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Antônio Vieira Júnior Uma pedagogia para o jornal-laboratório Tese apresentada ao Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, como requisito parcial à obtenção do título de doutor em Ciências da Comunicação, área de concentração Jornalismo, sob orientação do prof. Dr. Dirceu Fernandes Lopes. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Comunicações e Artes

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Page 1: Proposta pedagógica para acompanhamento, · Web viewprof. Dr. Dirceu Fernandes Lopes. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Comunicações e Artes Departamento de Jornalismo e Editoração

Antônio Vieira Júnior

Uma pedagogia para

o jornal-laboratório

Tese apresentada ao Departamento de Jornalismo

e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo, como requisito parcial à

obtenção do título de doutor em Ciências da

Comunicação, área de concentração

Jornalismo, sob orientação do

prof. Dr. Dirceu Fernandes Lopes.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Escola de Comunicações e Artes

Departamento de Jornalismo e Editoração

São Paulo

Janeiro de 2002

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Antônio Vieira Júnior

Uma pedagogia para

o jornal-laboratório

Tese apresentada ao Departamento de Jornalismo

e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo, como requisito parcial à

obtenção do título de doutor em Ciências da

Comunicação, área de concentração

Jornalismo, sob orientação do

prof. Dr. Dirceu Fernandes Lopes.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Escola de Comunicações e Artes

Departamento de Jornalismo e Editoração

São Paulo

Janeiro de 2002

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Resumo

O objetivo deste trabalho é propor diretrizes pedagógicas para o ensino de

jornal-laboratório espelhadas em critérios de abrangência humanística que

sejam determinantes na valorização da reportagem e na formação de um

jornalista crítico, consciente da responsabilidade que terá na condução de um

jornalismo ético, preciso, verdadeiro. Caracteriza-se como parte de um

projeto de ensino de Jornalismo que não se esgota nele próprio, mas que visa

ordenar o processo ensino-aprendizagem para que sirva de instrumento

didático-pedagógico ao professor.

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Abstract

The objective of this paper is to propose pedagogic guidelines for the

journal-laboratory teaching based on humanistic approach, determinative to

improve the reporting and to develop a critical and conscious of

responsibility journalist toward an ethical, accurate and true journalism. It is

characterized as part of a journalism teaching project, that never ends, but

purposes to order the teaching-apprenticeship process in order to serve as

didatic-pedagogical tool for the teacher.

4

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Dedicatória

Dedico ao meu filho Antônio Vieira Neto, de 10 anos, que vive à luz dos

sonhos de criança e mesmo no Natal e Ano Novo, no sufoco do fechamento,

não me deixou só; ao meu pai Antônio Vieira que me ensinou os

mandamentos da justiça social; à minha mãe Elvira Moraes Vieira que lutou

pela vida com dignidade; ao amigo dos meus pais e padrasto José Bernini

pela acolhida de três meninos, educados com maestria; aos irmãos José

Frederico Pires de Lima e Paulo de Tarso de Sousa que fizeram da infância

um estilo de vida; ao meu orientador prof. Dr. Dirceu Fernandes Lopes por

sua colaboração contínua e inesgotável; ao professor Sebastião Squirra pelo

alerta da importância do estudo científico; aos primos Squirra e Moraes pela

presença constante na minha vida e aos tios e tias Moraes e Vieira que

sempre estiveram ao lado dos meus pais.

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Agradecimentos

Em especial aos professores responsáveis pelos jornais-laboratório que

responderam ao questionário, aos professores Valderez Helena Gil Junqueira

(Fafica/Catanduva), Paulo Nápoli (Ceuv/Votuporanga) e Arthur Magon

Whitacker (Unirp/Rio Preto) que compreenderam os meus momentos de

tensão e a correria no fechamento da minha tese; aos amigos, inúmeros, que

vivenciaram o meu sonho e ouviam com paciência as minhas explanações

jornalísticas; aos padrinhos e avós do meu filho Ilcon e Janete; a Carlos

Costa pelo exemplo de pai-adotivo; os alunos que contribuiram na pesquisa.

6

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Sumário

1 – Introdução 10

1.1 – O papel acadêmico 12

1.2 – Mudanças no ensino de Jornalismo 13

1.3 – Metodologia 15

1.4 – Fases da pesquisa 17

1.5 – Notas e referências bibliográficas 19

2 – Ensino de jornalismo (história e reflexão) 21

2.1 – Propostas e tentativas 23

2.2 – Expansão desenfreada 27

2.3 – Regulamentação e currículo 29

2.4 – Desvinculação e autonomia 32

2.5 – Exigências de laboratórios 41

2.6 – Diretrizes curriculares 45

2.7 – Perfil do jornalista 47

2.8 – Tópicos de estudo 50

2.9 – Estrutura geral do curso 52

2.10 – Prazo para implantar laboratórios 55

2.11 – Processo ensino-aprendizagem 58

2.12 – Provão e qualidade 65

2.13 – Condições de oferta 68

2.14 – Escola itinerante da Fenaj 70

2.15 – Mercado seletivo 72

2.16 – Notas e referências bibliográficas 77

3 – Jornal-laboratório 88

3.1 – Profissão regulamentada 91

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3.2 – Conceitos de jornal-laboratório 92

3.3 – Perfil do Jornal-laboratório 98

3.4 – Notas e referências bibliográficas 102

4 – Subsídios para um curso de jornal-laboratório 104

4.1 – Jornalismo e atualidade 105

4.2 – Função social 110

4.3 – Ética é fundamental 115

4.4 – Ombudsman é o representante do leitor 119

4.5 – Gêneros jornalísticos 121

4.6 – Texto jornalístico 124

4.7 – Ineditismo da notícia 128

4.8 – Entrevista é básica na apuração 130

4.9 – Reportagem aprofunda a notícia 136

4.10 – O aluno-repórter 143

4.11 – Pauta serve de guia 145

4.12 – Lead não dispensa criatividade 148

4.13 – Título leva à leitura 150

4.14 – Edição seleciona e hierarquiza 151

4.15 – Linha editorial define características 153

4.16 – Cronograma de atividades 156

4.17 – Orientação bibliográfica 158

4.18 – Notas e referências bibliográficas 162

5 – Manual de Redação para Jornal-Laboratório 166

5.1 – Conceitos de manual de redação 169

5.2 – Objetivos do manual de redação 170

5.3 – Regras 175

5.4 – Definições 214

8

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5.5 – Siglas 229

5.6 – Presidentes da República 242

5.7 – Estados, capitais e regiões 249

5.8 – Países, capitais e continentes 251

5.9 – Notas e referências bibliográficas 260

6 – O olhar do professor 262

7 – Conclusão 292

7.1 – Propostas abertas

294

7.2 – Notas e referências bibliográficas 297

8 – Bibliografia 298

9 – Anexos 307

9

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1

Introdução

Na era da globalização, o mercado, idéias e informações estão redefinindo

seu papel e o caminho a percorrer, transformando cada vez mais o mundo

10

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num espaço cosmopolita. Por isso, a troca de conhecimento precisa ser

renovada ininterruptamente. Nessa busca, o jornalismo passa a ser o

principal veículo de transição. Essa busca requer uma crescente qualidade na

análise dos fatos, revelada pela capacidade de neutralizar a interferência

política na cobertura jornalística e aprofundar os assuntos de interesse

público sem perder a vivacidade jornalística. A proposta de uma pedagogia

para o jornal-laboratório é fruto desse processo de redefinição da sociedade e

do ensino de jornalismo. A finalidade é colaborar no enriquecimento e na

qualidade do jornal-laboratório que serve de instrumento prático ao aluno.

O projeto de elaborar uma proposta pedagógica para jornal-laboratório

nasceu da minha experiência na coordenação de projetos laboratoriais em

algumas faculdades brasileiras. O objetivo é auxiliar o professor de

Jornalismo na produção e difusão de jornal-laboratório, mas a intenção não é

criar um modelo padronizado, pronto e acabado. Na verdade, ele se justifica

porque servirá ao professor e também ao aluno, que o terão como referência

na elaboração de uma pauta, na preparação e realização de uma entrevista,

na redação uma notícia ou reportagem e na edição. A proposta pedagógica,

que contém teoria e prática, é fundamental para o processo ensino-

aprendizagem. O projeto não pretende, contudo, uniformizar a produção e

difusão do jornal-laboratório.

O registro de dar harmonia ao texto jornalístico e ao exercício profissional

teve como um dos principais incentivadores o norte-americano Fraser Bond,

quando elaborou o livro Introdução ao jornalismo. O trabalho do professor

preencheu um vazio que existia na década de 50, pela escassez de literatura

que esclarecesse as diretrizes do jornalismo. Fraser Bond, já naquela época,

se preocupava em valorizar e conceituar o jornalismo. Ou seja, entendia que

para se fazer jornal e exercer a profissão não bastava ser jornalista, era

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fundamental o respeito aos princípios éticos e que a disciplina regesse o bom

profissional. Fraser Bond não se preocupou apenas com regras e normas de

conduta, mas em lembrar aos futuros jornalistas e aos profissionais que

informar o público requer honestidade, exatidão e isenção.

Um dos objetivos da minha proposta é orientar o aluno a refletir sobre a

importância do espírito crítico e análitico no relato do fato jornalístico.

Mostram que o exercício profissional requer cuidados e zelo e que o trabalho

é coletivo e o tempo é fundamental na prática jornalística.

A proposta visa também indicar caminhos para o aluno fugir do padrão

mecanicista que alguns jornais brasileiros usam como instrumento de

informação. Não se resume a direcionar o futuro jornalista no relato do

imediato, mas fazê-lo entender a importância da prática jornalística em

defesa do interesse público.

A proposta pedagógica não é uma cartilha institucional com informações

meramente administrativas ou uma bula com prescrições e contra-

indicações. Ela se caracteriza por sensibilizar o aluno a captar e noticiar de

forma diferenciada, mas sem perder a imparcialidade, a clareza, a exatidão, a

originalidade e se preocupar com a narrativa ao sintetizar o fato jornalístico.

Visa também aguçar o futuro jornalista a pesquisar e se adequar aos hábitos

de leitura que devem e precisam fazer parte do seu cotidiano.

1.1 – O papel acadêmico

A universidade desempenha funções importantes na sociedade

contemporânea e enfrenta desafios que vão além do campus. A universidade,

para bem cumprir o seu papel de multiplicadora de idéias, precisa estar

atenta ao processo social e, além de formar profissionais para atender às

necessidades do mercado, deve fundamentalmente aprimorar e ampliar o seu

relacionamento com a comunidade na qual está inserida. Na verdade, a

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universidade precisa participar de forma produtiva do processo de

desenvolvimento econômico e social, fundamental para que a sociedade

brasileira supere suas desigualdades.

Para prestar bons serviços e competir com sucesso, tem de dinamizar a

busca da melhoria da qualidade de ensino capaz de formar profissionais não

só críticos de sua realidade, mas cidadãos identificados com sua comunidade

e que saibam interpretar, analisar, explicar e contextualizar os fatos

jornalísticos. Para isso, a universidade deve aperfeiçoar o corpo docente que

é responsável em produzir conhecimento e capacitar profissionais.

Professores e técnicos de apoio bem preparados consolidam a

diferenciação mercadológica e estimulam o futuro universitário a se integrar

ao seleto grupo de cidadãos qualificados intelectualmente e tecnicamente

vinculados à realidade do mercado. A universidade deve produzir idéias que

possam contribuir de forma prática no equilíbrio sócio-econômico.

O jornalismo é peça indispensável deste processo de integrar a

universidade à comunidade, porque, além de informar, assume o papel

formativo. Ou seja, ele vai além das fronteiras do jornalismo preocupado

apenas em colocar nas páginas os últimos acontecimentos que foram

transformados em notícias. Ele deve reportar em suas linhas que o sujeito

não é somente coadjuvante, mas faz parte da história. Em verdade, o

jornalismo é real e ativo porque, ao mesmo tempo em que reconstitui de

forma minuciosa, criteriosa e verídica o fato jornalístico, possibilita ao leitor

a enriquecedora e oportuna reflexão.

1.2 – Mudanças no ensino de Jornalismo

As mudanças no ensino de Jornalismo foram várias até a chegada da LDB

e as críticas também foram se incorporando a essas experiências de

implantação de currículos. A história curricular dos cursos de Comunicação

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Social demonstra como foram se desenvolvendo e se articulando as

tendências burocráticas e administrativas, fragmentando a formação

humanística do aluno, a linguagem jornalística e a própria escola.

Nesse impasse para definir o currículo que se adequasse ao melhor estilo

de ensinar Jornalismo no Brasil, jornalistas, intelectuais e professores

reivindicavam o direito a uma escola que unisse teoria e prática, mas que

não afetasse o processo ensino-aprendizagem e muito menos os veículos

laboratoriais.

Antes mesmo do antigo Conselho Federal de Educação baixar as resoluções

631/69, que exigia, e 2/84, que tornava obrigatória a implantação de

equipamentos e o funcionamento pleno de veículos laboratoriais em todas as

escolas, o professor José Marques de Melo, da ECA/USP, já comentava e

solicitava as atividades laboratoriais como extensão da prática jornalística.

Em 1967, o professor ao propor diretrizes para jornal-laboratório fez a

seguinte observação: “Constitui o instrumento básico de um curso de

Jornalismo no sentido de integrar os estudantes na problemática da futura

profissão”.1 Já o professor Dirceu Fernandes Lopes, também da ECA/USP e

da Facos/UniSantos, disse: “Precisamos considerar que o jornal-laboratório é

uma prática jornalística, mas não esquecer que é um laboratório de

aprendizagem fundamentado em diretrizes pedagógicas e estruturas

didáticas.”2 No entanto, o professor Francisco Torquato do Rego, da

ECA/USP, advertia: “A ênfase na morfologia do jornal reflete, aliás, um

corriqueiro erro de visão dos cursos e professores de jornalismo, certamente

ainda estribados na tradicional maneira de ver o jornalismo sob a ótica

exclusiva do grande jornal diário.”3 Ele dizia que o jornalismo especializado

concentrava experiências mais ricas e diversificadas que o jornal diário, mas

questionava: “Por que se pensar em propostas grandiosas, caras e que, a

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maioria dos casos, não permitem uma sistematização do conhecimento

jornalístico?”4 Nota-se que a preocupação do professor era com o uso

exclusivo da técnica no ensino de Jornalismo, porque no jornal diário

emprega-se mais a técnica e exige-se pouca teoria. Enquanto que no

jornalismo laboratorial o cuidado deve-se voltar ao teórico-reflexivo.

1.3 – Metodologia

O presente trabalho é um estudo exploratório que nasceu da proposta de

estruturar um curso de jornal-laboratório, que se torna uma contribuição

fundamental no momento em que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e as

Diretrizes Nacionais Curriculares superaram a camisa-de-força imposta pela

Resolução 02/84. Para Antônio Carlos Gil, pesquisa exploratória é

“desenvolvida com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo

aproximativo, acerca de determinado fato”.5

De acordo com as exigências do trabalho, foram empregados, para coleta

dos dados, os seguintes instrumentos:

1) Pesquisa bibliográfica. “A pesquisa bibliográfica é meio de formação por

excelência. Como trabalho científico original, constitui a pesquisa

propriamente dita”, ensinam A. L. Cervo e P. A. Bervian.6 Houve

levantamento de:

a) livros dos diferentes setores relacionados à área de comunicação, em

particular ao ensino de Jornalismo e jornal-laboratório;

b) grade curricular, Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Diretrizes

Nacionais Curriculares;

c) artigos científicos públicados em jornais e revistas, relatórios de

pesquisas.

2) legislação voltada ao ensino de Jornalismo no Brasil.

15

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3) Estudo da documentação. Este ítem é apontado por Ezequiel Ander-Egg7

como um dos aspectos principais, nos estudos formulativos, ao lado do

contato direto com a problemática a estudar.

4) Questionários. Segundo Roberto Jarry Richardson, o questionário cumpre

pelo menos duas funções: descrever as características e medir

determinadas variáveis de um grupo ou individual.8

5) Entrevistas. “A entrevista – observa Roberto Jarry Richardson – é uma

técnica importante que permite o desenvolvimento de uma estreita

relação entre as pessoas.”9 Optei em elaborar um roteiro de 15 perguntas

abertas voltadas exclusivamente ao curso de Jornalismo, em particular, ao

jornal-laboratório. Quem caberia respondê-las era o professor responsável

pelo veículo laboratorial. Cerca de 80% das entrevistas foram feitas por

e-mail, algumas delas agendadas por telefone. Os professores que

receberam as perguntas tinham conhecimento da minha pesquisa. A

escolha dos entrevistados foi aleatória, mas com o devido cuidado de não

selecionar professores de uma mesma cidade ou que coordenassem mais

de um jornal-laboratório.

6) Observação participante. Para Antônio Carlos Gil, observação

participante “consiste na participação real do observador na vida da

comunidade, do grupo em uma situação determinada. Daí por que se

pode definir observador participante como a técnica pela qual se chega ao

conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo.”10 Gil

também comenta que a observação constitui elemento fundamental para a

pesquisa, na formulação do problema, construção de hipóteses, na coleta,

análise e interpretação de dados. “Observação nada mais é que o uso dos

sentidos com vistas a adquirir os conhecimentos necessários para o

cotidiano.”11 Como jornalista e professor de jornal-laboratório tenho

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condições de atuar como observador participante do ponto de vista

científico e técnico. A minha observação foi estruturada e planejada. E

foi se transformando com o desenvolver da pesquisa e em decorrência de

fenômenos que surgiam. Ou seja, nos contatos com alunos do jornal-

laboratório, com professores de outras disciplinas, de outros cursos e

escolas, na produção de difusão de jornal-laboratório. No dia a dia da

vida acadêmica, a observação me ajudou a conhecer e compreender a

importância do jornal-laboratório na formação do futuro profissional.

7) Análise dos dados, assim definida por Antônio Carlos Gil: “A análise tem

como objetivo organizar e sumariar os dados.”12 Os dados foram

classificados por capítulos, para atender à proposta pedagógica.

1.4 – Fases da pesquisa

A pesquisa está dividida em nove capítulos.

O primeiro é a Introdução.

O segundo capítulo, Ensino de Jornalismo (história e reflexão), faz um

relato histórico e reflexivo desde as primeiras idéias (1908) de se criar um

curso de Jornalismo no Brasil até a implantação da Lei de Diretrizes e Bases

(LDB). A primeira iniciativa foi do jornalista Gustavo Lacerda, presidente

da então Associação de Imprensa. Quase duas décadas depois, em 1935, o

educador baiano Anísio Teixeira tentou implantar o curso de Jornalismo na

Universidade do Distrito Federal, mas fracassou. Em 13 de maio de 1943, o

presidente Getúlio Vargas assina o decreto-lei 5.480 criando o curso de

Jornalismo, mas vinculado à Faculdade Nacional de Filosofia, outro

fracasso. Foi pelas mãos de Cásper Líbero que nasce o primeiro curso de

Jornalismo, mas que começou a funcionar em convênio com a Pontifícia

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Universidade Católica de São Paulo. São mais de 50 anos de críticas, de

várias mudanças curriculares e de uma expansão desenfreada.

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O terceiro capítulo, Jornal-laboratório, faz uma análise do conceito,

objetivo, perfil, isenção e da importância desse veículo na formação do

jornalista. Até a homologação da Resolução 2/84, que torna obrigatória a

difusão e produção do jornal-laboratório, o aluno praticava jornalismo

quando conquistava alguma vaga em uma redação. Como o MEC não fazia

uma vigilância rigorosa, as escolas não adotavam o jornal-laboratório como

exercício de rotina, e algumas o usavam como veículo institucional,

prejudicando o processo ensino-aprendizagem.

O quarto capítulo, Subsídios para um curso de jornal-laboratório, é o

alicerce da tese. Nele se concentra o resumo da história do jornalismo, da

sua ligação com a classe burguesa, da sua função social e o direito à

informação. Registra a ética jornalística, gêneros jornalísticos, a notícia, a

entrevista, a reportagem como aprofundamento da notícia e sua importância

no enriquecimento do exercício jornalístico, o papel do jornalismo como

interprete do leitor no relato do imediato, o significado da pauta na apuração

do fato jornalístico. Na verdade, o capítulo enfoca as várias fases do fazer

jornalístico como parte do processo ensino-aprendizagem.

O quinto capítulo aborda a utilização do Manual de redação no jornal-

laboratório. Além de dar unidade ao texto produzido pelo aluno, o manual é

dirigido aos projetos laboratoriais do curso. Ou seja, se diferencia dos

manuais adotados pelos grandes jornais brasileiros. Por ser acadêmico, não

se restringirá a normas de estilo e técnicas. Além de determinar a unidade do

projeto laboratorial, o manual terá conceitos sobre determinados temas,

como, por exemplo, ética, responsabilidade social do profissional, gêneros

jornalísticos.

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O sexto capítulo, O olhar do professor, contém depoimentos de

professores de jornal-laboratório de escolas brasileiras. Eles relatam a

metodologia de trabalho, as dificuldades, o conhecimento abrangente de

humanidades no enriquecimento do aluno, a importância do jornal-

laboratório como exercício prático, quem define a linha editorial do jornal-

laboratório, o método que adotam para motivar o aluno, o conceito de fazer

jornalismo com critério ético. Eles foram unânimes quanto a importância do

jornal-laboratório na formação do jornalista.

O sétimo capítulo, Conclusão, contém propostas abertas para o

enriquecimento do curso de jornal-laboratório. Na verdade, são idéias que

podem ser colocadas em prática pelo professor no sentido de dar harmonia,

independência e qualidade na produção e difusão do jornal-laboratório. Não

é uma proposta fechada, porque o fazer jornalístico não se finda no

encerramento de cada edição. É um processo contínuo como são os

acontecimentos que se transformam em fatos jornalísticos.

1.5 – Notas e referências bibliográficas

1 – MELO, José Marques de. In: MEDITSCH, Eduardo e BRAGANÇA,

Aníbal. A questão curricular: do impasse à reinvenção. In: Ensino de

Comunicação no Brasil: impasses e desafios. São Paulo, ECA/USP, 1988.

2 – LOPES, Dirceu Fernandes. In: SILVA, Luiz Custódio. Órgãos

laboratoriais: da resistência aos novos caminhos experimentais. In: Ensino

de Comunicação no Brasil: impasses e desafios. São Paulo, ECA/USP, 1988.

3 – REGO, Francisco Torquato. In: SILVA, Luiz Custódio. Órgãos

laboratoriais: da resistência aos novos caminhos experimentais. In: Ensino

de Comunicação no Brasil: impasses e desafios. São Paulo, ECA/USP, 1988.

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4 – REGO, Francisco Torquato. In: SILVA, Luiz Custódio. Órgãos

laboratoriais: da resistência aos novos caminhos experimentais. In: Ensino

de Comunicação no Brasil: impasses e desafios. São Paulo, ECA/USP, 1988.

5 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo,

Atlas, 1989.

6 – CERVO, A. L. e BERVIAN, P.A. Metodologia científica. São Paulo,

McGraw-Hill, 1983.

7 – ANDER-EGG, Ezequiel. Introducción a las técnicas de investigación

social. Buenos Aires, Humanitas, 1974.

8 – RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São

Paulo, Atlas, 1989.

9 – RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São

Paulo, Atlas, 1989.

10 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo,

Atlas, 1989.

11 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo,

Atlas, 1989.

12 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo,

Atlas, 1989.

21

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Ensino de Jornalismo

(história e reflexão)

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O ensino de Jornalismo no Brasil é criticado desde a sua implantação em

16 de maio de 1947, quando começou a funcionar o Curso de Jornalismo

Cásper Líbero, em convênio com a PUC São Paulo. São mais de 50 anos de

reclamações feitas pelas empresas jornalísticas que até montaram cursos

para reciclar estudantes e recém-formados – Editora Abril, O Estado de S.

Paulo, Folha de S. Paulo, são exemplos. O diretor da Faculdade de

Comunicação Social Cásper Líbero, Erasmo de Freitas Nuzzi, diz que a

crítica ao ensino de Jornalismo “é contemporânea de seu próprio

nascimento”.1

A polêmica sobre a qualidade do ensino de Jornalismo gerou preocupação

mas também descaso, principalmente após 1964 quando a educação foi

abandonada pelo regime militar. Existem escolas que optaram em formar

profissionais para o mercado de trabalho, mas sem a preocupação de

estimular o futuro jornalista a refletir sobre a atividade que irá desempenhar

e a compreender os mecanismos envolvidos no processo de produção e

difusão da mensagem jornalística e seu impacto sobre a sociedade. Algumas

contrataram profissionais do mercado, que, embora com uma indiscutível

carreira, não tinham vivência acadêmica; outras recrutaram recém-formados

para ministrar aulas. O resultado foi a formação de uma mão-de-obra

desqualificada e um quadro docente não compatível com o que o curso

propunha: integrar teoria e prática.

A valorização do tecnicismo e do mercado de trabalho em detrimento à

formação teórica-humanística é explicada por Nancy Nuyen Ali Ramadan,

doutora em Jornalismo na ECA/USP e que desenvolveu projeto de pesquisa

sobre o tema: “São esses os docentes que normalmente estão preocupados

em adestrar os estudantes, tecnicamente falando, sem preocupações com o

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papel do Jornalismo enquanto atividade social. Em geral, esses docentes

estão voltados para os fins das empresas: vender.”2

Victor Gentili, doutorando na ECA/USP, diz que a escola de Jornalismo é

esquizofrênica porque ensina teoria da comunicação e não Jornalismo.

“Muitas vezes mostram os meios como meros instrumentos de manipulação

das massas ao mesmo tempo em que oferecem uma prática acrítica e

meramente reprodutora do jornalismo como hoje é praticado.” O jornalista

afirma ainda que isso significa que a relação com o mercado de trabalho ou

não existe, ou, quando existe, “é marcada pela cópia de práticas velhas,

viciadas, antigas do Jornalismo que os cursos devem superar e não

reproduzir de forma caudatária.”3

Em conseqüência, houve uma atrofia no perfil profissional. O recém-saido

da faculdade não atende, muitas vezes, às exigências do mercado por não ser

um polivalente.

2.1 – Propostas e tentativas

Em 1908, 100 anos após a instalação da imprensa no Brasil, o jornalista

Gustavo Lacerda, ao assumir a presidência da Associação da Imprensa, hoje

Associação Brasileira de Imprensa (ABI), estabeleceu como meta a criação

de um curso de Jornalismo. Dez anos mais tarde, em 1918, quando da

realização, no Rio de Janeiro, do 1º Congresso Brasileiro de Jornalistas,

promovido pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), sob a presidência

de João Guedes de Melo, foi levantada novamente a idéia de criar o curso de

Jornalismo.4 Já a primeira tentativa foi do educador baiano Anísio Teixeira,

quando criou, no Rio de Janeiro, em 1935, a Universidade do Distrito

Federal e incluiu o curso de Jornalismo. Anísio Teixeira convidou o

jornalista Costa Rego, então redator-chefe do Correio da Manhã, para

organizar o curso, que não saiu do papel.5

24

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Entre 1928 e 1929, Assis Chateaubrind escrevia artigos publicados nos

Diários Associados defendendo a criação da escola de Jornalismo. O

pioneiro do jornalismo em rede de jornais, argumentava que a Itália e

Estados Unidos já tinham as suas escolas funcionando bem.6 Mas só foi em

1943, quando Getúlio Vargas assinou Decreto-Lei, nº5.480, de 13 de maio

de 1943, criando o curso de Jornalismo, que deveria ser ministrado na

Faculdade Nacional de Filosofia.7 A Associação Brasileira de Imprensa

(ABI), sindicatos das categorias dos empregadores e empregados

cooperariam no projeto.8

Mas a preparação do jornalista na universidade começou em 1947, com a

instalação da Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, em São Paulo, através

de convênio com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vinculada

à Faculdade de Filosofia. No ano seguinte, foi criado o curso de Jornalismo

da Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro. “Na verdade, a

trajetória apresentada não está dissociada de um conjunto de lutas e batalhas

que vem sendo travadas desde o início da criação dos cursos de Jornalismo

no Brasil, em defesa de melhores condições de ensino, de aperfeiçoamento e

de novas perspectivas pedagógicas para o processo de aprendizagem das

atividades profissionais relacionadas com a comunicação social no país”,

disse Luiz Custódio da Silva.9

Na avaliação do professor Luiz Beltrão, ambas as escolas se inspiraram

nas correntes pedagógicas norte-americanas de Pulitzer e Elliot. “Mais

humanísticas do que técnico-profissional, e isso não somente pela falta de

equipamento nas escolas como pela própria inexperiência dos professores, a

maioria dos quais sabia fazer jornalismo mas não sabia ensinar teoricamente

a fazê-lo.”10

25

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Filho adotivo do ensino superior brasileiro (o termo foi usado porque a

escola de Jornalismo nasceu acoplada às faculdades de Filosofia e não tinha

autonomia), o ensino de Jornalismo não foi diferente de outros cursos que

“exprimiam a concepção do mundo das classes dominantes”.11

O passado aponta as ações ilimitadas e infrutíferas, na maioria das vezes,

por parte do governo na escolha do currículo ideal para o ensino de

Jornalismo, mas sempre privilegiando a elite brasileira.

O diagnóstico do ensino de Jornalismo registra a complexidade na busca

de soluções para superar a constante crise. No geral, as reformas curriculares

são recursos paliativos adotados pelo governo. “Mera ilusão, pois os

currículos constituem apenas uma variável secundária da questão principal,

que é a própria estrutura do ensino brasileiro e seus fundamentos sociais e

ideológicos”, disse José Marques de Melo.12

A idéia de formar jornalistas na academia nasceu dos próprios

profissionais da Imprensa, mais precisamente do então presidente da ABI,

Gustavo Lacerda. Mas foi após o decreto 972, de 17 de outubro de 1969,

período de conturbação política com a promulgação do AI-5, que

estabeleceu o exercício profissional somente aos jornalistas diplomados, que

o movimento se consolidou. Os contrários ao ensino de Jornalismo alegavam

que a profissão se aprende nas redações e não nos bancos universitários e

criticavam a baixa qualidade do ensino. No primeiro semestre de 1982,

quando os principais jornais de São Paulo atacavam em seus editoriais,

artigos e notícias a tese da reserva de mercado de trabalho, o jornalista

Carlos Chagas defendia o ensino de Jornalismo: “as escolas são ruins, não

há dúvida, como péssimo está sendo todo o ensino superior brasileiro, mas o

caminho não é o fechamento das escolas e sim o seu aperfeiçoamento”.13

26

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Não foi a batalha decisiva porque novos episódios aconteceriam. O mais

polêmico e combativo foi durante a elaboração da Constituição de 1988

quando a Folha de S. Paulo encabeçou um lobby, para pôr fim à

obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional. Em agosto de

1999, o professor Nilson Lage, da Universidade Federal de Santa Catarina,

em palestra no 2º Encontro Latino-americano de Professores de Jornalismo,

realizado na capital paulista, usou o seguinte argumento para defender o

aprender jornalístico na universidade: “A responsabilidade envolvida no

tráfego de informações, a sofisticação tecnológica e a relevância do direito

dos cidadãos indicam a necessidade de estudos demorados para a prática do

Jornalismo – estudos que, como acontece com as demais profissões de nível

superior, deverão estender-se por toda a vida.”14

A decisão da juíza substituta Carla Abrantkoski Rister, da 16ª Vara Cível

de Justiça Federal em São Paulo, no dia 23 de outubro de 2001, de derrubar

a exigência de diploma para a função de jornalista em todo território

brasileiro, colocou novamente em debate a função da escola na formação do

futuro profissional. Para justificar a liminar suspensiva, Carla Rister alegou

que o curso universitário de Jornalismo não é essecial para a formação do

jornalista, “por não apresentar qualificações profissionais específicas,

diferentemente de profissões técnicas como engenharia.”15

Segundo Carla Rister, o decreto-lei 972/69, que exige o diploma para o

exercício profissional, “contraria parâmetros da Constituição de 1988.”16 Já o

presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo,

Frederico Barbosa Ghedini, diz que a juíza citou apenas parte desse mesmo

artigo, confundindo liberdade de expressão com regulamentação profissional

com qualificação. “A regulamentação, em seu formato atual, é fundamental

27

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para garantir o direito à informação qualificada, ética, democrática e cidadã

para toda a população”.17

A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

(Intercom) teve um papel fundamental em defesa da obrigatoriedade do

diploma, promovendo debates entre professores, alunos, entidades,

sindicatos, cursos e publicações referenciando a importância do curso de

Jornalismo na formação do profissional.

Já nos Estados Unidos o ensino de Jornalismo foi criticado por

profissionais que entendiam que o cotidiano de uma redação era o suficiente

para formar um jornalista responsável, ético e compromissado com o leitor.

Carlos Rizzini, em seu livro O Ensino de Jornalismo, publicado pelo

Departamento de Imprensa Nacional (DIN), de 1953, faz um relato do

surgimento da escola de Jornalismo nos Estados Unidos e reforça que o

jornalismo é uma atividade em que a vocação pode expandir-se pelo

processo ensino-aprendizagem. “Cabe ao ensino universitário instruir,

educar, orientar e ilustrar as vocações, para que maiores sejam aqueles

efeitos e, para que, de modo geral se eleve o nível da imprensa.” Na avalição

de Carlos Rizzini, os contrários ao ensino de Jornalismo terão de reconhecer

a superioridade de um jornalista culto.18

2.2 – Expansão desenfreada

O Brasil tem mais de 110 cursos de Jornalismo, entre escolas públicas,

confessionais, municipais e particulares e mais de 22 mil alunos do primeiro

ao quarto ano. (Os dados são estimativos, baseados no número de estudantes

que fizeram o Provão 2000, mais de 5.271 mil. Na estimativa foram

incluídos cursos que ainda não formaram jornalistas. O MEC não dispunha

do número de escolas que começaram a funcionar entre 1998 e 2000.) A

28

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explosão dos cursos de Jornalismo aconteceu no final da década 70, na

década de 80 e se consolidou nos anos 90.

Os números são preocupantes: levantamento feito pelo jornal O Estado de

S. Paulo, publicado na edição de 24 de dezembro de 2000, página A10,

caderno Geral, registra que entre as 50 piores universidades do Brasil, 10

têm o curso de Jornalismo. O professor Sinval Freitas Medina, da ECA/USP,

em 1972, já alertava para o perigo que poderia trazer a criação

indiscriminada de cursos. “Foi reconhecida a necessidade de se criarem

mecanismos que impeçam o surgimento indiscriminado de escolas. Essa

tendência, que se tem acentuado nos últimos anos, provocará pressões

insustentáveis sobre o mercado de trabalho em futuro próximo.”19 Diante da

instabilidade pedagógica de dezenas de escolas, o Governo precisou tomar

medidas para conhecer na essência a realidade dos cursos e o conhecimento

jornalístico e humanístico do aluno. Em função disso nasceram o Exame

Nacional de Cursos (Provão) e a Avaliação das Condições de Oferta dos

cursos de Jornalismo como balisadores do ensino de Jornalismo.

Um dos pontos mais discutíveis é a criação da escola sem uma análise

criteriosa para a instalação na sociedade em que será inserida. A

superlotação ocupacional de escolas superior à capacidade de absorção do

mercado desvaloriza a mão-de-obra especializada, torna o curso ineficiente.

Esta afluência aos cursos de forma desordenada inflacionou o mercado e

descaracterizou o profissional. O ganhador do Prêmio Nobel de Literatura,

Gabriel Garcia Marques, também vê deficiência na formação profissional

das escolas de Jornalismo e lembra que não existem critérios na instalação

de escolas. O escritor diz que a criação das escolas de Jornalismo foi uma

reação “escolástica contra o fato de o ofício precisar de respaldo

acadêmico”. Ele afirma ainda que a proliferação das escolas “não é

29

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alentadora” e que a maioria dos graduados “chega com deficiências

flagrantes”.20

Já o jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais

no Estado de São Paulo, Antônio Carlos Fon, é mais crítico quanto à

instalação de cursos de Jornalismo sem uma avaliação. “A maioria não passa

de arapucas que cobram pedágio dos alunos durante quatro anos.”21

É claro que existem disparidades regionais acentuadas e com problemas

ainda não superados. Por ser a região mais rica da Federação, o Estado de

São Paulo concentra o maior número de escolas de Jornalismo. São mais de

30. São José do Rio Preto, com 350 mil habitantes, a 450 quilômetros da

capital paulista, tem três escolas de Jornalismo que formam anualmente mais

de 60 jornalistas. Tem dois jornais diários (Diário da Região e Folha de Rio

Preto), dez rádios e três emissoras de televisão (Globo, Record e TV da

Cidade) e duas sucursais (SBT e Band). Já Porto Velho, capital de Rondônia,

isolada dos centros mais desenvolvidos, com mais de 334 mil habitantes,

tem quatro jornais diários (Alto Madeira, O Estadão do Norte, Folha de

Rondônia e Diário da Amazônia), três emissoras de televisão, dezenas de

assessorias de Imprensa (municipal, estadual, federal), cinco emissoras de

rádio, 217 jornalistas filiados ao sindicato da categoria (33 são diplomados)

e uma universidade federal que não tem curso de Jornalismo.

2.3 – Regulamentação e currículo

Regulamentado pelo Decreto 22.245, de dezembro de 1946, assinado pelo

presidente Eurico Gaspar Dutra, o curso de Jornalismo foi oficializado e

ganhou sua grade curricular. Com duração de três anos, a grade estava

dividida em três seções: Seção de Formação, Seção de Aperfeiçoamento e

Seção de Extensão Cultural. A Seção de Formação era estruturada em três

séries e tinha as seguintes matérias: Francês ou Inglês, Geografia Humana,

30

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História da Civilização, Técnica de Jornalismo (exigia também estágio em

uma empresa jornalística), Ética e Legislação de Imprensa, Sociologia,

Português e Literatura, Política, História do Brasil, História da Imprensa,

Psicologia Social, Economia Política, Noções de Direito e Organização e

Administração de Jornal. Para completar uma das séries, o aluno optava em

cursar duas outras disciplinas, tendo a possibilidade de escolher entre as

seguintes: Introdução à Filosofia, História Contemporânea, História da

América, Histórias das Artes, História da Música, Direito Administrativo,

Direito Constitucional, Educação Comparada e Estatística. A Seção de

Aperfeiçoamento consistia em conferências e trabalhos práticos. Oferecida a

qualquer interessado, a Seção de Extensão continha Filosofia, Geografia

Humana, Psicologia e Sociologia, Teoria do Estado e Administração

Pública, Direito (Constitucional, Internacional, Civil, Comercial e Criminal),

História da Civilização, História da Cultura (Literatura, Belas-Artes, Teatro,

Música, Ciências, Religiões, Esportes, Indústria e Comércio), Economia e

Política, Finanças, Educação, Organização do Trabalho e Estatística.

Sem autonomia, o curso de Jornalismo se pautava em disciplinas teóricas

na formação profissional. “O perfil curricular centrava-se nas disciplinas

humanísticas das ciências sociais, com embasamento teórico-cultural, até

porque o próprio curso estava subordinado à Faculdade de Filosofia”,

registra Maria Elisabete Antonioli Laurenti.22

Embora tivessem o caráter profissionalizante, os cursos de Jornalismo

também assumiram características de formação humanística, criando uma

dicotomia entre teoria e prática que persiste até hoje em muitas escolas. Em

mais de meio século de existência, o currículo de Jornalismo passou por

várias transformações que vão do humanístico ao tecnicismo

profissionalizante.

31

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Nesse período de mutação e adaptação do currículo à realidade brasileira

e aos interesses dos donos das escolas, milhares de novos jornalistas sairam

dos bancos acadêmicos para enfrentar um mercado cada vez mais

competitivo e seleto.

O primeiro currículo de ensino de Jornalismo foi o da Cásper Líbero e

tinha duração de três anos, dois básicos e um de especialização. O primeiro

ano tinha as seguintes disciplinas: Técnica de Jornal; Ética, História e

Legislação de Imprensa; Administração de Jornal; História da Civilização;

Língua Portuguesa e Literatura de Língua Portuguesa; e Geografia Humana.

Segundo ano: Técnica de Jornal; Publicidade; Língua Portuguesa e

Literatura de Língua Portuguesa; História do Brasil, História

Contemporânea; e Geografia do Brasil. Das dez disciplinas, quatro eram

técnicas. E o terceiro ano, o da especialização, era dividido em três grupos, o

aluno poderia escolher um deles. 1) Rádiojornalismo; Técnica de Jornal;

Sociologia; Economia; Política e Administração Pública; 2) Rádiojornalismo

ou Técnica de Periódico; Técnica de Jornal; História das Artes; Literatura de

Língua Portuguesa e Literatura Contemporânea; 3) Rádiojornalismo; Técnica

de Jornal; Introdução à Educação; Psicologia Social e Criminologia.

A complexidade da grade curricular levou Carlos Rizzini a fazer a

seguinte observação: “O plausível é que o aluno, terminados os dois anos

básicos, escolhesse uma especialização técnica, de redação, de reportagem,

de publicidade, de administração, em vez de preferir um grupo de disciplinas

de cultura geral”.23

Contrário a esse critério de formação jornalístico, Carlos Rizzini propunha

um currículo em que a teoria fosse transformada em prática. Ou seja,

disciplinas que estivessem relacionadas com a atividade jornalística, mas

não abandonando algumas de cultura geral.

32

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Em março de 1948, o presidente Eurico Gaspar Dutra assina decreto,

número 24.719, autorizando a primeira alteração na grade curricular do

curso de Jornalismo. Mantendo o perfil humanístico, foi incluída a disciplina

Radiofusão, principalmente porque o rádio, naquela época, era o marco da

informação brasileira. Outra modificação foi a substituição da disciplina

Organização e Administração de Jornal pela Publicidade, Organização e

Administração de Jornal. A inclusão da Publicidade foi porque o mercado

brasileiro se expandiu após a 2ª Guerra Mundial.24

Ainda no governo Dutra, em março de 1949, um novo decreto, número

26.493, mexe novamente na grade curricular do curso de Jornalismo. Na

Seção de Formação, as disciplinas Francês e Inglês passaram a ser

facultativas. A Seção de Aperfeiçoamento foi dividida em dois módulos:

Aperfeiçoamento em Técnica e Aperfeiçoamento em Cultura geral. A

proposta era intensificar a qualificação técnica do futuro jornalista.25

O decreto nº 28.923, de 1º de dezembro de 1950, faz mais uma alteração

na grade curricular do Jornalismo. A estrutura curricular foi dividida em

duas partes: uma de duas séries e outra de uma série. A primeira era

oferecida a todos os alunos. A segunda tinha três modalidades: A, B, C. A

escolha era livre. As disciplinas Radiojornalismo e Técnica de Periódico, por

exemplo, eram oferecidas aos alunos das modalidades A e B. Eram

compreendidas como atividades práticas, de preferência em organizações

jornalísticas ou radiofônicas. O artigo 6º determinava a titulação em

Bacharel em Jornalismo no diploma expedido a partir de 1950. Já o parecer

453, de 31 de agosto de 1953, expedido pelo então Conselho Nacional de

Educação, direcionou o curso ao perfil intelectual e cultural, voltado às

ciências humanas e ignorando a parte profissional.26

2.4 – Desvinculação e autonomia

33

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Com a autonomia conquistada em 6 de junho de 1958, por meio do

decreto 43.839, desvinculando os cursos das faculdades de Filosofia27, a luta

pela qualidade do ensino superior se desencadeou no início da década de 60.

Até então o movimento estudantil e a própria universidade cumpriam

rigorosamente o chamado pacto paulista esboçado pela Revolução de 1930.

“O pacto paulista, com a implantação de um estado de compromisso entre as

forças sociais brasileiras, significava, então, o esquecimento de interesses de

classe ou mesmo interesses sociais mais amplos. Tudo para o fortalecimento

do Estado. Os interesses da sociedade eram limitados aos estreitos interesses

do Estado.”28

Essa efervescência social incentivou a organização do 1º Seminário

Latino-Americano de Democratização do Ensino Superior, realizado em

Salvador, Bahia, em 1960. Dois anos depois, em Curitiba, no 2º Seminário,

sai a Carta do Paraná, “que viria a se transformar na orientação política do

movimento estudantil”.29 A carta incluia seis propostas: a) que a

universidade seja a expressão do povo; b) que assuma uma perspectiva

crítica, perdendo seu caráter dogmático; c) que seja uma frente efetiva do

processo revolucionário brasileiro (democrático-burguês, mais uma vez); d)

que os cursos de conteúdo tecnizante incluam uma perspectiva social; e)

que se estruture racionalmente (luta pela introdução dos institutos e

departamentos, contra as faculdades isoladas, pela extinção da cátedra); f)

pela autonomia universitária em todos os níveis (didática, admininistrativa,

financeira e política).30

No momento histórico da configuração da Aliança Operária-Estudantil-

Camponesa e na democratização da universidade, acontece a primeira

alteração significativa no currículo de Jornalismo. Naquela época, João

Goulart no poder, a preocupação do Governo foi montar um currículo mais

34

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profissionalizante, embora sem esquecer a área humanística. Em 16 de

novembro de 1962, foi aprovado o Parecer 323, do Conselho Federal da

Educação (CFE), estabelecendo um currículo com as disciplinas divididas

em três categorias: Gerais, Especiais e Técnicas. A categoria Gerais se

concentrava numa base cultural; a categoria Especiais era voltada para o

domínio da linguagem e postura de valores; a categoria Técnicas se

destinava ao fazer jornalístico. “Os relatores também recomendavam um

entrosamento entre os programas. Assim, pela primeira vez nos estudos de

programas curriculares para o curso de Jornalismo, chamava-se a atenção

para a interdisciplinaridade.”31

Em 19 de abril de 1966 sai o Parecer 984, do CFE, também assinado pelo

relator Celso Kelly, cujo conteúdo se baseava nas diretrizes do Centro

Internacional de Estudos Superiores de Periodismo para a América Latina

(Ciespal), órgão mantido pela Unesco, com sede em Quito, Equador. Em 2

de setembro de 1966 foi publicada a Resolução s/nº, complementando o

Parecer, que recomendava que o conceito de Jornalismo compreendia todas

as formas de transmissão de notícia: jornalismo impresso, radiofônico,

televisivo, cinematográfico e ainda publicitário e relações públicas; e a

formação do jornalista polivalente. A Resolução fixou 2.700 horas-aula,

ministradas em quatro anos, e incluia as disciplinas Teoria da Informação,

Jornalismo Comparado, Redação de Jornalismo.32

Em 1969, o conselheiro Celso Kelly recomenda a criação do curso de

Comunicação Social, o currículo mínimo e a duração do curso, por meio do

Parecer 631, aprovado em 2 de setembro de 1969. Celso Kelly propunha

ainda a formação de um profissional polivalente, ou seja, um especialista em

técnicas de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda. A

idéia gerou polêmica na academia e no mercado. As delegacias do

35

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Ministério do Trabalho não tinham como enquadrar essa habilitação no

registro profissional da carteira de trabalho: “Isso criou uma celeuma muito

grande no País, porque, na verdade, tratava-se de uma tendência que

contrariava o rumo mundial do ensino de Comunicação. Quer dizer, a

comunicação vivia um período de superespecialização e o Brasil adotava

uma solução que, eu diria, era uma solução andina, porque vem dos países

andinos, de regiões pequenas, querendo criar a figura do comunicador

polivalente”, criticava José Marques de Melo.33

O professor Luiz Beltrão também criticou a iniciativa de Celso Kelly

dizendo que a escola preparava o aluno a exercer pelo menos quatro

habilitações e também confiria o esdruxulo título de comunicador

polivalente. Segundo Luiz Beltrão, o título universitário qualificava o seu

portador para ser jornalista, relacionista, redator de serviço público,

publicitário, pesquisador em comunicação, “tudo quanto não estivesse

enquadrado em qualquer profissão regulamentada”.34

Com Celso Kelly recuando, mas mantendo a polivalência, entrou em

vigor a Resolução 11/69 determinando que as escolas de Jornalismo fossem

transformadas em faculdades de Comunicação Social com as seguintes

habilitações: Polivalente, Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e

Propaganda e Editoração. Oficialmente, pela primeira vez eram exigidos

órgãos laboratoriais para todas as habilitações e, para o Jornalismo, o curso

deveria dispor de um jornal-laboratório e estúdios-laboratório de rádio,

televisão e cinema. Ficou determinado que caso as faculdades não tivessem

os órgãos laboratoriais, poderiam manter convênios com entidades públicas

e privadas. A formação do profissional polivalente ou do comunicador

polivalente, era o aprofundamento das Técnicas de Jornalismo, Relações

36

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Públicas e Publicidade e Propaganda. A proposta foi condenada por

instituições acadêmicas que a excluíram dos currículos subseqüentes.35

Com uma carga horária de 2.200 horas-aula, com duração de três a seis

anos, Celso Kelly dividiu o currículo em três aspectos: a) fenomenológico –

pelo conhecimento da natureza dos efeitos psico-sociais devidos à sua

atuação; b) instrumental – pelo manejo mais seguro da linguagem e pelo

treinamento especial na redação; c) cultural – por uma formação básica

extremamente atualizada, com fundamentos nas humanidades.36 O currículo-

mínimo estabeleceu, no ciclo introdutório, disciplinas cujo conhecimento

considerou comuns e fundamentais a todas as áreas da comunicação. Uma

segunda parte da carga horária foi reservada a formar profissionais para as

áreas específicas: Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda.

Editoração, Documentação e Divulgação Oficiais e Pesquisa em

Comunicação. Para as quatro primeiras ficou estabelecido o aprofundamento

de suas técnicas e mais quatro disciplinas relacionadas na Resolução 11/69.

“Não houve – ao nosso ver – um aprofundamento dos estudos sobre a

realidade dessas atividades e do que o mercado de trabalho exigia dos

relacionistas (era uma das qualidades do jornalista polivalente) e

publicitários. Em conseqüência, apesar daquela preocupação do CFE com os

profissionais da informação, estes foram prejudicados em sua formação

específica, pela introdução de técnicas inteiramente diversas daquelas que

teriam de usar no exercício do jornalismo”, avaliava Luiz Beltrão.37

O currículo mínimo tinha a seguinte estrutura: 1) Parte Comum a todas as

modalidades de habilitação de comunicadores a ser ministrada em 1.100

horas-aula, a metade estabelecida de 2.200 horas-aula. A Parte Comum era

constituída de matérias básicas mais Sociologia, integrante dos currículos de

formação Social. São as seguintes: 1) Fundamentos Científicos da

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Comunicação; 2) Ética e Legislação dos Meios de Comunicação; 3)

Pesquisa de Opinião e Mercadologia; 4) Introdução às Técnicas de

Comunicação, compreendendo prática de: a) Jornalismo Impresso,

radiofônico, televisionado e cinematográfico; b) Teleradiofusão, Cinema,

teatro; c) Relações Públicas; d) Publicidade e Propaganda; e) Editoração; 5)

Jornalismo Comparado; 6) História da Cultura e, especialmente dos meios

de comunicação; 7) Problemas Sociais e Econômicos Contemporâneos; 9)

Cultura Brasileira. Duas inseridas no currículo a escolher numa lista de

treze, entre elas Cibernética, Filosofia, Paginação e Revisão e Psicologia; e

as disciplinas de aprofundamento nas cinco áreas de habilitações. O

Jornalismo tinha Prática de Jornalismo Impresso, Radiofônico, Televisado e

Cinematográfico, Telerradiodifusão, Cinema e Teatro, e mais quatro

disciplinas entre as de livre escolha, não estudadas anteriormente. O aluno

ainda escolhia duas disciplinas entre 13 relacionadas, que são as seguintes:

1) Biblioteconomia e Bibliografia, 2) Cibernética, 3) Direito Usual, 4)

Documentação (introdução), 5) Economia, 6) Estatística, 7) Idiomas

Estrangeiros (não específica), 8) Filosofia (incluindo Lógica), 9) Paginação e

Revisão, 10) Política e Administração, 11) Produção e Emissão, 12)

Psicologia Social, 13) Redação e Edição.

Luiz Beltrão explica que as matérias práticas não podiam ser oferecidas

em bloco devido à peculiaridade de cada habilitação e também à dificuldade

de um mesmo professor ser especialista em diferentes técnicas. Assim, elas

foram desdobradas. A relação foi a seguinte: 1) Introdução às Técnicas do

Jornalismo Impresso, 2) Introdução às Técnicas do Jornalismo Radiofônico,

3) Introdução às Técnicas do Jornalismo Televisado, 4) Introdução às

Técnicas do Jornalismo Cinematográfico, 5) Introdução às Técnicas da

Teleradiodifusão; 6) Introdução às Técnicas do Cinema, 7) Introdução às

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Técnicas do Teatro, 8) Introdução às Técnicas das Relações Públicas, 9)

Introdução às Técnicas da Propaganda, 10) Introdução às Técnicas da

Editoração. O aluno escolhia ainda mais quatro disciplinas entre as não

estudadas anteriormente. Apesar de criticar o currículo-oficial, Luiz Beltrão

entendia que as disciplinas práticas reforçavam o processo ensino-

aprendizagem e exigia da escola a instalação de duas oficinas laboratoriais.

“A formação do jornalista na universidade estaria incompleta se não

incluisse o treinamento e a experimentação da atividade profissional.”38

Em 1978, o Conselho Federal da Educação fixou para o ano seguinte,

1979, o currículo mínimo para o curso de Comunicação Social com

habilitação em Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio e Televisão,

Cinematografia e Relações Públicas. A novidade era que o conteúdo das

disciplinas tinha que ter a aprovação do Ministério da Educação e como

exigência a instalação de laborátorios de rádio, telecinejornalismo e

fotográfico, redação, oficina de diagramação. De acordo com o artigo 2º, da

Resolução 3/78, as matérias que integravam o currículo mínimo foram

divididas em três módulos: a) Fundamentação Geral Humanística, b)

Fundamentação Específica, c) Natureza Profissional. O primeiro módulo

tinha as disciplinas Problemas Sócio-Culturais e Econômicos

Contemporâneos, Sociologia, Psicologia Social, Antropologia Cultural,

Cultura Brasileira, Língua Brasileira. O segundo módulo tinha as disciplinas

Teoria da Comunicação, Comunicação Comparada, Sistemas de

Comunicação no Brasil, Estética e Comunicação de Massa. O terceiro, já

profissionalizante, tinha Técnicas de Codificação, Técnicas de Produção e

Difusão, Deontologia da Comunicação Social, Técnicas de Administração,

Técnicas de Mercadologia.

39

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O parágrafo 1º estabelecia que as matérias mencionadas nos dois

primeiros módulos eram comuns a todas as habilitações e as constantes no

terceiro módulo deveriam ser aplicadas no respectivo campo profissional.

Ou seja, não havia liberdade para a escola montar o seu currículo de acordo

com a sua característica e necessidade. Na época, o Sindicato dos Jornalistas

Profissionais de Porto Alegre, em editorial no Cadernos de Jornalismo,

número 3, de setembro de 1978, recriminou a medida do Governo Federal,

usando o seguinte argumento: “O novo currículo não está em discussão. É

mais um pacote, decretado de cima para baixo, mais um ente biônico

encravado em nossa sociedade.” Os adjetivos pacote e biônico são uma

referência irônica ao pacote de março de 77, decretado pelo General Geisel,

que colocou o Congresso em recesso e estabeleceu, entre outras medidas, o

senador biônico.

Uma outra crítica feita pela direção do Sindicato de Porto Alegre dizia que

a maioria das aulas era expositiva e o professor não era jornalista. Já os

alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontaram

como uma das principais deficiências do currículo a falta de abordagem

maior dos problemas humanísticos no programa. Eles justificaram que “sem

isso se torna quase impossível ter uma visão crítica da realidade, dado

essencial à função do jornalista”.39

O professor José Marques de Melo, que participou da elaboração do

currículo de 1979, cujo estudo começou em 1977, considerava inviável o

currículo mínimo. “É uma espécie de interferência centralizante na

orientação do ensino de Comunicação, num país que tem realidades

inteiramente diferentes em seu território e cujos problemas de treinamento

do profissional de comunicação na minha opinião, não podem ser resolvidos

de modo centralizado.”40

40

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Além disso, o último semestre era reservado à atividades profissionais

supervisionadas, sob a forma de projetos experimentais na própria escola e

de treinamento nas empresas ou órgãos públicos, este sob forma de estágios

supervisionados. A carga horária não deveria exceder a 10% da carga

mínima de 2.200 horas-aula. Embora defendesse os objetivos do novo

currículo, o professor Jaci C. Maraschin, da ECA/USP, questionou a

viabilidade do estágio supervisionado: “A legislação de um órgão como o

Conselho Federal de Educação não pode se imiscuir na área da empresa

pública ou particular, ficando, portanto, na dependência da boa vontade e da

capacidade de compreensão dos homens de empresas.”41 Ele entendia que

não competia ao Conselho Federal de Educação estabelecer normas de

conduta onde o aluno deveria praticar o jornalismo, mas a iniciativa deveria

ser das escolas e do próprio aluno.

O professor José Marques de Melo criticava a possibilidade da escola

manipular o elenco de disciplinas e apontava como problema a

obrigatoriedade da implantação de laboratórios: “A formação universitária

do jornalista deve ser a que lhe dê bagagem humanística, conhecimentos

técnicos e uma visão crítica para saber colocar nas técnicas o conteúdo

básico que é o que interessa ao público leitor. Então, quando a gente fala da

ênfase da luta pelos equipamentos é porque sabe-se que historicamente a

cultura de um jornalista desenvolve-se na maior parte na sala de aula

profissional, porque tem giz e quadro negro”.42

Já o professor Wilson da Costa Bueno, ECA/USP, apontava como

positivo o novo currículo (79) a extinção da polivalência, a redução do

número de disciplinas, mas lembrou que não previa a iniciação às técnicas

de pesquisa em Jornalismo.43 No anterior, conhecido como currículo de

41

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Celso Kelly, de 1969, o aluno se habilitava em cinema, rádio, televisão,

jornal.

2.5 – Exigência de laboratórios

Em 1984 saia a Resolução 2/84, que dava outras diretrizes e

características ao currículo do curso de Jornalismo. Uma das medidas foi

reforçar a exigência dos laboratórios, mas preservando as disciplinas do

tronco comum, o chamado básico: Filosofia, Sociologia, Teoria da

Comunicação (obrigatórias), entre outras, e as disciplinas eletivas. Fixou

também que as disciplinas práticas deveriam corresponder a 50% da carga

horária do curso, sem contar os projetos experimentais (jornais-laboratórios,

por exemplo). “O resultado é que a Resolução serviu para que muitas

escolas obtivessem um amparo legal para não oferecer nada além do que a

legislação exige.”44

O curso deveria ter uma carga mínima de 2.700 horas-aula, incluídas as

270 de atividades de projetos experimentais. Além das disciplinas

obrigatórias e as que acrescentariam ao currículo de uma lista oferecida pelo

MEC, o aluno, para se habilitar em Jornalismo, precisaria fazer as seguintes

disciplinas específicas da profissão: Língua Portuguesa: Redação e

Expressão Oral; Fotojornalismo, Planejamento Gráfico em Jornalismo;

Radiojornalismo; Telejornalismo; Técnica de Reportagem, Entrevista e

Pesquisa Jornalística; Preparação e Revisão de Originais, Provas e

Videotexto; Edição; Legislação e Ética em Jornalismo.

O professor José Marques de Melo criticou, na época, a nova Resolução

porque tinha alterações aceitáveis e outras injustificáveis e que pouco

inovava. “A esperança que muitos depositaram ingenuamente nesse novo

currículo, como solução para a crise atualmente vivida pelos cursos de

Comunicação, certamente logo se dissipará, pois o texto aprovado pelo CFE

42

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só contribuirá para manter as ambigüidades e os impasses vigentes.”45 O

professor comentou que 18 disciplinas obrigatórias significam currículo

máxino e não mínimo46 e que “agora é trabalhar para que tais exigência não

se tornem letra morta, como tantas vezes tem ocorrido em nosso país”.47 Ele

afirmou que os professores e alunos do curso de Jornalismo estavam

conscientes de que sem ter um laboratório, “as atividades didáticas

permanecerão no terreno da improvisação e do amadorismo.”48

Com a proposta de fiscalizar a aplicação dos dispositivos do novo

currículo mínimo, principalmente quanto à implantação dos laboratórios e ao

cumprimento das exigências relacionadas com a habilitação profissional dos

docentes, foi eleita, no 2º Encontro Nacional de Órgãos Laboratoriais dos

Cursos de Jornalismo, realizado de 1º a 4 de abril de 1985 em Uberaba

(MG), a Comissão Nacional de Luta pela Melhoria da Qualidade do Ensino

de Jornalismo (Conej), composta por professores, jornalistas e alunos. Neste

mesmo encontro, a comissão decidiu, entre outras tarefas, fazer um

levantamento da situação dos cursos de Jornalismo, criar mecanismos para

assessorar as instituições, avançar no debate das questões conceituais e

pedagógicas sobre laboratórios.49 Após uma década, o resultado não foi o

esperado se comparado ao da Avaliação das Condições de Oferta dos cursos

de Jornalismo, monitorado pela Secretaria de Educação Superior

(Sesu/MEC). O diagnóstico registra que a resolução 2/84 e a comissão não

conseguiram vencer a crise no processo de formação de jornalista no país.

Os tempos difíceis do regime totalitário, principalmente pós-68,

prejudicaram, não só a liberdade política, também a consolidação da

universidade brasileira como uma instituição do saber e o curso de

Jornalismo foi colocado à margem como atividade profissional. A formação

do jornalista se resumia a um embasamento teórico e desprovida de qualquer

43

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técnica. “Fracassaram, portanto, as iniciativas destinadas a superar o ensino

livresco e discursivo e a trazer para a escola situações similares àquelas que

ocorrem nas instituições jornalísticas. A formação dos jornalistas pautava-se

pelo ouvi-dizer e não pelo saber-fazer”, lembra José Marques de Melo50

Apesar de ser criticada por entidades sindicais, professores e alunos, a

nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 20 de dezembro de 1996, em seu

Capítulo IV, nos artigos 43 e 57, garante plena autonomia às instituições de

ensino superior e extingue a obrigatoriedade do currículo mínimo. Esta

autonomia possibilita que a escola tenha a liberdade de formular propostas

curriculares que atendam às expectativas do aluno e na formação de um

profissional crítico e cidadão, mas de olho nas transformações do mercado.

A reforma no ensino tem como meta a democratização, favorecer a

competição em pé de igualdade e não contribuir para manter a desigualdade

das chances. O desiquilíbrio sócio-econômico contempla a escola particular

que nasce para cobrir o deficit da escola pública, onerando a classe mais

pobre da sociedade brasileira. “A melhor das reformas permanece no papel,

se ela não se ajustar às condições de vida e aspirações dos indivíduos para os

quais é feita. A análise sociológica justamente procura revelar o abismo

entre intenção e realidade”, disse Bárbara Freitag.51

Aproveitando a autonomia estabelecida pela Lei de Diretrizes e Bases

(LDB), sob a orientação das professoras Graça Caldas e Mônica Caprino,

professores e alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de

São Paulo (Umesp), depois de vários debates, reelaboraram o currículo de

Jornalismo direcionando-o a formar um jornalista como sujeito e agente da

transformação social. “Conhecimento téorico geral e específico de sua área

de atuação e cultura humanística para fazer a necessária contextualização e

articulação histórico-crítica dos fatos de interesse público, relacionando-os

44

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com o passado para possibilitar uma análise prospectiva do futuro é o que se

deseja dos egressos do Curso.”52

O novo currículo visa acabar com a dicotomia entre teoria e prática.

Matérias, como, por exemplo, Preparação e Revisão de Provas e Originais

em Videotexto absoleta e que nada acrescentava ao currículo, foram

retiradas da grade curricular. Foram incluídas disciplinas que façam o aluno

do 1º semestre praticar o fazer jornalístico. Novos veículos laboratoriais

foram criados com a participação de outros cursos da Universidade

Metodista. “As Oficinas de Jornalismo foram criadas para levar ao aluno à

prática jornalística desde o primeiro semestre. Foram organizadas em uma

perspectiva de que fosse introduzido na prática de maneira gradativa em

relação ao grau de dificuldade, começando a produzir pequenas notícias até

chegar às grandes reportagens”, revelam Graça Caldas e Mônica Ciprino.53

Com objetivo de tornar o curso mais dinâmico e voltado para a prática

jornalística em tempo integral, formar um profissional consciente do seu

papel social e aliar teoria e prática à iniciação científica, o 8º semestre do

curso, o último, foi reservado aos projetos experimentais: vídeo-reportagem,

jornalismo digital, revista, jornal impresso, radiojornalismo, telejornalismo,

assessoria de comunicação, livro-reportagem. Para orientar o aluno a definir

a bibliografia ideal a ser consultada, as fontes de informação que vão

complementar o seu projeto, a escolher o professor-orientador e também a

assessoria metodológica, foi incluída no 7º semestre a disciplina Introdução

ao Projeto Experimental.

A nova grade curricular do curso de Jornalismo da Metodista começou a

vigorar em 2000. O ano anterior, 1999, serviu para experimentos. Na

verdade, a reforma do currículo da Metodista atende à posição do professor

José Marques de Melo. Ele defende que cada escola produza o seu currículo

45

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que atenda aos interesses local/regional mas sem se esquecer da macro-

economia, do jornalismo universal e das mudanças sócio-política.

2.6 – Diretrizes curriculares

Contribuir para a inovação e a qualidade do projeto pedagógico, assegurar

ampla liberdade na composição da carga horária, indicar tópicos e campos

de estudo e demais experiências de ensino-aprendizagem e estimular a

prática de estudo independente. Estes são alguns dos princípios que as

Comissões de Especialistas de Ensino da Secretaria de Ensino Superior

(Sesu/MEC) de cada área adotaram como parâmetro no sentido de elaborar

propostas de Diretrizes Curriculares. O processo de discussão, que envolveu

centenas de instituições de ensino, organizações profissionais, docentes e

discentes que enviaram 1.200 propostas, começou em 1997, quando da

publicação do edital 4/97. Para consolidação das propostas, a partir de

dezembro de 1998, foram realizados seminários, fórum e encontros. Depois

de inúmeros debates promovidos em cada área, as comissões redigiram

propostas para avaliação do Conselho Nacional de Educação (CNE).54

A Comissão de Especialistas de Comunicação do Ministério da Educação

e Cultura (MEC), embasada na LDB, enriquecida com sujestões

apresentadas por instituições universitárias, entidades sindicais e estudantis,

Intercom, depois de vários debates, reuniões e seminários enfocando as

habilitações em Jornalismo, Relações Públicas, Editoração, Rádio e

Televisão, Cinema, Publicidade e Propaganda, e tendo como referência

documento específico ao ensino de Jornalismo, apresentado pela Federação

Nacional dos Jornalistas (Fenaj), pelo Fórum de Professores de Jornalismo,

pelo Observatório da Imprensa e pelo GT de Jornalismo da Intercom,

elaborou texto contendo propostas de Diretrizes Curriculares da Área de

Comunicação e suas Habilitações.

46

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O texto foi redigido procurando atender a três objetivos: a) flexibilizar, b)

recomendar, c) estabelecer. O primeiro objetivo buscou a diversificação de

experiências de formação para atender a variedades de circunstâncias

geográficas, político-sociais e acadêmicas, viabilizando o surgimento de

propostas pedagógicas inovadoras e eficientes. Ou seja, a escola, livre da

exigência de um currículo mínimo obrigatório, estruturará a grade curricular

de acordo com as características da comunidade onde será inserida. O

segundo objetivo busca a qualidade do ensino e a sintonia com posições

majoritariamente defendidas pelas instituições e entidades nas reuniões,

debates, seminários realizados no primeiro semestre de 1999. Na verdade,

visa funcionar como um padrão de referência. O terceiro determina critérios

mínimos de exigência quanto à formulação e à qualidade da formação do

currículo e profissional. Funciona como parâmetro de adequação e

pertinência para os cursos de cada área.55

Algumas premissas foram recomendadas, entre elas estão os três

objetivos, no sentido de nortear as Diretrizes Curriculares. Elas orientam

sobre a importância de manutenção de todas as formações da área em um

mesmo texto para o enriquecimento pedagógico; o cuidado na elaboração do

Projeto Acadêmico para não se tornar uma mera listagem de disciplinas e

solidificar a troca e realimentação entre as escolas no campo da

experimentação pedagógica e organizacional, de pesquisa, de

desenvolvimento profissional; elaborar um currículo que possibilite ao aluno

realizar atividades optativas, estimulando-o a construir o seu currículo pleno

e de sua formação acadêmica.56 O que se busca com estas premissas é

estimular o aperfeiçoamento constante da formação, da qualidade do ensino,

mas o alcance do sucesso depende de um trabalho coletivo, também

ininterrupto, entre as escolas, comunidades, mercado e entidades.

47

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Para sistematizar as diretrizes curriculares, a comissão adotou alguns

critérios classificatórios. Eles são os seguintes: Perfil Comum e Perfil

Específico, Competências e Habilitações Gerais e Específicas, Tópicos de

Estudo e Estrutura Geral do Curso. O objetivo foi contribuir na

caracterização do curso, das habilitações profissionais, descrever o egresso

do curso de Comunicação e de cada habilitação, como a instituição

desenvolverá os conteúdos básico e específico, e para ajudar na elaboração

do Projeto do Curso, do Projeto Acadêmico e o Projeto Pedagógico foi

desenvolvido um um roteiro didático.

O perfil do egresso está dividido em Perfil Comum e Perfis Específicos. O

primeiro corresponde à formação genérica e universalista, específica e

particularizada57 do candidato a uma vaga em uma das habilitações do curso

de Comunicação. O segundo está relacionado a habilitação que o candidato

almeja e o seu grau de conhecimento sobre diferentes meios, linguagens e

práticas profissionais e de pesquisa. São os Perfis Específicos por

Habilitação.

2.7 – Perfil do jornalista

Além dos conhecimentos genérico e universalista, o perfil do egresso de

Jornalismo ficou assim caracterizado: 1) pela produção de conhecimento e

cultura voltada para seleções factuais sobre a atualidade e para a estruturação

e disponibilização de informações que atendam a necessidades e interesses

sociais no que se refere ao conhecimento dos fatos, das circunstâncias e dos

contextos do momento presente; 2) pelo exercício da objetividade na

apuração, interpretação, registro e divulgação dos fatos sociais; 3) pelo

exercício da tradução e disseminação de conhecimento sobre a atualidade

em termos de percepção geral e de modo a qualificar o senso comum; 4)

pelo trabalho em veículos de comunicação e instituições que incluam

48

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atividades caracterizadas como de imprensa e de informação jornalística de

interesse geral ou setorizado e de divulgação de informações de atualidade;

5) pelo exercício de relações entre as funções típicas de jornalismo e as

demais funções profissionais ou empresariais existentes na área de

Comunicação, e ainda com outras áreas sociais, culturais e econômicas com

as quais o jornalismo faz interface; 6) pelo exercício de todas as demais

atividades que, no estado vigente da profissão, sejam reconhecidas pelo bom

senso, pelas entidades representativas ou pela legislação pertinente, como

características do jornalista.58

As competências e habilidades também estão dispostas em dois níveis:

um geral para todas as profissões e formações do campo da Comunicação e

outro especializado por habilitação.

O primeiro nível, válido para todas as habilitações, além de cobrar do

egresso um grau de conhecimento generalista e iniciativa que ultrapasse as

competências do campo da Comunicação, tem ainda os seguintes requisitos:

1) assimilar criticamente conceitos que permitam a apreensão de teorias; 2)

usar tais conceitos e teorias em análises críticas da realidade; 3) posicionar-

se segundo ponto de vista ético-político; 4) deter um conjunto significativo

de conhecimentos e informações sobre a atualidade; 5) dominar as

linguagens habitualmente usadas nos processos de comunicação, nas

dimensões de criação, de produção, de interpretação e da técnica; 6)

experimentar e inovar no uso destas linguagens; 7) refletir criticamente sobre

as práticas profissionais no campo da Comunicação; 8) tratar problemas

teóricos da Comunicação e problemas profissionais de sua área de atuação,

estabelecendo relações factuais e conceituais de questões concretas e

pertinentes à área; 9) desenvolver competências para formação e estímulo à

aprendizagem na área da Comunicação em geral, e das especialidades

49

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incluídas em sua experiência; 10) ter competência no uso da língua nacional

para escrita e interpretação de textos gerais e especializados na área.59

O segundo nível, o campo profissional, requer do egresso uma

identificação com a habilitação que escolheu. No campo do jornalismo as

recomendações são as seguintes: registrar fatos jornalísticos, apurando,

interpretando, editando e transformando-os em notícias e reportagens;

interpretar, explicar e contextualizar informações; investigar informações,

produzir textos e mensagens jornalísticas com clareza e correção e editá-los

em espaço e período de tempo limitados; formular pautas e planejar

coberturas jornalísticas, formular questões e conduzir entrevistas; relacionar-

se com fontes de informação de qualquer natureza; trabalhar em equipe com

profissionais da área; lidar com situações novas, desconhecidas e

inesperadas; compreender e saber sistematizar e organizar os processos de

produção jornalística; desempenhar funções de gestão e administração

jornalística; desenvolver, planejar, propor, executar e avaliar projetos na área

de comunicação jornalística; avaliar criticamente produtos, práticas e

empreendimentos jornalísticos; compreender os processos envolvidos na

recepção de mensagens jornalísticas e seus impactos sobre os diversos

setores da sociedade; identificar e equacionar questões éticas de jornalismo;

buscar a verdade jornalística, com postura ética e compromisso com a

cidadania; manter-se crítico e independente, no que diz respeito às relações

de poder e às mudanças que ocorrem na sociedade; dominar a língua

nacional e as estruturas narrativas e expositivas aplicáveis às mensagens

jornalísticas, abrangendo-se leitura, compreensão, interpretação e redação;

dominar a linguagem jornalística apropriada aos diferentes meios e

modalidades tecnológicas de comunicação; assimilar criticamente conceitos

que permitam a compreensão das práticas e teorias jornalísticas,

50

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repercutindo-os sobre sua prática profissional; ter as demais competências e

habilidades que caracterizam o trabalho nas circunstâncias em que o

jornalismo é normalmente inserido.60

2.8 – Tópicos de estudo

Os Tópicos de Estudo estão divididos em Conteúdos Básicos e Conteúdos

Específicos. O primeiro envolve o conhecimento teórico e prático, as

reflexões e as aplicações relacionadas ao campo da Comunicação e à área

configurada pela habilitação específica. Ou seja, a formação do graduando

também passa pelo campo geral da Comunicação, além da habilitação

específica. O que se busca é a formação crítica do graduando em todas as

áreas do conhecimento relacionados ao campo da Comunicação.

Isso significa permitir ao aluno aprender e lidar com teorias gerais e

específicas; propiciar ao graduando um estoque de informações sobre

variados aspectos da atualidade; assegurar ao aluno o domínio e reflexão das

linguagens das técnicas e tecnologias nos processos e nas habilitações de

comunicação; fortalecer a cidadania, os direitos humanos, a liberdade de

expressão, a pluralidade de idéias, a justiça social, a democracia e o saber

posicionar sobre o exercício do poder da comunicação. Estes conhecimentos

são assim categorizados: conteúdos teórico-conceituais; conteúdos analíticos

e informativos sobre a atualidade; conteúdos de linguagens, técnicas e

tecnologiais midiáticas; conteúdos ético-políticos.61

Os Conteúdos Específicos são aqueles que a instituição elege, livremente,

para organizar o seu currículo pleno. É recomendado que a instituição defina

como meta as reflexões e práticas da habilitação específica, mas tendo como

referencial básico o perfil comum do egresso, as competências e habilidades

gerais e por habilitação e os conteúdos estabelecidos nas diretrizes

51

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curriculares. A meta é sempre atingir os objetivos estabelecidos no projeto

pedagógico.62

A duração mínima estabelecida é de 2.700 horas-aula. A oferta não deve

ser inferior a quatro anos ou oito semestres letivos. Já o estudante terá a

possibilidade, na medida de sua competência, de fazer o curso em tempo

inferior a quatro anos, se a estrutura de oferta for por créditos. A duração

máxima fica a critério da instituição.

Fica livre à instituição incluir no currículo o estágio supervisionado –

observadas as disposições e restrições legais de cada habilitação. O

jornalismo é uma delas – e atividades complementares. O texto estabelece

que o estágio supervisionado é o estudo e prática de atividades externas à

escola. Já as atividades complementares são instrumentos que a escola pode

usar no sentido de incentivar o estudante a se relacionar com a realidade

social, econômica e cultural, de orientá-lo à iniciação científica e ao ensino e

ampliando a autonomia do estudante para organizar seu horário, objetivos e

direcionamento. Na verdade, é a flexibilidade de carga horária para fugir do

padrão turma/docente/horas-aula semanais. As atividades devem ser

orientadas e supervisionadas por professores para melhor atendimento dos

objetivos pedagógicos.

O número máximo de horas dedicadas à atividades complementares não

pode ultrapassar 20% do total da carga horária do curso, não incluídas nesta

porcentagem as horas dedicadas ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

ou Projetos Experimentais. “Para que isto não seja mera antecipação do

futuro ingresso no mercado de trabalho, é fundamental que o estágio seja

orientado por objetivos de formação do futuro profissional; e que seja

supervisionado criticamente, o docente supervisor interagindo efetivamente

52

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com os aportes recebidos pelos estudantes nas circunstâncias concretas do

Estágio.”63

2.9 – Estrutura Geral do Curso

A estrutura geral define as características pedagógicas, a qualidade do

curso: docente, administrativo e técnico, as condições do prédio,

equipamentos, o tipo de serviço a ser prestado, a integração com o mercado

e sociedade e procedimentos de auto-avaliação. Viabiliza as atividades de

ensino, pesquisa e extensão. Sem ela, o espaço de reflexão e disseminação

do conhecimento torna-se inviável. Para concretização da realidade

projetada, a estrutura do curso deve ser expressa em um Projeto Acadêmico.

O Projeto Acadêmico deve evidenciar a necessária articulação entre as

concepções gerais, os conteúdos curriculares e os diversos formatos

pedagógicos (aulas preletivas, laboratórios, oficinas, estudo orientado,

trabalhos de conclusão de curso e outras atividades). Deve ainda prever e

expor todas as características de estrutura e de funcionamento do curso, os

padrões e métodos para garantir a qualidade do curso.

No Projeto Acadêmico é preciso constar a estrutura de oferta que pode ser

seriada anual, seriada semestral, por créditos ou módulos. Por exemplo, se a

estrutura de oferta for por créditos, o projeto deve prever a integração das

várias disciplinas e atividades para evitar uma mera acumulação dispersa de

créditos. Ou seja, ao final do curso, o aluno somou disciplinas e não adquiriu

conhecimentos necessários à sua formação profissional e humanística. O

mesmo cuidado e zelo deve ser dado à estrutura de oferta seriada ou

módulos.

O Projeto Acadêmico deve expressar o perfil do corpo docente que deseja,

estabelecer a titulação mínima; definir o regime de trabalho (horista,

integral); orientar e estimular a capacitação didático-pedagógica, pós-

53

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graduação em níveis de especialzação, mestrado e doutorado do professor; e

organizar um plano de carreira profissional para os professores.

O Projeto Acadêmico deve prever e divulgar a dimensão, a diversidade de

especialidades e a qualificação do corpo técnico-administrativo responsável

pelas atividades de apoio; o número, tamanho, sempre compatíveis com a

quantidade de alunos e docentes, das salas de aula e sala de professores;

espaços físicos destinados às atividades de pesquisa e extensão; laboratórios

voltados para as habilitações específicas, levando em consideração os

diferentes suportes tecnológicos necessários à prática; produtos de uso

laboratorial para formação prático-profissionalizante; um sistema de dados

englobando: biblioteca e hemeroteca, acervo com arquivo de som, imagens e

fotografias; as condições físicas de cada compartimento do prédio,

assegurando os níveis de claridade, ventilação, conforto e adequação à saúde

coletiva.

O Projeto Acadêmico deve assegurar uma efetiva interação com a

sociedade, cumprindo sua responsabilidade de fornecer recursos humanos

qualificados ao mercado de trabalho e de aperfeiçoar o próprio

funcionamento social através de suas perspectivas inovadoras e críticas. Para

isso se consolidar, é importante manter atividades regulares de extensão; a

integração das atividades de formação com os veículos e estruturas de

serviço e produção de comunicação da própria instituição (jornal impresso,

emissora de rádio e televisão, agências de notícias etc); promover e adequar

o curso às condições sócio-econômicas e culturais da região em que estiver

localizado, valorizando as habilitações frente às demandas sociais da região.

O Projeto Acadêmico deve prever ainda as linhas pertinentes aos

procedimentos de acompanhamento e avaliação. Para viabiliar o processo de

qualidade da formação, é preciso descrever os instrumentos e processos que

54

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a própria instituição utilizará para corrigir problemas ou redirecionamento do

curso, em busca do aperfeiçoamento qualitativo; manter estreito contato com

o mercado de trabalho com o objetivo de observar seu funcionamento e

encaminhar avaliações e propostas de melhoria da qualidade de ensino;

divulgar o seu projeto pedagógico no sentido de receber sugestões e críticas

externas à escola que possam oferecer novos rumos ao curso; formar, pelo

voto direto, uma comissão representativa com participação de todos os

setores da escola; definir os parâmetros de auto-avaliação como estímulo

didático-pedagógico e político para o exercício da cidadania.

No Projeto Acadêmico deve constar também: Proposta Pedagógica, Corpo

Docente, Estruturas de Serviço e Infra-estrutura Material, Modos de

Integração com a sociedade e mercado de trabalho e procedimentos de

acompanhamento e avaliação.

A Proposta Pedagógica envolve os conceitos e objetivos que dão

organicidade ao curso e demais indicadores que explicitem o projeto de

formação. Para expor com clareza a Proposta Pedagógica, alguns requisitos

devem ser especificados. Entre eles estão as disciplinas e atividades da Parte

Geral para qualquer habilitação; as disciplinas de caráter obrigatório e

optativo; a adequada integração teoria e prática para evitar o exagero teórico

ou prático; a abertura do currículo para incorporação de novas disciplinas; o

efetivo envolvimento de discentes em atividades curriculares de pesquisa;

projetos de pesquisa previstos como atividades curriculares; formas de

distinção, valorização e divulgação do Trabalho de Conclusão de Curso

(com esta denominação ou como Projetos Experimentais), caracterizando-o

como conclusão da formação profissional.64

2.10 – Prazo para implantar laboratórios

55

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A Resolução 2/84 do Conselho Federal da Educação (CFE) fixou o prazo

de três anos para implantar os laboratórios para a prática profissional durante

o período de aprendizagem jornalística. A medida governamental não foi

colocada em prática pela maioria das escolas de Jornalismo porque não

oferecem ao aluno laboratórios em condições de uso que satisfaçam a

necessidade técnico-pedagógico. A confirmação desta realidade é o

resultado do processo de avaliação dos cursos de Jornalismo promovido pelo

MEC/Sesu em 1999. Boa parcela das escolas não dispunha de laboratórios

para a prática jornalística, principalmente as federais. “Ninguém aprende a

fazer reportagem ou entrevista fora do caso concreto, por devaneio ou

imaginação. E fazendo-as, a rigor, ao vivo, delas não tirará fruto apreciável

se as não vir publicadas”, ensina Carlos Rizzini.65

A Resolução 2/84 determinou às escolas publicar no mínimo oito edições

do jornal-laboratório ao longo do ano letivo, com no mínimo oito páginas,

em formato tablóide ou estandard e que corresponda às características do

veículo jornalístico regional. Mesmo assim, a determinação do governo não

é levada em consideração. Não muitas as escolas que mantém um jornal-

laboratório em atividade permanente e com periodicidade regular. Entre elas,

por exemplo, estão o Entrevista (UniSantos), Jornal do Campus (ECA/USP)

e Rudge Ramos Jornal (Umesp).

Estipulou também que a redação laboratorial deveria ter uma máquina de

escrever para cada aluno, no máximo 45 alunos por redação, um ramal

telefônico por redação e um teletipo de agência de notícias. Requisitos que

ainda prevalecem mas os esquipamentos foram substituídos pelo computador

e pela Internet.

Considerada uma das melhores faculdades de Jornalismo do Brasil, a

Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP), fundada em 1967, serviu de

56

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exemplo para registrar a precariedade da infra-estrutura laboratorial

brasileira. Depois de 16 anos de funcionamento, em 1983, o projeto

laboratorial impresso foi colocado em prática, denominado Jornal do

Campus. “Nesse intervalo, o aprendizado prático das noções teóricas de

Jornalismo, disseminadas pelos professores, em sala de aula, se fez através

de um outro projeto laboratorial estruturado de forma alternativa: a Agência

Universitária de Notícias.”66

O aluno da ECA tem como atividade prática no 1º semestre do curso a

produção e difusão do Mural do Campus. Nos dois semestres seguintes, ele

se integra à equipe responsável pelo funcionamento da Agência

Universitária de Notícias. Com noções básicas do fazer jornalístico, o aluno

tem no 4º e 5º semestres o Jornal do Campus.67

A escola de Jornalismo não pode permanecer a reboque do mercado. Na

verdade, ela deve ser o espaço de criação, da inovação e o banco de idéias.

Hoje ainda se observa que há um descompasso entre a escola e a mídia.

Enquanto a primeira não consegue estimilar no aluno o processo jornalístico,

a segunda continua atraindo cada vez mais cedo o futuro jornalista. Esta falta

de sintonia acaba prejudicando a formação cultural e acadêmica do estudante

que ao enfrentar o cotidiano de uma redação, quase que exclusivamente

participando da produção em massa, não tem tempo para reflexão. Por isso,

foi implantado nos cursos de Comunicação Social o Projeto Experimental

(PE), de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Educação (CFE),

número 3, de 12 de abril de 1978.

Mas num estudo feito entre abril e junho de 1997, Samantha Viana

Castelo Branco Rocha, mestranda em Jornalismo ECA/USP, trabalho

apresentado na Intercom em Recife/98, conclui que a maioria das escolas

desvaloriza a produção e pesquisa científica.68 O estudo teve como

57

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parâmetro três instituições: uma pública, uma particular e outra confessional.

As selecionadas foram a Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero,

Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP) e Pontíficia Universidade

Católica de Campinas (PUCCAMP). Duas estão localizadas na capital

paulista e outra no interior de São Paulo.

Uma das conclusões da autora é que as três escolas pesquisadas não

cumpriram as normas estabelecidas pela Resolução do CFE número 2/84, no

tocante aos Projetos Experimentais. “É necessário colocar que essa

desobediência às normas do CFE é decorrente da ausência de fiscalização

criteriosa e contínua dos cursos de Jornalismo pelo MEC, bem como da

necessidade de atualização permanente dos currículos.”69 Ela também

observou que a desinformação dos alunos do último ano é preocupante

quando comprova-se que não há, nas escolas, um compromisso de

divulgação sistemática e esclarecimento das normas do CFE e das próprias

instituições. Outra dificuldade, mas levantada pela professora Sonia Aguiar,

cinco anos antes do trabalho de Samantha, é a “falta de instrumental teórico

para fundamentar as análises que os alunos se propõem a fazer.”70

É preocupante porque a cidade de São Paulo concentra 6 cursos de

Jornalismo, já avaliados pelo Provão, formando anualmente mais 800

jornalistas, e é a região mais rica e desenvolvida do Brasil. Só as Faculdades

Integradas Alcântara Machado (Fiam) formam anualmente entre 300 e 320

jornalistas.

O trabalho de Samantha sobre Projetos Experimentais aponta os

problemas e apresenta algumas sugestões e recomendações com o objetivo

de melhorar a qualidade das pesquisas nas escolas de Jornalismo. Uma delas

é a fiscalização criteriosa e contínua das condições laboratoriais e recursos

58

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técnicos dos cursos de Jornalismo pelo MEC. Uma outra é a reciclagem

permanente do corpo docente.

As direções das escolas, principalmente as particulares, ainda estão

atreladas aos antigos conceitos de formação profissional e de baixo custo

operacional. A implantação dos Projetos Experimentais, com certeza, exige

investimentos e requer professores titulados. O resultado do Programa de

Avaliação das Condições de Oferta dos Cursos de Jornalismo, versão 1999,

organizado pelo MEC, do qual participei, confirma as deficiências das

faculdades.

2.11 – Processo ensino-aprendizagem

Eduardo Medistch, professor da Universidade Federal de Santa Catarina,

observa que “o homem não deve apenas ser colocado como o sujeito de seu

ato de conhecimento, mas deste como momento da transformação do

mundo”.71 Na verdade, o que também ocorre é que o ato de conhecimento é

o momento de transformação do aprendiz. Ou seja, é a atividade prática

exercida pelo futuro jornalista na academia. Ou melhor, neste caso

expecífico, o ensino e aprendizado se integram e formam as atividades

educativa e produtiva. É o pensar e o fazer.

O sentido do processo ensino-aprendizagem é a construção, modificação,

organização, utilizados pelo aluno para analisar e interpretar o conhecimento

acadêmico. “A vida universitária caracteriza-se pela descoberta, recepção,

manuseio, introjeção e assimilação de informações novas, que possibilitam o

desenvolvimento intelectual do indivíduo e oferecem recursos para o

domínio – mesmo que parcial – de uma ou mais áreas do conhecimento.”72

Neste processo, destacam-se e se interagem, o aluno e o professor, cada um

cumprindo o seu papel. E a disciplina? Ela é “um componente da estrutura

curricular. Sua função é tratar com especificidade um determinado tema,

59

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corroborando o processo ensino-aprendizagem e pautando a ação do

docente.”73 Na verdade, é na aula ou numa redação laboratorial que o

professor expõe ao futuro jornalista uma visão mais completa possível de

uma área do conhecimento. “O espaço compreende a relação pedagógica no

processo educacional, portanto é físico, é intelectual, é cultural, é ideológico,

é emocional, é conteudista, é sistêmico, é comunicativo.”74 Enfim, é o

processo ensino-apredizagem, cuja ação teórica e prática deve apontar uma

formação acadêmico-profissional consciente e consistente.

A aprendizagem significativa e participativa depende de uma motivação.

Isto é, o futuro jornalista precisa tomar para si a vontade de aprender e

colocar em prática o conhecimento recebido ao longo do curso. Para oferecer

condições favoráveis ao processo ensino-aprendizagem e que ele se

manifeste e prevaleça “é necessário que o professor proponha situações

didáticas com objetivos e determinações claros, para que o aluno possa

tomar decisões pensadas sobre o encaminhamento das suas atividades

acadêmicas”.75

Não se deve acreditar que a ausência de erros na produção jornalística na

escola é a manifestação do aprendizado e que a experiência foi um sucesso

porque o aluno se mostrou eficiente ao repassar o conhecimento, mas sem

interpretá-lo. Assim não ocorre o momento da transformação. “A superação

do erro é resultado do processo de incorporação de novas idéias e de

transformação das anteriores, de maneira a dar conta das contradições que se

apresentam ao sujeito para que ele possa alcançar níveis superiores de

conhecimento.”76

Agora, para que se estabeleça caminhos de mão-dupla entre a ação e

reflexão que também compõem o processo ensino-aprendizagem,

principalmente porque aprender é uma dura tarefa, na qual se convive o

60

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tempo inteiro com o que não é conhecido, é importante que exista uma

relação de confiança e respeito mútuo entre professor e aluno. “Se, ao

contrário, for uma experiência de fracasso, o ato de aprender tenderá a se

transformar em ameaça, e a ousadia necessária se transformará em medo e

ocorrerá a manifestação de desinteresse.”77

A viabilidade do processo ensino-aprendizagem não se resume ao esforço

concentrado do aluno, da oralidade e organização do professor, dos recursos

didático-pedagógicos, de bons laboratórios, se não houver um projeto

educacional que valorize e contemple a interdisciplinariedade. Já os projetos

práticos, além de um incentivo ao aluno, são uma peça importante no

processo ensino-aprendizagem. Às vezes, podem transmitir muito mais do

que uma aula puramente expositiva. O prático torna o aprendizado mais

efetivo e o contato com o aluno é individualizado.

Mesmo com a implantação da LDB, a maioria dos professores de escolas

particulares ainda é horista. Um exemplo são as Faculdades Integradas

Alcântara Machado (Fiam) da qual fui coordenador do curso de Jornalismo

de 1998 a 1999. Em quatro anos, de 1996 a 1999, período em que fui

professor responsável pelo jornal-laborátório, a escola formou

aproximadamente 1200 jornalistas. Todos os professores do Departamento

de Jornalismo eram e continuam sendo horistas e alguns com outras

atividades como primeira instância, sem ser a academia.

Se o MEC, ou qualquer outra entidade acadêmica não fizer um

acompanhamento corpo-a-corpo, dificilmente o inciso 3 do artigo 52, que

determina que 1/3 do corpo docente deveria estar em regime de tempo

integral, e muito menos o inciso 2 que recomenda 1/3 do corpo docente, pelo

menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado serão cumpridos.

Independente da LDB, os donos de escolas não deveriam pagar o professor

61

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por hora-aula. É um mecanismo que não exige do professor uma

responsabilidade fora da sala de aula. O professor se sente desvalorizado e

não se entusiasma em estudar e desenvolver projeto de pesquisa individual

ou que envolva alunos. A iniciação científica nunca acontece,

principalmente quando o professor horista tem uma outra fonte de renda,

sem ser a escola. “A primeira constatação é de que os professores de

Jornalismo não encaram o ensino como atividade econômica-prioritária.

Devido à baixa remuneração que propiciam e as escassas recompensas que

oferecem, os cursos de Jornalismo têm sofrido o assédio de biscateiros, isto

é, de pessoas que, em troca de salários aviltantes, se dispõem a preencher as

lacunas nos horários, ministrando quaisquer disciplinas.”78

Na avaliação do professor Wilson da Costa Bueno, ECA/USP, em um

texto de 1978, o docente em regime de hora-aula nada faz a não ser ministrar

aulas. Diante deste quadro que continua atual em muitas escolas particulares,

o resultado é o individualismo. Ou seja, cada um faz o seu papel, reduz a

interdisciplinariedade a zero e esvazia a integração com outros colegas.

Outra deficiência apontada por Wilson da Costa Bueno é o despreparo do

professor que, segundo ele, não tem condições de auto-financiar o seu

aperfeiçoamento e a escola não dispõe de verba para pagar mais do que o

tempo em que o professor permance na sala de aula.79

Independente da dedicação do professor ou do tempo disponível ao

processo ensino-aprendizagem, o seu esforço não pode ser medido pelo

número de horas-aula. “Ele precisa estudar e preparar conteúdos, elaborar

materiais, corrigir trabalhos. Além disso, o magistério exige do professor um

constante aperfeiçoamento, a compra de livros e periódicos diversos,

participação em econtros e promoções culturais que representam custos

financeiros e disponibilidade de tempo”, observa Iára de Almeida Bendati.80

62

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Diante deste quadro, o professor é obrigado a se desdobrar para manter a

qualidade das aulas.

Outro empecilho é que a maioria das disciplinas profissionalizantes ainda

são ministradas por jornalistas que atuavam em redações. Esse fenômeno

trouxe alguns problemas à formação de jornalista. Como ganhava muito

mais como jornalista, o esforço profissional se concentrava na produção

jornalística em detrimento da vida acadêmica. Por outro lado, sem uma

estrutura bibliográfica e desvinculado da pesquisa científica, o professor da

disciplina técnica, recrutado no meio profissional, não conseguia ir além da

transmissão de sua própria experiência. Sonia Aguiar aponta que este

profissional se comporta como chefe de reportagem irado ou como editor

autoritário e cheio de técnica jornalística. Segundo Sonia, este jornalista-

professor propõe uma pauta “para a próxima aula e depois devolve o texto

todo rabiscado, dizendo iradamente que está uma porcaria, sem explicar por

quê”.81

Ele é um profissional do jornalismo e não do magistério,

consequentemente não tem compromisso com os ideais da categoria e muito

menos com o aperfeiçoamento didático-pedagógico. “O professor de

Jornalismo precisa ser um pesquisador do processo ensino-aprendizagem,

pois o campo de conhecimento que pretende transmitir envolve problemas

de pedagogia que só ele próprio, através da experiência, do estudo e da

reflexão poderá resolver. Jornalismo é criatividade, ou seja, solução de

situações não programadas, que exigem, de cada vez, respostas

particulares.”82

É público que a graduação representa o início da acumulação de

conhecimentos especializados e de reflexão teórica. Eles só serão

consolidados pelo exercício profissional ou pelo aprofundamento dos

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estudos. Formalmente serão legitimados com a conclusão de uma tese de

doutorado.83

Anualmente mais de cinco mil novos jornalistas saem dos cursos. São 97

escolas no território brasileiro que têm alunos no último ano de Jornalismo,

dados do Provão 2000. E ainda são mais de 10 cursos que não têm alunos no

último ano. A maioria dos alunos que chega ao ensino de Jornalismo tem

dificuldades variadas, entre elas, a falta do hábito de leitura. “Ele foi

habituado a reagir a estímulos que conduzem sua ação a assinalar com

cruzadinhas uma resposta convincente, sem percorrer os caminhos

necessários à aprendizagem.”84 O ideal seria o aluno com conhecimentos e

habilidades que permitissem o seu preparo específico para o jornalismo.

Segundo Iára de Almeida Bendati, o aluno é dominado pela crença de que

a escola tudo deve e ele nada precisa dar em troca. “Ele está disposto a

receber idéias prontas, com ampla margem de visibilidade de uso imediato.

Ele desgasta seu entusiasmo inicial pela coisa nova.”85 Ela cita também que

o aluno se sente desmotivado pela disciplina teórica que não esteja

diretamente vinculada à sua formação profissional. Revoltado com a

realidade acadêmica e rebelde com a metodologia de ensino, o futuro

jornalista se convence de que a prática não está fundamentada na teoria.

“Idealista, romântico, ele prefere minguar na vivência cotidiana, apático ou

rebelde, semestre a semestre, até conseguir – e sempre consegue – o seu

diploma.”86 O aluno não admite a importância do seu papel no sucesso do

processo ensino-aprendizagem e transfere para a escola, professor, currículo

e até mesmo à sociedade, os motivos de suas ineficiências.

O aluno tem de ser atuante, dinâmico, resistente às barreiras da profissão.

Mas não é isso que acontece na realidade. Há uma outra face que preocupa

os professores empenhados na capacidade reflexiva e técnica do jornalista: a

64

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visão dos profissionais do mercado. “O que é grave é a falta de memória e

de informação geral. Por aqui passaram pessoas que não sabiam o que foi o

AI-5”, espanta-se Fernando Molina, da Folha de S. Paulo, no Rio.87 Evaldo

Costa, do Jornal do Commercio, de Recife, aponta “a falta de clareza nos

textos e os erros ortográficos.”88

O professor Bernardo Kucinsky, ECA/USP, diz que a escola não pode

preparar o aluno somente para o mercado e nem criticá-lo. “Nós devemos

criar um aluno que estabeleça o que eu chamo de um conflito produtivo com

o mercado, isto é, se ele não aceita o mercado como é, deve ter condições

para mudá-lo.”89 Para o professor José Marques de Melo, o aluno que

desejar ter uma formação mais abrangente deveria fazer mais cursos fora da

escola de Jornalismo. “Se ele quer ser repórter político, por que não fazer um

curso de política na Faculdade de Ciências Sociais?”90

Diante da impasse e a crise constante das escolas de Jornalismo e com a

pretensão de “moldar” o futuro jornalista ou o recém-formado à realidade

empresarial, os principais jornais brasileiros criaram cursos complementares.

Entre eles estão o jornal O Estado de S. Paulo que criou o Curso Intensivo

de Jornalismo Aplicado e seu coordenador Francisco Ornellas reconhece que

é preciso propor alternativas e não apenas combater a qualidade da escola.91

Nesta mesma linha e aberto aos jornalistas da casa, o jornal gaúcho Zero

Hora tem o seu curso de jornalismo aplicado.92 A Editora Abril mantém o

Curso Abril de Extensão em Jornalismo e a Folha de S. Paulo tem o projeto

Trainee.

2.12 – Provão e qualidade

O Ministério da Educação e Desporto (MEC) com o objetivo de certificar

o que o aluno aprendeu e verificar a qualidade da biblioteca, dos professores,

laboratórios e equipamentos e projeto pedagógico criou o Sistema Nacional

65

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de Avaliação do Ensino Superior e, implantou, em 1996, o Exame Nacional

de Cursos, o Provão. “O Provão oferece um indicador importante sobre a

formação do aluno. Mas, para avaliar com precisão a universidade, usamos

outros instrumentos compatíveis com o grande número de atividades

desenvolvidas por ela”, comenta o secretário de Ensino Superior do Mec,

Abílio Baeta Neves.93

Em 1998, as escolas de Jornalismo também participaram do Provão. O

objetivo era oferecer subsídios para a melhoria de qualidade dos cursos de

graduação em Jornalismo no Brasil, mas a iniciativa do MEC gerou

polêmica e protestos de alunos contrários ao critério de avaliação.

Acreditando na validade do Provão no sentido de elevar a qualidade do

ensino superior brasileiro, o ministro da Educação, Paulo Renato, faz a

seguinte análise: “Independente da profissão, todo cidadão precisa ter um

nível geral de conhecimento e condições para ampliar seus horizontes, seu

campo de ação na nova concepção mundial do exercício profissional.”94

O Provão tem como características forçar as escolas e reavaliar o

currículo. Neste aspecto, o professor de Jornalismo da Universidade Federal

do Espírito Santo, Victor Gentilli, afirma que a “esquizofrenia dos cursos

terá que ser quebrada na marra”.95 Ele argumenta que as escolas ensinam

teoria da comunicação e não de jornalismo. Sendo avaliada regularmente,

segundo Victor Gentilli, “a universidade não perde sua função essencial: a

crítica”.96

O coordenador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da

Unicamp (Labjor), Carlos Vogt, entende que o Provão propicia ao futuro

jornalista cenários favoráveis para reflexão crítica e a uma revisão e

qualificação dos cursos de Jornalismo, mas faz um alerta: “Isso é bom,

porque cria o hábito da avaliação contínua e sistemática do nosso ensino

66

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superior; pode ser ruim se, desaparecendo a novidade, restar apenas a rotina

de mais uma prova que, embora em ão, fique confinada somente ao

exercício anual de um teste de capacidade profissional sem agregar outras

modalidades mais amplas de avaliação institucional.”97

O jornalista e coordenador do Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado de

O Estado de S. Paulo, Francisco Ornellas, alega que o ministro Paulo Renato

tem outros métodos de avaliação. Ele cita exemplos inglês, francês, alemão,

onde não há exigência para o exercício da profissão e os sindicatos da

categoria mantém programas de treinamento. Segundo Ornellas, nada

impediu que o número de detentores de diploma de Jornalismo crescesse nos

últimos 30 anos.98

Na mesma linha de raciocínio de Ornellas está Luiz Paulo Horta,

coordenador de treinamento do jornal O Globo. Ele lembra que a Oxford,

universidade inglesa, e Harvard, universidade americana, não construiram os

seus prestígios por acaso e, por isso, fazem o próprio controle de qualidade.

“O problema, aqui, é um pouco mais complicado, a partir da definição (se é

que existe) do que seja um bom ensino de jornalismo…Não se consegue ver

muito bem, examinando os currículos, em que é que um desses cursos se

diferencia do outro; em que é que eles se habilitam, realmente, a oferecer

profissionais bem formados.”99 Luiz Paulo Horta diz que é preciso

estabelecer padrões mínimos de qualidade.

Para o professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Elson Faxina,

o Provão trouxe a preocupação com a qualidade de ensino nas universidades.

“Antes, elas eram uma grande caixa fechada, um verdadeiro feudo, que

agora passa a ser exposto ao público.”100 Nilson Lage, professor da

Universidade Federal de Santa Catarina e membro da comissão de

Jornalismo que estabeleceu parâmetros e diretrizes para a prova de

67

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Jornalismo, é céptico quanto ao Provão como salvador do ensino de

Jornalismo. “Definiria o Provão como um sistema de avaliação que só terá

sentido se complementado com outros critérios, como a titulação de

professores, contratação com tempo corrido, instalação de laboratórios e

autonomia acadêmica.”101

Já o também professor da Universidade Federal de Santa Catarina,

Eduardo Meditsch, opõe-se ao Provão como instrumento de avaliação dos

cursos de Jornalismo. No seu entender, a categoria dos jornalistas, os

empregadores e a sociedade civil deveriam ser os avaliadores porque têm

independência e real interesse na qualidade da formação profissional. “A

avaliação pode ser um instrumento extraordinário para a melhoria deste

ensino, mas também pode ser apenas um argumento falacioso para o partido

eventualmente no poder impor o seu programa de governo à sociedade. Vai

depender da grandeza e da competência de quem a conduzir.”102

O coordenador geral da Executiva Nacional dos Estudantes de

Comunicação Social (Enecos), Vitor Fraga, diz que é preciso fazer uma

discussão ampla do papel do ensino de comunicação, dos projetos

pedagógicos dos cursos, que, segundo ele, muitos deles são apenas um

amontoado de disciplinas desconexas. “Não adianta fazer um ranking das

escolas e continuar permitindo a abertura indiscriminada de cursos que desde

o início não têm a menor condição de estar funcionando.”103 Vitor Fraga

afirma ainda que a entidade quer é uma avaliação permanente e que respeite

as diferenças regionais.

2.14 –Condições de Oferta

Visando diagnosticar a qualificação do corpo docente, organização

didático-pedagógico e instalações dos cursos de Jornalismo, a Secretaria de

Educação Superior (Sesu/MEC) implantou o programa de Avaliação das

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Condições de Oferta. A primeira avaliação ocorreu entre outubro e

novembro de 1999 e fevereiro de 2000. A segunda estava prevista para o

segundo semestre de 2001. Professores de Jornalismo de várias escolas

foram os avaliadores. Convidados da Sesu, eles foram treinados para o

exercício de avaliador. A comissão era formada por dois docentes que não

pertenciam à escola que seria avaliada e, na maioria das vezes, não eram da

mesma cidade ou Estado.

Em 1999 foram avaliadas 86 escolas de Jornalismo e em 2000 três, mas

não foram computadas no relatório final da Sesu de 25 de janeiro de 2001. O

conjunto de resultados, fruto de uma investigação feita por comissões de

professores, não é plausível com as propostas de Diretrizes Curriculares e a

maioria das escolas não atendeu às determinações da Resolução 2/84 que

pede, por exemplo, laboratórios equipados para a produção e difusão de

veículos laboratoriais. O três quadros apresentados neste tópico

(Organização Didático-Pedagógica, Corpo Docente e Instalações)

comprovam que o ensino de Jornalismo no Brasil nunca recebeu a merecida

atenção por parte do governo e muito menos pelos donos das escolas.

O que chama mais atenção dos três quadros são os números do quadro

estatítico Instalações. 70.9% das escolas tiraram Condições Insuficientes

(CI); e 63.4% das escolas particulares (52) não tinham instalações ou não

eram adequadas ao curso de Jornalismo. É preocupante porque não há teoria

sem prática. Em verdade, o aluno ganha conhecimento mas não o transforma

em prática num veículo laboratorial. Nenhuma escola tirou nota Condições

Muito Boas (CMB) nesse item. O que deveria ser uma obrigação passou a

ser uma virtude. Os requisitos que compõem as Instalações são pertinentes

ao projeto acadêmico e ao exercício de Jornalismo: número e adequação de

salas de aula, ventilação, iluminação, equipamentos didáticos, acesso e

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acústica, salas para professores, um computador por aluno em sala para

disciplinas técnicas, estúdio de rádio e televisão, biblioteca, acesso à Internet

e outros.

Os números da Organização Didático-Pedagógica também não são

animadores. 42 escolas tiram nota CI, representando 48.8% do total. Índice

alto se considerarmos os itens observados: grade curricular,

interdisciplinaridade, integração entre teoria e prática, disciplinas teóricas

vinculadas ao Jornalismo, correspondência do currículo às habilidades e ao

perfil profissional, núcleo de apoio, fomento e acompanhamento da

pesquisa, mínimo de 10% dos professores envolvidos em projetos de

pesquisa, produção científica e técnica, produtos jornalísticos gráficos de

circulação periódica. A única escola particular com CMB foi uma

confessional: Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Já o Corpo Docente está mais homogêneo. Há um equilíbrio entre as

escolas, prevalecendo as Condições Boas (CB), representando 44.1% do

total. O professor foi avaliado obedecendo às seguintes qualificações:

dedicação ao curso, titulação acadêmica de disciplinas não técnicas e

disciplinas técnicas (stricto sensu), formação específica, disciplinas

ministradas em pós-graduação, produção científica, especialização completa,

critérios para progressão do docente, qualificação e regime de trabalho do

coordenador do curso de Jornalismo, atividade acadêmica extra-classe,

programa de capacitação do docente, experiência profissional como

jornalista, produção jornalística, experiência de magistério superior e relação

média aluno/docente.

Os dados e números deste tópico foram retirados do site

WWW.Inep.Gov.Br.

Organização Didático-Pedagógica

70

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CMB CB CR CI SC Total

Federal 2 5 4 13 0 24

Estadual 0 1 2 3 1 7

Municipal 0 1 2 0 0 3

Privada 1* 13 12 26 0 52

Total 3 20 20 42 1 86

Corpo DocenteCMB CB CR CI SC Total

Federal 4 15 2 3 0 24

Estadual 1 3 1 1 1 7

Municipal 0 2 1 0 0 3

Privada 2 18 22 10 0 52

Total 7 38 26 14 1 86

InstalaçõesCMB CB CR CI SC Total

Federal 0 1 1 22 0 24

Estadual 0 1 1 4 1 7

Municipal 0 1 0 2 0 3

Privada 0 10 9 33 0 52

Total 0 13 11 61 1 86

Legenda: Condições Muito Boas (CMB), Condições Boas (CB), Condições Regulares (CR), Condições Insuficientes (CI) e Sem Conceito (SC)* Escola confessional

2.14 – Escola Itinerante da Fenaj

Com a proposta de colaborar também com a melhoria da qualidade do

ensino de Jornalismo e propiciar ao jornalista profissional um

aprofundamento teórico de sua prática e a sua reciclagem, a Secretaria de

Formação da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) criou a Escola

Itinerante de Jornalismo. O curso é aplicado em estados ou cidades onde não

têm escola de Jornalismo. “Teoricamente a proposta da Escola é a de

desenvolver uma metodologia de trabalho que possibilite ao jornalista

assumir-se como sujeito de sua formação, estabelecendo uma relação direta

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entre a teoria e prática, bem como uma reflexão do seu papel enquanto

profissional e cidadão.”104

De novembro a dezembro de 1997, foram ministrados quatro cursos nos

Estados do Acre, Rondônia, Amapá e Tocantins, todos na região Norte do

País. Eles foram escolhidos porque não tinham escola de Jornalismo. Cada

curso teve três módulos e cada um durou uma semana. No primeiro foram

apresentadas e discutidas a principais correntes da Teoria da Comunicação,

as novas tendências do jornalismo e oficinas de texto. No segundo os

participantes discutiram os conceitos sobre os meios de comunicação de

massa e as peculiaridades; desafios e limitações do jornalismo impresso

foram transformados em pauta do dia. O último módulo foi sobre as novas

tecnologias, novas mídias, novas rede de informação e suas influências no

exercício profissional do jornalista. “Dessa forma, além da qualificação

profissional propriamente dita e apontada como uma demanda da categoria,

a Escola tem como objetivo provocar as universidades locais para a reflexão

sobre a formação profissional do jornalista, a partir da perspectiva de um

compromisso essencial com a sociedade”, disse a professora Rosa Maria

Cardoso Dalla Costa que ministrou aulas em Rio Branco (AC) e Porto Velho

(RO).105

Para realização do curso são feitos convênios com sindicatos da categoria

de jornalistas, universidades, empresas de comunicação.

2.15 – Mercado seletivo

O avanço tecnológico, o crescimento da mão-de-obra qualificada, o índice

de oferta inferior ao número de profissionais que deixam anualmente as

escolas, são indicadores que tornam o mercado aberto a uma renovação

constante mas também mais seletivo e exigente. O que caracteriza que a

disputa por uma vaga em uma redação é bem mais acirrada do que há 20

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anos, quando o Brasil se sustentava numa política informativa controlada

pelo o Estado. Um outro fator que contribui para a escassez de vagas foi a

informatização das redações, embora a quantidade de jornais seja superior

aos anos 80. O computador ajudou na agilidade da produção e difusão do

jornal mas extinguiu funções e cargos, como também diminuiu o número de

repórteres na redação porque a Internet facilitou o levantamento de dados e

tornou a comunicação mais ágil e eficiente.

Então, beneficiado pela abundância de jornalistas, o mercado ficou restrito

à mão-de-obra especializada e qualificada, principalmente nos grandes

centros urbanos. É o mercado que vai testar o conhecimento e capacidade

adquirida pelo recém-formado na academia. “E esse mercado não é o mar de

rosas esperado e a competição torna-se acirrada, ainda mais para o jovem

que, além da falta de experiência, tem contra toda uma série de

características como o despreparo psicológico e a urgência em se sentir

atuante, a qualquer preço.”106

Outro complicador na vida do recém-formado é que o mercado, em alguns

casos, privilegia a quantidade e não a qualidade porque o custo é menor.

Receita que é muito bem aplicada em jornais de bairros das metrópolis, em

jornais do interior dos principais estados e em jornais controlados por

políticos e empresários de estados do Norte e Nordeste brasileiro. Este

termômetro salarial desqualificado serve para desprestigiar a função que a

escola de Jornalismo exerce na formação do profissional.

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) listou em 1997, 400 jornais

diários e 892 com periodicidade variada. Já a Associação Nacional de

Editores de Revistas (Aner) catalogou mais de 300 títulos, distribuidos em

39 editoras (a Abril com 57, e a Globo com 41, dominam o mercado). Há

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cerca de 150 gêneros. Só as dirigidas ao público feminino são 57 títulos. É o

segmento que apresenta maior crescimento nos últimos cinco anos.107

Dados de 1997, os mais atualizados, da Secretaria de Políticas de

Emprego e Salário (SPES), do Ministério do Trabalho, registram que

existem 19.473 jornalistas na ativa. Deste total 7.753 estão nas redações de

jornais, 6.115 nos setores extra-redação (para o Ministério do Trabalho são

profissionais que trabalham em assessorias de Imprensa), 1.030 em revistas,

523 em agências de notícias, 1.335 em emissoras de rádio e 2.717 em

televisão. Um terço dos jornalistas trabalha nas assessorias de Imprensa. E

30,06% dos jornalistas com carteira assinada trabalham no Estado de São

Paulo, representando 5.853 profissionais.

Já em Brasília, 70% dos jornalistas trabalham em assessorias. O que é

normal pela peculiaridade da capital brasileira. No Rio, por exemplo, de

acordo com dados de 1997 do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio

de Janeiro, dos cinco mil associados 3 mil são assessores de Imprensa.108

Observa-se que a criação de escolas de Jornalismo indiscriminadamente e

as constantes mudanças na grade curricular contribuiram para a

descaracterização da formação do aluno. Por outro lado, trouxeram

vantagem financeira para os donos das escolas particulares. “A possibilidade

de reunir-se um número elevado de alunos, de diferentes habilitações numa

mesma classe e ter à frente um único professor, acabou por se tornar uma

prática cultuada em grande parte das escolas de Comunicação Social, até os

nossos dias”, disse Maria Elisabete Laurenti.109 Os prejudicados são o

professorado e o alunado. O primeiro porque acaba não atendendo o futuro

jornalista com a devida e merecida atenção e não faz um trabalho coletivo

como é o Jornalismo. O segundo, que mantém a escola pagando a

mensalidade, deixa de aplicar o domínio de linguagens específicas da

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profissão. Ou seja, a teoria e a prática não interagem no exercício

acadêmico.

Desde o funcionamento do primeiro curso de Jornalismo, as mudanças

sugeridas, os estudos realizados, todo o esforço despendido para a

formulação de uma proposta aceitável e viável às características tupiniquins,

vem sendo mais infrutíferos do que frutíferos. Cada vez mais o governo

adota medidas paliativas na condução do problema crônico que é formular

um currículo transparente e possível de realização. “E enquanto não

vencemos as dificuldades encontradas, representantes de outras áreas

chegam a lançar idéias sobre a eliminação das faculdades de Comunicação,

que passariam a se constituir em extensões ou cursos de especialização,

onde os graduados seriam transformados em comunicadores”, preocupa-se

Iára de Almeida Bendati.110

Este impasse acaba gerando uma instabilidade acadêmica e desconfiança

no mercado, principalmente porque o currículo não é estável e muito menos

a escola é capaz ou está em condições de receber e atender o aluno

despreparado para a vida acadêmica.

Mas é difícil prever qual é o curso de Jornalismo ideal ou o mais

equilibrado se continuar a massificação no preparo profissional com escolas

que aumentam o número de vagas sem ser dotadas de equipamentos,

laboratórios, professores titulados. Neste turbilhão de indefinições, existe

uma corrente que defende capacitar o aluno ao domínio das técnicas das

mensagens jornalísticas, outra é favorável a formar profissional vinculado ao

aspecto científico e com conhecimento humanístico. “E, para isso, o

estudante deverá aprender a conviver com o pensamento teórico,

estabelecendo as relações interdisciplinares, que estão na raiz de todo o fato

social. Que seja capaz de perceber e de especular sobre acontecimentos

75

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aparentemente banais, mas que não são resultado do acaso e que, portanto,

merecem um tratamento menos displicente do que em geral recebem”,

comenta Iára de Almeida Bendati.111

Os pioneiros cursos de Jornalismo, ao contrário dos Estados Unidos e

Europa, funcionavam como instâncias de faculdades o que gerou a ausência

de tradição interdisciplinar. “Isso inviabilizou a circulação dos estudantes

pelas áreas conexas, estreitando a grade curricular em função das

disponibilidades existentes”, lembra José Marques de Melo.112

Sendo um apêndice das faculdades de Filosofia, os cursos de Jornalismo

ficaram relegados a segundo plano até 1962 quando o Conselho Federal de

Educação aprovou o Parecer 323, criando o currículo mínimo, ou seja,

ganharam autonomia.113 Este período de dependência administrativa

provocou a dicotomia teoria versus prática. Para dificultar mais o ensino de

Jornalismo, as disciplinas eram ministradas por professores de Direito,

Filosofia, Sociologia e por alguns profissionais do mercado. Eram poucos os

professores de Jornalismo. Talvez esta seja uma das razões da atual situação

do ensino de Jornalismo: qual é o seu papel? qual é o seu caminho? “A

função da universidade (escola de Jornalismo) não é servir aos empresários

de comunicação e sim formar cidadãos capazes de ter uma ampla e crítica

visão do mundo”, responde o professor Sérgio Capareli.114

Na mesma linha de raciocínio está a professora Sonia Aguiar quando diz

que cabe à escola “fornecer aos futuros jornalistas a base de conhecimentos

necessária à compreensão da realidade brasileira, à avaliação das

informações que irão transmitir e ao conhecimento das diferentes formas de

tratamento dos fatos”.115

É inegável que existe há anos a divergência entre mercado e escola. O

MEC, controlador e administrador dos cursos de Jornalismo, na tentativa de

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evitar um caos maior na formação de jornalistas, adotou medidas que iam na

contra-mão de um curso voltado ao campo do saber e do conhecimento. Em

contrapartida, os donos das escolas particulares, o principal alvo das críticas,

ficaram à espera de uma decisão governamental, às vezes, por omissão ou

para não se comprometeram. Já o mercado, cada vez mais exigente, se

articulou e criou programas de treinamento e aperfeiçoamento para peneirar

os melhores graduandos ou recém-formados. “Reconhecemos que temos

problemas e que eles devem ser superados através do diálogo universidade-

escola”, propõe José Marques Melo.116

Quanto ao currículo, o professor José Marques de Melo entende que ele

deva atender às necessidades local e regional em que os cursos estão

situados. Ele justifica dizendo que é na cidade onde fica o curso que os

futuros jornalistas vão buscar o primeiro emprego. José Marques de Melo,

porém, faz um alerta aos professores que precisam manter-se sintonizados

com “as tendências nacionais/globais, desprovincianizando a formação

profissional, inclusive porque é legítima a aspiração dos jovens profissionais

em galgar postos de trabalho nas empresas que encabeçam as redes

midiáticas às quais estão vinculados os meios locais/regionais”.117 O

professor propõe que a escola faça um currículo cujo universo é a

comunidade em que está localizada mas sem se asfastar do Jornalismo

universal e das inovações tecnológicas, das transformações sociais e

mudanças econômicas. Ele adverte ainda que os cursos não precisam ter

longa duração. “Da mesma forma, convém pensar em estratégias de

interconexão entre graduação e pós-graduação, entre graduação e extensão,

eliminando obstáculos pedagogicamente inconsistentes.”118

2.16 – Notas e referências bibliográficas

77

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1 – NUZZI, Erasmo de Freitas. In: Revista acadêmica do programa de pós-

graduação da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. São Paulo,

Cásper Líbero, ano 1, página 8, 1998.

2 – RAMADAN, Nancy Nuyen Ali. In: Revista acadêmica do programa de

pós-graduação da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. São

Paulo, Cásper Líbero, ano 1, página 4, 1998.

3 – GENTILI, Victor. Observatório da imprensa – jornal dos debates. São

Paulo, 20 de fevereiro de 1998, página 4.

4 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

5 – MELO, José Marques de. O ensino de jornalismo no Brasil. In: O ensino

de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de Estudos de Jornalismo. São

Paulo, ECA/USP, 1972

6 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

7 – Cadernos de Jornalismo nº 3. A queixa dos nossos professores: alunos,

salários e maus colegas. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas

Profissionais de Porto Alegre, setembro/78.

8 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

9 – SILVA, Luís Custódio da. Órgãos laboratoriais: da resistência aos

novos caminhos experimentais. In: Ensino de comunicação no Brasil:

impasses e desafios. (org.) José Marques de Melo. São Paulo, ECA/USP,

1987.

78

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10 – BELTRÃO, Luiz. Estrutura curricular dos cursos de jornalismo no

Brasil. In: O Ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de estudos de

Jornalismo. São Paulo, ECA/USP, 1972.

11 – LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. A Política educacional brasileira e

os currículos de comunicação. In: Ideologia e poder no ensino de

comunicação. São Paulo, Cortez e Moraes, 1979.

12 – MELO, José Marques de. Poder, universidade e escolas de

comunicação. In: Ideologia e poder no ensino de comunicação. São Paulo,

Cortez e Moraes, 1979.

13 – Boletim da Intercom nº37. A grande polêmica do ensino de

comunicação. São Paulo, Intercom, maio/junho de 1982.

14 – LAGE, Nilson. Pela formação universitária específica dos jornalistas.

Palestra ministrada no 2º Encontro Latino-americano de Professores de

Jornalismo, realizado em São Paulo na Cásper Líbero, em agosto de 1999.

15 – Agência Facos. Juíza decreta fim da exigência do diploma de

jornalismo. Santos, Unisantos, edição 27, de 2 de novembro de 2001.

16 – Agência Facos. Juíza decreta fim da exigência do diploma de

jornalismo. Santos, Unisantos, edição 27, de 2 de novembro de 2001.

17 – Agência Facos. Sindicato repudia decisão e promete ir à Justiça.

Santos, Unisantos, edição 27, de 2 de novembro de 2001.

18 – RIZZINI, Carlos. O ensino do jornalismo. Rio de Janeiro,

Departamento de Imprensa Nacional, 1953.

19 – MEDINA, Sinval Freitas. O Ensino de Jornalismo: revisão crítica. In:

Cadernos de Jornalismo e Editoração, nº8. São Paulo, ECA/USP, junho de

1972.

20 – http://www.estado.com.br/jornal/96/10/07/SIPAO7.HTM. 06/04/98.

79

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21 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,

setembro/90.

22 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

23 – RIZZINI, Carlos. O ensino do jornalismo. Rio de Janeiro,

Departamento de Imprensa Nacional, 1953.

24 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

25 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

26 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

27 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

28 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Aqui se ensina quem vai ser submisso e

quem vai explorar. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas Profissionais de

Porto Alegre, setembro de 1978.

29 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Aqui se ensina quem vai ser submisso e

quem vai explorar. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas Profissionais de

Porto Alegre, setembro de 1978.

80

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30 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Aqui se ensina quem vai ser submisso e

quem vai explorar. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas Profissionais de

Porto Alegre, setembro de 1978.

31 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

32 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

33 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

34 – BELTRÃO, Luiz. Estrutura curricular dos cursos de jornalismo no

Brasil. In: O Ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de Estudos de

Jornalismo. São Paulo, ECA/USP, 1972.

35 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de 70. Dissertação

de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998.

36 – SÁ, Adísia. Corpo docente para os cursos de Jornalismo. In: O Ensino

de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de Estudos de Jornalismo. São

Paulo, ECA/USP, 1972.

37 – BELTRÃO, Luiz. Estrutura curricular dos cursos de jornalismo no

Brasil. In: O Ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de estudos de

Jornalismo. São Paulo, ECA/USP, 1972.

38 – BELTRÃO, Luiz. Estrutura curricular dos cursos de jornalismo no

Brasil. In: O Ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de estudos de

Jornalismo. São Paulo, ECA/USP, 1972

81

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39 – Cadernos de Jornalismo nº 3. De cima para baixo, mais um pacote:

aqui está o novo currículo. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas

Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.

40 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Currículos não mudam estrutura

bancária da universidade brasileira. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas

Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.

41 – MARASCHIN, Jaci Correia. O novo currículo mínimo de

comunicação. In: Cadernos de Comunicação Proal, nº2. São Paulo, Editora

Proal, 1977.

42 – Cadernos de Jornalismo nº 3. Currículos não mudam estrutura

bancária da universidade brasileira. Porto Alegre, Sindicato dos Jornalistas

Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.

43 – BUENO, Wilson da Costa. Seis propostas para ativar a reação contra

censura e alienação. In: Cadernos de Jornalismo nº 3. Porto Alegre,

Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.

44 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,

setembro/90.

45 – MELO, José Marques de. Currículo mínimo de comunicação: o soneto

e as emendas. In: Boletim da Intercom, nº46. São Paulo, Intercom,

janeiro/fevereiro de 1984.

46 – MELO, José Marques de. Currículo mínimo de comunicação: o soneto

e as emendas. In: Boletim da Intercom, nº46. São Paulo, Intercom,

janeiro/fevereiro de 1984.

47 – MELO, José Marques de. O ensino do Jornalismo na batalha decisiva

pela qualidade. São Paulo, Intercom 52: Revista Brasileira da Comunicação,

janeiro a junho/85.

82

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48 – MELO, José Marques de. O ensino do Jornalismo na batalha decisiva

pela qualidade. São Paulo, Intercom 52: Revista Brasileira da Comunicação,

janeiro a junho/85.

49 – MELO, José Marques de. O ensino do Jornalismo na batalha decisiva

pela qualidade. São Paulo, Intercom 52: Revista Brasileira da Comunicação,

janeiro a junho/85.

50 – MELO, José Marques de. O ensino do Jornalismo na batalha decisiva

pela qualidade. São Paulo, Intercom 52, Revista Brasileira da Comunicação,

janeiro a junho/85.

51 – FREITAG, Bárbara. Educação. In: Ensino da Comunicação. Porto

Alegre, Revista Abepec, nº3, junho de 1977.

52 – CALDAS, Graça e CAPRINO, Mônica. Formação do jornalista e

reforma curricular: a experiência da Metodista. In: Revista Brasileira de

Ciências da Comunicação, nº2. São Paulo, Intercom, julho/dezembro de

2000.

53 – CALDAS, Graça e CAPRINO, Mônica. Formação do jornalista e

reforma curricular: a experiência da Metodista. In: Revista Brasileira de

Ciências da Comunicação, nº2. São Paulo, Intercom, julho/dezembro de

2000.

54 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

55 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

56 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

57 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

83

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58 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

59 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

60 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

61 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

62 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

63 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

64 – Diretrizes Curriculares da áres de Comunicação e suas habilitações.

WWW.Inep.Gov.Br.

65 – RIZZINI, Carlos. O ensino do jornalismo. Rio de Janeiro,

Departamento de Imprensa Nacional, 1953.

66 – MELO, José Marques de. Laboratórios de jornalismo impresso. In:

Revista de Comunicação, nº 19. São Paulo, Agora Comunicação Integrada,

1969.

67 – MELO, José Marques de. Laboratórios de jornalismo impresso. In:

Revista de Comunicação, nº 19. São Paulo, Agora Comunicação Integrada,

1969.

68 – BRANCO ROCHA, Samantha Viana Castelo. Os desafios dos projetos

experimentais em Jornalismo. Intercom, Recife/98.

69 – BRANCO ROCHA, Samantha Viana Castelo. Os desafios dos projetos

experimentais em Jornalismo. Intercom, Recife/98.

84

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70 – AGUIAR, Sonia. A peleja dos sofistas. In: Revista Imprensa, nº57. São

Paulo, Feeling, maio de 1992.

71 – MEDITSCH, Eduardo. O conhecimento do jornalismo. Florianópolis.

Editora da UFSC, 1992.

72 – CARDOSO, Onésimo de Oliveira. (org.) Comunicação: Análise da

disciplina Comunicação Comparada. Série Comunicação Educativa, 12. São

Bernardo do Campo, Metodista, 1996.

73 – CARDOSO, Onésimo de Oliveira. (org.) Comunicação: Análise da

disciplina Comunicação Comparada. Série Comunicação Educativa, 12. São

Bernardo do Campo, Metodista, 1996.

74 – CARDOSO, Onésimo de Oliveira. (org.) Comunicação: Análise da

disciplina Comunicação Comparada. Série Comunicação Educativa, 12. São

Bernardo do Campo, Metodista, 1996.

75 – Síntese dos parâmetros curriculares nacionais. São Paulo, Editora

Didática Paulista, 2000.

76 – Síntese dos parâmetros curriculares nacionais. São Paulo, Editora

Didática Paulista, 2000.

77 – Síntese dos parâmetros curriculares nacionais. São Paulo, Editora

Didática Paulista, 2000.

78 – BUENO, Wilson da Costa. Seis propostas para ativar reação contra

censura e alienação. In: Cadernos de Jornalismo nº 3. Porto Alegre,

Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.

79 – BUENO, Wilson da Costa. Seis propostas para ativar reação contra

censura e alienação. In: Cadernos de Jornalismo nº 3. Porto Alegre,

Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Porto Alegre, setembro de 1978.

80 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação. Porto

Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.

85

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81 – AGUIAR, Sonia. A peleja dos sofistas. In: Revista Imprensa, nº57. São

Paulo, Feeling, maio de 1992.

82 – MEDINA, Sinval Freitas. O Ensino de Jornalismo: revisão crítica. In:

Cadernos de Jornalismo e Editoração, nº8. São Paulo, ECA/USP, junho de

1972.

83 – AGUIAR, Sonia. A peleja dos sofistas. In: Revista Imprensa, nº57. São

Paulo, Feeling, maio de 1992.

84 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação. Porto

Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.

85 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação. Porto

Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.

86 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação. Porto

Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.

87 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,

setembro/90.

88 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,

setembro/90.

89 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,

setembro/90.

90 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,

setembro/90.

91 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,

setembro/90.

92 – Revista Imprensa, nº37. O círculo de giz. São Paulo, Feeling,

setembro/90.

93 – Revista do Provão, Brasília, ano 3, número 2, 1998.

94 – Revista do Provão, Brasília, ano 3, número 2, 1998.

86

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95 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

96 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

97 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

98 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

99 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

100 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

101 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

102 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

103 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

104 – DALLA COSTA, Rosa Maria Cardoso. Escola itinerante de

jornalismo da Fenaj. Artigo apresentado pela professora na Intercom de

1998, realizada em Recife.

105 – DALLA COSTA, Rosa Maria Cardoso. Escola itinerante de

jornalismo da Fenaj. Artigo apresentado pela professora na Intercom de

1998, realizada em Recife.

106 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação.

Porto Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.

107 – Revista do Provão. Brasília, ano 3, número 2, 1998.

108 – Observatório da Imprensa. Jornal de Debates, 26/2/98.

109 – LAURENTI, Maria Elisabete. Do jornalismo à comunicação social:

estudo da criação da rede de escolas paulistas na década de sessenta.

Dissertação de Mestrado. São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 1998

110 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação.

Porto Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.

111 – BENDATI, Iára de Almeida. Teoria. In: Ensino da Comunicação.

Porto Alegre, Revista Abepec, junho de 1977.

87

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112 – MELO, José Marques de. Ensino de graduação em Comunicação

Social: paradigmas curriculares. In: Revista Brasileira de Ciências da

Comunicação. São Paulo, Intercom. janeiro/junho de 1998.

113 – D’AZEVEDO, Marcello Casado. Estrutura curricular: formação

fenomenológica. In: O ensino de Jornalismo: documentos da 4ª Semana de

Estudos de Jornalismo. (org.) José Marques de Melo. São Paulo, ECA/USP,

1972.

114 – Revista Imprensa, nº37. O círculo do giz. São Paulo, Feeling,

setembro/90.

115 – AGUIAR, Sonia. A peleja dos sofistas. In: Revista Imprensa, nº57.

São Paulo, Feeling, maio de 1992.

116 – MELO, José Marques de. In: O Círculo do giz. São Paulo, Revista

Imprensa, nº37, Feeling, setembro de 1990.

117 – MELO, José Marques de. Ensino de graduação em Comunicação

Social: paradigmas curriculares. In: Revista Brasileira de Ciências da

Comunicação. São Paulo, Intercom, janeiro/junho de 1998.

118 – MELO, José Marques de. Ensino de graduação em Comunicação

Social: paradigmas curriculares. In: Revista Brasileira de Ciências da

Comunicação. São Paulo, Intercom. janeiro/junho de 1998.

88

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3

Jornal-laboratório

O papel que o jornal-laboratório desempenha na formação do futuro

jornalista é de suma importância numa sociedade democrática. Se o

estudante assimilar que o conteúdo do jornal-laboratório não pode confundir

o leitor ao ponto de levá-lo a conclusões distorcidas, omitir dados relevantes

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e muito menos enganar a si mesmo, terá dado um grande passo na sua

formação. É oportuno enfatizar que a preocupação na formação de um

profissional responsável, crítico e ético deve ser o fio que conduz os critérios

de produção e difusão do jornal-laboratório. A linguagem não é a mesma do

jornal-empresa que se direciona mais ao real imediato, ou seja, ao fato

acontecido em menos de 24 horas, a não ser que tenha ritmo de jornal diário.

No Brasil, o factual ainda está longe de ser aplicado no Jornalismo

produzido pelo estudante. É preciso formar uma estrutura organizacional,

por exemplo, criar uma Empresa Junior que possibilite ter um jornal-

laboratório diário. A linguagem do jornal-laboratório não pode ser

meramente informativa já que sua periodicidade vai de semanal a mensal, na

quase totalidade dos casos.

Por outro lado, o estudante deve entender que o discurso jornalístico

precisa se balizar na checagem do fato para comprovar a sua veracidade. O

Jornalismo laboratorial jamais pode cometer inverdades. É atributo do

Jornalismo divulgar o que é de interesse público e não de interesse da

empresa. É um complicador a mais para o estudante que sonha trabalhar em

um grande jornal, independente da sua linha editorial. Mas a escola não pode

só se preocupar com o que o mercado oferece ou tem a oferecer ao futuro

jornalista e muito menos negligenciar o conhecimento científico. A escola

deve também se ater aos princípios básicos que regem o Jornalismo, aquele

fiel ao leitor e preciso no seu discurso. Deve formar um profissional sabedor

e conhecedor de que fazer Jornalismo é assumir um compromisso com a

comunidade, com os direitos éticos e na busca incessante da democracia. O

estudante deve desvincular (sempre) o Jornalismo do negócio. No Brasil,

não é uma tarefa fácil a ser cumprida pelas escolas, porque, segundo o

professor Manuel Carlos Chaparro, “o que temos por aqui, em larga escala,

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mandando e desmandando, são editores testas-de-ferro, apaixonados pelo

poder que têm de controlar repórteres, em relação aos quais agem,

frequentemente, como censores e adulteradores de textos”.1

É na escola que o estudante tem a oportunidade de analisar e elaborar

críticas à mídia distante da pressão empresarial e profissional e propor

alternativas. A academia é o local de troca de idéias, de conhecimento e de

manter-se crítico e independente, no que diz respeito às relações de poder e

às mudanças que ocorrem na sociedade

É bom lembrar que o jornal-laboratório não é um balcão de anúncios que

basta pagar que será publicado. E nada mais sensato do que usar as páginas

do jornal-laboratório para colocar em prática a teoria adquirida ao longo do

curso. Divulgar seu resultado, ou seja, o que aprendeu, é necessário e

primordial para a construção de um sistema educacional forte e de qualidade.

Não podemos jamais esquecer que uma sociedade bem informada e

esclarecida fortalece o processo democrático.

O horizonte do estudante precisa atravessar fronteiras, principalmente e

do conhecimento. O discurso do jornal-laboratório não pode satisfazer o ego

do estudante, dos pais e muito menos do professor/coordenador do projeto.

Aí sim teremos um jornal-laboratório pluralista, independente e racional nas

suas reportagens e análises. O estudante de Jornalismo precisa saber que o

aprender não se limita a escrever por escrever. O aprender jornalismo é um

exercício contínuo e ininterrupto. A função do jornal-laboratório é contribuir

para que o futuro profissional ganhe uma visão universal – cosmopolita –

dos acontecimentos e compreenda a importância do jornalismo na

articulação de uma sociedade igualitária.

Esses indicadores permitirão que o estudante de Jornalismo, professor e

escola possam expor de forma rigorosa, transparente e responsável, sem ferir

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os princípios da moral, da ética e do respeito pelo cidadão, independente do

seu credo, raça, cor, classe social ou econômica.

3.1 – Profissão regulamentada

A regulamentação da profissão, em 1969, exigindo o diploma para o

exercício da profissão e a pressão dos sindicatos de jornalistas para o fim do

estágio, levaram alguns cursos de Jornalismo a implantarem o jornal-

laboratório impresso como atividade jornalística no sentido de incentivar e

preparar o estudante para o mercado de trabalho, permitindo um aprendizado

prático adequado com o embasamento teórico em sala de aula.

Antes as escolas não propiciavam ao estudante treinamento para o

exercício profissional. Na verdade, as disciplinas eram mais discursivas

porque o estudante tinha a oportunidade de se aperfeiçoar fora da

universidade, estagiando nos jornais. Esse mecanismo não forçava os cursos

a colocar o jornal-laboratório como meta essencial na formação profissional.

Segundo o professor José Marques de Melo, faltavam os laboratórios

didáticos às pioneiras escolas de Jornalismo.2

A valorização do jornal-laboratório estava fundamentada na proposta de

reproduzir na universidade mecanismos de produção e difusão do fato

jornalístico sem que o futuro profissional ficasse à margem do processo

editorial da mídia. A teoria em sintonia com a prática oferece ao estudante a

oportunidade de exercitar os princípios básicos do jornalismo

compromissado com a sociedade. “Sem dúvida alguma, essa alteração

pedagógica ocorre a partir da implantação do jornal-laboratório como

trabalho sistemático, continuado e veraz dentro dos cursos de Jornalismo”,

avalia o professor José Marques de Melo.3

Apesar da obrigatoriedade, com base na Resolução 2/84, do Ministério da

Educação e Cultura (MEC), há escolas de Jornalismo que ainda não mantém

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periodicamente e com a participação efetiva do aluno, o jornal-laboratório

como atividade acadêmica. O MEC exige, no mínimo, oito edições

publicadas por ano letivo. O professor Dirceu Fernandes Lopes diz que “sob

o ponto de vista pedagógico parece não haver dúvidas da

imprescindibilidade do jornal-laboratório para o aparendizado de Jornalismo,

principalmente em países como o Brasil, onde a legislação trabalhista veta o

estágio em empresas jornalísticas.”4 O estudante não deve tomar

conhecimento do processo de produção e difusão do jornal impresso só

depois de formado. É na escola que ele deve receber o treinamento inerente

ao exercício profissional. É no laboratório didático que o estudante procura

simular situações profissionalizantes, mas sem deixar de lado a teoria.

3.2 – Conceitos de jornal-laboratório

Na visão do professor José Marques de Melo o “jornal-laboratório

constitui espaço essencial de ensino-aprendizagem para a formação de

jornalistas na universidade. Sua função é a de criar ambiente propício para a

reprodução dos processos jornalísticos, em situações práticas, vivenciadas

pelos alunos, das quais os professores extraem evidências para explicar as

teorias que embasam a profissão.”5

Já Luiz Beltrão diz que o jornal-laboratório é o instrumento didático e,

sempre que usado apropriadamente, com um planejamento racional, se

transforma no substituto da prática do treinamento nas redações6. Para Bruno

Fuser, o jornal-laboratório induz o aluno a buscar novas formas de expressão

jornalística, pela prática da experimentação. “Promove a partir da integração

entre professores, disciplinas e estudantes, o espírito de equipe e a troca de

experiências necessários para a prática e pesquisa do Jornalismo.”7

O conceito de jornal-laboratório não se limita ao espaço (sala de redação)

que a universidade oferece ao aluno e aos professores que coordenam o

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projeto. O laboratório é importante para o aluno porque o ajuda a conhecer o

jornal em vários sentidos, desde a pauta, checagem das fontes envolvidas no

assunto, entrevistas, pesquisa no banco de dados, leitura complementar e a

produção do texto. O aluno transporta para as páginas do jornal-laboratório a

vivência teórica da sala de aula, que fica distante do praticar jornalismo.

Incentivado pelo exercício, o aluno vai canalizar seu conhecimento e buscar

formas de aplicar e desenvolver sua criatividade na construção de um texto

jornalístico apurado e refinado.

Ao se exercitar no laboratório, o aluno assimila o poder de síntese, tão

fundamental para o jornalismo que, devido ao processo de seleção dos

assuntos cotidianos, publica apenas aqueles de maior interesse público. “A

síntese pressupõe a capacidade aprendida pelo aluno de se comunicar com

clareza e em poucas palavras”, avalia o professor da ECA/USP, José Coelho

Sobrinho.8 É praticando na academia que o aluno é orientado a analisar e

diferenciar o fato jornalístico daquele de interesse pessoal ou de grupos.

Ainda citando o professor José Coelho Sobrinho, a ánalise colabora para que

o aluno tenha capacidade julgadora de questionar, apurar e depurar.9 Num

jornal-laboratório o estudante tem o feedback da sua produção. É avaliado

pelo professor. É criticado pelo colega de redação e também pelo leitor. Esse

retorno, quase imediato, oferece a ele subsídios para perceber que um texto

jornalístico não deve ser redigido apenas para cumprir tarefas escolares. Ao

contrário, deve conter elementos que satisfaçam o interesse do leitor atento e

crítico. O estudante é cobrado de público em alguns casos. O que o torna

responsável e crítico na apuração do fato jornalístico.

A visão de que o jornal-laboratório serve apenas satisfazer as exigências

do MEC, o ego do professor/orientador ou do aluno, em alguns casos, não

traduz a verdade da sua representatividade na formação profissional. É

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experimentando que o aluno sente na pele as dificuldades de coletar dados,

encontrar as fontes necessárias para sustentar a sua proposta de pauta e

provar que o assunto é de interesse da comunidade. Ao manter contato com

a comunidade, o aluno passa a trabalhar de modo mais consciente, mais

sério e profissional. Na verdade, deixa de ser passivo e se transforma em um

questionador e defensor do jornal para o qual trabalha. Ele aprende que o

jornalista não é só aquele que tem um bom texto ou que conhece todas as

técnicas ou regras para redigir uma matéria jornalística, mas aquele que tem

compromisso com seu público. Essa assimilação leva o aluno a refletir que a

prática jornalística não é escrever para o colega de sala ou ao professor que o

avalia. É o laboratório que se aproxima da realidade de uma redação.

O rigor adotado na orientação do projeto, na sua produção e difusão,

principalmente em não reproduzir o padrão da grande mídia, provoca uma

mudança profunda de postura do aluno. Ele cresce, e exige de si mesmo.

Estimulado pelo corpo docente e interado do projeto didático-pedagócio,

tenderá a colocar como meta produzir matérias cada vez mais completas,

balisadas no interesse público, na ética jornalística, desvinculadas de fontes

viciadas (sempre as mesmas, como acontece em alguns casos na política) e

assuntos esgotados. O professor da ECA/USP, Bernardo Kucinsky, faz a

seguinte análise do papel da academia na formação do futuro jornalista: “…

A contradição com o mercado não é antagônica. É claro que poderá haver

um choque entre o rigor desses padrões e a chamada realidade de mercado.

Mas aí está exatamente a importância do curso não só como formador de um

intelectual orgânico, de um trabalhador intelectual consciente, mas também

como um foco de irradiação de um padrão jornalístico.”10

O jornal-laboratório é imprescindível para o processo ensino-

aprendizagem e deve seguir etapas que atendam às necessidades do

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aprendiz. Ou seja, é essencial à preparação jornalística. A professora

Cremilda Medina entende que jornal-laboratório é a teoria e a prática em

movimento.11 José Marques de Melo complementa ao afirmar que, na

medida em que está a serviço da teoria, o jornal-laboratório permite

aplicação prática de conhecimento sedimentado e “muitas vezes para negar a

própria teoria, para produzir um conhecimento novo.”12 Na verdade, é na

produção e difusão do jornal-laboratório que o estudante terá condições

instrumental e de conhecimentos teóricos para exercitar a prática jornalística

nas mais variadas funções.

O objetivo do jornal-laboratório é justamente romper a barreira de um

organismo meramente acadêmico, repetidor dos modelos existentes nas

empresas de comunicação, de divulgação e promoção de alunos, professores

e da própria entidade.

O jornal-laboratório impresso é importante para o aluno viver e conviver,

numa redação laboratorial, com as tarefas cotidianas do fazer jornalístico.

Embora as críticas de alguns jornalistas formados nas redações sejam

contrárias à formação acadêmica, o laboratório didático tem a possibilidade

de conscientizar o aluno da importância do jornalismo.

O professor José Marques de Melo mais uma vez reforça a validade do

jornal-laboratório na formação da consciência profissional. “Formar

jornalistas, sem que lhes desperte o interesse pela análise crítica dos padrões

vigentes na sociedade e sem que lhes ofereça oportunidade de testar tais

modelos em laboratórios e de criar alternativas inovadoras, é motivo de

frustração generalizada na área desde a década de 50.”13

O jornal-laboratório é o espaço onde o futuro jornalista pode colocar em

prática a sua criatividade no relato do cotidiano. O importante é que o jornal-

laboratório funcione como um núcleo de produção onde tudo é apurado,

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analisado e questionado antes de se transformar em texto jornalístico. Para

não prejudicar a utilização pedagógica do processo, é primordial que a

estrutura desse veículo não seja burocrática e tenha raízes na liberdade de

expressão, respeitando os princípios éticos na defesa da cidadania,

principalmente quando está em jogo o interesse público. A função do

laboratório didático é oferecer ao mercado um jornalista criativo, com

capacidade de se comportar criticamente na atividade profissional e não

apenas reproduzir mecanicamente o modelo. O professor Dirceu Fernandes

Lopes diz que “nos próprios exercícios didáticos que se realizam nos

laboratórios é possível contrabalançar a reprodução dos padrões jornalísticos

dominantes com a criação de novos modelos que possam constituir

alternativas viáveis”.14

Em algumas escolas particulares, os proprietários se acham no direito de

determinar a linha editorial. Já na pública, fica evidenciado que o jornal-

laboratório se retringe em alguns casos ao campus e a periodicidade depende

da gráfica, do diretor do curso ou até da reitoria.

A escola tem a obrigação de manter um jornal-laboratório para orientação

do aluno, com periodicidade definida. Contudo, nem sempre existe verba

para a impressão de uma edição. E como não há fiscalização intensiva por

parte do MEC, a escola controla o número de edições publicáveis e, em

alguns casos, até o conteúdo das matérias.

O conteúdo do jornal-laboratório deve se voltar para assuntos de interesse

da comunidade que ele está inserido ou mesmo para grandes reportagens. A

valorização de temas regionais mostra que o jornal-laboratório não é apenas

um treinamento meramente laboratorial, mas que pode levar o aluno a se

posicionar de forma crítica e refletir sobre a sociedade que o cerca.

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Para o êxito dessa interação escola-comunidade é fundamental que o

projeto pedagógico não fique dependente da direção da universidade e muito

menos se limite aos problemas acadêmicos que proporcionam uma prática

restrita do exercício profissional. Deve-se respeitar as pecularidades da

região onde está inserido o laboratório didático. Na verdade, não se pode

pensar em produção jornalística distante da comunidade. É dessa interação

entre o periódico laboratorial e comunidade que decorrerá a linha editorial, o

contéudo e a linguagem adequada ao universo do público leitor. “É

fundamental que os veículos ouçam as comunidades às quais se dirigem para

fixar diretrizes editoriais, ou seja, levar em consideração a participação dos

receptores”, avalia o professor Dirceu Fernandes Lopes.15

Ele também alerta: “Os laboratórios de generalidades, assuntos

absolutamente desenraizados de uma área geo-social, correm o risco de vir a

ser muito mais exercícios de crônicas do que reportagens. O aluno só

trabalha num contexto real se tiver um público definido.”16

O jornal-laboratório deve estar inserido no espírito da comunidade e se

preocupar com os anseios e comportamento do leitor. O leitor deve sentir

que o jornal está atento a tudo o que ocorre em sua volta. A expectativa do

leitor deve servir de orientação no processo ensino-aprendizagem do

laboratório. Para o professor Dirceu Ferandes Lopes, essa participação da

comunidade na criação do projeto, ampliada pela sua presença nas futuras

reuniões de pauta, estabelecerá o vínculo tão perseguido pelos jornais que

pretendem ser comunitários.17

Na dinâmica das atividades, o aluno precisa se habituar a colocar a teoria

em prática da forma mais natural e sem os resquícios da mídia empresarial.

“Faço jornalismo, não para ajudar este ou aquele político, este ou aquele

partido, ou mesmo no limite, esta ou aquela idéia, senão a idéia da verdade.

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Se faço jornalismo, não é para exprimir opiniões. É para explicar o fatos.”18

O que o jornalista francês, ex-diretor do Le Figaro, Franz-Olivier Giesbert,

quis dizer é que um noticiário isento jamais pode comprometer a linha do

jornal e a mesma regra se aplica na produção e difusão do jornal-laboratório.

Para evitar que exemplares fiquem estocados ou empilhados no depósito

da escola e que a circulação do jornal-laboratório se restrinja ao universo

acadêmico, é fundamental que os alunos, orientados pelo professor

responsável pelo projeto, também façam a sua distribuição. É na distribuição

que ele tem um contato direto com o leitor. Esse corpo-a-corpo o ajuda no

direcionamento de uma pauta, a observar os erros cometidos na produção de

uma matéria, como também cria novas fontes de informação. Ao distribuir o

exemplar do jornal-labarotório o aluno passa a ter uma visão mais

abrangente do que pensa o público leitor. O professor responsável pelo

projeto laboratorial pode usar a distribuição como uma tarefa na produção e

difusão do jornal-laboratório.

3.3 – Perfil do jornal-laboratório

Os professores José Marques de Melo, Dirceu Fernandes Lopes e Walter

Teixeira Lima Junior fizeram, com o apoio da Intercom, entre 1997 a 1998,

pesquisa para definir o perfil dos jornais-laboratórios nos cursos de

Jornalismo no Brasil.19 A pesquisa apontou que a periodicidade mais comum

é a mensal, o formato é tablóide. A distruição é feita pelos alunos e

funcionários. O conteúdo é informativo generalista. Poucos têm ombudsman,

manual de redação, suplementos, encartes e anúncios. Já a linha editorial de

46 veículos é definida por professores e alunos. Os demais por professores,

alunos direção do curso de Jornalismo, leitores e moradores do bairro onde

se localiza a escola.20

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Dos 109 veículos laboratoriais pesquisados, apenas 26 usam manual de

redação, mas a maioria adota como regra os manuais dos grandes jornais

brasileiros. São poucos que têm um manual próprio.

Outro registro é que apenas 43 avaliam o jornal-laboratório, cinco

disseram que não há avaliação e 61 não responderam. Já a maioria (86) tem

público definido e em 58 escolas a pauta é feita por professores e alunos.

Todos os projetos laboratoriais estão ligados a conjunto de disciplinas. Ou

seja: Fotojornalismo, Planejamento Gráfico, Redação, Introdução ao

Jornalismo, Edição, Reportagem, Entrevista, Produção Gráfica,

Diagramação e Editoração Eletrônica etc.

Apesar das cores prevalecerem no jornalismo impresso brasileiro,

principalmente na grande imprensa, 86 veículos laboratoriais ainda mantêm

o preto e branco contra 15 impressos em cores. Já a tiragem vai de mil

exemplares a 10 mil. O papel jornal ainda é o mais usado. Ou seja, 61

jornais-laboratório são impressos no papel mais tradicional, o jornal.

Um dado interessante é que 89 dos entrevistados responderam que não há

conflitos entre os que editam o jornal e as instâncias superiores das escolas.

Das 109 pesquisados, 84 das publicações são feitas por professores e alunos,

13 por alunos, 11 por professores e um não respondeu.

Segundo o professor Dirceu Fernandes Lopes, a representatividade da

pesquisa pode ser medida pelas regiões onde ficam os cursos que

responderam o questionário:

Sudeste — São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro; Sul

— Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; Centro-Oeste — Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, Brasília; Norte — Amazonas; Nordeste —

Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Piauí, Bahia e Maranhão.

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Por Estado: São Paulo — Santos, São Bernardo do Campo, Taubaté, São

Paulo (capital), Mogi das Cruzes, Sorocaba, Itapetininga, São José do Rio

Preto, Bauru, Marília, Piracicaba, Ribeirão Preto, Campinas e Presidente

Prudente. Rio de Janeiro — Niterói, Rio de Janeiro e São Gonçalo. Rio

Grande do Sul — Santa Maria, Pelotas, Canoas, Porto Alegre, São

Leopoldo, Passo Fundo, Caxias do Sul, Ijui e Santa Cruz. Paraná —

Curitiba, Ponta Grossa e Londrina. Santa Catarina — Florianópolis, Itajai e

Tubarão. Minas Gerais — Uberlândia, Belo Horizonte, Pouso Alegre e Juiz

de Fora. Mato Grosso — Cuiabá, Várzea Grande. Mato Grosso do Sul —

Campo Grande. Espírito Santo — Vitória. Paraíba — João Pessoa e

Campina Grande. Sergipe — Aracaju. Maranhão — São Luis. Piauí —

Terezina. Bahia — Salvador. Pernambuco — Recife. Ceará — Fortaleza.

Amazonas — Manaus. Distrito Federal — Brasília.

A existência de um jornal-laboratório nos cursos de jornalismo é

imprescindível. Porém isso não significa que qualquer projeto é condição

suficiente. Tem que ter público definido, periodicidade respeitada, para que

o aluno acredite que realmente ele existe e que o leitor o tenha como fonte

de informação segura e confiável.

Mas a falta de laboratórios equipados (computadores, gráfica própria,

máquinas fotográficas suficientes para atender à demanda etc), o

desinteresse do professor pelo projeto, e outros problemas: — citados pelo

professor Dirceu Fernandes Lopes em sua tese de doutorado (ECA/USP),

1986 — a mudança de turma que muitas vezes altera a forma e o conteúdo

do jornal-laboratório, a saída do professor responsável e a não circulação nas

férias (julho e janeiro) também prejudicam o ritmo das atividades

laboratoriais. Essas deficiências atrapalham a periodicidade e acabam

descaracterizando o perfil do jornal-laboratório. O jornal para ser lido

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regularmente precisa manter o seu padrão editorial e a sua periodicidade

nunca deve ser interrompida, mesmo sendo um órgão laboratorial. As

dificuldades econômicas e burocráticas são as justificativas para que projetos

laboratoriais não sejam colocados em prática nas férias, mas não impediram

que o Rudge Ramos Jornal, da Universidade Metodista de São Bernardo do

Campo (SP), mantivesse a sua periodicidade, mesmo nos períodos de julho e

janeiro. O laboratório não deve ser interrompido porque o treinamento

profissional é um processo continuado como ocorre na grande mídia. Outro

fator negativo é que o aluno fica afastado da motivação do fazer jornalístico.

Ele pode perder o pique de produção e, ao retornar às atividades, quando o

curso é anual, precisa se recompor para dar continuidade ao projeto

laboratorial que deveria ser mantido para o enriquecimento do processo

ensino-aprendizagem.

Além disso, o grande número de alunos, a irregularidade na periodicidade

das edições e a participação parcial do corpo discente na feitura do jornal-

laboratório são outros vícios nos cursos de Jornalismo. A periodicidade

irregular das edições se deve, na maioria dos casos, à falta de verba, ao

desinteresse do aluno e do professor e a falta de um projeto pedagógico.

A soma desses pontos negativos agrava a credibilidade do jornal-

laboratório como ferramenta de aprendizagem do futuro jornalista. Das

centenas de publicações laboratoriais, são raras aquelas que atingem os

requisitos básicos e primordiais para o preparo de um profissional

preocupado em exercer o ofício de forma crítica e responsável.

3.4 – Notas e Referências bibliográficas

1 – CHAPARRO, Manuel Carlos. Veracidade, dever maior.In. Edição em

jornalismo impresso. São Paulo, ECA/USP, Edicom, 1998.

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2 – MELO, José Marques de. In: Jornal-laboratório: do exercício escolar

ao compromisso com o público leitor. Dirceu Fernandes Lopes. São Paulo,

Summus, 1989.

3 – MELO, José Marques de. In: Jornal-laboratório: do exercício escolar

ao compromisso com o público leitor. Dirceu Fernandes Lopes. São Paulo,

Summus, 1989.

4 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao

compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.

5 – MELO, José Marques de. Uma estratégia para salvar o jornal-

laboratório. In: revista Imprensa. São Paulo, número 97, outubro de 1995.

6 – BELTRÃO, Luiz. In: Perfil do jornal-laboratório no Brasil. Dirceu

Fernandes Lopes. In: Sociedade Mediática: significação, mediações e

exclusão. Santos, Leopoldianum-UniSantos, 2000.

7 – FUSER, Bruno. In: Perfil do jornal-laboratório no Brasil. Dirceu

Fernandes Lopes. In: Sociedade Mediática: significação, mediações e

exclusão. Santos, Leopoldianum-UniSantos, 2000.

8 – SOBRINHO, José Coelho. O cognitivo e o afetivo nos cursos de

comunicação. In: Revista Comunicações e Artes. São Paulo, ECA/USP,

número 30, 1997.

9 – SOBRINHO, José Coelho. O cognitivo e o afetivo nos cursos de

comunicação. In: Revista Comunicações e Artes. São Paulo, ECA/USP,

número 30, 1997.

10 – KUCINSKY, Bernardo. O ano em que fomos felizes. In: Cadernos de

Jornalismo e Editoração. São Paulo, ComArte, número 21, junho de 1988.

11 – MEDINA, Cremilda. In: Jornal-laboratório. Clélia Maria Garcia.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Santos, UniSantos, 1983.

103

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12 – MELO, José Marques de. In: Jornal-laboratório. Clélia Maria Garcia.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Santos, UniSantos, 1983.

13 – MELO, José Maques de. In: Jornal-laboratório. Clélia Maria Garcia.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Santos, UniSantos, 1983.

14 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao

compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.

15 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao

compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.

16 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao

compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.

17 – LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao

compromisso com o público leitor. São Paulo, Summus, 1989.

18 – ESTADO DE S. PAULO, O. Caderno de Política. São Paulo, página

2, 30 de novembro de 1991.

19 – LOPES, Dirceu Fernandes. Perfil do jornal-laboratório no Brasil. In:

Sociedade Mediática: significação, mediações e exclusão. Santos,

Leopoldianum-UniSantos, 2000.

20 – LOPES, Dirceu Fernandes. Perfil do jornal-laboratório no Brasil. In:

Sociedade Mediática: significação, mediações e exclusão. Santos,

Leopoldianum-UniSantos, 2000.

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4

Subsídios para um curso

de jornal-laboratório

Já fui professor-responsável por três jornais-laboratórios e em nenhum

deles havia um planejamento gráfico ou editorial, plano de ensino adequado

ao fazer jornalístico, um modelo de cronograma de atividades que pudesse

agilizar a produção e difusão do veículo. Fui também professor-responsável

pela implantação de dois projetos laboratoriais. Pela pressa em colocar na

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rua o jornal-laboratório, porque a Comissão de Especialistas do MEC estava

chegando, tornou-se enviável, naquele momento, uma metodologia de

trabalho que se voltasse à fundamentação teórica como princípio básico do

processo ensino-aprendizagem. A minha experiência em reformular a grade

curricular e o projeto pedagógico do Curso de Comunicação Social

(habilitação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda) do Centro

Universitário de Rio Preto (Unirp) e as respostas aos questionários enviados

aos professores me conduziram à reflexão da necessidade de fazer uma

síntese dos principais ingredientes que dão qualidade ao jornalismo. Minha

vivência em coordenar jornais-laboratório na escola particular e a

coordenação de um projeto pedagógico em jornalismo me deram subsídios

sólidos e concretos para fundamentar minha proposta Outros fatores

preponderantes no qual também me embasei foram as leituras e a análise do

ensino de Jornalismo e suas grades curriculares. A LDB deu liberdade e

orientação na busca pela melhoria do ensino.

4.1 – Jornalismo e atualidade

O jornalismo, que nasceu da arte artesanal dos prelos (antiga prensa de

imprimir), é uma necessidade social e representa um meio de satisfazer o

desejo do homem contemporâneo de conhecer todas as coisas novas e

interessantes que acontecem diariamente no Universo. Sua característica

principal é a atualidade. Inserido na comunidade, ele é fundamental para

sociedade e está constantemente ligado aos comportamentos do governo. O

jornalismo deve ser ético, pluralista e apartidário para sobreviver e caminhar

com credibilidade no mercado competitivo de hoje.

O jornalista e político Carlos Lacerda – fundador do jornal carioca

Tribuna da Imprensa, crítico do governo Vargas e defensor do Golpe Militar

de 64 – ensina que o segredo do jornalismo consiste em levar muito a sério

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os fatos cotidianos, sem ao mesmo tempo perder a perspectiva da relativa

desimportância de tais fatos em face do tempo. Para ele, essa combinação de

atualidade e permanência é que dá conteúdo ao jornalismo, na medida em

que esses dois fatores se combinam para formar a substância do jornal.1 O

ex-governador do extinto Estado da Guanabara vê ainda o jornalismo como a

arte de simplificar a complexidade dos fatos, tornando-os acessíveis à

compreensão do cidadão.

Rui Barbosa – advogado, jornalista e candidato duas vezes à Presidência

da Repúbica – dizia que o jornalismo se constituía numa espécie de energia,

que leva a sociedade a se conscientizar da importância de seus valores. Para

Rui Barbosa, “o Jornalismo tem a função de despertar no País as forças

morais, apelar para o poder da consciência entorpecida, mas talvez ainda não

morta, falar a essa intuição de justiça, a essa avidez de sinceridade, a essa

simpatia pelo desinteresse, que não se extinguem na índole das nações

cristãs.”2

Não há dúvida então de que o jornalismo é um divulgador de notícias, ou

melhor, é a raiz informativa da sociedade, proporcionando ao cidadão

elementos de juízo para esclarecimento do dia-a-dia.

Para o jornalista e professor Danton Jobim, o jornalismo converte-se

numa verdadeira manifestação de espírito, no veículo do mais alto exercício

da inteligência.3 Segundo o jornalista francês Marc Paillet, foi o jornalismo

que reuniu tudo que se encontrava disperso, como temas referenciais,

técnicas e habilidades.4 Na análise do autor, foi o jornalismo que ampliou,

universalizou e dinamizou a informação como notícia e a classificou.

Na avaliação do jornalista e pesquisador Alberto Dines, o jornalismo é a

técnica de investigar, arrumar e distinguir circunstâncias. Ele entende que

não há jornalismo sem investigação.5 Para Clóvis Rossi, articulista e repórter

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especial da Folha de S. Paulo, jornalismo é sinônimo de dedicação e

disciplina. Além disso, “agrega-se a dificuldade específica de uma profissão

que não permite acomodação ou a mais remota certeza de ‘saber tudo’ sobre

um país, uma situação, um ramo do conhecimento humano”.6

Ciro Marcondes Filho – jornalista e professor da ECA/USP – identifica o

jornalismo como uma atividade decorrente da produção empresarial de

notícias, que se caracteriza pelo uso do veículo impresso para fins – além de

econômicos – políticos e ideológicos. De acordo com ele, somente no

momento em que a imprensa passa a funcionar como instrumento de classe é

que ela assume o seu caráter rigorosamente jornalístico.7

Após essas avaliações, entendemos jornalismo – impresso, falado ou

visual – não só como um conjunto de matérias que descreve a realidade

social mas também como um instrumento indispensável de apoio à

sociedade. Para Vladimir Hudec, jornalista da ex-Tchecoslováquia, o

jornalismo orienta socialmente esse público, formula e exprime as suas

diferentes opiniões, atitudes e ações, as suas concepções do mundo, dá uma

idéia dos múltiplos fenômenos, processos e tendências contemporâneas em

toda a sua complexidade, das leis que determinam a função e o

desenvolvimento da vida econômica, sócio-política, intelectual e ideológica

da sociedade, a partir de posições partidárias e de classe.8

O aparecimento do jornalismo está subordinado ao desenvolvimento da

economia de mercado e às imposições dos detentores do poder. O jornalismo

nasceu tutelado pelas classes dominantes que tinham influência ideológica,

política, econômica e social. O jornal surge como o instrumento de que o

capitalismo financeiro e comercial precisava para fazer com que as

mercadorias fluíssem mais rapidamente e as informações sobre as

exportações, importações e movimento do capital chegassem mais depressa

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e diretamente aos componentes do circuito comercial.9

O jornalismo era subjugado e seu controle foi cada vez mais rígido a partir

do momento em que as classes dominantes, nelas podemos incluir a Igreja

Católica, perceberam que podiam utilizar as folhas periódicas para

manipular o povo. As formas de imposição de suas idéias através da

imprensa eram feitas de acordo com as necessidades e viabilidades de cada

detentor do poder. Existiam aqueles que detinham a hegemonia das folhas

periódicas. Ou aqueles que para atuar junto ao povo controlavam o

jornalismo através da força, censurando, manipulando a informação,

fechando e prendendo os gazeteiros.

Logo que nasceu, em 1450, a Comunicação Moderna – após Gutenberg

inventar a tipografia que permitiu a reprodução de um mesmo texto e sua

difusão –, a imprensa, foi dominada pelo Poder Autoritário cuja preocupação

era narrar os seus feitos e descrever as suas conquistas. Constituído por

segmentos de comunidades organizadas como a política e a economia, o

Poder Autoritário tinha como princípio difundir o pensamento monolítico,

elitista e totalitário. Ele tentava conter o desenvolvimento da imprensa,

porque esta dificultava o exercício do poder. O autoritarismo ainda usava

regulamentos, dispositivos e criava leis com o único intuito de limitar a

liberdade da imprensa e entravar a difusão dos jornais.

Em todos os regimes totalitários, a imprensa foi perseguida por medidas

arbitrárias e, na maioria das vezes, teve reprimidas suas idéias. Napoleão

tinha uma consciência muito objetiva do papel da imprensa. O Pequeno

Corso calou os opositores e utilizou os jornais a serviço de sua propaganda

na França e no exterior, fazendo com que qualquer notícia desagradável a

seu governo não pudesse ser publicada.

É sempre assim que agem os governantes autoritários. Através da coação,

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submetem a imprensa e a tornam oficialesca, ou seja, uma publicação

direcionada em defesa do repressor. Desde os primeiros tempos, a imprensa

obedecia aos poderes político e econômico. Eram apenas periódicos com

anúncios políticos e econômicos. Eles advogavam as idéias e interesses da

classe dominante. Os opositores tinham vida efêmera e dificilmente

trabalhavam sem pressões.

A classe burguesa, dominante economicamente, e o grupo político, ambos

fontes de sustentação do Poder Autoritário, compreenderam a importância

dos jornais como instrumentos políticos poderosos e a eles se aliaram.

Constituídos também como poderes, os setores político e econômico

começaram a monopolizar a informação diminuindo assim o raio de ação

dos jornais, principalmente os opositores. Com isso, a autonomia do

jornalismo ficava ainda submetida às leis totalitárias e passava a ser

instrumento da política do governo. Então o jornalismo era afetado em seus

princípios e métodos de trabalho.

As instituições ou grupos políticos sempre se esforçaram para ter ao lado

os meios de informação, porque acreditam que quanto maior espaço

ocupado, maior é o poder. Os poderes político e econômico têm como base a

sua capacidade de manipular informações, pressionar e influenciar setores da

sociedade. As pressões políticas e econômicas obrigaram muitos jornais a

mudarem suas idéias para sobreviver ou foram excluídos sumariamente do

universo informativo.

A influência dos poderes político e econômico tem as suas implicações e

algumas são a submissão, a omissão e o comprometimento com os

controladores da informação. Assim é assegurado aos poderes o direito

“adquirido” de alinhavar o direcionamento jornalístico de um pequeno

periódico e até de uma rede de comunicação. Tanto o político como o

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econômico usam o poder para ter ao seu alcance os meios informativos.

Conseqüentemente têm a seu dispor um canal aberto com as classes

marginalizadas.

No entanto, o jornalismo é de utilidade pública, um prestador de serviços,

o fiscal da sociedade e tem tarefa de informar sem restrições. Deve ser o

guardião da sociedade frente aos abusos governamentais e aos atentados à

liberdade individual.

Assim, o jornalismo deve zelar pela transmissão de informação, de um

ponto a outro, com exatidão. Ele deve estar a serviço da verdade com o

objetivo de difundir conhecimentos e orientar a opinião pública. Se nas

sociedades modernas tudo deve ser aberto e público, o jornalismo tem a

responsabilidade de acompanhar, sempre na vanguarda, as manifestações

populares. “Quando a multidão governa no sentido do interesse geral, dá-se

a esse governo o nome de república, que é comum a todos os governos.”10

Esse pensamento de Aristóteles nos dá a segurança de que o jornalismo é

parte integrante da multidão que, segundo o filósofo, é soberana. Soberano

também deve ser o jornalismo para se converter num autêntico sustentáculo

do direito à informação e direito de informar.

4.2 – Função social

A contribuição que o jornalismo dá diariamente à comunidade possibilita

um intercâmbio de informações. Essa comunicação de mão dupla é uma das

funções sociais do jornalismo moderno e participativo. Entendemos que a

função social do jornalismo está no seu caminho em direção à

imparcialidade, sempre à procura de uma sociedade mais justa, e na luta dos

povos pela sua libertação frente à agressividade dos governantes. Se o

jornalismo é um fenômeno social ou um “fórum de debates”, na análise de

Philip Meyer11, então, nessas condições, ele é um veículo de informação,

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formação, orientação e de interesse público.

Alberto Dines acrescenta que a imprensa integra a sociedade, é reflexo

dela, mas não pode se escorar em santuários que ela própria nega aos

poderes político e econômico.12 O professor José Marques de Melo diz que

uma das funções do jornalismo é a transformação social. Ele explica: “Nos

países subdesenvolvidos, a tarefa principal do jornalismo é educar as

grandes massas para que possam assumir o seu papel de sujeito da História.

Isso significa acesso ao conhecimento, participação política e mobilização

social.”13 De acordo com a análise de José Marques de Melo, esse caminho

do jornalismo em direção ao social é um exemplo do exercício de liberdade.

É a oportunidade de o indivíduo adquirir conhecimentos e ainda exercer, não

só seu papel de cidadão, mas também sua atividade intelectual com maior

regularidade.

Se o jornalismo é visto como um elemento que incomoda os

monopolistas, de outro ângulo, ele é o instrumento de toda a sociedade. Para

Carlos Lacerda, “o jornal é um hóspede em seu próprio quarto, um contador

de novidades que se apossa do seu tempo e influi sobre os seus

pensamentos, e lhe diz o governo que deve escolher…” Carlos Lacerda

completa fazendo um alerta para que o jornalismo não descumpra a sua

função social. “…Agora, se esse amigo que ele trouxe para casa e a quem

confiou seus próprios silêncios, esse amigo que ensina a amar e desamar os

acertos e erros deste mundo de repente silencia, é como se de repente lhe

mentisse. Calar, é uma traição.”14

No mundo moderno a vida econômica, política e social baseia-se na

informação e nesse contexto o jornalismo é a instância superior de uma

Nação, e sua função é oferecer ao cidadão um repertório de idéias que

modelem sua mentalidade e formem opinião quando a comunidade se

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encontra desnorteada. Segundo o jornalista e professor espanhol Sabino

Alonso-Fueyo, para o jornalismo cumprir realmente a sua função social, não

pode ser um mero veículo de difusão. “O jornalismo não é só veículo de

cultura; é, além disso, cultura propriamente dita. O jornalismo se converte

numa verdadeira cátedra da cultura.”15

Nos Estados Unidos, em 1971, a função social do jornalismo foi

cumprida, quando o juiz da Suprema Corte, Hugo Black, decidiu que não se

podia censurar a imprensa nem em defesa da segurança nacional. Este é um

trecho do seu voto em defesa da função social do jornalismo: “Uma das

obrigações primárias da imprensa é impedir que o governo engane o

povo.”16. Dentro desses princípios já mencionados, concluímos que a função

básica do jornalismo é servir de instrumento para incentivar o homem no

caminho de sua plena realização.

A população não pode ficar à margem do jornalismo, mesmo aquela que

não sabe ler nem escrever ou aquela sem condições econômicas para poder

consumir a informação jornalística, cultural ou educacional. Todo cidadão,

não importa a raça, cor ou segmento social, político ou econômico tem

direito à informação. Nos países democráticos, este direito está assegurado

na Constituição. No Brasil, a Constituição, promulgada em outubro de 1988,

diz em seu Capítulo I, parágrafo 24, que “é assegurado a todos o acesso à

informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício

profissional.”17. Neste particular, o jornalismo não pode privilegiar setores

da sociedade. A mobilização da informação jornalística tem de ser ampla e

irrestrita.

Numa sociedade de vanguarda, o indivíduo se informa corretamente

quando confronta informações e opiniões. As lutas sociais pelo Estado livre

carregam no seu bojo o direito à informação, de saber o que está

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acontecendo à sua volta. Segundo os professores norte-americanos William

Rivers e Wilbur Schramm, a curiosidade humana não tem limites e, se o

direito à informação tampouco tem uma limitação precisa, ele superará todos

os outros direitos.18 Na verdade, o direito à informação prepara o indivíduo

para desempenhar tarefas produtivas na sociedade e para pleno exercício da

cidadania.

O direito de acesso à informação é perene, inalienável e essencial numa

sociedade democrática e pluralista. O exercício do direito à informação

fortalece as bases liberais e progressistas do jornalismo voltado à

comunidade. De modo geral, podemos dizer que o direito à informação está

intimamente ligado à luta política, às discussões em torno da coisa pública

ou ainda a questões sociais e educacionais. Todo cidadão tem direito à

informação, seja ela política, cultural ou educacional. Desta maneira, o

jornalismo é a tribuna do povo.

Sem ousadia e persistência não se faz jornalismo. A busca da informação

não significa apenas classificar e colocar os dados coletados na estrutura da

pirâmide invertida. O ritmo do escrever rápido, simples e objetivamente não

impede o jornalista de organizar o fato jornalístico para transformá-lo em

notícia sem violar a imparcialidade e o princípio ético. Na verdade, ele deve

ser moralmente defensável para não se nutrir da vaidade, da ignorância e

solidão das pessoas. Ele é uma espécie de confidente, fiel e inseparável, que

oferece condições para a compreensão do presente e alarga o horizonte

informativo do leitor.

O jornalista precisa ser criativo, ter iniciativa, investigar com

racionalidade para fugir das mesmices do dia-a-dia das redações mais

preocupadas com as notas oficiais. O jornalista não se pode dar ao luxo de

agir subjetivamente em relação a pontos mais delicados de um fato

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jornalístico porque assim o valor da notícia relatada por ele não vai refletir o

contexto do fato. Ou seja, o que ele transformou em notícia não é verídico. É

parcial ou mal-intencionado.

Outro fator que atrapalha o desenvolvimento imparcial da notícia é que o

jornalista precisa assimilar e compreender que ele não é infalível e que seu

poder de usar a palavra falada e escrita não o legitima a atirar para todos os

lados. O jornalista deve procurar preservar e contribuir na mudança social ou

ampliar o discernimento do possível. Seu compromisso é com o prático, com

o palpável, com a neutralidade. Porque é o caminho que se tem para escapar

aos sistemas fechados de pensamentos. Informar não é intelectualizar a

informação. Informar é deixar transparente ao leitor o que se passa, passou

ou vai passar na sociedade. O conceito de fazer jornal é universal e

impessoal.

A referência do jornalista é o interesse público e a conduta investigativa

adequada. O propósito único é reportar o resultado da investigação sem

manipulá-lo. O jornalista precisa deixar de lado a escravidão à pressão, e

dedicar um pouco mais do seu tempo à investigação cuidadosa. “A obsessão

pela atualidade faz também com que os jornalistas sejam manipuláveis por

meio de pseudo-eventos, forjados com o propósito único de atrair a

cobertura dos meios de comunicação”, observa o professor alemão Michel

Kunczik.19

O jornalista deve respeitar a verdade, informar cuidadosamente o público,

verificando a fonte das notícias e corrigindo as informações errôneas. Ele

sabe que o jornalismo é um parceiro inseparável do público na busca da

verdade e não deve ser um instrumento do governo ou instituições. Diante

deste quadro, o profissional da informação não precisa se aliar ao sistema

econômico em defender interesses de especuladores do mercado.

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No entanto, como qualquer ser humano, o jornalista também toma

decisões equivocadas que podem ser irreparáveis socialmente. Para não

ouvir um só lado da informação, é importante que o jornalista cumpra

algumas diretrizes que o afastarão do jornalismo marrom. Ele nunca deve

favorecer uma única fonte da notícia. Essa preocupação gera credibilidade

na informação. O jornalista não escreve para outro jornalista, mas para o

leitor que precisa da informação para entender o presente. Não é nos artigos,

editoriais e outros gêneros opinativos que o jornalista deixa o leitor a par dos

acontecimentos. É nas reportagens que ele oferece ao leitor o rico arsenal

informativo, narrativo e interpretativo. Esse material pode impulsionar uma

sociedade em direção ao desenvolvimento.

No Brasil, as grandes reportagens estão distantes da mídia. É raro um

jornal oferecer ao leitor uma página de conteúdo investigativo. É muito mais

prático e econômico manter um banco de articulistas do que colocar

repórteres na rua. O comprometimento é menor e quase nulo. É fundamental,

e o jornalista precisa entender, que a reportagem seja colocada em prática

para resgatar a cidadania do brasileiro. O papel do jornalista é reportar

sempre e não apenas noticiar um fato que aconteceu ou vai acontecer.

4.3 – Ética é fundamental

O jornalista tem que discutir ética todos os dias. Não importa o local, a

hora ou quem está ao lado. O fundamental é que em cada frase pronunciada,

tenha critério e consciência coletiva. Porque, do contrário, a notícia mal

apurada é socialmente inapagável. Para melhorar a relação entre jornalismo

e sociedade, a ética precisa ser colocada em prática.

A ética implica a universalidade na questão dos direitos humanos e na luta

contra tutelas de toda ordem, usando para isso as armas da crítica e da razão.

A ética exclui o subjetivo, o emocional e as paixões. Na verdade, a ética é

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um conjunto “técnico” que define o valor simbólico na condução social,

moral e política do cidadão que pertence a uma sociedade organizada. A

ética supõe a co-responsabilidade de todos os cidadãos e por isso a lei não

admite exceção, nem impunidades. Para a professora da USP, Marilena

Chauí, ética é a educação da vontade pela razão, para a vida justa, bela e

feliz.20 A ética exige uma racionalidade para não transformar o significado

do acontecido ou destruir o seu contexto.

Se o factual é matéria-prima do jornalismo, a ética ganha importância

quando o fato jornalístico é transformado em notícia. Essa narrativa do real

imediato deve representar o contexto original, embora o jornalismo seja

uma espécie de representação contínua, diária, do que está se passando no

mundo. Mesmo subordinado a um regime de rapidez que faz parte de sua

rotina, não se justifica a não-aplicabilidade da razão ao relato do cotidiano. É

preciso que na construção do fato jornalístico, fruto do cotidiano, a razão dê

sustentáculo à narrativa. A ética é uma meta a ser cumprida no exercício da

profissão.

No Brasil a questão ética não é tratada com serenidade. O que prevalece é

a Lei de Gerson: levar vantagem em tudo. Infelizmente, a impunidade

adquiriu corpo e se tornou regra. Regra que levou o país ao obscurantismo

que é alimentado pela turbulência política.

O jornalismo tem que ser ético para não comprometer a estrutura social,

política e econômica de um país. Ele deve ser imparcial, equilibrado e

objetivo ao reunir e relatar os fatos. Ao gerar opiniões ou informações sobre

os fatos, o jornalismo está formando opinião pública. E é nesse processo que

entra a conduta ética.

O jornalista e professor norte-americano Philip Meyer, analisando a Ética

Jornalística nos Estados Unidos, descobriu que, na década de 20, os grandes

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jornais não vendiam enormes quantidades de nenhuma edição isolada a um

único comprador sem uma investigação e aprovação da direção. Quando um

jornal continha um editorial defendendo as ferrovias, por exemplo, seria

embaraçoso se uma companhia ferroviária comprasse milhares de cópias,

marcasse o editorial e as enviasse a líderes de opinião.21 Não vendendo no

atacado a um único comprador, o jornal está preocupado com a Ética

Jornalística e com o interesse público.

O jornalismo deve voltar-se para o leitor e não exclusivamente para o

anunciante. Embora o jornal seja uma instituição com fins lucrativos, isso

não o legitima a ser um balcão de idéias vendidas a varejo. O leitor exige

seriedade e racionalidade no relato do fato. “Um jornal que se preocupa

apenas em preencher o espaço noticioso da maneira mais barata possível irá

usar minúcias em seu próprio proveito como material para preencher

espaço”, afirma Philip Meyer.22 Se a principal finalidade do jornalismo é a

informação, ela deve ser exata, precisa, íntegra e cumprir os princípios éticos

sem desrespeitar a cidadania. O Código de Ética da Federação Nacional dos

Jornalistas Profissionais (Fenaj) diz no Artigo Segundo que “a divulgação da

informação pelos meios de comunicação se pautará pela real ocorrência dos

fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo.”23

Mas nem sempre a mídia age com racionalidade para retratar o cotidiano.

Um exemplo da falta de critério no tratamento de um acontecimento diário

foi o da Escola Base, em São Paulo. A mídia, sem cruzar as informações

divulgadas pela polícia e pais de alunos e sem ouvir os dois lados do

acontecimento, montou um contexto e publicou em grande estilo

sensacionalista que professores da Escola Base abusavam e tiravam fotos

eróticas de crianças. O resultado foi devastador, não para as crianças, pais e

moradores do bairro que destruíram a escola, mas para os donos que ficaram

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abalados psicologicamente, perderam amigos, credibilidade, além de ser

marginalizados. Foram condenados pela mídia e conseqüentemente pelos

leitores que acreditaram na veracidade da informação. Além de negligência

na apuração dos fatos, a mídia, mesmo depois de comprovada ser falsa a

acusação dos pais, não deu o mesmo destaque dado quando “condenou” os

donos da escola.

No mundo contemporâneo é fundamental que a mídia faça valer os

princípios éticos para expressar o interesse público e afastar do processo

democrático a vontade pessoal, individual, arbitrária. O jornalismo não pode

expor as pessoas ao ridículo ou se transformar em um tribunal de inquisição.

São os fatos apurados com responsabilidade ética que dão credibilidade ao

jornal e parâmetros éticos individuais e coletivos. Para o diretor de redação

da revista Imprensa, Ari Schneider, são os desvios de natureza ética que

também revelam um problema técnico. “Ou seja, a matéria não foi

devidamente apurada, o repórter não ouviu todas as fontes ou não se

aprofundou suficientemente, seja por falta de tempo ou de esforço. A partir

disso surge uma versão incorreta do fato, o que pode ser desastroso para as

pessoas envolvidas na matéria.”24 Foi o que ocorreu no caso da Escola Base.

Não houve uma coleta de informações precisa, coerente e dinâmica. Na

ansiedade de cobrir o fato com maior rapidez e por entender que o fato

jornalístico envolvia crianças, a mídia, não teve dúvidas, saiu em defesa dos

acusadores.

Não aceitar presentes das fontes de informação, não ceder às pressões dos

anunciantes ou da influência de grupos políticos, ser lícito, legítimo, rico em

fatos concretos e não ser omisso com a comunidade são princípios éticos que

regulam os valores morais no exercício do jornalismo. Para Augusto Nunes,

ex-diretor de redação dos jornais O Estado de S. Paulo e Zero Hora, de

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Porto Alegre (RS), a adoção de um código de ética, por si só, não imuniza

nenhum jornal contra o risco de protagonizar deslizes, escorregões ou

mesmo delitos graves. “Mas sempre reduz a incidência de casos de má-fé e

reafirma o compromisso de agir corretamente. Sobretudo comprova a

disposição de revogar a crônica impunidade assegurada há tantas décadas

pela omissão dos chefes e pelo corporativismo dos jornalistas.”25

4.4 – Ombudsman representa o leitor

A Suécia foi a inventora do ombudsman, palavra que significa

representante do cidadão. Designa, nos países escandinavos, o ouvidor-geral.

Função pública criada para canalizar problemas e reclamações da população.

Os jornalistas suecos foram os primeiros a criar um conselho de auto-

regulamentação ética. Criado em 1916, o comitê analisa, sem interferência,

as queixas do leitor contra os jornais. Em verdade, no jornalismo, a função

do ombudsman é representar o leitor no jornal. Ele é pago pelo jornal para

defender os interesses do leitor, apontar erros de informação ou de checagem

de dados. No Brasil, o primeiro jornal a instituir o ombudsman foi a Folha

de S. Paulo, 24 de setembro de 1989, função exercida por Caio Túlio Costa.

De 96 jornais-laboratório pesquisados, de 1997 a 1998, pelos professores

José Marques de Melo, Dirceu Fernandes Lopes e Walter Teixeira Lima Jr.

apenas sete tinham ombudsman para analisar, avaliar e criticar cada edição

do jornal e apontar caminhos que possam estimular a participação coletiva

no processo de produção e difusão do jornal.

O crítico interno tem a função de averiguar se a matéria é exata, justa,

equilibrada ou se tem defeitos que podem dar ao leitor uma falsa impressão

da notícia. A sua presença na redação não tem papel inibidor ou castrador.

Ele é um árbitro neutro e membro da equipe regular responsável pela

produção e difusão do jornal-laboratório. Na verdade, é o porta-voz do leitor

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e o crítico do jornal.

A crítica interna, depois, torna-se externa, deixa o estudante mais sensível

eticamente a problemas que envolvam questões como exatidão, lógica e

equilíbrio no relato do fato jornalístico. O leitor torna-se mais consciente do

papel acadêmico do jornal-laboratório e da preocupação do próprio

jornalismo com uma conduta ética e responsável.

A presença do ombudsman reflete a realidade do mercado. Ou seja, a

ética é profundamente questionada quando a mídia é obrigada a competir por

notícias na velocidade cibernética estabelecida pelo noticiário on-line da

Internet. É aí que o jornalismo peca por leviandade e generalizações. E nada

mais sensato que um ombudsman na redação do jornal-laboratório para

ajudar no contínuo processo de aperfeiçoamento da vida acadêmica e

profissional. Quando levado a sério, o trabalho do crítico interno da

informação conduz a uma reavaliação das práticas jornalísticas não só em

defesa do interesse público, mas também em detrimento dos abusos

praticados contra uma maioria excluída em uma sociedade capitalista.

O ombudsman na redação mantém acesos os princípios fundamentais da

responsabilidade da mídia, a mente do jornalista fica mais observadora e

crítica da realidade que o cerca e contribui para a consolidação do estado

democrático, sem o qual não há jornalismo que sobreviva.

É interessante observar que a presença do ombudsman desperta na

redação o espírito da leitura coletiva. Todos lêem detalhadamente cada linha

publicada no jornal-laboratório para não ficar de fora do processo crítico.

Cresce o número de adeptos do jornalismo ético e responsável. Há o debate

de soluções para os problemas gráficos, ortográficos, gramaticais, de

diagramação, ou de precisão da informação. O autor do texto analisado pelo

ombudsman ou criticado pelos seus companheiros fica mais atento, mais

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crítico. Isso levanta o moral da equipe, principalmente quando a crítica não

nasce do acaso. Eleva o número de indagações sobre questões da conduta do

ombudsman, do editor, do repórter e do perfil do jornal-laboratório. É

saudável o debate público porque liberta o estudante das teias do

provincianismo e o obriga a entregar-se às articulações de suas idéias com

afinco e prazer.

Na ética é importante o respeito pela crítica fundamentada e lógica. É na

universidade que o estudante tem a oportunidade de buscar o seu caminho

longe das cobranças do mercado. E o jornal-laboratório é o meio apropriado

para isso. Espaço universal que serve para colocar em prática as discussões

teóricas sobre o espírito jornalístico. Responsabilidade no relato do fato

jornalístico e ética são elementos essenciais para a prática de um jornalismo

pluralista, apartidário, moderno e independente.

No jornalismo, a crítica interna pode reduzir a arrogância e estimular uma

maior responsabilidade em respeito ao interesse público e na aplicabilidade

da ética na condução de um jornalismo neutro, exato, independente e

íntegro.

4.5 – Gêneros jornalísticos

Após a Revolução Industrial, no final do século 19, o jornal deixou de ser

um artigo só de consumo da classe burguesa, ganhou padrão gráfico e se

transfomou num instrumento básico da comunicação de massa. Na verdade,

se tornou um fenômeno universal. Na medida em que a informação não mais

atendia a uma classe social, começava a mobilizar o grande público e

assumia o papel de observador da realidade.

O jornal ao ganhar autonomia, ou seja, com a produção em escala

industrial, redimensionou o universo de relação com o leitor e o maior

desafio passou a ser a classificação do seu discurso jornalístico, que pudesse

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acompanhar o desenvolvimento sócio-econômico daquele momento

histórico.

Para facilitar o processo ensino-aprendizagem, o discurso jornalístico foi

classificado em gêneros:

Informativo

Interpretativo

Opinativo.

Os três gêneros ganharam subdvisões:

Informativo

Enquete

Entrevista

Nota

Notícia

Serviço (agenda)

Interpretativo

Reportagem

Opinativo

Artigo

Caricatura

Carta

Coluna

Comentário

Crônica

Editorial

Resenha

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Vários elementos convergem na formação dos gêneros jornalísticos. É

preciso identificar cada um deles. Vamos apresentar um por um, começando

pelo gênero informativo que é o mais usado no jornalismo brasileiro.

1) Gênero informativo

Enquete – corresponde ao relato de pesquisa de opinião pública, onde uma

amostragem representativa da população emite sua opinião sobre

determinado assunto ou acontecimento.

Entrevista – é o depoimento de um ou mais personagens sobre um assunto,

acontecimento ou a opinião sobre economia, vida pública, cultura, saúde,

ciência, tecnologia etc.

Nota – corresponde ao relato sintético de um fato jornalístico. A Folha de S.

Paulo, quando da sua reformulação gráfica e editorial, passou a usar este

recurso ao criar os Dropes. O Estado de S. Paulo, por exemplo, no caderno

de Esportes tem Breves. São notas sobre futebol, basquete etc.

Notícia – é o relato diário dos acontecimentos. É na notícia que o leitor

espera encontrar informações que completam a sua curiosidade. A notícia

não questiona, apenas informa. Na notícia predomina a apresentação dos

fatos. Não investiga a causa ou conseqüência. Embora possa ser resultado de

investigação.

Serviço – caracterizado como toda informação de utilidade pública. Por

exemplo: O Estado de S. Paulo criou a Agenda para prestar um serviço ao

leitor.

2) Gênero interpretativo

Reportagem – é o complemento de uma notícia. É o ato de investigar. É o

relato ampliado de um acontecimento. Ela difere da notícia porque deixa de

ser apenas uma informação do cotidiano. É a valorização do humano, da

construção detalhada do acontecimento.

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3) Gênero opinativo. São opiniões de jornalistas, políticos, cientistas e

pensadores conhecidos ou de personagens ilustres.

Artigo – trata-se de um texto jornalístico no qual (jornalista ou não)

desenvolve uma idéia e apresenta sua opinião.

Caricatura – caracteriza-se pela finalidade satírica ou humorística que

pressupõe a emissão de juizo de valor.

Carta – espaço aberto à participação do leitor, para expressar opinião.

Coluna – seção especializada de jornal ou revista, publicada com

regularidade, assinada, e redigida em etilo livre e pessoal.

Comentário – geralmente é feito por um jornalista experiente, que

acompanha os fatos e tem sempre dados disponíveis que o ajudam a fazer

um comentário preciso sobre o fato jornalístico.

Crônica – gênero de caráter mais literário. O autor narra um fato do

cotidiano sem a preocupação técnica jornalística.

Editorial – que expessa a opinião da empresa jornalística diante dos fatos de

maior repercussão.

Resenha – caracteriza-se por ser uma apreciação dos produtos culturais com

a finalidade de orientar o leitor.

4.6 – Texto jornalístico

O jornalismo cresce quando há controvérsia. Neste caso, o jornalismo de

qualidade, desengajado e independente, assume o papel de memória da

sociedade. E para que este entendimento entre jornal e leitor não se esvazie,

o combustível indispensável é que o texto jornalístico seja claro e com

informações corretas e precisas. Por exemplo, a simples eliminação de vícios

pode contribuir para a clareza do texto. Quanto mais exato, melhor será o

resultado. É fundamental que a imparcialidade e neutralidade sejam

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componentes do texto jornalístico, porque, ao escrever, o estudante não tem

como dimensionar a intenção do leitor.

O texto jornalístico não é um simples relatório. Há uma diferença

fundamental entre um e outro. E ela se evidencia quando a introdução de

elementos contraditórios, declarações curtas, a descrição dos ambientes e a

objetividade da narrativa dão vivacidade ao texto. Se a função do texto

jornalístico é informar, sua característica é fazer o leitor entender a

complexidade de qualquer assunto em pauta.

Para simplificar o texto jornalístico, o estudante deve construir frases

curtas, lógicas, afirmativas, precisas, estilo direto e de fácil comprensão.

Evitar também períodos longos e parágrafos a perder de vista. Na dúvida, o

melhor arma contra frases longas e parágrafos intermináveis é a pontuação.

Já as formas condicionais, passivas e negativas, ou a repetição de palavras

ou citações, redundância, prejudicam, desvalorizam a mensagem jornalística

e reduzem a fluência da leitura.

Para tirar as dúvidas do leitor e deixar o texto homogêneo, é necessário

decodificar qualquer terminologia especializada, valores de moeda

estrangeira, localização de países citados, medidas em sistemas diferentes do

métrico.

Se o jornalismo é transformar o ontem no hoje, ou seja, o passado

imediato, tem de fornecer os elementos necessários ao leitor para que tenha a

informação mais atualizada sobre os fatos que marcaram as últimas 24

horas. Na verdade, o texto deve ter uma narrativa agressiva e informativa

que estimule o leitor a se interar do assunto.

Humberto Werneck, editor senior da Playboy, diz que a beleza é uma

arma para capturar o leitor na primeira linha e levá-lo até a última. Se o

caminho é este, nada melhor que cada palavra ou expressão contenha o

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máximo de carga de significado. Substantivos fortes e verbos na voz ativa

reforçam a beleza do texto jornalístico, justamente com uma informação

rigorosa e bem apurada.

Ao preferir a frase afirmativa, o estilo direto, e recusar a imprecisão e a

ambigüidade, o uso de frases feitas, os lugares-comuns, os chavões e

palavras de ordem, o estudante coloca em prática o jornalismo eficaz e de

leitura fluente.

Quando compra um jornal, o leitor está pagando por notícias corretas e

precisas. É sensível, inteligente e crítico, portanto é preciso dar a ele um

pouco mais do que supostamente está pedindo. Mesmo com a correria da

vida moderna e a tendência da informação em tempo real, é preciso reservar

espaço de reflexão para o leitor se aprofundar mais.

Para um texto jornalístico que atenda às exigências do leitor, é

fundamental que o aluno dê um tratamento especial às citações, diálogos,

transcrições de declarações importantes ou aspas. Deve reproduzir apenas as

frases mais importantes ou expressivas. Não deve transcrever entre aspas as

idéias manifestadas pelo entrevistado que possam ser melhor expostas

através do texto indireto. Exemplo: "O governo brasileiro precisa levar mais

a sério a dívida externa e pagá-la o mais rápido possível", diz o economista

Chico Breve. O correto: Na avaliação do economista Chico Breve, o

governo brasileiro precisa levar mais a sério a dívida externa…

O aluno deve evitar, como mandam as regras do jornalismo objetivo, claro

e exato, o uso de adjetivos que expressam juizo de valor e possibilitam uma

leitura subjetiva e, às vezes, desproporcional ao acontecimento. Exemplo:

uma grande bomba explodiu no centro de São Paulo e fez um enorme

buraco no viaduto do Chá. O adjetivo não qualifica a informação e torna o

texto opinativo. O mais correto: uma bomba do tamanho de uma bola de

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futebol explodiu no centro de São Paulo e fez um buraco do tamanho de um

campo de futebol. A informação chega mais completa ao leitor. Então, é

recomendável levar em conta que a argumentação sustentada por fatos é

mais forte do que a adjetivada. Convém empregá-la apenas quando faz parte

de uma citação do entrevistado.

O texto jornalístico se torna mais rico em detalhes e informações quando

se evita o emprego de expressões desgastadas pelo uso exagerado, muitas

delas desnecessárias e destituídas de qualquer valor semântico. Exemplo:

por outro lado, ao mesmo tempo, preencher a lacuna, haja vista, perda

irreparável, ataque fulminante.

Escrever curto e grosso, economizar palavras ou procurar a mais adequada

para cada pensamento a ser comunicado evita a superficialidade da

informação. O sujeito indeterminado é outro recurso que o estudante deve

deixar de fora do texto jornalístico porque não esclarece e deixa o leitor com

dúvidas. Exemplo: alguém chegou e jogou uma coisa…, dizem que foi um

pedaço de madeira…, parece que atingiu alguém que estava…, talvez o

culpado…

A rigor, a impessoalidade é uma abstração, porque qualquer texto

jornalístico tem a visão do autor. Mesmo contra a vontade dele, acaba sendo

pessoal. Para se aproximar mais da imparcialidade e neutralidade, é

recomendável que o estudante fique distante do fato jornalístico, ou seja,

faça apenas o seu trabalho de investigação. Não se envolva com a fonte,

partidos políticos, religião, quando está no exercício profissional.

A isenção deve ser atingida quando ao ouvir uma acusação, o estudante

deve se empenhar em saber a versão do outro lado. E, na elaboração do

texto, dê a cada parte o destaque merecido, nem menos, nem mais.

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A impessoalidade significa, além disso, fugir ao intimismo, ao excesso de

liberdade com o leitor. Deve-se evitar expressões: Perguntei ao jogador…

Disse-me (nos) Pelé… Chegou ao nosso Brasil… Eu ouvi o Ricardo

Teixeira sobre a seleção…. Correto: Perguntado sobre… Pelé diz que…

Chegou ao Brasil… Para Ricardo Teixeira, a…

O você, dirigido ao leitor, não deve ser usado. Em lugar de Se você quiser

assistir ao show, compre logo o ingresso. Se interessar em assistir ao show,

compre logo o ingresso.

A preocupação com o leitor deve ser constante. O estudante deve facilitar

ao máximo a leitura dele, mas sem perder a riqueza e a clareza do texto. O

texto puro, aquele sem adjetivos, sem superlativos, preciso, frases bem

construídas, sem lugares-comuns, e com declarações específicas, deixa o

leitor mais informado, com menos dúvidas quanto a intenção da notícia.

Príncipio fundamental: o estudante deve escrever como se o leitor comprasse

o jornal pela primeira vez. Então, o texto jornalístico deve conter o máximo

possível de dados, testemunhos, emoção, distanciamento do fato ou

acontecimento, humanização e pormenores, que auxilem o leitor a criar uma

idéia rigorosa do assunto.

4.7 – Ineditismo da notícia

Notícia é um texto informativo, o uso da técnica da pirâmide invertida (do

maior ao menor interesse). É a unidade básica de informação do jornalismo.

É a matéria-prima do jornalismo. É o relato diário dos acontecimentos ou

daqueles com possibilidade de ocorrer. É na notícia que o leitor espera

encontrar informações que completam a sua curiosidade ou conhecimento. A

notícia não deve ser extensa, nem cheia de adjetivos.

O estudante precisa ficar atento ao coletar dados porque, quanto mais

elementos recolher, maior será o interesse do leitor pela notícia. É essencial

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que a notícia seja rigorosa, completa e fundamentada sobre fatos e não sobre

rumores. Ela deve ser atual, abrangente, inédita, inusitada, incomum e de

interesse público. O leitor quer saber a relação de causa e efeito, o que está

por trás da aparente realidade. Na verdade, a notícia é a ocorrência de um

fato. Não questiona nem opina, afirma e informa. Ela não investiga causa ou

conseqüência, embora possa ser resultado de investigação.

Notícia informativa – relato puro e simples do fato, sem opinião, a partir

do mais importante. É a seleção de tudo que acontece no dia-a-dia. A

informativa é a mais usada no jornalismo diário. Ela não descreve o

ambiente. É montada através de tópicos e documentações. Ela tem que

oferecer ao leitor todos os ingredientes necessários para que ele não precise

recordar os antecedentes para compreender o que a informação lhe oferece.

Notícia narrativa – É aquela que se organiza a partir de uma seqüência de

acontecimentos. É a narração da realidade. Você passa ao leitor uma visão

do ambiente, como se fosse escrever para o rádio.

A notícia deve basear-se nos apontamentos acumulados pelo jornalista. É

o fato jornalístico que foge da rotina.

É importante destacar que no jornalismo laboratorial raramente uma

notícia publicada porque a periodicidade o veículo raramente é diária. Por

este motivo tempo que é preciso valorizar ainda mais a reportagem e

incentivar o aluno a produzi-la com critérios e criatividade. É na reportagem

que o futuro jornalista irá colocar em prática o conhecimento de

humanidades.

4.8 – Entrevista é básica na apuração

A entrevista não é um simples quadro de perguntas e respostas, ou uma

discussão e nem um debate de idéias, mas uma situação de interação em que

dois indivíduos ou mais exercem influência mútua. A função do estudante é

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perguntar, confrontar o entrevistado com as contradições dele ou com fatos e

opiniões que contradizem o discurso dele. O aluno nunca deve impor a sua

opinião, hostilizar o entrevistado, mas também não deve comportar-se de

forma passiva ou subserviente perante as declarações e mentiras do

entrevistado.

A entrevista não é apenas uma reação à pergunta formal dirigida ao

entrevistado. Interrupções devem ser feitas a propósito e de forma concisa

para esclarecer uma resposta ou uma idéia ou introduzir um novo tema.

Ela é uma das principais fontes de informação para o jornal, e está

presente, direta ou veladamente, na maioria das notícias ou das reportagens.

A entrevista é um gênero jornalístico provocado, motivado pela atualidade

e pelo interesse humano que a pessoa focalizada desperta.

Na verdade, é um relato informativo ou opinativo que o entrevistado tem

sobre determinado fato jornalístico.

Princípios para se fazer uma entrevista

* Procure saber quanto tempo terá para fazer a entrevista. Se for pouco

tempo, vá direto ao assunto;

* Planeje: Informe-se ao máximo sobre o entrevistado ou sobre o assunto,

para que as perguntas sejam pertinentes e objetivas, mesmo que haja um

roteiro pré-estabelecido. Ao sair da redação para entrevistar alguma

personalidade informe-se sobre a carreira, interesses, passatempos,

educação, trabalho, seus pontos de vista políticos, religiosos, esportivos etc.

* O que perguntar: É muito importante que o aluno de jornalismo conheça

o assunto sobre o qual irá perguntar. Faça perguntas diretas, objetivas,

específicas sobre o assunto. Nunca se deve perguntar O sr. tem algo de

interessante a dizer sobre o assunto? Porque ele responderá nada, e encerra a

entrevista, ou poderá ainda contar o que não é de interesse para a matéria.

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* Não confie na memória, faça anotações, mas discretamente. Anote o

que for necessário e preste atenção no sentido da resposta. Muitas pessoas se

inibem na frente do jornalista que anota tudo, ou que está gravando.

* Cuidado com as anotações, pois notas truncadas dão aborrecimentos e

posteriores retificações. Se tiver alguma dúvida, depois de voltar à redação,

telefone para esclarecer, é melhor do que escrever errado e perder a fonte ou

a credibilidade conquistada.

* Não deixe que o entrevistado escreva suas respostas ou as dite para

você. Caso contrário, perderá o rumo da entrevista e a iniciativa. Você deve

dirigir a entrevista.

* Observe e anote também as ações do entrevistado, seus movimentos e

cacoetes. Tornará a matéria ilustrativa, no caso de um perfil, por exemplo.

* Deixe o entrevistado falar, o leitor quer conhecer o pensamento dele e

não a do estudante. Aprenda a perguntar, a ouvir e a observar. Ouvir com

atenção inspira confiança no entrevistado e o encoraja a prosseguir nas

respostas. Você não sabe mais do que o entrevistado sobre o assunto em

pauta, portanto é melhor ouvi-lo.

* Seja neutro, não interprete a resposta do entrevistado segundo as suas

concepções. Apresente-se como pessoa compreensiva, sem querer mudar as

idéias do entrevistado, mesmo que você seja contra elas.

* Empreendendo clima de seriedade e domínio do assunto, o aluno pode

fazer perguntas diretas e incisivas sem que o clima de cordialidade seja

quebrado.

* Evite atritos com o entrevistado, seja natural, polido, cortês, sem

afetação ou subserviência.

* Se a resposta foi vazia e o entrevistado usou de evasivas, o repórter deve

insistir no assunto até que obtenha uma resposta direta.

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* Nas entrevistas coletivas, não espere ser conduzido, disponha-se a fazer

as perguntas e corrigir o rumo da entrevista, caso alguém faça perguntas

desnecessárias.

* Espere o entrevistado concluir uma resposta para fazer outra pergunta,

nada é mais irritante do que uma resposta pela metade.

* A pauta é apenas uma indicação e pode ser esquecida se a entrevista

seguir rumo mais interessante.

* Pergunte o mais que puder, mas evite as questões óbvias.

* Por mais desordenadas que sejam as perguntas, o aluno deve ter

consciência da seqüência do assunto.

* As perguntas devem ser curtas e objetivas.

* Entrevista é um diálogo que acontece entre o estudante e o entrevistado.

As respostas são dirigidas ao leitor. Por essa razão, a entrevista é uma

técnica do jornalismo informativo, nunca do opinativo. Quando há opinião

do entrevistado na entrevista, ela é encarada como uma informação, como

complemento da entrevista, o aluno passa ao leitor a informação sobre a

opinião do entrevistado e não a sua ou a do jornal.

As entrevistas podem ser:

* Individual — Entrevista concedida apenas a um aluno, exclusiva ou

não. É exclusiva quando o entrevistado se compromete a dar as informações

só para o aluno que o procurou e que será o único a publicá-las.

* Coletiva — Entrevista dada a um grupo de alunos, por convocação do

entrevistado ou por iniciativa do aluno. O parâmetro deve ser sempre o do

interesse público.

* Enquete — Série de pequenas entrevistas sobre um assunto, para saber a

opinião de determinados entrevistados.

Como obter uma entrevista

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* Em caso de pessoas que tenham função ou cargo de relevância, a

entrevista tem que ser marcada anteriormente, caso contrário, o estudante

corre o risco de não encontrar o entrevistado ou não conseguir horário para

ser atendido. No entanto, se o assunto requer abordar a pessoa

inesperadamente, então o estudante tem que estar consciente de que poderá

ser atendido rapidamemte, ou terá que esperar muito.

* Outras pessoas devem ser abordadas sempre com educação,

calmamente, sempre sendo tratadas por sr. ou sra., tratamentos que não

entrarão no texto da matéria.

* Numa entrevista comum, o entrevistado não precisa ter conhecimento

das perguntas anteriormente. No caso de uma entrevista mais especializada,

é comum o entrevistado pedir a relação de perguntas para estudá-las antes.

Pode ser fornecida ou não, dependendo do assunto.

Como preparar uma entrevista

* Para se obter resultado perfeito numa entrevista, ela tem que ser

preparada com antecedência.

* As informações sobre o entrevistado podem ser obtidas das mais

variadas formas, mas a mais correta é uma visita ao banco de dados do

jornal ou faculdade. Lá, além de entrar em contato com as entrevistas já

feitas, o aluno fica conhecendo as expressões do entrevistado, o que pensa e

quem é a pessoa.

* Outra vantagem de consultar um banco de dados é a possibilidade de

conhecer mais sobre o assunto da entrevista. O entrevistado precisa sentir

que o aluno está seguro do que pergunta e este deve conhecer

profundamente o assunto para poder cortar a resposta no tempo certo,

acrescentar algo importante e não correr o risco de o entrevistado desviar o

assunto.

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* Se a entrevista for com um empresário, é indispensável conhecer um

pouco sobre a empresa dele e o ramo. Se for com um artista, então o repórter

tem que conhecer pelo menos alguns shows, programas ou filmes em que o

entrevistado apareceu.

* Deve-se prestar atenção ao ambiente onde ocorre a entrevista e onde o

entrevistado normalmente fica. Mais atenção ainda ao jeito como o

entrevistado responde, suas expressões faciais, mãos, etc.

Deve-se gravar entrevistas?

* O gravador deve ser usado em entrevistas longas, especializadas ou

depoimentos. Mas o aluno não deve deixar de fazer anotações também,

registrando expressões e interferências.

* O aluno também deve anotar palavras-chaves, para reconhecer o assunto

gravado.

* Em entrevistas curtas, o gravador não deve ser usado. Leva-se tempo

para tirar da fita e matérias curtas são requisitadas com pressa. Informações

anotadas são mais fáceis de serem trabalhadas.

* Outro fator importante é que o gravador pode tirar a espontaneidade do

entrevistado e a concentração do aluno porque acredita que tudo o que está

sendo gravado é o mais importante e não presta atenção na resposta do

entrevistado. Há também quem não dê entrevistas gravadas e há os que

começam a escolher as palavras para falar, querem falar bonito em

detrimento da informação correta.

Como conduzir a entrevista

* O aluno deve fazer com que o entrevistado se sinta à vontade na

entrevista. Para isso, o estudante deve conhecer o entrevistado,

anteriormente ou rapidamente antes da entrevista. Mas isso não quer dizer

mostrar-se amigável e nem perder tempo com brincadeiras no início. Muitas

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vezes o entrevistado é uma pessoa muito ocupada e demorar para começar a

entrevista pode causar alguma antipatia logo no começo.

* O aluno deve fazer as perguntas objetivamente, rapidamente, sem

muitas considerações e ouvir mais o entrevistado.

* O aluno tem que ter a capacidade de saber se o entrevistado está ou não

mentindo, através de expressões ou de acordo com as respostas dadas. Para

isso, precisa estar informado sobre o assunto. Mas nunca deve insinuar, no

momento, que a pessoa está mentindo. A melhor maneira é investigar o que

se desconfia que é mentira e até checar com outras fontes.

Tipos especiais de entrevistas

* Os três tipos de entrevistas são: por telefone, em grupo ou o off

(informações ou declarações confidenciais em que a fonte não pode

aparecer).

* Por telefone – A melhor maneira é dispensar o telefone. A entrevista por

telefone tem resultado inferior à que é feita pessoalmente, é superficial. Use

o telefone apenas para confirmar dados.

* O encontro pessoal para a entrevista é melhor para o aluno e para o

entrevistado.

* A informação em off com se costuma chamar, precisa ser checada. O

aluno deve aceitar, quando a fonte é conhecida e pode publicá-la se tiver

plena confiança em quem a transmitiu. Mas deve ver com reservas as

informações em off que possam ter outras intenções por trás.

4.9 – Reportagem aprofunda a notícia

O sonho de trabalhar na grande mídia deixa o aluno anestesiado ao ato

reflexivo e vislumbrado com o imediatismo do fato jornalístico. Na escola, o

desejo dele é escrever como se fosse para um jornal diário, justifica tal

postura porque, segundo ele, é assim que funciona o mercado. Ele está

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correto na forma de pensar, mas equivocado quando escreve para um jornal-

laboratório porque a periodicidade é outra, o modo de fazer jornal não é o

mesmo da grande mídia e a narrativa jornalística, na verdade, é uma

extensão da notícia. “A reportagem traz a marca de um meio de

comunicação que tem os seus leitores específicos, a sua história, a sua

cultura, mas também a marca de um jornalista-repórter cuja escrita afirma a

sua personalidade”, observa Jean-Dominique Boucher que considera a

reportagem essencial porque visualiza a informação, dando-lhe autenticidade

e credibilidade.26 Aprender nas “viagens”, somado à leitura e aos contatos

pessoais, tudo isso é possível conquistar produzindo reportagens. E é essa

visão humanística e de um novo horizonte a cada dia que o futuro jornalista

deve ter em mente, caso contrário ficará restrito apenas ao conhecimento

tecnicista. “O jornalista médio, aquele que se acomoda ao estado de coisas

da carreira profissional tal qual ela se apresenta no Brasil, muito cedo adere

ao cepticismo, à amargura, à non chalance ou espírito blasé”.27 Essa é a

previsão de Cremilda Medina ao jornalista tarefeiro, aquele que não vê na

reportagem a amplitude do seu universo jornalístico como instrumento de

transformação social.

O estudante, quando da elaboração do seu texto, tem de ter saber quem é

o seu leitor, para quem vai escrever e que tipo de texto vai apresentar:

informativo, interpretativo ou opinativo. Na imprensa diária brasileira

encontram-se estas três categorias, mas em maior quantidade o texto

informativo, seguido do opinativo e alguns interpretativos (reportagens).

Numa revista semanal, como Veja, Época, IstoÉ, os textos são mais de

interpretação dos fatos registrados na semana. Trabalha mais com

reportagens, não necessariamente de investigação, mas aquela que aborda

em profundidade os assuntos pautados pelos jornais impressos.

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Todo fato jornalístico tem e deve se caracterizar pela narração de um

acontecimento de interesse social. A reportagem está mais voltada a

descrever uma situação real de domínio público, com recursos mais ligados

à literatura com a finalidade de chamar à atenção do leitor. O ideal quando

se tratar de jornal-laboratório, dada à periodicidade e à finalidade do veículo

laboratorial, seria fazer um tipo de jornal/revista com texto bem construído.

No Brasil do final do século 19 e início do 20 era natural encontrar nas

páginas dos periódicos textos literários, opinativos e pouca notícia. A

maioria dos jornais tinha como função a defesa de interesses políticos.

Nasciam e morriam rapidamente como as notícias de hoje. Na verdade, eram

mais efêmeros que a própria notícia. Não as crônicas, as poesias, ou ao texto

opinativo que João Paulo Alberto Coelho Barreto, o João do Rio, deixou a

comodidade da redação e foi para rua narrar o cotidiano fluminense. “Há

quem garanta que ele foi o primeiro repórter-repórter (sic) do jornalismo

brasileiro; aquele que saía da redação e ia ouvir o povo, o trabalhador, o

malandro, as mulheres da vida”, observa José Sebastião Witter.28 João do

Rio colocou em prática o jornalismo de interesse social, a vida do

trabalhador comum e a realidade brasileira nas páginas dos jornais

carrancudos e conservadores. Rompia ai uma barreira que isolava o

acontecimento diário porque não interessava à classe política, à burguesia e

aos intelectuais noticiar o cotidiano.

Com o avanço tecnológico, a diminuição das fronteiras geográficas e a

notícia em tempo real nas páginas do jornalismo on line, o texto de um

jornal impresso tem de ser mais bem cuidado, mais reflexivo, mais

aprofundado. Agora não basta apenas noticiar, porque a televisão, o rádio o

webjornalismo são mais ágeis e versáteis em informar primeiro,

independente do conteúdo da notícia. Tão Gomes Pinto também partilha

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dessa opinião porque, para ele, num jornal impresso a cobertura deve ser

ampla. Ele explica: “Acho que um texto deve ser bem escrito, mas narrativo,

no sentido de que todas as matérias tenham começo, meio e fim, do que um

amontoado de frases, simples coisas brutas que você ou ouve no rádio, lê na

internet ou vê pela tevê. Esse tipo de tratamento da notícia acho que não

cabe mais ao jornal. Cada vez mais é um tratamento mais profundo, mais

analítico.”29 Tão Gomes Pinto lembra que jornais como New York Times,

Herald ou a Guardian têm essas características. Augusto Nunes, diretor de

Redação do Jornal do Brasil, também concorda e prevê que o conteúdo do

jornalismo impresso, apenas noticioso, vai ser substituído pelo informativo

digital. Na opinião dele, o jornalismo impresso terá de ser analítico para o

leitor entender melhor o assunto. Ele faz a seguinte observação para

justificar o seu ponto de vista: “A notícia na íntegra, ele (leitor) assistiu,

ouviu e leu nas páginas da wejornalismo.”30 Mas é preciso ficar claro que

esse tratamento analítico não significa a editorialização ou opinar no texto de

uma reportagem. O que o leitor deseja é ser ajudado na visualização do fato

jornalístico.

É esse que deve ser o perfil do jornal-laboratório porque não há como,

principalmente no Brasil, acompanhar a velocidade da informação, mesmo

porque a função do exercício laboratorial é formar o profissional que tenha o

domínio pleno da linguagem jornalística e não apenas da técnica da pirâmide

invertida.

Não tenho a pretensão de escrever sobre a fronteira entre jornalismo e

literatura porque este trabalho não focaliza essa temática, mas o texto do

jornal-laboratório impresso deve se aproximar da grande reportagem, não tão

em moda no jornalismo brasileiro. Há exemplos de jornalistas brasileiros e

extrangeiros que transformaram a reportagem em livro-reportagem e nem

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por isso o brilho da linguagem jornalística foi abandonado. Entre eles se

destacaram Truman Capote no livro A sangue frio que relata um brutal

assassinato de uma família do estado do Kansas. Já John Reed foi o repórter

da revolução russa em os Dez dias que abalaram o mundo. Euclides da

Cunha em sua reportagem Os Sertões contou a saga de sertanejos do arraial

de Canudos na luta contra o Exército brasileiro. Todos os autores narraram

os fatos jornalísticos como observadores participantes, ou seja, estiveram no

local do acontecimento. É importante citar esses exemplos de jornalismo

presencial porque hoje publica-se muitas notícias levantadas pelo telefone ou

internet.

O jornalismo tem regras próprias, mas nada impede o jornalista de

pesquisar, checar, colher pistas e impressões na busca de elementos ou

personagens que possam enriquecer o texto. Para José Sebastião Witter, uma

reportagem não é um mero sistema de registro do fato jornalístico: “O autor

trabalha com personagens reais, como exige a boa imprensa, porém utiliza

recursos rigorosamente literários na reprodução dos cenários de sua

reportagem, humaníssima e recheada de estilo, vigoroso, iluminado estilo.”31

Na verdade, o serviço de reportar é pura rotina, porque uma das funções do

repórter é examinar com cuidado o fato jornalístico. Um exemplo desse

trabalho minucioso e atencioso de garimpagem jornalística, onde o autor

transforma uma execução de rotina, para a época, em um bem articulado

texto não perecível, data de 1846, em Roma. “Havia ali um extenso local

lamacento quase vazio, como uma careca na cabeça de um homem. Um

vendedor de charutos, com um pote de barro contendo cinzas de carvão em

uma das mãos, andava para cima e para baixo, anunciando a sua mercadoria.

Um vendedor de doces dividia sua atenção entre o cadafalso e seus

fregueses. Alguns meninos tentavam subir em paredes e em seguida caiam.

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Padres e monges tentavam abrir caminho acotovelando-se entre as pessoas e

ficavam na ponta dos pés para ver a lâmina: depois iam embora.”32 Era

Charles Dickens, escritor e jornalista inglês, em sua reportagem Uma

Execução, descrevendo a decapitação de um prisioneiro romano. A

reportagem é um acontecimento público do século 19, mas não perdeu a

contemporaneidade porque o autor usou uma linguagem que não se prendeu

apenas ao factual, embora cite o dia da semana, o ano, a hora, mas à

narrativa concreta, objetiva e ao enredo em que os personagens se movem. O

texto também retrata o comportamento do ser humano, sua curiosidade, sua

ambição comercial e seu descaso para um homem que iria morrer de forma

trágica. Charles Dickens narra assim a ganância humana: “…como a dos

apostadores de loteria que, depois de um decapitação pela guilhotina,

contam as gotas de sangue espalhadas no chão para tentar advinhar o

número que será sorteado”.33 O autor explorou com propriedade a execução,

usando um linguagem simples, precisa, clara, frases curtas. Ao buscar no

próprio local personagens do cotidiano, enriqueceu a narrativa jornalística.

Ou seja, o trama não se resumiu apenas ao destino do prisioneiro, mas o que

se passava ao redor do cadafalso. É o jornalismo presencial registrando a

história humana.

O texto para jornal-laboratório deve e precisa caminhar nessa direção tão

bem construída por Charles Dickens. A riqueza estilística não é

simplesmente noticiar o fato, está na contextualização, nos detalhes, nas

contradições, na análise, nas reações humanas, no inusitado, na observação

participante – foi o que fez Dickens –, na intepretação sob diferentes

perspectivas. O aluno deve mergulhar nessa narrativa para descrever com

singularidade o fato de interesse universal.

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Enquanto o mundo e o Brasil concentram suas atenções à queda das torres

gêmeas e a guerra entre Afeganistão e Estados Unidos, uma parte do

extremo Norte do território nacional vive em constante conflito social,

econômico, político e armado. Grandes reportagens foram publicadas em

revistas e jornais brasileiros relatando mais uma aventura norte-americana

além fronteiras, mas raro foi aquele que contou um pouco sobre o Brasil.

Nesse mar de informações e contra-informações sobre o episódio Osana bin

Laden, a revista Época fugiu da mesmice e publicou uma reportagem de

Eliane Brum, que, infelizmente, mereceu uma pequena chamada na parte

superior da capa do periódico, A Guerra do começo do mundo: a última

fronteira. O texto narra o cotidiano de um território desconhecido pela

maioria do povo brasileiro: Roraima. A autora usou do seu conhecimento de

geografia, política, de história contemporânea, ou seja, de humanidades, para

descrever a saga do povo de Roraima. Os dados comparativos ilustram bem

o texto da reportagem e deixam o leitor familiarizado com o drama daquele

Estado nortista. Esse trecho extraído da reportagem revela uma faceta do

Brasil: “Roraima é uma terra isolada, ligada ao resto do país apenas por uma

transfusão de recursos – intensa e de mão única – de Brasília para o Estado.

Mais perto de Miami que do Rio de Janeiro, a capital (Boa Vista, grifo

nosso) vive em crise de identidade. Quando um roraimense viaja, anuncia

aos amigos: Vou para o Brasil.” O relato continua: “Assim, isolado,

maltratado até, e um tanto órfão, Roraima vive a guerra do começo do

mundo. E ninguém se importa. O Brasil não dá importância a Roraima, mas

Roraima importa-se muito”.34 A autora reportou a situação local incluindo

personagens que fizeram e fazem a história de Roraima: o migrante regional,

nacional e extrangeiro; a saga dos aventureiros como a da maranhense

Cleonice Conceição, de Maurício Habert que sonha em dismistificar a fama

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do pai Maurice Habert de ladrão e desertor da Primeira Guerra Mundial; do

suíço Walter Vogel, que se diverte plainando de ultraleve, é dono de 12 mil

cabeças de gado, 100 mil terrenos; e a guerra entre o Exército, os índios e a

Igreja Católica. A riqueza estilística faz o leitor viajar no tempo e no espaço,

dificilmente documentários de televisão reportariam com sutileza e maestria

o dilema de personagens comuns e de um Estado em estado de alerta. A

reportagem termina deixando transparente que conflitos sempre vão existir

na terra que tem 57% sob o domínio indígena: “…No norte, os macuxis

seqüestraram um par de botinas e uma boina dos militares para mostrar

quem manda naquela quina do Brasil. Diante do ataque estrangeiro, o

valente general (Claudimar Magalhães Nunes) ameaça tomar os troféus de

guerra na marra. Não há dias comuns em Roraima.”35 Se uma das funções

do jornalismo é colocar à tona as contradições, o texto de Eliane expõe este

contraste brasileiro.

A compreensão real do fazer jornalístico exige uma sensibilidade

incomum e um profundo conhecimento de história, economia, política,

antropologia, filosofia e sociologia. Se a escola deve preparar o futuro

jornalista para o exercício profissional, independente da mídia, então é

fundamental que a formação acadêmica leve-o à criticidade, ao pensar e

refletir lógico, a ouvir sempre as várias versões do fato jornalístico, a

mostrar as contradições e não as suposições. Para o aluno entender e

assimilar essas práticas obrigatórias do fazer jornalístico, o exercício de

reportar é de grande valia.

4.10 – Aluno-repórter

É nos grandes conflitos mundiais que o papel do jornalista-repórter torna-

se público, se aproxima do cidadão comum e se fragiliza por ser o único a

chegar perto da notícia no campo de batalha. O exemplo mais recente dessa

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ação jornalística foi o confronto norte-americano contra os seguidores de

Osana bin Laden. Preocupados em verificar as manobras militares in loco os

jornalistas norte-americanos brigaram para entrar na guerra. O desejo era

evitar que o Pentágono controlasse as informações sobre o confronto no

Afeganistão. “É muito fácil perceber que não teremos reportagens em tempo

real nem a verificação do que realmente aconteceu nos ataques”, reclama

Doyle Macnus, do diário Los Angeles Times.36

É com esse espírito de ter maior acesso ao fato jornalístico que o aluno-

repórter deve encarar a atividade profissional ainda na escola. É por meio da

observação, no local que pretende reportar, que colocará à tona as

contradições sociais ou políticas. “Daí por que pode ser chamado de

observação-reportagem, já que apresenta certa similaridade com as técnicas

empregadas pelos jornalistas.”37 Antônio Carlos Gil quis dizer que a

observação é um técnica de coleta de dados e independe para que fim será

usada.

Se, segundo Franz Victor Rudio, observar é aplicar os sentidos a fim de

obter uma determinada informação sobre algum aspecto da realidade,38 o

futuro jornalista não pode abrir mão dessa técnica, secularmente utilizada

pelo ser humano, com o objetivo de valorizar e enriquecer o texto

jornalístico e ainda ganhar credibilidade junto ao leitor. Mas observar

abrange todos os sentidos do homem, não se resume a ver, mas de examinar

e interpretar, de ler documentos, de colher depoimentos. Estes

conhecimentos ajudam o estudante a compreender com maior abrangência o

fenômeno jornalístico. “A percepção, observação cotidiana se enriquecem,

amplia-se a cosmovisão, assim como ampliam as narrativas”, ensina

Cremilda Medina que tudo isso é possível aprender por meio da

reportagem.39 Luiz Maklouf de Carvalho, autor de Cobras Criadas, usou

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com propriedade a observação para contar a vida de menores de rua que

perambulam pelo centro da capital paulista. Para mostrar com precisão e

veracidade o fato, Maklouf passou 12 horas acompanhando de perto as

aventuras, as peraltices de sete crianças abandonadas pelos pais e pelo

Estado. “Lá vão eles de novo, a menina um pouco atrás. Entram no metrô

Anhangabaú, atravessam as duas pistas da 23 de Maio. Dois deles têm

cola.”40 A cada linha lida o leitor mergulha no mundo conturbado e violento

de São Paulo como se fosse ele o observador-participante.

O jornalista tem sempre presente uma preocupação: ser preciso e verídico

no relato do imediato, mas sem perder a criatividade. Disso decorre parte da

narrativa por ele elaborada. A construção lógica de cada parágrafo e a

coordenação coerente das informações coletadas, mais a intuição jornalística

do autor, são fundamentais para tornarem o texto inteligível e de fácil leitura.

Prender a atenção da primeira até a última linha, ter originalidade, clareza

e criatividade, simplificar o cotidiano, mostrar os contrastes sociais sem

perder o brilho da narrativa são desafios constantes que o jornalista enfrenta

para contar um fato real rico em detalhes. A reportagem acentua a qualidade

do autor e amplifica o universo do leitor. No entanto, para seduzir o leitor é

preciso algumas técnicas narrativas, nenhuma pode ser monótona, cheia de

adjetivos ou cansativa. Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari classificaram a

reportagem assim: a) reportagem de fatos (fact-story), reportagem de ação

(action-story) e reportagem documental (quote-story).41 Os três tipos ou

modelos devem ser usados pelo estudante porque não privilegiam o factual

mas o desdobramento da notícia. Sendo, portanto, uma extensão do real

imediato, a reportagem constitui um gênero jornalístico que contribui na

formação estilística e conteudista do futuro jornalista. “Por isso, é a

reportagem – onde se contam, se narram as peripécias da atualidade – um

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gênero jornalístico privilegiado. Seja no jornal nosso de cada dia, na

imprensa não cotidiana ou na televisão, ela se afirma como o lugar por

excelência da narração jornalística. E é mesmo, a justo título, uma narrativa

– com personagens, ação dramática e descrições de ambiente – separada

entretanto da literatura por seu compromisso com a objetividade

informativa.”42

4.11 – Pauta serve de guia

Chama-se pauta tanto o conjunto de assuntos que uma editoria está

cobrindo como a série de indicações transmitidas ao estudante, não apenas

para situá-lo sobre um determinado tema, mas, principalmente, para orientá-

lo sobre os ângulos a explorar no fato jornalístico, entrevista ou na

reportagem. Toda pauta parte de uma hipótese. É o roteiro mínimo fornecido

ao estudante de Jornalismo. A pauta serve de guia ao estudante. Para Clóvis

Rossi, da Folha de S. Paulo, a pauta é o plano de vôo para o

desenvolvimento da reportagem.

O estudante precisa primeiro pesquisar o assunto antes de ir a campo. Ele

deve se preocupar em levantar enfoques diferenciados sobre o assunto,

buscar ângulos novos de abordagem, não ser genérico e responder a uma

questão específica. O aluno deve ler de tudo, checar minúcias, ter uma boa

rede de informações, conversar sempre com quem puder, interessar-se por

tudo e por todos, ficar atento ao trânsito, obras públicas ou não, sempre que

possível reler jornais e revistas na coleção situada no arquivo ou no

departamento de documentação. Ser bem informado é uma qualidade

indispensável a quem prepara uma pauta. O estudante não pode começar um

texto sem muita pesquisa. Se confiar na intuição ou na velha praxe “na hora

eu me viro”, já é meio caminho andado para o erro. É preciso preparar, ler,

anotar. Fazer uma pauta é apurar antes da apuração. Ao apurar, com uma

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leitura rigorosa sobre o assunto, o estudante pode encontrar contradições ou

informações que não batiam ou batem com o assunto.

Não adianta nada ser um bom criador de idéias e não saber se podem ser

executadas. Formular perguntas é uma coisa, talvez até um ato mecânico,

mas ter conhecimento sobre o assunto a ser pautado é outra história. A boa

pauta é aquela que tem um bom histórico que possa facilitar a compreensão

do objetivo. O texto deve ser leve, esclarecedor e até provocativo. Ou seja,

aguçar a sua própria sensibilidade. A pauta jamais pode ser um catálogo, um

índice ou uma folha repleta de anotações genéricas e dispersas. Na verdade,

precisa ter uma metodogia que possa nortear e ordenar o que se propõe a

confirmar ou não.

Quando se tem uma boa pauta, a coleta de dados e a matéria se

desenrolam naturalmente. A pauta é um roteiro que inclui o assunto,

histórico, objetivo, justificativa, telefones de pessoas a entrevistar, endereços

de locais que deverão ser procurados e previsão para fotos, tabelas, gráficos,

ilustrações, mapas ou box. Deve-se evitar a formulação de perguntas. Ela

inibe o estudante a refletir e analisar o argumento do entrevistado. Na

verdade, o estudante fica mais preocupado em fazer a próxima pergunta que

já está programada e não presta a devida atenção na resposta do

entrevistado. Então, o fundamental é que faça o estudo aprofundado sobre o

tema ou entrevistado e redija um histórico que o possa ajudar no

encadeamento da reportagem ou entrevista.

A pauta é detalhista, principalmente porque o jornal-laboratório é

diferente do jornal diário. Este se pauta com acontecimentos programados e

não-programados, enquanto o jornal-laboratório trabalha quase sempre com

matérias frias. No jornal diário, por exemplo, é preciso agilidade para

montar uma pauta de cobertura no caso de um grande incêndio. No jornal-

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laboratório os estudantes têm um tempo maior de operação, além do

tratamento e acabamento editorial diferentes. Quanto mais o estudante

estiver informado, mais sua sensibilidade estará aguçada para direcionar sua

matéria. Por isso, é preferível que o aluno faça um levantamento detalhado

sobre o assunto ou entrevista que vai reportar e deixar de lado o roteiro de

perguntas. Então, um bom histórico, na maioria das vezes, dá muito mais

subsídio ao estudante para questionar o entrevistado.

A pauta de um jornal-laboratório deve e precisa ser mais rica do que a dos

órgãos de imprensa diários. Nestes, quem define a pauta são os editores. O

repórter, na maioria dos casos, é um elemento passivo na discussão de pauta.

Já em um jornal-laboratório esse processo deve e tem que ser diferente

porque é um trabalho acadêmico e precisa ser mais fundamentado. A pauta

escrita e completa obriga o estudante a fazer uma pesquisa antes: saber onde

está a fonte, qual o seu telefone, a melhor angulação na matéria, o que já

existe publicado sobre o assunto etc.

A cada edição do jornal-laboratório é realizada uma reunião de pauta para

discutir e analisar as propostas de pautas do estudante. A reunião de pauta é

para evitar decisões arbitrárias, democratiza uma Redação e hierarquiza os

fatos jornalísticos – de interesse público – que devem ser “cobertos” pelo

jornal-laboratório. O aluno-repórter tem de discutir a pauta também, porque

durante a discussão ele já começa a fazer a matéria. Além disso, quando o

aluno discute a pauta, aprende a interpretar os fatos.

Modelo de pauta

tema — saúde

assunto — paralisia infantil

histórico — é uma pesquisa sobre o assunto, seleção dos dados mais

importantes que possam auxiliar o estudante no direcionamento da matéria

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ou reportagem.

objetivo — especificar o direcionamento do assunto. É a angulação da

matéria ou reportagem.

fontes — Ministério da Saúde, secretarias da Saúde, hospitais públicos e

privados, escolas, creches, depoimentos de especialistas, pais etc.

Estes dados ajudarão o estudante a montar e produzir um texto que

atenderá às exigências do leitor. O estudante tem liberdade e deve ter

sensibilidade para mudar a angulação da pauta quando um assunto levantado

no meio de uma entrevista ou cobertura se sobrepuser aos demais pedidos

pela pauta. Ou seja, quando surgir um gancho mais interessante.

4.12 – Lead não dispensa criatividade

No início dos anos 50, uma grande reforma no jornal Diário Carioca

substituiu o tradicionalíssimo nariz-de-cera pelo lead, recurso de estilo norte-

americano no qual as informações mais importantes e atraentes da notícia

são colocadas no parágrafo inicial do texto, de modo a conquistar a atenção

do leitor. O responsável pela modernidade do jornalismo brasileiro foi o

jornalista Roberto Pompeu de Sousa Brasil.

Na verdade, lead, ou já aportuguesado lide, é a introdução, o primeiro

parágrafo de um texto, que dá resposta a seis perguntas básicas do objeto da

matéria: quem? o que? quando? onde? como? por quê? É uma técnica com o

objetivo de compactar a informação ao leitor. O lead deve ter no máximo 10

linhas/lauda de um parágrafo e ser dividido em dois ou três períodos

(orações) tratando do mesmo assunto. Evite parágrafos longos. Quando o

lead for noticioso, o estudante de Jornalismo deve obedecer à seguinte regra:

o que, quem, quando, como, onde e por quê. A seqüência das seis perguntas-

chave para formação de um bom lead é flexível.

Agora, se a notícia não for factual, por exemplo, uma reportagem sobre o

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desmatamento clandestino na Amazônia, o estudante deve e pode lançar mão

de outros recursos de redação. A receita não é correta para todos os textos,

mas é preciso dominar a fórmula para saber quando não usá-la, substituindo-

a pela originalidade, criatividade e talento. Porém, o estudante não pode se

esquecer que a exigência fundamental continua a de prender a atenção do

leitor, e para isso é preciso escrever bem, o que só se consegue lendo bem, e

muito.

O estudante ao construir um texto jamais pode dispensar a criatividade,

mas precisa respeitar as regras de estruturação, sem adotar uma visão

burocrática do fato jornalístico. O lead, conforme define o Livro de Estilo do

jornal português Publico, é aquele que introduz uma novidade absoluta, uma

notícia em primeira mão. O estudante deve sempre mostrar algo novo,

mesmo que o assunto seja óbvio.

O lead deve ser claro, preciso e fiel ao público, não deve ser negativo,

dúbio ou de difícil interpretação, interrogar o leitor, ou no condicional e no

gerúndio. O estudante também deve evitar citações literárias, expressões. O

lead deve ser afirmativo, informativo e, quando possível, acentuar a ação.

4.13 – Título leva à leitura

A função do título ou manchete é anunciar a notícia ou reportagem,

resumir o mais importante do texto jornalístico. Tem de refletir a realidade

do fato jornalístico, o clima do assunto, tornar a notícia atraente. É a frase

mais enxuta e curta, composta em letras (caracteres) maiores que ficam

acima do texto. A finalidade é orientar e despertar o interesse pela leitura.

Algumas regras e dicas

O título:

* precisa sair do lead e é importante que provoque impacto, curiosidade, ser

apelativo.

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* precisa ser claro, objetivo, conciso.

* ter verbo de ação (no presente). Isso atualiza, não deixa a notícia

envelhecer. Quando o texto se referir a fatos distantes no futuro ou passado,

usam-se o pretérito ou o futuro.

* ter palavras curtas.

* conter palavras-chave que sintetizem o mais importante (lead) da matéria;

* só deve usar siglas conhecidas.

* não deve abreviar palavras.

* estar na ordem direta: sujeito, verbo e complemento.

Evitar

* uso de termos indefinidos: vários, diversos, muitos, poucos, alguns etc.

Essas palavras dão margem a imprecisão.

* uso de artigo antes do sujeito.

* uso de dois pontos. Não é criativo e interrompe a continuidade do título.

* reproduzir as palavras iniciais do texto;

* uso de verbos como ter, dever e poder, em razão da carga de ambigüidade

que contêm.

* uso de interrogração. O título precisa informar o leitor, não deixá-lo em

dúvida ou questioná-lo.

* uso de rimas, principalmente o ão.

* título óbvio. Exemplo: Recessão causa aumento de desemprego;

* uso de palavras desconhecidas do leitor.

* aspas no título, a não ser para identificar citações fortes.

* verbos em tempo composto. Exemplo: FHC vai viajar amanhã. (Errado);

FHC viaja amanhã. (Correto)

* dividir palavras.

* uso do ponto final.

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* adjetivos que só preenchem espaços e não enriquecem a informação;

* uso de advérbios de lugar.

* uso de números no começo de título.

* uso de palavras ou expressões negativas. Exemplo: Jogo não se realizará.

Correto: Jogo é cancelado.

* uso de números romanos.

* só use abreviaturas ou nomes próprios quando forem do conhecimento

geral.

Impacto

Exemplo de título que causa impacto:

Choque de ônibus mata 100 pessoas;

Sem impacto e desinteressantes

Exemplo: Violento choque de caminhões;

Exemplo: Nenhuma pista sobre o crime da rua Cuba;

4.14 – Edição seleciona e hierarquiza

Até a metade do século 15 tudo era manuscrito, a invenção da imprensa

facilitou a produção e difusão do jornal, pois permitiu que fossem feitas

várias cópias de um mesmo impresso. Com a tipografia criou-se um tipo de

comunicação comum, ou seja, o jornalismo passou a ser um fenômeno

universal. Com a colaboração de Gutenberg, a maneira de fazer jornal foi

evoluindo de acordo com a necessidade de comunicação do homem e

também com a sofisticação dos governantes na arte de dominar. A linha

editorial do jornal foi se moldando e ganhou padronização e organização

com a Revolução Industrial.

O crescimento da industrialização provocou transformação do sistema de

estratificação social com a expansão da classe operária e das camadas

médias, o advento da burocracia e das formas de controle gerencial, o

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aumento populacional e o desenvolvimento do setor terciário em detrimento

do setor agrário. A partir desses fenônemos, filhos da Revolução Industrial

no final do século passado, os jornais, antes privilégios de poucos,

começaram a chegar à casa do proletário. Nascia, ou melhor, se consolidava

nesse movimento o primeiro veículo de comunicação de massa. O jornal

viabilizou não só o debate político e a reflexão, mas também sua utilização

como um mecanismo de manipulação das classes menos abastadas da

sociedade.

Até a Segunda Grande Guerra, não havia uma padronização do lay-out da

página. As matérias geralmente não eram tituladas. Os jornais não se

preocupavam em manchetar as principais notícias na primeira página para

atrair o leitor mais desatento. No decorrer dos acontecimentos da guerra, o

modo de fazer jornal foi se modificando, principalmente nos Estados Unidos

– onde nasce o jornalismo interpretativo, o desenvolvimento da reportagem,

com o reforço analítico e documental que procurou situar mais precisamente

o cidadão diante dos acontecimentos – e os critérios passaram a ser outros.

Aos poucos o jornal foi introduzindo títulos e manchetes, embora longos,

pois ainda não se havia determinado o espaço a ser ocupado por eles.

Com o final da Segunda Grande Guerra, o mundo se moderniza em

diferentes setores. Dentro desse contexto é redefinido o antigo meio de

comunicação, a imprensa. Nos Estados Unidos, a funcionalidade –

praticidade e a agilidade no fazer jornal – se incorpora ao processo de

produção e difusão desse veículo. Na verdade, nos Estados Unidos, a técnica

de fazer jornal ganhou aliados como título, manchete, local para quadro

estatísticos, fotos e lead. Esses critérios foram criados, não só para atender

às exigências do leitor que cada vez mais se envolvia com a vida agitada das

mudanças tecnológicas e econômicas, mas também para facilitar a produção

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em massa e alcançar um horizonte ainda maior, ou seja, chegar a vários

locais no menor espaço de tempo.

O processo de edição – que envolve a escolha do assunto, a definição da

pauta, o entrevistado, o fato jornalístico, as matérias que abrem página e

aquelas que vão para a primeira página – foi o carro-chefe da evolução do

jornalismo impresso. Esse processo de editar, colocar cada um no seu lugar,

hierarquizar, selecionar, definir espaço e dar prioridade a temas e fatos,

contribuiu para que mais pessoas, ou leitores, tivessem acesso às

informações e que as notícias não ficassem restritas ao círculo de uma

sociedade.

4.15 – Linha editorial define características

Toda publicação jornalística tem a sua linha editorial, apresentação

gráfica/visual e padrões redacionais específicos. Com isso visa apresentar ao

público leitor um produto de boa qualidade. Como complemento a essa

idéia, a linha editorial se firma através do uso de padronizações redacionais e

gráficas/visuais homogênicas, que dão ao veículo uma personalidade, uma

identificação. O jornalista – mesmo que ainda aprendiz – deve saber adaptar-

se à linha editorial do veículo em que trabalha.

Daí a importância da definição da linha editorial para a produção e

difusão do jornal-laboratório porque vai oferecer ao estudante de Jornalismo

elementos que vão nortear a sua matéria ou reportagem sem perder a

essência do fato jornalístico.

A linha editorial é importante para evitar a interferência tanto no processo

ensino-aprendizagem quanto na produção e difusão de um jornal-laboratório.

Ela define as diretrizes e características do jornal-laboratório, sem as quais

dificilmente um veículo de comunicação sobrevive às transformações

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sociais. Essencialmente, a linha editorial é a identidade do veículo

laboratorial.

Não existe um modelo pronto e acabado para elaborar uma linha editorial

laboratorial, mas alguns tópicos devem ser incluídos porque há casos que o

jornal-laboratório se transforma num boletim informativo institucional. Um

dos tópicos recomendados ao professor-responsável pelo jornal-laboratório é

deixar bem claro que o veículo laboratorial é de uso exclusivo do Curso de

Jornalismo, em particular do aluno que tem aonde se exercitar. O jornal

jamais deve ser usado em benefício próprio (aluno) e da instituição. É bom

registrar também que o aluno não pode usá-lo em defesa de interesses

políticos, econômicos, estudantis etc.

Outro tópico que pode ser incluído na linha editorial é quanto à

distribuição. Não é raro centenas de exemplares de jornal-laboratório

ficarem encalhados na redação porque não houve a distribuição. Distribuir

também é uma atividade acadêmica e não tira o brilho jornalístico do

estudante que entrega diretamente ao leitor um exemplar do jornal-

laboratório. Na verdade, a circulação do jornal não deve se restringir à

faculdade, porque só assim o aluno-repórter tem a oportunidade de divulgar

seu trabalho num universo maior, colocando em prática a teoria adquirida na

sala de aula.

É recomendável ao elaborar a linha editorial que seja esclarecida a função

e o objetivo do jornal-laboratório na formação do aluno, o zelo que o

estudante deve tomar na apuração do fato jornalístico, a identidade do jornal-

laboratório com a comunidade que estiver inserido para evitar a publicação

de matérias que fujam completamente do contexto local.

É fundamental a constituição de um conselho editorial independente. É

um colegiado composto por professores da instituição e por alunos. O

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mandato é de um ano, podendo ser renovado por mais um. O colegiado é

eleito pelo voto popular entre professores da instituição e alunos de

Jornalismo. Sua função é avaliar o desempenho do jornal, discutir a linha

editorial, examinar o comportamento do futuro jornalista. Em casos

excepcionais, pode ser convocado.

Linha editorial define as editorias

Mas, não existe uma regra que determine as editorias de um jorna-

laboratório porque os critérios de escolha dependem da abrangência do

veículo laboratorial e da sua função na comunidade. Mas para experimento e

treinamento do futuro jornalista é viável, dentro da realidade local, que

editoriais tradicionais: política, economia, saúde, esporte sejam incluídas na

linha editorial do jornal-laboratório. Na verdade, a finalidade é familiarizar o

estudante com a realidade do mercado, mas é preferível que os temas

escolhidos sejam voltados aos interesse da comunidade em que o jornal-

laboratório esteja inserido. Ou seja, não é um melhor resultado prático um

aluno produzir um texto sobre a super-desvalorização do dólar num

parâmetro nacional. Com certeza, o resultado será melhor e didático se o

mesmo tema for explorado enfocando, por exemplo, a influência da queda

do dólar na economia local. A finalidade é aguçar o estudante a entender, no

caso específico da economia, como funciona o setor econômico da região de

circulação do jornal-laboratório. Na verdade, o jornal-laboratório deve

colocar em pauta assuntos que valorizem a comunidade e não temas que

relatam fatos nacionais. Então, as editorias precisam ter enfoques locais.

4.16 – Cronograma de atividades

É a pauta do professor. Nela devem constar as atividades teóricas e

práticas que vão acontecer ao longo do ano letivo. Sem uma programação

definida o professor terá dificuldades em aplicar a sua metodologia de

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trabalho. Já o aluno fica perdido sem saber o que fazer a cada encontro na

Redação. Ao elaborar o cronograma de atividades, o professor precisa

relacionar e especificar cada etapa de produção e difusão do jornal-

laboratório e afixá-la na Redação. Assim o aluno e professor terão como se

orientar cotidianamente. É lógico que os imprevistos ocorrerão, mas nada

impede ou inviabiliza a função do cronograma de atividades.

Exemplo:

1º encontro – exposição do programa de trabalho

2º encontro – aula teórica sobre a função social do jornalismo e ética

3º encontro – o que é jornal-laboratório e texto para jornal-laboratório

4º encontro – a reportagem e a comunidade

5º encontro – o que é pauta e a sua aplicabilidade no jornal-laboratório

6º encontro – distribuição de atividades para produção e difusão da

primeira edição do ano letivo do jornal-laboratório

7º encontro – escolha de editorias e reunião de pauta

8º encontro – leituras da pautas

9º encontro – entrega dos textos (matérias) e leitura

10º encontro – diagramação do jornal-laboratório e revisão

11º encontro – fechamento do jornal-laboratório e edição

12º encontro – reunião de avaliação

13º encontro – distribuição do jornal-laboratório e reunião de pauta

No mínimo serão 36 encontros ao longo do ano letivo ou 144 horas/aulas,

depende da grade curricular de cada escola. O tempo passa rápido e a

exigência é tirar, no mínimo, oito edições do jornal-laboratório. Então, neste

contexto, o cronograma de atividades vai agilizar fechamento e conduzir o

aluno a respeitar regras, prazos, se disciplinar, não esquecer o dia de

fechamento, de uma reunião de pauta.

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Embora o aluno não deva ser treinado à base da nota para o

funcionamento da produção e difusão do jornal-labratório, é importante que

o professor estabeleça critérios de avaliação. Sem eles as etapas de produção

e difusão raramente são respeitadas pelos alunos, principalmente aqueles

meramente tarefeiros, ou seja, que não se preocupam com o processo ensino-

aprendizagem, querem mais tirar nota do que exercitar o jornalismo. Na

verdade, o aluno precisa entender que a avaliação não é um instrumento de

poder do professor-responsável pela produção e difusão do jornal-

laboratório, nem ele pode usá-la como modelo de coação, inibição da

criatividade ou chantagem. O aluno tem de ser cobrado mas de público, ou

seja, na frente de colegas. O recomendável que o professor converse

pessoalmente com cada autor, para que ninguém fique constrangido.

É comum o aluno perguntar ao professor quanto que nota vai ganhar para

cumprir as etapas de trabalho. Ele esquece que ganha sempre que produzir, e

bem. Para evitar reclamações e justificativas de última hora, o professor

pode adotar os seguintes critérios de avaliação: interesse pela futura

profissão, disciplina, pontualidade, originalidade na gestão da pauta e

produção do texto, participação e sugestões, reunião de pauta, qualidade do

texto, ajuda no fechamento, distribuição.

4.17 – Orientação bibliográfica

No dia-a-dia nas redações ou na cobertura de grandes acontecimentos a

leitura é indispensável para a valorização profissional. É muito importante

que o estudante, mesmo com a visão de que fazer jornalismo é apenas um

exercício de rotina, leia sobre tudo. Com a proposta de colaborar com o

futuro jornalista, neste tópico relaciono uma série de livros dos mais

variados gêneros que serão fundamentais para sua formação:

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ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo. São Paulo, Companhia das Letras,

1989.

ALTMAN, Fábio. A arte da entrevista. São Paulo, Scritta, 1996.

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Porto Alegre, L&M Pocket, 1997.

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Porto Alegre,

L&P Pocket, 1997.

BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica 1 e 2. São Paulo, Ática, 1990.

BALZAC. Ilusões perdidas. São Paulo, Abril, 1978.

BARCELLOS, Caco. Rota 66. São Paulo, Globo, 1994.

BARROS, Clóvis Filho. Ética na comunicação: da informação ao receptor.

São Paulo, Moderna, 1995.

BELTRÃO, Luiz. A imprensa informativa. São Paulo, Editor Folco Masucci,

1969.

BELTRÃO, Luiz. Jornalismo interpretativo: filosofia e técnica. Porto

Alegre, Sulina, 1976.

BELTRÃO, Luiz. Jornalismo opinativo. Porto Alegre, Sulina, 1980.

BUCCI, Eugênio. O peixe morre pela boca. São Paulo, Scritta, 1993.

CAPOTE, Truman. A sangue frio. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1965.

CASTRO, Ruy. Estrela solitária – uma brasileiro chamado Garrincha. São

Paulo, Companhia das Letras, 1995.

CHAPARRO, Manuel Carlos. Pragmática do jornalismo – buscas práticas

para teoria da ação jornalística. São Paulo, Summus, 1994.

COSTA, Caio Túlio. O relógio de Pascal. São Paulo, Siciliano, 1991.

CUNHA, Euclides da. Os sertões. Rio de Janeiro, Ediouro, 1996.

DANTAS, Audálio. Repórteres. São Paulo, Senac, 1998.

DIMENSTEIN, Gilberto, KOTSCHO, Ricardo. A aventura da reportagem.

São Paulo, Summus, 1990.

159

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DINES, Alberto. O papel do jornal. São Paulo, Summus, 1986.

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FUSER, Igor (org.). A arte da reportagem. São Paulo, Scritta, 1996.

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JORGE, Fernando. Cala a boca, jornalista. São Paulo, Vozes, 1992.

KOTSCHO, Ricardo. A prática da reportagem. São Paulo, Ática, 1986.

KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários – nos tempos da

imprensa alternativa. São Paulo, Scritta, 1991.

LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. São Paulo, Ática, 1987.

LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. O adiantado da hora. São Paulo,

Summus, 1991.

LOPES, Boanerges. O que é assessoria de imprensa. São Paulo,

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Luiz. (Org.) A evolução do jornalismo em São Paulo. São Paulo,

ECA/USP/Edicon, 1997.

LOPES, Dirceu Fernandes, SOBRINHO, José Coelho e PROENÇA, José

Luiz. (Org.) Edição em jornalismo impresso. São Paulo, ECA/USP/Edicon,

1998.

160

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LOPES, Dirceu Fernandes, SOBRINHO, José Coelho e PROENÇA, José

Luiz. (Org.) Edição em jornalismo eletrônico. São Paulo, ECA/USP/Edicon,

1999.

MAMOU, Yves. A culpa é da imprensa – ensaio sobre a fabricação da

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MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia. São Paulo, Ática, 1986.

MARCONI, Paolo. A censura política – imprensa brasileira 1968/78. São

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MEDINA, Cremilda de Araújo. Notícia, um produto à venda — jornalismo

na sociedade urbana e industrial. São Paulo, Summus, 1988.

MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista: o diálogo possível. São Paulo,

Ática, 1986.

MEDITSCH, Eduardo. O conhecimento do jornalismo. Santa Catariana,

Editora UFSC, 1997.

MELO, José Marques de. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis,

Vozes, 1985.

MELO, José Marques de. Técnica do lead . São Paulo, USP, 1972.

MEYER, Philip. A ética no jornalismo. Rio de Janeiro, Forense, 1989.

MIRANDA, Orlando. Tio patinhas e os mitos da comunicação. São Paulo,

Summus, 1985.

MORAIS, Fernando. A ilha – um repórter brasileiro no país de Fidel

Castro. São Paulo, Alfa-Omega.

MORAIS, Fernando. Chatô – o rei do Brasil. São Paulo, Companhia das

Letras, 1994.

MOREIRA LIMA, Gerson. Releasemania. São Paulo, Summus, 1989.

NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo, Companhia das

Letras, 1995.

161

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ORWELL, George. 1984. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1983.

ORWELL, George. A revolução dos bichos. São Paulo, Globo, 1997.

RAMOS, Graciliano. Memórias do Cárcere. São Paulo, Martins Fontes,

1965.

REED, John. Dez dias que abalaram o mundo. São Paulo, Global, 1978.

RIBEIRO, Alex. Caso escola base: os abusos da imprensa. São Paulo,

Ática, 1998.

ROSA, Guimarães João. Grandes sertões: veredas. Rio de Janeiro, José

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ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo, Brasiliense, 1980.

SACCONI, Luiz Antonio. Não erre mais. São Paulo, Atual, 1992.

SACCONI, Luiz Antonio. 1000 erros de português. Ribeirão Preto, Nossa

Editora, 1990.

SHERWOOD, Hugh C. A entrevista jornalística. São Paulo, Editora

Mosaico, 1981.

SQUIRRA, Sebastião Carlos M. Jornalismo online. Arte Ciência, São Paulo,

1998.

TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro, Record, 1980.

TOLSTOI. Guerra e paz. Rio de Janeiro, Ediouro, 1998.

TRAMONTINA, Carlos. Entrevista. Globo, São Paulo, 1998.

VENTURA, Zuenir. 1968 – o ano que não terminou. Rio de Janeiro, Nova

Fronteira, 1988.

WAINER, Samuel. Minha razão de viver. Rio de Janeiro, Record, 1988.

WALLRAFF, Günter. Cabeça de turco. Rio de Janeiro, Editora Globo,

1988.

WALLRAFF, Günter. Fábrica de mentiras. Rio de Janeiro, Editora Globo,

1990.

162

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4.18 – Notas e referências bibliográficas

1 – LACERDA, Carlos. A misão da Imprensa. São Paulo, Edusp, 1990

2 – BARBOSA, Rui. A Imprensa e o dever da verdade. São Paulo, Edusp,

1990.

3 – JOBIM, Danton. Espírito do jornalismo. São Paulo, Edusp, 1992.

4 – PAILLET, Marc. Jornalismo: o quarto poder. São Paulo, Brasiliense,

1986.

5 – DINES, Alberto. O papel do jornal: uma releitura. São Paulo,

Summus, 1986.

6 – ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo, Brasiliense, 1980.

7 – MARCONDES FILHO, Ciro. Imprensa e capitalismo. São Paulo,

Kairos, 1984.

8 – HUDEC, Vladimir. O que é o jornalismo? Portugal, Caminho, 1980.

9 – MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia. São Paulo, Ática,

1980.

10 – ARISTÓTELES. A política. Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1973.

11 – MEYER, Philip. A ética no jornalismo. Rio de Janeiro, Forense

Universitária, 1989.

12 – DINES, Alberto. O papel do jornal: uma releitura. São Paulo,

Summus, 1986.

13 – MELO, José Marques de. Para uma leitura crítica da comunicação.

São Paulo, Edições Paulinas, 1985.

14 – LACERDA, Carlos. A missão da Imprensa. São Paulo, Edusp, 1990.

15 – FUEYO, Sabino Alonso. O jornalismo no mundo moderno. Porto

Alegre, PUC, 1968.

16 – SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Nos EUA, vence a imprensa. São

Paulo, Folha de S. Paulo, 1992.

163

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17 – SENADO FEDERAL. Constituição do Brasil. Brasília, Centro

Gráfico do Senado Federal, 1988.

18 – RIVERS, William L. e SCHRAMM, Wilbur. Responsabilidade na

comunicação de massa. Rio de Janeiro, Bloch, 1970.

19 – KUNCZIK, Michael. Manual de comunicação: conceitos de

jornalismo. São Paulo, ComArte/Edusp, 1997.

20 – CHAUÍ, Marilena. Ética. São Paulo, Vídeo Cultura, 1992.

21 – MEYER, Philip. A ética no jornalismo. Rio de Janeiro, Forense

Universitária, 1989.

22 – MEYER, Philip. A ética no jornalismo. Rio de Janeiro, Forense

Universitária, 1989

23 – FENAJ. Código de ética dos jornalistas. Brasília, Fenaj, 1985.

24 – SCHNEIDER, Ari. Entrevista. São Paulo, Jornal-laboratório

Momento/Fiam, edição 78, 1997.

25 – NUNES, Augusto. Zero Hora: manual de ética, redação e estilo.

Porto Alegre, RBS e C&PM, 1994.

26 – BOUCHER, Jean-Dominique. A reportagem escrita. Portugal, Editorial

Inquérito, s/d.

27 – MEDINA, Cremilda. Jornalismo e literatura: fronteiras e intersecções.

In: Cadernos de Jornalismo e Editoração, nº 25. São Paulo, ComArte, junho

de 1990.

28 – WITTER, José Sebastião. João do Rio levou a literatura ao jornalismo.

In: Jornal dos Jornais, nº19. São Paulo, Editora Jornal dos Jornais, outubro

de 1999.

29 – PINTO, Tão Gomes. Antipático, mas competente. In: Revista Imprensa,

nº163. São Paulo, Imprensa Editorial, agosto 2001.

164

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30 – NUNES, Augusto. Depoimento dado no programa televisivo A verdade

de…, exibido no dia 18 de dezembro de 2001, entre 21h30 e 22h30, pela

Rede Brasil, apresentado por Sargenteli.

31 – WITTER, José Sebastião. João do Rio levou a literatura ao jornalismo.

In: Jornal dos Jornais, nº19. São Paulo, Editora Jornal dos Jornais, outubro

de 1999.

32 – FUSER, Igor. (org.) A Arte da Reportagem. volume 1. São Paulo,

Editora Scritta, 1996.

33 – FUSER, Igor. (org.) A Arte da Reportagem. volume 1. São Paulo,

Editora Scritta, 1996.

34 – BRUM, Eliane. A guerra do começo do mundo: a última fronteira. São

Paulo, revista Época, ano 4, nº180, 29 de outubro de 2001.

35 – BRUM, Eliane. A guerra do começo do mundo: a última fronteira. São

Paulo, revista Época, ano 4, nº180, 29 de outubro de 2001.

36 – FOLHA DE S. PAULO. In: Jornalistas querem ‘entrar’ na guerra. São

Paulo, Caderno Mundo, página A14, 23 de outubro de 2001.

37 – GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São paulo,

Atlas, 1989.

38 – RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica.

Petrópolis, Vozes, 1999.

39 – MEDINA, Cremilda. Jornalismo e literatura: fronteiras e interseções.

In: Cadernos de jornalismo e editoração, nº25. São Paulo, ComArte, junho

de 1990.

40 – MAKLOUF DE CARVALHO, Luiz. Doze horas acompanhando

Pamela e amigos, garotos de rua. O Estado de S. Paulo, Caderno Cidades,

página C4, 23 de dezembro de 2001.

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41 – SODRÉ, Muniz e FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem:

notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo, Summus, 1986.

42 – SODRÉ, Muniz e FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem:

notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo, Summus, 1986.

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Manual de redação

para jornal-laboratório

Com a proposta de chegar mais rápido ao leitor, agilizar o fechamento e

homogenizar o texto, os jornais adotaram regras e normas na produção e

difusão da notícia. Na busca de um produto mais atraente e preciso um dos

recursos usados foi a valorização gráfica da primeira página. Os títulos,

antes compostos em corpo que não chamavam a atenção do leitor, ganharam

novo formato e espaço. Os longos textos foram substituidos por chamadas

com o objetivo de levar o leitor às páginas internas dos jornais. Já as

matérias foram modificadas com a criação da pirâmide invertida: do mais

importante ao menos importante na estrutura da notícia jornalística, mas

sempre buscando responder às perguntas quem, quando, o quê, onde, como e

por quê? Embora com regras e normas internas e utilizando algumas

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técnicas, esse esforço era uma tentativa de dar unidade à notícia, agilidade

no fechamento e um esforço para colocar o jornal nas bancas o mais rápido

possível. As empresas, dessa nova indústria, se caracterizavam como

organizações que não podiam mais depender da improvisação na produção e

difusão da notícia. Na verdade, o texto jornalístico começa a ganhar forma e

estilo com a introdução do manual nas redações.

Embora não seja considerado um manual de estilo, o livro do professor

americano, Fraser Bond, Introdução ao jornalismo, representa um marco do

jornalismo moderno porque contribuiu no processo de produção e difusão do

fato jornalístico. O professor estimula o aluno a fazer um jornalismo preciso,

exato e coerente no relato da notícia e fiel ao leitor. Ainda nos Estados

Unidos os jornais The New York Times, The Washington Post, The

Philadelphia Inquirer e a agência de noticias The Associated Press adotaram

o livro de estilo. Na Europa El País (Espanha), Le Monde (França), The

Independent (Inglaterra), Público (Portugal) também aderiram ao jornalismo

moderno e implantaram o manual de estilo como ferramenta para os

jornalistas da casa.

José Marques de Melo e Carlos Eduardo Lins da Silva confirmam que a

primeira tentativa de usar manual de redação no jornal brasileiro foi em

Pernambuco, no final da década de 20, quando o jovem jornalista Gilberto

Freyre, recém-chegado dos Estados Unidos, implanta em Recife uma

stylesheet. Como diretor de A Província incentiva seus redatores a

escreverem com naturalidade e simplicidade. Estabeleceu um código de

redação: seriam multados aqueles que chamassem pai de genitor; recém-

nascido de interessante petiz; bispo de respeitável prelado e assim por

diante.1 A experiência de Gilberto Freyre durou pouco porque o jornalismo

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da época era artesanal e amador. As empresas não pagavam e era impossível

exigir textos padronizados de redatores voluntários.

Em 1959, sob a coordenação de José Nabantino Ramos, foi implantado

nas Folhas da Manhã, da Tarde e da Noite as Normas de Trabalho da

Divisão de Redação. “A experiência gerara o livro e o livro voltaria então a

ser testado pela experiência. Tudo deu certo. A elaboração das Folhas, e

mais tarde a Folha de S. Paulo, ganhou em eficiência e segurança, à

proporção que era disciplinada por Normas de Trabalho escritas. Demo-nos

até o capricho de elaborar a nossa Carta de Princípios, isto é, o caminho que

escolhíamos, como jornalistas, para estimular o progresso político,

econômico, social e moral do povo brasileiro.”2 Aproveitando a experiência

acumulada na elaboração das Normas de Trabalho e somados os 18 anos

vividos na redação das Folhas, José Nabantino Ramos se aprofundou no

assunto e produziu um livro com 305 verbetes, distribuídos em 13 grupos:

imprensa e jornalismo, a empresa e sua economia, organização da redação,

organização do jornal, conteúdo do jornal, ética profissional, publicidade,

oficinas, comportamento do público, direitos e obrigações do jornalista,

delitos de imprensa, entidades jornalísticas e disciplina legal da profissão.

Classificado como Jornalismo: dicionário enciclopédico, José Nabantino

Ramos assim justificou a sua obra: “Procedendo eu da advocacia, que se

desenvolve sob a disciplina de normas, sentia, como diretor de jornal, a falta

de regras, tanto para o trabalho diário, como para reger as relações do

periódico com o meio em que atuava. Estranhei profundamente que tudo isso

se fizesse ao sabor da improvisação e do critério de cada um.”3

O Diário Carioca foi o primeiro jornal brasileiro, na década de 50, a

organizar, em caráter permanente, normas de redação destinadas a

padronizar o texto jornalístico. O modelo stylebook foi importado dos

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Estados Unidos. O manual orientava o repórter a ordenar a matéria, grifar

números, usar correntamente o pronome de tratamento, maiúsculas,

abreviações e pontuação.4 Era simples e compacto para a época.

5.1 – Conceitos de Manual de Redação

O Novo Aurélio conceitua manual como o “livro que contém noções

essenciais acerca de uma matéria, assunto.”5 Uma das características do

manual é reunir de forma ordenada e de fácil manuseio, idéias, pensamentos,

regras, normas, instruções e recomendações sobre determinado assunto ou

tema. “Além do conhecimento, devem-se combinar capacidade de síntese e

clareza para gerar leitura produtiva e indicação de caminhos. Um bom

manual tem também de se valer de conceituação utiliária e possibilitar o

trabalho organizado.”6 Os manuais mais tradicionais e conhecidos do grande

público são aqueles de eletrodomésticos e após 1988, com a promulgação da

Constituição, nasceu o manual do consumidor: Exercício da cidadania. Ele é

também um roteiro de trabalho que permite resolver dúvidas e agilizar a

produção.

O manual pode ser considerado também um guia com ilustrações, tabelas,

graficos. Serve para simplificar e esclarecer informações complicadas e de

difícil entendimento. Embora não seja a tábua de salvação, ele indica como

fazer e o que fazer nos momentos de dúvidas. Joaquín Estefanía, do jornal

espanhol El Pais, define assim manual de redação: “Por ello entendemos que

han de existir unas directrices que comprometan al periódico con sus

lectores, una especie de control de calidad que defina quiénes somos y cómo

trabajamos.”7

5.2 – Objetivos do Manual de Redação

No jornalismo contemporâneo o manual se transformou em um

indispensável instrumento de trabalho do repórter. Ele orienta e regulamenta

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o estilo, a redação do texto. O que se busca é padronizar a linguagem, dar

unidade ao texto sem inibir a criatividade do jornalista e clarear as condições

de trabalho jornalístico, expor as normas e exigências para o exercício

profissional. A proposta é sempre orientar o redator a produzir um texto

completo, imparcial e fundamentado sobre fatos e não sobre rumores. E o

Libro de Estilo do jornal El Pais não foge à regra. “Un libro de estilo no es

una gramática ni un diccionario al uso. Es simplesmente el código interno de

una Redacción de cualquier medio informativo, que trata de unificar

sistemas y formas expresivas con el fin de dar personalidad al próprio medio

y facilitar la tarea del lector en el casos de los periódicos.”8

O manual é destinado exclusivamente a facilitar a tarefa do jornalista e

agilizar o fechamento de cada edição. O periódico santista A Tribuna

também implantou manual com a finalidade de melhorar o texto e qualificar

a notícia. “Este Manual da Redação pretende representar a alavanca de um

esforço em favor do aprimoramento dos textos jornalísticos de A Tribuna.”9

O então diretor de Redação do Zero Hora, de Porto Alegre (RS), Augusto

Nunes, na apresentação do Manual de Ética, Redação e Estilo, argumenta

que “a adoção de um código de ética, por si só, não imuniza nenhum jornal

contra o risco de protagonizar deslizes, escorregões ou mesmo delitos

graves. Mas sempre reduz a incidência de casos de má-fé e reafirma o

compromisso de agir corretamente”.10

Com o objetivo de informar bem e corretamente, a Editora Abril também

implantou o manual para auxiliar o jornalista da casa a não cometer

escorregões ao redigir um texto informativo. O autor do Manual de Estilo,

Carlos Maranhão, reforça a tese de que a finalidade é ajudar a descomplicar

a tarefa cotidiana do jornalista e ainda facilite o entendimento do leitor.11

Evandro Carlos de Andrade, diretor de Redação de O Globo, quando da

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implantação do Manual de Redação e Estilo, organizado por Luiz Garcia,

fez a seguinte reflexão e observação: “Este manual tem a aspiração de

contribuir para a modificação de uma realidade da qual nasceu como flor do

lodo: a da massa de erros que há anos se observa nos veículos de

comunicação social, com impressionante índice de repetição”.12

Tratar apenas dos problemas mais corriqueiros de redação, com o objetivo

de atualizar a indispensável padronização exigida pelo processo de produção

do jornal e facilitar a vida de repórteres, redatores, diagramadores, revisores

e editores. Foi com estas propostas que nasceram as normas internas do

Jornal do Brasil.13

E o Livro de Estilo do jornal português Público também surgiu da

necessidade de sacramentar as raízes da unidade na produção e difusão da

informação. “Este livro reúne apenas princípios que, partindo de uma ideia

partilhada de início por um grupo de pessoas, encontraram depois forma e

legitimidade na validação prática dos seus pressupostos.”14 Em verdade, o

objetivo do livro é sensibilizar o repórter que noticiar é anunciar algo de

novo, mas que para isso acontecer harmonicamente é preciso que tenha

atitudes éticas na coleta do material e na divulgação da informação de

interesse público.

A terceira edição do manual da Folha de S. Paulo também incorpora aos

princípios dos demais manuais. Ele traduz o projeto editorial, no qual o

objetivo é errar o menos possível no processo informativo para jamais lesar

o leitor. “As normas do novo manual são flexíveis e admitem nuances antes

repelidas. Apostam na iniciativa e no discernimento individuais, na

inventividade das soluções em cada caso e na disposição para manter o

jornalismo em aperfeiçoamento constante.”15

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O centenário jornal paulista, O Estado de S. Paulo, também tornou

público o seu código interno de redação. Organizado por Eduardo Martins, o

Manual de Redação e Estilo é similar aos demais no sentido de traçar

objetivos na apuração dos fatos e na qualidade (conteúdo e gramática) do

texto jonalístico. Aliás, o que todos manuais trazem em suas páginas são

instruções específicas ao jornalista, embora alguns são recomendados aos

não jornalistas. O primeiro parágrafo do prefácio redigido por Eduardo

Martins define bem a finalidade do manual do Estadão. “Este manual expõe,

de modo ordenado e sistemático, as normas editoriais e de estilo adotadas

pelo Estado. Não pretende, com isso, tolher a criatividade de editores,

repórteres e redatores, nem impor camisas-de-força aos jornalistas da

empresa. Seu objetivo é claro: definir princípios que tornem uniforme a

edição do jornal.”16

Todos têm cunho jornalístico e foram feitos para zelar pela qualidade do

texto informativo. Também foram feitos com a proposta de alertar o

jornalista do cuidado que deve ter ao apurar a informação para não

comprometer o interesse público. Eles nasceram da necessidade de rever os

princípios éticos e colocam em prática o exercício de cidadania. Ao instruir

o jornalista sobre qual é o caminho mais preciso, exato e correto na

produção de uma informação, o manual torna claro a responsabilidade que o

jornalista tem na consolidação de uma sociedade livre e pluralista.

O número de escolas de Jornalismo no Brasil ultrapassa a 115, mas nem

todas têm jornal-laboratório com a periodicidade estabelecida pelo MEC, 8 a

cada ano letivo. Entre outras o veículo laboratorial é considerado artigo de

luxo porque a prática não se pratica, quando acontece é para receber a

comissão de especialistas do MEC. Enfim, são os alunos os prejudicados

nesse episódio didático-pedagógico. Para conhecer os jornais-laboratório que

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adotam ou não manual de redação, enviei mais de 100 questionários num

período de 12 meses e recebi 19. O resultado é o seguinte: 5 usam o Manual

de Redação de O Estado de S. Paulo, 8 não usam manual, 4 têm manual

próprio, um adota o manual da Folha de S. Paulo e outro desenvolve o

conteúdo do manual em disciplinas curriculares. O fato interessante é que

uma escola usa os manuais do Estado e da Folha. Aquelas que não adotam

justificam que o manual impõe um modo único de escrever, castra a

criatividade do aluno e é uma espécie de camisa-de-força. As que adotam

afirmam que ele conscientiza o aluno no fazer jornalístico, facilita e agiliza a

produção e difusão do jornal-laboratório e ganha em padrão de qualidade. Se

a função da escola é formar o profissional para atuar no mercado, é

preocupante quando escolas de Jornalismo adotam como norma o uso de

manuais da grande mídia porque, assim, elas estão preparando alunos para

trabalharem em determinado veículo e não para o exercício da profissão.

O Manual de Redação para Jornal-Laboratório não tem a função de

ensinar o estudante de Jornalismo a escrever com qualidade literária ou

encontrar o seu talento perdido em algum lugar do passado. Porque, escrever

bem, com clareza, não importa o local, a hora e a forma, é resultado da

busca de aperfeiçoamento técnico-profissional e de ter vocação para o

jornalismo. O jornalista escreve rápido, contra o tempo e com a exigência

de ser preciso e exato no relato do real imediato, ou seja, do acontecimento,

do fato. Esta velocidade ao redigir o texto jornalístico nunca deve ser

inimiga da perfeição. Pelo contrário. A pressa no jornalismo deve ser

sinônimo de qualidade, de fidelidade, de veracidade e conhecimento.

O objetivo não é inibir ou coibir a criatividade do estudante de

Jornalismo. A preocupação pedagógico-jornalística do manual é definir

princípios que darão unidade à edição do jornal-laboratório. Princípios que

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vão facilitar e agilizar a produção e difusão do veículo e sua leitura. Zelar

pela integridade ao transformar um acontecimento em notícia é uma virtude

que o estudante assimila ao utilizar o laboratório na escola de jornalismo. O

ensino de Jornalismo tem como sustentáculo o jornal-laboratório que permite

ao estudante colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do

curso.

A finalidade do manual não é estabelecer regras ou pasteurizar a produção

laboratorial, porque o limite surge das limitações do ser humano e não das

regras, exigências e definições pré-estabelecidas. A intenção é provocar uma

reflexão crítica e aguçar o senso de responsabilidade jornalística no

estudante, e ainda subsidiar o professor-coordenador no planejamento do

jornal-laboratório. O Manual de Redação para Jornal-Laboratório não é um

simples receituário contendo apenas noções sobre modelos de como fazer

um jornal acadêmico.

Embora o mercado jornalístico tenha manuais de redação e estilo

específicos para cada veículo de comunicação, o Manual de Redação para

Jornal-Laboratório atende unicamente ao estudante de Jornalismo e procura

orientá-lo na redação de matérias.

5.3 – Regras

As regras estabelecidas nesse tópico, dentro da minha proposta. foram

definidas com objetivo de dar unidade a forma e ao conteúdo dos jornais-

laboratório. Na verdade, as regras facilitam a leitura e a análise do leitor,

agilizam a redação do aluno-repórter, o disciplinam a cumprir etapas de

trabalho e ajudam o professor a avaliar e acompanhar a produção individual.

A seleção das regras para esta proposta de Manual de Redação para Jornal-

Laboratório teve como princípio o fazer jornalístico, não deixando de lado a

especificidade do veículo que se assemelhe na forma ao produzido pela

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grande mídia, mas que se diferencie no conteúdo. Enquanto um aborda mais

a notícia o outro enfoca, na maioria das vezes, a reportagem.

A

Abertura – não a comece com aspas, gerúndio, para, se, interrogação,

exclamação, algarismos. O uso de declarações entre aspas na abertura do

texto só é permitido quando a frase é importante, surpreendente ou original.

Exemplo: “Deixo a Presidência com o dever cumprido”, foram as últimas

palavras do presidente Ernando Henrico de Viagem…

A abertura de uma reportagem não é um lead noticioso. Uma reportagem

pode ter como abertura uma observação do estudante. O clima do

assunto,uma história de interesse humano etc, independentemente da sua

carga noticiosa imediata.

Exceto quando o texto o exija no detalhamento da notícia, reportagem,

entrevista, evitar:

Entrada de contabilista: números, números e números na abertura das

matérias. O leitor, coitado, se perde num amontoado de números na primeira

frase. Exemplo: O governador de São Paulo, Mário Covas, liberou, por

intermédio da Medida Provisória número 1010/97, R$100 milhões a 42

municípios que serão repassados a 42 cooperativas agrícolas para atender

2 mil pequenos agricultores que irão plantar 500 mil pés de café até o final

de 99.

Entrada de lista telefônica: não transforme a abertura de sua matéria em

uma relação de nomes, entidades e endereços. Evite escrever assim: Os

jogadores Edmundo, Romário, Djalminha, Ronaldinho, Taffarel, Roberto

Carlos e Dunga foram dispensados da seleção porque Zagallo preferiu ficar

com Onça, Gato, Kalé, Guta, Lata, Zé Lalá, Luzão e Truz.

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Entrada de burocrata: a burocracia é um dos elementos que atrapalham o

desenvolvimento brasileiro desde 1500. Portanto, evite usá-la. Informações

apenas para quem trabalha em repartições públicas ou em escritório de

advocacia, não interessam ao leitor. Exemplo: O juiz substituto da 3ª Vara

Cível de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, Luis Augusto

Rodrigues da Silva, deferiu a liminar ao mandado de segurança impetrado

por Marco Aurélio Simões Altimari, advogado do vereador Sebastião

Moraes Junior (SSC).

Entrada de poeta: o uso de trechos de letra de música ou livros, citações

ou ditados populares deixam a abertura do texto uma verdadeira literatice.

Abreviatura – não se abrevia a primeira palavra de nomes compostos,

sobrenomes, cargos, profissões. Exemplos: S. Antonio, João S., R. de

Janeiro, São P., prof., tv., deput., gover. do Estado, Edson A. Nascimento.

Evite ao máximo usar abreviaturas: Vendeu dois metros de corda (e não dois

m) Correu 42 quilômetros para (e não 42 km).

Acusação criminal – o jornal-laboratório não deve endossar uma

acusação criminal enquanto não for confirmada por sentença judicial.

Exemplo correto: Vicente Borges, acusado de matar Ricardo Bento, será

julgado… Exemplo errado: Vicente Borges, assassino da família Alves, será

julgado…

Adjetivo – troque-o por substantivo ou elimine-o. Dê a devida e

equilibrada atenção a seu assunto ou notícia. Nenhum texto adjetivado

supera o que resulta da boa informação, da boa apuração e redação. A

adjetivação enfraquece a qualidade e o impacto do texto jornalístico.

Exemplo adjetivado: O governador Mário Covas é uma pessoa caridosa

porque atendeu ao apelo da população marcada por cicatrizes deixadas por

um pavoroso incêndio…

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Advérbios – seu uso pode dificultar a interpretação do leitor. Eles são

dispensáveis, por exemplo: propriamente, obviamente, somente,

calmamente, firmemente.

Afirmativa – a frase deve ser sempre afirmativa e o estilo direto. A

recusa, a imprecisão e a ambiguidade devem ser sempre uma das

preocupações do estudante na redação do texto jornalístico. A seqüência

lógica (sujeito-predicado-complemento) facilitará sempre a fluência e

compreensão da mensagem jornalística.

Alinhamento da matéria – é justificado (computador), ou seja, o

alinhamento das margens direita e esquerda é regular. Não se admite no

jornal-laboratório que as linhas sejam completadas com asteriscos,

apóstrofos ou barras.

Ambiente – para dar realidade e riqueza ao texto, é importante o

estudante de Jornalismo relatar o local e as circunstâncias em que

determinado fato aconteceu.

Amigo da fonte (entrevistado) – é comum – e compreensível – que o

estudante de jornalismo acabe amigo do entrevistado. Quando isso acontece,

a primeira vítima costuma ser o leitor. O estudante precisa saber que o

amigo-fonte se presta mais a não deixar sair notícias. Na verdade, o

estudante é bem informado, mas o leitor é o último a saber. O único

compromisso do estudante é com o leitor. E é bom lembrar que, no

jornalismo, é muito mais fácil e mais comum perder amigos do que fazê-los.

Lógico, desde que o compromisso do futuro jornalista seja só com o leitor.

Ano – é mencionado de forma completa, sempre com algarismos. Não se

usa o ponto para separar as classes: 1998, 2000. O ano só é abreviado

quando se refere a décadas: a década de 50, ou anos 80.

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Anonimato, off the record ou off – só existem para proteger a

integridade e liberdade das fontes.

Antes de escrever – o estudante deve fazer um roteiro. O ato de escrever

rápido, preciso e lógico torna-se mais fácil. O recomendado é ordenar as

idéias por tópicos. Ou seja, faça um pequeno roteiro com começo, meio e

fim.

Apartidarismo – pelas suas características acadêmicas e de

aperfeiçoamento profissional, o jornal-laboratório tem que ser um jornal

apartidário. Ou seja, não deve levantar bandeiras para questões de interesses

pessoais ou de grupos políticos e econômicos. O jornal-laboratório deve

assumir o papel das questões de interesse da sociedade.

Aportuguesar – nomes estrangeiros quando passam a ter uso corrente na

mídia ou personagens históricos, ou seja, papas e membros de famílias reais.

Vôlei, basquete, João Paulo II, Rainha Vitória. Não aportuguesar nomes de

personagens, cidades, aviões, naves espaciais, edifícios, empresas, marcas

comerciais ou modelos industriais. Exemplo: Johann Sebastian Bach nunca

por João Sebastião Bá. New York por Nova York.

Apresentação – na hora de uma entrevista, cobertura de um evento ou na

produção de uma reportagem, o estudante deve evitar roupas inadequadas,

acessórios extravagantes, usar chinelo, óculos escuros, fumar, mascar

chicletes, discutir sobre futebol, religião, política, fazer críticas pessoais,

falar alto, chegar atrasado. O ideal é o estudante chegar sempre 15 minutos

antes do horário marcado, ser objetivo nas perguntas, cordial com o

entrevistado, não duvidar das respostas, procurar se inteirar do assunto

pesquisando no banco de dados, revistas, jornais etc. A formalidade no

relacionamento entre o estudante e entrevistado é sinônimo de

profissionalismo.

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Aquele/aquilo – em termos de texto escrito, os demonstrativos este,

aquele, isto e aquilo podem reduzir a clareza e favorecer a imprecisão. Evite-

os.

Arte da observação – o estudante deve sempre observar com rigor tudo

que ocorra na cobertura jornalística. Ficar atento sobre o comportamento do

personagem ou protagonistas do acontecimento.

Aspas – no jornal-laboratório é recomendado usar aspas na citação de um

personagem, frases reproduzidas textualmente ou quando a palavra tem

dupla interpretação. Exemplo: “O Brasil tem todas as condições de superar

a dívida interna”, diz o presidente…

Aspas – (“”) servem para identificar a citação ou declaração do

entrevistado. Sempre que as aspas são abertas, devem ser fechadas. O ponto

final da citação fica antes de fechar as aspas, se a citação começar com

Caixa Alta: “O Brasil não pode perder a hegemonia no futebol.” Se a

citação começar com Caixa baixa, o ponto fica depois das aspas: O deputado

garantiu que "todos os parlamentares estão atentos às manobras do

governo".

Assessoria – Use Assessoria de Imprensa, desde que o órgão tenha esse

nome formal. O jornalista é assessor de Imprensa.

Autocensura – foi uma perversa seqüela do autoritarismo. Com o fim do

implacável controle da expressão, os jornais ainda sentiam o temor dos

censores nas redações e se autopoliciavam. Os jornalistas praticavam o

“texto de entrelinhas”. Ou seja, passavam o recado mas não explicitamente.

O texto era indireto e cifrado. Hoje alguns jornais adotam a autocensura não

por receio do “censor”, mas para atender interesses políticos, ou comerciais.

Os anos do regime militar se foram, mas existe ainda controle sobre

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redações, principalmente naquelas de regiões onde prevalece o coronelismo

e o caciquismo.

B

Barra – (/) use a barra como elemento separador entre número e letra,

letra e número, letra e letra ou número e número. Exemplo: Lei número

10/98, S/A (sociedade anônima), casa/10, lote/11.

Bem informado – para se diferenciar, o estudante precisa estar bem

informado. Iniciativa, curiosidade, dúvidas, estar atento a tudo. São

características de um estudante que está atento para saber sempre mais para

melhor transformar o fato jornalístico em notícia.

Boato – não é fato jornalístico. O rigor de uma informação encontra-se

nos fatos, que devem ser checadas.C

Cacoetes de linguagem – o estudante de Jornalismo deve evitar o

emprego de expressões desgastadas pelo uso exagerado. Exemplo: via de

regra, pavoroso incêndio, precioso líquido, verdadeiro herói, ele era forte

como um touro. Com certeza, sem elas, o texto ficará mais objetivo, criativo

e de fácil leitura.

Caderneta de anotações – o estudante deve usá-la sempre nas coberturas

jornalísticas.

Caixa Alta (CA) – o estudante não deve redigir o texto em Caixa Alta

(CA). Exemplo: IEDA MARIA CERQUEIRA SILVA FOI AO BANCO

DESCONTAR UM CHEQUE DE R$2MIL…

Caixa Alta e Caixa baixa – V. maiúscula e minúscula — capítulo

Regras.

Carta – o jornal-laboratório deve responder ou publicar toda carta

recebida, mesmo que contenha críticas ao jornal.

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Chato – o estudante não pode ter medo de ser chato, porque ser chato faz

parte da profissão que vai seguir.

Chutômetro – para o cálculo de multidão, quando não tiver

fundamentação científica ou números oficiais, evite o chutômetro. Para

melhor situar o leitor, procure quantificar o espaço ocupado pelas pessoas,

pegando o tamanho da área (metros quadrados) pelo número de pessoas que

cabe num metro quadrado. Exempo: Vamos admitir que dez pessoas cabem

num metro quadrado e a área ocupada tem 4 mil metros quadrados. Então,

multiplique 10 pessoas por 4 mil metros quadrados. Conclusão: 40 mil

pessoas assistiram ao show do Caetano Veloso na praça… Agora, quando

não existe área delimitada, por exemplo, uma caminhada pela paz, o

estudante pode usar dezenas, centenas, milhares, dezenas de milhares,

centenas de milhares, milhões.

Citação (1) – quando o estudante de Jornalismo colocar na matéria, entre

aspas, uma ou mais citações do entrevistado, o verbo usado para encerrar

uma declaração fica no presente. Exemplo: “O Brasil é um país rico e

alfabetizado”, diz o presidente da República Ernando Henrico de Viagem.

Quando o verbo usado é acompanhado por um advérbio de tempo, ele fica

no passado. Exemplo: “O Brasil é um país rico e alfabetizado”, disse ontem

o presidente da República Ernando Henrico de Viagem.

Citação (2) – citações de obras literárias de trechos de livros, trabalhos

acadêmicos, de revistas, jornais, ouvidas na televisão ou rádio devem ser

reproduzidas sempre em itálico, mas sem aspas. O estudante deve

obrigatoriamente informar ao leitor de onde recolheu a citação.

Coluna – o jornal-laboratório (tablóide) pode ter quatro ou cinco colunas,

com um espaço entre uma e outra de 5 milímetros. Se o jornal-laboratório

for standard, o número de colunas é seis, com o mesmo espaçamento.

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Compacto Disco – forma abreviada da palavra inglesa compact-disc. No

jornal-laboratório usa-se Compacto Disco ou simplesmente CD.

Consulte na dúvida – é recomendado ao estudante de Jornalismo o uso

de uma gramática para esclarecer dúvidas quanto à acentuação, ortografia,

uso do hífen, crase, pontuação etc.

Cozinhar matérias – não usar matérias de outras publicações ou copiar

citações de personagens publicadas em outros veículos de comunicação. Se

for importante usá-las, o estudante deve citar o nome do veículo de onde

foram retiradas.

Credibilidade – é o principal patrimônio do estudante.

Crédito de foto – citar o nome do autor da foto. O crédito no jornal-

laboratório aparece em cima da foto.

Crédito de texto – cita o nome do autor do texto.

Critérios – o jornalismo tem por finalidade informar a todos sobre os

fatos de atualidade. Ou seja, o que é verdadeiro e de interesse público é o

objeto do jornalismo. Para o estudante checar a realidade da notícia é

importante atentar para os seguintes critérios: 1) o grau de oficialismo; 2) o

grau de pluralidade das fontes; 3) contrastar a notícia tal como é apresentada

pelas fontes oficiais com a realidade e o pensamento dos outros setores.

Cronometragem esportiva – usa-se o sinal (’) para minuto e (”) para

segundo. Exemplo: Zé sem Freio obteve o tempo de 5’22”.

Cruzar informações – é dever do estudante de Jornalismo cruzar

informações com duas ou mais fontes antes de redigir o texto. Na dúvida, o

estudante deve checar e cruzar os dados levantados. Sem o cruzamento, a

matéria não deve ser publicada até que as dúvidas sejam esclarecidas.

Cuidado – na titulação de matérias ou manchetes, o estudante deve usar

com reservas os termos querer, sofrer, pretender, falar, dizer, porque nem

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sempre são as mais adequadas para chamar a atenção do leitor. Exemplo:

Nova lei pretende diminuir repetência (a lei não tem vontade ou desejos. Ela

é passiva. Os que a elaboraram têm vontade e desejos nem sempre

condizentes com a realidade do ensino brasileiro.) Salário dos jornalistas

sofre reajuste (o salário não é um agente sofredor ou passivo de dor. Quem

sofre é o jornalista que ganha pouco e trabalha muito). “Governo não tem

nosso apoio”, diz PDT (o partido não pensa, fala ou escuta, como muitos

correligionários que são surdos quando o povo reclama) O correto é: PDT

não apóia FHC.

Currículo – Forma aportuguesa do latim curriculum vitae. É a história

profissional de uma pessoa. No jornal-laboratório usa-se currículo.

Curto e grosso – escrever curto e grosso é não cortar nenhuma

informação. É escrever o necessário sem perder a essência do fato e a

qualidade da informação. É abrir e fechar uma matéria sem adjetivar o tema.

D

Data – 24 de fevereiro de 1997. Escreva o ano sem usar ponto para

distinguir o milhar.

Deadline – V. fechamento – Tópico Definições.

Declaração — na transcrição de declarações é imprescindível que o

estudante respeite o contexto e a intenção de quem falou.

Deixa que eu me viro – o estudante precisa tomar cuidado ao usar sua

intuição na hora do sufoco. É preciso preparar, ler, anotar, fazer um roteiro,

apurar antes da entrevista, reportagem e ouvir bastante. Na verdade, ele deve

ler o suficiente sobre o assunto. A pesquisa é um passo fundamental para o

estudante redigir um bom texto.

Denúncia do erro – Ver Tópico Definições.

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Dias da semana – não abreviar. O correto é escrever por extenso e em

caixa baixa: segunda-feira.

Dicionário – para a prática do bom texto, o estudante não deve abandonar

o dicionário. O dicionário é o melhor amigo do estudante. Na dúvida, o

dicionário é para lá de fiel. É verdadeiro.

Direito de resposta – aquele que se considerar atingido por referências ao

seu nome tem direito de resposta. Solicitações de retificação são atendidas

sempre que o jornal-laboratório entender que houve erro na notícia,

entrevista ou reportagem.

Dólar – é a moeda oficial dos Estados Unidos. O correto é escrever em

Caixa Alta (Maiúscula) a primeira letra Dólar. O símbolo é US$. Exemplos:

US$11. US$23,6 milhões. Só use o centavo quando a notícia exija

detalhamento.

Doutor – Use só quando o personagem tem o título acadêmico, ou seja,

defendeu e teve aprovada a tese de doutoramento. O professor de história

Luís Carlos de Oliveira, doutor pela Universidade de São Paulo, diz que o

Brasil não tem história. (Médico é médico, advogado é advogado). A não

ser em declarações textuais.

E

Editor – para agilizar o processo de produção e edição do jornal-

laboratório e introduzir o estudante nas atividades internas de uma Redação,

cada turma terá seu editor. Ele é nomeado pelo professor/coordenador do

jornal-laboratório. Cabe ao editor coordenar a reunião de pauta, selecionar

matérias, titular e fechar cada edição, mas sob a supervisão do professor. O

editor deve sempre pensar na data em que o jornal será publicado, na

qualidade do texto (informações precisas, texto objetivo, exato e imparcial).

185

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O editor de cada turma deve entregar as matérias selecionadas com títulos,

olhos, fotos, legendas e chamadas de primeira página para o diagramador.

Editor assistente – cada turma (editoria) terá editor-assistente. Nomeado

pelo professor/coordenador do jornal-laboratório, ele vai auxiliar o editor.

Editoria – Ver editoria agricultura, economia & negócios etc – Tópico

Definições.

Endereço – sempre completo, nada de abreviar. Números que façam parte

de nomes de avenidas, ruas, praças: escritos por extenso se compostos por

um único algarismo (Sete de Abril, 1200); quando o número for composto

por dois ou mais algarismos: com algarismos (23 de Maio, 500). Não use a

palavra número para designar numeração. Exemplo: Avenida Brasil, número

300, conj. e, apart. 33. (errado). Avenida Brasil, 500, conjunto E,

apartamento 33. (certo).

Entrega de matéria – o estudante deve respeitar a data estipulada.

Entrega de pauta – o estudante deve respeitar a data estipulada.

Entrevistado – se o estudante vai entrevistar uma personalidade, de época

ou não, não pode se esquecer de pesquisar a história do entrevistado. O

resultado é bem mais enriquecedor. Afinal, o leitor não é conhecedor de tudo

o que acontece no dia-a-dia, nem do passado.

Envolvimento – uma das normas do jornal-laboratório é o não

envolvimento público em tomadas de posição política, comercial, religiosa,

militar ou clubística.

Erros – o jornal-laboratório não esconde os erros cometidos em suas

edições e se dispõe a corrigi-los a cada publicação. A correção deve ser

publicada na edição seguinte à constatação do equívoco. O texto da correção

deve começar pela informação correta. Deve constar também a data da

publicação, a página, o título, o parágrafo e linha em que foi impresso o erro

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e o nome do estudante, o autor do texto. Se o erro foi cometido pela fonte da

notícia, deve constar da correção o nome da pessoa ou entidade que originou

o equívoco. Antes de publicado, o texto deve ser submetido à leitura do

professor/coordenador.

Espaço entre linhas – o texto deve ser digitado ou datilografado com

espaço duplo entre as linhas. Facilita a leitura e deixa espaço suficiente para

que o professor possa revisar o texto para avaliação e publicação. O ideal é o

aluno também deixar margens bem largas em cada lado da página.

Etapas de vida – nas primeiras 24 horas de vida, o bebê é um recém-

nascido. Até dois anos de idade, a criança é bebê. Até os 13 anos de idade,

são chamados de meninos e meninas. Jovens, adolescentes, menores, até 18

anos de idade. Acima de 70 anos, a pessoa, dependendo do contexto, é

chamada de ancião. Quando a palavra velho tiver sentido ofensivo, deve-se

evitá-la. Pode usar terceira idade ou idoso.

Ética – o estudante de Jornalismo deve procurar conhecer todas as

versões de um fato e registrá-las com ética e responsabilidade.

Estudante – jamais deve acreditar na primeira informação que coleta. Em

jornalismo, todo fato pode ser negado, toda ação, contestada e toda notícia,

desmentida.

Eu ou nós – a raiz do jornal-laboratório é o fato jornalístico e quem o

protagoniza, nunca quem o conta. Por isso, o uso da primeira pessoa do

singular ou a primeira pessoa do plural está excluído no relato do fato

jornalístico. Salvo em situações especiais, após a avaliação do

professor/coordenador.

Exatidão – é a meta do jornal-laboratório a alcançar a cada edição,

visando a objetividade jornalística.

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Exclamação – (!) não é permitido o seu uso em manchete, título, olho,

submanchete, subtítulo e lead. Exemplo: Brasil é sério!

Explicação/definição – o jornal escreve para um número de leitores que

forma um conjunto disperso e não na maioria dos casos. Por isso, o

estudante de Jornalismo deve evitar o uso de palavras ou expressões que

nada acrescentem ao texto nem esclareçam o leitor. Na busca de

informações concretas, precisas, exatas, justifica-se muito o trabalho de

apuração de notícias. O número da placa do carro, nome completo de

pessoas vão ter, no texto, efeito de realidade, isto é, contribuem para a

verossimilhança da história. Quando não, use comparações para informar o

leitor com clareza. Para dar idéia da potência de uma usina hidrelétrica,

recorra ao consumo de energia de uma cidade. É bom lembrar que números

têm confiabilidade quando bem empregados.

Expressões – diz-se que, consta que, parece que, acho que referem-se a

boatos e não são notícias e os boatos não se publicam. Evite-as.

Expressões inadequadas – o uso continuado de determinadas expressões,

senão impróprias, pelo menos pouco adequadas ao ritmo e à clareza do

idioma, tem criado vícios que prejudicam a exatidão do texto. Portanto, evite

usar: … a mudança da data da Feira Agro-Pecuaria de Jales está sendo

estudada a nível de Prefeitura. A cadeia pública de Jales foi invadida por

dez homens, sendo que cinco deles estavam armados. … em termos de

Brasil, segundo o ministro. A pedido do presidente da República, o ministro

da Saúde, José Serra, está elaborando estudo. Não use também expressões

vulgares, obscenas etc.

F

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Falar errado – quando alguém fala errado, o estudante de Jornalismo

deve corrigir o erro, a não ser quando há motivo para mantê-lo — e então é

sempre preciso apontar o erro ao leitor.

Fechamento – Ver fechamento – Tópico Definições.

Fonte/entrevistado – o estudante de Jornalismo deve sempre ouvir no

mínimo dois personagens envolvidos no fato ou acontecimento jornalístico.

Deve ser imparcial. O acusado deve ser ouvido. O estudante precisa

preservar suas fontes. Seja ético, não se submeta a elas.

Fonte/primária – para o jornal-laboratório é aquela pessoa responsável

pelas informações prestadas. Exemplo: governador, presidente da

República. Só em casos extremos ou se os representantes oficiais

designarem um funcionário para representá-los. Exemplo: porta-voz, chefe

de gabinete, gerente, assessor de imprensa. Nestes casos, o estudante de

Jornalismo deve informar ao leitor que fulano de tal fala em nome do

governador.

Fontes-fantasmas – o recurso às fontes-fantasmas não é aplicável ao

jornalismo insento, exato, sério e de interesse público. Na verdade, no

jornal-laboratório adota-se o recurso de total lealdade ao leitor, evitando o

uso ridículo de fontes-fantasmas.

Fotografia – é um recurso técnico para enriquecer o texto mas que não

pode ser manipulada. Ou seja, fotomontagem, principalmente em detrimento

do interesse público. Exemplo: jornais sensacionalistas britânicos usavam

de fotos montadas para realçar o dia-a-dia da ex-princesa Diana. O

objetivo é vender apenas mais jornal. No jornal-laboratório não é

recomendável o uso desse artifício. O estudante deve ter cuidado ao

selecionar uma foto para ser publicada. A publicação de uma foto de outro

jornal ou origem deve ter a aprovação do professor/coordenador. A

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reprodução de ilustração de enciclopédias, revistas, livros deve ter o

consentimento do professor/coordenador. Não selecionar fotos de pessoas

que não podem ser identificadas na legenda. Fotografia com imagem ruim

(fora de foco, por exemplo) só será publicada se, realmente, enriquecer o

texto. Exemplo: a foto do presidente caindo do palanque quando

discursava.

Fotógrafo – é o estudante que registra o fato, acontecimento ou o

entrevistado por intermédio da fotografia. Além de redigir o texto, o

estudante também produz a fotografia.

Fração – sempre com algarismos: 1/3, 2/12.

Frases – curtas e objetivas. Usar sempre o sinônimo mais simples, mais

conhecido. Lembre-se de que quanto mais curta a frase, mais fácil para o

leitor. Recomenda-se que o estudante coloque intertítulos. O uso do

intertítulo divide a matéria em capítulos e dá maior destaque ao que vem

logo abaixo.

Furo – no mundo globalizado é difícil um veículo de comunicação dar

furos. O importante é informar bem. O estudante de Jornalismo deve

considerar que informar bem é apurar uma matéria com precisão e não

publicá-la de formar incorreta só para sair na frente do concorrente. Uma

informação correta é aquela que sai completa e não antes. Segundo Alberto

Dines, jornalista e pesquisador do Labjor (Campinas/SP), a escola de

Jornalismo deve preparar o futuro jornalista para apurar bem e não de

qualquer maneira.

Futuro imediato – é o jornalismo preventivo, tão em desuso no Brasil. O

estudante, sempre que possível, deve trabalhar por antecipação e preparar o

leitor para aquilo que vai acontecer.

G

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Gíria – no jornal-laboratório a gíria só é usada quando reproduz

declarações textuais. Exemplo: malandro, falô, meu irmão, camarada,

mano.

Generalização – vários, muitos, inúmeros, diversos, grande, enorme,

pouco são palavras que não enriquecem o texto. O que pode ser muito para

você é pouco para o leitor. O texto jornalístico tem que ser preciso, exato, de

fácil leitura e compreensão. O resto é supérfluo. Agora, se o estudante

comparar, ele pode usar. Exemplo: Cem pessoas assistiram ao jogo entre

Fluminense e Arapiraca. Pouco pela importância do jogo e pela capacidade

do Maracanã 120 mil lugares. Errado: Inúmeras pessoas foram ao jogo entre

Fluminense e Arapiraca…

H

Hífen (1) – as regras do emprego do hífen são numerosas e das mais

complexas da língua portuguesa. Selecionamos as menos complexas: Ante,

Anti, arqui, auto, extra, hidro, hiper, infra, inter, mal, multi, neo. pró, proto,

pseudo, semi, sobre, sub, super. Na dúvida, recomendamos ao estudante

consultar um livro de gramática ou um dicionário da língua portuguesa.

Hífen (2) – Ver hífen – Tópico Definições.

Hipérbole – figura retórica do exagero, desaconselhável em texto

jornalístico. Exemplo: gigantesca manifestação, barulho ensurdecedor.

Hora-duração – grafar assim: o número é escrito em algarismo e, por

extenso, a unidade de tempo. Exemplo: A final entre Guga e Sampras durou

2 horas e 25 minutos.

Hora-tempo – não se usa m para abreviar os minutos e a hora-tempo é

escrita assim: 20h30, 20h, 12h35, 12h, 0h30, sem espaço entre o número e a

hora. Exceção para designar o início de um novo dia: zero hora, por extenso.

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Humanizar – sempre que possível, o texto do jornal-laboratório deve ser

humanizado. Ou seja, ter nomes e conter pormenores ambientais e humanos

e com interesse para o leitor. Todo assunto deve ter uma dimensão humana

(história e fatos pessoais). Humanizar o texto não significa ceder à

vulgaridade.

I

Idade – não use idade: João Aparecido Batista, 25 anos. Cite a idade do

personagem só quando a notícia exija. Exemplos: Aos 25 anos de idade,

Newton José Costa se transformou no maior jogador de basquete do mundo.

Aos 95 anos Araídes Domingues Leal é o principal nadador do Clube

Atlético Tiête.

Identificação – o estudante de Jornalismo deve colher sempre o nome

completo e correto do entrevistado, idade, profissão, cargo que ocupa e mais

informações que possam enriquecer a matéria e ainda ajudar o leitor.

Imaginação – implica em um jornalismo eficaz, atrativo e criativo, mas

sem perder a lucidez no relato do fato jornalístico. Jamais o estudante pode

perder a comunicação com o leitor ao usar da habilidade técnica da

informação para construir o texto.

Imoral – é antiético apropriar-se de informações de outros veículos de

comunicação ou retocá-las. Quando o fizer, indique a fonte ou o veículo de

comunicação.

Impessoal – o texto jornalístico é impessoal. Ou seja, o estudante não

deve envolver-se no relato jornalístico. Ele deve passar ao leitor um retrato

fiel do acontecimento de forma imparcial e exata. O estudante apenas

recolhe e narra os fatos. Para Luiz Beltrão, a participação de quem transmite

a informação (notícia) ao público é puramente mecânica, não torna pública

suas reações pessoais ou opiniões. Um exemplo de textos de envolvimento

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pessoal: Conversando com o Pastor Pedro Freire Filho da Igreja Universal

do Reino de Deus percebe-se que muitas pessoas são conquistadas por

serem ingênuas e acabam envolvidas pelos pastores que lhes prometem o

que podem e não podem e muitas vezes acabam dando o que têm e o que

não têm para ter um cantinho no céu. As informações que nos passou foram

muito vagas pois não queria se comprometer. Consegui perceber que o

crescimento das Igrejas, não só da Universal como de outros templos que

não aceitam dar entrevistas, é conseqüência das doações generosas que os

fiéis fazem… (Ou) Quando o assunto é segurança a preocupação e o medo

principalmente do paulistano é em dobro. Por outro lado, diariamente

somos expostos a uma série de situações sem darmos conta dos perigos que

nos cercam… Sendo assim, quando entramos em alguma repartição pública

ou privada e encontramos estes profissionais, não sabemos se estamos

realmente seguros ou na verdade estamos em perigo pois em qualquer sinal

de alerta podemos ser vítimas da imperícia e despreparo destes seguranças.

Incidentes, brigas, discussões com fontes de informação – deverão ser sempre

comunicados ao professor/coordenador do jornal-laboratório.

Independência – em relação aos vários poderes e às fontes de informação

definem a conduta do estudante de jornalismo.

Informação – é essencial para o leitor do jornal-laboratório que a

informação seja rigorosa, completa, cruzada e fundamentada.

Informação em off ou on – deverá ser sempre cruzada com, pelo menos,

duas fontes diferentes e independentes entre si.

Interrogação – (?) não é permitido o seu uso em manchete, título, olho,

submanchete, subtítulo e lead. Exemplo: Brasil é sério? Uma casa em Paris

ou um apartamento em Londres?

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Intertítulo – no jornal-laboratório recomenda-se que o uso seja de dois

em dois parágrafos de 10 linhas cada. Deve conter duas palavras, no máximo

de sete letras cada. O primeiro deve ficar depois do segundo parágrafo, o

último antes do penúltimo parágrafo. O intertítulo não pode separar o lead do

sublead. Ele deve ser negritado e centralizado na coluna, corpo 10, fonte

Times New Roman.

Itálico – Ver itálico – Tópico Definições.

J

Jornalismo de precisão – Ver jornalismo de precisão – Tópico

Definições.

Jornalista – o estudante para ser jornalista não pode se esquecer nunca de

que sua missão é transformar o fato jornalístico em notícia de fácil

entendimento para o leitor. É uma função nobre, por isso não há espaço para

arrogância ou linguajar autoritário. O estudante precisa entender que o

jornalista tem que ser didático, pois ele é o intermediário entre o fato

jornalístico e o leitor. O jornalista tem que tornar acessível uma informação.

Para isso, deve escrever de forma simples, ser objetivo e descomplicado.

Jornalista burocrata – é aquele que fica na redação à espera do furo

jornalístico. O espírito burocrático deixa o estudante ultrapassado pelos fatos

e acomodado.L

Lead (lide) – Ver lead – Tópico Lead.

Leitor – o jornal é dependente do leitor. Portanto, ele deve ser tratado

com atenção. Sem o leitor não há jornal que sobreviva. O jornal deve e é

feito para o leitor e não para grupos. A neutralidade é um requisito essencial

para informar o leitor sem deformações.

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Leitor não é burro – o estudante precisa entender que o leitor, mesmo o

leigo, não é burro. Imaginar que o leitor não é inteligente é uma atitude

perigosa e traiçoeira. O leitor, mesmo o mais desatento, tem a sensibilidade

suficientemente aguçada para encontrar desvios, impurezas, informações

inexatas no texto do estudante.

Legenda – no jornal-laboratório é importante fazer legendas para as fotos

porque o leitor precisa ter o máximo de informações sobre o assunto.

Ler em voz alta – o estudante deve ler seu texto em voz alta. Nesta

leitura ele perceberá as repetições de palavras, rimas estranhas, frases longas

que tiram o fôlego, adjetivos em demasia, erros de pontuação e

concordância. Ler em voz alta reduz a incerteza no relato do fato

jornalístico. É sempre bom ouvir o que se escreve. E quando isto acontece, o

estudante notará que o texto tem forma, tem imagem, tem cor e tem cheiro.

Ou seja, o seu texto tem vida própria.

Levantamentos de dados – o estudante de Jornalismo deve sempre ouvir

todas as pessoas envolvidas, pesquisar, checar documentos, principalmente

quando a matéria é de denúncia. Além de prestar um serviço à comunidade,

ele protege a si mesmo.

Linguagem jornalística – o estudante deve sempre usar uma linguagem

ao alcance do entendimento do leitor. Ele não deve utilizar uma linguagem

de difícil entendimento só para mostrar seu conhecimento, sabedoria ou

cultura. Esses são recursos de linguagem que apenas estabelecem uma

distância entre quem escreve e o leitor.

Linguagem do leitor – o estudante deve sempre usar a linguagem do

leitor e não a do médico, do cientista, do político. Fazer perguntas que o

leitor faria. Se tiver dúvidas, não deve ter a vergonha de solicitar ao

entrevistado (fonte) que explique melhor o assunto. Para escrever na

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linguagem do leitor, o estudante deve ser chato, sem malícia, na captação de

dados. Com certeza, vai fazer a melhor matéria porque compreendeu bem a

história. A história bem contada, harmoniosa vai cativar o leitor já na

primeira linha e levá-lo até a última.

Local – no jornal-laboratório não é permitido ao estudante de Jornalismo

assinar (crédito) uma matéria se ele não esteve no local do acontecimento ou

participou de uma entrevista. Neste caso, se publicada, a matéria deve se

identificada pela sua origem: se for uma agência de notícia, o crédito é para

ela. O mesmo critério deve ser usado para fotografias e ilustrações.

Lobbies de informação – Ver Tópico Definições.

M

Maiúscula – nomes, sobrenomes de pessoas, apelidos, profissões,

lugares, regiões, endereços, acidentes geográficos, prédios e monumentos

históricos, empresas, instituições culturais e profissionais, entidades, nomes

de ciência e disciplinas, pontos cardeais, organizações políticas, instituições

ligadas ao Município, Estado e União e suas subdivisões, departamentos e

repartições. Também em maiúscula nomes de impostos, taxas, períodos,

episódios, momentos históricos (Revolução Francesa), festas e datas

religiosas, comemorações cívicas (7 de Setembro), Igreja (a instituição

religiosa), seleções, competições e federações esportivas, símbolos nacionais

e nomes de ciências, acidentes geográficos, nomes de rios, picos,

montanhas, mar, oceano, ilha, lagos, estradas de ferro, rodovias, estádio, bar,

hotel etc. Exemplos: Wilson Aparecido Toneli, Pelé, Ministério da Fazenda,

Governo do Estado, Bandeira Nacional, Mar Morto, Bar das Onze, Estádio

da Vila Belmiro, Copa do Mundo, Presidência da República, Oeste, Leste,

Sul e Norte, Matemática, Ciência da Informação. Nota 1: no caso de nomes

próprios acompanhados por um substantivo, escreve-se o substantivo com

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letra minúscula (Caixa baixa). Exemplo: assessor de Imprensa, ministro

Pelé. Nota 2: quando o substantivo é incorparado ao nome próprio,

escrevem-se os dois com letras maiúsculas (Caixa Alta e baixa). Exemplo:

Ministério da Fazenda, Bar das Onze, Avenida Paulista, Vale do Guaporé

(RO), Rio Madeira, Governo do Estado de São Paulo. Nota 3: Interior,

quando substituir o interior de São Paulo. Exemplo: O Interior tem o

principal póloagropastoril. Se não substituir, fica assim: O interior do

Estado tem o principal… Nota 4: Estado é maiúscula no sentido de unidade

da federação e de nação.

Mancha da página – nunca um texto ou fotografia ou ilustração devem

sair da mancha da página.

Manchete – na composição da manchete, o estudante deve evitar o ponto

final, dois pontos, ponto de interrogação, ponto de exclamação, dividir

sílabas, reproduzir as palavras iniciais do texto, adjetivos que só preenchem

espaços e não enriquecem a qualidade da informação. Na manchete use, de

preferência, o verbo no presente. A não ser que o texto refira a fatos

distantes no futuro ou passado. Exemplos: Morre o filho de Antônio Carlos

Magalhães. Brasil foi o último colocado na Copa de 30. Elimine também os

artigos no início do título. Exemplo: O Brasil vai exportar pepino. Só use

abreviaturas ou nomes próprios quando forem do conhecimento geral.

Exemplo: Montoro é candidato à Presidência do PSDB. O título não pode

ser subjetivo, sonhador, paternalista ou estar no condicional. Exemplo de um

título com estas características publicado na Folha de S. Paulo, caderno

Brasil, página 1/13, de 10 de agosto de 1997, sobre a morte do sociólogo

Betinho: Se houver céu, Betinho ficará na porta... A submanchete compõe a

manchete.

Manuscrito – nada para o jornal-laboratório deve ser manuscrito.

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Menor – de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, nomes

de menores envolvidos em crimes só podem ser divulgados pelas iniciais e

as fotos de rostos devem exibir uma tarja.

Mês – é redigido em Caixa baixa: setembro.

Minúscula – cargos e títulos, funções, profissionais, forma de tratamento,

títulos honoríficos (cidadão paulistano), grupos étnicos, raça de animais,

nomes que acompanham nomes de rodovias, ruas, alamedas, praças,

avenidas, logradouros públicos, geográficos, meses do ano, documentos

públicos, igreja (o prédio), carnaval (no sentido de barulho), comidas.

bebidas. Exemplos: prefeito, governador, professor, lateral direito,

jornalista, pastor alemão, cidade, continente, capital, cabo da Boa

Esperança, bar da Esquina, rua Sete de Abril, decreto-lei, lei, portaria,

maio, praça Rui Barbosa, pato no tucupi, jurupeba. Nota: Referências a

entidades, festivais, feiras e encontros depois de terem sido citados na

matéria escrevem-se em caixa baixa (minúscula). Exemplo: A Confederação

Brasileira de Basquete vai homenagear o cestinha Oscar. A cerimônia será

na sede da entidade.

Mudança de página – no jornal-laboratório deve-se evitar que uma

matéria continue em outra página, a não ser que o fato jornalístico seja de

extrema importância. Exemplo: morte do presidente da República. Esse

expediente é permitido também na elaboração e produção de cadernos

especiais. Exemplo: dia da Independência da República, conquista da Copa

do Mundo. Ou seja, a maioria das matérias deve ser concluída na página em

que começou.

N

Não escreva – né, num, pra, pro, exceto em citações. Palavras longas

como inconstitucionalidade. Ou frases longas, parágrafos longos, gírias,

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eufemismos ou palavras da moda. Quando citadas pelo entrevistado, o

estudante de Jornalismo poderá usá-las.

Nome do jornal-laboratório – quando citado em suas páginas, é grafato

de acordo com a sua estrutura e formação. Exemplo:

PRIMEIRA EDIÇÃO. Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Catanduva/SP (Fafica)

Nome próprio – o estudante de Jornalismo deve respeitar a grafia do

nome do entrevistado tal como está no Registro Civil. Na primeira vez que

são citadas, as pessoas devem ser identificadas pelo nome completo; daí em

diante, aquele pelo qual são mais conhecidas. Exemplo: Pedro Álvares

Cabral. Cabral. Quando o personagem não é mencionado regularmente pela

mídia, o estudante de Jornalismo deve checar qual a parte do nome com que

se identifica o entrevistado. Caso contrário, a pessoa deve ser identificada

pelo primeiro sobrenome, quando homem, e a mulher pelo nome e primeiro

sobrenome. Exemplos: José Bernini. Bernini / Matilde Leite Nogueira.

Matilde Leite.

Nome próprio estrangeiro – o estudante de Jornalismo deve obedecer à

grafia original. Exemplo: John Kennedy.

Nós – o jornal-laboratório não utiliza essa forma, exceto quando reproduz

declarações textuais. Exemplo errado: Nós entrevistamos… Nós ouvimos…

Nosso – o jornal-laboratório não utiliza o pronome possessivo nosso.

Exemplo: Fernando Henrique Cardoso é o nosso presidente da

República.Correto: O presidente do Brasil é Fernando Henrique Cardoso.

Os locutores e comentaristas esportivos gostam muito de usar o pronome

quando transmitem jogos da seleção: nossa seleção foi melhor porque

dominou o jogo, embora não tenha vencido os coreanos…

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Número – a regra é escrever por extenso de zero a dez (duas horas depois

da saída, dez pessoas morreram); de 11 ao infinito, algarismos (1.101). Para

números redondos usam-se algarismos e palavras (12 mil, 22 milhões e 34

bilhões). Para números quebrados até dezenas de milhares, algarismos:

15.559. Acima disso, usa-se a fração: 31,6 milhões, 32,864 bilhões. Quando

não for possível arredondar, usam-se apenas algarismos: 22.887.665. As

classes são separadas por ponto ou vírgula. Nota 1: os números, mesmo

inferiores a dez, quando designam valores econômicos, tempo esportivo,

idade, hora, ângulo, peso, medida escrevem-se com algarismos. Exemplo:

R$2, 9h, 2m... Nota 2: Mesmo que o número seja superior a dez, quando

iniciar frase ou oração e não for ordinal, escreve-se por extenso. Exemplo:

Onze é o número da camisa do Romário. Nota 3: o número (ordinal)

seguido de letra escreve-se em algarismo sem ponto. Exemplo: O terremoto

foi de10º graus na escala Richter. Silas Gabriel Zacarias venceu no 10º

assalto. O exemplo serve para denominar festivais, cursos, encontros,

conferências etc. Nota 4: Escreva com algarismos grupos de campeonatos,

números de camisas de jogadores. Exemplo: O Brasil ficou no Grupo 3 da

Copa do Mundo. A camisa 10 imortalizou Pelé.

Número de caracteres/toques – a matéria selecionada para publicação

deve obedecer ao número de caracteres/toques que lhe foi reservado. Esta

função cabe ao autor do texto (estudante). Caso os números não sejam

respeitados, o editor é livre para cortar linhas ou mesmo remodelar a

matéria. Para conhecer o número de caracteres que lhe é reservado para cada

matéria, o editor deve conferir os números com o diagramador.

Números romanos – apenas para indicar números dinásticos, nomes

oficiais de clubes e Comandos Aéreos Regionais (Comar): Dom Pedro I,

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João Paulo I, XV de Novembro de Piracicaba, XV de Jaú, V Exército. Para

indicar século, escreve-se com cardinais: século 15.

O

Off – o estudante de Jornalismo deve evitar o off. Quando, realmente, a

fonte não pode ser citada, o estudante não deve recorrer a expressões

genéricas como fonte fidedigna, fontes oficiosas, dignas de crédito. Elas não

justificam o off e colocam em dúvida a origem das informações coletadas. O

correto, ou menos ruim, é identificar a fonte que se recusa a ter seu nome

publicado com palavras que revelam sua profissão. Por exemplo: deputado

estadual, líder sindical, religioso. Mesmo sem revelar o nome da fonte, o

estudante não deixa o leitor desinformado.

Ontem – não use o advérbio de tempo nos títulos, porque uma das

funções do jornalismo é transformar o ontem no hoje. Correto: Brasil vence

o Chile. Errado: Brasil venceu ontem o Chile.

Opinião do estudante – não opine em matéria informativa, entrevista ou

reportagem. O estudante de Jornalismo deve opinar nos artigos. No jornal-

laboratório a opinião do estudante pode ser expressa no caderno de Opinião.

Na matéria, o estudante deve apenas informar, orientar o leitor.

Ordinal – sempre com algarismos: 13º salário, 15º dia.

Ortografia – sempre que tiver dúvida sobre a forma de escrever uma

palavra, consulte o dicionário.

P

Palavras impróprias – o estudante precisa ter o cuidado ao usar palavras

para “enriquecer” o texto que elabora. Na maioria das vezes algumas

palavras, termos ou expressões são inadequados para definir o que o

estudante imagina. Alguns exemplos: O estádio de futebol da Usp está

pedindo socorro. Na verdade, o estádio não tem sentimento, não sente dor

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ou tem querer. Então, ele não pede socorro. Ele precisa de manutenção,

reparos, reformas etc. Outro exemplo de uso de palavras que nada

acrescentam ao texto. O gramado está desmilhinguido, atachado, destruido,

juntamente com as arquibancadas que podem ser um perigo iminente por

causa da depredação. Virou uma miscelânea de palavras sem valor ou

correção gramatical e com ortografia errada.

Palavras ofensivas – não use palavras ou frases que ofendem uma

comunidade. Exemplo: deu uma de português.

Parágrafo – não deve ter mais que 100 palavras.

Parênteses – no jornal-laboratório são empregados para observar,

complementar, incluir um dado importante ou complementar no texto.

Exemplo: A condenação dos proprietários da Escola Base (depredada

pelos moradores da região) pela Imprensa, antes mesmo da justiça, é uma

prova de que as instituições brasileiras precisam encarar com seriedade e

determinação a ética na profissão e apurar os fatos com mais rigor…

Partido – com a primeira letra maiúscula quando for parte de um nome

próprio. Exemplo: Partido dos Trabalhadores (PT).

Passado imediato – é o que aconteceu nas últimas 24 horas.

Pé de matéria – Ver Tópico Definições.

Periodicidade – no Brasil a periocidade dos jornais-laboratórios não é

regular e nem sempre é a mesma dos principais jornais, por isso o estudante

deve evitar o uso de datas, ou quando se referir a algum espaço de tempo,

como hoje, ontem, amanhã, domingo. Portanto, cuidado com o espaço de

tempo. O ideal é evitá-lo no texto. Assim, o estudante estará mais seguro que

não cometerá erros como: O Brasil joga amanhã contra o Peru… Nada de

irregular na estrutura do texto, mas o jornal-laboratório só sai daqui a duas

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semanas. A informação torna-se velha e o leitor não vai gostar de ler um

jornal com informações desatualizadas.

Periódico – nomes de jornais citados nos textos do jornal-laboratório são

grafados em itálico: Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil. A mesma regra é

aplicada para nomes de rádios, televisões, revistas.

Personagem – quando o personagem ocupa um cargo, público ou não,

deve ser identificado na primeira vez, por cargo e nome completo. O

presidente do Tribunal de Contas, Expedito Bauer da Silva, disse ontem

que... Depois, o estudante de Jornalismo escolhe só o cargo ou só o nome.

Quando o personagem tiver mais de um cargo ou a referência é a um cargo

anterior, primeiro aparece o nome e depois os cargos. Ricardo Sidnei Xavier,

ex-secretário municipal da Saúde e presidente do Instituto do Coração, diz

que o Brasil é um país cardíaco.

Personagens – são os entrevistados. O estudante é apenas um atento

observador dos acontecimentos e não o personagem. Então, a primeira

pessoa do singular ou do plural está excluída no relato do fato.

Peso e medida – são abreviados quando as quantidades estão em

algarismos: 454t, 11kg, 12m ou 33km; quando estão em algarismos e por

extenso, a regra é: 23 mil toneladas, 12 mil quilômetros, 16 mil metros ou 18

mil quilos. Acre, hectare, alqueire etc. são grafados por extenso e em Caixa

baixa. Para medidas de área e volume, é recomendável escrever por extenso:

12 quilômetros quadrados, 13 metros cúbicos. Para tabelas e quadros,

admite-se a abreviatura: km2, m3.

Piada – nunca.

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Pingue-pongue – o estudante deve evitar a entrevista de pergunta e

resposta. Antes de fazê-la deve consultar o professor/coordenador do jornal-

laboratório.

Pseudo-entrevistas – não será admitido a construção de uma entrevista a

partir de um documento ou um texto escrito pelo entrevistado.

Play-boy – quando se referir a nome próprio se escreve em Caixa Alta

(Maiúscula) a primeira letra da palavra e em itálico de origem inglesa.

Exemplo: A revista Playboy vai mostrar nas páginas principais a

sensualidade da Maria Rita, copeira oficial do Planalto. Agora quando se

referir a um conquistador, um don juán, um bon vivant ou ainda aquele que

leva a vida na flauta escreve-se em caixa baixa (minúscula) e em itálico por

ser uma palavra inglesa. Exemplo: O play-boy José Maria da Costa voltou ao

Brasil depois de passar uma semana no Paraguai.

Pleonasmo – é redundância de termos. Exemplo: dentro do elevador, sair

para fora, ficar dentro de quarto. Evite-os.

Polícia – se escreve com minúscula inicial salvo que forme parte de um

nome completo. Exemplo: A Polícia Militar de Rondônia procura o suposto

assassino do líder seringalista Chico Mendes.

Política editorial – o jornal-laboratório se define como um periódico

independente, de informação geral e com o intuito de orientar o estudante de

Jornalismo na carreira profissional. Ele segue os princípios liberais em

defesa de uma democracia pluralista. O jornal-laboratório tem a função de

passar à sociedade acadêmica e aos leitores uma posição correta, verdadeira

e de qualidade dos fatos que ocorrem. O jornal-laboratório não acatará

pressão de grupos políticos, econômicos, religiosos em detrimento do

interesse público. O trabalho com a notícia – matéria-prima do jornalismo –

ou com a reportagem será feito, de forma clara e transparente. A informação

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e opinião resultam em textos diferentes. No primeiro, o estudante de

Jornalismo deve respeitar os parâmetros indicados pelo jornal. Ou seja, o

objetivo é informar e orientar o leitor sobre o fato jornalístico. O segundo, de

análise pessoal, também deve seguir os princípios éticos da arte de fazer

jornalismo: respeitar o cidadão e sempre fundamentar o que propõe no texto.

A função editorial do jornal-laboratório é passar à sociedade um retrato fiel

da realidade.

Pontos cardeais – Escrevem-se com Maiúscula a primeira letra da

palavra quando definir a localização: Exemplo: ao Sul de Porto Velho (RO),

o Norte do Brasil é rico em minerais. Não é Maiúsculo no seguinte caso:

viajar para o nordeste

Ponto de exclamação – só em casos especiais.

Porcentagem – com algarismos e o símbolo, sem espaço entre um e

outro: 87%.

Possuir – só o ser humano é que possui, no sentido de ser proprietário de

alguma coisa. Exemplo: O Moacir Antônio Lungato possui dois carros

importados. (correto) / A Igreja Católica possui 100 milhões de fiéis no

Brasil. (errado) A Igreja Católica tem 100 milhões de fiéis no Brasil.

(correto)

Povo – é um conjunto de pessoas que fala a mesma língua, tem costumes

e hábitos idênticos e afinidade de interesses. No Brasil o povo só aparece na

grande mídia nas páginas policiais ou como protagonista de invasão de terra,

de conjuntos habitacionais ou instituições governamentais. Por isso, uma das

proposta do jornal-laboratório é que o estudante mostre a vida das pessoas.

Que mostre o povo personalizado. Além de fugir do padrão jornalístico

empresarial, o estudante estará exercitando a cidadania.

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Precisão – o estudante de Jornalismo tem o dever de reproduzir com

fidelidade declarações ou situações que testemunhou. Informações

desencontradas podem confundir o leitor. É bom lembrar que nunca se pode

dizer tudo e pouco adiantam generalizações vagas. A precisão deve estar

presente logo na escolha do ângulo de abordagem da reportagem.

Preconceito – nos textos do jornal-laboratório ninguém é qualificado por

sua origem étnica, preferências sexuais, deficiências físicas ou mentais. Essa

é uma atitude preconceituosa ou discriminatória.

Press-release – deve-se evitá-lo. Serve apenas como uma pista para um

trabalho jornalístico independente e imparcial. Ou pode virar uma pauta.

Pressão arterial – para definir o grau de compressão sanguínea nas

artérias de uma fonte entrevistada, quando necessário, o estudante deve usar

o algarismo. Exemplo: A pressão arterial do presidente da República,

Ernando Enrico de Viagem, antes de embarcar para mais uma viagem

internacional, é de 8 por 12.

Preto – use para designar cor e não raça humana. Exemplo correto: A

raça negra predomina no basquete norte-americano.

Primeira página – é o cartão postal do jornal-laboratório. Ela deve conter

chamada dos principais assuntos do jornal. A seleção das matérias que vão

compor a primeira página tem que ser criteriosa, de interesse público e

nítida, que faça o leitor sentir o prazer de ler o jornal.

Privacidade – o jornal-laboratório respeita a privacidade do cidadão. Não

admite preconceito. Ninguém deve ser identificado por grau de parentescco

com pessoa pública ou não. Se a notícia for de teor negativo, ninguém pode

ser identificado por sexo, raça, origem étnica, deficiência física ou mental.

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Privilégio – cuidado ao usá-lo. Privilegiar é conceder vantagem,

imunidade, tratamento especial em detrimento de outrem. O estudante não

deve privilegiar ninguém.

Promessas – o jornal-laboratório não promete nada. Exemplo: Numa

próxima edição voltamos com este assunto.

Pronome de tratamento – não use no texto pronomes de tratamento

como senhor, V.S., Ilmo e outros. O recomendado é identificar o

personagem pelo nome, cargo que ocupa, profissão. Exemplo: O senhor

Fernando Henrique Cardoso diz… (errado) O presidente Fernando

Henrique Cardoso… (correto) A não ser em declarações textuais.

Puxa-saco – não use e não seja.

Q

Queísmo – não abuse do uso da partícula que . Exemplo: O que você sabe

é que o Zezinho não tem mais aquele jeito de fazer gols e que os torcedores

agora não confiam mais no seu futebol que está cada vez pior. Muitas vezes

ela pode ser substituída por um ponto, vírgula ou dois pontos. Exemplo: O

Zezinho perdeu o jeito de fazer gols. Os torcedores deixaram de confiar no

seu futebol.

R

Real – moeda oficial do Brasil. Escreve em Caixa Alta (Maiúscula) a

primeira letra: Real. O símbolo é R$.

Recomendação – na avaliação de um fato para publicação, o estudante de

Jornalismo deve sempre ter presente a política editorial do jornal-laboratório,

ou seja, identificar o público para o qual se dirige, utilizar as regras e os

princípios básicos do fazer jornalístico.

Recomendação ao redigir – recomenda-se ao estudante que procure

sempre ser direto e dar importância ao que realmente merece. Evite

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brincadeiras. Antes de escrever, pense na frase completa, inteira, até o ponto

final. Construa o texto por partes: pense na idéia, enfoque e o divida por

itens de importância. Cada item é um parágrafo que tem uma idéia completa.

Ao adotar esse hábito, o estudante tem como garantia a precisão no relato do

acontecimento.

Redigir – é um exercício que o estudante deve praticar diuturnamente

para se familiarizar com o conjunto de normas e regras que orientam o texto

jornalístico. Só aprende a escrever correto e claro quem faz disso um

exercício freqüente. A escrita diária aprimora o estilo, aciona o pensamento

reflexivo e a ordenação das idéias. É salutar lembrar que ninguém lê por

ninguém. A leitura refletida de bons autores é um vírus com qual o estudante

deve a cada dia se contaminar ainda mais. Ela é indispensável para o

enriquecimento do vocabulário. O lema é escrever e ler, sempre.

Redundância – exemplo: O presidente inaugura nova pista do aeroporto

internacional de Brasília. Se inaugura, inaugura alguma coisa nova.

Inaugurar o velho é complicado. O correto é: O presidente inaugura pista do

aeroporto internacional de Brasília. Outro exemplo: Foi encontrado morto

dentro do elevador social. O significado da palavra elevador já se refere a

lado interior, no interior de. O correto é: Foi encontrado morto no elevador

social. Evite: Deu marcha à ré para trás e bateu no poste.

Release – não deve ser publicado na íntegra.

Remissão de matéria – para facilitar sempre a vida do leitor, é melhor

concentrar um mesmo assunto numa página ou editoria.

Repetição de palavras – o estudante de Jornalismo deve evitar o uso

repetitivo de palavras. Uma boa leitura diária vai ajudá-lo a encontrar

palavras substitutas, sem desqualificar o texto. Ou então use o dicionário.

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Reportagem – numa reportagem, o estudante precisa ambientar o leitor.

Se é uma festa de peão de boiadeiro, o ideal é relatar o ambiente, a música

que toca após a queda do peão, as anedotas, os fatos históricos, o

comportamento do público. Enfim, tudo isso quebra o gelo entre o leitor e o

jornal. A reportagem ganha clima, movimento, ação e o leitor tem uma visão

mais ampla da festa de peão.

Repórter – é a função que o estudante de Jornalismo deve cumprir na

produção e difusão do jornal-laboratório. Ele redige, apura, checa e

confronta as informações levantadas. Seu texto deve ser claro, objetivo e

exato no relato do cotidiano, em uma entrevista ou reportagem. A ética e a

responsabilidade social são regras que o repórter nunca deve esquecer na

cobertura de um acontecimento ou em uma entrevista.

Reprodução literária – use itálico quando citar parte de uma obra

literária. Exemplo: ... o jornalista autêntico tem o dever de não fornecer ao

público o ópio que ele pede, e sim a verdade de que ele sempre precisa...

Alceu Amoroso Lima.

Responsabilidade – a omissão dificulta e atrapalha o desenvolvimento

das atividades programadas. Fica, portanto, determinado que é de

responsabilidade dos editores e assistentes a seleção das matérias que serão

publicadas e também coordenar cada reunião de pauta. Ainda sob a

orientação do professor/coordenador, os editores e assistentes têm a função

de solicitar e sugerir ao repórter o complemento ou redução da matéria e

também fotos. Os editores e assistentes podem, sob a orientação do

professor/coordenador do jornal-laboratório, titular, redigir chamada de

primeira página e olho. Em caso de dúvida sobre o não-cumprimento de

qualquer atividade, o editor, assistente e repórter (estudante) devem

consultar o professor/coordenador.

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Revisão de texto pelo entrevistado – só será aceita em condições

excepcionais com a aprovação do professor/coordenador.

Riqueza dos detalhes – os detalhes dão verossimilhança à história que o

estudante descreve. Os detalhes mostram que o estudante esteve lá, ouviu as

pessoas, observou o ambiente, coletou informações no local. Ele foi conferir.

O leitor sente que a informação é sólida, mais confiável: “… o presidente

República olhou desanimado para a imagem de Nossa Senhora da

Aparecida (padroeira do Brasil) quando ouviu do presidente do Senado que

o PFL não o apoiará na campanha presidencial.”

Rosto – e não cara quando se tratar de pessoas.

S

SA – não é necessário usar a abreviatura de Sociedade Anônima cada vez

que se cite uma empresa. Exemplo: A Sputinik SA é a maior exportadora de

café do país. Correto. A Sputinik é a maior exportadora…

Século – com algarismo: século 18, século 21.

Segundo informações – o estudante deve citar a fonte. Exemplo: Segundo

Zagallo, o Brasil precisa de dois pontas, mas no banco.

Seleção de matérias – para fechamento de cada edição sempre haverá um

número de matérias a mais do que comporta o jornal-laboratório. Para

ajustar o espaço destinado às matérias, será adotado um critério de seleção.

O responsável é o editor, mas sob a coordenação do professor. O editor deve

sempre pensar na data em que o jornal será publicado, na qualidade do texto

(informações precisas, texto objetivo, exato e imparcial).

Sensacionalismo – o papel do jornalista é informar com clareza,

fidelidade e exatidão, e não transformar o acontecimento em um ato

sensacionalista e pessoal. Exemplo: o caso da Escola Base. A mídia

paulista, sem analisar os fatos, “condenou” os proprietários da escola.

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Resultado (1): não foi provada a agressão às crianças. Resultado (2): a

escola foi destruída por populares revoltados com os fatos publicados e

divulgados pela mídia. Resultado (3): moral e psicologicamente os

proprietários foram atingidos, e sem chance de resposta. Resultado (4): a

mídia, embora “tenha condenado” os proprietários, ficou isenta de qualquer

julgamento da justiça. O jornal-laboratório faz um jornalismo exigente e de

qualidade, e não pratica o sensacionalismo e a exploração mercantil.

Serviço – caracterizado como informação de utilidade pública. Ele dever

ser diagramado no pé (final) da matéria e em itálico.

Sic – indica que um termo ou texto foi reproduzido fielmente, por mais

estranho ou errado que possa parecer. A palavra dever ser usada entre

parênteses. Exemplo: “O Sócrates é invendável e imprestável (sic)”, disse o

presidente corintiano, Vicente Matheus, aos dirigentes de clubes italianos

interessados na compra do jogador.

Sigla – é a redução de longos títulos e expressões, utilizando a letra ou a

sílaba inicial de cada um dos elementos. A sigla se escreve sem pontos e

sem espaço entre uma letra e outra. Exemplo: Universidade de São Paulo

(USP), Partido da Frente Liberal (PFL) ou Telecomunicações de São Paulo

(Telesp). No jornal-laboratório o uso da sigla facilita a leitura e também

economiza espaço. A sigla que formar uma palavra com mais de três letras

escreve-se em Caixa Alta e baixa. (Telesp). Se formar uma palavra com três

letras, a sigla é redigida em Caixa Alta. (USP). Se a sigla tiver duas ou mais

letras que não formem uma palavra, é redigida em Caixa Alta. (PFL,

PMDB). No jornal-laboratório o estudante de Jornalismo primeiro identifica

o significado da sigla e depois usa a sigla entre parênteses. Exemplo: A

Universidade de São Paulo (USP) abriu as inscrições para… Após a

identificação, o estudante de Jornalismo deixa de usar os longos títulos e

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expressões e passa utilizar a sigla até o final do texto, quando necessário. O

estudante deve respeitar a ordem: primeiro o significado, depois a sigla.

Sigla e abreviatura – na identificação de deputado federal e senador, usa-

se a sigla partidária ligada por hífen à sigla do estado: PMDB-RO, PT-AC.

Significado de palavras – o estudante de Jornalismo deve recorrer ao

dicionário para saber o significado da palavra que pretende usar no texto.

Não é demérito o estudante adotar o dicionário como instrumento de

trabalho. O dicionário foi criado para auxiliar o cidadão nas dúvidas.

Simplicidade – clareza, exatidão e diversidade são elementos que

caracterizam o estilo do jornal-laboratório

Sobriedade – é que o estudante deve ter ao tratar o fato jornalístico.

Moderação e segurança são indispensáveis na aplicação do jornalismo

insento e verossímel.

Suicídio – o estudante de Jornalismo deve ser prudente com informações

sobre suicídios, principalmente quando o personagem é menor de idade (18

anos). O cuidado é porque nem sempre o fato coincide com a versão.

T

Tablóide – formato de jornal. Ele tem a metade do tamanho do standard.

O formato tablóide é mais usado em Porto Alegre (RS). Exemplo: Zero

Hora.

Telefone – número de telefone deve ser sempre antecedido pelo código de

área entre parênteses use hífen no prefixo: (17) 632-6681. A não ser quando

o telefone não exija DDD. Se se tratar de número do exterior, mencionar o

código do país e cidade: 39 (11) 562-9357.

Televisão – escreve-se televisão quando se referir ao canal ou estação.

Televisor – quando se referir ao aparelho receptor.

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TV – só quando citar nomes de canais ou estações de televisão são

escritos em Caixa Alta (Maiúscula) a primeira letra de cada palavra, em

itálico e sem aspas. Exemplo: TV Globo, SBT.

Terra – sempre com inicial maiúscula quando se referir ao planeta.

Exemplo: A Terra vai explodir em 2002.

Texto – deve ser redigido de forma clara. O texto tem de conter todas as

informações corretas. O estudante de Jornalismo não deve esquecer números

que possam ilustrar a matéria ou fatos que favoreçam a leitura. O texto para

o jornal-laboratório é redigido em Caixa Alta e baixa (CAb). Exemplo: O

ministro da Fazenda, Edson Tadeu Cintra, garante que o Brasil tem

condições de pagar a dívida externa até o final do século 21.

Texto assinado – no jornal-laboratório todo texto deve ser assinado pelo

estudante. Se há mais de uma participação, a ordem de assinatura deve

refletir a contribuição de cada um. Já o texto escrito em parceira, a ordem

das assinaturas deve ser alfabética.

Texto factual – é aquele que trabalha com o fato jornalístico a cada 24

horas. Nem sempre é publicado nas páginas de um jornal-laboratório que

dificilmente tem periodicidade diária e portanto deixa a matéria velha.

Tratamento do leitor – o jornal-laboratório é lido individualmente, por

um leitor, ou por centenas de leitores, que interpretam os fatos

individualmente. Por isso, quando for preciso referir-se ao leitor, deve-se

tratá-lo no singular, ou como você. Exemplo: O leitor interessado em

comprar o livro de Marizete Leite…

Tratamento da notícia – o jornal-laboratório passa ao leitor notícias de

interesse público e, se necessário, com opiniões de personagens. Estes

critérios servem para enriquecer a matéria e informar o leitor com clareza e

neutralidade.

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Trocadilho – nunca.

U

USA – usa-se a sigla quandos os Estados Unidos já foram citados no

texto, sem espaço e ponto entre as três letras.

V

Velocidade/hora – no jornal-laboratório deve ser grifada assim: 320km/h

Verbos – o estudante deve sempre usá-lo no modo indicativo, na voz

ativa e nas formas simples e afirmativas. As formas condicionais, os tempos

compostos, as passivas e as conjunções negativas prejudicam e desvalorizam

o texto jornalístico.

Viúva – ao diagramar o jornal-laboratório deve-se evitar a viúva.

Vivacidade – é fundamental que o estudante tenha está qualidade. Ou

seja, saiba explorar a introdução de elementos contraditórios, de transformar

um fato rotineiro numa narrativa que surpreenda e seduza o leitor. Ele deve

esquecer que citações em excesso banalizam o discurso jornalístico e não

prende a atenção leitor. É importante que o estudante faça cortes rápidos

(frases curtas) na narrativa e descreva, com cadência e elegância, o

ambiente, cada gesto do personagem etc.

X

X – para indicar oposição, quase sempre em competições esportivas, usa-

se o x minúsculo: Santos x Ponte Preta.

5.4 – Definições

Por se tratar de um manual de redação voltado para a produção e difusão

do jornal-laboratório, é importante definir alguns termos técnicos e regras

jornalísticas.

A

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Abertura – início de um texto jornalístico, no qual o autor expõe as

principais informações da notícia. O objetivo é atrair e prender a atenção do

leitor para o resto do assunto e deve provocar impacto, curiosidade, ser um

apelo à leitura. No jornalismo impresso, a chamada grande reportagem exige

detalhamentos criativos para sustentar o interesse e o desdobramento da

exposição. Um bom exemplo de uma abertura criativa é a de um jornalista

da Paris-Match que, ao montar o texto do enterro de Joseph Stalin – dias

após o funeral –, teve a idéia de telefonar para a central telefônica de

Moscou, para se informar sobre as condições de tempo e iniciar sua

reportagem descrevendo o amanhecer daquela data histórica.

Agência de notícias – na verdade, são os jornais dos jornais. É ela quem

fornece informações de todos os tipos, por atacado, aos jornais. Dispõe de

um amplo sistema de comunicação, de sucursais e correspondentes que

recolhem, elaboram e difundem o fato jornalístico. É uma empresa de

notícias que tem a finalidade de distribuir e vender notícias. Existem

agências nacionais, internacionais e especializadas. A pioneira no comércio

internacional foi a Havas (França), em 1845. As que se destacam hoje no

mercado são: Associated Press e United Press (EUA), Reuter (Grã-

Bretanha), France-Presse (França) e Tass (Rússia). A Agência JB, do Jornal

do Brasil, foi uma das principais do país.

Assessor de Imprensa – profissional que divulga o press-release, marca

entrevista coletiva, atende jornalistas. O estudante de Jornalismo deve

entender que o assessor de Imprensa não é a fonte primária, portanto, as

informações passadas por ele só serão publicadas se forem acompanhadas

por um press-release contendo citações oficiais. Exemplo: o governador de

São Paulo vai exonerar cinco secretários porque foram infiéis. O assessor

de Imprensa não pode dizer que os secretários foram infiéis e por isso serão

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exonerados. Ele não tem autoridade para se pronunciar em nome do

governador. A não ser que, além assessor de Imprensa, seja o porta-voz do

governador. O estudante precisa tomar cuidado, sem desmerecer o cargo,

com declarações do assessor de imprensa. Ele é o intermediário entre a fonte

e o jornal. Para a matéria ganhar credibilidade, é importante que a palavra do

envolvido seja citada no texto. Vale lembrar que o relacionamento entre o

assessor de Imprensa e o jornalista é formal.

B

Barriga – veiculação de uma notícia falsa. Para evitá-la, o estudante de

Jornalismo deve apurá-la com rigor.

Boneco – modelo de projeto gráfico de uma publicação.

Boxe – texto secundário que aborda aspecto específico do texto principal.

Pode ser interpretativo, opinativo, histórico. Pode ser cercado, em negrito ou

utilizar demais recursos gráficos. O importante é que complementa a matéria

principal. Ele tem a finalidade de dar leveza e agilidade à leitura, tornando-a

mais atraente.

C

Cabeçalho – nome do jornal, contendo também a data de publicação,

local, editoria número de página etc.

Caderno – conjunto de folhas que formam uma unidade do jornal.

Exemplo: Caderno 2 do Estadão.

Caixa Alta e baixa (CAb) – expressão que indica o emprego de letras

maiúsculas e minúsculas. Exemplo: Bandeira.

Calhau – material utilizado para preencher um espaço decorrente do

cancelamento de anúncio ou qualquer outro espaço em branco. Um anúncio

da própria empresa jornalística é o mais usado. Dependendo do espaço

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destinado ao anúncio, usam-se matérias reservadas para tais ocasiões e sem

interesse jornalístico.

Chamada – é originada do texto mais importante do jornal-laboratório. A

chamada atrai a atenção do leitor para as páginas internas. A chamada de

primeira página não pode prometer o que a matéria não tem a oferecer ao

leitor. Leitor decepcionado não compra jornal. A redação de uma chamada

segue os princípios do lead ou da abertura de uma reportagem. Ela deve ter

frases curtas, objetivas e claras. A proposta é remeter o leitor à página onde

está o texto que ela apenas resume.

Chapéu – palavra colocada acima do título ou manchete, associada ao

assunto. O corpo é menor, a fonte é a mesma do título. O objetivo é reforçar

o tema e estimular a leitura. Ele pode ser usado em todas as páginas para

dar unidade à edição.

Exemplo: Política

FHC assina outra medida provisória

Corpo – o tamanho de uma letra ou palavra. No jornalismo a escala é de 10

a 72.

Cozinha – aproveitar, reescrevendo, uma matéria ou reportagem

publicada em outro jornal, revista ou captada pelo rádio ou televisão.

Enxugar o texto, deixando apenas o que é importante.

Crédito – o jornal-laboratório sempre informa ao leitor o autor de seus

textos e fotos.

D

Deadline – Ver fechamento – Tópico Definições.

Denúncia do erro – uma das vocações do Jornalismo é a denúncia do

erro. Ou seja, informar, prevenir, oferecer condições para a compreensão do

fato e ampliar o discernimento do possível. Conhecer a realidade dos

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problemas, juntar forças para enfrentá-los e debater soluções. Na verdade, o

erro encontra-se no cotidiano, no fato jornalístico ou na sociedade. Exemplo:

A corrupção na arbitragem do futebol brasileiro. O erro encontra-se na

armação de resultados. A função do jornalismo é divulgar o desvio da ética

na arbitragem nacional. Divulgando-o, o jornalismo cumpre o seu papel de

informar a opinião pública sobre os acontecimentos que envolvem a questão.

É o discernimento do possível.

Diagramador – ainda é em muitos jornais o profissional responsável pela

distribuição das matérias nas páginas. É ele que calcula o espaço para cada

matéria, títulos, chamada de primeira página. Na verdade, ele é que

determina o desenho de cada página e o número de toques (caracteres) de

cada matéria. Com a informática nas redações, o diagramador foi substituído

pelo paginador. Ele tem a mesma função de comandar a distribuição das

matérias, mas com uma diferença básica: o paginador não precisa conhecer

as medidas tipográficas, paicas ou cíceros. O computador – com programas

específicos para fazer jornal – resolve 90% dos problemas do paginador. Por

exemplo: estouro de um título. Basta acionar um ou dois comandos para

colocá-lo no espaço que lhe foi reservado. Não precisa mandar o editor

refazê-lo.

E

Edição (1) – é a tiragem do dia, semana ou mês de um jornal.

Edição (2) – refere-se à seleção, hierarquização e preparação de matérias

a serem publicadas, utilizando-se todos os recursos visuais, gráficos,

informativos e de texto para torná-las atraentes. O ato de editar deve sempre

primar pela imparcialidade. Ou seja, quando houver discordâncias, pontos de

vista diferentes ou versões, o estudante de Jornalismo não pode privar o

leitor destas informações de interesse público. Editar, além de distribuir as

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matérias harmonicamente nas páginas, é publicar o fato de interesse público

e não pessoal, de grupos econômicos e políticos. Até o final dos anos 80, o

texto prevalecia na impressa brasileira. A informatização da produção, a

crise do papel, o corre-corre diário do homem moderno e a preguiça para

leitura fizeram com que o visual, nos anos 90, supere o texto.

Editoria – é uma seção de trabalho ou equipes que formam a Redação.

Cada editoria é responsável pela cobertura de determinado campo temático.

A instalação das editorias varia conforme as necessidades de publicação.

Editorial – gênero jornalístico que expressa a opinião oficial do jornal-

laboratório diante dos fatos de maior repercussão. Ele deve seguir os

princípios básicos deste manual. No jornal-laboratório é publicado na página

2. São poucos os jornais-laboratórios que reservam espaço para o editorial.

Não é assinado.

Enviado especial – é o jornalista encarregado de cobrir acontecimentos

fora da cidade, estado ou país.

Expediente – espaço para anunciar o nome do jornal, os nomes dos

diretores, jornalista responsável, conselho editorial, endereço para

correspondência, gráfica onde foi impresso o jornal.

F

Fato jornalístico – é a base do jornalismo. Ele segue os princípios éticos

e interesse público.

Fechamento – é a conclusão do trabalho de edição. O ato de fechar uma

edição é tão importante quanto o processo de elaboração de uma pauta ou de

um texto. Todos os envolvidos nesse trabalho devem se preocupar com a

qualidade e pontualidade. O atraso no fechamento, além de prejudicar a

impressão e a difusão do jornal-laboratório, é um desrespeito ao

companheiro que correu atrás da notícia, do entrevistado ou de uma

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reportagem. Fazer jornal é familiarizar-se com o trabalho contínuo, em que

todos os envolvidos na produção e difusão do jornal-laboratório têm um

objetivo comum: atender o exigente leitor com pontualidade e fidelidade.

Foca – é o jornalista em início de carreira. Aquele que escorrega de vez

em quando, que se deslumbra com as primeiras pautas, que deixa de cruzar

informações, ingênuo ainda para as manhas e macetes da profissão.

Fonte – pessoa que fornece informações, espontaneamente ou quando

solicitada, ao jornalista. Descobrir fonte exige habilidade. Cultivá-la requer

reponsabilidade, ética, imparcialidade e não misturar profissionalismo com

interesses pessoais.

Fotojornalismo – é o trabalho de registrar um instante mágico da

natureza, do espaço urbano, de transformar o obscuro em uma imagem que

realça o contexto histórico, político ou social. Fotojornalismo é a

composição do real imediato: a ação, o calor da hora, as emoções brutas, o

tiro, a miséria, o instante em que tudo se resolve, a violência, a guerra

urbana. Fotojornalismo mostra as diferenças, ou melhor, as variações das

formas de expressão, a pluralidade de imagens. Na fotografia a transparência

prima pela qualidade da imagem. Ou seja, o fotojornalismo é o olhar

múltiplo sobre o universo. Exemplo de profissionais que transformam o real

em uma imagem carregada de gesto, expressão, feição, movimentos e que

tudo se torna visível ao olhar desatento: Sebastião Salgado e Cartier

Bresson.

Fotolegenda – foto acompanhada de texto curto em itálico e título em até

três palavras.

Free-lancer – jornalista que trabalha por conta própria. Normalmente

recebe por matéria.

220

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Furo – matéria de grande interesse, divulgada com exclusividade por um

jornal. Nos anos 90, a palavra furo foi substituida pela exclusiva.

G

Gancho – é o fato gerador da notícia, ou uma informação pinçada de um

texto, que pode gerar uma reportagem. O jornalista atento aos fatos e

sensível a uma boa leitura é capaz de pincelar boas informações para

produzir uma reportagem. O gancho pode ser extraído de uma nota em

coluna social, classificados, concorrência pública, observação no cotidiano,

nas ruas etc.

Gilete-press – é a prática de recortar jornais e revistas para fazer pauta ou

cozinhar texto. No interior do Brasil, a prática do gilete-press incorporou-se

ao cotidiano das redações. Em alguns casos os textos recortados são

publicados na íntegra e a origem do texto não é citada. Os empresários se

utilizam desse recurso antiético e antiprofissional para não contratar

jornalista. O gilete-press custa para o empresário apenas o valor do exemplar

a ser recortado. É muito usado em jornalismo de rádio.

I

Informação-relatório – é aquela que não oferece ou apresenta novidade

ao leitor. Não noticia o novo, o contexto do fato, situações, personagens,

objetos descritos, que não organiza a narrativa que evidencia a mensagem

jornalística.

Imprensa marrom – jornalismo sensacionalista.

Intertítulo – destaque em negrito utilizado em meio ao texto para

ressaltar assunto que será tratado a seguir. Sua função é facilitar a leitura,

deixar a matéria mais arejada, separando assuntos, repousando

psicologicamente o leitor com pequenas pausas. Ele completa a matéria.

J

221

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Jabaculê ou jabá – são presentes oferecidos aos jornalistas, como

instrumento de relações públicas. No interior do Brasil as redações,

principalmente em período eleitorial e final de ano, são inundadas por

garrafas de bebidas, agendas e convites para almoço, jantar e viagens

turísticas. Evite receber esses presentes para não se comprometer.

Janela – frase retirada da matéria para ressaltar, em meio ao texto, uma

informação na matéria. O texto, em negrito, é editado entre fios.

Jornalismo de precisão – termo usado por estudiosos alemães para

definir o jornalismo exato, neutro, objetivo, sem desvios e distorções que

possam alterar a realidade social ou o caráter do fato jornalístico. Para não

descaracterizar a investigação jornalística, quando necessário para

enriquecimento da reportagem, o estudante deve usar métodos e técnicas

científicas de pesquisa social para proporcionar ao público-leitor maior

entendimento do assunto publicado. O chamado jornalismo de precisão

utiliza-se da pesquisa, da análise de conteúdo, da observação do jornalista e

das experiências de campo na coleta e levantamentos de informações sobre o

fato jornalístico. Esses são os processos de observação e investigação, hoje

distantes das redações. “O jornalismo de precisão requer treinamento

intensivo nas técnicas da ciência social empírica, que inclui o levantamento

de informações, sua análise e interpretação. A idéia dos adeptos desse

conceito de jornalismo é que, com isso, a reportagem objetiva já não

consistiria em fatos isolados, mas na inserção das informações num contexto

teórico que revelaria os antecedentes e as possíveis causas dos

acontecimentos.” (Michael Kunczik. Manual de comunicação: Conceitos de

jornalismo: norte e sul. São Paulo, ComArte, Edusp, 1997).

L

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Lauda – folha de papel padronizada na qual o estudante de Jornalismo

redige textos que podem ser publicados pelo jornal-laboratório. Tem 20

linhas de 70 toques cada. Total: 1400 toques. Nem todos os jornais têm o

mesmo padrão de lauda. O número de toques é variado.

Legenda – texto que ilustra a fotografia ou identifica lugares,

monumentos históricos, pessoas etc. Toda foto deve ter legenda.

Lei de Imprensa – mesmo com a Constituição de 1988 que diz em seu

Artigo 5º, Inciso 9, que é “livre a expressão da atividade intelectual,

artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou

licença”, ainda está em vigor a Lei de Imprensa, número 5250 de 9 de

fevereiro de 1967, criada durante o regime militar. Essa lei trata da forma de

registro dos órgãos de comunicação, dos crimes praticados por intermédio da

Imprensa, do direito de resposta e da responsabilidade civil e criminal pelos

abusos cometidos.

Linha fina – refere-se a um texto curto sem ponto final que, abaixo do

título, adiante um ou mais tópicos da matéria para estimular a leitura. Deve

evitar repetir palavras usadas no título. Ele deve estar amarrado ao título

para proporcionar uma leitura harmoniosa. Complementar o titulo.

Logotipo – palavras ou sigla que representam a marca comercial do

jornal. Cada jornal tem a sua grafia.

M

Mancha da página – é a área útil do jornal-laboratório. Ou seja, é o

espaço definido para imprimir as matérias, fio-data, logotipo do jornal-

laboratório.

Manchete – é o assunto mais importante da edição. Deve ser o resumo do

lead. Ela, mais do que nunca, é a fonte de leitura do jornal. Sem uma boa

manchete, dificilmente o jornal atrai o interesse do leitor. É o principal

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elemento de informação do jornalismo. A manchete serve para centrar a

atenção do leitor para o conteúdo do texto.

Matéria – é o trabalho jornalístico de fazer uma reportagem ou entrevista

que vai além da simples nota. É o desdobramento do assunto ou fato

jornalístico. É a palavra mais ouvida numa Redação.

Matéria fria – quando o tema abordado não é factual. Exemplo: uma

entrevista com Pelé sobre sua vida, uma reportagem investigativa que retrata

o trabalho forçado em fazendas na região Amazônica. Não tem data para

publicação.

Matéria quente – é factual, notícia do cotidiano. Exemplos: ACM é

contra a indicação de Serra para o Ministério da Saúde. Zagallo convoca

Raí.

N

Nariz-de-cera – no jornalismo de antigamente era a abertura de uma

matéria que se caracterizava pela falta de objetividade. Ela não chama a

atenção do leitor para a leitura da matéria. Alguns jornais ainda o utilizam. É

uma série de informações sem importância antes de chegar ao mais

importante (lead) do texto.

New journalism – Trata-se de um enfoque mais imaginativo da

reportagem, que permite ao jornalista imiscuir-se na narrativa sem no

entanto mudar os fatos observados. A definição é do jornalista norte-

americano Gay Talese.

Nota da redação – um esclarecimento, feito pela redação, referente a um

determinado texto e colocado logo após o seu término. Ou a resposta a uma

carta enviada à redação criticando determinada matéria. Ela também é

empregada para contestar alguma informação ou afirmação de um

entrevistado.

224

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O

Off – quando a fonte (entrevistado) passa ao estudante de Jornalismo uma

informação de interesse público e não pode (ou não quer) ser identificada.

Olho – refere-se a um texto curto, geralmente com linhas irregulares

(alinhamento central), que adianta um ou mais tópicos da matéria para

estimular a leitura. Ele deve estar amarrado ao título para dar ao leitor uma

leitura harmoniosa.

P

Pasquim – palavra pejorativa para designar jornal de má qualidade,

panfletário ou de curta duração.

Pé – fim da matéria. Cortar pelo pé: indica que a matéria estourou.

Perfil – é um texto sobre uma personalidade, no qual o estudante procura

fazer o retrato do entrevistado. Para traçar o perfil fiel do entrevistado, o

estudante precisa conhecer a vida da personalidade, observar seus gestos,

modo de se vestir, cacoetes, hábitos, ouvir pessoas amigas ou não, participar

do convívio familiar e cotidiano, visitá-los várias vezes, recolher fotografias

antigas e recentes. Enfim, manter um estreito relacionamento com o

entrevistado mas sem se envolver emocionalmente. O objetivo dessa

convivência mais estreita é, simplesmente, traçar o perfil de corpo inteiro do

entrevistado sem prejuízo da isenção do texto.

Pesquisa – trabalho de apoio ao texto.

Pingue-pongue – é a clássica entrevista de pergunta e resposta. Uma

entrevista pingue-pongue exige muita preparação, leitura, pesquisa,

elaboração de perguntas. É importante que a entrevista se centre num tema

específico, com suas variantes, senão fica dispersiva e superficial. O

estudante precisa ficar atento às respostas porque novas perguntas podem

surgir. Outro ponto positivo para o bom andamento da entrevista é o

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estudante sempre confirmar números e datas com o entrevistado, chegar

antes do horário marcado, não o pressionar o entrevistado com perguntas

sem objetividade. Agindo assim, a probabilidade de o entrevistado ser mais

receptivo às perguntas é muito maior. É fundamental que seja gravado para

que as perguntas e respostas sejam publicadas completas.

Pirâmide invertida – técnica de redação segundo a qual o texto é

encabeçado pelas principais informações. Ou seja, do maior ao menor

interesse. Sempre deve começar pelo mais importante, que será resumido no

título. Vale lembrar que o primeiro parágrafo precisa conter as respostas para

as seis perguntas chaves do jornalismo: Quando? Quê? Quem? Onde?

Como? Por quê? Sempre respeitando a regra: do maior ao menor interesse.

Porta-voz – é a pessoa encarregada de transmitir oficialmente

informações de uma empresa, entidade ou órgão governamental.

Prêmio Esso – é o principal prêmio do jornalismo brasileiro. Sua menção

num currículo soma pontos na vida profissional.

Press-release – Ver release – Tópico Definições.

R

Redação – lugar onde o estudante de Jornalismo trabalha na produção e

difusão do jornal-laboratório. Ato ou maneira de regidir.

Regras – método de trabalho numa redação. Ou seja, critérios para uso de

minúsculas, grafia, números, pesos, quantias etc.

Release – é o texto feito pela Assessoria de Imprensa para promover um

evento, um político ou lançar produtos. Seu objetivo é dar uma versão

favorável ao assunto. Na maioria dos jornais brasileiros, o release, ou por

falta de matérias, ou para evitar contratar profissionais para produzir

matérias, ou para atender interesses pessoais, sempre é bem-vindo. O release

pode ser útil na produção de uma pauta.

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Reportagem – é o aprofundamento de uma notícia. É o ato de investigar,

vai até o fim do assunto. É o relato ampliado de um acontecimento. Ela

difere da notícia porque deixa de ser apenas uma informação do dia-a-dia.

Enquanto na notícia predomina o quem e o quê, a reportagem procura saber

mais sobre o como e o porquê. E é na reportagem que a interpretação do fato

encontra a sua expressão mais desenvolvida. Mas a interpretação tem o olhar

do estudante que o leva a escolher um ângulo de abordagem do

acontecimento e situações que observa e descreve. Então, na verdade, deixa

de ser impessoal e passa a ser subjetivo o seu relato. E é nessa fronteira entre

a opinião e a interpretação que intervém a necessidade da distanciacão e a

preocupação da imparcialidade. Interpretar é explicar o porquê e como das

situações. É um exercício constante que o estudante deve praticar para não

julgar e opinar o que observou. A abertura da reportagem deve ser atrativa

para chamar a atenção do leitor. Ela se concentra em situações vivas. Ao

interpretar existem dois tipos de reportagem: a investigativa e narrativa.

Repórter – é a função que o estudante de Jornalismo deve cumprir na

produção e difusão do jornal-laboratório. Ele redige, apura, checa e

confronta as informações levantadas. Seu texto deve ser claro, objetivo e

exato no relato do cotidiano, de uma entrevista ou reportagem. A ética e a

responsabilidade social são pontos que o repórter nunca deve esquecer na

cobertura de um acontecimento ou entrevista.

Retranca – matéria que, embora faça parte de uma mesma reportagem ou

notícia, tem espaço e título próprios.

Retrato – não passa de uma fabricação de álbum de família. Tudo que

contém é estático. Não há expressão. Não há liberdade nos movimentos ou

no olhar. O retrato retrata um real montado e um personagem social, não

universal. O retrato é um clic que congela a construção de uma imagem

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fugaz ou um instante de fama. Retrato é sinônimo de clichês. De transformar

rostos em cores.

Revisão – arte de revisar provas de composição, indicando as correções

que devem ser feitas.

S

Segundo clichê – parte da tiragem do jornal cujo conteúdo é alterado, ou

corrigido, após o fechamento e circulação de uma edição. Exemplo: uma

edição de segunda-feira foi fechada e distribuída depois das 23h30. Às

23h50, chega à Redação a notícia da morte do presidente dos Estados

Unidos. O caderno Internacional pode ser alterado e a primeira página

ganhar nova manchete.

Selo – recurso gráfico (pode ser uma foto ou desenho, gráfico) para

marcar uma reportagem.

Setorista – jornalista encarregado de cobrir o dia-a-dia de uma fonte

permanente de notícia. Por exemplo: Palácio do Governo de São Paulo. É

importante não se envolver pessoalmente com o setor em detrimento da ética

e imparcialidade no relato dos fatos.

Standard – é o jornal de tamanho-padrão, ou seja, de 54cm x 33,5cm.

Sublead – segundo parágrafo da notícia.

Submanchete – frase ou período sem ponto que aparece na página com

menos destaque do que a manchete. Serve para dar outras informações. O

corpo gráfico é menor que o da manchete mas deve ocupar o mesmo espaço.

Exemplo:

Ronaldinho é contratado pela Inter

Barcelona recebe US$35 milhões pela venda

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Subtítulo – frase ou período sem ponto que aparece no texto para

mudança de assunto ou destacar um novo assunto. Serve para dar outras

informações.

Suíte – é a continuação de uma notícia publicada pelo jornal. A suíte

precisa sempre apresentar informações e angulações novas.

T

Texto-legenda – é a legenda* mais ampla mas sem parágrafo. Como a

legenda, pode ser uma chamada para o texto correspondente na página

interna. De qualquer maneira, precisa conter as principais informações sobre

o assunto.

Titular – é a arte de dar títulos às matérias. É preciso ler atentamente o

texto para encontrar palavras-chave que resumam o assunto para atrair o

leitor.

V

Versão jornalística – a notícia (versão jornalística do fato ou

acontecimento jornalístico) se expõe à verificação pública. É algo verificável

pelo leitor. Portanto, o estudante não pode admitir que a versão única, aquele

comentário de uma fonte envolvida no fato, seja o ponto final do texto. A

versão jornalística é superior ao boato ou a de apenas uma fonte de

informação. O leitor não gosta de ler apenas uma versão. Quanto maior o

entrechoque de versões contraditórias, maior reside o verificável. Ou seja,

quanto mais versões, tanto mais verdades terá o texto. A leitura do leitor

reside em observar se o estudante colocou cada versão lado a lado.

5.5 – SiglasA seleção das siglas foi baseada na amplitude que cada sigla representa ou

representava. Ou seja, nem toda sigla é de interesse nacional. Uma sigla de

um departamento do Estado de Rondônia não tem representatividade no

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Estado do Rio Grande do Norte. Então a escolha das siglas partiu do

interesse comum. A inclusão de siglas de empresas ou países que já não

existem mais foi com a intenção de apenas registrar, embora algumas delas

ainda são usadas pela mídia, principalmente quando o assunto é geopolítico.

AABA – Associação Brasileira de Aeromodelismo.

ABC – American Broadcasting Company. Rede norte-americana de rádio e

televisão.

Abav – Associação Brasileira das Agências de Viagens.

Abecafé – Associação Brasileira de Exportadores de Café.

ABDC – Associação Brasileira de Desportos para Cegos.

Abecom – Associação Brasileira de Escolas de Comunicação.

ABI – Associação Brasileira de Imprensa.

Abia – Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação.

Abicomp – Associação Brasileira da Indústria de Computadores e

Periféricos.

Abifarma – Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica.

Abipeças – Associação Brasileira da Indústria de Autopeças.

ABB – Associação Brasileira de Balonismo.

ABDIB – Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base.

ABL – Academia Brasileira de Letras.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Abradecar – Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas.

Abrasa – Associação Brasileira de Surf Amador.

Abrave – Associação Brasileira de Distribuidores de Veículos.

ACSP – Associação Comercial de São Paulo.

AFP – Agence France Presse. Agência de notícias da França.

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Aids – sigla inglesa para síndrome de imunodefiência adquirida. Em inglês é

Acquired Imune Deficiency Syndrome.

Alaic – Associón Latino-americana de Investigaciones de la Comunicación.

Alca – Área de Livre Comércio entre as Américas.

AMB – Associação Médica Brasileira.

Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica.

Ande – Associação Nacional de Educação.

Andes – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino

Superior.

Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

ANJ – Associação Nacional de Jornais.

ANP – Algemeen Nederlands Persbureau. Agência de notícias da Holanda.

Ansa – Agenzia Nacionale Stampa Associata. Agência de notícias da Itália.

AP – Associated Press. Agência de notícias dos Estados Unidos.

APAB – Associação dos Pescadores Amadores do Brasil.

Apae – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.

Apeoesp – Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São

Paulo.

APN – Aguéntstvo Pecháti Nóvosti. Agência de notícias da Rússia.

ASCCI – Ação Solidária Contra o Câncer Infantil

Assovesp – Associação dos Revendedores de Veículos de São Paulo.

AT&T – American Telephone and Telegraph. Companhia norte-americana

de telefones e telégrafos.

BBadesp – Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo.

Banespa – Banco do Estado de São Paulo.

Banorte – Banco Nacional do Norte.

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BB – Banco do Brasil.

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Por seu uso generalizado,

pode-se aportuguesar.

Bird – Banco Mundial, organismo das Nações Unidas, com sede em

Washington. Também conhecido por Banco Internacional para Reconstrução

e Desenvolvimento. Por seu uso generalizado, pode-se aportuguesar.

BM&F – Bolsa de Mercadorias & Futuros.

BMSP – Banco Mercantil de São Paulo.

BMW – Bayerische Motorenwerke. Fábrica alemã de automóveis.

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social.

Bovespa – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo.

Bradesco – Banco Brasileiro de Descontos.

Brasindoor – Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle da

Qualidade de Ar de Interiores.

CCacex – Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil.

CAN – Correio Aéreo Nacional.

Cadin – Cadastro de Inadimplentes.

Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

CBA – Confederação Brasileira de Automobilismo.

CBAT – Confederação Brasileira de Atletismo.

CBB – Confederação Brasileira de Basquete.

CBCa – Confederação Brasileira de Canoagem.

CBDA – Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.

CBF – Confederação Brasileira de Futebol.

CBJ – Confederação Brasileira de Judô.

CBM – Confederação Brasileira de Motociclismo.

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CBPDS – Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos.

CBS – Columbia Broadcasting System. Rede norte-americana de rádio e

televisão.

CBT – Confederação Brasileira de Tênis.

CBV – Confederação Brasileira de Vôlei.

CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado

de São Paulo.

Ceagesp – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São

Paulo.

CEF – Caixa Econômica Federal.

CEP – Código de Endereçamento Postal.

Cepam – Centro de Estudos e Pesquisas da Administração Municipal.

Cepeusp – Centro de Prática Esportiva da Usp.

Cesp – Companhia Energética de São Paulo.

CET – Companhia de Engenharia de Tráfego.

Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.

CGC – Cadastro Geral do Contribuinte.

CGT – Central Geral dos Trabalhadores.

CGT – Confederação Geral dos Trabalhadores.

CIA – Central Intelligence Agency. Organismo norte-americano de

espionagem e contra-espionagem.

Ciee – Centro de Integração Empresa-Escola.

Ciesp – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.

Ciespal – Centro Internacional de Estudos Superiores de Periodismo para a

América Latina.

Cimi – Conselho Indigenista Missionário.

CMB – Conselho Mundial de Box.

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CMN – Conselho Monetário Nacional.

CNA – Confederação Monetário Nacional.

CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

CNDM – Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear.

CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

CNT – Central Nacional de Televisão.

COB – Comitê Olímpico Brasileiro.

Cobrecos – Congresso Brasileiro de Estudantes de Comunicação.

Cofins – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.

COI – Comite Olímpico Internacional. Em inglês a sigla é IOC:

International Olympic Committee. Por seu uso generalizado, pode-se

aportuguesar.

Comgás – Companhia de Gás de São Paulo.

Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico,

Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo.

Confaz – Conselho de Política Fazendária.

Confen – Conselho Federal de Entorpecentes.

Conseg – Conselho Comunitário de Segurança.

Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.

Contran – Conselho Nacional de Trânsito.

Copant – Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas.

CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira.

Cosipa – Companhia Siderúrgica Paulista.

CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz.

CSLL – Contribuição sobre o Lucro Líquido das Empresas.

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CUT – Central Única dos Trabalhadores.

DDAC – Departamento de Aviação Civil.

Decon – Departamento Estadual de Polícia do Consumidor.

Deic – Departamento Estadual de Investigações Criminais.

Dentel – Departamento Nacional de Telecomunicações.

DER – Departamento de Estradas de Rodagem.

Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A.

Detran – Departamento Estadual de Trânsito.

Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos.

DNC – Departamento Nacional dos Combustíveis.

DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.

DPA – Deutsche Presse Agentur. Agência de notícias originária da antiga

Alemanha Ocidental.

DPDC – Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor.

DSV – Departamento de Operações do Sistema Viário.

EEFE – Agência espanhola de notícias.

Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações.

Embratur – Empresa Brasileira de Turismo.

ESG – Escola Superior de Guerra.

FFAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.

Food and Agriculture Organization.

235

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FBI – Federal Bureau of Investigation. Agência norte-americana de

investigação.

Febem – Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor.

Felafacs – Federação Latino-Americana de Faculdades de Comunicação

Social.

Fenaban – Federação Nacional dos Bancos.

Fenabrave – Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores.

Fenacol – Federação Nacional dos Corretores de Seguro.

Fenatec – Feira Nacional de Tecelagem.

FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

FGV – Fundação Getúlio Vargas.

Fiat – Fabbrica Italiana Automobili Torino. Empresa italiana de automóveis.

Fiba – Federação Internacional de Basquete Amador. Por seu uso

generalizado, pode-se aportuguesar.

Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

Fifa – Federação Internacional de Futebol Associado. Por seu uso

generalizado, pode-se aportuguesar.

Fipe – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.

Fisa – Federação Internacional de Automobilismo Esportivo. Fédération

Internacionale du Sport Automobile.

FMI – Fundo Monetário Internacional. Em inglês =a sigla é IMF:

International Monetary Fund. Por seu uso generalizado, pode-se

aportuguesar.

FPB – Federação Paulista de Basquete.

FPF – Federação Paulista de Futebol.

FPV – Federação Paulista de Vôlei.

G

236

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GLS – Associação brasileira dos Gays, Lésbicas e Simpatizantes.

GM – General Motors Corporation. Companhia norte-americana de

automóveis.

Grendacc – Grupo em Defesa da Criança com Câncer.

HHQ – História em Quadrinhos.

IIbama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais

Renováveis.

IBF – Internacional Badminton Federation.

IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IBM – International Business Machines Corporation. Multinacional norte-

americana.

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

Ibope – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.

IE – Imposto sobre Exportações.

IGPM – Índice Geral de Preços do Mercado.

II – Imposto sobre Importações

IML – Instituto Médico Legal.

Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.

INST – Instituto Nacional de Segurança de Trânsito.

Inca – Instituto Nacional do Câncer.

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da

Comunicação.

237

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IOF – Imposto sobre Operações Financeiras.

IPC – Índice de Preços ao Consumidor.

IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados.

IR – Imposto de Renda.

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.

IRA – Irish Republican Army. Exército Republicano Irlandês.

ISS – Imposto sobre Serviços.

ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica.

ITV – Independent Television. Rede britânica de televisão.

IVA – Imposto sobre Valor Agregado.

IVV – Imposto sobre Venda a Varejo.

JJAL – Japan Air Lines. Viação aérea japonesa.

Juca – Jogos Universitários de Comunicação e Arte.

LLamara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual.

Labjor – Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade

de Campinas.

MMAC – Museu de Arte Contemporânea.

MAM – Museu de Arte Moderna.

Masp – Museu de Arte de São Paulo.

MG – Morris Garages. Fábrica britânica de automóveis.

Mercosul – Mercado do Cone Sul.

MIS – Museu da Imagem e do Som.

N

238

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Nasa – National Aeronautics and Space Administration. Organismo norte-

americano que pesquisa o espaço.

NATC – North Atlantic Treaty Council. Conselho do Tratado do Atlântico

Norte.

NBA – National Basketball Association. Entidade norte-americana que

administra e organiza o basquete.

NBC – National Broadcasting Company. Rede norte-americana de rádio e

televisão.

NYT – The New York Times. Jornal norte-americano.

OOAB – Ordem dos Advogados do Brasil.

OEA – Organização dos Estados Americanos.

OIT – Organização Internacional do Trabalho. Organismo das Nações

Unidas.

OLP – Organização para a Libertação da Palestina.

OMS – Organização Mundial do Comércio.

OMS – Organização Mundial da Saúde. Organismo especializado das

Nações Unidas.

ONG – Organização não-governamental.

ONU – Organização das Nações Unidas.

Opep – Organização de Países Exportadores de Petróleo.

PPC do B – Partido Comunista do Brasil.

PCB – Partido Comunista Brasileiro.

PDC – Partido Democrata Cristão.

PDT – Partido Democrático Trabalhista.

239

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PF – Polícia Federal.

PFL – Partido da Frente Liberal.

PIB – Produto Interno Bruto.

PL – Partido Liberal.

PM – Polícia Militar.

PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

PMN – Partido da Mobilização Nacional.

PNB – Produto Nacional Bruto.

PPB – Partido Progressista Brasileiro.

PRN – Partido da Reconstrução Nacional.

Procon – Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor.

Prona – Partido de Reedificação da Ordem Nacional.

PRS – Partido das Reformas Sociais.

PSC – Partido Social Cristão.

PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira.

PST – Partido Social Trabalhista.

PT – Partido dos Trabalhadores.

PTB – Partido Trabalhista Brasileiro.

PTR – Partido Trabalhista Renovador.

PUC – Pontifícia Universidade Católica.

RRadiobrás – Empresa Brasileira de Comunicação.

RAI – Radio Audizioni Italia. Rede de rádio e televisão da Itália.

Reuters – Agência inglesa de notícias.

SS/A – Sociedade Anônima.

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SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.

SBSH – Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana.

SBAT – Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.

SBT – Sistema Brasileiro de Televisão.

Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas.

Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.

Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.

Sida – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. Sigla utilizada em países

latinos.

Simca – Société Industrielle de Mécanique et de Carrosserie Automobile.

Fábrica francesa de automóveis.

SIP – Sociedade Interamericana de Prensa

SPC – Serviço de Proteção ao Crédito.

STF – Supremo Tribunal Federal.

STJ – Supremo Tribunal de Justiça.

Sucen – Superintendência de Controle de Endemias.

TTAP – Transportes Aéreos Portugueses.

TCE – Tribunal de Contas do Estado.

TCU – Tribunal de Contas da União.

Telebrás – Telecomunicações Brasileiras.

Telesp – Telecomunicações de São Paulo.

TFR – Tribunal Federal de Recursos.

TRF – Tribunal Regional Federal.

TRT – Tribunal Regional do Trabalho.

TST – Tribunal Superior do Trabalho.

241

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TVE – Televisión Española.

TWA – Trans World Airlines. Companhia norte-americana de viação aérea.

UUbes – União Brasileira de Estudantes Secundaristas.

UDR – União Democrática Ruralista.

UEB – União dos Escoteiros do Brasil.

UEE – União Estadual dos Estudantes/SP.

UEFA – Union of European Football Associations. Entidade que cuida do

futebol europeu.

UNE – União Nacional dos Estudantes.

Unesco – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.

Organismo das Nações Unidas.

Unicef – United Nations International Children’s Emergency Fund. Fundo

Internacional das Nações Unidas para Ajuda à Infância.

Unamaz – Associação das Universidades Amazônicas.

Upes – União Paulista de Estudantes Secundaristas.

UPI – United Press International. Agência de notícias norte-americana.

URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Sigla da antiga União

Soviética.

USP – Universidade de São Paulo.

VVarig – Viação Aérea Rio Grandense.

Vasp – Viação Aérea São Paulo.

ZZAP – Zachodnia Agencja Prasowa. Agência de notícias da Polônia.

5.6 – Presidentes da República

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O Brasil teve vários regimes de governo e presidentes das mais variadas

tendências políticas. Desde a implantação da República em 15 de novembro

de 1889, o Brasil passou por várias crises políticas que derrubaram

presidentes, tiveram governos “relâmpagos” e outros se suicidaram ou

morreram no poder. Mas o curioso é que Deodoro da Fonseca, militar fiel ao

Imperador D. Pedro II, foi chamado para liderar o movimento armado cujo

objetivo era por fim na Monarquia. E o povo, como acontece até hoje,

acreditou, mais uma vez, numa derrubada de Governo. A República

consolidou-se aos tropeços e em meio a golpes e eleições fraudulentas. Só

governos provisórios foram dois. O mais longo da história da República foi

o de Getúlio Vargas, 44 meses. Vargas, presidente provisório, presidente

constitucionalista, presidente do Estado Novo e presidente eleito pelo voto

direto, ficou indo e vindo ao palácio presidencial durante 18 anos. No Estado

Novo, ele governou por 105 meses. O Brasil teve ainda duas juntas, uma

militar e outra governativa que ficou dez anos no poder. A República teve 36

presidentes, três governaram mais de uma vez ou em regimes diferentes

(Deodoro da Fonseca, Vargas e Jango). Mas nem todos foram eleitos pelo

voto popular. A mais curta Presidência foi de Carlos Luz que governou de

09/11/1955 a 11/11/1955. A República teve também presidentes eleitos

indiretamente, pelo Colégio Eleitoral, – criado pelo Governo Militar. O

último, Tancredo Neves morreu antes de subir a rampa palaciana. Vale

registrar que João Belquior Marques Goulart foi vice de dois presidentes

eleitos por partidos diferentes. São fatos que ilustram a história republicana e

deixam o brasileiro à margem do processo político.

Deodoro da Fonseca (Governo Provisório) – de 15/11/1889 a 26/02/1891.

Manuel Deodoro da Fonseca (Alagoas, 05/08/1827 – Rio Janeiro/RJ,

23/08/1892). Militar de carreira, assumiu a liderança da tropa que

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proclamou a República e assumindo a chefia do Governo Provisório. Vice-

presidente, Floriano Peixoto.

Deodoro da Fonseca (Governo Republicano) – de 26/02/1891 a

23/11/1891.

Floriano Peixoto – de 23/11/1891 a 15/11/1894. Floriano Vieira Peixoto

(Vila de Ipioca/AL, 30/04/1839 – Barra Mansa/RJ, 29/06/1895). Militar,

liderou oposição a Deodoro da Fonseca na dissolução do Congresso,

ocupando a Presidência após a renúncia de seu titular.

Prudente de Morais – de 15/11/1894 a 15/11/1898. Prudente José de

Morais e Barros (Itu/SP, 04/10/1841 – Piracicaba/SP, 03/12/1902).

Advogado, tornou-se o primeiro presidente eleito pelo voto popular. Vice-

presidente, Manuel Vitorino Pereira (Salvador/BA, 30/01/1853 – Rio de

Janeiro/RJ, 09/11/1902).

Campos Sales – de 15/11/1898 a 15/02/1902. Manuel Ferraz de Campos

Sales (Campinas/SP,13/02/1841 – Santos/SP, 28/06/1913). Bacharel em

Direito, foi ministro da Justiça do Governo Provisório. Vice-presidente,

Francisco de Assis Rosa e Silva (Recife/PE, 04/10/1856 – Rio de Janeiro/RJ,

01ª/07/1929.

Rodrigues Alves – de 15/11/1902 a 15/11/1906. Francisco de Paula

Rodrigues Alves (Guaratinguetá/SP, 07/07/1848 – Rio de Janeiro/RJ,

16/01/1919. Advogado, eleito, em 15/11/1918, para um novo mandato

presidencial, morreu antes de tomar posse. Vice-presidente, Francisco

Silviano de Almeida Brandão (Pouso Alegre/MG, 08/09/1848 – Belo

Horizonte/MG, 25/09/1902). Morreu antes de ser empossado. Para seu

lugar foi eleito Afonso Pena.

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Afonso Pena – de 15/11/1906 a 14/06/1909. Afonso Augusto Moreira Pena (Santa

Bárbara/MG, 30/11/1847 – Rio de Janeiro/RJ, 14/06/1909). Bacharel em Direito,

morreu antes do término de seu mandato. Vice-presidente, Nilo Peçanha.

Nilo Peçanha – de 14/06/1909 a 15/11/1910. Nilo Procópio Peçanha

(Campos/RJ, 02/10/1867 – Rio de Janeiro/RJ, 31/03/1924). Advogado, foi

candidato derrotado à Presidência da República em 1921.

Hermes da Fonseca – de 15/11/1910 a 15/11/1914. Hermes Rodrigues da

Fonseca (São Gabriel/RS, 12/05/1855 – Petrópolis/RJ, 09/09/1923.

Sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, foi também militar. Vice-

presidente, Venceslau Brás.

Venceslau Brás – de 15/11/1914 a 15/11/1918. Venceslau Brás Pereira

Gomes (Brasópolis/MG, 26/02/1868 – Itajubá/MG, 15/05/1966). Foi

promotor público. Vice-presidente, Urbano Santos da Costa Araújo

(Guimarães/MA, 03/02/1859 – Rio de Janeiro/RJ, 07/05/1922).

Delfim Moreira – de 15/11/1918 a 28/07/1919. Delfim Moreira da Costa

Ribeiro (Cristina/MG, 07/11/1868 — Santa Rita do Sapucaí/MG,

01º/07/1920). Bacharel em Direito, elegeu-se vice-presidente na chapa de

Rodrigues Alves. Com a morte do presidente eleito, assumiu até a eleição de

Epitácio Pessoa.

Epitácio Pessoa – de 28/07/1919 a 15/11/1922. Epitácio da Silva Pessoa

(Umbuzeiro/PB, 23/05/1865 – Petrópolis/RJ, 02/02/1942). Formado em

Direito, elegeu-se presidente quando representava o Brasil na Conferência

de Paz de Versalhes, em 1919. Vice-presidente, Francisco Álvaro Bueno de

Paiva (Caldas/MG, 17/09/1861 – Rio de Janeiro/RJ, 04/08/1928).

Artur Bernardes – de 15/11/1922 a 15/11/1926. Artur da Silva Bernardes

(Viçosa/RJ, 98/08/1875 – Rio de Janeiro/RJ, 23/03/1955). Advogado,

participou da campanha pela criação da Petrobrás. Vice-presidente,

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Epitácio de Albuquerque Coimbra (Barreira/PE, 1872 – Recife/PE,

09/11/1937.

Washington Luís – de 15/11/1926 a 24/10/1930. Washington Luís Pereira

de Souza. (Macaé/RJ, 26/10/1869 – São Paulo/SP, 04/08/1957). Bacharel

em Direito. Com a Revolução de 1930, renunciou e foi morar na Europa, só

retornando em 1947. Vice-presidente, Fernando de Melo Viana

(Sabará/MG, 15/03/1878 – Rio de Janeiro/RJ, 10/02/1954).

Junta Governativa (generais Mena Barreto e Tasso Fragoso) – de

24/10/1930 a 03/11/1930. Augusto Tasso Fragoso (São Luís/MA, 28/08/1859

– Rio de Janeiro/RJ, 20/09/1945). João de Deus Mena Barreto (Porto

Alegre/RS, 1874 – Rio de Janeiro/RJ, 25/03/1993).

Getúlio Vargas (Governo Provisório) – de 03/11/1930 a 20/07/1934.

Getúlio Dornelles Vargas (São Borja/RS, 19/04/1882 — Rio de Janeiro/RJ,

24/08/1954). Abandonou a carreira militar para concluir o curso de Direito.

Assumiu a Presidência no lugar de Washington Luís. Não teve vice-

presidente.

Getúlio Vargas (Período Constitucional) – de 20/07/1934 a 10/11/1937.

Getúlio Vargas (Estado Novo) – de 10/11/1937 a 29/10/1945. Na sua

terceira fase de governo, Getúlio Vargas foi deposto.

José Linhares – de 29/10/1945 a 31/01/1946. José Linhares (Baturite/CE,

28/01/1886 – Caxambu/MG, 26/10/1957). Advogado, ficou na Presidência

da República até a eleição de Gaspar Dutra.

Eurico Gaspar Dutra – de 31/01/1946 a 31/01/1951. Eurico Gaspar Dutra

(Cuiabá/MT, 18/05/1889 – Rio de Janeiro/RJ, 10/06/1974). Militar, foi

eleito pelo Partido Social Democrático (PSD). Vice-presidente, Nereu

Ramos (Lages/SC, 03/09/1888 — Curitiba/PR, 16/06/1958).

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Getúlio Vargas – de 31/01/1951 a 24/08/1954. Eleito pelo voto popular,

suicidou-se em 24/08/1954. Foi o fim da era Vargas que começou no final

da década de 20.

João Café Filho – de 24/08/1954 a 09/11/1955. João Café Filho

(Nata/RN, 03/02/1899 – Rio de Janeiro/RJ, 20/02/1970). Advogado e

jornalista, foi vice de Vargas, mas não terminou seu mandato.

Carlos Luz – de 09/11/1955 a 11/11/1955. Carlos Coimbra da Luz (Três

Corações/MG, 04/08/1894 – Rio de Janeiro/RJ, 09/02/1961. Promotor

Público, assumiu interinamente a Presidência por ocasião da doenca de

Café Filho.

Nereu Ramos – de 11/11/1955 a 31/01/1956. (Lages/SC, 03/09/1888 –

Curitiba/PR, 16/06/1958). Advogado, assumiu a Presidência com a

deposição de Carlos Luz.

Juscelino Kubitscheck – de 31/01/1956 a 31/01/1961. Juscelino

Kubitschek (Diamantina/MG, 12/09/1902 – Resende/RJ, 22/08/1976). Foi

médico da Polícia Militar de Minas Gerais. Durante seu governo construiu

cinco usinas hidrelétricas e a abertura de três mil quilômetros de rodovias.

Foi cassado em 1964. Morreu em um acidente de carro. Vice-presidente,

João Goulart.

Jânio Quadros – 31/01/1961 a 25/08/1961. Jânio da Silva Quadros

(Campo Grande/MS, 25/01/1917 – São Paulo/SP, 1992). Advogado e

professor, renunciou sete meses depois de assumir a Presidência. Em 1964,

teve seus direitos políticos suspensos por dez anos.

Ranieri Mazzilli – de 25/08/1961 a 08/09/1961. Pascoal Ranieri Mazzilli

(Caconde/SP, 27/04/1910 – São Paulo/SP, 21/04/1975). Advogado. Ocupou

a Presidência várias vezes: Juscelino (viagem), Jânio Quadros (renúncia) e

João Goulart (viagens aos EUA e Vaticano, e deposição).

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João Goulart (Jango) (parlamentarismo) – de 08/09/1961 a 24/01/1963

(Tancredo Neves foi o primeiro-ministro). João Belchior Marques Goulart

(São Borja/RS, 01º/03/1918 – Mercedes/Argentina, 06/12/1976). Advogado.

Foi duas vezes vice-presidente. Foi deposto pelo Golpe Militar de 1964.

João Goulart (presidencialismo) – de 24/01/1963 a 01º/04/1964.

Ranieri Mazzilli – de 02/04/1964 a 15/04/1964. Assume mais uma vez a

Presidência e marca eleição indireta para 11/04/1964.

Castelo Branco (general) – de 15/04/1964 a 15/03/1967. Humberto de

Alencar Castelo Branco (Maceja/CE, 29/01/1900 – Mondubim/CE,

18/07/1967). General, assume a Presidência via indireta. Dá início ao

regime militar. Vice: José Maria Alkmim.

Costa e Silva (general) – 15/04/1967 a 31/08/1969. Arthur da Costa e

Silva (Taquari/RS, 03/10/1902 – Rio de Janeiro/RJ, 17/12/1969). Afasta-se

da Presidência por ter sofrido uma trambose, sendo substituído por uma

junta militar. Morre no mesmo dia que vai ao ar a primeira edição do

Jornal Nacional da TV Globo. Vice-presidente, Pedro Aleixo.

Junta Militar (almirante Augusto Rademaker, general Lyra Tavares e brigadeiro

Márcio de Souza e Mello) – de 31/08/1969 a 30/10/1969. Augusto Hamann Rademaker

Grüewald (Rio de Janeiro/RJ, 11/05/1905 – Rio de Janeiro/RJ, 13/09/1985); Aurélio

Lyra Tavares (João Pessoa/PB, 07/11/1905) e Márcio de Souza e Melo

(Florinópolis/SC, 26/05/1906).

Emílio Garrastazu Médici (general) – de 30/10/1969 a 15/03/1974. Emílio

Garrastazu Médici (Bagé/RS, 04/12/1905 – Rio de Janeiro/RJ, 09/10/1985).

Foi o terceiro presidente indicado e aprovado pelo Congresso. Vice-

presidente, Augusto Hamann Rademaker Grünewald.

Ernesto Geisel (general) – de 15/03/1974 a 15/03/1979. Ernesto Geisel

(Bento Gonçalves/RS, 03/08/1908 – Rio de Janeiro/1996). Revogou o Ato

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Inconstitucional nº5, mas antes, em março de 1977, fechou provisoriamente

o Congresso. Vice-presidente, João Pereira dos Santos (Taquara/RS,

11/04/1905 — Rio de Janeiro/RJ, 02/04/1984).

João Figueiredo (general) – de 15/03/1979 a 15/03/1985. João Baptista

Figueiredo (Rio de Janeiro/RJ, 15/01/1918). Foi no seu governo que a

oposição mobilizou a população em torno de grandes objetivos

democráticos, entre eles, a campanha pelas direta-já. Vice: Antônio

Aureliano Chaves de Mendonça.

Tancredo Neves – 15/03/1985 (na véspera da posse ficou doente e morreu

em 21/04/1985). Tancredo de Almeida Neves (São João Del Rey/MG,

04/03/1910 – São Paulo/SP, 21/04/1985). Foi o primeiro presidente civil

eleito pelo Colégio Eleitoral, mas morreu antes de ser empossado.

José Sarney (vice de Tancredo Neves) – de 15/03/1985 a15/03/1990. Até

a morte de Tancredo, estava provisoriamente na Presidência da República.

José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (Pinheiro/MA, 24/04/1930). É

advogado, jornalista, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.

Em seu governo foi elaborada a 7ª constituição, sob o comando do deputado

Ulysses Guimarães.

Fernando Collor – de 15/03/1990 a 29/12/1992. Fernando Affonso Collor

de Mello (Rio de Janeiro/RJ, 12/08/1949). Foi o primeiro presidente civil

eleito pelo voto popular após o regime militar. Antes de ter seus direitos

políticos suspensos por oito anos, já vencidos, Collor foi afastado

temporariamente da Presidência da República, em setembro de 1992.

Itamar Franco (vice de Collor) – de 29/12/1992 a 01º/01/1995. Itamar

Augusto Franco Cantiero Franco (Salvador/BA, 28/07/1931). Vice de Collor

assume a Presidência. O principal destaque de seu governo foi a

implantação do Plano Real. Elegeu seu sucessor.

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Fernando Henrique Cardoso – de 01º/01/1995 a 01º/01/1999. (Rio de

Janeiro, 1931) O destaque de seu governo foi a estabilização da economia e

a campanha para reeleição. Cinco meses antes da eleição presidencial

perde o amigo Sérgio Motta (19/04/1998) e um forte aliado Luís Eduardo

Magalhães (21/04/1998), filho do senador pefelista Antonio Carlos

Magalhães.

Fernando Henrique Cardoso – de 01º/01/1999 a 01º/01/01º/2003. Logo

após a vitória que garantiu o segundo e último mandato de presidente da

República, fato inédito na política brasileira, o carioca FHC enfrenta a

primeira e grande crise de seu governo: a desvalorização do Real, moeda

criada por ele quando era ministro da Fazenda do então presidente Itamar

Franco. Faz acordo com FMI e banqueiros internacionais para não

desestabilizar seu governo.

5.7 – Estados, capitais e regiões

O Brasil é uma república federativa, composta por 26 estados e o Distrito

Federal. Quinto maior país do mundo com uma área de 8.547.403,5 km2. Faz

divisa com Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa,

Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. O maior estado é o

Amazonas com 1.577.820,2 km2. O menor é o Sergipe com 22.050.4 km2.

Estado Capital Região

Acre (AC) Rio Branco Norte

Alagoas (AL) Maceió Nordeste

Amapá (AP) Macapá Norte

Amazonas (AM) Manaus Norte

Bahia (BA) Salvador Nordeste

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Ceará (CE) Fortaleza Nordeste

Distrito Federal (DF) Brasília Centro-Oeste

Espírito Santo (ES) Vitória Sudeste

Goiás (GO) Goiânia Centro-Oeste

Maranhão (MA) São Luís Nordeste

Mato Grosso (MT) Cuiabá Centro-Oeste

Mato Grosso do Sul(MS) Campo Grande Centro-Oeste

Minas Gerais (MG) Belo Horizonte Sudeste

Pará (PA) Belém Norte

Paraíba (PB) João Pessoa Nordeste

Paraná (PR) Curitiba Sul

Pernambuco (PE) Recife Nordeste

Rio de Janeiro (RJ) Rio de Janeiro Sudeste

Rio Grande do Norte(RN) Natal Nordeste

Rio Grande do Sul (RS) Porto Alegre Sul

Rondônia (RO) Porto Velho Norte

Roraima (RR) Boa Vista Norte

Santa Catarina (SC) Florianópolis Sul

São Paulo (SP) São Paulo Sudeste

Sergipe (SE) Aracaju Nordeste

Tocantins (TO) Palmas Norte

5.8 – Países, capitais e continentes

São nos momentos de conflitos políticos, de guerras religiosas ou combate

ao terrorismo que países, raças, regiões, povos aparecem na mídia em grande

estilo. A derrubada do Muro de Berlim, o fim das Repúblicas Socialistas, a

divisão de países por etnias ou a independência de pequenas repúblicas

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reviraram o quadro geopolítico que estava estável até 1989. E foi com a

intenção de auxiliar o aluno que esse tópico foi incluído no Manual.

País Capital

África

Açores Ponta Delgada

África do Sul Pretória, capital

administrativa; Cidade do Cabo, legislativa;

Bloemfontein, judiciária.

Angola Luanda

Argélia Argel

Benin Porto Novo

Botsuana Gaborone

Burkina Uagadugu

Burandi Bujumbura

Cabo Verde Praia

Camarões Iaundê

Chade Ndjamena

Comores Moroni

Congo Brassaville

Costa do Marfim Abidjã

Djibouti Djibuti

Egito Cairo

Etiópia Adis Abeba

Gabão Libreville

Gâmbia Banjul

Gana Acra

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Guiné Conacri

Guinee-Bissau Bissau

Guiné Equatorial Malabo

Ilhas Canárias Las Palmas

Lesoto Maseru

Libéria Monróvia

Líbia Trípoli

Madagascar Antananarivo

Madeira Funchal

Malavi Lilongwe

Mali Bamako

Marrocos Rabat

Maurício Port Louis

Mauritânia Muakchott

Mayotte Dzaydzi

Moçambique Maputo

Namíbia Windhoek

Níger Niamey

Nigéria Lagos

Quênia Nairóbi

República Centro-Africana Bangüi

Reunião Saint-Denis

Ruanda Kigali

Santa Helena Jamestown

São Tomé e Príncipe São Tomé

Senegal Dacar

Serra Leoa Freetown

253

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Seychelles Vitória

Socotra Tamridah

Somália Mogadíscio

Suazilândia Mbabane

Sudão Cartum

Tanzânia Dodona

Togo Lomé

Tunísia Túnis

Uganda Campala

Zaire Kinshasa

Zâmbia Lusaka

Zimbábue Harare

América Central

Anguilla The Valley

Antígua e Barbuda St. John's

Bahamas Nassau

Barbados Bridgetown

Belize Belmopán

Bermuda Hamilton

Costa Rica San José

Cuba Havana

Dominica Roseau

El Salvador San Salvador

Granada Saint George's

Guadalupe Basse-Terre

Guatemala Guatemala

Haiti Port-au-Prince

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Honduras Tegucigalpa

Ilhas Cayman George Town

Ilhas Turcks e Caicos Cockburn Town

Ilhas Virgens Americanas Chalortte Amalie

Ilhas Virgens Britânicas Road Town

Jamaica Kingston

Martinica Fort-de-France

México Cidade do México

Montserrat Plymouth

Nicarágua Manágua

Panamá Panamá

Porto Rico San Juan

República Dominicana São Domingos

Santa Lúcia Castries

São Cristóvão e Névis Basseterre

São Vicente e Granadinas Kingstown

América do Norte

Canadá Ottawa

Estados Unidos da América Washington

Groenlândia Godthab

América do Sul

Antilhas Holandesas Willemstad

Argentina Buenos Aires

Aruba Oranjestad

Bolívia La Paz é a capital

administrativa e sede do

governo.

255

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Sucre é a capital legal e sede do Judiciário.

Bonaire Kralendijk

Brasil Brasília

Chile Santiago

Colômbia Bogotá

Equador Quito

Guiana Georgetown

Guiana Francesa Caiena

Ilhas Falkland (Malvinas) Port Stanley

Ilhas Galápagos Puerto Baquerizo

Paraguai Assunção

Peru Lima

Suriname Paramaribo

Trinidad e Tobago Port of Spain

Uruguai Montevidéu

Venezuela Caracas

Ásia

Bangladesh Dacca

Belarus Minsk

Brunei Bandar Seri Begawan

Butão Timfu

Camboja Phnom Penh

China Pequim

Cingapura Cingapura

Coréia do Norte Piongiang

Coréia do Sul Seul

Filipinas Manila

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Hong Kong Vitória

Índia Nova Délhi

Indonésia Jacarta

Japão Tóquio

Laos Vientiane

Macau Macau

Malásia Kuala Lumpur

Moldova Kichinev

Mongólia Ulan Bator

Myanma Yongon

Nepal Kathmandu

Siri Lanka Colombo

Tailândia Bancoc

Taiwan Taipé

Timor Dili

Vietnã Hanói

Europa

Albânia Tirana

Alemanha Berlim

Andorra Andorra

Áustria Viena

Bélgica Bruxelas

Bósnia-Erzegóvina Sarajeico

Bulgária Sófia

Córsega Ajaccio

Creta Iraklion

Croácia Zagreb

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Dinamarca Copenhague

Eslováquia Bratislava

Eslovênia Liubliana

Espanha Madri

Faeroés Torshavn

Finlândia Helsinki

França Paris

Grécia Atenas

Guernsey St. Peter Port

Holanda Amsterdã

Hungria Budapeste

Ilha de Man Douglas

Ilhas Baleares Palma de Mallorca

Ilhas Faroë Thorshavn

Irlanda (Eire) Dublin

Islândia Reikjavik

Itália Roma

Iugoslávia Belgrado

Jersey (Ilha do Canal) St. Helier

Liechtenstein Vaduz

Luxemburgo Luxemburgo

Malta Valleta

Mônoco Mônoco-Ville

Noruega Oslo

Polônia Varsóvia

Portugal Lisboa

Reino Unido da Grã-Bretanha

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e da Irlanda do Norte Londres

(Escócia, País de Gales e

Inglaterra forma a Grã-Bretanha)

República Tcheca Praga

Romênia Bucareste

San Marino San Marino

Sardenha Cagliari

Suécia Estocolmo

Suíça Berna

Vaticano Vaticano

Eurasia

Armênia Ierevan

Azerbaijão Baku

Cazaquistão Alma-Ata

Estônia Tallin

Geórgia Tbilissi

Letônia Riga

Lituânia Vilna

Quirguistão Bichkek

Rússia Moscou

Tadjiquistão Duchambe

Turcomenistão Achkhabad

Ucrânia Kiev

Uzbequistão Tachkent

Oceania

Austrália Camberra

259

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Fuji Suva

Guam Agana

Ilha Norfolk Kingston

Ilha Pitacairn Admstown

Ilhas Christmas Fluing Fish Cove

Ilhas Cocos Rarotonga

Ilhas Marianas do Norte Garapan

Ilhas Marshall Majuro

Ilhas Salomão Honiara

Ilhas Wallis e Futuma Mata Utu

Kiribati Bairiki

Nauru Yaren

Niue Alofi

Nova Caledônia Noumea

Nova Zelândia Wellington

Papua-Nova Guiné Port Moresby

Polinésia Francesa Papeete

República de Belau Koror

Samoa Americana Pago Pago

Somoa Ocidental Ápia

Tonga Nukualofa

Tuvalu Funafuti

Vanuatu Port Vila

Oriente Médio

Afeganistão Cabul

Arábia Saudita Riad, real; Jidá,

260

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administrativa

Chipre Nicósia

Emirados Árabes Unidos Abu Dhabi

Iêmen Sanaa

Irã Teerã

Iraque Bagdá

Israel Jerusalém

Jordânia Amã

Kuait Al Kuait

Líbano Beirute

Omã Mascate

Paquistão Islamabad

Qatar Doha

Síria Damasco

Turquia Ancara

5.9 – Notas e referências bibliográficas

1 – MELO, José Marques de e SILVA, Carlos Eduardo Lins da. In: Sinal de

mais: a revisão e os manuais como supervisores do texto jornalístico.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Mônica Manir Miguel.

ECA/USP, 1990.

2 – RAMOS, José Nabantino. Jornalismo – dicionário enciclopédico. São

Paulo, Ibrasa, 1970.

3 – RAMOS, José Nabantino. Jornalismo – dicionário enciclopédico. São

Paulo, Ibrasa, 1970.

4 – MELO, José Marques de. (org.) Normas de redação de cinco jornais

brasileiros. São Paulo, Com-Arte/ECA/USP, 1974.

261

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5 – FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua

Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985.

6 – MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral. São Paulo,

Loyola, 2000.

7 – EL PAIS. Libro de Estilo. Madrid, Ediciones Siruela, 1996.

8 – EL PAIS. Libro de Estilo. Madrid, Ediciones Siruela, 1996.

9 – A TRIBUNA. Manual da Redação. Santos, Jornal e Editora, 1990.

10 – ZERO HORA. Manual de Ética, Redação e Estilo. Porto Alegre,

L&PM, 1994.

11 – MARANHÃO, Carlos. Manual de Estilo da Editora Abril: como

escrever bem para nossas revistas. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1990.

12 – GARCIA, Luiz. O Globo: Manual de Redação e Estilo. São Paulo,

Editora Globo, 1992.

13 – JORNAL DO BRASIL. Normas de redação. Rio de Janeiro, 1988.

14 – PÚBLICO. Livro de Estilo. Lisboa, Printer Portuguesa, 1998.

15 – FOLHA DE S. PAULO. Novo Manual da Redação. São Paulo, Folha

da Manhã, 1992.

16 – MARTINS, Eduardo.Manual de Redação e Estilo de O Estado de S.

Paulo. São Paulo, 1997.

262

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6

O olhar do professor

No momento em que escolas e alunos discutem a reforma curricular,

tendo como parâmetro as Diretrizes Curriculares Nacionais e a Lei de

Diretrizes e Bases, o questionamento da qualidade do ensino também veio à

público. Se de um lado há queixas contra projetos pedagógicos dos cursos de

Jornalismo, há também a cobrança por uma mão-de-obra qualificada e mais

preparada para o exercício profissional. Para avaliar este quadro e projetar o

curso de jornal-laboratório que mais se adeque ao conceito do fazer

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jornalístico, professores de dez escolas, baseados em sua experiência

acadêmica, responderam questões fundamentais que contribuiram para a

minha proposta.

O roteiro com 15 perguntas, enviado aos professores, levantava os

seguintes aspectos: cronograma de atividades, carga horária, linha editorial

do jornal-laboratório, distribuição, métodos adotados para motivar o aluno,

importância do jornal-laboratório na formação do aluno, como são

escolhidas as editorias, a teoria contribui no fazer jornalístico, o aluno deve

contextualizar ou apenas relatar o fato etc.

Nove professores de jornal-laboratório participaram da pesquisa, quatro de

escolas particulares, duas de escolas públicas (federal) e três de escolas

confessionais. Onze professores não responderam.

Nome do professor: Deodoro José Moreira

Universidade ou faculdade: Unilago/Rio Preto

Nome do jornal-laboratório: Expressão Livre

Tamanho do jornal: tablóide

Tiragem: 2 mil exemplares

Periodicidade: mensal

Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-

aprendizagem? Explique.

Resposta: Sim, pois com esse instrumento o aluno tem a possibilidade de

sentir como funciona a redação de um jornal verdadeiro, o que o deixará

preparado para enfrentar o mercado de trabalho.

Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício

profissional?

264

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Resposta: Sim.

Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?

Resposta: Como trabalhava em jornal diário, utilizei meus conhecimentos

adquiridos ao longo da carreira de jornalista e os incorporei.

Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar o aluno? É pouco

ou ideal?

Resposta: Duas horas. É muito pouco, o ideal seriam seis horas.

Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em

prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?

Resposta: Sim, inteiramente.

Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-

laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra? Ou seja, o

ritmo de trabalho, as cobranças (comercial, patrão), o estilo, o imediatismo

no redigir são diferentes do jornal-laboratório.

Resposta: Como expliquei anteriormente, a maioria não. No entanto, estou

constantemente procurando aperfeiçoar o sistema para que uma motivação

completa.

Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório

na vida acadêmica?

Resposta: Sim.

Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e

difusão do jornal-laboratório?

Resposta: A principal delas é a motivação, fato que provoca atrasos

constantes nas edições.

Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do

aluno?

Resposta: Sim.

265

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Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de

reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?

Resposta: Sim. Todo o cronograma é definido antes do início das aulas. Isso

é de suma importância para o andamento da produção e para que o aluno se

programe em função das outras disciplinas.

Pergunta: Como são escolhidas as editorias?

Resposta: Quem define são os alunos. Isso acontece no segundo ano, pois o

jornal-laboratório é produzido pelo terceiro ano.

Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?

Resposta: Os alunos, supervisionados pelo professor.

Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?

Resposta: Sim. Permite que o aluno saiba o porquê de sua linha de trabalho.

Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais

ou simplesmente relatar o fato? Por que?

Resposta: Deve contextualizar, pois relatar fatos ele fará no dia-a-dia de

uma redação. Já o jornal-laboratório é um espaço para experimentos,

necessário para uma completa formação.

Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo

acadêmico ou não? Explique.

Resposta: Não, pois outras pessoas ou instituições devem conhecer o

trabalho dos alunos.

Nome do professor: Elias Machado Gonçalves

Universidade ou escola: Faculdade de Comunicação/Universidade Federal

da Bahia

Nome do jornal-laboratório: Jornal-Laboratório

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Tamanho: Standard

Tiragem: 5 mil exemplares

Periodicidade: Mensal

Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-

aprendizagem? Explique.

Resposta: Indispensável. Como se pode formar um jornalista sem que tenha

contato com uma das modalidades da prática profissional. Como profissional

com larga experiência no mercado tenho plena certeza de que sem um bom

jornal-laboratório um curso não tem condições de funcionar ou oferecer uma

formação adequada aos alunos. O ambiente da redação do jornal permite a

oportunidade de reflexão sobre as especifidades da prática, além de acabar

com o mito de que se necessita de estágio para aprender jornalismo. Um

bom jornal-laboratório pode imprimir um ritmo de trabalho e a utilização de

critérios muito mais rígidos que a maioria das redações no mercado.

Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício

profissional?

Resposta: Sem dúvida. Se tem a pretensão de formar profissionais, a

reflexão sobre a natureza da profissão, as particularidades da prática e os

pré-requisitos para o seu exercício são elementos básicos. A diferença entre

alguém que atua no mercado sem uma formação prévia em Jornalismo e um

aluno de um curso de Jornalismo consiste em que o primeiro opera com

técnicas especializadas de forma automática, sem qualquer reflexão sobre as

suas funções enquanto que o segundo pode inclusive aperfeiçoar de forma

constante a sua prática porque reúne condições para analisar de forma crítica

os resultados de seu trabalho.

267

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Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É

pouco ou suficiente?

Resposta: Na grade curricular tenho 8 horas semanais para a oficina de

impresso mas o curso funciona em tempo integral. Como professor em

dedicação exclusiva permaneço durante toda a semana – manhã e tarde –

com os alunos. A redação do jornal funciona como uma redação de jornal

todos os dias da semana, cabendo ao aluno adaptar a sua grade de horários.

O tempo me parece mais do que suficiente para a edição de um jornal

mensal em formato standard de 8 páginas.

Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?

Resposta: O método utilizado consiste na elaboração de todas as etapas do

jornal – pauta, reportagem, edição, editoração eletrônica e circulação - pelos

alunos, com a supervisão do professor. Parto do pressuposto que em um

curso de Jornalismo se aprende fazendo, entrando em contato com as

dificuldades da prática em suas diversas etapas. Em cada um dos momentos

do percurso aproveito para discutir os conceitos elementares com os alunos,

da pauta à edição, das particularidades dos gêneros à definição de conceitos

como objetividade ou editorial.

Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em

prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?

Resposta: Com certeza. O curso trabalha o referencial conceitual como

instância que perpassa todas as etapas do processo de produção. O título

oficina pretende justo sintetizar o espaço do jornal-laboratório como um

espaço aberto para a criação, para a reflexão crítica. Para superar a disciplina

o aluno tem que produzir no final do semestre um ensaio em que elabora (de

livre escolha) uma reflexão sobre qualquer uma das etapas do processo de

produção no jornalismo.

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Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-

laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?

Resposta: Na experiência que tenho como professor universitário ao longo

de 11 anos tenho convicção que o aluno sempre que percebe que tem algo a

aprender participa de todas as atividades propostas. No jornal-laboratório,

por exemplo, em algumas oportunidades ficamos na redação até a meia noite

para fechar uma edição. Quando entramos na etapa final ninguém vai para

casa antes de fechar o jornal. Discordo que as cobranças são menores do que

no mercado. Como jornalista profissional procuro inclusive cobrar de meus

alunos muito mais do que a média das redações. Os resultados são

compensadores. O índice de desistência fica abaixo de 10% e o de

reprovação abaixo de 5%. O aproveitamento dos ex-alunos em redações de

jornais e revistas na Bahia e em outros estados atesta a qualidade nossos

profissionais. Nosso curso de Jornalismo recebeu quatro estrelas no Guia

Abril e conceito Muito Bom em projeto pedagógico e corpo docente nas

condições de oferta e avaliação do Mec.

Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório

na vida acadêmica?

Resposta: Sem dúvida. Na primeira aula apresento o programa da disciplina,

processo de avaliação. Faço um histórico do jornal, suas funções no

processo de formação, diferenças em relação ao jornalismo praticado no

mercado.

Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e

difusão do jornal-laboratório?

Resposta: As principais dificuldades são de ordem material. Falta ainda uma

institucionalização do jornal na escola. A faculdade estava em obras. Desde

que assumi funcionávamos em uma redação improvisada e sem uma devida

269

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articulação entre as disciplinas afins como fotografia, planejamento gráfico

ou teorias do jornalismo. Temos a perspectiva de uma regularização do

quadro. Temos a forte dependência de recursos da reitoria o que, muitas

vezes, atrasa o processo de impressão e circulação jornal. A escola pretende

profissionalizar o jornal, inclusive com a inserção permanente de

publicidade.

Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do

aluno?

Resposta: Sim. Nenhuma dúvida.

Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de

reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?

Resposta: Cronograma anual impossível porque trabalho com planejamento

semestral. Para cada semestre tenho um planejamento do período para cada

uma das edições do jornal. Trabalho com o planejamento prévio de 4 edições

por semestre, com um período de 30 dias para cada uma, dividindo as etapas

neste intervalo de tempo. O planejamento permite um domínio do tempo de

produção e uma iniciação dos alunos no clima de fechamento de um jornal

real. Os prazos são rígidos e, caso descumpridos, aquele número sai de

produção e se começa o próximo. E um condicionante fundamental para

adequar o aluno ao ritmo real de trabalho.

Pergunta: Como são escolhidas as editorias?

Resposta: O jornal tem como público alvo a comunidade da Universidade

Federal da Bahia – 20 mil pessoas – e as escolas de comunicação de

Salvador e do país. A publicação trata da Ufba como objeto. As editorias são

fixas. Editorial, Extensão, Campus, Reportagem e Entrevista. As editorias

são escolhidas pelo Conselho Editorial do jornal.

Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?

270

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Resposta: O Conselho editorial traça as linhas gerais. A aplicação cabe aos

alunos em conjunto com o professor da disciplina. O jornal pretende fazer

jornalismo. Desde que tenha em conta os critérios técnicos toda matéria

entra. Temos a comunidade da Ufba como objeto porque permite inclusive

tensionar os diversos setores da universidade e a própria Reitoria,

demonstrando para o estudante as relações de poder dentro da instituição. O

jornal tem total liberdade editorial. A maioria das manchetes são críticas aos

diversos setores da universidade. Fazemos jornalismo. Nada a ver com

assessoria de imprensa.

Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?

Resposta: Sem teoria não existe prática criativa porque falta uma reflexão

sobre o estado atual da arte. A melhor maneira da teoria servir para o

processo de aprendizagem consiste em acabar com o mito da formação pelo

mercado. A maioria dos meus alunos verifica ao final do curso que muitas

das matérias publicadas pela grande imprensa teria dificuldades de entrar no

jornal-laboratório porque estão mal feitas. O aluno aprende que somente terá

lugar no mercado quando tem condições de contribuir para melhorar o

jornalismo atual. Quem não tem poder de inovação fica de fora.

Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais

ou simplesmente relatar o fato? Por que?

Resposta: Como simplesmente relatar o fato? Todo texto jornalístico

pressupõe a colocação de um contexto. E um equívoco pensar que a noticia

dispensa a contextualização dos fatos. Dependendo do gênero o que muda

são as formas em que se coloca o fato em contexto: a notícia trata do fato, a

reportagem do tema, o editorial comenta... Na disciplina o aluno aprende a

evitar o uso ingênuo de diferenciações de larga tradição no pragmatismo das

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redações como as propostas acima, pré-requisito básico para o exercício do

jornalismo.

Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo

acadêmico ou não? Explique.

Resposta: Depende do tipo de publicação. No nosso caso sim. Devido a

natureza do jornal. Tem interesse para o público das universidades.

Nome do professor: Rosângela Marçolla

Universidade ou escola: Faculdades Integradas Alcântara Machado

Nome do jornal-laboratório: Jornal da FIAM - Digital

Tamanho: Digital e A4 (versão impressa)

Tiragem: 2.500

Periodicidade: Semanal e quinzenal, respectivamente

Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-

aprendizagem? Explique.

Resposta: Sim, pois é na faculdade que os futuros jornalistas têm o primeiro

contato com as reuniões de pauta, apurar as fontes e trabalhar a edição dos

textos.

Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício

profissional?

Resposta: Deveria.

Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É

pouco ou suficiente?

Resposta: Faço durante as aulas e não é suficiente, já que a pauta fica

prejudicada.

Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?

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Resposta: Fazê-los se sentir que são parte da história.

Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em

prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?

Resposta: Como disse anteriormente, quando o jornal fala do dia-a-dia do

aluno, eles apresentam dificuldades em escrever textos informativos e

sempre lançam opiniões tendenciosas.

Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-

laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?

Resposta: Infelizmente os que ainda não atuam no mercado tendem a

reclamar muito dizendo que é muito texto (!!!) como se no mercado não

tivessem que escrever mais de uma matéria por dia.

Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório

na vida acadêmica?

Resposta: Acredito que sim.

Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e

difusão do jornal-laboratório?

Resposta: Respeito às datas, "inventam" fontes, colam da Internet...

Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do

aluno?

Resposta: Sim.

Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de

reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?

Resposta: Elaboro no início do semestre levando em consideração feriados,

atividades em sala etc.

Pergunta: Como são escolhidas as editorias?

Resposta: Não existe espaço determinado.

Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?

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Resposta: O professor.

Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?

Resposta: A teoria é muito importante porque vem da prática.

Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais

ou simplesmente relatar o fato? Por que?

Resposta: Depende da linha editorial, do espaço mas se relatarem de forma

precisa já é um grande passo.

Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo

acadêmico ou não? Explique.

Resposta: Acredito que não porque outros formadores de opinião podem ter

acesso à produção acadêmica, o que colabora na melhoria da imagem da

instituição.

Nome do professor: Cláudia Regina Lahni

Universidade ou escola: Faculdade de Comunicação/Universidade Federal

de Juiz de Fora

Nome do jornal-laboratório: Jornal de Estudo

Tamanho:12 páginas – tablóide

Tiragem: 1000 exemplares

Periodicidade: no último semestre, publicamos duas edições; no atual,

estavam programadas três, estamos em greve (esses são os números desde

que eu estou responsável pelo jornal)

Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-

aprendizagem? Explique.

Resposta: Sim, em função da experiência prática, responsabilidade e debate

sobre isso.

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Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício

profissional?

Resposta: Sim, em conjunto com as outras disciplinas.

Pergunta: Quantas horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É

pouco ou suficiente?

Resposta: Quatro – o que é insuficiente

Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?

Resposta: Discussão sobre o nosso jornal e o de outras faculdades.

Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em

prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?

Resposta: Acredito que sim (a questão é dirigida ao aluno).

Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-

laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?

Resposta: Pelas reações, acredito que a maior parte dos alunos se sente

motivada.

Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório

na vida acadêmica?

Resposta: Acredito que sim. Mas, seja como for, começo o período

explanando sobre a disciplina, o jornal-laboratório e a sua função no curso.

Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e

difusão do jornal-laboratório?

Resposta: Na UFJF falta dinheiro (e apoio) para o jornal.

Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do

aluno?

Resposta: Sim.

Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de

reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?

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Resposta: Sim, porque definição de cronograma, na organização é

fundamental. Elaboro de acordo com o número de edições que faremos,

definindo dias de discussão, definição de tema, pauta, reportagem/redação,

edição, revisão, diagramação/editoração, revisão, gráfica; aí apresento a

proposta aos alunos e a debatemos, ficando aberta a modificações da parte

deles.

Pergunta: Como são escolhidas as editorias?

Resposta: Não trabalhamos com editorias.

Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?

Resposta: Professora e outros envolvidos no processo - o jornal tem um

conselho editorial. Recentemente, desde que assumi estamos fazendo-o

temático.

Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?

Resposta: Sim – o aluno já viu na teoria, debateu e agora vai à prática.

Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais

ou simplesmente relatar o fato? Por que?

Resposta: Deve contextualizar, porque os acontecimentos não são isolados –

e, diga-se, a descontextualização no jornalismo é um mal hoje no mercado;

precisamos discutir isso na academia e ir mudando, a partir do trabalho de

nossos alunos e alunas.

Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo

acadêmico ou não? Explique.

Resposta: Não. O jornal-laboratório deve ir também a centros culturais,

deve chegar aos entrevistados (nem sempre da academia), enfim, na medida

do possível deve ser amplamente distribuído.

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Nome do professor: Marta Regina Maia

Universidade ou escola: Faculdade de Comunicação da Universidade

Metodista de Piracicaba – Unimep

Nome do jornal-laboratório: Impressão

Tamanho: Tablóide

Tiragem: 5 mil exemplares

Periodicidade: bimestral

Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-

aprendizagem?

Resposta: Sem dúvida alguma.

Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício

profissional?

Resposta: A formação dos alunos é uma junção de vários fatores. Eu diria

então que o jornal contribui para esta "conscientização".

Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É

pouco ou suficiente?

Resposta: Tenho 12 horas por semana. Seria suficiente se eu não tivesse

cometido a ousadia de instituir o Impressão on line - semanal. De qualquer

forma tenho 2 monitores que me ajudam no Impressão (impresso) e dois no

Impressão on line.

Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?

Resposta: A preocupação central sempre foi tentar produzir um jornal na

linha mais interpretativa do que convencional, preocupando-se sempre com a

fidedignidade das fontes e com a ética jornalística. Outra questão é que, na

medida do possível, também sempre recorremos à fontes externas, para

garantir a aproximação do aluno com entrevistados que vivem um universo

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diferente de uma cidade do interior. Inclusive não uso o termo lead e sim

"abre", com o intuito de incentivar o aluno a produzir matérias menos

padronizadas.

Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em

práticapelo aluno que produz o jornal-laboratório?

Resposta: Sem sombra de dúvidas. Acho que é na produção, mais até do

que nas discussões teóricas que podemos de fato mostrar para o aluno como

exercer a ética. Por exemplo: Só aceito que saiam matérias com entrevistas

específicas para o jornal e não com matérias "copiadas" da Internet.

Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-

laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?

Resposta: Esta é uma resposta difícil, pois quem teria melhores condições

de respondê-la seria o próprio aluno. O que posso dizer é que como existe

uma avaliação, então alguns alunos produzem porque do contrário seriam

reprovados e outros o fazem porque têm consciência de que assim vão poder

exercitar o seu texto jornalístico. De qualquer forma, posso dizer que quando

o jornal fica mais bem produzido acaba existindo um certo clima de euforia

na turma.

Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório

na vida acadêmica?

Resposta: Penso que sim.

Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e

difusão do jornal-laboratório?.

Resposta: O número de alunos ainda continua sendo um problema e a falta

de interdisciplinaridade, que proporcionaria ao aluno uma participação mais

intensa em todo o processo de produção.

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Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do

aluno?

Resposta: É fundamental, pois é ele que propicia o exercício mais próximo

da realidade profissional.

Pergunta: Elabora semestral ou anualmente o cronograma de atividades?

Exemplo, dia de reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?

Resposta: O planejamento é semestral, até porque as disciplinas são

semestrais.

Pergunta: Como são escolhidas as editorias?

Resposta: Existem algumas fixas, como Educação, Política, Cotidiano,

Cultura, Saúde e Esportes, outras, entretanto, surgem de acordo com a algum

assunto em evidência, como, por exemplo, meio-ambiente.

Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?

Resposta: Ela é fruto de discussões em reuniões da Faculdade de

Comunicação e do meu projeto de Tempo Parcial, aprovado em concurso.

Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?

Resposta: Ela é essencial, senão o aluno/jornalista acaba sendo refém das

idéias (teorias) dos entrevistados e ainda poderá ter dificuldades para

interpretar certos acontecimentos.

Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais

ou simplesmente relatar o fato? Por que?

Resposta: O ideal é que sempre seja contextualizado, entretanto isso não é

tão fácil de ocorrer, pois os alunos não ingressam na Universidade com uma

boa formação. Mas o professor não deve desistir e sempre incentivar essa

prática.

Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo

acadêmico ou não? Explique.

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Resposta: Depende de quem é o seu público-alvo. No nosso caso, é a

própria comunidade acadêmica quem é o destinatário, mas acho importante

tomar cuidado para que não se produza um jornal oficial da academia.

Achamos fundamental a nossa independência. Agora, quando há condições

de infra-estrutura acho que se pode sair do campus. Já tivemos outras

experiências, na linha do jornalismo popular, mas que não foram muito

eficazes, já que nem todo aluno tem a obrigação de trabalhar com

comunidades carentes. Fazemos isso com projetos de extensão, por exemplo.

Nome do professor: Carlos Alberto Zanotti

Universidade ou escola: Curso de Jornalismo/Universidade de Pouso

Alegre/MG

Nome do jornal-laboratório: PRIMEIRA PÁGINA

Tamanho: tablóide (personalizado, pois adapta-se à capacidade da gráfica da

instituição.

Tiragem: 1000 exemplares

Periodicidade: Mensal

Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-

aprendizagem? Explique.

Resposta: Sim, pois ele materializa/sintetiza todo um conjunto de

aprendizado que é oferecido/proporcionado ao aluno. Nele, trabalha-se desde

a fotografia, o recorte fotográfico, a diagramação, o texto, a pauta, a ética, a

legislação, o público e as estratégias de comunicação.

Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício

profissional?

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Resposta: Sim, pois oferece mecanismos análogos aos do mercado na

produção jornalística, antecipando muitos problemas/soluções que o aluno

encontrará quando formado.

Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É

pouco ou suficiente?

Resposta: Total de 4 horas/aulas semanais, o que é muito abaixo das

necessidades. Na reforma curricular em curso o problema deverá ser sanado,

triplicando-se a carga horária em dois determinados semestres.

Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?

Resposta: Montei. Há mecanismos de orientação integral, acompanhamento

próximo e cobrança proporcional às necessidades. Busco desenvolver a

responsabilidade individual na produção coletiva de meus alunos.

Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em

prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?

Resposta: Sim, pois não se pode entender o jornalismo distanciado da ética.

Discutimos um jornal voltado para o mercado, mas solidamente calcado na

ética, pois que se trata de uma atividade de interesse público.

Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-

laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?

Resposta: Sinto o aluno extremamente motivado a produzir o jornal

laboratório, com exceções, que devem existir em todas as escolas e cursos. É

no jornal-laboratório que ele terá tempo para produzir com amparo e

orientação docente. E disso o aluno sabe muito bem: aqui ele pode errar.

Aqui, o erro se transforma em processo de aprendizagem.

Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório

na vida acadêmica?

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Resposta: Creio que sim. E se esforça no sentido de produzir um bom

trabalho, mesmo porque o jornal irá para seu portfolio.

Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e

difusão do jornal-laboratório?

Resposta: Equipamentos mais adequados, maior envolvimento da instituição

e maior disponibilidade de carga horária.

Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do

aluno?

Resposta: Acho vital para o aluno de jornalismo. No JL é que se

desenvolve, de fato, o espírito da reportagem, do furo, da suite... Esta

atividade só poderia ser substituída por uma experiência, em regime de

estágio, na formação do aluno. E mesmo assim, com um certo prejuízo, pois

no estágio o jornal já está voltado para a venda em banca. No JL, ainda é

possível não ter tão próximo esse tipo de compromisso.

Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de

reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?

Resposta: Fecha-se um jornal por mês, religiosamente, porém sem um

cronograma ou paginação muito definidos. Prioriza-se o aluno à publicação.

Pergunta: Como são escolhidas as editorias?

Resposta: Nós temos um jornal de reportagens. Cada aluno produz uma

página, da pauta à foto, o texto à diagramação e à editoração. Nossa intenção

é implementar a produção de reportagens, e não necessariamente oferecer

um jornal de conteúdo diversificado (em termos de público) ao leitor. A

prioridade é o treinamento do aluno e não a conquista do leitor, embora, em

determinados casos, as duas coisas caminhem paralelamente.

Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?

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Resposta: O professor a definiu ao longo dos anos e ela está expressa em

textos que acompanham a apostila oferecida ao aluno.

Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?

Resposta: Sim, pois o fazer em JL laboratório é essencialmente criativo. E

essa criatividade encontra seus limites nas ações de caráter teórico.

Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais

ou simplesmente relatar o fato? Por que?

Resposta: Como já foi explicado, a cada aluno é oferecida uma página. Não

temos um jornal de notas. Temos um jornal de reportagens, onde a

necessidade do contexto está implícita, tanto na pauta como no espaço

oferecido a cada texto.

Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo

acadêmico ou não? Explique.

Resposta: Depende do projeto editorial que se crie para a publicações. Acho

que não há uma necessidade de se colocar uma camisa-de-força nos jornais-

laboratório. Eles se inserem em realidades completamente distintas.

Nome do professor: Rodolfo Carlos Martino

Universidade ou escola: Universidade Metodista de São Paulo

Nome do jornal-laboratório: Rudge Ramos Jornal

Tamanho: stander

Tiragem: 30 mil

Periodicidade: semanal

Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-

aprendizagem? Explique.

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Resposta: Sim. jornalista é um profissional com especifidades que escapam

àqueles que nunca freqüentaram uma redação. Na maioria das vezes, os

alunos deslumbram-se com o prestígio que o profissional bem-sucedido

demonstra ter. Aparecer na Globo e cousa e lousa nem passa por essas

cabecinhas privilegiadas o tanto de trabalho que é necessário para que o

jornal chegue às bancas. E o quanto duas ou três linhas podem acrescentar

ou destruir a vida de uma pessoa. Conto sempre em sala de aula, a história

do Wladimir Herzog (meu professor na USP) que foi denunciado por um

crápula chamado Claudio Marques, que em sua coluna no DCI achou de

fazer uma piadinha dizendo que a TV Cultura que era um órgão do governo

estava repleta de comunistas, especialmente o Departamento de Jornalismo.

A partir dessa idiotice, veio a prisão e o resto é história.

Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício

profissional?

Resposta: Essa é a proposta, entre outras mas, quando os alunos não querem

aprender, não há quem mude essa realidade.

Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar os alunos? É

pouco ou suficiente?

Resposta: Eu e a maioria dos professores temos 40 horas/aula. 4 aulas às

segundas, 4 às quartas, 4 às sextas e hora extensão para o fechamento com

os estagiários na quinta-feira.

Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?

Resposta: fundamentalmente, disse que todos seriam tratados como

repórteres – até porque estavam no último ano do curso – e que tinhamos um

compromisso de editar semanalmente um jornal de 30 mil exemplares para a

comunidade do bairro de Rudge Ramos, em primeira instância; e

posteriormente para toda a cidade de São Bernardo.

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Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em

prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?

Pergunta: Sem dúvida. se você erra um nome, no dia seguinte vem a

cobrança. Se você escrever algo que não tenha procedência, a comunidade

vai te cobrar... o RRJ, até pelo brilhante trabalho feito pela Katu Nassar,

editora que me precedeu, tem uma baita credibilidade junto ao seu público.

Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-

laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra? Ou seja, o

ritmo de trabalho, as cobranças (comercial, patrão), o estilo, o imediatismo

no redigir são diferentes do jornal-laboratório.

Resposta: A gente tenta reproduzir essa "pegada" no Rudge, até porque é

um jornal semanal que se propõe a fazer um jornalismo interpretativo e até –

ousadia – a pautar os grandes jornais. como aconteceu algumas vezes...

Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório

na vida acadêmica?

Resposta: Os professores tentam por essa questão em evidência em todas as

aulas. No RRJ os alunos podem ousar; no mercado, nem sempre...a função

da universidade é prepará-los para o mercado; mas, não unicamente para ser

um técnico e, sim, um historiador do cotidiano, um autor...

Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e

difusão do jornal-laboratório?

Resposta: É a questão dos equipamentos. A gente já podia estar fazendo o

jornal colorido...mas, sei que o gasto será bem mais significativo. E nossos

equipamentos ainda não são suficientes...

Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do

aluno?

Resposta: É vital.

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Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de

reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?

Resposta: As coisas funcionam exatamente como uma redação. Conforme

vão acontecendo, vamos nos reunindo. Obviamente, no início e no final do

semestre há uma avaliação e uma projeção do que vai ser feito e a

localização de onde aconteceram os problemas.

Pergunta: Como são escolhidas as editorias?

Resposta: Política/administração, economia, cidade (2 páginas),

comportamente/variedade, esportes e cultura. Quando assumi, apresentei o

projeto que foi discutido e emendado pelos professores.

Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?

Resposta: O editor-chefe (claro que depois de uma reunião com os

professores/editores)

Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?

Resposta: Um jornalista desinformado não sobrevive. agora, esses conceitos

de teoria da comunicação, aquela discussão difusa...tenho lá minhas

dúvidas...

Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais

ou simplesmente relatar o fato? Por que?

Resposta: Contextualizar, pensar sobre, fazer uma avaliação do que disse o

entrevistado, evitar preconceitos etc..

Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo

acadêmico ou não? Explique.

Resposta: Depende da característica do jornal. O RRJ é distribuido em todas

as casa do Rudge e bairros próximos todas às sextas.

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Nome do professor: Maria do Socorro Veloso

Universidade ou escola: Faculdades Associadas de Ensino (FAE) – São João

da Boa Vista/SP

Nome do jornal-laboratório: Falafae

Tamanho: tablóide

Tiragem: mil exemplares

Periodicidade: mensal

Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino

aprendizagem? Explique.

Resposta: É claro que sim. Qualquer ferramenta que ajude o aluno a

caminhar da teoria à prática é fundamental para que esse processo funcione a

contento.

Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício

profissional?

Resposta: Espero que sim. Trabalho para isso, pelo menos. No segundo

número, tivemos uma indisposição com a direção da escola por conta de

uma matéria de tom crítico ao laboratório de tevê e fotografia do curso. A

matéria estava ‘redonda’, como dizemos no jornalismo: o aluno-repórter

ouviu todos os lados, checou dados, não ofendeu ninguém. Mesmo assim, o

texto desagradou. Fui repreendida pela direção e tive de me defender

sozinha. Tranquila e consciente de que estava apenas cumprindo meu dever,

procurei mostrar aos alunos que é assim mesmo, que a tarefa do jornalista

não é agradar, mas buscar, com responsabilidade e senso de justiça, uma

visão ampliada dos acontecimentos. Quando a atividade jornalística não

incomoda ninguém, alguma coisa está errada. Ou certa demais...

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Pergunta: Quantos horas/aulas semanais tem para orientar o aluno? É pouco

ou ideal?

Resposta: Tenho quatro horas semanais na disciplina, e mais quatro extras,

para editar o jornal. É uma carga horária razoável, já que fizemos oito

edições ao longo do ano. É claro que trabalhamos muito mais que isso. Mas

faz parte...

Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?

Resposta: Com exemplos pessoais e de terceiros, procuro mostrar como a

reportagem e o jornalismo impresso podem ser sedutores.

Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em

prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?

Resposta: O tempo todo. Sou professora da disciplina Ética, também. E

procuro fazer desse conceito às vezes um tanto teórico, uma prática

constante.

Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-

laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra? Ou seja, o

ritmo de trabalho, as cobranças (comercial, patrão), o estilo, o imediatismo

no redigir são diferentes do jornal-laboratório.

Resposta: Existe um grupo de alunos sempre disposto a pôr a mão na

massa. Esses alunos não medem esforços para produzir o jornal. São,

coincidentemente, os estudantes mais dedicados e com as melhores notas. A

maioria já está no mercado. Um outro grupo até participa, mas só quando

solicitado. O terceiro e último grupo é apático sempre. Só faz se vale nota. E

às vezes nem assim.

Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório

na vida acadêmica?

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Resposta: A função foi colocada nos primeiros dias de aula e, sempre que

necessário, ao longo do curso. A maioria compreende isso, creio.

Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e

difusão do jornal-laboratório?

Resposta: A falta de um laboratório de redação (na escola, usamos as

máquinas do laboratório de informática), a visão conservadora de alguns

setores dirigentes da escola e a ausência de um sistema de distribuição dos

exemplares para outras faculdades.

Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do

aluno?

Resposta: Fundamental, eu diria.

Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de

reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?

Resposta: Não fomos um primor de organização em 2001. No primeiro

semestre, fechamos as edições em sistema de adesão (logicamente, com

reunião da pauta e prazos de fechamento, como manda o figurino). No

segundo semestre, formamos quatro equipes de sete alunos para fechar as

edições seguintes (temos apenas 28 alunos no 3º ano do curso). Aí, já foi

valendo nota. Claro que os alunos que mais se destacaram nas contribuições

ao jornal, ao longo do ano, mereceram as melhores avaliações.

Pergunta: Como são escolhidas as editorias?

Resposta: Fazemos um jornal tablóide, de oito páginas, sem atribuição de

editorias. Digamos que funcionou como "clínica geral" em algumas edições,

quando falamos de assuntos variados. As quatro últimas edições, porém,

foram tematizadas: malhação para o verão, prazeres e perigos do sexo,

projetos sociais que dão certo e a força do rádio na região.

Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?

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Resposta: A professora da disciplina, em conjunto com os alunos.

Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?

Resposta: Mostrando os caminhos possíveis de seguir. Mesmo que na

prática a teoria seja outra... Há muito tempo que já não funciona a figura do

jornalista "curioso", autodidata. A teoria, no jornalismo e nas outras áreas,

evolui da prática e como tal deve ser compreendida e estimulada.

Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos jornalísticos laboratoriais

ou simplesmente relatar o fato? Por que?

Resposta: Sim porque o aluno precisa exercitar a arte de escrever em

profundidade.

Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo

acadêmico ou não? Explique.

Resposta: Não vejo razão para restrições. Se houver possibilidade de o

veículo extrapolar os muros da faculdade, todos tendem a ganhar com isso –

a escola, os alunos envolvidos e os eventuais leitores extra-muros. Formar

audiência fora da faculdade pode contribuir para a consolidação do jornal

laboratorial junto à comunidade onde o curso está inserido.

Nome do professor: Ouhydes Fonseca

Universidade ou escola: Faculdade de Comunicação/Universidade Católica

de Santos

Nome do jornal-laboratório: Entrevista

Tamanho: standard

Tiragem: 10 mil exemplares

Periodicidade: mensal

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Pergunta: O jornal-laboratório é fundamental no processo ensino-

aprendizagem?

Resposta: Sim.

Pergunta: O jornal-laboratório conscientiza o aluno para o exercício

profissional?

Resposta: O nosso, sim.

Pergunta: Quantas horas/aulas semanais tem para orientar o aluno? É pouco

ou ideal?

Resposta: Oito. São suficientes.

Pergunta: Adotou algum método e técnica própria para motivar o aluno?

Resposta: O importante é que ele reconheça competência no professor e

sinta que o produto final do seu trabalho tem potencial profissional.

Pergunta: O conceito de fazer jornalismo com critério ético é colocado em

prática pelo aluno que produz o jornal-laboratório?

Resposta: Quase sempre.

Pergunta: O aluno se sente motivado na produção e difusão do jornal-

laboratório mesmo sabendo que a realidade do mercado é outra?

Resposta: Sim.

Pergunta: O aluno tem conhecimento sobre a função do jornal-laboratório

na vida acadêmica?

Resposta: Sim.

Pergunta: Quais são as principais barreiras que você encontra na produção e

difusão do jornal-laboratório?

Resposta: (Não respondeu)

Pergunta: Você considera o jornal-laboratório importante na formação do

aluno?

Resposta: Sim.

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Pergunta: Elabora anualmente o cronograma de atividades? Exemplo, dia de

reunião de pauta, fechamento etc? Por que e como?

Resposta: Semestralmente.

Pergunta: Como são escolhidas as editorias?

Resposta: Das tradicionais dos jornais comerciais.

Pergunta: Quem define a linha editorial do jornal-laboratório?

Resposta: Os professores.

Pergunta: A teoria contribui no fazer jornalístico? De que forma?

Resposta: Não existe teoria sem prática e vice-versa.

Pergunta: O aluno deve contextualizar os textos do jornal-laboratório ou

simplesmente relatar o fato? Por que?

Resposta: Depende do veículo (Boletim/Mural/Jornal/Revista)

Pergunta: A distribuição do jornal-laboratório deve se restringir ao universo

acadêmico ou não? Explique.

Resposta: Depende da definição do público-alvo.

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Conclusão

São dez anos na universidade fazendo jornal-laboratório, e outros tantos

nas redações, longe do eixo São Paulo-Rio. Quando comecei a relacionar

jornalismo e ensino, o meu primeiro objetivo foi transmitir o essencial da

profissão sem a preocupação didático-pedagógica, ou seja, levei o que havia

assimilado na rua para a sala de aula. Mais tarde, observei que era preciso

distanciar o professor do profissional para não repetir o discurso de

jornalista-professor e para refletir melhor sobre o significado do ensino de

jornalismo na formação do futuro jornalista. O distanciamento provocou em

mim uma postura mais acadêmica, voltada ao fazer jornalístico. Embora o

jornalismo nunca perca o ato de informar, jamais deixará de ser um autêntico

transformador social. Essa concepção de fazer do ontem o hoje de forma

precisa, clara, transparente, verdadeira e real merece um tratamento

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diferenciado, exaustivo e aprofundado quando o veículo for o jornal-

laboratório. “O jornalismo tem que ser rigoroso na sua prática mas não é

uma ciência exacta. Por isso muitos conceitos têm os contornos das épocas

que atravessam, são dinâmicos porque refletem a realidade em movimento”,

ensina Mar de Fonteuberta.1 E é esse movimento que deve existir ao fazer o

jornal-laboratório. Não há dúvida de que a matéria-prima do jornalismo é a

notícia, mas em se tratando do processo ensino-aprendizagem, o cotidiano

do ponto de vista profissional deve ser praticado de forma que permita ao

aluno assimilar com singularidade o conceito de jornalismo em suas várias

etapas de produção e difusão.

Com o monopólio da informação digital, o jornalismo impresso readquire

o papel de interpretar o fato jornalístico. Essa nova postura analítica obriga a

escola a redimenssionar a função laboratorial do jornal impresso. O aluno

não pode mais aprender simplesmente como montar uma pirâmide invertida,

precisa refletir sobre o que pensa e ter consciência da sua responsabilidade

social. O fundamental é que a escola prepare o aluno para o exercício

profissional independente do veículo que vai atuar. O ato de escrever deixa

de ser mecânico quando o autor é participante do processo histórico e passa

a reportar o fato de interesse público.

É na capacidade de redigir uma reportagem que o aluno pode mostrar, de

maneira mais clara, sua aptidão em articular os próprios pensamentos,

desenvolver idéias, absorver conhecimentos adquiridos ao longo do curso de

Jornalismo. Não será apenas com a técnica da pirâmide invertida que o aluno

se transformará num historiador do cotidiano. Se a escola deseja preparar o

aluno para o exercício profissional e com qualidade para competir no

mercado, é fundamental que conduza o futuro jornalista ao ato reflexivo, à

consciência coletiva, ao discernimento do que é o fato de interesse público e

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de interesse do público. Captar o real, construir a ação cena a cena, fazer o

registro completo do diálogo são caminhos que o futuro jornalista deve

percorrer para a dinâmica da reportagem como expressão do cotidiano. “A

reportagem é uma forma de extensão do conhecimento da atualidade.

Representa para o jornalista a possibilidade de exploração da realidade para

além dos limites imediatos da notícia, levando-o, à sua fonte e a seu leitor,

juntos, para uma dimensão mais ampla”, explica Ana Veirano Astiz2

7.1 – Propostas abertas

A partir dos depoimentos colhidos de professores responsáveis por

jornais-laboratório, de leituras de jornais-laboratório, da minha experiência

na coordenação de projetos laboratoriais no interior e Capital de São Paulo,

de uma vasta pesquisa bibliográfica, fundamentado numa avaliação geral do

ensino apresento as seguintes propostas de uma pedagogia para o jornal-

laboratório:

* Pauta mais consistente, mais histórica, mais abrangente com inúmeras

fontes com visão ou olhar diferente sobre o mesmo fato jornalístico para

realçar as contradições de idéias, ideologias políticas;

* Evitar a cobertura rotineira;

* Fazer o aluno ouvir a opinião pública, o popular, o cidadão comum;

* Habituar o aluno a percorrer todos os campos do conhecimento e do

poder, porque é seu dever mostrar o que se passa nas esferas às quais o

cidadão comum não tem acesso;

* Orientar o aluno a pensar de forma lógica-reflexiva sobre o exercício

jornalístico como instrumento de transformação social;

* Estimular o aluno a conhecer e refletir sobre a produção jornalística em

suas várias etapas sem a preocupação mercadológica;

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* Possibilitar a formação de uma visão histórica, política, ideológica e

crítica do jornalismo impresso;

* Desenvolver a capacidade e criatividade na elaboração do texto

jornalístico;

* Preparar o aluno para o ato investigativo como atividade cotidiana e não

apenas esporádica;

* Aguçar no aluno o domínino da linguagem jornalística e o senso crítico na

apuração dos dados;

* Utilizar o jornal-laboratório como um veículo ligado à comunidade em

que está inserido e não apenas ficar no universo acadêmico;

* Priorizar o local como fato de interesse público;

* Utilizar a internet como fonte de pesquisa, mas não como fonte primária;

* Conhecimento abrangente de humanidades como ferramenta de

contextualização do fato jornalismo;

* Criar conselhos editoriais efetivos e participativos na produção e difusão

do jornal-laboratório e que sejam incluído no projeto pedagógico;

* Preocupar-se primeiro em formar o cidadão, o profissional e não apenas o

que o mercado deseja;

* Linha editorial com raízes acadêmicas, ou seja, não mercadológicas;

* Não fazer jornal-laboratório para atender o aluno ou o professor;

* Direcionar o aluno a ser um observador-participante do fato jornalístico;

Outros pontos que considero essenciais paa a formação do jornalista:

* Motivar o aluno a elaborar o jornal como uma contribuição à melhoria da

sociedade, não apenas como um mero exercício escolar;

* O estudante precisa estar ligado na realidade, paralelamente à vontade de

melhorar o mundo que o cerca;

* O aluno precisa estar comprometido com o seu tempo e com a sua gente;

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* Lembrar que a função do jornal-laboratório não é apenas informar,

denunciar, formar. É também um exercício diário de inteligência e prática

cotidiana do caráter;

* O aluno precisa ter a capacidade de se indignar contra as injustiças;

* Lembrar ao aluno que sempre é bom ajudar alguém com aquilo que

escreve;

* Reforçar, como diz Ricardo Kotscho, que o jornalismo não é apenas uma

profissão, um meio para sobreviver, mas uma “opção de vida”;

* O aluno não deve se entregar à acomodação da pauta;

* O aluno deve manter antenas ligadas noite e dia, onde estiver;

* Deve estar sempre comprometido consigo mesmo, com o leitor, com a

verdade;

* Deve sempre usar o jornal-laboratório para contribuir na formação de uma

sociedade mais sadia;

* Não deve esquecer que a denúncia pela denúncia, não leva a nada;

* Reforçar que a checagem da informação com pelo menos duas fontes é

indispensável;

* Lembrar que a credibilidade é o maior patrimônio do jornalista e que a

responsabilidade é essencial;

Essas propostas estão inseridas no contexto mais amplo da luta pela

melhoria da qualidade do ensino no Brasil que, no caso específico do

jornalismo, envolve a busca de uma formação crítica/analítica aliada à

cidadania e ao exercício profissional com responsabilidade social, ética e

busca da verdade. A aplicabilidade dessas propostas depende da

desburocratização da política laboratorial e da valorização do corpo docente.

7.2 – Notas e Referências Bibliográficas

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TCC

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Artigo

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Anexos

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