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UNIVERSLDADE TurUTl DO PARANA. Especializa~iio em Cinema Luiz Alberto Andrioli Silva DOCUMENTAruo QUEIROLO ARGUMENTO DETALHADO E FUNDAMENTA<;AO TEOruCA Curitiba 2004

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UNIVERSLDADE TurUTl DO PARANA.Especializa~iio em CinemaLuiz Alberto Andrioli Silva

DOCUMENTAruo

QUEIROLO

ARGUMENTO DETALHADO EFUNDAMENTA<;AO TEOruCA

Curitiba2004

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ARGUMENTO DETALHADODOCUMENTARIO "QUElROLO"

Com fOlos intercaladas a animayoes bidemensionais, acompanhamos a 1l3rrat;aO (voiceover) de Lafayette Qneiroio lluma cl1tfcvista cedida a um grupo de jornaiisl<lS, registrada earquivada peJa familia. As fotos sao principalmente dos avos de Lafayetle Qucirollo,Pel rona Salas e Jose Qucirolo. As allima¥oes scrao cx.iremamcnte simples, apenas lIlllailustr3crao conceitual do que e falada par Lafayette.

Vor Qtr de /,ajayelle Qlleirollo

"0 Circo COlller;Oll COlli meus avos. FIeera cantor de opera e e/o era or/islacircense. Ele morrell e ela ficoll com noveJithos. Para ler 0 SIiSlemo, ens/nollacrobacia para etes. Viajoram muito. A'Pol1le Imll/OllO' era 0 mill/era que deixull

e/es conhecidos. Mals tarde vieram para (IAmerica do SuI. No dio 14 dejuilio de 1917eles compraram lim circo da FamiliaEspilleli. Era 11111 Circa /1/1li/O chique. 0prer;o, quillze COn/OS de ret's. A Va ailldaes/ava viva. a /Jolla Pe/rona Salas".

Fecha com imagem da matriarca Petrona Salas ocupando a tela inlerra.

Fusao para a imagem de uma cstaca destas que fazem parte das annar;oes de lim circascndo manelada no chao. A imagcm e fechada c nao revela muito do ambicnte. Nao tcmaudio.

Lcntamcntc cntra lima mllsica, urn tango scndo execulado par lim acardeao. Dcpois dealguns segundos, j<i e possivel idenlificar a musica. A cada compasso, um breve instante desilencio. Frase a frase, em letJering, 0 scguillte poema vai sendo grafado na tela, issointercalado com a imagem da estaca sendo martelada. As letms sao em fonte dcsenhada, talcomo um painel de anLlIlcio do "cspel:iculo do dia" dos circos.

Todos riem do que ell digo. do qlle eupen.m. do qlle ell/at;O

Ju/gollHne apenas 1If11 palha,'o, hal/eeoselll alma, e scm sensa

Riem-sc de mim cm cena. quando decara pin/ada ell esfoli

E Cll olho, com nil/ita pena, para os quees1(io de cara lavado

lJe pa'hc/(~()ja nao passo, e do IIniversopicadeim,

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quem nao se ju/ga pa/ha(:o, que afire apedra primeiro

No final do paema, a mllsica j<i baixou completamente e deu iugar ao barulha da estacasenda batida. A imagem da estaca funde para 0 lctrciro titula do dacumentario. 0 audio daestaca senda batida cantinua.

Entra 0 titulo:QUELROLO

Primeiro lIIovimellto

Imagens de estacas sendo batidas.

Chic·Chic Jlmior - a escalhido

o primeiro patriarca dos Queirolo em Curitiba foi Otello Frederico Queirola. Ele foi 0

primeiro pa1ha90 Chic·chic, dono da inseparilveJ cachorrinha de pano Violeta. Falecido em1967 deixou vago 0 pasto do palha90 mais importante da Troupe. Como ja era umatradi9ao, as mulheres da familia escolheram quem deveria ser 0 sucessor do posta e recebera honra de ser 0 dono da Violeta. A escalha caiu sobre Lafayette Danton Queirolo, sobrinhode Otela, filho de Julian Queirolo. Lafayette foi 0 principal responsavei pelastransfonna90es pelas quais a Familia e 0 Circo passaram durante 0 periodo retratado nestedocumentario. Falecida em 1995 fez parte da vida cultural durante dccadas em Curitiba.Sempre lim entusiasta, par vezes empregava parte do dinheira de seu salafio comofuncionurio do DER em suas empreitadas circenscs. Morrell aos sessenta e quatro anos. Nafrase de um reporter de televisao que cobriu 0 enterro: "fai 0 corayao que levol! Lafayette.Um corayao que era grande, mas nao era ctemo". Nos depoimentos deste movimenta, seraenfacada principalmente a personalidade de Lafayette, seu poder de administrar as crises,unif pessoas, de agradar as crianyas. 0 principal depoimento desta parte e de Santa ZefefinaRezende Lopes Queirolo, a Dona Zefe, viilva de Lafayette.

Neste mavimento seraa apresentadas imagens de arquivo em 16 mm recuperadas quemostram Lafayette em cena, suas apresentayoes com a Violeta, slias brincadeiras com ascrianyas. Fotos tambem senI0 usadas para dar uma dimensao da impartancia do artistadentro do contexto circense. Serd mostrada ainda a cachorrinha Violeta, boneca de panoque ainda e conservada pel a Familia.

'l"recllOdo depoimento de 5,'anta Zejerina Uezel1de Lopes Queir%, a Dona ZeJe

"Ell gos/ava do Circa, claro. Mas

chegoll UfII ponto que eu comecei a mepreocllpar com os fllhos w/1/bem. em tel'1II1lacerIa eSlabilidade, mandar as cria/lc,:aspara a escola... fi'njim, erial' ralzes. ESlacasa aqui oude 11I0ro hOje joi comprada pOl'

causa dis/o, JOi a primeira coso dos

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QlIeir% em Curitiba. Foi a minha condiqiioimposra para 0 Lojayclle. Disse que aleconfinuaria com a Circa, mas Iillila que lerIlma (({,sa nv,ssa

imagens da casa onde Dona Zcfc mora hoje. Em seguida, imagens da casa pre-fabricadaque era montada e dcsmontada em cada cidade por onde 0 Circo passava. Esta casa aindaexiste e esta monlada atnls da casa de uma das filhas de Dona Zefe.

"POI' muilas e nll/ilas vezes nos mommasnes/as pe~as. Era a maximo de cOI!for/o que11111circa podia dar, l1e? 0 [,afoyeue sepreOCllpava muito com 0 cOf!forlo dofamilia, dos jilhos, com 0 mell hem estar./s/o aqui era tudo desmonlove/, cabia emalgumas caixas. Dam 11111lrahalhao paramontar. Mas a genie gaslava mllilO, linhaate 0 quarto para as criaJ1(;as. Hoje a genieusa 0 casa oi para guO/'dar mOJeriol,honecos, lonas ... "

Trecllo do depoimento de Luiz Alberto Queirolo, filho de Lafayette

"Meu pai era palha~:o, lIIas allies dissoera ginaslO, lrabalhava na corda bamba,mas ;ulo esla corda de a~o que lem hoje, eracorda mesmo, III/Jmimera III/lilo !}lais d(ficil.];"ie foi a pessoa que llIais me incentivoll aenlrar para a carreira de magico.

"0 nome do meu pai tem como origem acidade onde elc nasceu, ConselheiroLafoyeUe. 0 'Dan/o,,' e porque ele nasceuno dio em qlle se comemora 0 Revolll~i1oFrancesa, catorze de jull/(). isto era IIIJ1costume dos Qileiroio. Dar 0 nome do filhade aeordo com a cidade onde naseia"

l'recho do depoimel1lo de Marilene i.opes Queirolo Hllch,jilha de Lafayette

"Num Natai eu pedi que 0 pai me dessea bot/eca Beijoea, que era a presente domoda Jla epoca. Ele nao tinha dillheiro eacaboll arrumando 111lma das It?jas olldetrabalhou eomo Papa; Noel uma outrabOl/eeo. Quando ele me dell () presente, ellchorei, redamando qlle aqllda nuo davobeijinho. Ele di~se que a boneca era a

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iJe!joca meSilla, mas que quando 0 Papa;NoellrOllxe cia do cell. e/o caill do Ireno edell lima qucbradinha. Elt me ell/ocioneicom aque/a explicaFio e aeabei adorandoaillda lIIais a bOl1eca. 0 pai era assim:sell/pre conseguia arrul/lor uma saida. 1l/1I

jei/o maglco para que lodo IIIIII/do ficassefeliz"

SegtlJU/omovimelllo

imagens de estacas sendo batidas. Pessoas trabalham nas estacas.

Rcnascendo dos escombros - vendavais destroem varias vezes 0 Circo

A estrutura de uma lana de circo - ainda l1lais as usadas na epoca em qlleshio - eextremamente vulnenlve1 as intempcnes. E nao somente os vcndavais, chuvas e turoespodcm acabar com lIIll espetaculo. 0 fogo lambem se moslrOl! lIIll grande inimigo daslonas, que no passado eram extrcmamente intlamaveis.

A Familia QlIeirolo pralicamente incorporou a rolina a pnitica de recomc~ar do zero a pat1irde uma grande perda. Foram vanos os incendios, vendavais, enchentes e outras catastrofesque levaram a lona ao chao. Nada podcria ser feilo, a nao ser recomc~ar. E eles sempre,sempre recome~arall1.

Neste movimenlo as dcpoimentos nos darao lim panorama do que e come~ar do zero aposver lodo lim trabalho no chao ou pior, reduzido as cillzas. A ordem nao sera cronologica, apreocllpa~ao nao csta em fazer 0 registro historico linear deste 011 daquele fato. 0 queimporta e 0 sentimento do artista circense, sem apegos ao maleriai, sem profundas"amarras", capaz de sorrir no meio da destmictao, e desta destTUi~ao, rerazer lima vida.

Fotos do acervo da familia de varios circos dcstruidos, assim com recortes de jornais,ilustrarao cste movimento. Como recurso estetico, tambem serao IIsadas imagens de lJlll

engolidor de fogo clispindo labaredas pcio ar.

TrecllO do depoilJlellla de Luiz Alberlo Queirolo

"Quando jirlllQlIJos raizes aqw emClIl'iliba, 11m grande vendaval derrllholl 0

circa. Acho que jhi em 1964. Nessa epocame'll pai e OIl/ros do circo meio que jicaramsem fer a que j(lzer. sem dinheiro. Dai quecomec,.'oll a hislriria dele.') com 0 DERDepartamento de t;stradas e Rodagem. r::tesJizeram concurso e entraram para Irahalharcomo tecnicos. Naqllela epoca melade doescrilorio era de palhol(os do Circa. imagine

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a hagllnf,:al Ali j()i Ilma mallcira que elesencontraram de sobrevil'el', de reergller 0

Circo, de agiiel1lar os momentos deinstahilidade lao comulls lIa vida anislica.Foi tombclII lIessa epoca qlle G TV come((ou,e fa es/avalll eies, os Oueir%, leellicos emeSlradas e IOll/bem pio;;eiros 110 televisdo ".

Trecho do depoimellio de ./000 Loris Monjroll, 0 Giggio

"Logo que ell elllrei no Circo dosQueirolo, isla fa par 1971 011 1972, 11111

vel/dava! derruboll a Irma. Mal eheguei atrobalhal" e ja live que ajudar a familia aergller a/olio e comeror ludo de volta.Claro qlle a geme flcava Iris/(! eom estascoisas, mas Gello que aquele elimG de

solidariedade, da 1Il1hio, /inio com qlle agenIe ficasse aillda mais w'lido ".

Tredw do depoimenlo de Santa Zeferino Rezende Lopes Queirala, a /Jona ZeJe

"Em Curitiba tlvemos varios circos perdidos: Uma vez Portao, (lin temporal dcstruiu umCirca 1IOSSO em 5 minutos. Mastros cnonnes, grossos, dobraram como se Fosse llln ararnefino. Cail! pelo chao Ull1palco finne, feito com madeira grossa, da boa ... arquibancadasforam lcvadas pelo vento. 0 Tio Loli, uma figura interessantissillla da nossa familia,imitava Illuito bem 0 entao govemador Moyses Lupion. E ele adorava 0 Circo, tinha ate umlugar rescrvado. Em duas ocasioes ele Ie nos dell uma lona para poder reeome~ar. Era algosincero, tanto e que Ilunca pcdiu propaganda politica em troca"

Terceiro 1I1O)'imelllo

Mais ccnas de estacas sendo batidas. Cordas aparecem. Trabalho bra~al.

Adendos a familia ~ I-Ienricredo Coelho conhecc os Oueirolo c vira Gafanhoto Oueirolo. 0ex-pugilista Giggio deixa 0 leatro e val para a lona do Circo

Cenas da casa de Henricredo Coelho, 0 palha90 Gafanhoto. E uma casa simples, demadeira. No mesmo terreno moram os filhos que ele faz questao de manter por peno. Umdos filhos e bombeiro, orgulho do pai. Gafanhoto e mostrado junto da esposa, em tarefas dodia a dia, iSlo com audio abeno, captando alguns comentftrios dos dais. 0 quano do casal emostrado com detalhcs. Oafanhoto, apesar do pouco espa90 no quarto, mantem umaenonnc colct;ao de palhat;os de brinquedo, miniaturas, desenhos etc. Por vczes 0 quartopareee de lima crianya, nao fosse a sobriedade dos moveis. Ele se orgulha muito da coleyaoe das fotos. Com uma agilidade quase juvcnil, nao se imporla de subi!" na cama e pegalaqucla fOio hi. em cima para Illoslrar aos visitantes. Hcnricredo nao c urn Queirolo denascen93, mas pelo seu cilvolvimento de uma vida inteira corn a Familia, se cOllsidera ~ e C

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considerado - parte fundamental dela. Neste dcpoimcnto sera dada parte da dimcnsaohist6rica da Familin Queirolo, assim como a importancia do cOllceito "Familia" para a artecirccllsc.

Treclw do depoimento de Henricredo "Gajc1J1holo" Coelho

"Mell pai mio era de circa, no verdade.Um dia ele me leI/oil pam assistir 0 Ill/Ie.\peuiculo. No meio do opreselllo~oo dell11111problcma do rede ehJfrico do Circa.C01110 ele era e1elricisla, se pronlijicou aojlldar a companhio. Do; p/'O frcnte eledesenvolveu 1lI1/Qamizade com () pessoa{.NeslI/todo: ele passoll a ocolI/paJ/har () circaCOIIIOteclIico e ell virei pal/lo~()!".

Ell comeeei oos cinco anus de idade noCirca, com a verdadeiro Chic-Chic, () OteloQueir%, lio do Lajayclte Queir%. Ele meves/ia de palhar,:o Chic-Chic, 110 verdade.uma minia/um, ne? Do; 0 Ote/o lIIeguO/'dava denIm de 111110mala e fazia IIl11aS"IIl'presa nos (Jutras palhar.:os. /e:U SOli daprimeira geraryoo de pa/ha~os dos Queirolo.apesar de liao ser da familia somas amigosha mllito tempo. somas irmoos de /eile"

OUITO "adendo" a familia e Joao Loris Manfron. Dcscendentc de italian os do bairro deSanta Felicidade, cx-pugilista, born de briga c ator do Teatro Guaira, um dia tcvc 0 sellcaminho cruzado com a trajetoria dos Queirolo.

li<echo do depoilJumlo de Jo{}o I.oris Monji'oll, () Giggio

"Etl fazia tlma c;omedia italiana /10Teo/ro Glloira. lim dia 0 pessoal do familiafo; assist;r ao espeloctllo. Lafayelte Queir%./0; me encontrar no linal do esperacliio. IIgeme ainda "iiu se conilecia. Simpafizei como jeifao dele. Ele me disse qlle precisava de1lI11fipo c6mico ita/iollo e fez a COJ/vife paraqlle ell .fosse trobalhar COlli a jamilia. h'lIainda estaVQ sonllando elll fmballiar. elll meconsolidar como projissional. .. Doi. aceilei./30111.na verdade foi Jlltli/o mais que 11111/raba/llo. Foi praticameme //Ilia vida imeiraque dividimos. 0.\<Qlleirolo jOrGm a millha.familia"

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Imagens da mesilla seqUencia da que <Ibre a doclllllcnfario. Esfaca scndo balida, cord<lssendo puxadas. Revelar lim poueo mais do ambicilte em rcia'fao ao movimcnto anterior.Dar a ideia de lim trabalho pesada.

Quarto movimel110

Imagens da mesilla seqOencia da que abre 0 daClIlllcntario. Estaca sendo batida, eordasscndo puxadas, serragem sendo espalhada pelo chao. Revelar um POllCOmais do ambienteem relayao ao movimcnto anterior. Dar a ideia de lim trabalho pcsado, mas ao mesl110tempo feito com pericia.

o palhaco de quem ninguclIl riu - Bozo passa pelo Circa

Tal como bandas de rock locais fazcm ocasionalmente, abrindo shows de bandas maiores,naeionais, as Qucirolo par vczes abriram shows de artistas de "peso", como as Trapalhocs,por exemplo. Um deles foi 0 Palha'fo Bozo, en tao lIIIl grande sucesso d<l televisaobrasileira. Esl"c movimento sera baseado mais no depoimento de Paulo Bueh Neto, 0pal11390 Chiquita, genro de Lafayette. Ele comandou 0 shO\v de abenura c conta com limacella tristeza a "nao cmpolgayao" das crianyas com 0 palha90 que 56 era engrayado na TV.Palilo Buch tambem fala com muita graya da participayao que tcve numa navela da RedeGloba, ande scria a grande chance de aparecer e ficar famoso. Mas na versao final, todas aseenas em que elc aparecia foram cOfladas.

Este movimcilto busea dar uma Iloyao do carater marginal do circo, da etema busca pelorecollhecimento, pela inscrcao do m1ista eircense numa realidade que ja comcca a mostrarPOliCOcspa'fo para 0 tradicionaJismo.

Neste ponto a narrativa sera foeada mais no depoilllcnto de Paulo, juslamenlC para que aestcliea "pobrc" reforee a ideia de marginalidade pcla qual 0 circo passou ncslas situayocsdescritas. Rapidos inserts de lIIIl equilibrista realizando uma manobra especialmente tensareforyanio a ideia de «vergonha" deserila por Paulo em relacao ao Palhaco Bozo e it sua"11<10 aparicao" na TV.

TrecJ/O do depoilllenio de Paulo Bllch New. 0 palhac,:o Chiquita

"Elljiqllei la, animando a crian(,:ada porduos horas. chomondo 01 roc,:iio 110.5S0,

malabarista, eqllilibrisfos. magicos.. /;" afacio () momenta eu fa/avo que 0 Bozo lavachegando. a Bozo fa vindo ai. J~'a crianr.-·adaesiav(l esperanclo 0 Bozo com lelramailiscu/a. com loda aque/a cuLm, nri, qllede passava pe/a le/evis(}o. Mas quando 0cora chega. dd de cara com aqllela

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criaJl(.:ada, eJe au! me parecell 11111POIICOasslIsfado. h·le havia difO anres qlle ndo

querio lIill&>tlem 110palco junfo COlli ele. Masquando de se deparou ali COlli aquelaIIIUlfidcio, adlO que de mlldo/l de ideia. Do;de pedill pm gel1le ficar e dar /11//(1'ellcorpada' no show COlli ele. Ell disse qllemio/ Se qlleria sozinho, voj jica!' sozinho.

I~·'efez Id llIna 011 dllas 1I111.'iicos muito do.'Wxa e fo; embora. DUlra vez ell Jlli animal'IlIIW festa 110 lealro Opera de A rome. Erapara 0 II/fi1l1o capilu/u do nove/a SonllO

A/fell, do rede Glubo. E ell lei. pulandu 0tempo illleiro para ver sell ell aparecia tla

tlove/a. A Xl/xa ia para 1111/conlo, ell io

atnis, pu/ando dam/ando. A Xuxa ia prooll/m canto, e ell hi! No dia do liltilllO

capitulo ell relllli lodo lIIundo em coso.Todos qllerendo me ver 11(1 1I00lela. Voceacredila que ell flcio apareci em wI/a cella

sequer??? "

Quinto movimellto

hnagens da mesrna sequencia da que abre 0 documcnt<irio. Estaca sendo batida, cordassendo puxadas, scrragcm sendo cspalhada pelo chilo. Revclar um pouco tllais do ambientcern relayao ao 1l10vimento anterior. Dar a ideia de lIlll trabalho pesado, mas ao meslllOtempo feito com pericia, mostrar tambem hornens tmbalhando. fazendo forya, serviyobrayal.

Tragcdia de cam pinlada - acidcnte de uniblls hosoitaliza inlegrantcs da troupe

Varias trageclias da natureza abatcram 0 Circa por diversas vezes, mas uma tragediacausada pelo Homem marCOti a trajetoria da lroupe de uma maneira especialmellte trisle.Em dezembro de 1979 mais de vintc anistas yoltavam de mll show em Foz do Areia,Parana. Na serra, 0 motorista perdeu 0 cOlltrole e bateu de frente contra lim caminhao. 0unibus foi arrcmcssado para urn desfiladeiro e capotou varias vezcs. Alguns artislaschegaram a cair fora do vciculo duranl'e a qucda. Elcs ficararn intemados por mcses, algunsfizeram tralamcnto par anos. Urn artista perdcu a perna, outro, 0 Tio Loli, morrcu emcon sequencia do acidentc.

Para ilustrar os depoimentos dcste movimento, sera usada lIllla seqUencia de lim trapczistaem evolu~oes cornpJicadas. Tal irnagem tem uma fUIH;ao sirnb6Jica do risco enfrenttldopel os circcnses, !laO s6 no palco, mas tambelll Ilas constantcs viagcns. Alem disso, recortcsde jomais cia epoca c fOIOS dos artistas hospitalizados (accrvo da familia) ajudarao aconstruir 0 panorama. Um destaque especial sera dado 01Simagclls do Globo da Morte. Asmotos e sells altos escapamenlos serJ.o intercalados mas pontos mais dramilticos dos

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dcpoimentos. Ao final do ultimo depoimento. imagem (plano scqlicncia) de lima estradacom 0 baiiio que roi composto sobre a tragedia.

Trecllo do depohncmo de .lOGO [0";.<; Mallji-rm, 0 Giggio

"Ell eslava inluindo que algo 1100 to bellinoquela "iagelll. Til/lID 21 pessoas no{miJms. Eulalei pro pessoal pro genIe deixar() motorisla dormir 11m pOlleo. isso hi em

GuaraptlOva. Porcm lodo .••qlleriam chegarcedo em casa e mandaram /Ocar a viagelll.La pOl' II.mas dez do I/Oile, 0 vnibus bate deIrenle com wlla correia. Eli/IIi 0 primeiro asail' dos escombros e subir para a estrada.No subida ell csclllei wI/a voz: Giggio. t6scm lima perna ISubi ale 0 o:,,/a/to, senlei nomeio fio e chord Disse qlle Dells podia me"':"01'... Mas de repel1lc sellfi lIf11alon;a, a/gode DelfS... Oaf qlfe ell fevanlei e comecei a

ojlldor aos bOfllbciros a resgolor us amigos.o mais Irisle veio depois com a marIe do TioLoli. 0 Lafayelle jicou com wlla perna lIIalscllrla. Coisa /crrivd .. "

Trec:Jw do depoimenfO de Llliz Alberto Qlleirolo,ji/lw de Lafayelie

"0 qlle menos se qllcbroll ji-alllroll IWIdedo. Todos se mochllcaram, a Giggio, ()molorisla, 0 Mosquitill/w. Ninguem la/ceellno /tura, sri dermis, em decorreneia daljlleda, perc/elllos () 1'io Lali. Muilaspegarom iI!fec~:iio 11O.~pitalar. a1v!osljuilinho graVOl/ dcpois 11111disco, qlle ellteuho aqui em casa, .'whre 0 odden/e, emrillllO de ha;do. Ale de ulI/a trageclia clcscOllseguiom fazer grar,:o ".

Sexfo movimellto

Imagens da mesilla seq[icncia da que abrc 0 documcnt'<lno. Estaca scndo batida, cordasscndo puxadas, scrragem sendo cspalhada pelo chao. Rcvelar lim pOliCOmais do ambicnteem reJayao ao Illovimcnto anterior. Dar a idcia de um trabalho pcsado, mas ao meslllotempo feiro com pcricia, mostrar tambem homens trabalhando, fazendo forera, serviyobrayal. Aqui ja deve ser mostrada a lona quase em slla plenitude.

A tela lllagica - Inicio des Oueirolo l1a TV e 0 lim do picadeiro

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Os Queirolo partieiparam das primeiras tentativas de televisao no Parana. Epoca em que sefazia tudo ao vivo, na ra~a, pouea tecnica e ll1uita paixao. Tudo muito proximo da almacircensc. A Familia era responsavcl pelo Cirquinho Canal 6, programa que embalou tardese lardcs de gera~Ocs curitibanas. Mas 0 que se nota hoje ao cOllversar com OSrcmancsccnles da Familia e que foi justamente a televisao a que tornOll a atividade do circopraticamente invi,lvel.

Neste lIlovimento, em primciro Jugar sera rcconstruido llill POtiCO do que era a TV feilapelos Queirolo na cpoca. llustram 0 mOvlmento imagens recliperadas a panir de filmes 16mm com pequenas "novelas" e programas gravados pelos artistas da familia. Dado 0

panorama, as depoimcntos mostrarao a relac;,10 entre a consolidar;:ao da TV com asdificuldades impostas a atividade circensc, 0 llltimo depoimento de Dona Zefe, onde elefala que a TV ajuJou a decretar a rim do Circa, sera intercalado peJa imagcm de urnhomem na corda-bamba - simbolo do risco eminente.

Trec:ho do depoimel1lo de Sanla ZeJerina Rezende Lopes Qlleirolo. a Dona ZeJe

"1::11.liz lI1uita coisa 110 /e/evisi1o ...Mui/as nove/as. Direi/o de Nascer" e"A4aria Bueno" foram algufIlas das obmsque ell trabaJbei. Agora a que mais memarCOli Jot "A!em do Dever" Ellin{e/prelava Ifllla prulessora que baviaficado pora/ilica e que os alill10s a vidaill/eira bllscaram ela em caso para queplldesse cunlinllar lecionando. Ell live 'lifesallar de lIwa tirvore em elllla de 11mcolclllio de ar. para simlllar a {flleda soJridapela prolessora. 0 LaJayelle eslava eOl11lgo,e ele mesmo, aeOSllIIlIGlldo com salros. flcollcom filec/o do que ell ia fazeI'. No ellsaio ell

quase coi de verdade. lIao Josse ele 00 mell

lado, leria me maelwcado. 1.!.·.'\Iaepis6dio Jezparle de 11111programa 11111110jc1l11OS0, queinelli.r;ve era roleirizado pelo Va/iJl1cioXavier. "Hisforias que a Vida COl/fa" era ()/wme. Mas 0 que a genIe mais fazia mesillaeram as cOlI/edias. claro, vindo de circo mioferia como ser dijel'enle"

hecllO do depoimento de Henricredo "Gqfilllliolo" Coelho

"A TV fni lima co;sa nJllilo boa proxenle. 1:.:,.aIIIlIilo bam fazer as comictdadespara as criallqas. A genIe lroba/bava IlIUltO.

mas era WllitO bOIll. E'II gosrava 1II11i10deJazer a dllpla luqlle e Zoca ... 0 Jalecido

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liarris Queirola, 0 Capiltio Furaciio, joi 0pl'imeiro a ICllal' artis/as seJ'lallcjos para a

TV. Depois que islo viroll lIIoda. No epoca.todo mlllldo falava que e/e eSlava jical1do/olleo"

Trecho do depoimcnlo de Soma Zejerina I?ezende Lopes Queirola, a Dona Ze/e

"Na epoca a gelile nao tinJw a noqiio doque seria a TV, de qua/ Seria O/1I11lro docirco a parl;r daque/a ;nvr.mr;iio. Mas 0 IalO.hOje cnxcl'go, e que a TV malOlI 0 circo. h'

I/(lS partic:ipamos e ajl/damos lIis.m. Porqueen/renlar cJlIIva, harm, frio. se lem ludo lIa

TV! Ficau IIIllito caro faze,. circa. A genIe

c%eava dillheiro do ho/so no eireo. IUclopara lIao deixar a lradi~'iio l1Iorrer"

Trecho da entrevisla de /.ajayelle Queir%, regislro dafamilia, cOl"lcedida a 11111grupo dejOf'/IG/isIQS

"Se .Ihsse para comc'iar Illdo de 110VO.qlleria IeI' a mesilla Jamilia. os meslllosamigos e () circa. Posso lliin IeI' conseguidoguO/-dar dinheil'o, mas apfendi mllito. A vidaconlinlla ifill circa ".

Selimo movimell/o

imagens da mesma seqOencia da que abre 0 documentario. Estaca sendo batida, cordassendo puxadas, serragcm scndo espalhDdn pdo chao. Rcvclar urn pOlleo mnis do ambientcem rcla~ao ao movimcnto anterior. Dar a ideia de um trabalho pesado, mas ao meSillatempo leito com pericia, moslrar tambem homens trabalhando, fazendo forya, servi~obrayal. Aqui lana ja esta annada. As imagcns mostram 0 entardecer, 0 sol do tim do diabatendo lIa lona.

A CoJumbina escolhe 0 Pierrot - filha do palhaco casa corn 0 espectador apaixonado peloCirco

As rclayoes familiares sempre foram favorecidas pelo carater de "grupo" inerente ao circo.Porem a propria renova9ao da ane c 0 tom "mambcmbe" por vezcs pennitiram a entrada denovos componentes nas familias.

COIllO silllbolo da constrllyao das familias circenses, neslc ponto 0 doclIlIlcntario trata docasamcnto de Paulo Buch Neio com Marlene Lopes QlIeirolo Buch. Ele era lim espectaciordo Circo, lim ffi assllJllido dos QlIeirolo. Ela, a pequcna princesa de Lafayette. Eles seconheccram na epoca em que a Familia estava apresentando «Branca de Neve". Misturando

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anilllm;:ao, fotos e trechos de imagcns em 16 nun reclIperadas, 0 doclimeniario irareconstruir a apresenm~flo da "Branca de Neve" - historia simbolo da unino do casal.

Treelto do depoilllemo de Paulo Buell New. () polhOl:(o eMqllifo

"h'1I jci ,;ollheeia a /ell1Jifia, sel1lpreassisfia aas espefdcll/as do.\' Queira/a. Noepoca em que des es(ol'om apresentando"Branca de Neve" VIII dio 11111 primo meeonvidoll para lima jeSfa no cosa deles. I~'IIeslava senlado e vi efa desccmc/o as escadm'e quando barf 0 olho, live a ceneza 'J cIa'No COIIICc,:O do eslova inlcressada no mell

irmao, mas com 0 lempo ell ganhei aconjiam/a de/a. 0 self Lajayelle disse que seell qllisesse casar com e/a nlio poderiaproihi-fa de Imbo/hal" I/O circo. Ii" IOmbJmdisse que eu dever;a jazer a/go 110 Circu.Com 0 lempo ele fiJi me ensinando a serpolll090"

Trecho do depoimellto de Marilene Lopes Queirolo Hucll. fl/lw de I,ajayelle

"Ell miu lIlIeria nada com ele. Esfav({ ateCO/1/ medo de causal' hriga entre ele e aimula. Jvtas depois que ete,,' se aeerlaram,dai sim. ell cOII/eee; a 01/101' para 0 Paulocom Oltlro~ 01110.••.0 que me alraill Jamhemfvi 0 falo de ele guslar lIIuilo do que ell

fazia. de acompanhar a mil/lla familia nopaixdu pelo circo"

Treelw do dcpoimelllo de SaJtla Ze/erillo Uezende Lopes Queirola, 0/)0110 Zeje

"As mil/has Bodas de PraIa COlli 0

Lalayefe ./iJram cOlllclJloradas no Circa. t;slefoi um dos molivos de 'chacota" da (amiliade Paulo. [:'Ies, que Iliio cram ~l'listas.cu.:havam que Paulo se casaria no circa, talqual lim pa/har;o. Demol'oll para ele.')enlenderem a vocar,xio e a vontade do //leugenro ..

Oituvo lIIovimell{O

o Circo hoje herdeiro da Familia monta lonas para exposicoes e feiras

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Imagens da mesma seqOcncia da que abre 0 documentiuio. Estaca scndo batlda, cordassendo puxadas, scrragclll senelo cspalhada pelo etHio. Revelar tim pouco mals do ambienlecm rclalt30 ao movimcllto anterior. Dar a idCia de lim trabalho pesado, mas ao IlICSJ110Icmpo feito com pencia, mostrar tambc1l1 homens tr<lbaihando, fazcndo for~a, servi~obra\!al. Aqui lona ja csta armada. inlagclls do LlIiz Albel10 Qucirolo nos [I!timos dctalhcs deafina~ao cia lona. Vemos 0 a1l1biente onde ele montou 0 aparato. Uma loja de carros Oll limafeim agropecuaria, algo cOlllcrcial, como e de rolinn para cle.

Esta Iona de circo foi dcsvendada aos pOllcos para 0 telespectador. Como lima linha mestrado doculllcnlario, a ll10lltagcm da 10lla serviu como um simbolo do camillho trilhado pclocirco no Brasil.

Trecllo do depoilllelll() de Luiz Alberlo Queiral/o, flllio de Lajayelle

"/-Ioje ell tenho mais de seis mil metrosde Irma: RI/ all/go e mOlllo /ollas para cobrircarros elll jeiras e exposi~'oes. Para manlerlIfll circu llUje, os maiures problemas scio asqllestOes trabafhisfas: os con{rafOS devemser lodos cerlinhos, os ellcargM socia is,eiC. Prefjro Imba/har com oll{{momos,voce pag~ a pessoa pot' servifo e malldaell/bora. Para viver, ell tambem j(u,:obOllecos como os de papai~noel, ass;1IICOIIIOmillha irma. Tambem troba/ho C0l/10 MisterVanloll, 0 A4agico. Meu /Jollie artis/ico eesse, mas rodos me c"amam so deQueiml()".

Ao fim do depoi.mento de Luiz Alberto, funde um tango execulado por um acorde;:10. AosPOIlCOSvcmos um sax cntrando na 111(lsic<I.A imagem vai lomando conla da lela. Quemexccuta 0 sax e Lafayette Queirolo, acompanhado da acordeonista que e sua cunhada,embora isln 11<10importc Illuito para a narrativa.

Em seguida, 0 docul11enlario mostra uma aprcsenta~ao dos Queirolo lal como acontecehoje. Islo sera gravado IIl1ma festa de anivcrsario, nwna cscola ou Illllna empresa. DClalhcsdo Pllblico e do ambientc.

Volta para 0 rcsgate hist6rico. 0 t1ocllmcnlario fccha com Lafayette Qucirolo, em cellaregistrada pel a familia, recitando 0 pocma que foi grafado l1a tela no COIllCyOda narrativa.

Depoimenlo de Lajayelle Queirollo

1'odos riel1l do qlle ell digo, do que ellpenso. do que euja(:o

.lit/gal/Hue apellas 1(/11 pal"a(:o. botlecoscm alma, e sem sel1so

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Escurece a tela. Sobem os Ictreiros finais.

Riem·se de mim em cena, quando decora pintado ell eS/OH

E ell olho, COlli nmila pena. para 0,\' qlleesrao de cara lavada

De pallla,,·o jd lI(io passo. e do IIl1iversopicadeiro. q/lem l1(io se julga pa1har.:n, qlleafire a pedro prill/eim

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FUNDAM ENTAC;:AO TEORICA

INTIlODUC;:AO

A Familia Queirolo, sinonimo das artcs circcnscs e da aJegria no estadopor mais de um secuio, atravessou trislczas e alegrias nesse tempo. Usandacom base uma extcnsa pesquisa hist6rica e jornalistlca, que se atcve tambem avilrios elementos da trndi((ao oral, este documenuirjo pretende mostrar aimporHincia dos "Qucirolo" na cena cultural brasilcira.

o documentario sera dividido em aita historias, as quais chmnam-se"movimentos", Sao as hist6rias:

- Chic-CllicJunior-oescolhidoLafayelle Qlleir%, 0 sobrinho do palriarca Ole//o Qlleir%, herda ° nomedo palha~'o sfmbolo da Familia. Como sfmbolo des/a hom'a, a cachorrinhade pano Viole/a e a resjJonsabilidade de dar (J rllmo para 0 Circa.

- Rcnasccndo dos escombros - vcndavais destrocm varias vezes 0 Circoas artis/as comant, sem ordem cronol6gica, a poslllra do Familia dianledas inlemperies que derrubaram a lona par varias vezes: Semprerecome9ar, sem amarras com 0 que fo; perdie/o.

Adendos a familia - Henricredo Coelho conhece os Queirolo e viraGafanholo Queirolo. 0 ex-pugilisla Giggio deixa 0 leatro e va; para alona do Circo.

/\I/llilos "do familia" nao sao parentes de sangue, mas sim artis/as quepe/as decadas de convivencia se cOl7sideram - e sao muito considerados-como "Queirolo".

- 0 palha<;o de quem Ilinguem riu - Bozo passa pelo Circoo dia em que as criam;as noD acharam grat;:a no palhoro do TV 0 showfa; aberlo pelos Queirolo, que foram lambem "testemunhas da /ragedia"do /a111osocomedianle.

- Tragcdia de cara pintada - acidcnte de 6nibus hospitaliza integrantes datroupe

Reconsliluiqao a parlir de fOlos e depoimentos de um acidenle acontecidoem 1979 que paralisoll as alividades do Circa por meses.

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- A lela nuigiea - Inieio dos Queirolo na TV C 0 fim do pieadeiroOs Queirolo parliciparam dos momenlos pianetl'DS da TV no Pm·ana.NlImQ analise mais "dis/ante ", eles mesmos dizem que ailldarom ajimda!'UlJ1veicil/a que ajudoll a "acabar" com 0 circa 110Brasil.

- A Columbina cseolhe 0 Pierrot - filha do pathayo easa com 0espeelador apaixonado pelo Circo

o lirismo do l1amoro e casamento da /ilha de Lqiayelle Queil'% com 11111jovem esludanie de familia serio que virou palhoyo pOl' amor. Amor aocircD e a morya.

- 0 Circo hoje - herdeiro da Familia monla lonas para exposi<;iies e feirasA sifuOfiio da Familia hOje. Todos ainda troba/ham em atividadesproximos do circa, mas ..

As oita hist6rias foram escolhidas por conterem lim peso dramaticomais significativQ dent"re todas as coletadas durante a pesquisa. Mcsmo scmaderir a lima narrativa hist6rica linear, e possivel com estes aita movimentostra9ar uma trajetoria do circa no Brasil.

Os dois (lltimos movimentos nos trazem llma perspectiva de futuro,fundamental para cste trabaIho, A intcl1yao e apontar qual sera 0 caminha daarlc tTadiciollal circense, caisa que sent passada nos momenlos tinais deQueirolo.

o setima movimcnto mostra a lado "'familia" da atividade circense,como amores nascem e sao cuJtivados sob 0 picadeiro e entre os que estao emlados opOSlos dele .

.la 0 llitimo movimento e puramente fixado no presente e projetado parao futuro, 0 (mica filho homem de Lafayette Queirolo, Luiz Danton, hoje alugalonas para feiras, exposiy5es e eventos, Quem COllversa com ele nota aextrema semelbanya com 0 patriarca, urn certo brilho nos olhos aD narrar 0

passado de loda a familia. Mas tambem nao deixa de notar um orgutho pelaatividade atual, como que sc tivesse absorvido as mudanr;as impostas pel osnovas tempos e as incorporado ao oficio de tal fom13 que ja nao e maispossivel falar em "pura origem", E a Circa, maior espetaculo da Terra, palcopara todas as artes.

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DESENVOLVIMENTO

A pre-pesquisa trouxe dados consistentes para a cJabora<;:ao doargumento detalhado que deve guiar 0 projeto todo. Porcm existe aconsciencia de que lima '<parceria com 0 aeaso" deve estar presente em todasos momentos da reaiizm;ao do dOclJmel1l~irio. No ltltimo movimento, porexemplo, 0 herdeiro cia familia rala das atividfldes cia FamiJia hoje. Parte dosQueirolo vive do aluguel de lonas de circD. Elas sao usadas em feiras,exposic;ocs agropccuarias, vClldas de carras, comicios de politicos.. Nao epassive! preyer Oilde estanl sendo l110ntada Lima lana no momenta dagravar;ao. Mas ja se sabe de antemao que sera alga lange cia realidadetTadicianal circense. Esta e a «parceria com 0 aeaso" que deve colaborar com ainlenc;ao de deixar 0 trabalbado nada engessado, mas sim livre e aberto ~lSpossibilidades. Manuela Penafria discorre sobre a rela91\0 da prepara9iio previacom os aeontceimentos de natureza imprevisivci:

Embora ml0 seja regra, 0 mais das vczes, esl<l rase dependente do que 0

documentarista encontra in loco. Antecipar detenninados acontecimentos e limatarcra impassiveJ, pois os Illcsmas sao par natureza imprevisiveis. Esta situilrvaopade implicar que se altere Oll se refonnulc 0 que iniciahnenle eslava previstoapresentar no filllle.

MeSilla quando se prctcnde partir it descoberta do mundo, cntendo que enecessaria nlgllma prepara~i\o anterior. Entendo que s6 e possive! distingllirentre 0 que e intcn:ssante lilrllar do que IlaU 0 C, se sc liver pensado sabre 0assunta anterionnente. Ou seja, a prcpara.yao facilita a tomada de decisoesill1cdiatas pcrantc situayocs imprevistas.

PENAFRIA, Manuela. Ponto de Vista no Filme Docllmentario.

o lclcfilme Queimlo sen! dividido em 3 blocos, lotalizando oilomovimentos que somados terao dura~ao de 52 minutos. 0 formato escolilido eo digital. 0 te6rico Gelson Santana, mun trabalho apresentado ,\ SOCINE,discorre sobre as possibilidades deste formato no que se refere £1 inciusao dospersonagens dcntro do contexto do documentario.

(. ..) a camera digital cria Ulli cfeito que podcmos dcnominar de apossibilidadc,uma imagem mais que Iransiliva. Em que eonsisle esle cfeilo ja que a cameradigital deixa entrever em sell modo de captar 0 que esta a sua rrente para emseguida conligura-Io no espayo Judico do dispositivo?

A rcsposta pode estar naquilo que challlarei de "'inclusao".

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SANTANA, Gelson. Camera de inclusao em Eduardo Coutinho.

o autor discorre enlilo sobre as possibilidades de penetrabilidade <iascameras digitais, que par suas caractcristicas pcquellas c discrctas, contemuma "pcllctrabilidade conccntrica", ao passo que equipamcntos maiorcs -mesmo que as vczes com maior qualidade - contam com lima"pcllctTabilidHde peri Ferica".

Tal constata~ao embasa a op~ao pclo formalo digital dcstedocumentario. Com duas cameras, uma trabalhani praticamente parada, sendopraticcuncnte a olhar do interlocutor, de quem capta a depoimento. Jil asegunda buscara 0 delalhe, 0 olhar crilico, 0 lorn iiuslrativo, porem scmprcdenlm da concentricidade necessaria ao rcquinte da narrativa circensc. Porrcquinle cnlellde-se aprofundamento da lillguagcm popular adotada na nrtetradicional circense. Mesmo os recursos mais avanl;ados de computal;uogranca e 31limHyaOserfio direcionados con forme esla orienta~ao.

Queirolo buscani fazer do video Ulll picadciro, uma travcssia entrc 0meio digital e as hist6rias desenroladas aos olhos do telespeetador. Este sera 0"tom" do doellmentario. Nada de hist6rieo (isto sob 0 ponto de vista historicoIi_near - reconstrutivo), mas sim tudo de Jiterario, de Illdico. 0 trabalhoprincipal estara em brincar com as varias expcctativas despertadas a cadainsert de imagem circense, como um passeio na corda bamba aa ilustrar 0momenta em que a TV aparecia e comC9ava a roubar 0 espal;o dos circos. Saopeqllcnos - porcm JlJdicos - plol points inseridos Duma narrativa que naobusea ser linear no sentido de reconstrll~ao historica.

MeSIlla scm ser linear, e passivei dizcr que Queirol0 mantenha umacurva dramatica que leve 0 telespectador a urn intrigamento, a umaexpect at iva, a lima vonlade de saber 0 que vai aconlecer no final do lelefilmc.Colaboram com este objetivo os inserts das estacas sendo batidos, pequenosdrops de lima realidade que s6 se revelara no final. No comcyo, as estacasscrao urn simbolo de trabalho pioneiro, de desbravamento.. Con forme seavan~a nCl narrativa, com 0 aClllllllio de signos, as estacas gcmham a conotayiiode realidade, de registro do presente, da sitlla~ao do Circo hoje.

Embora as primeiras pesqllisas reitas pelos realizadores deste trabalhopermitam uma compreensao historico-Iinear da evoillyao da Familia Queirolo,nao sera esta a abordagem do documclltilrio. Dentm da .Iinha c1ilssica dotempo, a qual guiou apenas a primei •.a pesquisas, foram escolhidos os

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momcntos mais cmblcmaticos da trajetoria. Estes momcntos construirao 0

discurso da lTajetoria dos Queirolo com alguns saltos na linha do tempo. 0 quese pretcnde nao e enfocar lima narrativa temporal, mas sill] as emoyoes e 0

plano simh61ico dos discllrsos. Nno importa exatfllllente quando a Circa pegollfogo pcla primcira vez, mas sun 0 que as pessaas envolvidas oa historiasenti ram com isto c como rcagirarn ao fato. Fnum, ncste easo, 0 que a tragediarepresenta para quem tTabalha com a comedia.

o tratamcnto estetico buscara refon;ar 0 carater alcgorico do circo. Osdepoimentos naa scraa gravados de manciJa estatiea. Os cntrcvistados terao aliberdade de andar, mostfar objelos, caminhar pelo espa,o. Nao se trata dedoeumentario dircto levado as ultimas conseqiiencias, mas sim de urn tipo deregistro onde a narrativa nao seja construida pelo 0 que se ja/a, masprillcipaimente pelo como se fa/a. Um excmpto concreto: se lim enLrevisLadoapenas fala que tcrn 0 seu quarto de dorrnir c repleto de mjniaturas depalhat;os, tem isso um peso para a narrativa. Mas se ele, apesar da idade e dadificuldade para se movimcntar, apesar da reprovayao da esposa em revelar 0

foro intimo do casal, mesmo assim levanta do sofa e faz questao de levar aequipe ate 0 dormitorio, iSlo direciona a historia com outro peso. Duascamcra.;; podem chegar perto de um idcal dentro dos universos jil rcvclados naspcsquisas, universos absolutamcnte ricos em detalhes ... Sao casas, oficinas detrabalhos manllais, galpoes abarrotados de figllrinos, guarda-roupasimpregnados de po e hist6rias que se abrem aos oHms dos interloculores,despejados relas historias saboreadas na narrativa dos cntrcvistados dodocumentario Queirolo. Eo "0 Maior Espelaculo da Terra" sen do descortinadoa cada depoimento, triste ou alegre, sadico, recheado de des~io ou amissaa,profunda au superficial, csperanyoso au salldoso, pessimista, por vezes,atimisLa ... Um mix de emo<;ao do tamanho de uma lana, ITagil qual urn sorrisoinCanlil, efcmero a ponlo de ser Ievado por um vendava!. Tao solido que sedesmancha no ar, parafmseando Marshal Bemlan.

Ao contrario do jomalismo c1assico tal como e Feito peia maioria dasemissoras de televisao, Queiroio naa buscara apresentar momentos de "fala" emomentos de "'imagem", estes geralmente cobertos por vozes in off. Nao sctrata de lima regra absoillta, mas em geral, como ja foi dito, 0 entrevistado tenla liberdade de eaminhar e apresenlar 0 sell ambiente.

o fundador da Cahiers du Cinema, Andre Bazin, embasa a inlen,iio de"falar" atraves da eomposiyao do ambiente apresentado pelos personagens aosrealizadores do dOClImentado. Bazin atentava para 0 movimento e para 0

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arranjo dos elementos 110quadro ou l1a tomada a fim dc obscrvar como scpodia gerar 0 significado. No Iivro "Cinema Como Pnitica Social", GraemeTurner faz uma interessante exposic;ao sabre fI tcorla de Bazin:

o lenno empregado para descrever 0 arranjo dos elementos 110 'luadro ou l1atOffindn Cmise-em-scene. 0 Icrmo em si 11Jcsmo tem sido mnis -flucntc do que astcorias mais amplas de 13<17.:in,provavehnente por'llic inspiroll a rejeiyao ~Ireivindicay30 de Einsenstein de ter definido a mOl1tagclll como a base de limagramalica da composiyao cinematogrilfica. Alcm do mais, a noyao de mise-eli/-scene e (Itij, visto que nos pennite falar do modo como os elementos dentro deLUll 'llladro Oll filme, ou de lima tOJllada compost a de !TIliitos 'luadrosconsccutivos, sao disposlos, movimcntaclos e ilumimtdos. Uma vcz que asignificayao pode ser comunicada sem mover a camera ou sem ediyao - porexempl0, par meio de uma personagcm 'luase aproxima da camera, ou queprojeta uma sombra sobre a face de outm pessoa -, 0 cOllceito de mise-em-scelletoma-se um meio importanle de idelHifiear 0 processo pel0 qual eSSasignificayao l: cOInunicada.

TURNER., Gracill. Cinema como pniticasocial.

Bazin orienta 0 trabalho 110 que se rerere a cOl1struyao simb6lica"denIm" dos pianos. Porelll 0 processo de ediyao talllbelll sera valorizado, atemCSllla dcntro da hnha de montagem c1assica clucidada por SergeiEinsenstein. Dcntm de um sistema de simbolos que buscarit refon;ar asemoc;oes colocadas pclos personagcns, serao inseridos nluneros ci reenses quesinlbolizem au reforcem a ideia em questao. ·Par exemplo: no mavirnento quefala sabre as varias destrui90es do Circo por fogo ou intemperies, illlercaladoaos depoimcntos, serao inscridas cenas de um engolidor de fogo e Sll<tSevolucroes - simbolo de tensao e risco eminentc. Enfim, toda a narrativaapontani para a emocrao dos nluneros circenses - a tela sera 0 picadeiro.Buscar-sc-a uma parccria ideal entre 0 concreto c 0 ltidieo, OU,como prcferc 0te6rico Joao Mario Gril0, entre a fiC9aOe 0 dOClIlllent{lrio:

Um seglUldo topico prende-sc com a convicyao de que a propria ideia de separaro documentario da fic~ao corrcsponde iI tcntativa ideol6gicll de fazer do cinemalllll territorio de exciusoes apliodsticas. Para mim, os mclhores doctllllcntcltiossao at:ravessados por ideias de ficyao c as mc1hores ficyocs por ideias dedoclimentario. Existe uma natureza prorundamcntc unificadora da experienciacinematognifica, que e, afinat, 0 modo como 0 cinema scmpre se assllmill comotim melo privilcgiado de travessia de todo 0 universo cultural, deixando-scimpregnar pOI" uma multiplicidade de formas, inventalldo outras t<llllas atravcsdesse originalissimo processo de miscigenayao humana e artistica.

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GRILO, Joao Mario. A potencia do falso.

Algumas anima90es tambem radio pmte da narrativa. POI'em esterecurso sera usado com moderac;ao. Nao se pretende dar um caraler"'lecnoI6gico" e "'aprimorado" com as ani.mac;oes. Como todos os Ol/troSelementos, este deve scm pre roforr;ar 0 can,ter simples e direto do circo. Umexemplo pratico: sera dada a preferencia a anima9iio bidimensional com autiliza9ao do farlo acervo fotogrMico da Familia, como um album que sedescorlina ao telespectador na Iinha narrativa do telefilme.

A inser,ao de imagens e anima,5es sera sempre feita com muitaresponsabilidade e cautela. Nao se pretende um esgotamento visual dote\cspcctador. No livro "0 Documentilrio de Eduardo Coutinho - Tc1evisao,Cinema e Video", Consuelo Lins cita 0 cineasta Jean Luc Godard no que dizrespeilo a "economia visuaJ": nem tudo deve ser moslrado de qua/quermane ira, hit limiles, buracos e distancias que devem ser mantidos, discorre. 0proprio Eduardo Coutinho acata a ideia num depoimento no livro, falandosobre 0 estilo empregado no documentario Santo FOrie, lan9ado em 1999:

Ate que ponto preciso utilizar a imagem de urn culto religioso para provar que everdadeiro? 0 mundo das imagcns vai ficando Uio pobre e tao restrito que,quando coloco em Santo Forte espac;os vazios, essas imagens ganham uma fon;:ntremenda, justamentc porque sao rarasdentro do ftlmc.

LINS, Consuelo. 0 Documentario de Eduardo Coutinho: televisao, cinema evideo.

Como ja foi descrito nesta fundm11enta,ao, existe ll111farlo material depesquisa ja levantado e tm1a quantidade ainda maior a se mapear. Pensandoapenas em tcmws de imagem, seria uma filcil tcntacrao abusar dos artificiosproporcionados por sof'lwares elaborados de edi,ao aliado il capacidade de umbom mantador. Seria pensar muita em "acess6rios" e POllCO em contclldo. Naoe csta a inlenc;ao de Qucirolo. A prioridade e da narrativa, scmprc cianarrativa. Nunca um efeito visual estani acima da narrativa gerada a partir dosmovimentos. Todo e qualqucr efeito visual sempre devera samar a narrativa _um compromisso com a palavra, com 0 verba, com 0 cmrevistado, com 0

outro ..

Relal'ao com 0 outro. Este e para 0 documentario Queirolo um pontofundamental. Niio se pretende fillar pelo outro, dar a voz aos artistas circensesexchddos de um processo global. Isso seria redllzir (e muito) hist6rias que

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ainda vivem em depoimentos recheados de brilho e emo,ao. Mas tambem nilose pretende deixar 0 fio condutor do trabalho apenas a cargo dos personagensdepoenles. Pretende-se alga perto do equilibrio, algo como 0 que adocumentarista Eduardo Coutinho classifica como "encontro". 0 momento doellcontro dos realizadores com os personagens tem urn peso decisivo nahisl6ria cislo jn vem desde a fase de pre-pesquisa, material amplamenteregistrado em fotos e anota,oes.

Com a inflexao operada pel os chamados Cinema Direto e Cinema Verdade, dosanos 60 em diante, emergiu U111 novo tipo de circuito entre 0 objetivo e 0 subjctivodus condiyoes do cinema, entre documcntarista e personagem documental, bastantcdistinto da pnitica de constituir 0 outro seja como urn afasico, seja como urn merointerlocutor. Esta reviravolta no regime da enunciavao implicou nurna recoiocay30daquilo que fa! e continua sendo urn aspecto seminal no campo do documenuirio: areia9ao com 0 outro.

TElXErRA, Franciso Elinal Enunciat;:ao do documentario: 0 problema de "dar avoz ao outro".

Nota-se tambem na Familia objeto deste estudo uma "nao percep,ao"do importante processo historico do qual sao os atores principais. Analisandoos discursos dos integrantes da Familia, nota-se urn tom de "Nos apenasITabalhamos a vida inteira - A gente nao sabia que eslava fazendo Hist6ria".Esta ingenuidade em rela<;ao ao processo no qual esHio intimamenteenvolvidos e notada na l'alta de organiza,ao dos registros da Familia. Grandeparte do material do, Queirolo que poderia servir de fonte de pesquisa fojqueimado ou perdido durante desastres e Illlldan,as. 0 material, muito farto,ainda existente se en contra em processo claro de deteriorayao. Livros eomregistros de apresenta,oes com mais de urn seculo hoje estilo acondicionadosem ambientes inospitos - urn risco para a memoria da arle circense.

Hi que se considerar tambem a forte presen,a da tradi,ilo oral da arteeireense - tradiyaa que deixa fracas registras, dentre eles, a poueD que amemoria dos mais vclhos ainda conta. A tradiyao oral nao sera apenasregistrada nos movimentos do documentario, mas tambem de certa formaincorporada ao estilo do trabalho. Pasolini, em 1965, falava sabre 0 discllrsolivre indirelo. 0 autor resume a ideia ern poueas -[rases: Trata-se, muitosimpiesmente, do seguinte: 0 autor penetra inteiramente na alma do seupersonagem, adaptando nao apenas a sua psicoiogia mas a sua lingua.

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o pensamento de Pasolini deve ser levado em considerar;ao em todas asetapas do telefilme. Em term os de discurso, 0 lado autoral estani presente, istoe ineglIvel. Mas 0 lado autoral de Qucirolo tem um forte cOlllprolllisso com a"outra", tal como enunciado por Coutinho. E com esle "outTO" surge 0encontro c a incorporar;i!o de sua linguagclll (a circense) no mcio de expressaodos rcalizadores (0 doculllentario). Ponanto, lUll documentario sobre circa,mas com um tom circense. Algo longe da onipresenr;a dos documentariosnarrados com um ar "voz de Deus". Algo respeitosamente dentro daconcep93o circense.

Com 0 discurso livre indireto de Pasolini busca-se colocar em pratica 0carater aleg6rico tipicamente circense. Este sera 0 tratamcnlO visual dodoclIl11entario, 0 ritmo da edi9ao, 0 tom da trilha, a oricnta<;ao da dire<;ao dearte.. Enfim, todos os elementos buscarao rerorr;ar os signos ja colhidos napre-pesquisa e DUlTOS importantes que venham surgir.

A ideia e colocar 0 telespectador dentro de um circo durante os 52minutos do doclImentario, seja llrn circa de comedias, de dramas au dehorrorcs - tudo de acordo com 0 movimcnto em questao.

Estes silo os motivos que justificam 0 carater documental, porembaseado em depoimcntos, do trabalho. Os depoimcntos serao soltos, dentro doestilo clo documentitrio direto. No livro ':05 Cinemas Nacionais ContraHollywood", Guy Hennebelle discorre sabre duas vertentes do cinema direto.A primeira vem na Iinha de Dziga Yenov, cincasta russo atuante na decada de20 que nao buscava com 0 cinema direto apenas "reproduzir 0 caos aparenteda vida". Junto de OUlros realizadores (nao por acaso de paises ainda sob aegide do comunismo), Yeltov repudiava a objelividade, tendo como metacompreender e resliluir 0 sentido real das sill/ClyOeS que descrevem, e paraeste.lill1 servelll-se de lIlIIa lIIetodologia politica. Guy I-fennebelle coloca estaver1ente em contTaposi9ao ao cinema direto usado em nome da objetividade.Na linha "objetiva" sao enfileirados realizadores como Brault, Jean Rouch eRobert l'laheny com 0 seu muito citado docume11lario Nannook.

Para a orientar;ao do documentario, dentro do cenario posto par GuyHennebellc, a linha seguida sera uma discreta simbiose entre a objetividade.flahertilla e a relativislllo de Verlov. Porem como a propria escolha dos oitomovimentos ja e 1I.I11ainterferencia forte dos realizadores sabre a narratlva, 0que colocaria no chao uma opr;1io pel a pura objetividade, deduz-se que acompreensclo e a resliluiC;iio do senl.ido real das siluar;oes estarao l11ai5

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presentes nesta "mistura". Aquele que dec/ora jilmor somente a que ve e quecabe ao expeclador interpl'etar e compreender, ou quer se enganar a simesll10 Oll que!' enganar aqueles a quem se dirige.". A citacrao do cincastaRoman Kamlen esui em "Cinemas Nacionais ..." e busca colocar aimportancia do recorte, da visao pessoal dos realizadores dentro de umprocesso honesto de eria9ao do documentario direto.

Ainda em "Cinemas Nacionais ..." as criadores de filmes como Congo-Maller e Pilotos de pijomo, as alcmaes orientais .Heynowski e Scheumannfalam sabre a relayuo com 0 que c di{o pelos entrcvislados e a maneira comoisto e provocado pelos realizadores:

Nossos filmcs, dizem, resultam de confrontos de duas ideologias distintas. ( ... )Preparamos nossas entrevistas com grande cuidado, elaboramosantecipadamente uma cenlena de perguntas. Nao podemos foryar ninguem afornecer-nos a resposla que esperamos: nossa liltica consiste em levar nossosimerlocutores (. ..) a revelar de bom grado seus pensamentos mais reconditos.(. ..) Nosso objctivo e desenvolvcr a conscientiz39ao dos expecludorcs que, comfreqOencia, scnsibilizam-se apenas superficial mente com os acontecimentos daatualidade.

HENNEBELLE, Guy. Os Cinemasnacionais contra Hollywood.

A triU,a sonora teni uma importancia fundamental em Queirolo - talcomo era (e e) nos tradicionais Circos. No passado, em geral cram milsicassimples, com muitos metais, cxccutadas por musicos de bandas militares.Algumas destas milsicas ainda se encontram preservadas em grava,oesmantidas pel a Familia. Elas serao lItilizadas diretamente e tambem serviraocomo fonte para a criayuo de trilhas incidentais. A trilha sonora original seraexecutada por musicos da veLha guarda circense que ainda hoje trabalhamesporadicamente com a Familia Queirolo.

Se fosse possivel definir uma esterica para 0 Circo tTadicional, seriapossivel coloca-Io na prateieira da "estetica pobrc" As corcs us ad as saobrutas, primarias. 0 padrao de lelra (expressao antes da modern a "fonte") eragrosseiro, com POllCOacabamento. Dentro desta linha dada a partir da simplesobserva,ao do material de pesquisa trabalhara a Dire9ao de Arte que teracomo OP9ao Wlla estetica pobre. Como exemplo, os lelreiros a serem us adosno teJefilme, assim como os caracteres de identlficayao dos entrevistados,serao todos desenhados e depois digitalizados. 0 trabalho de criar e desenhar

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um "padrao de fonte (Ietra) circense" sera contiado a um "cartazista",profissional que antigamente era responsavei por criar as materiais queilustravam a entrada dos cinemas, teatros e circos.

Durante a pesquisa foram encontrados rolos de 16 mOl com variasimagcns dos Queirolo. Sao apresenta~oes em circos, teatTos, ruas, carnavais,bonecos, teletilllles.. Um precioso acervo que corria 0 risco de se perderdentro de um ambiente absolutamente inapropriado para a correta conserva~aodeste delicado material. Estas imagens, que foram recuperadas ja durante aprc-pcsquisa, serao lIsadas scmprc da mancira mais erua possivel, scmretoques ou "mascaras digitais". Apenas uma pequena edi<;ao deve ser feita,quando 0 tempo dramatico pedir.

A inten<;ao com a soma e 0 born uso de todos estes elementos e levar 0espectador para a atmosfera circense ja vivida pclos atores da hist6ria. Enfim,todo 0 acervo ainda existente mantido pela familia Queirolo servini deferramenla para a "reconstru<;ao" da saga da Familia, desde a Hitlia, em 1881,quando urn casal de artjstas resolveu passar urn pOlleo de tecnicas circensesaDs filhos, ate 0 eSlabelecimenlo na capilal paranaense, onde marcou seunome.

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CONCLlJSAO

o documentario Parceria com 0 oulro e com a acaso

Dentm dos objetivos esp.cificos, Queirolo pretende, conforme jadetalhado nesta flll1ctamenta,iio, wna discr.ta simbiose entre a objetividade deFlahertye 0 relativislIlo de Vertov.

Exisle uma tese .iii eoncebida a respeito do tema em questiio, uma sagada familia, uma lula pela sobrevivencia avanyando dentro dos limites da artepopular circcnsc. Para esta faceta, 0 apaio sera 0 relativismo vcrtoviano.Porem as imagens pod em falar par si. dentro dos planas simb6licos descritospor Andre Bazin. A objetividade j7ahertiana sera a principal ferramenta - istoaliada it libcrdadc oferecida aos entrcvistados que, em parceria com 0 acaso,poderiio interagir com a equipe e com 0 ambiente on de estarao dan do asentrevistas.

Toda a equipe estani cOllsciente de que 0 roteiro e urn prti-roteiro, que aexperimental'ao artistica pode ser exereitada, desde que dentro dos limiteseticos impostos pelo profunda respcito pedido pela "relal'ao com 0 outro"colocado pelo doculllentarista Eduardo Coutinho. Sao os acontecilllenlos denatureza imprevisivel, retomando Manuela Penafria, relacionados com aprepara.-;ao previa: 0 criador usando au abrindo mao de determinados reClIfSOS

em nome de uma narrativa que se desenrola no momenta da criayao.

Par uma convenl'ao Queirolo chama os atores da hist6ria deentrevistados. Porem 0 correto seria dizer "atores-personagens". Estanomenclatura seria mais apropriada devido a inclusao dos personagens dentrodo conlexlO do doculllentilrio. Existe sim wn roteiro e lUlla hnha de cria,aoque se desenvolve desde a primeira pesquisa sobre 0 assunto. Mas toda esta"pre-cria,50" foi pautada pelos depoimcnlos c pelas indicac;ocs fornccidaspel os "atores-personagens", 111eS1110aqueles que nao estarao presentes notelefilme como entrevislados. Oplando por esta parceria C0111os "retratados"as realizadores buscam reduzir as seus papeis como "voz de Deus" notrabalho.

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o Circa - s"orinda urna lacuna de esluda

o que se pretende, dentro dos objetivos gerais, e mostrar a saga daFamilia Queirolo - desde os primciros passos na arte circense, impulsionadospela necessidade de sobrevivencia, comandados pela matriarca Petrona Sales,pas sando por momentos mambembes pelo Brasil, pelo apogeu em Curitibaentre 1940 e 1970, pelo pioneirismo da televisao, pelas tragedias sucessivas,ale os recenles dias, pela sobrevivencia em atividades comerciais correlalas aocirca.

Nao se Irala de um relalO saudosisla, onde se deixa 0 10m de que osbons tempos foram engolidos por um mundo cruel, resultado de um processode globalizal'ao ou algo parecido. Queirolo e um relralO honesto de umencontTo entre os realizadores do telefilme com historias que ainda brilhamem suas narrarivas. E a for,a do Circo levado ao palco eletromagnericolornecido pclo lelefilme.

Embora nao existam grandes regislros bibliograficos sobre a vida dosQueirolo, 0 livro "0 Circo no Brasil" Iraz lim esboyo da saga e da importanciada Familia para a arte circense brasileira.

A Familia Queirolo realizou a voila ao mundo antes de chegar ao Brasil em1910. Estiveram em Paris para os festejos da passagem do seculo e leipennaneccralTI por anos exibindo-se nos mais fumosos eireos. Depois estiveramna Alemanha. italla, Norte da Africa, Estados Unidos, Londres, mais uma vezern Paris e depois Chile, Argentina e por rim Brasil, onde se estabeleceram. JoseQueirolo, sua esposa PClrona Saas e seus Filhos Francisco, Jose Carlos (0Chicharrao), Alcides, Juliam (Harrys), Otclo (Chic-Chic), Ricardo, Inna e Aida(a avo materna da atriz Bibi Ferreira) fonnaram umo dos mais espetacularcstTupes circenses de todos os tempos.

TORRES, Antonio. 0 Circo no Brasil.

As Iransfonl1a~5es vividas pela ramilia darao 0 balanyo da curvadramil1ica da obra. Dos oito movimcntos destacam-se alguns picos de emoryaoque serao os responsaveis pel a instigayao do telespectador, levando a umacllriosidade crescente do que e a Familia hoje.

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De uma familia puramente circense, os Queirolo diversificaram as areasde arua,ao. Eles atuam hoje em pequenos shows em festas de aniversario,exposivoes, confeq:oes de bonecos para carnpanhas politicas, aluguel de lonaspara feiras etc. Esta lrajet6ria sera desvendada no documentario, urnmicrocosmo que fala sobre 0 macro, que se entende como a si(ua,ao do Circono Brasil hoje.

Fala-se muito no tim do circo no Brasil. Porem os dados do Ministerioda Cultura mostram que hoje existem cerea de dois mil circos em atua,ao nopais. Apenas como compara,ao, vale citar que seglmdo 0 IBGE existem hojenao mats do quc duas mil salas de cincma no Brasil, isto apesar do boom dosMultiplex. Ou seja, talvez 0 que esteja proximo do lim seja a luz, 0 foco, 0

incentivo, 0 estudo da atividade circense c1assica. Justamente os objetivos dodocul1lcntario Qucirolo.

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BlllLlOGRAFIA

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TEIXEIRA, Franciso Elinal. Enuncia~ao do documentilrio: 0 problema de"dar II voz ao outro". In ESruDOS SOClNE DE CINEMA. ANO III 200 I /Org Mariarosaria .. (elc al. 1 Porto Alegre: Sulina, 2003.

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