do cortiço às vilas operárias: políticas públicas e a ...€¦ · várzeas. o pequeno abrigo...

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Do cortiço às vilas operárias: políticas públicas e a construção do cotidiano nos quintais paulistanos. Bianca Melzi D. Lucchesi 1 As transformações urbanas que acontecem em São Paulo a partir do final do século XIX, são uma redefinição do espaço que pretende sanar os problemas de saúde e de comportamento dos paulistanos. Nesse sentido, a medicina urbana instrumentalizada pela engenharia, tem por objeto a circulação dos indivíduos e dos elementos que os rodeiam, como a água e o ar. Sendo assim, seu foco está principalmente em regiões de amontoamento como os cortiços do centro de São Paulo que podem significar algum tipo de perigo para a sociedade, seja este perigo relacionado à saúde, ao vício ou ao ócio. Intervir no traçado da cidade é uma preocupação sanitária do poder público que adentra o século XX. A atenção da municipalidade com os cortiços paulistanos faz parte de um amplo plano de saneamento que envolve melhoramentos nas condições de diversos estabelecimentos, como mercados, várzeas e até as “carroças de café” que circulavam no centro. Mas, não bastava sanear a cidade sem dar conta da insalubridade da habitação pobre (BRESCIANI, 2001, p. 152). Ponto de partida e destino final diário de todo agente paulistano, a casa coloca-se em evidência num momento da história em que a expansão demográfica da cidade de São Paulo trouxe problemas médicos e sociais para os ocupantes da urbe. O poder público passa, então, a conferir especial atenção às questões sanitárias que envolviam e manchavam a promissora São Paulo, montando um verdadeiro plano de saneamento com a finalidade de “limpar” a capital e seus ares. Mas de acordo com os engenheiros responsáveis por idealizar as regras de higiene sob as quais serão submetidos os moradores paulistanos, “não bastava (...) melhorar as condições de abastecimento d’água e do serviço de esgoto, (...) proceder a regularização e limpeza dos terrenos baldios, retificar o curso dos nós urbanos, effectuar o aceio e limpeza das ruas e quintaes, (...) arborizar as praças, calçar as ruas, tomar enfim todas as medidas para manter em nível elevado a hygiene de uma cidade que cresce rapidamente e cuja população triplicou em dez anos, é preciso cuidar da unidade urbana.” (Relatório da Commissão de exame e inspecção das 1 Doutoranda em História Social pela PUC-SP. Professora de História da Prefeitura do Município de São Paulo.

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Do cortiço às vilas operárias: políticas públicas e a construção do cotidiano nos

quintais paulistanos.

Bianca Melzi D. Lucchesi1

As transformações urbanas que acontecem em São Paulo a partir do final do século

XIX, são uma redefinição do espaço que pretende sanar os problemas de saúde e de

comportamento dos paulistanos. Nesse sentido, a medicina urbana instrumentalizada pela

engenharia, tem por objeto a circulação dos indivíduos e dos elementos que os rodeiam,

como a água e o ar. Sendo assim, seu foco está principalmente em regiões de

amontoamento – como os cortiços do centro de São Paulo – que podem significar algum

tipo de perigo para a sociedade, seja este perigo relacionado à saúde, ao vício ou ao ócio.

Intervir no traçado da cidade é uma preocupação sanitária do poder público que

adentra o século XX. A atenção da municipalidade com os cortiços paulistanos faz parte

de um amplo plano de saneamento que envolve melhoramentos nas condições de diversos

estabelecimentos, como mercados, várzeas e até as “carroças de café” que circulavam no

centro. Mas, não bastava sanear a cidade sem dar conta da insalubridade da habitação

pobre (BRESCIANI, 2001, p. 152). Ponto de partida e destino final diário de todo agente

paulistano, a casa coloca-se em evidência num momento da história em que a expansão

demográfica da cidade de São Paulo trouxe problemas médicos e sociais para os

ocupantes da urbe. O poder público passa, então, a conferir especial atenção às questões

sanitárias que envolviam e manchavam a promissora São Paulo, montando um verdadeiro

plano de saneamento com a finalidade de “limpar” a capital e seus ares. Mas de acordo

com os engenheiros responsáveis por idealizar as regras de higiene sob as quais serão

submetidos os moradores paulistanos,

“não bastava (...) melhorar as condições de abastecimento d’água e do serviço

de esgoto, (...) proceder a regularização e limpeza dos terrenos baldios, retificar o curso

dos nós urbanos, effectuar o aceio e limpeza das ruas e quintaes, (...) arborizar as praças,

calçar as ruas, tomar enfim todas as medidas para manter em nível elevado a hygiene de

uma cidade que cresce rapidamente e cuja população triplicou em dez anos, é preciso

cuidar da unidade urbana.” (Relatório da Commissão de exame e inspecção das

1 Doutoranda em História Social pela PUC-SP. Professora de História da Prefeitura do Município de São

Paulo.

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habitações operárias e cortiços do distrito de Santa de Ephigenia, 1893. Cap. I Das

habitações operárias nesta capital, e do seu exame de inspecção. In CORDEIRO, 2010)

Era preciso dar conta da habitação, ou seja, era preciso analisar e modificar as

características, hábitos e habitantes daquilo que os engenheiros criadores de um

verdadeiro regimento higiênico chamaram, em 1893, de unidade urbana. A expressão

vem sublinhada num documento que se refere à habitação coletiva como alvo principal

das ações de combate à insalubridade de São Paulo, ações que deveriam ser tomadas pelo

poder público e incorporadas por toda a população residente na capital. Aparece

sublinhada também a palavra que designa o tipo de habitação que dentre todas merece

maior destaque nessa luta contra a insalubridade:

“(...) o cortiço, como vulgarmente se chamam essas construções acanhadas,

insalubres, repulsivas algumas, onde as forças vivas de trabalho se juntam em desmedida,

fustigada pela difficuldade de viver, numa quase promiscuidade que a economia lhes

impõe, mas que a hygiene repelle.” ((Relatório da Commissão de exame e inspecção das

habitações operárias e cortiços do distrito de Santa de Ephigenia, 1893. Cap. I Das

habitações operárias nesta capital, e do seu exame de inspecção. In CORDEIRO, 2010)

A vida dentro do cortiço é administrada de modo a transitar o tempo todo entre o

particular e o compartilhado; a linha que separa “público e privado” nessas habitações é

muito tênue, ao mesmo tempo em que os moradores adquirem plena consciência de uso

de cada um desses espaços. Num estudo físico e social da formação da casa coletiva,

podemos dizer que o lugar mais caracterizado pela coletividade dentro do

compartilhamento de espaços do cortiço é o quintal. Ali acontecem os encontros, as

conversas e as festas. O quintal serve também como espaço de aprendizagem, lugar onde

se divide experiências, trabalhos e se compartilham brincadeiras, comida e instrumentos

de trabalho. Trata-se de um espaço cuja multiplicidade se dá nas cores, nos tipos de frutas,

nos instrumentos e, no caso específico dos cortiços, nas nacionalidades.

Entende-se por quintal a área externa da habitação que exerce funções utilitárias,

de refúgio ou produção. Localizados geralmente na parte posterior da casa, a presença de

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elementos vegetais caracterizava os quintais até a virada para o século XX (HOLTHE,

2002, p. 206). A este espaço estão atreladas funções ligadas ao serviço doméstico, como

lavar, secar, cozinhar e armazenar utensílios, à produção de hortaliças, frutas e animais,

seja ela para subsistência ou comércio, ao lazer das crianças e também dos adultos,

quando pensamos em momentos de sociabilidade entre vizinhos e familiares através de

festas e encontros, à manifestações culturais e religiosas, abrigando festas, flores,

oratórios, imagens e quadros ligados à cultura popular. Para além da produção

alimentícia, o quintal também é espaço de apoio à renda familiar ao abrigar instrumentos

de trabalho da população pobre e por ser um espaço versátil onde se pode instalar uma

pequena oficina ou erguer quartos para aluguel. Já no que diz respeito à higiene pessoal,

o quintal foi durante muito tempo o lugar que abrigava a casa de banho e o banheiro, ou

latrina antes da chegada do sistema de esgoto.

O quintal pode ser parte do espaço onde se desenvolve a vida econômica dos

trabalhadores eventuais da cidade de São Paulo. Ora sendo o espaço de produção

propriamente dito, ora abrigando instrumentos de trabalho, como tachos de lavagem de

roupa e produtos destinados à tal serviço ou abrigando o fogareiro, tabuleiro e utensílios

de cozinha destinado à produção das quituteiras. Memorialistas como Jorge Americano e

Jacob Penteado sinalizam a função do quintal como meio produtivo e os atores que levam

esta produção pelas ruas da cidade como via de seu sustento. Até o final do século XIX,

a economia paulistana ainda não se caracterizava completamente como urbana. O

comércio ambulante eventual vigorava nas ruas com artesanato e gêneros alimentícios

produzidos no próprio quintal por nacionais pobres e imigrantes. Jacob Penteado, em seu

livro de memórias “Belenzinho, 1910”, descreve exemplos de atividades nos quintais que

possibilitavam o sustento da família e também a atividade comercial já citada. O quintal

da casa onde ele morava com sua mãe, por exemplo, abrigava uma horta onde era possível

colher couve, cebolinha, alho, salsa, salsão, cenoura, rabanete e alface. No quintal, a mãe

de Jacob também criava galinhas que forneciam “ótima carne e ovos em fartura”.

A alimentação nacional e estrangeira se mistura nas casas e quintais paulistanos.

Do mesmo modo que os imigrantes aprenderam a comer carne de porco e de frango, os

italianos, por exemplo, disseminaram o consumo de verduras como chicória, almeirão e

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escarola e legumes como pimentão e berinjela entre os brasileiros (Ibidem). Além de

representar uma das origens da riqueza que compõe atualmente o cardápio brasileiro, essa

“mistura” alimentar é parte do sincretismo cultural instrumentalizado pelo quintal. Os

italianos estabelecidos no centro urbano encontraram nos quintais espaços disponíveis

para a formação de hortas e árvores frutíferas, cujo produto serviria para o consumo

familiar e também para venda.

Outro exemplo de sincretismo que envolve os quintais paulistanos diz respeito à

religião. Através de banhos de ervas e cerimônias, curandeiros e benzedeiras residentes

nos bairros populares de São Paulo curavam os portadores de doenças crônicas, males

perversos como a paralisia ou mesmo simples dores de barriga (WISSENBACH, 1998,

p. 139). O tratamento era feito em casa e as ervas utilizadas eram plantadas no quintal.

Dessa forma, atribui-se ao quintal, além da importância econômica, sua função para as

práticas medicinais e também religiosas, inclusive através de festas e cerimônias

particulares que despontavam nos bairros da cidade (KOGURAMA, 2001, p. 32). Ao

falar sobre a religiosidade e curandeirismo na metrópole, Paulo Kogurama afirma que as

práticas informais de cura não eram exclusividade dos paulistanos de descendência

africana, também entre os imigrantes europeus existiam curandeiros, feiticeiros e

espíritas, como a cartomante austríaca Joanna Knotz e o cuarandeiro espanhol Raphael

Estevam (Idem, p. 262). As crenças africanas e europeias, assim como a música e a

alimentação se fundem nos quintais e em todo território paulistano. Os papeis culturais

destinados à casa encontram boa parte de suas ferramentas no quintal. Morar não é

somente habitar um domicílio ou estar sob um teto. Além das relações pessoais, morar é

também relacionar-se com os equipamentos da casa, como móveis, utensílios,

instrumentos de trabalho e meios de comunicação.

Produzido na área externa da casa, o lazer é outro aspecto abarcado pela

sociabilidade do quintal, na forma de festas comemorativas, refeições compartilhadas e

pequenas brincadeiras infantis. O espaço, o clima e a interação com o natural confluem

para que o quintal seja o espaço da festa e dos momentos de compartilhamento. Pensando

esta ideia do compartilhar, há um cômodo na casa que funciona quase como extensão do

quintal: a cozinha. Quintal e cozinha são prolongamentos naturais um do outro não só na

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medida do abastecimento, mas também da intimidade familiar e da ideia de

confraternização embutida nos momentos de refeição, mesmo por questão de necessidade

– nos quintais dos cortiços a alimentação das crianças era feita de forma coletiva,

independente de sua família original. A adaptação da cozinha no quintal e sua utilização

podem ser vistos no seguinte registro fotográfico:

Centro de Memória da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo – imagem 719 001.

A mulher com a mão na cintura tem aspecto jovem e parece ser a responsável por

cozinhar e alimentar as seis crianças que se encontram sentadas no quintal. A cena

representa uma divisão do trabalho numa realidade social onde outras mães precisam sair

para trabalhar (sendo normalmente lavadeiras, quituteiras ou vendedoras ambulantes) e a

tarefa de alimentar os filhos “do cortiço” ficaria com aquela disponível em casa no

momento da refeição. Dada a eventualidade das atividades econômicas exercidas pela

população – principalmente feminina – do cortiço, esta tarefa poderia acontecer num

esquema de revezamento entre as mulheres.

Outras imagens nos permitem desvendar a cultura material do quintal e o cotidiano

dos habitantes dos cortiços. Veja-se o exemplo desta habitação coletiva da Rua Ruy

Barbosa:

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Centro de Memória da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo – imagem 708 001.

A grande quantidade de arame e taquara destinados à secagem de roupas, bem

como a armação em madeira e telha onde há peças quarando, são indícios não só de uma

grande quantidade de habitantes no cortiço, mas de ser o quintal um espaço privilegiado

para o trabalho das moradoras desta habitação. O ofício de lavadeira era muito comum

entre as mulheres pobres de São Paulo e, para estas trabalhadoras, o quintal é grande

aliado do exercício de suas funções, sobretudo para aquelas que não moram próximo às

várzeas. O pequeno abrigo à esquerda, construído em tijolos e madeira, é destinado em

partes para alocar instrumentos do trabalho doméstico e assalariado das moradoras deste

cortiço, como vassoura e barril. O cercadinho de arame contíguo ao abrigo contém plantas

cujo destino não se pode objetivar. De acordo com seu tamanho, local e estrutura, este

espaço pode ter sido idealizado para implantação de horta ou galinheiro, duas fontes de

produção comuns quando se trata de quintais populares.

Riquíssimo em elementos estruturantes do cotidiano da população encortiçada, o

registro a seguir pertence a um cortiço da Mooca:

Centro de Memória da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo – imagem 723 001.

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Do ponto de vista físico, este quintal possui chão de terra batida e, diferente dos

quintais de várzea e periferia, não possui nenhum tipo de vegetação para além dos

humildes vasos apoiados nos barris ao lado das portas. Sua estrutura precária é

evidenciada nas paredes semi concretadas, com eventuais buracos e quinas despedaçadas.

O puxadinho de tábuas de madeira à esquerda, assim como o lençol improvisadamente

fazendo as vezes de porta no centro da estrutura, contribuem para o aspecto pobre da

moradia, assim como para o diagnóstico economicamente precário de vida da população

residente. Os elementos humanos captados na imagem nos permitem uma análise social

do momento. Observa-se mulheres de diferentes idades em diferentes funções: as mais

velhas estão lavando roupa enquanto as mais novas parecem cuidar da população infantil

do cortiço. Para além do bebê no colo da mulher à esquerda e da criança no canto direito

da foto, duas cadeirinhas de balanço evidenciam a presença infantil nesta habitação. As

galinhas soltas neste quintal podem indicar a falta de um espaço destinado

especificamente a abrigá-las, desconfiança causada pela própria precariedade já analisada

do ambiente. A distinção entre a domesticação de animais para abastecimento ou somente

com finalidade de criação era muito frágil, dependia da necessidade da família num

determinado momento. Os donos de quintais com criação de animais disciplinadamente

voltada para o comércio poderiam tornar-se tripeiros, ofício dos que apareciam de

carrocinha ofertando fígado, coração, miolos, mocotó, rins e outros miúdos

(PENTEADO, 2003, p. 90 e 91), mas, com certeza, não é esta a relação que os moradores

deste cortiço estabelecem com sua criação de aves. Sobre as funções deste quintal

coletivo, pode-se elencar o preparo de alimentos, dada a armação em tijolos e a presença

de latas com furo no meio, artefatos utilizados no aquecimento e cozimento da comida.

A estruturação da cozinha no espaço do quintal também se evidencia na bacia de

utensílios alocada próximo à primeira porta da direita. Outros instrumentos ligados às

atividades domésticas também são alocados no quintal, como vassouras e tachos de lavar

roupa. Este último, assim como a estrutura baixa improvisada em madeira, os baldes e

bacias de metal, podem pertencer também ao universo produtivo das lavadeiras, mulheres

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que se utilizam do quintal para realizar seus afazeres domésticos e economicamente

produtivos.

Os quintais também aparecem nos preceitos normativos que regulam a habitação

paulistana. O Padrão Municipal promulgado em 1886 dedica um capítulo exclusivo aos

cortiços – Cortiços, casas de operários e cubículos – e determina a proibição destas

unidades habitacionais no perímetro do comércio. No caso dos cubículos serem erguidos

em outros pontos da cidade, o pedido de licença para construção segue a mesma

burocracia de construção dos demais imóveis, devendo ser feito o requerimento à Câmara

e com normas convenientes à beleza e salubridade como em qualquer residência. E sendo

a coletividade um fator que diferencia os cortiços das demais habitações populares, o

Padrão Municipal também ordena os espaços de uso conjunto, como o quintal,

estipulando tópicos para as condições de moradia como:

“2º - Haverá um poço ou torneira com água e pequeno tanque de

lavagem para cada grupo de seis habitações no máximo.

3º - Haverá latrina para cada grupo de duas habitações.

4º - A área comum das frentes das habitações ou arruela de

passagem deverá ser convenientemente arborizada” (Código de

Posturas do Município de São Paulo, 6/10/1886, Padrão

Municipal – VI – Cortiços, casas de operários e cubículos.)

Num contexto de remodelação da cidade, o Relatório da Comissão de exame e

inspeção das habitações operárias e cortiços no distrito de Santa Ephigênia, publicado

em 1893, traz as considerações dos engenheiros sanitaristas acerca da insalubridade das

habitações coletivas, assim como elucida formas adequadas de morar no Capítulo V-

Medidas a tomar quanto aos cortiços e estalagens. Neste capítulo, algumas indicações

são referenciadas ao quintal e aos elementos que o compõem:

O cortiço, propriamente dito para continuar a funcionar na zona

affectada terá que preencher as seguintes condições:

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(...)

3º Ter o systema de esgoto completo para as latrinas, as quais

deverão ser assentadas ao fundo da área livre e contendo, sob

abrigo adequado, tantas bacias quantos os grupos de seis

habitações, sendo o chão ladrilhado e cimentado e

completamente estanque.

4º Ter água canalizada para uso doméstico sendo para esse fim

assentadas torneiras quantos os grupos de seis casas. Os poços

são ahi inteiramente banidos.

5º Ter tanques para lavagem de roupa e tantos quantos os grupos

de seis casas, sendo eles cimentados ao redor e munidos de ralo

para esgoto.

(...)

7º Na área livre serão assentados lampiões: um na entrada e outro

na posição mais conveniente para ter essa área perfeitamente

iluminada.( Relatório da Commissão de exame e inspecção das

habitações operárias e cortiços do distrito de Santa de Ephigenia,

1893. Cap. V-Medidas a tomar quanto aos cortiços e estalagens.

In. CORDEIRO, 2010)

Sobre a metragem dos quintais existentes nos cubículos que compõem os

cortiços, a comissão estipula que não devem ter “menos de 10 metros quadrados, tel-a-ão

cimentada e com a sufficiente inclinação para um ralo de esgoto que facilita a drenagem.”

(Ibidem)

Os cortiços que não tivessem o quintal ou outra parte da casa em adequação com

as disposições sanitárias dos engenheiros, seriam interditados e teriam um prazo para

cumprir as reformulações. No caso de não cumprirem, a demolição seria imposta. Ao

mesmo tempo, o ato direcionado a extinguir os cortiços livraria o governo e a elite

paulistana da imagem doente e incivilizada passada pelo aglomerado de moradias

coletivas consideradas além de sujas, de tão mau gosto estético e subversor da formação

moral de seus moradores. Sendo assim, não era apenas o bem estar dos paulistanos

encortiçados que impulsionava a ação demolidora; mais do que uma questão de saúde,

demolir os cortiços era também uma questão de reputação para a cidade.

À demolição dos cortiços, não foi criada nenhuma alternativa satisfatória, pelo

menos nenhuma que fosse comprometida com o desabrigo de milhares de famílias e sua

real condição social e de trabalho. Mesmo as vilas operárias, que entraram como projeto

prioritário somente nas primeiras décadas do século XX, eram em número insuficiente,

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sendo algumas de padrão econômico superior ao que a maioria da população poderia

pagar ou então desinteressante do ponto de vista de sua localização, devido à carência do

abastecimento de transporte público (RODRIGUES, 2010, p. 86).

O governo concedia uma série de privilégios às empresas construtoras, como

concessão de empréstimos para a construção de imóveis destinados à habitação popular,

isenção de imposto predial e de imposto de transmissão de propriedade por vinte anos,

direito de desapropriação e também concessão de terrenos pertencentes ao Estado para o

uso dessas construções habitacionais.

Para o engenheiro Backheuser, estas medidas não representaram mudanças

quantitativas nas estratégias de construção da moradia popular, devido ao baixo número

de empresários que aderiram à ideia de investir nestes empreendimentos (CARPINTÉRO,

1997, p. 62). Às empresas, competia a responsabilidade de construir, além das casas,

também escolas creches e armazéns. O vínculo garantia a proteção dos interesses do

grupo de empresários industriais, que conseguiram, através das medidas urbanas

empenhas pelo governo a partir do final do século XIX, ocupar cadeiras representativas

na administração. A inserção deste grupo nas políticas dirigentes do Estado pode ser

exemplificada pelo caso de Luís Rafael Vieira Souto, que em 1885 solicitava à

administração pública concessão para construir habitações para a classe operária, e já no

ano seguinte, ingressava ao Conselho Superior de Saúde Pública propondo melhorias para

as condições de moradia da classe pobre, onde ele mesmo investia seu capital

(CARVALHO, 1995, p. 146).

Em São Paulo, os lugares prioritários para estabelecimento das vilas operárias

eram as regiões vizinhas às áreas já ocupadas pelos trabalhadores, em terrenos pouco

valorizados e perto das fábricas e ferrovias, para atingir um denominador comum entre

lucro, controle do operário e facilidade de locomoção ao trabalho. Assim, São Paulo inicia

o século XX com a presença de algumas vilas operárias em seu cenário urbano, como a

Vila Maria Zélia, no Belenzinho, Vila Prudente, no Ipiranga e Vila Crespi, na Mooca

(CARPINTÉRO, 1997, p. 64 e 65). Todas construídas junto às fábricas, formando um

núcleo industrial que abriga ao mesmo tempo o espaço e a força produtora. Entre os

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fatores que levaram os industriais a investirem neste tipo de empreendimento, está a

centralidade da construção das vilas que permaneceriam atreladas às fábricas,

condicionando a contratação e formação da mão de obra.

Quanto ao formato dessas vilas, a maior parte das casas comportava dois ou três

quartos, uma sala, uma cozinha, latrina e quintal preferencialmente nos fundos, sem a

presença de jardins. Para o trabalhador habitar uma unidade dessas, alguns empresários

lhe cobravam um aluguel da casa, outros preferiam descontar direto dos salários de seus

funcionários, garantindo o recebimento em dia do aluguel. Além dos critérios de

construção e pagamento, havia também critérios que filtravam a possibilidade de morada

nas vilas. Esses critérios englobavam desde questões conjugais até cor, vícios, número de

filhos, saúde e desempenho no trabalho. Na Vila Matarazzo, por exemplo, só eram

concedidas casas a famílias com mais de dois membros trabalhando na fábrica (Idem, p.

66 e 68). A ideia aqui não era apenas selecionar os moradores da vila tentando garantir

que o ambiente imoral dos encortiçados fosse transposto às vilas operárias, mas também

garantir que o fornecimento das casas priorizasse os trabalhadores das fábricas, visando

controle e aumento da produção e a incorporação, por parte dos operários, dos hábitos e

valores exigidos pelos patrões.

A privacidade adquirida pela família que deixa o cortiço para morar numa

habitação operária, altera algumas significações e praticidades do cotidiano. As plantas

das casas operárias, ainda que simples e pequenas, possuem os cômodos divididos e

nomeados de acordo com preceitos normativos de utilização do espaço. As plantas a

seguir pertencem a casas operárias no bairro do Bom Retiro e apresentam o primeiro e

maior cômodo da casa como a sala de visitas, de maneira a direcionar a sociabilidade da

família e seus visitantes ao cômodo de maior acesso e circulação dentro do imóvel. Em

seguida, vê-se os quartos separados do espaço de convivência e a cozinha, ainda

culturalmente pequena e atrelada ao quintal. A ausência de especificação das instalações

sanitárias denota a possibilidade de existência de latrina ou casa de banho livremente

estruturadas no espaço externo da casa.

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O quintal acompanha a lateral e os fundos da casa. Seu espaço, apesar de em

alguns casos ser mais restrito do que nos cortiços de quadra interna, por exemplo, torna-

se privativo. Deste modo, o “arame”, as “taquaras”, o tanque e todo instrumento ligado

ao serviço doméstico não é mais compartilhado.

A dimensão da privacidade não é a mesma em toda forma de habitação operária.

A ideia comunitária do quintal pode permanecer mesmo com o advento das vilas

operárias. É verdade que a maioria das plantas das casas unifamiliares empreendidas paras

as vilas desenham o quintal como um espaço muito mais restrito, quadrado, onde parece

não caber mais a rede de sociabilidade tecida nos quintais destes operários que antes

habitavam os cortiços. Não há mais espaço para cozinhas improvisadas (deve-se

considerar que a cozinha já vem planejada como um cômodo singular e interno da casa)

ou para a criação simultânea de hortas, árvores frutíferas, galinheiros, chiqueiros, grandes

Planta de casa do ano

1893. Rua Anhaia.

Proprietário: Felicio

Payao (AHMWL. Fundo

Intendencia Municipal.

Grupo Obras. Série

Obras Particulares.

Vol1)

Planta de casa do ano

1894. Rua Anhaia

(AHMWL. Fundo

Intendencia Municipal.

Grupo Obras. Série

Obras Particulares.

Vol1)

Planta de duas casas de

operário do ano 1893.

Rua Anhaia.

Proprietário: Joaquim

Pedro Mathias (AHMWL.

Fundo Intendencia

Municipal. Grupo Obras.

Série Obras Particulares.

Vol1)

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bacias e extensos varais para lavar, secar e quarar a roupa lavada “pra fora”. A

unifamiliaridade característica destas casas também retirou a necessidade do espaço para

criação, lazer e alimentação de crianças em grande número, pertencentes à diferentes

famílias sanguíneas. Ainda assim, o conceito e a cultura do viver em comunidade, é algo

que não se apaga com a chegada das chaminés e os loteamentos. Sendo assim, é possível

que muitas vilas operárias tenham feito justamente do quintal um espaço onde resiste e

acontece a experiência coletiva. A planta a seguir pertence às casas operárias da Vila

Brasital, construída em Salto a partir de 1920:

Planta da Vila Operária Brasital (ZEQUINI, 1991, p. 161)

O chamado “Quintalão” desenhado no meio das construções é o espaço coletivo

das necessidades externas das famílias. Ainda que no planejamento inicial da vila o

“quintalão” tenha sido projetado para ser um espaço bem arborizado destinado à

recreação salubre e em terreno apropriado para os filhos dos operários, sua utilidade não

se restringiu nem um pouco a isso.2 Os moradores das vilas fizeram dos quintalões algo

2 Pensando um significativo exemplo de urbanismo, as quadras com pátio interno projetadas pelo

engenheiro Ildefonso Cerdá em Barcelona em meados do século XIX, também foram pensadas para garantir

a arborização e circulação de ar na cidade, mas sua existência nunca se restringiu a tal objetivo. Os pátios

internos, com raras exceções, nunca funcionaram como espaços público, tornaram-se o que se chama aqui

de pátios de luzes, lugares externos onde estavam as janelas de serviço, os varais e serviam também para

circulação de ar. Alguns, como são grandes, funcionam como pátios e jardins internos, parecidos com os

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bem mais abrangente. A instalação de instrumentos de uso coletivo das famílias da quadra

como tanques e fornos fez com que mulheres e crianças, principalmente, compartilhassem

o mesmo espaço. O uso coletivo dos “vascões” – fornos – e outros instrumentos de

trabalho não são um exemplo totalmente pacífico de compartilhamento.

A exemplo das lavadeiras da várzea e ocupantes ativas dos quintais coletivos dos

cortiços, as brigas entre as mães de família das vilas operárias pelo revezamento do uso

dos instrumentos de trabalho presente no quintal também era uma realidade. O conforto

e a privacidade inerentes às casas unifamiliares das vilas operárias, por mais simples que

fossem estas casas, talvez diluam em partes a tolerância ao coletivo construída entre os

moradores dos cubículos dos cortiços, habituados a dividir cozinha, banheiro, barulhos,

rotinas, crianças, animais. Anicleide Zequini, através de depoimentos de moradores,

relata que estas pequenas desavenças nas vilas eram causadas pelo abuso de uma ou mais

moradoras que pretendiam reservar com exclusividade ou em maior quantidade o uso de

tanques, coradores e fornos. Leves incidentes que eram solucionados por um fiscal pago

pela firma responsável pela vila (ZEQUINI, 1991, p. 163). A figura do fiscal que mantém

a ordem disciplinar e higiênica das casas populares, existentes nos distritos centrais de

São Paulo no final do século XIX sob comando da Intendência Municipal, se mantém em

seus objetivos de manter a ordem neste espaço urbano certamente “mais civilizado”,

conforme os padrões da municipalidade, mas cujos antecedentes e antepassados dos

habitantes não negam sua “natureza” de risco.

Embora planejado como coletivo, o imaginário dos criadores do “quintalão” o

considerou um espaço de uso exclusivo das famílias das casas que o cercavam. Fato que

também fugiu ao controle de seus idealizadores. Em muitos momentos como

comemorações e festas populares, sobretudo as típicas festas juninas, o quintal do interior

da quadra se abria para pessoas “de fora” e tornava-se palco de um outro tipo de

quintais. A dinâmica econômica do século XX fez com que boa parte destes pátios tivessem seus destinos

mudados ao avançar do século: as quadras tiveram todos os seus lados ocupados, de modo a tornar o pátio

interno privativo. Ali passaram a funcionar estabelecimentos como oficinas e escritórios. (TATJER, 2003).

Há, portanto, uma tendência do espaço externo contíguo à casa de ser aproveitado para atividades ligadas

ao serviço doméstico e lazer dos moradores, sendo, posteriormente, elemento que agrega valor financeiro

imobiliário.

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sociabilidade, desta vez baseada na permanência de uma cultura mais divertida do que

àquela relacionada ao material. Mas não podemos nos enganar quanto a uma ideia de

autonomia irrestrita dos moradores da vila sobre o uso de seu quintal. No caso das festas

e confraternizações, todos os convidados estariam ligados por laço de amizade ou

parentesco a algum dos moradores daquela quadra da vila, já que o acesso ao quintalão

era feito necessariamente pelo interior de uma das casas que o circundavam. Além disso,

estas festas só poderiam acontecer com prévia autorização da fábrica construtora da vila.

Dada esta imposição restritiva ao quintal, que em certa medida acompanha o objetivo

idealizador de construção das vilas operárias por parte dos industriais – redução do preço

da força de trabalho, controle do operário e otimização de sua capacidade de produção e

possibilidade de manter-se no emprego - é que Anicleide Zequini chama esta área externa

de “quintal da fábrica”. Ela está de posse do operário, mas ao fim e ao cabo, assim como

ele, está submetida à vontade do patrão (Idem, p. 164).

Assim, o quintal segue assumindo novos formatos ao longo do tempo, mas

continua sendo espaço da sociabilidade e do protagonismo e do cotidiano do público,

sobretudo feminino, inserido na realidade familiar da classe baixa. Cada vez menos no

que diz respeito às necessidades básicas como gêneros alimentícios, mas cada vez mais

referente ao lazer e à liberdade inerente aos sujeitos citadinos que lhes permite o exercício

da sociabilização e da vida em comunidade mesmo após a superação de seu passado

encortiçado, como é o caso de muitas famílias cujas gerações anteriores habitaram o

centro de São Paulo sob a condição de trabalhadores informais, antecedentes à chegada

da indústria e seu empreendedorismo habitacional. O “quintalão” enquanto espaço de

lazer coletivo dos moradores das quadras das vilas se firmou ao longo do tempo. A

imagem a seguir é o registro de um “quintalão” desativado e adaptado já na década de

1980 para funcionar como campinho de futebol, conforme denuncia a armação do gol no

centro da foto, próximo aos muros das casas. Tomando este formato, o “quintalão” atende

ao lazer dos pequenos e ao ócio saudável dos operários, ou tomando por base o tempo

avançado deste exemplar, dos diversos trabalhadores que residem no bairro.

Fontes

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