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  • ndiceIntroduo

    Conceito

    Segurana Nacional

    Conceito Estratgico de Defesa Nacional

    Foras Armadas

    Quadro Institucional

    Estado-Maior-General das Foras Armadas

    Marinha

    Exrcito

    Fora Area

    Recursos da Defesa Nacional

    Compromissos Internacionais

    Prestao de Servio Militar

    Foras de Segurana

    Guarda Nacional Republicana

    Polcia de Segurana Pblica

    Servios de Segurana

    Polcia Judiciria

    Servio de Estrangeiros e Fronteiras

    Servio de Informaes de Segurana

  • Ficha Tcnica

    TtuloDocumento de Apoio Referencial de Educao para a Segurana, a Defesa e a PazAs Foras Armadas e as Foras e Servios de Segurana

    Autores Antnio Paulo Duarte, IDN Bruno Cardoso Reis, IDNCarlos Coutinho Rodrigues, IDNFilipe Nunes, IDN -Foras Armadas-Estado-Maior-General das Foras ArmadasMarinha PortuguesaExrcito PortugusFora Area Portuguesa- Foras de Segurana-Guarda Nacional RepublicanaPolcia de Segurana Pblica-Servios de Segurana-Polcia JudiciriaServio de Estrangeiros e FronteirasServio de Informaes de Segurana

    CoordenadorDaniel Duarte, Assessor do IDNCoordenao Pedaggica e Reviso LingusticaDalila Baptista, DGEAntnio Dias, DGEAna Paula Nascimento, DGE

    EditorMinistrio da Educao e CinciaDiretor-Geral da EducaoJos Vtor PedrosoDiretor do Instituto da Defesa NacionalVtor Rodrigues Viana

    Design GrficoIsabel Espinheira

    Data2015

    ISBN: 978-972-742-396-5

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    Introduo

    O presente documento, sob a forma de e-book, destinado aos docentes, mas tambm a toda a comunidade educativa, e constitui-se como um contributo para operacionalizar o Referencial de Educao para a Segurana, a Defesa e a Paz para a Educao Pr-Escolar, o Ensino Bsico e o Ensino Secundrio (RESDP).

    O Referencial foi elaborado por uma equipa mista formada por elementos do Instituto da Defesa Nacional (IDN) e da Direo-Geral da Educao (DGE), como documento orientador para a implementao da Educao para a Segurana, a Defesa e a Paz na educao pr-escolar e nos ensinos bsico e secundrio. Esta rea temtica da Educao para a Cidadania pretende evidenciar o contributo especfico dos rgos e estruturas de defesa para a afirmao e preservao dos direitos e liberdades civis, bem como a natureza e as finalidades das suas atividades em tempo de paz. Contempla ainda a defesa da identidade nacional e o reforo da matriz histrica de Portugal. O documento estabelece o que foi considerado como essencial para as crianas e jovens se constiturem como cidados ativos na sociedade atual, no que diz respeito segurana, defesa e paz, encontrando-se os descritores de desempenho definidos com diferenciado detalhe e aprofundamento das matrias para cada um dos nveis de ensino.

    O Referencial baseia-se em quatro eixos organizadores, que funcionam como matriz para todos os nveis e ciclos de educao e ensino:

    O Quadro tico-Jurdico O Contexto Internacional A Identidade Nacional As Foras Armadas e as Foras e Servios de Segurana

    Os eixos organizadores concretizam-se nos seguintes temas: Tema A - A Segurana, a Defesa e a Paz; Tema B - O Contexto Internacional e o Quadro Nacional - a Mundializao e a Interdependncia; Tema C - A Identidade Nacional e o Quadro Internacional da Segurana, da Defesa e da Paz Tema D - As Foras Armadas e as Foras e Servios de Segurana - O Quadro Institucional, Organizao e Misses.

    Para a educao pr-escolar e para o 1. ciclo do ensino bsico, existe um nico tema, de carcter global, no qual se integram os quatro eixos atrs referidos. No 2. ciclo existem os quatro temas e no 3. ciclo do ensino bsico e no ensino secundrio, estes temas dividem-se em subtemas, integrando todos os temas e subtemas, objetivos e descritores de desempenho.

    Do RESDP consta ainda o Tema A Segurana, a Defesa e a Paz - um Projeto de Todos e para Todos, que foi construdo de forma transversal a todos os nveis/ciclos de educao e ensino e a todos os outros temas do Referencial.

    Como forma de contribuir para a operacionalizao do RESDP, o presente e-book foi elaborado como material de apoio para os docentes, a partir do tema D - As Foras Armadas e as Foras e Servios de Segurana - O Quadro Institucional, Organizao e Misses - uma vez que se considerou relevante a disponibilizao de textos de apoio orientadores da ao educativa nesta rea. Para a sua elaborao partiu-se da estrutura dos objetivos e descritores de desempenho definidos no RESDP para o ensino secundrio, tendo sido elaborados textos

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    sucintos em reas, porventura, menos exploradas anteriormente, proporcionando referncias legislao e a ligao a informao institucional, na procura de elevada eficcia e eficincia da implementao do Referencial.

    A escolha face a este tema advm ainda da necessidade de proporcionar um maior conhecimento sobre as Foras Armadas, as Foras de Segurana e os Servios de Segurana, tendo em considerao as alteraes na organizao e nas suas misses, em resposta s transformaes nacionais e internacionais que caracterizam o mundo contemporneo, nomeadamente as misses de interesse pblico (aes de busca e salvamento, ajuda s populaes, combate a incndios,) e as misses de paz no quadro das organizaes e das alianas de segurana e defesa a que Portugal pertence (NATO, UE, CPLP), tendo como horizonte o apoio paz e o auxlio humanitrio.

    O presente documento incorpora contributos do Estado-Maior-General das Foras Armadas (EMGFA) e dos diferentes ramos das Foras Armadas (Marinha, Exrcito e Fora Area), das Foras de Segurana (Guarda Nacional Republicana e Polcia de Segurana Pblica) e Servios de Segurana (Polcia Judiciria, Servio de Estrangeiros e Fronteiras e Servio de Informaes de Segurana), solicitados a estas instituies pelo Instituto da Defesa Nacional. Para alm dos contributos institucionais, o documento integra tambm textos de vrios autores/investigadores que tratam desta matria e explicitam conceitos, tais como o Conceito Estratgico de Defesa Nacional e o conceito de segurana, na perspetiva da segurana nacional, e nas suas vrias dimenses (coletiva, comum, cooperativa, global, humana).

    Foram includas ainda imagens assim como hiperligaes para vdeos e pginas oficiais na Internet, com contedos complementares, bem como bibliografia e referncia legislao enquadradora.

    Com este documento pretende-se contribuir para dar resposta a objetivos de aprendizagem e descritores de desempenho inseridos no tema D - As Foras Armadas e as Foras e Servios de Segurana O quadro Institucional, Organizao e Misses do Referencial de Educao para a Segurana, a Defesa e a Paz.

    Relativamente s Foras Armadas o e-book apresenta de forma detalhada o EMGFA, a Marinha, o Exrcito e a Fora Area integrados na Administrao do Estado, a sua organizao e as suas misses. Inclui tambm a importncia dos recursos (humanos, materiais, financeiros) para o cumprimento das misses, o seu papel no quadro dos compromissos internacionais e as misses que tm vindo a desenvolver em prol da paz e da cooperao internacional, bem como as formas de prestao de servio militar, os sistemas de recenseamento e recrutamento e o conceito de objeo de conscincia.

    Quanto s Foras de Segurana, Guarda Nacional Republicana e Polcia de Segurana Pblica, so focadas a sua organizao e as misses em que participam, quer no territrio nacional quer em cenrios externos, os seus recursos e ainda as formas de ingresso nos seus quadros.No que respeita aos Servios de Segurana - Polcia Judiciria, Servio de Estrangeiros e Fronteiras e Servio de Informaes de Segurana - os contedos centram-se tambm nos seus aspetos organizacionais, nas suas funes e na misso especfica de cada um dos servios, a nvel nacional e internacional.

    Apesar de este ser um documento de explorao centrado no Tema D do RESDP, permite, no entanto, articular e estabelecer ligao a temas diferentes, percorrendo outros aspetos de um ponto de vista mais abrangente. Podemos partir de um descritor de desempenho deste tema, na perspetiva de uma abordagem alargada a descritores de outros temas.

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    Por exemplo, ao trabalhar os seguintes descritores de desempenho do Tema D:Distinguir as misses de soberania, as misses de interesse pblico e as misses internacionais das Foras Armadas Portuguesas.;Caracterizar as misses internacionais que as Foras de Segurana Portuguesas tm vindo a desenvolver no perodo ps-Guerra Fria.;Explicar as diferentes misses dos Servios de Segurana.,

    Pode ser feita a abordagem de descritores presentes noutros temas, designadamente:

    Tema A A segurana e a paz no quadro InternacionalConhecer os conceitos de segurana coletiva, de segurana cooperativa, de segurana humana e de segurana comum.;Reconhecer a importncia da preveno de conflitos.

    Tema B O contexto internacional e o quadro Nacional a mundializao e a interdependnciaReconhecer que o fenmeno da globalizao coloca novos desafios segurana e defesa para a manuteno da paz.;Conhecer as principais ameaas de natureza global que se podem colocar segurana nacional (terrorismo transnacional, proliferao de armas de destruio macia nucleares, qumicas, biolgicas e radiolgicas, cibercriminalidade).

    Tema C A interdependncia e a mundializao: riscos, perigos e ameaasIdentificar diversos contextos de insero estratgica de Portugal a nvel europeu e mundial: Unio Europeia (UE), Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa (CPLP), Atlntico Norte (OTAN/NATO), Atlntico e Organizao dos Estados Ibero-Americanos (OEI);Reconhecer a participao de Portugal nas diversas organizaes internacionais como um contributo para a segurana e a paz internacionais e para a consolidao das suas relaes externas de defesa.

    Embora o e-book se centre nos temas e subtemas do RESDP para o ensino secundrio, no mbito da flexibilidade da sua utilizao, torna-se possvel fazer ligaes para os outros nveis de educao e ensino, quer partindo do nvel secundrio para os outros nveis, quer abordando descritores de desempenho de qualquer nvel de educao e ensino, mobilizando a variedade de recursos do e-book, com as devidas adaptaes aos nveis a que se destinam (contedos, imagens, ligaes...).

    Refira-se, finalmente, que o e-book se constitui como um recurso relevante, no mbito da Educao para a Segurana, a Defesa e a Paz, facilitador da implementao desta dimenso da educao para a cidadania. Tendo o objetivo de que as crianas e os jovens que frequentam a educao pr-escolar, o ensino bsico e o ensino secundrio adquiram conhecimentos e desenvolvam capacidades, atitudes/valores e comportamentos nesta rea temtica, este documento inscreve-se na perspetiva de que a preservao da segurana, da defesa e da paz um processo de construo contnua, global e multiparticipado, ou seja, parafraseando o tema transversal do RESDP, Segurana, Defesa e Paz - Um Projeto de Todos e para Todos.

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    Segurana Nacional e Defesa Nacional

    Antnio Paulo DuarteA conceo clssica de defesa restringia esta s questes militares. Com o desenvolvimento e a complexidade das sociedades, o conceito de defesa ganhou uma linguagem mais ecltica, na expresso do professor A. Rocha Trindade, e alargou-se a mltiplos domnios da atividade humana (Trindade, 1983: 24). Est-se assim a falar de um conceito de defesa alargado e que integra diversas componentes, uma defesa sistmica que considera domnios to diversos como a poltica, a economia, a cultura e a educao, a cincia e a tecnologia, e claro est, o poderio militar, e que adequadamente integrados e coordenados favorecero o reforo das potencialidades da Nao e minimizaro as suas vulnerabilidades. Neste sentido, a defesa nacional, tal como est expressa na Constituio e na Lei, corresponde a um conceito alargado e multissetorial (GO/CEDN, 2013: 466). A conceo multidimensional e multissetorial da defesa resulta da sua natureza, como observava muito bem Clausewitz (Clausewitz, 1994: 357) h dois sculos, ser o de aparar a ao adversa e de responder a esta. A defesa uma resposta (Cardoso, 1981: 14). A defesa surge assim como um conjunto de medidas e de atividades que contribuem para assegurar que uma dada sociedade pode responder com eficcia e presteza s ameaas e aos riscos. A capacidade de defesa robustecida se as vulnerabilidades forem minoradas ou eliminadas e se as virtualidades forem potenciadas, contribuindo para que os riscos sejam mitigados e as ameaas contidas. A defesa funciona se a sua capacidade assegura poder dissuasrio ou garante uma resposta atempada e eficaz aos riscos e ameaas. Da amplitude das ameaas e riscos derivam os elementos que devem contribuir para a capacitao e o robustecimento da defesa. Desta perspetiva se eleva a ideia de uma defesa multidimensional e multissetorial abarcando mltiplos domnios da atividade humana, cada um deles reforando mutuamente e de forma sinergtica as capacidades que a defesa tem em responder s ameaas e riscos. Esta necessidade tornou-se ainda mais imperiosa, quanto certo terem-se tornado as ameaas e os riscos, eles prprios, multidimensionais e multissetoriais. Contudo, decorre da prpria lgica, inerente ideia de defesa, que quanto maior for a capacitao dos meios que podem e devem responder s ameaas e riscos, mais eficaz ser a resposta que daro, a sua celeridade e o seu menor dispndio. A multidimensionalidade e a multissetorialidade, a coordenao e a integrao de atividades e medidas tendem assim a reforar os meios e as capacidades ao dispor da defesa. Pode-se exemplificar o que se pretende dizer quando se observam os meios e as capacidades militares, que so objetivamente o mais clssico dos instrumentos da defesa, e que podem ser todavia potenciados pela dimenso cientfico-tecnolgica (equipamento sofisticado de maior potncia informacional e destrutiva), pela dimenso econmica (recursos financeiros e robustecimento dos recursos materiais nacionais, que asseguram um maior volume de meios), pela dimenso educativa (consciencializao dos cidados sobre as questes da defesa, desenvolvimento da vontade nacional, e conhecimento sofisticado para manusear equipamentos muito sofisticados), pela dimenso poltica (querer e vontade consciente do que se deseja para o futuro e dos valores que merecem ser defendidos), etc. A segurana visa a paz. A consequncia da segurana a paz. por isso que a segurana, mais do que um caminho, uma finalidade, ou se se quiser, uma condio. Na realidade, o Estado, ou seja, a instituio da poltica, existe para prover a segurana e o bem-estar, sendo esta lgica hierrquica consonante com a vida humana, que viver em segurana j assegurar uma parte do bem-estar de cada pessoa. preciso por isso definir as condies de que se fala quando se pensa em segurana ou de que modo se consegue objetivar a noo de segurana. A definio das condies sobre as quais se delineia a ideia de segurana fundamental. No assim por acaso que o Conceito Estratgico de Defesa Nacional comea por definir os valores e os interesses sobre os quais se alicera a segurana da Nao e as medidas e atividades de defesa subsequentes.Os valores fundamentais de Portugal so a independncia nacional, o primado do interesse nacional, a defesa dos princpios da democracia portuguesa, bem como dos direitos humanos e do direito internacional, o empenhamento na defesa da estabilidade e da segurana europeia, atlntica e internacional. Os interesses de Portugal so afirmar a sua presena no mundo, consolidar a sua insero numa slida rede de alianas, afirmar a credibilidade externa do Estado, valorizar as comunidades portuguesas e contribuir para a promoo da paz e da

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    segurana internacional (CEDN, 2013: 1982). Estes valores e interesses por sua vez aliceram-se em fundamentos ticos e jurdicos globais e nacionais, que lhes asseguram uma slida base de justificao tico-moral. Assentam assim na Constituio da Repblica Portuguesa, como na Carta das Naes Unidas, no Tratado do Atlntico Norte e nos tratados da Unio Europeia (CEDN, 2013: 1982).Os valores e interesses e a sua legitimidade so a base sobre a qual se alicera a finalidade e a condio da segurana. A segurana no visa a defesa militar, mas tal qual a ideia de defesa, multidimensional, e tem por fito a autonomia e perdurabilidade plena da comunidade poltica, ou seja, do Estado enquanto instituio poltica, e por isso que nas Grandes Opes do Conceito Estratgico Nacional se afirma que a palavra segurana deve ser entendida na aceo do conceito de Segurana Nacional (GOCEDN, 2013: 466). So assim os grandes valores e interesses da comunidade poltica que do corpo e substncia identidade do conceito de segurana e definem na teleologia do Estado o significado da segurana. A segurana define aquilo que deve ser defendido. Cabe defesa implementar as medidas e atividades com as quais se prov a segurana.Pode-se assim definir a defesa nacional como o conjunto de medidas, tanto de carcter militar, como poltico, econmico, social e cultural que, adequadamente integradas e coordenadas e desenvolvidas global e sectorialmente, permitem reforar as potencialidades da nao e minimizar as suas vulnerabilidades com vista a torn-la apta a enfrentar todos os tipos de ameaas que, direta ou indiretamente, possam p r em causa a Segurana Nacional (Cardoso, 1981: 23-4).Por sua vez, a Segurana Nacional a condio da Nao que se traduz pela permanente garantia da sua sobrevivncia em Paz e Liberdade, assegurando a soberania, independncia e unidade, a integridade do territrio, a salvaguarda coletiva de pessoas e bens e dos valores espirituais, o desenvolvimento normal das tarefas do Estado, a liberdade de ao poltica dos rgos de soberania e o pleno funcionamento das instituies democrticas (Cardoso, 1981: 23).

    Referncias:

    Cardoso, Leonel (1981). Defesa Nacional Segurana Nacional. Nao e Defesa, n 17, Janeiro, pp. 11-24.

    Clauswitz, Carl Von (1994). On War. Princeton, Princton University Press.

    Conceito Estratgico de Defesa Nacional (2013). Dirio da Repblica, 1 Srie, n 67, 5 de Abril de 2013, Resoluo do Conselho de Ministros n 19/2013, pp. 1981-1995.

    Grandes Opes do Conceito Estratgico de Defesa Nacional (2013). O Conceito Estratgico de Defesa Nacional. Contributos para o Debate Pblico. Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda / Instituto da Defesa Nacional, pp. 465-501.

    Trindade, A. Rocha (1983). O Cidado, o Estado e a Defesa Nacional. Nao e Defesa, n 25, Janeiro-Maro, pp. 23-29.

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    Vetores Principais do Conceito Estratgico de Defesa Nacional

    Bruno Cardoso ReisImporta, antes de apontar os seus principais vetores, perceber o que , para que serve, e de onde surge o Conceito Estratgico de Defesa Nacional (CEDN). Um conceito estratgico um documento formal do Estado que relaciona todos os meios de que dispe em funo dos objetivos prioritrios para a defesa dos seus valores e interesses. Como afirma o mais recente CEDN, datado de 2013: O conceito estratgico estabelece as grandes orientaes e prioridades que o Estado e a sociedade devem realizar em democracia para defender os interesses nacionais, salvaguardar o patrimnio material e imaterial e garantir a construo de um futuro mais prspero, mais seguro e mais justo. Ligando os fins e as aes aos meios, o conceito estratgico de defesa nacional constitui uma referncia essencial para a articulao das prioridades do Estado, para o necessrio e consequente alinhamento das estratgias subordinadas (conceitos estratgicos derivados) pblicas e privadas.Isto significa que o CEDN no diz apenas respeito, nem deve ser do interesse somente das Foras Armadas ou do Ministrio da Defesa ou, sequer, apenas dos rgos do Estado: O conceito estratgico de defesa nacional deve assumir-se como a estratgia nacional do Estado, destinado a dar cumprimento s suas tarefas fundamentais, para as quais concorrem as suas instncias e organismos, bem como a prpria sociedade. Isto significa, como afirma o CEDN de 2013, que este um desafio para o qual todos estamos convocados. O conceito estratgico de defesa nacional s se torna nacional a partir do momento em que Portugal e os portugueses o assumam como seu. Da ser to importante difundir e discutir abertamente esta estratgia nacional. Um pas sem rumo definido s muito dificilmente e por acaso chegar a bom porto.

    Quando surge ento o CEDN? A existncia de um documento formal, pblico e desta natureza, algo relativamente recente na histria de Portugal e no s. O primeiro Conceito Estratgico de Defesa Nacional (CEDN) portugus datou de Janeiro de 1985. Seguiram-se novas verses aprovadas por sucessivos governos depois de consulta pblica e parlamentar em 1994, em 2003, e, por fim, em 2013. prtica normal, a nvel internacional, nomeadamente da OTAN/NATO a principal aliana militar a que Portugal pertence a reviso peridica desde tipo de documentos, pelo menos cada 10 anos, nomeadamente para ter em conta inevitveis evolues importantes no sistema internacional, por exemplo, nas ltimas dcadas: o fim da Guerra Fria; o crescendo das ameaas no-convencionais manifestado dramaticamente nos atentados do 11 de Setembro 2001; ou, mais recentemente, a crise econmico-financeira global de 2008 que parece ter reforado a tendncia para a difuso de poder do Ocidente para outros polos de poder, nomeadamente na sia, dando lugar a um mundo mais multipolar.Claro que isto no significa que antes disso Portugal no tivesse uma grande estratgia orientadora. Um pas no surge, e sobretudo no sobrevive durante oito sculos, enfrentando mltiplos conflitos e crises, sem uma certa conceo estratgica. Mas durante muitos sculos a elaborao de uma estratgia nacional era uma tarefa informal. Como a conduo de todas as principais polticas de Portugal, at ao sculo XIX, estava centralizado no rei e num pequeno nmero de conselheiros e ministros, que estavam em contacto dirio, no parecia evidente a necessidade de colocar sistematicamente por escrito, ou de comunicar publicamente ao conjunto da comunidade nacional, o conceito estratgico nacional que partilhavam e executavam. A liberalizao poltica que se iniciou no sculo XIX alargou o campo de discusso destas questes, mas ainda assim, durante muitos anos, apenas a uma pequena elite educada. S o surgimento de democracias de massas durante o sculo XX, e sobretudo o final da Guerra Fria, levou a que fosse considerado possvel, seguro, e necessrio esclarecer o conjunto dos cidados sobre estes temas de segurana e defesa. Tendo em conta este contexto, porque que surge um novo CEDN em 2013 e quais so os vetores fundamentais para o caracterizar? Como refere o CEDN de 2013, o anterior conceito estratgico de defesa nacional foi aprovado em 2003. Ora indiscutvel que, na ltima dcada, a situao estratgica e o ambiente internacional se alteraram profundamente. Nomeadamente, destaca-se a crise econmica e financeira que se concentrou na Europa, em particular na Zona Euro de que resultou a presso, sem precedentes, dos mercados financeiros que revelou as fragilidades decorrentes de uma arquitetura incompleta da Unio Econmica e Monetria.

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    sublinhada tambm a emergncia de novas grandes potncias quer no espao Asitico, quer na Amrica Latina, bem como a reorientao estratgica dos Estados Unidos da Amrica (EUA) nomeadamente anunciando a inteno de dar uma nova prioridade sia-Pacfico, que se reflete, por exemplo, na reduo da presena norte-americana na base das Lajes. Por fim, apontado o novo conceito estratgico da Organizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN), aprovado em 2010, bem como o novo Tratado da Unio Europeia (UE) o Tratado de Lisboa que implicaram novas exigncias em termos da contribuio portuguesa para a garantia da segurana internacional. E daqui se conclui que imperativa a reviso do conceito estratgico de defesa nacional, como instrumento indispensvel para a resposta nacional ao novo ambiente de segurana.O processo de reviso foi feito a partir de uma conceo abrangente de estratgia de defesa nacional, que parte do princpio de que para a realizao dos objetivos da segurana e da defesa nacional concorrem todas as instncias do Estado e da sociedade. Pelo que o conceito estratgico de defesa nacional define os aspetos fundamentais da estratgia global a adotar pelo Estado para a consecuo dos objetivos da poltica de segurana e defesa nacional.A isto corresponde uma viso de conjunto da estratgia nacional que implica ter em conta fundamentos que a enquadram e lhe do coerncia: o poder e a vontade. Pelo que indispensvel a mobilizao de recursos materiais mas tambm imateriais. Os Estados hoje em dia no se afirmam apenas, ou sobretudo, pelo controlo de territrio e outros meios materiais, mas tambm por terem uma srie de recursos ditos imateriais como o capital humano, a capacidade cientfica e de inovao, ou ainda a dimenso cultural e lingustica.

    Quais so ento os vetores fundamentais e linhas de ao estratgica do CEDN atualmente vigente? Eles so elencados sistematicamente e agrupadas em funo de grandes domnios de atuao.

    O primeiro grande vetor de atuao exercer soberania, neutralizar ameaas e riscos segurana nacional. Estamos a lidar aqui com o ncleo tradicional da estratgia de segurana e defesa. Definem-se neste aspeto como linhas de aes:

    1. Defender a posio internacional de Portugal;2. Consolidar as relaes externas de defesa;3. Valorizar as informaes estratgicas;4 Adequar as polticas de segurana e defesa nacional ao ambiente estratgico.

    O segundo grande vetor de atuao o de responder s vulnerabilidades nacionais. Ou seja, se seria utpica uma estratgia que ignorasse as dificuldades e limitaes que Portugal enfrenta, ela seria intil se partisse do princpio que esses problemas e desafios tm de ser aceites passivamente e no podem ser contrariados e combatidos. Para isso define-se como linhas ao:

    1. Promover o equilbrio financeiro e o crescimento econmico;2. Assegurar a autonomia energtica e alimentar:3. Incentivar a renovao demogrfica e gerir o envelhecimento da populao;4. Melhorar a eficcia do sistema de justia;5. Qualificar o ordenamento do territrio;6. Envolver a sociedade nos assuntos da segurana e defesa nacional.

    O terceiro grande vetor de atuao o de valorizar os recursos e as oportunidades nacionais. Portugal pode ter um territrio relativamente pequeno e com recursos materiais limitados, mas casos como o da Sua ou de Singapura mostram que possvel, ainda assim, com uma boa estratgia nacional (tirando o mximo partido dos recursos que existem e da localizao) obter bons resultados. Para isso define-se como linhas ao:

    1. Investir nos recursos martimos;2. Valorizar o conhecimento, a tecnologia e a inovao;3. Desenvolver o potencial de recursos humanos;4. Valorizar a lngua e a cultura portuguesas.

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    Evidentemente que o grande desafio em relao a todos estes aspetos o ltimo ponto includo no CEDN de 2013, ou seja, a operacionalizao e controlo do conceito estratgico de defesa nacional. O problema sempre passar das palavras aos atos, dos planos s aes. Isso sobretudo assim quando isso implica um elevado esforo de coordenao no interior do Estado, bem para alm do Ministrio da Defesa, e do Estado com o resto da sociedade. Este esforo de coordenao e controlo de implementao destas linhas de ao ser o grande teste a um conceito to abrangente e ambicioso como o CEDN de 2013.

    Consulte o documento no portal do Instituto da Defesa Nacionalhttp://www.idn.gov.pt/conteudos/documentos/CEDN_2013.pdf

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    http://www.idn.gov.pt/conteudos/documentos/CEDN_2013.pdf

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    As Foras Armadas

    Quadro Institucional, Organizao e Misses

    Organizao e Misses das Foras Armadas

    Misses de Soberania

    As Foras Armadas portuguesas tm como misso fundamental, atribuda pela Constituio, assegurar a defesa militar da Repblica, incumbindo-lhes desempenhar todas as misses militares necessrias para garantir a soberania, a independncia nacional e a integridade territorial do Estado (englobando o territrio continental, os arquiplagos dos Aores e da Madeira), a defesa do espao areo e martimo nacional, e a liberdade e segurana da sua populao contra qualquer agresso ou ameaas externas. Nessa medida, o Pas deve manter uma capacidade prpria que promova, de forma autnoma ou quando integrada num esforo coletivo, a dissuaso e defesa essa

    capacidade so as suas Foras Armadas.

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    As Foras Armadas podem ser empregues, nos termos da Constituio e da lei, quando se verifique o estado de stio ou de emergncia.

    Autonomamente ou integrando foras multinacionais, as Foras Armadas podem atuar para proteger e evacuar cidados portugueses e outros civis em reas de tenso ou crise, bem como para assegurar a extrao, proteo ou reforo de contingentes e foras nacionais destacadas.

    No mbito da ciberdefesa, as Foras Armadas aplicaro as medidas de carter defensivo e se necessrio, ofensivo, contra ataques cibernticos, a fim de garantir a salvaguarda da informao e a proteo das suas infraestruturas de comunicaes e dos sistemas de informao, bem como o apoio na proteo e defesa das infraestruturas crticas nacionais e do governo eletrnico do Estado.

    As Foras Armadas tambm cooperam com as foras e servios de segurana contribuindo para a proteo de pessoas e bens, no combate ao terrorismo e ao crime organizado transnacional, na defesa de infraestruturas crticas e outros pontos sensveis, no mbito da cibersegurana e na defesa contra ameaas Nucleares, Biolgicas, Qumicas ou Radiolgicas.

    Inserem-se tambm no mbito das misses das Foras Armadas a vigilncia e controlo, incluindo a fiscalizao e o policiamento areo, dos espaos sob soberania e jurisdio nacional, no sentido de garantir a soberania, o cumprimento da lei e a salvaguarda dos interesses nacionais, nos planos da segurana, da preservao e proteo ambiental e da preveno da criminalidade, bem como a vigilncia e controlo das linhas de comunicao no designado Espao Estratgico de Interesse Nacional Permanente1.

    1 EEINP - corresponde ao TN compreendido entre o ponto mais a Norte (no concelho de Melgao), at ao ponto mais a sul (nas ilhas Selvagens), e do seu ponto mais a Oeste (na ilha das Flores), at ao ponto mais a Leste (no concelho de Miranda do Douro), bem como o espao interterritorial e os espaos areos e martimos sob responsabilidade ou soberania nacional.

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    Zona Econmica Exclusiva

    Plataforma Continental

    Flight Information Region (FIR) Search and Rescue Region (SAR)

    Neste mesmo contexto integram-se as responsabilidades internacionais assumidas por Portugal no mbito da Busca e Salvamento Martimo e Areo (SAR Search and Rescue), cujos Servios funcionam no mbito da Marinha e da Fora Area, integrando, respetivamente, o Sistema Nacional para a Busca e Salvamento Martimo e Areo, ambos dirigidos pelo Ministro da Defesa Nacional.

    Misses de interesse pblico

    Para alm do servio pblico, de valor intangvel, inerente ao desempenho das tarefas relativas defesa nacional, as Foras Armadas desempenham outras misses que reforam a natureza de uma instituio ao servio do bem comum, revelando-se essenciais para a consecuo dos objetivos nacionais de segurana e desenvolvimento.

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    Neste mbito destacam-se igualmente as aes de cooperao nas atividades de proteo civil, apoio satisfao das necessidades bsicas de populaes, defesa do patrimnio nacional, investigao e desenvolvimento, nomeadamente no campo da cartografia, hidrografia e oceanografia, apoio pesquisa e preservao de recursos naturais e apoio na preservao do ambiente e da segurana martima e area (vertente safety).

    Misses Internacionais

    No quadro mtuo da defesa coletiva, as Foras Armadas asseguram a satisfao dos compromissos internacionais assumidos por Portugal, quer no mbito da NATO, quer da UE.

    Portugal no quadro das organizaes internacionais

    O conceito de Defesa Coletiva deriva do Artigo 5. do Tratado do Atlntico Norte e tem por finalidade garantir o envolvimento coletivo (i.e. por todas as naes da NATO) na defesa militar das naes aliadas em caso de ataque a um ou mais dos seus membros. A clusula de solidariedade do Tratado de Lisboa da Unio Europeia encarada de forma idntica.

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    No contexto da Segurana Cooperativa, as Foras Armadas participam em operaes e misses da NATO, da Unio Europeia, das Naes Unidas e da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP), ou ainda no quadro de acordo bilaterais ou multilaterais, no sentido de contribuir para a promoo da paz, da estabilidade e da segurana internacional, fazer face a desastres humanitrios ou impor o cumprimento do Direito Internacional.

    Misses atuais no exterior

    Conforme refere o CEDN, o vetor militar primordial no apoio poltica externa. Uma das misses prioritrias das Foras Armadas contribuir como instrumento do Estado para a segurana internacional, designadamente pela sua interveno em misses militares internacionais de paz, que asseguram o reconhecimento externo de Portugal como um Estado coprodutor de segurana internacional. Importa reter que as fronteiras da segurana nacional vo para alm das fronteiras territoriais do Estado, sendo a reduo dos fatores de instabilidade global e dos conflitos regionais uma responsabilidade coletiva das democracias.

    Nesse sentido, sob a gide das Naes Unidas, na NATO, na Unio Europeia e na Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa, as Foras Armadas portuguesas tm sido continuamente envolvidas em operaes de resposta a crises desde 1991 com a participao na misso da UNAVEM II Segunda Misso de Verificao da ONU em Angola. Para o efeito, desde ento, mais de 40.000 mulheres e homens foram projetados para vinte diferentes teatros de operaes, em quatro continentes, com uma presena particularmente forte nos Balcs,

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    Timor-Leste, Afeganisto e frica, elevando o nome de Portugal como coprodutor de segurana internacional.

    Mapa de misses no exterior

    Participao Militar em Misses Nacionais de Interesse Pblico e Misses no Estrangeiro

    Saber maisPortal da Juventude - Dia da Defesa Nacional

    Defesa e Foras Armadas Leis na rea da Defesa

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    http://www.emgfa.pt/pt/operacoes/partnachttp://www.emgfa.pt/pt/operacoes/partnachttp://juventude.gov.pt/Cidadania/DiaDefesaNacional/Paginas/dia_defesa_nacional.aspxhttp://www.emgfa.pt/pt/Linkshttp://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/Leis_area_Defesa.aspx

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    Estado-Maior-General das Foras Armadas

    Misso do EMGFA

    O Estado-Maior-General das Foras Armadas, abreviadamente designado por EMGFA, tem por misso geral planear, dirigir e controlar o emprego das Foras Armadas no cumprimento das misses e tarefas operacionais que a estas incumbem. O EMGFA tem ainda como misso garantir as condies para o funcionamento do ensino superior militar e da sade militar, nos termos da lei.O EMGFA constitui-se como o quartel-general das Foras Armadas, compreendendo o conjunto das estruturas e capacidades adequadas para apoiar o Chefe do Estado-Maior-General das Foras Armadas no exerccio das suas competncias.

    Organizao do EMGFA O EMGFA chefiado pelo Chefe do Estado-Maior-General das Foras Armadas e compreende:

    a) O comando conjunto para as operaes militares;b) Os comandos dos Aores e da Madeira;c) Os rgos de direo e de estado-maior;d) O rgo de informaes e de segurana militares;e) A Direo de Sade Militar;f) Os rgos de apoio geral.

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    No mbito do EMGFA inserem-se ainda na dependncia direta do Chefe do Estado-Maior-General das Foras Armadas, regulados por legislao prpria:

    a) O Instituto Universitrio Militar;b) As misses militares no estrangeiro1

    O Gabinete do Chefe do Estado-Maior-General das Foras Armadas o rgo de apoio direto e pessoal ao Chefe do Estado-Maior-General das Foras Armadas (CEMGFA) e presta apoio tcnico e administrativo ao Conselho de Chefes de Estado-Maior. Compreende ainda a Assessoria Jurdica, as Relaes Pblicas e Protocolo, e a Secretaria, que integra o Posto de Controlo.

    O Adjunto para o Planeamento e Coordenao (ADJPC) o colaborador imediato do CEMGFA no que respeita ao planeamento geral e coordenao da atividade do EMGFA.

    O Comando Conjunto para as Operaes Militares (CCOM) tem por misso assegurar o exerccio, por parte do CEMGFA, do comando operacional das foras e meios da componente operacional do sistema de foras, em todo o tipo de situaes e para as misses das Foras Armadas, com exceo das misses reguladas por legislao prpria e cometidas aos ramos das Foras Armadas.

    O Comando Operacional dos Aores (COA) e o Comando Operacional da Madeira (COM) tm por misso efetuar o planeamento, o treino operacional conjunto e o emprego operacional das foras e meios que lhes sejam atribudos.

    A Diviso de Planeamento Estratgico Militar (DIPLAEM) tem por misso prestar apoio de estado-maior no mbito do planeamento estratgico militar e nos mbitos da prospetiva estratgica militar e transformao das relaes militares internacionais, do planeamento de foras, da doutrina militar conjunta e combinada, da organizao e mtodos, e da atividade de avaliao.

    A Diviso de Recursos (DIREC) tem por misso prestar apoio de estado-maior no planeamento, de nvel estratgico militar, dos recursos humanos, do ensino superior militar, da logstica, da sade militar e das finanas. A Direo de Comunicaes e Sistemas de Informao (DIRCSI) tem por misso planear, estudar, dirigir, coordenar e executar as atividades inerentes aos sistemas de informao e tecnologias de informao e comunicao necessrios ao exerccio do comando e controlo nas Foras Armadas.A DIRCSI, no mbito da ciberdefesa, tem por misso coordenar a proteo dos valores da integridade, confidencialidade e disponibilidade da informao e dos sistemas de informao das Foras Armadas. A DIRCSI tem ainda por misso, no mbito da cibersegurana setorial da defesa nacional, coordenar a proteo dos valores da integridade, confidencialidade e disponibilidade da informao e dos sistemas de informao do restante universo da defesa nacional.

    O Centro de Informaes e Segurana Militares (CISMIL) tem por misso assegurar a produo de informaes necessrias ao cumprimento das misses das Foras Armadas e garantia da segurana militar.

    1 NMR - National Military Representative junto do comando NATO Supreme Headquarters Allied Powers Europe (SHAPE) Mons, BlgicaMILREP - Military Representative junto do Military Committee da NATO Bruxelas, Blgica

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    A Direo de Sade Militar (DIRSAM) tem por misso assegurar o apoio deciso do CEMGFA no mbito da sade militar, bem como a direo e execuo da assistncia hospitalar prestada pelos rgos de sade militar, designadamente pelo Hospital das Foras Armadas (HFAR).

    So ainda rgos na dependncia do Chefe do Estado-Maior-General das Foras Armadas o Instituto Universitrio Militar que tem por finalidade o desenvolvimento das atividades de ensino, investigao, apoio comunidade, cooperao e intercmbio com base num modelo de ensino superior militar, e as misses militares no estrangeiro as quais so reguladas por legislao prpria.

    Lei Orgnica n. 6/2014, de 1 de setembroDecreto-Lei n. 184/2014, de 29 de dezembro Decreto Regulamentar n. 13/2015, de 31 de julho

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    Marinha

    IntroduoA geografia de Portugal, os vastos espaos martimos sob soberania e jurisdio nacional, as atividades martimas e os recursos naturais, so fatores que moldam a ao da Marinha na defesa dos interesses nacionais no mar.A estabilidade global e portuguesa dependem largamente da segurana martima. As ameaas diretas ao uso do mar e as que do mar tiram partido apresentam-se de diferentes formas. A ao do Estado no mar implica um profundo conhecimento deste meio, acompanhado de uma presena efetiva e permanente em toda a vasta extenso do espao martimo sob soberania e jurisdio nacional. Garantir a vigilncia, a fiscalizao e a interveno sobre as atividades que nele se desenvolvem e, dessa forma, contribuir para a segurana de pessoas e bens, ao mesmo tempo que exerce a dissuaso e a represso de eventuais ameaas ao interesse nacional, so situaes em que a Marinha assume relevncia, pela sua capacidade e versatilidade de atuao num vasto espetro de tarefas, que se dividem em trs funes fundamentais:

    Defesa militar e apoio poltica externa; Segurana e autoridade do Estado; Desenvolvimento econmico, cientfico e cultural.

    Misso1De uma forma abreviada, a misso da Marinha visa CONTRIBUIR PARA QUE PORTUGAL USE O MAR na medida dos seus interesses. Esse enunciado sintetiza numa frase simples a ao da Marinha para que o mar possa criar valor, tornando implcito um vasto conjunto de tarefas que a Marinha realiza, ou para as quais contribui, em mltiplos planos de atuao.

    VisoA viso da organizao que o pas disponha de Uma Marinha focada no servio Nao, pronta, credvel e eficiente, constituda por meios adequados e por pessoas competentes, preparadas e motivadas, capaz de valorizar permanentemente as suas capacidades e competncias para assegurar a defesa dos Interesses de Portugal no Mar.

    Nvel de AmbioO nvel de ambio nacional para a Marinha que tenha capacidade para projetar e sustentar, em simultneo, duas unidades navais de tipo fragata, para participao nos esforos de segurana e defesa coletiva. Para alm disso, dever dispor de capacidade anfbia e submarina, de navios auxiliares, de navios de patrulha ocenica, de navios de patrulha costeira, e capacidade oceanogrfica, de modo a garantir, simultnea e continuadamente, o controlo e vigilncia do espao martimo sob responsabilidade e jurisdio nacional, as misses de apoio ao desenvolvimento e bem-estar das populaes, e as atribuies cometidas Armada no mbito do Sistema da Autoridade Martima.

    1 A misso da Marinha est definida na sua Lei Orgnica, Decreto-Lei n. 185/2014 de 29 de dezembro

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    Divisa da Marinha - A Ptria Honrai que a Ptria Vos Contempla

    Jaque Nacional

    OrganizaoPara concretizar a sua misso, a Marinha est conceptualmente organizada em quatro grandes reas: a formulao estratgica e o planeamento so realizados ao mais alto nvel, pela chefia da Marinha, pelos rgos de Conselho e o Estado-Maior da Armada; a gesto dos recursos humanos, financeiros, materiais e de sistemas e tecnologias de informao assegurada pelas Superintendncias do Pessoal, do Material, das Finanas e de Tecnologias da Informao; o emprego dos meios navais e das foras de fuzileiros e unidades de mergulhadores da responsabilidade do Comando Naval, que conjuntamente com os rgos culturais e de investigao cientfica so os principais responsveis pelo produto institucional da Marinha; finalmente, o controlo da gesto e dos procedimentos realizado pela Inspeo-Geral da Marinha.

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    Organizao da Marinha

    2 CN - Segundo Comandante NavalAM- Academia de Marinha BNL - Base Naval de LisboaCA - Conselho do Almirantado CCF - Comando do Corpo de FuzileirosCCM - Comisso Cultural de MarinhaCCOSF - Centros da Componente Operacional do Sistema de ForasCDMI - Comisso de Direito Martimo Internacional CEMA - Chefe do Estado-Maior da ArmadaCINAV - Centro de Investigao NavalCITAN - Centro de Instruo, Treino e Avaliao NavalCMN - Centro de Medicina NavalCMSH - Centro de Medicina Subaqutica e HiperbricaCN - Comando NavalCSDA - Conselho Superior de Disciplina da Armada CZM - Comandos de Zona MartimaEMA - Estado-Maior da Armada EN - Escola Naval ESQ/AGR - Esquadrilhas e AgrupamentosETNA - Escola de Tecnologias NavaisGABCEMA - Gabinete do Chefe do Estado-Maior da Armada IGM - Inspeo Geral de Marinha IH - Instituto HidrogrficoJMRA - Junta Mdica de Reviso da Armada SBSM - Servio de Busca e Salvamento MartimoSF - Superintendncia das Finanas SM - Superintendncia do Material SP - Superintendncia do Pessoal STI - Superintendncia das Tecnologias da Informao UAICM - Unidade de Apoio s Instalaes Centrais da MarinhaVCEMA - Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada

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    http://

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    DispositivoO mar portugus, no qual se incluem o mar territorial, a zona econmica exclusiva e a plataforma continental, ocupa um espao geogrfico correspondente a 42 vezes o territrio nacional. um dos maiores espaos martimos do mundo, ao qual acresce a regio de responsabilidade nacional de busca e o salvamento martimo, com uma rea de cerca de 6 milhes de km quadrados, ou 63 vezes a dimenso do territrio nacional. Para alm de fonte de recursos, o mar portugus palco de um conjunto diversificado de atividades que importa proteger em favor do seu valor econmico e da preservao ambiental.A defesa dos interesses nacionais nestes espaos martimos assegurada, desde tempos remotos, atravs de um dispositivo naval permanente, com navios distribudos pelas diferentes zonas martimas nacionais, em elevado estado de prontido para a interveno e que asseguram a patrulha, a vigilncia, a fiscalizao e a interveno do Estado no mar, a salvaguarda da vida humana, a proteo ambiental e a atuao em situaes de emergncia e catstrofes naturais, em apoio proteo civil.Para alm dos navios do dispositivo naval, a Marinha contribui para a Fora de Reao Imediata com navios de superfcie, foras de fuzileiros e destacamentos de mergulhadores.Para apoio direto atracao e manuteno dos navios, bem como para descanso das guarnies, a Marinha dispe no continente de uma Base Naval na rea de Lisboa e de Pontos de Apoio Naval (PAN) em Leixes, Tria e Portimo.

    Dispositivo naval padro

    Instalaes Centrais da Marinha

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    Meios e Foras

    Para o cumprimento das misses das Foras Armadas a Marinha dispe de um conjunto diversificado de navios e foras militares.As fragatas das classes Vasco da Gama e Bartolomeu Dias (5) so os principais navios de superfcie, estando equipadas com sistemas de armas e sensores para a luta anti-submarina e de superfcie, nomeadamente sonares, radares, torpedos, msseis e peas de artilharia de grande calibre.

    Fragata da classe Bartolomeu Dias

    Os helicpteros Lynx (5) so orgnicos s fragatas e ampliam significativamente a capacidade de deteo, projeo de foras, combate e apoio logstico dos navios.

    Helicptero Lynx a aterrar numa fragata

    Os submarinos da classe Tridente (2) so navios com valncia estratgica uma vez que, atravs do seu sistema de propulso independente de ar, podem cobrir grandes distncias sem ser detetados e fazer lanamento de torpedos e msseis.

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    Submarino Tridente

    O navio reabastecedor de esquadra Brrio tem como principal misso assegurar o reabastecimento de combustvel de navios no mar, prolongando o seu raio de ao sem necessidade de apoio logstico em terra.

    Navio reabastecedor Brrio

    As corvetas das classes Baptista de Andrade e Joo Coutinho (4) e os navios de patrulha ocenica da classe Viana do Castelo (2) so navios de mdio porte, cuja principal funo assegurar a ao do Estado nos espaos martimos sob soberania, jurisdio e responsabilidade nacional. Todavia, tambm tm sido utilizados em misses internacionais e interagncias de fiscalizao da pesca no Atlntico Norte e de controlo da imigrao ilegal no Mediterrneo.

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    Navio de Patrulha Ocenica da classe Viana do Castelo

    Os navios patrulha da classe Cacine (3), o navio balizador Schultz Xavier, as lanchas de fiscalizao rpida das classes Argos e Centauro (9) e as lanchas de fiscalizao das classes Albatroz e Rio Minho (3) so navios de pequeno porte, cuja principal funo assegurar a ao do Estado nos espaos martimos costeiros.

    Lancha de Fiscalizao Rpida da classe Argos

    Os navios hidrogrficos ocenicos da classe D. Carlos I (2) e os costeiros da classe Andrmeda (2) permitem a aquisio de dados hidrogrficos, oceanogrficos e geolgicos para o conhecimento ambiental do meio marinho e elaborao de produtos de informao de apoio s operaes militares e aplicaes civis.

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    Navio hidrogrfico ocenico da classe D. Carlos I

    Os veleiros Sagres, Creoula e Polar so navios cuja funo principal a formao marinheira dos militares da Marinha.

    NRP Sagres

    Para alm dos marinheiros que guarnecem os navios e as unidades em terra, a Marinha conta com duas foras especiais: os fuzileiros e os mergulhadores.Os fuzileiros constituem um corpo militar organizado em diversas tipologias de foras com valncias especficas para realizar operaes anfbias (do mar para a terra) e de proteo martima. Destacam-se, neste corpo, as valncias do Destacamento de Aes Especiais na realizao de operaes especiais.

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    Exerccios de fuzileiros

    Os mergulhadores da Marinha esto organizados em trs destacamentos e constituem uma fora cujas misses incluem o apoio a operaes de salvamento martimo, a participao em limpeza de portos e canais de acesso, a manuteno de estruturas submersas, tais como boias e balizas, ou ainda a inativao de engenhos explosivos. Esta fora opera veculos submarinos autnomos para aes no mbito da Guerra de Minas.

    Mergulhadores da Marinha

    Ensino e formao

    Escola Naval 2A Escola Naval um estabelecimento de Ensino Superior Pblico Universitrio Militar destinado a formar os oficiais dos quadros permanentes da Marinha Portuguesa. A instituio conta com um corpo docente superior a 70 professores militares e civis, que associam sua funo de docncia uma vasta experincia profissional. O Corpo de Alunos est dividido em 5 companhias, correspondendo cada uma a um ano de ingresso, constituindo um efetivo total de, aproximadamente, 300 alunos. A Escola Naval ministra aos cadetes os cursos de Marinha, Engenharia Naval Ramo Mecnica, Engenharia Naval Ramo Armas e Eletrnica, Administrao Naval e Fuzileiros. Nos ltimos 20 anos foram admitidos Escola Naval 1168 cadetes.Para alm dos cursos tradicionais, a Escola Naval ministra: um curso de mestrado em Histria Martima em associao com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; um curso de mestrado em Histria Militar 2 Consulte o site: www.escolanaval.pt

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    www.escolanaval.pt

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    em associao com sete instituies de Ensino Superior Universitrio; um curso de ps-graduao em Direito e Cibersegurana em associao com a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e o Instituto Superior Tcnico; e um curso de ps-graduao (especializao) em Medicina Hiperbrica e Subaqutica.

    Escola Naval

    Cadetes praticam navegao numa viagem de instruo

    Durante o perodo de 1998 a 2012, funcionou adjunta Escola Naval a Escola Superior de Tecnologias Navais (ESTNA), que era um estabelecimento militar de ensino superior politcnico. Nesse perodo foram admitidos ESTNA 160 alunos.

    Centro de Investigao Naval (CINAV)O Centro de Investigao Naval (CINAV) uma unidade orgnica de investigao cientfica, desenvolvimento tecnolgico e inovao (I&D), de ndole multidisciplinar, integrado na Escola Naval (EN) e na direta dependncia do seu Comandante, que estabelece as linhas de investigao para o CINAV e coordena os projetos de I&D executados pelos rgos e servios da Marinha (exceto aquelas coordenadas pelo Instituto Hidrogrfico).O CINAV tem, atualmente, sete linhas principais de investigao:

    Processamento de sinais (acstica, principalmente submarinos e comunicaes) Robtica Mvel (incluindo veculos subaquticos, de superfcie no tripulados e areos no tripulados) Sistemas de Apoio Deciso (para Sistemas de Conhecimento Situacional Martimo, Sistemas de Informao Geogrfica, Apoio deciso em combate, e tcnicas de Inteligncia Artificial para a construo naval e as operaes do navio) Gesto da Manuteno e Engenharia (Tcnicas de Anlise Multivariada de Dados para manuteno baseada

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    em condio, anlise de vibrao e termografia) Histria Martima (poca dos Descobrimentos, Histria da navegao, e arqueologia subaqutica) Estratgia Martima (Geopoltica, estratgia, estudos de segurana e relaes internacionais) Sade Naval (Medicina Hiperbrica e Aptido Fsica)

    Escolas e centros de formao do Sistema de formao Profissional da MarinhaA formao assume um papel central e de extrema relevncia na qualificao e valorizao dos Recursos Humanos (RH) da Marinha, assegurando a aquisio e o desenvolvimento de competncias necessrias ao desempenho de funes indispensveis para o funcionamento dos rgos e servios da Marinha e, em especial, das suas unidades operacionais e consequentemente das suas misses.O Sistema de Formao Profissional da Marinha (SFPM) constitudo por um conjunto organizado, articulado e interativo de elementos, que concorrem e asseguram a gesto e a aplicao de conhecimentos aos formandos da Marinha. As Escolas e Centros de Formao que integram o SFPM so os seguintes:

    - Escola de Tecnologias Navais;- Escola de Mergulhadores;- Escola de Fuzileiros;- Escola de Hidrografia e Oceanografia;- Centro Integrado de Treino e Avaliao Naval;- Centro de Instruo de Helicpteros;- Centro de Educao Fsica da Armada;- Centro de Instruo de Submarinos;

    Formao de mergulhadores

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    Treino e avaliao de limitao de avarias a bordo de um navio (CITAN)

    A complexidade tcnica dos meios navais, com os seus diversos sistemas, armas e sensores, e a autonomia logstica e de manuteno que necessitam ter durante as navegaes implicam que as guarnies tenham de ser constitudas por marinheiros com diversas especializaes profissionais. Assim, a formao na Marinha desempenha um papel fulcral, habilitando e mantendo os seus recursos humanos com um vasto nmero de competncias to diversas, mas indispensveis para as funes de cozinheiro, padeiro, tcnico de informtica, enfermeiro, eletromecnico, piloto de helicptero, tcnico de armamento e de operaes, tcnico administrativo, entre outras, num total de 38 profisses de carreira para as categorias de oficial, sargento e praa.

    Curso de especializao em hidrografia ministrado na Escola de Hidrografia e OceanografiaO SFPM forma anualmente cerca de 5000 militares, com padres de elevada qualidade, num processo contnuo de aprendizagem ao longo da vida, frequentando cursos que os habilitam com competncias pessoais, tcnicas

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    e militares para um desempenho eficaz das suas funes. Quando os militares da Marinha terminam a sua carreira ativa nas Foras Armadas, a sociedade em geral passa a beneficiar de um conjunto de recursos humanos altamente qualificados e aptos a servir nas diversas profisses.

    Patrimnio histrico e culturalO mar tem, para os portugueses, uma dimenso cultural muito expressiva. O significado e legado histrico dos descobrimentos, do mar, e o teor cultural e tcnico-naval herdado pelos portugueses no tm paralelo no mundo. A divulgao cultural e a preservao da memria histrica martima de Portugal so fatores marcantes para que a identidade martima se mantenha forte e os portugueses valorizem e beneficiem dos proveitos do Mar. A Comisso Cultural da Marinha superintende os rgos de natureza histrica, cultural e cientfica da Marinha, que incluem o Museu de Marinha, o Planetrio Calouste Gulbenkian, o Aqurio Vasco da Gama, a Biblioteca Central da Marinha, a Revista da Armada e a Banda da Armada. Para alm destes organismos, a divulgao cultural e histrica , ainda, realizada pela Academia de Marinha. A Biblioteca Central da Marinha, que integra o Arquivo Histrico, uma fonte especializada de referncias e documentos histricos para investigao sobre a Marinha e os assuntos do mar, que serve cerca de 1000 utentes por ano. O Museu de Marinha tem sido o segundo museu mais visitados do pas, com uma mdia anual de 145.000 visitas. Para alm do espao museolgico instalado no Mosteiro dos Jernimos, conta ainda com a exposio permanente da fragata D. Fernando II e Glria e do submarino Barracuda em Cacilhas.

    Museu de Marinha, pavilho das galeotas

    Museu de Marinha

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    Fragata D. Fernando II e Glria

    O Planetrio, com uma mdia de 700 sesses e 75.000 visitantes anuais, um Centro Cientfico e Cultural que tem dado a conhecer a midos e grados o mundo das estrelas e planetas do sistema solar, contribuindo para a sua formao escolar e conhecimento do cosmos.

    Planetrio Calouste Gulbenkian

    A Banda da Armada uma marca da Marinha que para alm de transmitir os sons dos mares nos seus cerca de 100 concertos anuais, contribui para a sensibilizao musical de jovens em todo o pas.

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    A Banda da Armada

    A Revista da Armada uma das principais fontes de notcias, comunicao estratgica, memrias marinheiras e divulgao dos assuntos da Marinha, dirigindo-se aos que prestam e aos que prestaram servio na organizao e ao pblico em geral. Com edio anual de 11 nmeros desde 1971 e uma tiragem mensal de 4500 exemplares, a Revista da Armada conta j com mais de 490 nmeros publicados, e desde 2010 passou a ter todas a publicaes disponveis em linha para consulta ou descarga.A Academia de Marinha um rgo de natureza cultural, que integra um conjunto de personalidades notveis do meio cultural e acadmico portugus, que se distinguem ou distinguiram nas reas da histria, das cincias e das tecnologias navais e martimas. Entre outros, esta Academia tem como principais objetivos promover e executar estudos e trabalhos de investigao cientfica no domnio da histria, das cincias, das letras e das artes, nos aspetos relativos ao mar e s atividades martimas, e divulgar os seus resultados; publicar estudos, obras bibliogrficas e outros documentos; realizar reunies de carcter cientfico e cultural, de discusso e divulgao, sobre as cincias e atividades ligadas ao mar. Em mdia, a Academia de Marinha promove anualmente a realizao de 45 conferncias e edita cerca de 5 livros.

    A Marinha em aoExerccios e treinoPara garantir uma elevada probabilidade de sucesso na sua ao, o aprontamento de meios e foras da Marinha segue um elevado padro de qualidade. Esse aprontamento comea na formao marinheira dos militares e atinge o seu pico na preparao das guarnies e foras para a entrada em ao no mar ou a partir do mar.O treino e a avaliao operacional dos navios seguem programas especficos para cada tipo de navio, estando a cargo do Centro de Instruo, Treino e Avaliao Naval (CITAN). Para alm da certificao nacional, as fragatas realizam periodicamente o programa de treino da Marinha Inglesa (Operational Sea Training), cuja durao de cerca de 6 semanas.

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    Exerccio de evacuao por helicptero de um elemento a partir de um submarino

    Para alm do aprontamento e treino prprio de cada navio, a Marinha planeia e executa anualmente um conjunto de exerccios para adestramento e manuteno dos seus padres de prontido. O exerccio naval anual que serve de treino bsico designado por INSTREX. Em anos alternados realizam-se ainda os exerccios CONTEX-PHIBEX e SWORDFISH. Estes exerccios so de complexidade operacional mais elevada e podem envolver a participao de Marinhas de pases amigos.

    Navio auxiliar a reabastecer uma fragata no mar num exerccio CONTEX-PHIBEX

    Para alm dos exerccios puramente navais, a Marinha participa anualmente em exerccios conjuntos com os outros ramos das Foras Armadas. Destacam-se os exerccios da srie AOR, ARMAGEDDON, FOCA, LUSADA, SWIMMEX, ZARCO e LUSITANO. Estes exerccios destinam-se a treinar a articulao operacional entre as vrias foras e os meios militares nacionais, tendo como base os cenrios mais provveis de emprego das Foras Armadas.

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    Exerccio de desembarque de fuzileirosAo nvel internacional, a Marinha tem empenhado navios na fora naval Europeia EUROMARFOR tendo realizado em 2006, 2007, 2010, 2011 e 2012 os exerccios navais das sries SWORDFISH, OLIVES NOIRES, CONTEX-PHIBEX. Foram ainda realizados os exerccios internacionais TAPON07, ALCUNDRA07, SPANISH MINEX e exerccios de cooperao multinacional com a Arglia em 2007 e com Marrocos em 2010. Mais recentemente, a Marinha participou nos exerccios da srie EXPRESS, Sahara Express e Obangame Express, organizados pelos Estados Unidos, na rea do Golfo da Guin, e destinados a aperfeioar tcnicas de abordagem a navios e combate pirataria.

    Fuzileiros treinam o assalto a navios por via area

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    Fragata em exerccios navais

    O Corpo de Fuzileiros integrou a fora de desembarque espanhola-italiana, grupo de batalha anfbio da Unio Europeia EUABG tendo realizado os exerccios da srie BREDEX em Sierra del Retin, Espanha, em 2006 e 2009.

    Exerccios de fuzileiros

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    Fuzileiros em exerccios de aprontamento

    O Destacamento de Mergulhadores vocacionado para a Guerra de Minas tem participado nos exerccios internacionais de mergulho profundo da srie DEEP DIVEX. Nesta srie de exerccios so realizados mergulhos at cerca dos 80 metros de profundidade e treinadas, entre outras, tarefas de desativao de minas e de recuperao de objetos e estruturas afundadas.

    Preparao para exerccio de mergulho profundo

    Aes Permanentes de Soberania e Fora de Reao Imediata

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    O espetro de misses da Marinha alargado na sua tipologia e na geografia. A gama de aes e operaes realizadas incluem a permanente presena de navios nos portos e nos espaos martimos nacionais, em elevado estado de prontido para a ao. Tendo em vista a defesa dos interesses nacionais no mbito da defesa do territrio nacional, da explorao sustentada dos recursos naturais e da preservao da vida humana, este dispositivo naval assegura a patrulha, a vigilncia, a fiscalizao e a interveno no mar portugus, bem como a salvaguarda da vida humana. Os principais meios envolvidos nestas atividades so as lanchas de fiscalizao, os navios patrulha, as corvetas e os navios de patrulha ocenica. As corvetas e os navios de patrulha ocenica com misso atribuda, para alm da sua guarnio normal, embarcam um peloto de fuzileiros para realizar aes de abordagem e um destacamento de mergulhadores.

    Peloto de abordagem

    Os navios do dispositivo naval so igualmente utilizados na cooperao com outras entidades e organismos que tenham competncias especficas sobre os espaos martimos nacionais e necessitem de realizar aes no mar.Para alm do dispositivo naval, a Marinha mantm em prontido elevada um conjunto de navios, helicpteros, foras de fuzileiros e de mergulhadores, que constituem a componente naval da Fora de Reao Imediata nacional. Esta fora particularmente vocacionada para evacuao de cidados nacionais em situaes de crise ou conflito e de resposta a catstrofes.

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    Helicptero em operaes com uma corveta

    Nos anos de 1997, 1998 (2 misses), 1999 e 2012 a Marinha pr-posicionou meios e/ou realizou misses de evacuao de cidados nacionais na Repblica Democrtica do Congo e na Guin-Bissau. Apenas numa destas misses foi necessrio fazer a evacuao efetiva de pessoas para zonas de segurana. Os principais meios e foras envolvidos foram fragatas com helicptero, corvetas, o navio reabastecedor de esquadra, foras de fuzileiros e de mergulhadores.

    Fuzileiros treinam a evacuao de cidados no combatentes em reas de crise ou conflito

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    Segurana cooperativa e ajuda humanitriaPortugal um pas que se assume como contribuinte para a segurana internacional. De 1994 a 2014, os meios e foras da Marinha realizaram diversas misses internacionais no mbito da segurana cooperativa, da diplomacia naval, da preservao dos recursos naturais e do controlo de fronteiras da Unio Europeia. Estas misses realizaram-se sob a gide da NATO, da Unio Europeia, da ONU, da CPLP ou ainda no mbito multilateral.Em 1995, 1996 e 1999, o navio reabastecedor de esquadra e uma fragata estiveram envolvidos na misso da NATO de implementao da paz na guerra dos Balcs (IFOR). No ano de 2000, uma fora de fuzileiros integrou a misso da NATO de manuteno da paz na Bsnia.De 1999 a 2004, na sequncia do processo de independncia nacional de Timor-Leste, foram empenhadas nesse pas duas fragatas, helicpteros e foras de fuzileiros nas misses da ONU de imposio e manuteno da paz (INTERFET, UNTAET e UNMISET). Estes meios e foras, para alm da misso principal, contriburam para a reconstruo do pas e prestaram servios mdicos s populaes locais.Em 2000, na sequncia das cheias verificadas no rio Save, em Moambique, foi empenhada uma fora de fuzileiros que prestou apoio s populaes afetadas numa misso de apoio humanitrio de mbito nacional.Na sequncia dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos da Amrica, a NATO atribuiu s suas foras navais permanentes a misso de combater o terrorismo e o trfico de armas de destruio massiva (operao ACTIVE ENDEAVOUR). De 2001 a 2014, as fragatas e os submarinos da Marinha tm integrado anualmente estas foras por perodos que vo de 1 a 12 meses. Por diversas vezes o comando destas foras foi atribudo a Portugal. A rea de operaes para estas misses centra-se no Mediterrneo.

    Fora Naval da Nato empenhada no combate ao terrorismo e trfico de armas de destruio massiva

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    Submarino Tridente integrado numa fora naval da NATO operao Active Endeavour

    Em 2002, ainda no mbito do combate ao terrorismo, foi iniciada uma misso de implementao de segurana no Afeganisto. Nesse ano, o contributo da Marinha fez-se atravs de uma equipa de apoio mdico. Mais tarde, entre 2008 e 2013, o contingente nacional contou com o empenhamento de foras de fuzileiros e equipas sanitrias para proteo de foras, apoio mdico, aes de mentoria s foras de segurana Afegs e garantia da segurana do aeroporto internacional de Cabul.

    Proteo de foras em Cabul

    Em 2004 em Bissau e S. Tom e Prncipe, e em 2006 e 2009 em Angola, fragatas da Marinha realizaram misses de apoio poltica externa. Estes apoios foram no mbito da reunio dos Ministros da Defesa da CPLP, da Cimeira de Chefes de Estado da CPLP e da cooperao com a Marinha Angolana. Ainda no mbito da representao

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    nacional e do apoio poltica externa, o NRP Sagres realizou em 2010-2011 a sua terceira volta ao mundo e diversos navios estiveram empenhados, entre 2008 e 2014, na iniciativa Mar Aberto de relacionamento bilateral com os PALOP.

    Controlo da navegao no mar

    Centro de operaes de uma fragata

    Na transio de 2005 para 2006, no mbito de uma misso humanitria da NATO de apoio s vtimas de um terramoto ocorrido no Paquisto, foi empenhada uma equipa sanitria da Marinha, na cidade de Bagh, que prestou apoio mdico s vtimas da catstrofe.

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    Apoio mdico no Paquisto

    Em 2006, o Destacamento de Aes Especiais dos fuzileiros foi empenhado, no mbito da Unio Europeia e sob a gide da ONU, numa misso de segurana do processo eleitoral na Repblica Democrtica do Congo (MONUC).

    Fuzileiros do Destacamento de Aes Especiais na RD Congo (2006)

    No mbito da proteo das fronteiras da Unio Europeia, e em colaborao com a agncia europeia FRONTEX, corvetas e patrulhas ocenicos da Marinha estiveram envolvidos em 2005, 2006, 2007 e 2014 (2 navios) em misses de combate imigrao ilegal oriunda do norte de frica, tanto no oceano Atlntico como no mar Mediterrneo.

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    Na misso de novembro de 2014, a sul de Itlia, o NRP Viana do Castelo participou ativamente na Operao TRITON 2014, com uma atuao preponderante na salvaguarda da vida humana no mar, tendo recolhido 585 imigrantes oriundos do norte de frica, e que se encontravam em dificuldades a bordo de embarcaes deriva no Mediterrneo. Durante as aes de salvamento foram prestados cuidados mdicos e sanitrios, bem como assegurado o apoio humanitrio durante os trajetos at aos portos de desembarque.A Unio Europeia (UE) parte contratante em vrias organizaes regionais de pesca, entre elas a Northwest Atlantic Fisheries Organization (NAFO) e a North East Atlantic Fisheries Commission (NEAFC), sendo que os pases comunitrios que possuem navios com licena de pesca para operar nas guas destas organizaes esto obrigados a participar em misses de fiscalizao da atividade da pesca, a realizar nas mesmas reas. Portugal, como Estado-Membro da UE, por intermdio da Direo-Geral de Recursos Naturais, Segurana e Servios Martimos, assegura a participao nas tarefas de controlo das atividades de pesca naquelas reas atravs do embarque de inspetores a bordo de navios da Marinha. Desta forma, proporciona o exerccio no mar das aes de fiscalizao necessrias ao cumprimento da regulamentao em vigor. Nos ltimos anos foram empenhados trs navios neste tipo de misses, contribuindo para a explorao sustentada dos oceanos.De 2009 a 2013, face ao recrudescimento abrupto da pirataria no oceano ndico, e especialmente no Golfo de den, fragatas e helicpteros da Marinha foram empenhados em diversas misses da NATO e da Unio Europeia de combate a este tipo de criminalidade (operaes ATALANTA e OCEAN SHIELD).

    Armamento apreendido a piratas no ndico

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    Fragata assegura a proteo de um navio contra ataques pirata

    Em novembro de 2014, na sequncia de uma erupo vulcnica na ilha do Fogo, em Cabo Verde, foi empenhada uma fragata com helicptero no apoio humanitrio s populaes da ilha. A sua ao foi especialmente relevante no apoio mdico, no apoio logstico e na reconstruo de algumas habitaes danificadas pela lava.

    Principais operaes da Marinha em foras nacionais destacadas (1994-2014)

    Apoio ao desenvolvimento e bem-estarA Marinha realiza um conjunto diversificado de misses e atividades que apoiam e contribuem para o desenvolvimento nacional e o bem-estar das populaes. Em 2001 deu-se o colapso da ponte Hintze-Ribeiro em Entre-os-Rios. A localizao e recuperao das vtimas foram realizadas com recurso s capacidades tcnicas e

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    operacionais do Instituto Hidrogrfico, dos mergulhadores da Marinha, dos Fuzileiros e da Autoridade Martima.Em 2002 o navio petroleiro Prestige afundou-se ao largo da Galiza, provocando uma catstrofe ambiental devido ao derrame de milhares de toneladas de fuel-oil. Em Portugal, o acompanhamento desta catstrofe, a realizao de previso da deriva das manchas de poluio, a instalao preventiva de meios de combate poluio e a elaborao de relatrios dirios sobre a sua evoluo foram assegurados pelo Instituto Hidrogrfico, pelos rgos e servios da Autoridade Martima Nacional e pelo Comando Naval, tendo ainda havido colaborao da Fora Area na recolha de amostras e localizao de grandes manchas de poluio.

    O Prestige a afundar-se (foto da Fora Area)

    Em 2010, chuvas torrenciais provocaram um aluvio na ilha da Madeira que transportou uma elevada quantidade de sedimentos pelas ribeiras, registando-se elevados danos e prejuzos em diversas infraestruturas locais. No apoio s populaes foi empenhada uma fragata com helicptero, uma fora de fuzileiros e uma unidade de mergulhadores.A previso das condies de agitao martima so um produto de informao fundamental no apoio segurana das atividades martimas e da navegao em geral. Para tal fundamental poder contar com uma rede de observaes do mar, como por exemplo de boias que medem a altura das ondas, registadores da altura das mars e medidores das correntes martimas. O Instituto Hidrogrfico mantm operacional um conjunto deste tipo de sensores e disponibiliza diariamente as previses do estado do mar para os prximos 7 a 9 dias, apoiando a pesca, o comrcio martimo e as atividades de lazer, como por exemplo a prtica do surf. Nas operaes de mar, os mergulhadores da Marinha apoiam o fundeamento e recuperao dos diversos equipamentos de aquisio de dados ambientais.

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    Equipa tcnica do IH a preparar o fundeamento de uma boia ondgrafo

    No mbito da hidrografia, para alm dos levantamentos hidrogrficos regulares para a produo e atualizao da cartografia nutica, destacam-se os levantamentos hidrogrficos realizados no mbito da Estrutura de Misso para a Extenso da Plataforma Continental, para determinar o limite da plataforma continental alm das 200 milhas nuticas.No apoio ao bem-estar das populaes, os mergulhadores da Marinha realizaram diversas aes de apoio a operaes de busca e salvamento martimo. Nestas operaes efetuaram a busca, localizao e identificao de objetos no fundo do mar, com recurso s mesmas tcnicas e equipamentos utilizados na guerra de minas, nomeadamente com veculos operados remotamente e veculos autnomos submarinos equipados com cmaras subaquticas e sonar lateral. No mbito das suas atividades, os mergulhadores participam na limpeza de portos e canais de acesso, designadamente na destruio ou remoo de minas, obstculos e destroos, atravs do recurso a tcnicas aplicadas na guerra de minas e na inativao de engenhos explosivos. Tendo em conta a competncia tcnica dos mergulhadores no domnio da inativao de engenhos explosivos, os Destacamentos de Mergulhadores Sapadores participaram ativamente no afundamento de antigos navios da Marinha ao largo de Portimo, contribuindo desta forma para o desenvolvimento da economia das zonas costeiras e para a criao de pontos de apoio para os recursos pisccolas.

    Cooperao Tcnico-MilitarA Cooperao Tcnico-Militar da Marinha destina-se a promover a segurana e o desenvolvimento sustentado das instituies congneres, atravs da valorizao dos recursos humanos, da modernizao dos meios, da reorganizao das estruturas e do ajustamento s realidades especficas de Angola, Cabo Verde, Guin-Bissau, Moambique, S. Tom e Prncipe e Timor-Leste. Esta cooperao, cuja origem remonta a 1976, materializa-se em programas e projetos bilaterais, tendo em conta as solicitaes dos pases parceiros e a capacidade de resposta da Marinha. Estes programas e projetos so executados localmente por assessores, residentes ou temporrios, e atravs do empenhamento de unidades navais.

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    CTM no mbito da formao em navegao

    Em Portugal, aqueles programas e projetos so concretizados, em especial, pelos estabelecimentos de ensino e de formao. Estas atividades so conduzidas, em parceria, com as Marinhas, Guardas-costeiras ou componentes navais das Foras Armadas daqueles pases e visam: desenvolver o planeamento gentico, estrutural e operacional; integrar parcerias com pases vizinhos para o desenvolvimento articulado da segurana martima; incrementar a atitude colaborativa no relacionamento com outras entidades ou organizaes com responsabilidades e competncias no mar; desenvolver uma capacidade de Conhecimento Situacional Martimo; empenhar meios operacionais em atividades de interesse comum.

    Servio de Busca e Salvamento MartimoO Servio de Busca e Salvamento Martimo funciona no mbito da Marinha e responsvel pelas aes de busca e salvamento martimo relativas a acidentes ocorridos com navios ou embarcaes nas guas interiores sob jurisdio martima e nos espaos martimos das Regies de Busca e Salvamento nacionais (SRR- Search and Rescue Regions), que representam uma rea cerca de 62 vezes o territrio portugus. Esta rea uma das maiores do mundo, estabelecendo fronteira com as reas de Espanha, Marrocos, Cabo Verde, Frana, Reino Unido, Canad e Estados Unidos da Amrica.

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    Regio de busca e salvamento martimo de responsabilidade nacional

    A Marinha conduz as aes de busca e salvamento martimo nas SRR de Lisboa e de Santa Maria, dispondo para o efeito de dois Centros de Coordenao de Busca e Salvamento Martimo (MRCC Maritime Rescue Coordination Center) respetivamente o MRCC Lisboa e o MRCC Delgada. Na SRR Lisboa, na dependncia do MRCC Lisboa, funciona o Subcentro de Busca e Salvamento Martimo do Funchal (MRSC Maritime Rescue Coordination sub-Center) MRSC Funchal, que assegura a coordenao das operaes de busca e salvamento martimo no seu subsetor.Nos ltimos quinze anos foram realizadas 11208 aes de busca e salvamento martimo, 60% das quais na SRR de Lisboa e as restantes na SRR de Santa Maria. Decorrente destas aes foram salvas 8424 pessoas, a que corresponde uma taxa de eficcia do servio superior a 96%, com base em frmula adotada internacionalmente.

    Relao anual dos casos SAR Versus Vidas Salvas nas SRR Lisboa e Santa Maria.

    Ao longo do tempo, a Marinha tem empenhado de forma muito ativa os seus meios para a salvaguarda da vida humana no mar, inquestionvel contributo que a cultura organizacional e a experincia, a formao e o treino dos seus militares podem garantir aos que fazem uso do mar.Dos meios disponveis para o servio de busca e salvamento martimo destacam-se os navios de guerra,

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    normalmente atribudos ao Dispositivo Naval Padro (DNP) que assegura, em permanncia, o exerccio da autoridade do Estado nos espaos sob soberania e jurisdio nacional, e os de investigao cientfica, bem como as equipas de mergulhadores sapadores embarcadas a bordo das unidades navais.

    NRP Cisne e NRP Bartolomeu Dias em busca dos jovens desaparecidos na praia do Meco, em dezembro 2013.

    9. O Instituto Hidrogrfico 3O Instituto Hidrogrfico (IH) desenvolve uma misso de servio pblico de carter militar e cientfico, decorrente do seu estatuto autnomo como Laboratrio do Estado, incrementando a investigao cientfica e o desenvolvimento tecnolgico. Tem por misso fundamental assegurar atividades relacionadas com as cincias e tcnicas do mar, tendo em vista a sua aplicao na rea militar, e contribuir para o desenvolvimento do Pas nas reas cientfica e de defesa do ambiente marinho. O IH um centro de referncia no conhecimento e na investigao do mar, estando envolvido em diversas reas, sendo de salientar a hidrografia, a oceanografia, a navegao, a qumica e poluio, a geologia marinha, os sistemas de informao geogrfica e a gesto de dados ambientais. Este organismo da Marinha o responsvel nacional pela produo da cartografia nutica oficial, tanto em suporte de papel como eletrnico, e pela elaborao e difuso dos avisos navegao e dos avisos aos navegantes.

    Carta Eletrnica de Navegao do Rio Tejo3 Mais informaes em www.hidrografico.pt

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    www.hidrografico.pt

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    ExrcitoBreve Historial do Exrcito Portugus

    Num Pas que como escreveu Mouzinho de Albuquerque, obra de soldados, percetvel que a histria das instituies militares se funda com a sua prpria histria. Na verdade, o Exrcito a base do feito de armas do Portugal militar.O Exrcito Portugus um exrcito nascido com a nacionalidade e forjado na definio das nossas fronteiras terrestres, testado e afirmado nas Guerras da Restaurao e nas Invases Francesas, na defesa da Ptria e da soberania nos teatros da ndia, de Angola, de Moambique e da Guin, internacionalizado nos Campos da Flandres e fazendo prova de inequvoca competncia e capacidade operacional na atualidade, nos teatros da Bsnia-Herzegovina, do Iraque, do Kosovo, do Lbano e do Afeganisto, e tambm em Timor-Leste, no Uganda em prol da Somlia, no Congo e no Mali.Portanto, Portugal, o mais antigo Estado-Nao da Europa, um Pas talhado espada, que teve na componente terrestre, ou seja no Exrcito, a fundamentao estratgica da sua base diplomtica e social. Exrcito que hoje uma Instituio Nacional moderna, projetvel, expedicionria, apta sob o ponto de vista operacional; que conta, no quadro Internacional, no seio da Organizao do Tratado do Atlntico Norte, da Unio Europeia e das Naes Unidas; que est nos Teatros de Operaes mais exigentes, com uma postura operacional sem restries de emprego sendo, inequivocamente, parceiro dos Exrcitos tidos por referncia.

    VisoA viso do General Chefe do Estado-Maior do Exrcito, a de:Um Exrcito moderno e eficiente, adaptado e adaptvel aos desafios e exigncias do ambiente estratgico, constitudo por militares e civis competentes e motivados, baseado em elevados padres de formao e qualificao, gerador de uma fora capaz de atuar num leque alargado de misses de forma credvel e com elevada prontido, ao servio da segurana e defesa de Portugal e dos portugueses.

    MissoO Exrcito tem por misso principal participar, de forma integrada, na defesa militar da Repblica, nos termos da Constituio e da lei, sendo fundamentalmente vocacionado para a gerao, preparao e sustentao de foras e meios da componente operacional do sistema de foras.

    OrganizaoO Exrcito1 est a levar a cabo uma transformao interna, decorrente da Reforma Defesa 20202 , em que o ramo, comandado pelo Chefe do Estado-Maior do Exrcito (CEME), se organiza numa estrutura vertical e hierarquizada que compreende:

    - O Estado-Maior do Exrcito (EME);- Os rgos Centrais de Administrao e Direo (Comando do Pessoal - CmdPess, Comando da Logstica - CmdLog e Direo de Finanas - DFin);- O Comando das Foras Terrestres (CFT);- Os rgos de Conselho (Conselho Superior do Exrcito CSE, Conselho Superior de Disciplina do Exrcito - CSDE e Junta Militar de Recurso do Exrcito JMRE) e a Inspeo-Geral do Exrcito;- Os rgos de Base, que compreendem unidades, estabelecimentos e rgos (U/E/O), dos quais os regimentos constituem a unidade base do Exrcito;

    1 Lei Orgnica do Exrcito, Decreto-Lei n. 186/2014.2 Resoluo do Conselho de Ministros, de 11 de maro de 2013.

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    - Os Elementos da Componente Operacional do Sistema de Foras que so as foras e os meios do Exrcito destinados ao cumprimento das misses de natureza operacional;- A Academia Militar (AM).

    As Foras e os Meios do ExrcitoA componente operacional do sistema constituda por um conjunto de foras e meios que permitem garantir as capacidades necessrias para o cumprimento da misso do Exrcito e do superior interesse nacional, realando-se os seguintes elementos:

    Brigada MecanizadaAs foras da Brigada Mecanizada (BrigMec) esto aptas a operar em todo o espectro de misses e cenrios, com prioridade para situaes que requeiram foras pesadas em situaes de conflito de alta intensidade e em Operaes de Resposta a Crises (CRO - Crisis Response Operations).

    Exerccio da Brigada Mecanizada

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    Carro de combate LEOPARDIIA6

    De entre os armamentos e equipamentos da BrigMec, so de salientar os carros de combate de 3. gerao LEOPARD II A6, as viaturas blindadas da famlia M113, as viaturas blindadas de lanamento de pontes, os obuses autopropulsados de calibre 155mm M109 A5, as viaturas de combate de engenharia, o mssil anticarro TOW e o mssil antiareo ligeiro CHAPARRAL.

    Obus autopropulsado 155 mm M109 A5

    Viatura blindada de transporte de pessoal M113

    Brigada de IntervenoPelas suas caratersticas, as foras da Brigada de Interveno (BrigInt) so adequadas para serem projetadas e empenhadas, de forma sustentada e contnua, em todo o espectro de misses e cenrios, orientando-se prioritariamente para situaes que requeiram foras mdias que aliem poder de fogo, proteo e fcil projeo, por exemplo, num quadro de projeo, inicial de fora, em situaes de conflito de mdia/alta intensidade e em CRO.Esta Brigada encontra-se organizada em torno da plataforma VBR 8x8 PANDUR II, tendo como armamentos principais os obuses 155mm M114A1 rebocados, os morteiros 81mm e 120mm, e ainda as viaturas blindadas de reconhecimento V150 e V200.

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    Viatura blindada de rodas 8x8 PandurII

    Obus 155mm M114 A1 Rebocado

    Brigada de Reao RpidaAs foras da Brigada de Reao Rpida (BrigRR) so caraterizadas por uma grande mobilidade ttica, flexibilidade de emprego e resposta rpida, aptas a operar em todo o espectro de misses e cenrios, sendo as mais adequadas para situaes que requeiram foras ligeiras com elevada prontido, designadamente em CRO, bem como no combate ao terrorismo e ao crime organizado.

    Equipa de operaes especiais

    Salto operacional de tropas paraquedistas

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    Grupo de Comandos

    Face s suas caratersticas, esta Brigada est equipada com armamento e equipamento especialmente vocacionado para ser usado em operaes aerotransportadas. de realar a utilizao de viaturas de reconhecimento de alta velocidade, viaturas blindadas de reconhecimento PANHARD, canhes sem recuo CARL GUSTAV, msseis anticarro mdios MILAN, morteiros de calibres 60mm e 81mm, mssil antiareo porttil STINGER, e obuses de calibre 105 mm M119 A1 Light Gun aerotransportveis.

    Viatura blindada de reconhecimento PANHARD

    Obus 105mm M119 A1 Light Gun

    Foras de Apoio Geral e de EmergnciaAs foras de apoio geral integram valncias que servem para reforar qualquer das Brigadas anteriormente referidas, potenciando as suas capacidades. Entre estas, encontram-se a defesa antiarea, as unidades de engenharia de apoio geral (construes), a inativao de engenhos explosivos (EOD - Explosive Ordnance Disposal), a Defesa Nuclear, Biolgica, Qumica e Radiolgica e a Polcia do Exrcito.

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    Sistema mssil antiareo CHAPARRAL

    Descontaminao de equipamento

    Inativao de engenhos explosivos

    Misses no ExteriorA Constituio da Repblica Portuguesa estabelece que Portugal se rege nas relaes internacionais pelos princpios da independncia nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da soluo pacfica dos conflitos internacionais, da no ingerncia nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperao com todos os outros povos para a emancipao e o progresso da humanidade, devendo manter laos privilegiados de amizade e cooperao com os pases de lngua portuguesa 3.A consagrao destes princpios na lei fundamental do pas sustenta a participao portuguesa nas Polticas de Cooperao Internacional, incumbindo s Foras Armadas satisfazer os compromissos internacionais do Estado Portugus no mbito militar e participar em misses humanitrias e de paz assumidas pelas organizaes internacionais de que Portugal faa parte, assim como colaborar em aes de cooperao tcnico-militar4 .

    3 Constituio da Repblica Portuguesa, Dirio da Repblica, I Sria - A, n. 173, 24 de julho de 204, n. 1 e n. 4 do artigo 7.

    4 Constituio da Repblica Portuguesa, Dirio da Repblica, I Sria - A, n. 173, 24 de julho de 204, n. 5 e n. 6 do artigo 275.

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    Cooperao Tcnico-MilitarA cooperao tcnico-militar (CTM) uma atividade dirigida pelo Ministrio da Defesa Nacional, em estreita colaborao com o Ministrio dos Negcios Estrangeiros, que deriva do Conceito Estratgico de Defesa Nacional5, cumprindo s Foras Armadas, conforme enunciado nas Misses das Foras Armadas MIFA 2014 conduzir aes de formao e de treino no mbito da Cooperao Militar, e de Assistncia Militar, a fim de apoiar a poltica externa do Estado no quadro das relaes internacionais de cooperao, nomeadamente no mbito da CPLP6 .O incio da CTM Portuguesa remonta a 1978, ano em que foram efetuados os primeiros pedidos para a formao de militares em Portugal, e tem sido desenvolvida exclusivamente com os Pases Africanos de Lngua Oficial Portuguesa e, mais recentemente, alargada a Timor-Leste.De momento, esto em vigor os seguintes Programas-Quadro (PQ), com os projetos/subprojetos da responsabilidade do Exrcito que se identificam:

    - Angola (Trinio 2015-2017) Subprojeto NCC.04 Apoiar a Direo de Foras Especiais Subprojeto NCC.05 Apoiar a capacitao de Foras para Operaes de Apoio Paz Projeto 2 Apoiar o Exrcito angolano Subprojeto AGO.02.01 Apoiar a instalao da Academia Militar do Exrcito Subprojeto AGO.02.02 Apoiar a estrutura superior do Exrcito

    Subprojeto NCC.04

    - Cabo Verde (Trinio 2015-2017)No h projetos da exclusiva responsabilidade do Exrcito Portugus

    - Moambique (Trinio 2014-2016)Projeto 2 Academia Militar Marechal Samora Machel

    - Guin-BissauSem atividade. Aguarda-se a assinatura do PQ.

    - S. Tom e Prncipe (Trinio 2014-2016)Projeto 3 Peloto de Engenharia Militar de Construes

    - Timor-Leste (Trinio 2014-2016) Projeto 2 Centro de Instruo Militar Comandante Nicolau Lobato Projeto 4 Componente Terrestre

    5 Resoluo do Conselho de Ministros n. 19/2013.

    6 As MIFA 2014 foram aprovadas em Conselho Superior de Defesa Nacional em 30 de julho de 2014.

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    Projeto 2, Timor-Leste

    Formao em Portugal

    A formao em Portugal de militares dos PALOP e de Timor-Leste enquadra-se tambm no mbito da CTM, frequentando os Cursos em igualdade de condies com os militares do Exrcito.

    Foras Nacionais DestacadasA participao em operaes de preveno e de gesto de crises e de conflitos regionais, conduzidas no quadro de foras multinacionais, sob liderana da OTAN, da Organizao das Naes Unidas (ONU) e da Unio Europeia (UE), constitui-se como um imperativo na defesa de interesses nacionais e de afirmao externa do nosso pas. neste cenrio que o Exrcito tem estado particularmente empenhado em operaes fora do territrio nacional com meios humanos e foras militares integradas em foras multinaci