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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
CARACTERÍSTICAS ADMINISTRATIVAS DAS ESCOLAS
PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Por Randolph Byron
Orientador
Prof. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
CARACTERÍSTICAS ADMINISTRATIVAS DAS ESCOLAS
PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Administração e Supervisão Escolar
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e à minha família pelo
apoio durante a realização desse curso.
4
DEDICATÓRIA
Dedico aos colegas de profissão.
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EPÍGRAFE
“Com leis ruins e funcionários bons, ainda é possível governar. Mas
com funcionários ruins, as melhores leis não servem para nada.”
Otto Von Bismarck
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RESUMO
A administração/gestão escolar deve traduzir os ideais da sociedade. Os
princípios jurídico-administrativos estabelecidos com a promulgação da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, 9.394/96 são obscuros ao corpo docente. As
considerações realizadas no presente trabalho transitam pela organização do
Estado brasileiro, em seu sentido amplo, até o funcionamento de uma unidade
escolar.
O presente estudo é resultado de uma pesquisa bibliográfica, organizada
em dois capítulos. O primeiro capítulo pretende esclarecer a essência, ou seja, as
características jurídicas e contábeis das escolas público-municipais do Rio de
Janeiro, através dos conceitos epistemológicos, pedagógicos e legais que
norteiam a administração escolar. O segundo capítulo, por sua vez, enfoca a
organização administrativa das escolas público-municipais do Rio de Janeiro
através da sua estrutura de funcionamento. Por fim, conclui-se que para alcançar
uma gestão escolar bem-sucedida, faz-se necessário dominar o conhecimento
conceitual e procedimental sobre a Administração Pública para aqueles que
pretendem administrar/gerenciar uma unidade escolar. Para isso, é fundamental
que o poder público possibilite a formação continuada e adequada aos
Profissionais da Educação sob sua jurisdição, assim como que haja interesse
destes, para que a sociedade identifique seus princípios nas escolas públicas do
município do Rio de Janeiro.
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METODOLOGIA
O presente estudo foi elaborado através de pesquisa bibliográfica.
Os métodos que levam a essa pesquisa foram analisados através de livros,
artigos, apostilas, revistas, cursos on line e das aulas da pós-graduação.
Administrar/gerenciar uma unidade escolar hoje em dia é adquirir
uma das maiores responsabilidades quanto à eficiência e eficácia da política
educacional. Para desenvolver uma administração profissional, o gestor deve
compreender a forma de organização institucional das escolas públicas. O
conhecimento, ou a falta deste, sobre o funcionamento administrativo das
unidades escolares, pode exercer uma influência positiva ou negativa sobre todos
os setores da escola. Sendo assim, torna-se imprescindível conhecer a
organização administrativa das escolas públicas, através de todo o contexto
político.
Através da pesquisa, análise bibliográfica e questionário, referentes
às características administrativas das escolas públicas, foi possível observar a
complexidade do Estado brasileiro e onde situam-se as Unidades Escolares
dentro do sistema político-educacional.
Essa pesquisa foi elaborada com o objetivo de subsidiar aos
administradores/gestores escolar para alcançarem o sucesso profissional no
exercício dessa função, e também, o de despertar no leitor a busca pela mudança
em seu papel na escola.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Características jurídicas e contábeis das escolas públicas 10
CAPÍTULO II - Estrutura Organizacional das escolas públicas 20
CONCLUSÃO 27
BIBLIOGRAFIAS 33
ANEXOS 36
ÍNDICE 39
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INTRODUÇÃO
No Estado Democrático de Direito, a Administração Pública é uma
atividade exercida pelo conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que
procuram satisfazer as necessidades da sociedade, tais como Educação, Cultura,
Segurança, Saúde, etc., mediante o uso dos poderes instrumentalmente
necessários conferidos pela ordem jurídica. (Bandeira de Mello, 2012).
Assumir a gestão escolar é adquirir uma das maiores responsabilidades
quanto à realização eficaz da política do sistema educacional. Para desenvolver
uma administração profissional, o Gestor deve compreender a forma de
organização institucional das escolas públicas. O conhecimento, ou a falta deste,
sobre o funcionamento administrativo das unidades escolares, pode exercer uma
influência positiva ou negativa sobre todos os setores da escola. Sendo assim,
torna-se imprescindível conhecer a organização administrativa das escolas
públicas, através das características jurídicas, contábeis e da estrutura
organizacional. Dessa forma, o presente trabalho de pesquisa pretende investigar
sobre as características administrativas das escolas públicas por entender que
tais conhecimentos são fundamentais para uma administração escolar bem-
sucedida.
10
CAPÍTULO I
CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS E CONTÁBEIS DAS
ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO
Deus é maior que todos os obstáculos!
Uma das mais importantes instituições sociais que existe é a Escola. Além
da transmissão genética, a sociedade humana tem como obrigação, a
transmissão cultural, ou seja, o repasse dos elementos básicos para a vida em
sociedade, como as relações de poder, a organização social, as formas de
produção e qualificação social, as características éticas e morais, a sobrevivência
material, entre outras coisas.
“A Escola seria uma original criação da sociedade ocidental que, em seus moldes estruturais, nasceu na Antiguidade Clássica, perpassou a Idade Média e tomou novas feições institucionais e organizacionais na sociedade burguesa Moderna” (Revista HISTEDBR, 2006, p.38).
Já, no que se refere à historicidade da Escola, Gadotti (2005, p.22) afirma
que:
“Os egípcios foram os primeiros a tomar consciência da importância da arte de ensinar [...] Criaram casas de instrução onde ensinavam a leitura, a escrita, a história dos cultos, a astronomia, a música e a medicina. A escola, como instituição formal, surgiu como resposta à divisão social do trabalho e ao nascimento do Estado, da família e da propriedade privada”.
Nem com a chegada da República em 1889 o papel da escola foi alterado. A
Escola republicana iniciada pela educação positivista do século XVIII pretendia
ser uma escola disciplinadora de massas, com autoritarismo militar, voltada para
hierarquia, obediência, vigilância e punição como formas pedagógicas, tornando-
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se uma nuance ideológica e cultural da nossa primeira escola. Posteriormente, na
Era Vargas, a Escola tinha por finalidade transformar a sociedade agrária, até
então matriz exportadora que prevalecera durante séculos, em uma sociedade
moderna, industrial e urbana. Foi uma Escola centrada no modelo cultural
europeu que qualificava e selecionava através da disciplina, dos exames, das
provas, sabatinas, calendário cívico-patriótico, entre outras coisas. Mais
recentemente, encontramos uma Escola mais semelhante ao modelo norte-
americano, tornando-se a partir do êxodo rural, uma Escola com políticas
assistencialistas, alterando o papel histórico-institucional da Escola no Brasil,
como por exemplo, o “pacto da mediocridade, tão conhecido nos anos 1980, pelo
qual o aluno finge que aprende, o professor finge que ensina, e o Estado finge
que remunera” (Revista HISTEDBR, p.12, 2006).
É fato que a Escola sofreu diversas transformações no decorrer do tempo.
Para o Ministério da Educação (Educação Inclusiva, 2004), a Escola é o local
onde todos os cidadãos devem obter acesso ao conhecimento e ao
desenvolvimento de competências, de maneira que possibilite a apreensão do
conhecimento historicamente produzido pela humanidade e da sua efetiva
utilização no exercício da cidadania. Já, Michael Young (2007, p.1288), considera
que, sem as escolas “cada geração teria que começar do zero ou, como as
sociedades que existiram antes das escolas, permanecer praticamente
inalteradas durante séculos”. Para Libâneo & Vorraber (2003; entrevista):
“Falar do papel da escola hoje implica reconhecer as transformações gerais da sociedade ligadas aos avanços tecnológicos e científicos, à reestruturação produtiva, às mudanças no processo de trabalho, à intensificação dos meios de comunicação, à requalificação profissional”.
Por razões diferentes, o papel das escolas tem sido negligenciado por todos
os setores da sociedade. Para que possamos entender o papel da Escola pública
nos dias de hoje, é extremamente importante o cumprimento pelos agentes
públicos, dos princípios jurídico-administrativos como transparência, publicidade,
legalidade, dentre outros, para a devida efetivação prática de seus atos
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administrativos (Constituição Federal de 1988, Art.37). Para atingirmos tal
pretensão, devemos inicialmente compreender com clareza a essência legal da
instituição que vislumbramos administrar.
“A natureza jurídica é a afinidade que um instituto tem em diversos pontos com uma grande categoria jurídica, podendo nela ser instituído o título de classificação. Portanto, determinar a natureza jurídica, de um instituto consiste em determinar sua essência para a classificação dentro do universo de figuras existentes no Direito. Seria como uma forma de localizar tal instituto topograficamente. É como se um instituto quisesse saber a qual gênero ele pertence. É a subespécie procurando a espécie; é a espécie procurando o gênero,” (Maria Helena Diniz apud Cristiane Santos, yahoo.com).
A natureza jurídica é uma classificação que discrimina o tipo de organização
contábil com o sistema de fiscalização econômica de um estado e influencia o tipo
de pessoa jurídica. As pessoas jurídicas podem ser de direito público ou privado.
Estas podem apresentar-se como: associações, sociedades, fundações,
organizações religiosas, partidos políticos e empresas individuais de
responsabilidade limitada. Enquanto aquelas podem ser de direito interno ou
externo. As pessoas jurídicas de direito público interno são: a União, os Estados,
o Distrito Federal, os Municípios, as Autarquias e as demais entidades de caráter
público criado por lei (Código Civil, Lei 10.406/02). Ainda, conforme o art. 43 da
mesma Lei:
“As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”.
As pessoas jurídicas de direito público interno executam suas atividades
através de seus agentes públicos, que, por sua vez, é a mais ampla expressão
que se pode conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos que
servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua vontade ou ação
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(Celso Antônio Bandeira de Mello, 2013). Para isso, utilizam-se de estruturas
físicas denominadas bens públicos de domínio nacional. Conforme o art. 99 do
Código Civil, esses bens públicos são:
- os bens de uso comum do povo: rios, mares, ruas, etc.;
- os bens de uso especial: edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento de qualquer esfera governamental;
- os dominicais: que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público.
No caso da escola pública, ela é um bem de uso especial. A escola pública é
um patrimônio constituído por bens, direitos e obrigações vinculados a uma
personalidade jurídica de direito público. O patrimônio público é o objeto da
Contabilidade aplicada ao setor público, bem como situações não compreendidas
no patrimônio, mas que possam vir a afetá-lo, tais como o registro, controle e
evidenciação do orçamento público e dos atos administrativos.
A Contabilidade originou-se da necessidade de registros do comércio.
Conforme as operações econômicas tornaram-se complexas, o controle financeiro
se aprimorou. Foi na Itália do século XIII que surgiu a introdução da técnica
contábil nos negócios privados, originando o termo ‘contabilitá’. Atualmente, as
atribuições do Contador não se resumem ao âmbito fiscal, mas percorre um
mercado de economia complexa, informando as empresas para que estas
decidam o melhor para si.
Para se conceituar bem a Contabilidade faz-se mister conhecer os
princípios, técnicas e todos os dispositivos legais pertinentes. O principal
normativo legal é a Lei n. 4.320/64. No primeiro Congresso Brasileiro de
Contabilistas, em 1924, pratica as funções de orientação, de controle e de registro
relativas à administração econômica. Para Osni Moura apud Lucena (2015, p.1),
“A Contabilidade é uma ciência que permite através de suas técnicas, manter um
controle permanente do patrimônio da empresa”.
No presente estudo, temos como objeto a organização administrativa e
como lócus a escola pública. Sendo assim, faremos um esforço para aplicar os
conceitos da Contabilidade na esfera pública. Segundo Glauber (2015, p.1):
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“A Contabilidade Pública é o ramo da ciência contábil que aplica na Administração Pública, as técnicas de registro dos atos e fatos administrativos, apurando resultados e elaborando relatórios periódicos, levando em conta as normas de Direito Financeiro, os princípios gerais de finanças públicas e os princípios da contabilidade”.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) corrobora com o autor acima
quando afirma que a “Contabilidade aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência
contábil que aplica, no processo gerador de informações, os princípios
fundamentais da Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle
patrimonial de entidades do setor público” (Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público). O Ministério da Educação (2009, p.21) afirma que “A
contabilidade dos órgãos públicos tem como principal objetivo a gestão do
patrimônio público com vistas a um resultado social esperado”.
O objeto da Contabilidade, em sentido amplo, é o patrimônio constituído por
bens, direitos e obrigações vinculados a uma pessoa física ou jurídica. Devido à
relevância do orçamento, a contabilidade pública também foca no registro do
orçamento aprovado e, principalmente, na execução orçamentária. E também, as
técnicas de escrituração e evidenciação dos atos administrativos, tais como:
contratos, convênios, avais, fianças, etc., porém, tais técnicas não são suficientes
devido a preceitos constitucionais estabelecidos no art.37, como a legalidade, a
impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência.
Todos os atos e fatos de natureza orçamentária devem ser controlados
através de rubricas contábeis no plano de contas dos entes públicos. Essas
rubricas contábeis compõem um conjunto de contas de informações de natureza
orçamentária, que também é usado na elaboração de um demonstrativo próprio:
balanço orçamentário. Para reconhecimento das variações ocorridas no
patrimônio responsáveis pela determinação da apuração de resultados, há três
regimes contábeis. São eles: o regime de competência, o regime de caixa e o
regime misto (Glauber, 2015). Ainda ele, (2015, p.4):
“O regime de caixa consiste em reconhecer a receita no momento do recebimento de recursos financeiros e a despesa no momento do
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pagamento. O fluxo de caixa é o critério usado para definir o montante de receitas e despesas. Dessa forma, todos os valores recebidos são considerados receita e todos os desembolsos são considerados despesa. O regime de competência orienta que o reconhecimento da receita e da despesa deve ser feito no momento em que ocorrer o fato gerador e independentemente do recebimento ou pagamento”.
No Brasil, o regime misto foi adotado como o regime orçamentário para
reconhecimento das receitas e despesas orçamentárias, ou seja, é ao mesmo
tempo regime de caixa e de competência. O regime misto significa que é adotado
o regime de caixa na contabilização da receita orçamentária e o regime de
competência na contabilização da despesa orçamentária (MEC, 2009).
Ao tratarmos da contabilidade na escola, devemos compreender os
procedimentos contábeis adequados aos recursos oriundos de qualquer das
esferas governamentais. Para que as escolas públicas alcancem seus objetivos, é
necessário planejar suas ações através de meios disponíveis para executá-las.
Há leis que exigem que as ações governamentais façam parte de um
planejamento. Como exemplo, temos o artigo 174 da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988:
“Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”.
Segundo o MEC (2009, p.28) “O planejamento das Finanças Públicas é
elaborado por meio de definição dos objetivos a serem atingidos e a estimativa da
receita para pagamento das despesas fixadas”. Para concretizar o planejamento
orçamentário, a Constituição Federal de 1988 prevê três leis que devem ser
estabelecidas periodicamente:
- O Plano Plurianual (PPA);
- A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDO) e
- A Lei Orçamentária Anual (LOA).
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O PPA é uma lei (10.933/2004) que define o planejamento das ações do
governo por um período de quatro anos, ou seja, estabelece as prioridades em
longo prazo, que serão detalhadas na Lei Orçamentária Anual. O PPA deve ser
enviado pelo Poder Executivo aos Poder Legislativo até 31 de Agosto do primeiro
ano do mandato. Por sua vez, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é a norma
legislativa que trata das metas e das prioridades da administração pública,
orientando a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). O Legislativo pode
fazer as modificações que julgarem necessárias por intermédio das emendas. A
LOA deve ser compatível com a LDO e a PPA aprovado para o período. A LOA
estima a receita e fixa a despesa que a Administração Pública está autorizada
realizar num determinado exercício (MEC, 2009).
O art.212 da Constituição Federal de 1988 define quanto cada ente estatal
destina à educação anualmente, sendo nunca, menos de 18% das receitas
oriundas da União, nem menos de 25% das receitas dos Municípios, Estados e
Distrito Federal. Conforme o art.68 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – 9,394/96 -, os recursos destinados à educação compõem-se de:
I – receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
II – receita de transferências constitucionais e outras transferências;
III – receita do salário-educação e de outras contribuições sociais;
IV – receita de incentivos fiscais;
V – outros recursos previstos em lei.
Em janeiro de 1998, foi implementado o Fundo Nacional de
Desenvolvimento do Ensino Fundamental (FUNDEF), quando passou a vigorar a
nova sistemática de redistribuição dos recursos. A maior inovação do FUNDEF
consiste na mudança da estrutura de financiamento do ensino fundamental
público do país, pela subvinculação de uma parcela dos recursos de educação a
esse nível de ensino, com distribuição de recursos realizada automaticamente, de
acordo com o número de alunos matriculados em cada rede de ensino. As
receitas e despesas deveriam estar previstas no orçamento, e a execução,
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contabilizada de forma específica. (www.portalmec.gov.br/seb/arquivos/fundebef,
04.08.2015, às 20:34)
Em substituição ao FUNDEF surgiu o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB), que vigora desde 1º de Janeiro de 2007 e se estenderá até
2021. Com o novo fundo, também de natureza contábil, a educação básica
atenderá milhões de estudantes de creches, educação infantil e especial, ensino
fundamental e médio, e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Uma parte do
recurso do FUNDEB, cerca de 60%, destina-se ao pagamento dos professores,
enquanto a outra parte, os 40% restantes, é investida na manutenção e
desenvolvimento da educação pública brasileira (MDE) de todas as modalidades,
níveis e etapas de ensino.
Outro Fundo que financia e executa os principais programas voltados para a
educação é o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), temos:
- Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE);
- Sistema Descentralizado de Pagamento (SDP);
- Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE);
- Programa Nacional do Livro Didático (PNLD);
- Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE);
- Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE).
Com o fito de corroborar na construção desta pesquisa, algumas questões
foram levadas diretamente a um representante da Secretaria Municipal de
Educação do Rio de Janeiro (SMERJ), personificado na pessoa do Prof. José
Mauro (Coordenador Regional de Educação do Município do Rio de janeiro - 9ª
CRE/SME), conforme consta no anexo 1. Com base no que fora informado pelo
Coordenador Regional, o PDDE e o SDP são duas das verbas públicas que as
escolas municipais do Rio de Janeiro recebem. Vejamos as características de
cada uma delas.
O PDDE está entre os principais programas financiados e executados pelo
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). É um programa
federal que fora implantado em 1995 pelo MEC e consiste no repasse de recursos
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diretamente às escolas estaduais, do Distrito Federal e escolas municipais do
ensino fundamental, além de escolas de educação especial mantidas por
Organizações Não-Governamentais (ONGs), desde que registradas no Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS), possibilitando maior participação social
da comunidade e melhoria da infraestrutura física e humana das escolas, em
caráter suplementar. Nas escolas com mais de 99 alunos matriculados, para que
o recurso seja repassado direta e automaticamente à conta corrente da escola
beneficiária é necessária formação de unidades executoras, caso contrário, as
escolas recebem a verba via Secretaria de Educação. Unidade executora (UEx) é
uma nomenclatura adotada pelo MEC para referir-se às diversas denominações
encontradas em todo o país, tais como: Caixa Escolar, Associação de Pais e
Professores, Associação de Pais e Mestres, Conselho Escola-Comunidade, entre
outras. O propósito é a participação da comunidade escolar na gestão
administrativa e financeira, reunindo pais, alunos, funcionários e professores, de
modo que esses segmentos sejam representados em sua composição. Já, o
Sistema Descentralizado de Pagamento é um:
“Sistema que permite a descentralização de recursos financeiros aos órgãos da Administração Direta e Indireta, com o objetivo de viabilizar a realização de pequenas despesas, de forma ágil, em virtude de situação que caracterize urgência ou cujo processo normal de aplicação seja inviável ou antieconômico e que possam comprometer as suas atividades” (Art.1º e §1º do Decreto n.20.633/2001; item 2 Resolução CGM n.450/2003).
Os recursos serão depositados nas contas bancárias destinadas a cada
Órgão/Unidade Municipal. O pedido de autorização para utilização do SDP será
feito pelo titular do Órgão/Unidade ao titular da pasta, através de Ofício, no
processo instrutivo de despesa, com indicação completa dos nomes dos gestores,
matrícula, cargo/função e valor. A aplicação dos recursos ocorrerá quando:
- adquirir material de consumo e prestar pequenos serviços necessários à
manutenção e ao funcionamento das atividades específicas de cada
Órgão/Unidade Municipal;
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- exigir despesas imediatas, que envolvam solução de problemas que
possam acarretar prejuízos ao funcionamento dos Órgãos/Unidades Municipais.
É admitida somente a realização de gastos cuja finalidade se enquadra na
natureza de despesa concedida (Resolução CGM n.450/2003).
Enfim, dentre as políticas sociais do Estado Brasileiro, a educação possui
uma vantagem pelo fato da Constituição de 1988 destinar recursos nas três
esferas de governo. Entretanto, a escola não deve manter-se inoperante à espera
do recurso financeiro. É necessário identificar seu enquadramento perante os
fundos, preparar a documentação, acompanhar a liberação da verba e prestar
contas. Há recursos que chegam às escolas em dinheiro, e as escolas devem
prestar contas do destino dado ao valor utilizado. Ou seja, quem gasta o dinheiro,
guarda os documentos que comprovam os gastos e presta conta (MEC, 2009,
p.58).
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CAPÍTULO II
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS ESCOLAS
PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Historicamente, sempre houve controle do processo produtivo. Todavia,
antes do capitalismo ele ocorria de forma particular. Com a chegada do
capitalismo industrial, surgiram novas relações sociais, isto é, os trabalhadores
independentes passaram a reunir-se sob o mesmo teto, surgindo então, a
necessidade de gerência. No século XX, surgiu a primeira sistematização dos
princípios da organização do trabalho, realizada por Taylor, influenciada por
economistas liberais com Adam Smith, James Mill, Newman, Ricardo, Malthus,
entre outros. Já, os primeiros trabalhos de administração educacional surgiram a
partir de ideias dos teóricos fundadores da teoria geral da administração, dentre
eles, Bobbit, Cubberley, Strayer e Reeder. Segundo Dias (Revista Eletrônica de
Administração, 2002, p.10) “Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar
pessoas para atingir de forma eficiente e eficaz os objetivos de uma organização”.
Enquanto Paro (2010, p.3), compreende como a utilização racional de recursos
para a realização de determinados fins.
Com o uso da palavra ‘gestão’ cada vez maior na última década, muitas
pessoas demonstram dificuldade em delimitar as diferenças ou semelhanças com
o termo ‘Administração’. Para o devido entendimento no presente trabalho,
podemos considerar as diferenças contextuais e de aplicação entre os termos ou
recorrer aos dicionários. Ferreira (1997) apud Dias (2002) alega que, assim como
em outros idiomas, na Língua Portuguesa também não há uma definição clara
entre os termos ‘gestão’ e ‘administração’. Porém, o mesmo autor coloca o termo
‘gestão’ como mais apropriado para a ação sobre o bem privado, e o termo
‘administração’, o correto sobre o bem público. Segundo o MEC (2009, p.54) apud
Adrião e Camargo (2001) “Administrar e gerir são coisas diferentes: administrar
refere-se aos processos decisórios (aspectos políticos) e gerir refere-se aos
mecanismos de implantação do decidido (aspectos técnicos)”. No presente
trabalho preferiu-se usar os termos indiscriminadamente.
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No Brasil, surgiram os trabalhos de Carvalho, Lourenço Filho e Lenhard,
introduzindo a linha comportamentalista, que se preocupava com a construção da
‘Teoria de Administração Educacional’. Mais tarde, houve uma mudança de
enfoque devido ao desenvolvimento da teoria dos sistemas. Seus precursores
foram Culbertson, Pfeiffer, José Augusto Dias e Magda Soares (Acacia Zeneida
Kuenzer Zung, 1981, p.2). O estudo da organização escolar remonta dos anos 30,
marcado por uma aproximação com a organização empresarial. Baseando-se nos
estudos sobre administração no Brasil, é possível apresentar três concepções de
gestão (Libâneo, 2001):
1. Técnica-científica, Funcionalista ou Gestão da Qualidade Total:
. Baseia-se na hierarquia de cargos e funções prevendo a racionalização do
trabalho;
. Poder centralizador;
. Sistema de normas, regras, procedimentos burocráticos das atividades;
. Comunicação linear;
. Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas;
2. Autogestionária:
. Baseia-se na responsabilidade coletiva através da participação direta e por igual
dos membros da instituição;
. Ênfase nas inter-relações mais do que nas tarefas;
. Ausência de autoridade e poder;
. Recusa a normas e aos sistemas de controle e a todo poder instituído;
3. Democrática-participativa:
. Busca objetivos comuns assumidos por todos;
. Forma coletiva de decisões, admitindo-se a coordenação e avaliação sistemática
da operacionalização;
. Definição explícita de objetivos sócio-políticos e pedagógicos da escola;
. Exige-se qualificação e competência profissional;
. Busca a objetividade no trato das questões da organização e gestão, mediante
coleta de informações reais;
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. Acompanhamento e avaliação sistemáticos com finalidade pedagógica:
diagnóstico, reorientação das ações e tomada de decisões;
. Todos dirigem e são dirigidos, avaliam e são avaliados;
. Compreende que a organização é uma construção social, a partir da inteligência
subjetiva e cultural das pessoas;
. A construção não é um processo livre e voluntário, mas mediatizado pela
realidade sociocultural e política mais ampla, incluindo a influencia de forças
externas e internas marcadas por interesses de grupos sociais, sempre
contraditórios e, às vezes, conflitos;
. Valora os elementos internos do processo organizacional – o planejamento, a
organização e a gestão, a avaliação, as responsabilidades individuais dos
membros da equipe -, já que precisa atender à escolarização da população.
Diferentemente (Sarturi, 2013), apresenta os modelos de administração
do Estado da seguinte maneira: Patrimonialista, Burocrático e Gerencialista. Em
síntese, a gestão patrimonialista é originária dos regimes absolutistas, onde o
soberano considerava-se dono do Estado, baseada na troca de favores,
clientelista e com a finalidade de garantir vantagens pessoais. Já, a gestão
burocrática, associa-se à normatização, hierarquia, capacitação, especialização e
meritocracia. Possui foco nos meios para chegar aos resultados. E, por último, a
gestão gerencialista possui foco nos resultados e o cidadão passa a ser visto
como cliente que investe no Estado através dos impostos que este recolhe. Além
dos tipos de gestão na Administração Brasileira, há que se considerar as formas
de organização administrativa do Estado, que podem ser feitas de duas formas:
Centralizada/Direta, Descentralizada/Indireta ou Terceiro Setor/Paraestatais. Os
entes federativos, União, Estados, Distrito Federal e os Municípios possuem
autonomia administrativa para escolher como prestarão serviços públicos à
sociedade.
Na administração centralizada, o ente político presta serviços de forma direta
por meio de seus órgãos, ou seja, o ente político não transfere suas atividades
para ninguém, apenas cria uma estrutura interna, isto é, um conjunto de órgãos
que executam diretamente a atividade. A criação de órgãos internos resulta da
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desconcentração, que, por sua vez, é a distribuição interna de atribuições dentro
de uma mesma estrutura.
Durante a ditadura militar, as escolas, em sua maioria, possuíam estruturas
administrativas centralizadas e burocratizadas, características do governo
instalado em 1964. A estrutura burocrática garantia o poder de decisão a uns
poucos técnicos que gozavam da confiança das autoridades à frente das
Secretarias de Educação. O Diretor de Escola atuava como mediador das
relações entre as instâncias superiores da administração do ensino e seus
“subordinados”. Muitas vezes, o Diretor via-se entre a lealdade a seus superiores
hierárquicos e, ao mesmo tempo, a necessidade em apoiar a seus subordinados.
Por isso, o Diretor Escolar sucumbia às ordens superiores, colocando-se mais a
serviço da burocracia do sistema de ensino, em detrimento da identificação com
os interesses da comunidade escolar (Revista HISTEDBR, 1999). Em
contraponto, com o advento da democratização política durante a década de 80, a
Administração Escolar possuía reivindicações relevantes, como a
descentralização administrativa e pedagógica, gestão participativa, eleições
diretas pra dirigentes de instituições de ensino, constituição de comissões
municipais e estaduais de educação autônomas e colegiados escolares, eleitos
pela comunidade, com o objetivo de impedir arbitrariedades perpetradas pela
administração do sistema de ensino, assim como, da escola. Apesar de o
princípio da gestão democrática da educação ser uma importante conquista da
Constituição de 1988, mesmo que seja difícil visualizá-lo no cotidiano escolar por
todo o país, esta postergou para a Lei Complementar a definição do que seria a
gestão democrática. Tal Lei Complementar – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, n.9.394/96 -, também pouco fez, ou seja, manteve o caráter
genérico das medidas, remetendo-as aos sistemas de ensino para sua definição
(Revista HISTEDBR 2006). Vejamos os artigos da atual LDBEN que tratam da
gestão democrática:
Art. 3º - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
(...)
VIII – gestão democrática do ensino público na forma desta Lei e da legislação
dos sistemas de ensino;
(...)
24
Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática
do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e
conforme os seguintes princípios:
I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
II- participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes.
(...)
Na administração descentralizada, o ente político transfere a prestação de
serviços públicos para outra pessoa executar em seu lugar. Nessa situação,
surgem as entidades: Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades
de Economia Mista. A principal diferença entre um Órgão e uma Entidade é a
personalidade jurídica. Os Órgãos não têm capacidade jurídica própria, não têm
patrimônio próprio, nem tem condições de responder pelos atos que praticar
porque tudo que um órgão faz é atribuído à pessoa jurídica a qual ele pertence. A
existência do CNPJ deve-se por determinação da Receita Federal para uma
melhor averiguação das operações feitas pelos Órgãos. Já, as Entidades da
Administração Indireta têm personalidade jurídica própria, ou seja, possui
capacidade de responder pelos seus atos. (Curso de Direito Administrativo,
grancursosonline.com.br, 2015).
Seja numa administração centralizada ou descentralizada, a execução dos
atos e fatos estatais passa pelos agentes públicos, que, na prática, são a
personificação do Estado na prestação de serviços públicos. É primordial que o
gestor crie uma cultura que alinhe as atitudes dos empregados com a missão da
instituição. O caminho para estabelecer processos informais, monitorar atitudes e
outras questões relacionadas à construção de uma cultura institucional, é medir
comportamentos além do desempenho objetivo. Para isso, faz-se necessário a
administração de pessoal, que, em qualquer instituição, só se explica pela
natureza das funções que a geram. Para que possamos entender de forma mais
precisa possível como funciona as relações nas escolas, é fundamental a
compreensão do organograma administrativo.
O organograma é uma espécie de diagrama, ou seja, uma representação
visual da estrutura funcional de determinada instituição. É a distribuição dos
25
setores, unidades funcionais, cargos e a devida comunicação entre eles. Ele
facilita o conhecimento sobre como funcionam a estrutura e as relações da
empresa, possibilitando a identificação de problemas e oportunidades de
melhorias. Um organograma bem estruturado permite aos componentes da
organização saber exatamente quais as suas responsabilidades. Dentre os
modelos de organograma, podemos citar: organograma vertical, organograma
circular ou radial, organograma horizontal, organograma funcional, organograma
matricial (infoescola.com.br, 2015).
Segundo Libâneo (2011, p.3) “Toda instituição escolar necessita de uma
estrutura de organização interna, geralmente prevista no Regimento Escolar ou
em legislação específica estadual ou municipal”. Entende-se ‘estrutura’ como o
sentido de ordenamento e disposição das funções que asseguram o
funcionamento da Escola. Comumente representada graficamente num
organograma.
No anexo 2, podemos entender a organização administrativa da referida
Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ). Já, o
organograma das unidades escolares, deixarei para a Conclusão. Muito pouco se
tem escrito no Brasil e no mundo sobre a técnica de elaboração de organogramas
e as reais vantagens e limitações desse instrumento de administração. Para
muitas empresas um dos primeiros e mais decisivos passos no caminho da
racionalização é exatamente o da implantação de organograma. O organograma
foi criado essencialmente para dar representação gráfica às relações entre cargos
na organização, além de mostrar as relações de subordinação e a
departamentalização orgânica na empresa, ele pode ser apresentado das mais
variadas formas. O organograma tem a propriedade de revelar o caráter formal ou
oficial da organização, o que é especialmente importante para o dirigente ou o
funcionário recém-admitido. Além disso, serve para estabilizar a estrutura da
organização, diminuindo os conflitos. É importante esclarecer que o organograma
mostra apenas as relações formais, isto é, aquelas previstas nos estatutos,
regulamentos, instruções, ordens e outras formas de comunicação oficial sobre as
funções dentro da empresa, não devendo engessar as relações informais (Balcão,
1965).
26
CONCLUSÃO
Primeiramente, ressalta-se que o presente trabalho utilizou-se da dimensão
conceitual para fazer suas exposições. Mediante a pesquisa, a reflexão e o
trabalho realizado, considera-se que a Escola seja uma instituição onde deve
ocorrer o processo ensinoaprendizagem formal. A instituição educacional deve
julgar todo o contexto ao qual o processo ensinoaprendizagem está inserido, sem
descartar a subjetividade e as transformações que ocorrem na construção social
da realidade. Em face de tais transformações, os profissionais imersos na
dinâmica escolar devem atualizar-se constantemente.
As Escolas podem ser particulares ou públicas, segundo a legislação
vigente. A diferença básica entre tais instituições é que, enquanto na particular o
administrador/gestor pode praticar atos desde que não sejam proibidos por lei, na
esfera pública, seus agentes, administradores/gestores, podem praticar atos
somente se a lei permitir. Apesar dessa diferença primordial, ainda presenciamos
administração/gestão escolar baseada no Patrimonialismo. Como não compactuo
com tal prática, principalmente na esfera pública, penso que, a gestão
democrático-participativa está de acordo com os preceitos republicanos, e por
isso, todo agente público deve pautar-se pelos princípios jurídico-administrativos.
Destarte, torna-se imprescindível o conhecimento do mais importante desses
princípios: o da legalidade.
O presente trabalho mostra que as escolas público-municipais do Rio de
Janeiro são unidades administrativas que não possuem personalidade jurídica
própria, submetendo-se às ordens da Secretaria Municipal de Educação
(SME/RJ), que por sua vez, é um Órgão do Poder Executivo do Município. O
Município, sim, é possuidor de personalidade jurídica. Portanto, as unidades
escolares não são empresas, pois possuem CNPJ apenas para cumprimento de
formalidade da receita federal quanto ao recebimento de verbas públicas.
Quanto à contabilidade das escolas públicas, o objetivo é o patrimônio
público e tem como receitas as diversas verbas públicas, exigindo do
administrador/gestor planejamento adequado para galgar a finalidade social
27
desejada. O aprendizado procedimental da contabilidade é de extrema
importância.
Quanto à estrutura organizacional das escolas públicas da Secretaria
Municipal de Educação do Rio de janeiro, constatou-se que há organização
administrativa do sistema municipal como visto no anexo x, e também, das
unidades escolares. Ressalta-se que a hierarquia existente deve ocorrer tão
somente no âmbito administrativo, e de forma alguma, no processo
ensinoaprendizagem, pelo simples motivo de que não há saber mais relevante do
que o outro. Há apenas, saberes diferente. A estrutura organizacional das
unidades escolares público-municipais do Rio de Janeiro possui o seguinte
organograma:
Diretor Principal
Diretor Adjunto
Apoio à direção
Coordenador – Professores – Funcionários
Alunos
- A seta da direita indica a maior hierarquia para a menor hierarquia.
- A seta da esquerda indica que apesar da hierarquia, todos se comunicam,
ou seja, não há formalidade burocrática que os impeçam de comunicar-se.
Com base nas necessidades atuais e, em tudo o que foi dito neste trabalho,
proponho aos futuros administradores/gestores considerar a seguinte formação
administrativa.
Aprendizagem Administrativo Ensino
SABER
28
- Todos se comunicam;
- O saber deve ser o foco principal da vida acadêmica;
- Não há hierarquia entre os saberes;
- A gestão deve ser democrático-participativa;
- Hierarquia ADMINISTRATIVA somente para a compreensão da lógica da
estrutura organizacional.
Após a pesquisa acerca das características administrativas das escolas
públicas do município do Rio de Janeiro, percebe-se a extrema necessidade do
conhecimento sobre a Administração Pública para aqueles que pretendem
administrar/gerenciar uma unidade escolar. Tal conhecimento requer preparação
conceitual e procedimental para que os anseios sociais sejam alcançados e dado
o devido valor aos que incumbem-se deste trabalho.
29
BIBLIOGRAFIAS
1 – BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo.
Malheiros Editores. 30ª edição, revista e atualizada até a Emenda
Constitucional 71, 2013.
2 – BALCÃO, Yolanda Ferreira. Organograma: representação gráfica da estrutura.
Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 1965.
3 – BRASIL, Constituição da República Federativa do. Serie Legislação Brasileira,
Editora Saraiva, 1988.
4 – CÓDIGO CIVIL. Lei 10.406 de 10 de Janeiro de 2002. AMPERJ legislação.
5 – DIAS, Emerson de Paulo. Conceitos de Gestão e Administração: uma revisão
crítica. Revista Eletrônica de Administração – Facef – vol.01 – Edição 01-2002
6 – GADOTTI, Moacyr. História das ideias Pedagógicas. Editora Ática. 8ª edição,
9ª impressão, 2005.
7 – GLAUBER, Francisco. Noções básicas de Contabilidade. Obcursos Editora.
grancursos.com.br. 2015.
8 – LDBEN, 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 11ª edição. Centro de Documentação e Informação. Edições Câmara. Brasília, 2015.
9 - LIBÂNEO, José Carlos. O sistema de organização e gestão da escola In:
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola - teoria e prática. 4ª
ed. Goiânia: Alternativa, 2001.
30
10 – LIBÂNEO, José Carlos e VORRABER, Marisa. A escola com que sonhamos
é aquela que assegura a todos uma formação ética, científica e cultural. In:
Vorraber, Marisa (entrevistas). A escola tem futuro? Rio de Janeiro: DP&A,
2003.
11 – LUCENA, Humberto. Apostila de Contabilidade básica. Editora Ferreira.
Pesquisa realizada dia 2 de Julho de 2015.
12 – MEC, Ministério da Educação. Programa Educação Inclusiva: direito à
diversidade. Brasília, 2004.
13 - __________. Contabilidade na escola. Brasília. 2009.
14 – YOUNG, Michael. Pra que servem as escolas? Campinas, vol.28, n.101,
p.12187-1302, set/dez. 2007, disponível em http://www.unicamp.br
15 – PARO, Vitor Henrique. A educação, a política e a administração: reflexões
sobre a prática do diretor de escola. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.36,
n.3, p.763-778, 2010.
16 – HISTEDBR, Revista on line: Educação, Economia e Sociedade. Campinas,
n. especial, p.124-139, Agosto de 2006.
17 – __________, Revista on line: Educação, Economia e Sociedade. Campinas,
n. especial, p.140-165, Agosto de 2006.
18 - SARTURI, Claudia Adriele. Modelos de Administração do Estado.
www.egov.ufsc.br, 2013.
19 - ZUNG, Acacia Zeneida Kuenzer. A Teoria da Administração Educacional.
Caderno de Pesquisa, São Paulo (48):39-46, fev.84
31
20 – http://pcrjsdp.blogspot.com.br/, pesquisa realizada no dia 23/07/2015 às
14:44h.
21 – https://br.answers.yahoo.com, pesquisa realizada dia 18/06 de 2015, às
21:52h.
22 - www.jus.com.br/forum/natureza-jurídica-de-escola-municipal, consultada no
dia 31/03/2015.
23 – www.portalmec.gov.br/seb/arquivos/fundebef, consulta realizada no dia
03/08/2015.
24 – www.grancursosonline.com.br, consultas realizadas entre os dias 13 a 24 de
Julho de 2015.
25 – www.infoescola.com.br, pesquisa realizada a partir do dia 08/04/2015.
32
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO
Realizado na Nona Coordenadoria Regional de Educação do Município do
Rio de Janeiro (9ª CRE/SME/RJ), da qual faço parte enquanto servidor público-
municipal. Portanto, segue abaixo, as questões levadas por mim ao Coordenador
Prof. José Mauro que, me respondeu de forma esclarecedora. Questionário
realizado no dia 27/03/2015.
1. Qual a natureza jurídica das escolas da Secretaria Municipal de Educação do
Rio de Janeiro?
Resposta: As escolas público-municipais são unidades administrativas
subordinadas à Coordenadoria Regional de Educação (CREs), e
consequentemente à Secretaria Municipal de Educação. As unidades escolares
pertencem ao órgão administrativo-central, a Secretaria Municipal de Educação
(SME/RJ), que, por sua vez, é subordinada à Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro, local onde funciona a sede do executivo municipal. A Prefeitura pertence
ao Município. Este sim é um ente federativo que possui personalidade jurídica de
direito público interno, ou seja, detêm direitos e obrigações.
2. A escola pública-municipal é uma empresa?
Resposta: Não! Cada unidade escolar utiliza o CNPJ do Município do Rio
de Janeiro para o recebimento das verbas públicas. Quem possui CNPJ é o
Conselho Escola-Comunidade (CEC), registrado em cartório. Sendo, o Diretor
Principal, o Presidente deste segmento escolar, que ainda possui como membros,
dois professores, um responsável de aluno, um funcionário e um aluno.
3. Por que o Conselho Escola-Comunidade possui CNPJ se já existe o CNPJ do
Município?
Resposta: Porque a comunidade escolar através de uma gestão
democrática, conforme o inciso VI do art. 206 da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), adquira os recursos necessários para a
33
concretização do seu Projeto Político-Pedagógico, como também, para o devido
funcionamento da unidade escolar no cotidiano.
4. Como participar do Conselho Escola-Comunidade?
Resposta: Conforme as PORTARIAS E/SUBG/CGG Nº14 de 2 de Outubro
de 2014 e a E/SUBG/CGG Nº 13 de 3 de Outubro 2014, e a RESOLUÇÃO SME
Nº 1.305, DE 01 DE OUTUBRO DE 2014, publicada no Diário Oficial (DO) no dia
01 de Outubro de 2014, as Unidades Escolares da Rede Pública do Sistema
Municipal de Ensino da Cidade do Rio de Janeiro elegerão os membros do
Conselho Escola-Comunidade. Para melhor compreensão, veja os ANEXOS x, y
e z.
5. Quais são as verbas públicas destinadas às unidades escolares?
Resposta: o PDDE, que é uma verba federal e o SDP, que é uma verba
municipal.
6. Como é realizada a contabilidade das unidades administrativo-escolares?
Resposta: É feita por uma empresa terceirizada, contratada pelo
Município, pois as unidades escolares apenas prestam contas referentes às
verbas que recebem do Município e da União.
7. Há organograma administrativo-funcional nas escolas público-municipais do
Rio de Janeiro?
Resposta: Sim!
8. Com base no organograma administrativo-funcional, um casal pode atuar na
mesma unidade escolar?
Resposta: Sim! Desde que, um dos cônjuges não seja subordinado
diretamente ao outro. Em outras palavras, caso um dos cônjuges seja Diretor
34
Principal ou Diretor Adjunto, o outro cônjuge não pode atuar enquanto
Coordenador ou Professor na mesma unidade escolar e vice-versa.
9. Com base no organograma administrativo-funcional, quando pode ocorrer a
existência do “apoio à direção”?
Resposta: Quando a unidade escolar possuir mais de 1.000 (hum mil)
alunos ou funcionar no período noturno, poderá contar com um terceiro elemento
na direção.
10. Qual o caminho para tornar-se Diretor escolar?
Resposta: O servidor municipal deve ser Professor regente de turma por
pelo menos cinco anos consecutivos, ser formado em Pedagogia ou Especialista
em Administração escolar.
35
ANEXO 2
36
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
EPÍGRAFE 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
(TÍTULO) 10
CAPÍTULO II
(TÍTULO) 20
CONCLUSÃO 26
ANEXOS 29
BIBLIOGRAFIAS 33
ÍNDICE 36