distinção conceitual - educação permanente e educação

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  • DISTINO CONCEITUAL: EDUCAO PERMANENTE E EDUCAO CONTINUADA NO PROCESSO DE TRALALHO EM SADE1

    MASSAROLI, Aline2

    SAUPE, Rosita3

    Introduo: apesar de historicamente estar permeando os programas voltados

    para a rea da sade, a Educao Permanente s recentemente alou o

    status de poltica pblica. Esta nova perspectiva vem gerando um movimento

    inovador de construo de conhecimento visando apoiar sua implementao e

    consolidao. Um aspecto que chama a ateno, nos documentos legais, a

    nfase em se estabelecer diferenciao entre Educao Permanente e

    Educao Continuada. Percebe-se que a educao na rea da sade vem

    passando por muitas mudanas em suas concepes e conceitos,

    paralelamente evoluo que vem ocorrendo em todas as cincias, sofrendo

    influncia direta do momento scio-econmico-poltico do pas. Como etapa de

    um projeto que est pesquisando a temtica buscamos, na literatura, a

    compreenso da evoluo do conceito e as possveis diferenciaes

    abordadas pelos estudiosos. Objetivo: evidenciar as possveis aproximaes e

    distanciamentos entre as expresses Educao Continuada e Educao

    Permanente em sade. Metodologia: reviso de literatura, utilizando a

    metodologia da anlise documental. Foram consultados livros, artigos,

    dissertaes e bases de dados. Resultados: a Educao Continuada surgiu

    com o intuito de atualizar os profissionais de sade, para que estes pudessem

    exercer suas funes com melhor desempenho. Em 1978, a Organizao Pan-

    Americana da Sade (OPS) conceitua a Educao Continuada como um

    processo permanente que se inicia aps a formao bsica e tem como intuito

    atualizar e melhorar a capacidade de uma pessoa ou grupo, frente evoluo

    tcnico-cientfica e s necessidades sociais. Posteriormente, em 1982 a

    1Projeto de pesquisa submetido ao edital 49/2005, aprovado e financiado pelo CNPq conforme Processo

    402044/2005-3 e vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica - PIBIC

    2007/2008. 2

    Relatora. Discente do Curso de Graduao em Enfermagem da Universidade do Vale do Itaja. Bolsista

    do Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica - PIBIC 2007/2008. Rua: Bagd, n 1296, St

    Regina IV, Areias, Cambori - SC. CEP: 88340-000 [email protected]

    3 Enfermeira. Doutora. Docente do Curso de Graduao em Enfermagem e do Mestrado em Sade e

    Gesto do Trabalho da Universidade do Vale do Itaja.

  • Organizao Mundial da Sade (OMS) conceitua a Educao Continuada

    como um processo que inclui as experincias posteriores ao adestramento

    inicial, que ajudam o pessoal a aprender competncias importantes para o seu

    trabalho. A educao continuada tambm definida como algo que englobaria

    as atividades de ensino aps o curso de graduao com finalidades mais

    restritas de atualizao, aquisio de novas informaes, com atividades de

    durao definida e atravs de metodologias tradicionais. A literatura segue

    registrando uma variedade de expresses, sendo as mais freqentes:

    treinamento em servio, educao no trabalho, educao em servio,

    Educao Continuada, Educao Permanente, conceitos que foram se

    apresentando na rea da sade, mas mantendo significados semelhantes,

    sendo tratados como sinnimos, podendo ser atribudos tanto aos programas

    pontuais de capacitao inicial para o trabalho ou atualizao cientfica e

    tecnolgica, logo transitrios, como para servios includos nos organogramas

    oficiais das instituies de sade. Em 1980, por inspirao Freireana, aparece

    o conceito de competncia processual, incluindo tanto as experincias de nvel

    individual quanto coletiva. Esta abordagem contribui para a ampliao do

    conceito de Educao Permanente, orientada para enriquecer a essncia

    humana e suas subjetividades, em qualquer etapa da existncia de todos os

    seres humanos e no somente de trabalhadores. Esta parece ser a tica atual

    do Ministrio da Sade, pois a escolha da terminologia Educao Permanente

    dada como justificativa para integrar as mltiplas abordagens pretendidas.

    Neste sentido abrigaria, alm da educao em servio, a compreenso no

    mbito da formao tcnica, de graduao e de ps-graduao; da

    organizao do trabalho; da interao com as redes de gesto e de servios de

    sade; e do controle social no setor. Em estudos recentes possvel observar

    a ampliao do conceito de Educao Permanente e uma nova nomenclatura

    na rea da sade, que passa a chamar este processo de educao em sade

    como Educao Permanente em Sade, justificando o uso desta terminologia

    pelo fato de que este processo passou a ser uma poltica pblica formulada

    para alcanar o desenvolvimento dos sistemas de sade, reconhecendo que s

    ser possvel encontrar trabalhadores que se ajustem as constantes mudanas

  • ocorridas nos complexos sistemas de sade por meio da aprendizagem

    significativa, que prev que o conhecimento deve ser construdo, considerando

    as novidades e o que j se tm como consolidado. proposta como uma nova

    forma de transformar os servios, trabalhando com todos os indivduos

    envolvidos com a sade, oferecendo subsdios para que consigam resolver

    seus problemas e estabeleam estratgias que amenizem as necessidades de

    sua comunidade. A Educao Permanente em Sade vem para aprimorar o

    mtodo educacional em sade, tendo o processo de trabalho como seu objeto

    de transformao, com o intuito de melhorar a qualidade dos servios, visando

    alcanar equidade no cuidado, tornando-os mais qualificados para o

    atendimento das necessidades da populao. Com este intuito, a Educao

    Permanente parte da reflexo sobre a realidade do servio e das necessidades

    existentes, para ento formular estratgias que ajudem a solucionar estes

    problemas. Ainda nesta perspectiva a Educao Permanente considerada

    como a educao no trabalho, pelo trabalho e para o trabalho nos diferentes

    servios cuja finalidade melhorar a sade da populao. Encontramos ainda

    literaturas que enfatizam que o que deve ser realmente prioritrio na Educao

    Permanente em Sade sua capacidade de se remodelar frente s

    incessveis mudanas ocorridas nas aes e nos servios de sade, tendo

    uma ntima ligao com a poltica de formao dos profissionais e dos servios.

    O Ministrio da Sade considera que no processo de Educao Permanente

    em Sade o aprender e ensinar devem se incorporar ao cotidiano das

    organizaes e ao trabalho, tendo como objetivos a transformao das prticas

    profissionais e da prpria organizao do trabalho, sendo estruturados a partir

    da problematizao do processo de trabalho, onde a atualizao tcnico-

    cientfica um dos aspectos da transformao das prticas, porm, no seu

    foco central. Desta forma, a Educao Permanente considerada como algo

    mais abrangente da educao enquanto formao integral e contnua do ser

    humano com um referencial terico-metodolgico problematizador. A Educao

    Permanente entendida como uma atualizao cotidiana das prticas,

    seguindo os novos aportes tericos, metodolgicos, cientficos e tecnolgicos

    disponveis, contribuindo para a construo de relaes e processos que

  • emergem do interior das equipes, com seus agentes e prticas organizacionais,

    e incluem as prticas interinstitucionais e/ou intersetoriais. Consideraes: os

    conceitos, tanto terico quanto metodolgico da Educao Permanente,

    enquanto poltica pblica, ainda no esto efetivamente compreendidos,

    demandando a necessidade de prosseguimento de estudos. Todavia, se a

    literatura trata este conceito como sinnimo de Educao Continuada, ou

    outras nomenclaturas, j possvel perceber que a proposta ministerial amplia

    seu significado, tanto pela incluso de todos os atores, quanto pela eleio de

    metodologias participativas que partem das experincias vividas,

    problematizando-as e gerando propostas que viabilizem solues.

    Palavras chave: Educao Permanente; Educao Continuada; Educao em

    Sade.

    Temtica: Formao e capacitao.

    Referncias Consultadas: CECCIM, R.B. Educao permanente: desafio ambicioso e necessrio. Interface-Comunic, Sade e Educ. v.9, n.18, p.161-177, set.2004/fev.2005. FERRAZ, F. Educao Permanente/Continuada no Trabalho: um direito e uma necessidade para o desenvolvimento pessoal, profissional e institucional, 2005. Dissertao (Mestrado em Enfermagem) Curso de Ps-Graduao em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis. 263 p. KURCGANT, P. (coord.). Administrao em enfermagem. So Paulo: EPU, 1991. OGUISSO, T. A educao continuada como fator de mudanas: viso mundial. Rev. Tcnica de Enfermagem Nursing. n.20, p. 22-25, jan./2000. RIBEIRO, E.C.O.; MOTTA, J.I.J. Educao permanente como estratgia na reorganizao dos servios de sade. Divulgao em Sade Para Debate, n.12, jul. 1996. p. 39-44.