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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA NEUROCIÊNCIA E O TDAH NA FASE ESCOLAR Miriam Cristina de Almeida Porto Maia Orientadora Prof. Marta Pires Relvas Rio de Janeiro 2014) DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

NEUROCIÊNCIA E O TDAH NA FASE ESCOLAR

Miriam Cristina de Almeida Porto Maia

Orientadora

Prof. Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro

2014)

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

NEUROCIÊNCIA E O TDAH NA FASE ESCOLAR

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Neurociência Pedagógica.

Por: Miriam Cristina Alves de Almeida

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me proporcionar a vida e

forças para enfrentar obstáculos e lutar

sempre.

À minha mãe que foi privada de

participar deste momento, mas que

sempre me incentivou e ensinou-me

grandes valores.

À minha Profª e Orientadora Marta

Pires Relvas, pelo grande exemplo de

educadora dedicada e carinhosa com

seus educandos e que jamais

esquecerei.

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DEDICATÓRIA

Às minhas filhas, Ana Beatriz e Caroline,

por serem uma das principais razões

pelas quais me inspirei a realizar mais

esta etapa de minha vida.

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RESUMO

Esta monografia investiga o TDAH (transtorno de déficit de atenção e

hiperatividade) nas crianças em sua fase escolar, buscando averiguar as

causas deste transtorno, como fazer um diagnóstico correto, as diferentes

formas de tratamento, bem como a contribuição da neurociência para ajudar

na aprendizagem dessas crianças.

Enfatiza-se a necessidade de um tratamento diferenciado nas escolas

para atender essas crianças de forma mais efetiva, orientando seus

professores e seus pais. Para tanto faz-se necessário uma boa formação dos

docentes, buscando as informações básicas sobre o transtorno, que irão

norteá-los neste processo.

PALAVRAS CHAVES: TDAH, Fase Escolar, Crianças e Neurociência.

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METODOLOGIA

Neste trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica, de caráter

qualitativo a partir de um levantamento de materiais publicados sobre o tema

como livros, revistas científicas, monografias, artigos científicos e internet.

Lakatos e Marconi (2001), apontam que a pesquisa bibliográfica nos

permite compreender que o levantamento do material para qualquer pesquisa

já é inicialmente um grande estudo sobre o tema. Assim, esse tipo de pesquisa

pode, portanto, ser considerada como primeiro passo de toda pesquisa

científica.

O primeiro capítulo contou com a contribuição dos autores Goldstein

(2006), Rohde (1999) e outros colaboradores que trataram das causas e

sintomas do TDAH.

No segundo capítulo foram utilizadas as obras de Stoner e Dupaul

(2007), Rotta (2006) e o DSM-IV (2002), enfatizando o diagnóstico, as formas

de tratamento e o papel da escola para ajudar os portadores desse transtorno.

No terceiro capítulo foram pesquisados os trabalhos de Lent (2002),

Relvas (2011), Rohde (2006) e Rotta (2006), investigando a contribuição da

Neurociência e as intervenções escolares necessárias para ajudar de forma

efetiva, obtendo resultados e melhoras significativas no tratamento.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - DESVENDANDO O TRANSTORNO DE DÉFICIT

DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

1.1 – Os sintomas do TDAH

1.2 _ Quais são as causas do TDAH

CAPÍTULO II - O DIAGNÒSTICO DO TDAH E SUAS FORMAS DE

TRATAMENTO NA FASE ESCOLAR

2.1 _ Cinco etapas para diagnosticar a hiperatividade de acordo

comGoldstein

2.2 _ Critérios diagnóstico do DSM-IV para Transtorno de Déficit de

.Atenção e Hiperatividade

2.3 _ Formas de tratamento

2.4 _ Treinamento dos pais

2.5.1 _ O papel da escola no tratamento

2.5.2 _ Sugestões para o professor ensinar o aluno com TDAH

CAPÍTULO III – A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PARA OS

PORTADORES DE TDAH NA FASE ESCOLAR

3.1 _ Aspectos neurobiológicos no TDAH

3.2 _ Os lobos cerebrais e sua importância na aprendizagem

3.3 _ Ajudando as crianças com TDAH na escola

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

A escolha desse tema se deu devido a uma grande inquietação sobre

como ajudar as crianças com TDAH na fase escolar. Atuando na educação

infantil, há alguns anos, pude perceber como essas crianças são discriminadas

pelo seu comportamento e que apesar de muito explorado por diversos

autores, o TDAH precisa ser melhor esclarecido pelos educadores e por seus

familiares. Embora haja boa vontade por parte de alguns professores, muitas

vezes a falta de informação e de conhecimento sobre o assunto dificultam

ainda mais o manejo desses profissionais que ficam sem suporte e sem

estratégias para agir em sala de aula.

O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um dos

transtornos psiquiátricos mais comuns da infância e adolescência. Os estudos

nacionais e internacionais situam a prevalência do TDAH entre 3 e 6%, sendo

realizados com crianças em idade escolar na sua maioria (Rohde, 1999).

Segundo o mesmo autor, o TDAH é um transtorno, neurobiológico, de

causas ainda desconhecida mas com forte participação genética na sua

etiologia, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo

por toda sua vida. Ele não é um transtorno de aprendizagem (TA), mas os

sintomas nucleares desse transtorno – a desatenção, a hiperatividade e a

impulsividade – têm grande impacto no desenvolvimento acadêmico. Desse

modo ele afeta secundariamente a aprendizagem.

A realização deste trabalho tem como objetivo investigar como a

neurociência pode ajudar na aprendizagem do aluno com TDAH na fase

escolar, ajudando sua família, bem como seus educadores.

Para o estudo do tema foram colocadas duas questões:

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- Apesar de muito explorado por fontes literárias e pela mídia, o TDAH

ainda precisa ser melhor esclarecido junto a profissionais que atuam no campo

educacional?

- Apesar de ser uma ciência nova, muitas são as contribuições da

Neurociência na aprendizagem dos alunos portadores desse transtorno?

No primeiro capítulo serão abordados as causas e os sintomas do TDAH

baseados nos estudos de Goldstein (2006), onde serão analisadas as causas

da hiperatividade tais como lesões cerebrais, epilepsia, medicamentos, dieta,

envenenamento por chumbo, hereditariedade, sofrimento fetal, infecção de

ouvido e hereditariedade.

Para Rohde (1999), alguns pesquisadores como professor Russel

Barkley, tem definido uma teoria que busca explicar uniformemente os

sintomas clássicos deste transtorno. Ele acredita que o TDAH se caracteriza

por um déficit básico no comportamento inibitório. Assim determinadas áreas

do cérebro teriam a função de comandar uma espécie de “freio de inibição”.

Devido ao prejuízo no funcionamento neste freio, as crianças e adolescentes

com o transtorno apresentariam maior hiperatividade e impulsividade.

No segundo capítulo serão pesquisados os meios diagnósticos

baseados nos critérios do DSM-IV bem como os medicamentos utilizados no

tratamento do TDAH de crianças e adolescentes.

Para Rotta (2006), o diagnóstico deve ser fundamentado no quadro

clínico comportamental, uma vez que não existe um marcador biológico

definido para todos os casos de TDAH. Inicia-se com a história cujo objetivo é

identificar os fatores de risco. A queixa que motivou a consulta constitui a

primeira preocupação, se foi motivada predominantemente por desatenção, se

predomina a hiperatividade ou se ambas estão presentes com a mesma

intensidade.

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No terceiro e último capítulo será enfatizada a contribuição da

neurociência para os portadores de TDAH, com o funcionamento do Sistema

Nervoso Central (SNC), incluindo os aspectos neurobiológicos do transtorno

bem como as intervenções que devem ser utilizadas pelos professores no

ambiente escolar.

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CAPÍTULO I

DESVENDANDO O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E

HIPERATIVIDADE

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um

transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e

freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Caracteriza-se por

sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.

Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização

Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos,

portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento

diferenciado na escola.

Esse é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes

encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 6% das

crianças, em diferentes regiões do mundo em que já foi pesquisado. Em mais

da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta,

embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos segundo a Associação

Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA).

As pesquisas sugerem que a hiperatividade pode ser o problema mais

comum na infância. É persistente ou crônico porque não há cura e muitos

problemas apresentados pela criança hiperativa devem ser administrados a

cada dia, tanto na infância como na adolescência.

Para Goldstein (1994), os problemas resultantes da hiperatividade,

possivelmente, estejam entre as razões mais freqüente que justificam o

encaminhamento de crianças com problemas de comportamento a médicos,

psicólogos, educadores e outros especialistas em saúde mental.

O autor coloca que é importante entender que a criança hiperativa

apresenta as dificuldades mais comuns da infância, mas de uma forma mais

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exagerada. Para uma grande parte das crianças afetadas, a desatenção, a

atividade excessiva ou o comportamento emocional irrefletido e impulsivo são

características do comportamento. Este termo descreve um conjunto de

qualidades inatas que vieram ao mundo com eles. Muitos pesquisadores

acreditam que estas qualidades que podem não ser hereditárias, sejam

conseqüências de algum desequilíbrio do cérebro. Algumas crianças, porém,

podem apresentar sintomas de hiperatividade como resultado de ansiedade,

frustração ou depressão.

Quando um professor, amigo ou médico sugere que se investigue um

possível comportamento hiperativo da criança, é bem provável que se tenha

enfrentado por parte dos pais ou educadores, não apenas um problema, mas

um complexo conjunto de problemas que afetam a criança em todas as áreas.

Os problemas da criança também podem ser exarcerbados por fatores sociais

e por outros fatores como saúde, dieta, problemas de aprendizagem, irmãos

ou até mesmo pelo seu próprio estado emocional.

Keith Conners, um pesquisador muito conhecido na área da

hiperatividade infantil, afirma que o diagnóstico da hiperatividade é difícil e

complexo. Não existe nenhum teste absoluto para a hiperatividade. É preciso

uma cuidadosa coleção de informações das mais variadas fontes (por

exemplo, pais e professores), através dos mais variados meios. Além do mais,

não há sinais significativos na história do desenvolvimento da criança que com

certeza absoluta possam contribuir para diagnosticar a hiperatividade. Embora

certos fatores de desenvolvimento no início da infância (o bebê difícil para

acalmar ou com dificuldade para dormir) possam colocar as crianças no grupo

de risco, a hiperatividade é marcada por um grupo desses problemas, pela sua

intensidade ou gravidade e pela sua persistência durante o processo de

crescimento da criança.

È importante entender que a hiperatividade pode ser melhor descrita

como uma forma exacerbada daquilo que pode ser um comportamento

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apropriado para a idade. Ela tem uma ampla margem na qual o nível de

atenção, da atividade e da impulsividade pode ser determinado tanto pelo

temperamento como pela solicitação feita á criança pelo ambiente em que vive

e ser considerada um distúrbio de interação. Assim as dificuldades pelas quais

uma criança agitada passará serão determinadas, em parte, pela situação. A

criança hiperativa enfrenta menos dificuldades em lugares que não precise

ficar tranquilamente sentada como, por exemplo, no parque ou no playgroud.

Já num restaurante, a criança agitada torna-se um problema.

1.1 OS SINTOMAS DO TDAH

A hiperatividade não atinge apenas as crianças em idade escolar.

Embora os profissionais não rotulem uma criança antes de ela ter no mínimo

cinco anos de idade, muitas crianças mais jovens têm sintomas similares que

podem ser indicadores precoces do problema. Além disso, o número de

adolescentes que sofrem de hiperatividade de acordo com dados dos

pesquisadores no assunto é quase igual ao de crianças menores. Os

adolescentes hiperativos, no entanto, experimentam problemas mais

complexos quando tentam entrar para a vida adulta. Alguns estudos indicam

que de um terço, metade das crianças hiperativas apresenta o que se

transformará em um conjunto de problemas durante toda a vida.

Alguns sintomas da hiperatividade que se manifesta por quatro

características básicas, descritos pelo senso comum segundo Goldstein:

a) Desatenção e distração: as crianças hiperativas têm dificuldade de

se concentrar em tarefas e prestar atenção de forma consistente

quando comparadas com seus colegas. Quanto mais enfadonha,

desinteressante ou repetitiva for a tarefa, maior a dificuldade

encontrada. A atenção é um processo complexo que envolvem

diferentes habilidades. Por exemplo, para funcionar efetivamente em

sala de aula, a criança deve dominar de aptidões/habilidades

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relativas à atenção-orientação. Isso inclui a capacidade de focalizar a

atenção de forma apropriada em um dado momento, começar uma

tarefa que lhe foi atribuída, manter a atenção o tempo necessário

para terminar a tarefa, ignorar as distrações, dividir a atenção, isto é,

ser capaz de fazer anotações e, ao mesmo tempo, ouvir o professor

e estar vigilante e pronto para responder durante as atividades em

grupo.

b) Superexcitação e atividade excessiva: as crianças hiperativas

tendem a ser excessivamente agitadas e ativas, e facilmente levadas

a uma emoção excessiva, pois têm dificuldade de controlar o próprio

corpo em situações que exijam que fiquem quietas por muito tempo.

Suas reações emocionais são mais intensas e mais freqüentes que

as de outras crianças. Emoções relativas à raiva, frustração,

felicidade ou tristeza.

c) Impulsividade: As crianças hiperativas têm dificuldade de pensar

antes de agir. Elas têm dificuldade de seguir regras, mas a sua

necessidade de agir rapidamente sobrepuja sua reduzida capacidade

de autocontrole, o que resulta em um comportamento inadequado e

irrefletido. Essas crianças com muita freqüência voltam a transgredir.

Pose-se pedir que a criança não repita um comportamento

inadequado, porém ela o repetirá diversas vezes, porque em geral os

problemas dela originam-se da incompetência, inconsistência ou

inabilidade e não da desobediência.

d) Dificuldade com frustrações: As crianças hiperativas têm dificuldade

para trabalhar com objetivos de longo prazo. Elas necessita de

repetidas compensações a curto prazo do que de uma única

recompensa a longo prazo. Algumas pesquisas sugerem que o

constante satisfazer pode ser ineficaz para mudar o comportamento

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das crianças hiperativas e descrevem esse comportamento como um

déficit motivacional.

Uma criança deficiente em uma, duas ou até quatro dessas habilidades

está comprometida de forma significativa em suas atividades para ser bem

sucedida em lidar com a realidade. As crianças hiperativas, entretanto,

geralmente são frágeis em todas as quatro habilidades apresentadas acima.

Para Rohde, os sintomas que fazem parte do grupo de desatenção são

(p.39)

a) não prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido;

b) ter dificuldades para concentrar-se em tarefas e/ou jogos;

c) não prestar atenção no que lhe é dito (estar no mundo da lua);

d) ter dificuldade em seguir regras e instruções e/ou não terminar o que

começa;

e) ser desorganizado com as tarefas e materiais;

f) evitar atividades que exijam um esforço mental continuado;

g) perder coisas importantes;

h) distrair-se facilmente com coisas com coisas que não tem nada

haver com o que está fazendo;

i) esquecer compromissos e tarefas.

Sinais que fazem parte do grupo de hiperatividade/impulsividade:

a) ficar remexendo as mãos e/ou os pés quando sentado;

b) não parar sentado por muito tempo;

c) pular, correr excessivamente em situações inadequadas, ou ter uma

sensação interna de inquietude (“bicho-carpinteiro por dentro”);

d) ser muito barulhento para jogar ou divertir-se;

e) ser muito agitado (“a mil por hora”, “ou um foguete”);

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f) falar demais;

g) responder às perguntas antes de terem sido terminadas;

h) ter dificuldade de esperar a vez;

i) intrometer-se em conversas ou jogos dos outros.

Ainda para o mesmo autor,

Algumas crianças e adolescentes apresentam muitos dos sintomas

listados anteriormente. Na maioria das vezes, estão presentes vários, mas não

todos. As pesquisas mais recentes têm mostrado que são necessários pelo

menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos de

hiperatividade/impulsividade do diagnóstico de TDAH.

Mas, cuidado! Para se considerar que alguns dos sintomas da lista está

presente é importante que ele aconteça freqüentemente, e não de vez em

quando. Todos nós, vez por outra, estamos mais inquietos, ou no “mundo da

lua”. (p. 41)

1.2) QUAIS SÃO AS CAUSAS DO TDAH?

Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil -

demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes

regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as

práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os

filhos ou resultado de conflitos psicológicos.

De acordo com a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA),

estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região

frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é

uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras

espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é,

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controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar

atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.

O que parece está alterado nesta região cerebral é o funcionamento de

um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores

(principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as

células nervosas (neurônios).

Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos

neurotransmissores da região frontal e suas conexões.

As possíveis causas do TDAH:

A) Hereditariedade:

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por

uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada,

inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de

TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais

freqüente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A

prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a

10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência

familial).

Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior

ocorrência dentro da família pode ser devido a influências ambientais, como se

a criança aprendesse a se comportar de um modo "desatento" ou "hiperativo"

simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria

o papel de genes. Foi preciso, então, comprovar que a recorrência familiar era

de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente.

Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da

participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos

com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças

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afetadas, verificando se há diferença na presença do TDAH entre os dois

grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm três vezes mais

TDAH que os pais adotivos.

Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos

fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do TDAH (presença ou

não, tipo, gravidade etc). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de

semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança

genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH do que

os fraternos, a única explicação é a participação de componentes genéticos

(os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais

parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas

características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os

estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais

parecidos (também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter

70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes

na origem do TDAH.

A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa

genética do TDAH foi começar a procurar que genes poderiam ser estes. É

importante salientar que no TDAH, como na maioria dos transtornos do

comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação

genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece

nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não

um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas,

também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único

"gene do TDAH". Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade,

alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em

outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências ambientais.

Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar (antigamente

denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas nos

familiares de portadores de TDAH.

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Goldstein (2006), afirma que: As famílias com crianças afetadas apresentam uma ampla gama de sintomas; o comportamento de uma criança não pode ser previsto somente pela história familiar. Alguns pais hiperativos não têm crianças hiperativas, enquanto pais normais têm crianças com problemas sérios. Muitos são os fatores que determinarão se a criança será hiperativa. (P21)

B) Substâncias ingeridas na gravidez:

Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a

gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê,

incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas

têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e

desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos

mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação

de causa e efeito.

C) Sofrimento fetal:

Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto

que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos

com TDAH. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDAH sejam

mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na

gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que

passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no

parto.

Para Goldstein, se durante a gravidez, a saúde da mãe é frágil,

sobretudo se ela apresentar problemas clínicos associados com inchaço nos

tornozelos e aumento de pressão arterial (eclâmpsia) antes do parto, o bebê

apresenta maior tendência para desenvolver problemas de comportamento e

aprendizado. Mesmo que poucas crianças sejam hiperativas por causa de

distúrbios da gestação, devemos reforçar a importância de uma assistência

pré-natal.

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D) Exposição a chumbo:

O chumbo é um metal que não tem nenhum valor biológico conhecido,

porém sua ingestão pode envenenar a sistema energético humano. Quando o

chumbo era engerido em grande quantidade, ocorria o envenenamento por

chumbo, uma doença grave e, muitas vezes, fatal. Muitas crianças morreram

em conseqüência de edema cerebral. Algumas das crianças que sobreviveram

ao grave episódio desenvolveram problemas de aprendizado e

comportamento.

Goldstein 2006, relata que crianças que moravam perto de uma

siderúrgica ajudaram a demonstrar que mesmo níveis baixos de exposição

podem provocar anormalidades. Estas crianças estavam expostas ao chumbo

em virtude da localização de suas casas, e não das suas próprias ações.

Quando o aprendizado e o comportamento foram analisados, observou-se uma

estreita correlação com a exposição ao chumbo. Sua exposição ao chumbo

não poderia ser atribuída a um comportamento pré-existente.

Outro grupo de crianças ajudou a estabelecer uma nova relação entre

chumbo e os problemas de aprendizado e comportamento. Milhares de

crianças na região de Boston levaram para escola seus dentes de leite que

haviam caído. A análise destes dentes demonstrou que, na média as crianças

com acúmulo de chumbo em seus dentes apresentavam QI mais baixo, e

também mais problemas de comportamento e aprendizado em relação às

crianças com menor quantidade de chumbo em seus dentes. As diferenças

entre QI e os outros testes não eram muito grandes mas cientificamente

confiáveis.

As tentativas para prevenir a intoxicação por chumbo em relação aos

problemas de comportamento e aprendizado têm se concentrado nas fontes

ambientais de exposição, incluindo o chumbo atmosférico resultante da

combustão da gasolina e aquele dos encanamentos de água.

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Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem

apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há nenhuma

necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo

numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado

pela história clínica.

E) Problemas Familiares:

Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de

discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais,

funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais

baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos recentes têm

refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser mais conseqüência

do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).

Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não

causá-lo. Até hoje é comum que se diga que o TDAH é um distúrbio

essencialmente infantil. Não é raro que médicos digam aos pais de uma

criança com TDAH que "isto vai desaparecer com o tempo". Sabemos hoje em

dia que isto não é verdade: a maioria das crianças com TDAH na infância terão

sintomas por toda a vida. Estes sintomas poderão ou não interferir de modo

significativo com suas vidas profissionais, sociais e familiares.

F) Efeitos colaterais de medicamentos:

O Fenobarbital, medicamento usado comumente, é eficiente no controle

de algumas formas de epilepsia. Porém, algumas crianças podem desenvolver

sintomas sérios de hiperatividade quando tomam fenobarbital. Assim

apresentarão redução desses sintomas caso a medicação seja interrompida. A

maioria dos médicos acredita que não há agravamento permanente da

hiperatividade após o uso desse medicamento. Os medicamentos para

tratamento de asma, como a afedrina e a teofilina, parecem reduzir o

comportamento hiperativo em algumas crianças e agravá-lo em outras, mas de

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um modo geral não se evidenciam grandes alterações. Cada criança em

particular pode apresentar maior ou menor reação ao tratamento contra a

asma.

G) Infecções de ouvido

Ao analisar um grupo de crianças hiperativas com outro grupo de

crianças não-hiperativas, constatou-se que o grupo de crianças hiperativas

apresentou infecções de ouvido com muito mais freqüência do que o grupo de

crianças não-hiperativas.

Antes que se possa concluir que infecções de ouvido, provocam

hiperatividade, devemos compreender que existem outras explicações

possíveis. Se por exemplo, a criança hiperativa é mais sensível à dor de uma

infecção e, portanto, é levada com mais freqüência ao médico, este número

mais elevado de diagnósticos de infecção pode ser mais o resultado do que a

causa do comportamento-problema. É também possível que a hiperatividade e

as infecções de ouvido representem sintomas de causa neurológica similar.

Tornam-se necessários estudos adicionais entre as infecções de ouvido e a

hiperatividade antes que possamos considerar uma relação de causa e efeito.

A hiperatividade pode ser compreendida como resultante de uma

disfunção do centro de atenção do cérebro que impede que a criança se

concentre e controle o nível de atividade, as emoções e o planejamento. O

comportamento hiperativo está na mente. Ele parte do cérebro para o corpo.

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CAPÍTULO II

O DIAGNÓSTICO DO TDAH E SUAS FORMAS DE TRATAMENTO NA FASE

ESCOLAR

Este capítulo tem como finalidade descrever o enfoque da avaliação

diagnóstica e os diversos tratamentos para o TDAH na fase escolar.

A escola é que costuma detectar pela primeira vez o TDAH, pois devido

à disseminação de informações sobre o problema muitas professoras

aprendem a diferenciar a indisciplina pura e simples, ou a incapacidade de

seguir instruções porque a família não estabeleceu limites, do início do

distúrbio. Assim muitas escolas sugerem aos pais que procurem um

especialista quando suspeitam que a criança pode ter o distúrbio (Barbirato,

2009).

2.1) CINCO ETAPAS IMPORTANTES PARA DIAGNOSTICAR A

HIPERATIVIDADE DE ACORDO COM GOLDSTEIN (2006)

É importante que se entenda que não há nenhum resultado ou

observação isolada que confirme ou exclua o diagnóstico de hiperatividade em

uma criança. Muitos dos problemas de atenção, de atividade e impulsividade

que são atribuídos em algumas crianças, estão também associados a outros

problemas emocionais e de ajustamento.

• A primeira é que o comportamento da criança deve se enquadrar na

definição de distúrbio de hiperatividade com déficit de atenção (DHDA)

conforme descrito na A edição mais recente do Diagnostic and statistical

manual, da American Psychiatric Association (Washington. DC,1987).

Os problemas de hiperatividade da criança devem ter começado antes

dos sete anos de idade, não ser resultado de distúrbio autista e já está

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se manifestando a mais de seis meses. De acordo com as descrições

desse manual, a criança deve manifestar um certo número de

comportamentos tais como agitação constante, problemas para

permanecer sentada, ficar distraída por qualquer motivo, problemas

para guardar a sua vez, respostas impulsivas, problemas para completar

as coisas, dificuldade de continuar realizando uma tarefa, deixar muitas

coisas inacabadas, dificuldade para brincar tranquilamente, falar

excessivamente, interromper freqüentemente os outros, não escutar ser

desorganizado e expor-se a muitos riscos.

• A segunda etapa envolve a aplicação de um questionário bem

elaborado para pais e professores. Esses questionários mostraram-se

muito precisos em identificar crianças que apresentam problemas e

deficiências de habilidade consistentes com a hiperatividade. É

necessário lembrar que os questionários não fazem diagnóstico, apenas

descrevem os comportamentos. Deve-se ter cuidado com médicos ou

especialistas em saúde mental que baseiam seus diagnósticos apenas

em dados obtidos através de questionários.

• A terceira etapa envolve a coleta de informações objetivas e científicas

relativas ao comportamento e às deficiências de habilidades da criança.

Ela inclui a observação do seu comportamento na sala de aula e um

teste direto com a criança. O objetivo do teste é avaliar a habilidade da

criança de prestar atenção, planejar e se organizar de várias maneiras,

incluindo testes que usam lápis e papel, como o do labirinto. A

habilidade de uma criança imitar movimentos motores pode ser também

importante.Uma das áreas mais promissoras para avaliar crianças

hiperativas é o uso de computadores. Inúmeros programas foram

criados para medir as várias habilidades de atenção. Esses programas

estão, pouco a pouco, marcando sua presença nas clínicas

especializadas. Atualmente o mais usado é o Sistema de Diagnóstico

Gordon. Este instrumento portátil contém um microprocessador capaz

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de executar uma série de tarefas que se mostram bastante sensíveis em

identificar a impulsividade e o tipo de desatenção das crianças

hiperativas. Ele vem ganhando crescente aceitação e está se tornando,

rapidamente, um instrumento padrão no campo da avaliação objetiva da

hiperatividade.

• A quarta etapa envolve uma avaliação cuidadosa da criança em vários

ambientes. Isso inclui no mínimo a escola, a sua casa e a vizinhança.

Lembrem-se, embora as crianças hiperativas não apresentem os

problemas com a mesma gravidade em todas as situações, elas

normalmente apresentam alguma dificuldade na maioria das situações

diárias. Quando os sintomas se manifestam, especificamente, num

único ambiente, tal como escola ou em casa, há uma grande

probabilidade de que os sintomas da hiperatividade indiquem uma outra

dificuldade.

• A quinta etapa é mais importante pois é quando se considera,

cuidadosamente, se os sintomas refletem ou não algum outro distúrbio

emocional, de aprendizagem ou clínico. Recentemente, por exemplo,

avaliamos uma criança que estava cursando a terceira série escolar.

Uma análise dos problemas situacionais indicava que essa criança só

apresentava problemas na escola. Não havia história anterior de

sintomas hiperativos. Esses problemas tinham evoluído lentamente

durante o último ano. Uma avaliação mais profunda revelou que a

criança era muito inteligente, mas estava passando por um distúrbio

específico de memória. Até a terceira série, o menino vinha conseguindo

usar sua capacidade intelectual para compensar os problemas de

memória, mas foi incapaz de fazer isso quando as solicitações da escola

aumentaram. Como resultado da frustração houve o desenvolvimento

dos sintomas de inquietação, aparente desatenção e impulsividade.

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Para Goldstein (2006): A experiência mostra-nos que, se uma se criança se encaixa, durante a pesquisa para o diagnóstico, nessas cinco etapas do processo, há uma forte probabilidade dos problemas da criança refletirem um distúrbio biológico de temperamento. É também muito importante que os pais lembrem que muitas crianças hiperativas demonstram outros problemas comportamentais, emocionais e de aprendizagem. Para as crianças nas quais os sintomas parecem começar no jardim de infância e aumentam à medida que elas progridem na escola, é essencial uma cuidadosa revisão das aptidões e habilidades de aprendizagem. A maioria das crianças com uma história de hiperatividade apresenta problemas antes de entrar para a escola. Os pais não devem esquecer que, freqüentemente, problemas como a hiperatividade caracterizam crianças com dificuldades sociais, de linguagem, de aprendizado e de comportamento. (p.47)

O objetivo da avaliação diagnóstica não é classificar a criança ou decidir

sobre o tratamento em particular como a medicação. Um diagnóstico de

hiperatividade não implica que qualquer tratamento em especial seja

necessário. Não se deve supor que qualquer tratamento isolado pode

solucionar todas as dificuldades da criança em todas as situações. Grande

parte dos problemas vivenciados por criança hiperativa não pode ser evitada,

porém eles podem ser eficientemente administrados.

2.2) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICO DO DSM-IV PARA TRANTORNO DE

DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

Para serem considerados sintomas de TDAH, os comportamentos

devem ter começado nos primeiros anos de infância (isto é, antes dos 7 anos)

e devem ser exibidos cronicamente em dois ou mais contextos (American

Psychiatric Association, 2002).

Sintomas do DSM-IV para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.

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Sintomas de desatenção

1) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo

menos seis meses, em grau mal-adaptativo incoerente com o nível de

desenvolvimento:

a) frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros

por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras

b) com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou

atividades lúdicas

c) com freqüência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra

d) com freqüência não segue instruções e não termina seus deveres

escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais ( não devido a

comportamento de oposição ou incapacidade de compreender

instruções)

e) com freqüência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades

f) com freqüência evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que

exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de

casa)

g) com freqüência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por

exemplo, brinquedos, tarefas escolares , lápis, livros ou outros

materiais)

h) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa

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i) com freqüência apresenta esquecimento em atividades diárias

Sintomas de hiperatividade-impulsividade

a) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade-impulsividade

persistiram por pelo menos seis meses, em grau mal adaptativo e

incoerente com o nível de desenvolvimento:

b) frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira

c) frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras

situações nas quais se espera que permaneça sentado

d) frequentemente corre ou escala em demasia , em situações nas quais

isso é inapropriado ( em adolescentes e adultos, pode estar limitado a

sensações subjetivas de inquietação)

e) com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver

silenciosamente em atividades de lazer

f) está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a

todo vapor”

g) frequentemente fala em demasia

h) frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem

sido completadas

i) com freqüência tem dificuldade para aguardar sua vez

j) frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros ( por

exemplo, intromete-se em conversas ou brincadeiras)

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Discussões sobre os critérios do DSM são suplementadas com múltiplos

métodos de avaliação conduzidos em vários ambientes para determinar os

comportamentos problemáticos específicos, as variáveis controladoras e as

possíveis estratégias de intervenção aplicáveis para um aluno individual. O

diagnóstico de TDAH é apenas uma etapa no processo de desenvolver e examinar

intervenções para a promoção de maior sucesso na sala de aula.

Após a observação dos critérios do DSM-IV, são realizados exames

neurológicos (EN) e exame neurológico evolutivo (ENE).

No ENE são destacadas não só as dificuldades na habilidade motora por

meio do exame da coordenação apendicular de tronco e membros, como também

no equilíbrio estático e dinâmico, além da noção de esquema corporal,

principalmente considerando a noção de direita e esquerda, no próprio corpo, no

examinador e no espaço, o que se refletirá no livro, no caderno e no quadro negro,

ou em outras dificuldades gnósicas e práxicas relacionadas com desatenção e a

hiperatividade/impulsividade (Rotta, 2006).

Em casos selecionados são necessárias avaliações complementares:

psicológica cognitiva e afetiva, psicopedagógica, além de avaliação visual e

auditiva.

O diagnóstico correto e preciso do TDAH só pode ser feito através de uma

longa anamnese com um profissional médico especializado (psiquiatra,

neurologista ou neuropediatra).

2.3) FORMAS DE TRATAMENTO:

O uso de medicamentos e técnicas não-médicas que pais e professores

devem compreender e utilizar segundo Goldstein (2006). Uma delas refere-se a

formas de gerenciar eficazmente o ambiente doméstico e escolar da criança para

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reduzir os problemas associados à hiperatividade. Uma rotina matinal ou noturna

constante seria um exemplo. Outra técnica consiste em estratégias de

desenvolvimento de habilidades que ajudem a criança hiperativa a prestar atenção

de modo mais efetivo, planejar, ficar sentada e controlar as emoções. Essas

intervenções permitem que a criança funcione de modo mais efetivo no mundo.

Goldstein (2006), acredita que os medicamentos continuam a ser um

tratamento comum e eficaz para a hiperatividade. Nos Estados Unidos, há 15 anos

foi sugerido que pelo menos meio milhão de crianças estavam sendo tratadas

desta maneira. Atualmente as estimativas são mais elevadas.

O uso contínuo e disseminado de medicamentos, basicamente estimulantes

como a Ritalina, no tratamento da hiperatividade, resulta de uma demonstração

realizada por pesquisas científicas bem controladas sobre uma ampla faixa de

efeitos positivos de curto prazo.

Durante os últimos dez anos, a combinação entre as limitações dos

medicamentos na solução dos múltiplos problemas da criança hiperativa, os efeitos

colaterais associados a eles e uma série de tratamentos não-médicos promissores,

tem levado a um maior interesse na terapia não medicamentosa. A combinação

dos dois tratamentos, contudo, não é novidade e tem sido aplicada nos últimos 20

anos.

A Ritalina, marca comercial para o metilfenidato, é mais utilizada que

outros medicamentos para o tratamento do TDAH.

Esta medicação como a maioria dos outros remédios, pode causar sintomas

gerais como dor de cabeça , mal-estar, náuseas, vômitos e tonturas. Porém, isso

ocorre apenas em uma parcela pequena de crianças e adolescentes, e

normalmente os efeitos adversos desaparecem com o uso continuado e/ou com o

adequado ajuste da dose do remédio. Normalmente, não impossibilitam o uso da

medicação.

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Algumas crianças apresentam aumento da irritabilidade e maior dificuldade

de dormir à noite quando em uso do metilfenidato. Uma vez mais são efeitos

adversos que tendem a desaparecer com o uso continuado e/ou com o adequado

ajuste da dose. Em crianças que apresentam alteração do sono, é importante

ajustar o esquema de administração do remédio, evitando doses elevadas no

horário de meio-dia ou após este horário.

A perda de apetite com a conseqüente diminuição ou estabilização do peso,

é o efeito adverso que normalmente mais atrapalha o uso do medicamento,

determinando a impossibilidade de seu uso em algumas situações.

A perda de apetite pode ser minimizada através da administração da

medicação logo após as refeições e não antes das mesmas. Isso pode diminuir um

pouco a quantidade de remédio absorvido pelo organismo, mas para algumas

crianças, é a única forma de diminuir a perda de apetite.

O metilfenidato deve ser evitado ou usado com muita cautela em crianças

que tenham tiques (cacoetes) ou que tenham história familiar de tiques, pois a

medicação pode aumentar os cacoetes em quem já os tem, ou desencadeá-los em

quem tem história familiar.

Segundo Rohde (1999), há algum tempo existia uma grande preocupação

de que o metilfenidato pudesse causar uma diminuição do crescimento de crianças

e adolescentes. Um estudo recente da Universidade de Havard, nos Estados

Unidos, demonstrou que, embora a velocidade inicial do crescimento possa ser

mais lenta em adolescentes tomando a medicação a altura média no final da

adolescência não era significativamente diferente entre um grupo de adolescentes

que com TDAH recebendo a medicação e outro não recebendo. Ambos os grupos

apresentavam, entretanto, altura média final um pouco menor do que adolescentes

sem o Transtorno e que não tomavam a medicação. É possível que a interferência

no crescimento que se acreditava estar relacionado com a medicação possa na

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verdade estar associada ao TDAH; ou seja, pode haver imaturidade associada em

áreas que regulam o crescimento. Como esse é um estudo inicial e lida com

grupos de jovem e não com o indivíduo, é prudente que se controle periodicamente

a altura de adolescentes tomando a medicação. Uma estratégia útil é a de

acompanhar a curva do crescimento do adolescente. Se ocorrer qualquer queda no

percentual de crescimento com o uso da medicação, ela deve ser suspensa.

Uma preocupação importante dos pais refere-se à possibilidade de

dependência ao uso do metilfenidato, já que é um derivado anfetamínico. Nada

indica no momento, que crianças que usaram a medicação apresentem maior risco

de abuso ou dependência do metilfenidato ou de drogas na adolescência. O

mesmo vale para adolescentes em uso da medicação. Como vimos o TDAH,

quando associado ao Transtorno de Conduta, parece ser um fator de risco para o

abuso de drogas.

ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS

Os antidepressivos, como a desipramina (Norpramine) e a imipramina

(Tofranil) são medicamentos de ação mais lenta e que produzem efeitos

comportamentais semelhantes aos dos estimulantes em crianças com TDAH .

Esses dois medicamentos antidepressivos, por exemplo, resultam em avaliação

dos professores quanto à desatenção, hiperatividade e agressividade para até 70%

das crianças tratadas. Além disso, esses medicamentos podem ser particularmente

úteis para crianças que não respondem aos estimulantes.

A desipramina melhora o desempenho em medicações laboratoriais da

memória de curto prazo e da solução de problemas visuais, mas não afeta a

aprendizagem de relacionamentos de ordem superior, a menos que combinada

com MPH (metilfenidato).

Efeitos colaterais possíveis dos medicamentos antidepressivos incluem

aumento na pressão sanguínea e nos batimentos cardíacos, bem como possível

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retardo da aceleração intracardíaca. Portanto, a resposta de uma criança a esses

medicamentos exige um monitoramento mais intenso (por exemplo,

eletrocardiogramas freqüentes) do que ocorreria com os estimulantes. A

desipramina também tem sido associada a déficits no crescimento, embora não tão

pronunciados quanto aqueles encontrados com medicamentos

estimulantes.(DuPaul, 2007).

Rohde (1999), vários estudos cuidadosos demonstram claramente que mais

de 70% das crianças e adolescentes com o Transtorno apresentam melhoras

significativas dos sintomas de desatenção, de Hiperatividade e/ou de impulsividade

na escola e em casa com o uso correto de remédios. Infelizmente não temos ainda

como prever com certeza se a criança fará parte do grupo que irá responder à

medicação. Portanto, teremos que lançar mão do que se chama teste terapêutico,

ou seja, iniciar o uso do remédio e avaliar de modo cuidadoso a resposta da

criança.

2.4) TREINAMENTO DOS PAIS

Outro tratamento amplamente utilizado para a hiperatividade é o treinamento

dos pais. Trata-se de técnicas de gestão destinadas a reduzir os problemas

experimentados pelas crianças hiperativas e técnicas de desenvolvimento e

aptidões para melhorar a capacidade da criança lidar com o mundo. Melhorar a

capacidade dos pais compreenderem e manejarem os problemas de seu filho

reduz sua gravidade, mas as abordagens teóricas e as técnicas tornam difícil de

chegar a conclusões sólidas sobre os benefícios do treinamento dos pais para

crianças hiperativas. As pesquisas têm sugerido, no entanto, que existem

resultados claros, positivos e rápidos, quando pais e professores aprendem a

compreender, lidar e ensinar melhor suas crianças hiperativas.

Para o Dr. Russell Barkley (1990), as crianças hiperativas são muito mais

propensas a desenvolver padrões de comportamento negativo e contestador que

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as crianças normais. As mães de crianças hiperativas, frustradas, muitas vezes dão

mais ordens e são mais negativas que as mães de crianças normais. Os

pesquisadores pensavam que este padrão de comportamento paterno resultava

em mau comportamento da criança. Hoje compreendemos, que o comportamento

das crianças parece ser muito mais poderoso para controlar os pais do que ao

contrário. Em situações de brincadeiras das crianças, o comportamento dos pais

melhora quando as crianças hiperativas que recebem medicamento demonstram

melhor atenção e menos desobediência.

Já Rodh (1999) defende o reforço positivo antes da punição para orientação

dos pais. Para ele, a experiência clínica com crianças e adolescentes com TDAH

tem indicado claramente que elas precisam mais do que as outras de constante

reforço para que os comportamentos esperados predominem. Mais do que isso,

elas respondem melhor ao reforço positivo do que as estratégias punitivas.

Portanto, frente a um comportamento indesejado, com constante dificuldade em

esperar sua vez, determine qual seria o comportamento desejado: por exemplo,

conseguir esperar sua vez em uma fila de cinema ou para jogar. Assim quando ela

conseguir esperar sua vez , recompense-a com elogios ou mesmo com um saco de

pipocas ou de balas. Isso parece ser mais eficaz do que puni-la quando fura a fila.

Tais estratégias refletem um princípio básico da relação interpessoal, ou seja, o da

obtenção de direitos na medida em que os deveres são cumpridos.

Os pais devem evitar as críticas constantes, procurando reforçar o que há de

melhor em seu filho. Poucas coisas são mais prejudiciais para a auto-estima de

uma criança do que viver em um ambiente em que apenas os erros são

sistematicamente apontados.

2.5.1) O PAPEL DA ESCOLA NO TRATAMENTO

É muito importante que os professores e outros profissionais das escolas

mantenham comunicação com os pais e/ou o médico da criança sempre que um

medicamento estimulante é prescrito. Isso se deve a duas razões, no mínimo. Em

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primeiro lugar, esses medicamentos são mais ativos sobre o comportamento da

criança durante o dia escolar. Na verdade, muitos pais não têm a oportunidade de

ver os efeitos do medicamento sobre os comportamentos de seus filhos. Em

segundo lugar, crianças com TDAH demonstram seus maiores problemas em

cenários escolares e, assim, o sucesso do tratamento é determinado, em grande

parte, por mudanças no desempenho escolar da criança.

Uma vez que a dosagem para a criança seja determinada, os professores

devem comunicar quaisquer alterações significativas no desempenho do aluno que

possam ocorrer durante o ano escolar. Embora essas alterações nem sempre

estejam ligadas ao medicamento, às vezes uma queda no controle do

comportamento pode indicar a necessidade de um ajuste na dosagem. Portanto a

escola e o médico devem manter linhas de comunicação durante os vários estágios

do tratamento com medicamento.

2.5.2 SUGESTÕES PARA O PROFESSOR ENSINAR O ALUNO COM TDAH

1) Sente com a criança a sós e pergunte como ela acha que aprende melhor.

Frequentemente ela terá sugestões valiosas.

2) Lance mão de estratégias e recursos de ensino flexíveis até descobrir o

estilo de aprendizado do aluno. Isso irá ajudá-lo a atingir um nível de

desempenho escolar mais satisfatório.

3) Encoraje uma estrutura para auto-informação e monitorização. A cada

semana, sente com a criança alguns minutos e dê-lhe um retorno sobre

como ela está se saindo em sala de aula. Ouça a opinião dela sobre os

progressos e dificuldades. É necessário que ela seja um agente ativo do

processo de aprendizagem.

4) Crie um caderno “casa-escola-casa.” Isso é fundamental para melhorar a

comunicação entre os pais e você.

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5) Assinale e elogie os sucessos da criança tanto quanto for possível. Ela já

convive com tantos fracassos que precisa de toda a estimulação positiva

que puder obter.

6) Procure afixar as regras de funcionamento em sala de aula em lugar visível.

As crianças sentem-se asseguradas sabendo o que é esperado delas.

7) Lembrem-se de que as regras e instruções devem ser breves e claras.

8) Use uma linguagem adequada para o nível de desenvolvimento da criança.

Evite sentenças muito compridas.

9) Sempre que possível transforme as tarefas em jogos. A motivação para a

aprendizagem certamente aumentará.

10) Escrever a mão é difícil para muitas dessas crianças. Considere a

possibilidade de uso de alternativas, como a digitação no computador.

11) Elimine ou reduza a freqüência de testes cronometrados. Dificilmente na

vida real, a criança terá que tomar decisões tão rápidas. Estes testes

apenas reforçam a impulsividade destes alunos.

12) Avalie mais pela qualidade e menos pela quantidade das tarefas

executadas. O importante é que os conceitos estejam sendo aprendidos.

Faz-se necessário manter o esquema de trabalho o mais constante e previsível

possível. Pois como afirma Rohde (1999)

“Estas crianças precisam do ambiente para estruturar

externamente o que elas têm dificuldade de estruturar

internamente. No início da aula planeje com elas as

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atividades e tarefas que irão ser desenvolvidas. Previna a

criança quando for acontecer qualquer transição ou

mudança do esquema de trabalho, como, por exemplo,

troca de tarefa, de sala de aula, ou mesmo de método de

ensino”. (p. 86)

A escolha da escola para estas crianças é uma tarefa difícil e que deve ser

muito bem pensada. É fundamental que a escola tenha uma equipe de professores

e orientadores educacionais que estejam familiarizados com conceitos básicos

sobre o TDAH, ou que pelos menos, tenham interesse em discuti-los. Acima de

tudo é importante que a escola tenha disponibilidade para receber um aluno que

poderá apresentar dificuldades de aprendizagem e/ou comportamento e para

desenvolver um trabalho em equipe com os pais e com o profissional da área de

saúde mental que irá trabalhar com a criança e sua família. A escola deve valorizar

o desenvolvimento global da criança avaliando-a individualmente, levando mais em

conta seus progressos ao longo do tempo do que a comparação rígida com outros

colegas.

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CAPÍTULO III

A CONTRUIÇÂO DA NEUROCIÊNCIA PARA OS PORTADORES DE TDAH

NA FASE ESCOLAR

Neste capítulo serão abordados o estudo do TDAH no enfoque da

neurociência, buscando embasamentos para o tema nas pesquisas realizadas

por Marta Relvas, Roberto Lent, Newra Rotta e colaboradores.

Neurociência é o estudo científico do sistema nervoso. É vista

tradicionalmente como ramo da biologia. Atualmente é uma ciência

interdisciplinar que colabora com a educação, química, ciência da computação,

engenharia, antropologia, lingüística, matemática, medicina e disciplinas afins

como a filosofia, física e psicologia.

Para Relvas (2011), a neurociência é uma ciência nova, que trata do

desenvolvimento químico, estrutural e funcional, patológico do sistema

nervoso. As pesquisas científicas tiveram início no século XIX, quando os

fisiologistas Fristsch e Hitzig relataram que a estimulação elétrica de áreas

específicas do córtex cerebral de um animal evocava movimentos, e os

médicos Broca e Wernicke confirmaram, por necropsia, danos cerebrais

localizados em pessoas que tiveram déficits de linguagem após algum

acidente.

De acordo com a mesma autora, em 1890, Cajal, neuroanatomista,

estabeleceu que cada célula nervosa é única, distinta e individual. Já o

cientista Sherrington, estudando reações, relata que as células nervosas

respondem a estímulos e são conectadas por sinapses (junções formadas com

outras células nervosas onde o terminal pré sináptico de uma célula faz

contato com a membrana pós-sináptica de outra).

Em 1970, desenvolveram-se novas técnicas e produção e imagens,

produzindo com clareza o encéfalo e a medula espinhal em vida, fornecendo

informações patológicas e fisiológicas nunca antes disponíveis. Dentre as

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técnicas, existem a tomografia computadorizada axial (TCA), a tomografia por

emissão de prósitrons (PCT) e a ressonância magnética (RM).

O sistema nervoso divide-se em sistema nervoso central (SNC) e

sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é definido como o conjunto dos

componentes do sistema nervoso contidos em caixas ósseas ( o crânio e a

coluna vertebral ), enquanto o SNP apresenta seus elementos distribuídos por

todo o organismo. Em seguida considera-se um segundo nível de

classificação, dividindo-se o SNC em encéfalo ( contido dentro do crânio ) e

medula espinhal ( contida no interior da coluna vertebral ). Em seguida, um

terceiro nível, dividindo-se o encéfalo em cérebro, cerebelo e tronco encefálico.

Para o SNP, que , ao contrário do SNC, é disperso no organismo, o

segundo nível de classificação adota os termos genéricos nervos e glânglios

para indicar, respectivamente, os condutos de comunicação do SNC com os

órgãos periféricos e aglomerados de células nervosas que se distribuem nos

vários órgãos. Fibras e células nervosas não existem apenas no SNP, mas

também no SNC. A diferença é que neste último, esses elementos fazem parte

de uma massa tecidual compacta, exigindo muitas vezes técnicas especiais –

anatômicas e histológicas – para sua identificação. (Lent, 2008).

3.1 - ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS NO TDAH

Etiologicamente pode-se dizer que o TDAH é freqüentemente

associado a uma baixa quantidade de neurotransmissores noradrenérgicos e

dopaminérgicos, fator este que leva a um processo inibitório no lobo frontal,

região responsável pelo controle das funções atenção e raciocínio, logo, o

indivíduo que manifesta esse transtorno sente dificuldade em concentrar-se em

um, dentre os diversos estímulos do meio ambiente. (Roman, 2003).

Rotta (2006), afirma que não existe um único gene do TDAH, mas sim

vários genes de pequeno efeito, que associados têm capacidade para conferir

uma propensão e uma vulnerabilidade para o desenvolvimento do quadro. O

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gene transportador de dopamina (DAT1) e o gene que codifica o receptor de

dopamina (DRD4) parecem estar envolvidos na transmissão genética do

TDAH. É importante lembrar que ao lado dos fatores genéticos existem os

fatores exógenos ou ambientais.

A atenção é um dos processos cognitivos com mais prejuízo no TDAH e

há estudos sobre as regiões cerebrais envolvidas nesse processo, como o

caso do núcleo acumbente. O núcleo é uma região importantíssima do sistema

de recompensa, sendo considerado o centro de prazer do cérebro. É nele que

se encontra uma das maiores reservas de dopamina, porém essa reserva pode

ser modificada pelo uso de drogas ou medicamentos como cocaína,

anfetamina, ritalina, bem como pelo uso do neurofeedback. Estudos como de

Lou e cols. (1984) e de Castellanos (1997) mostram que anormalidades no

funcionamento cerebral de uma criança com TDAH aumentam a recaptação da

dopamina, diminuindo a sua concentração, interferindo na atenção.

De acordo com Guardiola (2006) estudos realizados por Castellanos

(2001) verificou que o desenvolvimento do volume cerebral de crianças e

adolescentes são menores em todas as estruturas cerebrais, exceto no núcleo

caudado (localizado nos núcleos da base do cérebro).

Para Szobot e Stone (2003) a exaustão de um cérebro TDAH é inerente

a uma disfunção de desenvolvimento no circuito cerebral responsável pela

inibição e autocontrole, proporcionando assim, um funcionamento alterado

neurobiológico e a manifestação dos três sintomas que caracterizam o

transtorno: déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade.

Para compreender o processo que abarca o funcionamento mental

característico do TDAH é preciso esclarecer algumas funções da área pré-

frontal envolvidas no distúrbio e também dos principais neurotransmissores

envolvidos, para assim entender a relação da disfunção do sistema

neurobiológico cerebral com a manifestação dos três sintomas.

O córtex pré-frontal é caracterizado por filtrar estímulos irrelevantes

responsável por nossa distração, tendo em vista uma regulação do

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comportamento humano, no que diz respeito a pensamentos, velocidade das

atividades físicas e mentais e impulsos. A região pré-frontal conecta-se com

inúmeras estruturas encefálicas, como estruturas subcorticais, diferentes

processos cognitivos, sistema límbico, córtex temporal, occipital e parietal. Tal

região é subdividida em funções relacionadas a diferentes regiões anatômicas

como: córtex pré-frontal lateral e córtex cingulado anterior, os quais são

responsáveis pelo desempenho de tarefas cognitivas, e o córtex ventromedial,

o qual está relacionado com a emoção. Contudo, a região lateral e

ventromedial desempenham a função de controle e inibição do comportamento

(Capovilla e colaboradores, 2005).

Algumas antigas hipóteses diziam que o TDAH era causado por algum

dano estrutural cerebral, e embora esta teoria tenha caído em desuso, sabe-se

que existem algumas diferenças estruturais entre um cérebro com este

transtorno e um normal. Através de estudo com Imagem de Ressonância

Magnética (IRM) e Tomografia por Emissão de Pósitrons (TEP) foi verificada

algumas anomalias nas redes estriatais frontais do cérebro, especialmente no

córtex pré-frontal, área supostamente responsável pela inibição de

comportamento e na mediação de reações a estímulos ambientais. Além disso,

os neurotransmissores, dopamina e norepinefrina, estão comumente mais

ausentes em certas regiões cerebrais, como o córtex frontal, o que pode

contribuir para a sintomatologia do transtorno (Dupaul; Stoner, 2007).

No entanto, a parte mais afetada nas pessoas com TDAH é o lobo

frontal do hemisfério direito, onde há um hipofuncionamento de suas funções e

uma hiporpefusão cerebral, na qual consiste em uma diminuição do aporte

sangüíneo. Tal diminuição promove uma redução da glicose do sangue e com

isso, há uma redução do metabolismo nessa região, e conseqüentemente,

menos energia para desenvolver suas atividades. Nesse processo existem

neurotransmissores envolvidos constituindo as teorias bioquímicas do TDAH.

Entre as teorias bioquímicas existem duas que aparecem mais na

literatura: dopaminérgica e a noradrenérgica. No início de estudos com animais

a teoria dopaminérgica foi o foco; essa teoria se apóia a um déficit de

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dopamina nas regiões corticais, sendo assim a responsável pela manifestação

dos sintomas do TDAH (Szobot e Stone, 2003).

De acordo com Nieoullon (2002) pesquisas vêm demonstrando que a

ação da dopamina altera as funções cognitivas, principalmente as envolvidas

com a regulação da atenção. O que vem sustentando essa hipótese de

alteração dopaminérgica é o efeito do metilfenidato (medicação muito utilizada

em TDAH) que aumenta a dopamina na fenda sináptica e em outras regiões

cerebrais.

Embora a teoria dopaminérgica tenha sustentação, outros estudos

embasam a hipótese da teoria noradrenérgica do TDAH, que consiste também

numa hipofunção como no processo da dopamina. Mick e Faraone (2008)

explicitam três receptores adrenérgicos envolvidos: alpha-2A, 2C e 1C que

estão relacionados a características do TDAH, como déficit de atenção,

impulsividade e hiperatividade. De acordo com esses mesmos autores essa

hipótese também tem sido sustentada através de fármacos, como

antidepressivos tricíclicos, que inibem o transporte da noradrelanina, tendo

resultados nos sintomas do TDAH.

Ainda sobre os aspectos fisiológicos do TDAH através do MRI (imagem

por ressonância magnética) que permite o estudo do cérebro in vivo, indica que

este transtorno pode estar relacionado a um atípico funcionamento do lobo

frontal, gânglio basal, corpo caloso e vermis cerebelar. De acordo com

Goldberg (2002), o TDAH, pode ser compreendido como uma disfunção dos

lobos frontais ou de estruturas ligadas a estes lobos que afetam características

relacionadas a funções executivas. Os lobos frontais são a área de comando

do cérebro, os responsáveis pelas funções mais desenvolvidas e complexas

denominadas funções executivas como tomada de decisão, auto-regulação,

motivação, memória de trabalho, intencionalidade e planejamento. Assim, se

existe uma alteração no funcionamento do lobo frontal esse fato pode ser o

responsável por um déficit do comportamento inibitório e comprometimento

das funções executivas.

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De acordo com Rohde (2004) as características básicas do TDAH são

definidas pelo déficit do comportamento inibitório e das funções executivas, ou

melhor, comportamentos relacionados à falta de controle, déficit de motivação

para realização de tarefas, falta de um comportamento controlado por regras,

prejuízo do senso crítico antes da realização do seu comportamento e busca

pela recompensa imediata.

Cabral (2003) cita que, a maioria dos últimos estudos, evidencia o

TDAH como um distúrbio neurobiológico, podendo ser agrupados em dois

grandes grupos: um que ressalta o déficit funcional de certos

neurotransmissores e outro grupo de estudos que ressalta o déficit funcional

do lobo frontal. Em relação aos neurotransmissores envolvidos seriam a

dopamina e a noradrenalina. Em relação a esta última hipótese está

relacionado ao fato de que medicamentos utilizados para minimizar os

sintomas do TDAH são compostos das mesmas substâncias que aumentam as

quantidades de dopamina e de noradrenalina disponíveis no cérebro,

denominados de estimulantes do sistema nervoso central ou sistema nervoso

periférico.

Uma das formas de estudo do sistema nervoso autônomo é utilizar-se

de uma ferramenta de análise de sinais de variabilidade da freqüência

cardíaca, pois é uma forma que possibilita a avaliação do equilíbrio entre as

funções do sistema simpático e parassimpático no ritmo cardíaco. De acordo

com Carvalho (2002) as funções simpáticas aumentam a freqüência cardíaca,

provocando intervalos mais curtos entre batimento, em contrapartida, já as

funções parassimpáticas, desaceleram e como conseqüência implica em

intervalos maiores entre os batimentos. Então, a variabilidade da freqüência

cardíaca pode ser mensurada com base nos intervalos entre batimentos.

A variabilidade da freqüência cardíaca é considerada um índice de

esforço mental ou motivação e esse esforço mental é distinguido em dois

tipos: dificuldade da tarefa e regulação do estado. Sobre a dificuldade da

tarefa, quanto mais complexa ela for, mais esforço tem que ser feito para

resolvê-la e, como conseqüência, mais baixo a variabilidade da freqüência

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cardíaca, ou seja, quanto mais esforço existe na execução de uma tarefa

mental, menor é a variabilidade da freqüência cardíaca. Já a regulação do

estado está relacionada ao tempo da atividade, conforme o tempo despendido

com a tarefa, a tendência é que ocorra um declínio no desempenho. Para

amenizar o decréscimo do desempenho, as tarefas precisam motivar e caso

isso não aconteça existe um aumento da variabilidade da freqüência cardíaca.

Hipotetiza-se, então, a partir dessas reflexões sobre o esforço mental, que se a

criança estiver motivada a sua variabilidade da freqüência cardíaca será

menor.

Esse processo de motivação é um dos pontos que a Terapia Cognitivo-

Comportamental pode auxiliar no desenvolvimento de novos padrões de

comportamentos e de pensamentos, buscando mais autonomia e qualidade de

vida para os portadores do TDAH.

3.2 - OS LOBOS CEREBRAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA APRENDIZAGEM Devido a complexidade do padrão de giros do encéfalo humano, os

anatomistas geralmente os agrupam em grandes regiões chamadas lobos,

cujo limites nem sempre são precisos, mas dão uma primeira ideia de

localização regional.

Lent (2008), classifica cinco lobos que são quatro visíveis externamente:

o frontal (relacionado com a fronte), o parietal (sob osso craniano do mesmo

nome), o temporal (relacionado com a têmpora) e o occipital ( sob o osso

craniano homônimo) e o lobo invisível, que é o lobo da ínsula, que só pode ser

visto quando se abre o sulco lateral, quando se removem as margens dele, ou

quando se corta o encéfalo nos planos adequados.

Relvas (2011), descreve a anatomia da aprendizagem: a ativação de

uma área cortical, determinada por um estímulo, provoca alterações também

em outras áreas, pois o cérebro não funciona como regiões isoladas. Isto

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ocorre em virtude da existência de um grande número de vias de associações,

precisamente organizadas, atuando nas duas direções. Estas vias podem ser

muita curtas, ligando áreas vizinhas que trafegam de um lado para o outro,

sem sair da substância cinzenta. Outras podem constituir feixes longos e

trafegam pela substância branca para conectar um giro ao outro, ou um lobo a

outro, dentro do mesmo hemisfério cerebral. São as conexões intra-

hemisféricas. Por último, existem feixes comissurais que conduzem a atividade

de um hemisfério a outro, sendo o corpo caloso o mais importante deles.

A mesma autora afirma que as associações recíprocas entre as diversas

áreas corticais asseguram a coordenação entre a chegada de impulsos

sensitivos, sua decodificação e associação, e a atividade motora de resposta.

O que se denomina funções nervosas superiores, desempenhadas pelo córtex

cerebral.

Segundo Relvas (2011) os lobos exercem as seguintes funções:

• Lobo Frontal – Córtex pré-frontal: está relacionado com as funções

superiores representadas por vários aspectos comportamentais

humanos. Recebe impulsos nervosos dos lobos parietal e temporal por

meio de feixes de longas fibras de associações situados no giro cíngulo.

Lesões bilaterais da área pré-frontal determinam perda da

concentração, diminuição da habilidade intelectual e déficit de memória

e julgamento.

Incluem-se três giros frontais: o giro orbital, a maior parte do giro frontal

medial e, aproximadamente a metade do giro cíngulo.

• Lobo Temporal – Possui funções situadas em porções diferentes. A

parte posterior está relacionada com a recepção e a decodificação de

estímulos auditivos, que se coordenam com impulsos visuais; a parte

anterior está relacionada com a atividade motora visceral (olfação e

gustação) e com alguns aspectos de comportamentos instintivos.

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• Lobo Parietal – Está relacionado à interpretação, à integração de

informações visuais (provenientes do córtex occipital) e às

somatossensitivas primárias, principalmente o tato. A lesão do córtex

primário occipital determina perda do campo visual, enquanto as lesões

do lobo parietal resultam em perda do conhecimento geral, inadequação

do reconhecimento de impulsos sensoriais e falta de interpretação das

relações espaciais ( visual espacial e motora).

• Lobo Occipital – Essa região realiza a integração visual a partir da

recepção dos estímulos que ocorre nas áreas primárias, leva

informações para serem apreciadas e decodificadas nas áreas

secundárias e de associação visual. Estes centros visuais são

conectados por fibras por fibras intra-hemisféricas ao córtex parietal do

mesmo lado, bem como as outras áreas corticais, tais como: ao lobo

temporal, para outras atividades integradoras. Além da integração intra-

hemisférica, as áreas parietais direita e esquerda e temporais

posteriores são conectadas por meio do corpo caloso, comunicando os

dois hemisférios pelas fibras comissurais inter-hemisféricas.

3.3 – AJUDANDO AS CRIANÇAS COM TDAH NA ESCOLA

O TDAH não é um transtorno da aprendizagem, porém os sintomas de

desatenção e impulsividade afetam na realização das tarefas e no

aprendizado.

Geralmente apresentam casos de comorbidades como o transtorno de

conduta, transtorno opositor desafiante, depressão, ansiedade e alguns

distúrbios como o da leitura e da escrita, causando prejuízos no bom

desempenho escolar.

Relvas (2011), analisa que:

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A inclusão desses educandos nas escolas regulares tem trazido muitos questionamentos. Se, por um lado, há uma clara e boa vontade por parte dos professores e da escola para adaptar essas crianças; por outro lado, há um desconhecimento do assunto, e é uma tarefa árdua em uma classe numerosa e diversificada. (p.88)

De acordo com Rohde (2006), o elevado risco de sucesso

acadêmico, associado ou não aos problemas de comportamentos, sugere que

muitos estudantes com TDAH necessitem de uma série de intervenções que

sejam dirigidas a minimizar suas dificuldades acadêmicas ou de

comportamento.

Tradicionalmente, na realidade brasileira, não é função das escolas

regulares promoverem programas específicos de intervenções dentro de suas

classes para estudantes com dificuldades de aprendizagem. Espera-se

mostrar que tal intervenção é possível, uma vez que se sabe que a causa do

fracasso escolar não está exclusivamente em um único dos fatores possíveis,

nem só no professor, nem nos métodos, nem na escola, nem no sistema, mas

em todos esses fatores, que atuaram em conjunto ao longo dos anos

(Dorneles, 2000).

O Departamento de Educação dos Estados Unidos elaborou um

material intitulado Ensinando crianças com TDAH (2004), no qual sugere que

um programa de sucesso deve integrar três componentes:

ü instruções acadêmicas;

ü intervenções comportamentais;

ü modificações na sala de aula.

Instruções acadêmicas

• Deixar claro quais são as expectativas do professor na realização

de cada tarefa.

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• Estabelecer uma rotina diária clara, com períodos de descanso

definidos.

• Usar reforços visuais e auditivos para definir e manter essas

regras e expectativas, como calendários e cartazes.

• Dar instruções e orientações de forma direta, clara e curta.

• Observar se o estudante possui todos os materiais necessários

para execução da tarefa; caso contrário, deve-se ajudá-lo a

consegui-los.

• Dividir as atividades em unidades menores. Por exemplo, pedir

que ele resolva primeiro as cinco contas de matemática e avisar

quando terminar. Depois solicitar mais cinco.

• Iniciar a aula pelas atividades que requerem mais atenção,

deixando para o final do turno aquelas que são mais agradáveis

e/ou estimulantes.

• Monitorar o tempo que falta para concluir uma tarefa.

O importante é ter em mente que estudantes com TDAH aprendem

melhor em atividade estruturadas. Quando não há presença de TA (transtorno

de aprendizagem), geralmente precisam é de um tempo e de uma orientação

extra para dominarem as informações. Uma vez aprendidas, eles recordam e

usam a informação tão bem quanto qualquer outra criança. (Rohde, 2006)

INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS

As intervenções comportamentais são fundamentais para um trabalho

efetivo com estudantes de TDAH, pois esses alunos precisam desenvolver

adequadamente níveis de autocontrole. (Dupaul;Stoner,2007)

.

Estratégias positivas como elogios e recompensas para

comportamentos adequados são fundamentais, já que os alunos com TDAH

sempre são chamados a atenção para o que fazem de errado. Outras

sugestões são:

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• Estabelecer conseqüências razoáveis e realistas para o

não-cumprimento de tarefas e das regras bem combinadas

anteriormente.

• Aplicar algum tipo de restrição com consistência e bom

senso.

• Quando o aluno começar a ficar agitado. Frustrado ou

atrapalhar a classe, redirecioná-lo para outra atividade ou

situação. Por exemplo, buscar material no setor de

fotocópias (no caso de crianças maiores).

• Ajudar a professora a entregar as tarefas.

• Ignorar as transgressões leves que não forem intencionais.

• Permitir que ele saia para dar uma volta, tomar água.

• Combinar sinais discretos para chamar a atenção ou

lembrar acordos.

MODIFICAÇÕES NO AMBIENTE

Muitos estudantes com TDAH se beneficiam com modificações que

reduzem as distrações no ambiente em sala de aula e os ajuda a

permanecerem atentos para aprender:

ü Sentar o aluno perto do professor para que este possa acompanhar

mais próximo, o trabalho desenvolvido pela criança, longe de janelas e

da porta e distante de colegas que o importunem.

ü Achar um meio termo entre a escassa motivação visual e estímulos em

excesso.

ü Privilegiar turmas menores

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Para realização das tarefas de casa é importante manter uma rotina

sempre no mesmo horário e no mesmo local. Lembre-se que ele precisa de

uma rotina estruturada. Os pais devem estabelecer esta rotina junto com seu

filho, assim ele será mais colaborativo na realização dos combinados. Evite

distraí-lo com comentários desnecessários. Faça intervalos regulares,

deixando que ele vá tomar água, dê uma volta ou faça um pequeno lanche.

Para Rohde (2006), as crianças com TDAH cada vez mais estarão

freqüentando nossas escolas, à medida que a democratização do ensino tem

ampliado as oportunidades educacionais. Ressalta a importância de elas terem

o benefício do convívio social com os colegas da mesma idade e aprenderem

a ligar com regras, com a estrutura e os limites de uma educação organizada.

É importante lembrar que a colaboração e a comunicação entre os pais,

professores e profissionais envolvidos com o aluno é um dos aspectos vitais

para o sucesso escolar, o que propicia uma melhor auto-estima dessas

crianças.

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CONCLUSÃO

O entendimento e as informações sobre o TDAH têm avançado

significativamente nos últimos anos, contudo crianças com esse transtorno

ainda encontram dificuldades para o sucesso escolar.

O diagnóstico correto é muito importante para nortear os familiares e

educadores dessas crianças e para que possam iniciar o tratamento

terapêutico com psicoestimulantes e terapias comportamentais; bem como

auxiliar nas intervenções que o professor deverá utilizar em sala de aula.

Sabe-se, portanto, que não existe um marcador biológico, teste

psicométrico, neurológico ou laboratorial que por si só dê o diagnóstico de

TDAH. Assim este diagnóstico deve ter embasamento clínico, em um

composto de evidências derivadas da história, da observação, do exame

clínico e neurológico e das escalas de comportamento, em caráter

multidisciplinar.

Ainda há muito preconceito com relação ao uso de psicoestimulantes

como o metilfenidato, que muitas vezes ocorre por falta de informação por

parte dos pacientes e de seus familiares. Pesquisas realizadas comprovam

que seu uso contínuo diminuíram os efeitos colaterais do medicamento e

mostraram-se eficazes no tratamento.

As crianças com TDAH necessitam de um tratamento diferenciado nas

escolas, que irão ajudá-las em seu bom desempenho acadêmico. Que apesar

das dificuldades, elas podem enfrentar desafios de cumprir com obrigações

exigidas para as outras crianças.

É preciso que haja diálogo e colaboração constante entre pais,

professores e os profissionais envolvidos como psiquiatras, neurologistas,

fonoaudiólogos e ou psicopedagogos. Esses profissionais deverão dar suporte

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teórico e prático aos professores para que consigam resolver os conflitos que

possam surgir.

Os professores precisam buscar as informações necessárias para que

possam fazer suas intervenções, melhorando a qualidade de suas aulas para

alcançar bons resultado e mais qualidade no relacionamento com seus alunos.

Os estudos da Neurociência vem demonstrando cada vez melhor como

ocorre o processo de aprendizagem no sistema nervoso central (SNC), que

são informações básicas na formação de todos os educadores.

Uma boa formação docente que atenda e respeite a diversidade, poderá

propiciar melhores condições de aprendizagem e elevar a auto-estima das

crianças com TDAH.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

AGRADECIMENTO

DEDICATÓRIA

RESUMO

METODOLOGIA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - DESVENDANDO O TRANSTORNO DE DÉFICIT DEATENÇÃOE HIPERATIVIDADE 1.1 – Os sintomas do TDAH 1.2 _ Quais são as causas do TDAH

CAPÍTULO II - O DIAGNÒSTICO DO TDAH E SUAS FORMAS DE

TRATAMENTO NA FASE ESCOLAR

2.1 _ Cinco etapas para diagnosticar a hiperatividade de acordo

comGoldstein

2.2 _ Critérios diagnóstico do DSM-IV para Transtorno de Déficit

de .Atenção e Hiperatividade

2.3 _ Formas de tratamento

2.4 _ Treinamento dos pais

2.5.1 _ O papel da escola no tratamento

2.5.2 _ Sugestões para o professor ensinar o aluno com TDAH

CAPÍTULO III – A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PARA OS

PORTADORES DE TDAH NA FASE ESCOLAR

3.1 _ Aspectos neurobiológicos no TDAH

3.2 _ Os lobos cerebrais e sua importância na aprendizagem 3.3 _ Ajudando as crianças com TDAH na escola

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Page 57: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · (2006), Rohde (1999) e outros colaboradores que trataram das causas e sintomas do TDAH. No segundo capítulo foram utilizadas as

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CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

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