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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: O CASO WALMART FERNANDA FERREIRA ALVES Prof. Orientador: Prof: Mario Luiz Trindade Rocha RIO DE JANEIRO 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992,

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL:

O CASO WALMART

FERNANDA FERREIRA ALVES

Prof. Orientador: Prof: Mario Luiz Trindade Rocha

RIO DE JANEIRO

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL:

O CASO WALMART

FERNANDA FERREIRA ALVES

Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Gestão Estratégica da Qualidade

Orientador: Prof. Mario Luiz Trindade Rocha

RIO DE JANEIRO

2013

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar à DEUS por ser a base das minhas

conquistas;

Aos meus pais Edson e Ana Maria, por acreditar e terem

interesse em minhas escolhas, apoiando-me e esforçando-se

junto a mim, para que eu suprisse todas elas;

À professora Glória, pela dedicação em suas orientações

prestadas na elaboração deste trabalho, me incentivando e

colaborando no desenvolvimento de minhas idéias;

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à DEUS por ter me acompanhado nesta

jornada

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RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo sobre o tema da sustentabilidade empresarial, com fundamento na revisão da literatura sobre o tema, do ponto de vida pragmático, comentando sobre ações e práticas existentes e recomendadas. Nesse sentido se examina a norma Iso 14001 que traz importantes recomendações sobre o meio ambiente e sobre o funcionamento empresarial. A partir dessa leitura se examina o caso da Walmart Corporate uma das maiores redes de empresas do mundo, com um contingente de 1,9 milhões de funcionários e 7.200 lojas em todo o mundo. Apresentaram-se dados sobre o projeto grandioso da Walmart e se conclui que esta empresa se encontra na ponta em termos de desempenho sustentável.

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METODOLOGIA

Todo o material com o qual se trabalha está contido em fontes

bibliográficas, como livros, revistas especializadas, artigos publicados,

trabalhos acadêmicos, e outras fontes da mesma natureza. Utiliza-se para

busca de informações seguras o site da própria empresa Walmart.

O tipo de pesquisa adotada é descritivo. A pesquisa do tipo descritiva

tem como objetivo primordial à descrição das características de determinado

fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis (GIL, 1999).

O método de análise é fenomenológico, dado que se entende que

sustentabilidade se configura como o fenômeno estudado. O método

fenomenológico não é dedutivo nem empírico, consiste em mostrar o que é

dado e em esclarecê-lo. Não explica mediante leis nem deduz a partir de

princípios, mas considera imediatamente o que está presente à consciência, o

objeto. A fenomenologia ressalta a ideia de que o mundo é criado pela

consciência, o que implica no reconhecimento da importância do sujeito em

todo o processo da construção do conhecimento (GIL, 1999).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 7

METODOLOGIA ................................................................................................... 9

CAPÍTULO I. A SUSTENTABILIDADE: CONCEITO E DOCUMENTOS

INTERNACIONAIS ............................................................................................... 10

1.1. Documentos Internacionais sobre o desenvolvimento sustentável ....... 11

1.2. Desenvolvimento sustentável e justiça...................................................... 21

CAPÍTULO II. PRINCIPAIS CONCEITOS RELACIONADOS À

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL ............................................................... 27

2.1. Stackholders ................................................................................................. 27

2.2. Responsabilidade Social Ambiental ........................................................... 27

CAPÍTULO III. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA EMPRESA

WALMART............................................................................................................ 34

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 41

REFERENCIAS .................................................................................................... 42

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INTRODUÇÃO

A experiência empresarial atualmente tem modificado alguns

paradigmas que formavam certo modelo de atuação empresarial em relação ao

ambiente social e negocial. Empresas que até pouco tempo não conheciam os

problemas do meio ambiente tiveram que rever suas próprias posturas e sua

posição em relação ao tema para que pudessem continuar a ser competitivas.

Governos e empresas privadas vêm se encaminhado desde o inicio

dos anos 90 para a mudança paradigmática exigida pela globalização dos

mercados mundiais. Os processos envolvidos nessa mudança tentam

“modernizar” as referências que se tem do mundo, e o sentido maior da

globalização se tornou: mudar o mundo pela estratégia de reuni-lo em torno de

si mesmo.

Ao mesmo tempo em que a globalização é o mais atual paradigma,

esse é também paradoxal, na medida em que os processos que tem origem no

seu interior, na sua proposta de inclusão global, são processos de exclusão

que atingiram não apenas o remodelamento das empresas - em especial os

trabalhadores -, mas promoveram mudanças sociais brutais para as quais a

maioria das sociedades não possui meios ou instrumentos de defesa. Sabe-se

que a sustentabilidade empresarial é composta de ações que as organizações

realizam, tais ações procuram visar à redução de impactos ambientais; a

promoção de programas sociais e a permanência de se manter

economicamente viável no mercado.

Observa-se que há o compromisso com a sustentabilidade quando,

concomitantemente, há ações nas dimensões ambientais, sociais e

econômicas. Diante deste contexto a organização Walmart tem investido

fortemente na sustentabilidade empresarial, quando a partir de 2005 começou

a disseminar o conceito e aplicabilidade da sustentabilidade na cultura

organizacional da empresa.

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O tema escolhido está na relação entre a sustentabilidade ambiental

e a empresarial. Assim, importa essencialmente destacar o estudo do caso

Walmart como meio de compreender a responsabilidade empresarial e sua

articulação com a questão do meio ambiente.

O objetivo principal deste trabalho é o de estudar o caso Walmart e

relacionar as ações desta empresa à questão da sustentabilidade ambiental e

da responsabilidade social das empresas. Será realizada uma pesquisa sobre

a empresa Walmart, destacando o seu processo de investimento sobre as

ações de sustentabilidade da empresa.

O primeiro capítulo trata da metodologia do trabalho. O segundo trata

dos conceitos que estão relacionados a sustentabilidade empresarial, como o

de stackholders e de Responsabilidade Social Ambiental das empresas. No

terceiro capitulo estão apresentadas as ações da Walmart em direção a

sustentabilidade.

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CAPÍTULO I.

A SUSTENTABILIDADE: CONCEITO E DOCUMENTOS

INTERNACIONAIS

A Organização das Nações Unidas (ONU) conceitua o termo ao nível

dos Estados que a compõem, e para a ONU o termo tem implicações para as

gerações futuras, pois o desenvolvimento sustentável seria aquele que visa o

bem estar dessas gerações. (COSTA, 2007).

O entendimento da ONU supõe que sejam não apenas evitados certos

custos sociais e ambientais, como também que sejam investidos esforços

financeiros, científicos, políticos, sociais e negociais no trato com os problemas

acarretados pelo desenvolvimento industrial, urbano, tecnológico, e outras

formas que criam obstáculos ou geram danos ambientais.

O conceito, portanto, é um principio essencial à compreensão das ações

que são desenvolvidas no âmbito dos programas e projetos de

Sustentabilidade. O conceito distingue as teses sobre os problemas gerados

pelo desenvolvimento e ainda as práticas que são desenvolvidas. E, nesse

sentido, a questão de Klaus é pertinente, pois se observa que há uma espécie

de “boom” de práticas para o desenvolvimento sustentável que estão em

descompasso com os problemas aos quais se dirigem.

Bosselmann (2008) questiona a ideia e a terminologia de

‘desenvolvimento sustentável’ que surgiu a partir de Robert Prescott-Allen e

que transforma o termo em uma ‘nova ética’. O conceito cunhado a partir daí

informa que o desenvolvimento sustentável deve atender as necessidades do

presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem

também suas necessidades.

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Esta versão para Bosselmann (2008), embora muito popular, estaria

errada e não é suficiente para preservar a integridade ecológica da Terra, pois

não se deve confundir a integração de politicas econômicas, sociais e

ambientais com desenvolvimento sustentável. Embora a integração de políticas

seja um passo importante para se alcançar esse desenvolvimento, ela seria

apenas o primeiro passo. 1

No limite o desenvolvimento sustentável introduz um novo processo

econômico que leva em conta os interesses presentes e os futuros e tenta

evitar o esgotamento dos recursos naturais.

1.1. Documentos Internacionais sobre o desenvolvimento

sustentável.

Em 2002 aconteceu no Rio de Janeiro a denominada ECO-92

(Convenção sobre as Mudanças Climáticas) que foi a Convenção inicial sobre

o problema do desenvolvimento sustentável, de onde se retirou um conjunto de

propostas para a indústria em relação à emissão de gases de dióxido de

carbono.

A partir desse ponto surgiram vários documentos internacionais sobre o

tema do desenvolvimento sustentável, entre os quais se devem citar o

Relatório Brundtland, a Agenda 212, o Protocolo de Montreal e o mais

importante deles o Protocolo de Kyoto.

1 This so-called weak version of sustainability is popular among governments and business, but profoundly wrong and not even weak as there is no alternative to preserving the Earth’s ecological integrity. We can accept or dispute this insight, but should not confuse mere integration of economic, social and environmental policies with sustainable development. Integrating policies is an important step towards it, but only the first step. (Klaus, obra cit. p. 3) 2 A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida por ECO-92. Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas. (Retirado de Eco News, Rev Eletrônica, disponível no site:< http://www.ecolnews.com.br/agenda21/index.htm> Acesso em 01 jul. 2013.

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Publicado em 1987, o Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão

Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, é considerado o

documento de base que introduziu a ideia de sustentabilidade ligada ao

desenvolvimento. A Comissão está inserida nas iniciativas da Agenda 21

Neste documento sustentável se define todo desenvolvimento capaz de

satisfazer as necessidades atuais da sociedade que não comprometa a

capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias. (AGENDA 21,

2013).

No entanto, antes mesmo do inicio dos anos 1980 já se desenhava a

preocupação de vários países com questões relativas ao ambiente e ao uso

dos recursos naturais.

Segundo a diretiva adotada na Agenda 21, os países industrializados e

as nações em desenvolvimento têm que se voltar para os riscos do uso

irresponsável dos recursos naturais, e por uso irresponsável se entende a

superação da capacidade dos ecossistemas de suportar a demanda.

Na ideia de suportabilidade está contida, então, a demanda por um

equilíbrio entre os padrões de produção e consumo e a existência de um limite

desse uso e consumo no que respeita aos recursos naturais e ambientais.

Consequentemente, diz respeito à questão do desenvolvimento

industrial em primeira mão; e a partir daí o conceito migrou para o próprio modo

de funcionamento das empresas e para o ambiente interno e externo dessas

organizações, como reflexo das novas pautas de conduta empresarial impostas

pela legislação e pelas normas existentes em acordos e tratados internacionais

de proteção ambiental.

A Agenda 21 significa o desejo de se verem implantadas medidas

sociais visando primeiramente às minorias (indígenas, ribeirinhos, jovens,

mulheres, entre outros). Além disso, também sinaliza a preservação dos

oceanos e da atmosfera como imprescindíveis.

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A Carta da Terra é um documento que sustenta princípios éticos para o

desenvolvimento sustentável, visando a paz, segurança, justiça social e

ecológica, direitos humanos e por fim a democracia. (BOSSELMANN, 2009).

Na Rio+10, realizada em Johannesburgo, se tornou possível o Plano de

Implementação da Agenda 21 e ainda se aprovou a Delgaçarão política da

Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável, cujo objetivo foi o de anistiar

as dívidas dos países pobres em função da desigualdade que provocam os

esforços para pagamento das dívidas com bancos estrangeiros e organismos

como o Banco Mundial. Esta medida acreditava-se á época que possibilitaria a

organização de projetos de desenvolvimento sustentável nos países mais

pobres.

A Convenção-Quadro é um desdobramento sob a forma de tratado da

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

(CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em 3-4 de junho de 1992, também

conhecida nacionalmente como Eco-92 ou Cimeira da Terra; e cujo objetivo

principal foi o de promover um encontro internacional para discutir sobre a

coordenação de ações para equilibrar o desenvolvimento com a proteção aos

ecossistemas.

A CNUMAD consagrou o termo “desenvolvimento sustentável”, criado

em 1983 na ONU, como uma chamada para a essencialidade da atenção às

possibilidades de preservar, manter e ampliar os recursos naturais que

possibilitam a vida na terra.

A motivação da Convenção está no reconhecimento de que a mudança

do clima produz efeitos negativos que são comuns a toda a humanidade; e sua

principal preocupação foi com a ação humana sobre o clima que vêm

sistematicamente aumentando as concentrações de gases de efeito estufa que

intensificam esse efeito natural e dão origem ao aquecimento da superfície e

da atmosfera agindo negativamente em relação aos ecossistemas naturais e

aos seres humanos.

Segundo a CNUMAD a maior parte das emissões de gases de efeito

estufa se origina no desenvolvimento dos países, mas que são “modelos” de

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desenvolvimento que vem sendo seguido pelos países em desenvolvimento, o

que preocupa sobremaneira em relação ao acúmulo de gases na atmosfera.

A CNUMAD reconheceu a importância de se respeitarem os princípios

de convivência internacional que informam sobre o direito dos Estados

soberanos de explorarem seus próprios recursos de acordo com as

determinações internas de suas políticas ambientais e de desenvolvimento. No

entanto, se tornou ponto pacífico que a falta de controle ou a imprevidência no

trato dessas questões são questões que afetam também aos demais países.

O Protocolo de Montreal trata-se de um documento, criado em 1985, no

contexto da Convenção de Viena para Proteção da Camada de Ozônio, que

estabeleceu os princípios de obrigações comuns aos Estados; e no qual se

estabeleceu que os países desenvolvidos, que tiveram em sua história maior

consumo de Substâncias que destroem a camada de Ozônio – SDO, devem

contribuir financeiramente para a implementação de medidas para eliminação

dessas substâncias naqueles países em desenvolvimento.

As metas estabelecidas pelo Protocolo são as seguintes:

Substância Meta de redução (%) Ano

CFC

50

85

100

2005

2007

2010

Halon 50

100

2005

2010

CTC 85

100

2005

2010

Brometo de Metila 20

100

2005

2015

Fonte: Brasil/MBA, 2012, Protocolo de Montreal.

Até 2010 no Brasil já se cumpriram as metas para os anos de 2005 e

2007, e as demais se encontravam em andamento, fruto do trabalho para

eliminação da produção e redução do consumo de SDO’s através da cessação

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de uso de algumas substâncias e da substituição de outras por tecnologias

alternativas. (BRASIL/MMA, 2012).

Segundo o MMA em 1990 foi criado o Fundo Multilateral para

Implementação do Protocolo de Montreal – FML que é mantido por países

desenvolvidos para apoio de projetos que são realizados em colaboração com

agências internacionais como a PNUD, PNUMA, Unido, BIRD e GTZ.

O Fundo é administrado por um Comitê-Executivo, e abastecido por países desenvolvidos. Os projetos que apoia são implementados em inúmeros países com a colaboração de agências internacionais como PNUD, PNUMA, Unido, BIRD e GTZ. O Brasil recebe aportes do FML desde 1993 para promover mudanças em processos industriais com ênfase no uso de tecnologias livres de SDO’s. Desde então, mais de 200 projetos de conversão industrial foram aprovados para os setores de refrigeração comercial e doméstica, espumas e solventes. (BRASIL/MMA, s.p).

Segundo o MMA a estimativa é que em 2075 os níveis de ozônio na

Antártica retornem ao mesmo patamar de 1980. Para o Ministério as ações

globais representaram o impedimento da destruição da camada de ozônio que

teria crescido 50% no Hemisfério Norte e 70% no Hemisfério Sul caso não

fossem tomadas as providências que já garantiram esse resultado.

O Protocolo de Quito deve se entendido como um documento onde se

registram as decisões tomadas em Assembleia pelos países signatários, ou

seja, um conjunto de medidas que visa controlar e reduzir a emissão de gases-

estufa.

O objetivo é, portanto, o de garantir um acordo internacional que visa a

reduzir a emissão de gases na atmosfera por parte dos países signatários,

especialmente dos países industrializados; e, além disso, o Protocolo de Quito

também criou a ideia de desenvolvimento com menor impacto sobre o planeta

e sobre a vida das populações.

Logo no primeiro parágrafo da Introdução do Protocolo deixa-se claro

que a adoção das decisões sobre a mudança de clima em 1992, no âmbito da

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima, se devia à

compreensão de que essa mudança poderia ser propulsora de ações mais

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enérgicas sobre o futuro. As metas para redução de gases foram ali decididas

para os anos seguintes, e foi efetivamente implantado o Protocolo em 1997, na

cidade de Quioto, no Japão.

Nesse primeiro momento participaram das reuniões 84 países, e

atualmente já conta o Protocolo de Quioto com 172 países ratificantes, 01 país

com intenção de ratificar (Cazaquistão) conforme o Anexo 1.

O Protocolo tem 28 artigos. O primeiro artigo define quais descritores se

aplicam ao Protocolo e que são originalmente pertencentes à Convenção-

Quadro sobre mudança do clima.

No artigo 2º encontram-se as medidas para implementação e

complementação da política adotada e das circunstâncias nacionais que devem

ser mudadas. Este artigo se refere aos países que são os mais visados pelo

Protocolo, que são os países em vias de industrialização.

O artigo 3º define os compromissos assumidos em relação a limitação e

redução de emissão de gases estufa, devendo assegurar que emissões

antrópicas agregadas não excedam sua quantidade que foi atribuída e

calculada em razão dos compromissos assumidos.3

O artigo 4º trata da efetivação das decisões tomadas em conjunto. O

critério para se saber se a parte cumpriu é avaliar se reduziu a emissão e

chegou ao total combinado de emissões antrópicas agregadas, expressas em

dióxido de carbono equivalente, dos fases de efeito estufa.

O artigo ainda possibilidade a ataca conjunta de países regionalmente

ligados por integração econômica que podem alterar a composição, mas

somente serão válidos apos o período subsequente ao do cumprimento das

metas do artigo 3º.

No artigo 5º encontram-se as questões de metodologia para

cumprimento do acordo. O primeiro dispositivo indica o período máximo de um

ano antes do primeiro período de compromisso para estabelecimento de um

sistema nacional de estimativa das emissões antrópicas por fontes e das

remoções antrópicas por sumidouros de todos os gases de efeito estufa não

3 Veja-se Anexo II deste trabalho.

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controlados pelo Protocolo de Montreal. A metodologia propriamente dita foi

descrita no item 2, do referido artigo, a saber:

Protocolo de Montreal, Art. 5º. 2. As metodologias para a estimativa das emissões antrópicas por fontes e das remoções antrópicas por sumidouros de todos os gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal devem ser as aceitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima e acordadas pela Conferência das Partes em sua terceira sessão. Onde não forem utilizadas tais metodologias, ajustes adequados devem ser feitos de acordo com as metodologias acordadas pela Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo em sua primeira sessão. Com base no trabalho inter alia do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima,; e no assessoramento prestado pelo Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico, a Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo deve rever periodicamente e, conforme o caso, revisar tais metodologias e ajustes, levando plenamente em conta qualquer decisão pertinente da Conferência das Partes. Qualquer revisão das metodologias ou ajustes deve ser utilizada somente com o propósito de garantir o cumprimento dos compromissos previstos no Artigo 3 com relação a qualquer período de compromisso adotado posteriormente a essa revisão.

No item 3 encontra-se ainda a metodologia para cálculo da

equivalência em dióxido de carbono das emissões antrópicas por fontes e das

remoções antrópicas por sumidouros dos gases de efeito estufa que foram

listados.4

No artigo 7º se dispõe sobre a comunicação de informações que deve

ser incorporada ao inventário anual do país sobre emissões antrópicas por

fontes e remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa não

controlados pelo Protocolo de Montreal. As informações submetidas devem ser

aquelas já mencionadas, e o primeiro inventário foi apresentado logo no

primeiro ano após o inicio da vigência do Protocolo. As preparações desses

inventários são também parte dos trabalhos de comissões ligadas ao

funcionamento do Protocolo de Quioto.

4 Idem, Anexo A. Veja-se o anexo 3 deste trabalho.

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A Conferência das Partes deve submeter às Partes os inventários do

artigo 7º e relatórios de revisão dos especialistas sobre essas informações e

propor questões de implementação fornecidas pelo Secretariado em

conformidade com o parágrafo 3º do artigo 8º.

O artigo 10º define a promoção da adoção dos compromissos e sua

continuidade, prevendo que a política dos países deve ter em consideração:

(a) Formular, quando apropriado e na medida do possível, programas

nacionais e, conforme o caso, regionais adequados, eficazes em relação aos

custos, para melhorar a qualidade dos fatores de emissão, dados de atividade

e/ou modelos locais que reflitam as condições socioeconômicas de cada Parte

para a preparação e atualização periódica de inventários nacionais de

emissões antrópicas por fontes e remoções antrópicas por sumidouros de

todos os gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal,

empregando metodologias comparáveis a serem acordadas pela Conferência

das Partes e consistentes com as diretrizes para a preparação de

comunicações nacionais adotadas pela Conferência das Partes;

(b) Formular, programar, publicar e atualizar regularmente programas

nacionais e, conforme o caso, regionais, que contenham medidas para mitigar

a mudança do clima bem como medidas para facilitar uma adaptação

adequada à mudança do clima:

(i) Tais programas envolveriam, entre outros, os setores de energia, transporte

e indústria, bem como os de agricultura, florestas e tratamento de resíduos.

Além disso, tecnologias e métodos de adaptação para aperfeiçoar o

planejamento espacial melhorariam a adaptação à mudança do clima; e

(ii) As Partes incluídas no Anexo I devem submeter informações sobre ações

no âmbito deste Protocolo, incluindo programas nacionais, em conformidade

com o Artigo 7; e as outras Partes devem buscar incluir em suas comunicações

nacionais, conforme o caso, informações sobre programas que contenham

medidas que a Parte acredite contribuir para enfrentar a mudança do clima e

seus efeitos adversos, incluindo a redução dos aumentos das emissões de

gases de efeito estufa e aumento dos sumidouros e remoções, capacitação e

medidas de adaptação;

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(c) Cooperar na promoção de modalidades efetivas para o desenvolvimento, a

aplicação e a difusão, e tomar todas as medidas possíveis para promover,

facilitar e financiar, conforme o caso, a transferência ou o acesso a tecnologias,

know-how, práticas e processos ambientalmente seguros relativos à mudança

do clima, em particular para os países em desenvolvimento, incluindo a

formulação de políticas e programas para a transferência efetiva de tecnologias

ambientalmente seguras que sejam de propriedade pública ou de domínio

público e a criação, no setor privado, de um ambiente propício para promover e

melhorar a transferência de tecnologias ambientalmente seguras e o acesso a

elas;

(d) Cooperar nas pesquisas científicas e técnicas e promover a manutenção e

o desenvolvimento de sistemas de observação sistemática e o

desenvolvimento de arquivos de dados para reduzir as incertezas relacionadas

ao sistema climático, os efeitos adversos da mudança do clima e as

consequências econômicas e sociais das várias estratégias de resposta e

promover o desenvolvimento e o fortalecimento da capacidade e dos recursos

endógenos para participar dos esforços, programas e redes internacionais e

intergovernamentais de pesquisa e observação sistemática, levando em conta

o Artigo 5 da Convenção;

(e) Cooperar e promover em nível internacional e, conforme o caso, por meio

de organismos existentes, a elaboração e a execução de programas de

educação e treinamento, incluindo o fortalecimento da capacitação nacional,

em particular a capacitação humana e institucional e o intercâmbio ou cessão

de pessoal para treinar especialistas nessas áreas, em particular para os

países em desenvolvimento, e facilitar em nível nacional a conscientização

pública e o acesso público a informações sobre a mudança do clima.

Modalidades adequadas devem ser desenvolvidas para implementar essas

atividades por meio dos órgãos apropriados da Convenção, levando em conta

o Artigo 6 da Convenção;

(f) Incluir em suas comunicações nacionais informações sobre programas e

atividades empreendidos em conformidade com este Artigo de acordo com as

decisões pertinentes da Conferência das Partes; e

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(g) Levar plenamente em conta, na assunção dos compromissos previstos

neste Artigo, o Artigo 4º, parágrafo 6º, da Convenção. (que determina que cada

Estado-membro da organização regional de integração econômica individual e

conjuntamente quando não atinge o nível de emissões em conformidade deve

procurar realizar conjuntamente).

No artigo 11º se encontra o mecanismo financeiro por meio da entidade

encarregada da operação do mecanismo financeiro deve prover de novos

recursos ou adicionais os custos das partes em desenvolvimento acordados

para avançar a implementação dos compromissos assumidos. Além de

recursos também está prevista também a transferência de tecnologia para os

países em desenvolvimento.

O artigo 12º define o Mecanismo de desenvolvimento limpo. A este

respeito o desenvolvimento significa que as partes não incluídas como países

em transição para o mercado irão se beneficiar das reduções certificadas de

emissões; e, ainda, que esses países podem utilizar as reduções certificadas

de emissões para contribuir com o cumprimento de parte de seus

compromissos quantificados de limitação e redução de emissão. determinado

pela Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste

Protocolo.

O artigo 17º dispõe sobre o comércio de emissões enunciando

princípios, regras e diretrizes que devem ser elaboradas pela Conferência das

Partes. Em particular para verificação, elaboração de relatórios e prestação de

contas do comércio de emissões. Esse comércio, entretanto, deve ser

suplementar às ações domésticas para cumprimento do acordo.

O artigo 18º indica o dever da Conferência das partes de aprovar os

procedimentos e mecanismos adequados e eficazes para determinar e tratar os

casos de não cumprimento do Protocolo. Deve ainda ser listada a

consequência ou as consequências desse não cumprimento, considerando

ainda o grau e a frequência do não cumprimento.

O artigo 23º define que o Depositário do Protocolo é o Secretário-Geral

das Nações Unidas, e no artigo 24º se define que o Protocolo ficará aberto

para assinatura, aceitação ou aprovação dos Estados e organizações regionais

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de integração econômica até 15 de março de 1999; podendo ser ratificada,

aceita, aprovada ou ainda ter a adesão das organizações regionais de

integração econômica com declaração do âmbito de suas competências

mediante informação ao Depositário de modificações substanciais no âmbito de

suas competências.

Assim, o Protocolo de Quioto não apenas implantou medidas para

redução dos gases-estufa como ainda estabeleceu critérios para substituição

de produtos derivados do petróleo por outros que geram menor impacto.

Em 2001, entretanto, em função das medidas de contenção do uso do

petróleo e seus derivados, os Estados Unidos se desligou do Protocolo em

2001, sob o fundamento de que o desenvolvimento do país restaria

prejudicado.

1.2. Desenvolvimento sustentável e justiça

A percepção de Bosselmann (2008) indica que ele parte de um principio

em que a sustentabilidade está contida em um eixo histórico, conceitual e ético

que se fundamenta na lei. Assim, da mesma maneira que o tema dos Direitos

Humanos, a Sustentabilidade precisa ser redefinida em termos legais para que

ela possa informar um sistema legal e não apenas leis especiais sobre os

danos ao meio ambiente no contexto doméstico.

A visão de Bosselmann (2008) se coloca em uma perspectiva em que a

lei internacional e a lei local não podem ser antagônicas. Embora a separação

entre as diferentes esferas de controle seja uma realidade a ser considerada,; o

conceito não pode ser tomado de maneira diferente por se aplicar a um

contexto local ou a um contexto internacional.

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Dada a diversidade de tradições culturais e às vezes as rivalidades entre eles, o princípio dos direitos humanos universalmente aceitos é, na melhor das hipóteses, apenas emergente. O meio ambiente, por outro lado, é global por natureza e as funções dos sistemas ecológicos da Terra são sentidos em todos os lugares para além de qualquer identidade cultural. O meio ambiente é o grande unificador da humanidade, pelo menos no sentido de uma preocupação partilhada. Proteção ambiental e, de fato, o princípio da sustentabilidade, são um desafio verdadeiramente global. (Tradução própria). (BOSSELMANN, 2008, p. 3) 5

O termo, segundo Bosselmann (2008) no seu inicio foi um termo legal

empregado para definir desenvolvimento sustentável e deve ser considerado

para que se possa entender o que atualmente significa.

O termo empregado no inicio para se referir a essencialidade de

elementos como a água que se utiliza, o ar que se respira, as sementes que

alimentam está ligado de forma umbilical à sobrevivência. Trata-se de uma

regra básica para suportar as condições da existência. Mas o termo não

indicava apenas essa visão simples. Ele também estava ligado a justiça.

A justiça refletia então valores e princípios sem os quais a

sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável careceriam de um discurso

que se tivesse como ético. O termo sustentabilidade era então uma resposta

para o termo justiça social. Esses termos passaram a invocar situações

humanas semelhantes ligadas a carência e a escassez, a desigualdade e a

injustiça na distribuição dos bens essenciais. A ausência de justiça, então

passou a demandar aspectos da sustentabilidade. (BOSSELMANN, 2008).

Mas a justiça é um termo muito apropriado, segundo Bosselmann (2008)

para se entender o conceito de sustentabilidade dado que as distâncias estão

desaparecendo.

No entanto, a sustentabilidade perceber com rapidez semelhante como percebemos a justiça é inteiramente apropriado, precisamente porque as distâncias estão

5 Given the diversity of cultural traditions and sometimes rivalries between them, the principle of universally accepted human rights is, at best, only emerging. The environment, on the other hand, is global by nature and the functions of the Earth’s ecological systems are felt everywhere beyond any cultural identity. The environment is the great unifier of humanity, at least in the sense of a shared concern. Environmental protection and, in fact, the principle of sustainability, are a truly global challenge. To this end, the book makes a contribution to a theory of global law.

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desaparecendo. O mundo se tornou um lugar pequeno e para o futuro já está aqui. A mudança climática é um exemplo disso. Durante muito tempo, o impacto das mudanças climáticas apareceu como possibilidades distantes. Isto já não é o caso. Agora, a mudança climática faz manchetes em uma base diária. Desde Verdade Inconveniente de Al Gore, o relatório de Nicholas Stern sobre os custos económicos do aquecimento global e aceitação da mudança climática de George W. Bush como um "problema sério" os meios de comunicação têm firmemente abraçado a mudança climática como a questão mais premente do nosso tempo. (BOSSELMANN, 2008, p. 10). 6

Segundo Jared Diamond (apud Bosselmann, 2008) haveria cinco fatores

responsáveis pelos problemas ambientais: as mudanças climáticas, vizinhos

hostis, parceiros comerciais, o próprio ambiente e a resposta da sociedade ao

ambiente.

Assim, Bosselmann (2008) contradiz a noção de desenvolvimento

sustentável enquanto uma ideia de equilíbrio entre presente e futuro, dado que

as necessidades das pessoas jamais iriam coincidir. Tampouco se pode

fundamentar em um equilíbrio econômico, social ou ambiental. A ideia de

desenvolvimento sustentável que se tinha na década de 1980 se assemelhava

a ideia de sociedade equilibrada que se tinha antes da industrialização.

Foi com o Relatório Brundtland em 1987 que o conceito foi tomado para

definir o que os idealizadores do Relatório entendiam ser o desenvolvimento

sustentável.

Na sua origem se ligava a ideia de sustentabilidade ecológica, ou seja, a

aplicação do princípio da sustentabilidade ao meio ambiente, tendo inclusive

outras aplicações como ‘sustentabilidade econômica’, ‘sustentabilidade

politica’, e outras.

O engenheiro alemão Hans Carl von Carlowitz, nascido em 1645, na

Saxônia, foi o autor do termo sustentabilidade (Nachhaltigkeit). Ele estudou

6 Yet, perceiving sustainability with a similar immediacy as we perceive justice is entirely appropriate, precisely because the distances are vanishing. The world has become a small place and the future is already here. Climate change is an example in point. For a long time, the impacts of climate change appeared as distant possibilities. This is no longer the case. Now, climate change makes headlines on a daily basis. Since Al Gore’s Inconvenient Truth, Nicholas Stern’s report on the economic costs of global warming and George Bush’s acceptance of climate change as a ‘serious problem’ the media have firmly embraced climate change as the most pressing issue of our time

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literatura inglesa e francesa e por quarenta anos Carlowitz foi administrador de

uma indústria de prata na Saxônia. Em 1714 ele publicou um livro que resumia

sua experiência profissional, onde o tema era a o uso sustentável.

Esta foi a primeira aparição do termo sustentabilidade /Nachhaltigkeit. Os capítulos anteriores a esta obra contem uma crítica do pequeno ganho florestal orientado para o cultivo cego de paisagens naturais. Carlowitz argumenta que a ignorância e ganância vão "arruinar" a floresta e levar a "um dano irreparável". Ele, portanto, exige a sustentabilidade como uma "coisa indispensável" para garantir a "existência do país continuou. Entre suas recomendações estão "as artes da economia madeireira" por meio da conservação de energia, isolamento, etc replantio sistemático de plantação de 'árvores silvestres”, e a busca de " substitutos "para madeira, como turfa e carvão marrom. (BOSSELMANN, 2008, p. 18). 7.

Em essência, o trabalho de Carlowitz introduz o que na base do termo

sustentabilidade pode ser compreendido.

Mas a questão central continua sendo a relação entre sustentabilidade e

justiça, integração da lei e demanda pelo desenvolvimento.

Dez anos antes do Protocolo de Quioto, o Relatório Brundtland,

elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento, é considerado o documento de base que introduziu a ideia

de sustentabilidade ligada ao desenvolvimento. A Comissão está inserida nas

iniciativas da Agenda 21. 8

7 This was the first appearance of the term sustainability/ Nachhaltigkeit. The chapters preceding this appearance contain a critique of short-term gain-oriented forestry and of blind cultivation of natural landscapes. Carlowitz argues the ignorance and greed will “ruin” forestry and lead to “irreparable damage”. He therefore demands sustainability as an “indispensable thing” to ensure the continued ‘existence of the country’. Among his recommendations are ‘the arts of saving wood’ through energy conservation, insulation, etc. systematic regrowing a planting of ‘wild trees’, and the search for ‘surrogates’ for wood such as peat and brown coal. 8 A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida por ECO-92.

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Neste documento sustentável é todo desenvolvimento capaz de

satisfazer as necessidades atuais da sociedade que não comprometa a

capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias. No entanto, antes

mesmo do inicio dos anos 1980 já se desenhava a preocupação de vários

países com questões relativas ao ambiente e ao uso dos recursos naturais.

Segundo a diretiva adotada na Agenda 21, os países industrializados e

as nações em desenvolvimento têm que se voltar para os riscos do uso

irresponsável dos recursos naturais, e por uso irresponsável se entende a

superação da capacidade dos ecossistemas de suportar a demanda. Na ideia

de suportabilidade está contida, então, a demanda por um equilíbrio entre os

padrões de produção e consumo e a existência de um limite desse uso e

consumo no que respeita aos recursos naturais e ambientais.

Consequentemente, diz respeito à questão do desenvolvimento

industrial em primeira mão; e a partir daí o conceito migrou para o próprio modo

de funcionamento das empresas e para o ambiente interno e externo dessas

organizações, como reflexo das novas pautas de conduta empresarial impostas

pela legislação e pelas normas existentes em acordos e tratados internacionais

de proteção ambiental.

De acordo com o Relatório Brundtland várias medidas seriam essenciais

para que os países promovessem o desenvolvimento sustentável. Estas

medidas teriam que começar pela organização da sociedade e pelo equilíbrio

entre população e recursos utilizáveis, conforme o seguinte enquadre:

• Crescimento das populações – no âmbito internacional a orientação

segue no sentido de limitar o crescimento com a adoção da estratégia

de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento

(órgãos e instituições internacionais de financiamento).

Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do

Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas. (Retirado de EcolNews, Rev. Eletrônica, disponível no site:< http://www.ecolnews.com.br/agenda21/>. Acesso em 03 nov 2012.

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• Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo,

através de medidas de proteção aos ecossistemas supranacionais como

a Antártica, oceanos, etc., pela comunidade internacional.

• Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas através do

banimento dos conflitos armados.

• Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias

com uso de fontes energéticas renováveis, através da implantação de

programa de desenvolvimento sustentável pela ONU.

• Aumento da produção industrial nos países não-industrializados com

base em tecnologias ecologicamente adaptadas.

• Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e

cidades menores.

• Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).

Observa-se que o conceito de sustentabilidade abrange aqui vários

aspectos da vida humana, não apenas sua feição biológica. Pode-se assim

afirmar então que, Sustentabilidade é um conceito multideterminado, cuja

origem está ligada de modo estreito a experiência da vida humana no planeta.

Os países em desenvolvimento ao realizarem acordos de cooperação

têm uma vantagem a mais, na medida em que podem contar com o auxilio de

outros naquilo que ainda está em estagio deficiente ou inicial, sem que,

entretanto, tenha ferida ou quebrada sua autonomia estatal.

Como a vida no mundo é uma experiência coletiva e organizada, a

sociedade está implicada na sustentabilidade desde sua origem, de modo que

o arcabouço operacional do conceito é coletivo e está vinculado ao uso racional

e a preservação do mundo para as gerações futuras, isto é, à responsabilidade

coletiva.

O conceito de desenvolvimento sustentável se apresenta para o

desenvolvimento social como uma nova forma de crescimento em equilíbrio

com o meio ambiente; estendendo essa nova perspectiva a todos os níveis da

organização social, para que seja formalizado um processo de identificação do

impacto da produção das empresas no meio ambiente e, ainda, para que dessa

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relação equilibrada resulte a execução de ações de produção e preservação

ambiental, com uso de tecnologia adaptada.(MENEZES, 2011).

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CAPÍTULO II.

PRINCIPAIS CONCEITOS RELACIONADOS À

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

2.1. Stackholders

Diante da importância da sustentabilidade, uma empresa vista como

responsável, é hoje fator de diferenciação competitiva, intuindo as

organizações a avaliar os impactos culturais, sociais e ambientais de suas

ações, e a disseminar valores éticos nos mercados onde atua e nos seus

públicos ou stakeholders.

Cabe ressaltar que stakeholders em uma organização é, por definição,

qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela realização dos

objetivos dessa empresa. Stakeholders inclui aqueles indivíduos, grupos e

outras organizações que têm interesse nas ações de uma empresa e que têm

habilidade para influenciá-la.

2.2. Responsabilidade Social Ambiental

Diante da importância da sustentabilidade, uma empresa vista como

responsável, é hoje fator de diferenciação competitiva, intuindo as

organizações a avaliar os impactos culturais, sociais e ambientais de suas

ações, e a disseminar valores éticos nos mercados onde atua e nos seus

públicos ou stakeholders. Cabe ressaltar que stakeholders em uma

organização é, por definição, qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou

ser afetado pela realização dos objetivos dessa empresa. Stakeholders inclui

aqueles indivíduos, grupos e outras organizações que têm interesse nas ações

de uma empresa e que têm habilidade para influenciá-la.

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Os principais indicadores do nível de Responsabilidade Social

assumida por uma empresa são os que se podem tomar como medida do

cumprimento de posturas assumidas ou firmadas com outras organizações. O

indicador do Instituto Ethos (ETHOS, 2004) vem medindo desde 2004 os temas

relativos à Responsabilidade Social das empresas, priorizando os seguintes

descritores: 1. Valores, Transparência e governança; 2. Público interno; 3. Meio

ambiente; 4. Fornecedores; 5. Consumidores e clientes; 6. Comunidade; 7.

Governo e Sociedade.

Cada um dos descritos contém uma definição do que significam e os

itens relativos ao conjunto de suas relações. Assim, o descritor “público

interno”, por exemplo, inclui as seguintes relações:

Quadro 1. Descritor do tema público interno (Ethos, 2004).

Descritor Especificação do descritor

Diálogo e participação Relações com sindicatos e gestão participativa

Respeito ao indivíduo Compromisso com o futuro das crianças e valorização da diversidade

Trabalho decente

Política de remuneração, benefícios e carreira, cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho, compromisso com o desenvolvimento profissional e empregabilidade, comportamento frente a demissões e preparação para a aposentadoria.

Fonte: Instituto Ethos, 2004.

Quadro 2. Gerenciamento do Impacto Ambiental. Gerenciamento dos Impactos

no Meio Ambiente e do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços. (Ethos, 2013).

Descritor Exemplo de ação para o descritor

Compromisso com a melhoria da qualidade ambiental

Produz estudos de impacto ambiental segundo exigências da legislação e foca sua ação preventiva nos processos que oferecem dano potencial à saúde e risco à segurança de seus empregados.

Educação e conscientização

ambiental

Desenvolve sistematicamente atividades de educação ambiental focadas no público interno, disponibilizando informações e promovendo discussões.

Gerenciamento do impacto no

meio ambiente e no ciclo de

vida dos produtos

Além de possuir sistema de gestão ambiental, produz estudos de impacto em toda a cadeia produtiva; desenvolve parceria com fornecedores visando a melhoria de seus processos de gestão ambiental e participa da destinação final dos produtos e processos pós-consumo.

Sustentabilidade da Economia Os insumos madeireiros e florestais utilizados na operação

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Florestal diária e/ou processo produtivo possuem certificação de origem e da cadeia de custódia

Minimização das entradas e

saídas de materiais

Tem investido na atualização do seu padrão tecnológico, visando a redução e/ou a substituição de recursos de entrada e a reutilização de resíduos (pela própria empresa ou por terceiros).

Fonte: Instituto Ethos, 2013.

Assim, se consideram os impactos ambientais causados pelos

processos de trabalho, fabricação ou comercialização de produtos e serviços,

entrada e saída de materiais, utilização de matéria prima, trato com resíduos,

trato com lixo, com sobras, entre outros processos.

A sustentabilidade se define, segundo Costa (COSTA, 2007)

principalmente em referencia ao que estabeleceu a Organização das Nações

Unidas – ONU, que a conceitua como sendo o “desenvolvimento que atende às

necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras

atenderem suas necessidades.” (COSTA, 1007, p. 69), implicando efeitos

financeiros, sociais e ambientais dos negócios. Trata-se, conforme o autor, de

um princípio essencial.

Quanto à sustentabilidade social o conceito amplo que o distingue

envolve teorias e práticas relativas à capacidade de cada país de promover o

desenvolvimento econômico e social com distribuição equitativa de benefícios,

manutenção de recursos e gestão pública participativa democrática. Segundo

Costa (2007) “É pensar em uma região em longo prazo.”. (COSTA, 2007, p.

69).

Sustentabilidade social corporativa pode ser utilizada para diferentes

finalidades, mas se resume a uma licença social de operação, a uma “forma de

internalizar positivamente as 'externalidades' (as pressões dos grupos sociais

do ambiente no qual ela atua) [...]”. (COSTA, 2007, p. 70).

No limite o desenvolvimento harmônico sustentável trata do processo

econômico que, levando em conta os interesses das próximas gerações,

procura preservar o planeta do esgotamento dos recursos necessários a

sobrevivência de todos.

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A legislação que se desenvolveu em torno da proteção ao meio

ambiente tem crescido muito nos últimos anos. Essas leis têm repercussão

na esfera da região em que são aplicáveis, mas já existem projetos no

Congresso Nacional que alcançariam se aprovados uma legislação mais

homogênea para o país.

Além dessa legislação se conta hoje com vários acordos

internacionais em relação ao meio ambiente, ao clima, aos recursos

hídricos, as florestas, entre outros.

Internamente as empresas e organizações também têm

desenvolvido mecanismos como o ISO 14000 e sistemas de gestão

ambiental. Um sistema de gestão ambiental é uma estrutura desenvolvida

para que uma organização controle as consequências de suas atividades

sobre o meio ambiente, de modo a desenvolver suas operações e negócios,

com um mínimo de impacto negativo e o máximo de impacto positivo sobre

o ambiente, ou seja, a busca do desenvolvimento harmônico sustentável. [6]

Para que seja possível minimizar os aspectos negativos faz-se

necessário a gestão do impacto, entendida como o conjunto de estratégias

de longa duração cujos efeitos das operações de negócios possam atuar do

modo mais benéfico possível ao meio ambiente.

O Certificado ISSO 14000 (CERTI BRASIL, 2004) de um certificado

que impõe requisitos para que as empresas gerenciem seus produtos e

processos de modo harmônico para a sustentabilidade ambiental. Sua

característica básica é impedir que a comunidade sofra com os resíduos

gerados, e visa oferecer à sociedade seja benefícios em ampla escala.

Assim, para que a empresa obtenha um certificado ISO 14000, ou

melhor, certificado ISO 14001 é necessário que atenda as seguintes

exigências:

1. Política ambiental - a empresa deve adotar uma política ambiental que

represente seus produtos e serviços, divulgando-a ao publico interno e externo,

além de práticas que reflitam o cumprimento das leis e o respeito ao continuo

desempenho ambiental da empresa.

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2. Aspectos ambientais - adotar procedimentos de identificação e

administração e controle de resíduos decorrentes do fabrico ou processamento

dos produtos, como emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos

sólidos.

3. Exigências legais - empenhar-se em garantir a legislação pertinente a

sua atividade, tê-las à disposição da direção da empresa e dar conhecimento

aos funcionários para providenciar a documentação exigida para o

cumprimento das determinações legais.

4. Objetivos e metas - estes precisam ser criados pela empresa de modo a

estar adequada ao cumprimento da correta política ambiental. Apresentam-se

como objetivos e metas alinhados aos aspectos exigidos, tanto ambientais,

como de impacto no meio ambiente.

5. Programa de gestão ambiental - A organização deve ter um programa

estruturado com responsáveis pela coordenação e implementação de

ações que cumpram o que foi estabelecido na política ambiental e as

exigências legais, que atinjam os objetivos e metas e que contemplem o

desenvolvimento de novos produtos e novos processos. Este programa

deve, inclusive, prever ações contingenciais, associadas aos riscos envolvidos

e aos respectivos planos emergenciais.

6. Estrutura organizacional e responsabilidade - deve envolver todos os

participantes da empresa, internos e externos, e integrar as funções através da

descrição de cargos. A empresa deve possuir um organograma que demonstre

que suas inter-relações estão bem definidas e comunicadas em toda a

empresa. É fundamental que a direção mantenha um gerente à frente da

Gestão Ambiental.

7. Conscientização e treinamento - Os participantes devem receber

orientação e treinamento adequados às suas atribuições dentro da Gestão

Ambiental. Uma boa política de conscientização adota parâmetros claros e

meios de promover a reflexão sobre as tarefas pertinentes. O treinamento

também deve levar em consideração todos os impactos ambientais reais ou

potenciais associados as suas atividades de trabalho.

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8. Comunicação - todos os meios e instrumentos que a empresa dispõe em

termos de comunicação podem ser utilizados para manter atualizado um

sistema de informações e conhecimento de fácil acesso.

9. Documentação do Sistema de Gestão Ambiental - É necessário que seja

elaborado um Manual do Sistema de Gerenciamento Ambiental, onde se

disponham sobre as exigências ambientais da empresa.

10. Controle de documentos - Recomenda a ISO 9000 que existam

procedimentos para controle de todos os documentos, que devem ser

assinados pelos responsáveis, e facilitado o acesso a este para todos os

interessados. Da mesma forma os documentos devem ser atualizados,

identificados, legíveis e adequadamente armazenados. Os documentos

obsoletos não devem ser mantidos para evitar dúvidas em relação aos

procedimentos.

11. Controle operacional - A organização precisa ter procedimentos para

fazer inspeções e o controle dos aspectos ambientais, inclusive procedimentos

para a manutenção e calibração dos equipamentos que fazem esse controle.

12. Situações de emergência - A empresa deve possuir procedimentos para

prevenir, investigar e responder a situações de emergência. Também devem

ter planos e funcionários treinados para atuar em situações de emergência.

13. Monitoramento e avaliação - A organização deve ter um programa para

medir o desempenho ambiental através da inspeção das características de

controle ambiental e calibração dos instrumentos de medição para que

atendam aos objetivos e metas estabelecidos.

14. Não conformidade, ações corretivas e ações preventivas - A empresa

deve definir responsáveis com autoridade para investigar as causas das não

conformidades ambientais e tomar as devidas ações corretivas e preventivas.

15. Registros - A organização precisa arquivar todos os resultados de

auditorias, análises críticas relativas às questões ambientais. O objetivo de ter

esses registros é mostrar e provar, a quem quer que seja que a empresa

possui um Sistema conforme o que é exigido pela norma.

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16. Auditoria do Sistema da Gestão Ambiental - A organização precisa ter

um programa de auditoria ambiental periódica e os resultados das auditorias

devem ser documentados e apresentados à alta administração da empresa.

17. Análise crítica do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - Baseado nos

resultados da auditoria do SGA, a organização deve fazer uma análise crítica

do Sistema de Gestão Ambiental e as devidas alterações, para que atenda as

exigências do mercado, clientes, fornecedores e aspectos legais, na busca da

melhoria contínua.

A manutenção do Certificado ISSO 14001 impõe à organização

auditorias periódicas da autoridade certificadora, credenciada e reconhecida

pelos organismos nacionais e internacionais. Seguir as regras e implantar os

processos recomendados tem como primeiro efeito valorização dos produtos e

serviços. O Certificado atesta que a empresa possui responsabilidade

ambiental. É, portanto, exigível seguir as leis ambientais, treinar e qualificar os

participantes da empresa para seguirem essas regras, serem capazes de

avaliar impactos ambientais e o que os está causando e realizar diagnostico

atualizado dos aspectos relacionados aos impactos de cada atividade

desenvolvida na empresa.

Deve-se fazer menção, ainda a Ecoeficiência que surge da

necessidade de apresentar condições competitivas aos clientes, satisfazendo

necessidades humanas e contribuindo com a qualidade de vida. (VINHA,

2003).

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CAPÍTULO III.

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA EMPRESA

WALMART

A ecologia do planeta não tem como responder à exaustão a que

vem sendo exposta. O desmatamento descontrolado de vastas áreas verdes,

a invasão da biosfera, o remanejamento indiscriminado de animais e plantas, a

emissão de gases poluentes em quantidades nunca imaginadas, a caça e a

pesca predatória, são alguns exemplos da ação do homem sobre o mundo.

Como controlar a “destruição global” e ao mesmo tempo manter o ritmo do

desenvolvimento? Esta é a questão de base para toda pesquisa que busca

agora compreender o problema da sustentabilidade empresarial.

Especificamente se pretende responder a pergunta: O que é o

desenvolvimento sustentável para a empresa Walmart?

A Walmart existe desde o inicio da década de 1960 nos Estados

Unidos, e sua proposta já era a de oferecer preços mais vantajosos aos

consumidores. [8] Tornou-se a maior rede de varejo do mundo, faturando mais

de US$ 450 bilhões/ano, possui 7.200 lojas em quinze países e é o maior

empregador do plante com 1,9 milhões de funcionários. (CARVALHO, s.d.).

A proposta da rede Walmart (WALMART DO BRASIL, 2013) é

grandiosa. A empresa tem desenvolvido, desde 2009, alguns sistemas internos

de mediação e relatórios de sustentabilidade dos seus produtos com a

finalidade de estabelecer um padrão de varejo global. A expectativa da

empresa é que possa melhorar a sustentabilidade dos produtos, integrar a

sustentabilidade ao negocio principal, reduzir custos, melhorar a qualidade do

produto, criar uma cadeia de suprimentos mais eficiente, fortalecer a confiança

do cliente na Walmart e as suas marcas com elevado padrão de qualidade e

transparências nos seus negócios. (WALMART CORPORATE, 2013).

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A Walmart já atuou até mesmo ao lado de concorrentes no The

Sustainability Consortium (TSC) para estabelecer uma linguagem comum que

pudesse envolver todos os varejistas, universidades e agências

governamentais do mundo.

Nessa mesma linha de raciocínio o trabalho conjunto com TSC

poderá permitir aos clientes da rede uma maior transparência dos produtos que

são comercializados e espera-se que essa clientela possa reunir também

conhecimento sobre esses produtos que poderão ajudar a empresa a apurar

seus mecanismos e instrumentos de qualidade.

Na busca de sustentabilidade em parceria com outras empresas do

ramo, a Walmart já empreendeu ações em todo o mundo, das quais se podem

citar algumas. (WALMART CORPORATE, 2013).

A fundação Walmart tornou-se parceira da Feeding America para

doação de US$ 1 bilhão para organizações de apoio que trabalham a questão

ambiental com comunidades locais ao redor do mundo. Além disso, se tornou o

primeiro parceiro da Feeding America para doação de 1 bilhão de refeições,

desde 2005.

O Walmart optou por uma alimentação de energia renovável que

responde atualmente por 21% da eletricidade utilizada em sua rede em todo o

mundo. Essa ação fez do Walmart o maior gerador de energia verde dos

Estados Unidos.

A Fundação Walmart e a rede de hipermercados aumentou a área

de treinamento, deu acesso ao mercado de trabalho e criou oportunidades de

carreira para mais de 1 milhão de mulheres no mundo. Desde o ano passado

as funcionárias têm direito a seis meses de licença-maternidade.

Outro programa da área de Recursos Humanos é a contratação

imediata de veteranos dispensados nos Estados Unidos, no seu primeiro ano

fora da vida militar.

Aumento da meta de fornecimento de frutas e vegetais frescos com

incentivos de mais de US$ 2.300.

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Criou ainda o Programa Pessoal de Sustentabilidade (PPS) que

incentiva a implementação de ações individuais dos seus funcionários, que

criam projetos pessoais temáticos, em relação ao ambiente social ou natural e

trabalha com ele. Alguns funcionários têm projetos em relação ao uso da água.

(CARVALHO, s.d.).

Por fim se deve mencionar que no Brasil, o Walmart construiu em

1995 a sua primeira loja ecoeficiente (ou “loja verde”) no Rio de Janeiro, e a

segunda em São Paulo. A loja de São Paulo possui 63 iniciativas sustentáveis

como lâmpadas fluorescentes mais econômicas, ar condicionado inteligente,

claraboias que aproveitam a luz para iluminação do ambiente, redução do

consumo de água, com armazenamento da água da chuva, que inclusive irriga

jardins, as descargas sanitárias são à vácuo e utilizam apenas 1,5 litro de água

por uso, os mictórios são a seco, o material da construção foi planejado para

várias reduções, como os vidros que refletem o calor do sol, chão de concreto

e calçada de pneus recicláveis. (CAMPOS, 2009).

Em 2009 a Walmart Brasil e seus fornecedores assumiram um pacto

que está relacionado ao futuro. São vários compromissos que norteiam a

sustentabilidade na cadeia alimentar e de suprimentos que tem relação direta

com a Responsabilidade socioambiental da Amazônia.

O Pacto pela Sustentabilidade como é conhecido ficou em debates

durante seis meses e deu origem a três formas de diálogo: com os

fornecedores, como os pesquisadores e com representantes de ONG’s e

governo.

A Walmart considera que a Amazônia seja um dos grandes protagonistas

globais na regulação climática da terra, com um grande potencial para uma

economia da floresta, baseada em biotecnologia e biomassas. Essa condição da

Amazônia brasileira a torna um dos grandes desafios para preservação e para o uso

racional e responsável de seus imensos recursos.

A importância estratégica da Amazônia estimulou a Walmart a investir em

seu conhecimento. Conhecendo melhor a possibilidade de pensar e utilizar os

recursos de modo responsável também aumenta.

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Um dos principais problemas da Amazônia é sua taxa anual de desmatamento – de 2000 para cá, os índices de desmatamento têm se mantido entre 10 e 20 mil km2 anuais, devido principalmente ao avanço da pecuária e da soja sobre a região. Nos anos 1990, as taxas chegaram a 27 mil km2 desmatados. Assim, a busca por um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia deve combinar responsabilidade social e proteção ambiental, permitindo a exploração não predatória dos recursos da floresta. É por meio de políticas governamentais eficientes, de controle e fiscalização, e do incentivo à produção florestal com origem ecologicamente certificada, que a sociedade – e os consumidores – poderá ver em seus produtos uma saída para a Amazônia, e para o País. (WALMART, RELATORIO DE SUSTENTABILIDADE, 2009, p. 18).

A Walmart entende que a fragmentação do território na Amazônia se

dá em parte por ocupações irregulares, que tendem a ser predatórias e tem

origem em fatores regionais de colonização. Estas ocupações alimentam o

ciclo de desmatamento que segue a ordem da exploração ilegal de madeira, de

gado e soja.

A madeira é empregada para construção civil, mobiliários e outras

necessidades, sendo os primeiros centros consumidores o Brasil, Europa, Ásia

e Estados Unidos, que preferem menos de 30 espécies, que são as que

figuram no mercado madeireiro e representam cerca de 80% do total

negociado. A maior parte da madeira amazônica acaba sendo negociada no

país.

(...) em 2001, o Brasil ficou com 86% das toras comercializadas. São Paulo demanda entre 20% e 25% desse montante nacional. Em 2001, o Estado comprou 6,1 milhões de m3 em tora. Números mais recentes mostram que, em 2004, foram comercializados 24,5 milhões de m2 de toras (ou 6,2 milhões de árvores). Desse volume, 64% foi para o consumo nacional; 36% é exportado. Nesse mesmo ano, a exportação gerou US$ 943 milhões (em 1998 trouxe US$ 381 milhões) e apenas 379 mil empregos (contra 359 mil em 1998), ocupando 5% da população economicamente ativa. (WALMART, RELATORIO DE SUSTENTABILIDADE, 2009, p. 20).

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Outro programa de interesse para a sustentabilidade é o Cadeias

Produtivas, que lida com vários produtos que são comercializados na rede

Walmart. Do computador até o tênis as tecnologias interessam de perto a

Walmart que tem estudado ainda o que e como se produzem os bens que

comercializa. A utilização de mão-de-obra infantil e equiparada ao escravo vem

sendo um problema na Ásia. Esta foi uma situação que em 1998 fez com que

várias ações de companhias despencassem.

Para a Walmart se trata de pensar quem são os seus parceiros e

entender que as empresas são co-responsáveis pelos impactos sociais e

ambientais que provocam.

Combater o trabalho degradante e desumano é um dos maiores desafios do comércio globalizado, em que as empresas, para se tornarem competitivas, transferem suas linhas de produção para países sem legislação trabalhista adequada ou com mecanismos falhos de fiscalização. Embora uma empresa não seja legalmente responsável por seus fornecedores, é co-responsável pelos impactos sociais e ambientais causados por sua cadeia de valor. Com a crescente conscientização da sociedade, o aumento de normas e exigências legais a cumprir e a maior clareza do consumidor sobre seu poder de decisão de compra, as empresas devem estar atentas aos seus fornecedores. Não apenas para evitar problemas, mas também para identificar oportunidades. (WALMART, RELATORIO CADEIAS PRODUTIVAS, 2009, p. 83).

Assim, para a Walmart a cadeia produtiva se define como sendo o

conjunto de toda sas etapas, processos produtivos e relações indispensáveis

para a produção de um produto ou formatação de um serviço que será

entregue ao cliente ou consumidor final. Enquanto a cadeia produtiva

sustentável se preocupa além disso com medidas sustentáveis em todas as

suas fases, incluindo as relações sociais importantes para cumprimento do

trajeto básico de uma cadeia produtiva, incluindo ai pessoas e ambientes onde

esta cadeia se insere.

Estudos relacionados às embalagens são outra das preocupações

da Walmart. O impacto ambiental da produção de latas de alumínio é uma das

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questões, pois são necessárias mais de cinco toneladas de bauxita para

produzir uma tonelada de alumínio primário e sua extração ocorre em minas

abertas, que supõem a remoção completa da camada vegtal e da camada

superior do solo. (WALMART, RELATORIO. EMBALAGENS, 2009, p. 56).

Por fim, deve ser dito que não se esgotou aqui a quantidade de

projetos e programas de sustentabilidade que a Walmart impulsiona.

Mas é preciso dizer, ao cabo, que o Walmart investe em treinamento

de todos os seus funcionários sobre a sustentabilidade e desenvolveu também

o Projeto Pessoal para a Sustentabilidade (PPS) do qual já se falou linhas

acima.

Em linhas gerais o que ressalta é a preocupação com a questão da

sustentabilidade a um nível amplo e global. O tamanho da rede Walmart é uma

das maiores vantagens da empresa, que pode examinar questões relativas ao

meio ambiente natural e social, produção, problemas sociais e de preservação,

entre muitos outro em quase todo o mundo.

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CONCLUSÃO

O desenvolvimento sustentável foi um tema que ganhou projeção

entre os desafios do milênio nas várias conferencias e debates mundiais em

torno do tema do meio ambiente e sua proteção. Esse conceito se tornou um

paradigma das novas gerações de empresas em todo o mundo, que

entenderam que os abusos contra o meio ambiente natural e social na verdade

são causas de aumento de despesas.

As práticas “verdes” ou medidas de sustentabilidade se apresentam

atualmente como um excelente custo-benefício para as empresas, como foi

descrito neste trabalho em relação a Walmart.

O conceito de desenvolvimento sustentável veio a se tornar o apelo

para uma nova ordem global e para lidar com os problemas ambientais, como o

efeito estufa, a poluição, a destruição dos sistemas energéticos e produtivos, o

uso predatório dos recursos, o consumismo desenfreado, o crescimento

exagerado de grandes centros urbanos, enfim reivindica um novo pacto global,

que satisfaça as necessidades humanas, mas que também trabalhe para a

existência melhorada para as gerações futuras.

A sustentabilidade se traduz, assim, pelo asseguramento do sucesso

do negócio em longo prazo e contribui, ainda, para o desenvolvimento

econômico-social da comunidade. O conceito pressupõe o crescimento

empresarial, a rentabilidade e resultados econômicos imediatos. No entanto, a

tônica está nas ações em prol do desenvolvimento social, ambiental, da

proteção aos recursos naturais e ao aproveitamento de energia eólica.

O desenvolvimento sustentável é ainda uma prática que conduz à

Responsabilidade Social das empresas com seus públicos. Ações que buscam

melhorar a vida dos funcionários, com medidas de qualidade e treinamento

favorável ao desenvolvimento pessoal e á relação das pessoas com o

conhecimento que se deriva de sua prática cotidiana de vida.

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