distÚrbios alimentares · sociedade de forma a induzi-la a um estado de alienação permanente,...

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INDÚSTRIA CULTURAL: QUEM ÉS? A Indústria Cultural é um elemento da sociedade capitalista que atua sobre a sociedade de forma a induzi-la a um estado de alienação permanente, onde o consumo dos bens “produzidos”, ou melhor, apropriados por ela é elemento central. Para isso a Indústria Cultural tem de lançar mão de diferentes mercadorias para manter no sujeito a falsa ideia de uma necessidade insaciável, na qual o sistema capitalista se apoia para manter seu processo de expansão e consequentemente de acumulação. A Indústria Cultural se apropria dos bens culturais, dos costumes, das tradições, e por que não, da própria consciência da sociedade, de forma que o sujeito perca sua identidade e passe apenas a buscar em produtos da Indústria Cultural objetos nos quais possa se reconhecer como homem, deixando assim de buscar essa identificação em si e/ou no outro, passando a um estado de alienação. Para que possamos compreender como a Indústria Cultural atua sobre o sujeito, precisamos entender um dos elementos centrais dentro do modo de produção capitalista, a alienação. A Indústria Cultural são todas as formas pelas quais a sociedade exerce pressão sobre os indivíduos a fim de conduzi-lo a atender os interesses e necessidades do capital, fazendo com que atuem de forma a reproduzir e perpetuar o modo de produção capitalista, e fazendo que a lógica do sistema esteja presente, não só nos momentos de trabalho, como também nos de não-trabalho, utilizando-se de elementos culturais como a televisão, o cinema, o rádio e outros meios de comunicação de massa. Como já dissemos uma outra tarefa primordial da Indústria Cultural é a venda de mercadorias, sejam mercadorias de uso comum, (roupas, sapatos, carros, entre outros) como também as de bens culturais, (CDs, DVDs, cinema, shows e outras manifestações artísticas) sendo que “o entretenimento e os elementos da indústria cultural já existiam muito tempo antes dela” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 126). Desta forma, o sujeito perde a autonomia sobre a própria vida, e passa assim a se guiar por elementos estabelecidos pela Indústria Cultural, seja copiando a roupa da mocinha da novela, pautando sua relação familiar no casal feliz de determinado filme e/ ou se sacrificando para adquirir o tênis da moda. A Indústria Cultural exerce um poder incrível sobre nossa sociedade, sendo que determina diversos aspectos da vida do sujeito; como devem se vestir, como se comportar, quais os objetivos devem adquirir, qual o padrão de corpo devem ter e admirar e diversas outras decisões que deveriam ser exclusivas do próprio sujeito, mas que sabemos é determina de fora pra dentro, o sujeito é cooptado e dessa forma sede aos encantos da Indústria Cultural, que sabemos, são muitos, sendo que, não a considerarmos durante as análises da sociedade contemporânea se traduz em um grave equívoco.

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Page 1: DISTÚRBIOS ALIMENTARES · sociedade de forma a induzi-la a um estado de alienação permanente, onde o consumo dos bens “produzidos”, ou melhor, apropriados por ela é elemento

INDÚSTRIA CULTURAL: QUEM ÉS? A Indústria Cultural é um elemento da sociedade capitalista que atua sobre a sociedade de forma a induzi-la a um estado de alienação permanente, onde o consumo dos bens “produzidos”, ou melhor, apropriados por ela é elemento central. Para isso a Indústria Cultural tem de lançar mão de diferentes mercadorias para manter no sujeito a falsa ideia de uma necessidade insaciável, na qual o

sistema capitalista se apoia para manter seu processo de expansão e consequentemente de acumulação. A Indústria Cultural se apropria dos bens culturais, dos costumes, das tradições, e por que não, da própria consciência da sociedade, de forma que o sujeito perca sua identidade e passe apenas a buscar em produtos da Indústria Cultural objetos nos quais possa se reconhecer como homem, deixando assim de buscar essa identificação em si e/ou no outro, passando a um estado de alienação. Para que possamos compreender como a Indústria Cultural atua sobre o sujeito, precisamos entender um dos elementos centrais dentro do modo de produção capitalista, a alienação.

A Indústria Cultural são todas as formas pelas quais a sociedade exerce pressão sobre os indivíduos a fim de conduzi-lo a atender os interesses e necessidades do capital, fazendo com que atuem de forma a reproduzir e perpetuar o modo de produção capitalista, e fazendo que a lógica do sistema esteja presente, não só nos momentos de trabalho, como também nos de não-trabalho, utilizando-se de elementos culturais como a televisão, o cinema, o rádio e outros meios de comunicação de massa. Como já dissemos uma outra tarefa primordial da Indústria Cultural é a venda de mercadorias, sejam mercadorias de uso comum, (roupas, sapatos, carros, entre outros) como também as de bens culturais, (CDs, DVDs, cinema, shows e outras manifestações artísticas) sendo que “o entretenimento e os elementos da indústria cultural já existiam muito tempo antes dela” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 126).

Desta forma, o sujeito perde a autonomia sobre a própria vida, e passa assim a se guiar por elementos estabelecidos pela Indústria Cultural, seja copiando a roupa da mocinha da novela, pautando sua relação familiar no casal feliz de determinado filme e/ ou se sacrificando para adquirir o tênis da moda. A Indústria Cultural exerce um poder incrível sobre nossa sociedade, sendo que determina diversos aspectos da vida do sujeito; como devem se vestir, como se comportar, quais os objetivos devem adquirir, qual o padrão de corpo devem ter e admirar e diversas outras decisões que deveriam ser exclusivas do próprio sujeito, mas que sabemos é determina de fora pra dentro, o sujeito é cooptado e dessa forma sede aos encantos da Indústria Cultural, que sabemos, são muitos, sendo que, não a considerarmos durante as análises da sociedade contemporânea se traduz em um grave equívoco.

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O fitness tem na televisão grande aliada para sua propagação enquanto ferramenta de cooptação dos sujeitos, existem diversos fatores que fazem do fitness elemento importante dentro da dinâmica neoliberal da Educação Física contemporânea. Através da televisão pode se estabelecer um padrão de “corpo perfeito”, que é indiscutivelmente o padrão da mídia. Tendo sido estabelecido esse padrão, passa-se então a impor às pessoas que elas se enquadrem neste padrão, o que sabemos é praticamente impossível a grande maioria da população, sendo que os padrões já são estabelecidos com o intuito de que parcelas enormes da população tenham que recorrer aos produtos da Indústria Cultural para que possam ter a falsa ideia de que podem chegar ao padrão determinado,”... por toda a parte onde a televisão aparentemente se aproxima das condições da vida moderna, porém ocultando os problemas mediante rearranjos e mudanças de acento, gera-se efetiva- mente uma falsa consciência” (ADORNO, 2000, p. 83).

Podemos perceber a quantidade de produtos vinculados à procura do corpo perfeito, o corpo “belo”, nas academias, na televisão, todos em busca de um padrão corporal inatingível. Camuflada na promessa de saúde, o que se vê são mulheres se submetendo a regimes rigorosos, sofrendo mutilações em busca de uma padronização estética, o que tem transformado mulheres em verdadeiros travestis. Onde fica o conceito de saúde quando pensamos em quadros patológicos como a anorexia, a bulimia, a vigorexia, outros problemas de ordem psicológica, além de problemas pós-operatórios e, em casos mais extremos, óbitos. Os ideais de saúde propostos pelo fitness ficam subsumidos às questões relacionadas à estética e à beleza, nestes espaços há um incentivo exacerbado a render-se aos caprichos da Indústria Cultural, numa tentativa de encaixar-se em seus padrões sempre exigentes e comumente voláteis.

O QUE É IMAGEM CORPORAL?

Imagem corporal é a representação mental que cada indivíduo faz de seu próprio corpo; também conhecido como consciência corpórea. A Imagem Corporal se desenvolve desde o nascimento até a morte, dentro de uma estrutura complexa e subjetiva, sofrendo modificações que implicam na construção contínua, e reconstrução incessante, resultante do processamento de estímulos.

A imagem corporal é contínua e representativa do esquema postural e acompanha o indivíduo desde o seu nascimento até o último suspiro, sofrendo adaptações e transformações globais de acordo com o momento vivido.

DISTORÇÃO DA IMAGEM CORPORAL

A distorção da imagem corporal é definida como a incapacidade do sujeito para reconhecer adequadamente e de forma realista o tamanho e a forma do seu corpo. Na presença da distorção, a pessoa pode se sentir maior ou menor do que ela realmente é, sentir que apenas uma parte do corpo é maior ou mais desconfortável, ou até mesmo, não reconhecer alguma parte do corpo.

Esta imprecisão em reconhecer o corpo, ou negligenciá-lo, faz parte de alguns transtornos alimentares como anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar, alguns casos de obesidade, pacientes bariátricos e também do transtorno dismórfico corporal. Vale ressaltar que sentir que o corpo é maior do que ele realmente é não é exclusividade de quem tem transtorno alimentar. É

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comum as mulheres sentirem que o corpo é maior ou apresentarem alguma insatisfação em relação a ele. Então qual é a diferença? Por que alguns desenvolvem transtorno alimentar e outros não, apesar de não reconhecerem o corpo de forma precisa?

A diferença é que no transtorno alimentar a insatisfação e a preocupação com o corpo são tão intensas, que a pessoa vive em função do corpo, das crenças em relação à ele, e de todos os aspectos relacionados ao corpo dentro da sociedade: comparação com outros corpos e o autojulgamento destrutivo de que o corpo é inadequado.

Nos casos em que a pessoa não desenvolve transtorno alimentar, ela consegue viver a vida em seus âmbitos profissional e pessoal, apesar da distorção de imagem corporal. Nestes casos a distorção não é considerada grave e o corpo não comanda a vida da pessoa. Assim, é possível aceitar o corpo como ele é porque entende-se que o ser humano não é representado somente pelo corpo e sua forma dita “perfeita”, porque não existe um modelo de corpo perfeito.

É bem doloroso, conflitante e angustiante conviver com a distorção de imagem corporal porque ela não existe no plano físico, palpável ou visível para os outros, ela existe de fato apenas para quem a sente.

Não é uma invenção da pessoa muito menos uma forma de chamar a atenção ou “não ter nada melhor para fazer”. O que acontece de fato é que o cérebro registra neurologicamente, um mapa da sensação que a pessoa tem do corpo dela. Este mapa serve então como referência toda vez que a pessoa pensa no corpo e as relações dele com outros corpos, tamanho de roupa, peso, julgamento e o convívio com os familiares e a sociedade.

Uma queixa muito comum de quem sofre com transtornos alimentares é que elas estão cansadas de sentir o corpo grande e que ninguém as entende. Mas, por meio de terapia especializada, é possível ajudar a pessoa a voltar a reconhecer o corpo como ele realmente é, e isto refletirá na forma com que ela se relaciona com o próprio corpo.

Reconectar o corpo com a mente, a partir do mecanismo neurológico apropriado e específico, é capaz de reconstruir o mapa do tamanho e forma do corpo de maneira precisa e real. É natural existir receio e medo de olhar para o corpo de uma forma “nova”, mas é só olhando para ele que a transformação poderá ocorrer.

DISTÚRBIOS ALIMENTARES

Distúrbios alimentares podem ser originados de hábitos alimentares que causam danos à saúde como a redução extrema ou consumo em excesso de alimentos.

Os distúrbios alimentares são comuns na adolescência e no começo da adulta. Eles estão relacionados a uma série de consequências psicológicas, como ansiedade e pressões sociais para o chamado ‘corpo perfeito’.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Americana de Psiquiatria, um por cento da população mundial – cerca de 70 milhões de pessoas – sofrem com transtornos alimentares. Embora esses distúrbios sejam mais frequentes com pessoas do sexo feminino, com faixa etária entre 12 e 25 anos, no Reino Unido, um estudo feito pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS – sigla em inglês) mostrou um aumento de 67% em homens entre 26 e 40 anos. Os especialistas que realizaram o estudo concluíram que uma parte considerável desses transtornos alimentares está ligada às redes sociais.

Fatores de risco: ○ Culto excessivo ao corpo ○ Maus hábitos alimentares ○ Distorção da imagem corporal

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○ Autoestima baixa ○ Sentimento de culpa ○ Questões hormonais ○ Distúrbios emocionais

Tudo isso está ligado às seguintes condições: saúde psicológica, sociocultural, biológica e genética. ANOREXIA NERVOSA

O que é? Anorexia nervosa, muitas vezes referida simplesmente como anorexia, é um distúrbio

alimentar caracterizado por peso abaixo do normal, receio de ganhar peso, uma vontade intensa de ser magro e restrições alimentares. Muitas pessoas com anorexia vêm-se a si próprias com sobrepeso, apesar de na realidade apresentarem baixo peso.Ao serem confrontadas, geralmente negam existir um problema de baixo peso.Em muitos casos pesam-se frequentemente, ingerem apenas pequenas quantidades de alimentos e comem apenas determinados alimentos. Algumas realizam exercício de forma excessiva, forçam o vômito ou ingerem laxantes para perder peso. Entre as complicações da doença estão, entre outras, osteoporose, infertilidade e problemas cardíacos. As mulheres muitas vezes deixam de ter períodos menstruais.

Sintomas ● Peso corporal menor que nível normal para idade, altura e sexo (IMC menor a 18). ● Prática excessiva de atividades físicas, mesmo tendo um peso abaixo do normal. ● Em mulheres após a puberdade, ausência de ao menos três ou mais menstruações.

A anorexia nervosa pode causar sérios danos ao sistema reprodutor feminino. ● Diminuição ou ausência da libido; nos rapazes poderá ocorrer disfunção erétil e

dificuldade em atingir a maturação sexual completa, tanto a nível físico como emocional.

● Crescimento retardado ou até interrupção do mesmo, com a resultante má formação do esqueleto (pernas e braços curtos em relação ao tronco).

Outros possíveis sintomas incluem: ● Se provoca vômitos poder sofrer com descalcificação dos dentes e cárie dentária. ● A baixa auto-estima está associada a Depressão profunda e tendências suicidas. ● Obstipação grave. ● Bulimia que pode desenvolver-se posteriormente em pessoas anoréxicas.

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Causas No caso dos jovens adolescentes de ambos os sexos, poderá estar ligada a problemas

de autoimagem, dismorfia, dificuldade em ser aceito pelo grupo, ou em lidar com a sexualidade genital emergente, especialmente se houver um quadro neurótico (particularmente do tipo obsessivo-compulsivo) ou história de abuso sexual ou de bullying.

Tem sido enfatizada, em debates populares, a importância da mídia para o desenvolvimento de desordens como anorexia e bulimia, por alegadamente promover ela uma identificação da beleza com padrões físicos de magreza acentuada. Qualquer papel a ser exercido pela cultura de massa na promoção dessas desordens, no entanto, está ainda para ser demonstrado. Na busca da etiologia de perturbações da saúde mental, inclusive da anorexia nervosa, comumente são procuradas causas de ordem intrapsíquico, ambiental e genético.

Até agora, os seguintes fatos têm emergido na busca das causas desse transtorno: Causas genéticas: ● Estudos sobre desenvolvimento de transtornos alimentares envolvendo irmãs

gêmeas têm sugerido um fundo genético para o desenvolvimento da anorexia. ● Pais e mães de pacientes diagnosticadas com essa desordem possuem,

relativamente a grupos de comparação da população não seleta, níveis mais elevados de perfeccionismo e preocupação com a forma física.

Características sociopsíquicas de anoréxicas: ● Independentemente do subtipo de anorexia desenvolvida, restritiva ou purgativa,

anoréxicas possuem, relativamente a pessoas saudáveis de sua idade e sexo, uma incidência maior de transtornos da ansiedade (especialmente o transtorno obsessivo-compulsivo) e do humor.

● Níveis exageradamente elevados de perfeccionismo (busca por padrões de conquista e realizações notavelmente altos, necessidade de controle, intolerância a "falhas" ou "imperfeições") são comuns, e mesmo centrais, no desenvolvimento da anorexia. A presença dessa busca por padrões de perfeição transcende o desenvolvimento da doença, sendo anterior a ela e permanecendo em pacientes que já foram curadas da doença. Alguns estudos sugerem que, apesar de uma inteligência média na faixa regular, anoréxicas possuem níveis mais altos de performance escolar e envolvimento acadêmico, o que sugere que o perfeccionismo nelas presente não se limita a temas relacionados apenas com comida e forma corporal.

● Outros traços obsessivos-compulsivos, além do perfeccionismo, são notados na infância de anoréxicas, principalmente inflexibilidade, forte adesão a regras estabelecidas, observação dos padrões mantidos por autoridades, etc.

● Incidência de abuso físico ou sexual é mais elevada em grupos de anoréxicos; em um estudo efetivado na América do Norte, a presença de um histórico de abuso sexual na infância apresentou uma forte associação com o desenvolvimento de transtornos alimentares em grupos de homens homossexuais.

Prevenção Em alguns casos, a prevenção da anorexia pode não ser possível. Encorajar atitudes

saudáveis e realistas em relação ao peso e à dieta podem ajudar. Algumas vezes, a psicoterapia também pode ser útil.

● Cultive sempre a ideia de um corpo saudável com seu filho ou filha, independentemente da silhueta ou do peso

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● Converse com o pediatra de seu filho ou filha. Eles podem notar desde cedo algumas indicações de distúrbios alimentares e as melhores maneiras de evitar que eles se desenvolvam

● Converse com um médico também se souber de algum parente da família que já teve ou tem algum tipo de distúrbio alimentar. A pessoa pode ajudar a aprender desde cedo a lidar com a questão e a impedir que o problema evolua também.

Tratamento Deve-se ter duas vertentes, a não farmacológica e a farmacológica. A Assistência de

uma equipe multidisciplinar com psicólogo, nutricionista, psiquiatra, etc, faz parte das indicações de tratamentos para a anorexia nervosa.

O maior desafio no tratamento da anorexia é fazer a pessoa reconhecer que tem uma doença. A maioria das pessoas com anorexia nega que tem um distúrbio alimentar. Em geral, as pessoas somente começam um tratamento quando a doença já atingiu seu estado grave.

Geralmente, uma pessoa com anorexia precisa de vários tipos de tratamento. Os objetivos do tratamento para a anorexia são recuperar o peso corporal e os hábitos alimentares normais. Um ganho de peso de 0,5 a 1,4 kg por semana é considerado um objetivo seguro pelos médicos.

Em geral, o tratamento para a anorexia é bastante difícil e exige trabalho árduo dos pacientes e suas famílias. Muitas terapias podem ser tentadas até o paciente superar o distúrbio. É preciso muita paciência e persistência, pois os pacientes podem desistir dos programas se tiverem esperanças não realistas de serem "curados" somente com terapia.

Grupos de apoio também podem fazer parte do tratamento da anorexia. Neles, pacientes e familiares se encontram e compartilham suas experiências pelo que passam.

BULIMIA NERVOSA

O que é? Bulimia é um distúrbio que se caracteriza por episódios recorrentes e incontroláveis

de consumo de grandes quantidades de alimentos, geralmente com alto teor calórico, seguidos de reações inadequadas para evitar o ganho de peso, tais como indução de vômitos, uso de laxativos e diuréticos, jejum prolongado e prática exaustiva de atividade física.

Nos portadores de bulimia, não é a magreza que chama a atenção. Em geral, são mulheres jovens de corpo escultural, que cuidam dele de forma obsessiva. Seguem dietas rigorosas. De repente, perdem o controle e ingerem uma quantidade absurda de alimentos, na

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maior parte das vezes, às escondidas. Depois, são tomadas por sentimentos de remorso ou culpa.

Os recursos de que se valem para não engordar provocam complicações no organismo. Por exemplo: destruição do esmalte dos dentes, inflamação na garganta, sangramentos, problemas gastrintestinais, arritmias cardíacas, desidratação etc.

Sintomas: ● Ingestão exagerada de alimentos em curtos períodos de tempo sem o aumento

correspondente do peso corporal; ● Vômitos autoinduzidos por inversão dos movimentos peristálticos ou colocando o

dedo na garganta; ● Uso indiscriminado de laxantes e diuréticos; ● Dietas severas intermediadas por repentinas perdas de controle que levam à ingestão

compulsiva de alimentos; ● Distúrbios depressivos, de ansiedade, comportamento obsessivo-compulsivo,

automutilação; ● Flutuação de peso corpóreo; ● Distorção da autoimagem e baixa autoestima.

Causas São as mesmas da anorexia. Entre elas destacam-se predisposição genética, a pressão

social e familiar e a valorização do corpo magro como ideal máximo de beleza.

Prevenção Infelizmente, não se conhecem métodos eficazes para prevenir patologias como a

bulimia e a anorexia. Certamente, o empenho da sociedade para mudar certos valores estéticos ligados ao culto do corpo e à magreza traria benefícios importantes para a saúde.

Tratamento O tratamento da bulimia nervosa exige acompanhamento de equipe multidisciplinar

composta por médicos, psicólogos, psiquiatras, nutricionistas. Medicamentos antidepressivos podem ser úteis, especialmente se ocorrerem distúrbios como depressão e ansiedade. Da mesma forma, a psicoterapia cognitivo-comportamental tem mostrado bons resultados a longo prazo, especialmente quando associada ao uso de antidepressivos e estabilizadores do humor.

VIGOREXIA

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O que é? Vigorexia, ou transtorno dismórfico muscular, um subtipo do transtorno dismórfico

corporal, é um distúrbio já classificado como uma das manifestações do espectro do transtorno obsessivo-compulsivo. Em certos aspectos, vigorexia e anorexia nervosa são desordens semelhantes, na medida em que interferem na visão desvirtuada que os portadores têm do próprio corpo. Diante do espelho, anoréxicos esquálidos e desnutridos se enxergam obesos, e os vigoréxicos se veem fracos, magrinhos, franzinos, apesar de fortes e muito musculosos.

A autoimagem distorcida leva os portadores de vigorexia à prática exagerada de exercícios físicos, em busca do corpo perfeito de acordo com os padrões de beleza impostos pelos valores da sociedade contemporânea.

Essa insatisfação constante com o próprio corpo, com a massa e força musculares faz com que incorporem novos hábitos e comportamentos à sua rotina de vida. Vigoréxicos passam horas e horas nas academias, sempre aumentando a carga dos exercícios. Paralelamente, introduzem alterações na dieta constituída basicamente por proteínas, passam a consumir suplementos alimentares sem orientação e recorrem ao uso de esteroides e anabolizantes.

Como o corpo que consideram perfeito é um ideal inatingível, em razão dos sentimentos de inferioridade e da visão deformada da própria aparência, essas pessoas estão mais sujeitas a desenvolver quadros de depressão e ansiedade.

Também chamada de “overtraining”, ou síndrome de Adônis, em referência ao deus grego da beleza, a vigorexia acomete mais os homens entre 18 e 35 anos. Isso não quer dizer que as mulheres não desenvolvam esse tipo de transtorno.

Sintomas ● insatisfação com o próprio corpo; ● imagem negativa e distorcida do próprio corpo ● ansiedade; ● baixa autoestima; ● insônia; ● depressão; ● irritabilidade e cansaço; ● dores e lesões musculares; ● ritmo cardíaco alterado mesmo em repouso, ● tremores, queda no desempenho sexual,

A pessoa se afasta dos parentes, amigos e colegas de escola ou de trabalho. Sua atenção está toda voltada para a prática de exercícios. Na verdade, ela não se interessa por nenhuma atividade ou relacionamento que possam interferir em seu propósito de treinar duro durante todo o tempo.

Causas A causa é individual, assim, o que motiva uma pessoa a ter um transtorno pode ser

diferente do que motiva a outra. Porém, não podemos deixar de mencionar o papel das mídias e dos influenciadores digitais nessa questão, que acabam sendo referências de corpos perfeitos, muitas vezes, inatingíveis.

Pode estar relacionada, ainda, a um distúrbio genético ou desequilíbrio químico no cérebro. Assim, como também, ao fato de a pessoa, por algum motivo, ao longo de sua

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história de vida, ter aprendido que sua aparência física tinha grande importância para que ela fosse valorizada.

Prevenção A melhor e mais eficaz forma de se prevenir contra a vigorexia é a informação

correta. Acompanhamento especializado e adequado na hora do exercício físico é muito importante para que o problema seja evitado.

É preciso esclarecer que nem todos os fisiculturistas ou as pessoas com músculos muito proeminentes são vigoréxicos. Pelo contrário, é possível alcançar um corpo extremamente definido sem fazer uso de substâncias prejudiciais e treinando com frequência saudável.

Portanto, é preciso ficar atento aos sinais e buscar ajuda profissional se observar o vício em si mesmo ou em alguma pessoa conhecida.

Tratamento O tratamento é multidisciplinar, envolve médico, psicoterapeuta, nutricionista,

preparador físico, professores de educação física. A pessoa não precisa abandonar totalmente a prática de exercícios, mas o treinamento deve ser orientado por profissionais com experiência na área.

A terapia cognitivo-comportamental é um recurso eficaz para o paciente identificar as distorções do comportamento e restaurar a autoimagem e a autoconfiança.

Outra medida essencial é convencê-lo de que deve abandonar o uso de anabolizantes e de outras substâncias equivalentes, porque provocam efeitos adversos, como atrofia dos testículos, disfunção erétil e infertilidade, patologias que podem ser irreversíveis.

Em alguns casos, pode ser necessário recorrer ao uso de medicamentos (inibidores seletivos de recaptação de serotonina) para controle da ansiedade, depressão e dos sintomas obsessivo-compulsivos.

Portadores de vigorexia raramente admitem sua condição. Por isso, o diagnóstico e o início do tratamento costumam ser instituídos tardiamente.

COMPULSÃO ALIMENTAR

O que é? A compulsão alimentar é considerada um distúrbio alimentar caracterizado pela

ingestão exagerada de alimentos. Essa ingestão ocorre mesmo sem a presença de fome ou necessidade física do alimento. Em geral, a pessoa compulsiva perde o controle sobre o que está ingerindo e em qual quantidade. Dessa forma, come alimentos em grandes quantidades em um curto espaço de tempo.

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Um indivíduo que apresenta episódios de compulsão alimentar, na grande maioria das vezes, ingere alimentos calóricos independentemente da sensação de fome.

Sintomas ● A pessoa come mais rápido do que o normal; ● Passa a comer quando não está com fome; ● Continua comendo mesmo quando já está saciado e após ter ingerido

quantidades maiores que o necessário; ● Come sozinha ou escondida das outras pessoas; ● Fica mais introvertida; ● Pode apresentar problemas afetivos e vício em jogos de azar e bingos; ● Sente-se triste ou culpada por comer demais.

Pessoas com compulsão alimentar podem fazer comentários como: ● “Eu não consigo me controlar. Eu vou abrir a geladeira e comer não importa

a hora do dia, mesmo que eu tenha acabado de tomar café da manhã, almoçado ou jantado”

● “Sei que meus familiares vão sair, por isso, vou inventar uma desculpa para ficar em casa e comer”

● “Estou com vergonha de mim mesmo por fazer isso, sei que é errado enquanto estou comendo, mas eu continuo. A comida está controlando minha vida”

● “Eu como adequadamente diante dos outros, mas chego em casa e como muito quando ninguém está vendo”

● “Vou sempre para a geladeira em busca de algo”. Causas ● Dieta realizada de forma errada: após dietas muito rígidas há o risco da

pessoa desenvolver a compulsão alimentar. Muitos especialistas afirmam que estas dietas deixam as pessoas deprimidas e privadas de diversos alimentos e que isso aumenta o desejo por comidas que elas não poderiam comer. Além disso, estudos apontam que as dietas muito rígidas levam ao impulso por comer, sentimento de desânimo e incapacidade de parar de comer quando saciado

● Comer por conforto emocional: Estudos apontam que pessoas que comem de forma compulsiva normalmente tem as mudanças emocionais como gatilho

● Estresse: A compulsão alimentar pode ser uma maneira da pessoa lidar com o estresse

● Problemas com a imagem corporal: Pessoas com compulsão alimentar normalmente não gostam de sua aparência. Elas constantemente acham que deveriam comer menos, mesmo que não consigam fazer algo a respeito disso. A consequência da pessoa se sentir constantemente gorda e com medo de ganhar mais peso são constantes tentativas de compensar com dietas malucas, passando fome, tomando medicamentos para emagrecer, entre outros e isso pode levar a problemas ainda piores

● Problemas emocionais mais graves: Casos de compulsão alimentar associados a outras práticas como vomitar após comer ou ingerir laxantes

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podem estar ligados a traumas no passado como abuso sexual, negligência, entre outros.

Prevenção É possível prevenir a compulsão alimentar por meio de algumas estratégias simples.

● Manter um horário fixo para realizar as refeições; ● Alimentar-se a cada três horas, evitando intervalos longos sem alimento; ● Mastigue mais vezes e mais lentamente; ● Manter uma dieta equilibrada aliada a condições saudáveis de sono e

exercícios físicos. Ao realizar as refeições em um horário rotineiro, o indivíduo consegue comer a

quantidade apropriada para aquela refeição. O hábito de se alimentar a cada 3h permite que a pessoa não chegue faminta à próxima refeição. Evita assim exagerar nas quantidades e também comer de forma acelerada. Quando estamos com muita fome, o primeiro impulso é comer tudo o que vem pela frente e repetir em seguida. Entretanto, nosso cérebro leva cerca de 20 minutos, a partir da primeira garfada, para registrar que o estômago está cheio.

Para manter a dieta equilibrada procure incluir nas refeições alimentos que aumentam a sensação de saciedade:

● Folhas verdes, como o alface, rúcula e agrião ● Abobrinha e berinjela; ● Frutas como a laranja, o mamão e a banana.

Tratamento Assim como os demais distúrbios alimentares, nos quadros de compulsão alimentar o

tratamento deve ser multidisciplinar. O indivíduo deve receber acompanhamento médico, psicológico, nutricional e em muitos casos medicamentoso. O psiquiatra deve orientar e ser o responsável por prescrever o remédio para o controle de ansiedade, por exemplo.

É importante ressaltar que o trabalhamento não deve se resumir ao uso de medicação. É importante que o paciente trabalhe sua mente, buscando ampliar a consciência que tem sobre si. Psicólogo e paciente devem trabalhar para compreender os gatilhos da ansiedade e estabelecer estratégias de controle.

Recomenda-se também a prática de exercícios físicos e atividades relacionadas à atenção, como a meditação e yoga. Além de manterem o corpo saudável, também ajudam na produção de endorfina e no controle da ansiedade. ORTOREXIA

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O que é? Ortorexia é um distúrbio alimentar caracterizado pela obsessão em comer saudável. O

termo deriva do grego e significa “apetite correto”. A pessoa com ortorexia apresenta uma obsessão em comer apenas alimentos muito

saudáveis. Como consequência disso, a pessoa se preocupa muito com os rótulos dos alimentos em busca de componentes de alto valor nutricional, muitas vezes não se preocupando tanto com a variedade alimentar. Com isso, a pessoa perde peso de forma rápida e acaba tendo uma dieta restrita.

Uma alimentação saudável deve ser adotada por todos para melhorar a qualidade de vida e evitar doenças crônicas, como diabetes, hipertensão etc. Porém, como todo exagero, a ortorexia é prejudicial para o indivíduo.

É diferente da anorexia e da bulimia, em que há uma visão distorcida do próprio corpo e a preocupação com o peso. Na ortorexia há uma preocupação constante com a origem, a qualidade e o modo de preparo dos alimentos. A imagem do indivíduo não é um problema.

Sintomas ● A pessoa lê os rótulos de todos os alimentos em detalhes; ● exclui da sua alimentação sal, açúcar e gorduras (mesmo as saudáveis); ● elimina, com o passar do tempo, cada vez mais grupos alimentares (carnes,

carboidratos com glúten etc.); ● come apenas alimentos orgânicos que não sejam transgênicos e livres de corantes e

conservantes; ● preocupa-se excessivamente com o modo de preparo dos alimentos, utensílios usados

etc.; ● gasta muitas horas todos os dias para planejar e preparar suas refeições; ● passa a comer apenas alimentos preparados por ele mesmo; ● sente culpa ou angústia por ter consumido um alimento fora de casa e que, portanto,

não segue os seus padrões de pureza.

Causas A principal causa da ortorexia é a busca por um corpo perfeito e pelos padrões de

beleza impostos pela sociedade. Além disso, a pessoa acredita que através dessa dieta terá saúde e irá prevenir doenças.

● Excesso de informação: Isso engorda. Isso é uma “bomba” de açúcar. Isso é muito calórico para comer a essa hora da noite. Com certeza você já ouviu alguma dessas frases, certo? Pois é, vivemos na era da informação! Hoje, se aprofundar na composição dos alimentos é algo acessível a maior parte das pessoas. Existem milhares de livros, sites, blogs, canais do Youtube e contas do Instagram que se dedicam a isso. É importante discernir o que tem fundo científico do que é modismo. Se informar é bom! Mas a preocupação exagerada dá origem à culpa e a um comer transtornado. Os alimentos não são só nutrientes. Também são fontes de prazer!

● Redes sociais: Hoje em dia, grande parte das pessoas não passam um dia sequer – ou nem mesmo algumas horas – longe do Instagram e do Facebook. Isso significa que temos livre acesso à vida das celebridades que admiramos: sabemos o que comem, que tipo de dieta seguem, alimentos que evitam e tipo de exercícios que fazem para manter a saúde e o corpo “sarado”. Gastar tempo e energia se comparando e tentando acompanhar estilos de vida que não são

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compatíveis com a sua realidade podem gerar uma ansiedade enorme em torno da comida, aumentando a preocupação e a obsessão pelo “comer limpo”.

Prevenção A melhor maneira de se prevenir desse distúrbio é ter a consciência dos nutrientes

necessários para uma dieta balanceada. Uma dieta balanceada pode ser rica em alimentos saudáveis, mas necessita de outras proteínas e nutrientes que às vezes são encontrados em produtos considerados “não saudáveis”.

A prática de exercícios físicos e o acompanhamento psicológico também são atitudes que podem evitar o acometimento por esse tipo de distúrbio. A regra é: você pode comer de tudo, desde que com moderação.

Tratamento Um dos entraves ao tratamento da ortorexia é o fato de muitas pessoas não aceitarem

o diagnóstico e, por isso, recusarem o auxílio médico ou a intervenção. Assim, é essencial que parentes e amigos estejam atentos a comportamentos radicais com relação à alimentação saudável. A melhor, e principal maneira para iniciar um tratamento de Ortorexia nervosa é reconhecer o problema. O paciente precisa reconhecer que anda fraco e obcecado por alimentação saudável para se tratar.

Devido à complexidade desse transtorno, é necessária uma equipe multidisciplinar formada por médico, nutricionista e psicólogo para auxiliar os ortoréxicos. O psicólogo ajuda a identificar os fatores que agiram como gatilho dessa doença e como o indivíduo pode controlá-los.

SÍNDROME DE GOURMET

O que é? A Síndrome de Gourmet é um transtorno alimentar raro, em que a sua principal

característica é a preocupação exagerada com a preparação do alimento, desde a compra da comida até a forma como ela vai ser servida no prato. É uma síndrome extremamente rara, possuindo apenas 34 casos relatados em todo o mundo, portanto não há muitos estudos acerca do distúrbio.

As pessoas que sofrem com esse distúrbio alimentar, o procedimento de preparação da comida é tão importante quanto o seu consumo. Elas preocupam-se tanto com a compra dos alimentos, quanto a apresentação do prato e como vão consumir o prato, que normalmente é especial e exótico.

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Sintomas ● Obsessão com a qualidade dos alimentos comprados. ● Consumir frequentemente pratos especiais e exóticos. ● Servir sempre pratos muito bem decorados. ● Passar bastante tempo na cozinha. ● Ter um cuidado exagerado na preparação dos alimentos.

Causas Os estudos existentes sobre a Síndrome de Gourmet mostram que lesões ou alterações

no hemisfério direito do cérebro podem causar Síndrome de Gourmet. E uma das principais causas do transtorno é a obesidade, já que a pessoa acaba se preocupando em excesso com o procedimento da alimentação e acaba consumindo mais do que realmente necessita.

Prevenção Para prevenir e tratar a obesidade, a principal recomendação é o controle do consumo

de calorias, que deve ser calculado segundo a alimentação habitual da pessoa e a quantidade de peso que ela pretende perder. A dieta deve ser preferencialmente, rica em verduras, legumes, frutas, água e fibras, de acordo com a orientação da nutricionista. Conjuntamente à uma boa alimentação está a prática frequente de atividade física. Quando isso não for possível há várias opções de medicamentos para auxiliar na redução do apetite e da compulsão alimentar, como o Orlistat e a Sibutramina, e por último, a cirurgia bariátrica, que reduz a área de absorção alimentos pelo trato gastrointestinal.

Tratamento O tratamento para a Síndrome de Gourmet é feito principalmente com a psicoterapia,

e quando o transtorno leva a obesidade, também é preciso o acompanhamento de um nutricionista.

SÍNDROME DO COMER NOTURNO

O que é? Com o acompanhamento do cotidiano das pessoas e sua alimentação, surgiu a

Síndrome do Comer Noturno (SCN), definida como um atraso no padrão alimentar, o portador da síndrome não sente fome pela manhã e durante a noite o seu apetite aumenta. Isso acontece por causa das alterações neuroendócrinas, tais como a instabilidade na secreção dos hormônios.Se caracteriza por 3 pontos principais:

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1. Anorexia matutina: o indivíduo evita alimentar-se durante o dia, especialmente no período da manhã;

2. Hiperfagia vespertina e noturna: após a ausência de refeições durante o dia, ocorre um consumo exagerado de alimentos especialmente a partir das 18h;

3. Insônia: que leva a pessoa a comer durante a noite.

Sintomas ● Ausência do apetite matinal ● Ingestão >50% de energia após as 19h ● Despertar para comer ao menos uma vez por noite nos últimos três meses, consciente

da situação ● Consumo de lanches de alto valor energético nos despertares noturnos; ● Ausência de critérios para bulimia nervosa ou binge eating disorder (transtorno da

compulsão alimentar periódica) ● Insônia de 4 a 5 vezes por semana ● Humor deprimido com piora durante o período da noite ● Desejo de comer entre o jantar e o início do sono

Causas Esta síndrome pode ser desencadeada por motivos de estresse, por indivíduos que

buscam a redução de peso, humor negativo e ansiedade. Há também evidências de uma conexão genética, entretanto, não se conhece de fato o motivo da SCN.

Prevenção Uma boa dica de como controlar o transtorno alimentar noturno é trocar a vontade de

comer por coisas que dêem prazer. Um bom banho, uma saída e até exercícios físicos podem ajudar. Entretanto, se a crise bater e for difícil resistir, faça da geladeira sua aliada.

A dica é consumir alimentos balanceados como em todas as refeições diárias. O ideal é que todos os nutrientes como carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais sejam equilibrados de acordo com as necessidades da pessoa.

Como o metabolismo fica mais lento à noite, é preferível consumir frutas, carboidratos integrais (pão integral, arroz integral, cereais integrais), proteína magra (peite de frango e peixes de carne branca), iogurte natural desnatado, legumes, verduras e água de coco. As frutas mais indicadas são maçã, mamão, pêra, abacaxi, uva e morango. A refeição deve ter uma boa variedade de legumes e verduras, no mínimo de quatro cores diferentes. Alimentos gordurosos, pão francês, arroz branco, biscoitos, fritura e o consumo de doces em excesso devem ficar fora do cardápio noturno.

Uma má alimentação também interfere na qualidade do sono. Bebidas alcoólicas e alimentos que contém cafeína, como chá preto, mate e chocolate, são estimulantes e podem atrapalhar o sono. Quanto ao horário, especialistas recomendam que, se a pessoa for jantar, espere três horas antes de ir para a cama. Se fizer um lanche leve, por exemplo, não há problema em ir dormir logo em seguida.

Tratamento

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O tratamento da Síndrome do Comer Noturno é feito com acompanhamento psicoterápico e uso de medicamentos de acordo com a prescrição médica, que pode incluir remédios como antidepressivos e reguladores de sono. Além disso, também é necessário ter um acompanhamento com o nutricionista e praticar atividade física, pois o exercício regular é a melhor maneira natural de melhorar a produção de hormônios do bem estar e que controlam a fome e o sono. DRUNKOREXIA OU ANOREXIA ALCOÓLICA

O que é? Trata-se de um distúrbio alimentar que mistura anorexia e problemas de alcoolismo.

Em português, convencionou-se chamar de alcoorexia, mas o termo em inglês, que mistura "drunk" (bêbado) e anorexia, ainda é mais popular.

A Anorexia Alcoólica, também conhecida como drunkorexia, é um distúrbio alimentar caracterizado pela ingestão de bebidas alcoólicas no lugar de alimentos para evitar a ingestão de calorias e emagrecer. Este distúrbio alimentar pode levar ao surgimento da anorexia comum ou da bulimia, com a diferença de que nesse caso a pessoa doente toma bebidas alcoólicas para diminuir a fome e para causar náusea e enjoo. Além disso, as bebidas alcoólicas como são um inibidor do Sistema Nervoso Central acabam suprimindo também a angústia por estar insatisfeito com a própria aparência, funcionando nestes caso como uma ‘válvula de escape’ para os sentimentos.

Aqueles que sofrem de drunkorexia costumam beber antes de comer para relaxar ou o fazem para baixar a ansiedade por ter "ousado" fazer uma refeição. Há casos em que a pessoa passa o dia sem comer para compensar a ingestão calórica das bebidas na noite anterior. Também existem aqueles que bebem antes das refeições para despistar a fome. O fato é que as bebidas alcoólicas funcionam como uma anestesia para as emoções ruins, principalmente em relação às frustrações com o próprio corpo. E normalmente as bebidas preferidas são os destilados (vinho, vodka, uísque, etc.), uma vez que a cerveja causa a famosa barriguinha.

Sintomas ● A pessoa olha no espelho e vê-se gorda ou reclama constantemente do seu peso;

● Recusa em comer por medo de engordar e medo constante em ganhar peso;

● Ter pouco ou nenhum apetite;

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● Pessoa tem muito baixa autoestima e facilmente faz piadas negativas sobre ela ou sobre o seu corpo;

● Come pouco ou nada e bebe muitas bebidas alcoólicas, estando muitas vezes bêbada;

● Apresenta dependência alcoólica;

● Está sempre de dieta ou conta as calorias dos alimentos que come;

● Toma remédios ou suplementos para emagrecer embora não precise, como diuréticos e laxantes;

● Faz regularmente atividade física sempre com a intensão apenas de perder peso, e não de ficar em forma ou de ganhar massa muscular, por exemplo.

Causas A sociedade ocidental tem imposto sobre as mulheres, principalmente, um padrão de

beleza em que só há espaço para as magras. Essa imposição tem se mostrado, cada vez mais, uma grande inimiga de muitas meninas.

O exagero na ingestão alcoólica está relacionado à questões emocionais mais profundas. Geralmente, essas pessoas abusam das bebidas para compensar uma ingestão “exagerada” de comida ou aliviar uma tristeza. O que se sabe é que a bebida serve como um compensador, ou seja, uma espécie de “anestesia” para os momentos que não conseguem lidar com a tristeza ou ansiedade.

O jejum e a busca pela sensação de embriaguez decorrentes do uso excessivo de álcool foram preditores significativos para o aparecimento da drunkorexia. De acordo com o estudo, as mulheres buscam a bebida para sentir-se mais seguras e os homens para o controle das suas emoções. As pessoas com transtornos alimentares bebem para amenizar a dor e angústia que sentem por restringirem a sua alimentação enquanto outros acreditam que a bebida não engorda ou que ajuda a controlar a fome. Também são fatores de risco que acabam levando ao aparecimento da Anorexia Alcoólica:

1. Tipo de trabalho: trabalhos estressantes ou nos quais o corpo é muito importante, como acontece nas carreiras de modelo;

2. Depressão e ansiedade: pois causam tristeza profunda, medos e inseguranças constantes que podem levar ao surgimento de distúrbios alimentares;

3. Pressão da família e de amigos para perder peso.

Estas são algumas das principais causas responsáveis pelo surgimento da maioria dos distúrbios alimentares, podendo no entanto existir outros, pois as verdadeiras causas podem variar de pessoa para pessoa.

Prevenção Encorajar atitudes saudáveis e realistas em relação ao peso e à dieta podem ajudar.

Tratamento Quem sofre com este tipo de síndromes alimentares têm tendência para tentar

esconder o problema e por isso nem sempre é fácil identificar os sinais de alerta logo no início. Aceitar o tratamento é o primeiro passo para o seu êxito.

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Para o tratamento da drunkorexia é preciso uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, psicólogo, psiquiatra, e nutricionista, para acabar com a dependência nas bebidas alcoólicas e para melhorar o comportamento em relação à alimentação e à aceitação do corpo. Além disso, é também muitas vezes necessário fazer um tratamento da depressão e ansiedade, que podem também estar presentes.

Em alguns casos, pode também ser necessária a ingestão de suplementos alimentares para suprir a carência de nutrientes do corpo.

Durante esta etapa, o apoio de familiares e amigos é muito importante, pois o tratamento desta doença pode durar meses ou anos, sendo muitas vezes recomendada a integração em grupos de apoio como os Alcoólicos Anônimos por exemplo.