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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia Química Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTERESTERIFICAÇÃO DO ÓLEO DE ALGODÃO COM ACETATO DE METILA ASSISTIDA POR ULTRASSOM ALDO MIRO DE MEDEIROS NATAL/RN JULHO/2016

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia

Departamento de Engenharia Química

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

INTERESTERIFICAÇÃO DO ÓLEO DE ALGODÃO

COM ACETATO DE METILA ASSISTIDA POR

ULTRASSOM

ALDO MIRO DE MEDEIROS

NATAL/RN

JULHO/2016

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ALDO MIRO DE MEDEIROS

INTERESTERIFICAÇÃO DO ÓLEO DE ALGODÃO COM

ACETATO DE METILA ASSISTIDA POR ULTRASSOM

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, para

obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Química, sob a orientação da

Profa. Dra. Elisa Maria Bittencourt

Dutra de Sousa.

NATAL/RN

JULHO/2016

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

MEDEIROS, Aldo Miro – Interesterificação do óleo de algodão com acetato de metila

por ultrassom. Dissertação de mestrado. UFRN, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química. Área de concentração: Engenharia Química. Linha de pesquisa:

Energia, petróleo, gás e biocombustíveis. Natal/RN, Brasil.

Orientadora: Profa. Dra. Elisa Maria Bittencourt Dutra de Sousa (DEQ-UFRN).

Resumo: No presente trabalho foi realizado um estudo do processo de

interesterificação do óleo de algodão (Gossypium hirsutum L.) com acetato de metila,

usando metóxido de potássio como catalisador, na presença de ondas ultrassônicas.

Com o objetivo de melhor compreender as variáveis importantes do processo, foi

utilizado um planejamento experimental do tipo estrela, uma metodologia de superfície

de resposta e técnicas estatísticas. Os experimentos foram realizados com razão molar

variando de 1:8 a 1:24, percentagem de catalisador de 0,1 a 1,3 % em massa, amplitude

do bico ultrassônico de 30 a 90 % (180 a 540 W) e pulso de vibração de 50 a 90 %. No

planejamento, a temperatura utilizada foi de 50 °C, o tempo de reação de 30 min e o

diâmetro do bico ultrassônico de 28 mm. Utilizou-se o software Statistica 8.0 para

otimizar as variáveis do processo, em que a razão molar foi otimizada em 1:14,87,

concentração de catalisador em 1,17 %, amplitude do bico ultrassônico em 67,64 % e

pulso de vibração em 67,30 %. Nas condições otimizadas pelo planejamento

experimental (98,12 % de conversão de triglicerídeos), foi realizado um estudo cinético

da reação nas temperaturas de 30, 40 e 50 °C. A reação se apresentou com uma cinética

de 2ª ordem, em que a constante de velocidade da reação cresce com o aumento da

temperatura. A energia de ativação foi quantificada em 79,13 kJ/mol. Por fim, foi

realizado um estudo comparativo da produção de ésteres metílicos por interesterificação

na presença de ondas ultrassônicas, com uma metodologia convencional (agitação

mecânica), sendo verificado um aumento significativo de 13 % da conversão de

triglicerídeos com a utilização de ondas ultrassônicas em comparação com uma

metodologia convencional.

Palavras-Chave: Interesterificação, biodiesel, cinética, planejamento experimental

estrela e Gossypium hirsutum L.

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Abstracts

In this paper we present a study of the interesterification process of cottonseed

oil (Gossypium hirsutum L.) with methyl acetate using potassium methylate as a catalyst

in the presence of ultrasonic waves. In order to better understand the important process

variables, we used an experimental design star type, a response surface methodology

and statistical techniques. The experiments were carried out with molar ratio ranging

from 1:8 to 1:24, percentage of catalyst from 0.1 to 1.3 % mass, amplitude of the

ultrasonic nozzle 30 to 90 % (180 to 540 W) and pulse vibrating 50 to 90 %. In

planning, the temperature used was 50 °C, the reaction time 30 min and the ultrasonic

nozzle diameter of 28 mm. Statistica 8.0 software was used to optimize the process

variables, wherein the molar ratio was optimized in 1:14.87, catalyst concentration of

1.17 %, amplitude of the ultrasonic nozzle 67.64 % and vibration pulse of 67.30 %. For

the optimized by experimental design (98.12 % of triglyceride conversion), we

performed a kinetic study of the reaction at temperatures of 30, 40 and 50 °C. The

reaction was performed with 2nd-order kinetics in that the rate constant of the reaction

increases with increasing temperature. The activation energy was quantified in 79.129

kJ/mol. Finally, we conducted a comparative study of the production of methyl esters by

interesterification in the presence of ultrasonic waves, with a conventional method

(mechanical stirring), with a significant increase of 13 % of triglyceride conversion with

the use of ultrasonic waves compared with a conventional method.

Keywords: Interesterification, biodiesel, kinetic, star experimental design and

Gossypium Hirsutum L.

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Dedicatória

Dedico esta dissertação a minha mãe, Maria de Lourdes de Medeiros,

que sempre me ajudou e me incentivou em todos os momentos e

escolhas da minha vida. Dedico também a minha companheira

de todas as horas, Sahra Brena de Oliveira Libanio.

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Agradecimentos

Primeiramente, agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

(PPGEQ) da UFRN pela oportunidade de expandir meus conhecimentos.

Agradeço a minha querida mãe, Maria de Lourdes de Medeiros, por todos os teus

cuidados e incentivos durante esta jornada.

A minha querida noiva, Sahra Brena de Oliveira Libanio, que sempre me ajudou e

incentivou através da sua compreensão e apoio incondicional.

A minha Família e todos os amigos que estiveram presentes nessa etapa, me

apoiaram e compreenderam minha ausência.

Meu agradecimento especial vai para minha orientadora, Profa. Dra. Elisa Maria

Bittencourt Dutra de Sousa. Obrigada pelo empenho dedicado à elaboração deste

trabalho, pelo conhecimento compartilhado, pelos “puxões de orelha”, pela

compreensão e ajuda nos momentos difíceis e pelo carinho e apoio em todos os

momentos.

Agradeço muito aos meus companheiros e amigos do laboratório, em especial ao

Dr. Anderson A. Jesus que me ajudou bastante no desenvolvimento do trabalho

realizado.

Agradeço a CAPES por toda ajuda financeira.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que de alguma forma, estiveram presentes nos

momentos de alegria e tristeza, neste período da minha vida.

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Sumário

Resumo ............................................................................................................................ iv

Abstracts .......................................................................................................................... vi

Dedicatória...................................................................................................................... vii

Agradecimentos ............................................................................................................. viii

Sumário ............................................................................................................................ ix

Índice de figuras ............................................................................................................. xii

Índice de tabelas ............................................................................................................ xiv

Nomenclatura/Abreviações ............................................................................................ xv

1. Introdução................................................................................................................ 18

1.1 - Objetivos .......................................................................................................... 20

1.1.1 - Objetivo geral ........................................................................................... 20

1.1.2 - Objetivos específicos ................................................................................ 21

2. Revisão bibliográfica............................................................................................... 24

2.1 - Óleos vegetais .................................................................................................. 24

2.2 - Algodão ............................................................................................................ 25

2.2.1 - Histórico ................................................................................................... 25

2.2.2 - Semente .................................................................................................... 26

2.2.3 - Óleo de algodão ........................................................................................ 27

2.3 - Energias renováveis ......................................................................................... 28

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2.4 - Biodiesel .......................................................................................................... 29

2.5 - Processos para produção de biodiesel .............................................................. 31

2.5.1 - Transesterificação de triglicerídeos .......................................................... 32

2.5.1.1 - Catálise homogênea........................................................................... 33

2.5.1.2 - Catálise heterogênea .......................................................................... 34

2.5.2 - Esterificação de ácidos graxos .................................................................. 35

2.5.3 - Interesterificação de óleos vegetais e gorduras animais ........................... 36

2.6 - Variáveis que afetam a produção de biodiesel na interesterificação ............... 39

2.6.1 - Tipo de catalisador e sua concentração .................................................... 39

2.6.2 - Temperatura .............................................................................................. 40

2.6.3 - Tempo de reação ....................................................................................... 41

2.6.4 - Acetatos e sua razão molar com o óleo .................................................... 42

2.7 - Ultrassom ......................................................................................................... 42

2.8 - Variáveis que afetam a produção de biodiesel com ultrassom ........................ 45

2.8.1 - Amplitude do bico ultrassônico ................................................................ 45

2.8.2 - Amplitude do pulso ultrassônico .............................................................. 46

2.8.3 - Distância de irradiação do ultrassom ........................................................ 47

2.8.4 - Diâmetro do bico ultrassônico .................................................................. 47

2.9 - Biodiesel através do óleo de algodão ............................................................... 48

3. Materiais e Métodos ................................................................................................ 52

3.1 - Materiais .......................................................................................................... 52

3.2 - Aparato e metodologia experimental ............................................................... 52

3.3 - Planejamento experimental .............................................................................. 54

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

3.4 - Método analítico .............................................................................................. 57

3.5 - Experimentos com agitação mecânica ............................................................. 59

3.6 - Estudo cinético da reação ................................................................................ 59

4. Resultados e discussões ........................................................................................... 63

4.1 - Planejamento experimental - experimentos ..................................................... 63

4.2 - Análise estatística ............................................................................................ 64

4.3 - Efeito das variáveis do processo ...................................................................... 69

4.3.1 - Efeito da razão molar ................................................................................ 71

4.3.2 - Efeito da concentração do catalisador ...................................................... 72

4.3.3 - Efeito da amplitude do ultrassom ............................................................. 73

4.3.4 - Efeito do Pulso de Vibração do Ultrassom ............................................... 74

4.4 - Otimização do Processo ................................................................................... 75

4.5 - Estudo cinético da reação ................................................................................ 76

4.6 - Comparação do ultrassom com o método convencional.................................. 79

5. Conclusão ................................................................................................................ 84

Referências bibliográficas .............................................................................................. 87

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Índice de figuras

Figura 2.1 – Algodão. ..................................................................................................... 26

Figura 2.2 – Sementes de algodão. ................................................................................. 27

Figura 2.3 – Transesterificação de triglicerídeos com metanol. ..................................... 32

Figura 2.4 – Esterificação de ácidos graxos com metanol. ............................................ 35

Figura 2.5 – Interesterificação de triglicerídeo com acetato de metila. .......................... 37

Figura 2.6 – Representação esquemática da cavitação acústica. .................................... 43

Figura 3.1 – Aparato experimental. 1. Haste. 2. Condensador. 3. Gerador de ondas

ultrassônicas. 4. Ponteira do ultrassom. 5. Reator. 6. Controlador de temperatura. ....... 53

Figura 3.2 – Fluxograma do processo. .......................................................................... 54

Figura 4.1 – Valores preditos pelo modelo versus valores observados para a conversão

da interesterificação do óleo de algodão......................................................................... 67

Figura 4.2 – Valores residuais versus valores observados para a conversão da

interesterificação do óleo de algodão. ............................................................................ 69

Figura 4.3 (a-f) – Superfícies de respostas em 3D que representam o efeito das variáveis

do processo de produção de ésteres metílicos. ............................................................... 70

Figura 4.4 – Diagrama de Pareto. ................................................................................... 72

Figura 4.5 – Curva cinética da reação sob várias temperaturas. [razão molar 1:14,87;

concentração de catalisador 1,17 %; 68 % de amplitude do bico ultrassônico e; 70 % de

pulso de vibração] ........................................................................................................... 76

Figura 4.6 – Ajuste do modelo da reação de 2ª ordem para encontrar as constantes de

velocidade da reação. ...................................................................................................... 77

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Figura 4.7 – Linearização das constantes de velocidade da reação para estimar a energia

de ativação. ..................................................................................................................... 79

Figura 4.8 – Estudo comparativo da produção de ésteres metílicos com ultrassom e

agitação mecânica. [Condições da reação: temperatura de 50°C; razão molar de 1:14,87;

concentração de catalisador de 1,17 %; 68 % de amplitude do bico ultrassônico e; 70 %

de pulso de vibração] ...................................................................................................... 80

Figura 4.9 – Ajuste do modelo da reação de 2ª ordem para encontrar a constante de

velocidade da reação com os dados da agitação mecânica. ............................................ 81

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Índice de tabelas

Tabela 2.1 – Composição química em ácidos graxos do óleo de algodão. .................... 50

Tabela 3.1 – Valores reais e codificados das variáveis em estudo. ................................ 55

Tabela 3.2 – Matriz do planejamento experimental. ...................................................... 56

Tabela 4.1 – Matriz do planejamento experimental com resultados. ............................. 63

Tabela 4.2 – Efeitos calculados no Statistica 8.0. .......................................................... 65

Tabela 4.3 – Análise da variância (ANOVA) no modelo quadrático. ............................ 68

Tabela 4.4 – Experimentos nas condições ótimas do modelo. [Condições da reação:

razão molar de 1:14,87; concentração de catalisador de 1,17 %; 68 % de amplitude do

bico ultrassônico; 70 % de pulso de vibração e; temperatura de 50 °C] ........................ 75

Tabela 4.5 – Constante de velocidade da reação e energia de ativação. ........................ 78

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Nomenclatura/Abreviações

𝛴A – Somatório das áreas correspondentes aos picos dos ésteres

A – Razão molar óleo/acetato (mol/mol)

AC – Acetato

ANOVA – Análise de variância

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

API – Área do padrão interno (C17:0 – Heptadecanoato de metila)

B – Percentagem de catalisador (% em massa)

C – Amplitude do ultrassom (%)

CAC – Concentração molar (mol L-1

) de acetato (mol L-1

)

Camostra – Concentração da amostra (mg/L)

CPI – Concentração do padrão interno na amostra injetada (mg/L)

CTG – Concentração molar dos triglicerídeos (mol L-1

)

– Concentração molar de triglicerídeos no início da reação (L mol

-1)

D – Pulso de vibração (%)

Ea – Energia de ativação da reação

F – Distribuição F de Fisher

k’ – Constante de velocidade da reação (L mol-1

min-1

)

k0 – Fator de frequência pré-exponencial

L – Linear

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Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

MQ – Média quadrática

MQep – Média quadrática do erro puro

MQfaj – Média quadrática da falta de ajuste

MQR – Média quadrática da regressão

MQr – Média quadrática do resíduo

MM – Massa molar (g/mol)

PNPB – Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel

Proálcool – Programa Nacional do Álcool

Pró-Óleo – Programa nacional para produção de óleos vegetais com fins energéticos

Q – Quadrático

R – Constante universal dos gases (J mol-1

K-1

)

R2 – Fator de correlação

rTG – Taxa de reação dos triglicerídeos

t – Tempo da reação (min)

T – Temperatura (K ou °C)

TG – Triglicerídeos

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Capítulo 1

Introdução

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Introdução 18

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

1. Introdução

A conscientização pela produção de energias limpas e renováveis vem

aumentando intensamente nas últimas décadas. A necessidade de se buscar alternativas

aos combustíveis fósseis, apontam para resultados com ênfase no uso de biodiesel

produzido através de uma fonte animal ou vegetal, no qual uma de suas vantagens é

emitir menos gases de efeito estufa em comparação ao diesel comum, destacando-se

como alternativa para substituir este combustível fóssil (Behçet et al., 2015).

Os principais processos para a produção de biodiesel são a esterificação e a

transesterificação, sendo estes os processos mais utilizados industrialmente. A

transesterificação consiste na reação de um triglicerídeo e um álcool, produzindo éster,

que é o biodiesel, e como subproduto o glicerol (Sánchez-Cantú et al., 2014). Porém, a

quantidade de glicerol produzido é superior à sua demanda, resultando em um

subproduto indesejado por ter baixo valor de mercado (Bonet et al., 2009). Como

alternativa a transesterificação, surge à reação de interesterificação (novo processo de

produção de biodiesel, livre de glicerol), que tem sido desenvolvida intensamente nos

últimos anos (Casas et al., 2011a; Galia et al., 2014; Maddikeri et al., 2013).

A interesterificação consiste na reação de um triglicerídeo com três moléculas de

acetato, gerando como produtos três moléculas de ésteres (biodiesel) e uma molécula de

triacetina. Esta reação tem como produtos intermediários o Monoacetildiglicerídeo e o

Diacetilmonoglicerídeo (Maddikeri et al., 2013). A triacetina é usada principalmente

como plastificante, como aditivo no tabaco, em indústrias farmacêuticas e de

cosméticos. Estudos recentes têm demonstrado que a triacetina pode ser adicionada à

formulação do biodiesel (em até 10 % em massa) sem prejudicar o seu desempenho,

pois continua satisfazendo os padrões de qualidade estabelecidos pela ASTM D6451 e

EM 14214, devido a sua solubilidade mútua (Casas et al., 2010).

A produção de biodiesel pela rota do acetato é uma reação que apresenta como

característica o curto tempo de reação quando comparada a outros processos (Casas et

al., 2011a). Além disso, a purificação dos produtos é mais simples, alcançando altos

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Introdução 19

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

rendimentos e gerando um subproduto que tem um bom valor de mercado e que pode

ser utilizado como aditivo para o biodiesel. Como consequência da grande

aplicabilidade da triacetina, a produção de biodiesel por interesterificação é uma

alternativa promissora para a transesterificação e para o aumento excessivo da produção

do glicerol (Casas et al., 2010).

A interesterificação tem sido estudada quase sempre na presença de enzimas (Du

et al., 2004; Usai et al., 2010) ou sob condições supercríticas (Saka & Isayama, 2009;

Tan et al., 2010, 2011). Métodos supercríticos e enzimáticos têm suas vantagens e

desvantagens. As principais desvantagens do método supercrítico incluem: (a) pressões

muito elevadas e (b) altas temperaturas, resultando em maior aquecimento e elevação

dos custos (Campanelli et al., 2010). Já a rota enzimática da interesterificação

proporciona um custo de produção mais elevado (Meher et al., 2006), bem como

dificuldade na fabricação em maior escala, devido à necessidade de um controle

cuidadoso dos parâmetros reacionais e lentidão da reação (Cerveró et al., 2008).

Estudos realizados com catalisadores químicos mostram que as condições

operacionais para a produção de biodiesel (na interesterificação) são próximas as

condições ambientes, ou seja, os gastos no processo são inferiores em relação às

condições supercríticas. O tempo de reação é relativamente baixo, apresentando uma

grande vantagem sobre a catálise enzimática (Maddikeri et al., 2013). Por isso, torna-se

interessante o estudo da produção de biodiesel pela rota do acetato com catalisadores

químicos.

A utilização da tecnologia ultrassônica promove a formação de emulsão entre o

óleo e o acetato, resultando em biodiesel de ótima qualidade em pequeno intervalo de

tempo. Esta emulsão é decorrente do fenômeno chamado de cavitação (Mostafaei et al.,

2015a). A cavitação é a formação, o crescimento e o colapso implosivo de bolhas em

líquidos, gerado através da irradiação de ondas ultrassônicas de alta intensidade.

Durante esta irradiação, ondas acústicas expansivas e de compressão criam bolhas.

Estas bolhas oscilam, expandindo e comprimindo. Neste processo oscilatório, as bolhas

acumulam energia ultrassônica até atingir um determinado tamanho. Quando a cavidade

assume um tamanho crítico, ocorre uma implosão que resulta na liberação de uma

grande quantidade de calor e pressão em curto intervalo de tempo (Bang & Suslick,

2010; Suslick, 1990).

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Introdução 20

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

A produção de biodiesel assistida por ultrassom promove um aumento

significativo na conversão da reação em comparação com técnicas convencionais

(Maddikeri et al., 2013). As propriedades do biodiesel sintetizado são bastante

satisfatórias e o excesso de reagentes necessário também é inferior (Maddikeri et al.,

2013).

O Brasil tem uma grande capacidade de produzir biodiesel, pois sua área

cultivável de oleaginosas é bastante ampla. Na região nordeste predomina o clima

semiárido, riquíssimo em espécies oleaginosas com um grande potencial comercial

(Carvalho, 2009). Dentre essas espécies, destaca-se o algodão (Gossipyum hisutum L.).

O algodoeiro é uma planta de clima quente, que exige verões longos, quentes e bastante

úmidos. Hoje, os principais estados produtores de algodão são Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Bahia. Porém, todos os estados do Nordeste

produzem algodão (CONAB, 2012). O óleo de algodão é a terceira matéria prima mais

utilizada na produção de biodiesel no Brasil, ficando atrás apenas do óleo de soja e do

sebo bovino (ANP, 2015).

Diante do exposto, faz-se necessário a intensificação do estudo da produção de

biodiesel por interesterificação na presença de ondas ultrassônicas, que aumentam a

conversão de triglicerídeos reagidos. E com a perspectiva de aumentar a utilização do

óleo de algodão como subsídio energético, escolheu-se utilizar este óleo para verificar

sua capacidade de produção de biodiesel por esta nova técnica.

1.1 - Objetivos

1.1.1 - Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho foi realizar um estudo da síntese de ésteres

metílicos por interesterificação do óleo de algodão com acetato de metila, catalisado por

metóxido de potássio metanólico, na presença de ondas ultrassônicas.

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Introdução 21

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

1.1.2 - Objetivos específicos

O objetivo geral será alcançado a partir do desenvolvimento dos respectivos

objetivos específicos:

Utilização de um planejamento experimental para estudar a influência dos

parâmetros na reação: razão molar óleo/acetato de metila; quantidade de

catalisador em relação à massa do óleo; amplitude do bico ultrassônico e;

amplitude do pulso ultrassônico;

Desenvolvimento de uma equação modelo que descreva o processo;

Otimização do processo através da equação modelo, obtendo as condições

ótimas para a síntese de ésteres metílicos por interesterificação assistida por

ultrassom;

Realização de um estudo cinético da síntese de ésteres metílicos através da

interesterificação assistida por ultrassom;

Comparação da conversão de triglicerídeos na reação de interesterificação

assistida por ultrassom com métodos convencionais.

O presente trabalho encontra-se dividido em seis capítulos. O Capítulo 1 introduz

o assunto exposto no trabalho, abordando aspectos gerais da produção de biodiesel e

uma breve justificativa sobre a escolha do tema. Neste capítulo também é inserido os

objetivos gerais e os objetivos específicos.

O Capítulo 2 aborda os aspectos teóricos relacionados com o trabalho

desenvolvido, destacando os assuntos principais para se ter uma melhor compreensão

do processo de produção de biodiesel.

No Capítulo 3 estão apresentados os materiais e as metodologias utilizadas no

preparo das amostras, no procedimento experimental, na análise de conversão dos

triglicerídeos e o procedimento adotado ao se analisar os resultados experimentais.

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Introdução 22

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Já o Capítulo 4 apresenta os resultados obtidos experimentalmente nas reações de

interesterificação através de gráficos e tabelas. Com estes resultados, foi realizada uma

comparação com outros trabalhos obtidos na literatura. Por fim, é apresentada uma

discussão criteriosa destes resultados, relacionando-os com fenômenos.

O Capítulo 5 relaciona as conclusões obtidas de acordo com os resultados

alcançados no trabalho. Por fim, no Capítulo 6 são mostradas as referências

bibliográficas citadas ao longo de todo o texto.

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Revisão Bibliográfica

Capítulo 2

Revisão Bibliográfica

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Revisão Bibliográfica 24

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

2. Revisão bibliográfica

No presente capítulo são apresentados os aspectos teóricos e uma revisão da

literatura relacionada aos temas inerentes e importantes para esta dissertação. Esta

revisão tem como objetivo o embasamento teórico dos conceitos relacionados à

produção do biodiesel, técnicas de produção e os fatores que influenciam na sua

produção. É dada uma ênfase maior a produção de biodiesel por interesterificação, pois

esta foi a técnica utilizada no presente trabalho.

2.1 - Óleos vegetais

De uma forma geral, os óleos vegetais são uma mistura de ácidos graxos que

correspondem a uma faixa percentual de 95 a 98 % da massa total do óleo e uma

mistura complexa de componentes menores (2 – 5 %), que compreendem uma vasta

gama de estruturas químicas (Firestone, 1999). Estes ácidos graxos são compostos de

ácidos carboxílicos saturados ou insaturados com cadeias carbônicas variando de 4 a 30

átomos de carbonos.

Através dos óleos vegetais se produz biodiesel, que é uma alternativa que se

tornou realidade para substituir o óleo diesel derivado do petróleo. O uso energético

proveniente dos óleos vegetais resulta em vantagens nos aspectos ambientais, sociais e

econômicas, podendo ser considerado um fator muito importante para a viabilização do

desenvolvimento sustentável (Atabani et al., 2013).

O Brasil dispõe de uma grande diversidade de oleaginosas que podem ser

utilizadas para extrair óleos para fins comestíveis ou energéticos. As mais utilizadas

para esses fins são: soja, algodão, palma, girassol, mamona etc.

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Revisão Bibliográfica 25

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

A produção de óleos vegetais no Brasil tem uma grande capacidade de expansão,

mais de 150 milhões de hectares de terra entre novas fronteiras e pastagens podem ser

incorporados a produção agrícola. O país tem diferentes condições edafoclimáticas em

todo o seu território, o que garante o cultivo e a produção de várias culturas. Além das

oleaginosas já citadas, podemos incrementar: babaçu, amendoim, polpa de dendê,

amêndoa do coco, oiticica, semente de linhaça, milho, e outros (Costa, 2004).

2.2 - Algodão

2.2.1 - Histórico

Existem divergências sobre a origem do algodão. Alguns autores a situam no

continente americano, enquanto outros afirmam ser originário da África Central, do

Paquistão ou da Índia (Lunardon, 2007).

A utilização da fibra de algodão pelo homem remonta há séculos, sendo que os

primeiros vestígios de tecido apresentam mais de sete mil anos. Há sólidos indícios de

que populações ancestrais do Vale do Nilo, no Egito, e do Peru eram bastante

familiarizados com o cultivo e uso do algodão (Buainain & Batalha, 2007).

Antes do descobrimento do Brasil, os indígenas já cultivavam algodão e

convertiam-no em fios e tecidos. Foi relatado em 1576 que as camas dos índios eram

redes produzidas com fios de algodão. Porém, foi apenas em meados do Século XVIII,

com a Revolução Industrial, que o algodão se transformou na principal matéria prima da

indústria têxtil nas Américas (Lunardon, 2007).

Até o início da década de 90, a produção de algodão no Brasil concentrava-se nas

regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Após esse período, aumentou significativamente a

participação do algodão produzido nas áreas de cerrado, basicamente da região Centro-

Oeste. Esta região, que em 1990 cultivava apenas 8,8 % de área utilizada para a

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Revisão Bibliográfica 26

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

produção de algodão no país, passou para 63,0 % em 2002 (EMBRAPA, 2003a). A

Figura 2.1 mostra uma imagem ilustrativa do algodão.

Figura 2.1 – Algodão.

Fonte: (Bergmann et al., 2013).

2.2.2 - Semente

Algodoeiro (Gossypium hirsutum latifolium Hutch LR) é uma planta herbácea

anual da família Malvaceae que é colhida 3 meses por ano (Carioca et al., 2009). Sua

semente é coberta com línter e rica em óleo, contém em média 60 % de caroço e 40 %

de fibra. A amêndoa liberada com a quebra das cascas, possui de 30 % a 40 % de

proteínas e de 35 % a 40 % de lipídios (EMBRAPA, 2003b).

A semente é o subproduto do beneficiamento e/ou descaroçamento, visando à

separação da fibra. Constitui uma das principais matérias-primas para a indústria de

óleo comestível. Ela fornece inúmeros subprodutos, como resíduos da extração do óleo,

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Revisão Bibliográfica 27

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torta e farelo, ricas fontes de proteína de boa qualidade e bastante utilizados no preparo

de rações (EMBRAPA, 2003b). Uma foto ilustrativa da semente de algodão está

apresentada na Figura 2.2.

Figura 2.2 – Sementes de algodão.

Fonte: (Roots, 2014).

2.2.3 - Óleo de algodão

Após a remoção da pluma, o caroço do algodão é aberto, liberando o grão, que é

esmagado para a extração do óleo, processo feito, em geral, por prensagem hidráulica

ou usando extratores químicos (EMBRAPA, 2003b).

O óleo de algodão é o óleo vegetal mais antigo produzido industrialmente, tendo

sido consumido em larga escala no Brasil, e reduzido com o aumento da produção de

soja. Em função de sua composição, destaca-se na produção de gorduras compostas

(EMBRAPA, 2003b).

Este óleo é um candidato para a produção de biodiesel por causa de seu baixo

preço. Hoje, o óleo de algodão é a terceira matéria-prima para a produção de biodiesel

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Revisão Bibliográfica 28

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

no Brasil, atrás apenas do óleo de soja e sebo bovino (ANP, 2015). No entanto, a

semente de algodão tem um teor de óleo variando no intervalo de 18-20 % e os

rendimentos são relativamente baixos, proporcionando aproximadamente 361 kg/ha de

óleo (MAPA, 2011).

2.3 - Energias renováveis

Nas últimas décadas, vêm-se aumentando a conscientização da população mundial

com relação à necessidade do incremento da produção de energias renováveis. O

aumento das informações sobre os efeitos gerados pelo consumo indiscriminado de

combustíveis fósseis vem corroborando para que as autoridades mundiais invistam na

produção de combustíveis que causam menos danos ao meio ambiente.

A maior parte da energia consumida no mundo é derivada dos combustíveis

fósseis. Seu consumo produz gases de efeito estufa que são inseridos na atmosfera e o

aumento da concentração desses gases na atmosfera proporciona o aumento deste efeito.

Com isto, a temperatura da Terra pode aumentar e ocasionar uma mudança nos padrões

de vida dos seres vivos (Bach, 1979).

Em 1997 foi feito um tratado internacional que tinha como objetivo a redução da

emissão dos gases que agravam o efeito estufa. O tratado, chamado de Protocolo de

Kyoto, orienta os países, principalmente os mais desenvolvidos, a adotarem medidas

como o incremento de energias renováveis nas suas matrizes energéticas e a diminuição

da utilização dos combustíveis fósseis (Lau et al., 2012).

Com o objetivo de reduzir a emissão de CO2 na atmosfera e para substituir

futuramente os derivados do petróleo – que é um bem “não renovável” – os

biocombustíveis começaram a ser inseridos nos mercados na década de 1990. Assim,

com os programas “Clean Air Act Amendments” alteração na lei do ar limpo, “RFG

Program” programa de energia reformulada e “Energia Policy Act” (EPACT) lei da

política energética, os Estados Unidos incentivaram seus produtores a produzir energias

renováveis (Rico & Sauer, 2015).

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Revisão Bibliográfica 29

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Existem vários tipos de energias renováveis, tais como: energia solar; energia

eólica; energia hidráulica; biomassa; energia geotérmica; energia de hidrogênio e outras.

Destas, a biomassa é uma energia renovável muito promissora no Brasil. Em 2012, com

exceção da energia hidrelétrica, 12 % da energia consumida no Brasil foram produzidas

através de energias renováveis. Destes, 9,73 % foi proveniente da biomassa (Pottmaier

et al., 2013).

A queima da biomassa produz grandes quantidades de CO2, porém, como o

carbono utilizado foi proveniente da atmosfera, o balanço de emissões de dióxido de

carbono é zero. Desta forma, a utilização da biomassa ajuda a diminuir as emissões de

gases causadores do efeito estufa na atmosfera. Além disto, a utilização da biomassa

reduz consideradamente as emissões de enxofre e óxidos de nitrogênio (Lora &

Andrade, 2009).

Em 1920, o Brasil começou a produzir biocombustível proveniente do álcool, o

etanol, para regular a produção de açúcar e reduzir as importações de gasolina. Essa

produção era variada de acordo com o preço do mercado internacional do açúcar e do

petróleo. Após a crise do petróleo de 1973, o governo do Brasil implantou o Programa

Nacional do Álcool (Proálcool) para incentivar a substituição em larga escala dos

combustíveis derivados de petróleo por álcool. Após o Proálcool, começaram os

incentivos para a produção de vários produtos que recebem o nome de combustíveis

renováveis (Rico & Sauer, 2015).

2.4 - Biodiesel

O biodiesel é uma mistura de ésteres derivados de ácidos graxos livres e

triglicerídeos, que são produzidos na natureza por fontes biológicas renováveis (Janaun

& Ellis, 2010). Em outras palavras, o biodiesel pode ser definido como uma mistura de

ésteres de alquila de ácidos graxos de cadeias longas, que podem ser sintetizados através

da esterificação de ácidos graxos livres, por transesterificação ou interesterificação de

triglicerídeos e outros métodos (Maddikeri et al., 2013; Mcneff et al., 2008; Murugesan

et al., 2009).

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Revisão Bibliográfica 30

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Com a crescente diminuição dos combustíveis derivados do petróleo, juntamente

com os ideais contemporâneos de substituí-los por fontes de energias renováveis, faz do

biodiesel uma alternativa atraente para o futuro. Este pode ser um substituto direto ou

indireto do diesel comum derivado do petróleo em máquinas que utilizam este

combustível (Azad et al., 2014).

Além de ser obtido através de uma fonte renovável, o biodiesel tem outras

vantagens em comparação ao diesel comum, tais como: ele é biodegradável;

tecnicamente viável; economicamente competitivo; ambientalmente amigável; não

tóxico; livres de enxofre e sua matéria prima é facilmente obtida (Atabani et al., 2013).

Uma propriedade particular do biodiesel é a excelente capacidade de lubrificar os

motores. Essa capacidade é em torno de 66 % maior do que a do diesel comum

(Demirbas, 2008).

A quantidade de biodiesel misturada com o diesel comum é fornecida de acordo

com o número X na sigla BX – se for B20 tem 20 por cento de biodiesel, se for B100 é

biodiesel puro – que pode variar de acordo com as especificações. A diminuição da

emissão dos compostos carbonatos (COx) e nitrosos (NOx) dependem da concentração

do biodiesel utilizado e da matéria-prima pela qual foi produzido (Na et al., 2015).

Ainda segundo Na et al. (2015), há diferenças consideráveis nas concentrações

dos gases emitidos de biodiesel para biodiesel. Estas diferenças estão relacionadas com

as matérias-primas utilizadas para a produção do mesmo. Mas é certo que o biodiesel

emite menos gases maléficos, como o CO e o NOx, que o diesel comum, independente

da matéria-prima utilizada.

No Brasil, o biodiesel começou a ser introduzido logo após a I Guerra Mundial,

onde foram realizadas pesquisas com óleos vegetais e feitas propostas para a sua

utilização como combustível. Durante a II Guerra Mundial, houve tentativas de produzir

biodiesel através de óleo puro e misturado com álcool. Mas, só depois do segundo

choque do petróleo na década de 1970, foi criado um programa para a produção de

óleos vegetais com fins energéticos, o Pró-óleo, mas mesmo assim não se conseguiu

êxito (Rico & Sauer, 2015).

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Revisão Bibliográfica 31

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Em 2004, foi introduzida uma nova proposta para a produção de bicombustíveis

através do Programa Nacional de Produção de Biodiesel e Uso – PNPB. Porém, apesar

dos incentivos propostos pelo programa, a produção de biodiesel no Brasil não tem sido

consistente. A produção desse óleo concorre de perto com a produção do óleo de

cozinha. No Brasil, a maior produção do biodiesel e do óleo de cozinha são derivados

da soja. Como o preço da produção do óleo de soja é menor que o preço de produção do

biodiesel, e ainda, o preço de venda do óleo de cozinha no mercado interno sempre

esteve maior do que o preço do biodiesel, então a produção do óleo de cozinha é bem

mais atrativa. Como as políticas de preço dos combustíveis são responsabilidade do

governo, cabe a ele incentivos consistentes na produção de biodiesel através do óleo de

soja ou de qualquer outra matéria-prima (Rico & Sauer, 2015).

2.5 - Processos para produção de biodiesel

A matéria-prima predominante na produção de biodiesel são os triglicerídeos. Na

literatura existe uma grande quantidade de óleos que têm a sua capacidade comprovada

na produção biodiesel, tais como: óleo de palma; óleo de girassol; óleo de jatobá; óleo

de soja; etc. (Borges & Díaz, 2012).

O óleo mais produzido no Brasil é o de soja, que corresponde a 90 % da produção

nacional. Porém, a sua utilização na produção de biodiesel é restrita porque ele é

utilizado principalmente como fonte alimentícia (Doná, 2012).

Uma alternativa interessante para a produção de biodiesel são os óleos que têm

um alto índice de acidez, pois eles não são utilizados como fonte de alimentos. Com

eles pode-se produzir biodiesel sem competir com os alimentos e ainda combater alguns

impactos ambientais (Doná, 2012).

Entre as diferentes rotas utilizadas para a produção de biodiesel, destacam-se a

transesterificação, a esterificação, a interesterificação etc. Sobre estas rotas os subitens

subsequentes discorrem.

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Revisão Bibliográfica 32

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2.5.1 - Transesterificação de triglicerídeos

A Transesterificação é o método mais comumente utilizado industrialmente para a

produção de biodiesel. Isto se deve ao fato de ser uma técnica simples e amplamente

estudada. Esta técnica consiste na reação catalítica de triglicerídeos, de origem animal

ou vegetal, com álcool produzindo ésteres (biodiesel) e glicerol (Borges & Díaz, 2012).

Uma ilustração da reação de transesterificação é apresentada na Figura 2.3.

Figura 2.3 – Transesterificação de triglicerídeos com metanol.

Fonte: (Borges & Díaz, 2012).

Com esta técnica pode-se usar diversos tipos de álcool, tais como: metanol;

etanol; propanol; butanol; etc. Porém, os mais utilizados são o metanol e o etanol.

Quando se trabalha com o metanol como reagente, o produto da reação é uma mistura

de ésteres metílicos, ao passo que se utilizar etanol o produto da reação são ésteres

etílicos (Lam et al., 2010).

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Revisão Bibliográfica 33

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2.5.1.1 - Catálise homogênea

Industrialmente, a transesterificação ocorre na presença de catalisadores

homogêneos. Eles são utilizados por serem simples, de baixo custo, proporcionarem

altos rendimentos e por terem baixos tempos de reação. Os catalisadores alcalinos mais

utilizados são o NaOH e o KOH (Meher et al., 2006).

Carvalho (2009) realizou síntese de biodiesel pela transesterificação do óleo de

algodão pela rota metílica, fazendo uso de catalisadores homogêneos, Na-Methylat e K-

Methylat. O autor realizou um estudo das variáveis do processo através de um

planejamento experimental e constatou um melhor resultado da reação utilizando K-

Methylat como catalisador, atingindo 96,79 % de conversão. As condições utilizadas

foram: razão molar óleo/álcool de 1:8; temperatura de 40 °C e; 1 % de catalisador.

Reyero et al. (2015) realizaram um estudo da transesterificação do óleo de

girassol com etanol utilizando hidróxido de sódio (NaOH) como catalisador. Os autores

relataram conversão superior a 99 % utilizando 50 °C de temperatura, concentração de

catalisador de 0,3 % em massa e razão molar etanol/óleo de 24:1.

Liu et al. (2016) produziram biodiesel por transesterificação do óleo de milho

com etanol utilizando ácido sulfúrico (H2SO4) como catalisador. O trabalho teve como

objetivo realizar um estudo cinético da reação variando a temperatura entre 155 e 195

°C. Foi relatada uma conversão de triglicerídeos de 100 % nas temperaturas a partir de

165 °C, razão molar etanol/óleo de 24:1, concentração de catalisador de 0,1 % e tempo

de reação de 240 min.

Porém, existem algumas desvantagens na produção de biodiesel por

transesterificação com catalisadores homogêneos. Uma delas é a produção de um

subproduto indesejado, o glicerol. Outra é a necessidade de reagentes com um alto grau

de pureza, caso contrário pode-se produzir sabão por saponificação (Kondamudi et al.,

2011). No geral, esta produção proporciona custos elevados para atender os padrões de

qualidade exigidos pelos órgãos fiscalizadores, pois envolvem lavagens e purificações

em várias etapas, como na retirada e purificação dos catalisadores e glicerol. Além

disto, o processo envolve uma grande quantidade de água necessária para as lavagens,

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Revisão Bibliográfica 34

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água essa que necessita de tratamento de efluente para que possa ser reutilizada ou

descartada (Semwal et al., 2011). Portanto, a soma destas etapas encarece a produção de

biodiesel por transesterificação catalítica homogênea.

2.5.1.2 - Catálise heterogênea

Uma alternativa que vem sendo bastante estudada atualmente é a utilização de

catalisadores heterogêneos (Ferrero et al., 2015; Gurunathan & Ravi, 2015). A

recuperação destes catalisadores é bem mais simples que os homogêneos, pois a

separação consiste praticamente em uma decantação e etapas de purificação. Outra

vantagem desta catálise é a eliminação da reação paralela que forma o sabão.

Catalisadores heterogêneos já produzem altos rendimentos a temperaturas

relativamente baixas. Gurunathan & Ravi (2015) trabalharam na transesterificação com

um óleo de cozinha residual, metanol e nanocomposite CZO como catalisador. Foi

relatada uma produção de biodiesel com aproximadamente 97,7 % de rendimento

utilizando temperatura de 55 °C, tempo de reação de 20 min, concentração de

catalisador de 12 % em massa e razão molar óleo/metanol de 1:8.

Mahdavi & Monajemi (2014) trabalharam na produção de biodiesel pela

transesterificação do óleo da semente de algodão com etanol utilizando o catalisador

heterogêneo CaO-MgO/Al2O3. Os autores realizaram um estudo através de um

planejamento experimental, onde foi possível otimizar as diversas variáveis estudadas

atingindo uma conversão máxima de 92,45 % com carga de CaO-MgO/Al2O3 igual a

12,5 % em massa, razão molar do etanol com o óleo da semente de algodão de 8,5 e a

temperatura da reação otimizada igual a 95 °C.

Porém, a grande dificuldade para a utilização de catalisadores heterogêneos é o

preço relativamente alto do processo, seja na confecção do catalisador ou das condições

operacionais. Mas com o avanço dos estudos e desenvolvimento de catalisadores, pode-

se conseguir processos de produção de biodiesel heterogêneo competitivo com o do

homogêneo (Ferrero et al., 2015).

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2.5.2 - Esterificação de ácidos graxos

A esterificação é a reação de ácidos graxos com álcoois, produzindo ésteres

(biodiesel) e água (Borges & Díaz, 2012). Esta reação está ilustrada na Figura 2.4.

Figura 2.4 – Esterificação de ácidos graxos com metanol.

Fonte: (Borges & Díaz, 2012).

Patel & Brahmakhatri (2013) trabalharam na produção de biodiesel por

esterificação do ácido oleico com metanol utilizando o ácido 12-tungstophosphoric

como o catalisador da reação. Os autores relataram uma conversão de ácido oleico de

100 % utilizando uma razão molar ácido/álcool de 1:40, 0,1 g de catalisador,

temperatura de 60 °C e tempo de reação de 4 h.

Já Doyle et al. (2016) trabalharam na esterificação do ácido oleico com etanol

catalisado por Zeólito Y, com uma razão molar de Si/Al de 3,1. Os autores realizaram

um estudo com as variáveis do processo e encontraram uma conversão máxima de ácido

oleico de 85 %, utilizando temperatura de 50 °C, 5 % em massa de catalisador, razão

molar etanol/ácido de 6:1 e tempo de 60 min.

Soltani et al. (2016) realizaram um estudo da produção de biodiesel através da

esterificação de ácidos graxos destilados do óleo de palma com metanol e utilizaram

SO3H – ZnAl2O4 como catalisador. Nesse estudo, os autores relataram um rendimento

ótimo de 94,65 % de ésteres metílicos nas seguintes condições operacionais: razão

molar metanol/ácido de 9:1; concentração de catalisador de 1 % em massa; temperatura

de 120 °C e; tempo de reação de 60 min.

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Muitos outros autores estudaram a produção de biodiesel por esterificação (Kaur

& Ali, 2015; Mohammad & Saidina, 2013; Santos et al., 2015), porém a sua utilização

na indústria continua pouco adotada porque os preços dos ácidos graxos são

considerados altos. O seu emprego industrial se restringe praticamente a purificação de

óleos vegetais que possuem altos índices de acidez (Conceição et al., 2016; Kwong &

Yung, 2016). O objetivo deste processo é reduzir a acidez elevada do óleo por

esterificação e posteriormente utilizar a rota tradicional da transesterificação para a

conversão direta de óleos vegetais em biodiesel (Doná, 2012).

2.5.3 - Interesterificação de óleos vegetais e gorduras animais

A interesterificação é a reação de um triglicerídeo com três moléculas de acetato,

gerando como produtos três moléculas de ésteres (biodiesel) e uma molécula de

triacetina. Esta reação tem como produtos intermediários o Monoacetildiglicerídeo e o

Diacetilmonoglicerídeo (Maddikeri et al., 2013). Ela é o resultado de três reações

reversíveis consecutivas, cuja ilustração esquemática é mostrada na Figura 2.5.

Com o objetivo de utilizar a enzima Novozym 435 como catalisador da reação de

transesterificação do óleo de soja, Xu et al. (2003) utilizaram acetato de metila como

reagente, substituindo o metanol que proporciona efeitos negativos nas referidas

enzimas. Foi relatado um rendimento de 92 % de ésteres metílicos com as seguintes

condições experimentais: temperatura de 40 °C; tempo de reação de 10 h; 30 % de

enzima com base na massa de óleo e razão molar acetato/óleo de 12:1. Com a utilização

do acetato, os autores desenvolveram uma nova técnica para a produção de biodiesel

que posteriormente seria chamada de interesterificação (DU et al., 2004; XU et al.,

2005; XU et al., 2003).

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Revisão Bibliográfica 37

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Figura 2.5 – Interesterificação de triglicerídeo com acetato de metila.

Esta reação fornece uma alternativa promissora a transesterificação, pois é

produzido triacetina em vez do glicerol. A triacetina é usada como um plastificante,

como um agente de gelatinização em polímeros e explosivos, como um aditivo no

tabaco e na indústria de fármacos e cosméticos (Bonet et al., 2009; Maddikeri et al.,

2013). A triacetina também pode ser utilizada como aditivo em diversos combustíveis,

incluindo o biodiesel (Casas et al., 2010). Este fato fornece uma grande vantagem a

interesterificação, pois diminui consideravelmente o trabalho e os custos na produção do

biodiesel, tendo em vista que com esta técnica não é necessário realizar uma série de

processos para a retirada de subprodutos, como o glicerol.

Após o estudo de Xu et al. (2005), outros estudos foram realizados utilizando

enzimas (Modi et al., 2007; Ognjanovic et al., 2009), porém a utilização destes

catalisadores pode ser considerada economicamente inviável, pois o preço da produção

e controle das enzimas é considerado alto e porque as reações normalmente necessitam

de um longo tempo para se atingir altas conversões.

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Revisão Bibliográfica 38

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A interesterificação também foi estudada em condições supercríticas, onde não é

preciso utilizar catalisador, pois nessas condições o óleo e o acetato de metila adquirem

uma grande solubilidade formando uma única fase (Goembira & Saka, 2014, 2015;

Niza et al., 2013).

Tan et al. (2011) estudaram o processo de produção de biodiesel por

interesterificação supercrítica utilizando óleo de palma refinado e acetato de metila. Os

autores relataram rendimento máximo de 99 % em massa utilizando as seguintes

condições operacionais: temperatura de 400 °C; pressão de 220 bar; razão molar

acetato/óleo de 30:1 e tempo de reação de 60 min.

A não utilização de catalisadores nos processos de produção de biodiesel em

condições supercríticas é um fator muito benéfico, pois não é preciso fazer os processos

de separação dos subprodutos e purificação dos catalisadores encontrados nas técnicas

convencionais. Porém, como se trabalha com altas temperaturas e pressões, aumenta-se

consideravelmente os gastos do processo, dificultando a sua utilização na produção de

biodiesel (Campanelli et al., 2010).

Com o objetivo de produzir biodiesel por interesterificação através de

catalisadores químicos, Casas et al. (2011b) realizaram um estudo da interesterificação

do óleo de girassol com acetato de metila utilizando diversos catalisadores químicos:

hidróxido de potássio (KOH); metóxido de potássio (CH3OK) sólido; metóxido de

potássio (CH3OK) inicialmente misturado com os reagentes e PEGK (complexo de

polietileno glicol com potássio). Destes catalisadores, o metóxido de potássio (CH3OK)

inicialmente misturado com os reagentes foi o que proporcionou melhor desempenho,

atingindo uma percentagem de 76,7 % de ésteres metílicos com relação à massa da

mistura final. As condições reacionais utilizadas para alcançar este rendimento foram:

razão molar acetato/óleo de 12:1; 0,2 % de concentração de catalisador; tempo de

reação de 15 min e 50 °C de temperatura.

Casas et al. (2013), que também realizaram um estudo da interesterificação do

óleo de girassol com acetato de metila, utilizaram metóxido de potássio metanólico

como catalisador. Os autores relataram um melhor desempenho deste catalisador em

comparação com os relatados em Casas et al. (2011b), utilizando razão molar

acetato/óleo de 48:1, concentração de catalisador de 0,1 % em relação à massa de óleo,

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tempo de reação de 15 min e temperatura de 50 °C atingiram uma percentagem mássica

de ésteres metílicos de 77,0 % e 12,1 % de triacetina.

Maddikeri et al. (2013) estudaram a reação de interesterificação de um óleo de

cozinha residual com acetato de metila, utilizando metóxido de potássio metanólico

como catalisador e assistida por ultrassom. Os autores realizaram um estudo de diversas

variáveis do processo e relataram um rendimento máximo de 90 % de ésteres metílicos

com as seguintes condições: razão molar óleo/acetato de 1:12; concentração de

catalisador de 1,0 % com relação a massa de óleo; temperatura de 40 °C e 60 % (450

W) de percentagem da amplitude do ultrassom.

Já Wu et al. (2014) estudaram a produção de biodiesel por interesterificação do

óleo da semente de algodão in situ com acetato de metila utilizando um catalisador

heterogêneo (S2O82-

/ZrO2-TiO2-Fe3O4). Através do estudo das variáveis, foi relatado um

rendimento máximo de 98,5 % utilizando temperatura de 50 °C, concentração de

catalisador de 21,3 % com relação à massa de óleo, razão de acetato/semente de algodão

igual a 13,8 mL/g e tempo de reação de 10,8 h.

2.6 - Variáveis que afetam a produção de biodiesel na interesterificação

A produção de biodiesel por interesterificação é influenciada pelo tipo e pela

concentração do catalisador, pela razão molar óleo/acetato, tipo de acetato utilizado,

pela temperatura, pela agitação, pelo tipo de óleo e pelo tempo de reação (Casas et al.,

2013; Maddikeri et al., 2013). Os subitens subsequentes fazem uma breve revisão destas

variáveis de processo.

2.6.1 - Tipo de catalisador e sua concentração

A reação de interesterificação pode ser catalisada por reatores homogêneos (Casas

et al., 2013), heterogêneos (Wu et al., 2014) e enzimáticos (Ognjanovic et al., 2009).

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Porém, a catálise homogênea tem algumas vantagens econômicas com relação às

demais, pois os preços dos catalisadores são relativamente mais baixos, necessitam de

pouco tempo para reagir e são utilizados em baixas concentrações.

Casas et al. (2011b) (mencionado no subitem 2.5.3) realizaram estudos com

diversos catalisadores, porém foram Casas et al. (2013) que constataram um melhor

rendimento da reação de interesterificação com a utilização de metóxido de potássio

metanólico em relação aos demais estudados. Este catalisador proporcionou um

rendimento de 77,0 % de ésteres metílicos e 12,1 % de triacetina utilizando uma

proporção molar de óleo/acetato de 1:48, temperatura de 50 °C e uma concentração de

catalisador de 0,1 % em relação a massa do óleo.

Maddikeri et al. (2013) (também mencionado no subitem 2.5.3) também

utilizaram metóxido de potássio metanólico como catalisador e variaram sua

concentração entre 0,5 e 1,25 % em relação a massa de óleo. Foi constatado um melhor

desempenho do catalisador na concentração de 1 %.

2.6.2 - Temperatura

Geralmente, nos estudos da produção de biodiesel com catálise homogênea se

utiliza temperaturas próximas à temperatura de ebulição do álcool ou acetato (Borges et

al., 2014; Maddikeri et al., 2013).

Subhedar & Gogate (2016) realizaram um estudo da interesterificação com um

óleo de cozinha residual e acetato de metila catalisado por uma lipase imobilizada

obtida a partir de Thermomyces lanuginosus. Os autores realizaram um estudo dos

efeitos das variáveis utilizando uma abordagem convencional, que resultou em um

rendimento máximo de biodiesel de 90,0 % nas seguintes condições experimentais:

razão molar óleo/acetato de 1:12; carga de enzima de 6 % de massa/volume;

temperatura de 40 °C e tempo de reação de 24 h. Os autores investigaram o efeito da

temperatura ao longo do intervalo de 30 a 50 °C. Com o aumento da temperatura de 30

para 40 °C foi relatado um aumento na produção de biodiesel de 54,2 para 90,1 %,

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respectivamente. Já o aumento da temperatura de 40 para 50 °C não proporcionou um

aumento significativo do rendimento da reação.

Wu et al. (2014) (mencionado no subitem 2.5.3) realizaram um estudo estatístico

com catalisadores ácidos heterogêneos na rota do acetato de metila utilizado óleo

extraído da semente de algodão. O estudo estatístico foi realizado variando a

temperatura entre 35 e 55 °C. Os autores relataram rendimento superior a 98 % de

ésteres metílicos com temperatura de 55 °C.

Portanto, as temperaturas utilizadas em estudos sobre a produção de biodiesel por

interesterificação, utilizando acetato de metila, são variadas entre 30 e 55 °C, que é uma

temperatura inferior a de ebulição deste acetato (57 °C) (Casas et al., 2013; Maddikeri

et al., 2013; Wu et al., 2014).

2.6.3 - Tempo de reação

Assim como na transesterificação, o tempo de reação na rota do acetato de metila

é muito pequeno. Casas et al. (2011b) (mencionado no subitem 2.5.3) realizaram um

estudo com vários catalisadores e evidenciaram que as reações de interesterificação com

catálise homogênea acontecem, em sua maior parte, nos primeiros 10 minutos. No

trabalho referido, os autores coletaram pontos experimentais nos tempos de 15 e 30

minutos para mostrar a estabilização da reação.

Maddikeri et al. (2013) (mencionado no subitem 2.5.3) também realizaram um

acompanhamento da cinética da reação utilizando técnicas cromatográficas para análise

e também evidenciaram que a reação de interesterificação acontece majoritariamente no

primeiros 10 minutos. Nos tempos de 20 e 30 minutos, foram apresentados rendimentos

próximos aos de 10 minutos, fato este que evidencia a estabilização da reação.

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2.6.4 - Acetatos e sua razão molar com o óleo

Na reação de transesterificação são usados diversos tipos de alcoóis, porém se

consegue maiores rendimentos com o metanol, que entre os alcoóis, é a molécula que

possui cadeia carbônica mais curta (Farobie & Matsumura, 2015). De forma análoga, na

reação de interesterificação usa-se mais frequentemente o acetato de metila em relação

aos outros acetatos. Isto se deve ao fato da molécula do acetato de metila ser a menor

entre os acetatos, fato este que indica uma maior probabilidade deste solvente

proporcionar maiores rendimentos (Galia et al., 2014).

Sustere et al. (2016) realizaram um estudo da produção de biodiesel por

interesterificação de um óleo de cozinha residual com vários tipos de acetatos. Os

autores relataram que a reatividade dos acetatos diminui na seguinte ordem: acetato de

metila, acetato de etila, acetato de propila e acetato de isopropila.

No estudo de Casas et al. (2013) (citado no subitem 2.5.3) foi utilizado pelos

autores as seguintes proporções de óleo/acetato de metila: 1:12; 1:24; 1:36 e 1:48. Neste

estudo, os autores relataram um melhor desempenho da reação utilizando razão de 1:48,

onde se conseguiu 77,0 % de ésteres metílicos e 12,1 % de triacetina.

No estudo de Maddikeri et al. (2013) (mencionado no subitem 2.5.3) os autores

variaram a proporção do óleo/acetato de metila de 1:4 até 1:14 e encontraram um

melhor desempenho da reação na proporção de 1:12.

2.7 - Ultrassom

O aumento do rendimento e da velocidade da reação na produção de biodiesel está

diretamente ligado ao contato entre as moléculas reagentes. A utilização da tecnologia

ultrassônica promove a formação de uma emulsão entre o óleo e o acetato (ou álcool),

resultando em biodiesel de ótima qualidade em pequeno intervalo de tempo. Esta

emulsão é decorrente do fenômeno chamado de cavitação (Mostafaei et al., 2015b).

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A cavitação é a formação, o crescimento e o colapso implosivo de bolhas em

líquidos, gerado através da irradiação de ondas ultrassônicas de alta intensidade.

Durante esta irradiação, ondas acústicas expansivas e de compressão criam bolhas (isto

é, cavidades). Estas bolhas oscilam, expandindo e comprimindo, conforme é mostrado

na Figura 2.6 – Representação esquemática da cavitação acústica. Neste processo

oscilatório, as bolhas acumulam energia ultrassônica até atingir um determinado

tamanho. Quando a cavidade assume um tamanho crítico, ocorre uma implosão que

resulta na liberação de uma grande quantidade de calor e pressão em curto intervalo de

tempo. Resultados experimentais mostraram que as cavidades em colapso cavitacional

chegam a temperaturas por volta de 5000 °C e pressões de 1000 bar, com vidas de

alguns microssegundos (Bang & Suslick, 2010).

Figura 2.6 – Representação esquemática da cavitação acústica.

Fonte: (Bang & Suslick, 2010).

A melhora do desempenho do processo de produção de biodiesel utilizando

ultrassom está relacionada com efeitos físicos e químicos na reação. O efeito químico

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está relacionado com a formação de radicais livres na solução, em decorrência da

energia liberada na cavitação. O efeito físico é o aumento do contato entre os reagentes,

geralmente imiscíveis, através da emulsificação da solução gerada através do

movimento radial das bolhas (Kalva et al., 2009).

Subhedar & Gogate (2016) (mencionado no subitem 2.6.2) realizaram um estudo

da interesterificação utilizando uma abordagem convencional e relataram um

rendimento máximo de biodiesel de 90,0 %. Os autores também realizaram um estudo

da produção de biodiesel assistida por ultrassom, em que relataram a obtenção de 96,1

% de rendimento de biodiesel nas seguintes condições ótimas: razão molar óleo/acetato

de 1:9; carga de enzima de 3 % de massa/volume; temperatura de 40 °C; tempo de

reação de 3 h; potência de energia ultrassônica de 80 W e pulso de vibração de 60 %.

Ou seja, os autores verificaram que a utilização de energia ultrassônica resultou em uma

redução significativa do tempo de reação com rendimentos mais elevados e uma menor

exigência da carga de enzima. Portanto, concluíram que a reação de interesterificação

assistida por ultrassom foi uma abordagem rápida e eficiente para a produção de

biodiesel, dando benefícios significativos que podem ajudar na redução dos custos de

produção.

Maddikeri et al. (2013) (mencionado no subitem 2.5.3) também estudaram a

reação de interesterificação realizando um estudo comparativo da produção de biodiesel

assistida por ultrassom com uma técnica convencional (agitação mecânica). Os

experimentos foram realizados nas seguintes condições ótimas: razão molar óleo/acetato

de 1:12; concentração de catalisador de 1,0 % com relação a massa de óleo; temperatura

de 40 °C e 60 % (450 W) de percentagem da amplitude do ultrassom. Os autores

relataram que a reação com a utilização de ondas ultrassônicas proporcionou um

rendimento de 90 % enquanto a utilização de técnicas convencionais proporcionou

rendimento de 70 %. Os autores concluíram que o maior grau de conversão com a

utilização de ultrassom é devido aos efeitos físicos proporcionados pela cavitação.

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2.8 - Variáveis que afetam a produção de biodiesel com ultrassom

As variáveis que influenciam a produção de biodiesel com ultrassom são: a

percentagem da amplitude do bico ultrassônico, a distância de irradiação, o pulso de

vibração e o diâmetro do bico ultrassônico (Maddikeri et al., 2013; Mostafaei et al.,

2015b). Os subitens subsequentes fazem uma breve revisão destas variáveis de

processo.

2.8.1 - Amplitude do bico ultrassônico

A percentagem da amplitude do bico ultrassônico determina a quantidade de

energia que irá ser fornecida ao sistema, decidindo a extensão da atividade de cavitação

no reator, influenciando na conversão final da produção de biodiesel nas reações de

interesterificação. Portanto, a amplitude do ultrassom é uma variável importante na

produção de biodiesel assistida por ultrassom (Maddikeri et al., 2013).

Maddikeri et al. (2013) (mencionado no subitem 2.5.3) estudaram os efeitos da

variação percentual da amplitude do bico ultrassônico na produção de biodiesel com um

óleo de cozinha residual. Os percentuais das amplitudes utilizados pelos autores foram

de 40, 50, 60 e 70 %, que correspondem a 300, 375, 450 e 525 W, respectivamente. Foi

relatado que, com o aumento do percentual da amplitude de 40 para 60 % obteve-se um

aumento no rendimento da reação de 68 para 90 %, respectivamente. Porém, com o

aumento percentual da amplitude de 60 para 70 %, não foi observado nenhuma melhora

significativa no desempenho da reação.

Mostafaei et al. (2015a) realizaram um estudo estatístico da produção de biodiesel

de um óleo de cozinha residual com metanol, catalisado por hidróxido de potássio,

utilizando energia ultrassônica. O estudo estatístico teve como objetivo conhecer o

comportamento das variáveis relacionadas com o ultrassom que influenciam o processo

de produção de biodiesel. Nesse estudo, a amplitude do ultrassom foi variada de 20 a

100 %. Foi relatado pelos autores um rendimento da reação ótimo de 91,6 % nas

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condições otimizadas: amplitude do ultrassom de 56 %; pulso de vibração de 62 %;

distância de irradiação de 75 mm e; diâmetro da sonda de 28 mm.

Kumar et al. (2011) utilizaram energia ultrassônica para produzir biodiesel do

óleo de jatobá com metanol utilizando lipase imobilizada (Chromobacterium viscosum)

como catalisador. Neste estudo, a amplitude do ultrassom foi variada de 20 a 100 %. As

condições ótimas relatadas pelos autores (razão molar óleo/metanol de 1:4,

concentração de catalisador de 5 % em massa de óleo, tempo de reação de 30 min e

amplitude do ultrassom de 50 %) proporcionaram uma conversão da reação de 84,5 %.

2.8.2 - Amplitude do pulso ultrassônico

A conversão de biodiesel no processo em que se utiliza energia ultrassônica

também é afetada pela amplitude do pulso de vibração. O pulso de vibração do

ultrassom determina o tempo de emissão das ondas ultrassônicas em um determinado

ciclo. Geralmente se utiliza ciclos de 1 segundo e varia-se a percentagem de pulso de

vibração, ou seja, quando se utiliza pulso de vibração de 60 % significa que o ultrassom

emite ondas durante 0,6 segundos e 0,4 segundos fica em repouso. O pulso de vibração

é um fator importante, pois com ele pode-se economizar energia no processo.

Mostafaei et al. (2015) (mencionado no subitem 2.8.1) estudaram a influência do

pulso de vibração ultrassom variando sua amplitude de 20 até 100 % e verificaram que

o rendimento da reação melhora com o aumento do pulso até 70 %. Para valores

superiores a 70 % não ocorreu nenhuma mudança significativa no rendimento da

reação. Os autores realizaram uma otimização do processo e verificaram que a

amplitude do pulso que proporcionou melhor rendimento (91,6 %) foi de 62 %.

Subhedar & Gogate (2016) (mencionado no subitem 2.6.2) realizaram um estudo

da influência do pulso de vibração variando sua percentagem vibração de 40 a 70 %. Os

autores verificaram um aumento significativo do rendimento da reação com o aumento

do pulso de 40 para 60 %, porém o aumento de 60 para 70 % não proporcionou nenhum

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aumento significativo. Foi relatado um rendimento ótimo de 96,1 % utilizando pulso de

vibração de 60 %.

2.8.3 - Distância de irradiação do ultrassom

A distância de irradiação do bico ultrassônico é outro parâmetro que influência no

processo de produção de ésteres. O rendimento da reação é aumentado quando se

aumenta a distância de irradiação ultrassônica (Mostafaei et al., 2015a), que é a

diferença entre a ponta do bico do ultrassom e a base da solução reagente. Este aumento

do rendimento da reação relacionado com o aumento da distância de irradiação é

consequência da expansão da zona de cavitação. Quanto menor a distância de

irradiação, mais profundamente a ponteira ultrassônica penetra no reator, fazendo com

que o volume menos ativo seja menos afetado, pois as ondas ultrassônicas são

longitudinais.

Mostafaei et al. (2015a) (mencionado no subitem 2.8.1) estudaram a influência da

distância de irradiação das ondas ultrassônicas através de um estudo estatístico. Os

autores variaram a distância de irradiação de 30 a 90 mm e verificaram que o

rendimento da reação aumenta com o aumento da distância até 75 mm e para valores

superiores a 75 mm não ocorreu nenhuma mudança significativa no rendimento da

reação. Os autores realizaram uma otimização do processo e verificaram na distância de

irradiação ótima (75 mm) o rendimento da reação foi relatado em 92,6 %.

2.8.4 - Diâmetro do bico ultrassônico

O diâmetro do bico ultrassônico é outro parâmetro que afeta o rendimento da

reação de síntese de biodiesel assistida por ultrassom. Este diâmetro influencia o campo

ultrassônico e o padrão do fluxo das ondas dentro do reator. Sob mesma potência,

diâmetros maiores aumentam a velocidade da reação. Com a utilização de uma sonda

com diâmetro pequeno, um campo de alta intensidade é gerado na ponta no bico. Por

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outro lado, a utilização de um diâmetro maior produz um campo ultrassônico mais

extenso e homogêneo, esta homogeneização promovida é o responsável direto por

garantir maiores rendimentos (Hofmann et al., 2003).

Mostafaei et al. (2015a) (mencionado no subitem 2.8.1) estudaram a influência do

tamanho das sondas variando o diâmetro do bico ultrassônico de 14 a 42 mm. Os

autores verificaram que o rendimento da reação aumentara até a utilização do diâmetro

de 28 mm. Nos diâmetros superiores, foi verificado que a temperatura da reação

aumentava rapidamente favorecendo a reação reversível do processo. Os autores

realizaram uma otimização do processo e verificaram que utilizando um diâmetro de 28

mm, juntamente com outras vaiáveis otimizadas, a reação proporcionou rendimentos

por volta de 92,6 %.

2.9 - Biodiesel através do óleo de algodão

O óleo obtido através da semente de algodão é uma das matérias primas utilizadas

para a produção de biodiesel. Segundo a ANP (2015), no Brasil o óleo de algodão é a

terceira matéria prima mais utilizada para se produzir biodiesel. Foi relatado pela ANP

(2015) que em 2014 o óleo de soja continuou sendo a principal matéria prima para a

produção de biodiesel (76,9 % do total). A segunda matéria prima mais utilizada foi à

gordura animal (19,8 % do total), seguida pelo óleo de algodão que foi o responsável

por 2,2 % do total de biodiesel produzido no Brasil.

Em 2013, 64.359 m3 de óleo de algodão foram destinados à produção de

biodiesel, já em 2014 foram utilizados 76.792 m3. Esta diferença de consumo

corresponde a um aumento na produção de biodiesel com óleo de algodão de 19,32 %,

resultando na matéria prima que mais cresceu o consumo para a produção de biodiesel

entre 2013 e 2014 (ANP, 2015). Portanto, a produção de biodiesel no Brasil com o óleo

de algodão é significativa e tem um grande percentual de crescimento.

Estudos da interesterificação com o óleo de algodão são bastante escassos na

literatura. Wu et al. (2014) estudaram a produção de biodiesel por interesterificação do

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óleo da semente de algodão in situ com acetato de metila utilizando um catalisador

heterogêneo (S2O82-

/ZrO2-TiO2-Fe3O4). Os autores estudaram as influências das

variáveis de processo que influenciam a reação utilizando o planejamento de composto

central. Através deste estudo, foi realizado uma otimização das variáveis e relatado um

rendimento máximo de 98,5 % utilizando temperatura de 50 °C, concentração de

catalisador de 21,3 % em massa de óleo, razão de acetato/semente de algodão de 13,8

mL/g e o tempo de reação foi de 10,8 h.

Porém, existem na literatura vários relatos sobre a produção de biodiesel pela

transesterificação do óleo de algodão. Mahdavi & Monajemi (2014) utilizaram o óleo

de algodão com etanol para estudar a produção de biodiesel por transesterificação

utilizando um novo catalisador heterogêneo (CaO-MgO/Al2O3). Os autores realizaram

um estudo estatístico variando a percentagem de catalisador, proporção de óleo/etanol e

temperatura. Por fim, os pesquisadores fizeram uma otimização do processo e

encontraram um rendimento máximo de 92,45 % com carga de catalisador (CaO-

MgO/Al2O3) igual a 12,5 % em massa, razão molar etanol/óleo de 8,5:1 e a

temperatura de 95 °C.

Já Carvalho (2009) realizou síntese de biodiesel pela transesterificação do óleo de

algodão pela rota metílica, fazendo uso de catalisadores homogêneos, Na-Methylat e K-

Methylat. O autor realizou um estudo das variáveis do processo através de um

planejamento experimental e constatou um melhor resultado da reação utilizando K-

Methylat como catalisador, atingindo 96,79 % de conversão. As condições utilizadas

foram: razão molar óleo/álcool de 1:8; temperatura de 40 °C e; 1 % de catalisador. Foi

realizada uma caracterização do óleo de algodão que está apresentada na Tabela 2.1

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Tabela 2.1 – Composição química em ácidos graxos do óleo de algodão.

Ácido Teor

(%)

MM

(g/mol) Contribuição

(1) 3

fragmentos

do ácido(2)

Ttriacilglicerol(3)

Láurico 0,04 200,32 0,07 0,22 0,25

Mirístico 0,76 228,37 1,74 5,21 5,91

Palmítico 23,99 256,42 61,52 184,55 206,62

Palmitoleico 0,49 254,41 1,25 3,74 4,19

Esteárico 2,95 284,48 8,40 25,21 27,93

Oléico 14,45 282,46 40,82 122,45 135,74

Linoléico 56,62 280,45 158,79 476,38 528,47

Linolênico 0,20 278,43 0,57 1,70 1,89

Araquídico 0,27 312,53 0,86 2,57 2,82

Beénico 0,13 340,58 0,45 1,35 1,47

Lignocérico 0,09 368,63 0,32 0,95 1,03

(1) Contribuição para a massa molecular = Teor × (MM do ácido).

(2) Contribuição × 3.

(3) 3 fragmentos de ácido + (1 fragmento do glicerol × Teor).

Fonte: (CARVALHO, 2009).

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Materiais e Métodos

Capítulo 3

Materiais e Métodos

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Materiais e Métodos 52

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3. Materiais e Métodos

3.1 - Materiais

O óleo utilizado para realizar os experimentos foi o óleo de algodão refinado,

obtido diretamente na empresa Icofort Agroindustrial LTDA (Brasil). Também foi

utilizado acetato de metila (99,5 % de pureza), metóxido de potássio metanólico (25 %

em massa), ácido fosfórico (ORTO), n-heptano (grau cromatografia), heptadecanoato de

metila e padrões de ésteres (grau cromatografia), todos obtidos através da empresa

Sigma, USA.

3.2 - Aparato e metodologia experimental

A Figura 3.1 ilustra o aparato experimental utilizado para as reações de

interesterificação, onde um reator cilíndrico de 150 mL (4 cm de diâmetro e 5 cm de

altura) foi equipado com um condensador de refluxo (para evitar a perda do acetato de

metila), um termopar, um banho termostático (TE-184 – Tecnal, Brasil) e um ultrassom

com ponteira (VCX 600 Sonics & Materials, USA) para promover a emulsificação da

solução.

Os experimentos foram realizados conforme a metodologia utilizada por outros

autores (Casas et al., 2013; Maddikeri et al., 2013), onde o reator foi operado em

batelada, sendo alimentado com 100 g de mistura reacional, composta de óleo de

algodão e acetato de metila em proporções descritas no planejamento experimental. A

solução foi aquecida até a temperatura desejada (50 °C) e após a sua estabilização, o

catalisador (metóxido de potássio metanólico) foi inserido no reator, sendo este o ponto

zero da reação. Após 30 minutos de reação, uma amostra de 10 mL da solução foi

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coletada e imediatamente adicionada à alíquota uma solução equimolar de ácido

fosfórico, que teve o objetivo de paralisar a reação.

Figura 3.1 – Aparato experimental. 1. Haste. 2. Condensador. 3. Gerador de ondas

ultrassônicas. 4. Ponteira do ultrassom. 5. Reator. 6. Controlador de temperatura.

Após o tratamento com ácido fosfórico, a amostra foi lavada com 10 mL de água

destilada e depois centrifugada (Centrífiga CT-4000, CIENTEC) para remover os sais

de fosfato de potássio formados. Em seguida, foi colocada em estufa (MA 035 Marconi,

Brasil) a 40 °C por 24 h para remoção do acetato de metila e os resquícios de água. As

amostras foram armazenadas sobre refrigeração em temperaturas inferiores a 15 °C até

posterior análise cromatográfica. Um fluxograma ilustrativo do processo está

apresentado na Figura 3.2.

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Figura 3.2 – Fluxograma do processo.

3.3 - Planejamento experimental

A utilização da metodologia de superfície de resposta juntamente com técnicas

estatísticas, podem ser utilizadas para o estudo de processos complexos, sendo estas

técnicas utilizadas neste trabalho para avaliar a importância das variáveis

independentes. O estudo estatístico é importante para se ter uma melhor compreensão

do processo, diminuindo a quantidade de matéria prima e do investimento de capital

(Oasmaa et al., 2009). Portanto, utilizou-se um planejamento composto central

expandido (estrela) para otimizar as condições experimentais da reação de

interesterificação do óleo de algodão. Os parâmetros avaliados foram à razão molar do

óleo/acetato, percentagem mássica do catalisador em relação ao óleo, percentagem da

amplitude do ultrassom e a percentagem do pulso de vibração com ciclo de 1 segundo.

As faixas de variação e seus valores codificados estão ilustrados na Tabela 3.1.

Inserção dos reagentes

Estabilização da

temperatura

Inserção do catalisador

30 minutos de reação

Coleta da amostra

Neutralização do catalisador

Lavargem e centrifugação

Secagem na estufa

Refrigeração e análise

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Tabela 3.1 – Valores reais e codificados das variáveis em estudo.

Variável Símbolo Valores Codificados

-2 (-α) -1 0 1 +2 (+α)

Razão Molar

Óleo/Acetato (mol/mol) A 1:8 1:12 1:16 1:20 1:24

Percentagem de

Catalisador (% massa) B 0,1 0,4 0,7 1,0 1,3

Amplitude do Ultrassom

(%) C 30 45 60 75 90

Pulso de Vibração (%) D 50 60 70 80 90

Baseado em trabalhos anteriores (Maddikeri et al., 2013; Mostafaei et al., 2015a),

a temperatura foi fixada em 50 °C, tempo de reação de 30 minutos e o diâmetro do bico

ultrassônico em 28 mm. As demais variáveis utilizadas no estudo e ilustradas na Tabela

3.1 foram definidas com base nos trabalhos de Maddikeri et al. (2013) e Mostafaei et al.

(2015a). Maddikeri et al. (2013) (mencionado no subitem 2.5.3) que realizaram um

estudo da interesterificação com o óleo de cozinha residual, catalisada por metóxido de

potássio metanólico, na presença de ondas ultrassônicas, variaram a razão molar

óleo/acetato de 1:4 até 1:14, a concentração de catalisador de 0,5 até 1,25 %, a

amplitude do ultrassom de 40 até 70 % e verificaram uma melhor conversão da reação

com 1 % de catalisador, razão molar de 1:12 e amplitude do ultrassom de 60 %. Já

Mostafaei et al. (2015a) (mencionado no subitem 2.8.1) estudaram a transesterificação

do óleo de cozinha residual com metanol, catalisada com hidróxido de sódio, na

presença de ondas ultrassônicas. Estes variaram a amplitude do ultrassom e o pulso de

vibração (com ciclo de 1 s) de 20 até 100 % e verificaram uma melhor conversão da

reação com a amplitude do ultrassom de 56 % e pulso de vibração de 62 %.

Foi utilizado o software Statistica 8.0 para prever o modelo que decreve a

influência de cada parâmetro na conversão dos triglicerídeos a ésteres, assim como suas

variáveis otimizadas.

Na Tabela 3.2 está inserida a matriz do planejamento composto central estrela

com 4 níveis de variáveis. Os 16 primeiros experimentos correspondem a variação dos 4

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níveis de variáveis (24 = 16), do 17° ao 20° correspondem as repetições no ponto central

e os 8 últimos correspondem a expansão estrela.

Tabela 3.2 – Matriz do planejamento experimental.

Experimento A B C D

1 1:12 0,4 45 60

2 1:20 0,4 45 60

3 1:12 1,0 45 60

4 1:20 1,0 45 60

5 1:12 0,4 75 60

6 1:20 0,4 75 60

7 1:12 1,0 75 60

8 1:20 1,0 75 60

9 1:12 0,4 45 80

10 1:20 0,4 45 80

11 1:12 1,0 45 80

12 1:20 1,0 45 80

13 1:12 0,4 75 80

14 1:20 0,4 75 80

15 1:12 1,0 75 80

16 1:20 1,0 75 80

17 1:16 0,7 60 70

18 1:16 0,7 60 70

19 1:16 0,7 60 70

20 1:16 0,7 60 70

21 1:8 0,7 60 70

22 1:16 0,1 60 70

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Tabela 3.2 – Matriz do planejamento experimental. (Continuação).

Experimento A B C D

23 1:16 0,7 30 70

24 1:16 0,7 60 50

25 1:24 0,7 60 70

26 1:16 1,3 60 70

27 1:16 0,7 90 70

28 1:16 0,7 60 90

3.4 - Método analítico

O cálculo da conversão de triglicerídeos na reação foi determinado através da

análise por cromatografia gasosa dos teores de ésteres na mistura reacional, como

realizado por outros autores (Jesus et al., 2013; Trentin et al., 2011; Yin et al., 2008). O

cromatógrafo da marca Shimadzu (modelo 2010) foi equipado com um detector de

ionização de chama DIC, coluna capilar (30 m x 0,25 mm de diâmetro interno) DB

waxetr carbowax, da marca J & W Scientific (USA). A temperatura da coluna foi

mantida a 170 °C por 1 min e elevada para 210 °C a uma taxa de 10 °C min-1

, em

seguida, numa taxa de 5 °C min-1

foi elevada até 230 °C mantendo-se a esta temperatura

por 30 min. As análises foram realizadas com o injetor e o detector a temperatura de

230 °C.

O método cromatográfico utilizado para a quantificação dos ésteres de ácidos

graxos está em conformidade com a norma EN 14 103 (2001). O cálculo do percentual

de ésteres metílicos da amostra foi obtido através da Equação (1):

( ) (

) (1)

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em que:

𝛴A = Somatório das áreas correspondentes aos picos dos ésteres (C14:0 à C24:0) e

do padrão interno (C17:0);

API = Área do padrão interno (C17:0 – Heptadecanoato de metila);

CPI = Concentração do padrão interno na amostra injetada (mg/L);

Camostra = Concentração da amostra injetada (mg/L).

Após a preparação das amostras para análise, o procedimento seguiu os seguintes

passos citados na literatura (Silva, 2009):

Preparou-se uma solução de padrão interno com heptadecanoato de metila

(C17:0) na concentração de 5000 mg/L;

Pesou-se aproximadamente 100 mg de amostra em balão de 10 mL, e

completou-se o volume com n-heptano;

Transferiu-se uma alíquota de 200 µL para um balão de 1 mL e

adicionou-se 50 µL da solução do padrão interno (C17:0), em seguida o

volume do balão foi completado com n-heptano;

Por fim, a alíquota foi transferida para um frasco âmbar e injetada no

cromatógrafo.

Utilizando cromatografia gasosa, pôde-se identificar os compostos através da

injeção de padrões autênticos dos ésteres majoritários e pela determinação do tempo de

retenção de cada composto.

A Tabela 2.1 apresenta a composição química do óleo de algodão apresentada por

Carvalho (2009). Através da análise dos percentuais dos ácidos graxos presentes no óleo

de algodão, encontra-se um peso molecular médio do óleo de 916,33 g/mol,

correspondente ao somatório dos Ttriacilglicerol, e 306,78 para seus ésteres metílicos.

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Através do cálculo do rendimento de ésteres da reação, calculou-se a conversão de

triglicerídeos, conforme descrito na metodologia de Silva (2009).

3.5 - Experimentos com agitação mecânica

Utilizando as condições otimizadas obtidas através do planejamento experimental

(razão molar de 1:14,87; concentração de catalisador de 1,17 %; 68 % de amplitude do

bico ultrassônico e; 70 % de pulso de vibração) e temperatura de 50 °C, foram

realizados experimentos utilizando agitação mecânica para comparar o desempenho da

reação com a utilização da abordagem com ultrassom, com o objetivo de estudar e

verificar a influência da cavitação na produção de ésteres metílicos assistida por

ultrassom. Alíquotas de 2 mL foram retiradas nos tempos 1, 2, 4, 6, 8, 10, 20 e 30

minutos. As amostras foram tratadas e analisadas de forma similar a mencionada nos

itens 3.2 e 3.4.

3.6 - Estudo cinético da reação

O estudo cinético da reação foi realizado utilizando as condições otimizadas

obtidas através do planejamento experimental (razão molar de 1:14,87; concentração de

catalisador de 1,17 %; 68 % de amplitude do bico ultrassônico e 70 % de pulso de

vibração) e temperaturas de 30, 40 e 50 °C. Alíquotas de 2 mL foram retiradas nos

tempos 1, 2, 4, 6, 8, 10, 20 e 30 minutos. As amostras foram tratadas e analisadas de

forma similar a mencionada nos itens 3.2 e 3.4.

A reação de interesterificação é de natureza reversível, em que 1 molécula de

triglicerídeo reage com três moléculas de acetato, conforme já ilustrado na Figura 2.5. A

quantidade de acetato utilizada nos experimentos foi bem superior à estequiométrica, e

por isso, sua concentração pode ser considerada como invariável. A utilização de altas

concentrações de acetato desloca o equilíbrio para a direção dos produtos, resultando na

consideração da irreversibilidade da reação. Vários autores consideram a

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interesterificação com sendo uma reação de segunda ordem (Maddikeri et al., 2013;

Narváez et al., 2007), de forma que a equação da velocidade da reação pode ser

expressa pela Equação (2):

(2)

em que,

já CTG é a concentração molar (mol L-1

) dos triglicerídeos, CAC é a concentração molar

(mol L-1

) de acetato, t é o tempo da reação (min), k’ é a constante de velocidade da

reação (L mol-1

min-1

) e o rTG é a taxa de reação dos triglicerídeos. Integrando a

Equação (2) obtêm-se a Equação (3):

(3)

em que, é a concentração molar (L mol

-1) de triglicerídeos no início da reação

(t=0). A concentração de triglicerídeos pode ser calculada em qualquer instante a partir

da conversão da reação. Plotando-se um gráfico de 1/CTG versus t encontra-se a

constante da velocidade da reação a partir do coeficiente angular.

Para se determinar a energia de ativação da reação (Ea) utilizou-se a equação de

Arrhenius, Equação (4):

*

+ (4)

em que, T representa a temperatura (K), R é a constante universal dos gases [J/(mol K)]

e k0 é o fator de frequência pré-exponencial. Rearranjando a Equação (4), têm-se:

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Materiais e Métodos 61

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( )

( ) (5)

Plotando-se um gráfico de ln (k’) versus 1/T encontra-se a energia de ativação da

reação e o fator de frequência pré-exponencial.

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Capítulo 4

Resultados e Discussões

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Resultados e Discussões 63

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

4. Resultados e discussões

4.1 - Planejamento experimental - experimentos

A Tabela 4.1 apresenta os resultados dos experimentos realizados utilizando o

planejamento experimental estrela. Foram realizados 28 experimentos, onde estão

apresentados as condições experimentais e os resultados obtidos em relação à conversão

de triglicerídeos nas diversas condições experimentais utilizadas.

Tabela 4.1 – Matriz do planejamento experimental com resultados.

Experimento A B C D Conversão (%)

1 1:12 0,4 45 60 38,91

2 1:20 0,4 45 60 34,32

3 1:12 1,0 45 60 94,64

4 1:20 1,0 45 60 86,02

5 1:12 0,4 75 60 35,18

6 1:20 0,4 75 60 24,40

7 1:12 1,0 75 60 89,44

8 1:20 1,0 75 60 93,49

9 1:12 0,4 45 80 23,14

10 1:20 0,4 45 80 20,01

11 1:12 1,0 45 80 84,15

12 1:20 1,0 45 80 58,34

13 1:12 0,4 75 80 28,30

14 1:20 0,4 75 80 19,12

15 1:12 1,0 75 80 92,00

16 1:20 1,0 75 80 88,57

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Resultados e Discussões 64

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Tabela 4.1 – Matriz do planejamento experimental com resultados. (Continuação).

Experimento A B C D Conversão (%)

17 1:16 0,7 60 70 79,56

18 1:16 0,7 60 70 79,91

19 1:16 0,7 60 70 85,15

20 1:16 0,7 60 70 93,57

21 1:8 0,7 60 70 66,33

22 1:16 0,1 60 70 4,37

23 1:16 0,7 30 70 60,15

24 1:16 0,7 60 50 74,44

25 1:24 0,7 60 70 26,60

26 1:16 1,3 60 70 92,24

27 1:16 0,7 90 70 66,63

28 1:16 0,7 60 90 63,66

A = razão molar; B = percentagem de catalisador; C = amplitude do ultrassom; D = pulso de vibração.

Analisando a Tabela 4.1, verifica-se que a conversão de triglicerídeos, na reação

de interesterificação assistida por ultrassom, variou de 4,37 % (experimento 22) até

94,64 % (experimento 3), dependendo das condições experimentais utilizadas. Com os

resultados apresentados na matriz do planejamento experimental, pôde se fazer uma

análise estatística do processo e encontrar um ponto ótimo em que as variáveis

proporcionem melhor conversão da reação. As discussões dos resultados destas análises

estão apresentadas nos itens subsequentes.

4.2 - Análise estatística

Com o resultado da conversão dos triglicerídeos obtidos nos experimentos de

produção de ésteres metílicos por interesterificação, pôde-se realizar uma análise

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Resultados e Discussões 65

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estatística utilizando o Statistica 8.0. Os efeitos das variáveis escolhidas para este

processo estão apresentados na Tabela 4.2:

Tabela 4.2 – Efeitos calculados no Statistica 8.0.

Variável Efeitos p-valor

A: Razão Molar (L)(1)

-11,75 0,022

A: Razão Molar (Q)(2)

-19,02 0,006

B: Catalisador (L) 53,25 0,000

B: Catalisador (Q) -18,10 0,007

C: Amplitude (L) 3,66 0,264

C: Amplitude (Q) -10,55 0,029

D: Pulso de Vibração (L) -8,69 0,047

D: Pulso de Vibração (Q) -7,72 0,062

A × B -0,77 0,830

A × C 2,85 0,447

A × D -2,70 0,469

B × C 6,22 0,153

B × D 0,21 0,952

C × D 6,72 0,132

(1) L é a parte linear;

(2) Q é a parte quadrática.

Nesta Tabela 4.2 estão representados os efeitos com contribuições lineares e

quadráticas, assim como os efeitos combinados com duas variáveis. Normalmente,

quando o efeito é positivo significa que a variável ou a combinação de variáveis tem um

incremento positivo na conversão de triglicerídeos, caso o efeito seja negativo, ocorre o

oposto. Porém, quando se trabalha com planejamento estrela cada variável têm dois

coeficientes que resulta em uma análise de sinais mais complexa. É normal encontrar

modelos que apresentam coeficientes de uma mesma variável com sinais opostos,

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Resultados e Discussões 66

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

significando que sua superfície de resposta terá um ponto de vale ou pico. Contudo,

pode se ter variáveis com coeficientes de mesmos sinais e mesmo assim apresentarem

comportamentos idênticos aos com sinais opostos. Isto se deve ao fato dessas variáveis

estarem codificadas. Citando como exemplo o valor da razão molar otimizada (1:14,86)

em que seus coeficientes são ambos negativos (Linear = -11,75; Quadrático = -19,02), e

variando a razão molar em 4 pontos para cima e para baixo, têm-se:

( ) (

) (

)

( ) (

) (

)

( ) (

) (

)

portanto, a razão molar em 1:14,86 incrementa 1,80 % na conversão da reação, já em

1:10,86 e 1:18,86 os incrementos são negativos, mostrando que sua superfície de

resposta têm pelo menos um ponto de pico.

Então, foi desenvolvido um modelo de regressão quadrática utilizando os valores

codificados a partir dos dados estimados. A equação do modelo desenvolvido está

representada na Equação (6).

Conversão = 84,55 – 5,87 A – 9,51 A2 + 26,63 B – 9,05 B

2 + 1,83 C – 5,28 C

2 – 4,35 D

–3,86 D2 – 0,38 AB + 1,43 AC – 1,35 AD + 3,11 BC + 0,11 BD + 3,36 CD (6)

Neste modelo, todos os fatores lineares e quadráticos foram introduzidos, assim

como as interações entre dois termos. O modelo foi ajustado para um limite de

confiança mínimo de 95 % e foi verificado um coeficiente de determinação (R2) de

0,964, indicando que o modelo pode explicar 96,4 % dos valores observados, o que

demonstra um resultado satisfatório. Tal resultado pode ser verificado analisando-se a

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Resultados e Discussões 67

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Figura 4.1, onde pode ser visualizada uma boa correlação entre os valores observados e

os valores preditos pelo modelo.

Figura 4.1 – Valores preditos pelo modelo versus valores observados para a conversão

da interesterificação do óleo de algodão.

A Tabela 4.3 mostra a análise da variância para o modelo quadrático desenvolvido

pelo software (Equação 6).

O valor da razão MRR/MQr (Fcalc = 26,48) foi maior que o F14,13 (Ftabelado = 2,55),

significando que o modelo é estatisticamente significativo. Já a razão entre o Fcalc e o

Ftabelado foi igual a 10,39, fato este que garante que o modelo serve para fazer previsões,

pois se a razão Fcalc/Ftabelado for maior que 1 significa que o modelo é significativo, já se

a razão Fcalc/Ftabelado for maior que 10 o modelo é significativo e preditivo (Barros Neto

et al., 2001).

Val

ore

s P

red

ito

s

Valores Observados

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Resultados e Discussões 68

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Tabela 4.3 – Análise da variância (ANOVA) no modelo quadrático.

Fonte Soma dos

Quadrados

Grau de

Liberdade

Média

Quadrática Fcalc

(1) Fx,y

(2)

Regressão 23935,79 14 (MQR) 1709,70 26,48 2,55

Resíduo 839,20 13 (MQr) 64,55

Falta de ajuste 711,05 10 (MQfaj) 71,11 1,66 8,79

Erro Puro 128,15 3 (MQep) 42,72

Total 24774,99 27

(1) = F calculado pela divisão MQR/MQr e MQfaj/MQep.

(2) = F tabelado com graus de liberdade x e y e 95 % de confiança.

Outro teste de verificação da capacidade do modelo prevê resultados segundo

Barros Neto et al. (2001), é a razão Fcalc/Ftabelado relacionada à falta de ajuste, que

determina se a razão for menor do que 1 o modelo é preditivo. No presente trabalho,

como o Fcalc = 1,66 e o Ftabelado = 8,79, temos que a referida razão foi igual a 0,19. Este

fato mostra a capacidade do modelo em prever resultados, pois a falta de ajuste não é

significativa. Portando, segundo os dois testes utilizados, o modelo é significativo e

preditivo.

Na Figura 4.2 é apresentado um gráfico correspondente aos valores residuais

versus valores observados nas reações de interesterificação do óleo de algodão.

É possível perceber na Figura 4.2, que os resíduos se distribuem de forma

aleatória e proporcional, onde quantidades equivalentes de pontos estão com resíduos

positivos e negativos. Esses resíduos deixados pelo modelo se devem aos erros

aleatórios, que podem ser atribuídos à imprecisão de medidas realizadas durante o

experimento e a pequenas variações do sistema durante o processo da reação de

interesterificação do óleo de algodão na presença de ondas ultrassônicas. Percebe-se

também que os resíduos são consideráveis (chegando a 10 %), porém, o modelo gerado

computacionalmente tem uma baixa falta de ajuste, fato este determinante para a

predição de experimentos.

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Resultados e Discussões 69

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Figura 4.2 – Valores residuais versus valores observados para a conversão da

interesterificação do óleo de algodão.

4.3 - Efeito das variáveis do processo

Para analisar o efeito das superfícies de resposta em 3D das variáveis do processo

da produção de ésteres metílicos do óleo de algodão por interesterificação, na presença

de ondas ultrassônicas, foram fixadas algumas variáveis em condições ótimas. As

variáveis de interesse, no presente trabalho, foram utilizadas de acordo com o intervalo

experimental. As superfícies de resposta dos efeitos das variáveis estão apresentadas na

Figura 4.3 (a-f).

Através da análise dos resultados apresentados nas superfícies de respostas em 3D

(Figura 4.3), é feito uma discussão, nos subitens subsequentes, dos efeitos das variáveis

no processo de produção de ésteres metílicos pela interesterificação do óleo de algodão

assistida por ultrassom.

Valores Observados

Res

idu

ais

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Resultados e Discussões 70

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Figura 4.3 (a-f) – Superfícies de respostas em 3D que representam o efeito das variáveis

do processo de produção de ésteres metílicos.

Co

nver

são

(%

)

Co

nver

são

(%

)

Co

nver

são

(%

)

Co

nver

são

(%

)

Co

nver

são

(%

)

Co

nver

são

(%

)

a) b)

c)

f) e)

d)

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Resultados e Discussões 71

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

4.3.1 - Efeito da razão molar

Na interesterificação, um mol de triglicerídeos reage com três mols de acetato de

metila, implicando em uma proporção molar de 1:3. Como esta é uma reação reversível,

geralmente se utiliza uma proporção molar maior que a estequiométrica para deslocar o

equilíbrio na direção dos produtos, diminuindo o efeito da reação reversível. Variou-se a

razão molar de 1:8 até 1:24 e os resultados das superfícies de respostas estão

apresentados na Figura 4.3 (a,b,f). Verificou-se que o aumento da razão molar de 1:8 até

1:14,87 resultou num aumento da conversão da reação, isto se devendo ao fato desse

aumento favorecer a reação direta. Também foi observado que um aumento adicional da

razão molar de 1:14,87 em diante, não foi adquirido nenhum aumento significativo na

conversão da reação, e estes resultados podem ser atribuídos ao fato de que, quando a

conversão ótima é alcançada, o excesso de produtos desloca a reação para o sentido

reverso (Tan et al., 2011). Além disto, o aumento excessivo da razão molar ocasiona

uma dificuldade do solvente de se dispersar na fase do óleo. Como resultado, a área

interfacial entre as fases dos reagentes diminui e o mesmo acontece com a velocidade da

reação (Kalva et al., 2009). Tendências semelhantes também foram relatadas por

Maddikeri et al. (2013), que trabalharam com a interesterificação do óleo de cozinha

residual com ultrassom, onde o acréscimo na razão molar de 1:12 para 1:14 não resultou

em aumento significativo no rendimento da reação.

Analisando o diagrama de Pareto (apresentado na Figura 4.4), observa-se que a

razão molar é uma variável muito importante no processo, em que a sua variação

influencia diretamente a conversão da reação. A sua significância na equação do modelo

composto pelo software computacional é apresentada tanto na variável linear quanto na

quadrática.

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Resultados e Discussões 72

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Figura 4.4 – Diagrama de Pareto.

4.3.2 - Efeito da concentração do catalisador

A concentração do metóxido de potássio metanólico na reação de

interesterificação foi investigada no intervalo de 0,1 a 1,3 %, em relação à massa de

óleo. Os resultados estão apresentados na Figura 4.3 (b,d,e). Verificou-se que o aumento

na concentração do catalisador de 0,1 até 1,17 % aumentou a conversão da reação, pois

baixas concentrações de metóxido de potássio resultam na conversão incompleta dos

triglicerídeos em ésteres metílicos, correspondente ao biodiesel (Maddikeri et al., 2013).

Em contrapartida, um aumento adicional a 1,17 % na concentração de catalisador, não

resultou em um aumento significativo na conversão de triglicerídeos. Maddikeri et al.

(2013) relataram tendências similares na reação de interesterificação do óleo de cozinha

residual, onde o acréscimo na concentração de catalisador de 1 para 1,25 % não resultou

no aumento do rendimento da reação. Já Casas et al. (2011a), que trabalharam na reação

de interesterificação do óleo de girassol refinado com metóxido de potássio, otimizaram

a percentagem de catalisador em 1 % com relação a massa do óleo. Como observado,

uma baixa quantidade de catalisador pode resultar em baixas percentagens de conversão

da reação. No entanto, concentrações de catalisador muito elevadas podem causar

B: Catalisador (L)

B: Catalisador (Q)

A: Razão Molar (Q)

A: Razão Molar (L)

C: Amplitude (Q)

C: Amplitude (L)

D: Pulso (L)

D: Pulso (Q)

C vs D

B vs C

A vs C

A vs D

A vs B

B vs D

L é a parte linear

Q é a parte quadrática

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Resultados e Discussões 73

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

resistência à transferência de massa, o que faz com que a velocidade da reação diminua,

consequentemente, a conversão percentual de ésteres metílicos diminui (El-Gendy et

al., 2015). Outros autores relataram que na produção de ésteres metílicos por

transesterificação, o excesso de catalisador dá origem à formação de emulsão, que leva

a formação de géis e uma diminuição na percentagem do teor de éster na mistura final

(Suppalakpanya et al., 2010).

O diagrama de Pareto (Figura 4.4) mostra que a concentração de catalisador é a

variável do processo em estudo mais significativa, onde tanto a parte linear quanto a

quadrática estão entre as variáveis que mais influenciam na conversão da reação. Este

resultado também pode ser verificado na Figura 4.3 (b,d,e), onde a conversão da reação

é majoritariamente influenciado pela concentração do catalisador.

4.3.3 - Efeito da amplitude do ultrassom

A percentagem da amplitude do bico ultrassônico determina a quantidade de

energia que irá ser fornecida ao sistema, decidindo a extensão da atividade de cavitação

no reator, influenciando na conversão final da produção de ésteres metílicos nas reações

de interesterificação. O efeito da percentagem da amplitude do bico ultrassônico foi

variada de 30 a 90 %, que corresponde ao intervalo de 180 a 540 W, respectivamente.

Os resultados das superfícies de resposta estão apresentado na Figura 4.3 (a,c,e), onde

se percebe um aumento na conversão da reação com o aumento da amplitude até uma

percentagem de 67,64 % (405,84 W). Com um aumento adicional a esta percentagem,

não foi observado um aumento na conversão. O aumento da conversão da reação com o

aumento da amplitude do ultrassom pode ser atribuído aos efeitos cavitacionais. Um

grau mais elevado desses efeitos assegura a mistura uma emulsificação entre camadas,

ou seja, resulta em maior contato entre as moléculas reagentes. Para percentagens de

amplitudes adicionais a percentagem ótima, efeitos cavitacionais podem resultar em

amortecimento do colapso da cavidade, resultando numa diminuição da transferência de

energia para o sistema, dando menor atividade cavitacional e, consequentemente, menor

conversão da reação (Maddikeri et al., 2013). Maddikeri et al. (2013) relataram

tendências similares aos obtidos no presente trabalho. Eles utilizaram a percentagem da

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Resultados e Discussões 74

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

amplitude do bico ultrassônico com 40, 50, 60 e 70 % correspondendo a 300, 375, 450 e

525 W, respectivamente, e encontraram a condição ótima de 450 W.

Analisando o diagrama de Pareto (Figura 4.4) observa-se que a amplitude do bico

ultrassônico é menos significativo do que a razão molar e a concentração de catalisador.

Porém, com a análise da Figura 4.3 (a,c,e), verifica-se que a conversão da reação é

influenciada de forma considerável pela amplitude.

4.3.4 - Efeito do Pulso de Vibração do Ultrassom

O pulso de vibração do ultrassom determina o tempo de emissão de ondas

ultrassônicas em um determinado ciclo. Nos experimentos foram utilizados ciclos de 1

segundo e percentagem de pulso de 50, 60, 70, 80 e 90 %, ou seja, quando o

experimento utilizava 60 % de pulso o ultrassom emitia ondas durante 0,6 segundos e

0,4 segundos ficava em repouso. O pulso de vibração é um fator importante, pois com

ele pode-se economizar energia no processo. A superfície de resposta referente ao pulso

de vibração está apresentada na Figura 4.3 (c,d,f), onde se observa que há um aumento

da conversão da reação com o aumento do pulso de vibração até o valor de 67,30 %.

Um aumento adicional do pulso não resulta em um aumento significativo na conversão.

Mostafaei et al. (2015a) realizaram um estudo da produção de biodiesel por

transesterificação a partir de óleo de cozinha residual na presença de ondas

ultrassônicas, variando o pulso de vibração do ultrassom de 20 a 100 % e verificaram

uma condição ótima com 62 % de pulso.

O diagrama Pareto (Figura 4.4) mostra que a percentagem do pulso de vibração é

uma variável menos significativa do que a razão molar e a concentração de catalisador.

Este fato também pode ser verificado analisando a Figura 4.3 (d), onde o rendimento da

reação é majoritariamente influenciado pela concentração de catalisador. No entanto, a

Figura 4.3 (c) mostra que o pulso de vibração tem sua significância assegurada quando

comparada com variáveis menos significativas que a concentração de catalisador, caso

da amplitude.

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Resultados e Discussões 75

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

4.4 - Otimização do Processo

As condições reacionais ótimas foram calculadas através do modelo de

planejamento experimental estrela apresentado na Tabela 3.1 e com a ajuda do software

computacional Statistica 8.0. A razão molar foi otimizada em 1:14,87, a concentração

de catalisador em 1,17 %, a amplitude do bico ultrassônico em 67,64 % e o pulso de

vibração em 67,30 %. Por limitações operacionais, a amplitude do bico e o pulso de

vibração foram arredondados para 68 e 70 %, respectivamente. Nestas condições, o

modelo representado pela Equação (6) prevê que a conversão da reação seja de 100 %.

Foram realizados três experimentos nas condições ótimas e os resultados estão

apresentados na Tabela 4.4. Com uma média de conversão igual a 98,12 %, este

resultado está bem adaptado às previsões do modelo que tem 95 % de confiabilidade.

Tabela 4.4 – Experimentos nas condições ótimas do modelo. [Condições da reação:

razão molar de 1:14,87; concentração de catalisador de 1,17 %; 68 % de amplitude do

bico ultrassônico; 70 % de pulso de vibração e; temperatura de 50 °C]

Experimento A B C D Conversão (%) Média

1 14,87 1,17 68,00 70,00 97,29

2 14,87 1,17 68,00 70,00 100,00 98,12

3 14,87 1,17 68,00 70,00 97,07

A = razão molar; B = percentagem de catalisador; C = amplitude do ultrassom; D = pulso de vibração.

A conversão obtida na reação de interesterificação nas condições ótimas do

processo (superior a 98 %) é bastante satisfatória em comparação aos trabalhos

relatados na literatura. Maddikeri et al. (2013), conseguiram rendimento de 90 % de

ésteres utilizando óleo de cozinha residual com proporção molar de 1:12, temperatura

de 40 °C, 1 % de catalisador e amplitude do bico ultrassônico de 60 %, condições estas

próximas à otimizada no processo. Casas et al. (2013), relataram rendimento de 77 % de

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Resultados e Discussões 76

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

ésteres na reação de interesterificação do óleo de girassol com uma abordagem

convencional utilizando 0,1 % de catalisador, temperatura de 50 °C e razão molar de

1:48. Como as ondas ultrassônicas se propagam no meio sob a forma de onda

longitudinal com uma série de compressões de expansões, este movimento oscilatório

da origem a uma intensa “micro mistura” capaz de produzir emulsão mais forte que a

produzida através da agitação mecânica, o que aumenta significativamente a conversão

de triglicerídeos (Choudhury et al., 2014; Mostafaei et al., 2015a).

4.5 - Estudo cinético da reação

Para a realização do estudo cinético, os experimentos foram realizados nas

condições otimizadas pelo modelo do processo. A Figura 4.5 mostra a conversão dos

triglicerídeos na reação em diferentes temperaturas.

Figura 4.5 – Curva cinética da reação sob várias temperaturas. [razão molar 1:14,87;

concentração de catalisador 1,17 %; 68 % de amplitude do bico ultrassônico e; 70 % de

pulso de vibração]

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32

Co

nve

rsão

(%

)

Tempo (min)

30°C

40°C

50°C

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Resultados e Discussões 77

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

A reação de interesterificação é uma reação rápida, onde se consegue conversões

de 50 % em apenas 1 minuto. Através da análise do acompanhamento da reação

apresentada na Figura 4.5, percebe-se que pelo menos 90 % da conversão dos

triglicerídeos acontece nos primeiros 10 min, comprovando a alta velocidade da reação.

Como esperado, a temperatura influenciou na conversão final da reação, pois para que a

reação ocorra é preciso que a energia de ativação seja superada, e o aumento da

temperatura aumenta o grau de agitação das moléculas, ocasionando maiores

conversões em temperaturas superiores.

Os dados apresentados na Figura 4.5 foram ajustados utilizando o modelo

cinético de 2ª ordem, apresentado na Equação (2), para determinar as constantes de

velocidade da reação em diferentes temperaturas. A consideração de irreversibilidade da

reação foi favorecida com o excesso de acetato de metila que induz a uma baixa

concentração de triglicerídeos quando se atinge o equilíbrio do meio reacional,

semelhante a uma reação irreversível (Maddikeri et al., 2013). A Figura 4.6 mostra os

dados referentes ao ajuste do comportamento de uma reação de segunda ordem, em

diferentes temperaturas reacionais: 30 °C, 40 °C e 50 °C.

Figura 4.6 – Ajuste do modelo da reação de 2ª ordem para encontrar as constantes de

velocidade da reação.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 5 10 15 20 25 30 35

1/C

TG

Tempo (min)

30°C

40°C

50°C

1/C

TGo

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Resultados e Discussões 78

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

De acordo com a Equação (3), o coeficiente angular de cada reta da Figura 4.6

representa a constante de velocidade da reação em determinada temperatura. Estas

constantes e os respectivos coeficientes de correlação estão inseridos na Tabela 4.5. Os

valores dos coeficientes de correlação indicam que o experimento a 50 °C resultou em

um melhor ajuste do modelo. Porém, os experimentos realizados nas diferentes

temperaturas atingiram coeficientes de correlação satisfatórios, indicando uma boa

concordância à suposição que a reação de interesterificação é uma reação de segunda

ordem.

Tabela 4.5 – Constante de velocidade da reação e energia de ativação.

T (°C) k’ (L mol-1

min-1

) R2

Ea (kJ mol-1

)

30 0,3038 0,9077

79,13 40 0,7966 0,9794

50 2,1244 0,9957

A Figura 4.7 apresenta o comportamento da constante de velocidade da reação em

função da temperatura. Conforme a Equação (5), o coeficiente angular desta reta (Figura

4.7) representa a razão entre a energia de ativação e a constante universal dos gases (-

Ea/R), já o coeficiente linear representa o logaritmo neperiano do fator de frequência

pré-exponencial. Portanto, o valor da energia de ativação obtido foi de 79,13 kJ mol-1

e

o fator de frequência verificou-se ser 1,32 x 1013

L mol-1

min-1

. O valor da energia de

ativação encontrado na reação de interesterificação com ultrassom está próximo ao

relatado na literatura por Maddikeri et al. (2013) que foi 58,170 kJ mol-1

, onde os

autores realizaram um estudo cinético da reação de 2ª ordem da interesterificação do

óleo de cozinha residual com ultrassom. Campanelli et al. (2010) realizaram um estudo

da síntese de ésteres metílicos supercrítico através da interesterificação de vários óleos

comestíveis e não comestíveis e identificou que a energia de ativação depende da

natureza dos óleos vegetais.

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Resultados e Discussões 79

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Figura 4.7 – Linearização das constantes de velocidade da reação para estimar a energia

de ativação.

Por fim, a equação da velocidade da reação resultante para a reação de

interesterificação do óleo de algodão na presença de ondas ultrassônicas é dada pela

Equação (7).

( ) *

+

(7)

4.6 - Comparação do ultrassom com o método convencional

A Figura 4.8 apresenta o estudo comparativo entre os experimentos realizados

com a técnica convencional (agitação mecânica) e a técnica com ultrassom. As

condições experimentais (condições otimizadas) adotadas foram às obtidas através da

análise estatística.

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1

0,00305 0,0031 0,00315 0,0032 0,00325 0,0033 0,00335

ln(K

)

1/T

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Resultados e Discussões 80

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Figura 4.8 – Estudo comparativo da produção de ésteres metílicos com ultrassom e

agitação mecânica. [Condições da reação: temperatura de 50°C; razão molar de 1:14,87;

concentração de catalisador de 1,17 %; 68 % de amplitude do bico ultrassônico e; 70 %

de pulso de vibração]

Analisando a Figura 4.8, percebe-se que a conversão da reação de

interesterificação utilizando ultrassom (98 %) é mais elevada do que a produção de

ésteres metílicos pela técnica com agitação mecânica (84 %), pois a utilização de

ultrassom resultou em um aumento na conversão de 13 %. Relatos na literatura também

mostram tendências similares. Maddikeri et al. (2013) trabalharam na interesterificação

do óleo de cozinha residual com ultrassom e com uma abordagem convencional.

Utilizando razão molar de 1:12, concentração de catalisador de 1 % em massa e

temperatura de 40 °C, verificaram um rendimento de 90 % com ultrassom e 70 % pelo

método convencional. Subhedar et al. (2016) estudaram a síntese de ésteres metílicos a

partir transesterificação enzimática do óleo de girassol pelo método da agitação

convencional e assistida por ultrassom. Os autores realizaram experiências com carga de

enzima de 5 % de massa/volume e temperatura de 40 °C, onde os resultados obtidos

mostraram que o rendimento da reação com ultrassom atingiram 95 % em 4 horas,

enquanto que pelo método convencional o rendimento foi de 60 % após 24 horas. A

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32

Co

nve

rsão

(%

)

Tempo (min)

Ultrassom

Agitação Mecânica

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Resultados e Discussões 81

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

utilização de irradiação ultrassônica proporciona níveis de conversão mais elevada

devido aos efeitos físicos proporcionados pelo fenômeno cavitação. Este fenômeno

proporciona conversões mais elevadas por causa da intensa turbulência local, que gera

uma microcirculação nos líquidos e formação de microemulsão, resultando no aumento

da área interfacial disponível entre as duas fases que participam da reação, concluindo

no aumento da velocidade de reação.

Similarmente ao realizado com os dados obtidos com o acompanhamento da

conversão de triglicerídeos na reação assistida por ultrassom (item 4.5), foi realizado um

estudo cinético com os dados dos experimentos com agitação mecânica, com o objetivo

de verificar se a reação realizada com esta metodologia se ajusta ao modelo de segunda

ordem. A Figura 4.9 mostra os dados referentes ao ajuste do comportamento de uma

reação de segunda ordem.

Figura 4.9 – Ajuste do modelo da reação de 2ª ordem para encontrar a constante de

velocidade da reação com os dados da agitação mecânica.

O ajuste do modelo proporcionou uma constante de velocidade da reação de

0,3664 (L mol-1

min-1

) e um coeficiente de correlação de 0,958. Este valor do

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 5 10 15 20 25 30 35

1/C

TG

Tempo (min)

50 °C

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Resultados e Discussões 82

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

coeficiente de correlação confirma que a reação de interesterificação com agitação

mecânica se ajusta bem para o modelo de 2ª ordem. Os experimentos realizados com

agitação mecânica por Casas et al. (2011a), que trabalharam na reação de

interesterificação do óleo de girassol refinado com metóxido de potássio, também

indicaram que a reação de interesterificação se ajusta bem ao modelo de 2ª ordem.

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Conclusão

Capítulo 5

Conclusão

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Conclusão 84

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

5. Conclusão

A partir dos resultados obtidos neste trabalho, podemos destacar as seguintes

conclusões:

O desempenho do óleo de algodão na produção de ésteres metílicos por

interesterificação foi bastante satisfatório. Pôde-se atingir um grau de conversão

dos triglicerídeos de 98,12 %.

Através de um planejamento experimental e a utilização de superfícies de

respostas, pôde-se fazer um estudo das variáveis que influenciaram o processo e

desenvolver um modelo capaz de realizar uma otimização. O modelo gerado

otimizou a razão molar em 1:14,87, concentração de catalisador em 1,17 %,

amplitude do bico ultrassônico em 67,64 % e pulso de vibração em 67,30 %.

Foi realizada uma análise das condições ótimas obtidas pelo modelo gerado

através do planejamento experimental estrela que previa uma conversão (100 %)

completa de triglicerídeos. A análise dos experimentos mostrou que a conversão

média da reação atingiu 98,12 %, demonstrando que o modelo desenvolvido

prevê de forma satisfatória o desempenho da reação.

O estudo cinético da reação realizado nas temperaturas 30, 40 e 50 °C indicaram

que a reação é de segunda ordem e que a constante de velocidade da reação

cresce com o aumento da temperatura. A maior constante de velocidade da

reação foi verificada a 50 °C com 2,1244 (L mol-1

min-1

) e a energia de ativação

foi quantificada em 79,13 kJ/mol.

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Conclusão 85

Aldo Miro de Medeiros, Julho/2016

Os experimentos realizados nas condições otimizadas com uma metodologia

convencional (agitação mecânica) foram comparados com experimentos

utilizando ultrassom. Com isso, os resultados gerados a partir da utilização de

ondas ultrassônicas são bastante significativos tendo em vista que se conseguiu

um aumento de 13 % na conversão de triglicerídeos com a utilização de ondas

ultrassônicas em comparação com uma metodologia convencional.

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