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1 AVM FACULDADE INTEGRADA EDUCAÇÃO PARA UMA VIDA CRIATIVA UMA PONTE PARA A EDUCAÇÃO HUMANISTA NO SÉCULO XXI Por: Renaldo José Pereira 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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AVM FACULDADE INTEGRADA

EDUCAÇÃO PARA UMA VIDA CRIATIVA UMA PONTE PARA A EDUCAÇÃO HUMANISTA NO SÉCULO XXI

Por: Renaldo José Pereira

2010

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AVM

FACULDADE INTEGRADA

EDUCAÇÃO PARA UMA VIDA CRIATIVA UMA PONTE PARA A EDUCAÇÃO HUMANISTA NO SÉCULO XXI.

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Pedagogia da Universidade Cândido Mendes pelo Instituto A Vez do Mestre, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de licenciatura em Pedagogia. Orientador: Profª. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro 2010

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AGRADECIMENTOS

Ao Mestre Tsunessaburo Makiguti pela bela lição de vida. A realização desse trabalho não seria possível sem as orientações do meu Mestre da vida Dr. Daisaku Ikeda que se baseia nas escrituras de Nitiren Daishonin, o Buda Original. Ao Departamento de Cientistas da Brasil Soka Gakkai Internacional por me incentivar. Ao Instituto A Vez do Mestre, por me propiciar essa tão sonhada formação e na concretização desse grandioso objetivo. À minha orientadora Prof. Fabiane Muniz Aos funcionários, tutores, mestres e doutores que contribuíram com a minha formação. Aos meus familiares, pelo apoio e por compartilharem do meu dia a dia. A minha amiga Marta pelo apoio e incentivo sempre presente. Aos meus companheiros de trabalho pelo apoio e compreensão prestados nos momentos difíceis. À minha turma, em especial as minhas amigas do grupo Turma do Bairro por terem me apoiado e incentivado num momento tão difícil da minha doença maligna. Se não fossem os incentivos delas eu teria desistido. Muito obrigado a todos. Do fundo do meu coração. Muito obrigado.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu objeto de devoção o Dai - Gohonzon dos Três Grandes Ensinos Fundamentais revelado pelo Buda Original dos Últimos Dias da Lei Nitiren Daishonin. À minha eterna e amada mãe, Clemência Nunes Pereira (in memorian), que muitas vezes andava quilômetros e mais quilômetros a pé com o propósito de poupar alguns cruzeiros só para que eu pudesse freqüentar uma escola particular, pois na época, o grupo escolar municipal da cidade que eu morava só me dava a oportunidade de estudar até a antiga terceira série primaria. Ao meu pai, Josino José Pereira (in memorian), que por motivo da violência urbana só pôde me criar até a idade de um ano e sete meses, pois foi assassinado brutalmente. À minha amada esposa, Maria das Graças, amiga e companheira, sábia e guerreira incansável, amorosa e amante sem igual. Por ter me apoiado, estando sempre presente na minha vida e compartilhando mais esta vitória. Aos meus filhos e netas, Simone da Costa Pereira, Renaldo José Pereira Junior, Eduardo da Costa Pereira, Larissa Pereira Rodrigues, Bárbara Renata Moraes Pereira e Maria Eduarda Portela Pereira. Aos meus genros Roberto e Marcos e às minhas noras Patrícia, Cristina, Elisângela e Luciana.

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EPÍGRAFE

O ser humano não pode criar matéria. Pode, no entanto, criar valores. A criação de valores é a essência do ser humano. Quando elogiamos uma pessoa, estamos na verdade, reconhecendo sua capacidade superior de criar valores.

Tsunessaburo Makiguti

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RESUMO

Essa pesquisa refere-se a uma obra reflexiva-conscientizadora, crítica, democrática e antidogmática; de intenção sócio afetiva que traduz uma relação do educador com aquela sociedade que estava em declínio. A sua intenção era conduzir uma ação transformadora para uma práxis libertadora. Ela também visa trazer ao lume Tsunessaburo Makiguti, o emérito professor que com seu caráter político e ideológico sempre voltado para as atividades educativas, ocupou vários cargos em escolas primárias por mais de quarenta anos onde desenvolveu atividades pedagógicas nas mais notáveis escolas públicas de Tóquio.

Ele foi muito perseguido por questionar os modelos hegemônicos que visava uma educação puramente militarista. Cabe-me ainda ressaltar que no início do Século XX ele se inspirou no pensamento do filósofo americano John Dewey (1859-1952), filósofo norte-americano que influenciou educadores de várias partes do mundo, naquele momento difícil ele sugeria o movimento da Escola Nova, em cuja filosofia ele se baseou para criar uma mudança no sistema educacional japonês. Por ser um franco defensor da reforma educacional, Makiguti encontrava-se sob constante vigilância e pressão das autoridades militares.

Atualmente a educação para criação de valores é reconhecida como uma ponte para a educação humanista Soka. Também conhecida como educação para criação de valores humanos, que no seu âmago significava respeitar cada indivíduo por isso ela é reconhecida e adotada em 192 países e regiões, cujo principal objetivo é propor uma educação para felicidade de cada criança no seu lar, na escola e na sociedade. O planeta clama por uma reorientação da educação, buscando uma sustentabilidade que envolva todos os níveis de educação formal, não formal, e informal em todos os países. Esse conceito de sustentabilidade busca resultados nos ambientes natural, social e, principalmente no ambiente interior, aquele que habita o coração de cada ser humano. Sustentabilidade é, numa análise final, um imperativo moral e ético em que a diversidade cultural e sabedoria tradicional precisam ser respeitadas para valorizar a dignidade da vida.

No contexto histórico deste trabalho fica claro por que esse educador, que foi cruelmente martirizado, deve ser visto como um ser humano que foi o construtor de si mesmo e de sua história. Só os japoneses sentiram o efeito dessa consagrada obra que foi de vital importância para a educação no pós-guerra. A teoria da educação para uma criação de valores, até hoje é vista como uma mola propulsora para o desenvolvimento do ser humano porque tem a finalidade de extrair o infinito poder de criação de valor de dentro da sua vida e criar novos valores por meio da revolução humana para a paz. Essa é a essência da verdadeira educação humanista.

Palavras-chave: Escola, Educação, Humanista, Sustentabilidade e Valores.

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ABSTRACT

This research refers to a work-reflective critical consciousness, critical, democratic and dogmatic; partner of intent reflects an affective relationship with the educator in that society was in decline. His intention was to lead a transformation to a liberating praxis. It also aims to bring to the boil Tsunesaburo Makiguchi the professor emeritus who with their ideological and political character always facing the educational activities, he held various positions in primary schools for over forty years he has developed educational activities in the most outstanding public schools in Tokyo.

He was much persecuted for questioning the hegemonic models aimed at a purely militaristic education. It fits me also emphasize that in the early twentieth century he was inspired by the thought of the American philosopher John Dewey (1859-1952), American philosopher who has influenced educators from around the world at that difficult time he suggested the New School movement , in whose philosophy it is based to create a change in the Japanese educational system. It was also an outspoken advocate of education reform, Makiguchi was under constant surveillance and pressure from the military authorities.

Today education for creating value is recognized as a bridge to the humanistic education Soka. Also known as education for human values, which meant at its core respect for every individual so it is recognized and adopted in 192 countries and regions where, the main goal is to offer an education to each child's happiness at home, at school and in society. The world calls for a reorientation of education, seeking sustainability involving all levels of formal, non formal and informal in all countries. This concept of sustainability seeks results in environments natural, social and especially in the interior environment, one that dwells in the heart of every human being. Sustainability is in the final analysis, a moral and ethical imperative in which cultural diversity and traditional knowledge must be maintained to enhance the dignity of life.

In historical context, this work becomes clear why this educator, who was cruelly martyred should be seen as a human being who was the builder of itself and its history. Only the Japanese felt the effect of dedicated work that was of vital importance to education in the postwar period. The theory of education for a value creation today is seen as a springboard for the development of the human being who has the power to extract the infinite power of creation of value in your life and create new value through human revolution for peace. This is the essence of true humanistic education.

Keywords: School, Education, Humanistic, Values and Sustainability.

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METODOLOGIA

Utilizei uma metodologia destinada à pesquisa teórica específica sobre

educação humanista sob vários pontos de vista. O eixo central foi à obra de:

Tsunessaburo Makiguti. Educação para uma Vida Criativa, além dos artigos de

outras fontes, e da webgrafia da Brasil Soka Gakkai Internacional entre outros.

Foram usados também os métodos de pesquisa Descritiva Exploratória durante

um estágio de 150 horas na Escola Soka de Educação Infantil, situada a Rua

Doutor Tirso Martins, 321 Vila Mariana – SP, onde pude realizar um estudo

preliminar do principal objetivo dessa pesquisa. Além de uma pesquisa de

campo onde atuei como voluntário no projeto Makiguti em Ação, utilizo

diagnósticos sobre essa educação para uma vida criativa na escola, na família

e na sociedade. Intercâmbios sobre questões objetivas e dissertativas foram

aplicados ao corpo docente e diretora pedagógica em várias escolas de Rio

das Ostras. Os resultados desse trabalho de campo forneceram dados que

contribuíram para o aprimoramento da realização dessa pesquisa de forma

agressiva. Foram também coletados nos livros, artigos textuais, revistas,

artigos científicos publicados por diversos pensadores humanistas para

finalização do tema proposto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I 12 CONTEXTO-HISTÓRICO 1.1 A VIDA E OBRA DE TSUNESSABURO MAKIGUTI 12 1.2 A ORIGEM DO NOME 16 CAPÍTULO II 20 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO PÓS-GUERRA 2.1 O JAPÃO NO PÓS-GUERRA 20 2.2 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA REDEMOCRATIZAÇÃO DO JAPÃO 24. CAPÍTULO III 27 EDUCAÇÃO PARA CRIAÇÃO DE VALORES 3.1 FUNDAMENTOS DO VALOR 27 3.2 VALOR E EDUCAÇÃO 29 3.3 O QUE SIGNIFICA CRIAR VALOR? 35 CAPÍTULO IV 38 EDUCAÇÃO HUMANISTA PARA O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO. 4.1 A IMPORTÂNCIA DO PRAGMATISMO DE JOHN DEWEY NO MUNDO 38 4.2 AS PRINCIPAIS IDÉIAS DE CARL ROGERS 43 CAPÍTULO V 48 EDUCAÇÃO HUMANISTA 5.1 REVITALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO 48 5.2 EDUCAÇÃO HUMANISTA PARA PAZ 54 CONCLUSÃO 61 BIBLIOGRAFIA 63 ANEXO 65

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INTRODUÇÃO

Não há um ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe outro fato mais

trágico do que a guerra! A fatídica Segunda Guerra Mundial começou em 1939,

um ano depois, o Japão aliou-se à Alemanha e à Itália. Em 7 de dezembro de

1941 os japoneses atacaram de surpresa a base americana Pearl Harbor no

Havaí. O Japão causava muito sofrimento para o seu povo. O governo

militarista tentou unificar todas as religiões, chegando ao ponto de motivar

todos os cidadãos a adorarem a deusa do sol como divindade protetora da

nação japonesa.

Makiguti e seu discípulo Jossei Toda se opuseram firmemente ao

governo, afirmando publicamente que o país seria destruído se continuasse a

adorar a deusa do sol xintoísta. A promessa da proteção dos ventos Kamikazes

era muito influente, pois já vinha sendo incutida na juventude há muito tempo.

Devido a essa oposição, Makiguti e Toda foram presas e encaminhadas para o

centro de detenção de Sugamo. No dia 17 de novembro de 1944, Makiguti

pediu aos carcereiros que o transferissem para o ambulatório da prisão, onde

logo entrou em coma e faleceu por volta das seis horas da manhã do dia 18 de

novembro de 1944, aos 73 anos de idade.

Após ser libertado da prisão, em 3 de julho de 1945 decidido a

reconstruir a Soka Gakkai, Jossei Toda, discípulo direto de Tsunessaburo

Makiguti jurou ao seu venerado mestre que daria continuidade aos seus ideais

sem poupar a sua própria vida. Revitalizou a antiga organização dando-lhe o

nome de Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valores). Com um profundo

pesar pela morte de Makiguti Jossei Toda bradou para todo o Japão, não há

um povo mais infeliz do que aquele dirigido por lideres estúpidos.

Reitero ainda que o meu ardente desejo seja que a humanidade se livre

do ciclo da guerra e crie sucessivas gerações de pessoas imbuídas de um

profundo respeito pela dignidade da vida. Foi nessa circunstância que o Japão

se encontrava, muito abalado devido ao impacto da crise financeira que

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assolava o país na ocasião. Jossei Toda e seu discípulo Daisaku Ikeda que

impressionado com os nobres ideais de Jossei Toda. Suas respostas foram

claras e convictas, sua visão de mundo mostrava um modo correto de se viver,

Por isso Daisaku decide tornar-se seu discípulo no dia 14 de agosto de 1947,

oferecendo-lhe esse poema

Ó viajante!

De onde vens?

Para onde vais?

A lua desce

No caos da madrugada;

Mas vou andando,

Antes do Sol nascer,

À procura de luz..

No desejo de varrer

As trevas de minh' alma,

A grande árvore eu procuro

Que fúria da tempestade.

Neste encontro ideal,

Sou eu quem

Surge da Terra

Daisaku Ikeda (1947)

A partir desta data o acompanhando em todos os empreendimentos

delineados para a propagação do Budismo de Nitiren Daishonin. Com uma

firme convicção eles assumiram a missão de Tsunessaburo Makiguti. Nessa

empreitada assumida por Toda Jossei, Daisaku Ikeda se tornou um resoluto

líder que vem se baseando no principal eixo do contexto do seu mestre que é:

a grandiosa Revolução Humana de uma única pessoa irá um dia impulsionar a

mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar

o destino de toda a humanidade.

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CAPÍTULO I

CONTEXTO-HISTÓRICO

1.1 - A VIDA E OBRA DE TSUNESSABURO MAKIGUTI

Tsunessaburo Makiguti nasceu em 06 de junho de 1871 num vilarejo

chamado vila Arahama, prefeitura de Niigata, com o nome de Tyoshiti, filho de

Tyomatsu e Inee Watanabe. Com três anos de idade, foi abandonado pelo pai

e depois pela mãe. Devido a isso, foi criado por seu tio, Zendayu Makiguti, de

quem mais tarde adotou o sobrenome. Sabe-se que de tempos em tempos sua

mãe o visitava, até que um dia ela tentou o suicídio pulando com o filho no Mar

do Japão. Ambos foram resgatados e nunca mais voltaram a se encontrar. A

despeito de sua condição familiar, ele não mostrou o menor sinal de tristeza.

Contudo, encontrava dificuldades em acompanhar as aulas regularmente por

causa dos negócios da família que o havia adotado. Isto incomodava muito a

precoce criança, porém, não a derrotava.

Aos quinze anos, Makiguti mudou-se para Otaru cidade portuária do

Japão, onde viveu com outro tio, e passou a trabalhar como mensageiro na

delegacia de polícia.. Nos dias em que perdia as aulas, ele descia até a praia

na hora do término das aulas, a fim de esperar seus colegas que voltavam para

casa. O jovem Makiguti solicitava-lhes que passassem a matéria dada em

classe, e eles usavam a areia da praia como quadro negro. Graças aos seus

esforços e a boa vontade dos seus companheiros Makiguti concluiu a escola

entre os melhores de sua classe. Muda-se para Sapporo com a família de um

chefe de polícia. Matricula-se na Escola Normal de Hokkaido (atualmente,

Universidade de Pedagogia de Hokkaido). Troca seu primeiro nome para

Tsunessaburo. Gradua-se na Escola Normal de Hokkaido e é nomeado

professor da escola primária anexa à escola normal. Por imposição da direção

teve de se submeter a uma rígida disciplina, cuja finalidade da instituição era

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desenvolver educadores obedientes ao regime imposto pelo Imperador.

Posteriormente, como professor, foi-lhe exigido ser um modelo em disciplina.

Em 1895 casa-se com Kuma e em 1896 passa no exame para obter a licença

para o ensino de geografia nas escolas secundárias. Logo depois é nomeado

professor de geografia da Escola para Professores de Hokkaido. Ao mesmo

tempo, começa lecionar numa escola primária, com apenas uma sala de aula

onde se misturam todos os níveis esse foi o local que o professor usou como

laboratório das suas principais pesquisas. Já em 1900, ele passa a trabalhar

como supervisor de dormitório na escola normal.

Em 1901, devido a um incidente associado a uma aparente ruptura

disciplinar, Makiguti foi forçado a abandonar o seu cargo na escola. Muitos dos

seus alunos provinham de famílias pobres e a primeira providência que ele

havia tomado ao se tornar diretor foi providenciar materiais escolares para os

alunos carentes. No gélido inverno do Japão ele recebia os alunos na porta os

abraçando e aos menos favorecidos que não possuíam agasalho ele os

envolvia com jornais a fim de aquecê-los. Era notória a afetividade desse

professor humanista, cujo desejo ardente era estimulá-los para o desejo de

aprender. Ele também gastava até suas próprias economias para ajudar os

estudantes realmente paupérrimos, não podendo adquirir sequer roupas novas

para trabalhar. O surrado kimono preto era a sua indumentária habitual, pois

não tinha condições financeiras para variar as cores. Makiguti, já naquela

época, acreditava que as crianças possuíam algo muito mágico no coração

independente das classes sociais. Elas também eram capazes de transformar

qualquer coisa em arte, beleza e amor, isso o estimulou a buscar um modelo

de educação que premiasse a criatividade. Nas suas experiências ele

observava que a pureza e a espontaneidade eram surpreendentes sem contar

com a sinceridade que permeavam as suas ações. Para ele, sem distinção de

classe social, todas são merecedoras de muito afeto, consideração e amor.

Por isso nessa mesma ocasião, uma forte oposição a seu método único

de ensino surgiu entre os pais dos alunos mais favorecidos. Somando-se a isso,

as pessoas mais influentes da vizinhança solicitavam a Makiguti que mostrasse

uma consideração exclusiva e especial a seus filhos e como Makiguti se

recusara, eles reuniram os pais descontentes e forçaram a sua saída da escola.

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Nessa ocasião, ele já estava detectando uma inadequação educacional. Essa

falta de rumo e perspectiva na formação das novas gerações lhe preocupava

muito. Sendo muito crítico e franco com os professores e com a burocracia

educacional do Ministério da Educação japonesa, de cuja política discordava

freqüente e publicamente, não era de se surpreender que Makiguti encontrasse

tão poucos aliados e muitos inimigos poderosos. Devido a esses problemas, os

anos seguintes foram caracterizados por sérias dificuldades financeiras para

ele e sua família. No entanto, foi também um período que serviu de trampolim

para uma significativa prosperidade intelectual. Em 1903 publica Jinsei

Chirigaku. (Uma Geografia da Vida Humana). No ano seguinte é nomeado

professor-chefe da Escola Primária Fujimi de Tóquio. Conhece Kunio Yanagita,

fundador da escola japonesa de folclore, que mais tarde o acompanhou em

seus estudos de campo na prefeitura de Yamanashi. Sempre demonstrando

grande brilhantismo em 1909 torna-se diretor de cinco escolas, Tosei Nishimati,

Mikasa, Taisho, e Shirokane.

Em 1912 ele publica o livro com o nome de No togo chushin to shite no

kyodo-ka kenkyo (Considerações Sobre os Estudos Locais como Foco de

Integração na Educação Escolar).

Após ocupar vários cargos com bastante eficiência, entre eles, um no

Ministério da Educação, em 1913 tornou-se diretor da Escola de Ensino

Fundamental Tossei, e nos anos posteriores trabalhou como diretor e professor

primário em outras escolas de Tóquio.

Foi através de observações anotadas em pedaços de papéis tipo

rascunhos, acumuladas durante aquele período, que Tsunessaburo Makiguti

baseou a sua filosofia educacional naquilo que ele chamava de “Teoria da

Criação de Valor”, mais tarde publicada por Dayle M. Bethel, que foi também

um grande pesquisador da vida e da filosofia educacional de Makiguti. Naquele

momento ele entendia que o propósito da vida era a felicidade através da

educação, definindo assim o estado em que a pessoa pode plenamente criar

valor. É bom lembrar que ele iniciou sua carreira como educador numa época

de grandes debates sobre a direção do novo Japão, em que se discutia o papel

social e a responsabilidade da educação para a nação. Os confucionistas

tradicionalistas da ocasião sustentavam que a fidelidade e a obediência ao

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Imperador eram virtudes primárias que deveriam ser dogmatizadas em todos

os indivíduos. Para a grande desilusão de Makiguti, os tradicionalistas, os

imperialistas e os religiosos, elevados por uma crescente onda de militarização,

usavam histórias em quadrinhos, desenhos animados, cartilhas e as mais

variadas publicações para educação infantil nas escolas, visando transformar o

Japão numa potência militar. Eles incutiram na população que eles eram

protegidos pelos ventos kamikazes e essa falsa ideia foi construída em Tóquio,

em 1869, pelo imperador Meiji, dogma vinculado ao xintoísmo, a religião do

Estado, que tinha total apoio do militarismo. Com esse propósito eles

mantiveram o tratado educacional japonês até o final da Segunda Guerra

Mundial.

Após três anos de serviço, ele foi transferido em 1919 para a Escola

Primária de Nishimati, o que foi realmente uma regressão para ele. Coma era

de se esperar, essa perseguição foi motivada pelo seu desenvolvimento no

campo educacional. Em função de todos esses sofrimentos e obstáculos, não

se deve considerar Tsunessaburo Makiguti um coitadinho, e sim um

sobrevivente da sua própria circunstância, fato este que ele só passou a

compreender a partir de 1920 quando conheceu Jossei Toda um professor

recém formado, que impulsivamente, rogou a Makiguti para empregá-lo

prometendo que transformaria mesmo as crianças com déficit de aprendizagem

em excelentes alunos. Makiguti aceitou-o como professor substituto..

O professor Toda percebeu que o diretor era uma pessoa diferente, pois

a atuação como educador revelava idéias inovadoras, sem a rigidez da

educação imposta pelo governo militar. De imediato, a postura (humanista) do

diretor conquistou o jovem Toda. Ele finalmente havia encontrado seu mestre

da vida.

Jossei Toda estava com 19 anos e Tsunessaburo Makiguti com 47.

Juntos, eles desenvolveram muitos projetos educacionais voltados para a

criação de valor na vida dos estudantes.

Em 1928, os dois educadores foram apresentados ao Budismo de

Nitiren Daishonin, no qual encontraram respostas para dúvidas que os

atormentavam e inspiração para cumprir seus ideais humanísticos.

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1.2 A ORIGEM DO NOME

Certa noite, em 1929, os professores Makiguti e Toda discutiam sobre os

detalhes da obra que Tsunessaburo Makiguti desejava publicar sobre

educação. “Qual é o objetivo de sua teoria educacional?”, perguntou Toda.

“Criar valor”, respondeu o diretor. “Então, vamos chamá-la de ‘Educação Soka’

(criação de valor)”, concluiu Toda. Desde a escolha do nome, passando pela

sintetização do conteúdo até a impressão, tudo foi feito por Tsunessaburo

Makiguti e Jossei Toda. O esforço resultou na publicação da obra em 18 de

novembro de 1930. Nascia ali a Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional

de Criação de Valores). Os integrantes realizavam atividades educacionais e

religiosas, com base no Budismo Nitiren.

A história até hoje comprova que Makiguti e Jossei Toda dividiram suas

convicções e lutas, tornando-se inseparáveis como mestre e discípulo. Em,

1924 morre o segundo filho de Makiguti, aos 23 anos. Em 1928 morre o quarto

filho de Makiguti, Tyoshi. Buscando entender porque passava por tanto

sofrimentos na vida mesmo sendo uma pessoa que amava o bem e que nunca

tinha feito o mal a qualquer pessoa. Encontrou as respostas para todas as

dúvidas que o atormentavam num diálogo que travou com o diretor da Escola

Comercial Mejiro. Esse fato mudou irrevogavelmente a vida de ambos, pois na

ocasião eles foram apresentados ao Budismo de Nitiren Daishonin.

Makiguti e Jossei Toda ao se aprofundarem no estudo e na pesquisa do

budismo, encontraram nele a expressão última da filosofia (humanista) de valor

por eles defendida. Além disso, a relação entre o budismo e a sua teoria

educacional pode ser vista como "A essência do Sutra de Lótus que expõe o

aspecto global e fundamental da vida diária, o método racional de educação

explicado pela teoria educacional da criação de valores abrange seu aspecto

parcial e periférico.”

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No ponto de vista de Castro, uma das chaves do budismo como prática educacional é entender que toda sabedoria é gerada pela compaixão, não uma emoção humana como sentir pena do outro, mas uma situação em que não há mais separação entre o eu e o outro. Ela é geradora da sabedoria, como uma atitude para a eliminação de problemas. (CASTRO, 2005, p.32)

O objetivo do sistema educacional de Makiguti sempre foi maximizar o

potencial de cada aluno. Ele sustentava o seguinte: Educar não significa

vender pedaços de conhecimento ou despejar informações na cabeça dos

alunos.

A verdadeira educação consiste em despertar no aluno um método para

aquisição de conhecimento por meio de sua própria capacidade,

proporcionando ao aluno a chave para desvendar a fonte de conhecimentos.

Graças a isso podemos também compreender porque as provações e

adversidades enfrentadas por Makiguti na infância e juventude não foram

motivo para torná-lo uma pessoa infeliz. Ele cresceu como um homem de fibra,

excelente caráter e forte senso de justiça.

A sua vida era permeada de constantes sofrimentos. Morre em 1929 o

filho primogênito de Makiguti, aos 31 anos de idade.

No dia 18 de novembro de 1930 após publicar o primeiro volume do livro

Soka Kyoikugaku Taikei (Sistema Pedagógico de Criação de Valores), com a

convicção de que havia encontrado a filosofia certa e os meios pelos quais

poderia concretizar todos os ideais que buscara durante toda a vida — um

movimento pela reforma social por meio da educação, a Instituição precursora

da Soka Gakkai foi fundada por um grupo de cerca de 50 professores com o

propósito de empreender atividades educacionais e religiosas. Nessa mesma

ocasião é nomeado diretor da Escola Primária Niibori. Em Tóquio no ano de

1932 aposenta-se e começa a dar palestras em todo o Japão sobre a

pedagogia de criação de valores.

Em 1937, Makiguti, Toda e os cinqüenta professores realizaram uma

cerimônia no Auditório Meikei de Tóquio, marcando um novo início para a

organização, e assim instituindo oficialmente a Soka Kyoiku Gakkai. Iniciou-se

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também um grande movimento de propagação do Budismo Nitiren com a

realização de reuniões de palestra, que logo se tornou uma atividade

tradicional da organização. A Soka Kyoiku Gakkai desenvolveu-se então

através da promoção dessas reuniões de palestras e das campanhas de novos

convertidos por todo o Japão, chegando a alcançar cerca de três mil

associados. Em 1939, irrompeu a Segunda Guerra Mundial e um ano após, o

Japão aliou-se à Alemanha e à Itália. Em 7 de dezembro de 1941, os

japoneses entraram em choque com os Estados Unidos, quando realizaram um

ataque surpresa a Pearl Harbor, no Havaí. À medida que o Japão avançava na

guerra, o sofrimento do povo aumentava. O governo militarista japonês adorava

a Deusa do Sol do xintoísmo.

Na iminência de ser derrotado, defendia que a nação deveria se unir em

uma só prece à deusa a fim de obter proteção. Assim, a nação japonesa tentou

unificar todas as religiões, chegando a ponto de encorajar todos os cidadãos a

adorarem a Deusa do Sol. Makiguti opôs-se firmemente ao governo, afirmando

que a nação seria destruída se continuasse a adorar a Deusa do Sol e a

menosprezar o Sutra de Lótus. Em contrapartida, o clero da Nitiren Shoshu,

com medo da investida militar, optou por aceitar o talismã xintoísta que

representava a adoração à deusa. Em junho de 1943, os líderes da Soka

Gakkai foram chamados ao Templo Principal e o clero sugeriu que os membros

da Soka Gakkai aceitassem o talismã xintoísta e seguissem provisoriamente as

normas militares. O presidente Makiguti rejeitou resolutamente essa idéia e

deixou o Templo Principal. No caminho de casa, ele expressou sua indignação

a Jossei Toda: “O que lamento não é o fato de uma religião ser arruinada, mas

que nossa nação perecerá. Temo que o Buda esteja triste com esta situação.

Não seria esta a época de advertir toda a nação? Eu não compreendo o que o

Templo Principal teme.”

Devido à sua postura, Makiguti e Toda foram presos em 6 de julho de

1943 e encaminhados para o Centro de Detenção de Sugamo. Makiguti estava

muito fraco e desnutrido. Na manhã de 17 de novembro de 1944, aos 73 anos

ele barbeou-se, penteou-se e vestiu-se com esmero o seu melhor kimono,

solicitou que fosse transferido para o ambulatório da prisão. Vendo o seu

estado de fragilidade os guardas pedem para ampará-lo, o mesmo agradece e

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segue de cabeça erguida caminhando em passos lentos com suas próprias

forças com a dignidade um verdadeiro samurai. No dia seguinte, 18 de

novembro falece serenamente na enfermaria da prisão.

Sem saber que o seu mestre havia morrido, no coração de Jossei Toda

pulsava o clamor por justiça e pela vida de seu mestre. Ele orava da seguinte

forma: “Eu ainda sou jovem, mas o presidente Makiguti já é idoso. Que meu

mestre possa sair da prisão o mais cedo possível! Não importa quanto tempo

eu fique aqui, por favor, deixe meu mestre ser libertado logo! Deixe toda a

responsabilidade das acusações contra o presidente Makiguti cair sobre mim.

Que ele possa voltar para casa mesmo que seja um dia mais cedo!”.

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CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO PÓS-GUERRA

2.1 - O JAPÃO NO PÓS-GUERRA Não há um ato mais bárbaro do que a guerra!

Não existe um outro fato mais trágico do que a guerra!

Não há um povo mais infeliz do que aquele dirigido por líderes estúpidos.

Durante oito anos, o povo vinha suportando os sofrimentos, além de perder

pais e filhos na guerra. Nos primeiros dias de julho de 1945, todos estavam

sendo oprimidos pela atmosfera densa de expectativa apreensiva que era a da

invasão dos americanos a qualquer momento. Foi em meio a essa tensão que

às dezenove horas do dia 3 de julho, do lado de fora do maldito portão de ferro

da Prisão de Toyotama (atual Prisão de Nakano, Tóquio), algumas pessoas

permaneciam silenciosamente, com olhos fixos para o pátio da prisão desolada,

embora ali não se visse nenhum sinal de vida. Duas horas já se havia passado,

o silêncio ainda reinava no ambiente, quando um homem magro de meia-idade

saiu às pressas de uma pequena porta situada no canto direito do portão de

ferro.

De suas mãos, pendia um volumoso embrulho de furoshiki (Lenço

grande para transportar os pacotes à mão), yukata (roupa leve em forma de

quimono para ser usado nos tempo de calor.). Seus passos acelerados

pareciam atrapalhar a marcha. As pessoas que estavam à sua espera correram

em sua direção. Foi em meio aos escombros da guerra que Jossei Toda fora

libertado da prisão um mês antes do cessar-fogo. Bem fragilizado, mas com

uma forte determinação ele bradou: “É meu ardente desejo que a humanidade

se livre do ciclo da guerra e crie sucessivas gerações de pessoas imbuídas de

um profundo respeito pela dignidade da vida”.

No dia 15 de agosto, Hirohito, Imperador do Japão, comunicou a

22

rendição incondicional de seu país. Na ocasião ele tinha 46 anos, quando se

dirigiu pela primeira vez ao seu povo para comunicar chorando copiosamente,

que o Japão perdera a guerra. O inimaginável havia acontecido, era necessário

aceitar o inaceitável: a rendição, a ocupação e a humilhação. Acabara o

Grande Império. O Japão se rendera. Assim terminava a Segunda Grande

Guerra Mundial.

Após o lançamento das duas bombas deram início à Guerra Fria. Nessa

ocasião o povo Japonês ficou visivelmente envergonhado com as

circunstâncias trágicas que o seu país estava passando, presenciando o seu

Imperador cabisbaixo cumprir o cerimonial de rendição que consistia na

entrega da espada como símbolo de rendição ao general norte americano

Douglas Mac Arthur. Cabe ainda ressaltar que o Imperador e toda a nação

japonesa, mesmo derrotada, recebeu um tratamento especial por parte dos

Estados Unidos. O objetivo da nação norte-americana e dos países aliados era

transformar o Japão, até então considerado um país extremamente

(beligerante), numa nação pacífica e importante parceira que estrategicamente,

no futuro, seria o pilar do capitalismo na Ásia.

Essa estratégia foi muito importante e necessária em tempos de Guerra

Fria. A nova Constituição japonesa foi organizada e promulgada, de caráter

liberal e instituiu-se um parlamentarismo no estilo ocidental. Buscando

consolidar o processo democrático e dar maior legitimidade da transição da

cultura de guerra para uma cultura de paz, o imperador foi convencido a negar

a sua divindade e seu poder passou a representar a vontade da soberania

popular. Essas ações consistiam ver o fim dos latifúndios e o fechamento da

indústria bélica.

Com forçada desmilitarização, os norte-americanas fizeram algumas

imposições ao Japão e a principal visava reorganizar o Japão como um modelo

capitalista. Poderíamos até considerar um grande milagre se não fosse à

determinação do povo dessa valorosa nação japonesa. Ter sucesso e

conseguir resultados não bastava para aquele povo que estava saindo de uma

submissão imposta pelos governantes e clérigos. Após a sua fatídica rendição,

a economia do país ficou totalmente paralisada em virtude da grande

destruição provocada pela guerra.

23

Jossei Toda já sabia que uma nação só seria reconhecida pela

qualidade da sua educação e não pelo seu poderio bélico. Essa certeza

morava no seu coração. Sendo assim, ele precisava começara reestruturar a

Soka Gakkai para iniciar o tão sonhado método de educação para uma vida

criativa. O nome Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de

Valores) foi alterado para Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valores),

refletindo a determinação de Toda de que a nova organização deveria

transcender os objetivos puramente educacionais da sociedade, engajando-se

de forma mais ativa no campo da cultura e tendo como objetivo básico a

promoção da paz mundial. Porém, nesse momento crucial, haviam várias

questões a serem solucionadas, a grande prioridade era resgatar a força de

vontade de todos os indivíduos para transformá-los numa equipe.

Com essa visão coerente, o estado convocou os professores, dizendo

que eles eram uma peça muito importante na engrenagem que seria instituída

a partir daquele momento de decisão. Nessa oportunidade foi valorizado o

professor que se tornou parte de uma engrenagem muito importante que foi a

escola. As virtudes são indispensáveis para se conseguir um lugar no mundo

da competitividade. Foi à transformação dessa nação que a tornou um

promissor pólo industrial, até então o maior da Ásia.

Podemos ver a força da educação acontecendo como um grande veículo,

pois ela é capaz de possibilitar à pessoa instrumentalizar-se com as

ferramentas que irão lhe auxiliar na busca de sua identidade e na construção

de sua história. Em todos os tempos a educação sempre foi entendida como

um processo de socialização, isso por que um processo não tem início, meio e

fim, ela pode ser corrigida durante o processo, pois para o desenvolvimento do

homem dentro das qualidades e capacidades necessárias para viver como

contribuindo com os membros de suas respectivas sociedades.

Émile Durkheim (1858-1917), que foi considerado um dos pais da

sociologia moderna, afirmava que "Os fatos sociais devem ser tratados como

coisas". Já Makiguti, sempre acreditou no objetivo da educação como não

sendo a transferência de conhecimentos e sim para orientar o processo de

aprendizagem e para também equipar o aluno com os métodos de investigação

para permitir a aquisição de métodos de aprendizagem sobre o próprio, que

24

lhes permite proceder no seu próprio processo de descoberta e invenção.

Vistas como seres humanos, essencialmente de natureza social, vendo nossas

conexões sociais e interações como indispensável para o crescimento e

desenvolvimento das pessoas. Em outras palavras, sociologicamente.

A sociedade floresce através da solidariedade dos seus componentes;

poderá ser enfraquecido pelas divisões entre eles e poderá deixar de existir

através de sua dispersão. Com o propósito de extrair este potencial e

aperfeiçoar suas habilidades inatas, o indivíduo entra em contato com o mundo

que o circunda, desvendando-o no inextinguível processo de desbravamento

de sua realidade. Isso o povo japonês soube extrair com toda dignidade, daí

começou a reconstruir a sua economia que estava devastada pela guerra,

sendo auxiliada no início pela ajuda dos Estados Unidos. Pelo acordo, as

forças armadas foram desmobilizadas e os civis desconvocados juntaram-se

ao mercado de trabalho proporcionando uma larga oferta de trabalhadores para

a reconstrução econômica.

Várias reformas sociais foram realizadas ajudando a moldar uma

estrutura básica para as ações subseqüentes que seriam o desenvolvimento

econômico. A economia japonesa passou a receber injeções de capital norte-

americano que, somadas à numerosa e barata mão-de-obra, permitiram o

processo de recuperação industrial apoiado no restabelecimento dos

conglomerados empresariais familiares. Na ocasião a existência de uma

grande frota mercante facilitava as importações e exportações. A adoção de

uma estratégia que queimava etapas, com a significativa entrada de tecnologia

estrangeira, garantia o rápido e elevado desenvolvimento científico e produtivo.

Esses fatos, juntamente com a adoção de uma política direcionada para a

conquista de mercados externos, em particular o norte-americano,

completaram o quadro do chamado “milagre japonês”. Iniciado no final dos

anos 50, esse milagre permitiu ao Japão a segunda colocação dentro do

mundo capitalista durante a década de 80.

Apesar dos números favoráveis, o modelo de desenvolvimento do Japão

apresentou algumas limitações. A forte dependência do volume de comércio

internacional e das rotas a ele associadas obrigou a formação de uma zona de

interesses econômicos comuns e complementares na Ásia, envolvendo Coréia

25

do Sul, Formosa, Cingapura, Filipinas, Hong Kong e Tailândia. Epicentro do

capitalismo asiático, o Japão garantiu aos Estados Unidos, por certo período, a

estabilidade necessária entre seus aliados no Pacífico.

2.2 - A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA REDEMOCRATIZAÇÃO DO JAPÃO

Foi promulgada uma nova constituição para o Japão em 3 de novembro

de 1946 e em 1951 já estava consolidada a paz com o Ocidente. No ano

seguinte o Japão recuperou dignamente a sua soberania. Reduziu tanto que

alcançou os limites que tinha antes do período Meiji e sem a obrigação de

manter a máquina militar; com a democracia o povo adquiriu uma enorme

confiança no país e com isso apresentou um notável crescimento econômico.

Com um grande aumento do superávit comercial a nação se converteu

numa potência financeira. Eles conseguiram eliminar com sabedoria e urgência

o fascismo, regime totalitário que deu origem ao militarismo. Logo depois, foi

dada a liberdade à imprensa e liberada a formação de sindicatos e grupos

sociais, que tinham sido proibidos. Foi dada anistia aos criminosos políticos,

dissolveram a Polícia Investigadora de Ideologia Política e todas as leis que

prejudicavam a política nacional foram abolidas. Em seguida, estabeleceram-se,

mediante a ordem do General Mac Arthur, as cinco reformas radicais a fim de

salvaguardar os direitos humanos:

1) Igualdade às mulheres;

2) Criados os sindicatos de trabalhadores;

3) Modificou-se o sistema educacional;

4) Aboliram os sistemas que prejudicavam a redemocratização;

5) Democratizou o sistema sócio-econômico.

Além dessas mudanças, deu-se também a prisão dos criminosos de

guerra. A redemocratização do Japão foi executada dentro da linha que rege a

Proclamação de Potsdam e as ordens baixadas pelo General Mac Arthur,

graças ao apoio e a boa vontade do povo nipônico, levado pelo ânimo de ter

adquirido a liberdade (sociopolítica). Esta democratização tinha o evidente

26

objetivo de eliminar o militarismo e o regime feudal, que desde o período de

Meiji tinha se tornado a espinha dorsal da nação, para substituí-los pelos

princípios básicos da democracia: os direitos do homem. Essa era a única

solução para o problema que o Japão vinha suportando desde a sua

modernização. Cabe ainda salientar que com a ocupação americana, tudo

aquilo que se referia ao fascismo e ao militarismo, que dominaram o Japão por

mais de dez anos, foi radicalmente destruído. Isso não significa que o Japão

voltara ao estado anterior de (beligerância).

O povo nipônico teve a satisfação de saborear, daí por diante, os frutos

da democracia. A democratização atingiu também o sistema sócio-econômico

da nação. Até essa época, as terras vinham sendo exploradas dentro de um

regime (semifeudal), o que possibilitava a formação do militarismo. Para acabar

com este regime, foi feita a reforma agrária e, graças a esta renovação, a

produtividade cresceu; gêneros de primeira necessidade, que outrora tinham

que ser importados, passavam a ser produzidos dentro do próprio país.

Paralelamente à reforma agrária, outra grande ação realizada foi o

desmembramento do capitalismo, que vinha se apoderando de lucros

assombrosos com a guerra na fabricação de material bélico. Essa

desvinculação fez com que o povo também passasse a participaram, nas

grandes empresas, investindo o dinheiro e gozando do lucro.

Com essas mudanças o setor trabalhista também teve um grande

impulso. Por força do regime anterior as condições de vida dos trabalhadores

japoneses, desde o período de Meiji eram das mais miseráveis possíveis, pois

eles tinham que trabalhar muitas horas, com salários baixos. Além disso, não

gozavam do direito de greve e, com a instalação do estado de guerra, tais

manifestações trabalhistas não tiveram chance nenhuma de serem realizadas,

devido à opressão do regime militar. Entretanto, com a ocupação foi dada

liberdade de formação de sindicatos e, graças a ela, o nível e o privilégio dos

trabalhadores se elevaram de maneira surpreendente. A educação escolar

também teve uma renovação radical.

Desde o período de Meiji, ela vinha sendo baseada no princípio do

absolutismo, sempre centralizado na Família Imperial, procurando projetá-la de

uma forma ou de outra. Com a guerra, a educação tornou-se mais unilateral,

27

levando os alunos e colegiais ao entusiasmo da guerra, ao fanatismo,

impedindo assim a implantação de uma educação justa e correta como a

sugerida por Makiguti. Mas, contudo, deixou um grande legado; o

revolucionário método de ensino que vem sendo utilizado e difundido em 192

países. O cenário anterior mostrava o Japão derrotado, o seu povo com baixo

auto - estima.

No entanto, mesmo tendo restrições de ordens econômica e estrutural, o

povo desta atual grande potência oriental conseguiu superá-las com

investimentos maciços numa política de desenvolvimento de longo prazo,

focada na reconstrução da infra-estrutura e, principalmente, na valorização da

educação. Tendo como elemento de transformação a política educacional, eles

focaram especificamente na criação de cursos técnicos sustentados por uma

política de inovação tecnológica aplicada na base. Copiar os melhores produtos,

até superá-los em qualidade, foi à meta lançada e alcançada pela nação

japonesa. A tal ação provocou um processo competitivo interiormente motivado

capaz de fazer com que as empresas substituíssem todos os produtos

importados, garantindo, na essência, uma industrialização consistente e

promissora. Para isso realizaram uma revolução ampla e sintomática em seu

sistema educacional. Muitas mudanças radicais aconteceram desde o ensino

básico até o nível universitário. Substanciais investimentos no ensino

fundamental fizeram com que eles pensassem grande, uma vez que os

governantes acreditavam que a educação necessitava de uma radical mudança

estrutural. A partir daí, implantou-se a cultura da meritocracia para incentivar o

ensino aumentando o número de horas de estudo.

Para os membros da Soka Gakkai Internacional, em particular, é, vital

lembrar que não somente as atividades de paz e cultura, mas também o

movimento pela revolução humana, esforço diário para a íntima transformação

da vida, é um aspecto consistente e essencial no desafio histórico do

desarmamento e da abolição nuclear. Sem levar a sério a dimensão interior e

pessoal, seremos dominados pelo ímpeto estrutural de uma civilização

tecnológica, o que, em certo sentido, torna inevitável o nascimento de uma

prole demoníaca como as armas nucleares.

28

CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO PARA CRIAÇÃO DE VALORES

3.1- FUNDAMENTOS DO VALOR A educação, para os clássicos como Durkheim, expressa uma doutrina

pedagógica que se apóia na concepção do homem e sociedade. O processo

educacional emerge através da família, igreja, escola e comunidade.

Fundamentalmente, Durkheim parte do ponto de vista que o homem é

egoísta e que necessita ser preparado para sua vida na sociedade. Esse

processo é realizado pela família e também pelas escolas e universidades.

A ação exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão

maduras para a vida social tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança

determinados números de estados físicos, intelectuais e morais que dele

reclamam, por um lado, a sociedade política em seu conjunto, e por outro, o

meio específico ao qual está destinado. (DURKHEIM, 1973:44)

A cognição e a avaliação serão de grande ajuda para a demonstração

da enorme diferença existente entre verdade e valor. Para tanto, será

necessário eliminarmos a ordem "que dispensa explicação" dos valores

verdade, bem e beleza aceitos na filosofia, para que possamos elaborar um

modelo de explicação mais moderno e melhor. Consideremos a possibilidade

da criação de uma ciência de avaliação que nos forneça padrões com os quais

possamos pesar e determinar valores, assim com a estrutura conceitual da

lógica oferece regras para o reconhecimento da verdade.

O peixe distingue a isca que pode comer e, aparentemente, até as

plantas selecionam os nutrientes de que necessitam. Não há razão para

insistirmos nas habilidades discriminatórias das plantas, mas podemos

reconhecer certa base evolutiva da cognição humana. A consciência humana é

decididamente mais complexa, apesar de haver correspondências ao que

29

percebemos como instinto no mundo animal. Mas, se consideramos a cognição

como a transferência da realidade física exterior para a realidade conceitual

interior por meio da linguagem torna-se fenômeno exclusivamente humano. A

classificação e a lembrança estão implícitas nas linguagens formal e verbal que

governam o processamento de informações perceptivas e conceituais no ser

humano. (MAKIGUTI, 2002 p. 85)

Muitos especialistas estão afirmando que nunca se estudou tanto esse

importante ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção,

memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem, chamados de

cognição. Nos últimos anos, o desenvolvimento das ciências cognitivas

contribuiu para os estudos das tecnologias mais simples usadas no cotidiano

até as pesquisas mais complexas sobre a inteligência artificial.

Segundo Nunes & Giraffa,

“... o processo cognitivo humano refere-se ao estudo do processamento humano de informações, ou seja, o estudo de como os seres humanos percebem, processam, codificam, estocam, recuperam e utilizam as informações. A estrutura cognitiva humana inclui três sistemas de memória: a memória sensorial, a memória de curta duração e a memória de longa duração, as quais trabalham juntas.” (NUNES & GIRAFA, 2003, 58)

Os estudos sobre a cognição humana estão quase sempre associados

ao desenvolvimento da Lingüística, o que vem possibilitar a criação das novas

tecnologias de informação e de robotização. A cognição, nessa lógica,

resume-se ao cálculo de que o cérebro humano pode ser considerado como

uma calculadora. Estes e outros são os aspectos essenciais a serem

considerados nos estudos sobre a cognição humana.

Pierre Lévy (1998) aborda a questão ao lembrar a dimensão (valorativa)

que envolve a tecnologia: “Não se trata, portanto, de saber o que as máquinas

podem fazer ou não, mas sim de reconhecer o que, no homem, não é da

ordem do fazer”. As ciências cognitivas vêm se afirmando como a construção

de uma nova ciência dos fenômenos (constitutivos) dos aparelhos e os

comportamentos psicobiológico e das integrações entre estes aparelhos e os

comportamentos humanos (no que se refere também às suas formas altamente

30

simbólicas, tais como as linguagens e as culturas). Com o único objetivo de

compreender a inteligência humana, as ciências cognitivas sempre tiveram a

finalidade de descrever, explicar e, eventualmente, simular as principais

disposições e capacidades do espírito humano - linguagem, raciocínio,

percepção, coordenação motora e planificação.

É relativamente recente a evolução das ciências cognitivas, entretanto

isso vem dificultando a sua definição. Para o domínio das ciências cognitivas,

uma definição é sempre uma problemática, que constitui o lado fascinante e

enriquecedor deste espaço de reflexões. Estas ciências acabam por se tratar,

muitas vezes, de interrogações sobre o homem que remontam mesmo aos

princípios da filosofia.

3.2 - VALOR E EDUCAÇÃO

No inicio do século Makiguti chamava a atenção para que todas as

teorias educacionais devam estar preocupadas com o social e econômico,

como podemos observar em todos os ramos da ciência social, nesse momento

devemos têm a teoria do valor como objeto de estudo. Na área da educação, a

questão do valor é muito complicada, pois a história nos mostra claramente

como Makiguti enfrentou estas adversidades, ele não encontrou nenhuma

resposta definitiva mesmo assim, achava que as questões envolvidas

necessitavam de um tratamento urgente, creio que por isso ele sempre

apresentava um entendimento claro do assunto.

As considerações quanto ao valor não devem terminar na especulação

filosófica, pois ela também pode fornecer princípios para a determinação da

diretriz que a educação deve tomar a verdadeira educação deve lidar com a

vida como os educando a vivem. Até o presente, isto não foi feito o que tornou

a educação ineficaz c irrelevante. O valor é uma preocupação da vida real, com

aplicações na mesma. É preciso que o educador reconheça a importância do

valor para a vida e a aprendizagem.

Remeto as minhas indagações, para me concentrar no valor e me

dedicar tanto a esse problema considerado tão complexo. Será por que

31

estamos diante de muitos sistemas educacionais em crescente desumanizarão.

Será que para o aluno, tirar uma nota é mais importante que aprender o

conteúdo, muito menos respeitá-lo; nesse momento pelo que venho

observando ao longo do tempo chego à conclusão que existe uma profunda

falta de comunicação entre alunos e professores, entre colegas, entre

professores e a comunidade escolar como um todo.

Vou mais longe quando reflito, mas qual é a função social da escola?

Segundo Rios,

“... é tarefa de a escola desenvolver capacidades, habilidades e isso se realizam pela socialização dos conhecimentos, dos múltiplos saberes”. “Por isso, os conteúdos transmitidos, construídos ou socializados na escola têm de ter sentido para a construção do ser humano e para o seu desenvolvimento, isso é criar valores.” (RIOS, 2003 p. 91)

Precisamos concentrar o máximo de esforço necessário para que a

educação tenha sentido, ou melhor, para criarmos um sistema educacional que

tenha muito significado para o ser humano. A vida humana sempre foi

considerada um processo de criação de valores, por isso que a educação deve

nos orientar para este fim. Muitos estão se esforçando para que as práticas

educacionais devam incentivar a criação de valores. Isto é de suma

importância para a atual conjuntura e, quanto mais refletimos sobre este ponto

no contexto social, mais necessário parece o esclarecimento conceitual.

Sempre soubemos que a dignidade da vida origina-se da criação de

valores. Ao longo dos anos os pensadores vêm afirmando que a criação de

valores é a forma mais elevada da atividade do homem. Isso nos leva a refletir

que cada indivíduo deve desempenhar o seu papel como cidadão criando

valores, principalmente aqueles que respondam às inesgotáveis demandas da

vida. Outro ponto importante é o cultivo dos valores humanos que deve ser

uma atividade essencial nos dias de hoje. Esse processo revolucionário pode

ser aplicado em todos os sentidos. Para nos envolver e fazer refletir sobre os

nossos valores internos, provocando mudança, aprendizado e desenvolvimento

de valores mais elevados, bem, com essa prática cotidiana nos levará a

expandir as nossas potencialidades, tornando-nos seres humanos melhores.

32

Essa caminhada nós conduzirá naturalmente para um mundo mais pacífico e

harmonioso.

Temos a certeza de que a educação pode fazer muito pelo cumprimento

deste compromisso básico do homem. Sem ser preciso lamentar os erros do

passado, como sempre fez no passado, para isso os educadores devem

intensificar seus esforços no sentido de revitalizar a educação, de modo a

envolver mais as pessoas na criação de valores. A questão é como esses

educadores podem se relacionar com o problema da criação de valores.

Evidentemente somos o que aprendemos, portanto, devemos escolher

uma educação que nos leve ao melhor. Vimos também que o homem vive em

níveis variáveis de busca consciente de felicidade, autossatisfação e auto-

realização, que são metas que compõem o objetivo da educação. Viver

realizando plenamente o potencial individual significa alcançar e efetivar

valores. O objetivo da educação é ajudar o ser humano a aprender a viver

como criador de valor.

Pensando numa relação entre educação e sociedade às vezes é

submetida a uma educação para nos tornar-mos seres passivos diante de

todos os acontecimentos sendo pessoas submissas diante de qualquer um que

se imponha e mostre poder sobre nós. Temos muitas idéias e condutas

uniformes, isso comprova como a teoria do valor deve ser instituída desde

criança. A educação é um processo pelo quais os nossos corpos e mente vão

ficando iguais às palavras que nos ensinam. Eu nunca fui eu, não sou eu: eu

sou a palavra que os outros plantaram em mim.

Certa ocasião Fernando Pessoa sabiamente disse: Sou o intervalo entre

o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim. Acredito

também que muitos educadores são os responsáveis pelo que somos, pois a

maioria deles influenciou nas nossas decisões, em nossos pensamentos e na

forma de nos produzir como “seres humanos”. Acreditem somos o resultado do

desejo de nossos pais, professores, líderes religiosos e políticos. Somos

influenciados pelos meios de comunicação, o mais eficaz modo de se propagar

idéias. Destacamos sem preconceito a televisão como sendo o maior deles,

massificando da cultura, ao incutir e padronizar. Hoje em dia está acontecendo

uma vasta discussão em torno dos principais meios alternativos de educação,

33

em nossa sociedade a escola e a família ainda é vista como a melhor forma de

se obter conhecimento em busca dessa tão sonhada etapa obrigatória para

ascensão social. Isso está estreitamente interligada à nossa cultura,

considerada regida por uma estrutura semelhante a da própria sociedade.

Notamos esta ligação ao observarmos a existência de um sistema hierárquica

disciplinador, com organização seriada e com discriminação por séries.

Makiguti sempre concordou que o maior objetivo da educação é o

desenvolvimento do potencial criativo único de cada indivíduo.

Para ele somente o aprendizado pode sarar as antigas feridas e criar

sociedades que visam um futuro promissor e sustentável, opondo-se à

intolerância e a outras formas de individualidades, ele seguiu incentivando o

sentimento universal de humanidade As pessoas estão considerando a

educação como uma eterna busca da autoconsciência e do aprimoramento do

eu. Essa educação que sempre desenvolveu a capacidade de ter um

pensamento crítico e reflexivo que buscam escolhas com base nas

informações para contemplar a vida em toda a sua diversidade. Nessa busca

do desenvolvimento pleno do ser humano, nos educadores estamos nos

empenhado para mostrar oportunidades educacionais para pessoas de todas

as idades e formações, sinalizando os fóruns de discussão, os seminários, as

exposições e as atividades culturais que servem para o desenvolvimento

humano.

Hoje reconhecemos que a maior busca de Makiguti durante a sua vida

foi o estabelecimento de uma educação humanística em que seu objetivo seria

essencialmente a felicidade das pessoas. Diante de um contexto sociocultural

extremamente rígido Naquela época o Japão se deixou imergir num insensato

regime militar, as idéias desse professor eram revolucionárias, pois

questionavam as bases do sistema educacional vigente. Na ocasião podemos

resumir e afirmar que Makiguti acreditava que os problemas da educação

japonesa estariam focados em seis questões fundamentais:

1) O erro no estabelecimento do objetivo da educação;

2) O fato de não ter a felicidade como propósito final;

3) A incompreensão sobre o potencial criativo inerente ao ser humano;

34

4) O sistema educacional incorreto, focando na transferência de

conhecimentos;

5) A falta de uma ciência sobre a educação;

6) E a ausência de uma parceria entre a escola, o lar e a comunidade no

processo educativo.

Todas essas questões estão intrinsecamente interligadas e têm como

base fundamental a teoria da criação de valor exposta em sua obra Teoria do

Sistema Educacional de Criação de Valores.

Essa eficaz teoria da criação de valor surgiu, então, de análises

empíricas do professor Makiguti sobre o sistema educacional japonês. Ele

anotou em pequenos pedaços de papel todas as experiências vividas em sala

de aula, foi fascinante como esse ilustre pesquisador do comportamento infantil

reunia as suas pesquisas que resultaram nessa prestigiosa obra que até hoje

vem fascinando pensadores de todos os tempos. Partindo do pressuposto de

que o objetivo fundamental da educação é a felicidade — a aspiração universal

dos seres humanos —, e que, por isso, as práticas educacionais devem estar

embasadas nas necessidades da vida diária e, portanto, não devem ficar a

cargo do julgamento arbitrário de teóricos, Já naquela época Makiguti

desenvolveu um amplo estudo sobre o modo de viver das pessoas.

Esses estudos originaram uma compreensão holística do que é a

felicidade: não apenas satisfazer as necessidades básicas e de segurança

individual (egocentrismo), mas assumir o comprometimento total com a vida da

sociedade. Este conceito abrange, portanto, “tudo” que constitui felicidade. O

indivíduo que opta por um único caminho nessa busca pela felicidade,

concentrando seus esforços ou no acúmulo de riqueza, ou na busca de uma

posição social elevada, por exemplo, não alcançaria a felicidade plena. Assim,

conforme Makiguti, a educação deve levar o indivíduo a reconhecer seu

compromisso com a sociedade e, com isso, criar a verdadeira felicidade em

sua vida.

Aquilo que o indivíduo considera felicidade corresponde a seus valores.

Num primeiro momento, a felicidade parece se restringir à auto-satisfação. Mas,

com a criação de valores, esse conceito de felicidade ganha amplitude e

35

dimensão social. Para Makiguti, o objetivo legítimo da educação é a criação de

valor, é ajudar o ser humano a aprender a viver como criador de valor. E esta

seria, na verdade, a própria essência do ser humano.

O professor acreditava que a criatividade seria expressa pelo homem

desde que esse potencial não fosse reprimido ou destruído. A educação teria o

papel de incentivar esse potencial e, com isso, conduzir o homem a utilizar sua

criatividade para melhorar a própria vida e beneficiar a comunidade. Makiguti

questionava o sistema educacional japonês que focava o treinamento para

adiar a felicidade, colocando este fim como algo para o futuro. Ele escreveu:

“Não é prerrogativa dos educadores decidirem que a preparação para a vida

adulta deve ser o objetivo da educação. Eles devem entender que a

escolarização que sacrifica a felicidade presente das crianças, fazendo da

felicidade futura sua meta, viola a personalidade infantil e o próprio processo de

aprendizagem.” Estaria na natureza humana à criação de valores para ser feliz

no presente, concretizando ações de acordo com o estágio de vida do indivíduo.

O eixo principal da sua obra é a felicidade das crianças no lar, na escola e na

sociedade.

Segundo o professor David Norton, Makiguti acreditava que a cada

estágio equivaleria um tipo peculiar de realização e de felicidade, e os valores,

virtudes e obrigações intrínsecas a cada estágio devem ser preenchidos na

infância, e não adiados para a idade adulta.

Nesse contexto, os professores teriam o papel de orientadores no

processo de aprendizagem dos indivíduos. A responsabilidade pela busca de

informações seria dos estudantes junto aos livros, incentivando os esforços de

autoconhecimento e provocando o interesse e a curiosidade natural. Os

educadores também precisariam desenvolver uma ciência sobre a educação,

buscando princípios universais do processo de aprendizagem, avaliando

experiências e opiniões convergentes e divergentes sobre o sistema

educacional com o uso da metodologia científica.

Além disso, Makiguti defendeu que existem papéis e responsabilidades

específicos à escola, ao lar e à comunidade na educação. Seriam atributos

intransferíveis e complementares. Para o educador, “o estudo não deve ser

visto como preparação para a vida; ao contrário, ele deve acontecer enquanto

36

se vive, e o viver acontece em meio ao estudo. Estudo e vida real precisam ser

considerados mais do que paralelos; pois devem trocar informações entre si e

as interpenetrar de acordo com cada contexto, o estudo na vida e a vida no

estudo, por toda a existência do indivíduo”.

Dayle Bethel continua afirmando que: o conceito de aprendizagem

proposto por Makiguti ficou alinhada aos pensamentos dos proponentes da

nova escola e alterou radicalmente a concepção tradicional. No seu modelo, o

aluno é o centro do processo de aprendizagem, e não a escola. O educador é

um orientador, cuja função principal é encorajar e motivar o aluno na busca de

objetivos de aprendizagem e na autodeterminação de conhecimentos, bem

como auxiliá-lo na remoção de obstáculos que possam retardar ou impedir o

processo de aprendizagem.” Bethel conta que esses princípios contrastaram

radicalmente com as políticas e práticas educacionais do Japão, e que se as

propostas de Makiguti fossem adotadas, a natureza da educação e da

sociedade japonesa teria passado por mudanças profundas.

3.3 - O QUE SIGNIFICA CRIAR VALOR? Aprendizado, diálogo e ação - esses pontos constituem o correto

caminho para a educação, essa foi à estrada que os educadores John Dewey e

Tsunessaburo Makiguti que nutriam um amor incondicional pelos jovens e pela

educação baseada em valores humanistas articularam com toda clareza

apesar da feroz oposição e perseguição que eles sofreram, podemos

considerar isso um verdadeiro desejo de criar pessoas iguais ou melhores do a

nos próprio. Podemos também dizer que essa ação significa aperfeiçoar o ser

humano para capacitá-lo a construir uma sociedade justa e ideal, ou seja, uma

comunidade que valoriza igualmente todos os seus integrantes e utiliza todo

seu potencial para a construção de um mundo pacífico,

“A verdadeira liberdade (...) é intelectual; reside no poder do pensamento exercitado, na capacidade de ‘virar as coisas ao avesso’, de examiná-las deliberadamente (...)”. (DEWEY, 1959, p.96).

E o autor continua: “pois liberdade é poder de agir e executar, independentemente de tutela exterior” (idem, p.93).

37

Dewey acredita que um homem que não aprende a exercitar seu

pensamento reflexivo e deixa-se guiar pelos impulsos pode facilmente estar à

mercê das influências exteriores. É por meio da educação que o homem pode

desenvolver o pensamento reflexivo, pois a escola deve garantir este

desenvolvimento pela “formação da capacidade lógica disciplinada de pensar”.

Disciplina e liberdade são duas instâncias que podem e devem ser conjugadas

no ato de educar para o pensar.

Makiguti afirmava que os genuínos educadores devem sentir um

verdadeiro amor e preocupação por seus alunos. Junto dos jovens, ele sempre

se empenhou em abrir sua própria vida e seguir sempre os seus ideais. Até por

que ele sempre acreditava que os objetivos pretendidos pela sociedade devem

estar de acordo com os objetivos do indivíduo para o crescimento pessoal. Os

respectivos objetivos da sociedade e dos indivíduos, autenticamente

compreendida, não envolvem a formulação de um dos meios para a realização

do outro. Pode ser considerado natural que o cumprimento das metas

necessárias para a manutenção da pessoa deve ser abraçado pelos outros.

Em outras palavras, o Estado só existe porque existem os seus cidadãos, a

sociedade só existe por causa das pessoas. O crescimento e desenvolvimento

das pessoas trazem o florescimento, a realização e o crescimento da

sociedade como um todo. Por outro lado, a diminuição do indivíduo traz o

declínio do estado, a sua perda de energia e influência.

Makiguti aponta três categorias de valores: beneficio, bem e beleza.

Benefício – valores pessoais ligados à existência individual, que contribuem

para o crescimento e desenvolvimento.

Bem – valores ligados à existência grupal. Se os indivíduos procurarem apenas

atender as próprias necessidades, correm o sério risco de se tornarem

gananciosos e prejudicar os outros.

Beleza – valores sensoriais ligados a aspectos da existência individual, àquilo

que dá prazer e alegria.

Em sentido mais amplo, benefício é o fator básico para sustentar a vida

em sua dimensão material, é a busca de tudo que é recompensador. O bem é

38

a busca da justiça em oposição à injustiça, pesando o seu valor moral. Pela

beleza avalia-se o objeto como bonito ou feio, dependendo do valor estético.

Para Makiguti, os valores morais e espirituais se aprendem desde

criança. Valores são normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos

por indivíduos, classes e sociedade. De acordo com o meio e as circunstâncias

em que vivem as pessoas têm os seus valores alterados de forma positiva ou

negativa. Quando alterados positivamente, há crescimento, ao contrário,

acabam se perdendo ou gerando inversão de valores. A busca incessante por

riqueza, lucro, beleza e poder leva à perda de valores. Quando as pessoas são

consumidas pelo desejo de viver de acordo com um padrão, que é mera ilusão

criada por agentes externos, os valores vão gradativamente se perdendo.

Do ponto de vista desta prestimosa organização todos os seres

humanos são dotados de um grande potencial e valor, que podem ser

manifestados na sua forma intrínseca que lhes é própria, dedicam-se em prol

de si mesmo e de outras pessoas. Então, criar valor seria evidenciar algo que

sempre existiu "revelando" e "despertando" o que até então estava

"adormecido" na vida de uma pessoa. Para fazer despertar esse potencial, é

necessário acreditar que cada um possui uma missão única e intransferível.

Essas ações altruísticas nos propiciam e possibilitam perceber isso claramente

para que cada um atinja esse potencial inerente.

O verdadeiro objetivo da educação não é transferir conhecimento, é

orientar o processo de aprendizagem, para equipar o aluno com os métodos de

investigação. Também não é a parcelar merchandising da informação, é

permitir a aquisição de métodos de ensino aprendizagem, é a disposição das

chaves para destrancar o cofre do conhecimento. Ao invés de incentivar os

alunos para se apropriar dos tesouros intelectuais descoberto por outros, que

lhes permitirá empreender por conta própria o processo de descoberta e da

invenção. Essa é o verdadeiro objetivo da teoria da educação para uma vida

criativa.

39

CAPÍTULO IV

EDUCAÇÃO HUMANISTA PARA O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO

4.1 - A IMPORTÂNCIA DO PRAGMATISMO DE JOHN DEWEY NO MUNDO

. Voltando ao passado enxergamos os mesmo problemas encontrados na

educação americana e japonesa, tudo era muito parecido com os da época de

John Dewey. O que fez a diferença foi a sua nobre e corajosa crença para

buscar o desenvolvimento das suas teorias filosóficas, que por sinal eram muito

parecidas com as que Tsunessaburo Makiguti encontrou no Japão durante a

preparação do seu país para a guerra.

Cabe ainda ressaltar que Dewey e Makiguti mesmo vivendo em

continentes distantes e diferentes defrontam com as mesmas realidades, tudo

isso era fruto da tão sonhada Revolução Industrial. A mesma Revolução

Industrial que buscava consolidar o Imperialismo desumano, que num contexto

de busca por novos mercados emergentes nos outros continentes, o que se

desencadeou num conflito no período entre a Primeira Grande Guerra Mundial

e a Segunda Grande Guerra Mundial.

A humanidade jamais esquecerá esse educador John Dewey (1859 -

1952) que até hoje também é considerado um dos maiores filosofo do século

XX. A obra desse norte-americano influenciou toda uma geração de

educadores em várias partes do mundo. Ele assumiu os problemas da

educação como se fosse seu o que foi considerado como uma grande

oportunidade para ele testar todas as idéias filosóficas e psicológicas,

puramente com fins educacionais. A filosofia deweyana nos faz voltar a uma

prática catedrática baseada na liberdade do aluno para organizar as suas

próprias certezas, os próprios conhecimentos, as próprias regras morais e

éticas. Isso não significa reduzir toda a importância do currículo ou dos saberes

do professor.

40

No pensamento de Dewey a educação deve ser realizada pela ação, já o

aluno deve ser tratado como o centro do processo – o aluno também só

aprende na medida em que aquilo que é ensinado tem significado para ele.

Existem muitos métodos ativos – Mas, o aluno aprende de forma rápida e

duradoura quando aprende fazendo, Makiguti costumava dizer que para

aprender a nadar antes de tudo a piscina precisa ter água. Por isso que a

escola deve representar uma escola real para a criança.

Frente à divisão do trabalho social ainda incipiente em seu tempo,

Comenius afirma a universalidade do trabalho produtivo, seja qual for à esfera

da produção.

Para Dewey, o docente deve apresentar os conteúdos escolares na

forma de questões ou problemas e jamais dar de antemão respostas ou

soluções prontas. Em lugar de começar com definições ou conceitos já

elaborados, deve usar procedimentos que façam o aluno raciocinar e elaborar

os próprios conceitos para depois confrontar com o conhecimento

sistematizado. Pode-se afirmar que as teorias mais modernas da didática,

como o construtivismo e as bases teóricas dos Parâmetros Curriculares

Nacionais, têm inspiração nas idéias desse pioneiro educador americano.

A sua filosofia educacional novista se expandiu por todo o mundo. Pois,

a sua proposta vê a educação como: “uma reconstrução contínua da

experiência imatura em direção a uma experiência fundada, com a aquisição

de aptidões e hábitos de inteligência”.

Já segundo Dewey (1959) a escola é o mais importante meio de reforço

e desenvolvimento de uma comunidade genuinamente democrática e a tarefa

da democracia é, para sempre, a criação de experiência mais livre e mais

humana. Cabe também salientar que Dewey reconheceu categoricamente a

importância filosófica do fundador do pragmatismo Charles Sanders Peirce

filósofo, matemático e físico, que nasceu em Cambridge, Massachusetts, em,

10 setembro de 1839, embora mais tarde ele mudasse o nome de sua posição

filosófica pragmática.

É muito fácil também identificar uns paralelos entre a obra de Makiguti e

a de outros reformistas contemporâneos, chamado Harold Rugg (1886–1960)

41

que mesmo distante partilhavam com ele e Dewey as mesmas preocupações.

Por exemplo, na sua obra existe diversas semelhanças com os escritos do

americano que comungavam a fé em uma nova era para a educação e a

sociedade. Eles já vislumbravam que poderiam mostrar ações apropriadas de

pessoas capazes e bem-intencionadas. Harold Rugg foi também um dos

educadores mais conhecidos nos Estados Unidos num período em que a

educação era progressista. Aproveitando as teorias evolucionárias, que ambos

utilizavam como metáforas orgânicas para explicar suas idéias, considerando

os sistemas sociais como organismos.

Dentro desses modelos, interessante era que cada das partes tinham

que desempenhar um papel essencial e complementar para a saúde de todo o

sistema; assim. Aparentemente, não havia nenhuma oposição necessária ou

inevitável entre as partes e o todo, isso é indivíduo e sociedade. “Para esses

educadores, o modelo de educação era a chave do progresso social e

econômico: ‘‘A reforma das políticas educacionais é O meio para a

revitalização da sociedade como um todo”, é de se acreditar que Ambos

acreditavam no poder e na potencialidade da razão científica como um meio de

conduzir à verdade e criar um consenso em torno dela, que possibilitaria o

progresso centralizado. Por que baseados nas tradições orientais e ocidentais

desejavam equilíbrio e harmonia na vida, "o desenvolvimento pleno da

personalidade humana... Essa filosofia consistia numa unidade de mente-corpo

- uma harmonia entre as partes e de cada parte com o todo".

Cabe também ressaltar que na concepção dessa metodologia

revolucionário da escola chamada Progressista devemos considerar o ser

humano como alguém que constrói a sua própria história. Ela consiste também

em desenvolver várias atividades de ensino, nos quais, o centro do processo é

o aluno e não o professor, que deverá desenvolver o papel de mediador do

processo ensino aprendizagem, mas, contudo o aluno tem que ser motivado a

se torna sujeito de seu próprio aprendizado. Não só os interesses, mas os

temas e as problemáticas do dia a dia do aluno, nesta conjuntura, todos devem

construir em parceria os conteúdos do saber escolar. As informações devem ir

além da definição, classificação, descrição e estabelecimento de correlações

dos fenômenos da realidade social. Mais uma vez devemos alertar que isso ser

42

uma das tarefas do educador, pois só ele pode explicitar as problemáticas

sociais concretas e contextualizadas, de modo a desmontar noções e

preconceitos que sempre dificultam o desenvolvimento da autonomia

intelectual e de ações políticas direcionadas para uma transformação social. O

ensino deve ser encaminhado de modo que a dialética dos fenômenos sociais

seja explicada e entendida para além do senso comum, uma síntese que

favoreça a leitura das sociedades à luz do conhecimento científico.

Nos anais constam que John Dewey desenvolveu a sua significativa

teoria em 1870, que foi considerada como uma ligação intrínseca entre

significado e ação - que o significado de uma idéia encontra-se em seus

"concebíveis efeitos sensíveis" e que os seres humanos geram crença através

de seus "hábitos da ação.”.

Já William James foi considerado também o mais influente de todos os

filósofos americanos. Seus dons se tornaram conhecida do público em 1890,

quando seus Princípios de Psicologia apareceram, marcando um novo período

neste ramo específico da ciência e prenunciando a sua vez de filosofia.

Entretanto, os resultados de seu pensamento são voltados para sua terra natal.

Ele foi um escritor, filosofo teólogo e possuidor de uma vasta cultura. Depois de

receber seu diploma de médico, James sofreu um período de doença, em 1873

aceitou uma nomeação como instrutor em anatomia e fisiologia na

Universidade de Harvard. Dois anos depois começou a ensinar, psicologia e

filosofia em 1879. Manteve-se em Harvard, com apenas algumas interrupções

na sua carreira acadêmica, até sua renúncia em 1907.

Muitas foram às influências importantes no início do pensamento de

James, Henri Bergson foi importante, tanto pessoal quanto filosoficamente em

seus últimos anos, Por isso Henri Bergson, afirmou que as filosofias, em sua

maior parte, restringem, pois, nossa experiência no lado sentimento e vontade,

ao mesmo tempo em que a prolongam indefinidamente no lado pensamento. O

que James nos pede é não mais prolongar a experiência pelas vias hipotéticas,

e também não a mutilar naquilo que ela tem de sólido. Sobre o Pragmatismo de

William James. Verdade e realidade estão inteiramente seguros daquilo que a

experiência nos dá; mas nós devemos aceitar a experiência integralmente, e

nossos sentimentos fazem parte disso ao mesmo título que nossas percepções,

43

ao mesmo título, por conseqüência, que as “coisas”. Aos olhos de Willian

James. John Dewey exerceu uma liderança no movimento pragmatista após a

morte de James.

Em sua juventude, William James desejava tornar-se conhecido como

um pintor. Mas, ao viver com arte, aprendeu que poderia viver sem a arte,

virou-se para a medicina e as ciências naturais. Deu uma atenção maior para o

pragmatismo e o desenvolveu como teoria da verdade. Idéias verdadeiras,

segundo James, são úteis as "direções", pois eles levam através da

experiência de maneira que proporcionam consistência, estabilidade e

previsibilidade. John Dewey foi outro líder pragmático, cuja influência sobre a

teoria educacional e social ainda é prevalente na sociedade americana da

época.

O pensamento, para o pragmatismo, é uma atividade da mente que busca a verdade com base na experiência. Portanto, a razão não é mais mera abstração, e sim um “fluxo de consciência” composto de elementos intelectuais e perceptivos que se entrecruzam no momento da construção do conhecimento (CHAVES, 1999).

Na obra de Tsunessaburo Makiguti Educação para uma Vida Criativa

tem interesse histórico e contemporâneo. Como ocorreu com os esforços de

outros educadores radicais do passado, a luta de Makiguti pela reforma

apresenta-se como importante comentário social e político. Não é de

surpreender que seu radicalismo tenha origem no tempo e nas circunstâncias.

Foi muito influenciado pelo meio intelectual da época, em particular na

sua conformação ao avanço da industrialização, pelos crescentes

antagonismos de classe e pela luta para chegar a um acordo sobre questões

ligadas à ciência e à evolução e seu significado para a vida. Como no caso de

muitos reformistas, seu pensamento refletia a fé ingênua na perfeição e

progresso humanos através da ciência, característica dos progressistas da

época, juntamente com um sentido de grande urgência que muito influenciava

o sucesso das propostas: "se as escolas não procurarem corrigir os males

morais da sociedade, temo que, de fato, apenas somem ao problema".

Makiguti foi também um grande crítico dos teóricos da educação e

44

insistia em que os professores se colocassem na posição de estudantes tanto

em relação à própria prática como à de outros profissionais. Argumentava que

a teoria surge da prática. Havia outro problema: despendeu-se muito pouco

esforço na organização do conhecimento originado do estudo da prática, para

que pudesse ser desenvolvido e transformado em regras e procedimentos úteis.

Este problema só começou a atrair os pesquisadores da educação

recentemente. Estas são apenas algumas das questões que inquietavam

Makiguti. Há muito que aprender com escritores como Makiguti, que nos

oferecem a oportunidade de uma nova percepção e compreensão dos

problemas que enfrentamos se dela tirarmos proveito. Ao menos, eles podem

ajudar-nos a formular as perguntas certas.

4.2 - AS PRINCIPAIS IDÉIAS DE CARL ROGERS

Os ideais sócio educativo de Carl Rogers (1902-1987) e de Makiguti

também são muito parecidas, pois para eles a educação deve ser de fácil

compreensão, já que as suas observações foram frutos de uma vivência –

dentro de seu próprio ambiente de trabalho – entre terapeuta e paciente. Já

Makiguti fez o seu advento criteriosamente dentro de uma sala de aula multi -

seriada usando os seus alunos como laboratório. O Rogers foi capaz de

desenvolver uma teoria aplicável em qualquer tipo de relacionamento, seja

entre professor e aluno, seja entre pais e filhos, amigos ou mesmo na vida

profissional.

Ele foi “deveras um influente psicólogo na história americana”, sempre

se colocou a serviço do aluno As suas idéias para a educação são como uma

extensão de sua própria teoria como psicólogo, em sua atividade vale-se da

psicologia não diretiva, centrada no cliente cabendo a este seu sucesso relativo

a um tratamento, como facilitador do processo da educação. Rogers, diz que

cabe ao professor o mesmo “papel” do terapeuta e ao aluno o de cliente, deste

modo o professor tem como tarefa facilitar o processo de educação para que o

aluno conduza dentro do seu tempo; a teoria Rogeriana surgiu como uma

terceira via entre o Behaviorismo e a psicanálise de Freud; por se basear em

45

uma concepção otimista de homem, por isso a teoria de Rogers ficou

conhecida como humanista.

O poder é compartilhado no relacionamento que estabelecemos com um grupo e seus membros. Permitimo-nos “ser”; permitimos que os outros “sejam”. Quando estamos em nossa melhor forma, a vontade de julgar ou manipular as ações ou pensamentos dos outros é mínima. Quando as pessoas são abordadas desta forma, quando é aceita como são, revelam-se criativas e plenas de recursos para examinar e transformar suas próprias vidas (ROGERS, 1983, p. 56).

Cabe ainda salientar que ele e Makiguti foram precursores da teoria

humanista contemporânea que sempre priorizou o ser humano enquanto

pessoa, valorizando a auto - realização, seu crescimento pessoal. Muitas vezes

podemos observar que do ponto de vista da educação ele valoriza o educando

como um todo, considerando seus pensamentos e suas ações e não apenas

seu intelecto. Nessa perspectiva, Rogers acrescenta que a aprendizagem é um

processo contínuo de aprimoramento do indivíduo e não apenas do

conhecimento. Pois sempre objetiva o mais amplo desenvolvimento dos

pensamentos e dos sentimentos sem levar em consideração as ações de forma

integrada.

Segundo esses princípios o desenvolvimento das habilidades pessoais e

a sanidade mental são características do desenvolvimento humano, segundo

ele o organismo de todos os seres vivos possui tendência à atualização e tem

por finalidade a autonomia, isto representa a força motriz que move os seres

vivos, no caso dos humanos devido à abertura de novas experiências, o que

estabelece a possibilidade de viver o aqui e o agora, bem como a liberdade

entre outras coisas; com uma pessoa saudável seria o caso de ouvir a si

mesma e buscar seus desejos cabendo assim tanto ao professor como ao

psicólogo oportunizar a. Facilidade neste processo procurando interferir o

menos possível, a chave para a questão da educação esta baseada na ética e

três características seriam indispensáveis ao professor ou ao psicólogo a

autenticidade, o respeito e a empatia.

Criador de Valores isso e que devemos denominar a obra do professor

Tsunessaburo Makiguti. Percebi ao escrever esse trecho que a crítica e a

46

Avaliação são interessantes principalmente quando ele cita as limitações e os

obstáculos que encontrou, em seus esforços para conduzir uma reforma

coerente da educação japonesa que pudesse melhorar a situação da política –

sócio – econômica do país.”.

Makiguti via a sociedade como algo a que os indivíduos deviam

obediência. Para ele, a nação era o mesmo que o governo então no poder. "É

impossível esperar qualquer crítica contra o governo daquela época, com seu

entendimento da nação e da sociedade. Makiguti sempre identificava as

políticas governamentais com a vontade do povo. Mori conclui que o autor era

ingênuo neste aspecto, e que suas propostas para modificar a sociedade

através da reforma educacional não levaram em conta que as estruturas de

poder de uma sociedade podem negar aos indivíduos oportunidades de auto-

expressão e comportamento criativo."

A teoria de Carl Rogers nos remete a uma reflexão sobre o processo de aprendizagem que permeia a educação tradicional instigando-nos ao desenvolvimento de um posicionamento crítico no sentido de propor mudanças a esse processo apontando assim caminhos para a construção de uma aprendizagem mais significativa para o aprendiz, onde esta, “é mais que uma acumulação de fatos, é uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência”. (ROGERS, 2001)

Considero que, em sua tentativa de compreender a natureza da

personalidade humana e do processo de aprendizagem, Makiguti antecipava o

trabalho de filósofos, educadores e psicólogos de décadas posteriores do

século, em especial o trabalho e as contribuições conceituais de Abraham

Maslow, Erich Fromm, David Norton, Carl Rogers, Robert Theobald e outros.

Sua obra permanece corno urna comprovação da validade de princípios e

hipóteses expressos por esses acadêmicos mais recentes, cujas contribuições

para a compreensão da educação representam uma evidência da genialidade e

importância de Makiguti corno educador.

A partir dessa concepção inicial, o procedimento psicoterapêutico

consiste em um trabalho de colaboração entre psicólogo e cliente, cujo objetivo

47

é a liberação desse potencial de crescimento, tendo como resultado a pessoa

aberta à experiência, vivendo de maneira existencial, tornando-se ele mesmo.

Há três condições básicas e simultâneas defendidas por Rogers como

facilitadoras, no relacionamento entre psicoterapeuta e cliente, para que ocorra

a atualização desse núcleo essencialmente positivo existente em cada um de

nós. São elas: a consideração positiva incondicional; a empatia e a

congruência.

Em linhas gerais, ter consideração positiva incondicional é receber a

aceitar a pessoa como ela é e expressar uma consideração positiva por ela,

simplesmente por que ela existe, não sendo necessário que faça, ou seja, isto

ou aquilo, portanto, aceitá-la incondicionalmente; a empatia, por sua vez,

consiste na capacidade de se colocar no lugar do outro, ver o mundo através

dos olhos dele e procurar sentir como ele sente; e a congruência, a coerência

interna do próprio terapeuta.

O interessante na abordagem rogeriana é que a aplicação do seu

método em psicoterapia passa por um processo de amadurecimento do próprio

psicoterapeuta, já que ele não pode simplesmente apropriar-se de uma

"técnica", mas que lhe seja próprio e natural agir conforme as condições

desenhadas por Rogers. Percebe-se então, por exemplo, que a expressão de

uma afetividade incondicional só ocorre devidamente se brotar com sinceridade

do psicólogo; não há como simular tal afetividade. O mesmo ocorre com a

empatia e com a congruência. Por isso se diz que não existe uma "técnica

rogeriana", mas sim psicólogos cuja conduta pessoal e profissional mais se

aproxima da perspectiva de Carl Rogers.

Outro ponto a considerar é que após longos estudos, Rogers chegou à

conclusão de que as três condições são eficazes como instrumento de

aperfeiçoamento da condição humana em qualquer tipo de relacionamento, tais

como: na educação entre professor e aluno, no trabalho, na família, nas

relações interpessoais em geral.

As escolas humanistas de psicologia, na qual encontramos o trabalho

dos psicólogos Rogers e Maslow, opõem-se às concepções fragmantadoras da

visão de homem de outras escolas. Os mais variados psicólogos das escolas

48

humanistas preferem o estudo do homem em seu máximo potencial mais

positivo e a abordar a Psicologia a partir do prisma da saúde e do crescimento

psicológico. Esse ponto de vista teórico é altamente positivo, a grande

contribuição de Rogers para a psicoterapia é constituída pelos princípios de

sua vasta experiência terapêutica que denominado propriamente de "Terapia

Centrada na Pessoa", onde é de fundamental importância à ênfase na

experiência atual, relacionado ao material trazido pelo cliente no momento do

encontro terapêutico, e que é ligado à totalidade da experiência subjetiva

vivenciada, o que se liga, igualmente, ao amplo oceano fluido e corrente dos

sentimentos mais íntimos. Ele se refere ao que se é sentido imediatamente e

que é implicitamente significativo para o sentimento que o sujeito experimenta

ao ter uma experiência.

O terapeuta, assim, age como um facilitador e um espelho para os

sentimentos e pensamentos do cliente, que passa a tomar maior consciência e

contato com o seu material vivencial, "percebendo" aspectos de sua

personalidade e de seu comportamento que lhe escapavam anteriormente. Daí,

o cliente, auxiliado pela ajuda terapêutica, acaba por modificar ou amadurecer

o conceito que tem de si e, conseqüentemente, a reavaliar suas estratégias de

vida e visão de mundo. No fundo, todo o processo, em seu andamento, é fruto

da ação do próprio cliente, de sua imersão ou não no processo terapêutico e de

seu grau de investimento no mesmo. Daí o nome "Abordagem Centrada no

Cliente ou na Pessoa".

O docente que estimula o aluno a pensar por si só ajudando-o com

autenticidade, tendo confiança em suas habilidades, criatividade e, com

afetividade, conduzindo-o para o caminho da participação e da independência

é, realmente, um bom facilitador da aprendizagem.

49

CAPÍTULO V

EDUCAÇÃO HUMANISTA

5.1 - REVITALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO De acordo com as questões apresentadas nos capítulos anteriores há

uma grande necessidade de revitalizar ou reformar a Educação no mundo,

precisamos redicustir a relação família-escola-sociedade, para torná-la uma

relação realmente sócio efetivo com cumplicidade e cooperação, onde nenhum

dos seus atores tente transferir para o outro a responsabilidade e o papel que

lhes cabem na desafiante tarefa de educar. Muitos especialistas acreditam que

isto só ocorrerá com uma alteração do nível de consciência e de uma profunda

reforma, em nossas atitudes reflexivas. Os pais e os mestres não devem

continuar pensando que na educação moderna se transfere responsabilidade

ou se compra.

A educação se edifica com várias mãos e exemplos, Na revista Terceira

Civilização de Março de 2001 o presidente da Soka Gakkai Internacional, Dr.

Daisaku Ikeda publicou o artigo: Construindo uma Sociedade que Sirva às

Necessidades Fundamentais da Educação. O trecho aqui apresentado é um

resumo do artigo, cujo nome é: Algumas considerações sobre a educação no

século XXI. Esse tema nos convoca a uma reflexão sobre esse modelo de

educação que estamos vivenciando, ele faz questão de lembrar que naquela

época a crise da educação era uma questão de grande preocupação como nos

dias de hoje, pais e professores e muitos outros indivíduos estavam

profundamente preocupados com as seguintes questões:

Comportamentos problemáticos, violência nas escolas e abstenção. Um

dos problemas mais sérios recentemente é o do colapso da disciplina nas

escolas à medida que as aulas tornaram-se incontroláveis devido ao

comportamento intempestivo dos estudantes. O problema era inicialmente

característico do ensino médio, mas vem afetando também o nível fundamental

50

nos anos recentes. Nos casos mais graves, as crianças já estão indisciplinadas

na época em que entram no nível elementar vindas do jardim-de-infância,

perturbando totalmente as aulas. Há pesquisas que indicam que um terço dos

professores nas salas de aula, cuja função é a de se responsabilizar por essas

crianças, relatam que ficam tão frustrados que chegam a pensar em desistir de

tudo. Se nada for feito, poderemos ver a disfunção de todo um sistema escolar.

A escola deve ser vista como uns ambientes de ensino por isso os

docentes devem cuidar e estar comprometida com a aprendizagem e o bem

estar das crianças. Todavia, esse ambiente que deveria ser agradável e sadio,

ao longo dos anos ele tem sido palco de atitudes frequentes, que envolvem

atos de violência entre os alunos, ficando evidente, dessa forma, a conduta

conhecida como bullying.

Nos dados de uma pesquisa vista na obra Pedagogia da amizade de Gabriel Chalita, estima-se que na Grã-Bretanha, por volta do ano de 1990, 37% (trinta e sete) dos alunos do ensino fundamental e 10% (dez) do ensino médio afirmavam serem vítimas de bullying. Já em Portugal, dos 7 (sete) mil estudantes pesquisados, 22% (vinte e dois) – 1 (um) em cada 5 (cinco) alunos – tinham sofrido bullying. Na Espanha, foi detectado que 15% a 20% dos alunos eram vítimas de bullying. Com a comprovação dessas pesquisas, a Europa aprovou uma legislação específica e ações integradas para resolverem tais problemas. (CHALITA, 2008, p. 104)

Outro problema grave é o declínio do nível de aprendizado. A aversão

dos estudantes ao estudo, como visto por seu desgosto por matérias como

matemática ou ciências, está se tornando um sério problema. Vários estudos

demonstram como o nível de aprendizado das crianças está decaindo e como

hoje isso afeta o ensino médio e os posteriores. Acredito que esses problemas

são também partes dos motivos que sustentam os clamores por uma revisão e

possível reforma da Lei Fundamental da Educação, o eixo principal do sistema

educacional do pós-guerra, como parte de uma série de planos para a reforma

educacional. É realmente um discernimento perspicaz. O professor Thurman

diz que essa visão deve-se principalmente às influências dos ensinos de

Sakyamuni, a quem ele considera um dos primeiros professores da

humanidade. Isso está de acordo com a filosofia ética de Kant, o qual insiste

que devemos respeitar a autonomia dos outros e que os seres humanos jamais

devem ser usados como um meio para um fim. Aprender é o exato propósito da

51

vida humana, o fator primário no desenvolvimento da personalidade e o que

torna os seres humanos verdadeiramente humanos. Entretanto, o

desenvolvimento da personalidade tem sido consistentemente reduzido a uma

posição subordinada e visto como um meio para outros fins.

Essa visão tem prevalecido no mundo inteiro por toda a história moderna

e particularmente no século XX. Dessa forma, o sistema educacional foi

reduzido a mero mecanismo que serve a interesses nacionais, sejam eles

políticos, militares, econômicos ou ideológicos. Esse e todas as outras formas

de ver o humanismo pregam que todas as pessoas têm dignidade e valor, e,

portanto, devem fazer jus ao respeito dos seus semelhantes Na educação, não

separa homem e natureza, mas consideramos o homem um ser natural

diferente dos demais, manifestando essa diferença como ser racional e livre,

agente ético, político, técnico e artístico. Makiguti afirmou no livro Educação

para uma vida criativa, Orientar os alunos quanto à maneira de viver em

harmonia com o mundo natural e o humano é orientá-los na criação de valores

nessas diversas áreas; mostrar como, nas relações desejáveis com essas

coisas do mundo real, as pessoas avaliam, rejeitam, selecionam e,

eventualmente, apreciam ou sofrem situações, segundo padrões de beleza e

feiúra, perda e ganho, e bem e mal, é demonstrar como todos nos vivemos em

mundos de valores que nós mesmos fazemos e refazemos.

A educação aumenta a capacidade das pessoas de criação desses

valores. Com os meios, as disciplinas podem ser estruturadas para focalizar as

três áreas seguintes: disciplinas para a valoração econômica da vida,

disciplinas para a valoração moral da vida e disciplinas para a valoração

estética da vida. Uma vez criadas, as disciplinas devem ser dispostas segundo

um padrão de princípios valorativos. Da mesma forma, sua amplitude deve ser

ajustada por considerações de valor. Isto é, não devemos dar as costas ao

processo do desenvolvimento mental da criança e esquecer - que o que elas

conseguem compreender a cada momento tem limites. Isto sugere

estruturação e organização de disciplinas em uma progressão organizada, do

simples ao mais complexo. Existe uma economia da aprendizagem que não se

transporta de uma disciplina para outra desordenadamente. O educando

desenvolve suas capacidades de raciocínio de todas as passem para o

52

próximo, desde que não esteja sobrecarregado pela memorização mecânica.

Assim, a ordenação dos textos e das matérias em disciplinas pode fazer

uma grande diferença na promoção de habilidades, no aluno, para pensar em

seu próprio caminho para uma vida com valor. O ideal é que a escola participe

dessa ponte onde os seres humanos vivam em harmonia com seu meio

ambiente. A pessoa cria sua própria existência única de acordo com as leis da

individualização e forma um ambiente único que seja compatível com ela. Pode

até parecer utópico, mas pode ter a certeza que é puramente filosófico que a

formação do ambiente deve coincidir com o surgimento da vida neste mundo;

uma pessoa não pode surgir simplesmente flutuando no espaço, sem um

ambiente. Cada um de nós tem um ambiente e, no entanto, cada um é

essencialmente distinto. Portanto, todos nos relacionamos com nosso ambiente

de modo diferente. A maneira como vemos o ambiente difere dependendo de

nosso estado de vida e de nossas circunstâncias. Temos que ser muito

cuidadoso com esse conceito, pois o ser humano na maioria das vezes não

consegue enxergar a sua inseparabilidade com o meio ambiente, pois esse

mesmo meio ambiente é um reflexo da vida interior do indivíduo que nele

habita.

Makiguti naquela época já sugeria treinamentos e palestras de

sensibilização para que o educador praticasse melhor as suas competências

em sala de aula essa prática além de valorizar a sua auto-estima lhe oferecia

subsídios teóricos e práticos para a promoção de ações educadoras

humanísticas. Esse ambiente assume as características que estão de acordo

com a condição de vida do professor em questão. Em outras palavras, a vida

estende sua influência ao seu redor. O ambiente social está mudando

constantemente por isso devemos usar os recursos da psicologia para nivelar

esse ambiente.

Para compreender melhor, cada bairro, cada rua, cada família ou cada

indivíduo que ao chegar à escola traz uma herança do dia anterior às vezes

podemos considerar boa ou ruim. Essa avaliação não pode ser identificada

naquele momento pelo professor por isso ele precisa usar uma dinâmica para

trazer todos para o seu ambiente natural que a partir daquele momento passa

ser a sala de aula. Com essa consciência de que o ser humano existe por

53

causa do outro, e de que o ser é mais importe do que o ter faz com que o

indivíduo interaja com os outros seres vivos e com o ambiente natural de forma

harmoniosa. Todas as características são consideradas inerentes num único

momento da vida. Podemos considerar que a vida abrange uma vasta

extensão de influência e de atividade que integram tanto os seres vivos como

seu ambiente. Makiguti sempre mostrava que o bem, o benefício e a beleza,

conduzem ao autoconhecimento, essa experiência foi vivida no seu cotidiano.

Assim, é possível afirmar que toda a atividade referente à experiência local

estende-se a um conhecimento universal.

As freqüentes palestras que são proferidas para a comunidade escolar

auxiliam na reflexão de nossa postura no dia-a-dia com os pais e com as

crianças. Isso exige uma permanente adaptação nesse mundo globalizado

essas sensíveis mudanças estão sendo as mais marcantes por que estão

ligadas à tão sonhada qualidade de vida, por isso a educação deve ter

sustentabilidade. A própria educação contemporânea também requer uma

urgente revitalização e renovação. Como será o futuro? Temos que pensar na

construção de uma sociedade que atenda as necessidades que o futuro está

sinalizando a todo o momento. Evidentemente necessitamos reduzir as

pressões sobre os recursos naturais. Mais uma vez fica evidente a importância

da educação dessa educação para uma vida criativa proposta por esse

eminente professor que construiu essa ponte para essa tão sonhada educação

humanista. Será bom preparar as novas gerações para a gestão de qualidade

das áreas preservadas e para o bom relacionamento com a natureza.

No entanto, estamos atingindo limites críticos na educação, sendo

recomendável como complemento aos esforços da família e da escola que a

criança desde a mais tenra idade tenha acesso a um trabalho pedagógico

capaz de complementar à da família e à da comunidade. E que os conteúdos

sejam ministrados por educadores certificados, competentes e dedicados, Na

educação humanista o professor levará a criança á construir o seu pensamento

com base nas funções psicológicas, físicas e sociais desenvolvidas pela sua

própria história de vida. Essa escola possibilitará a vivência num processo

interativo para que ela construa conhecimentos significativos nos espaço que

ele freqüenta viabilizando a formação de um cidadão crítico, transformador da

54

sociedade, considerando sua capacidade criadora e transformadora, sua

flexibilidade mental, física, emocional e social.

Devemos reconhecer que a felicidade é mais do que uma preocupação

com a alegria imediata do aluno, por ter como pré-requisito o desenvolvimento

da consciência social de cada pessoa para compreender e avaliar o dever que

todo ser humano tem para com a sociedade, não só para suas necessidades

básicas e segurança, mas para tudo o que constitui felicidade. Herbart sugeriu

um sistema denominado instrução educativa ele apontava par que cada lição

obedecesse a fases estabelecidas ou a passos formais entendemos que a

função da educação nessa sociedade contemporânea é para conquista de

novas idéias por parte dos alunos para o bem da nação. Esse pensamento

deve ser a chave de uma educação pedagógica formal. Para uma pedagogia

formalizada na educação não interessava se a educação vai inicialmente

fortalecer a democracia ou a cultura política.

Nosso interesse como educador concentra-se em formar cidadãos. Não

serão duas educações distintas, uma educação intelectual e uma educação

moral. A natureza da mente é una, portanto só há uma educação: a educação

através da instrução, da instrução educativa. Um educador humanista é aquele

que acredita na liberdade e no progresso social. Esses atores são

internacionalistas, aspiram a uma nação mais humana e universal.

Compreendem globalmente o mundo em que vivem e atuam no seu meio

imediato.

Não desejam um mundo uniforme, mas sim múltiplo: múltiplo nas etnias,

línguas e costumes; múltiplo nas localidades, nas regiões e nas autonomias;

múltiplo nas idéias e nas aspirações; múltiplo nas crenças, no ateísmo e na

religiosidade; múltiplo no trabalho; múltiplo na criatividade. Precisamos

entender que a educação deixou de ser um simples objeto de estudo da

Ciência da Educação propriamente dita, para chegar com mais vigor nos

domínios do conhecimento e de outras áreas afins como podemos verificar

texto do Artigo 205 da Constituição Federal de 1988.

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e

55

incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho. Nesses dois artigos 6º e 205 e seguintes da

Constituição de 1988 que tratam desse relevante direito fundamental.

(CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 1989)

Esse apanhado de ideais e princípios que valorizam as ações humanas

e valores morais conhecidos como virtudes que são o respeito, justiça, honra

amor, liberdade, solidariedade, etc. Para Dewey e Makiguti e outros, os seres

humanos são os responsáveis pela criação e desenvolvimento destes valores.

5.2 - EDUCAÇÃO HUMANISTA PARA PAZ

A Educação Humanista Soka é uma ponte que ligar a Educação para

uma Vida Criativa a tão sonhada Educação humanista idealizada pelo

professor Tsunessaburo Makiguti. Esse sonho está sendo concretizado pelo Dr.

Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional, organização

considerada como uma universidade dedicada à formação de pessoas cidadã

do mundo. Ele está cumprindo o juramento feito ao seu mestre Jossei Toda,

Daisaku Ikeda inicialmente fundou a Universidade Soka, em terras japonesas;

e depois, no Ocidente, a Universidade Soka da América, localizada na

Califórnia, Estados Unidos da América que atualmente recebe alunos de todas

as partes do mundo, propiciando um grande intercambio entre os povos, essas

ações já está surtindo efeito entre o Japão, China e outros paises.

O grande desejo do presidente dessa instituição é que futuro esse

líderes tenham afinidades através dessa educação que valoriza acima de tudo

o ser humano. No coração de Tsunessaburo Makiguti e de Jossei Toda

existiam vários ideais, entre eles seriam que as universidades deveriam existir

para os que estão impossibilitados de freqüentá-las. A educação humanista

está 100% voltada para o ser humano, para sua realização plena, propiciando

o florescimento de todo o seu potencial, sendo sua meta cultivar o sentimento

humanístico existente em cada um. A educação é o único caminho capaz de

harmonizar a espécie humana no sentido do bem, sendo o objetivo da

56

educação a felicidade dos aprendizes.

A educação é uma relação humana dinâmica e aberta, cultiva uma

consciência critica dos muitos contextos da vida dos aprendizes: moral, cultural,

ecológico, tecnológico e político. Todas as pessoas possuem vastos potenciais

multifacetados que apenas agora começam a aprender.

A Soka Gakkai Internacional possui um Departamento Educacional

formado por educadores dedicados à promoção da educação humanística.

Esse grupo desenvolve atividades que incluem a orientação educacional

individual, simpósios onde são apresentadas suas atividades educacionais,

estudos sobre o comportamento estudantil, seminários, conferências e

exposições. Conforme ressaltado, a Soka Gakkai surgiu como uma

organização voltada à criação e ao desenvolvimento de valores humanos por

meio da educação tendo, posteriormente, seu campo de atuação ampliado. No

entanto, a ação educativa foi sempre uma de suas tônicas principais.

Levando em conta os ideais educacionais e humanísticos de seus

predecessores, Daisaku Ikeda fundou em 1968 as escolas secundárias Soka

em Tóquio, estendendo-as em 1973 para a cidade de Osaka. Nesse ínterim,

em 1971, criou a Universidade Soka, em Hatioji, subúrbio de Tóquio, que

possui faculdades de Letras, Administração, Engenharia (cursos de graduação

e pós-graduação em Ciência de Sistemas e Bioengenharia), Ciências

Econômicas, Direito e Educação. Essas últimas possuem ainda centros de

educação à distância para estudantes não-graduados.

Desde então, a Universidade Soka tem promovido o intercâmbio e a

colaboração com outras entidades de pesquisa e ensino superior no mundo,

como a Universidade Estatal de Moscou (Rússia), a Universidade do Arizona

(EUA), a Universidade de Pequim (China), a Universidade de Lund (Suécia), a

Universidade de São Paulo e as Universidades Federais do Paraná e do Rio de

Janeiro. Com seus intercâmbios e convênios de cooperação, a Universidade

Soka contribui para o fortalecimento dos laços de amizade entre povos de

diferentes culturas ao redor do mundo.

Em 1975, foi inaugurado um Centro de Aperfeiçoamento Lingüístico da

Universidade Soka em Paris e, em 1987, um campus universitário próximo a

57

Los Angeles (EUA). Em 1976, foi criado o Jardim de Infância Soka, em

Sapporo, e em 1978, a Escola Primária Soka de Tóquio, seguida pela co-irmã

de Osaka em 1982. Em abril de 1985, foi inaugurada a Faculdade Feminina

Soka, no campus da Universidade Soka, em Hatioji. Além disso, a BSGI tem

contribuído com diversas universidades brasileiras e instituições educacionais

viabilizando os acordos de cooperação científica, convênios de bolsas e

intercâmbios educacionais dessas entidades com a Universidade Soka.

Contudo, a ação educativa da Brasil Soka Gakkai Internacional melhor

se expressa pelo trabalho voluntário dos educadores que se encontram

espalhados em várias localidades do país.

A Universidade Soka da América em Aliso Viejo é uma cidade no

Condado de Orange, Califórnia é uma universidade construída pelo povo e

para o povo. “Sem o apoio de uma rede de pessoas sinceras e de boa-vontade,

a concretização do sistema educacional Soka, do jardim-de-infância ao nível

universitário, também não teria sido possível”.

O afeto a cognição e a psicomotricidade são atividades que beneficiam e

enriquecem a vida a partir da ação, integram a família proporciona equilíbrio

físico mental e o bom relacionamento com os demais. Através dos diálogos,

treinamentos, dinâmicas e vivências. O forte devora o fraco — esta é a lei da

selva.

As crianças, quando percebem que estão sendo amadas, começam a

valorizar a si mesmas e aprendem também a amar as pessoas. Diante das

crianças, o que os professores são capazes de fazer como educadores?

Makiguti disse: “Observem bem os anseios do coração de seus educandos.

Correspondam adequadamente e invistam nesses anseios. Aí descobrirão

naturalmente a arte da educação.” Disse também: “O azul surge do anil e é

mais azul do que o anil — eis a peculiaridade da Educação Soka.” Educar com

toda a devoção para que os educandos tornem-se mais brilhantes e mais

importantes do que o próprio educador — nesta relação de mestre e aluno

encontra-se a verdadeira educação humanística.

A oficina de brinquedos de sucata faz parte do projeto Makiguti em Ação

porque reflete a alegria e a diversão que ela proporciona aos alunos. São

58

momentos especiais. Primeiro, eles recolhem as sucatas que podem ser

garrafas de plástico, embalagens, sacos, tampas, latas etc. Num segundo

momento, esses materiais passam pela descoberta e criação, transformando-

se em brinquedos.

Com o projeto arte-educação nossas propostas de aulas melhoraram. A

alegria de aprender conceitos novos pelas dramatizações leva os alunos a uma

melhor concentração com relação ao que se quer aprender. Desenvolver

hábitos de recriar, enxergar possibilidades ao seu redor e buscar o novo a

partir de objetos recicláveis é uma das características do projeto e tem

proporcionado aos alunos a criação de diversos brinquedos. A professora

comenta: O projeto Makiguti em Ação trouxe-me esperança enquanto pessoa e

professora. Num mundo tão conturbado, tão confuso, onde as pessoas são tão

individualistas, sem vida e sem esperança num mundo melhor.

Esse modelo de educação humanista possui um projeto que recebe o

nome do seu idealizador o professor Makiguti ele é um revolucionário modelo

pedagógico que defende a felicidade integral da criança. Também reconhecido

como uma prática pedagógica voltada para despertar e resgatar potenciais e

habilidades dos educadores, para que eles possam se desenvolver uma

verdadeira educação humanística e de criação de valores. O projeto mobiliza

recursos humanos despertando e resgatando potenciais e habilidades dos

professores para que possam desenvolver a educação humanística dentro das

propostas filosóficas que as norteiam esse educador recebe estímulo para

superar as dificuldades e elevar sua auto-estima no dia-a-dia. Já que é visto

como um ser humano, construtor de si mesmo e de sua história, e com papel

fundamental no processo da educação criativa.

Aos pais estão reservadas palestras, convívios e oficinas diversas,

integrando-os na proposta educacional do projeto.. Ele por si só mostra a

necessidade de o aluno sentir-se feliz na escola e defende que a educação não

é uma simples transmissão de conhecimento, mas deve ter o propósito de

desenvolver o ilimitado potencial e talento, bem como cultivar o caráter das

crianças. A metodologia envolve escola, lar e sociedade no compromisso pela

felicidade da criança. A proposta é que a sala de aula seja um local onde brote

uma ação criativa de professores e alunos envolvidos num clima de alegria e

59

gosto pela aprendizagem. Onde a cognição tem o papel de despertar à

autoconfiança e a criatividade numa abordagem interdisciplinar e humanística a

ação do processo serve para melhorar o Desenvolvimento de habilidades e

atitudes, ou seja, aprender a aprender. Já a emoção vai Valorizar os Laços

Afetivos.

A teoria do valor consiste em resgatar o Bem que é um valor ligado à

existência grupal e coletiva, o Benefício são valores pessoais ligados à

existência individual orientada para si mesmo e a Beleza são os valores

sensoriais ligados a partes isoladas da existência individual. Para isso são

desenvolvidas palestras e atividades com os professores, que são

reproduzidas em sala de aula. A capacitação dos professores pela equipe

ocorre no horário pedagógico, com duração de 2 horas, uma vez por mês na

própria escola. Os alunos têm a chance de vivenciar experiências nas áreas de

meio ambiente, artes cênicas e outras atividades lúdicas.

O educador também recebe estímulo para superar as dificuldades e

elevar sua auto-estima no dia-a-dia, já que é visto como um ser humano,

construtor de si mesmo e de sua história, e com papel fundamental no

processo da educação criativa. Aos pais estão reservadas palestras, convívios

e oficinas diversas, integrando-os na proposta educacional do projeto. A equipe

é formada por profissionais, técnicos e especialistas de várias áreas da

educação, que transmitem seus conhecimentos sem vínculo político, religioso e

financeiro. Precisamos despertar a consciência humana e cultivar o eu criativo,

flexível, intuitivo e racional integrados, a fim de resgatar o potencial de

realização. O trabalho é dirigido aos professores, pais e estudantes, por meio

de palestras, workshops e atividades lúdicas.

Com os professores, é desenvolvido um trabalho de sensibilização

quanto à importância do papel que exercem na Educação, reforçando a missão

do educador e o comprometimento contínuo deste e dos pais para com o

desenvolvimento saudável das crianças e jovens sob sua responsabilidade. A

proposta é fazer com que os professores vivenciem os diferentes recursos

internos positivos, facilitando o contato e a troca de experiências e permitindo

alterações, igualmente positivas, de comportamento e atitudes. Eles também

recebem o estímulo necessário para superar as dificuldades que enfrentam no

60

cotidiano, por meio de atividades de resgate à auto-estima.

O principal papel da Educação como meio de desenvolvimento de

valores humanos é conferir o principal passaporte para a cidadania, que é o

direito de aprender a ler e escrever para as pessoas que não tiveram acesso à

escolarização formal. O método proposto pelo professor Makiguti é pioneiro.

Ele é resultado de experimentações realizadas durante muitos anos,

consolidado na proposta de alfabetização em 40 horas por série, totalizando

160 horas.

A chave do sucesso é o trabalho de estímulo e afetividade: nas salas,

com não mais de 20 pessoas, os alunos contam com uma equipe composta de

professor e vários monitores, que acompanham integralmente o aprendizado. A

equipe do curso (professores, monitores e pessoal de apoio) é formada por

membros da Brasil Soka Gakkai Internacional, que doam seu tempo livre para

a atuação voluntária no projeto, como forma efetiva de contribuir, enquanto

cidadãos São utilizados diferentes materiais e recursos: cadernos de avaliação,

jornais, revistas, materiais audiovisuais, panfletos, receitas, letras de música e

tudo o que faz parte do cotidiano do aluno, conforme seus interesses e

necessidades. Os profissionais envolvidos também recebem aperfeiçoamento

constante para a consecução das metas do projeto.

Na conclusão do curso, os alunos recebem certificado e podem dar

continuidade aos estudos. A formatura é sempre uma festa, marcada não só

pela emoção do aluno por esta conquista, mas pela alegria dos familiares e

amigos, que também são convidados para o dia. Outro ponto importante que

precisamos compreender é que Existe uma relação muito estreita entre o

brincar e o aprender. Makiguti no passado já utilizava estes saberes. Esses

termos eram dicotômicos e se contradiziam no mundo contemporâneo se

entrelaçam. Nos dias de hoje onde as exigências cognitivas são precoces, a

criança perde o espaço do brincar para o espaço da aprendizagem interfere

rindo na dinâmica natural do desenvolvimento psicológico da criança.

Abrindo novos caminhos vamos entender que o brincar é viver esse

prazer da ação, é a vivência da dimensão psíquica nas relações da criança

com o mundo. Ao brincar a criança vive o prazer de agir simultaneamente com

o prazer de projetar-se no mundo em uma dinâmica interna que promove a

61

evolução e a maturação psicomotora e psicológica da criança.

A Escola é o espaço onde a criança desenvolve sua capacidade

intelectual e física, assim como sua sociabilidade. É ainda o lugar onde

aprimora sua capacidade de expressar-se. Desenhar, pintar e construir faz

parte desse aprendizado e contribui para o aprimoramento da percepção e da

consciência estética. As aulas de Artes permitem uma integração entre os

aspectos sensíveis, afetivos, intuitivos, estéticos, cognitivos e a comunicação

social da criança, por isso, através delas, a criança passa a dominar

instrumentos de artes, cria símbolos e representações, assim como

compreende o processo de expressão e criação.

62

CONCLUSÃO

Ao concluir este trabalho, percebe-se que educação humanista pode ser

considerada como uma metodologia inovadora que integram todos os valores

humanos, promovendo um profundo modelo de mudanças na vida das pessoas.

Os três principais eixos que norteia essa teoria de criação de valores humanos

são os valores de: beneficio, bem e beleza. O Benefício, Makiguti via como

valores pessoais ligados à existência individual, que pode contribuir muito para

o crescimento e desenvolvimento em todos os sentidos. Já o Bem são os

valores ligados à existência grupal.

Se os indivíduos procurarem apenas atender as próprias necessidades,

correm o sério risco de se tornar ganancioso e prejudicar a outrem. Ele admitia

que a Beleza fosse um valor sensorial importantíssimo ligado aos aspectos da

existência individual, ou seja, àquilo que dá prazer e alegria e aumenta a auto-

estima. Os educadores que aplicam a teoria proposta por Makiguti no século

XXI devem ser atuantes e participativos nos trabalhos de socialização do saber.

Cabe-lhes também a função de redefinir os valores propondo a troca de

experiências entre as mais variadas teorias educacionais. Pois nelas

encontramos também valores estéticos, valores éticos e valores morais além

de valores materiais.

Diante disso os educadores atualmente têm um compromisso ainda

maior, pois o avanço tecnológico e a globalização estão levando a uma

degradação do meio ambiente além da desvalorização e do esquecimento de

algumas regras e princípios que precisam ser aplicadas na vida diária e na

coletividade. Ele era muito rigoroso quando afirmava que o desenvolvimento

que visa apenas ao acúmulo de riquezas afeta a relação de respeito e

colaboração do homem para com o seu semelhante, abrindo espaço para a

competitividade desumana.

Foram acreditando que uma nação só pode ser transformada de forma

positiva, com a coragem e o sentimento das pessoas que os sucessores desse

63

modelo educacional. Com esse espírito o Sr. Tsunessaburo Makiguti sem

temer as dificuldades que faziam parte do seu cotidiano mostrou com suas

experiências empíricas realizadas no inicio da sua carreira de educador que a

melhor forma de promover uma educação humanista era oferecer-lhes

condições de aprender de forma criativa e participativa. Para conduzir esse

processo ele sempre estabeleceu uma relação de afeto, emoção e motricidade

com os seus alunos para com isso aguçar a cognição, com essa integração, foi

possível compreender o ser humano de forma mais ampla. Ele também

acreditava que o corpo e a mente são pontos de referências que o ser humano

possui para conhecer e interagir com o mundo, servindo de base para o

desenvolvimento intelectual e para a evolução da afetividade, que é expressa

através da postura, das atividades e do comportamento como ser humano.

Eles sabiam que uma nação dirigida por líderes estúpidos podia levar um povo

à ruína.

A coragem resoluta do professor Jossei Toda o levou a declarar para

toda nação japonesa que através da educação seria possível banir a miséria da

face da terra para isso seria necessário usar a força mental e a coragem das

pessoas. A guerra nem sempre deve ser considerada como uma decisão de

qualquer caso absoluto: muitas vezes o Estado vencido vê na sua derrota um

mal transitório, no caso do Japão essa guerra apesar de fazer o povo sofrer

muito serviu para mover a nação rumo ao crescimento, por que após um

grande mal vem sempre um grande bem. Através desse trabalho percebeu-se

que diante dos resultados desse trabalho voluntário desenvolvidos em várias

escolas não foi em vão à construção dessa ponte que serviu para ligar a

Educação para uma Vida Criativa.

Makiguti (2002, p.108) defende que o profissional da educação

competente e humanista é aquele comprometido com a criação de valores

humanos, que reconhece as suas necessidades e as do educando, levando-o a

experimentarem o valor no dia a dia, criando uma nova geração de pessoas

imbuídas de profundo respeito pela dignidade da vida. Contudo a tarefa da

educação é elevar a consciência social. A escola é considerada um ambiente

ideal para esses exercícios para orientara vida coletiva

64

BIBLIOGRAFIA

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Brasil Seikyo, edição no 1.537, 1o de janeiro de 2000

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CHALITA, Gabriel. Bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores. São Paulo: Gente, 2008

CHAVES, Eduardo O. Ensino a distância: conceitos básicos. 1999

DEWEY, John. Como Pensamos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.

DURKHEIM, Emile. Educación y Sociología. Buenos Aires, Editorial Shapire. 1973

Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 4, pág. 17. Ed. Brasil Seikyo Ltda.

HESSE, Herman. Siddhartha. Casa das Letras, 2008

LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1998.

MAKIGUTI, T., Educação para uma vida criativa. Rio de Janeiro: Record, 2002.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

_____________. O método 6. Porto Alegre: Editora Sulina, 2005.

NUNES, Marcelo; GIRAFFA, Lúcia. A educação na ecologia digital. PPGCC/ FACIN, PUCRS, 2003.

Revista terceira civilização Nº 147 de Abril/91 Ed. Brasil Seikyo Ltda

Revista terceira civilização Nº 272 de Novembro/80 Ed. Brasil Seikyo Ltda

Revista terceira civilização Nº 313 de Setembro/94 Ed. Brasil Seikyo Ltda

Revista terceira civilização Nº 423 de Novembro/03 Ed. Brasil Seikyo Ltda

ROGERS, C. R. Tornar-se Pessoa. 5 ed 3 tir. (M.J.C, Ferreira e A. Lamparelli, Trad.) São Paulo: Martins Fontes, 2001.

65

____________ Um Jeito de Ser, 3ª. Edição, S. Paulo, Editora Pedagógica e Universitária. 1983 Webgrafia

http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/kamikazes_as_bombas_humanas_imprimir.html

SGI - Soka Gakkai Internacional. Disponíveis em:

www.sgi.org - Soka Gakkai International Official Website (English) www.sgispanísh.org - Soka Gakkai International Official Website (Spanish)

www.tmakiguchi.org-Tsunesaburo Makiguchi Official Website www.joseitoda.org - Josei Toda Official Website

www.daisakuikeda.org- Daisaku Ikeda Official Website

www.bsgi.org.br/sgi_artigos.htm O Budismo Japonês e o Renascimento Americano Dr. David L. Norton

66

ANEXO

ANEXO I – O JAPÃO PÓS GUERRA (www.administradores.com.br – acesso janeiro 2011)

No pós-guerra o Japão se encontrava em verdadeira crise. O

aniquilamento psicológico e moral se abatiam sobre os japoneses. Um povo

samurai, guerreiro e destemido, cheio de orgulho e determinação para vencer a

guerra, avançava estrategicamente sobre os inimigos. Parecia que nada

poderia detê-los. Com a operação kamikaze, seu lema era vencer ou morrer.

De repente duas bombinhas feitas com a menor partícula da matéria, arrasam

duas cidades japonesas; e o grande quase gigante cai por terra. O impacto foi

tão grande que se arrefeceram toda a coragem, ousadia e a combatividade.

No dia 15 de agosto, Hirohito, Imperador do Japão, comunicou a

rendição incondicional de seu país. Na ocasião ele tinha 46 anos, quando se

dirigiu pela primeira vez ao seu povo para comunicar chorando, em linguagem

arcaica, que o Japão perdera a guerra. O inimaginável tinha acontecido, era

necessário aceitar o inaceitável: a rendição, a ocupação, a humilhação.

Acabara o Grande Império. Em 2 de setembro de 1945, a rendição japonesa é

assinada. Assim estava terminada a Segunda Guerra Mundial, que não acabou

em 8 de maio com a também rendição do Terceiro Reich, mas em 6 e 9 de

agosto de 1945, após o lançamento das duas bombas deram início à guerra

fria.

No dia 3 de julho, dia da libertação de Jossei Toda, o governo decretou

finalmente a redução de 10% das rações alimentares.

A pobreza extrema do povo, já cansado de sua má sorte, não podia mais

ser camuflada. O padrão diário da ração do arroz para o adulto passou a ser

quase 300 gramas. Os peixes eram distribuídos na proporção de um a cada

quatro dias, e mesmo assim, quase sempre, era apenas uma sardinha.

A unidade calórica do povo desceu até 1200 calorias. Isto significa a

metade da caloria média do povo antes da guerra, avaliada em 2160 calorias

67

por pessoa. Esta quantidade permitia somente ficar quieto, sem se mover. Se

tentasse trabalhar nessas condições, logicamente se manifestariam em

seguida os sinais de desnutrição. A desnutrição não existia somente na prisão.

Acontecia também fora dela.

No período que vai desde o Inicio da etapa final da guerra até após o fim

da mesma, a nação inteira estava sendo invadida, antes de tudo, pela fome.

Isto foi em conseqüência da falta da quantidade mínima de alimentos

necessários em virtude do bloqueio marítimo.

Notava-se no povo o rápido declínio do aspecto físico. A maioria da

população andava com olhos incrustados na fossa orbitária, roupas cada vez

mais folgadas no corpo emagrecido, dificuldade de respiração e falta

cres¬cente de coragem. Isto não era o aspecto de uma ou de outra pessoa,

mas sim, da maioria absoluta do povo.

Como é desesperadora a vida humana em condições de profunda

miséria!

Se os líderes da nação Japonesa fossem mais inteligentes, teriam

conduzido o povo para uma vida melhor e mais segura.

Jamais o povo deverá esquecer-se desta amarga experiência.

Apesar desta situação, o governo proclamava a batalha decisiva na ilha

principal e continuava pregando ao povo "o sacrifício dos cem milhões" para

não se render. Ninguém, entretanto, podia acreditar em tal lema e o espírito

combativo foi se enfraquecendo dia por dia.

Além disso, não havia ninguém que apresentasse um plano concreto

para mudar o curso da guerra ou para possibilitar a negociação de paz.

68

profdiafonso.blogspot.com/2010_08_06_archive.html

O emprego das armas nucleares tornou-se necessário – segundo as

fontes oficiais norte-americanas – pois visava interromper a guerra e salvar a

vida de centenas de milhares de soldados. Estudos recentes desmentem essa

tese e revelam que a destruição tinha por objetivo impressionar os soviéticos,

impedindo o avanço de suas tropas e marcando, na realidade, o início da

guerra fria.

69

70

ANEXO II – O ENSINO BUDISTA

Segundo Nitiren Daishonin manifestar profunda gratidão é um dos

pontos fundamentais dos ensinos budistas: “A velha raposa jamais esquece a

colina onde nasceu; a tartaruga branca retribui a gentileza que havia recebido

de Mao Pao. Se mesmo criaturas inferiores sabem o suficiente para agir assim,

então os seres humanos deveriam fazê-lo muito mais!” (END, vol. 4, pág. 17.).

As pessoas diziam antigamente que, quando as raposas morriam, elas

voltavam à cabeça na direção do outeiro onde haviam nascido. Mao Pao foi um

guerreiro chinês que salvou a vida de uma tartaruga branca. Quando Mao Pao

foi derrotado em uma batalha, a tartaruga apareceu e carregou o guerreiro para

a segurança do outro lado do rio. Este episódio afirma que até mesmo alguns

animais retribuem as gentilezas; o que não dizer então no caso dos seres

humanos e ainda mais no mundo do budismo. Qualquer pessoa que trair a

gratidão devida no mundo da fé será muito mais baixa do que qualquer animal.

Obviamente, existem inúmeras pessoas que merecem nossa gratidão.

Vamos listar algumas:

71

1. Nossos pais;

2. Nossos professores;

3. Nossos amigos, dirigentes, vizinhos, parentes etc.

Ter gratidão nada mais é do que reconhecer os favores recebidos seja

estes quais forem ou de quem forem.

escolasoka.blogspot.com/2008_06_01_archive.html

www.budismosimples.kit.net/istoe0110.htm ANEXO III - EDUCAÇÃO HUMANISTA