documento protegido pela lei de direito autoral · algumas dsa fontes principais desta pesquisa...

39
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA RELACIONAMENTO INTERPESSOAL: COMPETÊNCIA PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL Por: Lucille Lopes do Nascimento Orientador Prof. Rodrigo Monteiro Rosa Rio de Janeiro 2012 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: others

Post on 20-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    RELACIONAMENTO INTERPESSOAL: COMPETÊNCIA

    PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL

    Por: Lucille Lopes do Nascimento

    Orientador

    Prof. Rodrigo Monteiro Rosa

    Rio de Janeiro

    2012

    DOCU

    MENT

    O PR

    OTEG

    IDO

    PELA

    LEI D

    E DIR

    EITO

    AUTO

    RAL

  • 2

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    RELACIONAMENTO INTERPESSOAL: COMPETÊNCIA

    PROFISSIONAL E ORGANIZACIONAL

    Apresentação de monografia à AVM Faculdade

    Integrada como requisito parcial para obtenção do

    grau de especialista em Pedagogia Empresarial.

    Por: Lucille Lopes do Nascimento

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    À Deus, o maior Mestre; à minha

    primeira educadora, Luzia; ao meu

    educador-aprendiz Daniel; aos

    Professores Branca Terra, Lindomar da

    Silva, Vinicius Calegari, Adelia Araújo;

    João Luiz e Paulo José; às

    companheiras de todo sábado, de aula,

    de lanche e de samba. Obrigada a

    todos por me ajudar a tornar mais esse

    sonho possível.

  • 4

    DEDICATÓRIA

    Para minha Mãe Luzia, força criadora do

    meu ser, da minha luta e da minha vitória.

    Para Elida, Paula e Flavia, minhas

    companheiras de RH, pelo aprendizado

    do dia a dia e a inestimável oportunidade

    de ser profissional e pessoa melhor.

  • 5

    RESUMO

    Este trabalho trata-se de um estudo empírico-teórico que tem como

    propósito a análise da construção e manutenção dos relacionamentos

    interpessoais como processos capazes de contribuir para o aumento da

    produtividade, tendo como enfoque a evolução do conceito de trabalho, o clima

    e a cultura que promove os relacionamentos entre os trabalhadores.

    Inicialmente os conceitos de trabalho e cultura organizacional foram explorados

    a fim de analisar as transformações e impactos sobre a atividade do trabalho.

    Entende-se que o promover um ambiente saudável de vida no trabalho no

    aspecto de atenção, colaboração e participação, são capazes de contribuir

    significativamente para o aumento da produtividade, levando em consideração

    a atividade e a cultura da empresa, o que beneficia não só trabalhadores como

    toda a organização. Este trabalho se propõe a mostrar como o trabalho

    influencia na vida do homem tanto quanto o indivíduo no funcionamento de

    uma organização. . Pretende-se ainda apontar a questão dos conflitos, como

    incentivar e manter bom ambiente relacional no trabalho influenciam na

    operação de uma empresa, com o intuito de provocar uma reflexão a respeito

    dos temas trabalho, sociedade, relacionamentos e bem-estar do trabalhador.

  • 6

    METODOLOGIA

    Por se tratar de um estudo empírico-teórico, este trabalho contou com

    leitura de diversas publicações sobre o tema e pesquisa bibliográfica aos

    principais autores sobre temas correlatos, que influenciaram a Escola de

    Administração e que influencia a moderna Gestão de Pessoas. Foram

    analisados também como material de pesquisa cases empresariais publicados

    em revistas especializadas em Recursos Humanos, entrevistas e pesquisas

    anteriores publicadas em revistas direcionadas ao público de Psicologia,

    Pedagogia e Recursos Humanos, e em sites especializados em

    Comportamento Organizacional.

    Com base na leitura, foi verificado no ambiente corporativo como se

    desenvolviam as teorias levantadas pelos autores, a fim de analisar a

    construção dos relacionamentos interpessoais em seu ambiente real.

    A observação do ambiente de trabalho atual também foi fundamental

    para a elaboração deste trabalho, que contou fundamentalmente com a

    reunião das experiências vividas em outras organizações. O tema foi levantado

    na organização atual devido a sua importância para as organizações

    modernas, desta forma, julgou-se apropriado que este trabalho falasse a

    respeito.

    O suporte teórico para a pesquisa bibliográfica teve como fontes

    autores de temas que são pertinentes a qualquer estudo do ambiente

    organizacional, como qualidade de vida no trabalho, estresse, cultura e clima

    organizacional, gestão de pessoas e administração de recursos humanos.

    Algumas dsa fontes principais desta pesquisa foram Fleury (2002), Limongi-

    França (2004) e Robbins (2005), cujos estudos das relações humanas nas

    organizações priorizam o comportamento humano enquanto parte fundamental

    da organização, e fontes como Bergamini (2008), Luz (2003) e Maximiano

    (2006) que analisam a eficácia da administração das organizações ligada a

    produtividade dos que a compõem.

  • 7

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO 08

    CAPÍTULO I - A relação do homem com o trabalho 10

    CAPÍTULO II - O fator humano nas organizações 15

    CAPÍTULO III - Clima e cultura organizacional 22

    CAPÍTULO IV - Relacionamentos Interpessoais 30

    CONCLUSÃO 34

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35

    BIBLIOGRAFIA CITADA 37

    ÍNDICE 39

    FOLHA DE AVALIAÇÃO 40

  • 8

    INTRODUÇÃO

    Este trabalho trata do tema Relacionamento Interpessoal, com a

    finalidade de verificar a ideia proposta de que o comportamento social, as

    relações e a sociabilização entre os colaboradores sejam capazes de

    influenciar no crescimento da organização, ligado diretamente produtividade de

    seus colaboradores.

    Desta forma, questiona-se, bons Relacionamentos Interpessoais são

    capazes de influenciar no crescimento pessoal e profissional do indivíduo e

    aumento da produtividade da organização?

    Pretende-se demonstrar que trabalhadores que se relacionam com seus

    pares, com chefia e subordinados de maneira saudável num ambiente assim

    propício criado e valorizado na cultura organizacional tendem a ser mais

    comprometidos, integrados e motivados, assim mais empenhados na busca do

    atingimento das metas e cumprimento dos objetivos da organização1.

    Desta forma, cabe analisar como as empresas modernas tratam em sua

    cultura organizacional o clima e o ambiente no que se refere ao bem-estar e

    relacionamento dos colaboradores e qual a contribuição deste processo nesta

    realidade. Cabe também mostrar através de referências utilizadas por outros

    autores que profissionais com boas perspectivas num bom ambiente favorável

    são pessoas saudáveis, motivadas, perceptivas, seguras e, portanto mais

    produtivas.

    Neste estudo analisa-se a experiência de diversos autores sobre o tema,

    além de experiências de empresas de segmentos diversos. No ambiente

    organizacional são levados em consideração fatores estressores, e as

    pressões geradas pela crescente competitividade interna e do mercado, bem

    como pontos relevantes para a disseminação de um bom relacionamento de

    1 Neste estudo, apresenta-se como produtividade, o atingimento das metas com eficiência e eficácia, e gerador de lucro para a organização. De acordo com Limongi-França (2008, p. 44) “a produtividade tem sido definida como o grau de aproveitamento dos meios utilizados para produzir bens e serviços. Em geral, a perspectiva é aproveitar ao máximo os recursos disponíveis para chegar a resultados cada vez mais competitivos”.

  • 9

    acordo com a cultura da empresa. O estudo se restringe ao indicador

    produtividade como resultante deste processo.

    Devido ao aumento da competitividade empresarial gerado pela

    globalização e avanço tecnológico, as organizações estão olhando também

    para dentro de casa, uma vez que as novas políticas de RH tendem a colocar o

    colaborador como peça fundamental para o atingimento destas metas

    externas. A vida das pessoas impacta na organização que, consequentemente,

    impactará na sociedade. A qualidade de produtos e serviços tem sido

    enxergada como dependente também da qualidade de vida no trabalho de que

    quem os produz e os presta. Colaboradores socialmente saudáveis são mais

    motivados e produtivos.

    Para os profissionais, trabalhadores em geral, este assunto é

    importante, pois trata-se de mais teoria a respeito do que realmente deve ser

    valorizado no ambiente de trabalho, de quais condições são importantes para

    que o trabalhador sinta-se efetivamente parte da organização da qual participa.

    Para a comunidade, todo estudo é válido, pois é a partir de pequenos

    estudos que surgem as grandes teorias através das quais questionamentos do

    cotidiano, de pessoas e organizações podem ser entendidas a luz da ciência e

    não apenas do senso comum.

  • 10

    CAPÍTULO I

    A RELAÇÃO DO HOMEM COM O TRABALHO

    A IMPORTÂNCIA

    Desde o início da humanidade até os dias atuais, o conceito de trabalho

    vem sendo alterado: já foi considerado como sinal de inferioridade e

    confundido com escravidão. Etimologicamente, trabalho vem do latim tripalium,

    um instrumento de tortura. Com a evolução da sociedade, o trabalho como

    sinônimo de tortura e sacrifício foi substituído pela ocupação que dignifica a

    pessoa, fonte de realização pessoal e social.

    Para Karl Marx2, em O Capital, o trabalho é atividade essencial para a

    auto-humanização do ser humano, que transforma natureza e realiza o homem

    e pela qual o homem se faz homem. A teoria marxista influenciou as mudanças

    da economia e da sociedade, na visão de trabalho pelas organizações e

    próprios trabalhadores do início de século XX.

    Essa concepção macro a respeito de trabalho, sobre função na vida do

    homem e da sociedade, foi reduzida ao meio do qual se tira o sustento. O

    entendimento de trabalho também pode ser confundido como emprego, ou

    seja, estar ligado a uma organização em atividade remunerada. O próprio ser

    humano não se vincula a tal conceito formulado pela teoria marxista, afinal, os

    tempos são outros e o que outrora fora objeto de estudo, foi confundido com a

    prática da prestação e contraprestação3 de serviço.

    No dicionário, trabalho está definido como:

    tra.ba.lho

    (baixo-lat tripaliu) sm 1 Exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa; ocupação em alguma obra. 2 Atividade remunerada ou assalariada; serviço, emprego. 3 Local onde se

    2 Karl Marx (1818-1883): filósofo, sociólogo e economista alemão. 3 Salário.

  • 11

    exerce tal atividade. Dar-se ao trabalho de: incomodar-se, empenhar-se em (fazer alguma coisa). 4

    Esta visão minimalista tirou do trabalho sua característica

    transformadora, instrumento sociabilizador e de fonte do conhecimento e

    desenvolvimento. Rever esta concepção é também rever o próprio conceito de

    vida humana. O trabalho é parte fundamental da vida; trabalho e vida estão

    ligados, especialmente quando se leva em consideração que é no primeiro que

    se passa boa parte da segunda.

    Passamos cerca de um terço das horas do dia no trabalho. Isso leva a crer que devemos esperar que o trabalho satisfaça muitos tipos de necessidades ― físicas, sociais, egoísticas ― e que, além disso, essas necessidades possam ser satisfeitas de muitas maneiras diferentes ― fora do trabalho, em torno do trabalho e por meio do trabalho. (MINICUCCI, 2009, p. 213).

    Quando a energia do ser humano é direcionada para algo que lhe dê

    prazer e satisfação, que lhe satisfaça necessidades e lhe traga a realização de

    seus desejos, é criada uma ligação entre os valores individuais e os coletivos,

    e é desta ligação que surgem as trocas de conhecimento e o consequente

    desenvolvimento humano. E isso é o que transforma e faz o mundo caminhar.

    O trabalho é uma forma de integração para que aconteçam essas trocas, é

    quando e onde cada um desprende de si o seu melhor e divide com o outro,

    absorvendo um do outro para atingir o objetivo individual e o coletivo ― da

    organização.

    Uma das mais fortes necessidades do homem é sentir-se importante, é sentir que está realizando alguma coisa, que está fazendo algo de valor. [...] O trabalho dá a sensação de pertencer à sociedade, leva a formar amigos, proporciona o sentimento de ter um propósito na vida. (MINICUCCI, 2009, p. 218).

    4 Dicionário Michaelis Escolar – Português, 2008.

  • 12

    O trabalho visto como socialmente importante na vida do homem, foi

    retratado também na letra da música popular brasileira de Gonzaguinha5:

    “Um homem se humilha Se castram seu sonho Seu sonho é sua vida E vida é trabalho E sem o seu trabalho O homem não tem honra E sem a sua honra Se morre, se mata”

    Mundialmente o trabalho teve seu reconhecimento como essencial a

    formação humana, tanto que ganhou legislações específicas que amparam o

    trabalhador. No Brasil existe a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,

    criada pelo Decreto-Lei 5.452 em 1º de maio de 1943. Este se tornou o dia em

    que se comemora no país o Dia do Trabalho.

    Entende-se, portanto, que o trabalho esteja muito além da condição

    financeira: pode-se analisar como um fator de relação social do homem com o

    meio no qual está inserido.

    Na atualidade, a atividade do trabalho se faz de fato necessária para

    auto-humanização do homem e desde cedo é incentivada, com programas que

    inserem, por exemplo, o jovem no mercado de trabalho, em busca não apenas

    de uma fonte de renda, mas principalmente da ocupação que o torne um

    cidadão, ser humano digno e capacitado a perpetuar a transformação da

    sociedade. Portanto, o trabalho tido como algo negativo se perde em meio a

    realidade de que apenas através dele é que o homem seja capaz de dignificar

    sua existência, tendo uma renda que o permita viver essa condição e com a

    liberdade que o permita optar pelo caminho do trabalho para sua evolução.

    “Na nova sociedade, surgida da generalização das máquinas, deverá

    despontar uma jornada de trabalho flexível, uma renda mínima que garanta a

    dignidade humana e o tempo livre voltado para a auto-realização.” (SILVA,

    1999, p. 113).

    O trabalho movimenta a economia, a política e a sociedade. E, porque

    não dizer, a forma como estes aspectos interagem entre si. A globalização que

    5 Trecho de Um homem também chora, do álbum Alô Alô Brasil, 1983.

  • 13

    transformou o mundo e a sociedade capitalista, modificou também os

    conceitos e percepções sobre trabalho.

    De acordo com Limongi-França (2004, p. 22) “a agilidade e a velocidade

    das informações ainda são limitadas pela fronteira de acesso a tecnologia e

    educação digital, mas vive-se a era do conhecimento”.

    É nesta era que a informação se torna o item fundamental de

    qualificação para o trabalho, bem como torna também o trabalhador mais

    atento e preocupado com o que pode ser modificado e o capacita a ser agente

    destas mudanças. E as mudanças não passam apenas pelo campo da

    tecnologia das ferramentas e processos de trabalho enquanto tarefa, mas

    também passam pelo campo do comportamento, das necessidades individuais

    do trabalhador e do mercado consumidor que espera cada vez mais um

    atendimento rápido e com qualidade que atenda ou supere as expectativas. A

    amplitude do mercado globalizado demanda um conhecimento maior do

    trabalhador e mais capacidade organizacional de administrar as relações de

    trabalho, alinhando a missão da organização com o bem-estar dos

    trabalhadores. O ritmo transnacional de trabalho pressupõe atenção a

    qualidade de vida de quem trabalha na execução das tarefas, planejando e

    analisando e, esperando não só a contraprestação financeira, mas também as

    condições de realizar tudo isso em comunhão com a satisfação de desejos

    individuais.

    Segundo Limongi-França (2004, p. 25) “a globalização tem impulsionado

    novas relações de trabalho e tendências que, certamente, estão refletindo na

    segurança, na saúde e nas expectativas do trabalhador”.

    Giddens (1997, p. 578), sintetiza este pensamento ao afirmar que

    “podemos definir o trabalho como a realização de tarefas que envolvem o

    dispêndio de esforço mental e físico, com o objectivo de produzir bens e

    serviços para satisfazer necessidades humanas”, o que, na Era da Informação,

    se faz cada vez mais importante na condição humana, pois é o que mantém

    homem, natureza e sociedade em contínua transformação e o que coloca o

  • 14

    trabalho como condição principal para a construção de uma nova organização

    social.

  • 15

    CAPÍTULO II

    O FATOR HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES

    OS PRIMEIROS ESTUDOS

    Este estudo sobre Relacionamentos Interpessoais no Ambiente de

    Trabalho, para ser melhor entendido, deve começar com a evolução da

    sociedade, com um entendimento sobre o momento em que surgiram as

    principais teorias administrativas relacionadas ao trabalho, quando houve

    estudo sobre o trabalho como tarefa e do homem como trabalhador e

    realizador desta tarefa.

    A consolidação do capitalismo em substituição a economia feudal levou

    ao início da economia capitalista industrial. O sistema de trabalho sofreu

    grande mudança, a economia que era de subsistência, ou seja, para o

    sustento de quem produz, passou a ser de produção industrial para consumo

    de terceiros.

    O processo de modernização da sociedade, a partir do fim da Idade Média, foi lento e gradual. O crescimento do comércio, a introdução de uma economia monetária e o crescimento das cidades a partir do século XIV enfraqueceram a economia feudal, baseada na terra e na baixa mobilidade social. (MOTTA; VASCONCELOS, 2004, p. 22).

    Esta mudança na sociedade e a transformação econômica e suas

    consequências, somente foram possíveis devido ao grande número de

    camponeses que migraram do campo para a cidade para transformar sua força

    em trabalho assalariado. Porém, a realidade não foi tão fácil quanto se

    pensava. O trabalho assalariado estava aquém do esperado com a

    industrialização da sociedade. Cada vez mais mão de obra com menor

    contraprestação e sem nenhuma preocupação com o bem-estar dos

  • 16

    trabalhadores. O crescimento da economia era promissor, mas o envolvimento

    do trabalhador com este processo, não.

    A Revolução Industrial, responsável por esse fabuloso crescimento econômico, teve, no entanto, um custo social. Os camponeses que vieram do campo para a cidade devido ao cercamento dos campos, tinham que vender a sua força de trabalho em troca de salários irrisórios para sobreviver. (MOTTA; VASCONCELOS, 2004, p. 27).

    Toda mudança brusca ou não planejada pode ter fortes consequências,

    e para acompanhar o ritmo acelerado da produção industrial da época, os

    trabalhadores ― sem distinção de sexo ou idade ― trabalhavam mais de 12

    horas por dia, em condições precárias, que contavam ainda com a péssima

    qualidade de vida, como pobreza, doenças e sujeira que invadiam as cidades.

    Era o trabalho que não contribuía para a dignidade humana, pelo contrário,

    tirava o sentido de realização dos homens.

    Com o tempo as revoltas operárias que reagiam contra o sistema de

    trabalho da época surgiram com muita força. As máquinas eram o mais

    importante da produção e os trabalhadores destruíam-nas; as máquinas

    davam o sustento, mas também eram consideradas a causa da péssima

    condição de trabalho. Associações de classe surgiram para cobrar melhorias

    nestas condições precárias e, na medida em que se fortaleciam em suas

    causas, as políticas de gestão da época transformavam-se para assumir uma

    postura melhor em relação ao operariado.

    O salário não era o que bastava para os trabalhadores. Exigiam

    melhores condições de trabalho, que poderia influenciar diretamente na

    produção. Com isto não tardaram a surgir diversas teorias baseados em

    estudos feitos com grupos de trabalho a fim de identificar o que mais seria

    importante para o trabalhador além do salário, a fim de verificar o que de fato

    faria a produção por parte dos trabalhadores aumentar.

  • 17

    Estes estudos e publicações formam as principais teorias das Escolas

    de Administração, tendo como objetivo principal a melhora na relação trabalho

    versus trabalhador.

    2.1. ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CLÁSSICA

    Ainda no final do século XIX os Estados Unidos já eram a principal

    potência econômica e industrial do mundo. Foi nesta época que Frederick

    Winslow Taylor formalizou a teoria da Administração Científica, na qual o foco

    era na estrutura adequada da produção, onde o trabalhador era tido como um

    ser racional que tinha a capacidade de implantar sistemas que, funcionando

    adequadamente, garantiriam o perfeito andamento do trabalho. Esta teoria se

    preocupou fundamentalmente com a organização do trabalho.

    Uma das ideias centrais do Movimento de Administração Científica é a de que o homem é um ser eminentemente racional e que ao tomar uma decisão conhece todos os cursos de ação disponíveis, bem como as consequências de opção por qualquer um deles. Pode assim, escolher sempre a melhor alternativa e maximizar os resultados de sua decisão. (MOTTA; VASCONCELOS, 2004, p. 33, 34).

    Isto posto, a condição humana no processo de trabalho não era

    considerada, muito menos eram observadas as necessidades dos

    trabalhadores no ambiente de trabalho. O homem era uma peça da

    engrenagem. O processo era composto de força de trabalho em troca de

    salário, era a ligação entre indústria e operariado. Não obstante, havia

    necessidade de acompanhamento para que os trabalhadores executassem

    suas tarefas, para que estas fossem aperfeiçoadas.

    Incentivos financeiros adequados, constante vigilância e treinamento eram as ações consideradas suficientes para garantir boa produtividade. [...] Caso houvesse queda de produtividade, o elemento

  • 18

    humano não era considerado. Buscava-se nas estruturas organizacionais as causas dos erros. Caso estas fossem novamente analisadas e aperfeiçoadas, os problemas deveriam ser logicamente sanados. (MOTTA; VASCONCELOS, 2004, p. 33, 34).

    Esta era a posição da Escola Clássica de Administração, que não via no

    trabalhador fundamento para a melhora ou piora na produtividade, este era

    apenas mais uma peça da engrenagem; a máquina era a peça fundamental

    deste processo de trabalho.

    2.2. ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS

    O estudo da força de trabalho ― o homem enquanto trabalhador e,

    portanto, foco principal ― teve início em 1924 com diversos experimentos até

    se consolidar como a Escola das Relações Humanas, na qual se destacou

    entre outros, George Elton Mayo. Em Hawthorne, foram feitos experimentos na

    fábrica da Western Eletric nos Estados Unidos, a fim de testar os métodos da

    abordagem científica. Foi uma tentativa de mudar a orientação clássica das

    organizações e que, portanto, passou a se preocupar com o aspecto humano

    do trabalho, ou seja, o trabalhador.

    Os estudos de Hawthorne levantaram sérias questões sobre o enfoque da eficiência da abordagem da administração científica e dos princípios de administração. Ao fazer isso, estimularam o debate sobre a importância da satisfação humana e do desenvolvimento pessoal no trabalho. (WAGNER III; HOLLENBECK, 2006, p. 15).

    Destes experimentos foi concluído que havia aumento de produtividade

    em locais melhores iluminados, com jornadas de trabalho simplificadas, com

    pausas para descanso, com bom relacionamento do gestor e com incentivos

    financeiros. Houve a preocupação em melhorar o ambiente de trabalho, a fim

    de verificar e aproveitar o comportamento humano, partindo da premissa de

    que pessoas felizes seriam mais produtivas.

  • 19

    Reconhecendo-se o poder das atitudes individuais no trabalho, chega-

    se a valorizar um ambiente de trabalho mais humano, mais apto a

    satisfazer as preocupações profissionais de ordem individual em

    relação ao trabalho, e assim, se associam satisfação e produtividade,

    e se tenta maximizar a primeira para atingir a segunda. (CHANLAT,

    2008, p. 209).

    A partir destes estudos o homem enquanto trabalhador passou a ter

    mais importância na organização, em função de sua satisfação pessoal no

    trabalho que estaria ligada também ao aumento da produtividade.

    Segundo Maximiano (2006, p. 208) “ficou claro que a produtividade e o

    desempenho das organizações dependem também do comportamento das

    pessoas, e não apenas da eficiência dos sistemas técnicos”.

    A sociedade industrial tomou o conceito de emprego para designar

    trabalho, porém, com o reconhecimento do valor humano para as

    organizações, cada vez mais se sente a necessidade de ter no trabalho o

    sentido de auto-realização, seja por meio de desenvolvimento, seja por meio

    de crescimento profissional ou seja por qualidade de vida na realização das

    tarefas.

    O trabalho, neste conceito amplo, é ponto de ligação entre todas as

    atividades humanas, pois é o meio pelo qual o homem consegue transformar,

    unindo sua capacidade de sociabilização a de adquirir conhecimento, matéria

    em produtos e serviços, mudando e construindo a si a sociedade da qual

    participa.

    Sendo assim ambas as Escolas mostraram e consolidaram posições

    importantes na relação de trabalho que pode ser unificado com o pensamento

    de que é fundamental o equilíbrio entre a estrutura formal da organização e as

    relações humanas que efetivamente movimentam esta organização.

  • 20

    Por volta de 1920, a sociedade americana viu nascer estudos a

    respeito do desenvolvimento das ciências humanas no que tange ao

    crescimento das organizações. O homem enquanto força de trabalho, que até

    então era considerado uma peça da engrenagem, passou a ter maior destaque

    com os trabalhos de Elton Mayo e seus colaboradores, que em seu

    desenvolvimento veio a se chamar a Teoria das Relações Humanas.

    2.2.1. Teoria das Relações Humanas

    Foram desenvolvidas pesquisas para verificar o que poderia melhorar a

    produtividade dos trabalhadores. A pesquisa mais famosa de Mayo ficou

    conhecida como Experiência de Hawthorne, na qual um grupo de funcionárias

    de uma fábrica tinham elementos reduzidos ou aumentados a fim de verificar a

    inflência de fatores como iluminação, descanso, lanches, horário, entre outros,

    no rendimento das trabalhadoras.

    Destas experiências um fator variável ficou mais evidente no processo

    produtivo: o humano.

    Surpreendendo todas as expectativas dos pesquisadores foi

    identificada uma nova variável no processo produtivo: o fator humano.

    A lacuna deixada pela Escola Clássica enfocou uma maior

    valorização do corpo social, em que o indivíduo reage de acordo com

    sua interação com o grupo em que está envolvido. A Escola de

    Relações Humanas trouxe uma nova postura de tratamento e

    consideração ao indivíduo, viu que a participação dos funcionários no

    processo de decisão fazia com que a produção crescesse

    progressivamente. (KWASNICKA, 1991).

    Ao identificarem que a “organização informal”, baseada em relações

    de amizade e interações não planejadas, pode existir lado a lado com

    a organização formal, concebida nos “planos” definidos pela

    administração, os estudos causaram um importante abalo à teoria

    clássica da organização. Esses estudos mostraram bem claramente

    que as atividades de trabalho são tanto influenciadas pela natureza

    dos seres humanos como pelo planejamento formal e que os teóricos

    organizacionais devem prestar muita atenção ao elemento humano

    (MORGAN, 1996, p.45).

  • 21

    Esta interação social evidenciou que o homem aprendia e evoluía

    também com a troca com outras pessoas. O conceito desta troca foi analisado

    e chegou ao que hoje é conhecido por Relacionamento Interpessoal.

  • 22

    CAPÍTULO III

    CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL

    AMBIENTE DOS RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS

    Como o trabalho depende da estrutura da organização e do aspecto

    humano dos trabalhadores, para que esta estrutura seja definida e possa ser

    seguida por seus trabalhadores, a organização cria sua identidade e verifica a

    percepção dos trabalhadores sobre esta estrutura para alinhar os objetivos

    individuais e organizacionais.

    3.1. CULTURA ORGANIZACIONAL

    “A cultura organizacional abrange as normas informais de conduta, os

    hábitos, crenças, valores e preconceitos, cerimônias e rituais, símbolos e

    outros comportamentos”. MAXIMIANO (2006, p.218).

    Em uma organização moderna, o trabalho é regido seguindo algumas

    normas de execução de tarefas e de comportamento do grupo. Estas normas

    são definidas pela direção da empresa, que espera assim nortear as ações do

    grupo para atingir o objetivo definido na missão da empresa, que é sua razão

    de existir. São normas que devem dizer claramente para todos os

    colaboradores qual o objetivo maior (missão), de que maneira espera-se

    chegar até ele (visão) e quais os pilares que apoiarão este caminho (valores).

    A este conjunto particular de cada organização, que varia em diversos

    aspectos, chama-se Cultura Organizacional, que é a identidade de uma

    organização.

    A cultura exerce papel fundamental no trabalho, já que é dela a tarefa

    de determinar como se comportará o grupo, assim como os indivíduos

    enquanto trabalhadores desta organização. A cultura organizacional se

    fortalece quando os valores são amplamente divulgados e aceitos pelo maior

  • 23

    número de colaboradores: é isto que determinará as atitudes dos membros da

    organização, em relação ao comprometimento com os objetivos comuns.

    Luz (2003, p. 16), quando afirma que “podemos entender cultura

    organizacional como o conjunto de atributos físicos e psicossociais de uma

    organização que caracteriza o seu modo de ser e determina sua identidade”.

    A cultura também serve para diferenciar uma organização das demais.

    Essa diferença pode ser percebida em como a organização opera no mercado,

    junto a seus clientes e fornecedores e, sobretudo, com seus membros.

    A percepção que cada membro tem da organização serve para definir a

    cultura organizacional. Neste contexto, pode-se concordar com a afirmação de

    que

    A cultura de uma empresa acaba reforçando o comportamento de seus membros, determinando o que deve ser seguido e repudiando o que deve ser evitado. Portanto, além de um significado simbólico, de representações, ela também exerce um sentido político e de controle. (LUZ, 2003, p. 14).

    Uma cultura clara e bem definida reduz o risco de ruídos no processo de

    comunicação, uma vez que todos sabem por quais valores se orientar, o que é

    importante e como deve ser realizado. E sabendo qual o comportamento

    esperado pela organização, o colaborador tem maior comprometimento e um

    comportamento consistente.

    No caso de empresas globais, a cultura tem também de acompanhar a

    cultura do país. Para poder operar em determinado país, com pessoas nativas,

    a empresa precisa incorporar a sua cultura organizacional a cultura local, como

    por exemplo, pausas e feriados religiosos que tradicionalmente fazem parte da

    vida da população. Sendo assim, entende-se com a definição de cultura

    organizacional, que esta também será influenciada pela cultura externa, de

    onde saem seus integrantes e da sociedade da qual participa, bem como com

    a cultura individual de seus fundadores.

  • 24

    3.2. CLIMA ORGANIZACIONAL

    Pode-se definir clima organizacional como sendo as impressões gerais ou percepções dos empregados em relação ao seu ambiente de trabalho; embora nem todos os indivíduos tenham a mesma opinião, pois não têm a mesma percepção, o clima organizacional, isto é, atributos específicos de uma organização, seus valores ou atitudes que afetam a maneira pela qual as pessoas ou grupos se relacionam no ambiente de trabalho. (LUZ apud CHAMPION, 2003, p. 10).

    Assim como outros pontos ligados a percepção humana, o conceito de

    clima organizacional não tem uma definição única. Há, porém, uma corrente

    que defende que o clima é percebido pelo indivíduo e pelo grupo do ambiente

    de trabalho. E pode funcionar também como um indicador acerca da

    percepção da cultura organizacional.

    De acordo com Luz apud Toledo e Milioni (2003, p. 10), “clima

    organizacional é um conceito que se funde com o de cultura organizacional”.

    Desta forma, entende-se que ambos os conceitos estejam

    intrinsecamente ligados em uma organização no que tange a administração de

    recursos humanos e que ambos formam o que se espera, um do outro, na

    relação entre trabalhador e empresa. E especificamente o clima

    organizacional, que reflete o sentimento do trabalhador, está ligado também as

    condições do trabalho. Para Maximiano (2006, p. 218), “o conceito de clima

    organizacional evoluiu para o conceito de Qualidade de Vida no Trabalho”.

    Para acompanhar o mercado, as organizações tem tido cada vez mais

    que alinhar seus objetivos com os objetivos individuais de seus trabalhadores.

    Tornar-se global, adoção de tecnologia de ponta, gerenciamento das

    mudanças sociais, desenvolvimento do capital humano, o próprio mercado e a

    contenção de custos são fatores que estão presentes no dia a dia das

    empresas e as pessoas – principal peça para o atingimento de todas estas

    metas – tem de conhecer e estar envolvidas com o trabalho, o que, com uma

  • 25

    cultura organizacional clara, percebida pelo clima organizacional, pode ser

    sinônimo de bem-estar, felicidade no trabalho e alta produtividade.

    3.3. ESTRESSE OCUPACIONAL

    De acordo com Robbins (2005, p. 439), existem fatores ambientais,

    organizacionais e individuais6 que agem como fontes potenciais de estresse.

    No ambiente de trabalho moderno, o estresse é bastante comum, devido, em

    grande parte, ao aumento crescente da competitividade advinda da

    globalização: superar a concorrência, maximizar lucros, conter custos, importar

    matéria-prima, exportar bens e serviços. “Alguns exemplos são as pressões

    para evitar erros ou cumprir prazos, a excessiva carga de tarefas, um chefe

    exigente e insensível, e colegas desagradáveis.”

    O desgaste emocional a que as pessoas são submetidas no ambiente

    de trabalho pode levar, inclusive, ao surgimento de doenças. A carga

    excessiva de estresse pode levar a somatização7 e, ato contínuo, a perda da

    força de trabalho, tanto para a organização quanto para o trabalhador,

    temporária ou definitivamente. Os sintomas físicos e psicológicos resultantes

    do nível elevado de estresse podem ser cefaléia, alteração no metabolismo,

    cardiopatias e hipertensão.

    Algumas áreas de atuação8 de organizações, bem como determinadas

    funções9 possuem uma carga de estresse natural, seja devido ao risco ou ao

    trabalho desenvolvido. Lidar com essa forte carga emocional sobre os

    trabalhadores é o que garante a Qualidade de Vida no Trabalho para que as

    tarefas sejam executadas de forma a garantir a qualidade do produto ou

    serviço, e culmina no diferencial competitivo e na sobrevivência da organização

    no mercado.

    6 Fatores ambientais: mudanças na economia, na tecnologia, guerra; fatores organizacionais: pressão para evitar erros, risco de morte, cumprimento de prazos; fatores individuais: vida pessoal, problemas financeiros, personalidade. 7 Desenvolvimento de sintomas de determinada doença. 8 Petroleira, aviação, etc. 9 Policiais, agente da bolsa de valores, motoristas de ônibus, etc.

  • 26

    Geralmente o estresse é visto apenas como algo negativo, porém ele se

    faz necessário em algumas circunstâncias, por exemplo, quando se tem um

    objetivo a alcançar, uma quantidade moderada de estresse funciona como

    “combustível”, pois é ele que irá gerar concentração e mobilizar os recursos

    dos indivíduos, como o desafio de assumir uma nova responsabilidade na

    organização ou o início de um jogo para um atleta.

    E da mesma forma o estresse pode ser utilizado pelos profissionais que

    se vêem no cumprimento de metas. Vendo o lado positivo do estresse, ou seja,

    como estimulante em busca de resultados, ele é capaz de gerar satisfação e

    até mesmo o aumento da qualidade do trabalho. Isto também está ligado a

    percepção de cada indivíduo quanto ao estímulo positivo produzido pelo

    estresse.

    Há que se ressaltar também que, sendo o estresse exagerado pode

    afetar diretamente no desempenho do colaborador, dentro ou fora da

    organização, ou seja, estando o funcionário extremamente estressado, por

    motivos organizacionais ou não, ele não produzirá da forma mais eficaz, pois

    sua atenção se perderá em meio as tarefas, sua concentração e seu

    comportamento serão dispersos. Por este motivo é importante que os gerentes

    ou as pessoas responsáveis por este desempenho tenham uma boa

    percepção sobre seus colaboradores.

    Se nenhum, ou muito pouco estresse for utilizado o indivíduo não pode

    dar o melhor de si. Já os trabalhadores que usam estresse demasiado

    excessivo podem ficar paralisados, fazendo repetições de atividades inúteis e

    até mesmo se dispersar de seus objetivos.

    Cada indivíduo percebe o estresse de uma determinada forma e por

    isso não é possível ter um nível padrão adequado. A variação existe em função

    de como o sujeito se percebe e como percebe seu trabalho. Sendo assim,

    entende-se que seja necessário um empenho por parte da organização para

    minimizar os efeitos do estresse ocupacional. Para isto é necessário que a

    organização invista em ações que, caso o estresse seja inerente a atividade da

    empresa, que pelo menos permita ao colaborador reduzir a carga de trabalho a

  • 27

    fim de não prejudicar a si de forma irreversível, bem como ao funcionamento

    da organização como um todo.

    3.3.1. FATORES ESTRESSORES

    O desgaste emocional vivido diariamente pelas pessoas, no ambiente

    de trabalho e na vida pessoal, levam-nas a reagir de diferentes maneiras. Este

    estímulo emocional é percebido por cada um de uma determinada maneira e

    se torna o fator que faz a pessoa ficar em estado de estresse. O estímulo pode

    ou não se tornar um fator estressor.

    Fator estressor é qualquer evento, acontecimento ou circunstância que

    exerça influência física, emocional ou mental em um indivíduo. Geralmente os

    fatores estressores estão relacionados ao convívio social e familiar, ambiente

    de trabalho, meio ambiente, condição de saúde e situação sócio-econômica do

    indivíduo, dentre outros.10

    Mente e corpo podem reagir diante de situações que se tornam fatores

    estressores, como: desentendimentos com colegas, sobrecarga de trabalho,

    corrida contra o tempo para o cumprimento de prazos, diante da insatisfação

    salarial e, dependendo da pessoa, até com o tocar do telefone.

    Esses acontecimentos geralmente repercutem nas estruturas biológicas, tais como o cérebro e o organismo como um todo, sendo possível observar reações de luta ou fuga com relação aos estressores presentes. Quando o ser humano se defronta com situações ameaçadoras, a pressão arterial e a frequência cardíaca elevam-se. BERGAMINI (2008, p. 190).

    A desorganização no ambiente de trabalho coloca em risco a ordem e a

    capacidade de rendimento do trabalhador, e tende a piorar quando não há

    clareza nas regras, normas e nas tarefas que deve desempenhar cada um dos

  • 28

    trabalhadores, assim como os ambientes insalubres, a falta de ferramentas

    adequadas. É neste momento que a cultura organizacional tem peso sobre a

    evitação do alto nível de estresse contraproducente.

    Fatores interiores relacionados ao trabalho também contribuem para a

    pessoa ficar estressada, como é o caso da sensação de insegurança no

    emprego, sensação de insuficiência profissional, pressão para comprovação

    de eficiência ou, até mesmo, a impressão continuada de estar cometendo

    erros profissionais. Isso tudo sem contar os fatores internos que a pessoa traz

    consigo para o emprego, tais como, seus conflitos, suas frustrações, suas

    desavenças conjugais, etc.

    As fontes de desgaste pessoal são mútiplas, podendo, de forma ocasional ou contínua, afetar o equilíbrio sadio da personalidade. Acontecimentos marcantes, tais como a separação ou a perda de um ente querido, o fato de enfrentar um mercado de trabalho adverso, ser demitido, a tecnologia altamente sofisticada, choque cultural, doença grave, e assim por diante, são aquilo que se conhece como agentes estressores.” (BERGAMINI, 2008, p. 190).

    3.3.2. O IMPACTO DO ESTRESSE NO TRABALHO

    Se um nível moderado de estresse é necessário como estímulo para

    alguns indivíduos, um nível alto é prejudicial não apenas ao trabalhador, mas

    para toda a organização.

    Mais do que um tema de segurança ocupacional, o stress11 é, portanto,

    uma fonte importante de prejuízos econômicos. A situação tem se agravado

    nas últimas décadas devido à crescente precarização das relações de trabalho,

    ao ritmo acelerado das grandes cidades, à pressão por eficiência, ao ambiente

    cada vez mais competitivo e ao medo do desemprego.12

    10 Disponível em www.bancodesaude.com.br, acessado em 22 de setembro de 2010, as 01h40min. 11 Forma original inglesa stress, para a forma brasileira de estresse. 12 Disponível em www.bancodesaude.com.br, acessado em 22 de setembro de 2010, as 01h40min.

    http://www.bancodesaude.com.br/http://www.bancodesaude.com.br/

  • 29

    O estresse pode funcionar como o estímulo ao bom desempenho das

    atividades, bem como, antagonicamente, pode ser prejudicial ao homem e ao

    trabalho como um todo. Desta forma, há que se observar que, dependendo da

    atividade e da área de atuação da organização, o estresse seja inevitável. E,

    neste caso, a administração tem de estar atenta para que este nível de

    estresse esteja sempre em nível moderado, ou seja, que o risco oferecido pela

    atividade não seja um dificultador do trabalho. E para neutralizar os efeitos

    nocivos do estresse ou até mesmo transformá-lo em estímulo positivo, cabe a

    administração da organização o olhar cuidadoso sobre esta questão que pode

    influenciar diretamente desempenho de todo o grupo.

    Aumento salarial nem sempre é a melhor saída, pois dinheiro não é

    capaz de suprir algumas necessidades do trabalhador, como por exemplo, um

    local adequado de trabalho, a segurança, a saúde, o bem-estar social e

    familiar, etc. Em contrapartida, ter tempo para desfrutar dos benefícios

    financeiros é tão importante quando a concessão dos mesmos. Avaliar cada

    situação em separado é fundamental para dar a cada tipo de atividade. Isto

    para Cohen e Fink (2003, p. 191), é uma das atribuições da gestão

    comprometida com o bem-estar dos trabalhadores e afirmam que “parte da

    responsabilidade gerencial é desenvolver pessoas, não apenas supervisionar

    execução de tarefas”, de modo que é necessário dar ao trabalhador condições

    físicas e psicológicas de desenvolver bem seu trabalho, em suma, favorecer as

    práticas de Qualidade de Vida no Trabalho para maximizar o desempenho das

    equipes. Esta idéia é reforçada por Bergamini (2008, p. 191) ao constatar que

    “o atendimento as expectativas daqueles que trabalham parece crucial ao bom

    desempenho da empresa como um todo.”

  • 30

    CAPÍTULO IV

    RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS

    O CONCEITO

    Relacionamento interpessoal é a forma como o indivíduo lida com o

    outro, seja no meio profissional ou familiar — sendo todos estes ambientes de

    formação social. É também o conhecimento de si próprio utilizado para

    conhecer e respeitar o outro, para que ambos possam construir e manter um

    bom ambiente de trabalho. Conhecer a si é fundamental para valorizar os

    mesmos sentimentos, desejos e dificuldades no outro; compreender e aceitar

    que o outro poderia ser a própria pessoa. No ambiente organizacional, esse

    conhecimento valida a condição de formador social do trabalho. E essa

    transformação só é possível por meio de uma cultura e um ambiente

    organizacional favorável.

    Prega o entrosamento das pessoas para o bom andamento da

    organização. Deve haver harmonia entre os colaboradores, o que “dá garantia

    de que a empresa funcionará com vitalidade. [...] há ideia de cooperação e

    não-competição” (Kwasnicka, 1991, p. 62).

    Entende-se, portanto, que o trabalho esteja muito além da condição

    financeira: pode-se analisar como um fator de relação social do homem com o

    meio no qual está inserido.

    Os relacionamentos interpessoais, a forma como um colaborador lida

    com outro, vêm tomando cada vez mais espaço entre as preocupações das

    organizações modernas. O tema inclusive se torna discutido quando o assunto

    é recrutamento, pois se solicita que o candidato tenha um bom relacionamento

    com a equipe da qual fará parte. Claro está que este item é uma forma de dizer

    ao candidato que seu relacionamento com os demais colegas é importante não

    só para ele, mas para toda a organização. E é também avaliado, uma vez que

    a forma de pensar e agir influenciará em seu processo de socialização no

    ambiente de trabalho. Quando a empresa cultiva e mantém um ambiente

    harmônico, ainda que estimule a diversidade, está também contribuindo para

  • 31

    seu próprio crescimento junto ao mercado: não tem apenas uma face e sim

    uma identidade que se reflete pelo nível de interação entre seus

    colaboradores, em cumprimento ao objetivo organizacional definido pela

    cultura da empresa.

    A troca que acontece por meio dos relacionamentos interpessoais, a

    aprendizagem com teoria e com a prática, enriquece não apenas o

    profissional, mas o ambiente social e organizacional no qual estão inseridos.

    Entende-se que o entrosamento, acolhimento e clima de cooperação

    devam ser incentivados pelos líderes como ponto em comum entre os

    colaboradores, mas é também um princípio pouco explorado. Os conflitos que

    naturalmente surgem do encontro de indivíduos diferentes em sua

    complexidade humana, devem ser tratados pelo líder não como um ponto ruim,

    mas sim como algo que mereça atenção, pois nem sempre o conflito é ruim:

    pode mostrar que nas diferenças também pode haver troca e cooperação. Fica

    evidente a importância do relacionamento interpessoal entre os indivíduos com

    uma boa articulação do chefe, uma vez que ele é o responsável por esse papel

    de integração entre os demais colaboradores.

    4.1. CONFLITOS

    O conflito, em si, não é danoso nem patológico. É uma constante da

    dinâmica interpessoal, reveladora do nível energético do sistema.

    Suas consequências poderão ser positivas ou negativas, construtivas

    ou destrutivas, em decorrência do grau de aprofundamento e

    intensidade, de duração, do contexto, da oportunidade (timing) e do

    modo como ele é enfrentado e administrado. MOSCOVICI (1999, p. 6)

    Entende-se conflito como um o desacordo que conduz a uma luta de

    poder se instala quando há divergência de ideias, quando o papel por

    desempenhar choca-se com os princípios de outras pessoas. É impossível

    eliminar os conflitos: eles são parte da composição da condição humana. Ao

    tentar se superar, homem conflita consigo mesmo. É importante ressaltar que

    as diferenças individuais existem — valores, percepções e considerações

    morais diferentes —, e que nem todos têm acesso às mesmas informações,

    nem possuem a mesma experiência de vida. A posição das pessoas no grupo

  • 32

    pressiona-as a assumirem um “papel”, que nem sempre está de acordo com

    seus valores individuais.

    Conflitos formam parte do processo da vida em grupo, pois é impossível

    satisfazer as necessidades de cada um, o que gera conflito entre os

    componentes do grupo. Há uma tendência a ter uma visão apenas negativa do

    conflito, no sentido de briga, violência, guerra, destruição. Porém, o conflito

    pode ter aspectos positivos, pois rompe o equilíbrio confortável da rotina,

    mobiliza energia no grupo, desafia a acomodação das ideias, leva a resolução

    de problemas escondidos, aguça a percepção e o raciocínio, excita a

    imaginação, estimula a criatividade. Há muitas maneiras de lidar com os

    inevitáveis conflitos, desde a simples negação até a resolução adequada. O

    primeiro passo consiste em admitir que existe um conflito e que é preciso

    enfrentá-lo. O reconhecimento da existência do conflito predispõe as pessoas

    a agirem, e buscarem soluções.

    O mais importante para o líder, bem como para os membros do grupo é

    que a origem do conflito seja identificada, para, a partir disto buscar a solução.

    4.1.2. LIDANDO COM O CONFLITO

    É comum no grupo que haja um distanciamento do problema, com os

    indivíduos tomando uma posição neutra com relação a ele, fugindo ou até

    adiando-se a busca pela solução. Ou ainda “colocando panos quentes”, como

    diz a linguagem popular, que também não resolve o conflito.

    O controle do conflito pode ser feito pela força, característica de alguns

    estilos de liderança, pela imposição, por autoridade-obediência, antagonismo e

    competição em que o mais importante é prevalecer a solução do líder.

    Uma forma equilibrada de tratar um conflite é a busca de uma solução

    intermediária em que cada pessoa ceda um pouco, chegando a um acordo

    com todo o grupo. Desta forma os problemas são levantados pelas

    necessidades e desejos de todos do grupo, cujo líder trabalhará as

    discordâncias até que se chegue a uma conclusão que agrade ao grupo, que

    colabora para que essa solução seja alcançada.

  • 33

    A forma que o líder usará para lidar com o conflito também vai depender

    de seu estilo de liderança, do conhecimento que tem de sua equipe, e

    fundamentalmente do seu entendimento do conflito quanto ao grau de

    extensão, intensidade e importância e suas consequências no grupo.

    No processo que envolve a construção dos relacionamentos

    interpessoais, o indivíduo busca um resultado positivo nas relações e sabe

    utilizar corretamente seus mecanismos para lidar com os possíveis e

    inevitáveis conflitos, bem como se preocupa em conhecer o outro com quem

    convive para identificar também seus desejos e necessidades, pois a

    responsabilidade de resolução de conflitos não é exclusiva do líder do grupo.

    Cada colaborador é também responsável pelo rumo que as divergências

    podem tomar, por si e pelo outro, contribuindo e criando mecanismos dentro do

    grupo para a identificação e resolução do conflito.

  • 34

    CONCLUSÃO

    Esta pesquisa levantou o tema Relacionamentos Interpessoais no

    ambiente de trabalho: são importantes para o indivíduo e para a empresa?

    Notadamente, falar de trabalho é falar do homem, pois um está intimamente

    ligado ao outro em sua história e necessidade de existência. Por ser humano,

    o trabalho é tão racional quanto o homem que o realiza, porém deve ser

    estudo considerando todas as demais condições humanas: sentimentos, ética,

    conflitos, religiosidade, valores; tais condições variam em sociedades, famílias

    e, inclusive, como o objeto deste estudo, sendo importante para o ambiente

    organizacional.

    Administrar organizações com eficiência e eficácia requer não apenas

    grande conhecimento das modernas técnicas de gestão empresarial: gerir

    pessoas com suas diversas diferenças é fundamental, quiçá, a mais importante

    de todas as tecnologias usadas nas “maiores” e “melhores” organizações,

    aquelas em que o colaborador é tido de fato como peça essencial ao

    funcionamento da “engrenagem”.

    O administrador deve estar apto a lidar com a pluralidade dos

    colaboradores, a fim de transformar o grupo em uma equipe unida em prol do

    mesmo objetivo, que é definido pela organização em sua cultura organizacional

    e multiplicada pelos que a constroem diariamente. E o clima desta organização

    também tem o poder de influenciar na percepção que os colaboradores têm

    desta cultura. Os conflitos não necessariamente são ruins: podem ser

    utilizados para estimular a equipe a cooperar uns com os outros, para o

    crescimento pessoal, profissional e da organização.

    A competência do trabalho em equipe determinada pela manutenção

    dos relacionamentos interpessoais é indispensável dentro da organização,

    tanto para o crescimento do indivíduo e sua constante evolução, quanto da

    própria organização, para seu crescimento no mercado e para a sociedade na

    qual está inserida.

  • 35

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    ALBUQUERQUE, Jamil. A arte de lidar com pessoas. São Paulo: Planeta do

    Brasil, 2007.

    BERGAMINI, Cecília W. Motivação nas organizações. 5. ed. São Paulo:

    Atlas, 2008.

    BITENCOURT, Claudia. Gestão contemporânea de pessoas: novas práticas,

    conceitos tradicionais. Porto Alegre: Bookman, 2004.

    BOHLANDER, George; SNELL, Scott; SHERMAN, Arthur. Administração de

    Recursos Humanos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

    COHEN, Allan R.; FINK, Stephen L. Comportamento organizacional:

    conceitos e estudos de caso. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

    FLEURY, Maria T. L. (Coord.) et al. As pessoas na organização. São Paulo:

    Gente, 2002.

    LIMONGI-FRANÇA, Ana C. Qualidade de Vida no Trabalho – QVT: conceitos

    e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. 2. ed. São Paulo: Atlas,

    2004.

  • 36

    LUZ, Ricardo. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark,

    2003.

    MAXIMIANO, Antônio C. A. Teoria geral da administração: da revolução

    urbana à revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

    MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações

    interpessoais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

    MOTTA, Fernando C.P.; VASCONCELOS, Isabella F. F. D. de. Teoria Geral

    da Administração. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

    OGATA, Alberto; SIMURRO, Sâmia. Guia prático de qualidade de vida:

    como planejar e gerenciar o melhor programa para a sua empresa. Rio de

    Janeiro: Elsevier, 2009.

    ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo:

    Pearson Prentice Hall, 2005.

    WAGNER III, John A.; HOLLENBECK, John R. Comportamento

    Organizacional: Criando vantagem competitiva. São Paulo: Saraiva, 2006.

  • 37

    BIBLIOGRAFIA CITADA

    KWASNICKA, Eunice Lacava. Teoria geral da administração: uma síntese. 2.

    ed. São Paulo: Atlas, 1991.

    MOSCOVICI, Fela. Equipes dão certo: a multiplicação do talento humano. 9.

    ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.

  • 38

    ÍNDICE

    FOLHA DE ROSTO 2

    AGRADECIMENTO 3

    DEDICATÓRIA 4

    RESUMO 5

    METODOLOGIA 6

    SUMÁRIO 7

    INTRODUÇÃO 8

    CAPÍTULO I

    A RELAÇÃO DO HOMEM COM O TRABALHO 10

    CAPÍTULO II

    O FATOR HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES 15

    2.1 – Escola de Administração Clássica 17

    2.2 – Escola de Relações Humanas 18

    2.2.1 – Teoria das Relações Humanas 20

    CAPÍTULO III

    CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL 22

    3.1 – Cultura Organizacional 22

    3.2 – Clima Organizacional 24

    3.3 – Estresse Ocupacional 25

    3.3.1 – Fatores Estressores 27

    3.3.2 – O impacto do estresse no trabalho 28

    CAPÍTULO IV

    RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS 30

    4.1 – Conflitos 31

    4.2. – Lidando com o Conflito 32

    CONCLUSÃO 34

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35

  • 39

    BIBLIOGRAFIA CITADA 37

    ÍNDICE 39

    AGRADECIMENTOSCAPÍTULO I- A relação do homem com o trabalho10CAPÍTULO II - O fator humano nas organizações15CAPÍTULO III - Clima e cultura organizacional22CAPÍTULO IV - Relacionamentos Interpessoais30

    CONCLUSÃO34BIBLIOGRAFIA CONSULTADA35BIBLIOGRAFIA CITADA 37ÍNDICE39FOLHA DE AVALIAÇÃO40FOLHA DE ROSTO2AGRADECIMENTO3