710-195 Secretaria: Telefone : (21) 2444-8171 Outros: Telefone : (21) 2444-8165 Correio eletrônico: [email protected]

IV Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher Não Instalado V Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher Não Instalado

INTERIOR

Nova Iguaçu Juizado da Violencia Domestica e Familiar contra a Mulher Titular: Dr. Octavio Chagas de Araujo Teixeira Endereço: RUA CORONEL BERNARDINO DE MELO S/N DA LUZ - C.E.P.:

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26262-070 Secretaria: Telefone : (21) 2765-1238 / Ramal : 1239 Correio eletrônico: [email protected]

Duque de Caxias Juizado da Violencia Domestica e Familiar contra a Mulher Titular: Dr. Antonio Alves Cardoso Junior (à disposição do Plantão Judiciário) Substituto: Dr. Marcelo Borges Barbosa Endereço: RUA GENERAL DIONISIO 764 25 DE AGOSTO - C.E.P.: 25075-095 Secretaria: Telefone : (21) 3661-9145 Fax: Telefone : (21) 3661-9149 Correio eletrônico : [email protected]

São Gonçalo Juizado da Violencia Domestica e Familiar contra a Mulher Dr. Adillar dos Santos Teixeira Pinto Endereço: RUA DOUTOR FRANCISCO PORTELA 2814 2º ANDAR ZE GAROTO - C.E.P.:24435-000 Secretaria: Telefone : (21) 3715-8531 Outros: Telefone : (21) 3715-8534 Correio eletrônico: [email protected]

Niterói Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher Em exercício: Dr. Cesar Felipe Cury Endereço: Avenida Amaral Peixoto, 577, 9º andar, Niterói – CEP 24020-073 Secretaria: Telefone : (21) 2716-4562/4563/4564

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CONCLUSÃO

Como demonstrado no capitulo I, a mulher desempenha desde o começo da era cristã um papel privilegiado, e sendo assim, merecedora de um destaque especial. Desempenha o papel de mãe, irmã, esposa, na atualidade chefes de família e chefes de Estado.

A cada dia que passa sociedade mundial encontra-se empenhada em dar um ponto final no combate a violência contra mulher de todos os tipos e formas, desde a violência ocorrido no seio dos lares como também fora deles, tráfico de mulheres, prostituição forçada, escravidão, salários desiguais e etc.

Tal sentimento também atingiu a sociedade brasileira que aos poucos com influência externas ou não, deu início e criou instrumentos de proteção a mulher vítima de violência, que outrora não tinham se que o direito de reclamar. Abordamos sucintamente legislações o que é ação penal, os institutos da extinção da punibilidade, prescrição, decadência, conceitos de crime, crime de menor potencial ofensivo, representação, prazo, termo circunstanciado, aplicação dos artigos do código penal, tudo com vistas ao entendimento simples de como eram utilizados na prática antes, durante e após as mudanças no código penal e do surgimento da Lei 11430/2006, Lei Maria da Penha.

Precário afirmar que com os instrumentos que possuímos chegamos a perfeição. Há muito ainda o que fazer e lutar. Saímos da inércia e começamos a caminhar tentando encontrar a estrada certa, a estratégia a ser utilizada, a legislação aplicável sem cometer excessos, acompanhando o pensamento global, para que finalmente consigamos uma sociedade quase perfeita, primando pelo respeito e pela dignidade do ser humano, o mínimo que se espera em um ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO.

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BILIOGRAFIA

1 – Bíblia Sagrada - Evangelho de São Lucas (Lucas 1:26-38).

2 - Henrique Perez Escrich – O Mátir do Gólgota cap. IV, pag. 23 – Edição de 1949.

3 – Celso Delmanto - Atualizado por Roberto Delmanto - Código Penal Comentado – 3ª. Edição.Editora Renovar São Paulo- 1991 – páginas: 218 – 224.

4 - Julio Fabrini Mirabete - Manual de Direito Penal – Pate Especial, São Paulo, 17ª. Edição, Editora Atlas, 2001, páginas: 103 – 108 - 182 – 185.

5 - Rogério Greco – Curso de Direito Penal Volume II, São Paulo, 6ª Edição, Editora Impejus, 2009 , páginas: 79 – 84 - 120 – 122; - 267 – 271; 271 – 273 – 286 – 507 – 514.

6 – Ada Pelegrine Grinover – Comentáriois a Lei 9099/1995, São Paulo – 3ª. Edição, Editora Revista dos Tribunais, 1999, páginas: 68 – 69 – 108 – 111.

7 – Adriana Ramos de Mello – (Nilo Batista, Adriana Ramos de Melo, Humberto Dalla Bernadino de Pinho, Luiz Gustavo Gradinotti e Geraldo Prepo) – Comentários a Lei de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher – Rio de Janeiro – 2007 – páginas: 40 – 45 – 46 - -52 – 53 – 60 – 116 – 123.

8 – Damásio de Jeus - Violência Contra Mulher – São Paulo – Editora Saraiava – 2010 – páginas: 53 – 57 – 59 – 64 – 65 – 73.

9 – Norberto Avena – Processo Penal – São Paulo – Editora Método, 2012 – páginas: 145 – 152 – 157 – 161.

10 – Guilherme de Souza Nicci – Manual de Processo Penal e Execução Penal – São Paulo - 9ª. Edição, Revista dos Tribunais, 2012 – páginas: 188 – 194 – 195 – 201 – 202 – 212 – 303 – 304 – 686 – 690.

11 - HC 113.608- do STJ- MG a sexta turma referente ao artigo 16 da Lei 11340/2006.

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12 - Lei 010886/2004 – inclusão do §9 no Decreto Lei 2848/1940, tipificação de violência doméstica.

13 – Lei 9099/95 – Criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, definição de Crime de Menor Potencial Ofensivo.

14 - Lei 11340/2006 – Lei Maria da Penha, definição dos crimes abrangidos pela lei.

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WEBGRAFIA

O Livro Negro Da Condição Das Mulheres, Christine Ockerent. http://livraria.folha.com.br O Livro Outras Vozes, Maria José Artur. www.cenedcursos.com.br O livro Mulheres Livres, AurineCrémieu e HélèneJullieu www.carlosmazzon.word.com A EVOLUÇÃO DA MULHER Procuradoria Geral do Estado de Goiás - 20 de Abril de 2009 - Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM http:www.semp.gov.br

Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. www.direitoshumanos usp.br Conferência Mundial sobre Direitos Humanos www.gddc.pt/direitos-humanos Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. www.campanhapontofinal.com.br A mulher e a sua importância para a construção de Sociedades sustentáveis, Thais Cristina de Oliveira Souza. http://www.cenedcursos.com.br

www.editorasette.com/livros/Processo_Penal.pdf

Wikipédia.

O sites foram acessados nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2012 e janeiro de 2013