doc63 - princípios de agroecologia no manejo das pastagens nativas do pantanal - embrapa

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  • 8/2/2019 DOC63 - Princpios de Agroecologia no Manejo das Pastagens Nativas do Pantanal - EMBRAPA

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    ISSN 1517-1973

    Dezembro, 2004 63

    Princpios de Agroecologia no

    Manejo das Pastagens Nativas doPantanal

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    Repblica Federativa do Brasil

    Luiz Incio Lula da SilvaPresidente

    Ministrio da Agricultura e do Abastecimento

    Roberto RodriguesMinistro

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria - Embrapa

    Conselho de Administrao

    Jos Amauri DimrzzioPresidente

    Clayton CampanholaVice-Presidente

    Alexandre Kalil PiresDietrich Gerhard QuastSrgio FaustoUrbano Campos RibeiralMembros

    Diretoria-Executiva da Embrapa

    Clayton CampanholaDiretor-Presidente

    Gustavo Kauark ChiancaHerbert Cavalcante de LimaMariza Marilena T. Luz BarbosaDiretores-Executivos

    Embrapa Pantanal

    Emiko Kawakami de ResendeChefe-Geral

    Jos Anibal Comastri FilhoChefe-Adjunto de Administrao

    Aiesca Oliveira PellegrinChefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento

    Jos Robson Bezerra SerenoChefe-Adjunto da rea de Comunicao e Negcios

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    ISSN 1517-1981Dezembro, 2004

    Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaCentro de Pesquisa Agropecuria do PantanalMinistrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    Documentos 63

    Princpios de Agroecologia noManejo das Pastagens Nativas do

    Pantanal

    Sandra Aparecida SantosSandra Mara Arajo CrispimJos Anbal Comastri FilhoEvaldo Lus Cardoso

    Corumb, MS2004

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    Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa Pantanal

    Rua 21 de Setembro, 1880, CEP 79320-900, Corumb, MSCaixa Postal 109Fone: (67) 233-2430Fax: (67) 233-1011Home page: www.cpap.embrapa.br

    Email: [email protected]

    Comit de Publicaes:

    Presidente:Aiesca Oliveira PellegrinSecretrio-Executivo: Suzana Maria De SalisMembros: Dbora Fernandes Calheiros

    Maral Henrique A. JorgeJos Robson Bezerra Sereno

    Secretria: Regina Clia Rachel dos SantosSupervisor editorial: Suzana Maria SalisRevisora de texto: Mirane Santos da CostaNormalizao bibliogrfica: Romero de Amorim

    Tratamento de ilustraes: Regina Clia R. dos SantosFoto(s) da capa: Sandra Aparecida SantosEditorao eletrnica: Regina Clia R. dos Santos e lcio Lopes Sarath

    1 edio

    1 impresso (2004): Formato digital

    Todos os direitos reservados.

    A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte,constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610).Santos, Sandra Aparecida.

    Princpios de agroecologia no manejo das pastagens nativas do Pantanal /Sandra Aparecida Santos, Sandra Mara Arajo Crispim, Jos Anbal ComastriFilho, Evaldo Luis Cardoso. Corumb: Embrapa Pantanal, 2004.

    35p.; 16 cm. (Documentos / Embrapa Pantanal, ISSN 1517-1973; 63)

    1. Pecuria - Bovinos de Corte - Manejo de Pastagens Nativas. 2. Pantanal -Conservao - Manejo de Recursos Forrageiros. 3. Pantanal - Conservao -Espcies Forrageiras Nativas. I. Santos, Sandra Aparecida. II. Embrapa Pantanal.III. Ttulo. IV. Srie

    CDD: 591.7 (21.ed.) Embrapa 2004

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    AutoresSandra Aparecida SantosDra. em Nutrio e Produo AnimalEmbrapa PantanalRua 21 de setembro, 1880, Caixa Postal 109

    CEP 79320-900, Corumb, MSTelefone (67) [email protected]

    Sandra Mara Arajo CrispimMestre em Produo Animal e PastagensEmbrapa PantanalRua 21 de setembro, 1880, Caixa Postal 109CEP 79320-900, Corumb, MSTelefone (67) [email protected]

    Jos Anbal Comastri FilhoMestre em PastagensEmbrapa PantanalRua 21 de setembro, 1880, Caixa Postal 109CEP 79320-900, Corumb, MSTelefone (67) [email protected]

    Evaldo Lus CardosoMestre em AgronomiaEmbrapa PantanalRua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109CEP 79320-900, Corumb, MSTelefone (67) [email protected]

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    Apresentao

    Um dos principais desafios dos tcnicos, cientistas, produtores e tomadores dedeciso que atuam no Pantanal obter um entendimento da natureza dosagroecossistemas. Ao invs de focar sobre um componente em particular doagroecossistema, a agroecologia enfatiza as interrelaes dos componentes doagroecossistema e a dinmica complexa dos processos agroecolgicos. Estesprincpios so essenciais para manejar de forma sustentvel os diferentes tipos depastagens nativas existentes no Pantanal, as quais variam no espao e no tempo,em termos de quantidade e qualidade. Este trabalho fornece um ponto de partidapara melhor entender e manejar os recursos forrageiros do Pantanal.

    Emiko Kawakami de ResendeChefe-Geral da Embrapa Pantanal

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    Sumrio

    Princpios de agroecologia no manejo daspastagens nativas do Pantanal...............................9Introduo...........................................................9

    Formas de manejo das pastagens nativas.........................10

    Variao espacial e temporal das pastagens.....................11Capacidade de suporte das pastagens nativas ..................24Distribuio irregular do pastejo ......................................27

    Referncias Bibliogrfica .......................................33

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    Princpios de Agroecologia no

    Manejo das Pastagens Nativas do

    Pantanal

    Sandra Aparecida SantosSandra Mara Arajo Crispim

    Jos Anbal Comastri FilhoEvaldo Lus Cardoso

    Introduo

    Agroecologia uma disciplina que fornece princpios ecolgicos bsicos de comoestudar, delinear e manejar os agroecossistemas de forma susntentvel. Em

    agroecologia, a manuteno da biodiversidade o objetivo principal para evocarhomeostase, equilbrio e sustentabilidade (Altieri, 1999). Estudos de agroecologiaestabelecem uma viso holstica do agroecossistema e podem contribuir paratornar o sistema produtivo econmico e ecologicamente sustentvel. SegundoGliessman (2000) agroecossistema pode ser definido como um complexo deorganismos presentes no ar, gua, solos, plantas, animais, microrganismos,podendo ser de qualquer tamanho especificado conforme o objetivo de manejo outomada de deciso. Portanto, no caso do Pantanal, cada fazenda ou invernadapode ser considerada como um agroecossistema.

    O manejo sustentvel das pastagens nativas do Pantanal deve seguir os princpiosda agroecologia, onde so considerados as inter-relaes entre os diversoselementos do agroecossistema. De maneira geral, um agroecossistema sustentvel quando maximiza o potencial produtivo dos ecossistemas, mantendo aprodutividade ao longo do tempo, com a utilizao mnima de insumos externos(suplementos alimentares, fertilizantes, antibiticos, etc.), sem degradar osrecursos naturais renovveis. No entanto, para se ter uma viso holstica dosistema, h a necessidade de muitas observaes e conhecimentos (pesquisasinterativas) sobre as reais necessidades das plantas e animais. Segundo Primavezi(1999), o manejo das pastagens uma arte e exige muito bom senso eobservaes do tomador de deciso.

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    Considerando que o pasto o alimento natural dos ruminantes, este deveconstituir a sua dieta principal, independente do sistema de produo e dalocalizao da propriedade. No Pantanal, de maneira geral, os bovinos so criadosde forma extensiva em amplas reas de pastagens nativas, em conjunto comgrandes herbvoros silvestres. Existe uma grande diversidade de ambientes(fitofisionomias) e espcies forrageiras, que constituem a principal fonte dealimentos para estes animais. No entanto, ainda h poucos conhecimentos sobre ouso comum ou sobreposio alimentar destes recursos

    Como a pecuria sustentvel fundamenta-se no conhecimento dos processos(sistemas) que geram os problemas identificados, torna-se imprescindvelidentificar os principais problemas ou desafios enfrentados pelos produtores rurais.A partir do desenvolvimento da tecnologia de processos, procura-se desenvolverestratgias de manejo, evitando-se assim que o problema identificado ocorranovamente, conseqentemente, espera-se um aumento na produtividade ereduo nos custos do sistema de produo (Hoffman, 1999).

    De maneira geral, as principais limitaes enfrentadas pelos produtorespantaneiros so:

    - Variao espacial e temporal das pastagens (diversidade de tipos de pastagensem funo da proporo de fitofisionomias existentes; e estacionalidade daspastagens durante o ano e entre anos devido a situaes de secas e cheias);

    - Baixa capacidade de suporte baixa produtividade e qualidade de alguns tiposde pastagens; sistema extensivo e contnuo de pastejo em grandes invernadas -pastejo irregular com formao de reas subpastejadas (formao de macegas)e reas superpastejadas (degradadas) falta de estratgias de manejo sustentveldas pastagens;

    - Baixos ndices zootcnicos planejamento inadequado e baixa adoo detecnologias no sistema de produo;

    - Bovinocultura de corte como nica atividade econmica.

    Formas de Manejo das Pastagens Nativas

    Os criadores pantaneiros, em funo da localizao de sua propriedade, utilizam ospastos nativos de trs formas: na primeira, o gado permanece nas pastagensdurante todo o ano, principalmente nas fazendas onde ocorre inundao de origempluvial. Na segunda, os criadores necessitam deslocar os animais das partes maisbaixas para as mais altas, com deslocamento inverso na medida do recuo das

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    guas. Esta situao ocorre nas fazendas cortadas por corixos ou vazantes, queem funo da precipitao e transbordamento dos rios, h inundao daspastagens. importante ressaltar que este pulso natural das guas induziu ospantaneiros a fazerem a diviso de suas propriedades e invernadas de formaperpendicular aos corpos dgua, principalmente aos rios e corixos. Na terceiraforma, o gado colocado somente durante a fase de seca e retirado na iminnciade enchente. Isto ocorre nas propriedades localizadas em reas baixas,principalmente na plancie de inundao de rios e grandes corixos. So reas compasto de excelente qualidade prestando-se para engorda e recria de novilhas dereposio. Para efetuar a terceira forma de manejo, alguns criadores possuemduas propriedades, uma na plancie e outra na parte alta, podendo fazer manejointegrado para contornar os perodos crticos de forragem (Pott, 1994; Pott,1997a).

    Na maioria das formas de pastejo usadas na regio, os fazendeiros utilizam alotao contnua ou pastejo contnuo, o qual consiste num mtodo de pastejoonde os animais tem acesso irrestrito a toda a rea, sem sub-diviso em piquetes.A alternncia de perodos de pastejo com perodos de descanso ocorreprincipalmente nas reas que sofrem inundao peridica, conforme a segunda eterceira forma de manejo. Tecnicamente, o mtodo de pastejo contnuo adotado

    na maioria das fazendas do Pantanal no apresenta controle, onde o gado quem faz o manejo da pastagem. A falta de um manejo adequado das pastagenstem sido um dos principais entraves enfrentados pelos proprietrios que teminteresse em tornar o sistema de produo animal sustentvel.

    Variao espacial e temporal das pastagens

    O Pantanal constitudo por vrias fitofisionomias (unidades de paisagem) quecompem um conjunto de habitats. A variabilidade espacial e temporal dasfitofisionomias do Pantanal dificulta a adoo de um plano de manejo nico para aregio. Esta variabilidade uma das principais restries/desafios para manejosustentvel, especialmente das pastagens. Nesse sistema biolgico complexo, as

    estratgias de manejo devem ser flexveis e definidas levando-se em consideraoa heterogeneidade dos ambientes (tipos de fitofisionomias ou pastagens existentesem cada invernada e sua vocao estacional) e a dinamicidade do sistema, queenvolvem transies causadas por eventos naturais e de manejo. Espcies,comunidades e fitofisionomias so espacialmente e temporalmente dinmicas epodem diminuir ou aumentar em abundncia dependendo das flutuaesambientais, especialmente do nvel de inundao associadas com as aes demanejo (Brown e Ash, 1996; Santos, 2001).

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    Na Fig. 1 (seqncia A, B e C) podem ser observadas fotos de uma mesma lagoa(baa) da sub-regio da Nhecolndia numa mesma poca, mas em anos diferentes.Os anos foram classificados em funo da normal climatolgica da regio(Soriano, 1999), onde ano normal apresentou precipitao prxima da normal,ano cheio, precipitao acima da normal e ano seco, precipitao abaixo danormal. Observa-se nas fotos que h uma variao na disponibilidade de pastagemconforme o nvel da inundao e conseqentemente conforme a durao. Valeressaltar que a composio botnica e a qualidade destas reas tambm sovariveis entre os anos.

    (A) (B)

    (C)

    Fig. 1. Baa da sub-regio da Nhecolndia na mesma poca, mas em diferentesanos, mostrando a variao na disponibilidade de rea para pastejo. A - anonormal, B- ano cheio e C - ano seco.

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    As principais fitofisionomias usadas para forrageamento ou tipos de pastagensso: campo limpo, campo cerrado, campo sujo, caronal, borda de baas, vazantes,entre outras (Fig. 2). Independente da poca do ano, os bovinos preferem pastarnas reas mais baixas do mesorelevo como bordas de baas, baas temporrias,vazantes e campo limpo inundvel, sendo as demais reas usadas

    esporadicamente. A freqncia de uso dessas reas est, provavelmente,relacionada com a maior ou menor presena de gua nos campos e com ascondies das pastagens, mostrando que nem todas so usadas na mesmaintensidade pelos bovinos.

    Baa

    A B

    C D

    Fig. 2. Exemplos de fitofisionomias ou unidades de paisagens utilizadas pelosbovinos para pastejo, no Pantanal Mato-Grossense. A - Beira de rio, B - Baatemporria, C - campo cerrado e D - caronal.

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    No levantamento efetuado por Pott e Pott (1999), foram catalogadas 1863espcies de plantas, pertencentes a 774 gneros e 136 famlias. Os bovinos,considerados como espcie extica no Pantanal foram introduzidos no perodo dacolonizao, desde ento fazem parte dos ecossistemas. Das espcies forrageirasexistentes, os bovinos consomem principalmente gramneas e ciperceas, dasquais tem preferncia por poucas espcies. Santos et al., (2002a) identificaram adieta de bovinos na sub-regio Nhecolndia, e verificaram que, dentre as 289espcies presentes na rea de estudo, apenas nove foram identificadas comoprincipais, representando cerca de 70% da composio em peso seco da dieta debovinos.

    Uma das estratgias de manejo seria definir um plano de manejo adequado, ondese faz necessrio conhecer cada uma das invernadas, ou seja, mape-las deacordo com as diferentes fitofisionomias (atravs de imagens de Landsat oufotografia area). Idealmente, seria interessante identificar os diferentes tipos depastagens para solos arenosos e argilosos, conforme Tabela 1.

    Alm dos tipos de pastagens, h a necessidade de se conhecer a sua qualidade(Tabela 2), que pode ser varivel entre meses, pocas e anos conforme acomposio botnica das pastagens. Uma das formas prticas de avaliar aqualidade das pastagens pela identificao da espcie forrageira dominante

    preferida pelo gado. Este ndice baseia-se na proporo de espcies preferidas,desejveis e indesejveis, descritos por Santos et al. (2003c), da seguinte forma:

    Preferida (P): grau de consumo observado com regularidade, sempre que a plantaestivesse acessvel aos animais;

    Desejvel (D): grau de consumo observado em determinadas pocas (crticas) doano, ou de acordo com o estado fisiolgico da planta. Neste caso, muitas espciespodem ser consideradas preferidas em determinados perodos do ano.

    Indesejvel (I): grau de consumo ocasional (pouco pastejada).

    O ndice de valor forrageiro varivel de 0 a 100 (IVF=100, quando a forragemdisponvel composta por 100% de espcies preferidas e 0 quando o total

    disponvel de P, D e I zero).

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    Tabela 1. Principais tipos de pastagens nativas do Pantanal, em funo da texturado solo e influncia de inundao.Tipos de pastagem

    (comunidade)

    Influncia da

    inundao1

    Espcies forrageiras dominantes

    Solos arenosos

    Campo limpo sazonal Capim-mimoso (Axonopus purpusii),capim-mimosinho (Reimarochloabrasiliensis), etc.

    Canjiqueiral baixa Capim mimoso, grama-do-carandazal(Panicum laxum)

    Caronal ausente a baixa Capim-carona (Elyonurus muticus),Trachypogon sp., grama-do-cerrado(Mesosetum chaseae)

    Capim-vermelho baixa Capim-vermelho (Andropogon

    hypogynus), rabo-de-carneiro(Andropogon selloanus)

    Fura-bucho baixa Fura-bucho (Paspalum lineare)

    Lixeiro baixa Canjiqueira, Sorghastrum setosum,Paspalum spp.

    Vazante sazonal a alta Capim-mimosinho, grama-do-carandazal, taquarinha

    Vrzea alta Mimoso-peludo, Panicum spp.

    Brejo/lagoa/baixadas emgeral

    alta Capim-de-capivara (Hymenachneamplexicaulis), pastinho dgua,

    ciperceasBeira salina alta Grama-de-salina (Paspalum

    vaginatum), mimoso-de-talo(Paspalum plicatulum)

    Capes ausente a baixa Capim-mimoso, grama-do-cerrado

    Campo-cerrado ausente a baixa Grama-do-cerrado, rabo-de-carneiro

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    Cerrado distrfico ausente Capim-carona, Trachpogon sp.

    Campo sujo ausente a baixa Capim-carona, Mesosetum chaseae,Digitaria sp.

    Cerrado mesotrfico ausente Capim-de-capoeira, taquarinha

    Floresta ausente Capim-de-capoeira, taquarinha

    Solos argilosos

    Cambarazal alta Capim-duro, capim-bananal

    Campos do Jofre alta Paspalum spp., mimoso-de-talo

    Paratudal baixa a alta Capim-vermelho, grameiro (Leersiahexandra)

    Carandazal ausente-alta Capim-arroz, grameiro

    Vazante alta Capim-arroz, capim-de-capivara,pastinho dgua

    Brejo/lagoa alta Capim-camalote, capim-de-capivara,Echinochloa

    Vrzea alta Paspalum spp.

    Floresta galeria sazonal a alta Braquiria-do-brejo

    Floresta seca ausente Leptochloa

    Fonte: Pott (1994) com algumas adaptaes1Influncia da inundao: sazonal ou intermedirio = ocorrncia de inundao durantedeterminadas pocas do ano, em reas intermedirias entre baixadas e reas mais altas;alta = ocorrncia de inundao durante grande parte do ano; baixa: ocorrncia de inundaoocasionalmente em anos de grande cheia; ausente = sem ocorrncia de inundao.

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    Tabela 2. Variao de valores de protena bruta total (PBT), protena bruta seletiva(PBS), energia total (NDTT), energia seletiva (NDTS)e ndice de valor forrageiro(IVF) de alguns tipos de pastagens nativas selecionadas por bovinos na sub-regioda Nhecolndia, nos anos de 1997 a 1999.

    Tipos de pastagens PBT

    (%)

    PBS

    (%)

    NDTT1

    (%)

    NDTS1

    (%)

    IVF2

    Campo limpo predominnciade capim-mimoso, massuperpastejado

    4 - 8 6 - 9 51 - 59 53 - 58 65 - 90

    Campo limpo inundvel emincio de degradao compredominncia de Melochiasimplex

    4 8 6 - 14 49 - 58 51 - 59 50 - 90

    Campo limpo predominnciade capim-carona, mas esparso 5 - 8 6 - 11 51 - 55 55 - 57 52 - 67

    Campo limpo compredominncia de capim-

    carona, mas denso

    5 - 7 6 - 7 55 - 57 57 - 59 44 - 52

    Borda de baa predominnciade lodo Eleocharis minima 10 - 12 11 - 12 52 - 56 58 64 - 66

    Baa temporria predominncia de capim-de-capivara

    9 - 12 13 - 15 54 - 55 57 - 60 63 - 86

    Vazante com predominnciade grama-do-carandazal emimoso-vermelho e Setaria

    geniculata

    4 - 11 6- 18 50 - 58 55 - 61 53 - 89

    Campo cerrado com

    predominncia de grama-do-cerrado 4 - 7 6 - 9 54 - 55 55 - 57 44 - 85

    1 Equao de Paterson (1987).2 0 (nenhuma espcie de interesse forrageiro) a 100 (todas espcies forrageiraspreferidas pelo gado).

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    Na Tabela 3 constam os valores de protena bruta (PB) de algumas das principaisespcies forrageiras consumidas por bovinos. Outra forma de avaliar as pastagensseria atravs de ndices de qualidade, tais como o ndice de valor forrageiro (IVF).

    Tabela 3. Contudos mdios de protena bruta (PB), fibra em detergente cido(FDA), fibra em detergente neutro (FDN) e lignina (LIG) das partes das principais

    forrageiras selecionadas por bovinos, em ordem de famlia botnica, no Pantanalda Nhecolndia, no perodo de 1997 a 1999.

    Famlias

    Espcies forrageiras (nome

    comum)

    Partes consumidas PB FDA

    FDN LIG

    ALISMATACEAEEchinodorus paniculatus(chapu-de-couro)

    Folhas e colmos 16,7 36,0 56,6 7,4

    ANNONACEAEAnnona dioica (arixicum) Folhas em brotao 10,5 48,4 64,5 22,3

    APOCYNACEAEHancornia speciosa

    (mangaba)

    Folhas em brotao 6,1 33,8 45,1 23,1

    ARECACEAE (Palmae)Attalea phalerata (acuri) Folhas novas 10,4 49,4 77,9 16,9

    ASTERACEAE (Compositae)Bidens gardneri(pico) Folhas, ponteiros e

    flor8,2 32,8 40,9 18,0

    BIGNONIACEAEArrabidaea sp. Folhas em brotao 17,8 34,7 53,5 8,7

    CECROPIACEAECecropia pachystachya(embaba)

    Folhas 12,7 - - -

    CYPERACEAECyperus haspan (cebolinha) Pontas das plantas 10,1 33,7 62,9 6,3Eleocharis acutangula

    (cebolinha)

    2/3 das folhas 11,6 42,7 64,1 6,4

    Eleocharis interstincta(cebolinha)

    2/3 das folhas 9,2 43,4 70,9 4,7

    Eleocharis mnima (lodo) 2/3 das folhas 9,9 42,2 69,6 6,8Rynchospora tenuis (barba-de-bode)

    Pontas das plantas 6,2 49,6 75,2 7,0

    Rynchospora trispicata(capim-navalha)

    Pontas das plantas 6,1 46,2 70,7 9,5

    Scleria melaleuca (capim- 2/3 das folhas 16,6 35,5 66,0 5,5

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    navalha)DILLENIACEAE

    Curatella americana (lixeira) Folhas novas eponteiros

    8,5 42,5 69,6 13,8

    Doliocarpus dentatus (cip-de-fogo)

    Folhas novas e embrotao

    10,3 48,7 65,1 9,1

    EUPHORBIACEAEAlchornea discolor(uva-brava)

    Folhas novas 14,9 40,3 54,9 17,3

    EUPHORBIACEAECaperonia castaneifolia(erva-de-bicho-branca)

    Folhas e colmos 17,8 24,8 37,1 3,5

    Euphorbia thymifolia (leite-de-nossa-senhora)

    Folhas e hastes 13,8 - - -

    Sebastiania hspida(mercrio)

    Folhas 10,9 19,5 23,1 4,8

    GRAMINEAE (Poaceae)Andropogon bicornis (rabo-de-burro)

    Pontas das folhas 5,7 44,4 76,8 7,1

    Andropogon selloanus (rabo-

    de-carneiro)

    2/3 das folhas 5,0 46,5 80,8 5,4

    Andropogun hypogynus(rabo-de-lobo, capim-vermelho)

    Pontas das folhas,2/3 das folhas novas

    6,4 46,5 80,7 7,1

    Axonopus paraguayensis(capim-fino)

    Pontas das folhas 5,4 44,4 81,6 7,2

    Axonopus purpusii(mimoso) 2/3 dasfolhas/plantas novas

    6,9 42,1 75,5 5,0

    Digitaria ciliaris (milha) Folhas e hastes 9,0 42,5 72,7 5,9Eleusine indica (p-de-galinha)

    Folhas 16,3 44,6 67,6 9,2

    Elyonurus muticus (capim-carona)

    Pontas das folhasps queima

    10,9 34,0 72,5 4,3

    Gymnopogon spicatus(taquarinha)

    Pontas e hastes 4,8 45,3 86,3 8,0

    Hymenachne amplexicaulis(capim-de-capivara)

    Folhas e hastes 17,9 37,8 63,6 5,6

    Ichnanthus procurrens (talo-roxo)

    Folhas e hastes 8,4 - - -

    Leersia hexandra (grameiro,arrozinho)

    Folhas e hastes 11,5 44,8 75,6 6,6

    Luziola subintegra (capim-arroz)

    Pontas das folhas 4,0 46,5 82,3 6,5

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    Mesosetum chaseae (grama-do-cerrado)

    Folhas e hastes 7,5 40,9 76,8 6,0

    Panicum hirtum (taquarinha) Pontas das folhas 4,37 47,9 78,0 10,7Panicum laxum (grama-do-carandazal)

    Pontas (folhas ehastes)

    11,8 41,7 72,9 6,7

    Paspalidium paludivagum(mimoso-de-talo)

    Folhas e hastes 14,0 40,5 70,1 7,8

    Paspalum plicatulum(felpudo)

    Pontas das plantas 8,6 44,2 77,4 6,0

    Reimarochloa brasiliensis(mimosinho)

    2/3 das plantas 11,3 36,7 66,4 4,6

    Setaria geniculata (mimoso-vermelho)

    Folhas novas 11,9 35,4 70,9 4,7

    Sorgastrum setosum Pontas das folhas 5,4 45,8 80,8 7,5HYDROPHYLLACEAE

    Hydrolea spinosa (amoroso) Folhas e colmos 14,3 24,8 36,2 8,7LABIATEAE

    Hyptis brevipes(hortelzinha)

    Pontas (folhas ehastes)

    11,7 31,1 41,4 13,7

    Leguminosae

    Aeschynomene fluminensis (cortia)

    Folhas 17,8 33,0 66,3 10,9

    Desmodium barbatum Folhas 16,9 38,5 57,9 12,3Hymenaea stigonocarpa(jatob)

    Folhas novas 10,4 39,2 53,7 19,8

    Mimosa sp. Folhas 12,0 28,6 52,4 10,7LORANTHACEAE

    Psittacanthus calyculatus(erva-de-passarinho)

    Folhas 5,6 38,7 42,6 16,4

    MALPIGHIACEAEBanisteriopsis pubipetala(cip-de-pomba)

    Folhas novas 8,3 41,1 54,9 22,0

    Byrsonima orbignyana(canjiqueira)

    Folhas novas eponteiros

    9,7 44,7 67,2 18,5

    MARANTACEAEThalia geniculata (caet) Folhas novas 16,4 31,8 64,5 4,0

    MELASTOMATACEAEMouriri elliptica (coroa-de-frade)

    Folhas 8,3 44,3 52,4 10,7

    NYMPHAEACEAENymphaea gardneriana(camalote-da-meia-noite)

    Folhas 16,0 23,5 32,8 7,0

    PONTEDERIACEAE

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    Pontederia parviflora (guap) Folhas e colmosnovos

    9,2 37,0 67,91 7,4

    RUBIACEAEDiodia kuntzei Folhas e hastes 8,8 33,0 47,2 11,1Richardia grandiflora(bernarda)

    Folhas e hastes 8,3 39,5 44,4 10,4

    Tocoyena formosa (olho-de-boi)

    Folhas 9,1 71,2 82,6 -

    SCROPHULARIACEAEBacopa sp. Folhas 11,4 32,8 47,3 9,9

    SMILACACEAESmilax fluminensis(japecanga-folha-larga)

    Folhas 12,1 44,2 62,4 14,9

    STERCULIACEAEMelochia simplex (malva) Folhas e hastes 8,7 35,2 43,7 18,2

    STERCULIACEAEWaltheria albicans (malva-branca)

    Folhas 15,1 37,2 55,6 10,4

    VERBEBACEAEVitex cymosa (tarum) Folhas novas 15,3 51,8 72,6 28,3

    VITACEAECissus erosa (cip-de-arraia-liso)

    Folhas novas 13,1 48,5 59,5 19,5

    XYRIDACEAEXyris savannensis 2/3 das plantas 8,1 38,2 73,1 6,1

    Fonte: Santos et al. (2002b)

    Outro aspecto de interesse determinar a proporo da rea de pastagemdisponvel conforme as condies climticas anuais, que podem ser assimclassificadas: ano normal, ano seco a extremamente seco e ano chuvoso aextremamente chuvoso (Fig. 1). Caso no haja a possibilidade de alcanar estenvel de detalhamento, pode ser feito um agrupamento das principais

    fitofisionomias. Ex.: campo limpo com predominncia de capim-mimoso e capimvermelho; campo limpo com predominncia de capim-carona; reas baixas (bordade baas, baas temporrias, vazantes, baixadas) cerrado, campo cerrado. Na Fig.3 consta exemplo de uma invernada da sub-regio da Nhecolndia, durante anonormal, mapeada desta maneira. Das fitofisiomias existentes, considerar que osbovinos e grandes herbvoros silvestres preferem pastar principalmente nas reasde campo limpo e baixadas (Santos et al., 2003b).

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    Dentro deste conjunto de fitofisionomias/habitats, existem vrios tipos que emborade tamanho reduzido, constituem ambientes chaves para a manuteno biolgicado sistema, tais como capes, cordilheiras, campo cerrado, campo limpo,baixadas, entre outras. A importncia de cada ambiente depende do enfoqueconsiderado. Os capes e cordilheiras (reas pouco ou no alagveis) so usadospor bovinos para abrigo/proteo e sombra durante as horas mais quentes do dia.Estes so habitats chaves, com flora e fauna especficas, que tem a funo derefgio e stios de nidificao de numerosas espcies. Em diversos tipos depastagens do Pantanal, h a variabilidade vinculada ao microrelevo, associada aprocessos edficos (atividade de argilas expansivas) e/ou biolgicos interativos(adaptaes de plantas e atividades de macroinvertebrados) e de mamferos eaves. O microrelevo influi na distribuio e riqueza das plantas e da avifauna (Pott,1994).

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    Fig. 3. Exemplo de invernada do Pantanal mapeada em diferentes unidades depaisagens (fitofisionomias).

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    Meses

    Capacidade de suporte das pastagens nativas

    No Pantanal, os produtores dependem da produo das pastagens naturais paraalimentar o seu rebanho. Como nas demais pastagens tropicais, estas apresentamuma produtividade sazonal, no suprindo as exigncias nutricionais do rebanhodurante todo o ano. Na sub-regio da Nhecolndia, este perodo de restrio

    alimentar ocorre principalmente de maio a setembro (Fig. 4).

    Fig. 4. Digestibilidade das pastagens nativas da sub-regio da Nhecolndia deoutubro a setembro durante dois anos hidrolgicos.

    A capacidade de suporte das pastagens nativas do Pantanal para criao debovinos e demais espcies de herbvoros silvestres depende dos tipos defitofisionomias existentes em cada invernada (Santos et al., 2003a). Em algumasreas do Pantanal, os solos so arenosos e extremamente pobres,conseqentemente, os recursos forrageiros existentes tambm so de baixaqualidade. Estes tipos de pastagens esto geralmente presentes nas reas quesofrem pouca ou nenhuma inundao, como nas reas de campo limpo compredominncia de capim-vermelho,Andropogon hypogynus, (Fig. 5), campo limpocom predominncia de capim-carona (Elyonurus muticus) ou caronal, campo limpocom predominncia de capim-fura-bucho (Paspalum lineare). Estas reas podemapresentar alta disponibilidade de material forrageiro, porm, so constitudas deplantas grosseiras e de baixo valor nutritivo (macegas). Estas forrageiras soconsumidas apenas na fase da rebrota vegetativa ou aps a queima. No entanto, adensidade dessas espcies cespitosas dominantes vai proporcionar um maior oumenor aparecimento de espcies de maior interesse forrageiro, tais como o

    53

    5557596163

    O N D J F M A M J J A S

    97/9898/99

    Digestibilidade(%)

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    capim-mimoso e a grama-do-cerrado, cujos valores de protena bruta das partesselecionadas podem chegar ao redor de 7%.

    Fig. 5. Campo limpo com predominncia de capim-vermelho (Andropogonhypogynus), na sub-regio da Nhecolndia, Pantanal.

    Na Fig. 6 so mostradas duas reas de caronal, uma densa e outra pouco densa,mas pobre provavelmente devido a degradao pela seca e superpastejo. Portanto,

    a intensidade de uso destas fitofisionomias por bovinos vai depender dadiversidade dos tipos de fitofisionomias existentes na invernada e do sistema depastejo adotado (se contnuo, rotacionado ou diferido). Vale salientar que estascomunidades de campo limpo com predominncia de gramneas cespitosas soambientes chaves para algumas espcies de aves raras como Sporophilacinanomea (Walfrido Tomas, comunicao pessoal). O capim-carona uma plantade interesse forrageiro para o bfalo e tambm tem um grande potencial para aproduo de leos essenciais, uma alternativa econmica para estas comunidades.

    A B

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    Fig. 6. Caronal denso com poucas espcies associadas (A) e caronal pouco denso,mas com poucas espcies associada (B).

    As fitofisonomias localizadas nas reas mais baixas que sofrem influncia deinundao sazonal ou permanente, tais como as reas de campo limpo com

    predominncia do capim-mimosinho (Reimarochloa brasiliensis) so preferidaspelo gado para pastejo. Em determinadas pocas, estas reas apresentamforrageiras de alta qualidade, porm, a produtividade pode ser baixa.

    Outro exemplo refere-se s bordas e interior de baas e vazantes. No entanto,em determinadas pocas do ano, logo aps a inundao podem apareceralgumas espcies pouco consumidas, como o caso das Bacopa spp.Dependendo das condies ambientes, estas espcies podero se espalharcobrindo extensas reas de solo, diminuindo o ndice de valor forrageiro destetipo de pastagem. Neste caso, embora possam existir nestes locais, forrageirasde alta qualidade, como o capim-de-capivara (Hymenachne amplexicaulis), adisponibilidade de recursos forrageiros vai ser baixa.

    As cordilheiras, de um modo geral possuem poucas espcies de interesse

    forrageiro, mas em condies de seca e cheia, os bovinos utilizam estas reaspara alimentao. A conservao das cordilheiras de extrema importncia, poisestas reas so usadas para descanso e proteo dos bovinos e servem dealimento e abrigo para a avifauna da regio. Em habitat de floresta, ocorrem maisde 400 espcies de aves, cuja segmentao deste ambiente tende a reduzir adiversidade e abundncia de espcies. O mesmo ocorre com as demaisfitofisionomias do Pantanal. Alm do mais, estas reas constituem recursoscnicos, importantes para o ecoturismo e possuem um banco de germoplasmaforrageiro ainda pouco estudado. Porm, estas no deveriam ser consideradas nasestimativas da capacidade de suporte de uma rea.

    Para o ajuste da taxa de lotao em funo dos tipos de pastagens disponveis, halgumas alternativas, como:

    1) estabelecer uma taxa de lotao pouco varivel baseada no perodo seco,conseqentemente haver excesso de forragem no perodo das guas;

    (2) estabelecer a taxa de lotao pouco varivel no perodo das guas,conseqentemente, haver necessidade de suplementao alimentar no perodo daseca;

    3) estabelecer uma taxa de lotao varivel no decorrer do ano,conseqentemente, o produtor ter que descartar animais no incio do perodoseco.

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    Considerando a primeira estratgia, Santos et al. (2003a) estabeleceram umaestimativa geral de capacidade de suporte para a sub-regio da Nhecolndiadurante ano normal. Para o clculo da capacidade de suporte, considerar comomdia geral que reas de "campo limpo" com predominncia de capim mimoso e"baixadas" (borda de baa, baa temporria, vazantes, etc) comportam cerca de 1UA (unidade animal) para 1,8 ha (cerca de 0,6 UA/ha). J as reas poucopreferidas como "caronal" e "campo cerrado" comportam cerca de 1UA para 2,4ha (cerca de 0,4 UA/ha). Durante anos atpicos, quando ocorre inundao parcialde longa durao na rea ou anos de seca extrema, os criadores necessitaroadotar algumas estratgias, tais como suplementao alimentar nos perodoscrticos e diferimento das pastagens. Quando no for possvel nenhuma dessasestratgias de manejo, deve ser feita a transferncia ou venda dos animais paraque estes no percam peso e no haja degradao da rea de pastagem.

    Distribuio irregular do pastejo

    Diversos estudos tm mostrado que a produtividade das pastagens de climatropical maior do que a das pastagens de clima temperado, porm, a mesma no

    totalmente utilizada pelos animais, pois o pastejo no ocorre de forma uniformeno espao e nem de forma contnua no tempo, ocorrendo reas intensamente elevemente pastejadas. Situao similar observada no Pantanal, onde os animaisexploram a variabilidade de recursos forrageiros atravs do pastejo seletivo. Comoa distribuio do pastejo desigual, ocorre a formao de macegas (reas noutilizadas para pastejo) e reas superpastejadas que podem tornar-se degradadasao longo do tempo. Nessas situaes, os criadores geralmente queimam as reasde macegas de forma controlada, respeitando alguns critrios tcnicos(Embrapa, 2000). No entanto, ao invs de queimar, a utilizao do potencial deproduo das pastagens pode ser a chave do baixo custo de produo. Nestecaso, h a necessidade de algumas prticas de manejo.

    Como j descrito anteriormente, devido complexidade da regio, ainda hpoucas prticas de manejo disponveis. A adoo de um sistema de pastejo

    sustentvel requer um plano de manejo adequado para as pastagens e o seusucesso depender da ateno regular ao campo e aos animais, especialmentedurante situaes climticas extremas como secas e cheias. H diversos mtodosde pastejo disponveis e a escolha do sistema a ser implantado na propriedadedepender das condies existentes, lembrando-se que cada invernada nica.

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    Os mtodos de pastejo podem ser: contnuo, rotacionado e diferido. O mtodo depastejo rotacionado utiliza subdiviso de uma rea de pastagem em dois ou maispiquetes que so submetidos a perodos controlados de pastejo (ocupao) edescanso. O pastejo diferido consiste em suspender a utilizao da pastagem,

    durante parte do perodo de vida da planta, de modo a favorecer o acmulo deforragem para utilizao em poca desfovorvel. O melhor sistema de pastejopode ser definido em funo das variaes da qualidade da forragem estacionalque ocorre em stios ecolgicos (manchas de pastagens preferidas pelo gadodentro das fitofisionomias).

    Uma outra alternativa que vem sendo usada por diversos produtores rurais paramelhorar a distribuio de pastejo e aumentar a capacidade de suporte dasinvernadas a introduo de pastagens cultivadas nas fitofisionomias de poucautilizao pelo gado, que so as reas de campo com predominncia de espciescespitosas como o capim carona, capim-vermelho e capim fura-bucho. Noentanto, o porcentual de rea que poderia ser utilizado para o cultivo de pastos,sem perigo para o ecossistema do Pantanal, em cada propriedade, ainda desconhecido, havendo necessidade de maiores esforos da pesquisa neste

    sentido. A opo por essas reas para a implantao de pastagens de Brachiariahumidicola pode contribuir para a reduo de incidncia de queimadas controladas,pois apesar dessa espcie no apresentar valor nutritivo elevado, ela temrelativamente menores teores de fibra e apresenta ciclo de crescimento maisprolongado do que os capins duros que predominam nessas macegas.

    Santos et al. (2002b) avaliaram a qualidade de algumas espcies forrageirasnativas do Pantanal durante dois anos (Fig. 7) e verificaram que as espciesforrageiras localizadas nas partes mais baixas como a grama-do-carandazal(Panicum laxum) e o capim-de-capivara (Hymenachne amplexicaulis) apresentaramteores mais elevados de protena atendendo as reais exigncias das vacas de cria(ao redor de 10-12% de protena bruta).

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    Fig. 7. Valores mensais de protena bruta de algumas espcies forrageirasconsumidas por bovinos, no perodo de outubro de 1997 a setembro de 1999.

    Porm, nota-se que em anos de inundao o capim-de-capivaradesaparece.Portanto, dependendo da disponibilidade de forrageiras na pastagem, a qualidadeda dieta tambm pode cair abaixo do valor de manuteno do peso corporal .

    Os nveis de clcio(Ca) e fsforo(P) foram mais elevados nas braquirias com maisde 10 anos, notando-se elevado nvel de P. Estes dados esto de acordo comresultados preliminares de Pott (1997b) que encontrou concentraes de 0,36%de P e 0,25% de magnsio(Mg) em braquirias na parte leste da sub-regio dosPaiagus. Relaes Ca:P menores do que 1:1 foram responsabilizadas por reduoda converso alimentar em bezerros e novilhas (Wise et al., 1963). Para magnsio,sdio e potssio todas as trs pocas de implantao atendem s exigncias. Osmicronutrientes, mangans e ferro foram encontrados em excesso, semelhanadas pastagens nativas. As pastagens com mais de 10 anos suprem as exignciasde zinco(Zn), mas cobre(Cu) foi deficiente em todas as pastagens avaliadas.Comrelao aos macro, o teor mnimo de clcio (Ca) s foi encontrado para pastagensde Brachiariadecumbens mais velhas.

    Com relao as pastagens nativas, as gramneas, tais como o capim-mimoso(Axonopus purpusii) e a grama-do-cerrado (Mesosetum chaseae), localizadasnas partes mais alta do mesorelevo, so mais pobres em minerais, ao contrrio

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S

    Requerimento Axonopus purpusii Mesosetum chaseae

    Panicum laxum Hymenachneamplexicaulis

    Andropogonspp.

    ProtenaBruta(%)

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    das gramneas localizadas nas reas mais baixas. Embora a seleo da dietatenha importante funo no consumo de teores mais elevados de minerais(Santos et al., 2002b), a suplementao de determinados nutrientes faz-senecessria para atender s necessidades de bovinos de acordo comrecomendaes do NRC (1996). Nas pastagens das regies arenosas doPantanal, provavelmente ocorrem deficincias de Ca, P, Mg, Cu e Zn (Pott,1997b).

    Embora ainda haja poucas informaes sobre o uso comum de espciesforrageiras pelos de herbvoros no Pantanal, na Tabela 4 so apresentados algunsexemplos de espcies chaves e fitofisionomias para alguns herbvoros que habitama sub-regio da Nhecolndia, Pantanal.

    Tabela 4. Espcies forrageiras e fitofisionomais chaves para algumas espcies deherbvoros que habitam o Pantanal

    Espcies chaves/fitofisionomias Grandes herbvoros

    Capim-mimoso/campo limpo, vazantes,borda de baas

    Bovinos, cavalos, veados, bfalos

    Capim-mimosinho/campo limpo, borda debaas, vazantes

    Bovinos, cavalos, capivara, veados

    Capim-de-capivara Bovinos, cavalos, veados, capivara,cervo, queixadas

    Anos secos, cheios ou extremamente secos e cheios so situaes imprevisveis,mas ocorre periodicamente no Pantanal. Conforme o conceito de pulso deinundao, a fora que regula o funcionamento das reas alagveis e o ciclo dasinundaes e secas. As plantas e os animais so adaptados s enchentes e secasanuais. Irregularidades como as cheias e secas plurianuais extremas representam

    um estresse adicional para os organismos (Junk e Silva, 1999). O grau no qual ascondies de seca afetam as pastagens dependem da intensidade, freqncia eperodo de pastejo. A intensidade e freqncia referem-se a taxa de lotao e operodo de pastejo depende do sistema de pastejo (contnuo, rotacionado oudiferido).

    Para sincronizar o crescimento e a qualidade das pastagens em funo dasexigncias dos animais h a necessidade de estabelecer a curva de produo equalidade das pastagens nativas e a curva de crescimento dos animais,especialmente os bezerros (Fig. 8).

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    Altura

    daAnca(y,cm)epeso(x,

    kg)

    Idade (dias)

    Fig. 8. Curva de crescimento em peso e altura bezerros Nelore criados empastagens nativas da sub-regio da Nhecolndia, no Pantanal

    Segundo Santos et al. (2002b) as vacas de cria necessitam de uma pastagemcom cerca de 10% de PB e 62% de digestibilidade da matria orgnica. Estesanimais devem entrar na estao de monta com escore corporal igual ou acima de5, numa escala de um a nove, pois o peso dos bezerros desmama dependeprincipalmente do seu potencial de crescimento pr-desmama e da habilidadematerna e nutrio adequada da me.

    A escolha de animal ideal para sistema de ciclo curto (produo de vitelos) deextrema importncia, pois os animais menores e mais precoces tero maioreficincia biolgica. Quanto maior o animal maior ser o gasto com manuteno emenor a engorda, diminuindo a eficincia biolgica. A precocidade refere-se avelocidade em que o bovino atinge a puberdade, ocasio em que ele completa ocrescimento sseo e a maior parte do conjunto da musculao, intensificando-se oenchimento dos adipcitos (deposio de gordura na carcaa).

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    O uso do pastejo rotacionado no Pantanal dificultado por vrias razes, entre asquais o alto custo das cercas, as grandes extenses das invernadas e aheterogeneidade de fitofisionomias. Vai depender da qualidade e da disponibilidadede pastagens na propriedade. Ainda devem ser efetuados estudos para que sepossa implementar o pastejo rotacionado no Pantanal, especialmente quanto aonmero de subdivises necessrias, tempo de pastejo e de descanso, espcieschaves para manejo, utilizao de cerca eltrica ou no, etc., e, principalmente,resposta em produtividade animal e retorno do investimento.

    Para melhorar a distribuio de pastejo nas unidades de pastejo (invernadas), deve-se atrair os animais para locais especficos, atravs de planejamento da localizaode bebedouros e cochos de suplementao alimentar. O ideal seria usar cochomvel, reduzir o tamanho das invernadas, evitando reas longas e estreitas comgua na extremidade para forar a distribuio mais homognea dos animais.

    A elaborao de manejo adaptativo seria ideal para os fazendeiros da regio. Asustentabilidade de sistemas de produo do Pantanal depender de habilidadesem detectar-se alteraes e implementar respostas de manejo em escalasespaciais relevantes. O monitoramento da sustentabilidade deve colocar muitanfase na previso de eventos e estratgias de respostas a estes eventos. Num

    sistema biolgico complexo como o caso do Pantanal, as estratgias de manejono devem ser nicas e sim flexveis para cada sistema de produo, levando emconsiderao a heterogeneidade ambiental e a dinamicidade do sistema. AEmbrapa Pantanal vem estudando indicadores de sustentabilidade e algumastcnicas de manejo, com o intuito de desenvolver um guia para o produtordesenvolver um plano adaptativo para a sua propriedade.

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    Ministrio da Agricultura,Pecuria e Abastecimento