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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE MESTRADO EM BIOCIÊNCIAS E SAÚDE GRACIELLE FIN ESTILOS INTERPESSOAIS, MOTIVAÇÃO, SATISFAÇÃO E EXERCÍCIO FÍSICO EM ADOLESCENTES, NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Dissertação de Mestrado Joaçaba 2015

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE MESTRADO EM BIOCIÊNCIAS E SAÚDE

GRACIELLE FIN

ESTILOS INTERPESSOAIS, MOTIVAÇÃO, SATISFAÇÃO E

EXERCÍCIO FÍSICO EM ADOLESCENTES, NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

Dissertação de Mestrado

Joaçaba

2015

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GRACIELLE FIN

ESTILOS INTERPESSOAIS, MOTIVAÇÃO, SATISFAÇÃO E

EXERCÍCIO FÍSICO EM ADOLESCENTES, NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

“Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Biociências e Saúde, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Biociências e Saúde da Universidade do Oeste de Santa Catarina”

Orientador: Prof. Dr. Rudy José Nodari Júnior

Joaçaba

2015

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F491e Fin, Gracielle Estilos interpessoais, motivação, satisfação e exercício físico em adolescentes, nas aulas de educação física. / Gracielle Fin.UNOESC, 2015. 91 f.; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Oeste de Santa Catarina. Programa de Mestrado em Educação, Joaçaba,SC,2015. Bibliografia: f. 48 – 56. 1.Educação Física - Motivação. I.Título CDD- 372.86

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Alvarito Baratieri – CRB-14º/273

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GRACIELLE FIN

ESTILOS INTERPESSOAIS, MOTIVAÇÃO, SATISFAÇÃO E

EXERCÍCIO FÍSICO EM ADOLESCENTES, NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

Esta dissertação foi julgada e aprovada como requisito parcial para a obtenção do

grau de Mestre em Biociências e Saúde no Programa de Mestrado em Biociências e

Saúde da Universidade do Oeste de Santa Catarina

Joaçaba, 27 de novembro de 2015.

__________________________ Prof. Dr. Jovani Antonio Steffani

Coordenador do Programa

BANCA EXAMINADORA

__________________________ Prof. Dr. Rudy José Nodari Júnior

Orientador

___________________________ ________________________________ Prof. Dr. Jovani Antonio Steffani Prof. Dr. Juan Antonio Moreno Murcia Universidade do Oeste de Santa Catarina Universidad Miguel Hernández de Elche Examinador Interno Examinador Externo

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À minha família Aos meus professores

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“Não aprendemos de qualquer um,

aprendemos daquele a quem outorgamos

confiança e direito de ensinar”.

(A. Fernández, 1991)

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, minhas irmãs e minhas avós, que são minha fortaleza. Pela

educação e amor que recebi e aprendi a ter, sentir e transmitir. Agradeço por ter

nascido entre vocês, por saber que posso sempre contar com seu apoio, por terem

me ensinado o sentido de responsabilidade, trabalho e persistência para alcançar as

metas propostas na minha vida.

Ao meu companheiro Everton, por escolher trilhar o caminho sempre ao meu

lado, por seu carinho e atenção, por sua compreensão e apoio, pela força e por me

fazer acreditar. Por permitir que esta caminhada se tornasse mais tranquila. Sem

você não seria possível.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Rudy José Nodari Júnior, pela confiança

depositada ao longo de todo o processo de formação acadêmica. Por seus

direcionamentos nos últimos anos. Por abrir as portas do conhecimento (afinal, o

mundo é o quintal de sua casa). Por me fazer entender o valor de ser profissional

“de fato e de direito”. Por não medir esforços para viabilizar meu crescimento

profissional. Pelo apoio e amizade.

Ao Prof. Dr. Juan Antonio Moreno Murcia, pela confiança depositada no meu

trabalho. Por suas imprescindíveis orientações e direcionamento, por sua

acessibilidade e disponibilidade de tempo durante este período. Desejo expressar

meu sincero respeito e admiração por seu trabalho como pesquisador.

À Profa. Ma. Elisabeth Baretta, por também ter participado da minha formação

acadêmica desde a graduação. Por ter viabilizado e participado da coleta de dados

deste trabalho. Por acreditar no meu potencial desde sempre. Pelo exemplo de

competência e determinação profissional. Pela parceria, apoio e amizade.

A todos os excelentes professores que já tive no meu percurso acadêmico,

pelos conhecimentos, por me deixarem instigada a querer sempre mais, por me

guiarem no caminho até aqui.

À Universidade do Oeste de Santa Catarina e seus dirigentes, que incentivam a

qualificação profissional e colaboraram financeiramente com o meu curso de

Mestrado.

Agradeço às escolas, aos professores de educação física e aos estudantes,

que permitiram a coleta de seus dados.

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RESUMO

A diminuição do nível de atividade física e da prática das aulas de educação física entre os adolescentes têm sido observada consideravelmente por diversos estudos. O comportamento positivo ou negativo diante de prática de atividades físico-esportivas pode ser influenciado por fatores motivacionais. Assim, baseando-se na Teoria da Autodeterminação, o objetivo deste estudo foi identificar o perfil motivacional e relacioná-lo com o apoio docente à autonomia, as necessidades psicológicas básicas, a satisfação para a prática de atividades físicas, e o nível de atividade física, em uma amostra de 615 adolescentes brasileiros (327 meninas e 288 meninos), com idades entre 12 e 14 anos (M = 13.3, DT = 0.79). Foram realizadas análises descritivas, correlação entre as variáveis, clusters e análises multivariadas. Observou-se um grupo com perfil mais autodeterminado com pontuações mais elevadas de motivação intrínseca e regulação introjetada; e um grupo com perfil não autodeterminado com pontuações maiores de regulação externa e desmotivação. Os adolescentes com perfil mais autodeterminado são os que percebem maior apoio docente à autonomia; têm mais satisfeitas as necessidades psicológicas básicas de autonomia, competência e relação com os demais; sentem maior satisfação para a prática das aulas de educação física e praticam mais atividade física. Palavras-chave: Motivação. Autonomia. Atividade física. Educação Física. Adolescentes.

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ABSTRACT The aim of this study was to identify the motivational profile and relate it to teacher autonomy support, basic psychological needs, exercise enjoyment, and level of physical activity in a sample of 615 Brazilian adolescents (327 girls and 288 boys), aged between 12 and 14 years (M = 13.3, DT = .79). One group was identified as more self-determined with high intrinsic motivation and introjected regulation scores, while the other showed no self-determination, with high external regulation and demotivation. Self-determined adolescents perceive greater teacher support; exhibit better fulfillment of basic psychological needs for autonomy, competence and relatedness; show greater enjoyment in physical education classes and engage in more physical activity. Keywords: Motivation. Autonomy. Physical Activity. Physical Education. Adolescents.

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LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 – Contínuo da Autodeterminação 22

Figura 2 – Modelo Hierárquico de Motivação 26

Gráfico 1 – Análise de conglomerados hierárquicos com método Ward

na amostra 1 35

Gráfico 2 – Análise de conglomerados de K médias na amostra 2 36

Gráfico 3 – Análise de conglomerados hierárquicos com método Ward

na amostra total 36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores descritivos e correlações de todas as variáveis 34

Tabela 2 – Valores padronizados, médias e desvios padrões das variáveis

em cada cluster para a amostra 1, 2 e Total 37

Tabela 3 – Análise Multivariada 38

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

TAD Teoria da Autodeterminação 12

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 19

PIBID Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência 29

Unoesc Universidade do Oeste de Santa Catarina 29

e.g. Exemplo 29

PLOCQ Perceived Locus of Causality Questionnaire 29

LCQ Learning Climate Questionnaire 30

NPBEF Necessidades Psicológicas Básicas em Educação Física 30

BPNESp Basic Psychological Needs in Exercise Scale 30

PACES Physical Activity Enjoyment Scale 30

PAQ-C Physical Activity Questionnaire for Children 31

MI Motivação Intrínseca 37

RID Regulação Identificada 37

RIN Regulação Introjetada 37

RE Regulação Externa 37

DES Desmotivação 37

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12

2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 15

3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 16

3.1 ATIVIDADE FÍSICA ORIENTADA NA ADOLESCÊNCIA .................................. 16

3.2 MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA ............................... 18

3.3 TEORIA DA AUTODETERMINAÇÃO (TAD) .................................................... 21

3.4 MODELO HIERÁRQUICO DA MOTIVAÇÃO .................................................... 26

4 MÉTODO .......................................................................................................... 29

4.1 PARTICIPANTES ............................................................................................. 29

4.2 MEDIDAS ......................................................................................................... 29

4.3 PROCEDIMENTOS .......................................................................................... 31

4.4 ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................... 32

5 RESULTADOS ................................................................................................. 33

5.1 PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA LCQ................................................. 33

5.2 ANÁLISE DESCRITIVA E DE CORRELAÇÃO ................................................. 34

5.3 ANÁLISE DE CLUSTER ................................................................................... 35

5.4 ANÁLISE DIFERENCIAL .................................................................................. 38

6 DISCUSSÃO..................................................................................................... 39

7 CONCLUSÕES ................................................................................................. 44

8 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA INTERDISCIPLINARIDAD E ................ 46

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 48

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1 INTRODUÇÃO

A prática de atividade física e sua relação com a saúde e promoção da

qualidade de vida têm sido comprovada cientificamente ao longo das décadas.1,2 Na

infância e adolescência, os aspectos relacionados aos níveis de atividade física são

especialmente investigados, uma vez que neste período se estabelece uma

considerável relação entre os comportamentos adquiridos e as ações resultantes na

adultez.3

Neste aspecto, o esperado seria que houvesse um crescimento paulatino nos

níveis de atividade física da população, contudo o que se observa é um declínio na

adesão a estas atividades desde a adolescência, com índices que apresentam

elevadas taxas de inatividade física entre os jovens em diversas regiões do Brasil.4,5

A identificação das barreiras que impedem a adoção de hábitos efetivos de

prática físico-esportiva tem sido tema de pesquisa, tanto de autores que consideram

este fenômeno influenciável por fatores ambientais,(3,6,7) quanto de pesquisadores

que investigam os fatores internos, relacionados ao comportamento pessoal, como

possíveis determinantes para a adesão ou não à prática de atividades físicas.8

O comportamento positivo ou negativo diante da prática de atividades físico-

esportivas pode ser influenciado por fatores motivacionais,9,10,11 que são regulados

por determinantes biológicos, cognitivos e sociais,12 demonstrando a necessidade de

conhecimento das questões que envolvem a motivação para a prática de atividades

físicas.

Para auxiliar a compreensão da influência da motivação na adesão à prática

de atividades físicas ou esportivas, a Teoria da Autodeterminação (TAD) de Deci e

Ryan12,13,14 tem sido amplamente utilizada nos últimos anos, como sendo um modelo

motivacional que considera as diferentes perspectivas motivacionais, as influências

contextuais na motivação e as percepções interpessoais, analisando se as condutas

são realizadas de forma voluntária e autônoma. Assim, é proposto um contínuo de

autodeterminação, podendo a pessoa estar mais autodeterminada (motivação

intrínseca e regulações extrínsecas) ou menos autodeterminada (desmotivação).

Para esta teoria, composta por diferentes subteorias, o comportamento

humano é regulado por três necessidades psicológicas básicas: competência,

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autonomia e relação com os demais. Estas atuam de forma interdependente, sendo

que a competência refere-se à capacidade da pessoa em realizar a tarefa; a

autonomia está relacionada ao nível de independência e controle das escolhas

realizadas pela pessoa; e a relação com os demais está ligada a percepção de um

senso de conectividade com outras pessoas do ambiente.12

A satisfação dessas necessidades resulta em comportamentos reguladores,

que podem determinar uma motivação intrínseca, quando as ações são iniciadas

pela própria pessoa, de maneira independente; ou uma motivação extrínseca,

quando as ações são reguladas por fatores externos.15

Este teoria foi complementada por Vallerand,16,17 que apresenta o Modelo

Hierárquico da Motivação, organizado de acordo com a seguinte sequência: Fatores

Sociais (globais, contextuais, situacionais) → Mediadores (autonomia, competência

e relacionamento) → Motivação (intrínseca, extrínseca e desmotivação) →

Consequências (afetivas, cognitivas e comportamentais). No contexto da educação

física, os fatores sociais que interferem na motivação podem envolver o estilo

interpessoal oferecido pelo professor durante as aulas, sendo possível que o mesmo

recorra a um estilo mais controlador, ou ofereça aos seus alunos um maior apoio à

autonomia. Neste caso, um aumento do apoio do professor à autonomia dos alunos,

pode permitir uma maior motivação, ou um perfil mais autodeterminado para a

prática das aulas de educação física.18

Em nível nacional observam-se algumas investigações relevantes que fazem

relação entre a TAD e a motivação para a prática de atividade física nos

adolescentes brasileiros.11,19-21 A maior parte dos estudos desta natureza, nas

Ciências da Saúde, considera populações praticantes e não praticantes de

exercícios em academias, ou em atletas de rendimento, fato que elimina grande

parcela da população que ainda não encontrou motivos para praticar efetivamente a

atividade física de forma orientada, mesmo no contexto escolar.

A adolescência é um período crucial para o entendimento dos fatores

motivacionais relacionados à prática da atividade física, pois comportamentos

adquiridos neste período influenciam diretamente as ações efetivadas na vida

adulta,22 justificando-se a escolha da população envolvida nesta pesquisa, que

investiga adolescentes de 12 a 14 anos, no ambiente escolar.

Moreno e Martínez,23 afirmam que programas educacionais que estimulem o

desenvolvimento da motivação intrínseca e de uma conduta mais autodeterminada,

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principalmente nas primeiras etapas escolares, podem conduzir a pessoa à adoção

de hábitos para a prática de atividade física. Assim, depois de finalizada a etapa de

escolaridade obrigatória, a tendência é que o abandono da prática seja atenuado.

Neste sentido, observa-se que maiores níveis de atividade física são

encontrados naqueles que se sentem mais motivados para a prática destas

atividades.10,24 A intenção e satisfação em praticar exercícios são relacionadas a um

perfil mais autodeterminado (motivação intrínseca) para as aulas de educação física,

envolvendo principalmente as necessidades básicas de autonomia e competência.25

A identificação e a avaliação das dimensões motivacionais, e seus fatores

intervenientes, apresentam-se como ferramentas importantes na compreensão do

comportamento humano voltado à adesão à prática de atividades físicas, podendo

auxiliar os profissionais envolvidos, desde a gestão até a aplicação destes

conhecimentos na escola, na implantação de estratégias que estimulem bons

comportamentos relacionados a esta prática, com medidas de intervenção efetivas

em saúde.

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2 OBJETIVOS

O objetivo principal deste estudo foi analisar o perfil motivacional que

influencia de maneira positiva a prática de atividade física entre os adolescentes.

Para isto, foi investigado o apoio à autonomia por parte do docente, a satisfação das

necessidades psicológicas básicas, o perfil motivacional, a satisfação para a prática

de atividades físicas, e o nível de atividade física dos adolescentes.

Para responder ao objetivo geral proposto, foram considerados uma série de

objetivos específicos:

− Identificar o perfil motivacional de uma amostra de adolescentes e relacioná-

lo com a satisfação para a prática e o nível de atividade física.

− Conhecer a influência do suporte docente à autonomia sobre a satisfação das

necessidades psicológicas básicas e a satisfação para a prática da atividade

física.

− Comprovar que um perfil motivacional mais autodeterminado se associa

positivamente com o apoio docente à autonomia, com a satisfação das três

necessidades psicológicas básicas e com um maior nível de atividade física

nos adolescentes brasileiros.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

O conteúdo descrito na revisão de literatura serve como embasamento teórico

para o tema e as etapas deste estudo, no que se refere à caracterização do perfil

motivacional e sua relação com o apoio docente à autonomia, as necessidades

psicológicas básicas, a satisfação para a prática de atividades físicas, e o nível de

atividade física em adolescentes. Apresentando também os conceitos sobre a TAD,

e as aplicações desta teoria no âmbito da atividade física.

3.1 ATIVIDADE FÍSICA ORIENTADA NA ADOLESCÊNCIA

É importante que haja a assimilação dos conceitos diferentes de atividade

física, que é uma expressão global, genérica, sendo definida como qualquer

movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto

energético maior que os níveis de repouso; e exercício físico, que é uma atividade

física planejada, estruturada, repetitiva e intencional, realizada com o objetivo de

melhorar ou manter os níveis de aptidão física.1

Neste estudo optou-se por utilizar o termo atividade física orientada, sendo que

este pode definir, de forma mais abrangente, o que acontece no andamento das

atividades voltadas às crianças e adolescentes durante as aulas de educação física

escolar, ambiente utilizado nesta pesquisa para o estudo da motivação e da prática

de atividades físicas. Considera-se que o termo atividade física orientada pode

envolver, tanto o exercício físico, quando as atividades físicas não sistematizadas,

considerando importante a orientação do profissional de educação física envolvido

no planejamento e organização das aulas.

A prática de exercícios físicos e de atividade física e seus benefícios são

evidentes, sendo também de conhecimento das pessoas, de um modo geral, a

importância da adesão a uma rotina de exercícios para a manutenção das aptidões

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físicas e da saúde, uma vez que pesquisadores fundamentam a relação entre a

prática habitual de atividades físicas orientadas e a saúde desde a infância até a

vida adulta.3

A prática de atividades físicas realizadas por crianças e adolescentes poderá

fazer com que estes se tornem adultos fisicamente ativos, promovendo, assim, um

estilo de vida mais saudável, sendo a adolescência uma fase crucial para a efetiva

adesão em atividades físicas e esportivas, uma vez que é neste período em que se

adquirem diversos hábitos que envolvem fatores psicológicos, sociais, culturais e

biológicos, os quais tendem a perdurar ao longo da vida.26

Considerando estes argumentos, a atividade física na adolescência tem sido

estudada como um possível preditor dos níveis das mesmas na idade adulta.7 Esta

possibilidade pode ser observada em um estudo realizado no Sul do Brasil22 que

rastreou a participação nestas práticas e observou que aqueles que relataram a

participação em atividades físicas na adolescência apresentaram mais chances de

serem ativos na idade adulta.

Mesmo havendo um grande número de investigações que confirmam e

fundamentam os benefícios físicos e psicológicos da prática regular de atividade

física, parece haver um hiato entre o saber/ter conhecimento e o agir de forma a

colocar em prática o que já é de senso comum: exercício faz bem para a saúde.

Quando se observa a faixa etária da adolescência, autores confirmam que a

adesão da prática regular de atividades físicas e exercícios físicos está muito aquém

do ideal.2,5,27,28,29 Em oposição ao esperado crescimento paulatino da participação

em atividades físico-esportivas, ocorre um declínio na adesão destas atividades ao

longo da vida.

No Brasil os níveis de inatividade física são elevados, podendo atingir faixas

de 39% a 93,5% entre os adolescentes, dependendo do método de avaliação.30

Alguns aspectos determinantes para a adesão à prática físico-esportiva são

observados no sentido de encontrar explicações para o baixo nível de atividade

física entre os adolescentes, neste caso a idade, o sexo, o estado socioeconômico,

o envolvimento e a participação da família e a atuação do professor de Educação

Física, são citados como fatores influenciáveis para esta adesão.31 Além destes

determinantes biológicos e socioculturais associados à prática de atividades físicas

de adolescentes, os fatores motivacionais envolvidos nesta adesão também são

estudados por pesquisadores na intenção de identificar este fenômeno.20,19,32,33,34

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18

3.2 MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA

A motivação é considerada como “um estado interior que estimula, direciona e

mantém o comportamento”,35 ou seja, está diretamente relacionada ao

comportamento humano, sendo estudada e discutida por diferentes áreas do

conhecimento. Uma das áreas crescentes em investigações sobre o tema é a Área

de Ciências da Saúde, em que a Educação Física e a Psicologia vêm abordando

assuntos relacionados à adesão aos programas de atividade física.33

Dada à complexidade do tema, existem pelo menos 32 teorias diferentes que

contemplam o estudo da motivação.36 Mesmo não sendo intenção deste estudo

aprofundar as concepções sobre as diferentes teorias e suas implicações sobre os

avanços nas pesquisas sobre motivação, parece ser importante citar ao menos

quatro abordagens gerais relacionadas à mesma,35 sendo elas:

As Abordagens Comportamentais à Motivação, que apresentam Skinner

como teórico fundamental e são baseadas no behaviorismo. Explicam como fonte de

motivação o reforço extrínseco, ou seja, as influências sobre o comportamento

acontecem por meio de recompensas, incentivos ou punições.

As Abordagens Cognitivas à Motivação, em que os teóricos acreditam que o

comportamento é determinado pelo pensamento, não apenas pela recompensa ou

punição, havendo um reforço intrínseco. Assim, as pessoas responderiam não

somente à eventos relacionados à condições externas, mas principalmente às

interpretações desses eventos,

A Abordagem de Aprendizagem Social à Motivação, que apresenta teorias

integrando abordagens comportamentais e cognitivas, considerando como fonte de

motivação os reforços intrínsecos e extrínsecos. Neste caso a motivação seria o

produto de duas condições principais: o valor atribuído para determinado objetivo, e

a expectativa de se atingir estes objetivos.

As Abordagens Humanísticas à Motivação, que surgiram como reação a dois

fatores dominantes da década de 40, o behaviorismo e a psicanálise. Os

proponentes desta abordagem, Abraham Maslow e Carl Rogers, acreditavam que

nem a psicologia comportamental nem a freudiana explicavam por que as pessoas

agem de uma determinada forma. Para estes autores, a fonte de motivação seria o

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19

reforço intrínseco, em que a pessoa é influenciada pela autossatisfação, autoestima

e autodeterminação. Na abordagem humanística, duas teorias se destacam: a teoria

das necessidades de Maslow, e a TAD de Deci e Ryan.

A origem etimológica do termo Motivação deriva do latim movere, que

significa mover, definindo a noção de dinâmica ou de ação, atribuída no sentido de

se atingir um objetivo, sendo o comportamento das pessoas ativado neste

processo.37 A motivação também é considerada como o processo que leva as

pessoas tanto a ação, quanto a inércia dependendo da situação, apresentando-se

como determinante das razões pelas quais se escolhe fazer algo, executar algumas

tarefas com maior empenho do que outras, ou persistir na atividade por longo

período de tempo.38

Observa-se que grande parte das explicações acerca do tema encontra-se

em perspectivas centradas na pessoa, na situação ou na intenção da mesma em

realizar determinada ação.39 Assim, a melhor forma de entender a motivação para a

prática de atividade física e de exercícios, seria considerar uma abordagem

integrada, em que se observem os fatores pessoais (internos) e as variáveis

situacionais (externas) envolvidas.

Esta dualidade em observar os aspectos internos e externos que influenciam

o comportamento pessoal, determinou o conceito de duas fontes de motivação,

sendo elas a motivação intrínseca e a extrínseca. A motivação intrínseca é definida

pelo sentimento de prazer, de satisfação ou pelo sentimento de competência em

realizar certa atividade, enquanto que a motivação extrínseca está relacionada a

pressões externas que levam a pessoa a tomar uma decisão ou ação.(13)

Estudos tem demonstrado que para a efetiva adesão à prática de atividades

físicas, a motivação intrínseca é a forma mais desejada, uma vez que proporciona o

desenvolvimento da autonomia ao realizar as atividades.19 Considerando o

desenvolvimento desta característica, é importante destacar que quando se tratam

de crianças e adolescentes, a obtenção desta autonomia em relação à prática de

atividades físicas pode ser propiciada com influência da Educação Física, que se

apresenta na escola como uma área que deve introduzir e integrar o aluno nas

dimensões da cultura corporal.40

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394, de 20 de

dezembro de 1996, determina a obrigatoriedade da prática de aulas de Educação

Física nas escolas.41 Este incentivo é importante para que a prática de atividades

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físicas se consolide como hábito saudável desde a adolescência. “A escola é um

espaço privilegiado para a prática de atividade física de crianças e jovens. Além

disso, é um espaço importante para a promoção de saúde, desenvolvendo o

interesse dos alunos pelas atividades, esportes e exercícios”.42

Mesmo sendo um consenso entre os estudiosos da área que a disciplina de

Educação Física, como componente curricular obrigatório, é fundamental para o

processo de incentivo à prática de atividades físicas de crianças e adolescentes, a

adesão a esta prática não ocorre de forma satisfatória.11,40 Dados da Pesquisa

Nacional de Saúde Escolar42 que avalia os estudantes do 9º ano, do ensino

fundamental de todo o Brasil (adolescentes com idade média de 14 anos) apontam

que 63,1%, dos escolares foram classificados como insuficientemente ativos, mesmo

considerando o acúmulo de três domínios usualmente investigados na faixa etária

da adolescência: o deslocamento para a escola, as aulas de Educação Física na

escola e outras atividades físicas extraescolares.

Pesquisadores corroboram com a informação de que existe uma relação entre

a motivação e a atitude positiva do aluno para com as aulas de Educação Física.

Observando que um aluno motivado se mostra mais ativo, alegre e percebe as aulas

como sendo mais emocionantes, divertidas e úteis.8 Diferenças entre as faixas

etárias e o sexo também são observadas no contexto da motivação para a

Educação Física. A tendência é que os alunos dos anos iniciais valorizem mais as

aulas de Educação Física do que os alunos das séries finais do ensino fundamental

e médio, observando-se também uma maior adesão de meninos, quando

comparados às meninas.9,11,19,43,44

Entendendo que na escola, fundamentalmente, as aulas de Educação Física

são um ambiente que deve proporcionar incentivo e estímulo à prática de atividades

físicas desde a infância até adolescência, pesquisadores interessados em otimizar a

motivação dos jovens no contexto da Educação Física Escolar têm voltado seus

interesses em compreender os diversos processos motivacionais que determinam os

níveis de envolvimento na Educação Física ou em qualquer outro contexto

desportivo.45

Os professores de Educação Física, com o objetivo de promover a prática de

exercícios físicos entre seus alunos, devem estimular: a autonomia para prática, não

determinando a sua realização como uma obrigação; o sentimento de competência,

ou seja, os alunos precisam sentir-se competentes para desempenhar as atividades;

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21

e as relações interpessoais, permitindo que os alunos sejam valorizados por outras

pessoas ou a prática facilite a criação de vínculos sociais positivos.21

Observa-se assim, a importância de três fatores que atuam diretamente no

comportamento humano relacionado à prática de atividades físicas de forma geral, a

autonomia, a competência e as relações com os demais, estes três termos são

explicados pela TAD como necessidades psicológicas básicas.

3.3 TEORIA DA AUTODETERMINAÇÃO (TAD)

A evolução dos modelos explicativos da motivação amplia o foco e considera

não somente modelos mecanicistas centrados na pessoa, mas também modelos e

aspectos sociais e cognitivos envolvidos neste processo. A Teoria da

Autodeterminação (TAD) é um desses novos modelos que vêm sendo aplicado no

contexto da prática esportiva e de atividades físicas.

A TAD é uma macro teoria, desenvolvida e apresentada por Deci e Ryan,13

considerada um modelo de explicação da motivação humana centrada na

personalidade e nos contextos sociais, que se diferenciam em motivação autônoma

ou controlada. Esta perspectiva tem o objetivo de explicar a motivação e o

comportamento humano, baseada em diferentes orientações motivacionais,

influências do contexto e percepções interpessoais.46

De maneira geral a TAD considera que a motivação é influenciada por fatores

internos e externos. Ou seja, as pessoas apresentam características inatas de

crescimento e desenvolvimento psicológico que determinam a motivação para

realizar determinada ação. Porém, constantemente as pessoas necessitam integrar

de forma coerente suas características inatas com suas experiências, de acordo

com os desafios propostos. Assim, as características naturais do ser humano

necessitam de informações e experiências contínuas, sendo o ambiente social

responsável por essas informações.12

Esta dualidade em observar os aspectos internos e externos que influenciam

o comportamento humano, determinou o conceito de duas fontes de motivação,

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22

sendo elas a motivação intrínseca e a extrínseca. A motivação intrínseca é definida

pelo sentimento de prazer, de satisfação ou pelo sentimento de competência em

realizar certa atividade, enquanto que a motivação extrínseca está relacionada a

pressões externas que nos levam a tomar uma decisão ou ação.13

Observa-se que os autores da TAD consideram a dicotomia motivacional

intrínseca e extrínseca demasiadamente simplista, uma vez que, quando uma

pessoa inicia uma atividade ou ação, nem sempre aparecem somente motivos

intrínsecos, mas podem aparecer diferentes motivos extrínsecos, como

recompensas, necessidade social, medo de ser repreendido, entre outros, assim

tem-se diferentes tipos de regulações motivacionais externas.12

Neste contexto, outras subteorias da TAD foram apresentadas para explicar

estes conceitos, dentre elas tem-se a Teoria da Integração do Organismo (ou Teoria

da Integração Orgânica),12 que categoriza três tipos fundamentais de motivação, que

vão desde a forma mais autodeterminada (motivação intrínseca), até os menores

níveis de autodeterminação (motivação extrínseca e desmotivação), caracterizando

também diferentes tipos de regulações motivacionais que influenciam o

comportamento humano (Quadro 1).

Figura 1 – Contínuo da Autodeterminação Comportamento

Menos Autodeterminado Mais Autodete rminado

Tipos de Motivação Desmotivação Motivação Extrínseca Motivação

Intrínseca

Tipos de Regulação

Sem Regulação

Regulação Externa

Regulação Introjetada

Regulação Identificada

Regulação Integrada

Regulação Intrínseca

Processos Reguladores

Não intencional,

não valorizado, Incompetência.

Obediência, Recompensas,

castigos externos.

Autocontrole, Recompensa,

Punições internas.

Importância pessoal,

valorização consciente.

Consciência Interesse,

Prazer, satisfação.

Fonte: Adaptado de Deci e Ryan, 2000 e Ryan e Deci, 2000.

A desmotivação apresenta-se como a fata absoluta de motivação, em que a

pessoa não tem intenção em realizar a atividade. Seus comportamentos não sofrem

influência nem de fatores externos, nem de fatores internos e a necessidade em

realizar a atividade não será valorizada, sendo acompanhada de sentimentos de

frustração, incompetência e medo.12

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23

Em seguida tem-se a motivação extrínseca que é determinada por quatro

tipos de regulação e seus processos reguladores:

A regulação externa é caracterizada pela necessidade de obter recompensas

externas ou evitar punições, como exemplo associado ao objetivo deste estudo

pode-se afirmar que é a adesão à prática das atividades físicas por pressão dos

pais, ou no caso da Educação Física Escolar, por pressão do professor, para evitar

possíveis repreensões.32

Na regulação introjetada, diferentemente da regulação externa, as

recompensas envolvidas no processo regulatório são internas. Neste caso, há um

sentimento de obrigação para a realização da atividade, influenciada também pelo

meio social, quando, por exemplo, a pessoa pratica a atividade física para não se

sentir culpada diante de seu comportamento sedentário. Assim, envolve situações

conflituosas em que os comportamentos são influenciados por pressões internas,

como a culpa e a ansiedade.32 A pessoa sente que “precisa” ou “deve” realizar certa

atividade, porém não há um sentimento de “querer” realizá-la.

A regulação identificada apresenta-se como um comportamento mais

internamente regulado, neste caso a pessoa já considera importante a sua

participação na atividade, e aprecia os resultados e benefícios que envolvem o

processo, mesmo que a sua prática ainda não seja tão agradável.47

A regulação integrada é considerada a forma mais autodeterminada das

motivações extrínsecas, ou seja, sua forma mais autônoma. Estas ações, embora

sendo consideradas extrínsecas, uma vez que visam resultados além do simples

prazer pela prática, apresentam muitas características da motivação intrínseca.12

Neste caso, a pessoa pratica a atividade sabendo que de alguma forma ela exerce

influência positiva sobre sua vida.

No nível mais elevado de autodeterminação tem-se a motivação intrínseca,

neste caso a escolha é pessoal, caracterizando total autonomia diante da atividade,

que gera interesse, prazer e satisfação inerente à prática. Uma pessoa

intrinsecamente motivada apresenta sentimentos de competência e auto realização,

mantendo o interesse pela atividade mesmo depois de já ter alcançado a meta.12

A motivação seria um processo contínuo, que vai desde a falta de motivação,

passando por diferentes estados de regulação extrínseca, até chegar à motivação

intrínseca. Assim, estilos mais autodeterminados estariam associados a orientações

voltadas ao prazer, ao esforço em realizar as atividades e a percepção de um

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24

contexto favorável à autonomia, enquanto que os estilos menos autodeterminados

estariam associados à ansiedade e desconforto em realizar as atividades.48

Estas orientações e tendências ao comportamento mais ou menos

autodeterminado, são foco de outra subteoria da TAD, a Teoria da Orientação de

Causalidade. Nesta teoria, Deci e Ryan,12 descrevem três tipos de orientações

causais que determinam as regulações motivacionais: a orientação de autonomia, a

orientação de controle e a orientação impessoal. Sendo que, a orientação da

autonomia envolve o comportamento de regulação com base na própria iniciativa, o

comportamento apresenta predominância de origem no controle interno, permitindo

a pessoa organizar suas ações com base em seus interesses pessoais, sendo

intrinsecamente motivados. A orientação de controle envolve direcionamentos

externos de como devemos nos comportar, se associa a uma autoconsciência

pública, pressão externa em seguir padrões pré-estabelecidos. A orientação

impessoal, por sua vez, determina as pessoas com comportamento além do controle

intencional ou associado a uma origem externa, fazendo com que as pessoas se

sintam incapazes de regular o seu comportamento de forma confiável para atingir os

resultados esperados, ou incapazes de realizar as situações e tarefas difíceis.

Estas três orientações de causalidade definem os estilos de regulação

motivacional, uma vez que um contexto social que favoreça ou determine

orientações para a autonomia pode desenvolver um comportamento mais

autodeterminado (motivação intrínseca), enquanto que orientações de causalidade

impessoal resultam em desmotivação, pois não possibilitam a satisfação das

necessidades psicológicas básicas.49

Observa-se de forma paralela, que a TAD procura explicar que fatores

condicionam a formação de uma conduta de motivação mais ou menos

autodeterminada. Assim, tem-se outra subteoria, a Teoria das Necessidades

Psicológicas Básicas, aplicando os conceitos de que o comportamento humano é

determinado por três necessidades psicológicas básicas, inatas, essenciais e

universais: a autonomia, a competência e a relação com os demais.15

A necessidade de autonomia, ou autodeterminação, refere-se aos esforços da

pessoa em ser o agente se suas ações, agindo de forma a ser o responsável em

atingir seus objetivos, determinando seus próprios comportamentos. A competência

está diretamente relacionada com o sentimento de eficácia, diante de alguma ação.

E, a necessidade de relação com os demais, se refere ao esforço em criar relações,

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25

o quanto se preocupam com os outros, sentindo satisfação com suas relações

sociais.50

A satisfação destas três necessidades psicológicas básicas especificam as

condições necessárias para manter a saúde pessoal, sendo assim, nenhuma delas

pode ser frustrada sem resultar consequências negativas.15

Pesquisas baseadas na TAD têm sido realizadas para entender a relação

entre a motivação e a participação em atividades físicas orientadas, no contexto

escolar,45 comprovando a relação entre a intenção de praticar exercícios nos

momentos de lazer e a motivação para as aulas de Educação Física. Esta intenção

em praticar exercícios também está relacionada a uma motivação mais

autodeterminada (intrínseca) para as aulas de Educação Física, envolvendo

principalmente as necessidades básicas de autonomia e competência.25

De maneira geral, quando se fala em atividade física orientada para crianças

e adolescentes, considera-se a Educação Física Escolar o ambiente propício para o

seu desenvolvimento. Porém, é preciso entender como as necessidades de

autonomia, competência e relações com os demais são estimuladas durante as

aulas, uma vez que a interiorização destes fatores pode ter influência direta na

adesão à prática de atividade física.

Ressalta-se a necessidade de que os adolescentes tenham desenvolvidos: a

autonomia, no sentido de realizar a atividade sem influência de fatores externos; se

sintam competentes para realizar a atividade; sejam valorizados em suas relações

interpessoais vinculadas à prática de atividades físicas orientadas. Tendo essas três

necessidades satisfeitas, a pessoa poderá aderir mais facilmente a este tipo de

prática.47

A identificação e a avaliação das dimensões motivacionais nos adolescentes

apresentam-se como ferramentas importantes na compreensão do comportamento

humano voltado à adesão à prática de atividades físicas orientadas, podendo auxiliar

na implantação de estratégias que estimulem bons comportamentos relacionados a

esta prática. Estudantes mais motivados aprendem mais e usam o aprendizado para

o resto da vida.11

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26

3.4 MODELO HIERÁRQUICO DA MOTIVAÇÃO

Para melhorar o entendimento geral da TAD, Vallerand16,17,49 apresenta o

Modelo Hierárquico da Motivação, e propõe uma integração entre os fatores

determinantes da motivação e os diferentes tipos de motivação que se apresentam

em cada pessoa.

Os autores da TAD consideram que além da motivação ser orientada por

fatores inatos (competência, autonomia e relação com os demais), os fatores sociais

também determinam a satisfação destas necessidades psicológicas,14 sendo

considerados os fatores sociais como determinantes situacionais, contextuais e

globais.

Assim, os diferentes tipos de motivação (motivação intrínseca, motivação

extrínseca e desmotivação), se manifestam em três níveis hierárquicos gerais: o

nível situacional (nível de estado), o nível contextual (nível da esfera da vida) e o

nível global (nível da personalidade) (Figura 2).

Figura 2 – Modelo Hierárquico de Motivação

Fonte: Adaptado de Vallerand, 1997.

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27

O nível global se refere à motivação geral, sendo relacionado aos aspectos

familiares e culturais desenvolvidos nos primeiros processos de socialização, que

determinam se a pessoa será motivada intrínseca ou extrinsecamente para realizar

as atividades.17

O nível contextual se refere a um contexto específico, podendo ser o trabalho,

a prática de atividades físicas ou ao estudo, é importante considerar neste nível que

uma pessoa pode apresentar diferentes tipos de motivação, de acordo com o

contexto apresentado, ou seja, pode estar intrinsecamente motivado para a prática

de atividades física, porém extrinsecamente motivado para o trabalho ou o estudo.51

Vallerand17 afirma que o nível situacional recebe influências do nível global, e em

função das orientações apresentadas neste nível variam as percepções e futuras

orientações em nível contextual.

O nível situacional se refere a motivação em uma situação específica, em

uma atividade particular. Representa a motivação quando ela é experimentada, no

momento em que a atividade é satisfatória.17

Cada um dos níveis pode influenciar o nível mais próximo, assim a motivação

global por influenciar a motivação contextual, que pode influenciar a motivação

situacional e vive versa. Os fatores sociais transmitidos apresentam relação entre a

satisfação dos mediadores psicológicos de autonomia, competência e relação com

os demais. Por último, o tipo de regulação motivacional provocará o aparecimento

de diferentes consequências cognitivas, comportamentais e afetivas.17

No contexto da educação física, o professor é um dos fatores sociais

determinantes. O estilo interpessoal oferecido pelo docente influencia e contribui

para a satisfação das necessidades psicológicas básicas, uma vez que os aspectos

didáticos direcionados pelo professor durante as aulas podem permitir que o

estudante experimente diferentes níveis de autonomia, percepção de competência e

relação com os demais.52

O professor de educação física pode assumir diferentes posturas ao longo

das aulas, considerando um contínuo que vai desde um estilo interpessoal baseado

no extremo controle (oferecendo incentivos extrínsecos), até um suporte máximo à

autonomia (aumenta a motivação intrínseca dos estudantes).53,54

Segundo Reeve,55 apoiar a autonomia consiste em nutrir os recursos

motivacionais internos do estudante, proporcionando fundamentos explicativos,

utilizando uma linguagem não controladora, mostrando paciência para permitir aos

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estudantes o tempo necessário para aprender no seu próprio ritmo. Desta forma, o

estudante se envolve mais na tomada de decisões, utilizando uma metodologia

indagativa, dando mais importância ao processo, incentivando o esforço e

aperfeiçoamento pessoal.56

Contrariamente ao apoio à autonomia, está o estilo controlador durante as

aulas. Neste caso, os professores asseguram que as atividades sejam realizadas

atendendo unicamente a forma de pensar, sentir e se comportar do próprio

professor. Quando os docentes utilizam um estilo controlador, influenciam os

estudantes a deixar de lado seus próprios recursos motivacionais internos para

realizar as atividades, buscando a resolução dos problemas de acordo com a

necessidade do professor.53

O apoio direcionado às necessidades psicológicas básicas do estudante está

relacionado de forma direta à satisfação das mesmas, resultando em uma motivação

mais autodeterminada.57 Salienta-se que o sentimento de satisfação para a prática

das aulas de educação física é resultante de um comportamento mais

autodeterminado, com influência da motivação intrínseca para a realização das

atividades.58

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29

4 MÉTODO

4.1 PARTICIPANTES

A amostra foi composta por 615 escolares, matriculados no ensino

fundamental, séries finais, de quatro escolas de ensino público, localizadas na zona

urbana de três municípios da região meio oeste do estado de Santa Catarina, Brasil,

sendo 327 meninas e 288 meninos, com idades compreendidas entre os 12 e 14

anos (M = 13.3, DT = 0.79).

As quatro escolas foram selecionadas, de forma intencional, uma vez que

estas participam do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

(PIBID), projeto financiado pelo Governo Federal, desenvolvido pela Universidade do

Oeste de Santa Catarina (Unoesc), que compreende a participação de 20

acadêmicos do Curso de Educação Física da Unoesc, que recebem bolsa de

estímulo à prática docente em Educação Física, além de 4 professores efetivos

nestas escolas que são supervisores dos acadêmicos durante as atividades. Esta

seleção intencional acontece devido à possibilidade de continuidade das pesquisas

relacionadas com o tema no mesmo ambiente, facilitando futuras intervenções ou

estudos longitudinais.

4.2 MEDIDAS

Para determinar o perfil motivacional e suas regulações, foi utilizado o

questionário Perceived Locus of Causality Questionnaire (PLOCQ),59 traduzido e

validado para a população brasileira.11 Esse questionário é composto por vinte itens,

sendo subdividido em cinco dimensões: motivação intrínseca (e.g. “Porque a

educação física é divertida”); regulação identificada (e.g. “Porque quero aprender

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habilidades esportivas”); regulação introjetada (e.g. “Porque quero que o professor

pense que sou um bom aluno”); regulação externa (e.g. “Porque é obrigatório”);

desmotivação (e.g. “Faço, mas acho que estou perdendo meu tempo”). Os itens são

precedidos da frase inicial “Eu realizo as aulas de educação física…”, que se

pontuam de acordo com uma escala tipo Likert de 7 pontos classificados de 1

(Discordo plenamente) até 7 (Concordo plenamente). A consistência interna foi de

.77, .74, .69, .68 e .76, respectivamente.

O Apoio docente à autonomia foi avaliado por meio da versão curta indicada

por Nuñez et al.60 do Learning Climate Questionnaire (LCQ) de Williams e Deci.61

Esta escala é composta por 5 itens, precedidos da frase “Meu professor de

educação física...”, que avaliam o apoio à autonomia (e.g. “Tenta entender o meu

ponto de vista antes de explicar uma nova maneira de fazer as coisas”). As

respostas foram pontuadas em uma escala tipo Likert, cuja pontuação varia de 1

(Discordo totalmente) até 7 (Concordo totalmente).

As Necessidades Psicológicas Básicas foram definidas com a utilização do

questionário de avaliação das necessidades psicológicas básicas em educação

física (NPBEF), adaptado à língua portuguesa por Pires et al.62 da Basic

Psychological Needs in Exercise Scale (BPNESp)63 sendo validado à população

brasileira por Lettnin.64 Este questionário é constituído por 12 itens que

compreendem três dimensões: autonomia (e.g. “sinto que faço as atividades da

forma que eu quero”), competência (e.g. “sinto que realizo com sucesso as

atividades da aula”) e relação com os demais (e.g. “sinto-me bem com os colegas da

minha turma”). Os itens são precedidos da frase inicial “Na disciplina de educação

física, geralmente...”, que se pontuam de acordo com uma escala tipo Likert de 5

pontos classificados de 1 (Discordo totalmente) até 5 (Concordo totalmente). A

consistência interna foi de .70, .72 e .81, respectivamente.

Para determinar a Escala de Satisfação na Atividade Física, foi utilizado o

questionários Physical Activity Enjoyment Scale (PACES),65 traduzido por

Montanha,66 para medir a satisfação para a prática de atividade física. Esta escala é

composta por 16 itens, precedidos da frase “Quando estou praticando atividade

física...”, que avaliam a satisfação de forma direta (e.g. “Aprecio”, “Acho agradável”,

“Me dá energia”) e inversa (e.g. “Sinto-me aborrecido”, “Não gosto”, Não é nada

divertido”). As respostas foram pontuadas em uma escala tipo Likert, cuja pontuação

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varia de 1 (Discordo totalmente) até 5 (Concordo totalmente). A consistência interna

foi de .89.

O Nível de Atividade Física foi avaliado de acordo com o Physical Activity

Questionnaire for Children (PAQ-C)67 traduzido e modificado para a população

brasileira por Silva e Malina,27 que excluíram apenas as atividades físicas e

esportivas não praticadas no Brasil. O questionário é composto de nove questões

sobre a prática de esportes e jogos; as atividades físicas na escola e no tempo de

lazer, incluindo o final de semana. Cada questão tem valor de 1 a 5 e o escore final

é obtido pela média das questões, representando o intervalo de muito sedentário (1)

a muito ativo (5). Os escores 2, 3 e 4 indicam as categorias sedentário,

moderadamente ativo e ativo, respectivamente. Sendo assim, a partir do escore

pode-se classificar as pessoas como ativas ou sedentárias. Ativas são aquelas que

têm escore ≥ 3 enquanto sedentárias são as pessoas com escores < 3.

4.3 PROCEDIMENTOS

Devido à versão curta do LCQ ainda não ter sido adaptada ao contexto

educativo brasileiro, foi adotada a estratégia de tradução inversa de Hambleton.68

Desta maneira, primeiramente foram traduzidos os itens para a língua portuguesa e

posteriormente um grupo de tradutores voltou a traduzi-los para o espanhol,

observando a coincidência com a versão original. Posteriormente, a bateria de itens

foi submetida a uma avaliação por três especialistas na temática, todos eles

estimando a pertinência dos itens para medir o constructo para os quais foram

criados, além da correta redação dos mesmos.

A bateria completa de questionários foi aplicada a um grupo reduzido de

estudantes para verificar sua correta compreensão, e em caso contrário realizar as

correções pertinentes. Foi solicitada a autorização prévia das equipes diretivas e dos

professores das escolas envolvidas no estudo, bem como aos pais e/ou

responsáveis dos participantes menores de idade. Os questionários foram aplicados

durante as aulas de educação física, sob supervisão da pesquisadora que realizou

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as explicações de como os adolescentes deveriam responder ao instrumento e

continuou à disposição para sanar possíveis dúvidas que poderiam surgir durante o

processo. O tempo de preenchimento dos questionários foi de aproximadamente 35

minutos, sendo o anonimato respeitado para garantir a sinceridade nas respostas

dos escolares.

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas em

Seres Humanos da Unoesc/Hust, conforme parecer número 937.597, de 19/12/2014.

4.4 ANÁLISE DE DADOS

Para comprovar a estrutura da escala LCQ foi realizada uma análise fatorial

confirmatória. Foi realizada a análise de estatística descritiva de todas as variáveis

(médias e desvios padrões), em seguida foi realizada a estatística analítica sendo

efetivadas as correlações bivariadas. Posteriormente, para identificar os diferentes

perfis motivacionais nos escolares, a amostra de 615 escolares adolescentes foi

dividida de forma aleatória, em duas sub amostras denominadas amostra 1 (n = 308)

e amostra 2 (n = 307).

Buscou-se identificar os perfis motivacionais na amostra 1. Para isso, foi

realizada uma análise de agrupamento hierárquico com o método Ward, utilizando

as variáveis de motivação intrínseca, regulação identificada, regulação introjetada,

regulação externa e desmotivação. Em seguida, utilizando as mesmas variáveis,

buscou-se confirmar o padrão de perfis encontrados, utilizando-se uma análise de

cluster de K médias, com a amostra 2.

Finalmente, foi realizada uma análise de agrupamento hierárquico com o

método Ward, para identificar o perfil motivacional da amostra total. Para examinar

as características de cada perfil motivacional de acordo com o apoio à autonomia, as

necessidades psicológicas básicas, a satisfação para a prática de atividades físicas,

e o nível de atividade física, foi realizada análise de variância multivariada

(MANOVA). As diferentes análises foram realizadas com SPSS 20.0 pacote

estatístico.

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33

5 RESULTADOS

5.1 PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA LCQ

Foi utilizada uma amostra independente de 215 escolares, matriculados no

ensino fundamental, sendo 107 meninas e 108 meninos, com idades compreendidas

entre os 12 e 14 anos (M = 13.5, DT = 0.84). Primeiramente foi realizada uma

análise descritiva (média e desvio padrão) dos itens de cada escala, com a intenção

de maximizar a variância da escala e comprovar se todos os itens apresentavam um

elevado poder discriminante, alto desvio padrão e pontuações médias de respostas

aceitas.69

Neste estudo todos os itens se ajustaram aos níveis descritivos desejados, de

modo a analisar a estrutura interna das escalas, submetendo os dados a uma

análise fatorial confirmatória. Segundo os resultados dos dados descritivos, existiu

semelhança com a curvatura normal, tal como recomendam Curran, West e Finch.70

Assim mesmo, o coeficiente de Mardia foi de 11.90 estabelecendo um desvio da

normalidade multivariada. A estrutura fatorial foi avaliada utilizando a estimação de

máxima de verossimilhança com um procedimento de bootstrapping (500

reamostras) e a matriz de covariância entre os itens como entrada para a análise de

dados. Submeteu-se a análise do modelo oblíquo de um fator, com cinco medidas

observadas.

Os pesos fatoriais se encontravam entre valores padronizados de .74 e .82. O

ajuste dos modelos foi avaliado com uma combinação de índices de ajuste absolutos

e relativos. Os resultados obtidos da análise fatorial confirmatória foram adequados:

χ2 (4, 615) = 4.11 p = .39; χ2/d.f. = 1.03; CFI = .99; NFI = .99; TLI = .99; SRMR =

.008; RMSR = .007.

A consistência interna da escala foi calculada utilizando o coeficiente alfa de

Cronbach e obteve-se um valor de alfa de .81.

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34

5.2 ANÁLISE DESCRITIVA E DE CORRELAÇÃO

O suporte a autonomia da amostra total apresentou média de 4.74 pontos

sobre sete. Para os mediadores psicológicos observam médias de 3.07 pontos sobre

cinco para autonomia, 3.91 pontos sobre cinco para competência e 4.02 pontos

sobre cinco para relação com os demais. Nas regulações motivacionais para a

prática das aulas de educação física a pontuação mais alta foi a regulação

identificada, seguida da motivação intrínseca, regulação introjetada e regulação

externa, sendo o resultado mais baixo o encontrado para a desmotivação. A

satisfação para a prática de atividades físicas apresentou uma média de 4.12 pontos

sobre cinco. O nível de atividade física apresentou média de 2.46 considerando o

escore ≥ 3 para pessoas ativas e escore < 3 para sedentárias.

As variáveis apresentaram uma correlação positiva e significativa entre si,

com exceção da motivação intrínseca que não apresentou correlação com a

regulação externa; a regulação identificada que não apresentou correlação com a

regulação externa; assim como a regulação externa e a desmotivação que não

apresentaram correlação com o nível de atividade física. A motivação intrínseca e a

regulação identificada apresentaram correlação negativa com a desmotivação;

assim como a regulação externa e a desmotivação apresentaram correlação

negativa com a satisfação (Tabela 1).

Tabela 1 – Valores descritivos e correlações de todas as variáveis. M DT R 1 2 3 4 5 6 7

1. Motivação intrínseca 5.39 1.18 1-7 - .74** .48** .01 -.21** .59** .28**

2. Regulação identificada 5.46 1.13 1-7 - - .43** -.00 -.21** .54** .25**

3. Regulação introjetada 4.01 1.31 1-7 - - - .39** .15** .29** .24**

4. Regulação externa 3.20 1.30 1-7 - - - - .55** -.18** .06

5. Desmotivação 2.47 1.29 1-7 - - - - - -.37** -.02

6. Satisfação 4.12 .62 1-5 - - - - - - .24**

7. Nível de Atividade Física 2.46 .66 1-3 - - - - - - -

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35

5.3 ANÁLISE DE CLUSTER

Para realizar a análise de cluster, foram seguidas as fases propostas por Hair,

Anderson, Tatham e Black.71 Primeiramente, foi observada a existência de casos

inválidos nas variáveis estudadas, sendo os mesmos excluídos da amostra do

estudo. A seguir, todas as variáveis foram padronizadas utilizando escores Z, não

sendo encontrada nenhuma pontuação acima de 3, o que implica a ausência de

outliers ou casos inválidos. Posteriormente, a distribuição univariada de todas as

variáveis agrupadas foi examinada quanto à sua normalidade. Foi realizada uma

divisão da amostra total em duas subamostras.

Para determinar os grupos motivacionais existentes na amostra 1, foi

realizada uma análise de conglomerados hierárquicos, utilizando o método Ward. O

dendograma obtido sugeriu a existência de dois grupos. Para decidir a adequação

dos grupos criados nos embasamos no incremento dos coeficientes de

aglomeração. De acordo com Norusis,72 os coeficientes com valores pequenos

indicam grande homogeneidade entre os membros do cluster, em contrapartida, os

coeficientes com valores elevados mostram grandes diferenças entre os membros.

Assim sendo, foram obtidos dois perfis motivacionais (Gráfico 1): um perfil

autodeterminado (cluster 1), com valores maiores para regulação identificada,

motivação intrínseca e regulação introjetada, e um perfil não autodeterminado

(cluster 2) com maior pontuação para desmotivação e regulação externa (Tabela 2).

Gráfico 1 – Análise de conglomerados hierárquicos com método Ward na amostra 1.

-1,6-1,2-0,8-0,4

00,40,8

Cluster 1

Cluster 2

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36

Para identificar os grupos motivacionais da amostra 2, foi utilizada a prova K-

médias, determinando dois perfis motivacionais (Gráfico 2): um perfil

autodeterminado (cluster 2), com maior pontuação para regulação identificada,

motivação intrínseca e regulação introjetada, e um perfil não autodeterminado

(cluster 1) com maior pontuação para desmotivação e regulação externa (Tabela 2).

Gráfico 2 – Análise de conglomerados de K médias na amostra 2

Para determinar os grupos motivacionais existentes na amostra total, foi

realizada uma análise de cluster, usando o método Ward, sendo observados

também dois perfil motivacionais (Gráfico 3): um perfil autodeterminado (cluster 2)

com pontuações maiores de regulação introjetada, motivação intrínseca e regulação

identificada, e um perfil não autodeterminado (cluster 1) com maiores pontuações

para desmotivação e regulação externa (Tabela 2).

Gráfico 3 – Análise de conglomerados hierárquicos com método Ward na amostra total.

-1,2

-0,8

-0,4

0

0,4

0,8

Pon

tuaç

ões

z

Cluster 1

Cluster 2

-0,8

-0,4

0

0,4

0,8

1,2

Pon

tuaç

ões

z

Cluster 1

Cluster 2

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37

Tabela 2 – Valores padronizados, médias e desvios padrões das variáveis em cada cluster para a amostra 1, 2 e total. Amostra 1 Amostra 2 Amostra total

Cluster 1

(n = 226)

Cluster 2

(n = 82)

Cluster 1

(n = 157)

Cluster 2

(n = 150)

Cluster 1

(n = 420)

Cluster 2

(n = 195)

M DT Z M DT Z M DT Z M DT Z M DT Z M DT Z

MI 5.95 .82 .47 4.20 .99 -1.00 4.53 1.07 -.72 6.10 .71 .59 4.90 1.09 -.40 6.44 .51 .88

RID 6.07 .69 .52 4.03 .71 -1.26 4.69 1.00 -.68 6.16 .69 .60 5.04 1.08 -.37 6.38 .55 .80

RIN 4.59 1.20 .43 3.21 .90 -.60 2.98 .94 -.77 4.65 1.09 .48 3.41 .99 -.45 5.31 .94 .98

RE 3.36 1.20 .12 3.17 1.15 -.02 2.62 1.16 -.44 3.58 1.45 .29 2.92 1.22 -.21 3.80 1.27 .46

DES 2.56 1.36 .07 2.79 1.14 .24 2.27 1.16 -.15 2.37 1.35 -.08 2.49 1.23 .01 2.44 1.42 -.02

Nota: MI = Motivação intrínseca; RID = Regulação identificada; RIN = Regulação introjetada; RE = Regulação Externa; DES = Desmotivação

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38

5.4 ANÁLISE DIFERENCIAL

Para examinar as características de cada perfil motivacional, foram realizadas

análises multivariadas de variância (MANOVA) considerando os clusters da amostra

total como variáveis independentes, e o apoio à autonomia, as necessidades

psicológicas básicas, a satisfação para a prática de atividades físicas e o nível de

atividade física como variáveis dependentes (Tabela 3). Os resultados obtidos

mostraram diferenças (Lambda de Wilks = .71, F (7, 607) = 35.06, p < .01, η2 = .28),

sempre a favor de um perfil mais autodeterminado.

Tabela 3 – Análise Multivariada

Variáveis

Cluster 1

(n = 420)

Cluster 2

(n = 195)

M DT M DT F η2

1. Apoio à autonomia 4.30 1.39 5.70 1.16 149.51* .19

2. Competência 3.75 .64 4.24 .51 87.63* .12

3. Relação com os demais 3.93 .76 4.23 .66 22.13* .03

4. Autonomia 2.94 .77 3.35 .83 36.56* .05

5. Satisfação 3.97 .63 4.46 .43 94.01* .13

6. Nível de Atividade Física 2.34 .62 2.71 .66 44.19* .06

* p < .05

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6 DISCUSSÃO

Devido à importância que parece existir em identificar e agrupar os

adolescentes em função de seu perfil motivacional para poder intervir de forma mais

eficaz, programando aulas de educação física de acordo com as necessidades de

cada grupo, o objetivo deste estudo foi identificar o perfil motivacional e relacioná-lo

com o apoio docente à autonomia, as necessidades psicológicas básicas, a

satisfação para a prática de atividades físicas e o nível de atividade física dos

adolescentes.

Os adolescentes investigados apresentaram alta percepção de suporte

docente à autonomia, e maior satisfação da necessidade psicológica de relação com

os demais, seguida de competência a autonomia. Também foram encontrados altos

valores de satisfação com a prática de atividades físicas, porém é interessante

observar que o nível de atividade física está abaixo do recomentado, sendo estes

adolescentes classificados como sedentários, corroborando com demais estudos

realizados no país,2,5,27,28,29 que apresentam dados preocupantes em relação ao

sedentarismo nesta faixa etária.

Apesar de altos índices de satisfação com a prática das atividades físicas

encontrados neste estudo, foram encontrados dados que remetem a valores

insuficientes na quantidade de tempo em que os adolescentes realizam estas

atividades, caracterizando-os como sedentários. Mesmo não sendo foco deste

estudo, é importante salientar a necessidade de que as atividades propostas, sejam

elas no âmbito da educação física escolar, ou mesmo nas horas de lazer destes

adolescentes, devam priorizar os aspectos relacionados ao gasto energético,

garantindo que as mesmas sejam de fato ativas, para que os envolvidos possam

usufruir efetivamente dos seus benefícios sobre a saúde, tanto a curto quanto a

longo prazo.27

Em estudo73 realizado com adolescentes brasileiros, acompanhados durante

três anos, foi observado que mais de 90% dos adolescentes relataram gostar de

praticar atividades físicas, porém menos de 50% destes realizam estas atividades no

lazer, sendo as aulas de educação física a principal forma de incentivo à adoção

destes hábitos. A falta de companhia dos amigos e de locais para prática foram as

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barreiras externas relatadas por estes jovens, sendo observada pelos autores a

necessidade de melhor conhecimento de fatores internos que possam mediar a

prática de atividades físicas.

Considerando as regulações motivacionais dos adolescentes investigados,

observa-se que, na amostra, a motivação mais autodeterminada (regulação

identificada e motivação intrínseca), apresenta valores mais altos. Também foi

comprovado que as motivações não autodeterminadas (regulação externa e

desmotivação) apresentaram correlação negativa com a satisfação pela prática e

não apresentaram correlação com o nível de atividade física. Estes resultados são

semelhantes aos encontrados em estudos fora do país,10,23,24 o que remete a

necessidade de incentivo destes estudos na área da educação física, uma vez que

foi comprovado que existe uma relação direta entre a motivação intrínseca nas aulas

de educação física e o desejo de participar de atividades físicas no futuro.74

Em aspectos práticos, os resultados encontrados sugerem que para a adoção

de hábitos relacionados à prática de atividades físicas, os adolescentes precisam ter

consciência de sua importância para a própria saúde (regulação identificada), além

de um sentimento relacionado ao prazer e satisfação inerente à prática (motivação

intrínseca), evitando a sensação de obrigação pela prática na intenção de escapar

de punições ou obrigações (regulação externa) e o sentimento de frustração e medo

(desmotivação) relacionado à estas atividades.

Após analisados os perfis motivacionais na amostra total, os adolescentes

foram organizados de forma hierárquica, para a análise de clusters, sendo realizada

uma divisão da amostra total em outras duas subamostras, sendo que em todas elas

os clusters apresentaram um grupo mais autodeterminado (caracterizado por

pontuações mais elevadas de motivação intrínseca e regulação introjetada), e um

grupo menos autodeterminado (caracterizado por pontuações maiores de regulação

externa e desmotivação).

Considerando a análise multivariada realizada, os resultados obtidos

identificam dois perfis motivacionais, sendo que, os adolescentes que apresentaram

um perfil motivacional mais autodeterminado também apresentaram uma maior

percepção de apoio docente à autonomia, maior satisfação das três necessidades

psicológicas básicas, maior sentimento de satisfação para realização das atividades

físicas e maior nível de atividade física. Observa-se que os resultados mostraram

diferenças sempre a favor de um perfil mais autodeterminado.

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O compromisso com a prática de atividades físicas pode ser determinado pelo

perfil motivacional que a pessoa apresenta, sendo o estilo interpessoal do docente e

os mediadores psicológicos algumas das variáveis que podem interferir neste

processo. Deci e Ryan14 afirmam que o contexto social ideal, que favoreça um

comportamento mais autodeterminado, é aquele que estimula o desenvolvimento da

autonomia, uma vez que este é um fator importante que pode influenciar a

capacidade da pessoa em prosperar, melhorar seu crescimento pessoal e sua

satisfação em relação à ação.

No contexto da educação física, o professor apresenta-se como um fator

social determinante, uma vez que o estilo interpessoal oferecido pelo docente

durante as aulas pode influenciar diretamente o perfil motivacional dos estudantes.

No caso deste estudo, observa-se que o grupo de adolescentes que apresenta

maior percepção de apoio docente à autonomia é também o que apresenta um perfil

mais autodeterminado.

A relação entre o estilo interpessoal oferecido pelo docente durante as aulas

de educação física e a motivação autodeterminada dos estudantes tem sido

amplamente estudada,18,75,76 sendo observado que um estilo docente mais voltado

ao incentivo da autonomia favorece o desenvolvimento de um perfil mais

autodeterminado, melhorando a aprendizagem, as emoções, o compromisso, o

sentimento de satisfação, entre outros aspectos.77

Outros estudos76,78 apontam que o apoio docente à autonomia durante as

aulas, pode ter impacto direto na motivação intrínseca dos envolvidos, uma vez que

estudantes que recebem o apoio à autonomia são também mais propensos a

participar das tarefas propostas, estão mais satisfeitos com sua vida e apresentam

maior compromisso em suas atividades,77 além de também apresentar maior

percepção de competência.79

A utilização de propostas pedagógicas em que os docentes apresentem um

estilo interpessoal de apoio à autonomia é fundamental, uma vez que ao comparar

estudantes que participam de aulas direcionadas com um estilo controlador docente,

em relação aos que participam de aulas baseadas no suporte a autonomia, observa-

se que estes últimos apresentam melhores resultados relacionados a uma maior

participação durante a aula, apresentam mais emoções positivas, maior criatividade,

melhor processamento de informações e entendimento conceitual, maior

persistência diante das dificuldades, entre outros benefícios.80,81

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42

Maior apoio docente à autonomia também está relacionado a maior satisfação

das necessidades psicológicas básicas durante a atividade, o que permite a

orientação de um perfil mais autodeterminado nos adolescentes,82,83 fato que foi

confirmado com os resultados desta pesquisa, uma vez que os adolescentes que

apresentaram maior suporte à autonomia também obtiveram maiores pontuações de

satisfação das necessidades psicológicas básicas, tendo uma maior percepção de

competência e autonomia para realizar as atividades das aulas de educação física,

quando comparados aos adolescentes com perfil menos autodeterminado.

Pesquisas baseadas na TAD têm sido realizadas comprovando a relação

entre a intenção de praticar exercícios e uma motivação mais autodeterminada

(intrínseca) para as aulas de educação física, envolvendo principalmente as

necessidades psicológicas básicas de autonomia e competência.25,45

Os resultados do presente estudo demonstram que as relações com os

demais também podem estar ligadas à melhora da motivação intrínseca nos

adolescentes. Segundo o modelo proposto por Vallerand,49 a percepção dos

estudantes sobre sua relação com os colegas e com o professor poderia também

estar relacionada a um perfil intrinsecamente motivado. De maneira geral,

estudantes que experimentam ambientes que estimulem a satisfação das três

necessidades psicológicas básicas, apresentam maior satisfação pela prática das

atividades propostas, prevendo uma motivação mais autodeterminada.84

Sendo assim, os motivos que levam os adolescentes a praticar atividades

físico-esportivas são determinados por sua percepção de competência e aceitação

social, relacionados à autoestima, além de aspectos relacionados à diversão e

satisfação que seriam a consequência da prática.85

Neste estudo observou-se que os valores de satisfação com a prática e o

nível de atividade física também são maiores nos adolescentes que apresentam um

perfil mais autodeterminado, comprovando a importância da motivação intrínseca

para a efetiva prática destas atividades. Outros pesquisadores86,87 também afirmam

que adolescentes com um perfil motivacional de pontuações altas em motivação

intrínseca e percepção de autonomia para a prática das aulas de educação física,

também são mais propensos a praticar atividade física fora da escola.

Tendo como referência o modelo hierárquico de motivação,16,49 os resultados

encontrados neste estudo comprovam que a relação entre os fatores sociais, neste

caso o estilo interpessoal do docente e a satisfação das necessidades psicológicas

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básicas afetam de maneira positiva as formas de motivação mais autodeterminadas,

resultando em consequências afetivas, cognitivas e comportamentais positivas para

a prática das aulas de educação física e nível de atividade física.

As implicações gerais destes conceitos remetem a uma percepção de que não

basta incentivar a prática de atividades físicas de maneira simplista. Mas é

fundamental que essas experiências sejam significativas e agradáveis para os

praticantes, reforçando sentimentos de competência durante a prática, favorecendo

a autonomia e envolvendo relacionamentos sociais positivos.

Estas atitudes poderão conduzir a uma maior participação em atividades

durante as aulas de educação física ou nos momentos de lazer, ressaltando-se que

o êxito e o fracasso dos adolescentes vai depender de processos eficazes de ensino

e aprendizagem recebidos e percebidos ao longo da vida.88

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7 CONCLUSÕES

Como conclusão, os dados desta investigação demonstram que os

adolescentes mais autodeterminados são os que percebem maior apoio docente à

autonomia; têm mais satisfeitas as necessidades psicológicas básicas de autonomia,

competência e relação com os demais; sentem maior satisfação para a prática das

aulas de educação física e consequentemente praticam mais atividade física.

A partir dos resultados obtidos neste estudo surgem outras inquietudes e

ideias que possam ajudar a aprofundar o conhecimento dos processos motivacionais

que influenciam a aderência em programas de prática de atividade física, bem como

aplicações práticas que permitam estimular esta prática entre os adolescentes. A

identificação e a avaliação das dimensões motivacionais nos adolescentes

apresentam-se como ferramentas importantes na compreensão do comportamento

humano voltado à adesão à prática de atividades físicas orientadas, podendo auxiliar

na implantação de estratégias que estimulem bons comportamentos relacionados a

esta prática.

O docente apresenta-se como mediador, não apenas na seleção de

conteúdos, mas na maneira com que apresentam suas aulas, estimulando a

autonomia e satisfação na prática das atividades. Os resultados encontrados

reforçam a contribuição da educação física escolar na aquisição de hábitos para a

prática de atividades físicas entre os adolescentes, sendo necessário apresentar

propostas pedagógicas que possibilitem a adesão dos adolescentes às aulas,

tornando-as ferramentas de estímulo a um estilo de vida ativo, mesmo fora da

escola. Sendo assim, a organização e aplicação de atividades que estimulem o

apoio à autonomia nos adolescentes, bem como um perfil mais autodeterminado e o

aumento da satisfação em praticar as aulas de educação física é uma necessidade a

ser aplicada pelos docentes deste componente curricular.

Algumas sugestões de estratégias para auxiliar os professores a alcançar a

satisfação das necessidades psicológicas básicas dos seus estudantes podem ser

observadas, considerando: a necessidade de estímulo ao progresso e esforço

pessoal, superação de metas, dar reforço positivo ao longo das aulas, permitir a

participação dos estudantes na tomada de decisões, promover relações sociais

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positivas e valorização do outro. Sugere-se que outros estudos sejam realizados

para avaliar a implantação de estratégias motivacionais durante as aulas de

educação física, e seus efetivos na satisfação das necessidades psicológicas

básicas, perfil motivacional e satisfação com a prática da atividade física.

Como possíveis limitações deste estudo, destaca-se que são necessários

mais estudos sobre este tema considerando diferentes faixas etárias, na intenção de

esclarecer as possíveis diferenças encontradas em outras etapas de ensino da

educação física escolar. Em futuras investigações, parece também ser importante

considerar as diferenças entre os sexos, além de implantação de estudos

longitudinais, para comprovar efetivamente se estes adolescentes que apresentam

características mais autodeterminadas continuam sendo adultos mais ativos

fisicamente, mais motivados intrinsecamente, considerando as necessidades

psicológicas básicas.

Finalmente, esta investigação fornece dados que servem de subsídios para

repercutir mudanças e melhorias sobre a realidade dos adolescentes, servindo de

ferramenta aos profissionais envolvidos, desde a gestão até a aplicação destes

conhecimentos na escola, contribuindo na soma de informações sobre os

fenômenos que envolvem os fatores motivacionais, suas orientações e a prática de

atividade física entre os adolescentes.

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8 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA INTERDISCIPLINARIDADE

A interdisciplinaridade é caracterizada pelas interações das disciplinas dentro

de um mesmo contexto, através de relações de interdependência e de conexões

recíprocas, o que não deve ser confundido com simples trocas de informações.89

Nas práticas em biociências e saúde, a interdisciplinaridade aborda determinadas

situações ou problemas através da integração e da articulação de diferentes saberes

e práticas gerando uma intervenção, uma ação comum, valorizando o conhecimento

e as atribuições de cada categoria profissional.90

Assim, observar um fenômeno de forma interdisciplinar permite que sejam

elaboradas melhores formas de intervenção, considerando tanto aspectos

biológicos, quando aspectos sociais, econômicos, culturais e comportamentais

relacionados ao processo saúde-doença. Neste sentido, a compreensão atual do

conceito de saúde aborda diferentes dimensões e aspectos, sendo observadas de

forma integrada por diferentes prismas, de diferentes áreas do conhecimento.

Observa-se o interesse crescente da área da saúde pública, relacionado à

necessidade de controle e acompanhamento dos fatores que influenciam a adesão à

prática da atividade física em populações jovens, não apenas por estarem

associados ao aparecimento e ao desenvolvimento de fatores de risco que podem

predispor a maior incidência de distúrbios metabólicos e funcionais, mas também,

em função de sua possível influência na participação futura do adulto em programas

regulares de exercícios físicos.

Considerando o período da infância e adolescência como sendo fundamentais

para se trabalhar saúde de forma abrangente na perspectiva de sua promoção,

desenvolvendo ações para a prevenção de doenças e para o fortalecimento dos

fatores de proteção, bem como, que a efetivação desta prática abrange estratégias a

serem projetadas nas políticas de um país, como: estabelecimento de políticas

públicas saudáveis; criação de ambientes favoráveis à saúde; reforço da ação

comunitária; desenvolvimento de habilidades pessoais; e reorientação dos serviços

de saúde, observa-se a relevância deste estudo para delinear a elaboração de

programas de intervenção e promoção da saúde da população.

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47

O conceito de saúde também depende da conduta assumida pela pessoa e

seus comportamentos relacionados ao seu próprio estilo de vida. Os aspectos

comportamentais que envolvem o conceito de saúde fazem com que a observação

deste fenômeno seja quase que obrigatoriamente realizado de forma interdisciplinar,

devido à complexidade deste objeto de estudo, em que se complementam de forma

direta aspectos psicológicos, sociais, econômicos e culturais, além dos aspectos

biológicos. Assim, destaca-se como necessária a integração entre as ciências

humanas e sociais, ciências da saúde, planejamento e gestão em saúde, além da

integração com a atuação educacional aproximando os serviços para a organização

de programas que busquem a efetiva mudança de hábitos relacionados a

comportamentos mais positivos relacionados à saúde.

Uma visão interdisciplinar, unificada e convergente implica estar presente

tanto no campo da teoria como da prática, seja prática da intervenção social,

pedagógica ou de pesquisa.91 Assim, observa-se que este estudo abrange aspectos

interdisciplinares, uma vez que aborda fatores comportamentais que refletem

atitudes de aquisição de hábitos saudáveis relacionados à prática de atividades

físicas, que influenciam de forma direta a saúde da população.

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APÊNDICE A – Instrumento

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APÊNDICE B – Artigo 1: Submetido para Revista Motriz

(ISSN 1980-6574)

Motivational Profile and Physical Education Enjoyme nt in

Brazilian Adolescents

Introduction

The relationship between physical activity, health and better quality of life has

been scientifically proven for decades (Nahas, 2013) (Hallal, Knuth, Cruz, Mendes, &

Malta, 2010). Aspects related to physical activity levels during childhood and

adolescence are widely investigated, since there is a significant relationship between

the behaviors acquired during this period and resulting actions in adulthood (Hallal,

Andersen, Bull, Guthold, Haskell, & Ekelund, 2012). As such, a gradual increase in

physical activity levels was expected in the sample; however, a decline in these

levels was observed from adolescence, with high rates of physical inactivity among

young people in different regions of Brazil (Sousa, et al., 2013) (Freitas, Silva,

Araújo, Marinho, Damasceno, & Oliveira, 2010).

One of the factors that contribute decisively to engaging in physical activity

and sports is motivation (Moreno-Murcia, Joseph, & Hernández, 2013). In recent

years, self-determination theory (SDT) has been widely used to help understand the

influence of motivation on adherence to physical activities and sports (Deci & Ryan,

1985) (Deci & Ryan, 1991) (Deci & Ryan, 2000). The SDT consists of three

subtheories and addresses the three basic psychological needs that regulate human

behavior: competence, autonomy and relatedness, which act interdependently.

Competence refers to individuals’ ability to perform a task, autonomy to their level of

independence and control over their decisions, and relatedness is associated with a

perceived sense of connectivity to others in the environment (Deci & Ryan, 2000).

Satisfying these needs results in regulatory behavior that can establish

intrinsic motivation when the actions are initiated independently by the subject or

extrinsic motivation when actions are regulated by external factors (Ryan & Deci,

2000).

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This theory was complemented by Vallerand (2001, 2007), who presented the

Hierarchical Model of Motivation as a model that proposes a self-determination

continuum, whereby the subject can be more self-determined (intrinsic and extrinsic

motivation) or less self-determined (demotivation). In short, Vallerand’s hierarchical

model of intrinsic and extrinsic motivation (2007) is organized according to the

following sequence: Social Factors (global, contextual, situational) → Mediators

(autonomy, competence and relatedness) → Motivation (intrinsic, extrinsic and

demotivation) → Consequences (affective, cognitive and behavioral).

In the context of physical education, social factors that affect motivation may

involve the climate provided by teachers during classes, whereby they employ a

more controlling style or encourage greater autonomy. In the latter case, increased

teacher support of student autonomy may ensure greater motivation or self-

determination to participate in physical education classes (González-Cutre, et al.,

2014).

Thus, according to the sequence of Vallerand’s hierarchical model (2007), the

relationship between social factors and satisfying the psychological mediators of

autonomy, competence and relatedness determines the type of motivation exhibited

by students in physical education classes (intrinsic and extrinsic motivation and

demotivation) (Ntoumanis & Standage, 2009). Finally, the type of motivational

regulation leads to the emergence of different cognitive, behavioral and affective

consequences (Vallerand, 2007). Thus, enjoyment when participating in physical

education classes is the result of self-determined behavior, with intrinsic motivation

influencing the decision to perform these activities (Moreno-Murcia, Joseph, &

Hernández, 2013).

Moreno and Martínez (Moreno & Martinez, 2006) report that educational

programs encouraging the development of intrinsic motivation and self-determined

behavior, particularly during early childhood education, may contribute to the

adoption of habits involving physical activity, thereby decreasing the likelihood that

these will be abandoned once mandatory schooling is complete. In this respect,

higher levels of physical activity are recorded among those who feel more motivated

to engage in these activities (Standage M., Gillison, Ntoumanis, & Treasure, 2012)

(Teixeira, Carraça, Markland, Silva, & Ryan, 2012). Intention to exercise and

enjoyment when doing so are associated with self-determination (intrinsic motivation)

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to participate in physical education classes, mainly involving the basic needs of

autonomy and competence (Standage & Gillison, 2007).

The aim of this study was to identify the motivational profile and relate it to

teacher autonomy support, basic psychological needs, physical exercise enjoyment,

and level of physical activity among Brazilian adolescents. Thus, it is expected that a

more self-determined motivational profile will be positively associated with teacher

autonomy support, satisfaction of the three basic psychological needs and a higher

level of physical activity in Brazilian adolescents.

Method

Participants

The sample consisted of 615 schoolchildren,327 girls and 288 boys, aged

between 12 and 14 years (M = 13.3, DT = 0.79), in the final grades of elementary

schooling at four public schools located in the urban zone of three municipalities in

Midwest Santa Catarina state, Brazil.

Measurements

Autonomy support. The short form of the Learning Climate Questionnaire

(LCQ) (Williams and Deci, 1996) recommended by Nuñez, León, Grijalvo, & Albo

(2012) was applied. The scale consists of 5 items preceded by the stem “My physical

education teacher...”, which evaluate autonomy support (e.g. “Tries to understand

how I feel before suggesting a new way of doing things”). Answers were scored on a

Likert-type scale ranging from 1 (Completely disagree) to 7 (Completely agree).

Basic Psychological Needs. A questionnaire was applied to assess basic

psychological needs in physical education (NPBEF), adapted for Portuguese by

Pires, Luís, Borrego, Alves, & Silva (2010) from the Basic Psychological Needs in

Exercise Scale (BPNESp) (Vlachopoulos & Michailidou, 2006) and validated for the

Brazilian population by Lettnin (Lettnin, 2013). The questionnaire consists of 12 items

encompassing three dimensions: autonomy (e.g. “I feel I do activities the way I want

to”), competence (e.g. “I feel I complete class activities successfully”) and

relatedness (e.g. “I feel good with my classmates”). Items are preceded by the stem

“Generally, in physical education...” and are scored on a 5-point Likert scale from 1

(Completely disagree) to 5 (Completely agree). Internal consistency was 0.70, 0.72

and 0.81, respectively.

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Motivation. The Perceived Locus of Causality Questionnaire (PLOCQ)

(Goudas & Biddle, 1994) was used, translated into Portuguese and validated for the

Brazilian population (Tenório, 2014). The questionnaire contains twenty items and is

subdivided into five dimensions: intrinsic motivation (e.g. “Because physical

education is fun”); identified regulation (e.g. “Because I want to learn sports skills”);

introjected regulation (e.g. “Because I want the teacher to think I am a good

student”); external regulation (e.g. “Because I am supposed to do it”); demotivation

(e.g. “But I really feel I am wasting my time”). Items are preceded by the stem “I do

physical education...” and are scored on a 7-point Likert scale ranging from 1

(Completely disagree) to 5 (Completely agree). Internal consistency was 0.77, 0.74,

0.69, 0.68 and 0.76, respectively.

Physical Activity Enjoyment Scale. We applied the Physical Activity Enjoyment

Scale (PACES) (Motl, Dishman, Saunders, Dowda, Felton, & Pate, 2001), translated

by Montanha (Montanha, 2013), to measure enjoyment of physical activity. The scale

consists of 16 statements preceded by the stem “When I am physically active...”,

which assess enjoyment directly (e.g. “I enjoy it”, “It’s very pleasant”, “It gives me

energy”) and inversely (e.g. “It makes me sad”, “I dislike it”, “It’s no fun at all”).

Answers were scored on a Likert-type scale, rated from 1 (Completely disagree) to 5

(Completely agree).

Physical Activity Level. The Physical Activity Questionnaire for Children (PAQ-

C) was used, validated by Kowalski, Crocker and Faulkner (1997) and translated and

modified by Silva and Malina (2000), who excluded only physical activities and sports

not practiced in Brazil. The instrument contains nine questions about sports and

games; physical activities at school and spare time, including weekends. Each

question is given an activity score between 1 and 5 on a scale from very sedentary

(1) to very active (5) and the final score is the mean calculated for all the items.

Scores 2, 3 and 4 correspond to sedentary, moderately active and active,

respectively. The final score classifies individuals as active or sedentary, with those

who score ≥ 3 considered active and < 3 sedentary.

Procedure

Since the short form of the LCQ has not yet been adapted to the Brazilian

educational setting, Hambleton’s back-translation method was used (1996). To that

end, the items were first translated into Portuguese and then translated back into

English by a group of translators, noting similarities with the original version. Next,

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the battery of items was assessed by three specialists who estimated the relevance

of the items in measuring the construct for which they were created as well as correct

wording.

The questionnaires were then applied to a small group of students to check for

understanding and make any necessary corrections.

Prior authorization was requested from management staff and teachers at the

schools involved in the study, as well as the parents and/or guardians of the

participants. The questionnaires were answered during physical education (PE)

classes under the supervision of the researcher, who explained how subjects should

complete the instrument and remained available to answer any questions that might

arise during the process. Completion time was approximately 35 minutes and

anonymity was respected to ensure sincere answers. The project was submitted to

the Human Research Ethics Committee of Unoesc/Hust and approved under protocol

number 937.597 on December 19, 2014.

Data Analysis

Confirmatory factor analysis was performed to verify the factor structure of the

LCQ. Descriptive statistics were conducted for all the variables (means and standard

deviations) followed by analytical statistics with bivariate correlations. Next, the

sample of 615 adolescent schoolchildren was randomly divided into two sub-samples

denominated sample 1 (n = 308) and sample 2 (n = 307), in order to identify the

different motivational profiles. To determine motivational profiles in sample 1,

hierarchical clustering was conducted via Ward’s method, using the variables intrinsic

motivation, identified regulation, introjected regulation, external regulation and

demotivation. Next, the same variables were used in sample 2 to confirm the pattern

of profiles found using K means cluster analysis. Finally, hierarchical cluster via

Ward’s method was applied to determine the motivational profile of the entire sample.

Multivariate analysis (MANOVA) was performed to examine the characteristics of

each motivational profile in terms of autonomy support, basic psychological needs,

physical activity enjoyment, and level of physical activity. Analyses were conducted

using SPSS statistics 20.0 software.

Results

Psychometric Properties of the LCQ

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67

The independent sample consisted of 215 children, 107 girls and 108 boys,

aged between 12 and 14 years (M = 13.5, DT = 0.84) and enrolled in elementary

school. Items from each scale were submitted to descriptive analysis (mean and

standard deviation) in order to maximize variance and determine whether all the

items exhibited high discriminative power, high standard deviation and mean scores

of accepted answers (Nunnally & Bernstein, 1994). All the items in the present study

were adjusted to the desired descriptive levels, analyzing the internal structure of the

scales and submitting data to confirmatory factor analysis. The results of descriptive

data revealed similarity with the normal curve, as recommended by Curran, West and

Finch (1996). In addition, Mardia’s coefficient was 11.90, establishing deviation from

multivariate normality. Factor structure was evaluated by maximum likelihood

estimation using bootstrapping (500 resamples) and the covariance matrix between

items was used as input for data analysis. Oblique rotation was performed for one

factor, with five measurements obtained.

Standardized values for factor loadings were between 0.74 and 0.82. Model fit

was evaluated using a combination of absolute and relative indices. The results of

confirmatory factor analysis were satisfactory: χ2 (4, 615) = 4.11 p = .39; χ2/d.f. =

1.03; CFI = 0.99; NFI = 0.99; TLI = 0.99; SRMR = 0.008; RMSR = 0.007. Internal

consistency of the scale was calculated using Cronbach’s alpha, obtaining an alpha

value of 0.81.

Descriptive and correlation analysis

The total sample exhibited a mean score of 4.74 out of seven for autonomy

support. With regard to psychological mediators, a mean score of 3.07 out of five was

recorded for autonomy, 3.91 out of five for competence and 4.02 out of five for

relatedness. In terms of motivational regulations for physical education classes, the

highest score observed was for identified regulation, followed by intrinsic motivation,

introjected regulation and external regulation, with the lowest result recorded for

demotivation. A mean score of 4.12 out of five was obtained for physical activity

enjoyment. Mean physical activity level was 2.46, with a score of ≥ 3 representing

active children and < 3 sedentary ones.

The variables were positively and significantly correlated, with the exception of

intrinsic motivation, which showed no association with external regulation; identified

regulation, which was not related to external regulation; and external regulation and

demotivation, which exhibited no correlation with level of physical activity. Intrinsic

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68

motivation and identified regulation were negatively correlated with demotivation and

external regulation and demotivation showed a negative correlation with enjoyment

(Table 1).

Cluster Analysis

Cluster analysis followed the steps proposed by Hair, Anderson, Tatham and

Black (1998). First, invalid data were identified among the variables studied and

excluded from the study sample. In the second step all the variables were

standardized using Z-scores and no scores above 3 were found, implying the

absence of outliers or invalid data. Subsequently, univariate distribution of all the

clustered variables was examined for normality. The total sample was divided into

two subsamples.

In order to determine the motivational groups in sample 1, hierarchical cluster

was performed using Ward’s method. The resulting dendrogram suggested the

existence of two groups (Table 2). The suitability of the groups created was

evaluated based on the increase in clustering coefficients. According to Norusis

(1992), low coefficients indicate significant homogeneity between cluster members,

whereas high values demonstrate substantial differences between members. Thus,

two motivational profiles were obtained (Figure 1): self-determined (cluster 1), with

high values for identified regulation, intrinsic motivation and introjected regulation,

and non-self-determined (cluster 2), with elevated demotivation and external

regulations scores. K-means clustering was applied to identify the motivational

groups in sample 2 and also established two profiles (Figure 2): self-determined

(cluster 2), with high scores for identified regulation, intrinsic motivation and

introjected regulation, and non-self-determined (cluster 1), with elevated values for

demotivation and external regulation. Ward’s method was used to determine the

motivational groups in the total sample, detecting two profiles (Figure 3): self-

determined (cluster 2), with high scores for introjected regulation, intrinsic motivation

and identified regulation, and non-self-determined (cluster 1), with elevated values for

demotivation and external regulation.

Differential Analysis

Multivariate analyses of variance (MANOVA) were conducted to examine the

characteristics of each motivational profile, considering clusters of the total sample as

independent variables and autonomy support, basic psychological needs, physical

activity enjoyment and physical activity level as dependent variables (Table 3). The

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results obtained revealed differences (Wilks’s lambda = .71, F (7, 607) = 35.06, p <

0.01, η2 = 0.28), always favoring self-determination.

Discussion

Given the importance of identifying and grouping adolescents according to

their motivational profile in order to intervene more effectively by planning PE classes

based on their individual needs, this study aimed to identify the motivational profile of

Brazilian adolescents and relate it to teacher autonomy support, basic psychological

needs, exercise enjoyment, and level of physical activity. Considering the analyses

conducted, the results obtained confirm our hypothesis, since self-determined

teenagers also exhibited greater perceived teacher autonomy support, better

satisfaction of the three basic psychological needs, increased enjoyment of physical

activity and higher physical activity levels.

According to Deci and Ryan (1991), the ideal social context that favors self-

determination is one that encourages the development of autonomy, an important

factor that can influence an individual’s ability to thrive, improve personal growth and

increase enjoyment, thus enabling better adherence and commitment to physical

activity programs.

Adolescents who report receiving greater autonomy support from teachers

also exhibit more self-determination. In this respect, evidence shows a positive

association between self-determination to participate in physical education classes

and teacher autonomy support (Moreno-Murcia & Hernández, 2013).

Additional studies confirm that teacher autonomy support during classes can

directly impact the intrinsic motivation of those involved (Cheon, Reeve, & Moon,

2012) (Lim & Wang, 2009), since students who receive this support are more likely to

participate in the activities proposed, are more satisfied with their lives and more

committed to activities (Reeve, Jang, Carrell, Jeon, & Barch, 2004), in addition to

exhibiting greater perceived competence (Williams & Deci, 1998).

Encouraging fulfillment of the basic psychological needs of perceived

competence, autonomy and relatedness prompts the development of self-

determination (Moreno-Murcia, Ruiz, & Vera, 2015) (Guimarães & Boruchovitch,

2004).This was confirmed by our results, since adolescents who reported receiving

greater autonomy support obtained higher scores in the satisfaction of basic

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psychological needs, displaying increased perceived competence and autonomy in

PE classes compared to less self-determined students.

Of the motivational profiles obtained, the self-determined group was

characterized by high intrinsic motivation and introjected regulation scores and low

levels of external regulation and demotivation. These results are similar to those

found in other studies investigating the relationship between self-determination

theory, engagement in exercise and participation in PE classes (Silva, Matias, Viana,

& Andrade, 2012) (Viana, Andrade, & Matias, 2010). It is important to note that

external regulation and demotivation showed no correlation with physical activity

level, indicating that self-determined motivations are related to more effective

physical activity (Moreno-Murcia, Hernández, & Cervelló, 2012).

Values for enjoyment of physical education and physical activity level are also

higher among self-determined adolescents, confirming the importance of intrinsic

motivation in effective physical activity.

Other studies also report that adolescents whose motivational profiles denote

high intrinsic motivation and perceived autonomy scores for participation in physical

education classes are also more likely to exercise outside school (Haerens, Kirk,

Cardon, De Bourdeaudhuij, & Vansteenkiste, 2010).

Identifying and examining motivational dimensions in adolescents are

important tools in understanding human behavior in terms of adhering to supervised

physical activity and can aid in the implementation of strategies that encourage good

behavior in relation to exercise.

Conclusions

In conclusion, the data from this investigation demonstrate that self-

determined adolescents perceive greater teacher support for autonomy; exhibit better

fulfillment of basic psychological needs for autonomy, competence and relatedness;

show greater enjoyment while participating in physical education classes and

consequently engage in more physical activity.

In educational settings teachers are mediators, not only in terms of selecting

content, but in how they conduct classes, encouraging autonomy and enjoyment of

physical activity.

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71

The results reinforce the possible impact of school-based physical education

on adolescents in terms of adopting physical exercise, as well as the importance of

educational proposals that promote student adherence to these classes and serve as

tools to encourage an active lifestyle, even outside school. As such, it is important

for physical education teachers to organize and implement activities that support

autonomy in adolescents, encourage greater self-determination and increase

enjoyment of PE classes.

Possible limitations of this study include the need for further research on the

issue involving different age groups in order to clarify possible differences identified

in other stages/phases of school-based physical education. Future investigations

could also consider the differences between the sexes, as well as longitudinal studies

to effectively determine whether self-determined adolescents continue to be more

physically active and intrinsically motivated into adulthood, considering basic

psychological needs.

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Figure 1

Hierarchical clustering using Ward’s method in sample 1

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Figure 2

K-means clustering in sample 2

Figure 3

Hierarchical clustering using Ward’s method in the total sample

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APÊNDICE C – Artigo 2: Submetido para Revista Motricidade

(ISSN 1646-107X)

Estilo controlador docente e motivação nas aulas de educação física.

Diferenças por sexo e idade

Introdução

A motivação vem sendo estudada como fator determinante que influencia os

resultados da aprendizagem, uma vez que se observa que níveis elevados de

aprendizagem muitas vezes têm sido atribuídos à motivação pessoal e a um

ambiente favorável a esta motivação. Segundo Moreno-Murcia, Conde, & Sáenz-

López (2012), no contexto da educação física, os fatores sociais que interferem na

motivação podem envolver o clima oferecido pelo professor durante as aulas, sendo

possível que o mesmo recorra a um estilo mais controlador (ofereça incentivos

extrínsecos) ou apresente um maior incentivo à autonomia (aumenta a motivação

intrínseca dos estudantes). As influências do sexo e da idade também são variáveis

que apresentam um importante papel no desenvolvimento das atitudes voltadas à

prática das aulas de educação física nos estudantes durante a adolescência

(Athanasios, 2007). Estudos têm demonstrado que o interesse pela prática das aulas

de educação física diminui nas meninas em comparação aos meninos, o mesmo se

observa com o aumento da idade (Moreno, Hellín, y Hellín, 2006). Assim, investigar

como evolui a relação entre estas variáveis possibilita que sejam apresentados

novos modelos contextuais, que permitam desenhar futuros cenários de atuação

docente, ajustando-se a determinadas percepções dos docentes e dos estudantes.

Desde a década de 1980 com a publicação da Teoria da Autodeterminação

(TAD) por Deci e Ryan, começou-se a postular mudanças significativas nas

abordagens sobre estilos interpessoais. A TAD (Ryan e Deci, 2000, 2002) propõe

que o estilo de ensino do docente pode ser conceituado ao longo de um contínuo,

que vai desde o controle, até o apoio elevado à autonomia (Gagne, Ryan, e

Bargmann, 2003). Segundo Reeve (2009), apoiar a autonomia consiste em nutrir os

recursos motivacionais internos do estudante, proporcionando fundamentos

explicativos, utilizando uma linguagem não controladora, mostrando paciência para

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permitir aos estudantes o tempo necessário para aprender no seu próprio ritmo.

Desta forma, o estudante se envolve mais na tomada de decisões, utilizando uma

metodologia indagativa, dando mais importância ao processo, incentivando o esforço

e aperfeiçoamento pessoal (Moreno-Murcia et al., 2014). Contrariamente ao apoio à

autonomia, está o estilo controlador durante as aulas. Neste caso, os professores

asseguram que as atividades sejam realizadas atendendo unicamente a forma de

pensar, sentir e se comportar do próprio professor. Quando os docentes utilizam um

estilo controlador, influenciam os estudantes a deixar de lado seus próprios recursos

motivacionais internos para realizar as atividades, buscando a resolução dos

problemas de acordo com a necessidade do professor (Moreno-Murcia et al., 2012).

Apesar dos numerosos estudos que apresentam as consequências positivas

de metodologias baseadas no suporte a autonomia, tanto no contexto da educação

física como na aprendizagem de maneira geral (Reeve et al., 2004; Taylor,

Ntoumanis y Smith, 2009; Taylor, Ntoumanis y Standage, 2008), há uma tendência,

de maneira geral, principalmente do professor de educação física, em manter um

estilo mais controlador (Reeve, 2009). Existem inúmeras razões que podem levar a

um professor de educação física a utilizar um estilo mais controlador, entre eles

observa-se a resistência e motivação dos próprios professores (Roth, Assor, Kaplan,

Kannat-Mayman, 2007); a pressão e exigência por resultados no trabalho (Pelletier

& Sharp, 2009), o receio em perder o controle da turma, a falta de experiência ou

falta de formação inicial sobre estes aspectos (Lamote & Engels, 2010; Su & Reeve,

2011; Vera, 2010), as características dos próprios alunos (Taylor et al., 2008), estes

aspectos limitam a atuação do professor no incentivo à situações que possibilitem

ações de suporte à autonomia. Um aumento do apoio do professor à autonomia dos

alunos pode permitir uma maior motivação intrínseca, ou um perfil mais

autodeterminado para a prática das aulas de educação física (González-Cutre et al.,

2014).

Como novidade e com a intenção de confirmar no contexto brasileiro que o

estilo controlador apresenta uma relação negativa com a motivação

autodeterminada, neste contexto, o objetivo deste estudo foi identificar, em

adolescentes brasileiros, a relação do estilo controlador docente com a motivação

autodeterminada nas aulas de educação física, além de comprovar as diferenças por

sexo e idade. Assim, se espera que os estudantes que percebem um estilo

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controlador por parte do docente estarão menos motivados autodeterminadamente

durante as aulas de educação física.

Método

Amostra

A amostra foi composta por 615 escolares, matriculados no ensino

fundamental, séries finais, de quatro escolas de ensino público, localizadas na zona

urbana de três municípios da região meio oeste do estado de Santa Catarina, Brasil,

sendo 327 meninas e 288 meninos, com idades compreendidas entre os 12 e 14

anos (M = 13.3, DT = .79).

Instrumentos

Controle docente. Foi utilizada a versão modificada para a educação física

por Cheon, Reeve, Yu & Jang (2014) do Controlling Teacher Questionnaire (CTQ)

de Jang, Reeve, Ryan, & Kim (2009). Esta escala é composta por quatro itens,

precedidos da frase “Meu professor de educação física...”, que avaliam o controle do

professor durante as aulas (e.g. “Procura/tem intenção de controlar tudo o que

faço”). As respostas foram pontuadas em uma escala tipo Likert, cuja pontuação

varia de 1 (Discordo totalmente) até 7 (Concordo totalmente).

Motivação. Foi utilizado o questionário Perceived Locus of Causality

Questionnaire (PLOCQ) (Goudas, Biddle, & Fox, 1994), traduzido e validado para a

população brasileira (Tenório, 2014). Esse questionário é composto por vinte itens,

sendo subdividido em cinco dimensões: motivação intrínseca (e.g. “Porque a

educação física é divertida”); regulação identificada (e.g. “Porque quero aprender

habilidades esportivas”); regulação introjetada (e.g. “Porque quero que o professor

pense que sou um bom aluno”); regulação externa (e.g. “Porque é obrigatório”);

desmotivação (e.g. “Faço, mas acho que estou perdendo meu tempo”). Os itens são

precedidos da frase inicial “Eu realizo as aulas de educação física…”, que se

pontuam de acordo com uma escala tipo Likert de 7 pontos classificados de 1

(Discordo plenamente) até 7 (Concordo plenamente). A consistência interna foi de

.77, .74, .69, .68 y .76, respectivamente. Estas dimensões permitem que seja

observado o índice de autodeterminação (IAD), este índice é calculado com a

seguinte fórmula: (2 x Regulação Intrínseca + Regulação Identificada) - ((Regulação

Introjetada + Regulação Externa) / 2) - (2 x Desmotivação).

Procedimentos

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83

Devido à CTQ ainda não ter sido adaptada ao contexto educativo brasileiro,

foi adotada a estratégia de tradução inversa de Hambleton (1996). Desta maneira,

primeiramente foram traduzidos os itens para a língua portuguesa e posteriormente

um grupo de tradutores voltou a traduzi-los para o espanhol, observando a

coincidência com a versão original. Posteriormente, a bateria de itens foi submetida

a uma avaliação por três especialistas na temática, todos eles estimando a

pertinência dos itens para medir o constructo para os quais foram criados, além da

correta redação dos mesmos. A bateria completa de questionários foi aplicada a um

grupo reduzido de estudantes para verificar sua correta compreensão, e em caso

contrário realizar as correções pertinentes. Foi solicitada a autorização prévia das

equipes diretivas e dos professores das escolas envolvidas no estudo, bem como

aos pais e/ou responsáveis dos participantes menores de idade. Os questionários

foram aplicados durante as aulas de educação física, sob supervisão do pesquisador

que realizou as explicações de como os estudantes deveriam responder ao

instrumento e continuou à disposição para sanar possíveis dúvidas que poderiam

surgir durante o processo, sendo respeitado o anonimato para garantir a sinceridade

nas respostas dos escolares. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisas em Seres Humanos da Unoesc/Hust, conforme parecer número

937.597, de 19/12/2014.

Análise estatística

Para comprovar a estrutura da escala CTQ foi realizada uma análise fatorial

confirmatória. Foi realizada a análise de estatística descritiva de todas as variáveis

(médias e desvios padrões), em seguida foi realizada a estatística analítica sendo

efetivadas as correlações bivariadas, por sexo e idade. Para examinar as possíveis

diferenças do estilo controlador e da motivação autodeterminada de acordo com o

sexo e a idade dos estudantes foi realizada análise de variância multivariada

(MANOVA). Foi comprovado o poder preditivo da percepção de estilo controlador

dos docentes sobre a motivação autodeterminada, por meio de uma análise de

regressão linear múltipla por passos. As diferentes análises foram realizadas com

SPSS 20.0 y AMOS pacote estatístico.

Resultados

Propriedades psicométricas da CTQ

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Foi utilizada uma amostra independente de 308 escolares, matriculados no

ensino fundamental, sendo 150 meninas e 158 meninos, com idades compreendidas

entre os 12 e 14 anos (M = 13.9, DT = 0.45). Primeiramente foi realizada uma

análise descritiva (média e desvio padrão) dos itens de cada escala, com a intenção

de maximizar a variância da escala e comprovar se todos os itens apresentavam um

elevado poder discriminante, alto desvio padrão e pontuações médias de respostas

aceitas (Nunnally & Bernstein, 1994). Neste estudo todos os itens se ajustaram aos

níveis descritivos desejados, de modo que se procedeu a analisar a estrutura interna

das escalas, submetendo os dados a uma análise fatorial confirmatória. Segundo os

resultados dos dados descritivos, existiu semelhança com a curvatura normal, tal

como recomendam Curran, West e Finch (1996). Assim mesmo, o coeficiente de

Mardia foi de 13.67 estabelecendo um desvio da normalidade multivariada. A

estrutura fatorial foi avaliada utilizando a estimação de máxima de verossimilhança

com um procedimento de bootstrapping (500 reamostras) e a matriz de covariância

entre os itens como entrada para a análise de dados. Submeteu-se a análise do

modelo oblíquo de um fator, com cinco medidas observadas.

Os pesos fatoriais se encontravam entre valores padronizados de .84 e .88. O

ajuste dos modelos foi avaliado com uma combinação de índices de ajuste absolutos

e relativos. Os resultados obtidos da análise fatorial confirmatória foram adequados:

χ2 (4, 308) = 3.87 p = .56; χ2/d.f. = 1.23; CFI = .99; NFI = .99; TLI = .98; SRMR =

.006; RMSR = .005. A consistência interna da escala foi calculada utilizando o

coeficiente alfa de Cronbach e obteve-se um valor de alfa de .86.

Análise descritiva e de correlação

A percepção dos alunos sobre o estilo controlador docente obteve média de

2.50 pontos sobre sete. O IAD da amostra total apresentou média de 7.70 pontos. O

estilo controlador docente nas aulas de educação física apresentou correlação

negativa com o IAD e com o sexo (Tabela 1).

Análise diferencial

Para examinar as possíveis diferenças entre o estilo controlador e a

motivação autodeterminada (variáveis dependentes) foram realizadas análises

multivariadas de variância (MANOVA) considerando sexo e idade como variáveis

independentes (Tabela 3). Os resultados obtidos mostraram diferenças por sexo

(Lambda de Wilks = .96, F (3, 607) = 6.87, p < .001, η2 = .03) e idade (Lambda de

Wilks = .97, F (6, 1214) = 2.43, p < .01, η2 = .01), não encontrando diferenças na

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interação sexo e idade (Lambda de Wilks = .99, F (6, 1214) = .99, p = .42, η2 = .005).

A respeito do sexo, tanto na variável estilo controlador (F = 8.18, p = .004, η2 = .013)

como no IAD (F = 4.32, p = .038, η2 = .007) foram os meninos os que apresentaram

maiores valores. Quando considerada a idade, somente foram encontradas

diferenças (F = 3.14, p = .044, η2 = .010) na variável IAD. Depois da prova post hoc

observou-se que estas diferenças se davam unicamente entre as idades de 12 e 14

anos, sendo menores os valores nos estudantes de 14 anos (Tabela 2).

Modelo de regressão linear

Para comprovar o valor preditivo da percepção de estilo controlador sobre o

IAD, foi realizada uma análise de regressão linear por passos (Tabela 3). Observa-

se que o IAD é predito de forma negativa pelo estilo controlador docente. A variância

explicada obtida foi de 25%.

Discussão

Devido à importância que parece existir em identificar a motivação de

estudantes e como esta pode ser influenciada pela atuação docente, para que seja

possível intervir de forma mais eficaz, programando aulas de educação física de

acordo com as necessidades dos envolvidos, o objetivo deste estudo foi investigar a

relação existente entre o estilo controlador docente e a motivação autodeterminada

durante as aulas de educação física, em adolescentes brasileiros, e comprovar as

possíveis diferenças por sexo e idade.

Considerando as análises realizadas, os resultados obtidos confirmam a

hipótese formulada, uma vez que a percepção de estilo controlador docente durante

as aulas de educação física apresentou correlação negativa com a motivação

autodeterminada. A motivação autodeterminada foi predita de forma negativa pelo

estilo controlador. A relação entre o clima gerado durante as aulas de educação

física e a motivação autodeterminada dos estudantes tem sido amplamente

estudada (González-Cutre et al., 2014; Lim, & Wang, 2009). O estilo motivacional

dos docentes pode influenciar um perfil mais autodeterminado, melhorando a

aprendizagem, as emoções, o compromisso, o sentimento de satisfação, entre

outros aspectos (Reeve, 2006; Reeve et al., 2004).

A utilização de propostas pedagógicas em que os docentes apresentem um

estilo de apoio à autonomia é importante, uma vez que ao comparar estudantes que

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participam de aulas direcionadas com um estilo controlador docente, em relação aos

que participam de aulas baseadas no suporte a autonomia, observa-se que estes

últimos apresentam melhores resultados relacionados a uma maior satisfação das

necessidades psicológicas básicas durante a atividade, maior participação durante a

aula, apresenta emoções positivas, maior criatividade, melhor processamento de

informações e entendimento conceitual, maior persistência diante das dificuldades,

entre outros benefícios (Cai, Reeve, & Robinson, 2002; Guay, Boggiano, & Vallerad,

2001; Patrick, Anderman, Ryan, Edelin, & Midgley, 2000; Pelletier, Sèguin-Levesque,

& Legault, 2002).

Quando considerada a idade, somente foram encontradas diferenças na

variável Índice de Autodeterminação. Observou-se que estas diferenças se davam

unicamente entre as idades de 12 e 14 anos, sendo menores os valores nos

estudantes de 14 anos. O Índice de Autodeterminação é predito de forma negativa

pela percepção de estilo controlador docente. Em relação à idade, observa-se que

enquanto alguns estudos mostram que o interesse e a motivação autodeterminada

diminuem com a idade (Athanasios, 2007), outros encontraram um aumento desta

motivação em grupos com idade mais avançada (Murcia, et al., 2007).

A respeito do sexo, observaram-se maiores valores de motivação

autodeterminada para os meninos. Estes resultados corroboram com a maioria das

investigações que analisam a motivação referente ao sexo do estudante, e

encontram resultados em que os meninos percebem maior motivação

autodeterminada do que as meninas (Cairney et al., 2012). Estudos têm observado

que as atitudes das adolescentes ou adultas, do sexo feminino, para a prática

esportiva e de atividade física, corresponde a um padrão mais estético, enquanto

que o sexo masculino apresenta atitudes em relação à prática coletiva e competitiva.

Estas diferenças podem ser relacionadas à existência de atividades rotuladas de

acordo com o sexo, estimulando uma atitude negativa para com a atividade física de

adolescentes do sexo feminino. Na educação física, de maneira particular, isto faz

com que as meninas se sintam menos competentes para estas atividades e

consequentemente, sentem menos diversão e prazer durante a prática (Moreno,

Martínez, & Alonso, 2006).

Programas educacionais que estimulem o desenvolvimento da motivação

intrínseca e de uma conduta mais autodeterminada, principalmente nas primeiras

etapas escolares, podem conduzir os estudantes à adoção de hábitos para a prática

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de atividade física. Assim, depois de finalizada a etapa de escolaridade obrigatória, a

tendência é que o abandono da prática seja atenuado. Desta forma, o sentimento de

satisfação para a prática das aulas de educação física é resultante de um

comportamento mais autodeterminado, com influência da motivação intrínseca para

a realização das atividades (Moreno-Murcia, Joseph & Huéscar, 2013). Assim, é

necessário que exista uma promoção de estratégias educacionais que favoreçam a

satisfação da necessidade básica de autonomia dos adolescentes, influenciando a

sua motivação autodeterminada, promovendo assim, um compromisso para a

atividade física.

A identificação e a avaliação das dimensões motivacionais oferecidas pelos

docentes durante as aulas de educação física são importantes para o entendimento

do comportamento humano voltado à adesão à prática das aulas e das atividades

físicas orientadas, podendo auxiliar na implantação de estratégias que estimulem

bons comportamentos relacionados a esta prática.

Como possíveis limitações deste estudo, destaca-se que são necessários

mais estudos sobre este tema considerando faixas etárias mais amplas, na intenção

de esclarecer as possíveis diferenças encontradas em outras etapas de ensino da

educação física escolar ou após este período. Em futuras investigações, parece ser

importante a implantação de estudos longitudinais, para comprovar efetivamente se

estes resultados continuam seguindo um padrão de apresentação e que variáveis

podem ser intervenientes neste processo.

Como conclusão, a motivação autodeterminada é predita de forma negativa

pela percepção de estilo controlador docente. O estilo controlador docente durante

as aulas de educação física apresentou correlação negativa com o sexo feminino.

Foram os meninos que apresentam maiores valores de motivação autodetermina.

Os estudantes de menor idade foram os que apresentaram maiores valores na

motivação autodeterminada.

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Tabela 1 Correlações de Todas as Variáveis M DT R 1 2 3 4

1. Controle 2.50 1.15 1-7 - -.23** .01 -.13**

2. IAD 7.70 4.80 1-7 - - -.09* -.09*

3. Idade 13.3 .79 - - - -.03

4. Sexo 1.5 .49 - - - -

Nota. IAD = Índice de Autodeterminação Tabela 2 Valores Descritivos da Análise Diferencial

Sexo Idade

Masculino (n = 288)

Feminino (n = 327)

12 (n = 130)

13 (n = 178)

14 (n = 307)

M DT M DT M DT M DT M DT

Controle 2.64 .07 2.36 .06 2.45 .10 2.54 .08 2.51 .06

IAD 8.32 .30 7.47 .27 8.6 .42 7.75 .35 7.34 .27

Nota. IAD = Índice de Autodeterminação

Tabela 3 Análise de Regressão Linear para a Predição do IAD

B SEB β ∆R2

10.13 .45 .25**

Estilo controlador -.97 .16 -.23**

Nota. **p < .01.