dissertaÇÃo de mestrado · resíduo do agente floculante como um tanino condensado pelo teor de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Tratamento por sistemas microemulsionados da borra gerada na flotação de água oleosa de petróleo Dennys Correia da Silva Orientador: Prof. Dr. Afonso Avelino Dantas Neto Coorientadora: Profa. Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas Natal/RN Julho/2018

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Page 1: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO · resíduo do agente floculante como um tanino condensado pelo teor de componentes e semelhança entre o ... Como posso viver sem ... ensina a ser não

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Tratamento por sistemas microemulsionados da borra gerada na

flotação de água oleosa de petróleo

Dennys Correia da Silva

Orientador: Prof. Dr. Afonso Avelino Dantas Neto

Coorientadora: Profa. Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

Natal/RN

Julho/2018

Page 2: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO · resíduo do agente floculante como um tanino condensado pelo teor de componentes e semelhança entre o ... Como posso viver sem ... ensina a ser não

Dennys Correia da Silva

Tratamento por sistemas microemulsionados da borra gerada na

flotação de água oleosa de petróleo

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Química da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do Título de Mestre em Engenharia

Química, sob a orientação do Prof. Dr. Afonso

Avelino Dantas Neto e coorientação da Profa.

Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas.

Natal/RN

Julho/2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Silva, Dennys Correia da.

Tratamento por sistemas microemulsionados da borra gerada na

flotação de água oleosa de petróleo / Dennys Correia da Silva. - 2018.

145 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química. Natal, RN, 2018. Orientador: Prof. Dr. Afonso Avelino Dantas Neto.

Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Tereza Neuma de Castro Dantas.

1. Borra de flotação - Dissertação. 2. Agente floculante -

Dissertação. 3. Microemulsão - Dissertação. 4. Flotação -

Dissertação. 5. Tensoativo - Dissertação. I. Dantas Neto, Afonso

Avelino. II. Dantas, Tereza Neuma de Castro. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 622.765

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262

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SILVA, Dennys Correia da – Tratamento por sistemas microemulsionados da borra gerada na

flotação de água oleosa de petróleo. Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Química – PPGEQ. Área de concentração: Engenharia Química.

Linha de Pesquisa: Ciência e Tecnologia de Tensoativos, Natal/RN, Brasil.

Orientador: Prof. Dr. Afonso Avelino Dantas Neto

Coorientadora: Profa. Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

RESUMO

Com o desenvolvimento e expansão da indústria petrolífera, cresce também a geração de resíduos. A

contaminação por petróleo e seus derivados destaca-se como um problema ambiental que necessita de

cuidados especiais na produção e no tratamento de resíduos. Na etapa de tratamento de efluentes visando

a remoção do óleo da água através de flotação, é gerada uma borra que se apresenta como um grande

desafio de tratamento para descarte ou uma possível viabilidade de reaproveitamento. O presente

trabalho apresenta uma opção de tratamento para a borra de flotação através do uso de sistemas

microemulsionados, utilizando como tensoativos, o óleo de coco saponificado (OCS) e o

desemulsificante comercial Dissolvan. A borra de flotação (BF) foi extraída em soxhlet e forneceu as

seguintes frações: 87,64% de óleo, 8,09% de água e 4,26% de resíduos insolúveis. Estes resíduos

insolúveis da borra, junto do resíduo do agente floculante utilizado na flotação do óleo, passaram por

etapas de identificação e caracterização através de Difração de raios X (DRX), Espectrometria de

Fluorescência de raios X (FRX), Espectroscopia por Infravermelho (FT-IR), Termogravimetria (TG),

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Sistema de Energia Dispersiva (EDS), Análise Elementar

(CHNO) e Espectroscopia de Absorção UV-Vis. No resíduo da borra de flotação, o DRX revelou a

presença de quartzo (SiO2), calcita (CaCO3), pirita (FeS2) e Molibdenita (MoS2), enquanto o FRX

validou a presença destes minerais pelas quantidades de enxofre (35,48%), ferro (28,16%) e frações

residuais de cátions. No resíduo de agente floculante foi detectado cloro (56,12%), alumínio (17,71%),

enxofre (6,93%) e resíduos de cátions. Estas caracterizações revelaram a presença de minerais

provenientes das formações geológicas, apontados pela análise termogravimétrica como 30% da massa

do resíduo da borra, enquanto as análises de FT-IR, MEV e EDS apontaram semelhanças entre os

resíduos das duas amostras. Já as análises CHNO e Espectroscopia de Absorção UV-Vis identificaram o

resíduo do agente floculante como um tanino condensado pelo teor de componentes e semelhança entre o

espectro de absorção de uma amostra de tanino condensado, extraído da planta Ipomea pes-caprae. Além

disso, foi avaliado um processo de otimização para solubilização da BF utilizando um sistema de

microemulsão (SME) contendo o OCS como tensoativo, n-butanol como cotensoativo, querosene de

aviação (QAV) como fase óleo (FO) e água salina 2% NaCl como fase aquosa (FA). Foram obtidos os

sistemas de Winsor os quais as fases microemulsionadas foram caracterizadas através do aspecto visual,

tamanho de partícula, potencial zeta, tensão superficial, pH, condutividade elétrica e espalhamento de

raios X a baixo ângulo (SAXS). A otimização do uso das fases microemulsionadas dos sistemas de WII e

WIV na solubilização da borra foi feita utilizando um planejamento experimental por delineamento

composto central rotacional (DCCR) em dois pontos de aplicação: Winsor II rico em composição aquosa

e Winsor IV rico em composição oleosa. As fases de microemulsão destes pontos foram aplicados de

modo a expandir e estimar possíveis fatores que aumentem a eficiência de solubilização da borra, tendo

como variáveis a razão SME/BF, a temperatura (°C) e o tempo (min). Pelos dados obtidos nos

experimentos realizados nos dois pontos escolhidos, os valores obtidos para a resposta de eficiência de

solubilização (ES) estiveram, em quase todos os ensaios, em faixas superiores a 90% de solubilidade,

com exceção dos ensaios em que o tempo de solubilização e a razão SME/BF mostraram-se muito

baixas, e, assim, os valores de eficiência oscilaram entre 70-80%. O sistema microemulsionado contendo

o Dissolvan como tensoativo no lugar do OCS mostrou-se com maior capacidade de solubilização

(93,36% para a fase de WII formado em alto teor de água salina e 95,79% para a fase de WII formado

em alto teor de QAV) em relação ao sistema contendo OCS (91,89% em WII e 95,6% em WIV), o que

valida a sua utilização no tratamento da borra de flotação por microemulsão..

Palavras-chave: Borra de flotação, agente floculante, microemulsão, OCS e Dissolvan.

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Dennys Correia da Silva

Tratamento por sistemas microemulsionados da borra gerada na flotação de água oleosa

de petróleo

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Química - PPGEQ, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte - UFRN, como

parte dos requisitos para obtenção do título

de Mestre em Engenharia Química.

Aprovado (a) em 31 / julho / 2018

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SILVA, Dennys Correia da - Treatment by microemulsion systems of sludge generated in oil

water flotation. Master's Dissertation, UFRN, Graduate Program in Chemical Engineering –

PPGEQ. Area of concentration: Chemical Engineering. Research Line: Science and Technology

of Surfactants, Natal / RN, Brazil.

Advisor: Prof. Dr. Afonso Avelino Dantas Neto

Co-advisor: Profa. Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

ABSTRACT

With the development and expansion of the oil industry, waste generation on a large scale also grows.

Environmental contamination by oil and its products stands out as a problem of high impact and requires

special care during production and waste treatment. In the effluent treatment stage aiming the removal of

oil from water by flotation, a sludge is generated which presents itself as a great challenge of treatment for

either disposal or a possible reuse viability. This work presents a treatment option for the flotation sludge

(FS) through microemulsion systems involving saponified coconut oil (SCO) and the commercial

demulsifier Dissolvan as surfactants. The flotation slurry (BF) was extracted in soxhlet and provided the

following fractions: 87.64% oil, 8.09% water and 4.26% insoluble residues. These insoluble residues of the

sludge, and the residue of the flocculating agent used in the flotation of the oil, went through stages of

identification and characterization through X-ray Diffraction (XRD), X-ray Fluorescence Spectrometry

(XRF), Infrared Spectroscopy (FT-IR), Thermogravimetric Analysis (TGA), Scanning Electron

Microscopy (SEM), Energy Dispersive Spectroscopy (EDS), Elemental Analysis (CHNO) and UV-Vis

Absorption Spectroscopy. The presence of quartz (SiO2), calcite (CaCO3), pyrite (FeS2) and molybdenite

(MoS2) was observed in the flotation sludge residue, while FRX confirmed the presence of these minerals

by sulfur (35.48%), iron (28.16%) and residual cation fractions. Chlorine (56.12%), aluminum (17.71%),

sulfur (6.93%) and cation residues were detected in the flocculating agent residue. These characterizations

revealed the presence of minerals from the geological formations, corresponding to 20% of the mass of the

sludge residue as indicated by the thermogravimetric analysis, while the analyzes of FT-IR, SEM and EDS

showed similarities between the residues of the two samples. Moreover, the CHNO and UV-Vis

Absorption Spectroscopy analyzes identified the flocculant agent residue as a condensed tannin because of

the number of components and similarities between the absorption spectrum of a sample of condensed

tannin extracted from the Ipomea pes-caprae plant. In addition, an optimization process for solubilization

of FS was evaluated using a microemulsion system (MES) containing SCO as surfactant, n-butanol as

cosurfactant, aviation fuel as the oil phase and NaCl 2% salt water as the aqueous phase solution. Winsor

systems were obtained, and microemulsion phases were characterized at room temperature (25°C) by

analyzing visual appearance, particle size, zeta potential, surface tension, pH, electrical conductivity and

small angle X-ray scattering (SAXS). The optimization of the use of microemulsion phases of WII and

WIV systems in the sludge solubilization was evaluated through a central composite rotatable design

(CCRD) at two application points: Winsor II rich in water and Winsor IV rich in oil. The microemulsion

phases of these points were applied in order to investigate and estimate possible factors that may increase

the solubility efficiency of the sludge, having as variables MES/FS ratio, temperature (°C) and time (min).

From the data obtained for the two points, it was verified that the values acquired for the solubilization

efficiency (ES) were, in almost all the tests, greater than 90%, excepting the tests in which the

solubilization time and the MES/FS ratio were very low, and thus efficiency values ranged from 70-80%.

The microemulsion system containing Dissolvan as surfactant revealed to have higher solubilization

capacity (93.36% for WII rich in salt water and 95.79% for WII rich in oil phase) compared to the SCO

system (91.89% for WII and 95.6% for WIV), which validates its use in the treatment of microemulsion

flotation sludge.

Keywords: Flotation sludge, flocculating agent, microemulsion, SCO and Dissolvan.

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A Deus, Seu filho Jesus e Sua Santíssima Mãe,

Doce Virgem Maria, que sempre cuidam de mim

e me atendem em orações. Como posso viver sem

O Seu Amor?

Aos meus queridos pais Gricinia Correia da Silva

e Francisco das Chagas Oliveira da Silva, a

minha amada tia Iolete Vilas-Boas Corrêa, a

toda a minha família, amigos, professores, e a

todas as gerações de Engenharia Química que

estão e que virão.

Às várias crianças e idosos carentes que ajudei

ao longo desses anos, especialmente a pequena

Taynara (In memoriam) e o jovem Rômulo, por

me ensinarem o valor do amor.

À Profa. Dra. Tereza Neuma, minha inspiração,

símbolo e exemplo, sem a qual não teria

realizado esse trabalho e que todos os dias me

ensina a ser não apenas um bom profissional,

mas também um exemplo de ser humano. Todo

meu amor.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, Seu Filho Jesus e a Santíssima e Doce Virgem Maria, que cuidam de mim e regem

meus passos, como um verdadeiro Pai, Irmão e Mãe, respectivamente, ensinando, protegendo,

perdoando, abençoando e entregando as coisas na hora certa. Obrigado por me trazerem para

Natal. Obrigado por serem a luz da minha vida! Amo-os incondicionalmente.

A meus pais Gricinia Correia da Silva e Francisco das Chagas Oliveira da Silva, minha tia

Iolete Vilas-Boas Corrêa que me amam e educam, sempre ao meu lado em todos os

momentos dando incentivo, cuidado e força.

À minha tia Gricirene Sousa Correia, Maria Paula, Leonardo Boas, Leonardo Filho, meus

cachorros Michelle e Tuxo e a todos meus familiares que torcem por mim e acreditam com

toda fé que serei um grande homem.

À Profª Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas, pela orientação, conhecimento, força, apoio,

paciência, disponibilidade, dedicação e confiança. Além de ser meu símbolo de inspiração,

orgulho e exemplo, eis também meu símbolo de ser humano, bondade e sabedoria.

Infinitamente todo o meu amor e gratidão!

Ao Prof. Dr. Afonso Avelino Dantas Neto, por ter me acolhido, orientado, guiado e

conduzido em sua sabedoria e conhecimento. Sou eternamente grato por ter me orientado.

À PETROBRAS, ao Polo Industrial de Guamaré, pela confiança, especialmente ao amigo e

companheiro de mestrado Ricardo Neves, pela confiança, apoio, ajuda e força para a

realização deste trabalho. Sem você nada disso seria possível, muito obrigado!

Ao Prof. Dr. Eduardo Lins de Barros Neto, por ter me recebido em Natal de braços abertos,

guiado e ajudado nos meus passos iniciais, bem como Paula Cavalcante e André Nascimento,

que me apoiaram em minhas primeiras lutas e até hoje torcem por mim. Não tenho como

agradecê-los.

À Família LTT: Valdivino Borges, Andrey Costa, Joherbson Deivid, Gregory Vinícius,

Yasmine Ísis, Daniel Nobre, Tâmara Gonçalves, Laís Sibaldo, Professores Alcides de Oliveira

e Rosélia Alves, Tamirys Souza, Rafaelly Lira, Daniel Godoy e a todos pelo convívio,

paciência, amizade e contribuição para este trabalho. Obrigado por serem uma família para

mim nos bons e maus momentos. Todo o meu amor.

A Eugênio e o pessoal do NUPPRAR; a Paulino, Cris, Alfredo e o pessoal do NUPEG pela

ajuda, apoio e incentivo.

Ao Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos e minha amiga Juliene da Câmara Rocha pelo

auxílio na interpretação e cálculo dos planejamentos experimentais e análise de dados.

À Prof. Dra. Maria Carlenise, pelo auxílio e revisão junto a este trabalho.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, pelo

indispensável apoio financeiro.

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À Dona Danuzia, Stallone, Medeiros, Mazinha, Neide e Thyrone pela ajuda, incentivo,

conversa e apoio desde o começo da minha trajetória na Pós-Graduação. Um especial

obrigado à Dona Danuzia, por ter sido uma segunda mãe para mim em Natal. Todo meu amor.

Aos professores do PPGEQ pelos ensinamentos e conhecimentos indispensáveis para minha

construção profissional e pessoal.

Aos professores Antônio Carlos, Audirene Amorim, Harvey Villa e todos os professores do

curso de graduação de Engenharia Química (UFMA) e fora dele, pelo conhecimento, ajuda e

ensino em meus primeiros passos na engenharia química, especialmente ao Prof. Dr. Wendell

Ferreira de La Salles, por ter sido minha inspiração e ter me ajudado a chegar até aqui.

Aos queridos professores e amigos que me guiaram e me ajudaram a escolher o curso que

hoje me encontro e amo tanto: Silvana Espíndola, Niwaldo Ramos, Maura Brandão, Dagmar

Oliveira, Dulce Irene, Alfredo Terceiro, Andressa Ferreira, Breno Bonfim, Emanuel Melo,

Pedro Henrique, Samuel Thallyson, Aline Duarte, Mylla Mariah e tantos outros.

À Vilce Ramos, Kerllon Kendrick, Paulo Anderson, Aluísio Neto e toda a família Evento

Solidário, que me dão sempre um dos meus mais belos momentos de vida e juntos da pequena

Taynara (In memoriam) e do jovem Rômulo, especialmente, me ensinaram a lição de amar,

respeitar e acreditar sempre em um mundo melhor.

Aos amigos de graduação, engenheiros e futuros engenheiros: Yuri Pereira, Dyogo Mondego,

Meyrelle Figueiredo, Pedro Augusto, Luciano Costa, Thiago Santos, Guilherme Baima, Nuhu

Ayuba, Pedro Yuri, Licurgo Mattos, Mari Oliveira e tantos outros pelos momentos de

construção pessoal e profissional durante meus anos de graduando. Obrigado por torcerem por

mim mesmo à distância.

Aos amigos de moradia e eterna família, que me acolheram em Natal e estiveram comigo nos

bons e maus momentos: José Elinaldo, Edson Nascimento, Henrique Freitas, Cleanderson

Fidelis, Túlio Batista, Micas Silambo, Samuel Freitas, Fernando e Bruno Patriota.

Aos amigos de mestrado e/ou “companheiros de guerra” que trilharam uma belíssima jornada

inicial comigo, compartilhando estudo, lazer, aprendizado e convívio: Aline Araújo, Fernanda

Monteiro, Larissa Pinheiro, Ingrid Veras, Helton Gomes, Isabelly Azevedo, Islanny Larissa,

Karyn Nathallye, Maritta Lira, Vanessa Pimentel e Wildson Leite. Agradecimentos especiais

a Kelvin Gama, Guilherme Arruda, Luana Rabelo, Juliene Rocha, Heloísa Didier e seu esposo

Allan Medeiros por serem mais do que amigos, por serem irmãos muito amados que fiz em

Natal. Toda a minha sincera amizade.

A todos que contribuíram para este trabalho, torceram e torcem por mim, e me aponham em

todos os momentos da minha vida, meu MUITO OBRIGADO. Que Deus e a Doce Virgem

Maria abençoem a todos. Todo o meu amor.

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“Eis a serva do Senhor, faça-se em mim

segundo a tua palavra. ”

Santa Maria segundo Lucas 1:38

“Um perfeccionista tem que respeitar seu

tempo: dar forma, moldar e esculpir sua obra

até que seja perfeita. Não pode abandoná-la

antes de estar satisfeito, jamais!"

Michael Jackson

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 22

2 ASPECTOS TEÓRICOS .................................................................................................... 26

2.1 Petróleo .......................................................................................................................... 26

2.1.1 Definição .................................................................................................................. 26

2.1.2 Histórico .................................................................................................................. 27

2.1.2.1 Mundo ................................................................................................................ 27

2.1.2.2 Brasil .................................................................................................................. 28

2.1.3 Composição e classificação .................................................................................... 30

2.2 Produção e tratamento de petróleo ............................................................................. 32

2.2.1 Estação de tratamento de óleo (ETO) .................................................................. 32

2.2.2 Estação de tratamento de efluentes (ETEs) ......................................................... 33

2.2.3 Resíduos de flotação e impactos ambientais ........................................................ 34

2.2.4 Tanino ...................................................................................................................... 35

2.3 Tensoativos .................................................................................................................... 36

2.3.1 Definição e aplicações............................................................................................. 36

2.3.2 Classificação ............................................................................................................ 38

2.3.2.1 Pela estrutura química ....................................................................................... 38

2.3.2.2 Pela natureza do grupo polar ............................................................................. 39

2.3.2.3 Balanço hidrofílico-lipofílico ............................................................................ 41

2.3.3 Propriedades dos tensoativos ................................................................................ 42

2.3.3.1 Adsorção nas interfaces ..................................................................................... 42

2.3.3.2 Formação de sistemas auto-organizados ........................................................... 43

2.3.4 Ponto de Krafft e ponto de turbidez ..................................................................... 45

2.3.5 Concentração micelar crítica (c.m.c) .................................................................... 46

2.4 Sistemas microemulsionados ....................................................................................... 48

2.4.1 Mecanismo de formação ........................................................................................ 49

2.4.2 Estrutura ................................................................................................................. 50

2.4.3 Sistemas de Winsor ................................................................................................ 51

2.4.4 Fatores que influenciam o comportamento das microemulsões ........................ 52

2.4.4.1 Temperatura ....................................................................................................... 53

2.4.4.2 Salinidade .......................................................................................................... 53

2.4.4.3 Tensoativo e Cotensoativo................................................................................. 53

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2.4.4.4 Razão cotensoativo/tensoativo (C/T)................................................................. 53

2.4.4.5 Natureza do óleo ................................................................................................ 54

2.4.5 Diagramas de fases ................................................................................................. 54

2.4.5.1 Diagramas ternários ........................................................................................... 54

2.4.5.2 Diagramas quaternários ..................................................................................... 54

2.4.5.3 Diagramas pseudoternários ............................................................................... 55

2.5 Planejamento experimental ......................................................................................... 56

2.5.1 Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR) ....................................... 56

2.5.2 Metodologia de Superfície de Resposta (MSR) ................................................... 57

3 ESTADO DA ARTE ............................................................................................................ 60

3.1 Utilização de tensoativos no tratamento de borra de petróleo ................................. 60

3.2 Utilização de microemulsões no tratamento de borra de petróleo ........................... 62

4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL .............................................................................. 66

4.1 Reagentes, materiais e equipamentos .......................................................................... 66

4.2 Agente Floculante ......................................................................................................... 67

4.2.1 Extração de resíduo em meio básico ..................................................................... 67

4.2.2 Identificação do tanino presente no resíduo do agente floculante ..................... 68

4.2.2.1 Análise Elementar (CHNO)............................................................................... 68

4.2.2.2 Espectroscopia de absorção UV-Vis ................................................................. 68

4.3 Borra de flotação ........................................................................................................... 70

4.3.1 Obtenção da amostra ............................................................................................. 70

4.3.2 Extração em soxhlet ............................................................................................... 70

4.4 Caracterização dos resíduos do agente floculante e da borra de flotação ............... 72

4.4.1 Difração de Raios X (DRX) ................................................................................... 72

4.4.2 Espectrometria de Fluorescência de Raios X (EFRX) ........................................ 72

4.4.3 Espectrometria por Infravermelho (FT-IR) ........................................................ 73

4.4.4 Termogravimetria (TG) ......................................................................................... 74

4.4.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Sistema de Energia Dispersiva

(EDS) ................................................................................................................................ 75

4.5 Sistemas microemulsionados ....................................................................................... 75

4.5.1 Obtenção dos diagramas pseudoternários e determinação das regiões de

Winsor .............................................................................................................................. 76

4.5.2 Caracterização do sistema microemulsionado (OCS)......................................... 77

4.5.2.1 Aspecto visual ................................................................................................... 77

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4.5.2.2 Tamanho de partícula ........................................................................................ 77

4.5.2.3 Potencial Zeta .................................................................................................... 78

4.5.2.4 Tensão superficial .............................................................................................. 79

4.5.2.5 pH ...................................................................................................................... 80

4.5.2.6 Condutividade elétrica ....................................................................................... 80

4.5.2.7 Espalhamento de raios X a baixo ângulo (SAXS) ............................................. 81

4.6 Solubilização da borra de flotação .............................................................................. 83

4.7 Planejamento experimental e análises estatísticas ..................................................... 84

4.8 Quantificação do agente floculante extraído da borra por espectroscopia UV-Vis 86

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 89

5.1 Agente floculante ........................................................................................................... 89

5.1.1 Identificação do tanino presente no resíduo do agente floculante ..................... 89

5.1.1.1 Análise elementar (CHNO) ............................................................................... 89

5.1.1.2 Espectroscopia de absorção UV-Vis ................................................................. 90

5.2 Borra de flotação ........................................................................................................... 91

5.2.1 Extração em soxhlet ............................................................................................... 91

5.3 Caracterização do resíduo do agente floculante e da borra de flotação .................. 92

5.3.1 Difração de Raios X (DRX) ................................................................................... 92

5.3.2 Espectrometria de Fluorescência de Raios X (EFRX) ........................................ 93

5.3.3 Espectroscopia por Infravermelho (FT-IR) ......................................................... 94

5.3.4 Termogravimetria (TG) ......................................................................................... 95

5.3.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Sistema de Energia Dispersiva

(EDS) ................................................................................................................................ 97

5.4 Sistema microemulsionado contendo OCS ............................................................... 104

5.4.1 Determinação das regiões de Winsor ................................................................. 104

5.4.2 Caracterizações dos sistemas microemulsionados contendo OCS ................... 105

5.5 Solubilização da borra de flotação e análises estatísticas ........................................ 106

5.6 Quantificação por espectroscopia UV-Vis do agente floculante extraído da borra

............................................................................................................................................ 116

5.7 Aplicação do tensoativo Dissolvan® .......................................................................... 120

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 123

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 125

APÊNDICE A ....................................................................................................................... 136

APÊNDICE B ........................................................................................................................ 140

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APÊNDICE C ....................................................................................................................... 141

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Bacias sedimentares brasileiras. Bacias proterozoicas, paleozoicas, cretáceas e

terciárias distribuem-se desde o Sul-Sudeste até o Nordeste e Amazônia. .............................. 29

Figura 2 - Vista panorâmica do Polo Industrial de Guamaré. .................................................. 32

Figura 3 - Fluxograma de processos realizados na ETO do polo industrial de Guamaré. ....... 33

Figura 4 - Fluxograma de processos realizados na ETEs do polo industrial de Guamaré. ...... 34

Figura 5 - Estrutura do coagulante TANFLOC da empresa TANAC, obtido a partir do tanino

extraído da Acácia Negra. ........................................................................................................ 36

Figura 6 - Representação esquemática de uma molécula tensoativa. ....................................... 37

Figura 7 - Ilustrações de tensoativos de acordo com a classificação pela estrutura química: (a)

cadeia simples, dupla cadeia e tripla cadeia; (b) gêmeos; (c) bolaform e (d) assimétricos. ..... 38

Figura 8 - Estrutura geral de um sal quaternário de amônio (tensoativo catiônico). ................ 39

Figura 9 - Estruturas dos tensoativos aniônicos (a) Estearato de sódio; (b)

dodecilbenzenosulfonato de sódio; (c) dodecilsulfato de sódio. .............................................. 39

Figura 10 - Estrutura dos tensoativos não-iônicos (a) 1-O-octyl-D-glicopiranosideo; (b) Brij

99 e (c) Triton X. ...................................................................................................................... 40

Figura 11 - Estrutura dos tensoativos anfóteros (a) Fosfolipídios ou lecitinas e (b) N-dodecil-

N,N-dimetilglicina. ................................................................................................................... 41

Figura 12 - Reação de formação de azidas alquílicas de cadeia longa. .................................... 41

Figura 13 - Adsorção dos tensoativos na interface ar-água. ..................................................... 43

Figura 14 - Representação de formação de micelas direta e inversa. ....................................... 44

Figura 15 - Dependência da solubilidade de um tensoativo. TKr = ponto de Krafft. ................ 46

Figura 16 - Gráfico demonstrando a ocorrência do ponto de turbidez. .................................... 46

Figura 17 - Representação gráfica das propriedades físicas de um tensoativo para cálculo da

c.m.c. ........................................................................................................................................ 47

Figura 18 - Representação esquemática de uma gotícula de microemulsão água em óleo. ..... 50

Figura 19 - Representação esquemática de uma gotícula de microemulsão óleo em água. ..... 51

Figura 20 - Representações esquemáticas de estruturas (a) bicontínua e (b) lamelar. ............. 51

Figura 21 - Representação dos Sistemas de Winsor. ................................................................ 52

Figura 22 - Representação esquemática de (a) um diagrama ternário; (b) um diagrama

quaternário; (c) um diagrama pseudoternário – Relação água/tensoativo constante; (d) um

diagrama pseudoternário – Relação cotensoativo/tensoativo constante. .................................. 55

Figura 23 - Análise gráfica do Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR)............ 56

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Figura 24 - Sistema de extração soxhlet utilizado para extração de matéria orgânica da borra

de flotação................................................................................................................................. 71

Figura 25 - Diagrama de fases pseudoternário do sistema microemulsionado formado por T =

OCS; C = n-butanol; C/T = 4; FO = QAV; FA = Solução de NaCl 2%, apresentando as

regiões de Winsor. .................................................................................................................... 77

Figura 26 - Esquema da distribuição de cargas na vizinhança de uma partícula carregada e os

respectivos potenciais associados à dupla camada elétrica na interface sólido-líquido. .......... 79

Figura 27 - Intensidade de espalhamento e função de distribuição de distância de corpos

geométricos. .............................................................................................................................. 82

Figura 28 - Sistema de agitação com os sistemas microemulsionados + borra conforme

parâmetros pré-determinados. .................................................................................................. 83

Figura 29 - (a) amostra de tanino condensado e (b) amostra de resíduo do agente floculante,

diluídos em água destilada. ....................................................................................................... 90

Figura 30 - Espectros UV-vis das amostras de tanino condensado e do resíduo do agente

floculante em solução aquosa. .................................................................................................. 90

Figura 31 - Difratograma do resíduo da borra de flotação. ...................................................... 92

Figura 32 – Espectros no infravermelho do resíduo do agente floculante e do resíduo da borra

de flotação................................................................................................................................. 94

Figura 33 - Termogramas do resíduo do agente floculante. ..................................................... 96

Figura 34 - Termogramas do resíduo da borra de flotação....................................................... 96

Figura 35 - Micrografias da superfície do (a) resíduo do agente floculante e (b) resíduo da

borra de flotação em 400x. ....................................................................................................... 98

Figura 36 - Micrografias da superfície do (a) resíduo do agente floculante e (b) resíduo da

borra de flotação em 1000x. ..................................................................................................... 98

Figura 37 - Micrografias da superfície do (a) resíduo do agente floculante e (b) resíduo da

borra de flotação em 2000x. ..................................................................................................... 99

Figura 38 - Micrografias da superfície do (a) resíduo do agente floculante e (b) resíduo da

borra de flotação em 3000x. ..................................................................................................... 99

Figura 39 - Espectro de EDS para a primeira área analisada do resíduo do agente floculante

em 500x. ................................................................................................................................. 100

Figura 40 - Espectro de EDS para a primeira área analisada do resíduo do agente floculante

em 3000x. ............................................................................................................................... 101

Figura 41 - Espectro de EDS para a primeira área analisada do resíduo da borra de flotação

em 400x. ................................................................................................................................. 102

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Figura 42 - Espectro de EDS para a segunda área analisada do resíduo da borra de flotação em

1000x. ..................................................................................................................................... 103

Figura 43 - Curvas de função de distribuição de distância p(r) para as regiões de

microemulsão de (a) Winsor II e (b) Winsor IV. ................................................................... 106

Figura 44 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WII (tensoativo OCS)

em função da razão SME/BF e da T (°C) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional. ........................................................................................................................ 112

Figura 45 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WII (tensoativo OCS)

em função da razão SME/BF e do t (min) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional. ........................................................................................................................ 112

Figura 46 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WII (tensoativo OCS)

em função da T (°C) e do t (min) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional. ........................................................................................................................ 113

Figura 47 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WIV (tensoativo OCS)

em função da razão SME/BF e da T (°C) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional. ........................................................................................................................ 113

Figura 48 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WIV (tensoativo OCS)

em função da razão SME/BF e do t (min) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional. ........................................................................................................................ 114

Figura 49 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WIV (tensoativo OCS)

em função da T (°C) e do t (min) do SME em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional. ........................................................................................................................ 114

Figura 50 - Solubilização da borra de flotação com variações de temperatura (°C) em SME

contendo OCS no ponto ótimo de WII. .................................................................................. 115

Figura 51 - Solubilização da borra de flotação com variações de temperatura (°C) em SME

contendo OCS no ponto ótimo de WIV. ................................................................................ 116

Figura 52 - Aplicação da solubilização pelo SME do ponto ótimo de WII do (a) tanino

extraído do agente floculante em razão SME/Tanino = 4 e da (b) borra de flotação em

SME/BF = 4. ........................................................................................................................... 117

Figura 53 - Espectros UV-Vis das amostras de tanino condensado, do resíduo do agente

floculante e do resíduo de borra não solubilizada em SME dissolvidos em água destilada... 118

Figura 54 - Curva de calibração UV-Vis concentração x absorbância do tanino extraído do

agente floculante em água destilada, onde o ponto em destaque corresponde ao tanino

extraído da borra de flotação e diluído em água destilada. .................................................... 119

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Figura 55 - Diagrama de fases pseudoternário do sistema microemulsionado formado por T =

Dissolvan; C = n-Butanol; C/T = 4; FO = QAV; FA = Solução de NaCl 2%, apresentando as

regiões de Winsor à temperatura de 25°C. ............................................................................. 120

Figura 56 - Aplicação do ponto ótimo na solubilidade da borra através do sistema

microemulsionado contendo Dissolvan como tensoativo em (a) WII rico em fase água (b) WII

rico em fase óleo. .................................................................................................................... 121

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Produção de petróleo, segundo regiões geográficas, países e blocos econômicos

(2006-2015). ............................................................................................................................. 28

Tabela 2: Composição elementar média do petróleo................................................................ 30

Tabela 3: Estimativa da natureza do óleo cru baseado na medida de duas densidades

específicas. ................................................................................................................................ 31

Tabela 4: Classificação do Petróleo em Função do °API. ........................................................ 31

Tabela 5: Propriedades gerais dos tensoativos. ........................................................................ 37

Tabela 6: Aplicações de tensoativos pela faixa de HLB. ......................................................... 42

Tabela 7: Estruturas previstas para agregados pelo cálculo geométrico do fator de

empacotamento. ........................................................................................................................ 45

Tabela 8: Composição média do óleo de coco. ........................................................................ 76

Tabela 9: Níveis assumidos para as variáveis independentes................................................... 84

Tabela 10: Matriz codificada do delineamento de composto central rotacional (DCCR) para a

solubilização da borra de flotação (BF) por microemulsão. ..................................................... 86

Tabela 11: Soluções diluídas para construção da curva de calibração. .................................... 87

Tabela 12: Análise elementar do resíduo do agente floculante. ............................................... 89

Tabela 13: Resultados obtidos na solubilização fracionada da borra de flotação por extração

soxhlet. ...................................................................................................................................... 91

Tabela 14: Resultados da análise de Fluorescência de Raios X do resíduo do agente floculante

e da borra de flotação................................................................................................................ 93

Tabela 15: Principais bandas de transmissão em comum entre o resíduo sólido extraído do

agente floculante e o resíduo sólido extraído da borra de flotação. ......................................... 95

Tabela 16: Caracterização das regiões de microemulsão dos pontos de Winsor II e Winsor IV

do sistema microemulsionado contendo OCS. ....................................................................... 105

Tabela 17: Condições dos ensaios e resultados do planejamento experimental DCCR para a

solubilização da borra de flotação através do sistema microemulsionado OCS-n-butanol-

QAV-solução NaCl 2% na fase microemulsionada de Winsor II (20% [C+T], 5% FO e 75%

FA). ......................................................................................................................................... 107

Tabela 18: Condição dos ensaios e resultados do planejamento experimental DCCR para a

solubilização da borra de flotação através do sistema microemulsionado OCS-n-butanol-

QAV-solução NaCl 2% em Winsor IV (15% [C+T], 80% FO e 5% FA). ............................. 108

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Tabela 19: Estimativas dos coeficientes de regressão e suas interações na solubilização da BF

com SME em WII. .................................................................................................................. 109

Tabela 20: Estimativas dos coeficientes de regressão e suas interações na solubilização da BF

com SME em WIV. ................................................................................................................ 109

Tabela 21: ANOVA para a solubilização da borra de flotação pelo SME de WII. ................ 111

Tabela 22: Validação do modelo empírico em WII. .............................................................. 111

Tabela 23: ANOVA para a solubilização da borra de flotação pelo SME de WIV. .............. 111

Tabela 24: Validação do modelo empírico em WIV. ............................................................. 111

Tabela 25: Absorbância das soluções diluídas. ...................................................................... 118

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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade

[FA] - Concentração em fase aquosa g/ml

[FO] - Concentração em fase oleosa g/ml

A/O ou W/O - Emulsão água em óleo -

Ag - Prata -

Al - Alumínio -

ANP -Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis

-

ANOVA - Analysis of Variance -

API -American Petroleum Institute -

B -Boro -

Ba -Bário -

BF -Borra de Flotação -

BSW -Basic sediments and water -

C -Carbono -

C/T - Razão cotensoativo tensoativo g/g

Ca - Cálcio -

CHNO - Análise elementar (carbono, hidrogênio, nitrogênio e

oxigênio)

%

Cd - Cádmio -

Cl - Cloro -

c.m.c. - Concentração Micelar Crítica -

CNP - Conselho Nacional do Petróleo -

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente -

Cr - Crômio -

Cs - Césio -

Cu - Cobre -

DCCR - Delineamento Composto Central Rotacional -

DRX - Difratometria de Raios X -

EFRX - Espectrometria de Fluorescência de Raios X -

[ES] - Eficiência de solubilização %

[ESm] - Eficiência de solubilização média %

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ETEs - Estação de Tratamento de Efluentes -

ETO - Estação de Tratamento de Óleo -

Fa - Fase aquosa g

Fe - Ferro -

Fo - Fase oleosa g

FT-IR - Espectroscopia de Infravermelho com Transformada

de Fourier

-

HLB - Balanço Hidrofílico-Lipofílico -

ICSD -Inorganic Crystal Structure Database -

K -Potássio -

Li -Lítio -

LTT - Laboratório de Tecnologia de Tensoativos -

MCFS - Massa do cartucho final seco g

MCV - Massa do cartucho vazio g

Mg - Magnésio -

Mn - Manganês -

MOE - Massa do óleo extraído g

MS - Massa de sólidos g

MSR - Metodologia de superfície de resposta -

MTBP - Massa total da borra de petróleo g

N -Nitrogênio -

Na - Sódio -

NUPEG - Núcleo de Ensino e Pesquisa em Petróleo e Gás -

O - Oxigênio -

O/A ou O/W - Emulsão óleo em água -

OCS - Óleo de coco saponificado -

P - Fósforo -

pH - Potencial hidrogeniônico -

Pb - Chumbo -

[Res] - Quantidade de resíduo não solubilizado %

[Resm] - Quantidade média de resíduo não solubilizado %

RN - Rio Grande do Norte -

S - Enxofre -

SAO - Separador água-óleo -

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Si - Silício -

SME - Sistema microemulsionado -

Sn - Estanho -

Sr - Estrôncio -

Ti - Titânio -

Tl - Tálio -

TLF - Tanques de lavagem a frio -

TLQ - Tanques de lavagem a quente -

TML - Tanque de mistura lenta -

TMR - Tanque de mistura rápida -

TOG - Teor de óleos e graxas -

TPH - Hidrocarbonetos totais de petróleo -

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte -

UO-RNCE - Unidade Operacional do Rio Grande do Norte e

Ceará

-

USA -United States of America -

WI - Equilíbrio de fases do tipo Winsor I -

WII - Equilíbrio de fases do tipo Winsor II -

WIII - Equilíbrio de fases do tipo Winsor III -

WIV - Equilíbrio de fases do tipo Winsor IV -

Z - Número atômico -

Zn - Zinco -

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CAPÍTULO 1

Introdução

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Capítulo 1 - Introdução 22

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

1 INTRODUÇÃO

O petróleo é uma das mais importantes fontes de energia da atualidade, pois é através

dele que se realizam inúmeras atividades, sendo responsável por grande parte dos

combustíveis que são utilizados em todo o mundo e por boa parte da energia gerada pelas

usinas termoelétricas (Pontes, 2002).

No Brasil, o grande marco da exploração e produção de petróleo aconteceu nos anos

70 com a descoberta da Província Petrolífera da Bacia de Campos e, nessa mesma década, a

descoberta de petróleo na plataforma continental do Rio Grande do Norte, com destaque para

a construção e atividade do Polo Industrial de Guamaré/RN, o que fez com que o Estado do

Rio Grande do Norte, durante as últimas três décadas, se tornasse o sexto maior produtor

brasileiro de petróleo (Araújo, 2016).

Porém, além de gerar derivados de primeira importância como plásticos, tintas,

gasolina e borracha sintética, as atividades como perfuração, produção, transporte,

processamento e distribuição geram resíduos sólidos e líquidos na forma de lamas, borras,

efluentes líquidos e gasosos, entre outros. Neste contexto, se tornam indispensáveis a sua

redução, aplicação, aproveitamento, tratamento e destinação apropriada de acordo com a

legislação ambiental (Mariano, 2005). Esses resíduos podem ser classificados como perigosos

ou não, tais como: sobrenadante do flotador, borra oleosa do separador água-óleo, borra

oleosa dos separadores gravitacionais, borra oleosa do tratamento primário e os resíduos

sedimentados dos tanques de decantação (Silva, 2015).

Um dos grandes problemas enfrentados nas estações de tratamento é a geração da

borra formada a partir do processo de flotação da água oleosa. Essa borra é formada durante a

flotação do óleo por adição de um agente floculante e seu retorno para o início do processo

causa a perda da especificação do percentual de água em óleo (BSW – Basic Sediments Water)

e o retorno de correntes de óleo recuperadas, o que prejudica a função desta estação,

diminuindo o rendimento da mesma. Com isso, a situação apresenta-se como um grande

desafio de tratamento para descarte ou uma possível viabilidade de reaproveitamento.

Apesar de existirem inúmeros estudos para o tratamento de resíduos oriundos do

petróleo, ainda não existe uma metodologia completa para a resolução do problema de

formação dessa borra de modo a recuperar o óleo presente na mesma, pois se sabe que a

eficiência de um método depende diretamente de características físicas, físico-químicas e

químicas dos resíduos e da disponibilidade de instalações para processar esses materiais. A

literatura cita vários métodos alternativos para lidar com diversos tipos de resíduos como

pirólise, oxidação Fenton e ultrassom, mas ainda assim é grande o desafio de formular um

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Capítulo 1 - Introdução 23

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

tratamento efetivo para aplicação em meio industrial. Diante disso, grande destaque vem

sendo dado ao estudo dos sistemas microemulsionados, por possuírem alto poder de

solubilização tanto de substâncias polares quanto apolares, elevadas área interfacial e

estabilidade.

Mediante isto, o presente trabalho propõe-se a:

• Desenvolver um sistema de solubilização para a borra oriunda do processo de

flotação da estação de tratamento de efluentes (ETEs) do Polo Industrial de

Guamaré utilizando sistemas microemulsionados;

• Caracterizar a borra de flotação, o tanino presente no agente floculante e os

sistemas microemulsionados utilizados para solubilização da borra;

• Realizar uma otimização do processo de solubilização através de uma

metodologia de planejamento experimental – delineamento composto central

rotacional (DCCR) e comparar as eficiências de solubilização através da variação

de constituintes e efeitos.

A dissertação foi dividida em seis capítulos. Neste primeiro capítulo, apresenta-se o

contexto da dissertação, destacando a importância do petróleo para a sociedade e os impactos

dos resíduos gerados pelo mesmo, justificando o uso de microemulsões com a finalidade de

tratamento da borra formada na flotação de água oleosa de petróleo.

No capítulo 2 faz-se uma breve fundamentação teórica a respeito do petróleo, sua

produção e tratamento, classificação e propriedades dos tensoativos, noções sobre

microemulsões e os parâmetros que influenciam o comportamento das mesmas, e por fim uma

abordagem teórica da metodologia de planejamento experimental utilizando o delineamento

composto central rotacional.

No capítulo 3 tem-se o estado da arte, em que são apresentados os trabalhos mais

relevantes contendo diferentes métodos de utilização de tensoativos e de microemulsões para

o tratamento de borra oleosa de petróleo, e que, no geral, contribuíram para o

desenvolvimento deste trabalho.

No capítulo 4 estão apresentados os materiais e procedimentos utilizados para o

desenvolvimento deste trabalho: caracterização da borra de flotação e separação das suas

fases via soxhlet; extração de resíduo, identificação e caracterização do agente floculante

aplicado na flotação; escolha de constituintes e obtenção do diagrama pseudoternário;

caracterização dos pontos nas regiões de microemulsão trabalhadas; aplicação dos sistemas

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Capítulo 1 - Introdução 24

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

microemulsionados na solubilização da borra de petróleo; e otimização, através de

planejamento experimental por delineamento composto central rotacional, da solubilização da

borra.

No capítulo 5 apresentam-se e discute-se os resultados obtidos neste estudo.

No capítulo 6 apresentam-se as conclusões obtidas com a realização deste trabalho,

seguidas das referências bibliográficas e apêndices.

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CAPÍTULO 2

Aspectos Teóricos

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 26

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

2 ASPECTOS TEÓRICOS

Este capítulo apresenta uma abordagem dos principais aspectos teóricos envolvidos

no desenvolvimento deste trabalho. É feita uma análise geral sobre o petróleo, definição,

histórico, composição e classificação. Em seguida, aborda-se a produção e tratamento do

mesmo; o conceito e estudo de tensoativos e microemulsões; e a definição de planejamento

experimental para entendimento do trabalho.

2.1 Petróleo

2.1.1 Definição

Anteriormente chamado de “óleo de rocha”, o petróleo é um componente da matriz

energética fundamental para maior parte dos combustíveis que são utilizados pelos meios de

transportes em todo o mundo e por boa parte da energia gerada pelas usinas termoelétricas. É

conhecido por sua inflamabilidade, possui coloração variando de negra a marrom, densidade

relativa entre 0,82 e 0,95 (menos denso que a água) e quando não refinado é normalmente

denominado “óleo bruto” (Rudzinski & Aminabhavi, 2000). É um dos bens de produção de

maior importância para a economia mundial e precursor de inúmeros compostos de grande

utilidade por parte da população, principalmente os combustíveis. Além da energia, o petróleo

também está presente em matérias-primas utilizadas na fabricação de plásticos, borrachas

sintéticas, fibras para tecidos e outras aplicações, tais como: chapas rígidas (capazes de

substituir as de metal), tintas, ceras, solventes, artigos de limpeza, graxas, lubrificantes,

explosivos, fertilizantes, inseticidas e outros produtos (Rocha, 2014).

Atualmente não existe um consenso a respeito da origem do petróleo. Existem

hipóteses que apontam para a origem orgânica e outras para a origem inorgânica dos

hidrocarbonetos. Os cientistas partidários da hipótese da origem inorgânica baseiam-na na

reação entre o hidrogênio e o carbono, que ocorreria sob pressões e temperaturas

elevadíssimas e sem participação de matéria orgânica. A outra hipótese pressupõe que a

formação de petróleo e gás natural aconteceu a partir de restos orgânicos (vegetais e animais),

sob ação de pressões e temperaturas elevadas e na ausência de oxigênio. Independentemente

da teoria sobre sua origem, as reservas exploráveis de petróleo e gás encontram-se em rochas

sedimentares (areias, arenitos, calcários e conglomerados). Nas rochas ígneas e metamórficas,

encontra-se petróleo com menor frequência, sem possuir muita importância comercial no

Brasil, por hora. (Pontes, 2002).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 27

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

2.1.2 Histórico

2.1.2.1 Mundo

O petróleo está há muito tempo sob conhecimento da humanidade. Foi utilizado

pelos antigos egípcios para iluminação de túmulos, enquanto que na China, ao escavarem

poços em busca de sal, os chineses descobriram óleo e gás, que, devidamente canalizados,

eram usados na iluminação e como combustível. Posteriormente, Marco Polo fez referência

ao uso de "pedras negras que são queimadas como se fossem pedaços de madeira", ou seja, o

uso do carvão mineral como era conhecido desde o início da era cristã (Lossio Júnior, 2006).

Na Idade Média, o conhecimento sobre o petróleo ficaria restrito ao Oriente e, com

raras exceções, não chegaria ao Ocidente. Uma explicação seria que a presença de betume se

limitava além das fronteiras do Império Romano, sendo relatadas apenas como curiosidade e

não sendo transmitido às futuras nações ocidentais. Mas, há relatos que a partir da Idade

Média ocorre a presença de petróleo em algumas localidades da Europa, sendo os poços

cavados manualmente pelos camponeses (Costa Júnior, 2008). As técnicas de refino chegaram

à Europa transmitidas pelos árabes, mas o petróleo era usado apenas como uma panaceia por

antigos monges e médicos.

No Oriente Médio, a primeira exploração de petróleo se deu em meados de 1800, por

iniciativa do inglês William Knox D’Arcy, que conseguiu do governo do Irã (na época,

Pérsia) a concessão de mais de dois terços do país para exploração por 60 anos. Contudo, foi

apenas após a descoberta do primeiro poço em Titusville, na Pennsylvania (USA), em 1859,

que o petróleo passou a ser consumido em grande escala, e a primeira guerra mundial pôs em

evidência sua importância estratégica (Campos, 2005). Pela primeira vez, era usado o

submarino com motor diesel e o avião surgiu como nova arma. A transformação do petróleo

em material de guerra e o uso generalizado de seus derivados – era a época em que a indústria

automobilística começava a ter destaque – fizeram com que o controle do suprimento se

tornasse questão de interesse internacional. O governo americano passou então a incentivar

empresas do país a operarem no exterior (Sampaio, 2009).

Hoje, os principais produtores de petróleo são Oriente Médio, Golfo do México,

Estado Unidos da América (EUA), Venezuela, Federação Russa, China e na porção ocidental

da África, conforme dados da BP Statistical Review of World Energy (2016), mostrados na

Tabela 1. Arábia Saudita, Estados Unidos, Rússia, Irã e México são responsáveis por

aproximadamente 40% da produção de petróleo. Também estão na lista dos grandes

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 28

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

produtores a China, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Venezuela, Kuwait, Brasil, Noruega,

Nigéria, Iraque, Líbia, Equador, Cazaquistão e Argélia.

Tabela 1: Produção de petróleo, segundo regiões geográficas, países e blocos econômicos

(2006-2015).

1Inclui óleo de folhelho (shale oil), óleo de areias betuminosas (oil sands) e LGN

Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2016.

2.1.2.2 Brasil

Os primeiros registros de descoberta de petróleo no Brasil estão diretamente ligados

às concessões dadas pelo imperador, em 1858, para a pesquisa e lavra de carvão e folhelhos

betuminosos na região de Ilhéus (Bahia) e, em 1864, para pesquisa e lavra de turfa e petróleo

na mesma região. Em 1892, inaugurou-se a prática de perfuração de poços profundos no

Brasil em Bofete, São Paulo. O poço, perfurado por Eugênio Ferreira de Camargo, atingiu

488 metros e nele encontrou-se apenas água sulfurosa (Petrobrás, 2003).

O primeiro sucesso em uma perfuração de poço de petróleo no Brasil ocorreu em

1930, tendo sido realizado pelo engenheiro agrônomo Manoel Inácio de Basto. Esta

descoberta foi cercada por várias medidas do governo, sendo criado em 1938 o Conselho

Nacional do Petróleo (CNP) (Ribeiro, 2010). Uma das suas primeiras ações foi determinar

que as jazidas pertencessem à União. Assim, nestes 140 anos, a exploração de petróleo no

Brasil evoluiu sustentada por crescimento do conhecimento geológico, aumento expressivo da

demanda por derivados do petróleo, disponibilidade de recursos financeiros, choques dos

preços internacionais e marcos regulatórios implantados. O evento mais importante no

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 29

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

período foi à criação da Petrobras, com a responsabilidade de atuação exclusiva neste

segmento da indústria.

O Brasil conta com uma área sedimentar de 6.436.000 km2 (Figura 1). Em sua

porção terrestre – cerca de 4.880.000 km2 – mais de 20 bacias são conhecidas, de diferentes

histórias e idades de formação, compondo um complexo terreno sedimentar de múltiplos

desafios para os exploracionistas. São bacias proterozoicas, paleozoicas, cretáceas e terciárias

que se distribuem desde o Sul-Sudeste até o Nordeste e Amazônia (Lucchesi, 1998).

Figura 1 - Bacias sedimentares brasileiras. Bacias proterozoicas, paleozoicas, cretáceas e

terciárias distribuem-se desde o Sul-Sudeste até o Nordeste e Amazônia.

Fonte: Lucchesi (1998).

Nos anos 70 ocorreu a descoberta da Província Petrolífera da Bacia de Campos e,

nessa mesma década, a descoberta de petróleo na plataforma continental do Rio Grande do

Norte, no campo de Ubarana. Na década de 80, outro grande marco para o estado do Rio

Grande do Norte foi a constatação de petróleo em Mossoró, que viria a se constituir, em

pouco tempo, na segunda maior área produtora de petróleo do país. Tudo isto fez com que nas

últimas três décadas o Rio Grande do Norte se consolidasse como o sexto maior produtor

brasileiro de petróleo.

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 30

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Os campos terrestres produtores de petróleo se concentram em 14 municípios: Alto

do Rodrigues, Apodi, Areia Branca, Assu, Carnaubais, Felipe Guerra, Gov. Dix-Sept Rosado,

Guamaré, Macau, Mossoró, Pendências, Porto do Mangue, Serra do Mel e Upanema (Araújo,

2016).

2.1.3 Composição e classificação

Segundo a teoria orgânica, o petróleo é formado em rochas geradoras a partir de

transformações físico-químicas, biológicas e térmicas da matéria orgânica depositada. Ele

migra através de falhas e é acumulado em rochas reservatório. Sua composição química

depende, principalmente, do tipo de matéria orgânica do qual foi originado, da evolução

térmica e de processos de alterações secundárias ocorridos durante a migração e após sua

acumulação em reservatório. De maneira geral, o óleo cru é uma mistura complexa de

compostos orgânicos, a qual contém, predominantemente, carbono e hidrogênio, mas também

contém menores quantidades de compostos contendo átomos como: enxofre, oxigênio e

nitrogênio, assim como metais pesados como níquel, vanádio e ferro (Tissot & Welte, 1978;

Wang & Fingas, 2003).

A composição elementar do petróleo apresenta pequenas variações, uma vez que as

séries de hidrocarbonetos que o constituem são substâncias compostas basicamente por

átomos de carbono e hidrogênio. Os demais elementos aparecem associados às frações mais

pesadas do petróleo, conforme mostra a Tabela 2 (Brasil, Araújo & Souza, 2012).

Tabela 2: Composição elementar média do petróleo.

Elemento atômico Teor Mássico (%) Média (%)

Carbono 83,0 a 87,0 85,0

Hidrogênio 10,0 a 14,0 12,0

Enxofre 0,05 a 6,0 3,0

Nitrogênio 0,1 a 2,0 1,1

Oxigênio 0,05 a 1,5 0,8

Metais (Fe, Ni etc.) Menor que 0,3 0,2

Fonte: Brasil, Araújo & Souza (2012).

Os petróleos parafínicos são mais leves, possuem densidade inferior a 0,85, possuem

viscosidade baixa e alto ponto de fluidez. Já a densidade dos petróleos aromáticos é superior a

0,85. Estes últimos são os que possuem maior teor de enxofre, devido ao alto percentual de

resinas e asfaltenos. O US Bureau of Mines classifica os diferentes petróleos em função das

densidades de duas frações do petróleo como representado na Tabela 3, baseando-se no fato

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 31

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

de que a densidade de um hidrocarboneto puro está relacionada com a relação H/C e a

densidade decresce com o aumento da relação H/C (Ferreira, 2009).

Tabela 3: Estimativa da natureza do óleo cru baseado na medida de duas densidades

específicas.

Óleo cru Densidade específica do

corte gasolina pesada

Densidade específica do

resíduo (PE > 350°C)

Parafínico Menor que 0,760 Menor que 0,930

Intermediário Parafínico Menor que 0,760 Entre 0,930 e 0,975

Asfáltico parafínico Menor que 0,760 Maior que 0,975

Parafínico Intermediário Entre 0,760 e 0,780 Menor que 0,930

Intermediário Entre 0,760 e 0,780 Entre 0,930 e 0,975

Asfáltico Intermediário Entre 0,760 e 0,780 Maior que 0,975

Parafínico Naftênico Entre 0,760 e 0,800 Menor que 0,930

Intermediário Naftênico Entre 0,760 e 0,800 Entre 0,930 e 0,975

Parafínico aromático Maior que 0,800 Menor que 0,930

Aromático Maior que 0,800 Entre 0,930 e 0,975

Asfáltico Maior que 0,800 Maior que 0,975

PE = ponto de ebulição.

Fonte: Ferreira (2009).

O petróleo pode ainda ser classificado pelo seu °API, escala idealizada pelo

American Petroleum Institute (API), conforme mostra a Tabela 4. O °API é uma medida de

densidade baseada na densidade específica calculada pela Equação (1).

°𝐴𝑃𝐼 = (141,5

𝑑15,6/15,6) − 131,5 (1)

onde 𝑑15,6/15,6 é a densidade relativa do produto a 15,6°C em relação a densidade da água

também a 15,6°C.

Tabela 4: Classificação do Petróleo em Função do °API.

Densidade °API Classificação

°API > 40 Extraleve

40 > °API > 33 Leve

33 > °API > 27 Médio

27 > °API > 19 Pesado

19 > °API > 15 Extrapesado

°API < 15 Asfáltico

Fonte: Valle (2007).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 32

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

2.2 Produção e tratamento de petróleo

O petróleo cru ou bruto, para a utilização e agregação de valor, necessita passar por

diversos processos para obtenção dos seus derivados. Esta obtenção de derivados de petróleo

ocorre no processo de refino, que se inicia com a separação física das frações na etapa de

destilação. Devido as suas diferentes temperaturas de ebulição, estas frações obtidas após a

etapa de destilação ainda podem seguir para outros processos de separação, transformação ou

acabamento, antes de serem estocadas nos tanques de derivados acabados. Substâncias

derivadas são então produzidas como combustíveis, lubrificantes, graxas e produtos

petroquímicos (Brasil et al., 2012).

As atividades de prospecção, exploração e produção de petróleo e gás natural na

Bacia Potiguar são realizadas pela Unidade Operacional do Rio Grande do Norte e Ceará

(UO-RNCE), com sede em Natal e com base de apoio em Mossoró. Com o intuito de

centralizar toda essa produção, a Petrobras implantou o Polo Industrial de Guamaré/RN. O

Polo é constituído por modernas instalações industriais, onde são desenvolvidas as atividades

de tratamento e processamento do petróleo e gás natural, que são transformados em produtos

de consumo para atender os mercados nacional e internacional. A Figura 2 fornece uma visão

aérea do Polo de Guamaré (Araújo, 2016).

Figura 2 - Vista panorâmica do Polo Industrial de Guamaré.

Fonte: Araújo (2016).

2.2.1 Estação de tratamento de óleo (ETO)

A ETO possui por finalidade o tratamento e especificação do óleo proveniente dos

campos terrestres e marítimos. O petróleo que provém dos campos de produção terrestre e

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 33

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

marítimo, com teor de BSW (basic sediments and water) em torno de 90%, é recebido em

tanques de lavagem a frio (TLF), nos quais ocorre o processo de separação água-óleo pela

diferença de densidade dos fluidos. O efluente situado na parte inferior dos tanques é

encaminhado a Estação de Tratamento de Efluentes (ETEs), enquanto que o óleo segue para

os tanques de lavagem a quente (TLQ), onde é aquecido através de um óleo e, esse tratamento

térmico proporciona remoção do restante da água, conforme a Figura 3.

Figura 3 - Fluxograma de processos realizados na ETO do polo industrial de Guamaré.

Fonte: Próprio Autor (2018).

2.2.2 Estação de tratamento de efluentes (ETEs)

A ETEs tem por objetivo tratar o efluente oriundo do tratamento de óleo da ETO, o

qual corresponde à maior carga e provém dos tanques de lavagem à quente e à frio. Na ETEs,

a carga de efluente oleoso segue para um dique o qual exerce a função de tanque pulmão e

tem por principal finalidade a estabilização da carga que alimenta os flotadores. Neste tanque

pulmão há uma recuperação inicial do óleo que é separado por ação da força gravitacional.

Posteriormente, o efluente é encaminhado ao separador de água-óleo (SAO) com o

intuito de favorecer um fluxo em regime laminar que desencadeia a separação do fluido

menos denso (óleo) da carga efluente remanescente. O óleo coletado no dique pulmão, bem

como no separador água-óleo é encaminhado à ETO. Após esta etapa, o efluente segue para o

Tanque de Recolhimento de Efluentes, no qual ainda há uma parcela de recuperação de óleo.

A carga então é bombeada e distribuída entre as ETEs I, II e III, que se compõem,

basicamente, de tanques de mistura rápida e lenta e flotadores. Primeiramente, o efluente é

bombeado para o tanque de mistura rápida, no qual recebe o agente floculante, responsável

pela coagulação e floculação do óleo e o peróxido de hidrogênio que reduz o teor de sulfetos

no efluente. O processo de homogeneização do efluente com os produtos químicos dosados é

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 34

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

favorecido pela turbulência no tanque de mistura rápida (TMR). O efluente passa de regime

turbulento para laminar no tanque de mistura lenta (TML), em decorrência da existência de

placas transversais, o que proporciona a floculação do óleo.

O efluente é então submetido ao processo de separação nos flotadores. A flotação

ocorre por meio da injeção de água saturada com ar no efluente, que carrega o floco formado

no tanque de mistura lenta para a superfície. O agente floculante (solução aquosa de tanino a

15-20 ppm, segundo fornecedor) possui afinidade química com o óleo, formando um

aglomerado. Este aglomerado, por sua vez, possui afinidade com as gotículas de ar injetadas

na água, formando um sólido de baixa densidade que sobrenada. O óleo flotado é coletado na

superfície por palhetas que rotacionam periodicamente e o empurram para calhas coletoras. O

processo de flotação reduz o TOG a valores menores que 20ppm de forma que o efluente sai

adequado para o descarte e uma borra que volta para o ETO. O processo completo pode ser

visto no fluxograma da Figura 4.

Figura 4 - Fluxograma de processos realizados na ETEs do polo industrial de Guamaré.

Fonte: Próprio Autor (2018).

2.2.3 Resíduos de flotação e impactos ambientais

Os resíduos sólidos gerados na indústria do petróleo são provenientes dos diversos

processos de refino e do manuseio de petróleo nas unidades produtivas, bem como do

tratamento de efluentes. É importante frisar que são produzidos resíduos perigosos e não

perigosos nas refinarias, porém ambos precisam ser gerenciados adequadamente (Mariano,

2005).

De acordo com a norma NBR ISO 10.004, os resíduos perigosos do refino de

petróleo são gerados sob a forma de sobrenadantes, sólidos emulsionados, lodos, sedimentos,

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 35

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

resíduos, borras e catalisadores gastos (ABNT, 2004). Esses resíduos quando dispostos de

forma inadequada podem comprometer a qualidade do solo, águas superficiais e subterrâneas,

podendo indicar concentrações de contaminantes acima dos limites máximos estabelecidos

pelas resoluções CONAMA nº 420/2009 (CONAMA, 2009), nº 357/2005 (CONAMA, 2005)

e n° 430 (CONAMA, 2011). Portanto, o tratamento desses resíduos é essencial para atender a

Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal no. 12305, de 02/08/2010 – Brasil, 2010;

Silva, 2013).

2.2.4 Tanino

Utilizados na composição de agentes floculantes, taninos são moléculas fenólicas

biodegradáveis com capacidade de gerar complexos com proteínas e outras macromoléculas e

minerais (Castro-Silva et al., 2004), presentes em árvores de grande e pequeno porte. São

extraídos da casca de vegetais, como da Acacia mearnsi de Wild (acácia negra) que possui

altas concentrações de tanino e estão presentes na forma hidrolisada e condensada, sendo a

forma condensada representada por mais de 90% da produção mundial de tanino (Pizzi,

2008). Segundo Silva (1999) e Skoronski el at. (2014), os taninos são moléculas com

propriedades coagulantes, que desestabilizam os coloides com a eliminação da camada de

solvatação, diminuindo o potencial zeta durante o processo de coagulação e, assim,

permitindo a formação de flocos.

Segundo a estrutura química, os taninos são classificados em dois grupos:

hidrolisáveis e condensados. O primeiro é constituído por diversas moléculas de ácidos

fenólicos, como o gálico e o elágico, que estão unidos a um resíduo de glucose central. São

chamados de hidrolisáveis, uma vez que suas ligações ésteres são passíveis de sofrerem

hidrólise por ácidos ou enzimas. Em solução de cloreto férrico, desenvolvem coloração azul.

Já os taninos condensados são moléculas mais resistentes à fragmentação e estão relacionadas

com os pigmentos flavonoides, tendo uma estrutura polimérica. Sob tratamento com ácidos ou

enzimas, esses compostos tendem a se polimerizar em substâncias vermelhas insolúveis,

chamadas de flobafenos. Essas substâncias são responsáveis pela coloração vermelha de

diversas cascas de plantas. Em solução, desenvolvem coloração verde com cloreto férrico,

assim como o catecol (Monteiro et al., 2005; Poyer et al., 2015).

Comercialmente, o tanino é frequentemente usado como base para produção de

coagulante (Figura 5), a partir da reação entre o tanino condensado e o cloreto de imínio

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 36

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(formado pela reação do cloreto de amônio, por exemplo, e o aldeído fórmico), formando um

polímero orgânico catiônico (Mangrich et al., 2014).

Figura 5 - Estrutura do coagulante TANFLOC da empresa TANAC, obtido a partir do tanino

extraído da Acácia Negra.

Fonte: Mangrich et al. (2014).

Dentre suas propriedades, o tanino não altera o pH da água tratada, uma vez que não

consome a alcalinidade do meio, ao mesmo tempo em que é efetivo em uma ampla faixa de

pH (4,5 - 8,0) (Martinez, 1996). Silva (1999) atribuiu como vantagem ao uso de taninos

vegetais o fato destes possuírem propriedade de adsorção dos metais dissolvidos na água,

aglutinando-os por precipitação no meio, permitindo, dessa forma, sua remoção. Além disso,

permite a eliminação ou redução da toxidez existente na água oriunda de fontes contendo

cianofíceas ou bactérias clorofiladas, por exemplo (Coral, Bergamasco & Bassetti, 2009).

2.3 Tensoativos

2.3.1 Definição e aplicações

Os tensoativos são substâncias com capacidade de diminuir as tensões interfacial e

superficial dos líquidos entre algum ambiente externo ou entre eles mesmos. Pertencem a

família de moléculas anfifílicas, cuja principal característica é a presença de duas regiões de

solubilidades distintas: uma cabeça hidrofílica (parte polar) e uma cauda hidrofóbica (parte

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 37

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

apolar), conforme ilustrado na Figura 6 (Tadros, 2005). As duas regiões, apesar de ligadas

entre si, se comportam de maneira distintas.

Figura 6 - Representação esquemática de uma molécula tensoativa.

Fonte: Próprio Autor (2018).

A presença de duas regiões distintas na molécula de tensoativos permite que ela

apresente grande poder de adsorção nas interfaces ar-água ou óleo-água, como também em

superfície de sólidos. A extremidade apolar do tensoativo é geralmente formada por cadeias

hidrocarbônicas, lineares ou ramificadas, enquanto a parte apolar é formada por átomos com

concentração de carga (negativa ou positiva).

Os tensoativos constituem uma classe de compostos químicos de alto grau de

importância, principalmente no que se refere a preparação de emulsões e a detergência

(Daltin, 2012). Neste cenário, destaca-se seu uso em diversos setores industriais como na

produção de fármacos, detergentes, óleos para automóveis, emulsificantes, entre outros. A

partir de sua característica anfifílica, os tensoativos possuem propriedades muito importantes,

em especial a de solubilizar compostos poucos solúveis. Seu uso tem se mostrado importante,

principalmente na indústria de petróleo, produtos de limpeza, cosméticos e produtos de

higiene. A Tabela 5 apresenta um resumo das propriedades gerais dos tensoativos.

Tabela 5: Propriedades gerais dos tensoativos.

Propriedade Descrição

Adsorção na interface Os tensoativos podem se adsorver nas interfaces líquido-

líquido, líquido-gás e sólido-líquido, reduzindo a tensão

interfacial.

Formação de micelas Quando a concentração de tensoativos na solução excede

um valor limite, chamado de concentração micelar crítica

(c.m.c.), estes formam agregados de moléculas chamados

de micelas.

Solubilidade Um tensoativo é solúvel em ao menos uma fase de um

sistema líquido.

Orientação na interface As moléculas de tensoativo formam monocamadas

orientadas na interface.

Propriedades funcionais Detergência, emulsificação, solubilização, dispersão,

molhabilidade, dentre outras

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 38

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

2.3.2 Classificação

Os tensoativos podem ser classificados pela estrutura química e a forma como a parte

hidrofílica interage com a fase aquosa.

2.3.2.1 Pela estrutura química

Os tensoativos podem ser divididos em: cadeia simples, dupla cadeia, tripla cadeia,

gêmeos, bolaform e assimétricos:

• Os tensoativos de cadeia simples, dupla e tripla possuem uma, duas ou três

cadeias hidrocarbônicas ligadas ao grupo polar, respectivamente (Figura 7a);

• Os gêmeos possuem dois grupos polares, cada um possuindo uma cadeia

hidrocarbônica e ligados por uma outra pequena cadeia hidrocarbônica (Figura

7b);

• Os bolaform apresentam dois grupos polares ligados entre si por uma ou duas

cadeias hidrocarbônicas (Figura 7c);

• Os assimétricos possuem um ou mais centros quirais no grupo polar (Figura 7d).

Figura 7 - Ilustrações de tensoativos de acordo com a classificação pela estrutura química: (a)

cadeia simples, dupla cadeia e tripla cadeia; (b) gêmeos; (c) bolaform e (d) assimétricos.

(a)

(b)

(c)

(d)

= cabeça polar; = cauda apolar e * = Centro Quiral.

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 39

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2.3.2.2 Pela natureza do grupo polar

Neste caso, os tensoativos dividem-se em não-iônicos, iônicos (catiônicos e

aniônicos), anfóteros e meso-iônicos.

• Iônicos

Esta classe é caracterizada por tensoativos com cargas elétricas na parte hidrofílica e

ao se dissociarem em água formam íons carregados negativamente (aniônicos) ou

positivamente (catiônicos). Os tensoativos catiônicos, quando dissociados em água, originam

íons carregados positivamente na superfície ativa. Os principais representantes desta classe

são os sais quaternários de amônio (Figura 8) (Rossi et al. 2007).

Figura 8 - Estrutura geral de um sal quaternário de amônio (tensoativo catiônico).

Fonte: Próprio Autor (2018).

onde: R é a cadeia hidrófoba, X- representa o íon negativo (geralmente haleto) e A1, A2 e A3

representam os grupos alquil, aril ou heterocíclico associados.

Os tensoativos aniônicos originam íons carregados negativamente na superfície ativa,

também em meio aquoso. Os principais representantes desta classe são os sabões, os

compostos sulfatados, sulfonados e fosfatados (Figura 9) (Rossi et al. 2007).

Figura 9 - Estruturas dos tensoativos aniônicos (a) Estearato de sódio; (b)

dodecilbenzenosulfonato de sódio; (c) dodecilsulfato de sódio.

(a) (b) (c)

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 40

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• Não-iônicos

Os tensoativos não-iônicos não se dissociam em solução aquosa e sua solubilidade

em água provém da presença, em sua molécula, de grupos funcionais que possuem alta

afinidade pela água. São tolerantes a águas duras, com boa solubilidade em água e baixos

valores de concentração micelar crítica (c.m.c.), além de produzirem pouca espuma.

Exemplos comuns são os nonilfenóis etoxilados, álcoois graxos, propilenoglicois e alquil

glicosídeos (Figura 10) (Rossi et al. 2007).

Figura 10 - Estrutura dos tensoativos não-iônicos (a) 1-O-octyl-D-glicopiranosideo; (b) Brij

99 e (c) Triton X.

(a) (b) (c)

Fonte: Próprio Autor (2018).

• Anfóteros

Os tensoativos anfóteros, também conhecidos como zwitteriônicos, possuem caráter

iônico duplo, possuindo propriedades dos tensoativos aniônicos a altos valores de pH e dos

tensoativos catiônicos a baixos valores de pH. São normalmente compatíveis com todas as

outras classes de tensoativos. Por terem as duas cargas – negativa e positiva – na molécula,

apresentam propriedades de organização com as moléculas de tensoativo aniônico e catiônico,

que modificam suas propriedades, permitindo a redução, por exemplo, da irritação ocular

(Daltin, 2012). Os aminoácidos e as betaínas são os principais representantes desta classe

(Figura 11) (Rossi et al. 2007).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 41

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Figura 11 - Estrutura dos tensoativos anfóteros (a) Fosfolipídios ou lecitinas e (b) N-dodecil-

N,N-dimetilglicina.

(a) (b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

• Meso-iônicos

Os tensoativos meso-iônicos formam uma nova classe de tensoativos que promovem

a formação de agregados especiais, visto que podem induzir interações dipolares locais

elevadas devido ao deslocamento de suas cargas elétricas, com diferentes configurações no

equilíbrio. As azidas alquílicas de cadeia longa são representantes desta classe (Martin et al.,

1989).

Figura 12 - Reação de formação de azidas alquílicas de cadeia longa.

R = radical.

Fonte: Martin e al. (1989).

2.3.2.3 Balanço hidrofílico-lipofílico

Outra maneira de classificar os tensoativos consiste no método do balanço

hidrofílico-lipofílico (HLB), sendo citado pela primeira vez em 1948 por William C. Griffin.

De acordo com esse método, o tamanho relativo dos grupos hidrofílicos e lipofílicos das

moléculas de tensoativo é expresso numericamente e informa sobre a solubilidade do

tensoativos em óleo e em água (Griffin, 1949, 1954).

Quanto menor o HLB, uma maior característica lipofílica é apresentada e quanto

maior, mais hidrofílico, sendo os valores de HLB de 3 a 6 favoráveis a formação de micelas

inversas e de 8 a 18 a micelas diretas. Os valores de HLB para classificar tensoativos não-

iônicos para usos específicos são apresentados na Tabela 6.

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 42

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Tabela 6: Aplicações de tensoativos pela faixa de HLB.

Aplicação Faixa de HLB

Água/óleo emulsificante 3-6

Agentes molhantes 7-9

Óleo/água emulsificante 8-18+

Detergente 13-16

Solubilizante 15-18

Fonte: Griffin (1949).

Alguns métodos foram propostos para o cálculo do HLB. Segundo Davies e Rideal

(1963), os valores de HLB podem ser calculados pela contribuição de cada grupo, polar ou

apolar, da molécula anfifílica de acordo com a Equação (2), para tensoativos iônicos.

𝐻𝐿𝐵 = 7 + 𝑖 + 𝑖 (2)

onde: i e i, são parâmetros tabelados representando a contribuição de cada grupo hidrofílico

ou hidrofóbico presente na molécula de tensoativo.

Outra maneira de se determinar o HLB consiste em comparar a massa molecular da

parte hidrofílica (H) e a da parte lipofílica (L), proposto por Berthod (1983), obtendo-se um

número de HLB compreendido entre 0 e 20 utilizando a Equação (3). Esta equação não é

utilizada para os tensoativos iônicos.

𝐻𝐿𝐵 = (𝐻

𝐻 + 𝐿) 𝑥20 (3)

onde: H e L correspondem a massa molecular da parte hidrofílica (H) e da parte lipofílica (L).

2.3.3 Propriedades dos tensoativos

2.3.3.1 Adsorção nas interfaces

A adsorção dos tensoativos em interfaces é responsável pela maioria das

propriedades dos tensoativos e características estruturais das micelas, como detergência,

emulsificação, solubilização, dispersão e molhabilidade, dentre outras.

Devido os tensoativos possuírem grupos solúveis e insolúveis em água, eles tendem a

adsorver às interfaces, tal como ar-água ou óleo-água. Esta adsorção leva a uma diminuição

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 43

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

na tensão superficial (ou interfacial) até que a interface seja efetivamente saturada com

moléculas de tensoativos, conforme mostra a Figura 13.

Tensoativos iônicos repelirão uns aos outros, inibindo um maior empacotamento,

enquanto moléculas de tensoativos não-iônicos empacotarão mais proximamente que as

moléculas de tensoativos iônicos, devido a não existência de repulsão elétrica, mas com

empacotamento limitado devido a hidratação ao redor dos grupos de cabeça (Meyers, 1988;

Rosen, 1989).

Figura 13 - Adsorção dos tensoativos na interface ar-água.

Fonte: Próprio Autor (2018).

2.3.3.2 Formação de sistemas auto-organizados

Se a concentração de tensoativos em solução for aumentada, as moléculas presentes

na solução se associam formando micelas, de forma a diminuir a energia do sistema. Essa

conformação depende de vários fatores, como a concentração e estrutura química dos

tensoativos (Hinze, 1979).

Moléculas anfifílicas formam micelas esféricas ou cilíndricas, organizadas de modo

que os grupos polares se direcionem para o solvente (água) e a cadeia apolar fique isolada no

agregado, de modo a não manter contato com a água. Já as micelas inversas possuem

orientação oposta e são formadas em ambiente apolar (óleo). Neles, as cadeias apolares estão

voltadas para o óleo e os grupos polares estão voltados para o interior da micela (Figura 14).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 44

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 14 - Representação de formação de micelas direta e inversa.

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

As moléculas anfifílicas se adsorvem naturalmente na interface água-óleo, em

sistemas contendo esses dois constituintes. Esta adsorção reduz a tensão interfacial e

proporciona o aparecimento de macroemulsões, dispersões coloidais líquido-líquido formadas

por gotículas de água, ou óleo, suspensas em um meio aquoso ou oleoso contínuo, com

moléculas anfifílicas na interface. A estrutura do agregado formado pode ser determinada pela

análise da geometria das moléculas. Para tanto, é definido o fator de empacotamento, f,

conforme a Equação (4).

𝑓 =𝑉

𝐴 𝑥 𝑙 (4)

Onde: V é o volume da cadeia hidrofóbica, A é a área secional por cabeça-polar do tensoativo

e l o comprimento ótimo da cadeia hidrofóbica (80 a 90% do comprimento da cadeia

carbônica totalmente estendidas) (Tanford, 1981).

De acordo com esse cálculo, agregados diferentes são formados de acordo com a

magnitude do fator de empacotamento. As possibilidades estão apresentadas de forma

simplificada na Tabela 7 (Evans & Wennerstrom, 1999; Israelachvili, Mitchell & Ninham,

1976; Myers, 1999).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 45

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Tabela 7: Estruturas previstas para agregados pelo cálculo geométrico do fator de

empacotamento.

Fator de

empacotamento f

Formato de

empacotamento

Estrutura formada Ilustração

f < 1/3

Micelas esféricas

1/3 < f < ½

Micelas cilíndricas

½ < f < 1

Estruturas lamelares,

Bicamadas planas ou

flexíveis

1 < f

Micelas inversas

Fonte: Hiemenz & Rajagopalan (1997); adaptado de Galgano (2012).

2.3.4 Ponto de Krafft e ponto de turbidez

O ponto de Krafft é a temperatura a partir da qual os tensoativos iônicos dão início

ao processo de micelização, representado pela intersecção entre a curva de solubilidade e a

curva de c.m.c. (Krafft & Wiglow, 1985). Somente acima deste valor é que se inicia o

processo de micelização. Isto ocorre devido os monômeros de tensoativos possuírem uma

solubilidade limitada enquanto as micelas são mais solúveis. Através da Figura 15, observa-se

que a solubilidade do tensoativo é muito baixa para formar micelas abaixo do ponto de Krafft,

encontrando-se assim sob a forma de monômeros. Com o aumento da concentração, em que a

c.m.c. é atingida, com o aumento da temperatura após a temperatura de Krafft, a solubilidade

aumenta gradualmente.

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 46

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Figura 15 - Dependência da solubilidade de um tensoativo. TKr = ponto de Krafft.

Fonte: Holmberg et al. (2003).

O fenômeno de Krafft não ocorre em tensoativos não-iônicos. Uma vez aquecidas, as

soluções contendo esses tensoativos turvam e se separam em duas fases, em uma certa

concentração e temperatura. Desta forma, são caracterizados pelo ponto de turbidez (Figura

16) e a micelização para este tipo de tensoativo ocorre abaixo deste ponto de turbidez.

Figura 16 - Gráfico demonstrando a ocorrência do ponto de turbidez.

Fonte: Próprio Autor (2018).

2.3.5 Concentração micelar crítica (c.m.c)

À medida que se eleva a quantidade de tensoativo em um dado solvente, tende-se a

um valor limite de concentração que leva a saturação da interface e, consequentemente, com o

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 47

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excesso, as moléculas de tensoativo se aglomeram no seio da solução, formando micelas. A

concentração mínima a partir da qual a formação de micelas é um processo favorável chama-

se de Concentração Micelar Crítica (c.m.c.). Nesta concentração, várias propriedades físicas

da solução apresentam uma variação brusca, conforme Figura 17 (Daltin, 2012).

Figura 17 - Representação gráfica das propriedades físicas de um tensoativo para cálculo da

c.m.c.

Fonte: Rossi (2007).

Existem vários fatores capazes de influenciar os valores de c.m.c. numa solução.

Pode-se citar, por exemplo, os seguintes fatores:

• Natureza do tensoativo

Com o aumento da cadeia hidrofóbica da molécula, a c.m.c diminui, enquanto que o

grupo hidrofílico tem uma menor influência na variação da c.m.c, tanto para os tensoativos

iônicos quanto não-iônicos. No entanto, pode-se dizer que com o aumento da carga do grupo

polar, a c.m.c aumenta (Rosen, 1989).

• Temperatura

Para tensoativos iônicos, ao aumentar a temperatura, a c.m.c também aumenta. Em

relação aos tensoativos não-iônicos, o aumento da temperatura tende a diminuir a c.m.c

(Rosen, 1989).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 48

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

• Efeito salino

A adição de um sal a uma solução que contenha tensoativo iônico causa uma

blindagem das forças de repulsão eletrostáticas existentes nos grupos carregados, havendo

uma diminuição da c.m.c. No caso de tensoativos não-iônicos, a adição de sal não influencia o

valor da c.m.c. (Holmberg et al., 2003).

Duas interações vêm a ocorrer com a formação de micelas: repulsões eletrostáticas,

transmitidas entre grupos polares separadamente, e interações água-hidrocarboneto

solvofóbicas, transmitidas à molécula anfifílica como um todo. A configuração de equilíbrio

ocorre então por um balanço competitivo entre estas duas interações, onde a cauda

hidrofóbica é agrupada o melhor possível para diminuir as interações hidrocarboneto-água,

enquanto os grupos polares são separados o máximo possível para minimização de interações

Coulombianas (Stokes & Evans, 1997).

Se a repulsão hidrofílica é maior que a atração hidrofóbica, as moléculas não se

agregarão facilmente, então a c.m.c. será alta. Se a repulsão hidrofílica é pequena comparada

com a atração hidrofóbica, as moléculas se agregarão facilmente, logo, a c.m.c. será baixa.

2.4 Sistemas microemulsionados

Em sistemas contendo água e óleo, as moléculas anfifílicas se adsorvem

naturalmente na interface, diminuindo a tensão interfacial e formando emulsões ou dispersões

coloidais líquido-líquido. Nessas estruturas, gotículas de óleo ou água estão suspensas no

meio contínuo (água ou óleo) com as moléculas anfifílicas na interface (Stokes & Evans,

1997).

Do ponto de vista termodinâmico pode-se distinguir dois tipos de emulsão:

macroemulsões, que são sistemas metaestáveis ou instáveis (tamanho de partículas > 0.5 m),

e microemulsões, que são sistemas termodinamicamente estáveis (tamanho de partículas <

100 nm).Vários autores propuseram uma definição para microemulsão: Hoar e Schulman

(1943) deram a primeira descrição, enfatizando aspecto, tamanho, natureza de fases e efeitos

de translucidez; Overbeek (1978) descreveu esses sistemas como composição de uma

minúscula gota (6-60 nm de diâmetro) de um líquido disperso em outro, devido à presença de

uma concentração suficiente de tensoativos; e Robb (1982) considerou como sistemas

dispersos, transparentes ou translúcidos, termodinamicamente estáveis, monofásicos,

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 49

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

formados a partir de uma aparente solubilização espontânea de dois líquidos, normalmente

imiscíveis, na presença de tensoativo e cotensoativo.

No geral, as microemulsões possuem alta estabilidade, baixa tensão interfacial a

baixas concentrações de tensoativos, capacidade de combinar grandes quantidades de dois

líquidos imiscíveis em uma única fase macroscopicamente homogênea e grande área

interfacial existente entre as fases micro-heterogêneas.

Atualmente, o termo microemulsão vem sendo utilizado para designar sistemas de

fases micro-heterogêneas que podem apresentar os seguintes constituintes (Rossi, 2007):

• Tensoativo, água e óleo;

• Tensoativo, cotensoativo, água e óleo

• Mistura de dois tensoativos, cotensoativo, água e óleo

Várias são as aplicações das microemulsões, podendo-se citar: recuperação avançada

de petróleo, prolongamento da atividade enzimática, processos de separação e purificação,

organogéis, processo de polimerização e extração de cátions metálicos (De La Salles, 2000).

2.4.1 Mecanismo de formação

No mecanismo de formação das microemulsões, é necessária uma redução na tensão

interfacial (𝛾𝑖) entre o óleo e a água, provocando um aumento da área interfacial. Na ausência

de alguns efeitos entrópicos, a formação das microemulsões pode ser descrita em termos da

variação da energia livre de Gibbs mostrada na Equação (5).

𝑑𝐺 = 𝛾𝑖𝑑𝐴 (5)

Onde: dA é a variação da área interfacial e dG é a variação da energia livre.

Schulman & Montague (1977) sugeriram que as microemulsões se formam quando o

tensoativo e o cotensoativo, exatamente na correta proporção, produzem um filme misto

adsorvido que reduz a tensão interfacial a valores muito baixos. Ele conclui que γi deveria ter

um valor “negativo” metaestável, fornecendo uma variação de energia livre (- γidA), onde dA

é a variação da área interfacial responsável pela dispersão espontânea (Vale, 2009). A tensão

interfacial na presença de um filme misto é dada pela Equação (6).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 50

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

𝛾𝑖 = 𝛾𝑂/𝑊 − 𝜋 (6)

Onde: 𝛾𝑂/𝑊 é a tensão interfacial O/W sem a presença do filme e 𝜋 é a pressão interfacial do

filme.

No equilíbrio, 𝛾𝑖 torna-se zero. Quando a pressão exceder a tensão interfacial inicial,

a tensão interfacial torna-se negativa, favorecendo a dispersão.

2.4.2 Estrutura

As microemulsões permitem uma grande diversidade estrutural, em função da sua

composição. Este fato explica de certa forma, o largo domínio de existência das mesmas, em

alguns sistemas. A forma geométrica presente é determinada pela estrutura dos tensoativos e

cotensoativo no sistema, assim como o número de moléculas presente na microgotícula. O

modelo estrutural clássico de uma microemulsão consiste em muitas gotículas dispersas em

meio contínuo e interagindo entre si.

Nas microemulsões ricas em óleo, a fase dispersa passa a ser constituída de micelas

aproximadamente esféricas, formando um coração aquoso rodeado de um filme de moléculas

de tensoativo e cotensoativo, conforme Figura 18. Logo, tem-se a formação de micelas

reversas (A/O) (Myers, 1999).

Figura 18 - Representação esquemática de uma gotícula de microemulsão água em óleo.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Já as microemulsões óleo em água possuem uma estrutura micelar semelhante às

microemulsões água em óleo, sendo que, neste caso, o centro da micela é formado por óleo e

as cabeças polares estão voltadas para o meio exterior aquoso, formando micelas diretas

(Figura 19).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 51

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 19 - Representação esquemática de uma gotícula de microemulsão óleo em água.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Schulman & Montague (1977) propuseram um modelo estrutural que se mostra

adequado para microemulsões ricas em óleo ou água. Estas apresentam uma camada

monomolecular de moléculas anfifílicas (tensoativo e cotensoativo) envolvendo-as, como

membrana. O modelo estrutural não é, porém, representativo de microemulsões que contêm

quantidades aproximadamente iguais de óleo e água. Neste caso, a estrutura da microemulsão

fica melhor caracterizada pelo modelo de bicamadas contínuas e dinâmicas (Figura 20a),

sugerido por Scriven (1977). Já em microemulsões muito ricas em tensoativos, pode-se

observar estruturas lamelares (Figura 20b).

Figura 20 - Representações esquemáticas de estruturas (a) bicontínua e (b) lamelar.

(a)

(b)

Fonte: (a) Evans & Wennerstrom (1999); (b) Seddon et al. (2006).

2.4.3 Sistemas de Winsor

Winsor (1948) propôs uma classificação que define os vários equilíbrios existentes

entre a microemulsão e as diferentes fases que podem estar em equilíbrio, seja com excesso

de fase aquosa e/ou fase oleosa. Em função dos equilíbrios, foram estabelecidos quatro

sistemas:

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 52

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• Winsor I (WI): Corresponde ao equilíbrio entre a fase microemulsão e a fase

oleosa em excesso. Por possuir densidade menor que a da microemulsão, a fase

óleo se posiciona acima da microemulsão.

• Winsor II (WII): Corresponde ao equilíbrio entre a fase de microemulsão e uma

fase aquosa em excesso. Devido a microemulsão ser uma mistura de

água/óleo/tensoativo e cotensoativo, sua densidade é menor que a da fase

aquosa, assim a microemulsão se posiciona na parte superior do equilíbrio.

• Winsor III (WIII): Corresponde as três fases em equilíbrio, fase óleo,

microemulsão e fase aquosa, onde o óleo é a fase superior, a microemulsão a

fase intermediária e a fase aquosa a fase inferior.

• Winsor IV (WIV): Corresponde apenas à fase microemulsão, isto é, um sistema

macroscopicamente monofásico.

A Figura 21 mostra os quatros tipos de sistemas de Winsor.

Figura 21 - Representação dos Sistemas de Winsor.

Fonte: Próprio Autor (2018).

2.4.4 Fatores que influenciam o comportamento das microemulsões

O comportamento das microemulsões sofre influência de diversos fatores, como:

temperatura, salinidade, natureza do tensoativo e do cotensoativo, razão C/T e composição do

óleo (Barros Neto, 1996). Estes diversos parâmetros influenciam o domínio da região de

microemulsão, ou seja, se a região no diagrama é maior ou menor com a variação do

parâmetro. A alteração destes parâmetros também proporciona as transições das regiões de

Winsor.

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 53

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

2.4.4.1 Temperatura

O aumento da temperatura favorece o aumento do volume relativo da fase óleo ao

mesmo tempo em que reduz a fase aquosa. Isso ocorre devido a diminuição da capacidade

hidrofóbica e o aumento da hidrofilia do tensoativo (em caso de ser iônico), solubilizando

mais facilmente a água, dissolvendo-a em quantidades cada vez maiores na microemulsão e

favorecendo a formação do sistema de WI (Barros Neto, 1996).

2.4.4.2 Salinidade

Associada à temperatura e à natureza dos componentes, a salinidade pode influenciar

a afinidade do tensoativo pelo óleo ou pela água. Seu aumento reduz a capacidade hidrofílica

do tensoativo (interação com as cabeças polares) e aumenta sua capacidade lipofílica. O

aumento da salinidade em WI, faz com que o óleo se solubilize na microemulsão ao mesmo

tempo em que se forma uma fase aquosa, o que é característico do sistema WIII. Continuando

com o aumento da salinidade chega-se a solubilizar totalmente o óleo na microemulsão,

provocando o crescimento da fase aquosa até a formação de WII. Tensoativos não-iônicos são

pouco sensíveis às variações de salinidade (Barros Neto, 1996).

2.4.4.3 Tensoativo e Cotensoativo

O tipo de microemulsão depende da hidrofilicidade do tensoativo, sendo que

características mais hidrofóbicas favorecem a obtenção de microemulsão A/O enquanto que

tensoativos mais hidrofílicos favorecem as microemulsões O/A. Os cotensoativos reduzem as

forças coulombianas existentes entre as cabeças polares dos tensoativos, diminuindo a tensão

interfacial e conferindo maior estabilidade ao sistema. Ambos devem ser parcialmente

solúveis em água e óleo (Barros Neto, 1996).

2.4.4.4 Razão cotensoativo/tensoativo (C/T)

A razão C/T representa a relação entre a massa do cotensoativo e a massa do

tensoativo. Seu aumento produz uma maior quantidade de cotensoativo presente na matéria

ativa e, no caso do álcool como cotensoativo em excesso, pode resultar em duas fases no

sistema: uma aquosa e outra orgânica. Além disso, esses álcoois favorecem a diminuição da

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 54

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

viscosidade do sistema, prevenindo a formação de estruturas rígidas (géis e precipitados) e

ainda contribuem com redução da tensão interfacial (Li et al., 2010; Cruz, 2013).

2.4.4.5 Natureza do óleo

Uma diminuição da região de microemulsão pode ser provocada pelo aumento da

cadeia do hidrocarboneto ou a substituição por um grupo aromático. Além disso, alcanos de

cadeia curta se associam mais fortemente aos agregados de tensoativo do que alcanos de

cadeia longa. Portanto, quanto menor a cadeia dos alcanos, mais fácil se torna o

posicionamento das moléculas junto aos agregados (Ceglie, Das & Lindman, 1987).

2.4.5 Diagramas de fases

Sistemas de microemulsão formados por três ou quatro constituintes podem ser

representados em diagramas de fases onde se pode identificar a região de microemulsão em

seu interior. A maneira mais comum de representar as microemulsões é através de diagramas

de fases ternários, quaternários e pseudoternários.

2.4.5.1 Diagramas ternários

Os diagramas ternários representam sistemas formados por três constituintes: água,

óleo e tensoativo, e são representados em um triângulo equilátero, onde cada vértice

representa um constituinte puro (Figura 22a). São utilizados principalmente quando se tem

tensoativos não-iônicos, pois não se faz necessário o uso de um cotensoativo.

2.4.5.2 Diagramas quaternários

Este tipo de diagrama utiliza um tetraedro para representar sistemas formados por

quatro constituintes (água, óleo, tensoativo e cotensoativo), no qual a região de microemulsão

é visualizada em um tetraedro regular (Figura 22b), onde cada vértice representa um

componente puro. Devido a sua representação tridimensional ser de difícil visualização,

geralmente recorre-se a diagramas pseudoternários.

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 55

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2.4.5.3 Diagramas pseudoternários

A representação dos sistemas de microemulsão com quatro constituintes torna-se

mais fácil quando é fixada uma razão entre dois componentes, geralmente

cotensoativo/tensoativo, na qual origina a mesma representação de um sistema de três

componentes.

Sua construção é feita agrupando-se, em um único vértice do triângulo equilátero,

dois constituintes e assumindo-se que estes formam um pseudoconstituinte puro. As relações

mais utilizadas entre os constituintes são: relação água/tensoativo constante, que é mais

empregada em estudos de difusão da luz (Figura 22c), e relação cotensoativo/tensoativo

constante: utilizada no estudo do comportamento de fases da microemulsão (Figura 22d).

Figura 22 - Representação esquemática de (a) um diagrama ternário; (b) um diagrama

quaternário; (c) um diagrama pseudoternário – Relação água/tensoativo constante; (d) um

diagrama pseudoternário – Relação cotensoativo/tensoativo constante.

(a)

(b)

(c)

(d)

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 56

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

2.5 Planejamento experimental

A necessidade da otimização de processos e a minimização de custos e tempo, leva à

busca de técnicas sistemáticas de planejamento de experimentos. Ao se ter conhecimento dos

dados de influência de variáveis independentes no sistema, pode-se dar continuidade ao

experimento de forma objetiva, o que proporciona economia de tempo e, consequentemente

de desperdícios na execução do trabalho (Santos, 2014).

Haaland (1989) afirma que três caminhos podem ser tomados para resolução de um

problema experimental. Para conduzir experimentos de duas ou três variáveis, por exemplo,

as possibilidades são: Análise Univariada, Matriz com todas as combinações e Delineamento

Composto Central Rotacional (DCCR).

Neste trabalho, utilizou-se o planejamento DCCR e o mesmo será discutido a seguir.

2.5.1 Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR)

O DCCR introduzido por Box & Wilson (1951), é considerado como um dos

delineamentos mais populares para o ajuste de modelos de superfície de resposta (Lima &

Bueno Filho, 2010). O tipo de planejamento rotacional mais usado para ajustar modelos que

compreendam efeitos de primeira ordem (linear), de interação e de segunda ordem

(quadrático) é o planejamento composto central, considerado como ótimo (Santos, 2014). Este

planejamento consiste na resolução de um problema através de um planejamento estatístico

conhecido como Planejamento Experimental Fatorial (Figura 22), usando um número menor

de medidas e explorando todo o espaço experimental.

Figura 23 - Análise gráfica do Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR).

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 57

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Para o planejamento fatorial completo, é necessário a realização de dezessete

ensaios, sendo oito ensaios fatoriais, representados pelos vértices do cubo [(1,1,1), (-1,1,1), (-

1,-1,1), (1,-1,1), (1,1,-1), (1,-1,-1), (-1,1-1), (-1,-1,-1)], mais seis ensaios nos pontos axiais

para testar o modelo de segunda ordem [(0,0,α), (0,0,-α), (-α,0,0), (α,0,0), (0,α,0), (0,- α,0)] e

mais três ensaios repetitivos na condição central [(0,0,0)], podendo-se calcular o erro

experimental quando se calcula pelo menos três vezes a condição do ponto central,

indispensável para avaliar a reprodutividade do processo. É possível, ainda, elaborar um

modelo matemático, que, se validado estatisticamente, pode ser usado para obtenção da

Superfície de Resposta e, através desta análise, determinar as condições otimizadas,

conhecendo-se a significância estatística das respostas (Chaves, 2008).

Segundo Santos (2014), a partir deste delineamento, pode-se avaliar a influência das

variáveis independentes pela avaliação dos efeitos, do erro padrão e da significância

estatística (p-valor). Os valores dos efeitos estimados indicam a contribuição de cada fator na

influência da resposta estudada. O sinal do efeito indica se o aumento da variável

independente favorece ou não o aumento da variável dependente. O “p-valor” está

relacionado ao nível de significância da variável independente sobre a variável dependente

(resposta). Quando se escolhe trabalhar com um intervalo de confiança de 95%, ou seja, um

“p-valor” inferior a 0,05, pode-se afirmar que a variável estudada é estatisticamente

significativa. Posteriormente, pode-se verificar a significância da regressão e da falta de ajuste

a um nível de confiança de 95%, através de uma Análise de Variância (ANOVA), utilizando o

teste F (Garcia, 2013).

No caso de duas ou três variáveis ou fatores independentes, é recomendado um

Delineamento Composto Central Rotacional ou Planejamento Fatorial com Pontos Axiais ou

ainda Planejamento Estrela (Rodrigues & Iemma, 2005).

2.5.2 Metodologia de Superfície de Resposta (MSR)

A Metodologia de Superfície de Resposta (MSR; do inglês Response Surface

Methodoloy (RMS)) é uma técnica de otimização introduzida por Box & Wilson (1951) para

planejamentos fatoriais. Trata-se de um conjunto de técnicas estatísticas, compostas por

planejamento e análise de experimentos, que procura relacionar respostas com os níveis de

fatores quantitativos e suas interações (Custódio, Morais & Muniz, 2000).

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Capítulo 2 - Aspectos Teóricos 58

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Em processos industriais, a metodologia de superfície de resposta apresenta ampla

aplicação, pois nestes casos, é comum a existência de fatores ou variáveis que possam alterar

a qualidade do produto final (Saramago et al., 2008).

No planejamento experimental, onde se busca caracterizar uma relação entre uma ou

mais variáveis respostas e um conjunto de fatores de interesse, procura-se construir um

modelo que descreva a variável resposta em função dos intervalos estudados destes fatores.

Assim sendo, a superfície de resposta auxilia na aproximação de um modelo empírico a uma

relação (inicialmente desconhecida ou conhecida) entre os fatores e a resposta do processo,

pois é fundamentada na teoria estatística e minimiza o empirismo que envolve técnicas de

tentativa e erro (Box, Hunter & Hunter, 1978; Saramago et al., 2008; Santos, 2014).

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CAPÍTULO 3

Estado da Arte

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Capítulo 3 - Estado da Arte 60

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

3 ESTADO DA ARTE

Apesar de ainda não existir uma metodologia completa para o tratamento da BF, têm

sido desenvolvidos diversos tratamentos que visam minimizar os efeitos da formação da borra

de petróleo de diversas composições, características e origens de formação, de modo a

reaproveitar o óleo nela contido e aplicá-lo em diversos setores da indústria. Neste capítulo,

será realizada uma revisão dos principais trabalhos coletados na literatura utilizando

tensoativos e microemulsões no tratamento de borra de petróleo.

3.1 Utilização de tensoativos no tratamento de borra de petróleo

Elektorowicz, Habibi & Chifrina (2006) investigaram os efeitos de diferentes

gradientes de potencial elétrico e de tensoativo anfotérico sobre a eficácia da separação de

fases da borra oleosa. Eles concluíram que um menor potencial elétrico (0,5 V/cm) produz

uma maior taxa de separação. A fase sólida da borra oleosa remanescente, após o

experimento, foi de uma consistência compacta e estável e a aplicação do tensoativo

anfotérico não melhorou a eficiência total do processo. O papel dos constituintes do petróleo

na estabilização das emulsões água-em-óleo e seu efeito sobre a dinâmica do processo foram

considerados em cada etapa do experimento. A análise das mudanças de pH, a evolução da

resistência e a análise de polaridade de hidrocarbonetos confirmaram que a aplicação de

gradiente elétrico inferior resulta em melhor separação de fases.

Ramaswamy, Kar & De (2007) utilizaram flotação induzida para recuperar óleo de

borra oleosa sinteticamente preparada. Um tensoativo comercial (dodecil benzeno sulfonato

de sódio) foi usado como coletor. Os efeitos de vários parâmetros como tempo de flotação,

quantidade inicial de óleo na borra e a quantidade de tensoativo usado na recuperação do óleo

foram investigados. Dentro do intervalo de condições operacionais estudadas, a recuperação

máxima de óleo obtida foi de cerca de 55%. O tempo ótimo de flotação foi em torno de 12

min e a recuperação de óleo aumentou em até 12% quando a quantidade adicionada de

tensoativo aumentou de 5 para 20g. Verificou-se que a constante de flotação era quase

independente da quantidade inicial de óleo na borra quando se aumentava a dose do

tensoativo utilizado. Um estudo da cinética de flotação com base na recuperação de óleo foi

realizado e mostrou que o processo seguia a cinética de primeira ordem.

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Capítulo 3 - Estado da Arte 61

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Joseph & Joseph (2009) avaliaram a separação de óleo da borra de petróleo, obtida

de fundo de tanque de refinaria, de solo contaminado através de bactérias que produzem

biotensoativos. O solo foi contaminado com 2,5 %, 5 %, 10 %, 20 %, 40 %, e 80 % de borra e

sete bactérias isoladas (tipo Bacillus sp) foram utilizadas, conseguindo degradar o óleo em

baixas concentrações de borra (de 2,5 % e 5 %). O teor total de hidrocarbonetos de petróleo

da borra foi obtido através de extração de soxhlet com os solventes hexano, diclorometano e

clorofórmio, em que a remediação de solo contaminado a 5 % foi efetiva, com eficiências de

91,67 % a 97,46 %, em um tempo máximo de 48 h. Esta remediação foi observada devido a

ação de biotensoativos sintetizados pelas bactérias, sendo sua presença determinada através da

redução da tensão superficial e interfacial (em média de 70 mN/m a 45 mN/m) ao longo do

processo.

Tahhan & Abu-Ateih (2009) avaliaram a degradação da borra oleosa através de sua

biodegradabilidade no solo. Dois tensoativos sintéticos diferentes, Triton X-100 (tensoativo

não-iônico) e dodecil sulfato de sódio (tensoativo aniônico), foram usados neste estudo para a

biodegradação de hidrocarbonetos. Entre os dois tensoativos, apenas o dodecil sulfato de

sódio ocasionou a remoção de hidrocarbonetos de petróleo totais (TPH) e a mineralização,

abaixo e acima da concentração micelar crítica. Em relação às diferentes frações de alcanos,

aromáticos, compostos presentes na borra de petróleo, ocorreu a biodegradação majoritária

somente dos alcanos e as bactérias promoveram a biodegradação dos asfaltenos.

Guolin, Tingting & Mingming (2016) apresentaram as melhores condições para a

lavagem de borra oleosa com soluções de tensoativos. Os agentes testados foram AEO-9,

Peregal O, TritonX-100, metasilicato de sódio e dodecil benzeno sulfonato de sódio. Foram

investigados quatro fatores que afetam a taxa de óleo residual, que incluem taxa de massa

líquida/sólida, temperatura de reação, tempo de reação e fração em massa de eluente. Os

experimentos mostraram que o lodo oleoso continha 60,36% de óleo cru, 29,26% de água e

10,38% de sedimento. Todos os tensoativos apresentaram taxa de óleo residual menor que

3%, com o metasilicato de sódio tendo melhor efeito de lavagem, apresentando taxa de óleo

residual de apenas 1,6%, devido sua excelente dispersão.

Liang, Zhao & Hou (2017) avaliaram a recuperação de óleo de borras oleosas

geradas a partir da indústria do petróleo usando um método de limpeza química. Foram

utilizados quatro produtos químicos, incluindo três tensoativos: brometo de

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Capítulo 3 - Estado da Arte 62

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

cetiltrimetilamônio (catiônico –CTAB), Tween 60 (não-iônico), dodecilbenzenossulfonato de

sódio (aniônico), e um alcaloide (NaOH) para a remoção da borra oleosa. Foi dada especial

ênfase ao efeito da concentração de borra sólida (Cs) na eficiência da remoção do sólido e no

coeficiente de distribuição de óleo (KD). A capacidade de remoção de óleo pelos quatro

produtos químicos foi observada pela ordem de melhor eficiência de remoção: CTAB >

Tween 60 > NaOH > SDBS. Um "efeito sólido" (efeito Cs) foi observado no equilíbrio de

remoção, isto é, o KD aumentou com o aumento de Cs. Curiosamente, foi descoberto que a

força de Cs tinha maior sensibilidade de variação com o aumento da temperatura do que com

a variação dos produtos químicos utilizados nos testes.

Sahebnazar et al. (2017) realizaram a redução da viscosidade da borra oleosa e

consequentemente, a recuperação do óleo usando biotensoativos. Para este fim, investigaram

o efeito da purificação de ramnolipídeos na recuperação do óleo. Os ramnolipídeos foram

purificados utilizando nanopartículas de FeO e o processo de purificação foi otimizado por

análise estatística em que o tempo de contato e a quantidade de nanopartículas foram

escolhidos para serem as variáveis independentes. Através da tensão superficial e da

concentração micelar crítica, avaliou-se o aumento na pureza dos ramnolipídeos, que passou

de 47,61% para 83,33% em condições ideais. Os resultados da aplicação de ramnolipídeos

para o tratamento de borra oleosa mostraram que o biotensoativo purificado diminui a tensão

interfacial de n-decano/água (1/1) de 27 a 1,2 mN/m enquanto o ramnolipídeo não purificado

diminui a tensão interfacial de 27 a 6,7 mN/m. Além disso, a redução da viscosidade da borra

por biotensoativo purificado é 27,2% a mais do que o biotensoativo não purificado.

3.2 Utilização de microemulsões no tratamento de borra de petróleo

Castro Dantas, Dantas Neto & Moura (2001) utilizaram sistemas microemulsionados

contendo os tensoativos comerciais: Dissolvan (Clariant), NE-8 (BJ Services), Dentrol

(Conab), OC595 (Poland Química), Fenoil (Bayer do Brasil), Polimus-43 (Poland Química),

NE-9 (BJ Services), Polimus-22 (Poland Química), Dehydet (Poland Química) e Ultrapan

(Petrobras) visando desestabilizar emulsões brutas de Petróleo. Estes tensoativos apresentam

propriedades desemulsificantes e de prevenção de emulsão, sendo usados para quebrar as

emulsões brutas de água em óleo (A/O). Os resíduos oleosos foram fornecidos pela Petrobras

e foram caracterizados por Balanço de Sedimentos e Água (BSW), sendo obtidos os valores de

48%, 36% e 32%. Os sistemas microemulsionados utilizados foram compostos por uma fase

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Capítulo 3 - Estado da Arte 63

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

aquosa (solução de HCl a 5,2%); uma fase oleosa (tolueno); uma fase de

cotensoativo/tensoativo (C/T) (álcool isopropílico (C)/tensoativos (T) com uma relação C/T

de 9,0). A eficiência das microemulsões para quebrar as emulsões de óleo foi avaliada por um

método de contato direto entre as microemulsões e as emulsões brutas (A/O). O planejamento

estatístico de rede Scheffe para misturas foi utilizado para relacionar as frações de massa do

componente com a desestabilização relativa das emulsões de petróleo. A melhor composição

de sistema de microemulsão para a quebra completa das emulsões de óleo com altos valores

de BSW apresentou a porcentagem de fase C/T mais baixa. Os resultados mostraram bons

percentuais de degradação de emulsões (100%), com os melhores resultados sendo obtidos

para NE-8 e Polimus-43, e também indicaram que a eficiência da quebra é diretamente

dependente da composição da microemulsão e das propriedades físico-químicas do óleo.

Castro Dantas et al. (2010) investigaram o uso de microemulsões na solubilização de

frações pesadas de petróleo bruto, que são responsáveis pela formação de depósitos em

operações de processamento de petróleo. O Unitol L90 foi utilizado como tensoativo (não

iônico) e o butan-1-ol e o butan-2-ol foram testados como cotensoativos. Foram estudados

quatro sistemas diferentes: Unitol L90 + butan-1-ol + água +querosene (sistema 1), Unitol

L90 + butan-1-ol + água + xileno (sistema 2), Unitol L90 + butan-1-ol + água + 90% de

querosene/10% de xileno (sistema 3) e Unitol L90 + butan-2-ol + água + xileno (sistema 4). O

processo de solubilização foi realizado através do método de batelada, variando o tempo de

agitação, a composição da microemulsão e a relação sólido/solução. Os experimentos

mostraram que as microemulsões apresentaram alta eficiência na solubilização de petróleo

bruto adsorvido nos arenitos Botucatu. Em particular, o sistema 2 apresentou uma eficiência

de 99%. Não foram detectadas diferenças significativas na extensão da solubilização de

frações pesadas, variando a concentração de tensoativos nas formulações utilizadas. Portanto,

por razões econômicas, os autores sugeriram que os sistemas que contenham apenas 20% de

matéria ativa (tensoativo + cotensoativo) são mais adequados para aplicações que envolvem o

uso de microemulsões não iônicas na solubilização de petróleo pesado de arenitos.

Abdel Azim et al. (2011) prepararam três conjuntos de sistemas desemulsificantes

baseados em nonil-fenol etoxilados (NP) (n = 9, 11, 13), com o objetivo de quebrar a borra de

petróleo obtida da principal bacia de drenagem da Al-Hamra Oil Company. Estes sistemas

foram compostos por 4% de solução de ácido inorgânico, 10% de solução de fase aquosa, NP-

9, NP-11 e NP-13 como tensoativos e álcool isopropílico ou butílico como cotensoativos e o

restante do sistema sendo uma fase oleosa (benzeno/tolueno, mistura 1:1). A degradação da

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Capítulo 3 - Estado da Arte 64

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

borra de petróleo foi avaliada por análise de Hidrocarbonetos Totais de Petróleo (TPH),

determinação da quantidade de fase aquosa e sedimentos separados da borra. Além disso, a

fase óleo recuperada da borra foi misturada com óleo de petróleo obtido da Al-Hamra Oil

Company em proporção 1: 1 e o °API da mistura foi calculado. O efeito da composição do

sistema desmulsionante e sua concentração (em partes por milhão) também foram estudados.

Os autores verificaram que a melhor composição para a quebra completa da borra foi com o

sistema contendo NP-13.

Viana et al. (2015) utilizaram sistemas microemulsionados para solubilizar a borra

oleosa no interior de tanques de armazenamento de óleo. Foi determinada a composição da

borra e os sistemas microemulsionados foram desenvolvidos visando suas aplicações no

tratamento de borra oleosa envelhecidas. Eles usaram um Planejamento Fatorial Composto

Central para otimização dos experimentos. As extrações Soxhlet das borras bruta e

envelhecida foram utilizadas para quantificar o óleo (43,9% em peso e 84,7% em peso - 13°

API), água (38,7% em peso e 9,15% em peso) e sólido (17,3% em peso e 6,15% em peso),

respectivamente. Foram obtidos dois diagramas pseudoternários e, a partir daí estabelecidos

dois planos estatísticos variando a concentração de matéria ativa (cotensoativo (C) +

tensoativo (T)) (25 a 40%), a relação C/T (0,5 a 1) e a concentração da fase oleosa (Fo) (2 a

5%). O planejamento estabeleceu modelos preditivos e/ou significativos mostrando

eficiências entre 77 e 84%.

Esse trabalho teve como objetivo estudar a aplicação de sistemas microemulsionados

no tratamento de borra oriunda da flotação de água oleosa de petróleo, visando contribuir para

o estudo de tratamentos de resíduos das indústrias de petróleo visando tornar o processo mais

eficiente e mais barato. Os estudos citados nesse capítulo serviram de base para avaliar o

desempenho e fornecer diretrizes para a construção deste trabalho.

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CAPÍTULO 4

Metodologia Experimental

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 66

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Neste capítulo apresenta-se uma descrição dos materiais, reagentes, equipamentos

utilizados, técnicas e procedimentos experimentais executados no estudo da caracterização da

borra de flotação, no preparo e caracterização dos sistemas microemulsionados, e na aplicação

desses sistemas na solubilização da borra.

4.1 Reagentes, materiais e equipamentos

Os reagentes, materiais e equipamentos utilizados neste trabalho estão listados a

seguir:

Reagentes

✓ Amostra de borra de flotação – PETROBRAS;

✓ Amostra do agente floculante (solução aquosa de tanino; 15-20 ppm) – cedido

pela PETROBRAS;

✓ Cloreto de sódio P.A.-A.C.S. – Synth;

✓ Clorofórmio P.A.-A.C.S. (1480g) 100% – Synth;

✓ Dissolvan – Clariant;

✓ Heptano-N (680g) P.A. 100% – Synth;

✓ Hexano-N P.A. 100% – Synth;

✓ N-butanol, ≥ 99,5% – VETEC

✓ Óleo de Coco Saponificado (OCS) - Sintetizado em laboratório (LTT);

✓ QAV (Querosene de aviação) – PETROBRAS;

✓ Tolueno (Toluol) P.A.-A.C.S. – Synth.

Materiais

✓ Balão volumétrico (1000 ml);

✓ Bastão de vidro;

✓ Béqueres (50 ml, 100 ml e 600 ml);

✓ Cubeta de quartzo (10 mm);

✓ Cubeta de vidro (30 ml);

✓ Erlenmeyers (250 ml);

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 67

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

✓ Espátulas;

✓ Pipetas de Pasteur (5 ml);

✓ Provetas (10ml);

✓ Tubos de ensaio;

✓ Extrator Soxhlet.

Equipamentos

✓ Agitador de tubos Vortex (Phenix AP-56);

✓ Balança analítica (Precisa 240);

✓ pH-metro (Instrutherm pH-1900);

✓ Sistema SAXSess (Anton Paar, QC6000);

✓ Tensiômetro de bolha (SensaDyne, QC6000);

✓ ZetaPlus (Brookhaven Instruments Corporation, 90Plus/BI-MAS);

✓ Agitador magnético (Fisatom, 752);

✓ Balança analítica digital com precisão de 0,0001 grama (Tecnal);

✓ Balança termogravimétrica (Shimadzu; DTG-60 Simultaneous);

✓ Banho termostático com agitação (Tecnal, TE053);

✓ Centrífuga microprocessada (Quimis, Q222TM216);

✓ Difratômetro de Raios X (Shimadzu, XRD-7000);

✓ Espectrômetro de fluorescência de Raios X (Shimadzu, XRF-1800);

✓ Espectrômetro de infravermelho por transformada de Fourier (Shimadzu, IR-

Prestige-21);

✓ Condutivímetro (Digimed; DM-32);

✓ Analisador de elementos orgânicos PerkinElmer® 2400 Series II CHNS/O

(PerkinElmer);

✓ Espectrofotômetro UV-visível (Varian, Cary 50).

4.2 Agente Floculante

4.2.1 Extração de resíduo em meio básico

Para realizar as análises de caracterização do agente floculante, originalmente em pH

= 2,12, foi adicionada uma solução de NaOH 1M, de modo que ocorresse a precipitação de

sólidos do floculante à medida que o meio se tornava alcalino. Esses resíduos foram extraídos

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 68

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

e secos a temperatura ambiente (28°C), por 24h, sendo em seguida realizadas as análises

necessárias a identificação e caracterização.

4.2.2 Identificação do tanino presente no resíduo do agente floculante

As análises de identificação foram feitas com o objetivo de determinar

especificamente a natureza do tanino presente no agente floculante (condensado ou

hidrolisado), uma vez que foi dada pelo fornecedor a informação de se tratar de uma solução

aquosa de tanino (15-20 ppm).

4.2.2.1 Análise Elementar (CHNO)

Na análise elementar de Carbono (C), Hidrogênio (H), Nitrogênio (N) e Oxigênio

(O) (CHNO), foram determinadas as porcentagens em massa/massa (m/m) de C, H e N do

resíduo extraído do agente floculante. O teor em (%) de oxigênio foi calculado pela Equação

(7), através de balanço de massa.

𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑂 = 100 − (𝐶 + 𝐻 + 𝑁) (7)

Foram pesadas cerca de 2 mg, em uma cápsula de alumínio, da amostra de resíduo do

agente floculante, sendo em seguida colocada no amostrador automático do analisador de

elementos orgânicos. Utilizou-se o hélio como gás de arraste e o oxigênio e o ar sintético

como gases de combustão. A temperatura do reator foi de 925ºC e o tempo de corrida de 6

min.

4.2.2.2 Espectroscopia de absorção UV-Vis

A espectroscopia de absorção UV-Vis utiliza radiação eletromagnética cujos

comprimentos () variam entre 200 a 780 nm. Quando estimulada com esse tipo de radiação,

a molécula do composto sofre transições eletrônicas devido à absorção de energia quantizada.

O espectro eletrônico de absorção é o registro gráfico da resposta do sistema ao estímulo

(Gerber, 2013).

A absorção de energia UV-Vis modifica a estrutura eletrônica da molécula em

consequência de transições eletrônicas envolvendo geralmente elétrons π e n (não ligantes)

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 69

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

envolvidos em ligações. Isto requer que a molécula contenha pelos menos um grupo funcional

insaturado (C=C, C=O, por exemplo) para fornecer os orbitais moleculares π e n. Tal centro

de absorção é chamado cromóforo, sendo responsável principalmente pelas transições π → π*

e n → π*. Estas resultam da absorção de radiações eletromagnéticas, que se enquadram em

uma região espectral experimentalmente conveniente, ao contrário das transições n → σ* e σ

→ σ*, que requerem geralmente radiações mais energéticas ( < 200 nm). Os espectros de

absorção UV-Vis apresentam geralmente bandas largas que resultam da sobreposição dos

sinais provenientes de transições vibracionais e rotacionais ao(s) sinal(ais) associado(s) à(s)

transição(ões) eletrônica (s).

A Lei de Beer estabelece uma relação entre a absorbância ou transmitância com a

concentração de uma espécie absorvente quando um feixe de radiação monocromática

atravessa um recipiente contendo a espécie absorvente (Freitas, 2006). Sua expressão

matemática é dada pela Equação (8).

𝐴 = 𝑙𝑜𝑔 (1

𝑇) = − log(𝑇) = 𝑎𝑏𝐶 (8)

onde:

A é a absorbância;

T é a transmitância;

a é uma constante denominada absortividade (quando a concentração C é dada em gramas por

litro);

b é o comprimento do caminho que a luz tem que atravessar na cuba ou qualquer recipiente

onde esteja a solução;

C é a concentração dada em gramas por litro.

Quando a concentração for expressa em mols por litro, a absortividade é denominada

de absortividade molar e a lei de Beer é escrita de acordo com a Equação (9).

𝐴 = 𝜀𝑏𝐶 (9)

A sensibilidade de um método espectrofotométrico (ou fotométrico) é governada

pela absortividade molar da espécie absorvente.

Os fatores que podem mudar a absortividade molar da espécie absorvente são:

estrutura eletrônica da molécula absorvente, ou seja, dos tipos de transições possíveis que ela

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 70

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

pode sofrer; probabilidade de transição; comprimento de onda da radiação incidente ();

natureza solvente; índice de refração do meio (ni).

A espectroscopia de absorção UV-Vis foi utilizada para obter o espectro de absorção

do resíduo do agente floculante de modo a identificar a natureza do mesmo em comparação

com uma amostra de tanino puro. Cerca de 0,2 g de tanino condensado extraído da planta

Ipomea pes-caprae (Cardozo, 2016) e 0,1 mg de resíduos do agente floculante foram

dissolvidos em 100 ml de água destilada cada, e uma pequena alíquota de cada solução foi

analisada no espectro de absorção UV-Vis.

4.3 Borra de flotação

4.3.1 Obtenção da amostra

A borra de flotação utilizada nesse trabalho foi coletada no polo industrial de

Guamaré, no estado do Rio Grande do Norte, junto às estações de tratamento de óleo e água.

Materiais sólidos presentes na borra foram extraídos em extrator soxhlet, pois poderiam

interferir na geração de dados de solubilidade. Em seguida, os resíduos foram analisados por

diferentes técnicas de caracterização.

4.3.2 Extração em soxhlet

O extrator soxhlet é utilizado para extrair um soluto de um sólido através de um ou

mais solventes, por aquecimento. A amostra é colocada em um cartucho confeccionado em

papel filtro e previamente pesado, sendo este sistema colocado no interior do aparelho. Em

seguida, um balão contendo o solvente é ajustado na parte inferior do aparelho, e na parte

superior conecta-se um condensador de refluxo de dupla camisa. O solvente é então aquecido,

vaporizando-se e condensando-se ao entrar em contato com o condensador, caindo lentamente

no cilindro contendo o sistema amostra + filtro até encher o corpo do aparelho. Ao atingir o

topo do tubo, o solvente é sifonado para dentro do balão, transportando a quantidade de

substância extraída da amostra. O processo é repetido ao longo do tempo até que a extração

esteja completa, fato evidenciado pela mudança de coloração do solvente que retorna ao balão

após passar pelo sistema da amostra.

Uma amostra de 40g de borra, sem nenhum tratamento, foi então submetida à

extração exaustiva em extrator soxhlet, com diferentes solventes: clorofórmio, N-heptano e

tolueno em sequência. Após cada extração, o solvente era evaporado e a massa de extrato

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 71

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

final era pesada ao ser notada a ausência de coloração no solvente condensado após deixar a

amostra.

A matéria orgânica da borra bruta, resíduos e o teor de água foram quantificados para

a determinação da proporção de óleo, água e resíduo da borra de petróleo bruto, através das

Equações (10) a (12).

%ó𝑙𝑒𝑜 =𝑀𝑂𝐸

𝑀𝑇𝐵𝐹𝑥100 (10)

%𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 =(𝑀𝐶𝐹𝑆 − 𝑀𝐶𝑉)

𝑀𝑇𝐵𝐹𝑥100 (11)

%á𝑔𝑢𝑎 =(𝑀𝑇𝐵𝐹 − 𝑀𝑂𝐸 − 𝑀𝑆)

𝑀𝑇𝐵𝐹𝑥100 = 100% − %ó𝑙𝑒𝑜 − %𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜 (12)

onde:

MTBF = Massa Total da Borra de Flotação;

MOE = Massa do óleo extraído;

MCFS = Massa do Cartucho Final Seco;

MCV = Massa do Cartucho Vazio;

MS = Massa de Sólidos = MCFS – MCV.

A Figura 24 mostra o sistema de extração por soxhlet utilizado neste trabalho.

Figura 24 - Sistema de extração soxhlet utilizado para extração de matéria orgânica da borra

de flotação.

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 72

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

O soluto extraído pode ser isolado da solução por qualquer método usual de

separação, sendo utilizado nesse trabalho um sistema de rotoevaporação. Os resíduos que não

foram dissolvidos em nenhum dos solventes foram caracterizados através de métodos que

serão citados posteriormente.

4.4 Caracterização dos resíduos do agente floculante e da borra de flotação

Realizou-se a caracterização dos resíduos do agente floculante e da borra de flotação

através de diferentes métodos analíticos, apresentados a seguir.

4.4.1 Difração de Raios X (DRX)

É uma técnica utilizada para se obter informações sobra a estrutura cristalina de um

determinado composto. Um difratograma é gerado pela incidência de um feixe de raios X, em

ângulos variáveis, sobre uma amostra na forma de pó. Este gráfico mostra a intensidade

difratada de raios X em função do ângulo de incidência 2𝜃. A interpretação do difratograma

permite identificar a composição da amostra, uma vez que para cada tipo de cristal, há um

difratograma único (Acchar, 2006; Duarte, 2014).

Os raios X difratados obedecem à lei de Bragg, descrita pela Equação (13).

𝑚𝜆 = 2𝑑(ℎ𝑘𝑙)𝑠𝑒𝑛𝜃 (13)

onde:

𝜆 = comprimento de onda do feixe de raios incidentes;

𝑑(ℎ𝑘𝑙) = distância interatômica entre os planos cristalinos da mesma natureza (ℎ𝑘𝑙);

𝜃 = ângulo formado entre os raios X do feixe incidente e os planos atômicos;

𝑚 = número inteiro.

As análises foram efetuadas utilizando uma tensão de 30kV e corrente de 10mA,

com 2𝜃 variando de 5 a 80° e velocidade de varredura de 0,02 graus/min. Foram utilizados o

software X’ Pert Data Collector, versão 2.1a, e o tratamento dos dados com o software X’

Pert High Score, versão 2.1b, ambos da PANalytical.

4.4.2 Espectrometria de Fluorescência de Raios X (EFRX)

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 73

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

A espectrometria de fluorescência de raios X (EFRX ou FRX) baseia-se na excitação

da amostra por um feixe primário proveniente de um tubo de raios X. Dependendo da sua

energia, este feixe pode remover elétrons das camadas eletrônicas mais internas, sendo as

vacâncias imediatamente preenchidas por elétrons das camadas externas. Nesta reorganização

orbital são emitidos feixes secundários de raios X (radiação fluorescente) característicos à

transição ocorrida e ao elemento. No espectrômetro, a radiação fluorescente é identificada em

função da sua energia e sua intensidade é proporcional à concentração do elemento na

amostra. A quantificação propriamente dita é possível após a calibração do instrumento

(Zambello, 2001).

A fluorescência de raios X mostra-se como uma técnica muito versátil, podendo ser

aplicada em diversas amostras, incluindo as de estado sólido e líquidas, sem necessitar de

tratamento exaustivo para a preparação destas matrizes, e oferecendo a grande vantagem de

ser uma técnica analítica não destrutiva (Skoog, Holler & Nieman, 2009).

No processo de medição, as amostras sólidas ou líquidas, convenientemente

preparadas, são expostas a um feixe de radiação para a excitação e detecção da radiação

fluorescente resultante da interação da radiação com o material da amostra, deslocando um

elétron das camadas mais internas do átomo. Outro elétron, de uma das camadas mais

externas, substitui o elétron perdido, fazendo liberar energia na forma de raios-X

fluorescentes, emitidos em comprimentos de onda que são característicos de cada elemento,

de intensidade proporcional à concentração (Bleicher & Sasaki, 2000). Os raios-X incidentes

excitam os átomos constituintes da amostra, que por sua vez emitem linhas espectrais com

energias características do elemento e cujas intensidades estão relacionadas com a

concentração. Assim, de modo resumido, a análise por fluorescência de raios-X consiste de

três fases: excitação dos elementos que constituem a amostra, dispersão dos raios-X

característicos emitidos pela amostra e detecção desses raios-X (Santos et al., 2013).

As amostras foram trituradas e comprimidas em um tubo de ensaio de alumínio e as

medições foram feitas de 5 a 70° (2θ) nos graus de 0,02° com uma contagem de 0,6 passo-1.

4.4.3 Espectrometria por Infravermelho (FT-IR)

Para que uma molécula absorva a radiação no infravermelho ela deve sofrer uma

variação no momento de dipolo durante seu movimento rotacional ou vibracional. Somente

sob estas circunstâncias o campo elétrico alternado da radiação pode interagir com a molécula

e causar variações na amplitude de um de seus movimentos (Skoog, Holler & Nieman, 2009).

O momento de dipolo é determinado pela magnitude da diferença de carga e a distância entre

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 74

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

dois centros de cargas. Quando a frequência da radiação coincide exatamente com a

frequência vibracional natural da molécula, ocorre uma transferência de energia, resultando

em uma variação da amplitude da vibração molecular e, consequentemente, na absorção de

radiação. A frequência vibracional de cada molécula então permite diferentes variações de

amplitude, o que identifica as moléculas presentes em uma amostra (Souza, 2014).

As principais aplicações da região compreendida entre 400 e 4000 cm-1 encontram-se

na análise quantitativa de materiais industriais e agrícolas e no controle de processos,

destacando as aplicações farmacêuticas e petroquímicas (Pinheiro, 2012).

Os espectros de absorção das amostras foram obtidos na região do infravermelho

médio na faixa de 400-4000 cm-1, com resolução de 4 cm-1. As amostras foram misturadas ao

KBr numa concentração de aproximadamente 2% em peso e o material obtido foi

homogeneizado e prensado hidraulicamente com 6 toneladas, sendo então obtidas as pastilhas

e colocadas no espectrômetro de infravermelho por transformada de Fourier.

4.4.4 Termogravimetria (TG)

A termogravimetria consiste em uma técnica de análise térmica que envolve o

aquecimento a uma razão constante enquanto se registra a perda de massa durante a elevação

da temperatura, sob um fluxo de gás. A massa de uma substância é medida como uma função

da temperatura ou do tempo, enquanto ela é submetida a um programa de temperatura

controlado em uma atmosfera específica. Ganhos de massa podem ser causados por

oxidações, formando óxidos não voláteis, e perdas de massa podem acontecer por

volatilização de umidade absorvida, aditivos, oligômeros, produtos de reação ou

decomposição (De La Salles, 2000).

Quando uma amostra ao ser aquecida se decompõe, ocorre a perda de materiais

voláteis, resultando na perda de massa da amostra. Portanto, quando ocorrem reações de

decomposição sucessivas com o aumento da temperatura, a curva de termogravimetria mostra

uma série de perdas de peso abruptas separadas por platôs de peso constante. As perdas de

peso ocorrem em uma faixa de temperatura e o platô de peso constante pode não aparecer

entre as reações. O número de estágios de decomposição, mudança de temperatura e a perda

de peso de cada estágio podem ser avaliados diretamente da curva com os estágios claramente

nítidos no termograma. A velocidade de cada estágio é indicada pelo ponto de inflexão da

curva.

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 75

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Para a realização da análise termogravimétrica, foram utilizadas as seguintes

condições para a avaliação experimental: massa utilizada - 2,827 mg; Célula - alumina;

Atmosfera - N2 à 30°C à 1000°C; Taxa de fluxo - 50 ml/min; Taxa de aquecimento -

10°C/min.

4.4.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Sistema de Energia Dispersiva

(EDS)

A técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) permite analisar em

detalhe a morfologia e a textura das partículas que constituem o material, a partir de imagens

digitais obtidas pelo bombardeio de elétrons sobre a amostra. Para isto, a amostra pode ou não

ser metalizada com ouro, tornando-a melhor condutora e favorecendo o carregamento de

elétrons para uma melhor visualização.

Ao MEV pode ser acoplado o sistema de EDS (Energy Dispersive System), o qual

possibilita a determinação da composição qualitativa e semiquantitativa das amostras, a partir

da emissão de raios X característicos. O limite de detecção é da ordem de 1%, mas pode

variar de acordo com as especificações utilizadas durante a análise, como o tempo de

contagem, por exemplo. O mapa químico quantifica a composição de uma área do mineral

exposta ao feixe de elétrons. Desta forma, este mapa pode representar a distribuição dos

elementos em determinadas partes do material. Uma das desvantagens do sistema EDS é a

limitação da análise pelo número atômico (Z) médio da região ionizada, pois apenas os

elementos com Z superior a 4 são detectados e quantificados por esta técnica (Duarte et al.,

2003).

As análises de MEV e EDS foram executadas com a finalidade de identificar a

morfologia, homogeneidade e composição do resíduo. As amostras foram montadas sobre

uma fita de carvão e a análise da estrutura de cada amostra foi realizada usando

espectrometria de energia dispersiva e densidade de deslocamento como resolução

microscópica. As imagens das amostras foram visualizadas através de um scanner e a análise

das microestruturas foi realizada em um microscópio eletrônico de varredura (MEV), modelo

TM 3000 Hitachi (Tókio, Japão), acoplado com o sistema de energia dispersiva de raios-X

Quanta EDS (Bruker, Karlsruhe, Alemanha), utilizando aumentos de 400, 1000, 2000 e

3000x.

4.5 Sistemas microemulsionados

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 76

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

4.5.1 Obtenção dos diagramas pseudoternários e determinação das regiões de Winsor

Para a obtenção dos sistemas microemulsionados foram escolhidos os seguintes

constituintes: OCS e Dissolvan como tensoativos; n-butanol como cotensoativo; solução

salina a 2% como fase aquosa e querosene de aviação (QAV) como fase oleosa.

A metodologia utilizada para a construção de diagramas de fases envolve o preparo

de uma mistura binária, a titulação com um terceiro componente avaliando-se os aspectos

físicos da mistura após cada adição do titulante e a posterior formação das regiões de Winsor

(Djordjevic et al., 2004). Neste trabalho utilizou-se como base um sistema com OCS retirado

da literatura (Oliveira, 2014) para estudo dos pontos de solubilização da borra, seguindo a

metodologia de construção dos diagramas, enquanto para o sistema contendo Dissolvan, o

método de titulação mássica e construção do diagrama foi feito pelo próprio autor.

O óleo de coco saponificado (OCS) é oriundo do óleo de coco formado por uma

mistura de triglicerídeos com predominância de ácidos láurico, mirístico, palmítico, esteárico

e oleico, conforme a Tabela 8.

Tabela 8: Composição média do óleo de coco.

Ácido Graxo N° carbonos Teor no óleo de coco (%)

Octanoico 08 7,7

Decanoico 10 7,4

Láurico 12 48,3

Mirístico 14 16,6

Palmítico 16 8,1

Esteárico 18 3,8

Oleico 18 5,2

Linoleico 18 2,6

Fonte: Moura (2001).

O diagrama de fases pseudoternário do sistema microemulsionado, contendo o

tensoativo OCS, foi escolhido com base nos estudos anteriores realizados no Laboratório de

Tecnologia de Tensoativos (LTT-UFRN), desenvolvido por Oliveira (2014). A Figura 25

mostra o diagrama de fases pseudoternário para o sistema composto por OCS como

tensoativo, n-butanol como cotensoativo, QAV como fase oleosa e solução de NaCl 2% como

fase aquosa.

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 77

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 25 - Diagrama de fases pseudoternário do sistema microemulsionado formado por T =

OCS; C = n-butanol; C/T = 4; FO = QAV; FA = Solução de NaCl 2%, apresentando as

regiões de Winsor.

Fonte: Oliveira (2014).

4.5.2 Caracterização do sistema microemulsionado (OCS)

O sistema microemulsionado contendo OCS foi caracterizado, nas regiões de

interesse, através de análises de aspecto visual, tamanho de partícula, potencial zeta, turbidez,

condutividade elétrica, pH, densidade, determinação da viscosidade e espalhamento de raios

X a baixo ângulo (SAXS). Para avaliar a estabilidade, os sistemas foram acompanhados em

relação ao tempo em dias e na temperatura de ±25°C (temperatura ambiente).

4.5.2.1 Aspecto visual

As amostras foram armazenadas em recipientes transparentes sob a luz, sendo

avaliadas suas características macroscópicas de maneira visual em função do tempo, à

temperatura constante.

4.5.2.2 Tamanho de partícula

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 78

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Esta técnica trata-se da análise de espectroscopia de correlação de fóton (PCS)

utilizando um equipamento de dispersão de luz quase elástica. É obtido através do

equipamento o diâmetro hidrodinâmico (diâmetro da partícula mais a espessura da camada

dupla de solvente que a circunda). As amostras foram analisadas com comprimento de onda

do feixe de luz de 659 nm e ângulo de incidência de 90°, a temperatura de ±25°C. Os

resultados são expressos em nanômetros (nm).

As amostras foram colocadas em uma cubeta de quartzo com caminho óptico de 1

cm, sendo realizadas 10 corridas de 20 segundos. Ao final, foram obtidas as médias dos

valores obtidos em cada corrida.

4.5.2.3 Potencial Zeta

Quase todos os materiais macroscópicos ou particulados em contato com um líquido

adquirem uma carga elétrica em sua superfície que pode acontecer pela dissociação de grupos

de íons na partícula ou pela adsorção de íons da solução sobre ela. Com isso, é formada uma

dupla camada elétrica na interface da partícula em contato com o líquido, dividida em uma

região interna ligada a superfície da partícula, e uma externa com os íons sendo distribuídos

pelo equilíbrio entre forças eletrostáticas e o movimento térmico.

Na presença de um campo elétrico, as partículas e os íons mais fortemente ligados se

movem de maneira uniforme, sendo o potencial medido entre essa unidade e o meio (plano de

cisalhamento) denominado potencial zeta (Li & Tiau, 2006). Trata-se de uma medida

relacionada com a estabilidade da suspensão e a morfologia de superfície das partículas. A

Figura 26 mostra um esquema ilustrativo do potencial Zeta.

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 79

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 26 - Esquema da distribuição de cargas na vizinhança de uma partícula carregada e os

respectivos potenciais associados à dupla camada elétrica na interface sólido-líquido.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Por ter sido analisado no mesmo equipamento do diâmetro de partículas, o

experimento seguiu as mesmas padronizações: as amostras foram colocadas em uma cubeta

de quartzo com caminho óptico de 1 cm, sendo realizadas 10 corridas de 20 segundos. Ao

final, foram obtidas as médias dos valores obtidos em cada corrida.

4.5.2.4 Tensão superficial

A tensão superficial é uma propriedade física resultado da assimetria das forças

coesivas entre as moléculas da superfície e do interior, na interface de dois fluidos,

especificamente uma fase líquida e uma fase gasosa. Foi utilizada a metodologia de pressão

máxima de bolha, aplicando-se uma pressão crescente em dois capilares com diferentes

diâmetros, resultando na formação de bolhas nas extremidades dos mesmos. Os capilares são

imersos nos fluidos, com frequência determinada pelo borbulhamento de gás inerte,

geralmente nitrogênio.

A diferença de diâmetros entre os capilares gera então pressões diferentes em cada

um deles, o que permite obter uma relação de determinação para a tensão superficial do

fluido, conforme a Equação (14).

∆𝑃 = 𝑃1 − 𝑃2 = (𝜌𝑔ℎ +2𝛾

𝑟1) − (𝜌𝑔ℎ +

2𝛾

𝑟2) =

2𝛾

𝑟1−

2𝛾

𝑟2 (14)

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 80

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

onde:

𝑃1 é a pressão exercida no capilar de menor diâmetro;

𝑃2 é a pressão exercida no capilar de maior diâmetro;

g é a força da gravidade;

h é a altura dos capilares;

𝜌 é a densidade do líquido;

𝛾 é a tensão do líquido;

𝑟1 é o raio do capilar de menor diâmetro;

𝑟2 é o raio do capilar de maior diâmetro.

O tensiômetro foi calibrado com água destilada e com álcool etílico, a 25°C. A

frequência de injeção foi de 2 (duas) bolhas por segundo e o período de bolha de 0,5 segundo.

Foram colocados aproximadamente 30 ml da amostra em um béquer, imergindo a parte

inferior dos capilares no mesmo. O valor referente à tensão superficial foi verificado após a

leitura da amostra pelo equipamento.

4.5.2.5 pH

Para análise do pH das amostras, foi utilizado o método Potenciométrico em 25°C,

no qual a presença dos íons [H3O+] e [OH-] determina o potencial hidrogeniônico da amostra.

4.5.2.6 Condutividade elétrica

Trata-se da medida da passagem de corrente elétrica por uma solução, de forma

diretamente proporcional a quantidade de sais presentes na amostra. Os resultados são

expressos em microSiemens por centímetro (𝜇S cm-1) ou miliSiemens por centímetro (mS cm-

1). A condutividade elétrica foi medida a 25°C, sendo determinada pela Equação (15) (APHA,

1995).

𝐶𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑎 25°𝐶 =𝑋𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎

1 − [0,019(𝑇 − 25)] (15)

onde:

𝑋𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 é a condutividade elétrica medida a uma temperatura diferente de 25°C;

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 81

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

T a temperatura em que a amostra foi determinada.

4.5.2.7 Espalhamento de raios X a baixo ângulo (SAXS)

A técnica de SAXS foi utilizada para determinar o tamanho e forma das estruturas

presentes nos sistemas microemulsionados. Trata-se de uma técnica regida pelo princípio de

espalhamento da luz, onde as partículas espalhadoras emitem ondas secundárias de radiação

necessitando de um contraste óptico entre o meio e as partículas espalhadoras para gerar um

sinal. Este sinal é observado quando há uma variação de densidade eletrônica (Gomes, 2009).

Ao atingir uma solução ou dispersão coloidal, um feixe de luz pode ser repartido

entre a absorbância, o espalhamento e a transmissão através da solução sem outras

perturbações. A intensidade, polarização e distribuição angular da luz espalhada por uma

dispersão coloidal, dependem do tamanho e da forma das partículas, das interações entre as

partículas e da diferença entre os índices de refração das partículas e do meio (Shaw, 1975).

Os elétrons ressonam com a frequência dos raios X que passam pelo material e

emitem ondas secundárias de mesma fase, havendo interferência entre elas. Para partículas

menores, é comum que ocorra espalhamento nulo pela grande diferença de fase entre as

ondas, de modo que o espalhamento resultante causa uma interferência destrutiva. Para

partículas maiores, porém, os espalhamentos resultam em diferenças de fase menores,

havendo interferência construtiva. Assim, quando um feixe de raios-X é incidido sobre uma

amostra, o mesmo sofre desvios que são detectados e transformados em uma curva de

espalhamento, onde os dados fornecem informações acerca da estrutura da amostra.

O experimento de SAXS gera gráficos de intensidade de espalhamento I(q) em

função do vetor de espalhamento q (Equação (16)). A intensidade I(q), por sua vez, está

relacionada com funções de distribuição de pares de distâncias entre as partículas/gotículas

[p(r) – Equação (17)]. A partir das funções p(r), obtém-se dados sobre o perfil de densidade

eletrônica radial da partícula/gotícula, dado pela Equação (18) (Bergmann et al., 2005).

𝑞 = (4𝜋

𝜆) 𝑠𝑖𝑛Θ (16)

𝐼(𝑞) = 4𝜋 ∫ 𝑝(𝑟)sin(𝑞𝑟)

𝑞𝑟𝑑𝑟

0

(17)

𝑝(𝑟) = 𝑟2 [∫ ∆𝑄(𝑟1)∆𝑄(𝑟1 − 𝑟)𝑑𝑟𝑉

] (18)

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 82

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

onde:

q é o vetor de espalhamento;

𝜆 é o comprimento de onda;

Θ é a metade do ângulo espalhado;

𝐼(𝑞) é a intensidade de espalhamento;

r são as distâncias entre as partículas/gotículas;

p(r) é a função de distribuição de pares de distâncias;

Q(r) é o perfil de densidade eletrônica e V é o volume.

A função p(r) descreve a estrutura do material, fornecendo informações sobre a

forma da partícula em solução pelo comportamento da curva. A Figura 27 apresenta alguns

padrões de espalhamento e p(r) característicos de objetos geométricos com mesmo diâmetro

Dmax.

Figura 27 - Intensidade de espalhamento e função de distribuição de distância de corpos

geométricos.

Fonte: Svergun & Koch (2003).

A partir dos padrões determinados pela Figura 25, foram feitas análises da estrutura

do sistema contendo OCS como tensoativo nos pontos utilizados para o tratamento da borra.

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 83

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

4.6 Solubilização da borra de flotação

Seguindo a metodologia utilizada por Viana et al. (2015), a solubilização da borra de

flotação foi realizada em bateladas utilizando o sistema microemulsionado contendo OCS, em

diferentes temperaturas e tempos de agitação, parâmetros definidos de acordo com a

estabilidade térmica das microemulsões.

Alíquotas da borra e do SME, em pontos determinados por planejamento

experimental, foram colocadas em um erlenmeyer previamente pesado, em banho

termostático, sob agitação, em diferentes tempos. Após o tempo determinado, realizou-se a

filtração, passando-se água para remover o SME que ficava nos resíduos não solubilizados.

Evaporou-se a água e, através de novas pesagens foram obtidas as variações de massas

utilizadas no cálculo das eficiências de solubilização de cada sistema. O sistema de agitação

pode ser visualizado na Figura 28.

Figura 28 - Sistema de agitação com os sistemas microemulsionados + borra conforme

parâmetros pré-determinados.

Fonte: Próprio Autor (2018).

O teor de borra solubilizada (%[ES]) e o resíduo não solubilizado pelo SME

(%[Res]) foram determinadas através do balanço de massa, segundo as Equações (19), (20) e

(21). O teor médio de borra solubilizada (%[ESm]) e o teor médio de resíduo de borra não

solubilizado pelo SME (%[Resm]) foram calculados pelas Equações (22) e (23),

respectivamente.

𝑀𝑆𝐵𝐹 = 𝑀𝑇𝐵𝐹 − 𝑀𝑁𝑆𝐵𝐹 (19)

%[𝐸𝑆]𝑛 =𝑀𝑆𝐵𝐹

𝑀𝑇𝐵𝐹𝑥100 (20)

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 84

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

%[𝑅𝑒𝑠]𝑛 = (1 − [𝐸𝑆]𝑛)𝑥100 (21)

%[𝐸𝑆𝑚] =(%[𝐸𝑆]1 + %[𝐸𝑆]2)

2 (22)

%[𝑅𝑒𝑠𝑚] =(%[𝑅𝑒𝑠]1 + %[𝑅𝑒𝑠]2)

2= 100 − %[𝐸𝑆𝑚] (23)

onde:

MSBF = Massa solubilizada da borra de flotação;

MTBF = Massa total da borra de flotação;

MNSBF = Massa não solubilizada da borra de flotação;

%[ES] = Eficiência de solubilização da borra;

%[Res] = Resíduo de borra não solubilizada pelo SME;

%[ESm] = Eficiência média de solubilização da borra;

%[Resm] = Resíduo médio da borra não solubilizada pelo SME;

n = Índice correspondente a um dos ensaios da duplicata (1 e 2)

4.7 Planejamento experimental e análises estatísticas

Os sistemas microemulsionados para solubilização da BF foram avaliados aplicando

um Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR), sendo realizados 17 ensaios, em

duplicata. As variáveis independentes foram: razão de BF/SME aplicada (g/g), temperatura

(°C) e tempo de solubilização (min). As faixas de valores assumidos para cada uma das

variáveis estão apresentadas na Tabela 9.

Tabela 9: Níveis assumidos para as variáveis independentes.

Variáveis

independentes -1,68 -1 0 +1 +1,68

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 85

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Razão SME/BF (g/g) 0,5 1,91 4 6,08 7,5

Temperatura (°C) 27 33,6 43,5 53,3 60

Tempo de

solubilização (min) 30 54 90 125 150

Fonte: Próprio Autor (2018).

A razão C/T foi escolhida de acordo com o sistema e o diagrama pseudoternário

obtido dos trabalhos de Oliveira (2014). As concentrações de óleo e solução aquosa foram em

torno de valores que tornassem viável uma melhor solubilidade, e o tempo de solubilização e

temperatura apresentam-se como variáveis de influência positiva ou negativa para o

rendimento de solubilização, a depender da natureza do SME. Os valores do ponto central

foram escolhidos com base na temperatura interior do flotador do polo industrial de Guamaré

(T = 40°C), e razão SME/BF = 4 e tempo de agitação de 90 min através dos estudos de Viana

et al. (2015). A partir desses valores, expandiu-se os demais valores das variáveis

independentes nos demais níveis.

O teor de resíduo médio não solubilizados pelo sistema microemulsionado (Resm)

foi analisado como resposta (variável dependente) sendo obtida uma equação polinominal

para o ajuste dos dados experimentais (Equação (24)).

Y = ± 𝐵𝑜 ± 𝐵1𝑋1 ±𝐵2𝑋2 ± 𝐵3𝑋3 ± 𝐵11𝑋12 ± 𝐵22𝑋2

2 ± 𝐵33𝑋32 ± 𝐵12𝑋1𝑋2 ± 𝐵13𝑋1𝑋3 ±

𝐵23𝑋2𝑋3 (24)

onde:

Y é a resposta (variável dependente);

𝐵0 é coeficiente de regressão constante;

𝐵1, 𝐵2 e 𝐵3 são os coeficientes de regressão linear;

𝐵11, 𝐵22 e 𝐵33 são os coeficientes de regressão quadráticos;

𝐵12, 𝐵13 e 𝐵23 são as interações;

𝑋1, 𝑋2 e 𝑋3 são as variáveis independentes.

Após definição dos níveis assumidos pelas variáveis, os níveis foram codificados em

(-) para valores inferiores e (+) para os valores superiores. Cada ensaio foi feito em duplicata.

A matriz do planejamento experimental fatorial a três níveis está apresentada na Tabela 10.

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 86

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Tabela 10: Matriz codificada do delineamento de composto central rotacional (DCCR) para a

solubilização da borra de flotação (BF) por microemulsão.

SME Codificação

Razão SME/BF (g/g) Temperatura (°C) Tempo de

solubilização

(min)

1 -1 -1 -1

2 1 -1 -1

3 -1 1 -1

4 1 1 -1

5 -1 -1 1

6 1 -1 1

7 -1 1 1

8 1 1 1

9 -1,68 0 0

10 1,68 0 0

11 0 -1,68 0

12 0 1,68 0

13 0 0 -1,68

14 0 0 1,68

15 0 0 0

16 0 0 0

17 0 0 0

Fonte: Próprio Autor (2018).

Análises de Variância (ANOVA), falta de ajuste (Test F), determinação do

coeficiente de regressão e geração de superfícies de respostas foram realizadas utilizando o

software Statistica 7.0 (StatSoft, Inc., USA) e somente as variáveis com 95% (p < 0,05) foram

consideradas significantes.

4.8 Quantificação do agente floculante extraído da borra por espectroscopia UV-

Vis

Para quantificar o agente floculante que foi extraído da borra no processo de

solubilização por SME, foi utilizada a técnica de espectroscopia UV-vis. Pesou-se, em um

béquer, cerca de 0,203g de resíduo de agente floculante, com o auxílio de uma balança

analítica. Em seguida, o sólido foi dissolvido em água destilada e a solução foi transferida

para um balão volumétrico de 250 ml, sendo completado com água destilada.

Com o auxílio de uma bureta de 25,0 ml, preparou-se 6 soluções diluídas a partir da

solução estoque, de acordo com as alíquotas determinadas na Tabela 11.

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Capítulo 4 - Metodologia Experimental 87

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Tabela 11: Soluções diluídas para construção da curva de calibração.

Solução Alíquota de resíduo do agente

floculante em solução aquosa (ml)

1 10,00

2 15,00

3 18,00

4 20,00

5 22,00

6 25,00

Fonte: Próprio Autor (2018).

Foram efetuadas as leituras do percentual de transmitância de cada solução em

intervalos de 10 em 10 nm, na região de 550 nm a 850 nm. Em seguida, realizou-se a

absorbância e selecionou-se um comprimento de onda do resíduo do agente floculante em

água destilada, sendo calibrado o equipamento utilizando uma cubeta com água destilada.

Fez-se então a leitura da parte sólida da borra não solubilizada no sistema

microemulsionado para determinar a quantidade de agente floculante extraída da borra através

do comprimento de onda selecionado.

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CAPÍTULO 5

Resultados e discussão

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 89

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo, apresenta-se os resultados obtidos e discute-se, de acordo com a

metodologia proposta no capítulo 4. A primeira parte relata as análises de identificação e

caracterização do agente floculante e da borra de flotação, identificando a natureza dos

compostos que os constituem. A segunda parte apresenta a escolha das regiões e pontos de

preparo de microemulsão (contendo OCS), bem como os resultados das análises de sua

caracterização. Por fim, na terceira parte, têm-se os resultados de solubilização da borra nos

pontos de microemulsão escolhidos, contendo OCS e Dissolvan, as variáveis significativas de

efeito e a comparação dos rendimentos de solubilização entre os sistemas testados.

5.1 Agente floculante

5.1.1 Identificação do tanino presente no resíduo do agente floculante

5.1.1.1 Análise elementar (CHNO)

A Tabela 12 apresenta a análise elementar do resíduo do agente floculante.

Tabela 12: Análise elementar do resíduo do agente floculante.

Peso (mg) Carbono (%) Hidrogênio (%) Nitrogênio (%) Oxigênio (%)

1,108 34,67 4,41 3,15 57,77

1,656 33,82 4,43 2,97 58,78

1,338 33,88 4,14 3,02 58,96

1,338±0,22 33,88±0,38 4,41±0,13 3,02±0,07 58,78±0,52

Fonte: Próprio Autor (2018).

As proporções determinadas de CHNO estão de acordo com as proporções nas

análises elementares realizadas por Camargo (2009) para taninos puros: Naturn (C: 50,67%;

H: 4,89%; N: 0,56% e O: 43,88%), Weibull (C: 49,78%; H: 4,97%; N: 0,55% e O: 44,7%),

Tanifloc (C: 37,35%; H: 6,65%; N: 6,19% e O: 49,81%) e Seta Sun (C: 49,25%; H: 5,04%;

N: 1,07% e O: 44,64%). Com isso, o resíduo floculante apresenta maior similaridade com o

tanino Tanifloc, com diferenças mais significativas para o Nitrogênio e Oxigênio.

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 90

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

5.1.1.2 Espectroscopia de absorção UV-Vis

A Figura 29 mostra a amostra de tanino pura e o resíduo de agente floculante diluído

em água destilada, enquanto a Figura 30 apresenta os espectros de absorção UV-Vis das duas

amostras.

Figura 29 - (a) amostra de tanino condensado e (b) amostra de resíduo do agente floculante,

diluídos em água destilada.

(a) (b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Figura 30 - Espectros UV-vis das amostras de tanino condensado e do resíduo do agente

floculante em solução aquosa.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Nota-se, pelos dois gráficos da Figura 30, expressiva similaridade entre as duas

amostras, sendo que concentrações iguais entre as duas amostras foram evitadas para não

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 91

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

haver sobreposição dos espectros. Com isso, foi possível observar tanto pelo aspecto visual

quanto pela curva de absorção que o tanino presente no agente floculante corresponde a um

tanino condensado.

5.2 Borra de flotação

5.2.1 Extração em soxhlet

O teste de solubilização fracionada aplicado na borra é baseado nos seguintes

princípios:

✓ Materiais com características polares são solúveis em clorofórmio (padrão

analítico);

✓ Materiais com características parafínicas são solúveis em n-heptano;

✓ Materiais com características asfaltênicas são solúveis em tolueno e insolúveis

em n-heptano.

Os resultados de extração soxhlet podem ser verificados na Tabela 13.

Tabela 13: Resultados obtidos na solubilização fracionada da borra de flotação por extração

soxhlet.

Solvente % óleo extraído

Clorofórmio 33,25

N-heptano 50,10

Tolueno 4,27

Resíduo insolúvel 4,26

Água 8,09

Total 99,99

Fonte: Próprio Autor (2018).

Analisando os resultados apresentados na Tabela 13, observa-se que metade do

material presente na borra foi solúvel em n-heptano (50,10%), o que leva a concluir que ela

possui caráter predominante de materiais parafínicos, contendo, assim, menos constituintes

asfaltênicos pela baixa quantidade solúvel em tolueno (4,27%).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 92

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Os resultados obtidos mostraram que a borra é composta por 8,09% de água, 87,64%

de óleo e 4,26% de resíduos, sendo esta última parte da amostra separada e levada para

análises químicas de caracterização, de modo a definir a natureza de sua composição.

5.3 Caracterização do resíduo do agente floculante e da borra de flotação

Neste item, apresentam-se os resultados das Análises de Difratometria de Raios X

(DRX), Espectrometria de Fluorescência de Raios X (EFRX), Espectroscopia de

Infravermelho (FT-IR), Termogravimetria (TG), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

e Sistema de Energia Dispersiva (EDS), realizadas para uma análise detalhada da composição

dos resíduos do agente floculante e da borra de flotação.

5.3.1 Difração de Raios X (DRX)

Não houve precipitação de fase cristalina na análise dos resíduos do agente

floculante, não sendo, assim, possível obter resultados de DRX. Para o resíduo da borra de

flotação, obteve-se o difratograma de raios-X apresentado na Figura 31.

Figura 31 - Difratograma do resíduo da borra de flotação.

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 93

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

O difratograma da amostra (Figura 31) revela a presença de quartzo (com destaque

nos picos 20,85 e 26,64), calcita (com destaque no pico 43,14), pirita (com destaque ao pico

33,13) e Molibdenita (MoS2, com destaque ao pico 11,66). Essas fases podem ser

provenientes de incrustações, de corrosão e/ou da solubilização de elementos por variação de

pressão ou temperatura. Suspeitas de Hematita (pico 33,11) foram consideradas pelo

programa, mas sem base de sustentação ICSD (Inorganic Crystal Structure Database).

Também foram encontrados pequenos teores de cátions residuais: Sr (< 0,1%); Ba (< 0,01%);

Al, B, Cs, Cu, K, Mg, Na, Si, Sn (<0,001%); e Ag, Cr, Fe, Li, Mn (0,0001%). Uma análise

mais detalhada da composição do resíduo da borra e a identificação dos picos está apresentada

no Apêndice A.

5.3.2 Espectrometria de Fluorescência de Raios X (EFRX)

A Tabela 14 mostra os resultados de fluorescência de raios X dos resíduos do agente

floculante e da borra de flotação.

Tabela 14: Resultados da análise de Fluorescência de Raios X do resíduo do agente floculante

e da borra de flotação.

Metais presentes Porcentagem (%)

no resíduo do

agente floculante

Porcentagem (%)

no resíduo da borra

de flotação

Cl 56,12 0,10

Al 17,71 5,26

S 6,93 35,48

K 5,32 2,87

Na 5,10 0,21

Ca 5,05 7,10

Fe 1,44 28,16

Si 0,70 12,51

P 0,69 1,06

Zn 0,44 0,03

Mg 0,27 1,06

Ba 0,18 5,18

Ti - 0,44

Sr - 0,28

Mn - 0,17

Cu - 0,02

Total 99,95 99,93

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 94

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

É possível notar no resíduo do agente floculante a presença de: cloro oriundo dos sais

presentes no meio aquoso (56,12%); alumínio provavelmente de floculante de tratamento de

água (17,71%); enxofre (6,93%); e resíduos de cátions em geral. No resíduo da borra nota-se

a presença de significativas quantidades de enxofre (35,48%), ferro (28,16) (certamente

oriundo do processo de corrosão) e frações residuais de cátions. O enxofre apresentou-se

como único elemento comum de maior abundância nas duas amostras.

5.3.3 Espectroscopia por Infravermelho (FT-IR)

Na Figura 32, observa-se os espectros dos resíduos extraídos do agente floculante e

da borra de flotação, obtidos pelo infravermelho de transmissão (FT-IR), enquanto na Tabela

15 encontram-se atribuídas as bandas mais representativas desses espectros que são comuns

entre si e comparados com dados da literatura (Ricci et al., 2015).

Figura 32 – Espectros no infravermelho do resíduo do agente floculante e do resíduo da borra

de flotação.

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 95

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Tabela 15: Principais bandas de transmissão em comum entre o resíduo sólido extraído do

agente floculante e o resíduo sólido extraído da borra de flotação.

Número de onda (cm-1) Atribuição

3381 Estiramento O-H

2923 Estiramento C-H de CH3 e CH2

1450, 1506, 1510, 1614 Estiramento C = C de compostos aromáticos

1208 Estiramento C-O

844 Deformação C - H fora do plano

Fonte: Próprio Autor (2018).

Os picos de 1510 e 1208 cm-1 são atribuídos à presença de taninos de carvalho e, em

particular, o pico de 1208 cm-1 corresponde ao estiramento simétrico e assimétrico da ligação

C-O (Ricci et al., 2015). O estiramento de grupos C–H alifáticos exibe um pico agudo típico

na região espectral 3000 a 2850 cm-1 (Kassim et al., 2011), mais especificamente em 2923

cm-1 para grupos metila (Ajuong & Breese, 1998; Senvaitiene, Beganskiene & Kareiva, 2005)

e possíveis substituintes metileno em picos menos intensos nessa faixa (Ajuong & Breese,

1998; Luo et al., 2010; Saayman & Roux, 1965).

Estiramentos característicos de compostos aromáticos (-C=C-) também são

detectados nas regiões espectrais 1450, 1506, 1510, 1614 cm-1 (Jensen, Egebo & Meyer,

2008), como também é possível observar deformação C-H em 844 cm-1 e estiramento O-H em

3381 cm-1.

Observa-se grande semelhança entre os dois espectros, o que valida a informação de

que o tanino presente no agente floculante não é solúvel em solventes apolares e que, por isso,

não foi extraído no método de soxhlet, ficando junto ao resíduo da borra. É interessante notar,

porém, que diferenças nas formas das bandas entre os dois espectros podem ter ocorrido

devido às impurezas orgânicas presentes na borra e que não foram totalmente removidas no

processo de extração soxhlet.

5.3.4 Termogravimetria (TG)

A Figura 33 apresenta o termograma obtido para a amostra de resíduo de agente

floculante e a Figura 34, para a amostra de resíduo da borra de flotação.

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 96

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 33 - Termogramas do resíduo do agente floculante.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Figura 34 - Termogramas do resíduo da borra de flotação.

Fonte: Próprio Autor (2018).

É possível observar que na faixa de aquecimento em questão (30°C-1000°C), a

amostra de resíduo de agente floculante (Figura 33) sofre leves inclinações de perda de massa,

provavelmente dos resquícios de umidade oriundos da solução aquosa do agente floculante,

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 97

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

mas não o suficiente para afetar de maneira significativa a linearidade do gráfico, e

consequentemente, o aspecto constante que o mesmo teria na ausência de umidade.

Já no termograma obtido para a amostra do resíduo da borra (Figura 34), é possível

observar que em torno de 450°C não há mais perda de massa, e nenhuma variação

considerável na curva de TGA a partir de 700°C, o que leva a conclusão de ausência de

materiais com características asfaltênicas no sólido. Além disso, pode-se observar que antes

de ser atingido 500°C de aquecimento, praticamente 70% da amostra havia sido volatilizada,

levando a afirmar que grande parte do sólido é constituída por parafinas de baixo peso

molecular, fato este também observado na extração em soxhlet (Tabela 13). Na curva DTA, é

visível que a amostra de resíduo de borra sofreu grande quantidade de liberação de calor no

intervalo de 200°C-450°C, o que entra em acordo com a curva de TGA, onde no mesmo

intervalo ocorreu uma expressiva perda de massa em padrão linear. Baixíssimos picos

endotérmicos foram identificados nas temperaturas iniciais de análise, o que indica um fraco

caráter de absorção por parte dessa amostra.

É importante observar que apesar da ausência de variação de massa em um intervalo

considerável de aquecimento (450°C-1000°C), nem todo o resíduo da borra foi volatilizado, o

que leva à conclusão que a massa não volatilizada (cerca de 30% da amostra) corresponde em

grande parte ao resíduo do agente floculante presente na borra.

5.3.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Sistema de Energia Dispersiva

(EDS)

As Figuras 35, 36, 37 e 38 mostram as micrografias dos resíduos do agente

floculante e da borra de flotação nas diferentes magnificações de 400x, 1000x, 2000x e

3000x, respectivamente. É possível observar irregularidade entre as partículas devido

trituramento heterogêneo e a diferença de natureza de outros elementos presentes,

identificados pela técnica de EFRX e validados de forma local pela análise de EDS (Figuras

39 e 40 para o resíduo do agente floculante e Figuras 41 e 42 para o resíduo da borra de

flotação).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 98

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 35 - Micrografias da superfície do (a) resíduo do agente floculante e (b) resíduo da

borra de flotação em 400x.

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Figura 36 - Micrografias da superfície do (a) resíduo do agente floculante e (b) resíduo da

borra de flotação em 1000x.

(a) (b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 99

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 37 - Micrografias da superfície do (a) resíduo do agente floculante e (b) resíduo da

borra de flotação em 2000x.

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Figura 38 - Micrografias da superfície do (a) resíduo do agente floculante e (b) resíduo da

borra de flotação em 3000x.

(a) (b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 100

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 39 - Espectro de EDS para a primeira área analisada do resíduo do agente floculante

em 500x.

Fonte: Próprio Autor (2018).

2 4 6 8 10 12 14keV

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

cps/eV

C O

S

S

Si Al Cl

Cl

Na

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 101

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 40 - Espectro de EDS para a primeira área analisada do resíduo do agente floculante

em 3000x.

Fonte: Próprio Autor (2018).

2 4 6 8 10 12 14keV

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5 cps/eV

C O

S

S

Si Al Cl

Cl

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 102

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 41 - Espectro de EDS para a primeira área analisada do resíduo da borra de flotação

em 400x.

Fonte: Próprio Autor (2018).

2 4 6 8 10 12 14keV

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

cps/eV

C O

S

S

Si Fe

Fe Al

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 103

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 42 - Espectro de EDS para a segunda área analisada do resíduo da borra de flotação em

1000x.

Fonte: Próprio Autor (2018).

2 4 6 8 10 12 14keV

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

cps/eV

C O

S

S

Si Fe

Fe Al

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 104

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

A análise de EDS fornece a composição química de determinado ponto na superfície,

sendo escolhidos para análise pontos de melhor e maior área superficial. Segundo Deguchi

(2014), todos os elementos identificados pelo EDS são comuns a taninos comerciais,

incluindo os elementos contaminantes, com exceção do enxofre, que foi um contaminante de

destaque no agente floculante em questão.

Visualmente comparando as micrografias do resíduo extraído do agente floculante

com as micrografias do resíduo da borra de flotação, é possível observar traços de geometria

semelhantes entre eles em todas as ampliações, com as diferenças mais significativas devido a

diferentes métodos de obtenção e trituração das duas amostras. Algumas regiões das duas

amostras foram analisadas pelo EDS, porém devido à dificuldade de captura pelo

equipamento e leitura em determinadas regiões e ampliações, não foi possível padronizar as

ampliações do EDS para fins de comparação (Figuras 39 e 40 para o resíduo de agente

floculante com ampliações de 500x e 3000x, respectivamente; e Figuras 41 e 42 para o

resíduo de borra de flotação com ampliações de 400x e 1000x, respectivamente). Apesar

disso, foram encontrados traços de elementos semelhantes entre os dois compostos em regiões

específicas, validando os resultados da análise de EFRX e consolidando a técnica de extração

em soxhlet como método de separação eficiente do tanino da borra de flotação.

Uma análise visual detalhada sobre cada constituinte químico nas áreas analisadas

pelo EDS pode ser vista no Apêndice B.

5.4 Sistema microemulsionado contendo OCS

5.4.1 Determinação das regiões de Winsor

Foram escolhidos dois pontos dentro do diagrama de Oliveira (2014) (pág. 56) para o

tratamento da borra de flotação: um ponto rico em composição aquosa (20% [C+T], 5 % FO e

75% FA) localizado na região de WII e um rico em composição orgânica (15% [C+T], 80%

FO e 5% FA) localizado na região de WIV. No caso do ponto de WII, foi extraído a fase

aquosa para trabalhar-se apenas com a fase microemulsionada, tanto na caracterização quanto

no tratamento da borra.

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 105

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

5.4.2 Caracterizações dos sistemas microemulsionados contendo OCS

Os resultados de caracterização das fases microemulsionadas dos dois pontos

escolhidos para tratamento estão apresentados na Tabela 16.

Tabela 16: Caracterização das regiões de microemulsão dos pontos de Winsor II e Winsor IV

do sistema microemulsionado contendo OCS.

Caracterização Ponto em WII Ponto em WIV

Aspecto visual Límpido Límpido

Tamanho de partícula (nm) 255,3±0,23 221,7±0,38

Polidispersão 0,384±0,09 0,395±0,12

Potencial Zeta (mV) 6,475±1,23 6,770±1,67

Tensão superficial (dyna/cm³) 25,1±0,45 27,8±0,42

pH 8,48±0,23 8,43±0,78

Condutividade elétrica 4,39±0,02 (mS cm-1) 1,59±0,03 (𝜇S cm-1)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Comparando os dois pontos de microemulsão em diferentes regiões de Winsor (WII

e WIV), verificou-se que o pH de ambos os sistemas microemulsionados se mostrou

predominantemente básico e o tamanho de partículas, polidispersão, tensão superficial e

potencial zeta do SME do ponto em WII manteve-se próximo aos valores do SME do ponto

de WIV.

Já a condutividade elétrica apresentou-se maior em WII (4,39±0,02 mS cm-1) do que

em WIV (1,59±0,03 𝜇S cm-1). Isso acontece porque o ponto escolhido em WII é rico em água

salina, que corresponde a mais de 70% da composição do sistema, enquanto em contrapartida,

o ponto em WIV é rico em QAV, contendo somente cerca de apenas 5% de água salina.

Através da análise SAXS, é possível observar que as amostras apresentaram aspecto

isotrópico e que o equilíbrio é estabelecido por meio de interações predominantemente

repulsivas. A Figura 43 mostra os diferentes formatos de p(r) apresentados pelas regiões

estudadas.

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 106

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 43 - Curvas de função de distribuição de distância p(r) para as regiões de

microemulsão de (a) Winsor II e (b) Winsor IV.

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

De acordo com Gomes (2009), o formato da curva indica que não há formação de

cristais líquidos e que as estruturas observadas tanto na microemulsões obtidas em WII

quanto em WIV são esféricas, confirmando, assim, as microgotículas dos dois tipos de

microemulsão, assim como observado nas p(r) encontradas. A leve deformação na curva das

microemulsões em WIV não afetou o caráter esférico, essa deformação pode ser devido aos

diferentes tamanhos de cadeia contidas no tensoativo OCS e, como a composição do ponto em

WIV forma micelas do tipo A/O, onde as cadeias carbônicas do tensoativo ficam voltadas

para o exterior da micela, elas podem assumir configurações diferentes na estrutura da cadeia,

mas sem perder o caráter esférico da micela.

5.5 Solubilização da borra de flotação e análises estatísticas

Realizou-se uma otimização da solubilização da borra de flotação utilizando um

planejamento experimental DCCR. Os resultados experimentais obtidos para o planejamento

DCCR, realizados com o SME contendo OCS, para avaliar a solubilização da borra de

flotação nas regiões de microemulsão de WII e WIV, são apresentados nas Tabelas 17 e 18,

respectivamente. Os resultados obtidos no planejamento foram aplicados para estimar os

coeficientes dos efeitos principais e suas interações.

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 107

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Tabela 17: Condições dos ensaios e resultados do planejamento experimental DCCR para a solubilização da borra de flotação através do sistema

microemulsionado OCS-n-butanol-QAV-solução NaCl 2% na fase microemulsionada de Winsor II (20% [C+T], 5% FO e 75% FA).

Ensaio SME/BF

(g/g)

T

(°C)

t

(min)

[ES1]

(Ensaio 1)

(%)

[ES2]

(Ensaio 2)

(%)

[ESm]

(%)

Res1

(Ensaio 1)

(%)

Res2

(Ensaio 2)

(%)

Resm

(%)

d

1 1,91 33,6 54 95,40 96,13 95,77 4,59 3,86 4,22 0,36

2 6,08 33,6 54 91,07 96,87 93,97 8,92 3,12 6,02 2,90

3 1,91 53,3 54 95,01 93,85 94,43 4,98 6,14 5,56 0,58

4 6,08 53,3 54 94,75 94,66 94,70 5,25 5,33 5,29 0,04

5 1,91 33,6 125 93,32 94,60 93,96 6,68 5,39 6,03 0,64

6 6,08 33,6 125 93,18 93,64 93,41 6,81 6,35 6,58 0,22

7 1,91 53,3 125 95,77 96,58 96,18 4,22 3,41 3,82 0,40

8 6,08 53,3 125 95,18 90,03 92,61 4,81 9,96 7,38 2,57

9 0,5 43,5 90 60,51 74,23 67,37 39,48 25,76 32,62 6,85

10 7,5 43,5 90 96,19 92,52 94,36 3,80 7,47 5,63 1,83

11 4 27 90 95,69 96,25 95,97 4,30 3,75 4,02 0,27

12 4 60 90 94,98 93,95 94,46 5,01 6,04 5,53 0,51

13 4 43,5 30 96,43 96,31 96,37 3,56 3,68 3,62 0,06

14 4 43,5 150 94,30 94,79 94,55 5,69 5,20 5,45 0,24

15 4 43,5 90 94,68 93,18 93,93 5,31 6,81 6,06 0,75

16 4 43,5 90 90,31 95,37 92,84 9,68 4,62 7,15 2,53

17 4 43,5 90 94 94,62 94,31 6 5,37 5,68 0,31

SME/BF = Sistema microemulsionado/Borra de flotação; T = temperatura; t = tempo; ES = Eficiência de solubilização; ESm = Eficiência de solubilização média; Res = Resíduo

não solubilizado; Resm = Resíduo médio não solubilizado; d = desvio padrão.

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 108

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Tabela 18: Condição dos ensaios e resultados do planejamento experimental DCCR para a solubilização da borra de flotação através do sistema

microemulsionado OCS-n-butanol-QAV-solução NaCl 2% em Winsor IV (15% [C+T], 80% FO e 5% FA).

Ensaio SME/BF

(g/g)

T

(°C)

t

(min)

[ES1]

(Ensaio 1)

(%)

[ES2]

(Ensaio 2)

(%)

[ESm]

(%)

Res1

(Ensaio 1)

(%)

Res2

(Ensaio 2)

(%)

Resm

(%)

d

1 1,91 33,6 54 89,35 85,24 87,30 10,64 14,75 12,69 2,05

2 6,08 33,6 54 91,12 91,82 91,47 8,87 8,17 8,54 0,35

3 1,91 53,3 54 89,30 86,73 88,01 10,69 13,26 11,98 1,28

4 6,08 53,3 54 85,43 85,88 85,65 14,57 14,11 14,34 0,22

5 1,91 33,6 125 96,04 95,72 95,88 3,95 4,27 4,11 0,15

6 6,08 33,6 125 91,23 91,77 91,50 8,77 8,22 8,49 0,27

7 1,91 53,3 125 94,46 91,98 93,22 5,53 8,01 6,77 1,23

8 6,08 53,3 125 90,78 88,79 89,78 9,21 11,20 10,21 0,99

9 0,5 43,5 90 77,89 76,20 77,05 22,10 23,79 22,94 0,84

10 7,5 43,5 90 96,57 96,62 96,59 3,42 3,38 3,40 0,02

11 4 27 90 96,05 95,45 95,75 4,55 3,95 4,25 0,3

12 4 60 90 93,95 88,85 91,4 6,05 11,15 8,6 2,55

13 4 43,5 30 96,75 96,75 96,75 3,25 3,25 3,25 0,00

14 4 43,5 150 92,85 93,15 93 7,15 6,85 7 0,15

15 4 43,5 90 97,56 96,68 97,12 2,44 3,31 2,87 0,43

16 4 43,5 90 93,30 93,86 93,58 2,69 2,14 2,41 0,27

17 4 43,5 90 97,29 96,65 96,97 2,70 3,35 3,02 0,32

SME/BF = Sistema microemulsionado/Borra de flotação; T = temperatura; t = tempo; ES = Eficiência de solubilização; ESm = Eficiência de solubilização média; Res = Resíduo

não solubilizado; Resm = Resíduo médio não solubilizado; d = desvio padrão.

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 109

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Pelos dados obtidos nos experimentos nos dois pontos escolhidos, os valores obtidos

para a resposta de eficiência de solubilização (ES) estiveram, em quase todos os ensaios, em

faixas maiores que 90% de solubilidade, com exceção de ensaios em que o tempo de

solubilização e a razão SME/BF mostraram-se muito baixas, onde os valores de eficiência

oscilaram entre 60 e 80%.

As Tabelas 19 e 20 mostram os coeficientes de regressão das variáveis estudadas,

como também os efeitos das interações entre essas variáveis, para WII e WIV,

respectivamente.

Tabela 19: Estimativas dos coeficientes de regressão e suas interações na solubilização da BF

com SME em WII.

Parâmetros Coeficientes de

Regressão

p

Média 6,55826 0,004465

SME/BF (g/g) (L) -2,91074 0,004994

SME/BF (g/g) (Q) 3,63442 0,003887

T (°C) (L) 0,12737 0,600180

T (°C) (Q) -1,43907 0,024043

t (min) (L) 0,42453 0,176087

t (min) (Q) -1,52392 0,021524

SME/BF (g/g) * T (°C) 0,11750 0,705665

SME/BF (g/g) * t (min) 0,32250 0,354438

T (°C) * t (min) -0,25250 0,448098

Fonte: Próprio Autor (2018).

Tabela 20: Estimativas dos coeficientes de regressão e suas interações na solubilização da BF

com SME em WIV.

Parâmetros Coeficientes de

Regressão

p

Média 2,69775 0,004578

SME/BF (g/g) (L) -1,96474 0,001911

SME/BF (g/g) (Q) 3,91551 0,000584

T (°C) (L) 1,22911 0,004861

T (°C) (Q) 1,53079 0,003803

t (min) (L) -0,85402 0,009991

t (min) (Q) 1,07117 0,007720

SME/BF (g/g) * T (°C) 0,69625 0,025076

SME/BF (g/g) * t (min) 1,20125 0,008639

T (°C) * t (min) -0,08875 0,512443

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 110

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Analisando os efeitos para o SME de WII (Tabela 20), observa-se que todas as

variáveis de forma independente apresentaram efeito significativo sobre a variável resposta

para um intervalo de confiança de 95%, enquanto que na Tabela 21, para WIV, todas as

variáveis, tanto de forma independente quanto todas as interações das três variáveis em

questão, com exceção da interação temperatura x tempo, apresentaram efeito significativo

sobre a variável resposta no mesmo intervalo de confiança. Observou-se ainda que, para o

SME de WII, a razão SME/BF pode ou não proporcionar um efeito positivo no processo

(favorecimento da solubilização da borra) enquanto que para a temperatura e o tempo de

agitação, um certo aumento desfavorece o processo. Isso acontece pelo desequilíbrio do

sistema microemulsionado, com agitação constante por tempo prolongado.

Já para o sistema de WIV, tanto a razão SME/BF quanto o tempo de agitação podem

ou não proporcionar um efeito positivo no processo, enquanto o aumento de temperatura e das

interações das três variáveis, com exceção da interação temperatura x tempo, favorece o

processo. As significâncias de cada variável pelo gráfico de Pareto e a relação valores preditos

x experimentais estão apresentadas no Apêndice C.

Desta forma, obteve-se um modelo polinomial para cada sistema através da análise

de regressão quadrática para descrever a variável resposta (95% de confiança). Os modelos de

resíduo médio não solubilizado ([Resm]) para os sistemas em WII e WIV estão representados

nas Equações (25) e (26), respectivamente, com os coeficientes significativos em destaque.

[Resm] (WII) = 6,55 – 2,91 [SME/BF] + 3,63 [SME/BF]² + 0,12 [T] - 1,43 [T]² + 0,42 [t] -

1,52 [t]² + 0,11 [(SME/BF) (T)] + 0,32 [(SME/BF) (t)] – 0,25 [(T) * (t)] (25)

[Resm] (WIV) = 2,69 – 1,94 [SME/BF] + 3,91 [SME/BF]² + 1,22 [T] - 1,53 [T]² - 0,85 [t] -

1,07 [t]² + 0,69 [(SME/BF) (T)] + 1,20 [(SME/BF) (t)] – 0,08 [(T) * (t)] (26)

Para validação do modelo empírico, realizou-se a análise de variância (ANOVA) e

do teste F (Tabelas 21 e 22 para WII e Tabelas 23 e 24 para WIV). Ambos os modelos

apresentaram para regressão: Fcalculado > Ftabelado [F1/ F (2,14) > 1], e para a falta de ajuste, no

mesmo nível de confiança: Fcalculado > Ftabelado [F2/ F (2,12) > 1]. Portanto, os modelos foram

considerados significativos, mas não preditivos.

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 111

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Tabela 21: ANOVA para a solubilização da borra de flotação pelo SME de WII.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Tabela 22: Validação do modelo empírico em WII.

Fcal Ftab Fcal/Ftab Modelo

F1 F (2,14) F1/ F (2,14) F1/ F (2,14) > 1

5,67 3,74 1,51 Significativo

F2 F (2,12) F2/ F (2,12) F2/ F (2,12) < 1

1594,02 3,89 409,77 Não preditivo

Fonte: Próprio Autor (2018).

Tabela 23: ANOVA para a solubilização da borra de flotação pelo SME de WIV.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Tabela 24: Validação do modelo empírico em WIV.

Fcal Ftab Fcal/Ftab Modelo

F1 F (2,14) F1/ F (2,14) F1/ F (2,14) > 1

15,21 3,74 15,21 Significativo

F2 F (2,12) F2/ F (2,12) F2/ F (2,12) < 1

5663,92 3,89 5663,92 Não preditivo

Fonte: Próprio Autor (2018).

As Figuras 44, 45 e 46 mostram as superfícies de resposta e superfícies

bidimensionais para o tratamento pelo SME de WII, enquanto as Figuras 47, 48 e 49 mostram

as superfícies de resposta e superfícies bidimensionais para o tratamento pelo SME de WIV.

Os valores reais das codificações podem ser consultados na Tabela 9 (pag. 64) do capítulo da

Metodologia Experimental.

Fonte de Variação (FV)

Soma dos

quadrados (SQ)

Graus de

liberdade (nGL)

Média

quadrática (MQ)

Regressão 318,27 2 159,13

Resíduos 392,39 14 28,02

Falta de ajuste 309,37 2 154,68

Erro puro 1,16 12 0,097

Total SS 710,67 16

Fonte de Variação (FV)

Soma dos

quadrados (SQ)

Graus de

liberdade (nGL)

Média

quadrática (MQ)

Regressão 318,27 2 159,139

Resíduos 146,45 14 10,46

Falta de ajuste 190,78 2 95,39

Erro puro 0,2021 12 0,016

Total SS 464,73 16

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 112

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 44 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WII (tensoativo OCS)

em função da razão SME/BF e da T (°C) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional.

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Figura 45 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WII (tensoativo OCS)

em função da razão SME/BF e do t (min) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional.

(a) (b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 113

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 46 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WII (tensoativo OCS)

em função da T (°C) e do t (min) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional.

(a) (b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Figura 47 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WIV (tensoativo OCS)

em função da razão SME/BF e da T (°C) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional.

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 114

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 48 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WIV (tensoativo OCS)

em função da razão SME/BF e do t (min) em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional.

(a) (b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Figura 49 - Solubilização da borra de flotação pelo SME do ponto de WIV (tensoativo OCS)

em função da T (°C) e do t (min) do SME em (a) superfície de resposta e em (b) superfície

bidimensional.

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Tanto para o tratamento pelo SME do ponto de WII (Figuras 44, 45 e 46) quanto em

WIV (Figuras 47, 48 e 49), através da análise das superfícies de resposta e superfícies

bidimensionais, pode-se verificar que a razão SME/BF possui uma forte influência sobre o

sistema, aumentando o nível de solubilização até certo limite de valor 4, tendendo a cair a

eficiência de solubilidade quando essa faixa é ultrapassada. Isso acontece devido a capacidade

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 115

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

de carga da microemulsão que possui um limite de solubilização. A temperatura e o tempo,

porém, permanecem numa faixa constante dentro dessa escolha de razão o que permitiu optar

com maior liberdade a escolha do ponto ótimo. Com isso foi definido como ponto ótimo uma

razão SME/BF = 4, T = 40°C e tempo de agitação de 1 hora (60 minutos), para as duas

regiões de Winsor nos pontos estudados.

Para validar a influência e o limite da temperatura como variável de influência, a

borra de flotação foi solubilizada em valores constantes de razão SME/BF = 4 e tempo de

agitação de 1 hora, variando a temperatura de 40 a 70°C. As Figuras 50 e 51 apresentam os

resultados obtidos.

Figura 50 - Solubilização da borra de flotação com variações de temperatura (°C) em SME

contendo OCS no ponto ótimo de WII.

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 116

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 51 - Solubilização da borra de flotação com variações de temperatura (°C) em SME

contendo OCS no ponto ótimo de WIV.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Após a filtração, foi possível constatar, de acordo com as Figuras 50 e 51, para os

tratamentos pelos SME dos pontos de WII e WIV, respectivamente, que existe um limite de

temperatura que pode ser aplicado a ponto de aumentar a eficiência de solubilidade da borra,

mas ultrapassando esse limite, a eficiência cai bruscamente. Isso está relacionado com a

própria capacidade de carga do sistema microemulsionado, desestabilização do sistema e a

perda de constituintes com o aumento de temperatura, como o butanol. Assim, o ponto ótimo

de solubilidade aplicado a borra de flotação apresentou ESm (%) de 96,8±0,23 para o sistema

de WII e ESm (%) de 97,7±0,67 para o sistema de WIV na temperatura máxima de 60°C.

5.6 Quantificação por espectroscopia UV-Vis do agente floculante extraído da

borra

Uma vez que o ponto ótimo de solubilização da borra foi escolhido, foram realizados

dois ensaios no ponto ótimo em WII para determinar a localização do agente floculante no

sistema após a solubilização da borra, bem como sua quantificação pelo método de

espectroscopia UV-Vis. Um dos sistemas de WII solubilizou a borra de flotação (2g)

enquanto o outro sistema solubilizou o resíduo extraído do agente floculante, já identificado

como tanino condensado (2g). Através da Figura 52, pode-se observar que o tanino não

solubiliza em nenhuma das duas fases do ponto (aquosa e microemulsionada), mas precipita e

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 117

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

acumula-se na interface das fases, tanto no ponto contendo o resíduo extraído do agente

floculante (Figura 52a) quanto no sistema com a borra solubilizada (Figura 52b).

Figura 52 - Aplicação da solubilização pelo SME do ponto ótimo de WII do (a) tanino

extraído do agente floculante em razão SME/Tanino = 4 e da (b) borra de flotação em

SME/BF = 4.

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Com isso, conclui-se que o tanino não é solubilizado por nenhuma das fases,

consistindo no resíduo da borra seca após a solubilização. Para extraí-lo, o sistema contendo a

borra foi filtrado e o resíduo retido no papel filtro foi lavado em N-hexano para retirar o óleo

não solubilizado, sendo seco à temperatura ambiente por 24h, para em seguida ser dissolvido

em água destilada, sob agitação, por 2 horas. A solução foi então analisada em espectroscopia

UV-Vis e seu gráfico de absorbância foi comparado com os gráficos da amostra de tanino

condensado extraído da planta Ipomea pes-caprae e o tanino extraído do agente floculante,

conforme a Figura 53.

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 118

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 53 - Espectros UV-Vis das amostras de tanino condensado, do resíduo do agente

floculante e do resíduo de borra não solubilizada em SME dissolvidos em água destilada.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Foi escolhido o comprimento de onda de 720 nm para a construção da curva de

calibração devido o padrão de absorbância em comum nos três espectros. Em seguida, foram

medidas as absorbâncias de seis soluções aquosas em concentrações diferentes de tanino

extraído do agente floculante (Tabela 25) para a construção da curva de calibração

absorbância por concentração de tanino em solução aquosa (Figura 54) e com isso, estimar a

equação linear para a obtenção de concentrações de tanino (Equação (27)).

Tabela 25: Absorbância das soluções diluídas.

Solução Concentração

(g/ml)

Absorbância

(λ = 720 nm)

1 1,62x10-4 0,0303

2 2,43x10-4 0,0722

3 2,92x10-4 0,0911

4 3,24x10-4 0,1074

5 3,57x10-4 0,1272

6 4,06x10-4 0,1480

Fonte: Próprio Autor (2018).

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 119

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 54 - Curva de calibração UV-Vis concentração x absorbância do tanino extraído do

agente floculante em água destilada, onde o ponto em destaque corresponde ao tanino

extraído da borra de flotação e diluído em água destilada.

𝐴 = 352,54 𝐶 + 0,0052 (27)

onde:

A é a absorbância da amostra;

C é a concentração (g/ml).

Após a obtenção destes dados, foi colocado no espectrômetro UV-Vis a solução

aquosa contendo o resíduo não solubilizado no SME da borra, e este apresentou absorbância

de 0,1234. Com isso, de acordo com a Equação (27), cerca de 3,35 x 10-4 g/ml de tanino não

foi solubilizado no SME, e consequentemente, foi extraído da borra tratada.

Convém ressaltar que não necessariamente esta é a quantidade total de tanino

presente na amostra de borra inicial, uma vez que a constante agitação do sistema pode

facilitar a recaptura do óleo pelo tanino, o que formaria pequenas quantidades de

aglomerados, consistindo em parte da borra não solubilizada e que foi retirada pelo hexano

para realização de leitura dos resíduos restantes.

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 120

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

5.7 Aplicação do tensoativo Dissolvan®

Dissolvan® é um desemulsificante da Clariant, utilizado no polo industrial de

Guamaré e tendo em sua composição óxido de etileno/propileno dissolvido em metanol. Para

fins de aplicação no tratamento da borra no próprio polo industrial e, consequentemente,

utilizar um tensoativo já presente na indústria em questão, foi construído o diagrama

pseudoternário do sistema mostrado na Figura 42, nas mesmas condições e com os mesmos

constituintes (QAV, água salina a 2% de NaCl e n-butanol), porém contendo o Dissolvan

como tensoativo no lugar do OCS. O diagrama pode ser observado na Figura 55.

Figura 55 - Diagrama de fases pseudoternário do sistema microemulsionado formado por T =

Dissolvan; C = n-Butanol; C/T = 4; FO = QAV; FA = Solução de NaCl 2%, apresentando as

regiões de Winsor à temperatura de 25°C.

Fonte: Próprio Autor (2018).

Com isso, a borra foi solubilizada nos pontos correspondentes a WII e WIV no

diagrama do OCS (equivalentes apenas a WII no diagrama do Dissolvan), bem como as

mesmas condições de SME/BF, temperatura e tempo de agitação admitidas para o ponto

ótimo (C/T = 4, T = 40°C e t = 60min).

A Figura 56 apresenta o resultado da solubilização da borra com os sistemas

contendo Dissolvan e, através da Figura, é possível observar, visualmente, que o sistema

apresentou boa capacidade de solubilização da borra, o que permite a aplicabilidade do

Dissolvan como tensoativo de tratamento.

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Capítulo 5 - Resultados e discussão 121

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura 56 - Aplicação do ponto ótimo na solubilidade da borra através do sistema

microemulsionado contendo Dissolvan como tensoativo em (a) WII rico em fase água (b) WII

rico em fase óleo.

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor (2018).

Quantitativamente, o sistema microemulsionado contendo o Dissolvan apresentou

uma eficiência de solubilidade da borra nos pontos ótimos de 93,36±0,03% para WII rico em

água salina e 95,79±0,43% para WII rico em QAV, o que correspondeu a melhores resultados

se comparados com o sistema microemulsionado contendo OCS nos pontos ótimos, nas

mesmas condições de razão SME/BF, temperatura e tempo de agitação (91,89±0,28% em WII

e 95,6±0,98% em WIV).

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CAPÍTULO 6

Conclusões

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Capítulo 6 - Conclusões 123

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

6 CONCLUSÕES

O desenvolvimento deste trabalho, através da utilização de sistemas

microemulsionados no tratamento e solubilização da borra de flotação de água oleosa de

petróleo, permitiu as seguintes conclusões:

1 – A extração em soxhlet permitiu a separação dos diferentes grupos formadores da borra. A

partir desta extração, foi possível concluir que a borra é predominantemente parafínica

(50,10%). Os resultados obtidos também mostraram que a borra é composta por 8,09% de

água, 87,64% de óleo e 4,26% de resíduos. A caracterização do resíduo (30% da massa de

resíduos não solubilizados na extração soxhlet) apontou para a presença de minerais

provenientes das formações geológicas e de frações de petróleo.

2 – O agente floculante foi tratado com solução NaOH 1M, para aumento do pH gerando um

precipitado que foi caracterizado e identificado como tanino condensado. Assim, foi possível

concluir que o resíduo da borra da extração em soxhlet caracteriza-se também como tanino.

3 – Quanto aos sistemas microemulsionados, conclui-se que os sistemas com óleo de coco

saponificado (OCS) como tensoativo, apresentam-se como uma eficiente metodologia de

tratamento da borra, onde foram obtidas eficiências superiores a 90% aplicando as fases

microemulsionadas dos dois pontos escolhidos (Winsor II e IV) e em quase todas as

condições de variação de volume de microemulsão aplicada, temperatura e tempo de agitação.

4 – O planejamento de Delineamento Composto Central Rotacional validou o modelo

empírico classificando-o como significativo e a temperatura mostrou-se um fator que,

dependendo da faixa escolhida de agitação, pode afetar significativamente o domínio de

existência das microemulsões, diminuindo a capacidade de carga do sistema

microemulsionado ao ultrapassar a faixa de 60°C em condições constantes de razão SME/BF

e tempo de agitação.

5 – Foi possível quantificar o tanino extraído da borra utilizando espectrometria UV-Vis, uma

vez que este foi identificado no resíduo não solubilizado na microemulsão, obtendo-se cerca

de 3,35 x 10-4 g/ml de tanino extraídos da borra (0,2% em massa do total de borra inicial).

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Capítulo 6 - Conclusões 124

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

6 – Os testes utilizando o Dissolvan como tensoativo, em substituição ao OCS, mantendo-se

todos os demais constituintes nas mesmas proporções e com as mesmas condições externas

exigidas pelos pontos ótimos nas duas regiões em estudo, mostraram que o sistema

microemulsionado contendo o Dissolvan forneceu resultados de maior capacidade de

solubilização (93,36% para WII rico em água salina e 95,79% para WII rico em QAV) em

relação ao sistema contendo OCS (91,89% em WII e 95,6% em WIV), o que valida a

utilização deste tensoativo, em microemulsão, para tratamento da borra de flotação.

Esses resultados mostram que a utilização de sistemas microemulsionados no

tratamento de borra de flotação de água oleosa de petróleo, além de permitir um eficiente

tratamento da mesma, permite a recuperação do agente floculante aplicado no tratamento da

água oleosa para uma possível reutilização em estações de tratamento de efluentes,

constituindo-se em uma nova possibilidade de aplicação de sistemas microemulsionados para

o tratamento e solubilização de resíduos de petróleo, no caso, a borra de flotação de água

oleosa de petróleo.

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Referências bibliográficas

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Apêndices

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Apêndices 137

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

APÊNDICE A

Figura A.1 – Identificação dos elementos em cada pico do difratograma do resíduo da borra

de flotação.

Figura A.2 – Identificação dos picos correspondentes ao quartzo no difratograma do resíduo

da borra de flotação.

Tabela A.1: Lista de picos identificados no difratograma dos resíduos da borra de flotação.

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Apêndices 138

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

No. h k l d [A] 2Theta[deg] I [%]

1 1 0 0 4,25700 20,850 22,0

2 1 0 1 3,34200 26,652 100,0

3 1 1 0 2,45700 36,542 8,0

4 1 0 2 2,28200 39,456 8,0

5 1 1 1 2,23700 40,284 4,0

6 2 0 0 2,12700 42,465 6,0

7 2 0 1 1,97920 45,809 4,0

8 1 1 2 1,81790 50,141 14,0

9 0 0 3 1,80210 50,611 1,0

10 2 0 2 1,67190 54,869 4,0

11 1 0 3 1,65910 55,328 2,0

12 2 1 0 1,60820 57,238 1,0

13 2 1 1 1,54180 59,949 9,0

14 1 1 3 1,45360 64,001 1,0

15 3 0 0 1,41890 65,761 1,0

16 2 1 2 1,38200 67,750 6,0

17 2 0 3 1,37520 68,131 7,0

18 3 0 1 1,37180 68,323 8,0

19 1 0 4 1,28800 73,462 2,0

20 3 0 2 1,25580 75,671 2,0

21 2 2 0 1,22850 77,662 1,0

22 2 1 3 1,19990 79,878 2,0

23 2 2 1 1,19780 80,046 1,0

24 1 1 4 1,18430 81,148 3,0

25 3 1 0 1,18040 81,472 3,0

26 3 1 1 1,15320 83,821 1,0

27 2 0 4 1,14050 84,971 1,0

28 3 0 3 1,11430 87,464 1,0

29 3 1 2 1,08130 90,858 2,0

30 4 0 0 1,06350 92,822 1,0

31 1 0 5 1,04760 94,665 1,0

32 4 0 1 1,04380 95,119 1,0

33 2 1 4 1,03470 96,227 1,0

34 2 2 3 1,01500 98,738 1,0

35 4 0 2 0,98980 102,199 1,0

36 3 1 3 0,98730 102,559 1,0

37 3 0 4 0,97830 103,884 1,0

38 3 2 0 0,97620 104,199 1,0

39 2 0 5 0,96360 106,145 1,0

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Apêndices 139

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura A.3 – Identificação dos picos correspondentes a calcita no difratograma do resíduo da

borra de flotação.

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Apêndices 140

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

APÊNDICE B

Figura B.1 – EDS detalhado da borra de flotação para cada elemento constituinte.

Figura B.2 – EDS detalhado do resíduo do agente floculante para cada elemento constituinte.

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Apêndices 141

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

APÊNDICE C

Figura C.1 – Gráfico de pareto para a solubilização da borra de flotação em região de WII

(OCS).

Figura C.2 – Gráfico de pareto para a solubilização da borra de flotação em região de WIV

(OCS).

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Apêndices 142

Dennys Correia da Silva Dissertação de Mestrado

Figura C.3 – Gráfico de valores observados x valores preditos para a solubilização da borra de

flotação em região de WII (OCS).

Figura C.4 – Gráfico de valores observados x valores preditos para a solubilização da borra de

flotação em região de WIV (OCS).