documento protegido pela lei de direito autoral · 6 o estudo foi ... da teologia e das ......

42
0 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A VISÃO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ SITUADA EM PICOS SOBRE O QUE É SER PROFESSOR UNIVERSITÁRIO AUTORA: ANA PAULA BEZERRA ORIENTADOR: PROF. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO TERESINA AGOSTO 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: hoangquynh

Post on 09-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

0

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A VISÃO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ SITUADA EM PICOS SOBRE O QUE É SER PROFESSOR

UNIVERSITÁRIO

AUTORA: ANA PAULA BEZERRA

ORIENTADOR: PROF. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO

TERESINA AGOSTO 2009

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

1

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A VISÃO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ SITUADA EM PICOS SOBRE QUE É SER PROFESSOR

UNIVERSITÁRIO

ANA PAULA BEZERRA Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Docência do Ensino Superior. ORIENTADOR: PROF. VILSON SÉRGIO DE

CARVALHO

TERESINA AGOSTO/2009

2

RESUMO Este trabalho foi realizado com o intuito de analisar o conhecimento dos professores da Universidade Estadual do Piauí, UESPI, núcleo de Picos sobre O que é ser professor universitário. Utilizou-se pesquisa do tipo descritiva com abordagem quali-quantitativa por ser mais adequada para investigar a problemática apresentada. A amostra foi composta por 29 professores universitários. O instrumento da coleta de dados foi entrevista organizada através de um questionário contendo questões sobre o que é ser professor universitário, quanto tempo de capacitação específica é necessário para atuar no magistério superior, a relação entre a didática do ensino superior e aprendizado do aluno, bem como, quem é o centro do processo de aprendizagem. O conhecimento dos docentes sobre o que é ser um professor crítico-reflexivo, os rumos da educação no século atual, os currículos como vilões ou não da baixa qualidade do ensino superior, o professor ideal para atuar na universidade e a educação dialogada respeitando as diversidades culturais. Os resultados revelaram que a maioria dos professores entrevistados que corresponde a 83%, consideram importante o fato de ser professor, facilitador, enquanto 69% afirmaram ser importante se pós-graduar até o doutorado, e 80,6% foram enfáticos ao afirmarem que a didática é extremamente importante para o aprendizado do aluno. Evidenciou-se que os professores entrevistados na sua grande maioria são conhecedores e praticantes do que é ser professor universitário, na referida universidade. PALAVRAS-CHAVES: Professor. Docência Superior. Professor Crítico-Reflexivo. Didática. Informação.

3

METODOLOGIA

O estudo trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quali-

quantitativa a respeito das percepções, vivências e olhares e práticas de docência

do ensino superior na dinâmica do processo de trabalho realizado na Universidade

Estadual do Piauí, núcleo de Picos.

Foram aplicados 29 questionários a professores efetivos e substitutos

desta universidade, sendo com professores que trabalham em dedicação exclusiva,

profissionais liberais que dedicam algumas horas ao magistério, pedagogos e

licenciados que atuam nos diversos níveis de ensino e profissionais das várias áreas

do conhecimento que se dedicam ao magistério em tempo integral, com obtenção do

consentimento dos mesmos, após a apresentação da pesquisadora e

esclarecimentos dos propósitos da pesquisa.

Os depoimentos dos professores foram coletados por meio de entrevista

face-a-face, gravadas em fita cassete, transcritas e analisadas. A aplicação de

questionário pela própria autora em dia e horário combinados.

O cenário da pesquisa foi a Universidade Estadual do Piauí, Núcleo de

Picos. Os sujeitos são professores que lecionam naquela universidade.

Ao final da coleta, os mesmos foram avaliados a partir de critérios como:

Professor Universitário: um profissional da educação na atividade do exercício do

magistério; O docente superior contemporâneo deve ser crítico e reflexivo; para

facilitar a ocorrência do aprendizado do aluno; Propensões na formação e

desenvolvimento profissional do professor universitário.

A participação foi voluntária através de Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido de acordo com a Resolução 196/96. As fitas ficarão em posse do autor

por um período mínimo de dez anos de forma apropriada e recomendada pelo

fabricante.

Os relatos foram analisados de acordo com as orientações de Minayo

(2003), ordenação dos dados a partir de transcrição imediata das gravações, leitura

do material, organização dos relatos e classificação das falas através da leitura de

todo material, para apreensão das idéias centrais e identificação das freqüências

(percentuais apresentados em gráficos).

4

SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... ..5

CAPÍTULO I - PROFESSOR UNIVERSITÁRIO:UM PROFISSIONAL DA

EDUCAÇÃO NA ATIVIDADE DO EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO .......................... ..8

1.1 Docência do ensino superior e suas competências ...................................... 11

CAPÍTULO II – O DOCENTE SUPERIOR CONTEMPORÂNEO DEVE SER

CRÍTICO E REFLEXIVO PARA FACILITAR A OCORRÊNCIA DO APRENDIZADO

DO ALUNO ............................................................................................................... 15

2.1 A Educação para o Século Atual ..................................................................... 18

CAPÍTULO 3 – PROPENSÕES NA FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

PROFISSIOAL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO ............................................... 22

CAPÍTULO IV – RESULTADOS ............................................................................... 28

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 34

REFERÊNCIAS...........................................................................................................36

ANEXOS......................................................................................................................38

5

INTRODUÇÃO

Este trabalho se propõe a mostrar a visão dos professores universitários

da Universidade Estadual do Piauí, situada em Picos (PI), sobre o que é ser

professor universitário e mostrar que é possível verificar através de questionários

com os professores em exercício na UESPI (Universidade Estadual do Piauí de

Picos).O que é para eles ser professor universitário.

Com o estudo do tema, pretende-se promover debate favorecendo a

divulgação de conhecimentos acumulados em publicações científicas sobre o que é

ser professor universitário e quais são suas verdadeiras atribuições. Qual o seu

papel de educador na formação de seus alunos.

“Ensinar não é, pois, encher a mente dos indivíduos com as últimas novidades das ciências e da tecnologia, transformando-os em assimiladores e consumidores de idéias, valores, normas e padrões de comportamento dominante na sociedade, nem mesmo ordenar e sistematizar sua experiência, corrigir suas idéias equivocadas distribuir com justiça o que vem sendo apropriado por poucos. Mais do que exercer uma perícia técnica específica é necessariamente convidar os jovens à reflexão, ajudá-los a pensar o mundo físico e social, as práticas e os saberes específicos, com o rigor e a profundidade compatíveis com o momento em que vivem.” (COELHO, 1996, p. 196 .

A pesquisa foi desenvolvida a partir de publicações, livros, revistas

científicas e consultas a sites. Identificou-se o conhecimento dos professores

universitários em exercício na UESPI de Picos, sobre o que é ser professor

universitário. Os objetivos deste trabalho são: avaliar a auto-percepção dos mesmos

sobre a relação que possui sua didática com o aprendizado de seus alunos;

investigar como estes professores selecionam os conteúdos a serem trabalhados

com os alunos e a significação desses referenciais na formação de acadêmicos;

verificar se estes docentes possuem realmente formação pedagógica

Espera-se que após a pesquisa e o diálogo com estes professores que

fazem parte do corpo docente desta instituição, possa se contribuir de alguma forma

e convidá-los a uma reflexão de como colocar a aprendizagem e a pesquisa em

prática.

6

O estudo foi realizado com 29 professores da UESPI, Núcleo de Picos -

PI. Os dados foram coletados por um questionário elaborado exclusivamente para

este fim. A pesquisa foi realizada em duas semanas.

O estudo se trata de uma pesquisa descritiva com abordagem quali-

quantitativa a respeito das percepções e práticas de professores universitários, que

envolvam suas atividades como docentes na UESPI de Picos.

Foram aplicados 29 questionários a professores efetivos e substitutos da

UESPI núcleo de Picos. Os depoimentos deles foram coletados por meio de um

roteiro de entrevistas face-a-face, gravadas em fitas cassetes transcritas e

analisadas.

A aplicação do questionário pela própria autora em dias e horários

combinados. Ao final da coleta, os mesmos foram avaliados a partir de critérios

como: o conhecimento dos professores sobre o que é ser professor universitário;

quanto tempo de capacitação específica para o exercício do magistério eles

consideram necessário para desempenhar bem a docência superior; qual relação

eles vêem entre a didática do ensino superior e o aprendizado do aluno; quem eles

acham que é o centro do processo da aprendizagem; se eles acham que é

necessário repensar a atuação deles como docentes; se tem conhecimento sobre o

que é ser professor crítico-reflexivo; como eles vêem os rumos da educação neste

século; qual seria o professor ideal na concepção deles para atuar na universidade;

bem como, a opinião dos mesmos sobre a educação dialogada, respeitando as

diversidades culturais.

No primeiro capítulo será abordada a origem do ensino superior no Brasil,

bem como o ato de repensar o papel e a função da educação escolar, os diversos

conceitos de pesquisa e a importância das tecnologias educacionais para a

aprendizagem do aluno e a eficiência no trabalho do professor. Será mostrada,

também, o início da autocrítica, por parte dos docentes de nível superior, sobre a

atividade docente.

No segundo capítulo, será mostrado que o professor é um cidadão, um ser

político, e deve agir como tal, sendo crítico e reflexivo ao entrar numa sala de aula

para lecionar será evidenciado também os maiores desafios do século atual, o

visível progresso científico e tecnológico e econômico ocorridos nos mais diversos

âmbitos da globalização. Assim sendo, a educação está inclusa, para a melhoria da

sociedade.

7

No terceiro capítulo, mencionaremos o centro dos debates e discussão

sobre os rumos da educação. A formação, o desempenho e desenvolvimento

profissional do professor.

8

CAPÍTULO I

PROFESSOR UNIVERSITÁRIO: UM PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO NA

ATIVIDADE DO EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO

O ensino superior no Brasil só se iniciou a partir de 1808 com a

transferência da corte portuguesa para cá. Antes disso, os brasileiros que queriam

cursar universidade iam para a Europa, pois, os portugueses queriam a todo custo

manter o Brasil Colônia, evitando a formação de intelectuais brasileiros e com isso,

ideais de independência.

Porém, com o deslocamento da corte portuguesa para o Brasil e a

suspensão da convivência com a Europa, houve a necessidade de formação de

profissionais que atendesse as novas expectativas da corte. Em 1820, criavam-se as

primeiras Escolas Régias Superiores: a de direito em Olinda-PE; a de medicina em

Salvador-BA e de engenharia no Rio de Janeiro - RJ dentre outros.

De acordo com Masetto (1996) o início dos cursos superiores no Brasil

ocorreu a partir de 1808, quando o rei e a corte portuguesa transferiram-se de

Portugal para o Brasil.

O modelo dos cursos superiores e das faculdades implantadas no Brasil

seguia um paradigma francês, voltado diretamente para a formação de profissionais

com currículos seriados, programas fechados destinados exclusivamente às

matérias do exercício que iriam exercer. Eles procuravam profissionais competentes

em uma determinada área ou especialidade. A formação ocorria por um processo de

ensino no qual os conhecimentos e experiências profissionais eram, transmitidas, de

forma mecânica através de um professor que sabia e conhecia o assunto para um

aluno que não o conhecia, seguido de uma avaliação que determinava se o aluno

estava apto ou não para exercer aquele ofício. Em caso positivo lhe era concedido o

diploma e em caso negativo, o mesmo teria que repetir o curso.

Foi o padrão francês da universidade napoleônica, não transplantados na

totalidade, mas, nas suas características de escola autárquica com sua

supervalorização das ciências exatas e tecnológicas e a conseqüente

desvalorização, da filosofia, da teologia e das ciências humanas; com a

departamentalização estanque dos cursos voltados para profissionalização

(RIBEIRO, 1973).

9

No início os professores vinham da Europa, no entanto, com a expansão

dos cursos superiores, procuravam-se profissionais renomados na sua área, para

lecionar. Até a década de 1970, embora já houvesse um investimento para a

pesquisa, exigia-se apenas que o candidato a professor fosse um bacharel

competente, em sua profissão para compor os corpos docentes das universidades,

eles acreditavam que quem sabia um determinado ofício, automaticamente sabia

ensinar.

Só recentemente os professores universitários começaram a se

conscientizar que a docência, como pesquisa e o exercício de qualquer profissão,

exigem capacitação própria e específica. O exercício docente no ensino superior

exige competências específicas que não se restringem a ter um diploma de

bacharel, ou mesmo de mestre doutor, ou ainda apenas o exercício de sua profissão

(BEHRENS, 1996).

O objetivo desta busca por professores era na verdade para ensinar

alunos, aprendizes, ou seja, formar profissionais. Onde o professor era o centro do

processo e não o aluno, o professor tinha que ser altamente competente, transmitir

bem seus conhecimentos e avaliar o aluno. Caso o aluno não se desempenhasse

bem nas provas era taxado de irresponsável, incompetente e inapto para exercer

aquela profissão. Em nenhuma hipótese era cogitada a falta de habilidade do

professor em transmitir os conhecimentos.

Formar professor universitário é um assunto muito abrangente e tem sido

pouco debatido, no interior das instituições universitárias, bem como, em seminários.

O próprio critério de ingresso em algumas universidade e faculdades revela que não

há uma preocupação com a formação pedagógica do professor universitário. A

exigência legal para a docência é cumprida, entretanto, ela se limita à formação em

nível de graduação e pós-graduação na área exclusiva profissional em que o

docente vai atuar de acordo com categoria profissional é que esse dá sua entrada

na universidade. “Algumas decisões quanto à profissão ocorre muito mais como fruto

da experiência pessoal, meio ao acaso, do que de decisão pré-destinada ao

magistério.” (CUNHA, 1989, p. 33).

10

“Todavia, ao se efetuar debate sobre o exercício do magistério, a questão da vocação tem surgido como pré-circunstância de destreza maior ou menor no gosto ou no fazer na sala de aula. Entretanto, as narrativas dos professores revelam que até para eles, sua entrada na Instituição de Ensino Superior aconteceu numa conjuntura circunstancial. A reflexão sobre a profissão do que é ser professor para bem exercer a docência deve ser por vocação. A vocação é assunto complexo e quase não há dados que permitam sua generalização, parece que há mais influência do ambiente social das relações do que pendores naturais.” (CUNHA, 1989, p. 83).

O assunto da vocação tem sido digno de muitos estudos sociológicos e

ainda deve ser alvo de investigação teórica num mundo em que os humanos estão

perdendo a vocação humanizada.

Algumas instituições de ensino superior tem uma certa preocupação com

a competência profissional na área de sua formação, porém, sem estabelecer

historicamente na perspectiva de ser professor. A inquietação é notória no espaço

educacional formal, quando o professor, põem em prática, com o aval do seu

departamento, cursos de pós-graduação sem destaque na pesquisa de seu campo

de origem, ficando seu desempenho como professor sem uma reflexão ampla e

sistematizada, pois a proposta pedagógica para o ensino superior não pode ser

dissociada da pesquisa e da crítica social.

“A Universidade, talvez a única instituição da sociedade capitalista cuja função e cujo fim sejam a crítica social, a única instituição em que é possível viver plenamente a contradição entre a crítica e ação, contradição que é o verdadeiro motor do progresso social.” (SOARES, 1991, p. 22).

Muitas pesquisas, vem sendo executadas sobre a universidade brasileira,

desmistificando seu caminho nas condições histórico-objetivas que demonstram

contradições e possibilidades de mudanças, tendo em vista organização de cursos,

análise sobre legislação o que tem concorrido para encaminhá-la em outras

direções.

Todavia, só é possível situar a importância do subsídio destas pesquisas

para as tomadas de decisões presentes e prover o projeto de universidade que se

quer ainda são poucas aquelas pesquisas que tem como foco principal a prática

pedagógica no cotidiano da docência superior, especialmente as produzidas no

Brasil.

11

A leitura da experiência pedagógica universitária tem mostrado uma

prática na perspectiva da idéia positivista da ciência, do conhecimento de mundo

marcado pela convicção, pela regra, pela particularidade, pelo conhecimento oriundo

da tradição, verdade pronta.

“Sacramentada, solidificando de tal maneira que não percebamos que é

uma tradição.” (PESSANHA, 1993, p. 45).

O grande desafio das Universidades hoje é conciliar o ensino a pesquisa

e a extensão que foram incluídos na Constituição de 1988, essencialmente nas

graduações, é preciso botar em prática essa tríade, haja vista, que uma sem as

outras não leva o aluno ao êxito que o mercado de trabalho exige. A prática

pedagógica deve ser construída por professores e aluno, priorizando a

aprendizagem e a produção de conhecimentos.

“Todos os professores,tem domínio do conhecimento amplo, profundo e atualizado, não só do conhecimento programático como da ciência que ensinamento. Tem também o conhecimento de ciências correlatas. Nem todas, porém, tem o conhecimento da produção do conhecimento claro e consciente do que é ensinar.” (PIMENTEL, 1993, p. 85).

Todavia, tendo conhecimento que a pesquisa institucionalizada faz parte

de um ritual metodológico ligada à pós-graduação vinculada a especialização. Isso

evidencia uma indissociação entre o ato de ensinar e de produzir conhecimento.

1.1 Docência do ensino superior e suas competências

No Brasil há aproximadamente três décadas, começou uma autocrítica,

por parte dos professores da docência superior, sobre a atividade docente.

Começou-se a perceber que assim como para a pesquisa se exigia desenvolvimento

de competências próprias, a docência do ensino superior também exigia

competências específicas, que, desenvolvidas, trariam aquela atividade uma

conotação de profissionalismo. A partir desta discussão, começou a identificar as

competências específicas para a Docência do Ensino Superior.

A docência do ensino superior exige que o candidato seja competente em

sua determinada área do conhecimento, ou seja, tenha o domínio dos

12

conhecimentos básicos bem como experiência profissional, de campo, no entanto,

esse domínio cognitivo é pouco. Exige-se de quem pretende lecionar que seus

conhecimentos e práticas profissionais sejam atualizados constantemente por

participações em cursos de aperfeiçoamento, especializações, simpósios e

intercâmbios com especialistas e que o professor domine uma área de pesquisa que

abranja diversos níveis.

O mais importante será repensar o papel e a função do educador escolar

(dos cursos de graduação do ensino superior): seu foco, sua finalidade, seus

valores. A tecnologia será importante, mas, principalmente porque nos forçará a

fazer coisas novas, e não porque permitirá que façamos melhor as coisas velhas

(DRUCKER, 1993).

Pesquisa, é, aquela atividade que professores e alunos realizam por meio

de estudos e de suas reflexões críticas sobre temas teóricos ou experiências

pessoais, reorganizando seus conhecimentos, dando-lhes novos significados que

podem ser apresentados em congressos e simpósios, discutindo novos aspectos de

assunto mais atual. Docentes na fase de mestrado e doutorado realizam pesquisas

que com certeza serão incorporados à sua docência.

Sem dúvida, ainda existe o nível de pesquisa que envolve projetos

menores ou maiores, que estão voltados para a produção de conhecimentos

científicos ou para a produção de tecnologia de ponta, que envolvam recursos e

apoios de agências financiadoras nacionais ou estrangeiras. Essa produção

científica também enriquecerá o domínio de conhecimento que se espera de um

docente do ensino superior (IPISO, 1994).

No processo de ensino-aprendizagem, o objetivo máximo da docência é a

aprendizagem dos alunos. No desenvolvimento destas aprendizagens a posição do

professor em relação ao aluno deve ser alicerçada no respeito ao indivíduo, na

confiança, na percepção do aluno como ser integral, para que esse possa se

perceber melhor como pessoa, passando então a perceber melhor os outros e

conseqüentemente exercer melhor o seu papel. De acordo com Morin (2002), isso

favorece mudanças na forma de sentir, pensar e atuar do aprendiz, por considerar o

ser humano na sua totalidade.

É comum o professor lecionar até três disciplinas em um mesmo curso de

forma independente, isoladas sem fazer relação explícita com outras disciplinas do

mesmo currículo. Às vezes, por achar que o aluno já está familiarizado com a

13

importância da disciplina, para sua profissão, às vezes por o professor desconhecer

suas relações entre a disciplina e o restante do currículo, ou desconhece sua

totalidade ou ele foi contratado apenas por lecionar àquela disciplina.

É fundamental que o docente perceba que o currículo de formação de um

profissional abrange também habilidades de trabalhar em equipe multidisciplinar,

além da elaboração e organização de informações, a produção do conhecimento e a

reconstrução do próprio conhecimento (SEVERINO, 1989).

O professor de ensino superior deve dominar tecnologias educacionais,

tanto na teoria como na prática. Houve tempo em que se pensou que a tecnologia

resolveria todos os problemas da educação, outros em que se negou totalmente

qualquer validade para esta mesma tecnologia, dizendo-se ser suficiente que o

professor dominasse o conteúdo e transmitisse aos alunos. Hoje, sabe-se que o

professor deve ser eficiente e eficaz e a tecnologia o ajuda nesse sentido.

De acordo com Valente (1993), hoje existe mais de cem técnicas de aulas

aplicadas às novas tecnologias, relacionadas com informática e a telemática: o

computador no processo do ensino-aprendizagem, na pesquisa; a Internet, o data

show, a vídeo conferência, o e-mail, dentre outros.

A ação de ensinar subtende a conseqüente ação de aprender. Finalmente,

poderá ocorrer no ensino formal institucionalizado, se não existir a decorrente

aprendizagem. Toda educação formal, não importando a que grau se destine,

desenvolve-se em torno do professor e do aluno, sendo que o aluno é centro da

aprendizagem. Os professores brasileiros estão iniciando o hábito de discutir e

refletir sobre suas próprias práticas docentes, trocando experiências entre si,

verbalizado dúvidas, enfim, se tornando um corpo docente no mais correto

significado do termo, preocupados com o aprendizado dos alunos.

“Suas facilidades e limitações, bem como as de seus alunos, devem ser analisadas no sentido de buscar o entendimento necessário da sua própria ação. Porque ensinar para quem ensinar são questões básicas que se respondidas, levarão imediatamente a outras perguntas decorrentes e absolutamente necessárias: Como se aprende, quando se aprende e de que forma melhor se aprende?“ (VASCONCELOS, 1996, p. 21).

As universidades que já iniciaram seus programas de avaliação no início

da década passada, já conseguiram melhorar ou solucionar problemas encontrados.

14

Dentre eles o da didática do docente e a qualificação de acadêmicos. Pelo fato, de

terem ampliado o número de professores com melhor qualificação e de qualificar

professores existentes. A universidade contemporânea focaliza a missão da

instituição no mundo competitivo e globalizado, com tendências a orientação para o

mercado de trabalho, além da didática e da metodologia o docente precisa construir

um intelectual público.

A universidade contemporânea como parte do modelo da

contemporaneidade está vivendo muitas crises, porém, está buscando sustento, no

seu ensino, na sua pesquisa, na formação e qualificação de professores. A fase de

mudança do modelo da ciência moderna para pós-moderna que está caracterizando

a atualidade encaminhando para a reflexão, sobre o outro paradigma de atuação

universitária.

“A universidade que se quiser pautada pela ciência pós-moderna deverá transformar os seus processos de investigação, de ensino de extensão segundo três princípios: a prioridade da nacionalidade moral-prática e da racionalidade estética-expressiva sobre a racionalidade cognitiva instrumental; a dupla ruptura epistemológica e a criação do novo senso comum; a aplicação edificante da ciência no seio da comunidade interpretativa.” (SANTOS, 1995, p. 194).

15

CAPITULO II

O DOCENTE SUPERIOR CONTEMPORÂNEO DEVE SER CRÍTICO E

REFLEXIVO PARA FACILITAR A OCORRÊNCIA DO APRENDIZADO DO ALUNO

O professor é um cidadão e um ser político e deve agir como tal ao entrar

na sala de aula para lecionar, integrado com seu tempo, sua civilização e sua

comunidade. Sendo este um ser crítico e reflexivo, deve estar aberto ao que se

passa na sociedade fora do mundo, da universidade ou faculdade, para suas

modificações e novas descobertas, com o objetivo de abrir espaço para discussão e

debate com seus alunos, convidando-os à criticidade e à reflexão.

“Com metodologias calcadas na criatividade em sala de aula, o aluno terá como desafio ações diferenciadas: como saber pensar, aprender a aprender, apropriar-se dos conhecimentos disponíveis pelos múltiplos recursos inovadores e adquirir competência crítica, reflexiva e criatividade para produzir novos conhecimentos.” (BEHRENS, 1996, p. 49).

A educação se constitui na mola mestra para a transformação dos

paradigmas da existência humana, sendo um instrumento que possibilita ao homem

compreender o que ocorre na sociedade em que está inserido, ampliando sua visão

de mundo. A transformação no contexto da Educação Superior acontecerá, no

momento em que professores e alunos, perceberem a importância de seus papéis

no processo de ensinar e aprender, valorizando o feedback, sendo mais

responsáveis e conscientes.

Garcia (1999), mostra em seu estudo, que a partir do autoconhecimento e

auto-reflexão, o aluno pode tornar-se mais consciente de suas responsabilidades, de

seus atos, o que certamente facilita o processo de aprendizagem.

Mesmo naquelas disciplinas chamadas de teóricas, deve se conhecer a

história da ciência e como se formou o conhecimento científico, o tempo cultural e

social, suas trajetórias durante a história e suas possíveis aplicações hoje.

O aluno deve ser alertado, digo, conscientizado, das novas exigências do

mercado de trabalho, da necessidade de está sempre se qualificando, de ser um

profissional competente e responsável.

16

Não estou pedindo para que nossos profissionais tenham uma bola de

cristal, para responder, mas estou apelando para a necessidade de estarmos

atentos, para o que se passa hoje nas profissões, para suas mudanças, para as

novas exigências e propostas de globalização, juntamente com o grande problema

do desemprego das massas não-qualificadas (MASETTO e ABREU, 1996).

Mesmo o professor sendo um profissional renomado em uma determinada

área, ele necessita de didática, digo, de qualificação como professor, para não

frustrar-se ou frustrar os seus alunos e não ser negligente.

As novas diretrizes curriculares sinalizam a necessidade de mudanças

paradigmáticas na educação em Enfermagem, cujos objetivos entre outros aspectos

é “levar os alunos dos cursos de graduação em saúde aprender a aprender que

engloba aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a

conhecer (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2001).

A passagem pelas várias disciplinas e experiências oriundas do processo

ensino-aprendizagem, da docência superior, do qual somos sujeitos como

aprendizes e educadores, nos faz questionar vários aspectos da educação,

vivenciados nos estágios, na coordenação de grupos com os alunos e na

coordenação de aula nas universidades. Como motivar o outro para aprender? Em

que nível manter a relação com aquele que compartilha o que ensinamos.

Os dilemas experimentados no aprendizado do papel de educador

durante a graduação, motiva à indagação sobre a relação do professor-aluno e seus

reflexos do processo de formação do docente. Entende-se que a educação constitui-

se no pilar da transformação dos paradigmas sociais e humanos, podendo promover

mudanças na forma de sentir, pensar e atuar das pessoas em relação a si mesmo e

aos outros.

De acordo com Morin (2002), isso favorece mudanças na forma de sentir,

pensar e atuar do aprendiz, por considerar o ser humano na sua totalidade.

Acredita-se que há grande influência da relação que o professor

estabelece com o aluno do curso de graduação seja ele na área de docência ou não,

tendo em vista que todo graduando hoje deve ser preparado pelas universidades

para ser um professor no futuro, ou seja, para a formação de cidadãos conscientes

de seu papel social. Acredita-se profundamente que o processo de aprendizagem

possibilita ao indivíduo sair da rotina do conhecimento e procurar novas formas de

interpretação da realidade, e é exatamente através desta perspectiva que é viável ao

17

profissional docente ser capaz de transformar a realidade do aprendizado através de

sua ação educativa. Segundo Freire (1997), o aluno só aprende a aprender quando

cria. É preciso que seu pensamento deixe de ser instrumento de passividade,

conformismo e submissão para tornar-se um ao libertador.

O ser humano, revestido de sua multidimensionalidade, apresenta-se

como um ser complexo. Na sua evolução histórica, está presente o conhecimento, o

qual, na maioria das vezes são fragmentadas, por disciplinas e não é visível a sua

recomposição. O modelo atual carrega marcas dessa fragmentação, inclusive no

conhecimento científico e na educação.

É necessário discutir a importância de sua prática educativa consciente e

crítica para o futuro. É fundamental que a educação se ocupe em conhecer o que é

conhecer, que não seja uma educação fragmentada, e que retome a unidade do ser

humano e resolva também problemas imprevistos (MORIN, 2002).

De acordo com Freire (1997 e 2000), todo ser humano é histórico, logo

está submerso em condições espaço temporais, isto é, o homem, estando nessa

situação, quanto mais refletir de maneira crítica sobre sua existência, mais poderá

influenciar-se e será mais livre. Essa filosofia se apóia nos pressupostos que Freire

designa como idéia-força.

Toda ação educativa deve necessariamente, está precedida de reflexão

sobre o homem e de uma análise do meio de vida do educando, isto é a quem o

educador quer ajudar a educar.

O homem chega a ser sujeito por uma reflexão sobre sua situação, sobre

seu ambiente concreto. A educação deve levar a o educando a sua tomada de

consciência e atitude crítica no sentido de haver mudança da realidade.

Através da integração do homem com seu contexto, haverá reflexão, o

comprometimento, a construção do homem de si mesmo e do ser sujeito.

À medida que o homem se integra às condições do seu contexto de vida

realiza reflexão e obtém respostas aos desafios que lhes apresentam, criando

cultura.

O homem é criador de cultura e fazedor de história, pois, na medida em

que ele cria e decide, as fases vão se formando e reformando.

É necessário que a educação permita que homem chegue a ser sujeito,

construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer relações de

reciprocidade, fazer cultura e história.

18

2.1 A Educação para o Século Atual

Um dos maiores desafios do século atual, onde as pessoas estão em

busca de raízes e referências estão em aprender a viver juntos neste mundo

globalizado onde a educação emerge com o grande triunfo, por possibilitar o

desenvolvimento contínuo da sociedade. O século atual está em seus primeiros

anos e é visível o progresso científico e tecnológico e econômico ocorrido nos mais

diversos âmbitos da globalização.

Em relatório encaminhado à UNESCO, a Comissão Internacional de

Estudos sobre a Educação para este século sublinha que para dar resposta ao

conjunto de suas missões, a educação deve está organizada em torno de quatro

aprendizagens fundamentais: aprender a conhecer (adquirir cultura geral ampla e

domínio aprofundado de um reduzido número de assuntos, mostrando a

necessidade da educação contínua e permanente), aprender a fazer (oferecer-se

oportunidades de desenvolvimento de competências amplas para enfrentar o mundo

do trabalho), aprender a conviver (cooperar com os outros em todas as atividades

humanas) e aprender a ser, que integra as outras três, criando-se condições que

favoreçam ao indivíduo adquirir autonomia e discernimento (DELORS, 1996).

Desde o final do século XX, tem sido amplamente discutida à educação

transformadora que deve ser feita em profunda interação educador-educando,

voltada especialmente para a reelaboração dos conhecimentos e habilidades

apreendidas e a produção de novos conhecimentos, onde haja solidariedade,

diálogo e respeito entre as partes.

Deve ocorrer ações como reflexão crítica, curiosidade científica,

criatividade, investigação dentro da realidade dos educandos, tendo o professor a

responsabilidade de articular, metodologias de ensino caracterizadas por variedade

de atividades estimuladoras e criativas dos alunos (FREIRE, 1997).

Há algum tempo existe uma preocupação com a questão que envolve o

ensino na área profissional de saúde, uma vez que a atuação dos professores é

claramente instrumental, fundamentada basicamente em princípios e técnicas

científicas, negligenciando-se aspectos e atitudes e valores éticos e políticos. No

entanto, partindo do princípio que as instituições de Ensino Superior (IES), são

19

parcialmente responsáveis pela formação de cidadãos e profissionais competentes,

todas tais perspectivas práticas têm merecido maior discussão nos últimos anos,

mostrando-se que o ensino tradicional nas IES, é concebido praticamente sem

nenhuma sustentação conceitual e teórica na investigação educativa, propiciando à

reprodução de vício e mitos empobrecimento do pensamento pedagógico e do

interesse e estímulo de docentes e alunos.

A prática educativa reflexiva tem buscado representar o novo papel que

deve ser desempenhado na educação com ênfase na investigação da própria

prática, no processo interativo, no diálogo com a situação real, enfim, o professor

como prático-reflexivo (NÓVOA, 1992).

Há alguns anos há uma investigação na prática docente de Enfermagem,

buscando contribuir para um ensino de maior qualidade nessa área profissional. Há

um questionamento principalmente se a formação, atuação e desenvolvimento de

professores na Enfermagem, estão de acordo com as expectativas traçadas pela

educação deste século, isto é, com espírito científico e pensamento crítico-reflexivo

para que desenvolva os saberes e competências essenciais à sua prática docente.

No documento aprovado pelo MEC, Diretrizes Curriculares de Graduação

em Enfermagem, são identificados, aspectos que privilegiam a formação do

enfermeiro-educador, bem como a influência da relação professor-aluno, nesse

processo (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2001).

A educação precisa ser estruturada na troca de informações entre

educador e educando, ou seja, no diálogo, no respeito à cultura do educando, pois

ele é o alvo da aprendizagem e o professor deve ser um facilitador para que o

conhecimento ocorra, sendo que suas competências não podem ser dissociadas. As

escolas e os professores precisam acompanhar as profundas mudanças no mundo

atual.

Os conflitos educacionais da atualidade são identificados como se

manifestam no quotidiano escolar no enfoque da organização da instituição e quanto

a alunos e professores. Estudiosos de várias correntes filosóficas têm contribuído

para aumentar a compreensão sobre educação de jovens indicando que o docente

deve cumprir o processo pedagógico de forma mais política, possibilitando maior

encontro entre as percepções e visão de alunos e docentes, que repercutam em

maior quantidade de formação e atuação de ambos.

20

Para que a prática reflexiva obtida pelo professor seja adquirida o

professor deve ser capaz de criar situações de aprendizagem, experimentar, corrigir

através do diálogo intermediado com a sua realidade de trabalho, sua atuação, ou

melhor, a sua pedagogia deve ser construtivista.

O professor do século atual, precisa assumir uma formação continuada,

tendo em vista, à necessidade de atualizações da docência universitária, bem como,

da pesquisa e só um professor que se aperfeiçoe constantemente, pode

desempenhar bem o seu papel. O fato de assumirem a sua formação continuada, é

um dos sinais mais seguras para a profissionalização de seu ofício. A prática da

auto-formação deve resultar idealmente de uma prática reflexiva no desenvolvimento

do seu ofício enquanto docente, constituindo-se uma fonte de aprendizagem e

regulação, tornando-se uma alavanca essencial na construção de novas

competências e novas práticas (PERRENOUD, 2001).

Nas últimas décadas tem havido grandes movimentos sobre a atividade do

docente universitário no Brasil, revelando-se significados e valores até então pouco

considerados, destaca-se que esta docência exige competências próprias e

profissionalismo, com a finalidade de contribuir efetivamente para colocar na

sociedade cidadõas corretos e profissionais competentes. Dessa forma, o ensino

superior tenderá a reorganizar os seus currículos para atender a novas exigências

do exercício profissional competente. Tais reformulações devem sinalizar revisões

em diversos aspectos, tais como: a flexibilização e a dinamização curricular, a

formação profissional concomitante com a formação acadêmica, ênfase à formação

permanente, que deve ter início nos primeiros anos de graduação e persistirem ao

longo da vida profissional.

A revitalização da vida acadêmica pelo exercício profissional,

desestabilização dos currículos fechados, acabados e pronto. Dentre as

competências que deve ter um profissional para a docência do 3º grau, destacam-se

o domínio de determinada área do conhecimento, domínio na área pedagógica e o

exercício da dimensão política (MASSETO, 2002).

Nos últimos anos várias idéias vêm sendo colocadas e estão ganhando

espaço no campo educativo, colocando-se em evidência o professor, a profissão e a

profissionalidade docente, suas decisões práticas e pedagógicas. De acordo com

Zeichner (1993), mostra-se um esforço de evidenciar a figura do docente propondo

uma série de princípios teóricos ao ensino reflexivo de se exercitar na política

21

pedagógica do docente, uma atuação sistematicamente reflexiva, investigando-se

como ensina, e a partir daí, melhorar paulatinamente seu modo de ensinar,

representando uma estratégia de ser responsabilizado pelo seu próprio

desenvolvimento profissional.

Diante do exposto sobre a formação do professor para uma prática

docente reflexiva, muitos estudiosos da educação voltam a sua atenção para a

formação do professor pesquisador destacando a pesquisa como um componente

necessário à formação e desempenho e desenvolvimento do docente. No Brasil

poucas instituições de ensino superior têm se preocupado em desenvolver

pesquisas produzir e socializar conhecimentos, definindo-se mais por um sistema

formador de profissionais para o mercado de trabalho. A pesquisa aparece na

literatura internacional recente como uma prática fundamental na formação do

professor, assim como as propostas de restauração curricular.

Sua importância é totalmente reconhecida, aparecendo em projetos,

planos e leis governamentais, mais também são mostrados como evidentes o

desconhecimento de como a pesquisa ocorre no cotidiano escolar e se ela

efetivamente ocorre (LÜDKE, 2001).

Diante de tudo que foi mostrado sobre a educação, a formação e o

desenvolvimento de professores, fica evidente que neste século, não é mais possível

formar profissionais, com o ensino voltado a racionalidade técnica tão contestada

nos dias atuais.

Na tentativa de compreensão da prática docente reflexiva, constata-se que

a popularidade é grande e são muitas as propostas de formação de professores ou

restauração curricular que utiliza este conceito como elemento estruturador.

Tratando-se de especificamente da prática pedagógica, verifica-se que várias

mudanças tornam-se necessárias, visto que, os docentes vinham reproduzindo um

processo de ensino aprendizagem sem se envolver muito com a aprendizagem

significativa, fundamental para o desenvolvimento das provas e da sociedade.

Pouco incentivo à pesquisa, com metodologia de ensino centrada em

aulas expositivas predomínio de um programa pré-estabelecido, avaliação por meio

de provas e outros métodos tradicionais, e corpo docente constituído, ainda, por

muitos professores que mesmo titulados com mestrado ou doutorado não possuem

competência como educador, quanto à área pedagógica e a perspectiva política

social (MASSETO, 1996).

22

CAPÍTULO III

PROPENSÕES NA FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIOAL DO

PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

Freqüentemente, verifica-se que no centro dos debates e discussão sobre

os rumos da educação, está à formação, o desempenho e o desenvolvimento

profissional do professor. Nos tempos atuais a docência universitária deve propiciar

a formação do profissional cidadão, devendo-se alterar os projetos pedagógicos e a

formação técnica de profissionais.

De acordo com Masetto (1998) deve haver condições de capacitação,

qualificação e desenvolvimento do corpo docente, para que o processo de ensino-

aprendizagem seja mais efetivo no que diz respeito à área pedagógica, à

perspectiva política social e à pesquisa.

Os currículos, via de regra, são apontados como os grandes vilões da

baixa qualidade do ensino superior, no entanto, essa situação está muito

relacionada com falhas na formação dos professores universitários, o que

compromete o seu desempenho.

Segundo Geraldi, Fiorentino e Pereira (2000) apesar dessa constatação,

pouca atenção tem sido voltada à formação e desenvolvimento de docentes de nível

superior no Brasil.

A formação de professores, segundo a concepção reflexiva, pressupõe o

seu desenvolvimento, para que sejam capazes de realizar uma análise de seu

ensino e que sejam capazes de adquirir competências cognitivas e relacionais.

Garcia (1999) argumenta que a formação reflexiva deve ser:

Empírica - para saber o que está acontecendo em uma classe, deve-se

recolher e descrever os dados, as situações, as causas e os efeitos.

Analítica – necessária para interpretar os dados descritivos, possibilitando

inferir a teoria;

Avaliativa – úteis, para a emissão de juízo sobre eventos e resultados da

educação;

Estratégicas – saber planificar a ação e antecipar sua implementação de

acordo com a análise feita;

23

Prática – estar apto a estabelecer relações entre a análise e a prática,

assim como entre os fins e os meios para alcançar um bom efeito;

Comunicação – saber comunicar e partilhar suas idéias com os outros

colegas.

Entende-se por saber docente aquele formado pela associação coerente

de saberes oriundos: da formação profissional, das ciências da educação e da

ideologia pedagógica; aos profissionais, transmitidas pelas instituições de formação

de professores; os disciplinadores integrados à prática docente por intermédio da

formação inicial e contínua dos professores, os curriculares das instituições

escolares, explicitados sob forma de discurso, dentre outros.

Na abordagem são colocados em prática os saberes e as competências

necessárias aos professores, mostrados como campo para a pesquisa é ainda muito

pouco explorado pelas ciências da educação (CHAKUR, 2001).

O magistério nas universidades vem sendo exercido por profissionais das

mais variadas áreas do conhecimento. Exercem função de docentes na educação

superior quatro categorias de professores. Profissionais de várias áreas do

conhecimento que se dedicam à docência em tempo integral; Profissionais da área

de educação e das licenciaturas que atuam em tempo integral na universidade;

Profissionais que atuam no mercado de trabalho específico e se dedicam ao

magistério algumas horas por semana; Profissionais docentes da área pedagógica e

das licenciaturas que atuam em vários níveis da educação:ensino infantil; ensino

fundamental; ensino médio e universidade, ou seja, possui sua jornada dupla dentro

e fora da universidade.

Ao primeiro grupo, poderíamos indagar. Como você ensina o que não

vivencia em sua prática diária? Porém, não podemos menosprezar estes

profissionais uma vez que são os maiores responsáveis pela maioria das

publicações científicas nos meios acadêmicos, uma forma de refletir e discutir, seria

como estes professores selecionam os conteúdos a serem trabalhados com os

alunos e a significação desses referenciais na formação dos acadêmicos. Em se

tratando dos docentes, não atuarem no mercado de trabalho específico, como

preencher as necessidades que os alunos vão encontrar como profissionais desta

área? “Nesse caso, não se coloca em questão a competência do professor, mas a

pertinência da proposta a ser desenvolvida com os alunos. Esse fato torna-se

desafiador quando o docente está distante do mercado de trabalho e não está

24

habituado a fazer leitura especializada que traga a produção do conhecimento

moderno na área em que atua.” (NÓVOA, 1991, p. 54).

A situação é agravada quando o professor não tem nenhuma formação

pedagógica. Enquanto docente, normalmente reproduzem a proposta dos

professores que atuaram em sua formação, entretanto, em alguns casos, superam

as dificuldades e se tornam autodidatas em virtude do entusiasmo que os envolvem

na docência.

No 2º grupo temos um conjunto de profissionais liberais que atuam no

mercado de trabalho específico do curso que lecionam, dedicam apenas algumas

horas ao magistério superior. São profissionais renomados na comunidade, ou seja,

no desempenho de suas funções. Exerce a docência paralelamente a função do

profissional liberal.

“O professor é valorizado principalmente pelo êxito que alcança no exercício de sua atividade como profissional liberal. Entre os indicadores desse estado estão, a localização de seu consultório/escritório, a classe social e o poder aquisitivo de seus clientes, os casos “importantes” em que obteve sucesso no encaminhamento, os congressos de que participam, devidamente divulgados para o público, e a relação afetiva que tem com os estudantes que, na maioria das vezes, já foram rigidamente selecionados pelo sistema educacional.” (CUNHA e LEITE, 1996, p. 86).

O fato de se dedicarem ao magistério poucas horas semanais, faz com

que eles não interajam com os colegas que lecionam no curso com a instituição,

com o departamento ao qual pertence, com a coordenação do curso nem com os

alunos. O diferencial da atuação destes profissionais na docência está exatamente

na preciosidade das experiências vivenciadas em sua área de atuação. Todavia,

sendo profissionais em plena atividade contagiam os alunos com os desafios e as

exigências do mundo mercadológico, mostrando a realidade na sala de aula,

trazendo uma grande contribuição para a formação dos acadêmicos.

“Coerente com essa situação, os professores ligados às profissões liberais nem sempre estão preocupados com a realização de cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), porque não são eles que os projetam valorativamente. Também não são os que mais se envolvem com a pesquisa, apesar de estarem sempre atentos, a seus resultados e ao conhecimento de última geração. A extensão está presente como um meio de aprendizagem na forma de assistência, cumprindo mais a lógica da prestação de serviços do que de compromisso político-social.” (CUNHA e LEITE, 1996, p. 87).

25

A maioria destes docentes nunca entrou em contato com uma formação

pedagógica que atendesse a esse papel de professor. Os acertos e erros vão

traçando sua trajetória docente somente quando se deparam com situações

embaraçosas na sala de aula onde alguns se propõem a se preparar

pedagogicamente.

O terceiro grupo envolve profissionais da área da educação e das

licenciaturas que se dedicam ao ensino na universidade. Aparentemente é uma

situação ideal para o preparo e formação de professores para atuar no mercado de

trabalho. Com o tempo integral de dedicação ao magistério do ensino superior,

dedicam-se a orientar licenciados e especialistas para atuar nas escolas, entretanto,

existem aqueles que nunca exerceram as funções que apresentam a seus alunos,

teorizam uma prática nunca experimentada, isso pode trazer prejuízos para a

formação dos alunos, uma vez que a proposta metodológica que o docente

apresenta é fundamentada na teoria muitas vezes desvinculada da realidade.

No quarto grupo, têm-se os profissionais docentes da área de educação.

Pedagogos e licenciados que atuam na universidade e paralelamente no magistério

nos diferentes níveis de ensino. Acumulando grandes jornadas de trabalho. Essa

vivência possibilita partilhar com os acadêmicos a realidade quotidiana dos

diferentes níveis de ensino, bem como, a possibilidade de dedicação exclusiva ao

trabalho e a migração de sua escola para outra muitas vezes mal remunerados.

A preocupação essencial não seria optar por um grupo, mas buscar

compor um quadro docente com profissionais de todos os grupos citados, garantindo

a diversidade e a riqueza de todos os profissionais envolvidos. O universo de

conhecimento mesclado por representantes de todos os grupos, estes grupos

enriquecem a oferta de currículo dos cursos (PERRENOUD, 1993).

Freire através de suas obras insere em seus questionamentos uma

educação multicultural, ética e transformadora, o pensamento de Freire ainda é

contemporâneo e inspira a teoria e a prática da educação. Em suas reflexões,

evidencia cuidados com a educação, propondo a humanização das relações e a

libertação dos homens, tema central de Pedagogia do Oprimido, escrita em 1968.

A circunstância em compor os quadros docentes do magistério superior

se agrava quando se observa que a maior parte desse grupo de intelectuais

envolvidos na docência não tem formação pedagógica. As universidades precisam

urgentemente buscar professores titulados que possam contribuir com sua

26

experiência profissional para qualitar os cursos, mas, em especial, propor aos

docentes a promoção pedagógica apara atuação em sala de aula e envolvê-los nela.

O sobreaviso que se impõe neste momento histórico, é o de que o

professor profissional, e profissional liberal das diversas áreas do conhecimento, ao

fazer a escolha pela docência no ensino universitário, precisam conscientizar-se que

ao entrar em uma sala de aula, se papel indispensável e ser professor.

Não basta ser um bom profissional liberal para ser um bom professor. O

desfio do corpo docente nesse processo é aceitar que a prioridade dentro da

universidade é sua atuação como professor. E que este traga consigo meios para

transmitir bem os conhecimentos, para que os gestores universitários não ouçam.

queixas como: o professor não se dedica exclusivamente à docência superior, por

isso falta, comenta que tem coisas mais importante pra fazer, que ganha pouco, por

isso não se dedica ao magistério como devia, negligenciando. Ou o professor sabe

muito o conteúdo, é competente em sua área, mas, não sabe ensinar.

“À comunidade dos professores universitários que tende a ter o comportamento de não deixar macular sua autonomia em sala de aula, o desafio da modernidade parece irrelevante, pois argumentam que sempre ensinaram assim e que os alunos saíram muito bem formados. O fator relevante que se apresenta é que os tempos mudaram e essas práticas pedagógicas, encontram-se ultrapassadas para as expectativas de uma sociedade que se renova dia-a-dia, portanto, seus alunos saiam bem formados para as necessidades daquela época e não para as exigências do mundo moderno.” (BENHRENS, 1996, p. 46).

Existe sempre uma resistência à mudanças, tendo em vista, que ela

sempre quebra paradigmas. Com o professor não é diferente pois ainda há aqueles

que acreditam que o futuro é uma mera extensão do presente, ignorando

tendências. As exigências do mundo moderno impulsionaram em

redimensionamento da ação docente, para neste século. Pois não é porque uma

situação vem ocorrendo a meio século que deve continuar acontecendo. “Por mais

poderosas que pareçam, não continuam simplesmente numa moda linear elas

chegam a pontas oscilantes onde explodem em novos fenômenos. Invertem a

direção. Param e partem.” (TOFFLER, 1990, p.27).

Vive-se em um tempo de informação e transformação, onde, os

professores não devem mais oferecer aos alunos a mesma prática pedagógica que

lhes foram oferecidas em sua formação, visto que, esta prática para os dias atuais

27

se tornam obsoletas. É necessário que os professores esteja atentos para a

evolução dos tempos das tecnologias, pois, o aluno que está na universidade

atualmente, não necessitam de uma prática pedagógica autoritária conservadora.

Ele precisa de uma prática transformadora para prepará-lo para o mercado de

trabalho que está cada vez mais exigente. Eles precisam fazer parte da sociedade

da informação. Sociedade esta caracterizada por DRUCKER (1989), TOFFLER

(1990) e BOA VENTURA SANTOS (1997).

Na verdade os docentes brasileiros alertados por as exigências do

mercado de trabalho e da necessidade de buscar uma formação contínua já

aprovada na reflexão sobre na ação do docente, tem buscado espaço entre os

professores de todos os níveis em especial na docência do ensino superior. O

processo para se tornar um professor reflexivo sobre sua própria prática requer

empreendimento em projetos que envolvem os professores um encontro com

espaço discutir as dificuldades e coletivizar os seus sucessos do mesmo tempo essa

ocasião de reflexão coletiva necessita de um pedagogo com preparo intelectual para

estimular os do antes a expor suas dificuldades, referenciais bibliográficos para

auxiliar uma renovação da ação docente em sala de aula.

É necessário que haja encontros contínuos que os professores busquem

ir a congresso, simpósios, para que haja aproximação entre os professores e as

novas metodologias e que haja a possibilidade de discutir sobre elas e ver a melhor

maneira de aplicá-las em sala de aula.Além de discutir com os outros professores

em momento de avaliação sobre as novas experiências realizadas.

O exercício de formação de professores precisa criar um universo para

uma dimensão coletiva em que os professores possam debater, meditar e por em

prática seus saberes e valores. A proposta de formação continuada no processo

participativo leva o docente a sair do seu mundo em sala de aula, e esse estímulo o

impulsiona a discutir com seus colegas docentes sobre sua ação como professor.

“Conhecimento na ação, reflexão na ação e reflexão na ação ganha uma pertinência acrescida no quadro do desenvolvimento pessoal dos professores e remete para a consolidação no terreno profissional de espaço de (auto) formação participada. Os momentos de balanço retrospectivo sobre os percursos pessoais e profissionais são momentos em que cada um produz a “sua” vida, o que no caso dos professores é também produzia a “sua” profissão.” (SCHÖN, 1992, p. 26).

28

CAPÍTULO IV

RESULTADOS E CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA

Foram entrevistados 29 professores, todos residentes no município de

Picos – PI, lotados na Universidade Estadual do Piauí, UESPI, núcleo de Picos - PI.

Os professores entrevistados foram 44,8% (13) enfermeiros, 3,44% (1) médico,

3,44% (1) farmacêutico bioquímico; 6,88% (2) advogados, 17,2% (5) pedagogos e

24,13% (7) licenciados.

A maioria deles 58,56%(17) são profissionais liberais que se dedicam

algumas horas ao magistério. Sendo que um desses profissionais o que corresponde

a 3,44%(1) é especialista em lingüística que é uma área de licenciatura. Entre os

cinco pedagogos dois deles, 6,88%(2) se dedicam a docência superior, os outros

três (10,3%(3) se dedicam as várias áreas do magistério (ensino fundamental, médio

e ensino superior). Dentre os licenciados apenas 3,44 (1) deles trabalha em regime

de dedicação exclusiva e 20,6% (5) trabalham em vários níveis da educação.

Dentre os licenciados dois deles o que corresponde a 3,44% são mestres

e 17,27% (5) são especialistas em suas respectivas licenciaturas. Os pedagogos

17,27%(5) são especialistas em áreas da pedagogia. Dos profissionais liberais que

se dedicam algumas horas ao magistério são todos especialistas em suas

respectivas áreas, ou seja, 58,56%(17). Sendo que um deles (3,44%) é também

especialista em lingüística que é área de licenciatura nenhum deles é doutor.

O SIGNIFICADO DE SER PROFESSOR UNIVERSITÁRIO PARA OS DOCENTES

DE NÍVEL SUPERIOR

A opinião dos professores sobre o significado de ser Docente do Ensino

Superior, pesquisados. Entre os entrevistados, 83% (24) consideram importantes e

relacionaram o fato de ser professor facilitador onde também aprendem. E 17% (5)

dos professores relataram a sua contribuição como profissionais liberais para os

alunos e a universidade bem como o aprendizado.

29

GRÁFICO 01 – Opinião dos professores sobre o que é ser professor

universitário.

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos-PI, ano 2009.

Em relação ao tempo de capacitação específicos para o exercício do

magistério, a maioria deles 69% (20) consideram importante e complementaram

opinando que o ideal seria se pós-graduar até o doutorado, e 17% (5) responderam

que deveriam fazer pelo menos um curso de introdução à Docência Superior e 14%

(4) disseram que basta ser um bom profissional na área que atua.

Gráfico 02 – O tempo necessário de capacitação específica para o exercício da Docência Superior

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.

69%

17%

14% Pós-graduar-se até o doutorado

Curso de Introdução à docência superior

Profissional renomado na área

30

Perguntou-se aos professores qual relação eles viam entre a Didática do

Ensino Superior e o aprendizado do aluno. A maioria deles 86,6% (24) disse que a

didática é extremamente importante para o aprendizado e 20,4% (5) disseram quem

tem vontade de aprender aprende de qualquer maneira.

Gráfico 03 – Opiniões dos professores sobre a importância da didática para o aprendizado

80%

20%

a didática éextremamenteimportante p/aprendizado doaluno

quando é bomaprende de qulaquermaneira

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos-PI, ano 2009.

Quando perguntados sobre quem é o centro da aprendizagem. Todos

foram unânimes em responder que o centro de aprendizagem é o aluno.

Gráfico 04 – O centro do processo de aprendizagem

100%

o aluno

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.

31

Quando indagados se eram precisa repensar a atuação como docente. A

grande maioria 88% (24) disse que sim e 12% (5) disseram que não.

Gráfico 05 – Repensar a atuação como docente

12%

88%

devorepensar

não énecessários

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos-PI, ano 2009.

Quando interrogados sobre o que é ser professor crítico-reflexivo. 76%

(21) foram enfáticos em responder que sim. Apenas 24% (8) responderam, mais não

foram convincentes

Gráfico 6 – Definir professor crítico-reflexico

76%

24% definiram o éque serprofessorcrítico-reflexivonão foramconvicentes

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.

32

Aos professores foi perguntado, sobre os rumos da educação no século

atual. 89% (26) delas responderam que as expectativas são as melhores possíveis,

visto que, vivemos na era do progresso e da tecnologia. 11% (3) disseram que as

mudanças ocorrem gradativamente, mais não são muito otimista.

Gráfico 07- Os rumos da educação no século atual

89%

11%

são otimista

não são otimista

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.

Quando perguntados sobre os currículos se os professores os apontariam

como vilões da baixa qualidade do ensino superior 39% (11) afirmaram que os

currículos não preparam o acadêmico como deve preparar 61% (18) disseram que

currículo não tem nada haver com a baixa qualidade do ensino superior, que esta

má qualidade está atrelada à didática do professor

Gráfico 08 – Os currículos são os vilões da baixa qualidade do ensino superior

61%

39%

Sim

Não

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.

33

Quando perguntados sobre qual seria o professor ideal para atuar na

universidade 20% (6) deles disseram que o ideal seria um professor que pudesse se

dedicar exclusivamente à universidade 40% (12) disse que o ideal e que o professor

fosse um doutor na área em que atua. 24% (7) disseram que o ideal seria que o

professor tivesse ao menos mestrado e 16% (4) disseram que era importante ter um

profissional liberal renomado na área de atuação para contribuir com a universidade

no sentido de levar as novidades do mercado de trabalho, para dentro da sala de

aula é fazer com que os alunos as percebam.

Gráfico 09 – Qual é o professor ideal para atuar na universidade.

20%

40%

24%

16%Profissional naárea de atuação

Mestre na área deatuação

Doutor na área deatuação

Dedicaçãoexclusiva

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.

Quando questionados se a educação deve dialogada e respeitar as

diversidades culturais 96% 28 deles disseram que sim apenas 4% (1) disse que não

era tão importante.

Gráfico 10 – Respeito às diversidades culturais dos alunos

96%

4% a educação deve sersim dialogada erespeitar asdiversidade culturais

Não é necessário

Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos-PI, ano 2009.

34

CONCLUSÃO

A maioria dos professores universitários entrevistados conhece

profundamente a importância de ser um professor, facilitador. Os demais acham

importante contribuir com as universidades como profissionais liberais, informando

aos alunos o comportamento do mercado de trabalho, bem como, ministrando as

disciplinas da quais são incumbidos da melhor forma possível. Mesmo sendo a

grande maioria deles profissionais liberais, que se dedicam algumas horas ao

magistério. Eles têm uma grande preocupação em repassar aos alunos o que há de

mais novo nas bibliografias das áreas em que atua. Os pedagogos e licenciados são

mais expressivo ao definir didática e as atualizações no mundo da Docência

Superior. Muitos deles acham que o ideal é se pós graduar até o doutorado, outros

acreditam que um curso de Introdução à Docência Superior os ajudariam a

desempenhar bem o ensino superior, há aqueles acreditam que basta ser um

profissional liberal renomado, porém, ainda existe aquele que acredita que um bom

aluno aprende com qualquer tipo de professor seja, ele linha dura ou não. Entretanto

todos eles são unânimes que o foco da aprendizagem é o aluno.

A maioria dos docentes acha que deve repensar sua atuação como

professor, outras não acham necessário e não definiram muito o bem o que é ser um

professor crítico-reflexivo. Os primeiros têm consciência do que é ser um professor

crítico-reflexivo, bem como, são otimistas com os rumos da educação no século

atual e acreditam que a baixa qualidade do ensino superior está atrelada à falta de

didática dos professores e não aos currículos. Os segundos são pessimistas aos

rumos da educação neste século e acreditam que os currículos não preparam os

acadêmicos como deveriam.

Quando indagados sobre qual seria o professor ideal, houve vários tipos

de resposta quanto à qualificação, sendo que, a maioria acha que o professor ideal

deve ser doutor na área de atuação, deve respeitar as diversidades culturais e

praticar os ensinamentos de forma dialogada aos seus alunos.

Conclui-se que os professores entrevistados são na sua grande maioria

conhecedores e praticantes do que é ser professor universitário e que também não

existe um professor ideal para atuar na docência superior, que a soma de todos os

professores forma um conjunto essencial para atuar no ensino superior, e que este

35

trabalho contribuiu para que os professores refletisse sua atuação e sua

qualificação, colocando em prática os temas discutidos nesta pesquisa, certamente

aperfeiçoarão ainda mais a sua docência.

36

REFERÊNCIAS

BEHRENS, Marilda Aparecida. Formação continuada de professores e prática pedagógica. Curitiba: Vozes, 1996. CHAKUR, C.R.S.L. Desenvolvimento profissional docente: contribuição de uma leitura piagetiana. Araraquara (SP): JM Editora, 2001. COELHO, Eduardo Prado. Wikipédia, a enciclopédia livre. Portugal, 1996. CUNHA, Maria Isabel da; LEITE, Denise. Decisões pedagógicas e estruturas de poder na universidade. Campinas (SP):1996. CUNHA, Maria Isabel. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 1989. DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Lisboa (PT): UNESCO/ASA, 1996. DRUCKER, Peter. Sociedade pós-capitalista. São Paulo (SP): 1993. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. 11. ed. Rio de Janeiro (RJ): Paz e Terra, 1997. _________. Educação como prática da liberdade. 2. ed. São Paulo (SP): Paz e Terra, 1997. _________. Ação cultural para a liberdade. 2. ed. São Paulo (SP): Paz e Terra, 1997. _________. Pedagogia do Oprimido. 29. ed. São Paulo (SP): Paz e Terra, 2000. GARCIA, Marcelo C. Formação de professores: para uma mudança educativa. Portugal (PT): Porto, 1999. INSTITUTO DE PESQUISAS SOCIAIS – IPISO. A revolução tecnológica e os novos paradigmas da sociedade. Belo Horizonte (MG): 1994. LÜDKE A, Coordenador. O professor e a pesquisa. 2001. MASETTO, Marcos T. Pós-graduação e formação de professores de 3º grau. Revista ANDE, Ano 14, nº 21, 1995. ________. (org.). Docência na universidade. 1998. MASETTO, Marcos T. e ABREU, Maria C. O professor universitário em aula. São Paulo (SP): 1996. MASETTO, M. Organizador. Docência na universidade. 4. ed. Campinas (SP), Papirus, 2002.

37

MINAYO, M.C.S. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA (BR). Diretrizes curriculares nacionais do curso de Graduação em Enfermagem. Brasília (DF): Ministério da Educação e Cultura, 2001. MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3. ed. São Paulo (SP): Cortez, 2002. NÓVOA, Antônio. Profissão professor. Porto: 1991. PERRENOUD, Phillipe. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação. Lisboa: D. Quixote, 2001. PESSANHA, José Américo. Filosofia e modernidade: racionalidade, imaginação e ética. Cadernos ANPED, seleção n. 4. PIMENTEL, Maria da Glória. O professor em construção. Campinas: Papirus, 1993. RIBEIRO, Darcy. A universidade necessária. Rio de Janeiro: 1975. SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 7. ed. Porto: Afrontamento. ______. Um discurso sobre as ciências. Porto: Afrontamento, 1987. SCÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOAS, Antônio (org.). Os professores e sua formação. Lisboa: D. Quirotz, 1992. SEVERINO, Antônio Joaquim. A proposta dos CEFAMS. Uma nova esperança para a formação do professor. 1989. SOARES, Magda. Metamemória-memória: Travessia de uma educadora. São Paulo: Cortez. TOFFLER, Alvin. Aprendendo para o futuro. São Paulo: Artenova, 1990. VALENTE, José Armando (org.). Computadores e conhecimentos: repensando a educação. Campinas (SP): 1993. VASCONCELOS, Maria Lúcia M. C. A formação do professor de 3º grau. São Paulo: Pioneira. ZEICHNER, Kennet M. A formação reflexiva dos professores: idéias e práticas. Lisboa: Educa.

38

ANEXOS

39

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) a participar como voluntário(a) em uma

pesquisa sobre “O Que é Ser Professor Universitário”. Leia cuidadosamente o que

se segue e pergunte ao responsável pelo estudo sobre qualquer dúvida, que tiver.

Este estudo está sendo conduzido pela Enfermeira Ana Paula Bezerra, orientada

pela Professora Fernanda Sansão Ramos. Após ser esclarecida, sobre as

orientações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine este

documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é da pesquisadora

responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado(a) de forma alguma. Em

caso de dúvida, você pode procurar o Comitê de Ética da Universidade Cândido

Mendes.

ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA:

Título do Projeto: O Que é Ser Professor Universitário.

Pesquisador Responsável: Fernanda Sansão Ramos

Pesquisador Participante: Ana Paula Bezerra

Telefone para contato: (86) 9948-7080

A pesquisa será realizada através da aplicação de questionário que não trará

nenhum constrangimento ao profissional e será realizada em etapa única e mantida

em sigilo.

_____________________________________________

Assinatura do Pesquisador

40

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu ____________________________, abaixo assinado, concordo em

participar do estudo: ________________________ tive pleno conhecimento das

informações que li ou que foram lidas para mim e quais são os propósitos do estudo,

os procedimentos a serem realizados e garantias de confidencialidade e que minha

participação é isenta de despesas. Concordo, voluntariamente, em participar deste

estudo. A retirada do consentimento da participação no estudo não acarretará

penalidades ou prejuízos ou perda de qualquer benefício que possa ter adquirido, ou

no meu acompanhamento – assistência – tratamento nessa Instituição de Serviço.

Picos (PI),

Assinatura do Sujeito___________________________________

RG ________________ CPF___________________

41

ENTREVISTA

Entrevista nº ___________ Local:____________________________________

Cidade:_________________ Data: __________

Entrevistador:______________________________________

Papel I – Dados Pessoais de Identificação do Entrevistado

Nome: _____________________________________________________

Formação: ( ) Enfermeiro ( ) Médico ( ) Bioquímico ( ) Advogado

( ) Pedagogo ( ) Licenciado

Tipo de Dedicação: ( ) Professor que trabalha em sistema de dedicação exclusiva

( ) Profissional liberal, que se dedica a algumas horas ao magistério

( ) Profissional liberal das várias áreas do conhecimento que se dedica

ao magistério em tempo integral

( ) Pedagogo ou licenciado que atua em diversos níveis de ensino.

Parte II – Dados da Entrevista de Questões Abertas (gravadas em fita cassete)

Título do Projeto:______________________________________

1 – O que significa para você ser professor universitário?

2 – Quanto tempo de capacitação específica para o exercício do magistério você

considera necessário para desempenhar bem a docência superior?

3 – Que relação você vê entre a didática do ensino e o aprendizado do aluno?

4 – Quem você acha que é o centro do processo da aprendizagem?

5 – Você acha que é preciso repensar sua atuação como docente?

6 – Você sabe o que é um professor crítico-reflexivo?

7 – Como você vê os rumos da educação no século atual?

8 – Você apontaria os currículos como vilão da baixa qualidade do ensino superior?

9 – Qual seria o professor ideal na sua concepção para atuar na Universidade?

10 – Você acha que a educação deve ser dialogada e respeitar as diversidades

culturais?