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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
TRABALHANDO A AFETIVIDADE, NA ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL, COM ALUNOS DE EJA
Por: ANDRÉA CONCEIÇÃO DE ASSIS RODRIGUES
Orientador
Prof. Dr.VILSON SÉRGIO DE CARVALHO
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
TRABALHANDO A AFETIVIDADE, NA ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL, COM ALUNOS DE EJA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Orientação Educacional e
Pedagógica.
Por: Andréa Conceição de Assis Rodrigues
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a realização deste trabalho
ao meu orientador Prof. Dr. Vilson
Sérgio de Carvalho, aos meus
professores e aos meus amigos de
turma, que me incentivaram a continuar
apesar das dificuldades encontradas.
Agradeço, especialmente, ao meu
amigo Rodrigo Magalhães, por toda a
ajuda e dedicação, permitindo que
fosse possível a concretização deste
sonho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra ao meu querido pai, que
deixou-me durante a realização deste
curso. A ti meu pai, dedico tudo que já
conquistei, até o presente momento da
minha vida. Tenho certeza que somente
consegui chegar até aqui graças a Deus,
aos meus pais, a minha família e
especialmente aos meus filhos, por isso
dedico essa obra também a vocês.
5
RESUMO
Essa pesquisa analisa as percepções dos alunos da EJA sobre o
processo de ensino-aprendizagem, destacando a afetividade. Percebe-se a
relevância de reflexão por parte dos educadores sobre o ensino dos conteúdos
escolares, e também sobre os aspectos afetivos na vida escolar dos alunos.
EJA e afetividade se entrelaçam em objetos de pesquisas cujos resultados
destacam que um ambiente afetivo influencia na construção do conhecimento,
do ensino e da aprendizagem.
O papel do orientador educacional se torna essencial para driblar as
dificuldades e desempenhar um trabalho significativo para os alunos da EJA
que necessitam dar continuidade ao seu processo de escolarização, assim
como para aqueles alunos que pela primeira vez frequentam os bancos de
uma instituição escolar, aprendendo a escrever e a ler as primeiras palavras.
Palavras-chave: Afetividade. EJA, Orientação Educacional.
METODOLOGIA
6
A natureza qualitativa da pesquisa permite uma melhor compreensão do
objeto de estudo, por mostrar u nível de realidade que não há como ser
quantificada, proporcionando uma explicação mais profunda sobre os dados
coletados e reunidos durante a pesquisa.
Segundo Minayo (2003, p.21 e 22) “a pesquisa qualitativa responde a
questões muito particulares.
“Ela se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificada, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das realizações, processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalização de variáveis”.
O método descritivo procura descobrir com mais precisão a frequência
entre um fenômeno e os diversos fatores a ele relacionados. E, nesse sentido,
é um método bastante pertinente a este estudo. Utilizar uma abordagem que
permita identificar valores, sentimentos e particularidades é essencial nessa
temática.
Segundo Barros e Lehfeld ( 2000,p.70):
“Neste tipo de pesquisa não há interferência do pesquisador, isto é, ele descreve o objeto de pesquisa. Procura descobrir a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, características, causas, relações e conexões com outros fenômenos”.
Nesta pesquisa nenhum fato foi alterado, e , segundo Andrade (1999,
p.106) “isto significa que os fenômenos do mundo físico e humano são
estudados, mas não manipulados pelo pesquisador”. A descrição exata dos
fatores é de altíssima importância para a conclusão e discussão dos dados no
trabalho.
Sobre a pesquisa bibliográfica, Marconi e Lakatos (1996, p. 183)
afirmam que esta “não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre um
7
assunto, mas propicia um exame do tema sob novo enfoque ou abordagem,
chegando a conclusões inovadoras”.
Acredita-se, assim, que a pesquisa bibliográfica/ webgráfica é o primeiro
e muito importante passo para a realização do trabalho, já que orienta o estudo
e serve como uma base concreta para a pesquisa, através de dados vindos de
fontes seguras e de autores renomados. É através da pesquisa bibliográfica
que adquirimos as informações e idealizamos propostas inovadoras, cruzando
a visão de diversos autores, no intuito de identificar o que as mais diversas
teorias possuem para servir de apoio e argumento para validar a hipótese do
tema escolhido para pesquisar.
Vale ressaltar que a pesquisa bibliográfica / webgráfica é uma das que
mais auxiliam o pesquisador, o que é afirmado por Vergara (2003, p.48):
“É o estudo sistematizado e desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma”.
Esta é uma pesquisa de caráter bibliográfico/webgráfico, ao mesmo
tempo qualitativa e quantitativa, com o objetivo de analisar o papel da
orientação educacional na EJA e a relevância da afetividade neste trabalho.
SUMÁRIO
8
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Orientação Educacional 11
CAPÍTULO II - EJA - Educação de Jovens e Adultos 22
CAPÍTULO III – O Trabalho com Afetividade na EJA 36
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47
BIBLIOGRAFIA CITADA 50
ÍNDICE 53
INTRODUÇÃO
9
O afeto é indispensável no ensino, visto que as relações entre ensinar
e o aprender são motivadas por desejos, paixões, sendo possível identificar
possibilidades afetivas que facilitem a aprendizagem. A afetividade é um
elemento importante para a garantia de um ensino e aprendizagens eficientes,
no desenvolvimento de uma ambiente agradável, na socialização e elevação
de auto estima.
Concebido que razão e emoção promovem a constituição do ser
humano, a emoção é o primeiro e talvez o mais importante elo entre os
indivíduos, sendo essencial para a formação psíquica, conforme estudos de
Wallon(1978), autor que ressalta que é por meio da afetividade que o indivíduo
conhece o mundo simbólico, dando origem às funções cognitivas, ao
desenvolvimento, em que o conhecimento do mundo é realizado de maneira
sensível e reflexiva A educação integral do indivíduo é fundamental para que o
educador relacione todos os elementos visualize no aluno esses elementos
associados.
Wallon (1978) refere-se à predominância entre afetividade e cognição
nas diferentes fases do desenvolvimento. Observa-se no trabalho que , para
se entender as relações afetivas e o contágio emocional é essencial citar as
contribuições de Vygotsky sobre esse tema, ao elaborar estudos sobre
pensamento, linguagem e interações sociais. Vygotsky, por sua vez, destaca
algumas ideias de Freud em suas teorias sobre os processos emocionais, ao
afirmar que as emoções só podem ser compreendidas no contexto de toda a
dinâmica da vida humana. Defende que as emoções não se extinguem, mas
evoluem para o universo simbólico, entrelaçando-se com os processos
cognitivos.
Outro autor que torna-se impossível não destacar em um trabalho
sobre a EJA é Paulo Freire, com suas contribuições sobre a qualidade da
mediação do professor em articular a afetividade nos afazeres didáticos.
10
É necessário entender o papel da orientação educacional e da
afetividade na EJA, onde sentimentos, emoções e aprendizagens são mais
complexos, por se tratarem de jovens, adultos e idosos. Pesquisadores
entendem que a afetividade é importante para um processo de ensino-
aprendizagem saudável e eficiente, que promova a reflexão sobre as práticas e
relações, o vínculo positivos entre alunos e conteúdos escolares; investigando
sem cessar as relações entre afetividade e cognição nessa complexa
intersecção com a EJA.
CAPÍTULO I
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
11
1.1 - Visão da Orientação Educacional
As ações pedagógicas do orientador englobam elementos que
interferem na formação da consciência, como: intencionalidade –
predisposição do indivíduo de compreender, interpretar e explicar os fatos;
capacidade perceptiva – quanto mais adequada e objetiva for a capacidade de
percepção, maior será a correspondência da consciência com o fato real;
operações mentais – determinam a superioridade, flexibilidade e nível de
conscientização; historicidade e temporalidade – estabelecem o espírito da
consciência e do ato consciente; julgamento moral – os valores formam parte
primordial da consciência que a pessoa elabora de si e do seu mundo. (Klein,
2000)
Na ação pedagógica da orientação o processo educativo deve ter como
função primordial à formação da consciência do indivíduo, conscientização do
homem enquanto homem, ensinar a pensar. Deve possibilitar aumento de sua
capacidade e liberdade de escolha, pois o homem tendo uma maior
consciência de si torna-se um ser crítico, atuante e transformador do mundo
que o cerca. (Ramos, 2003)
Algumas vezes a atuação do Orientador Educacional é comprometida
pela imagem formada ao longo dos anos, quando se sabe que a consciência
de si não é feita isoladamente, mas através de relações. Assim, o Orientador
deve ter o cuidado de não ser o doutrinador, no sentido de determinar a
consciência crítica dos alunos. O sentimento de identidade do homem inicia
quando ele concebe o mundo exterior como coisa separada e independente
dele, quando começa a tomar consciência de si mesmo, como sujeito de suas
ações, quando é capaz de dizer, EU SOU. (CATANI, 2003)
Referindo-se ao papel do Orientador Educacional, a partir da posição de
diversos autores, alguns dos papéis a ele atribuídos, tais como:
12
Especialista – prioridade ao aconselhamento psicopedagógico.
Generalista – orientação de grupo, registro de alunos, sessões de aula,
aplicação de testes, organização de classes, fichas cumulativas, etc.
Monitor – orientação centrada no aluno.
Assessor – orientação centrada no contexto.
Consultor e assessor – assessoramento de pessoas e pequenos grupos,
consultando professores, diretores, pais e outros.
Agente de mudança – revisão crítica.
Profissional de ajuda – ajuda, assessoramento.
Catalizador – o indivíduo realizando seu próprio papel.
Conselheiro e guia pessoal do aluno.
Agente de informações sobre oportunidades educacionais e
ocupacionais.
Orientador da vocação do aluno.
Mediador entre comunidade escolar e familiar.
Membro do grupo profissional.
A identidade do Orientador Educacional como profissional e o seu
posicionamento frente à vida são fatores que caracterizam o
desencadeamento do processo de Orientação. Se toda identificação
profissional pressupõe reforço de valoração, o Orientador Educacional vivencia
valores pessoais na sua atuação. Crenças, valores, atitudes da pessoa, ao
serem associados com elementos comportamentais comuns a uma
determinada profissão, delineiam um perfil profissional. (RAMOS, 2003)
O posicionamento do Orientador Educacional deve incluir uma ética
profissional, debatendo questões práticas, capazes de suscitar-lhe operações
de pensamento que o desafiam e levam à reflexão e à pesquisa em busca de
uma autêntica identidade apoiada em valores significativos. Diversas
experiências auxiliam no levantamento desta hipótese e acredita-se que o
espaço existe, basta que os profissionais se disponham realmente. Cabe
13
enfatizar que o desempenho do papel do educador faz com que sua proposta
seja, efetivamente, na educação. (CATANI, 2003)
O Orientador Educacional, muitas vezes, não tem condições de realizar
todas as tarefas que lhes são pertinentes, correndo o risco de tornar-se
generalista, ou de esvaziar sua ação, a ponto de torná-la irrelevante na
escola. Orientadores Educacionais são antes de tudo, educadores, e a
finalidade de toda e qualquer ação orientadora é educativa.
O Orientador, através da investigação sobre a realidade, percebe que no
processo de ensino-aprendizagem estão em jogo inúmeras relações,
compreende que as relações na escola não são um fim em si mesmo, mas
meio para que o aluno aprenda e amplie o seu conhecimento, passando a
trabalhar as diferentes relações, que podem influenciar para que o aluno
aprenda.
1.2. A Evolução da Orientação Educacional
Durante longo período a escola teve como função ensinar o aluno que,
por sua vez, tinha o papel de aprender. Se nesse processo alguma coisa
desse errado, a causa era de inteira responsabilidade do aluno, precisando ele
de um acompanhamento para resolver seu problema. E nesse encaixe é que
aparecia a função do Orientador, sendo ela plural, multifacetada, tendo esse
profissional apenas de ajudar o aluno a se encaixar no sistema. (RAMOS,
2003)
Com o tempo, a educação passa a não ser mais exclusividade da
escola, estando presente, também, nos meios de comunicação, por exemplo,
ocorrendo acidentalmente. Nesse contexto, o aluno passa a ser sujeito,
fazendo sua história, sua formação. E a Orientação Educacional passa a ter
uma amplitude de ações nessa prática pedagógica, sendo um profissional que
respeita o senso comum, aprecia o conhecimento científico, e está ciente de
14
que seu exercício só é possível porque existe uma teoria que lhe permite
desenvolver sua proposta pedagógica. (CATANI, 2003)
Pode-se dizer que a Orientação Educacional esteve sempre pautada
aos acontecimentos do dia-a-dia, pois a ela se conectavam fatores que
estavam ocorrendo na escola ou na família e que se refletiam nos estudos ou
no comportamento dos alunos. Podemos afirmar que a Orientadora cumpre
uma função na escola em que está sempre em contato com os alunos,
professores e coordenadores conhecendo seus problemas, angustias e
aflições, tentando resolvê-las a fim de buscar uma harmonia na escola,
permitindo um melhor trabalho e, consequentemente, uma educação de
qualidade. Outra questão é que ela participa, também, da elaboração do Plano
de Trabalho da escola e da Proposta Pedagógica, com vistas ao cumprimento
do que foi estabelecido da melhor forma possível. (CATANI, 2003)
Nos conflitos entre sistema e profissionais, torna-se difícil e arriscado
propor mudanças, porque são mal-entendidas e logo tachadas de neoliberais.
Entretanto, dificilmente escaparemos de constatações penosas. Nesses
termos, é relevante revisar a formação do profissional de educação
respeitando-se os passados, as tradições adequadas, mas sem perder a
capacidade de inovar, levando-se em conta que educação tem o compromisso
de humanizar o progresso, pois, de acordo com Demo (2009), uma proposta
crítica deveria equilibrar as coisas, para que o futuro não seja inventado contra
o passado, mas neste se alimente, sem se afundar.
A educação deve apresentar características que possam contribuir para
o desenvolvimento do ser humano como um todo reafirmando seu papel nas
transformações pelas quais vêm passando as sociedades contemporâneas e
assumindo um compromisso cada vez maior com a formação para a cidadania.
Esta educação construtiva deve levar ao desenvolvimento integral do ser
humano, o respeito às diferenças e a preocupação com o bem estar coletivo
entre outros.
15
Para Klein (2000) está entre as finalidades fundamentais da educação o
preparo dos alunos para serem cidadãos ativos, críticos e membros solidários
para uma sociedade democrática. Para isso, tornam-se necessários recursos e
experiências de ensino e aprendizagem inovadores com formas de avaliação e
metodologias que promovam a construção dos conhecimentos, habilidades,
atitudes e valores importantes para o exercício da cidadania.
A educação, assim como a cultura, também sofre influências cada vez
maiores de fatores socioeconômicos e políticos. É nesta conjuntura
participativa que sobressai o papel da educação como elemento transformador
do desenvolvimento para o compromisso social. O desenvolvimento e a
educação não podem ser vistos como iniciativas isoladas, mas sim como uma
cadeia de ações que se complementam.
O papel mais reconhecido da Educação para a Cidadania é o de auxiliar
o indivíduo a buscar esclarecimento como forma de combater e minorar
conflitos decorrentes de preconceitos raciais, fundamentalismos político-
religiosos e práticas de exclusão social. Neste contexto, a escola representa o
ambiente ideal para a prática da educação cidadã devendo, portanto, oferecer
não apenas espaço físico e organizacional, mas também relacional, de
cooperação e resolução de novos conflitos. A educação escolar não tem a
pretensão de ser um modulador cívico, mas precisa incorporar em suas
competências, o exercício da solidariedade e tolerância buscando o
conhecimento e informação na compreensão da realidade para promover
cidadãos participativos (CASTRO, 1998).
Existem ainda, importantes razões para que a escola eduque para
valores éticos, segundo Tezolin (1995):
(1) a transmissão de valores é uma tarefa da sociedade;
(2) as grandes questões com que se confrontam as pessoas e a espécie
humana são as morais;
16
(3) a democracia é um regime político no qual as pessoas devem
exercer, através da participação autônoma, um papel determinante na
construção de valores éticos.
Portanto, a escola deve ser sensível à permanente reconstrução de
normas de convivência.
Quando uma sociedade passa a estabelecer comportamentos morais
baseados somente em parâmetros econômicos e políticos, a pessoa passa de
sujeito a instrumento no sistema. É justamente em meio a essa fragmentação
de valores morais que cresce o quadro de violência urbana, doméstica, moral,
ecológica, espiritual. Como conseqüência da injustiça social e da falta de
esclarecimentos, a intolerância se instala entre as diferentes classes sociais e
seus diversos ambientes. Esta intolerância é a matriz para que se cometam
atos de violência (CASTRO, 1998).
1.3. O papel da Orientação Educacional Hoje
O orientador pedagógico está mais perto e compromissado com os
professores, auxiliando e verificando as atividades relacionadas com o
processo de ensino e aprendizagem.
Segundo Catani (2003) atualmente, trabalho como diretor adjunto em
uma escola pública municipal de Nova Iguaçu no Estado do Rio de Janeiro
onde juntos traçamos estratégias diferentes de ensino e projetos educacionais
nas reuniões pedagógicas entre equipe pedagógica da escola e os professores
de nossos alunos. O coordenador pedagógico e o orientador pedagógico nesta
escola trabalham bastante juntos pela permanência e o sucesso de nossos
alunos dentro da escola e um de seus objetivos gerais é, acompanhar e
auxiliar os professores no projeto pedagógico da escola; capacitar os
professores, partilhar suas ações e também e muito importante que estes
17
profissionais compreendam as reais relações desta posição ou cargo dentro da
escola.
Ramos (2003) explica que a Orientadora Educacional possui a
responsabilidade de identificar as dificuldades dos alunos, para tentar resolvê-
las. O Serviço de Orientação Educacional (SOE) possui um regimento que
define as funções da Orientação na escola. Neste regimento interno da escola
encontra-se as “Atribuições do Orientador Educacional”, dentre as quais estão
normalmente presentes:
• Desenvolver processo de aconselhamento junto aos alunos,
abrangendo conduta, estudos e orientação para trabalho, em cooperação com
professores, família e comunidade;
• Assessorar o trabalho docente:
a) acompanhando o desempenho dos professores em relação a
peculiaridades do processo ensino-aprendizagem;
b) acompanhando o processo de avaliação e recuperação do aluno;
• Encaminhar os alunos a especialistas quando se fizer necessário;
• Montar e coordenar e desenvolvimento de esquema de contato
permanente com a família do aluno.
• Encaminhar os alunos a especialistas quando se fizer necessário;
• Montar e coordenar e desenvolvimento de esquema de contato
permanentecom a família do aluno.
Para Catani (2003) é fundamental ressaltar que essas atribuições
referidas ao Orientador Educacional não são iguais para todos os colégios,
variam de acordo com a cidade, pois tais funções são traçadas de acordo com
o que é solicitado pelo Sistema de Ensino de cada cidade. Levando em conta
que a Orientação Educacional caminha lado a lado com a educação, sofrendo
assim as mesmas influências desta no decorrer do tempo.
Cada linha teórica acabou definindo esta prática educativa (do
Orientador) dentro do âmbito da escola, como vemos, conforme Ramos (2003):
18
Educação tradicional: para os autores a Orientação se caracteriza como
terapêutica e psicológica destinada ao alunos-problema;
Educação renovada progressivista: para os autores desta linha teórica, o
Orientador deve auxiliar o desenvolvimento cognitivo de seus alunos;
Educação não diretiva: para estes teóricos a Orientação está
relacionada a afetividade, tendo nesse momento a função de facilitadora de
mudanças;
Educação tecnicista: para esta linha teórica a Orientação tem o papel de
identificar as aptidões dos alunos para um determinado mercado de trabalho;
Educação libertária: os teóricos desta perspectiva acreditam que o
Orientador possui o papel de assessorar o professor na medida em que era um
catalisador do grupo junto aos alunos;
Educação libertadora: os autores desta teoria afirmam que a Orientação
possui o papel de captar o mundo real dos alunos, sendo que estes devem ser
percebidos como indivíduos históricos, concretos e reais;
Educação crítico-social dos conteúdos: os autores desta linha teóricas
indicam que a Orientação serve como um caminho de preparação do aluno
para o mundo adulto;
Educação construtivista: os teóricos deste pensamento afirmam que a
função daOrientação está relacionada a promover meios para a aquisição do
conhecimento por parte do aluno. Na evolução teórico-prática da educação
brasileira fica nítido, também, o progresso pelo qual a Orientação Educacional
passou.
A Pedagogia capta o caráter dinâmico das práticas educativas como
práticas sociais e a produção de saberes como instrumentos de ação. Não é
mais admissível uma ação pedagógica que não se paute desde a organização
de programas à sua realização e avaliação, por desenvolvimentos
metodológicos extremamente elaborados (MAZZOTI, 1996). O objeto do
campo da Pedagogia é o ato pedagógico em determinada situação.
[...] dar um caráter mais científico à ação desenvolvida no campo educativo. Para ele, «nenhuma conclusão científica é diretamente transponível em regra operatória no processo de educação. Todo um outro trabalho tem de ser feito para que os fatos, princípios e leis
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descobertos pela ciência possam ser aplicados na prática educacional (ANÍSIO TEIXEIRA in: BRANDÃO & MENDONÇA, 1997, p. 202).
Entende-se que a colaboração na investigação educacional depende da
conexão entre a investigação e a prática pedagógica em constante
transformação, típicos de um fenômeno social e histórico. Este conjunto de
relações de uma Pedagogia terá como objeto de preocupação o educando,
seus processos de constituição em diferentes contextos sociais, sua cultura,
suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e emocionais, e
quais domínios devem fazer parte da formação do professor neste âmbito
(ROCHA, 2000).
A justificativa para o privilégio da prática decorre da ausência dos
avanços teóricos, o que muito têm afetado a prática dos professores que,
quando chegam à sala de aula, sua atuação se mostra precária ou
equivocada, pois não compreendem o conhecimento abstrato e o discurso
acadêmico complexo diante da realidade, além da ineficiência dos modelos de
formação convencionais, destacando o elevado academicismo. Torna-se
necessário elaborar novos modelos de formação, com base na prática
(TARDIF, 2002).
A emergência da prática no Brasil está situada no final da década de
oitenta e início de noventa, coincidindo com as reformas educacionais, quando
aparece, no país, uma literatura pedagógica que privilegia a formação reflexiva
do professor, a construção de competências profissionais, a crítica ao modelo
técnico tradicionalmente adotado na formação de professores (ZEICHNER,
1993).
Os problemas da prática do mundo real não se apresentam aos profissionais com estruturas bem-delineadas e,na verdade, eles tendem a não se apresentar como problemas, mas na forma de estruturas caóticas e indeterminadas zonas indeterminadas da prática envolvem situações em que não há respostas certas ou procedimentos-padrão, que fogem das estratégias convencionais de explicação. Proponho, então, um ensino prático reflexivo, baseado
20
numa epistemologia da prática que abra espaço para o talento artístico, apresentando outros dois conceitos: conhecimento na ação e reflexão na ação (SCHON, 2000, p.16).
Segundo Tardif (2002, p.90-91) as referências dominantes são: aplicar,
planejar, implementar, avaliar, realizar, com uma prática profissional que
consiste na solução de problemas mediante a aplicação de um conhecimento
teórico e técnico, que procede da pesquisa científica. O aspecto da prática
profissional é definido pela ciência aplicada no desenvolvimento técnico para a
análise e diagnóstico dos problemas, de modo que a prática suporia a
aplicação inteligente do conhecimento aos problemas enfrentados.
As divergências permanecem na relação entre teoria e prática, e um
professor reflexivo tem dificuldades de aliar a formação à experiência no
trabalho, é destituído de sistematização teórica, em virtude do que precisa
realmente ser transmitido. O conhecimento se insere nas dimensões subjetivas
do trabalho e geralmente os professores, até mesmo um pouco
desqualificados, utilizam o saber da experiência para resolver situações não
previstas nos processos de trabalho, e que Schön chama de zonas
indeterminadas da prática (SCHON, 2002).
A prática não é suficiente por si, pois ela não ensina, não fala por si mesma. A realidade não se revela através da observação imediata; é preciso compreender as conexões, as estruturas internas, as formas de organização, as finalidades. Perceber apenas os fatos aparentes não se constitui em conhecimento (KUENZER, 2003b, p.8).
Isso não significa que não seja fundamental a atividade teórica para a
transformação da realidade; contudo, só a posse da teoria não assegura a sua
efetivação, não transforma a realidade. “Interpretar não é transformar; a teoria
em si, ou os discursos, não transformam o mundo a não ser que passem do
plano das idéias e se façam materialidade (KUENZER, 2002, p.10).
Na concepção de formação do profissional da educação, é necessário
haver a articulação entre o teórico e o prático, visto que esses polos se
relacionam, e é onde reside a riqueza dos processos pedagógicos, que
21
promovem pelo seu caráter mediador, a articulação entre teoria e prática. De
fato, a mediação entre teoria e prática é a essência do trabalho educativo, que
se faz no pensamento e se transforma em teoria; do mesmo modo, a teoria se
faz prática, dá a interação entre circunstâncias, pensamento e bases materiais
de produção, configurando-se a transformação da realidade (SCHON, 2002).
Diferentemente da concepção de prática fundamentada nas Diretrizes
Curriculares, esta compreensão assume importante significado na formação de
professores, no desenvolvimento de competência profissional que permita a
intervenção crítica nos processos de formação humana e se constitui na
natureza dos processos educativos. O domínio da teoria e prática são os dois
processos pedagógicos que ensinarão a conhecer. Não basta inserir o
trabalhador na prática, para que ele aprenda espontaneamente (KUENZER e
RODRIGUES, 2009).
CAPÍTULO II
EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
2.1 O conceito de EJA
A Educação de Jovens e Adultos é a modalidade da educação básica
destinada a alunos que não tiveram, acesso ou continuidade de estudo no
ensino fundamental e médio, na idade própria.A denominação Educação de
Jovens e Adultos substitui o termo Supletivo da Lei n.º 5.692/71.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96)
defende, para o Ensino Fundamental, a formação básica do cidadão. Para tal,
22
faz-se necessário o desenvolvimento do ambiente social, o fortalecimento dos
vínculos familiares e a criação de laços de solidariedade humana. (BRASIL,
2004, apud LEITE,2006)
2.2. As Funções da EJA
Segundo o MEC (2004, apud Corso,2009) a educação deve
compreender quatro aprendizagens fundamentais: Aprender a conhecer;
Aprender a fazer; Aprender a viver; Aprender a ser. Por essa razão a principal
função da Eja é auxiliar na eliminação das discriminações e se empenhar na
busca de uma sociedade mais justa. No entanto, a EJA ainda é vista por
muitos como uma dívida social a ser reparada, ao estender a todos o acesso a
escrita e a leitura como bens sociais.
De acordo com a LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
nacional - na modalidade de Educação Básica, a EJA não se limita a
alfabetização. O Parecer CNE/CEB Nº 11/2000 redefine as funções do ensino
supletivo constantes do Parecer CFE Nº 699/72, de modo que as novas
funções da EJA são:
FUNÇÃO REPARADORA – É a restauração do direito a uma escola de
qualidade, a um bem social importante, contribuindo para a cidadania e a
inserção no mundo do trabalho É a restauração de um direito negado e o
reconhecimento de igualdade de todo ser humano.
FUNÇÃO EQUALIZADORA – Os desfavorecidos quanto ao acesso a
escola devem receber maiores oportunidades que os outros, já que a
qualificação é o próprio sentido da EJA, tem como base o ser humano que
busca atualização em quadros escolares. A função equalizadora dará
cobertura a trabalhadores. para eliminar as desigualdades e restaurar o
exercício da cidadania, fazendo cumprir o princípio constitucional de que a
educação é direito de todos. (BRASIL, 2004, apud Corso,2009).
23
FUNÇÃO PERMANENTE OU QUALIFICADORA - A EJA é uma
promessa de qualificação para todos, de atualização de conhecimentos como
base do ser humano, que pode atualizar-se em quadros escolares ou não-
escolares. No parecer 11/2000, encontramos a afirmação de que a EJA é um
modelo pedagógico que assegura em sua prática pedagógica a estratégias de
valorização da experiência de vida (social, cultural e profissional), a fim
satisfazer necessidades de aprendizagem de jovens e adultos. (MEC, 2004,
apud Corso,2009).
2.3. Histórico da Evolução da EJA no Brasil
Em toda a história do Brasil, constatamos políticas de educação de
jovens e adultos restritas aos processos de alfabetização, sendo muito recente
a conquista desta modalidade de acesso e continuidade à escolarização
básica. (GOHN, 1999).
No final do século XIX e início do século XX, são aprovados projetos de
leis que enfatizam a obrigatoriedade da educação de adultos. A escolarização
passa a ser um critério para a ascensão social, incorporada à Constituição
Federal de 1891, alistando somente eleitores e candidatos que dominassem a
leitura e a escrita.
Em 1925, através da Reforma João Alves, estabeleceu-se o ensino
noturno para jovens e adultos. Por volta de 1930 se iniciava um movimento
contra o analfabetismo, mobilizado por organismos sociais e civis. O
analfabetismo passou a ser visto como uma doença nacional, mas o
analfabeto era, contraditoriamente, visto como preguiçoso, ignorante e
incapaz.
Segundo Couto (apud GOHN, 2000, p.190):
24
Analfabetismo é o cancro que aniquila o nosso organismo, com suas múltiplas metáteses, aqui a ociosidade, ali o vício, além o crime. Exilado dentro de si mesmo como em um mundo desabitado, quase repelido para fora da espécie pela sua inferioridade, o analfabeto é digno de pena e a nossa desídia indigna de perdão enquanto não lhe acudirmos com o remédio do ensino obrigatório.
A Constituição Federal, no ano de 1934 instituiu, no Brasil, a
obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário para todos, considerando os
altos índices de analfabetismo no país.Neste mesmo ano, a educação de
jovens e adultos constituía-se em tema de política educacional. (GOHN, 2000).
O período pós-Segunda Guerra Mundial é fortemente marcado por
campanhas de alfabetização em massa, realizadas pelo governo federal de
forma assistencialista, visando atender a população rural. As demais ofertas de
escolarização de jovens e adultos deste período limitaram-se ao ensino
primário e na década de 60, estendeu-se ao curso ginasial.
No final da década de 50 e início da década de 60, constata-se uma
nova perspectiva na educação brasileira fundamentada nas ideias de Paulo
Freire, com uma pedagogia voltada para as necessidades das camadas
populares a partir de sua história e de sua realidade. É exatamente essa
pedagogia de Paulo freire que fundamenta a educação de jovens e adultos na
educação popular.
Conforme afirma Paiva (apud GOHN, 1999,p..93):
A multiplicação dos programas de alfabetização de adultos, secundada pela organização política das massas, aparecia como algo especialmente ameaçador aos grupos direitistas; já não parecia haver mais esperança de conquistar o novo eleitorado [...] a alfabetização e educação das massas adultas pelos programas promovidos a partir dos anos 60 aparecia como um perigo para a estabilidade do regime, para a preservação da ordem capitalista. Difundindo novas idéias sociais, tais programas poderiam tornar o processo político incontrolável por parte dos tradicionais detentores do poder e a ampliação dos mesmos poderia até provocar uma reação popular importante a qualquer tentativa mais tardia de golpe das forças conservadoras.
25
O golpe militar de abril de 1964 suprimiu a realização de muitas
experiências, tendo o próprio governo militar e ditatorial criado o Movimento
Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), fortalecendo um modelo com padrões
capitalistas de produção e consumo. Durante o período de vigência do
MOBRAL quarenta milhões de pessoas que frequentaram este Movimento
durante quinze anos, porém apenas 10% foram alfabetizadas. GOHN (1999)
afirma que o MOBRAL buscou a erradicação da chaga social que era a
existência de analfabetos e consequentemente a causa do desemprego.
Na Lei 5692/71 o ensino supletivo foi apresentado como uma
modalidade temporária para os que necessitavam comprovar escolaridade no
trabalho e para os analfabetos. Porém, tornou-se uma forma de ensino
permanente, cuja oferta é necessária, considerando a crescente demanda.Na
primeira metade dos anos 80 a educação pública apresentava uma situação
dramática em que 50% das crianças reprovavam ou eram excluídas ao longo
da 1a série do 1° Grau, 30% da população constituía-se de analfabetos, 23%
dos professores eram leigos e 30% das crianças estavam fora da escola. Além
disso, 8 milhões de crianças no 1° Grau tinham mais de 14 anos, 60% de suas
matrículas concentravam-se nas três primeiras séries que reuniam 73% das
reprovações. (GOHN, 1999).
O fracasso escolar entre os alunos na 1a série do ensino de 1° Grau
passa a corresponder 56% do total de matrículas,compondo, nas décadas
posteriores, a intensa demanda de pessoas jovens e adultas não alfabetizadas
ou com reduzido tempo de escolarização.
Com a Nova República, a partir de 1985 o governo federal rompe com a
política de educação de jovens e adultos do período militar, extinguindo o
MOBRAL e substituindo-o pela Fundação EDUCAR (Fundação Nacional para
Educação de Jovens e Adultos). Esta Fundação apoiou técnica e
financeiramente algumas iniciativas de educação básica de jovens e adultos,
conduzidas por prefeituras municipais e instituições da sociedade civil.
26
Em 1986, o Ministério da Educação organizou uma Comissão para a
elaboração de Diretrizes Curriculares Político-Pedagógicas da Fundação
EDUCAR, a qual reivindicou a oferta pública, gratuita e de qualidade do ensino
de 1 ° Grau aos jovens e adultos, dotando-o de identidade própria. Este
movimento nacional vem qualificando as proposições, experiências,
intercâmbios e avaliações das políticas de educação de jovens e adultos,
articulando iniciativas e esforços para ampliação do direito à educação pública
e de qualidade. (GOHN, 2003).
Na Constituição Federal de 1988 a educação de jovens e adultos passa
a ser reconhecida enquanto modalidade específica, estabelecendo-se o direito
à educação gratuita para todos os indivíduos. Entretanto, o governo federal
cessa os programas de alfabetização até então existentes. Deste quadro faz-
se importante assinalar o analfabetismo funcional como um problema
significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento.
Segundo Shiroma (apud GOHN 2000, p.56):
Disseminou-se a idéia de que para sobreviver à concorrência do mercado, para conseguir ou manter um emprego, para ser cidadão do século XXI, seria preciso dominar os códigos da modernidade. Mecanicamente - e repetindo uma velha máxima salvacionista -, atribui-se à educação o condão de sustentação da competitividade nos anos de 1990.
Ainda na década de 90, é promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, Lei n° 9394/96, na qual a EJA passa a ser considerada
uma modalidade da educação básica nas etapas do ensino fundamental e
médio com especificidade própria, mas é importante ressaltar a aprovação da
Emenda Constitucional n°. 14/1996 que suprime a obrigatoriedade do poder
público em oferecer o Ensino Fundamental para os que a ele não tiveram
acesso na idade própria. Foi criado, então, o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(FUNDEF), regulamentado pela Lei 9424/96, na qual é vetada a contabilização
27
das matrículas no Ensino Fundamental nos cursos de Educação de Jovens e
Adultos, para fins de repasse desses recursos. Este veto inviabilizou a inclusão
do público da educação de jovens e adultos no financiamento da educação
básica, evidenciando o descaso para com o atendimento desta demanda.
A segunda metade da década de 90 evidenciou um processo de
organizações não governamentais, movimentos sociais, governos municipais e
estaduais, universidades, organizações empresariais buscando debater e
propor políticas públicas para a educação de jovens e adultos em nível
nacional. (GOHN,2003).
Em 10/05/2000 foram promulgadas as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação de Jovens e Adultos, elaboradas pelo Conselho Nacional de
Educação. O documento supera a visão preconceituosa do analfabeto
reconhecendo a sua pluralidade e diversidade cultural e regional, presente nos
mais diferentes estratos sociais, portadores de uma rica cultura oral. O
documento explicita tempo e espaço; o tratamento dos conteúdos curriculares;
a importância em se distinguir as duas faixas etárias (jovens e adultos) nesta
modalidade de educação; a formulação de projetos pedagógicos específicos
dos cursos noturnos regulares e os de EJA. (MEC, 2004, apud Moura,2007).
Atualmente a Educação de Jovens e Adultos deve ofertar, no mínimo,
uma formação equivalente às oito séries do ensino fundamental, além da
especialização do seu corpo docente.Dentre as metas estabelecidas neste
Plano Nacional para a EJA destacamos as seguintes: estabelecer, a partir da
aprovação do PNE, programas visando alfabetizar 10 milhões de jovens e
adultos, em 5 anos e, até o final da década, superar os índices de
analfabetismo; assegurar, em 5 anos, a oferta de EJA equivalente às quatro
séries iniciais do ensino fundamental para 50% da população de 15 anos e
mais que não tenha atingido este nível de escolaridade; incluir, a partir da
aprovação do PNE, a EJA nas formas de financiamento da educação básica.
(MEC, 2004, apud Moura,2007).
28
2.4. As Estatísticas da Evasão Escolar na EJA
A distribuição do saber no Brasil é marcada pela exclusão das camadas
populares do processo escolar. A exclusão atinge a todos pela inexistência de
políticas públicas adequadas às demandas sociais, mas também encontra-se
relacionada a baixa produtividade da escola no processo ensino-
aprendizagem, gerando reprovação, repetência e evasão escolar.
Autores como Marcuschi (2002) identificam a escola como aparelho
ideológico do Estado, que se mantém como promotora do sistema de classes,
sendo a escola mais uma reprodutora do sistema social.
Segundo Dias (2004) a evasão escolar nas classes populares está
ligada ai interesse das classes dominantes refletida no currículo escolar,
representando a cultura da elite.O papel da escola, numa sociedade dividida
em classes, é relevante para superar o risco de sua dogmatização.
Rosenberg (apud DIAS, 2004, p. 21) declara: “A escola não é um bloco
rígido, estático, a serviço dos interesses da classe dominante. Há vida
inteligente e insatisfeita no interior desse sistema.”
Para Oliveira (2005, p. 30) uma perspectiva aponta para a contradição
no sistema escolar: “A escola também ameaça a ordem estabelecida e a
possibilidade de libertação. O seu aspecto reprodutivo não a reduz a zero: pelo
contrário, marca o tipo de combate a travar, a possibilidade desse combate,
que já foi desencadeado e que é preciso continuar.”
O fracasso escolar está vinculado às diferenças individuais de
assimilação e aprendizagem, e os alunos que não aprendem no mesmo ritmo
dos demais são consideradas portadoras de déficits mentais, sensoriais ou
neurológicos, com problemas de ordem perceptual, motora, lingüística, afetiva
29
ou intelectiva. Esse resultado pessoal tem legitimado os resultados
desfavoráveis obtidos ao longo do ano escolar. (SACRISTÁN, 2000).
No enfoque individual do insucesso escolar, situa-se também a questão
de fracasso e disfunção biológica (leia-se fracasso e desnutrição). Segundo
Marcuschi (2002) pesquisas apontam a desnutrição como consequência da
baixa renda familiar, além de fatores ambientais (econômicos, sociais e
culturais) que integram o complexo de doença social, levando o aluno a
apresentar algum problema físico capaz de interferir na aprendizagem.
Estamos num país de desnutridos, sim. Mas estamos também num país em que as crianças morrem às centenas de milhares, antes de completar um ano de idade (...). Exatamente por isso, colocar na desnutrição a causa do fracasso escolar não tem muito substrato, pois o aluno severamente desnutrido dificilmente chega aos 7 anos de idade e dificilmente tem acesso à escola. (PATTO, apud OLIVEIRA, 2005, p. 40).
A fome do dia pode levar qualquer aluno a desinteressar-se pelo processo
de aprendizagem como déficit na capacidade cognitiva, mas também como
resultado da distribuição desigual dos bens econômico-sociais. A questão
nutricional deve ser considerada no contexto das condições sócioeconômicas
que a produzem.
As camadas pobres da população são conhecidas território de Carência
e/ou Deficiência Cultural. Segundo Patto (apud OLIVEIRA, 2005, p.29) a
explicação para o insucesso escolar de camadas sociais pobres sustenta-se no
pressuposto de que os alunos que não progridem na escola são produto de um
ambiente sócio cultural desfavorecido, que interfere negativamente no
desenvolvimento linguístico, cognitivo e psicomotor destes indivíduos. Em
outras palavras, a cultura das classes privilegiadas economicamente é tomada
como universal, normal, correta e superior, a ser copiada pelas outras classes
sociais.
A medida em que a escola não considera as referências de "vida" e de "mundo" que essa criança traz, aprofunda a distância com esta criança quando, logo em seguida, a rotula como portadora de disfunção motora ou algo deste gênero.Não saber usar um lápis não
30
significa necessariamente não ter desenvolvidas as habilidades 'indispensáveis para usá-lo... Se a escola estabelecesse como padrão para identificar habilidade de controle motor fino, o uso da pipa, por exemplo, o aluno das classes médias seria considerado inapto. (GARCIA, apud MARCUSCHI, 2002, p.24).
A ação pedagógica desenvolvida pela escola deve valorizar e tratar
como universais as experiências, atividades, linguagens, jogos e brincadeiras,
considerando as formas simbólicas de relação com o mundo construídas pelas
crianças das camadas populares, pois o modelo ao qual as crianças das
classes populares são constantemente comparadas é o modelo da criança de
classe média urbana e que muitas vezes não corresponde à realidade delas.
(OLIVEIRA, 2005).
(..) o aluno pobre é capaz de executar movimentos de controle, tanto que constrói e solta pipas com maestria. Porquê? Porque desde cedo conhece, lida e portanto domina o material e a técnica. Mas lápis não faz parte do seu cotidiano, logo ela tem dificuldade em usá-lo quando entra na escola. (GARCIA, apud MARCUSCHI, 2002, p.31).
A reprovação e a repetência da série significa a "não aprendizagem" dos
alunos. Repetir a série, via de regra resulta no trauma do insucesso. Segundo
Dias (2004) a reprovação tem um lado político porque atinge desigualmente as
crianças de origens sociais diferentes, incidindo sobre as mais pobres,
agravando a seletividade social. Reprovação, repetência e evasão concretizam
o "recomeço".
Freire (apud MARCUSCHI, 2002, p. 33) considera que é a instituição
escolar que abandona o aluno, na medida que não possui nem estratégias
para conservá-lo e nem interesse em reintegrá-lo. Desta forma, entende-se a
expressão "evasão escolar" como um processo de exclusão das crianças das
camadas populares sem pelo menos dominarem a leitura e a escrita.
Segundo Dias (2004) nas relações sociais que se estabelecem na sala
de aula, quando o modelo correto, a ser copiado e reproduzido pelos alunos, é
o modelo da professor(a), de sua classe social, suas formas de expressão,
atitudes, se constrói para as crianças de camadas populares a visão de que
31
tudo o que sabem ou pensam, e por conseguinte o seu grupo social, é
incorreto e precisa ser modificado. Isso faz com que ocorra na sala de aula um
individualismo que impede gestos de solidariedade, pois as relações sociais
são marcadas pelo poder do professor(a) e o trabalho em sala de aula
caracteriza-se como obrigatório e repetitivo.
A gravidade desta forma de desenvolver o trabalho pedagógico está na
compreensão docente de que ler e escrever reduz-se a copiar e encher linha.
O aluno passa o tempo todo reproduzindo o modelo apresentado , mas para
fixa o conhecimento.
Segundo Marcuschi (2002) outras características da exclusão na sala de
aula são as seguintes: a discussão de ideias não é tolerada; falta de atenção
ou incapacidade de concentração; os alunos não devem fazer perguntas e o
desejo de conhecer mais é contestado, demonstrando que há uma ruptura
entre o trabalho proposto pelo professor e o desenvolvimento cognitivo dos
alunos. O conhecimento apresenta-se como estático e acabado, restando aos
alunos memorizá-lo como lhes é apresentado.
2.5. As Dificuldades de Ensino e Aprendizagem na EJA
As principais dificuldades para o ensino e aprendizagem de Língua
Inglesa e de outras disciplinas também,observadas em turmas de EJA são,
segundo Leite (2006) :
ü Falta de material didático adequado;
ü Turmas heterogêneas;
ü Indisciplina em sala;
ü Baixa autoestima dos alunos após anos sem estudar;
ü Turmas superlotadas. Daí a dificuldade de encontrar temas que
sejam do interesse tanto de jovens quanto de adultos;
32
ü Falta de estrutura no trabalho, tais como laboratório para prática de
listening, acesso à Internet, sala de Vídeo com Dvd;
ü Pouco conhecimento de mundo e de organização textual dos alunos;
ü Carga horária insuficiente. Apenas dois tempos semanais reservados
para a língua inglesa é muito pouco;
ü Desinteresse de políticas adequadas para o EJA.
A missão do professor da EJA é facilitar aos alunos a terem um
aprendizado ativo, provocando as experiências, estimulando a autoavaliação e
valorizando o trabalho em equipe, a fim de evitar passividade e
esmorecimento, pois é fato que o aluno que se matricula no EJA chega à sala
de aula com a autoestima devastada. Esse aluno sente vergonha de nunca ter
estudado ou de ter parado de estudar há muitos anos, sente medo de parecer
ridículo e também se assusta diante do desconhecido. Isso sem contar o
cansaço e as preocupações, como pagar contas ou educar os
filhos.(LEITE,2006)
As estatísticas são drásticas e apontam que apenas 30% dos alunos
que se matriculam na EJA concluem os cursos, e cabe também à escola
tomar medidas de incentivo, segundo Oliveira (2005, p.35-37):
ü Mostrar que a atitude de voltar a estudar é motivo de orgulho;
ü Ajudar o aluno a identificar o valor e a utilidade do estudo em sua
vida por meio de atividades ligadas ao seu cotidiano;
ü Elaborar aulas dinâmicas e estimulantes depois de um dia inteiro de
trabalho;
ü Ser receptivo para conversar, pois muitos estão ali na escola
preocupados com problemas pessoais ou profissionais;
ü Mostrar que o saber do professor não é mais importante que o dele,
promovendo troca de conhecimentos entre as duas partes;
ü Valorizar os conhecimentos e as habilidades de cada um, pois
quando criam vínculos os alunos se sentem bem mais estimulados a
participar das atividades;
33
ü Adultos são motivados a aprender ao perceber que suas
necessidades e interesses serão satisfeitos, valorizando a aplicação
do conteúdo da vida cotidiana; entende-se assim que a orientação
de aprendizagem do adulto está centrada na vida e não em
disciplinas;
ü Adultos têm necessidade de engajar-se no processo de investigação
com os alunos e não apenas reproduzir o conhecimento do professor
e depois ser avaliado;
ü As diferenças individuais na educação de adultos devem ser
consideradas, como as diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de
aprendizagem;
ü Mostrar que a escola se modernizou;
ü Usar a experiência da turma como base para as aulas;
ü Ampliar os horizontes culturais dos estudantes;
ü Integrar os jovens e adultos aos demais alunos;
ü Estimular a produção textual e o conhecimento dos conceitos
ü Desenvolver atividades desafiadoras;
ü Integrar os alunos à sociedade visando uma construção coletiva;
ü Jovens e adultos são portadores de uma experiência totalmente
diferente. Em situações de formação, a experiência e a maturidade
dos adultos constituem o recurso mais rico para as suas próprias
aprendizagens;
ü Os adultos precisam compreender a utilidade do que estão
aprendendo para melhor confrontar problemas da sua vida pessoal e
profissional, o que torna desaconselhável um excesso de foco nos
conteúdos;
ü Os adultos são mais sensíveis a estímulos de natureza interna, como
autoestima, qualidade de vida, satisfação, do que a estímulos
externos, como a nota da avaliação.
Essas e outras medidas são necessárias para o desenvolvimento de
uma postura pedagógica na EJA, pois ali temos jovens e adultos com
34
diferentes visões de mundo, diferentes níveis de maturidade e experiência, e o
professor precisa estar habilitado a lidar com essas diferenças dentro de sala
de aula para não prejudicar o resultado do trabalho.
O EJA encontra na Andragogia (arte ou ciência de orientar adultos a
aprender) um caminho educacional que busca compreender o adulto como um
ser social, buscando o aprendizado através da experiência, onde a vivência
estimula e impulsiona a assimilação.
35
CAPÍTULO III
O TRABALHO COM AFETIVIDADE NA EJA
3.1. A Afetividade
Afetividade é um termo utilizado para designar os afetos, mas também
os sentimentos, enquanto o afeto é definido como qualquer espécie de
sentimento e (ou) emoção associada a ideias ou a complexos de ideias.
Para discutir o tema afetividade faz-se necessário compreender a
origem do termo “afetividade”. Segundo Saltini (2005) cada ser humano traz
um emaranhado de sentimentos, que se manifestam de forma desordenada, e
que em geral não conseguimos distinguir, pois ora nos faz chorar e ora nos
fazem sorrir.
A afetividade é o amadurecimento dos sentimentos, como a vida
humana passa por fases e ocorre à maturação, isto também sucede aos
sentimentos, emoções, como paixões, temporários, com respostas rápidas,
orgânicas, visíveis em nossas ações, gestos; todavia sentimentos afetivos de
ordem psicológicas geram estados afetivos duradouros.
Saltini (2005), discute o conceito de afetividade na obra de Wallon, diz-
nos que: A afetividade está sempre relacionada aos estados de bem-estar e
mal-estar do indivíduo, manifestando-se através das emoções, das paixões e
dos sentimentos. A emoção é a forma de expressão da afetividade que se
36
constitui em reações instantâneas e efêmeras que se diferenciam em alegria,
tristeza, cólera e medo.
Se os fenômenos afetivos são de natureza individual, isso não os torna
independentes do meio sociocultural, das interações entre os sujeitos nas
experiências vividas. Entende-se por sentimento uma reação manifestada ante
uma situação. Por exemplo,: sentia ternura, começou a sentir ódio, estava com
um sentimento de, em que a palavra sentimento define uma reação que ocorre
na vivência do indivíduo. Por sentimento entendemos uma atitude emocional
estável, um estado psíquico que se manifesta por uma tendência ante um
círculo de fenômenos da realidade (rejeição, atração ou
orientação).(Barreto,2006)
Sem dúvida, a afetividade está vinculada ao conhecimento, orientação
educacional e atuação do ser humano, no complexo meio social, o que leva
retomados pesquisadores a tratar do assunto de forma particularizada, para se
compreender a importância do trabalho afetivo na EJA.
3.2. A Afetividade em Wallon
Henry Wallon, estudioso francês, consagrou parte da sua vida ao estudo
das emoções e da afetividade. Para ele, a afetividade é fundamental na
constituição do sujeito, entendida como instrumento de sobrevivência humana,
como a primeira manifestação do psiquismo, além de embalar o
desenvolvimento cognitivo com o meio social, mediante os quais se
desenvolverá o intelecto, estabelecidos pela consciência
afetiva.(BARRETO,2006)
37
Meios de ação sobre as coisas circundantes, razão porque a satisfação
das suas necessidades e desejos tem de ser realizada por intermédio das
pessoas adultas que a rodeiam. Por isso, os primeiros sistemas de reação que
se organizam sob a influência do ambiente, as emoções, tendem a realizar,
por meio de manifestações consoantes e contagiosas, uma fusão de
sensibilidade entre o indivíduo e o seu entourage. (Wallon, 1971, p.262, apud
Corso,2009)
O autor entende que a afetividade é um campo funcional e seu
desenvolvimento depende circunstancialmente de fatores orgânicos e sociais;
e defende que a primeira relação do ser humano ao nascer é com o ambiente
social, ou seja, com as pessoas ao seu redor, especialmente sua famíla. Com
isso, a afetividade passa a ser pela ação do meio social. A este respeito diz
HENRY WALLON (1974, p.288, apud Dantas, 1992),
Ao estudar as emoções, Henry Wallon distingue o significado entre
emoções e afetividade.Na visão de WALLON (1968, apud Dantas, 1992), “as
emoções são manifestações de estados subjetivos, mas com componentes
orgânicos”.Conforme Wallon, a emoção é um fenômeno afetivo imediato,
presente em muitas das situações de vida, têm pouca duração no tempo, se
diferenciado de estados afetivos duradouros. É a afetividade externada
através da demonstração motora, através das atitudes expressas. Em uma de
suas exemplificações, ele elucida que contrações musculares ou viscerais, por
exemplo, são sentidas e comunicadas através do choro, significando fome ou
desconforto em que se encontra o bebe, ou seja, toda alteração emocional
provoca alteração de tônus muscular:. (DANTAS, 1992, p.87).
O autor adverte que é de suma importância observar os gestos, a
mímica, o olhar, a expressão facial, pois são constitutivos da atividade
emocional. Entretanto no que diz respeito à afetividade, sua concepção é mais
38
vasta, envolvendo uma gama maior de manifestações, onde se juntam
sentimentos de origem psicológica e emoções de raiz biológicas. Assim, seria
ela uma soma de fenômenos psíquicos que se despontam sob a forma de
emoção, sentimentos e paixões acompanhados de dor ou prazer, satisfação ou
insatisfação, marcados por estados afetivos duradouros.
Wallon defende que a afetividade e a inteligência são campos
indissociáveis, pois segundo ele a inteligência nasce das emoções, isto é a
inteligência se constrói em cada individuo graças aos primeiros momentos de
fusão emocional que há na gênese da vida humana, e que o recém-nascido
tem acesso a linguagem própria do seu meio. Esse primeiro acesso é
completamente emocional, pois o que importa nesse momento é a tonalidade
afetiva da linguagem. (Apud Dantas, 1992)
WALLON (1999, p.51, apud Fernandes,2004B) destaca que:a
afetividade e a inteligência constituem um par inseparável na evolução
psíquica, pois ambas têm funções bem definidas e, quando integradas,
permitem à criança atingir níveis de evolução cada vez mais elevados e que
para o ser humano, a afetividade tem um papel fundamental em todo o
decorrer da vida. Com isso, Wallon enfatiza considerar a criança como um ser
integral, onde dissociar a cognição e a afetividade poderá afetar todo o seu
desenvolvimento e o campo da aprendizagem. Portanto, segundo as
concepções de Piaget, Vygotsky e Henry Wallon o aspecto afetivo e cognitivo
são campos indissociáveis e necessitam ser trabalhados no sujeito de maneira
coexistente.
3.2. Paulo Freire como Referência na EJA
É evidente que a função afetiva é indissociável para o desenvolvimento
do ser humano, pois, de consonância com Piaget, Vygotsky, Wallon e Paulo
39
Freire, Wallon, e para essa dimensão cognitiva ser trabalhada, o aspecto
afetivo necessita ser considerados. Pestes autores, não existem
comportamentos puramente cognitivos, sem elementos afetivos; o sujeito deve
ser compreendido na sua integralidade, não apenas como aluno mas como
cidadão que transporta para a sala de aula o seu contexto social. Nesse
contexto a afetividade dever ser desenvolvida, trabalhada e valorizada na
escola pelo exercício da reflexão, o reconhecimento da autoestima, a inclusão,
o respeito ao outro, de maneira significativa na EJA. Portanto,
a aprendizagem é uma construção que depende do
afetividade.(VYGOTSKY,1994)
Verifica-se, assim, que a afetividade tem grande destaque na EJA para
se desenvolver as habilidades e competências dos indivíduos, e as
competências confirmadas, o sujeito se sente mais valorizado, respeitado e o
cognitivo e o afetivo juntos promovem o desenvolvimento integral do ser
humano. Por isso, tanto o aluno quanto o orientador educacional tem um papel
importante no processo de construção do conhecimento, para compartilhar
experiências, expressar o respeito mútuo, o companheirismo mediante trocas
afetivas, promovendo a socialização.
O orientador educacional necessita refletir que, além de desenvolver
habilidades cognitivas é preciso que os alunos sintam-se em condições de
aprender, é necessário idealizar o aluno como um ser capaz. Muitos alunos da
EJA têm origens em desfavorecimento social e suas experiências familiares e
sociais divergem das expectativas, conhecimentos e aptidões que muitos
docentes possuem com relação a estes estudantes, a fim de se produzir uma
atuação pedagógica capaz de produzir soluções eficazes.(BARRETO,2006)
Assim, a afetividade está em evidência no papel do orientador
educacional, pois somente conhecendo a realidade dos alunos promoverá à
40
motivação para a aprendizagem, despertando entusiasmo para buscarem
conhecimento. Na escola o aluno não pode ser visto como espectador do
aprendizado, é necessário uma mediação, interação e o aluno deve ser parte
ativa nas trocas e experiências ao longo de sua história. Sobre essa interação,
PAULO FREIRE (1997, pg. 141) diz que: Ensinar exige querer bem aos
educandos. Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que,
porque professor me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual.
Significa esta abertura ao querer bem a maneira que tenho de autenticamente
selar o meu compromisso com os educandos, numa prática específica do ser
humano. A afetividade acha excluída da cognoscibilidade.Educar transcende a
mera apreensão ímpar com desenvolvimento cognitivo, está associado a
correlações de afeto e o afeto trás alegria e alegria contagia o processo de
ensino aprendizagem.
PAULO FREIRE (1997, pg. 142) descreve: A atividade docente de que a
discente não se separa é uma experiência alegre por natureza. [...] A alegria
não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo de
busca. Ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e
da alegria. [...] Amorosamente, acrescento.
3.3. A Relação com os Alunos
A escola é um espaço de vivências, convivência, interações e de
relações pedagógicas, constituito pela diversidade de ideias, valores e crenças
e é uma instituição essencial na formação dos indivíduos de uma sociedade.
Sua função transcende o papel de contribuir para o desenvolvimento
congnitivo, pois sua interceção é primordial para a formação da personalidade.
Todo trabalho envolve investimento afetivo por parte do trabalhador.. A
relação afetiva é obrigatória para o exercício do trabalho para que seja efetivo,,
que atinja seus objetivos.
41
Na EJA, o vínculo é indispensável e o aluno sente-se mais forte, não se
sente sozinho e este pode ser um grande estímulo para sua permanência na
escola. É papel de o educador estimular esse vínculo, para que tenham um
sentimento de pertencer à turma como parte integrante e importante desta. As
atividades de energia afetiva são relacionadas ao cuidado.. Para que o
professor desempenhe seu trabalho de forma a atingir seus objetivos, o
estabelecimento do vínculo afetivo é praticamente obrigatório.(GUHUR,2007)
O educador necessita refletir e perceber que a prática educativa pode
ser vivida com afetividade e alegria sem negar a ética científica, indispensáveis
à prática pedagógica. A afetividade no processo educativo forma o
relacionamento entre aluno e aluno e orientador e aluno. Segundo FREIRE
(1997, p.29), “não existe educação sem amor. Ama-se na medida em que se
busca comunicação, integração a partir da comunicação com os demais”.
É de suma importancia que o orientador interaja com os alunos,
mediando a construção do conhecimento.. A relação orientador e aluno ocupa
o centro do processo educativo, e uma porcentagem referente à evasão
escolar se deve a fatores intraescolares e é aqui que se encaixa a contribuição
do orientador.A mediação do orientador nesse processo é impressindível, e se
encaixa perfeitamente na teoria de Vygotky sobre a zona de desenvolvimento
proximal, isto é, na distância entre o nível de conhecimento real e aquele que
os alunos poderão construir com a ajuda de um mediador, em que um
orientador educacional afetivo obterá maior êxito.(GUHUR, 2007)
Paulo Freire é referência na área educacional em todo o mundo e
devido a essa imensa contribuição á educação, e de modo especial à
alfabetização de Jovens e Adultos, conhecido como cidadão do mundo. As
suas maiores contribuições foram no campo da educação popular, com um
olhar totalmente voltado para a alfabetização e a conscientização política de
42
jovens e adultos operários. A Pedagogia de Paulo Freire, baseada no afeto, na
ética e principalmente no respeito ao outro, inspirou os principais programas de
alfabetização e educação popular na década de 60.(FREIRE,2005)
Segundo PAULO FREIRE (1997, pg. 9): uma cultura tecida com a trama
da dominação, por mais generosos que sejam os propósitos de seus
educadores, é barreira cerrada ás possibilidades educacionais dos que se
situam nas subculturas dos proletários e marginais. Ao contrário, uma nova
pedagogia enraizada na vida dessas subculturas, a partir delas e com elas,
será um contínuo retomar reflexivo de seus próprios caminhos de libertação;
não será simples reflexo, se não reflexiva criação e recriação, um ir adiante
nesses caminhos: método, prática de liberdade, que, por ser tal, está
intrinsecamente incapacitado para o exercício da dominação. A pedagogia do
oprimido é, pois, libertadora de ambos, do oprimido e do opressor. Precursor
de um método de educação em que a alfabetização como é processo de
conscientização, considerava o ato de educar um ato político no qual por meio
do ensino e da aprendizagem havia um compromisso assumido com o outro,
para que cada indivíduo possa ser o sujeito da sua história. A alfabetização
seria a principal arma do sujeito, capacitando o oprimido e o opressor para a
aquisição de leitura e escrita e para sua libertação. Essa aprendizagem seria
libertadora, integradora, crítica e ideológica.
Com total aversão ao modelo de “educação bancária”, Paulo Freire
alega que a relação em sala de aula deve estar em um mesmo patamar de
igualdade, onde saberes aprendem e crescem juntos e o pensar do aluno não
pode ser inibido..A afetividade fortalece o processo rompendo a relação de
dominação de saberes e diminui a distância entre o discurso e a prática,
Verifica-se que a questão do cuidado, da ética, do respeito, do interesse,
empatia, promoção, amizade, vínculo, etc., ou seja, tudo o que promove no
processo educativo, o potencial humano.confirma-se com a afetividade
relacionada ao ato de aprender.(FREIRE,2005)
43
3.4.O Entrelaçamento da Afetividade e da EJA
. Cunha (2005), investigou como os componentes afetivos interferem na
formação, na prática pedagógica e na formação continuada de professores que
ministram aula na EJA. Guhur (2007) investigou as emoções no discurso de
jovens e adultos com deficiência mental participantes de um programa de
atendimento pedagógico alternativo. A Teoria das Representações Sociais faz
valer que a relação entre indivíduo e sociedade é determinante para o
indivíduo é o influenciado, e até certo ponto moldado pela sociedade.. É nessa
via de mão dupla, onde a presença e passagem do indivíduo pela e na
sociedade, e da sociedade pelo e no indivíduo, que se registram as cenas do
cotidiano de um e de outro: são essas cenas que constituem o locus da Teoria
das Representações Sociais.
Segundo Sá (1995, p. 32), as representações sociais são modalidades
de pensamento prático orientadas para a comunicação, a compreensão e o
domínio do ambiente social, material e ideal. Enquanto tais, elas apresentam
características específicas no plano da organização dos conteúdos, das
operações mentais e lógicas. A marcação social dos conteúdos ou dos
processos de representação refere-se às condições e aos contextos nos quais
emergem as representações, às comunicações pelas quais circulam, às
funções que elas servem na interação com o mundo e com os outros.
Cunha (2005) pesquisou as representações sociais sobre o adulto
analfabeto. Concluiu, como elementos centrais, que é aquele que por
ignorância apresenta incapacidades e não consegue fazer uma leitura do
mundo e como elementos periféricos identificou a exclusão, falta de
oportunidade e de iniciativa, em contrapartida na visão dos professores são
possuidores de bagagem e experiência, apontando uma ancoragem em
44
concepções de mundo e educação, em sua maioria, divergentes daquelas em
que se fundamenta a formação dos educadores.
Nas reflexões e operacionalizações da EJA, o processo ensino
aprendizagem dos jovens e adultos constata a necessidade de novos estudos
que investiguem o conhecimento dos alunos sobre as dimensões intelectuais e
emocionais, identificar e analisar as representações sociais, relações entre
afetividade, cognição e contribuir para a produção de conhecimentos e,
principalmente, para mudanças qualitativas para essa modalidade de ensino.
Compete à Educação do século XXI transformações em suas teorias e
em suas práticas, novos critérios e objetivos, em uma perspectiva mais
humanista. A EJA uma modalidade de ensino inclusiva, que aponta para seus
alunos oportunidades de realizarem mais tarde seus aprendizados em tempo
menor do que no ensino regular. Nela estão alunos de distintas faixas etárias,
acima dos 15 anos de idade e seu contexto é caracterizado por distintas
vivências e realidades sociais. É um espaço educativo diferenciado pelas
particularidades dos seus alunos, pois, são homens e mulheres, trabalhadores
(as) empregados (as) e desempregados (as), ou em busca do primeiro
emprego filhos, pais e mães, moradores urbanos de periferias, favelas e
vilas. São sujeitos sociais e culturais, marginalizados nas esferas
sócioeconômicas e educacionais. Privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais. Após uma longa rotina de trabalho, vão para a escola,
porém, a persistência em aprender sobressai ao desânmimo e sono, no
entanto, a evasão dos alunos da EJA é habitual. ( SALTINI,2005)
CONCLUSÃO
45
Por meio do referencial teórico apresentado pode-se expressar para as
representações sociais sobre a afetividade e suas influências no processo de
ensino aprendizagem. Desta forma,: o campo de pesquisa permite ao
orientador educacional adequar-se às necessidades afetivas dos alunos nos
diferentes estágios do desenvolvimento, promovendo mudanças de
pensamentos, práticas pedagógicas e sociais. Esse processo de conhecimento
se torna imprescindível quando os alunos são jovens e adultos e tem um
histórico mais complexo de experiências sociais e afetivas.
Na teoria e na prática, as interações entre os docentes e os alunos não
se limitam aos aspectos cognitivos, são saturadas de afetividade e esta orienta
o processo. Cabe ao educador compreender sua contribuição para o sucesso
escolar. As práticas pedagógicas na EJA precisam revelar atos educativos e
intenções de aprendizagens para uma diversidade de conceitos e também é
preciso implementar metodologias educacionais que contribuam para a
socialização.
Evidencia-se que os jovens e adultos frequentadores da EJA vivenciam
a exclusão da escola em alguma ocasião de sua vida. Na chegada a sala de
aula, fica o constrangimento pela baixa escolaridade e é nesse momento que o
orientador será a alavanca para a permanência desse aluno na sala de aula.
O diálogo estabelecido é fator importante no processo de aprendizagem, visto
que forma elos afetivos que despertam a autoestima, o interesse e a
motivação. É preciso ter sensibilidade para ouvi-los, dialogar com eles e apoiá-
los para que busquem superar as suas dificuldades.
Portanto, em busca de dias melhores para a aprendizagem, Pedagogos,
diretores e professores necessitam propor a afetividade como uma ferramenta
de trabalho no cotidiano escolar e indubitavelmente, na EJA.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
AGRADECIMENTO
DEDICATÓRIA
RESUMO
2
3
4
5
6
8
9
11
52
METODOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
1.1 – A Visão da Orientação Educacional
1.2 – A Evolução da Orientação educacional
1.3 – O Papel da orientação Educacional Hoje
CAPÍTULO II
2.1 – O Conceito de EJA
2.2 – As Funções da EJA
2.3 – Histórico da evolução da EJA no Brasil
2.4 – As estatísticas da evasão escolar na EJA
2.5 – As dificuldades de ensino e aprendizagem na EJA
CAPÍTULO III
3.1 – A afetividade
3.2 – A afetividade em Wallon
3.3 – Paulo Freire como Referência na EJA
3.4 – A relação com os alunos
3.5 – O entrelaçamento da afetividade e da EJA
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
WEBGRAFIA
ÍNDICE