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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A VISÃO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ SITUADA EM PICOS SOBRE O QUE É SER PROFESSOR
UNIVERSITÁRIO
AUTORA: ANA PAULA BEZERRA
ORIENTADOR: PROF. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO
TERESINA AGOSTO 2009
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A VISÃO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ SITUADA EM PICOS SOBRE QUE É SER PROFESSOR
UNIVERSITÁRIO
ANA PAULA BEZERRA Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Docência do Ensino Superior. ORIENTADOR: PROF. VILSON SÉRGIO DE
CARVALHO
TERESINA AGOSTO/2009
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RESUMO Este trabalho foi realizado com o intuito de analisar o conhecimento dos professores da Universidade Estadual do Piauí, UESPI, núcleo de Picos sobre O que é ser professor universitário. Utilizou-se pesquisa do tipo descritiva com abordagem quali-quantitativa por ser mais adequada para investigar a problemática apresentada. A amostra foi composta por 29 professores universitários. O instrumento da coleta de dados foi entrevista organizada através de um questionário contendo questões sobre o que é ser professor universitário, quanto tempo de capacitação específica é necessário para atuar no magistério superior, a relação entre a didática do ensino superior e aprendizado do aluno, bem como, quem é o centro do processo de aprendizagem. O conhecimento dos docentes sobre o que é ser um professor crítico-reflexivo, os rumos da educação no século atual, os currículos como vilões ou não da baixa qualidade do ensino superior, o professor ideal para atuar na universidade e a educação dialogada respeitando as diversidades culturais. Os resultados revelaram que a maioria dos professores entrevistados que corresponde a 83%, consideram importante o fato de ser professor, facilitador, enquanto 69% afirmaram ser importante se pós-graduar até o doutorado, e 80,6% foram enfáticos ao afirmarem que a didática é extremamente importante para o aprendizado do aluno. Evidenciou-se que os professores entrevistados na sua grande maioria são conhecedores e praticantes do que é ser professor universitário, na referida universidade. PALAVRAS-CHAVES: Professor. Docência Superior. Professor Crítico-Reflexivo. Didática. Informação.
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METODOLOGIA
O estudo trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quali-
quantitativa a respeito das percepções, vivências e olhares e práticas de docência
do ensino superior na dinâmica do processo de trabalho realizado na Universidade
Estadual do Piauí, núcleo de Picos.
Foram aplicados 29 questionários a professores efetivos e substitutos
desta universidade, sendo com professores que trabalham em dedicação exclusiva,
profissionais liberais que dedicam algumas horas ao magistério, pedagogos e
licenciados que atuam nos diversos níveis de ensino e profissionais das várias áreas
do conhecimento que se dedicam ao magistério em tempo integral, com obtenção do
consentimento dos mesmos, após a apresentação da pesquisadora e
esclarecimentos dos propósitos da pesquisa.
Os depoimentos dos professores foram coletados por meio de entrevista
face-a-face, gravadas em fita cassete, transcritas e analisadas. A aplicação de
questionário pela própria autora em dia e horário combinados.
O cenário da pesquisa foi a Universidade Estadual do Piauí, Núcleo de
Picos. Os sujeitos são professores que lecionam naquela universidade.
Ao final da coleta, os mesmos foram avaliados a partir de critérios como:
Professor Universitário: um profissional da educação na atividade do exercício do
magistério; O docente superior contemporâneo deve ser crítico e reflexivo; para
facilitar a ocorrência do aprendizado do aluno; Propensões na formação e
desenvolvimento profissional do professor universitário.
A participação foi voluntária através de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido de acordo com a Resolução 196/96. As fitas ficarão em posse do autor
por um período mínimo de dez anos de forma apropriada e recomendada pelo
fabricante.
Os relatos foram analisados de acordo com as orientações de Minayo
(2003), ordenação dos dados a partir de transcrição imediata das gravações, leitura
do material, organização dos relatos e classificação das falas através da leitura de
todo material, para apreensão das idéias centrais e identificação das freqüências
(percentuais apresentados em gráficos).
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... ..5
CAPÍTULO I - PROFESSOR UNIVERSITÁRIO:UM PROFISSIONAL DA
EDUCAÇÃO NA ATIVIDADE DO EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO .......................... ..8
1.1 Docência do ensino superior e suas competências ...................................... 11
CAPÍTULO II – O DOCENTE SUPERIOR CONTEMPORÂNEO DEVE SER
CRÍTICO E REFLEXIVO PARA FACILITAR A OCORRÊNCIA DO APRENDIZADO
DO ALUNO ............................................................................................................... 15
2.1 A Educação para o Século Atual ..................................................................... 18
CAPÍTULO 3 – PROPENSÕES NA FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
PROFISSIOAL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO ............................................... 22
CAPÍTULO IV – RESULTADOS ............................................................................... 28
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS...........................................................................................................36
ANEXOS......................................................................................................................38
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INTRODUÇÃO
Este trabalho se propõe a mostrar a visão dos professores universitários
da Universidade Estadual do Piauí, situada em Picos (PI), sobre o que é ser
professor universitário e mostrar que é possível verificar através de questionários
com os professores em exercício na UESPI (Universidade Estadual do Piauí de
Picos).O que é para eles ser professor universitário.
Com o estudo do tema, pretende-se promover debate favorecendo a
divulgação de conhecimentos acumulados em publicações científicas sobre o que é
ser professor universitário e quais são suas verdadeiras atribuições. Qual o seu
papel de educador na formação de seus alunos.
“Ensinar não é, pois, encher a mente dos indivíduos com as últimas novidades das ciências e da tecnologia, transformando-os em assimiladores e consumidores de idéias, valores, normas e padrões de comportamento dominante na sociedade, nem mesmo ordenar e sistematizar sua experiência, corrigir suas idéias equivocadas distribuir com justiça o que vem sendo apropriado por poucos. Mais do que exercer uma perícia técnica específica é necessariamente convidar os jovens à reflexão, ajudá-los a pensar o mundo físico e social, as práticas e os saberes específicos, com o rigor e a profundidade compatíveis com o momento em que vivem.” (COELHO, 1996, p. 196 .
A pesquisa foi desenvolvida a partir de publicações, livros, revistas
científicas e consultas a sites. Identificou-se o conhecimento dos professores
universitários em exercício na UESPI de Picos, sobre o que é ser professor
universitário. Os objetivos deste trabalho são: avaliar a auto-percepção dos mesmos
sobre a relação que possui sua didática com o aprendizado de seus alunos;
investigar como estes professores selecionam os conteúdos a serem trabalhados
com os alunos e a significação desses referenciais na formação de acadêmicos;
verificar se estes docentes possuem realmente formação pedagógica
Espera-se que após a pesquisa e o diálogo com estes professores que
fazem parte do corpo docente desta instituição, possa se contribuir de alguma forma
e convidá-los a uma reflexão de como colocar a aprendizagem e a pesquisa em
prática.
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O estudo foi realizado com 29 professores da UESPI, Núcleo de Picos -
PI. Os dados foram coletados por um questionário elaborado exclusivamente para
este fim. A pesquisa foi realizada em duas semanas.
O estudo se trata de uma pesquisa descritiva com abordagem quali-
quantitativa a respeito das percepções e práticas de professores universitários, que
envolvam suas atividades como docentes na UESPI de Picos.
Foram aplicados 29 questionários a professores efetivos e substitutos da
UESPI núcleo de Picos. Os depoimentos deles foram coletados por meio de um
roteiro de entrevistas face-a-face, gravadas em fitas cassetes transcritas e
analisadas.
A aplicação do questionário pela própria autora em dias e horários
combinados. Ao final da coleta, os mesmos foram avaliados a partir de critérios
como: o conhecimento dos professores sobre o que é ser professor universitário;
quanto tempo de capacitação específica para o exercício do magistério eles
consideram necessário para desempenhar bem a docência superior; qual relação
eles vêem entre a didática do ensino superior e o aprendizado do aluno; quem eles
acham que é o centro do processo da aprendizagem; se eles acham que é
necessário repensar a atuação deles como docentes; se tem conhecimento sobre o
que é ser professor crítico-reflexivo; como eles vêem os rumos da educação neste
século; qual seria o professor ideal na concepção deles para atuar na universidade;
bem como, a opinião dos mesmos sobre a educação dialogada, respeitando as
diversidades culturais.
No primeiro capítulo será abordada a origem do ensino superior no Brasil,
bem como o ato de repensar o papel e a função da educação escolar, os diversos
conceitos de pesquisa e a importância das tecnologias educacionais para a
aprendizagem do aluno e a eficiência no trabalho do professor. Será mostrada,
também, o início da autocrítica, por parte dos docentes de nível superior, sobre a
atividade docente.
No segundo capítulo, será mostrado que o professor é um cidadão, um ser
político, e deve agir como tal, sendo crítico e reflexivo ao entrar numa sala de aula
para lecionar será evidenciado também os maiores desafios do século atual, o
visível progresso científico e tecnológico e econômico ocorridos nos mais diversos
âmbitos da globalização. Assim sendo, a educação está inclusa, para a melhoria da
sociedade.
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No terceiro capítulo, mencionaremos o centro dos debates e discussão
sobre os rumos da educação. A formação, o desempenho e desenvolvimento
profissional do professor.
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CAPÍTULO I
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO: UM PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO NA
ATIVIDADE DO EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
O ensino superior no Brasil só se iniciou a partir de 1808 com a
transferência da corte portuguesa para cá. Antes disso, os brasileiros que queriam
cursar universidade iam para a Europa, pois, os portugueses queriam a todo custo
manter o Brasil Colônia, evitando a formação de intelectuais brasileiros e com isso,
ideais de independência.
Porém, com o deslocamento da corte portuguesa para o Brasil e a
suspensão da convivência com a Europa, houve a necessidade de formação de
profissionais que atendesse as novas expectativas da corte. Em 1820, criavam-se as
primeiras Escolas Régias Superiores: a de direito em Olinda-PE; a de medicina em
Salvador-BA e de engenharia no Rio de Janeiro - RJ dentre outros.
De acordo com Masetto (1996) o início dos cursos superiores no Brasil
ocorreu a partir de 1808, quando o rei e a corte portuguesa transferiram-se de
Portugal para o Brasil.
O modelo dos cursos superiores e das faculdades implantadas no Brasil
seguia um paradigma francês, voltado diretamente para a formação de profissionais
com currículos seriados, programas fechados destinados exclusivamente às
matérias do exercício que iriam exercer. Eles procuravam profissionais competentes
em uma determinada área ou especialidade. A formação ocorria por um processo de
ensino no qual os conhecimentos e experiências profissionais eram, transmitidas, de
forma mecânica através de um professor que sabia e conhecia o assunto para um
aluno que não o conhecia, seguido de uma avaliação que determinava se o aluno
estava apto ou não para exercer aquele ofício. Em caso positivo lhe era concedido o
diploma e em caso negativo, o mesmo teria que repetir o curso.
Foi o padrão francês da universidade napoleônica, não transplantados na
totalidade, mas, nas suas características de escola autárquica com sua
supervalorização das ciências exatas e tecnológicas e a conseqüente
desvalorização, da filosofia, da teologia e das ciências humanas; com a
departamentalização estanque dos cursos voltados para profissionalização
(RIBEIRO, 1973).
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No início os professores vinham da Europa, no entanto, com a expansão
dos cursos superiores, procuravam-se profissionais renomados na sua área, para
lecionar. Até a década de 1970, embora já houvesse um investimento para a
pesquisa, exigia-se apenas que o candidato a professor fosse um bacharel
competente, em sua profissão para compor os corpos docentes das universidades,
eles acreditavam que quem sabia um determinado ofício, automaticamente sabia
ensinar.
Só recentemente os professores universitários começaram a se
conscientizar que a docência, como pesquisa e o exercício de qualquer profissão,
exigem capacitação própria e específica. O exercício docente no ensino superior
exige competências específicas que não se restringem a ter um diploma de
bacharel, ou mesmo de mestre doutor, ou ainda apenas o exercício de sua profissão
(BEHRENS, 1996).
O objetivo desta busca por professores era na verdade para ensinar
alunos, aprendizes, ou seja, formar profissionais. Onde o professor era o centro do
processo e não o aluno, o professor tinha que ser altamente competente, transmitir
bem seus conhecimentos e avaliar o aluno. Caso o aluno não se desempenhasse
bem nas provas era taxado de irresponsável, incompetente e inapto para exercer
aquela profissão. Em nenhuma hipótese era cogitada a falta de habilidade do
professor em transmitir os conhecimentos.
Formar professor universitário é um assunto muito abrangente e tem sido
pouco debatido, no interior das instituições universitárias, bem como, em seminários.
O próprio critério de ingresso em algumas universidade e faculdades revela que não
há uma preocupação com a formação pedagógica do professor universitário. A
exigência legal para a docência é cumprida, entretanto, ela se limita à formação em
nível de graduação e pós-graduação na área exclusiva profissional em que o
docente vai atuar de acordo com categoria profissional é que esse dá sua entrada
na universidade. “Algumas decisões quanto à profissão ocorre muito mais como fruto
da experiência pessoal, meio ao acaso, do que de decisão pré-destinada ao
magistério.” (CUNHA, 1989, p. 33).
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“Todavia, ao se efetuar debate sobre o exercício do magistério, a questão da vocação tem surgido como pré-circunstância de destreza maior ou menor no gosto ou no fazer na sala de aula. Entretanto, as narrativas dos professores revelam que até para eles, sua entrada na Instituição de Ensino Superior aconteceu numa conjuntura circunstancial. A reflexão sobre a profissão do que é ser professor para bem exercer a docência deve ser por vocação. A vocação é assunto complexo e quase não há dados que permitam sua generalização, parece que há mais influência do ambiente social das relações do que pendores naturais.” (CUNHA, 1989, p. 83).
O assunto da vocação tem sido digno de muitos estudos sociológicos e
ainda deve ser alvo de investigação teórica num mundo em que os humanos estão
perdendo a vocação humanizada.
Algumas instituições de ensino superior tem uma certa preocupação com
a competência profissional na área de sua formação, porém, sem estabelecer
historicamente na perspectiva de ser professor. A inquietação é notória no espaço
educacional formal, quando o professor, põem em prática, com o aval do seu
departamento, cursos de pós-graduação sem destaque na pesquisa de seu campo
de origem, ficando seu desempenho como professor sem uma reflexão ampla e
sistematizada, pois a proposta pedagógica para o ensino superior não pode ser
dissociada da pesquisa e da crítica social.
“A Universidade, talvez a única instituição da sociedade capitalista cuja função e cujo fim sejam a crítica social, a única instituição em que é possível viver plenamente a contradição entre a crítica e ação, contradição que é o verdadeiro motor do progresso social.” (SOARES, 1991, p. 22).
Muitas pesquisas, vem sendo executadas sobre a universidade brasileira,
desmistificando seu caminho nas condições histórico-objetivas que demonstram
contradições e possibilidades de mudanças, tendo em vista organização de cursos,
análise sobre legislação o que tem concorrido para encaminhá-la em outras
direções.
Todavia, só é possível situar a importância do subsídio destas pesquisas
para as tomadas de decisões presentes e prover o projeto de universidade que se
quer ainda são poucas aquelas pesquisas que tem como foco principal a prática
pedagógica no cotidiano da docência superior, especialmente as produzidas no
Brasil.
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A leitura da experiência pedagógica universitária tem mostrado uma
prática na perspectiva da idéia positivista da ciência, do conhecimento de mundo
marcado pela convicção, pela regra, pela particularidade, pelo conhecimento oriundo
da tradição, verdade pronta.
“Sacramentada, solidificando de tal maneira que não percebamos que é
uma tradição.” (PESSANHA, 1993, p. 45).
O grande desafio das Universidades hoje é conciliar o ensino a pesquisa
e a extensão que foram incluídos na Constituição de 1988, essencialmente nas
graduações, é preciso botar em prática essa tríade, haja vista, que uma sem as
outras não leva o aluno ao êxito que o mercado de trabalho exige. A prática
pedagógica deve ser construída por professores e aluno, priorizando a
aprendizagem e a produção de conhecimentos.
“Todos os professores,tem domínio do conhecimento amplo, profundo e atualizado, não só do conhecimento programático como da ciência que ensinamento. Tem também o conhecimento de ciências correlatas. Nem todas, porém, tem o conhecimento da produção do conhecimento claro e consciente do que é ensinar.” (PIMENTEL, 1993, p. 85).
Todavia, tendo conhecimento que a pesquisa institucionalizada faz parte
de um ritual metodológico ligada à pós-graduação vinculada a especialização. Isso
evidencia uma indissociação entre o ato de ensinar e de produzir conhecimento.
1.1 Docência do ensino superior e suas competências
No Brasil há aproximadamente três décadas, começou uma autocrítica,
por parte dos professores da docência superior, sobre a atividade docente.
Começou-se a perceber que assim como para a pesquisa se exigia desenvolvimento
de competências próprias, a docência do ensino superior também exigia
competências específicas, que, desenvolvidas, trariam aquela atividade uma
conotação de profissionalismo. A partir desta discussão, começou a identificar as
competências específicas para a Docência do Ensino Superior.
A docência do ensino superior exige que o candidato seja competente em
sua determinada área do conhecimento, ou seja, tenha o domínio dos
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conhecimentos básicos bem como experiência profissional, de campo, no entanto,
esse domínio cognitivo é pouco. Exige-se de quem pretende lecionar que seus
conhecimentos e práticas profissionais sejam atualizados constantemente por
participações em cursos de aperfeiçoamento, especializações, simpósios e
intercâmbios com especialistas e que o professor domine uma área de pesquisa que
abranja diversos níveis.
O mais importante será repensar o papel e a função do educador escolar
(dos cursos de graduação do ensino superior): seu foco, sua finalidade, seus
valores. A tecnologia será importante, mas, principalmente porque nos forçará a
fazer coisas novas, e não porque permitirá que façamos melhor as coisas velhas
(DRUCKER, 1993).
Pesquisa, é, aquela atividade que professores e alunos realizam por meio
de estudos e de suas reflexões críticas sobre temas teóricos ou experiências
pessoais, reorganizando seus conhecimentos, dando-lhes novos significados que
podem ser apresentados em congressos e simpósios, discutindo novos aspectos de
assunto mais atual. Docentes na fase de mestrado e doutorado realizam pesquisas
que com certeza serão incorporados à sua docência.
Sem dúvida, ainda existe o nível de pesquisa que envolve projetos
menores ou maiores, que estão voltados para a produção de conhecimentos
científicos ou para a produção de tecnologia de ponta, que envolvam recursos e
apoios de agências financiadoras nacionais ou estrangeiras. Essa produção
científica também enriquecerá o domínio de conhecimento que se espera de um
docente do ensino superior (IPISO, 1994).
No processo de ensino-aprendizagem, o objetivo máximo da docência é a
aprendizagem dos alunos. No desenvolvimento destas aprendizagens a posição do
professor em relação ao aluno deve ser alicerçada no respeito ao indivíduo, na
confiança, na percepção do aluno como ser integral, para que esse possa se
perceber melhor como pessoa, passando então a perceber melhor os outros e
conseqüentemente exercer melhor o seu papel. De acordo com Morin (2002), isso
favorece mudanças na forma de sentir, pensar e atuar do aprendiz, por considerar o
ser humano na sua totalidade.
É comum o professor lecionar até três disciplinas em um mesmo curso de
forma independente, isoladas sem fazer relação explícita com outras disciplinas do
mesmo currículo. Às vezes, por achar que o aluno já está familiarizado com a
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importância da disciplina, para sua profissão, às vezes por o professor desconhecer
suas relações entre a disciplina e o restante do currículo, ou desconhece sua
totalidade ou ele foi contratado apenas por lecionar àquela disciplina.
É fundamental que o docente perceba que o currículo de formação de um
profissional abrange também habilidades de trabalhar em equipe multidisciplinar,
além da elaboração e organização de informações, a produção do conhecimento e a
reconstrução do próprio conhecimento (SEVERINO, 1989).
O professor de ensino superior deve dominar tecnologias educacionais,
tanto na teoria como na prática. Houve tempo em que se pensou que a tecnologia
resolveria todos os problemas da educação, outros em que se negou totalmente
qualquer validade para esta mesma tecnologia, dizendo-se ser suficiente que o
professor dominasse o conteúdo e transmitisse aos alunos. Hoje, sabe-se que o
professor deve ser eficiente e eficaz e a tecnologia o ajuda nesse sentido.
De acordo com Valente (1993), hoje existe mais de cem técnicas de aulas
aplicadas às novas tecnologias, relacionadas com informática e a telemática: o
computador no processo do ensino-aprendizagem, na pesquisa; a Internet, o data
show, a vídeo conferência, o e-mail, dentre outros.
A ação de ensinar subtende a conseqüente ação de aprender. Finalmente,
poderá ocorrer no ensino formal institucionalizado, se não existir a decorrente
aprendizagem. Toda educação formal, não importando a que grau se destine,
desenvolve-se em torno do professor e do aluno, sendo que o aluno é centro da
aprendizagem. Os professores brasileiros estão iniciando o hábito de discutir e
refletir sobre suas próprias práticas docentes, trocando experiências entre si,
verbalizado dúvidas, enfim, se tornando um corpo docente no mais correto
significado do termo, preocupados com o aprendizado dos alunos.
“Suas facilidades e limitações, bem como as de seus alunos, devem ser analisadas no sentido de buscar o entendimento necessário da sua própria ação. Porque ensinar para quem ensinar são questões básicas que se respondidas, levarão imediatamente a outras perguntas decorrentes e absolutamente necessárias: Como se aprende, quando se aprende e de que forma melhor se aprende?“ (VASCONCELOS, 1996, p. 21).
As universidades que já iniciaram seus programas de avaliação no início
da década passada, já conseguiram melhorar ou solucionar problemas encontrados.
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Dentre eles o da didática do docente e a qualificação de acadêmicos. Pelo fato, de
terem ampliado o número de professores com melhor qualificação e de qualificar
professores existentes. A universidade contemporânea focaliza a missão da
instituição no mundo competitivo e globalizado, com tendências a orientação para o
mercado de trabalho, além da didática e da metodologia o docente precisa construir
um intelectual público.
A universidade contemporânea como parte do modelo da
contemporaneidade está vivendo muitas crises, porém, está buscando sustento, no
seu ensino, na sua pesquisa, na formação e qualificação de professores. A fase de
mudança do modelo da ciência moderna para pós-moderna que está caracterizando
a atualidade encaminhando para a reflexão, sobre o outro paradigma de atuação
universitária.
“A universidade que se quiser pautada pela ciência pós-moderna deverá transformar os seus processos de investigação, de ensino de extensão segundo três princípios: a prioridade da nacionalidade moral-prática e da racionalidade estética-expressiva sobre a racionalidade cognitiva instrumental; a dupla ruptura epistemológica e a criação do novo senso comum; a aplicação edificante da ciência no seio da comunidade interpretativa.” (SANTOS, 1995, p. 194).
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CAPITULO II
O DOCENTE SUPERIOR CONTEMPORÂNEO DEVE SER CRÍTICO E
REFLEXIVO PARA FACILITAR A OCORRÊNCIA DO APRENDIZADO DO ALUNO
O professor é um cidadão e um ser político e deve agir como tal ao entrar
na sala de aula para lecionar, integrado com seu tempo, sua civilização e sua
comunidade. Sendo este um ser crítico e reflexivo, deve estar aberto ao que se
passa na sociedade fora do mundo, da universidade ou faculdade, para suas
modificações e novas descobertas, com o objetivo de abrir espaço para discussão e
debate com seus alunos, convidando-os à criticidade e à reflexão.
“Com metodologias calcadas na criatividade em sala de aula, o aluno terá como desafio ações diferenciadas: como saber pensar, aprender a aprender, apropriar-se dos conhecimentos disponíveis pelos múltiplos recursos inovadores e adquirir competência crítica, reflexiva e criatividade para produzir novos conhecimentos.” (BEHRENS, 1996, p. 49).
A educação se constitui na mola mestra para a transformação dos
paradigmas da existência humana, sendo um instrumento que possibilita ao homem
compreender o que ocorre na sociedade em que está inserido, ampliando sua visão
de mundo. A transformação no contexto da Educação Superior acontecerá, no
momento em que professores e alunos, perceberem a importância de seus papéis
no processo de ensinar e aprender, valorizando o feedback, sendo mais
responsáveis e conscientes.
Garcia (1999), mostra em seu estudo, que a partir do autoconhecimento e
auto-reflexão, o aluno pode tornar-se mais consciente de suas responsabilidades, de
seus atos, o que certamente facilita o processo de aprendizagem.
Mesmo naquelas disciplinas chamadas de teóricas, deve se conhecer a
história da ciência e como se formou o conhecimento científico, o tempo cultural e
social, suas trajetórias durante a história e suas possíveis aplicações hoje.
O aluno deve ser alertado, digo, conscientizado, das novas exigências do
mercado de trabalho, da necessidade de está sempre se qualificando, de ser um
profissional competente e responsável.
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Não estou pedindo para que nossos profissionais tenham uma bola de
cristal, para responder, mas estou apelando para a necessidade de estarmos
atentos, para o que se passa hoje nas profissões, para suas mudanças, para as
novas exigências e propostas de globalização, juntamente com o grande problema
do desemprego das massas não-qualificadas (MASETTO e ABREU, 1996).
Mesmo o professor sendo um profissional renomado em uma determinada
área, ele necessita de didática, digo, de qualificação como professor, para não
frustrar-se ou frustrar os seus alunos e não ser negligente.
As novas diretrizes curriculares sinalizam a necessidade de mudanças
paradigmáticas na educação em Enfermagem, cujos objetivos entre outros aspectos
é “levar os alunos dos cursos de graduação em saúde aprender a aprender que
engloba aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a
conhecer (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2001).
A passagem pelas várias disciplinas e experiências oriundas do processo
ensino-aprendizagem, da docência superior, do qual somos sujeitos como
aprendizes e educadores, nos faz questionar vários aspectos da educação,
vivenciados nos estágios, na coordenação de grupos com os alunos e na
coordenação de aula nas universidades. Como motivar o outro para aprender? Em
que nível manter a relação com aquele que compartilha o que ensinamos.
Os dilemas experimentados no aprendizado do papel de educador
durante a graduação, motiva à indagação sobre a relação do professor-aluno e seus
reflexos do processo de formação do docente. Entende-se que a educação constitui-
se no pilar da transformação dos paradigmas sociais e humanos, podendo promover
mudanças na forma de sentir, pensar e atuar das pessoas em relação a si mesmo e
aos outros.
De acordo com Morin (2002), isso favorece mudanças na forma de sentir,
pensar e atuar do aprendiz, por considerar o ser humano na sua totalidade.
Acredita-se que há grande influência da relação que o professor
estabelece com o aluno do curso de graduação seja ele na área de docência ou não,
tendo em vista que todo graduando hoje deve ser preparado pelas universidades
para ser um professor no futuro, ou seja, para a formação de cidadãos conscientes
de seu papel social. Acredita-se profundamente que o processo de aprendizagem
possibilita ao indivíduo sair da rotina do conhecimento e procurar novas formas de
interpretação da realidade, e é exatamente através desta perspectiva que é viável ao
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profissional docente ser capaz de transformar a realidade do aprendizado através de
sua ação educativa. Segundo Freire (1997), o aluno só aprende a aprender quando
cria. É preciso que seu pensamento deixe de ser instrumento de passividade,
conformismo e submissão para tornar-se um ao libertador.
O ser humano, revestido de sua multidimensionalidade, apresenta-se
como um ser complexo. Na sua evolução histórica, está presente o conhecimento, o
qual, na maioria das vezes são fragmentadas, por disciplinas e não é visível a sua
recomposição. O modelo atual carrega marcas dessa fragmentação, inclusive no
conhecimento científico e na educação.
É necessário discutir a importância de sua prática educativa consciente e
crítica para o futuro. É fundamental que a educação se ocupe em conhecer o que é
conhecer, que não seja uma educação fragmentada, e que retome a unidade do ser
humano e resolva também problemas imprevistos (MORIN, 2002).
De acordo com Freire (1997 e 2000), todo ser humano é histórico, logo
está submerso em condições espaço temporais, isto é, o homem, estando nessa
situação, quanto mais refletir de maneira crítica sobre sua existência, mais poderá
influenciar-se e será mais livre. Essa filosofia se apóia nos pressupostos que Freire
designa como idéia-força.
Toda ação educativa deve necessariamente, está precedida de reflexão
sobre o homem e de uma análise do meio de vida do educando, isto é a quem o
educador quer ajudar a educar.
O homem chega a ser sujeito por uma reflexão sobre sua situação, sobre
seu ambiente concreto. A educação deve levar a o educando a sua tomada de
consciência e atitude crítica no sentido de haver mudança da realidade.
Através da integração do homem com seu contexto, haverá reflexão, o
comprometimento, a construção do homem de si mesmo e do ser sujeito.
À medida que o homem se integra às condições do seu contexto de vida
realiza reflexão e obtém respostas aos desafios que lhes apresentam, criando
cultura.
O homem é criador de cultura e fazedor de história, pois, na medida em
que ele cria e decide, as fases vão se formando e reformando.
É necessário que a educação permita que homem chegue a ser sujeito,
construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer relações de
reciprocidade, fazer cultura e história.
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2.1 A Educação para o Século Atual
Um dos maiores desafios do século atual, onde as pessoas estão em
busca de raízes e referências estão em aprender a viver juntos neste mundo
globalizado onde a educação emerge com o grande triunfo, por possibilitar o
desenvolvimento contínuo da sociedade. O século atual está em seus primeiros
anos e é visível o progresso científico e tecnológico e econômico ocorrido nos mais
diversos âmbitos da globalização.
Em relatório encaminhado à UNESCO, a Comissão Internacional de
Estudos sobre a Educação para este século sublinha que para dar resposta ao
conjunto de suas missões, a educação deve está organizada em torno de quatro
aprendizagens fundamentais: aprender a conhecer (adquirir cultura geral ampla e
domínio aprofundado de um reduzido número de assuntos, mostrando a
necessidade da educação contínua e permanente), aprender a fazer (oferecer-se
oportunidades de desenvolvimento de competências amplas para enfrentar o mundo
do trabalho), aprender a conviver (cooperar com os outros em todas as atividades
humanas) e aprender a ser, que integra as outras três, criando-se condições que
favoreçam ao indivíduo adquirir autonomia e discernimento (DELORS, 1996).
Desde o final do século XX, tem sido amplamente discutida à educação
transformadora que deve ser feita em profunda interação educador-educando,
voltada especialmente para a reelaboração dos conhecimentos e habilidades
apreendidas e a produção de novos conhecimentos, onde haja solidariedade,
diálogo e respeito entre as partes.
Deve ocorrer ações como reflexão crítica, curiosidade científica,
criatividade, investigação dentro da realidade dos educandos, tendo o professor a
responsabilidade de articular, metodologias de ensino caracterizadas por variedade
de atividades estimuladoras e criativas dos alunos (FREIRE, 1997).
Há algum tempo existe uma preocupação com a questão que envolve o
ensino na área profissional de saúde, uma vez que a atuação dos professores é
claramente instrumental, fundamentada basicamente em princípios e técnicas
científicas, negligenciando-se aspectos e atitudes e valores éticos e políticos. No
entanto, partindo do princípio que as instituições de Ensino Superior (IES), são
19
parcialmente responsáveis pela formação de cidadãos e profissionais competentes,
todas tais perspectivas práticas têm merecido maior discussão nos últimos anos,
mostrando-se que o ensino tradicional nas IES, é concebido praticamente sem
nenhuma sustentação conceitual e teórica na investigação educativa, propiciando à
reprodução de vício e mitos empobrecimento do pensamento pedagógico e do
interesse e estímulo de docentes e alunos.
A prática educativa reflexiva tem buscado representar o novo papel que
deve ser desempenhado na educação com ênfase na investigação da própria
prática, no processo interativo, no diálogo com a situação real, enfim, o professor
como prático-reflexivo (NÓVOA, 1992).
Há alguns anos há uma investigação na prática docente de Enfermagem,
buscando contribuir para um ensino de maior qualidade nessa área profissional. Há
um questionamento principalmente se a formação, atuação e desenvolvimento de
professores na Enfermagem, estão de acordo com as expectativas traçadas pela
educação deste século, isto é, com espírito científico e pensamento crítico-reflexivo
para que desenvolva os saberes e competências essenciais à sua prática docente.
No documento aprovado pelo MEC, Diretrizes Curriculares de Graduação
em Enfermagem, são identificados, aspectos que privilegiam a formação do
enfermeiro-educador, bem como a influência da relação professor-aluno, nesse
processo (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2001).
A educação precisa ser estruturada na troca de informações entre
educador e educando, ou seja, no diálogo, no respeito à cultura do educando, pois
ele é o alvo da aprendizagem e o professor deve ser um facilitador para que o
conhecimento ocorra, sendo que suas competências não podem ser dissociadas. As
escolas e os professores precisam acompanhar as profundas mudanças no mundo
atual.
Os conflitos educacionais da atualidade são identificados como se
manifestam no quotidiano escolar no enfoque da organização da instituição e quanto
a alunos e professores. Estudiosos de várias correntes filosóficas têm contribuído
para aumentar a compreensão sobre educação de jovens indicando que o docente
deve cumprir o processo pedagógico de forma mais política, possibilitando maior
encontro entre as percepções e visão de alunos e docentes, que repercutam em
maior quantidade de formação e atuação de ambos.
20
Para que a prática reflexiva obtida pelo professor seja adquirida o
professor deve ser capaz de criar situações de aprendizagem, experimentar, corrigir
através do diálogo intermediado com a sua realidade de trabalho, sua atuação, ou
melhor, a sua pedagogia deve ser construtivista.
O professor do século atual, precisa assumir uma formação continuada,
tendo em vista, à necessidade de atualizações da docência universitária, bem como,
da pesquisa e só um professor que se aperfeiçoe constantemente, pode
desempenhar bem o seu papel. O fato de assumirem a sua formação continuada, é
um dos sinais mais seguras para a profissionalização de seu ofício. A prática da
auto-formação deve resultar idealmente de uma prática reflexiva no desenvolvimento
do seu ofício enquanto docente, constituindo-se uma fonte de aprendizagem e
regulação, tornando-se uma alavanca essencial na construção de novas
competências e novas práticas (PERRENOUD, 2001).
Nas últimas décadas tem havido grandes movimentos sobre a atividade do
docente universitário no Brasil, revelando-se significados e valores até então pouco
considerados, destaca-se que esta docência exige competências próprias e
profissionalismo, com a finalidade de contribuir efetivamente para colocar na
sociedade cidadõas corretos e profissionais competentes. Dessa forma, o ensino
superior tenderá a reorganizar os seus currículos para atender a novas exigências
do exercício profissional competente. Tais reformulações devem sinalizar revisões
em diversos aspectos, tais como: a flexibilização e a dinamização curricular, a
formação profissional concomitante com a formação acadêmica, ênfase à formação
permanente, que deve ter início nos primeiros anos de graduação e persistirem ao
longo da vida profissional.
A revitalização da vida acadêmica pelo exercício profissional,
desestabilização dos currículos fechados, acabados e pronto. Dentre as
competências que deve ter um profissional para a docência do 3º grau, destacam-se
o domínio de determinada área do conhecimento, domínio na área pedagógica e o
exercício da dimensão política (MASSETO, 2002).
Nos últimos anos várias idéias vêm sendo colocadas e estão ganhando
espaço no campo educativo, colocando-se em evidência o professor, a profissão e a
profissionalidade docente, suas decisões práticas e pedagógicas. De acordo com
Zeichner (1993), mostra-se um esforço de evidenciar a figura do docente propondo
uma série de princípios teóricos ao ensino reflexivo de se exercitar na política
21
pedagógica do docente, uma atuação sistematicamente reflexiva, investigando-se
como ensina, e a partir daí, melhorar paulatinamente seu modo de ensinar,
representando uma estratégia de ser responsabilizado pelo seu próprio
desenvolvimento profissional.
Diante do exposto sobre a formação do professor para uma prática
docente reflexiva, muitos estudiosos da educação voltam a sua atenção para a
formação do professor pesquisador destacando a pesquisa como um componente
necessário à formação e desempenho e desenvolvimento do docente. No Brasil
poucas instituições de ensino superior têm se preocupado em desenvolver
pesquisas produzir e socializar conhecimentos, definindo-se mais por um sistema
formador de profissionais para o mercado de trabalho. A pesquisa aparece na
literatura internacional recente como uma prática fundamental na formação do
professor, assim como as propostas de restauração curricular.
Sua importância é totalmente reconhecida, aparecendo em projetos,
planos e leis governamentais, mais também são mostrados como evidentes o
desconhecimento de como a pesquisa ocorre no cotidiano escolar e se ela
efetivamente ocorre (LÜDKE, 2001).
Diante de tudo que foi mostrado sobre a educação, a formação e o
desenvolvimento de professores, fica evidente que neste século, não é mais possível
formar profissionais, com o ensino voltado a racionalidade técnica tão contestada
nos dias atuais.
Na tentativa de compreensão da prática docente reflexiva, constata-se que
a popularidade é grande e são muitas as propostas de formação de professores ou
restauração curricular que utiliza este conceito como elemento estruturador.
Tratando-se de especificamente da prática pedagógica, verifica-se que várias
mudanças tornam-se necessárias, visto que, os docentes vinham reproduzindo um
processo de ensino aprendizagem sem se envolver muito com a aprendizagem
significativa, fundamental para o desenvolvimento das provas e da sociedade.
Pouco incentivo à pesquisa, com metodologia de ensino centrada em
aulas expositivas predomínio de um programa pré-estabelecido, avaliação por meio
de provas e outros métodos tradicionais, e corpo docente constituído, ainda, por
muitos professores que mesmo titulados com mestrado ou doutorado não possuem
competência como educador, quanto à área pedagógica e a perspectiva política
social (MASSETO, 1996).
22
CAPÍTULO III
PROPENSÕES NA FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIOAL DO
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
Freqüentemente, verifica-se que no centro dos debates e discussão sobre
os rumos da educação, está à formação, o desempenho e o desenvolvimento
profissional do professor. Nos tempos atuais a docência universitária deve propiciar
a formação do profissional cidadão, devendo-se alterar os projetos pedagógicos e a
formação técnica de profissionais.
De acordo com Masetto (1998) deve haver condições de capacitação,
qualificação e desenvolvimento do corpo docente, para que o processo de ensino-
aprendizagem seja mais efetivo no que diz respeito à área pedagógica, à
perspectiva política social e à pesquisa.
Os currículos, via de regra, são apontados como os grandes vilões da
baixa qualidade do ensino superior, no entanto, essa situação está muito
relacionada com falhas na formação dos professores universitários, o que
compromete o seu desempenho.
Segundo Geraldi, Fiorentino e Pereira (2000) apesar dessa constatação,
pouca atenção tem sido voltada à formação e desenvolvimento de docentes de nível
superior no Brasil.
A formação de professores, segundo a concepção reflexiva, pressupõe o
seu desenvolvimento, para que sejam capazes de realizar uma análise de seu
ensino e que sejam capazes de adquirir competências cognitivas e relacionais.
Garcia (1999) argumenta que a formação reflexiva deve ser:
Empírica - para saber o que está acontecendo em uma classe, deve-se
recolher e descrever os dados, as situações, as causas e os efeitos.
Analítica – necessária para interpretar os dados descritivos, possibilitando
inferir a teoria;
Avaliativa – úteis, para a emissão de juízo sobre eventos e resultados da
educação;
Estratégicas – saber planificar a ação e antecipar sua implementação de
acordo com a análise feita;
23
Prática – estar apto a estabelecer relações entre a análise e a prática,
assim como entre os fins e os meios para alcançar um bom efeito;
Comunicação – saber comunicar e partilhar suas idéias com os outros
colegas.
Entende-se por saber docente aquele formado pela associação coerente
de saberes oriundos: da formação profissional, das ciências da educação e da
ideologia pedagógica; aos profissionais, transmitidas pelas instituições de formação
de professores; os disciplinadores integrados à prática docente por intermédio da
formação inicial e contínua dos professores, os curriculares das instituições
escolares, explicitados sob forma de discurso, dentre outros.
Na abordagem são colocados em prática os saberes e as competências
necessárias aos professores, mostrados como campo para a pesquisa é ainda muito
pouco explorado pelas ciências da educação (CHAKUR, 2001).
O magistério nas universidades vem sendo exercido por profissionais das
mais variadas áreas do conhecimento. Exercem função de docentes na educação
superior quatro categorias de professores. Profissionais de várias áreas do
conhecimento que se dedicam à docência em tempo integral; Profissionais da área
de educação e das licenciaturas que atuam em tempo integral na universidade;
Profissionais que atuam no mercado de trabalho específico e se dedicam ao
magistério algumas horas por semana; Profissionais docentes da área pedagógica e
das licenciaturas que atuam em vários níveis da educação:ensino infantil; ensino
fundamental; ensino médio e universidade, ou seja, possui sua jornada dupla dentro
e fora da universidade.
Ao primeiro grupo, poderíamos indagar. Como você ensina o que não
vivencia em sua prática diária? Porém, não podemos menosprezar estes
profissionais uma vez que são os maiores responsáveis pela maioria das
publicações científicas nos meios acadêmicos, uma forma de refletir e discutir, seria
como estes professores selecionam os conteúdos a serem trabalhados com os
alunos e a significação desses referenciais na formação dos acadêmicos. Em se
tratando dos docentes, não atuarem no mercado de trabalho específico, como
preencher as necessidades que os alunos vão encontrar como profissionais desta
área? “Nesse caso, não se coloca em questão a competência do professor, mas a
pertinência da proposta a ser desenvolvida com os alunos. Esse fato torna-se
desafiador quando o docente está distante do mercado de trabalho e não está
24
habituado a fazer leitura especializada que traga a produção do conhecimento
moderno na área em que atua.” (NÓVOA, 1991, p. 54).
A situação é agravada quando o professor não tem nenhuma formação
pedagógica. Enquanto docente, normalmente reproduzem a proposta dos
professores que atuaram em sua formação, entretanto, em alguns casos, superam
as dificuldades e se tornam autodidatas em virtude do entusiasmo que os envolvem
na docência.
No 2º grupo temos um conjunto de profissionais liberais que atuam no
mercado de trabalho específico do curso que lecionam, dedicam apenas algumas
horas ao magistério superior. São profissionais renomados na comunidade, ou seja,
no desempenho de suas funções. Exerce a docência paralelamente a função do
profissional liberal.
“O professor é valorizado principalmente pelo êxito que alcança no exercício de sua atividade como profissional liberal. Entre os indicadores desse estado estão, a localização de seu consultório/escritório, a classe social e o poder aquisitivo de seus clientes, os casos “importantes” em que obteve sucesso no encaminhamento, os congressos de que participam, devidamente divulgados para o público, e a relação afetiva que tem com os estudantes que, na maioria das vezes, já foram rigidamente selecionados pelo sistema educacional.” (CUNHA e LEITE, 1996, p. 86).
O fato de se dedicarem ao magistério poucas horas semanais, faz com
que eles não interajam com os colegas que lecionam no curso com a instituição,
com o departamento ao qual pertence, com a coordenação do curso nem com os
alunos. O diferencial da atuação destes profissionais na docência está exatamente
na preciosidade das experiências vivenciadas em sua área de atuação. Todavia,
sendo profissionais em plena atividade contagiam os alunos com os desafios e as
exigências do mundo mercadológico, mostrando a realidade na sala de aula,
trazendo uma grande contribuição para a formação dos acadêmicos.
“Coerente com essa situação, os professores ligados às profissões liberais nem sempre estão preocupados com a realização de cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), porque não são eles que os projetam valorativamente. Também não são os que mais se envolvem com a pesquisa, apesar de estarem sempre atentos, a seus resultados e ao conhecimento de última geração. A extensão está presente como um meio de aprendizagem na forma de assistência, cumprindo mais a lógica da prestação de serviços do que de compromisso político-social.” (CUNHA e LEITE, 1996, p. 87).
25
A maioria destes docentes nunca entrou em contato com uma formação
pedagógica que atendesse a esse papel de professor. Os acertos e erros vão
traçando sua trajetória docente somente quando se deparam com situações
embaraçosas na sala de aula onde alguns se propõem a se preparar
pedagogicamente.
O terceiro grupo envolve profissionais da área da educação e das
licenciaturas que se dedicam ao ensino na universidade. Aparentemente é uma
situação ideal para o preparo e formação de professores para atuar no mercado de
trabalho. Com o tempo integral de dedicação ao magistério do ensino superior,
dedicam-se a orientar licenciados e especialistas para atuar nas escolas, entretanto,
existem aqueles que nunca exerceram as funções que apresentam a seus alunos,
teorizam uma prática nunca experimentada, isso pode trazer prejuízos para a
formação dos alunos, uma vez que a proposta metodológica que o docente
apresenta é fundamentada na teoria muitas vezes desvinculada da realidade.
No quarto grupo, têm-se os profissionais docentes da área de educação.
Pedagogos e licenciados que atuam na universidade e paralelamente no magistério
nos diferentes níveis de ensino. Acumulando grandes jornadas de trabalho. Essa
vivência possibilita partilhar com os acadêmicos a realidade quotidiana dos
diferentes níveis de ensino, bem como, a possibilidade de dedicação exclusiva ao
trabalho e a migração de sua escola para outra muitas vezes mal remunerados.
A preocupação essencial não seria optar por um grupo, mas buscar
compor um quadro docente com profissionais de todos os grupos citados, garantindo
a diversidade e a riqueza de todos os profissionais envolvidos. O universo de
conhecimento mesclado por representantes de todos os grupos, estes grupos
enriquecem a oferta de currículo dos cursos (PERRENOUD, 1993).
Freire através de suas obras insere em seus questionamentos uma
educação multicultural, ética e transformadora, o pensamento de Freire ainda é
contemporâneo e inspira a teoria e a prática da educação. Em suas reflexões,
evidencia cuidados com a educação, propondo a humanização das relações e a
libertação dos homens, tema central de Pedagogia do Oprimido, escrita em 1968.
A circunstância em compor os quadros docentes do magistério superior
se agrava quando se observa que a maior parte desse grupo de intelectuais
envolvidos na docência não tem formação pedagógica. As universidades precisam
urgentemente buscar professores titulados que possam contribuir com sua
26
experiência profissional para qualitar os cursos, mas, em especial, propor aos
docentes a promoção pedagógica apara atuação em sala de aula e envolvê-los nela.
O sobreaviso que se impõe neste momento histórico, é o de que o
professor profissional, e profissional liberal das diversas áreas do conhecimento, ao
fazer a escolha pela docência no ensino universitário, precisam conscientizar-se que
ao entrar em uma sala de aula, se papel indispensável e ser professor.
Não basta ser um bom profissional liberal para ser um bom professor. O
desfio do corpo docente nesse processo é aceitar que a prioridade dentro da
universidade é sua atuação como professor. E que este traga consigo meios para
transmitir bem os conhecimentos, para que os gestores universitários não ouçam.
queixas como: o professor não se dedica exclusivamente à docência superior, por
isso falta, comenta que tem coisas mais importante pra fazer, que ganha pouco, por
isso não se dedica ao magistério como devia, negligenciando. Ou o professor sabe
muito o conteúdo, é competente em sua área, mas, não sabe ensinar.
“À comunidade dos professores universitários que tende a ter o comportamento de não deixar macular sua autonomia em sala de aula, o desafio da modernidade parece irrelevante, pois argumentam que sempre ensinaram assim e que os alunos saíram muito bem formados. O fator relevante que se apresenta é que os tempos mudaram e essas práticas pedagógicas, encontram-se ultrapassadas para as expectativas de uma sociedade que se renova dia-a-dia, portanto, seus alunos saiam bem formados para as necessidades daquela época e não para as exigências do mundo moderno.” (BENHRENS, 1996, p. 46).
Existe sempre uma resistência à mudanças, tendo em vista, que ela
sempre quebra paradigmas. Com o professor não é diferente pois ainda há aqueles
que acreditam que o futuro é uma mera extensão do presente, ignorando
tendências. As exigências do mundo moderno impulsionaram em
redimensionamento da ação docente, para neste século. Pois não é porque uma
situação vem ocorrendo a meio século que deve continuar acontecendo. “Por mais
poderosas que pareçam, não continuam simplesmente numa moda linear elas
chegam a pontas oscilantes onde explodem em novos fenômenos. Invertem a
direção. Param e partem.” (TOFFLER, 1990, p.27).
Vive-se em um tempo de informação e transformação, onde, os
professores não devem mais oferecer aos alunos a mesma prática pedagógica que
lhes foram oferecidas em sua formação, visto que, esta prática para os dias atuais
27
se tornam obsoletas. É necessário que os professores esteja atentos para a
evolução dos tempos das tecnologias, pois, o aluno que está na universidade
atualmente, não necessitam de uma prática pedagógica autoritária conservadora.
Ele precisa de uma prática transformadora para prepará-lo para o mercado de
trabalho que está cada vez mais exigente. Eles precisam fazer parte da sociedade
da informação. Sociedade esta caracterizada por DRUCKER (1989), TOFFLER
(1990) e BOA VENTURA SANTOS (1997).
Na verdade os docentes brasileiros alertados por as exigências do
mercado de trabalho e da necessidade de buscar uma formação contínua já
aprovada na reflexão sobre na ação do docente, tem buscado espaço entre os
professores de todos os níveis em especial na docência do ensino superior. O
processo para se tornar um professor reflexivo sobre sua própria prática requer
empreendimento em projetos que envolvem os professores um encontro com
espaço discutir as dificuldades e coletivizar os seus sucessos do mesmo tempo essa
ocasião de reflexão coletiva necessita de um pedagogo com preparo intelectual para
estimular os do antes a expor suas dificuldades, referenciais bibliográficos para
auxiliar uma renovação da ação docente em sala de aula.
É necessário que haja encontros contínuos que os professores busquem
ir a congresso, simpósios, para que haja aproximação entre os professores e as
novas metodologias e que haja a possibilidade de discutir sobre elas e ver a melhor
maneira de aplicá-las em sala de aula.Além de discutir com os outros professores
em momento de avaliação sobre as novas experiências realizadas.
O exercício de formação de professores precisa criar um universo para
uma dimensão coletiva em que os professores possam debater, meditar e por em
prática seus saberes e valores. A proposta de formação continuada no processo
participativo leva o docente a sair do seu mundo em sala de aula, e esse estímulo o
impulsiona a discutir com seus colegas docentes sobre sua ação como professor.
“Conhecimento na ação, reflexão na ação e reflexão na ação ganha uma pertinência acrescida no quadro do desenvolvimento pessoal dos professores e remete para a consolidação no terreno profissional de espaço de (auto) formação participada. Os momentos de balanço retrospectivo sobre os percursos pessoais e profissionais são momentos em que cada um produz a “sua” vida, o que no caso dos professores é também produzia a “sua” profissão.” (SCHÖN, 1992, p. 26).
28
CAPÍTULO IV
RESULTADOS E CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA
Foram entrevistados 29 professores, todos residentes no município de
Picos – PI, lotados na Universidade Estadual do Piauí, UESPI, núcleo de Picos - PI.
Os professores entrevistados foram 44,8% (13) enfermeiros, 3,44% (1) médico,
3,44% (1) farmacêutico bioquímico; 6,88% (2) advogados, 17,2% (5) pedagogos e
24,13% (7) licenciados.
A maioria deles 58,56%(17) são profissionais liberais que se dedicam
algumas horas ao magistério. Sendo que um desses profissionais o que corresponde
a 3,44%(1) é especialista em lingüística que é uma área de licenciatura. Entre os
cinco pedagogos dois deles, 6,88%(2) se dedicam a docência superior, os outros
três (10,3%(3) se dedicam as várias áreas do magistério (ensino fundamental, médio
e ensino superior). Dentre os licenciados apenas 3,44 (1) deles trabalha em regime
de dedicação exclusiva e 20,6% (5) trabalham em vários níveis da educação.
Dentre os licenciados dois deles o que corresponde a 3,44% são mestres
e 17,27% (5) são especialistas em suas respectivas licenciaturas. Os pedagogos
17,27%(5) são especialistas em áreas da pedagogia. Dos profissionais liberais que
se dedicam algumas horas ao magistério são todos especialistas em suas
respectivas áreas, ou seja, 58,56%(17). Sendo que um deles (3,44%) é também
especialista em lingüística que é área de licenciatura nenhum deles é doutor.
O SIGNIFICADO DE SER PROFESSOR UNIVERSITÁRIO PARA OS DOCENTES
DE NÍVEL SUPERIOR
A opinião dos professores sobre o significado de ser Docente do Ensino
Superior, pesquisados. Entre os entrevistados, 83% (24) consideram importantes e
relacionaram o fato de ser professor facilitador onde também aprendem. E 17% (5)
dos professores relataram a sua contribuição como profissionais liberais para os
alunos e a universidade bem como o aprendizado.
29
GRÁFICO 01 – Opinião dos professores sobre o que é ser professor
universitário.
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos-PI, ano 2009.
Em relação ao tempo de capacitação específicos para o exercício do
magistério, a maioria deles 69% (20) consideram importante e complementaram
opinando que o ideal seria se pós-graduar até o doutorado, e 17% (5) responderam
que deveriam fazer pelo menos um curso de introdução à Docência Superior e 14%
(4) disseram que basta ser um bom profissional na área que atua.
Gráfico 02 – O tempo necessário de capacitação específica para o exercício da Docência Superior
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.
69%
17%
14% Pós-graduar-se até o doutorado
Curso de Introdução à docência superior
Profissional renomado na área
30
Perguntou-se aos professores qual relação eles viam entre a Didática do
Ensino Superior e o aprendizado do aluno. A maioria deles 86,6% (24) disse que a
didática é extremamente importante para o aprendizado e 20,4% (5) disseram quem
tem vontade de aprender aprende de qualquer maneira.
Gráfico 03 – Opiniões dos professores sobre a importância da didática para o aprendizado
80%
20%
a didática éextremamenteimportante p/aprendizado doaluno
quando é bomaprende de qulaquermaneira
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos-PI, ano 2009.
Quando perguntados sobre quem é o centro da aprendizagem. Todos
foram unânimes em responder que o centro de aprendizagem é o aluno.
Gráfico 04 – O centro do processo de aprendizagem
100%
o aluno
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.
31
Quando indagados se eram precisa repensar a atuação como docente. A
grande maioria 88% (24) disse que sim e 12% (5) disseram que não.
Gráfico 05 – Repensar a atuação como docente
12%
88%
devorepensar
não énecessários
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos-PI, ano 2009.
Quando interrogados sobre o que é ser professor crítico-reflexivo. 76%
(21) foram enfáticos em responder que sim. Apenas 24% (8) responderam, mais não
foram convincentes
Gráfico 6 – Definir professor crítico-reflexico
76%
24% definiram o éque serprofessorcrítico-reflexivonão foramconvicentes
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.
32
Aos professores foi perguntado, sobre os rumos da educação no século
atual. 89% (26) delas responderam que as expectativas são as melhores possíveis,
visto que, vivemos na era do progresso e da tecnologia. 11% (3) disseram que as
mudanças ocorrem gradativamente, mais não são muito otimista.
Gráfico 07- Os rumos da educação no século atual
89%
11%
são otimista
não são otimista
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.
Quando perguntados sobre os currículos se os professores os apontariam
como vilões da baixa qualidade do ensino superior 39% (11) afirmaram que os
currículos não preparam o acadêmico como deve preparar 61% (18) disseram que
currículo não tem nada haver com a baixa qualidade do ensino superior, que esta
má qualidade está atrelada à didática do professor
Gráfico 08 – Os currículos são os vilões da baixa qualidade do ensino superior
61%
39%
Sim
Não
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.
33
Quando perguntados sobre qual seria o professor ideal para atuar na
universidade 20% (6) deles disseram que o ideal seria um professor que pudesse se
dedicar exclusivamente à universidade 40% (12) disse que o ideal e que o professor
fosse um doutor na área em que atua. 24% (7) disseram que o ideal seria que o
professor tivesse ao menos mestrado e 16% (4) disseram que era importante ter um
profissional liberal renomado na área de atuação para contribuir com a universidade
no sentido de levar as novidades do mercado de trabalho, para dentro da sala de
aula é fazer com que os alunos as percebam.
Gráfico 09 – Qual é o professor ideal para atuar na universidade.
20%
40%
24%
16%Profissional naárea de atuação
Mestre na área deatuação
Doutor na área deatuação
Dedicaçãoexclusiva
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos - PI, ano 2009.
Quando questionados se a educação deve dialogada e respeitar as
diversidades culturais 96% 28 deles disseram que sim apenas 4% (1) disse que não
era tão importante.
Gráfico 10 – Respeito às diversidades culturais dos alunos
96%
4% a educação deve sersim dialogada erespeitar asdiversidade culturais
Não é necessário
Fonte: Pesquisa direta na UESPI, Campos de Picos-PI, ano 2009.
34
CONCLUSÃO
A maioria dos professores universitários entrevistados conhece
profundamente a importância de ser um professor, facilitador. Os demais acham
importante contribuir com as universidades como profissionais liberais, informando
aos alunos o comportamento do mercado de trabalho, bem como, ministrando as
disciplinas da quais são incumbidos da melhor forma possível. Mesmo sendo a
grande maioria deles profissionais liberais, que se dedicam algumas horas ao
magistério. Eles têm uma grande preocupação em repassar aos alunos o que há de
mais novo nas bibliografias das áreas em que atua. Os pedagogos e licenciados são
mais expressivo ao definir didática e as atualizações no mundo da Docência
Superior. Muitos deles acham que o ideal é se pós graduar até o doutorado, outros
acreditam que um curso de Introdução à Docência Superior os ajudariam a
desempenhar bem o ensino superior, há aqueles acreditam que basta ser um
profissional liberal renomado, porém, ainda existe aquele que acredita que um bom
aluno aprende com qualquer tipo de professor seja, ele linha dura ou não. Entretanto
todos eles são unânimes que o foco da aprendizagem é o aluno.
A maioria dos docentes acha que deve repensar sua atuação como
professor, outras não acham necessário e não definiram muito o bem o que é ser um
professor crítico-reflexivo. Os primeiros têm consciência do que é ser um professor
crítico-reflexivo, bem como, são otimistas com os rumos da educação no século
atual e acreditam que a baixa qualidade do ensino superior está atrelada à falta de
didática dos professores e não aos currículos. Os segundos são pessimistas aos
rumos da educação neste século e acreditam que os currículos não preparam os
acadêmicos como deveriam.
Quando indagados sobre qual seria o professor ideal, houve vários tipos
de resposta quanto à qualificação, sendo que, a maioria acha que o professor ideal
deve ser doutor na área de atuação, deve respeitar as diversidades culturais e
praticar os ensinamentos de forma dialogada aos seus alunos.
Conclui-se que os professores entrevistados são na sua grande maioria
conhecedores e praticantes do que é ser professor universitário e que também não
existe um professor ideal para atuar na docência superior, que a soma de todos os
professores forma um conjunto essencial para atuar no ensino superior, e que este
35
trabalho contribuiu para que os professores refletisse sua atuação e sua
qualificação, colocando em prática os temas discutidos nesta pesquisa, certamente
aperfeiçoarão ainda mais a sua docência.
36
REFERÊNCIAS
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado(a) a participar como voluntário(a) em uma
pesquisa sobre “O Que é Ser Professor Universitário”. Leia cuidadosamente o que
se segue e pergunte ao responsável pelo estudo sobre qualquer dúvida, que tiver.
Este estudo está sendo conduzido pela Enfermeira Ana Paula Bezerra, orientada
pela Professora Fernanda Sansão Ramos. Após ser esclarecida, sobre as
orientações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine este
documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é da pesquisadora
responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado(a) de forma alguma. Em
caso de dúvida, você pode procurar o Comitê de Ética da Universidade Cândido
Mendes.
ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: O Que é Ser Professor Universitário.
Pesquisador Responsável: Fernanda Sansão Ramos
Pesquisador Participante: Ana Paula Bezerra
Telefone para contato: (86) 9948-7080
A pesquisa será realizada através da aplicação de questionário que não trará
nenhum constrangimento ao profissional e será realizada em etapa única e mantida
em sigilo.
_____________________________________________
Assinatura do Pesquisador
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CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu ____________________________, abaixo assinado, concordo em
participar do estudo: ________________________ tive pleno conhecimento das
informações que li ou que foram lidas para mim e quais são os propósitos do estudo,
os procedimentos a serem realizados e garantias de confidencialidade e que minha
participação é isenta de despesas. Concordo, voluntariamente, em participar deste
estudo. A retirada do consentimento da participação no estudo não acarretará
penalidades ou prejuízos ou perda de qualquer benefício que possa ter adquirido, ou
no meu acompanhamento – assistência – tratamento nessa Instituição de Serviço.
Picos (PI),
Assinatura do Sujeito___________________________________
RG ________________ CPF___________________
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ENTREVISTA
Entrevista nº ___________ Local:____________________________________
Cidade:_________________ Data: __________
Entrevistador:______________________________________
Papel I – Dados Pessoais de Identificação do Entrevistado
Nome: _____________________________________________________
Formação: ( ) Enfermeiro ( ) Médico ( ) Bioquímico ( ) Advogado
( ) Pedagogo ( ) Licenciado
Tipo de Dedicação: ( ) Professor que trabalha em sistema de dedicação exclusiva
( ) Profissional liberal, que se dedica a algumas horas ao magistério
( ) Profissional liberal das várias áreas do conhecimento que se dedica
ao magistério em tempo integral
( ) Pedagogo ou licenciado que atua em diversos níveis de ensino.
Parte II – Dados da Entrevista de Questões Abertas (gravadas em fita cassete)
Título do Projeto:______________________________________
1 – O que significa para você ser professor universitário?
2 – Quanto tempo de capacitação específica para o exercício do magistério você
considera necessário para desempenhar bem a docência superior?
3 – Que relação você vê entre a didática do ensino e o aprendizado do aluno?
4 – Quem você acha que é o centro do processo da aprendizagem?
5 – Você acha que é preciso repensar sua atuação como docente?
6 – Você sabe o que é um professor crítico-reflexivo?
7 – Como você vê os rumos da educação no século atual?
8 – Você apontaria os currículos como vilão da baixa qualidade do ensino superior?
9 – Qual seria o professor ideal na sua concepção para atuar na Universidade?
10 – Você acha que a educação deve ser dialogada e respeitar as diversidades
culturais?