dissertacao_prp.pdf
TRANSCRIPT
-
PAULO ROGRIO PALO
AVALIAO DA EFICCIA DE MODELOS DE SIMULAO
HIDRULICA NA OBTENO DE INFORMAES PARA
DIAGNSTICO DE PERDAS DE GUA.
So Paulo - SP
2010
-
PAULO ROGRIO PALO
So Paulo - SP
2010
Dissertao apresentada Escola
Politcnica da Universidade de So
Paulo para a obteno do ttulo de
Mestre em Engenharia
AVALIAO DA EFICCIA DE MODELOS DE SIMULAO
HIDRULICA NA OBTENO DE INFORMAES PARA
DIAGNSTICO DE PERDAS DE GUA.
-
PAULO ROGRIO PALO
So Paulo - SP
2010
Orientador:
Prof. Dr. Kamel Zahed Filho
Dissertao apresentada Escola
Politcnica da Universidade de So
Paulo para a obteno do ttulo de
Mestre em Engenharia
AVALIAO DA EFICCIA DE MODELOS DE SIMULAO
HIDRULICA NA OBTENO DE INFORMAES PARA
DIAGNSTICO DE PERDAS DE GUA.
rea de concentrao:
Saneamento
-
Este exemplar foi revisado e alterado em relao verso original, sob
responsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador.
So Paulo, de setembro de 2010.
Assinatura do autor ________________________________________
Assinatura do orientador ____________________________________
FICHA CATALOGRFICA
Palo, Rogrio Paulo
Avaliao da eficcia de modelos de simulao hidrulica na
obteno de informaes para diagnstico de perdas de gua /
P.R. Palo. -- ed.rev. -- So Paulo, 2010.
169 p.
Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica da Universidade
de So Paulo. Departamento de Engenharia Hidrulica e Sanit-
ria.
1. Perdas de gua 2. Distribuio de gua 3. Modelos mate -
mticos I. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica.
Depar-tamento de Engenharia Hidrulica e Sanitria II. t.
-
Dedico este trabalho aos meus pais: Sr. Agostinho Palo (in memoriam) e
Sra. Marina Rodrigues Palo
-
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Milton Tomoyuki Tsutiya (in memoriam), pelos conselhos e
orientaes.
Ao Professor Doutor Kamel Zahed Filho, por dar continuidade orientao deste
trabalho, por sua dedicao, incentivo, anlise cuidadosa, e cujas contribuies
trouxeram melhorias inegveis a este trabalho.
Aos Doutores Jos Rodolfo Scarati Martins e Renato Zambon, pela anlise e valorosas
contribuies a este trabalho em sua fase de qualificao.
Aos Professores do curso de Ps Graduao, em especial ao Professor Doutor
Podalyro Amaral de Souza, pelos ensinamentos transmitidos e apoio ao longo do curso.
Aos funcionrios do Departamento de Engenharia Hidrulica PHD, pela ateno e
colaborao durante todo o curso.
Sabesp, na pessoa do superintende Eng. Francisco Paracampos, e do Departamento
de Engenharia, na pessoa da gerente lide Patella, pela oportunidade de desenvolver
este trabalho. Ao meu gerente Eng. Fbio Denapoli, pela compreenso e apoio durante
todo o trabalho.
Ao Eng. Jos Luiz Lorentz, Eng.Joo Alberto Favero, e Eng Simone Previatelli que me
apoiaram ao inicio deste trabalho.
A amiga Eng Dbora Soares Melato e ao amigo Tecg Genival Abdias Carvalho, pela
ajuda e apoio.
Ao amigo Tecg Maurcio Suzumura, pela ajuda e apoio na realizao dos ensaios de
campo e nas trocas de experincias dirias.
As equipes de tcnicos da Diviso de Controle de Perdas Centro e da Diviso de
-
Cadastro Tcnico Centro, que se empenharam na execuo dos ensaios de campo e
me apoiaram durante todo o trabalho.
Ao Polo de Manuteno Vila Prudente na pessoa do gerente Eng Amarildo Miguel, pelo
apoio nas obras de adequao do distrito de medio e controle.
A minha esposa Mnica Nobuco Shirayama Palo, pelo apoio, pela pacincia e
companheirismo.
Tambm a todos os amigos, colegas e profissionais que contriburam direta ou
indiretamente para a realizao deste trabalho.
-
"As pessoas no so nobres desde o nascimento,
mas se enobrecem atravs de suas aes. As
pessoas no so medocres desde o seu
nascimento, mas tornam-se assim atravs de suas
aes. Se existem alguma diferena entre as
pessoas, ento essa diferena est somente nas
suas realizaes."
Dr. Daisaku Ikeda
-
RESUMO
Atualmente a avaliao das perdas de gua, nos sistemas de distribuio, feita com
base em equaes empricas, que utilizam informaes, agrupadas e totalizadas, de
uma rea. Isto torna necessria sua subdiviso em fraes cada vez menores, na busca
da frao mais crtica. Neste trabalho, apresentada uma avaliao da eficcia do uso
de modelos de simulao hidrulica na obteno das informaes necessrias para a
elaborao de um diagnstico de perdas de gua, com uma metodologia prtica para o
uso de modelos com este objetivo. Apresenta uma classificao dos trechos de rede em
trs categorias A, B e C, que facilita a priorizao dos trechos mais crticos facilitando a
anlise por meio de grficos de pareto e mapas temticos. Demonstra que a adoo da
simulao hidrulica no estudo das causas de perdas de gua, nos sistemas de
abastecimento, uma ferramenta eficaz e permitir s empresas de saneamento, uma
melhoria na gesto operacional, que garante a sustentabilidade da empresa, a
economia dos recursos humanos, econmicos, e principalmente, os hdricos.
Palavras Chave: Perdas de gua, Distribuio de gua, Modelos matemticos,
Algoritmos Genticos, Calibrao de Modelo, Simulao Hidrulica, Ensaio de Campo.
-
ABSTRACT
Currently water losses evaluation in distribution systems, is based on empirical
equations using information, grouped and totaled, covering whole area. Thus, becomes
necessary to subdivide the area into smaller and smaller fractions, searching for the
most critical part. This study presents, the effectiveness evaluation of the hydraulic
simulation models, use to obtain the information necessary in elaboration diagnosis of
water losses, with a practical methodology for using models for this purpose. Shows a
pipe classification in three categories A, B and C, its began possible analyses with
pareto graphics and thematic maps. Demonstrates that hydraulic simulation adoption is
an effective tool in the study of water loss in supply systems. It will allow companies an
operational management improvement, ensuring the sustainability of the business and
economics of human, financial, and especially, water resources.
Keywords: water losses, water distribution, mathematical models, genetic algorithms,
model calibration, hydraulic simulation, experimental test.
-
LISTA DE ILUSTRAES
Figura 4.1- Tap Fonte: Mecaltec ............................................................................ 28
Figura 4.2 - Tipos de vazamentos - Tardelli Filho (2006) .......................................... 28
Figura 4.3 - Componente de Perdas Reais. Fonte: Thornton et al. (2008) adaptada 30
Figura 4.4 - Componentes de Perdas Aparentes Fonte: Thornton et al. (2008)
adaptada ............................................................................................................ 33
Figura 4.5 - Estruturao para definio de aes para reduo de perdas Farley et al.
(2003) adaptada. ................................................................................................ 35
Figura 4.6 - Relao do custo operacional e perdas Fonte: Farley et al. (2003) adaptada
........................................................................................................................... 37
Figura 4.7 NEP para Perda Aparente Fonte: Thornton et al.(2008) adaptada ....... 37
Figura 4.8 - Ciclo "PDCA" Adaptado de Tardelli Filho (2006) ................................. 40
Figura 4.9 - Exemplo dos elementos do modelo hidrulico. (EPANET2, 2009) ........ 47
Figura 4.10 - Uma possvel seqncia de etapas para a utilizao de um aplicativo
simulador hidrulico. (Walski et al., 2003) adaptada. ......................................... 51
Figura 4.11 - Alguns Equipamentos utilizados na coleta de dados ........................... 53
Figura 4.12 - Espaos de codificao e de soluo .................................................. 56
Figura 4.13 - Questes na codificao e decodificao (Ribeiro, 2005) Adaptada ... 56
Figura 4.14 - Ciclo dos AGs Gen e Cheng (1997) apud Ribeiro (2005) .................... 58
Figura 4.15 - Vazo mnima ...................................................................................... 62
Figura 4.16 - Diagrama do Balano Hdrico IWA ....................................................... 64
Figura 4.17 - Exemplo de grfico de Pareto(Silva, 2002) .......................................... 71
Figura 5.1 - Consumo horrio desagregado por pontos de utilizao fonte: (Barreto,
2008) .................................................................................................................. 78
Figura 5.2 - Grfico de fator horrio obtido do estudo de (Barreto, 2008). ................ 80
Figura 5.3 - Agrupamento de demandas nas junes por rea de influncia............ 81
Figura 5.4 - Verificao dos registros ........................................................................ 82
Figura 5.5 - Deteco de vazamentos (geofone eletrnico) ...................................... 82
Figura 5.6 - Conserto de vazamento em ferrule ........................................................ 83
Figura 5.7 - Esquema de nivelamento geomtrico Fonte: (Jelinek, 2010).............. 83
Figura 5.8 - Detalhe do interior do PV ....................................................................... 84
Figura 5.9 - Equipamentos instalados no PV ............................................................ 85
-
Figura 5.10 - Fechamento e lacrao dos registros .................................................. 85
Figura 5.11 - Ponto de medio de presso.............................................................. 86
Figura 5.12 - Esquema do ensaio da rugosidade absoluta ....................................... 87
Figura 5.14 - Esquema do ensaio de FCI e N1 ......................................................... 89
Figura 5.13 - Exemplo de grfico com valores de fcalculados ................................ 88
Figura 5.15 - Grfico de N1 ........................................................................................ 91
Figura 5.16 - Instalao de registrador de presso ................................................... 92
Figura 5.17 Exemplo de grfico com a faixa de probabilidade dos valores ............ 93
Figura 5.18 - Junes inseridas para representar os registradores eletrnicos
WaterGEMS .................................................................................................... 95
Figura 5.19 - Esquema da estratificao da vazo simulada .................................... 97
Figura 5.20 - Esquema do balano de vazes .......................................................... 97
Figura 5.21 - Exemplo da avaliao das presses .................................................. 100
Figura 5.22 - Exemplo de mapa feito no ArcView Verso 3.2. .............................. 102
Figura 6.1 - Localizao geogrfica do DMC Fonte: Google Maps (2009) .............. 103
Figura 6.2 - Altimetria do distrito de medio e controle (DMC) .............................. 104
Figura 6.3 - Amostra da rede existente no DMC material FF e idade de 48 anos 105
Figura 7.1 - Grfico comparativo da vazo medida e simulada ............................... 116
Figura 7.2 - Comparao entre valores horrios medidos e simulados................... 117
Figura 7.3 - Grfico comparativo dos valores L-02 .................................................. 118
Figura 7.4 - Grfico comparativo L-03 ..................................................................... 119
Figura 7.5 - Valores do registrador L03 simulados corrigidos pelo fator k=1,28 ...... 119
Figura 7.7 Grfico de Pareto da porcentagem de perda total por trecho.............. 128
Figura 7.8 Grfico de Pareto da perda total e extenso de rede acumuladas......... 129
Figura 7.9 Grfico de Pareto Perda aparente x Nm. de ligaes acumuladas ...... 129
Figura 7.10 - FCI x Vazamentos .............................................................................. 132
Figura 7.11 - Perda por quilometro (L/km)............................................................... 133
Figura 7.12 -Perda real (L/s) ................................................................................... 134
Figura 7.13 - Perda aparente (L/s). ......................................................................... 135
Figura 7.14 FCI x Vazamentos x Perdas . ............................................................ 136
-
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 - Histrico da calibrao de modelos hidrulicos..................................... 41
Tabela 4.2 - Histrico da calibrao de modelos considerando vazamentos ............ 45
Tabela 4.3 - Elementos comuns em modelagem (Walski et al., 2003) ...................... 47
Tabela 4.4 - Terminologia dos AGs (Ribeiro, 2005) .................................................. 55
Tabela 4.5 - Valores de referncia IWA - (Lambert et al., 1998) Adaptada ............... 66
Tabela 4.6 - Perda real anual inevitvel - (Lambert et al., 1998) Adaptada .............. 67
Tabela 5.1 - Valores do fator horrio obtido de (Barreto, 2008) ................................ 79
Tabela 5.2 - Exemplo de dados trabalhados e calculo de ...................................... 88
Tabela 5.3 Exemplo de dados coletados em campo .............................................. 93
Tabela 5.4 Exemplo de resultado da avaliao da incerteza ................................. 93
Tabela 5.5 - Exemplo de planilha de junes ............................................................ 95
Tabela 5.6 Exemplo da planilha de tubos.................................................................. 96
Tabela 5.7 - Exemplo de tabulao de resultados .................................................... 99
Tabela 6.1 - Dados fornecidos pelo controle sanitrio Fonte:(Sabesp, 2009) ......... 106
Tabela 6.2 - Resumo dos valores mdios e as 12 horas......................................... 110
Tabela 7.2 Trechos com vazamentos comprovados ............................................ 126
Tabela 7.3 - Trechos com vazamentos no comprovados ...................................... 126
-
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABENDE Associao Brasileira de Ensaios No Destrutivos
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
AG (AGs) Algoritmo Gentico (plural)
AWWA American Water Works Association
BABE Bursts and Background Estimates
BH Balano Hdrico
DMC Distrito de Medio e Controle
EPI (EPIs) Equipamento de Proteo Individual (plural)
FAVAD Fixed and Variable Area Discharge
FCI Fator de Condio de Infraestrutura
FND Fator Noite/Dia
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IPDT ndice de Perdas na Distribuio Total
IWA International Water Association
MASP Metodologia de Anlise para a Soluo de Problemas
N1 Coeficiente exponencial da relao vazo/presso
NEP Nvel Econmico de Perdas de gua
NPSH Abreviao em Ingls de Net positive suction head
P Presso mdia de operao
PDCA Sigla em Ingls de Plan, Do, Check and Action
PV Poo de Visita
Q Vazo
RMSP Regio Metropolitana de So Paulo
Sabesp Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo
TAP Nome em ingls para dispositivo que permite tirar gua de um tubo
VMN Vazo Mnima Noturna
VRP Vlvula Redutora de Presso
-
LISTA DE SMBOLOS
Acelerao da gravidade
Balano de vazes na juno do extremo A do trecho considerado
Balano de vazes na juno do extremo B do trecho considerado
1 Coeficiente exponencial da relao vazo/presso
Consumo mnimo vazo mnima noturna
Dimetro interno da tubulao
Espessura da rugosidade interna absoluta da tubulao aps
0 Espessura da rugosidade interna absoluta da tubulao nova
LP Extenso de ramal da testada do imvel at o medidor
L Extenso de rede
Fator de atrito da equao de DarcyWeisbach de perda de carga
Fator de Condio de Infraestrutura
Fator de correo de demanda mdia
Fator de pesquisa
Fator de tempo pressurizado dirio
Fator noite/dia
Incerteza da srie de registros naquele horrio
N Nmero de ligaes no trecho considerado
Nmero de Reynolds
Perda aparente
Perda de carga distribuda
Perda por quilometro
Perda real
Perda real anual inevitvel
Perda total de gua
Perodo de tempo
Potencial hidrogeninico mdio das amostras de gua
mH2O Presso em metros de coluna de gua
Presso mdia
Presso mdia de operao
-
34 Presso mdia entre 3 e 4 horas
0 Presso no instante 0
1 Presso no instante 1
Presso no ponto mdio
Rugosidade absoluta terica
Somatria dos consumos mensais de cada ligao numa juno
Taxa de crescimento da aspereza
Valor mdio horrio
Valor observado
Vazo mdia de perda inerente diria
Vazo de perda inerente para rede, padro IWA
Vazo de perda inerente para ramal, padro IWA
Vazo de perda real inevitvel
Vazo de vazamentos
0 Vazo de vazamentos presso 0
1 Vazo de vazamentos presso 1
Vazo de vazamentos inerentes
Vazo mdia
Vazo mdia de demanda horria numa juno
Vazo mdia de perda real diria
Vazo mdia numa juno
Vazo mnima noturna
Vazo que entra nas junes extremas do trecho considerado
Vazo que sai das junes extremas do trecho considerado
Vazo total consumida no trecho
Vazo total fornecida ao trecho
Vazo total no trecho
Vazes consumidas
-
SUMRIO
1 APRESENTAO .............................................................................................. 20
2 INTRODUO ................................................................................................... 22
3 OBJETIVO ......................................................................................................... 25
3.1 Objetivo geral.................................................................................................. 25
3.2 Objetivos especficos ...................................................................................... 25
4 REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................................... 26
4.1 Perdas de gua .............................................................................................. 26
4.1.1 Causas das perdas de gua ..................................................................... 27
4.1.2 Perdas reais .............................................................................................. 27
4.1.3 Perdas aparentes ...................................................................................... 29
4.2 Aes para combate as perdas reais ............................................................. 29
4.2.1 Gerenciamento de presses ..................................................................... 31
4.2.2 Controle ativo de vazamentos ................................................................... 31
4.2.3 Reparo de vazamentos, melhoria da tcnica e de materiais. .................... 31
4.2.4 Manuteno e reabilitao da infraestrutura. ............................................ 31
4.3 Aes para combate s perdas aparentes ..................................................... 32
4.3.1 Manuteno da macromedio ................................................................. 32
4.3.2 Manuteno da micromedio .................................................................. 34
4.3.3 Gesto comercial ...................................................................................... 34
4.3.4 Elaborao de um programa de controle de perdas ................................. 35
4.4 Modelagem matemtica de sistemas de distribuio de gua ....................... 40
4.4.1 Montagem da topologia da rede no modelo .............................................. 46
4.5 ALGORITIMOS GENTICOS ......................................................................... 54
4.5.1 Funcionamento dos AGs. .......................................................................... 57
4.6 Modelagem matemtica de perdas de gua ................................................... 59
4.6.1 Mtodo Fixed and Variable Area Discharge (FAVAD) ............................ 60
-
4.6.2 Mtodo Vazo mnima noturna (VMN) ...................................................... 61
4.6.3 Mtodo do balano hdrico (BH) ............................................................... 63
4.7 Mtodos de avaliao de volume perdido ...................................................... 65
4.7.1 Perda real inerente.................................................................................... 65
4.7.2 Perda real anual inevitvel ........................................................................ 66
4.7.3 Controle ativo de vazamentos ................................................................... 67
4.8 AVALIAO DOS DADOS DE UMA REA ................................................... 68
4.8.1 MAPAS TEMTICOS................................................................................ 68
4.9 GRFICOS DE PARETO ............................................................................... 70
5 MATERIAIS E MTODOS ................................................................................. 73
5.1 Introduo ....................................................................................................... 73
5.2 Materiais ......................................................................................................... 75
5.2.1 Microcomputadores e aplicativos utilizados .............................................. 75
5.2.2 Construo do modelo no aplicativo de simulao hidrulica ................... 75
5.2.3 Ensaios e medies de campo ................................................................. 76
5.2.4 Tratamento de dados, simulao e anlise. .............................................. 77
5.3 Mtodo ............................................................................................................ 77
5.3.1 Carregamento das demandas ................................................................... 77
5.3.2 Ensaios e medies em campo ................................................................ 81
5.3.3 Tratamento dos dados coletados e determinao das incertezas ............ 92
5.3.4 Calibrao do modelo com uso da ferramenta Darwin Calibrator........... 94
5.3.5 Avaliao de perdas.................................................................................. 96
5.3.6 Anlise da eficcia dos resultados no diagnstico de perdas de gua ..... 98
5.3.7 Mapas temticos ..................................................................................... 100
6 ESTUDO DE CASO APLICAO EM UM DISTRITO DE MEDIO E CONTROLE ........................................................................................................ 103
6.1 CARACTERISTICA GEOGRFICA .............................................................. 103
6.2 CARACTERISTICA FISICA .......................................................................... 104
6.3 CARACTERISTICA OPERACIONAL ............................................................ 106
-
6.4 ENSAIOS DE CAMPO .................................................................................. 107
6.5 SIMULAO HIDRULICA .......................................................................... 111
7 RESULTADOS E DISCUSSES ..................................................................... 112
7.1 AS DIFICULDADES E AS SOLUES ADOTADAS ................................... 112
7.1.1 Dificuldade na coleta de dados de campo .............................................. 113
7.1.2 Dificuldade de realizao de ensaios de campo ..................................... 113
7.1.3 Falha na estanqueidade da rea ............................................................ 115
7.1.4 Demora na simulao em perodo estendido pelo WaterGEMS .......... 115
7.2 COMPARATIVO ENTRE AS GRANDEZAS MEDIDAS E SIMULADAS ....... 115
7.2.1 Medio de vazo ................................................................................... 116
7.2.2 Medio de presso ................................................................................ 117
7.3 A AVALIAO DAS PERDAS ...................................................................... 120
7.4 DISCUSSO SOBRE O USO DOS RESULTADOS NO DIAGNSTICO DE PERDAS DE GUA. ........................................................................................... 124
7.4.1 Comprovaes na previso de vazamentos. .......................................... 126
7.4.2 As presses simuladas com as medidas no sistema real. ...................... 126
7.4.3 A vazo fornecida simulada e a medida na entrada do sistema real. ..... 127
7.4.4 A rugosidade absoluta terica e a obtida no ensaio de campo. .............. 127
7.4.5 Anlises com grficos de Pareto ............................................................. 128
7.4.6 Os mapas temticos ............................................................................... 129
8 CONCLUSES ................................................................................................ 137
9 REFERENCIA BIBLIOGRFICA ...................................................................... 138
10 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................. 142
APNDICE A CCULO DA INCERTEZA DA MEDIO... 143
APNDICE B RESUMO EXECUTIVO..... 149
APNDICE C CONTEDO DO CD. 169
-
20
1 APRESENTAO
O autor formado em engenharia civil e trabalha na Companhia de Saneamento Bsico
do Estado de So Paulo Sabesp h dezessete anos. Nos ltimos anos desenvolve
seus trabalhos na Diviso de Controle de Perdas Centro. Com o conhecimento e a
experincia adquiridos na vivncia cotidiana de atividades relacionadas a reduo das
perdas de gua, e no uso de softwares de simulao hidrulica, viu na modelagem
matemtica, de sistemas de distribuio de gua, uma possvel ferramenta para auxiliar
no diagnostico operacional e de perdas em uma determinada rea. Na atualidade, as
perdas so avaliadas por equaes empricas cujos dados so anualizados, ou seja,
totalizados por ano. Isto feito para diluir o efeito da sazonalidade no abastecimento, e
a diferena entre os perodos de leitura do volume fornecido e o consumido na rea.
Desta forma a avaliao de uma rea, sem ou com menos de um ano de dados
histricos, demorada, uma vez que os valores devem ser considerados em perodos
completos de 12 meses, e ao mesmo tempo, imprecisa, pois o resultado representa o
passado da rea e abrange a sua totalidade. necessria a repetio da avaliao em
partes cada vez menores na busca da frao mais crtica.
Surgiu ento a ideia de desenvolver este trabalho, que avalia a eficcia da aplicao de
modelos de simulao hidrulica apoiado em dados de campo, para o diagnstico
operacional e de perdas em uma rea. A simulao do comportamento hidrulico do
abastecimento, obtida com a utilizao de amostragem dos dados reais medidos em
campo, fornece resultados por trecho de rede, o que permite priorizar e direcionar as
aes nos trechos onde haver reduo significativa de perdas, sem a necessidade de
subdividir a rea e repetir a avaliao, trazendo os melhores resultados. As perdas so
geradas por fatores: fsicos, comportamentais e ambientais. Estes influem diretamente
nos valores medidos no sistema de abastecimento real. Na simulao, estes fatores
esto implcitos nos dados de campo que so utilizados pelo algoritmo gentico para
representar o comportamento do sistema real. Desta forma, torna-se premente saber
qual o grau de confiana apresentados pelos resultados obtidos da simulao para a
avaliao da rea em estudo.
-
21
A eficcia da simulao hidrulica avaliada pela comparao entre os vazamentos
detectados e os resultados obtidos na simulao hidrulica, cujo comportamento
hidrulico foi aproximado por meio de algoritmo gentico.
Este trabalho contribui para a adoo da simulao hidrulica no estudo das causas de
perdas de gua nos sistemas de abastecimento, bem como demonstra como selecionar
os trechos, nos quais os investimentos em aes de reduo de perdas reais ou
aparentes, ou ambas, traro a melhor relao custo-benefcio.
A utilizao dos modelos de simulao hidrulica, com o enfoque dado neste trabalho,
permitir as empresas de saneamento, uma gesto operacional que busca a excelncia
na distribuio de gua. Esta busca tem a reduo de perdas, como um dos pontos de
maior destaque, pois est relacionada : reduo de despesas, investimentos
assertivos, e manuteno preventiva. Estas aes garantem a sustentabilidade da
empresa e economia dos recursos hdricos.
-
22
2 INTRODUO
A modelagem matemtica ou computacional tem evoludo significativamente com o
aumento da capacidade e da velocidade de processamento dos computadores, que
permitiram a manipulao de uma grande quantidade de dados e a realizao de series
de clculos com grande velocidade e preciso. O uso de modelos matemticos teve
com isso uma arrancada significativa, o que permitiu o desenvolvimento e aplicao em
diversas reas.
Junto da evoluo tecnolgica da modelagem matemtica, o combate s perdas de
gua tornou-se ao indispensvel para todas as companhias de saneamento, pois
como j foi amplamente divulgado, a escassez de recursos hdricos uma realidade
nos grandes centros urbanos, como a Regio Metropolitana de So Paulo (RMSP).
Entretanto, no combate s perdas, so necessrias aes com um alto custo em sua
execuo, por exemplo, a revitalizao da infraestrutura, a instalao de vlvulas
redutoras de presso, a deteco e consertos de vazamentos, dentre outras. Para
tanto, imprescindvel que haja uma definio acertada das reas onde a aplicao de
aes de combate a perdas, trar os bons resultados que justificam e viabilizam o
investimento com a reduo dos volumes perdidos.
Nos dias de hoje, com o acelerado crescimento dos centros urbanos, torna-se premente
acompanhar este ritmo na adoo das medidas. Para isso, indispensvel um bom
diagnstico de perdas, que apresente informaes que subsidiem a seleo mais
precisa de aes, a serem aplicadas na a rea em estudo.
Para o diagnstico de perdas, so realizadas vrias atividades, envolvendo um nmero
significativo de profissionais. Entre elas, fazem parte os ensaios de campo, que visam
obter o valor de algumas das variveis necessrias para o conhecimento do sistema em
estudo. Determinados valores so de fcil obteno, enquanto que outros possuem um
alto grau de complexidade, pois so dependentes de fatores diversos, tais como:
hidrulicos, geogrficos e comportamentais. Como exemplo, pode-se citar a demanda
-
23
horria que influenciada pelo clima, costumes e hbitos dos clientes. O ensaio de
campo um trabalho demorado e regularmente incorre na necessidade de intervenes
na rede de distribuio, e no abastecimento, o que pode gerar incmodos aos clientes.
Por exemplo, nos testes para a determinao do fator de condio da infraestrutura
(Fci), necessrio o fechamento de todas as ligaes, durante a execuo do teste, ou
seja, por um perodo aproximado de oito horas, e contar com a mobilizao de tcnicos
e ajudantes.
Um modelo matemtico representa ou interpreta simplificadamente a realidade,
apresenta uma viso ou cenrio baseado nas informaes coletadas em campo. Assim,
a aplicao dos modelos permite o estudo do comportamento hidrulico nos mais
diversos cenrios, e a anlise em situaes nas quais impossvel testar ou medir as
diversas solues possveis. Evita gastos maiores na criao de modelos experimentais
ou a aplicao de profissionais para testes em campo, ou em extensos clculos
analticos.
A aplicao de modelos matemticos no saneamento bsico est bastante disseminada
e se desenvolve rapidamente. Existem aplicativos para a simulao hidrulica como,
por exemplo, WaterCAD da Haestad Methods, que em Agosto de 2004, fundiu-se a
Bentley Systems, e o EPANET da U.S. Environmental Protection Agency. Eles
oferecem aos profissionais maior rapidez na execuo dos modelos e anlises com
maior nvel de detalhamento.
Com a simulao hidrulica, so obtidos resultados que permitem avaliar e conhecer o
comportamento hidrulico do sistema. A criao de cenrios atuais e futuros
demonstram quais aes traro o maior retorno financeiro e operacional, mesmo sem
se ter executado as aes planejadas.
Na montagem da topologia da rede de distribuio feita no modelo, tem-se
necessariamente que coletar vrias informaes da rea, o que por si s, ajuda no
conhecimento e caracterizao da rea em estudo, auxiliando no diagnstico de perdas.
As informaes tcnicas e as comerciais so coletadas e inseridas na topologia do
modelo. Por exemplo, do cadastro tcnico so obtidos os materiais e idades das
-
24
tubulaes e do comercial os consumos mensais por tipo de cliente.
Comensurando a obteno de informaes para o clculo das perdas de gua, atravs
de modelos de simulao hidrulica e dos mtodos tradicionais, no primeiro a aquisio
com mais rapidez e menor investimento de recursos, tanto financeiros quanto
humanos, o que nos dias atuais representa uma grande vantagem.
No Brasil, a preocupao com a reduo das perdas teve incio na dcada de 1970, e
h poucas publicaes nacionais sobre o assunto. Internacionalmente, a reduo de
perdas se iniciou no sculo XIX. Um marco importante foi criao da Fora Tarefa de
Perdas de gua (Water Loss Task Force) da International Water Association (IWA) em
1996, em Londres (Inglaterra), cujo objetivo desenvolver e promover as melhores
prticas internacionais em gerenciamento de perdas de gua. Como referncias
internacionais de melhores prticas em perdas, destacam-se o Japo e a Inglaterra.
A modelagem hidrulica pode simular a operao do sistema, e assim presumir as
informaes necessrias para o clculo das perdas. Proporciona a elaborao do
diagnstico das perdas de gua e o direcionamento de aes nos trechos mais crticos.
Possibilita a anlise e avaliao das condies operacionais do sistema em estudo,
proporcionando detectar desvios da realidade causados por alteraes das condies
operacionais (fechamentos de registros, alterao de demandas, novos
empreendimentos, etc.), com a aproximao do comportamento hidrulico por meio de
algoritmo gentico com parmetros levantados em campo. Desta forma, o
comportamento do sistema real reproduzido, o que permite a elaborao do
diagnstico operacional do sistema.
O modelo pode apoiar as estratgias de investimento por meio de uma anlise de custo
benefcio, apoiada nos resultados simulados. Isto porque aplicando os resultados na
elaborao de grficos de Pareto e mapas temticos, facilitam a identificao de trechos
de rede nos quais so necessrias, a deteco de vazamentos ou recuperao
estrutural. O modelo permite o clculo das variveis necessrias para estimar as perdas
pelo mtodo da IWA, o que permite comparar os resultados na rea em estudo com
outras reas estudadas internacionalmente.
-
25
3 OBJETIVO
3.1 Objetivo geral
O presente trabalho tem por objetivo, avaliar a eficcia da utilizao de modelos de
simulao hidrulica de sistemas de abastecimento, apoiados em levantamentos de
dados hidrulicos de campo, na obteno de informaes para elaborao do
diagnstico de perdas de um sistema de distribuio de gua.
3.2 Objetivos especficos
Demonstrar a eficcia na obteno de informaes para diagnstico de perdas
por meio de modelos de simulao hidrulica.
Apresentar uma metodologia para o uso de modelos de simulao hidrulica, na
obteno de informaes para a elaborao de um diagnstico de perdas.
-
26
4 REVISO BIBLIOGRFICA
Neste captulo sero apresentados os seguintes tpicos:
Perdas de gua:
o Definio, causas e tipos;
o Aes para combate s perdas reais de gua;
o Aes para combate s perdas aparente de gua;
o Elaborao de um plano de perdas;
o Nvel econmico de perdas;
Modelagem matemtica de sistema de distribuio de gua;
Algoritmos genticos;
Modelagem matemtica de perdas de gua;
o Mtodo FAVAD;
o Mtodo da Vazo Mnima Noturna;
o Mtodo do Balano Hdrico.
Mtodo de avaliao do volume perdido;
o Perda real inerente;
o Perda real inevitvel;
Mapas temticos;
Grficos de Pareto.
4.1 Perdas de gua
Segundo Alegre et al. (2006), as perdas de gua o volume referente diferena entre
a gua entregue ao sistema de abastecimento e os consumos autorizados, medidos e
no medidos, faturados ou no faturados. As perdas de gua se dividem em dois
grupos:
a) A perda real corresponde ao volume de gua produzido que no chega ao
consumidor final devido ocorrncia de vazamentos nas adutoras, redes de
distribuio e reservatrios, bem como de extravasamentos em reservatrios
setoriais (Tardelli Filho, 2006).
-
27
b) A perda aparente so volumes efetivamente consumidos que por algum motivo
no foram contabilizados pela companhia de saneamento (Tardelli Filho, 2006).
4.1.1 Causas das perdas de gua
A perda de gua entendida pela maioria das pessoas como sendo vazamentos nas
tubulaes de distribuio. Entretanto, a perda de gua acontece em diversas
situaes, e para seu entendimento, necessrio conhecer as vrias causas que as
produzem.
4.1.2 Perdas reais
As causas mais comuns das perdas reais segundo a AWWA (1999) so:
Materiais de m qualidade ou com defeito de fabricao, seja nas juntas ou na
vedao ou ainda apresentar bordas e superfcie irregulares.
Rompimento da tubulao devido ao assentamento em base irregular contendo
pedras em contato com os tubos falta de uma vedao efetiva nas juntas, danos
causados por trfego pesado ou ainda defleco excessiva nas juntas.
Erros operacionais, excesso de presso, abertura ou fechamento rpido de
vlvulas causando transiente hidrulico.
Corroso interna devido a agentes agressivos na gua ou externa devido falta
ou insuficincia de proteo contra corroso ou solo e/ou lenol fretico
agressivo.
Vazamentos em componentes dos elementos da tubulao como vlvulas,
ventosas, hidrantes, etc. Que se dividem em:
Danos acidentais ou deliberados a hidrantes e tap (nome em ingls para
dispositivo que permite tirar gua de um tubo ou barril, utilizado tambm para a
insero de medidores, ver Figura 4.1).
Os vazamentos so classificados segundo a ABENDE (2003), em:
Vazamentos visveis;
Vazamentos no visveis.
Os vazamentos no visveis so ainda subdivididos em detectveis e no detectveis
-
28
(ou inerentes). A Figura 4.2 apresenta os tipos de vazamentos e as aes para elimin-
los ou reduzi-los (Tardelli Filho, 2006).
Figura 4.1- Tap Fonte: Mecaltec
Figura 4.2 - Tipos de vazamentos - Tardelli Filho (2006)
Em cada sistema de abastecimento o nmero e a importncia relativa destes trs
componentes de perdas reais (vazamentos visveis, no visveis e inerentes)
apresentam caractersticas diferentes, e no h situao normal para anlise. Fatores
como condies fsicas do terreno, solo, topografia, material das tubulaes e presso
de operao da rede afetam a proporo entre as parcelas de perdas responsveis por
cada tipo de vazamento (Farley et al., 2003).
-
29
4.1.3 Perdas aparentes
Segundo Tardelli Filho (2006), as causas das perdas aparentes so:
Erros dos medidores de vazo: todo medidor de vazo possui uma incerteza
na medida apresentada, expressa geralmente em porcentagem. Essa incerteza
definida dentro de uma faixa de trabalho. Se o medidor estiver operando fora
desta faixa de trabalho, as incertezas em sua medio podem ser maiores do
que o previsto. Existem outros fatores que geram erros nos medidores, por
exemplo, a instalao inadequada, a descalibrao, o dimensionamento
inadequado, a m avaliao da faixa de trabalho, problemas fsicos na instalao
do elemento primrio ou do secundrio e problemas na coleta ou transmisso
dos dados.
Erros de cadastro comercial: relaciona-se ao registro da ligao na companhia
de saneamento. Ele contm todas as informaes que caracterizam o uso da
gua, localizao da ligao, tipo de ligao, etc. Se o cadastro comercial
possuir erros, a avaliao dos consumos fica prejudicada. de suma importncia
mante-lo sempre atualizado e com informaes confiveis.
Ligaes clandestinas: so ligaes existentes sem cadastro comercial.
Fraudes: so ligaes existentes com cadastro comercial, porm com alguma
irregularidade em seu consumo, ou seja, o volume medido no corresponde ao
volume real consumido. Isso pode acontecer por meio de by pass no cavalete,
manipulao do hidrmetro, entre outras aes.
Uso Irregular de Hidrantes: constitui o uso inadequado de hidrantes por
pessoas ou empresas que abastecem caminhes-pipa para uso prprio ou
comercial.
4.2 Aes para combate as perdas reais
Segundo Lambert et al. (1998), a condio da infraestrutura da rede de distribuio de
gua claramente um dos fatores que determinam o volume de perdas reais no
sistema de distribuio. Alguns pontos devem ser observados desde os estudos de
concepo do sistema para reduzir as perdas:
-
30
Escolha adequada do material do tubo, levando em considerao a qualidade da
gua e as condies do solo ao redor da tubulao;
Obedecer s especificaes na execuo do servio, obedecendo aos limites
definidos em projeto para o assentamento, no torque no aperto das juntas
roscadas e nos parafusos de flanges;
Cuidados de transporte e manuseio dos tubos quando em transporte ou
estocado;
Qualidade na execuo de reparos na tubulao e em suas juntas;
Controle de presso: quando a tubulao entra em carga, fica sujeita a esforos
repetitivos de presso, o que potencializa o surgimento de vazamentos tanto nas
juntas como por rompimentos.
Cada sistema de abastecimento possui caractersticas prprias que definem quais
aes proporcionaro reduo de perdas e manuteno a um nvel aceitvel (Tardelli
Filho, 2006). No combate as perdas reais existem basicamente quatro principais
componentes ilustrados na Figura 4.3, que so: Gerenciamento de presses, Controle
Ativo de Vazamentos, Rapidez e Qualidade no Reparo de Vazamentos e Melhoria da
Tcnica e Materiais, Manuteno e Reabilitao da Infraestrutura.
Figura 4.3 - Componente de Perdas Reais. Fonte: Thornton et al. (2008) adaptada
-
31
4.2.1 Gerenciamento de presses
A presso um dos principais fatores que influenciam o nmero e a vazo de
vazamentos. A operao com nveis de presso que atendam aos mnimos
especificados para as horas de consumo mximo representa um bom referencial para
se balizar. Devem atender s exigncias das normas quanto mnima e mxima
presso, que atualmente so 10 e 50 mH2O, respectivamente. As alternativas que se
ajustam a esta situao so: setorizao, o emprego de vlvulas redutoras de presso
(VRP) e boosters, desde que bem especificados e operados. Estes apresentam
elevada relao custo benefcio, alm de grande flexibilidade para se adaptar s
variaes de demandas que ocorrem diariamente em uma rea.
4.2.2 Controle ativo de vazamentos
O Controle Ativo de Vazamentos representa a ao sistemtica desenvolvida no sentido
de localizar os vazamentos no visveis, atravs de mtodos acsticos de pesquisa. O
principio bsico de deteco acstica ouvir o rudo do vazamento.
4.2.3 Reparo de vazamentos, melhoria da tcnica e de materiais.
um fator de alta responsabilidade da companhia de saneamento possuir uma
infraestrutura e logstica tal que permita corrigir o problema no menor prazo possvel. E
que seja vivel do ponto de vista econmico. As bases para a definio de metas
relativas ao intervalo de tempo entre a identificao do vazamento e o seu conserto
mudam de local para local, dependendo da extenso de rede, quantidade de
vazamentos, condies internas das companhias e tambm de fatores externos. O
tempo normalmente adotado pelas companhias est entre 10 e 24 horas, em sistemas
com boa gesto operacional.
4.2.4 Manuteno e reabilitao da infraestrutura.
Considera se, em projeto, que a vida til das redes de distribuio seja, em geral, de 50
anos. Para os ramais, adotado um tempo de vida til bem menor j que eles esto
sujeitos a mais fatores agressivos que as tubulaes. A manuteno e reabilitao da
-
32
infraestrutura se fazem por meio de duas aes bsicas que segundo Tardelli Filho
(2006) so:
Troca de Rede: geralmente exigindo mtodos de execuo no destrutivos.
Pode ter dois objetivos:
Melhoria das condies hidrulicas da tubulao, substituindo trechos
com elevada incidncia de incrustaes;
Melhoria das condies estruturais da tubulao, substituindo trechos
com elevada incidncia de vazamentos.
Reabilitao de tubulaes: feita por meio da limpeza e revestimento da rede.
Na maioria das vezes, tem por objetivo melhorar as condies hidrulicas, ou
seja, procura-se garantir o escoamento com a menor perda de carga, em redes
cujas condies estruturais (fsicas) sejam satisfatrias.
4.3 Aes para combate s perdas aparentes
As perdas aparentes produzem uma variao no volume contabilizado pelas
companhias de saneamento, seja no volume macromedido quanto no micromedido.
Requerem aes especiais, pois so oriundas de fatores que possuem caractersticas
relacionadas metodologia de medio dos volumes e gesto comercial. As aes
bsicas na reduo de perdas aparentes so apresentadas na Figura 4.4, que so:
manuteno da macro e micro medio, gesto comercial, reduo de fraudes e
qualificao da mo de obra.
4.3.1 Manuteno da macromedio
A macromedio fundamental numa companhia de saneamento, pois subsidiam
dados importantes para o diagnstico operacional, quantificao de dosagens de
produtos qumicos, e indicadores qualitativos e quantitativos da companhia.
importante ter no sistema de abastecimento pontos de medio (Tap ou registro de
derivao) que sero utilizados em:
a) Medies em distritos de medio e controle (DMC), que so reas da rede de
distribuio obtida pelo fechamento permanente de vlvulas limtrofes, na qual a
-
33
quantidade de gua que entra ou sai medida (IWA, 2007). Na NBR 12.218
denominado como Setor de Medio. No caso de fechamento temporrio de
vlvulas limtrofes para obteno de dados (ensaios de campo), denominado
DMC temporrio, devendo ser menor que o DMC permanente, mas garantindo
uma vazo mnima que permita sua medio atravs de medidores fixos ou
portteis (IWA, 2007);
b) Trabalhos de calibrao in loco dos macromedidores. A manuteno peridica
dos macromedidores (especialmente os deprimogneos) muito importante para
garantir a confiabilidade nas leituras obtidas. Grande parte da impreciso dos
medidores se d por falhas na manuteno (90%), e o restante resulta de
problemas na instalao do mesmo (10%). A calibrao do medidor j se faz
necessrio logo no inicio de operao e posteriormente deve ser feita
periodicamente com uma frequncia mnima anual.
Segundo Tardelli Filho (2006), a calibrao in loco com pitometria incorpora uma
impreciso da ordem de 2%.
Figura 4.4 - Componentes de Perdas Aparentes Fonte: Thornton et al. (2008) adaptada
-
34
4.3.2 Manuteno da micromedio
A troca de Hidrmetros de grande importncia na reduo de perdas aparentes. O
envelhecimento do hidrmetro ocasiona perda gradativa da preciso da medio e
aumenta a perda aparente. H trs situaes bsicas para a troca:
a) Manuteno corretiva: a prioridade deve ser dada manuteno corretiva, uma
vez que neste caso no h leitura e o consumo fica estimado pela mdia
histrica;
b) Manuteno preventiva: realizada quando os medidores atingem o limite de sua
vida til;
c) Adequao: a adequao dos hidrmetros faixa de consumo uma ao muito
importante, e deve ser avaliada atravs da comparao do perfil de consumo da
ligao levantado com os parmetros nominais do hidrmetro, principalmente
para os de grande capacidade.
Outro fator a ser avaliado, a verificao da inclinao do hidrmetro, que
negligenciada na maioria das companhias de saneamento, gerando um fator de
submedio que poderia ser evitado (Tardelli Filho, 2006).
4.3.3 Gesto comercial
A reduo de perdas requer investimentos no gerenciamento da micromedio,
avaliao de consumos pblicos e prdios prprios, pesquisa de fraudes, gesto de
grandes consumidores, pesquisa de vazamentos e formao e manuteno de equipe
dedicada ao controle de perdas (Gomes et al., 2007).
A gesto comercial diz respeito a atividades voltadas a recuperao de perdas
aparentes, segundo Fontanazza, Freni, & La Loggia (2009), a perda aparente e
causada por fraudes e erros na contabilizao dos volumes consumidos autorizados,
faturados e no faturados (medidos e estimados). Farley & Trow (2003), apresentam a
perda aparente como sendo consumos ilegais e erros de medio.
O cadastro comercial uma fonte de informaes importantes sobre os tipos de
clientes, da manuteno e troca dos hidrmetros, e combate s ligaes inativas, aes
que atacam diretamente s perdas aparentes.
-
35
Segundo Tardelli Filho (2006), a gesto comercial compreende as seguintes atividades:
a) Cadastramento apropriado de novas ligaes;
b) Procura de falhas no cadastro comercial, para eliminar ligaes inativas,
clandestinas e fraudes;
c) A atualizao cadastral do tipo de ocupao do imvel (residencial, comercial,
pblico ou industrial), o que reflete tambm na poltica tarifria;
d) Combate s fraudes que deve ser constante, pois uma vez que se demonstre
fragilidade nesta ao o numero de fraudadores tende a aumentar;
e) Manuteno e troca dos hidrmetros.
A perda aparente possui outro fator importante alm dos j descritos, pois o faturamento
dos volumes de esgoto coletado feito a partir do volume de gua consumido. Assim
para cada unidade de perda aparente recuperada, equivale a duas unidades no
faturamento.
4.3.4 Elaborao de um programa de controle de perdas
Farley et al. (2003) propuseram uma estruturao geral para a definio de estratgias
de reduo de perdas (ver Figura 4.5).
Figura 4.5 - Estruturao para definio de aes para reduo de perdas Farley et al. (2003) adaptada.
-
36
Baixar as perdas de gua a busca de todas as companhias de saneamento. Contudo,
sempre haver as perdas inevitveis, causadas pelos vazamentos no detectveis (ou
inerentes).
Para chegar a esse nvel de perdas necessrio um grande aporte financeiro que se
torna invivel do ponto de vista econmico. Assim, o programa de perdas visa atingir o
nvel economicamente vivel, atravs da avaliao de aes espacializadas, integradas
e sequenciais, buscando os melhores resultados.
Segundo Farley et al. (2003) o mais importante na definio de uma estratgia de
combate aos vazamentos definir qual o nvel de perdas se deseja atingir e por quanto
tempo possvel mante-lo.
Segundo Tardelli Filho (2006), a importncia deste processo est em que as decises
devem ser tomadas baseadas em indicadores e anlises criteriosas dos resultados,
como definidora das aes. O incio de qualquer programa pressupe o conhecimento
do problema a enfrentar.
Para isso, sero necessrios levantamentos de campo e estimativas para se chegar aos
nmeros representativos de cada setor, que definiro as linhas de ao mais
adequadas para cada caso. Para todos os setores, existe um nvel de perdas o qual
economicamente aceitvel que chamado nvel econmico de perdas (NEP).
Muito tem sido escrito sobre a teoria do NEP, que consiste na avaliao do custo para
reduzir um metro cbico de perda, e o custo equivalente do metro cbico de gua. E
tambm sobre os mtodos para estimar seu valor.
O NEP deve ser avaliado levando em conta a perda real e a aparente. A Figura 4.6,
apresenta a relao entre os custos operacionais e das perdas reais de um modo geral.
Quanto menor a perda, mais onerosa fica a deteco de vazamentos, pois o nmero de
vazamentos detectveis diminui e so necessrios esforos maiores e mais tecnologia
para encontr-los.
-
37
Figura 4.6 - Relao do custo operacional e perdas Fonte: Farley et al. (2003) adaptada
A perda aparente deve ser avaliada de maneira semelhante. Thornton et al. (2008),
apresenta o NEP de perdas aparente como a igualdade dos custos das aes de
combate as perdas aparentes e o custo da produo da gua aplicado ao volume
recuperado, ou seja, que comea a ser medido aps a execuo da ao (Figura 4.7).
Figura 4.7 NEP para Perda Aparente Fonte: Thornton et al.(2008) adaptada
Abaixo alguns pontos destacados por Farley et al. (2003) cuja anlise deve ser
desenvolvida na avaliao do NEP.
No existe um nico NEP. O NEP varia com o tempo e depende de fatores
como: frequncia de vazamentos, sazonalidade no abastecimento e melhoria
nas condies da infraestrutura.
-
38
Investimentos no controle de presso, diviso em DMCs e o uso de telemetria
que agiliza a deteco de vazamentos.
O valor econmico da gua varia com o tempo e a quantidade disponvel. Pode
aumentar quando a quantidade pronta para o tratamento insuficiente para
atender demanda. E pode reduzir quando novos mananciais e estaes de
tratamento entram em operao. O custo de operao tambm muda com o
passar do tempo, devido variao da qualidade da gua, ou ainda devido a
mudanas nas regulamentaes, tornando as atuais prticas obsoletas.
Novas tcnicas de deteco de vazamentos aumentam a eficincia na pesquisa
de vazamentos no visveis, resultando na mudana do NEP. Dependendo do
mtodo utilizado para a deteco de vazamentos, podem-se obter valores
diferentes para o NEP. Por exemplo: a utilizao regular do controle ativo de
vazamentos, ou a observao frequente da vazo mnima noturna (VMN) em
DMCs.
Na estimativa do NEP imprescindvel utilizar dados, informaes e regras
operacionais de cada rea e do planejamento operacional de cada empresa de
saneamento. Entretanto, antes que um significativo trabalho para a reduo de
perdas tenha sido concludo e os dados necessrios para a estimativa de custos
e efeitos sejam coletados, impossvel fazer uma suposio precisa do NEP.
Assim, o clculo do NEP estar num estgio aproximado, sendo necessrios
vrios anos para uma determinao precisa.
Metas para a reduo de perdas baseadas no NEP devem ser especficas e
dinmicas.
importante diferenciar duas situaes do programa de perdas:
1. Quando estabelecida uma meta de reduo de perdas a um patamar definido.
2. Quando necessrio manter o nvel de perdas atingido.
Estes dois estgios podem ocorrer simultaneamente numa mesma organizao. Em
uma zona so necessrias aes para a reduo de perdas, e em outra, aes para a
manuteno do nvel alcanado.
Farley et al. (2003), expem quatro pontos principais para a elaborao de um
programa para a reduo de perdas:
-
39
1. Entender o ponto de partida: essencial para definir a estratgia de combate
perda, compreender as fontes e nveis atuais das perdas.
2. Executar testes de campo com o intuito de: demonstrar os benefcios da reduo
de perdas para a organizao, aplicao de novas tecnologias e coletar dados
para anlise e definies de aes.
3. Estabelecer recursos financeiros: qualquer programa de perdas necessita de um
aporte financeiro para sua execuo. Mesmo demonstrando os aspectos
econmicos da reduo de perdas, necessrio fundament-los com base no
perodo de retorno do investimento, em alguns casos calculado para um perodo
de 20 anos.
4. Destacar os benefcios que sero alcanados com a reduo das perdas:
a. Melhora na distribuio, pois com a reduo das perdas a vazo
excedente (antes perdida), passa a abastecer o sistema, diminuindo a
produo e os gastos com bombeamento.
b. Reduo na frequncia de novos vazamentos, gerando economia nos
reparos.
c. Reduo nas reclamaes dos clientes, pois com um gerenciamento
adequado de presses, garantido o abastecimento de todos.
d. Aumento da organizao dos trabalhos: o programa de perdas
proporciona um conhecimento detalhado das zonas de abastecimento e
com a reduo dos vazamentos possvel melhorar as estratgias de
consertos e a deteco de vazamentos.
e. Reduo na produo de gua, gerando economia de produtos qumicos,
energia e depsitos de lodos (resduos finais do processo de tratamento
da gua).
f. Economia de recursos hdricos, com a reduo de perdas possvel
postergar investimentos na captao de gua em outros mananciais.
Com a avaliao dos resultados obtidos na execuo do programa de perdas
elaborado, so definidas novas aes e melhorias no processo. Isto permite a aplicao
do mtodo de melhoria contnua da qualidade ou PDCA sigla do ingls Plan, Do,
Check and Action. A Figura 4.8 apresenta a sequencia da aplicao do mtodo.
No planejamento, feita a criao dos padres de trabalhos juntamente com a lgica de
deciso em cada etapa do plano. Na execuo, os padres de trabalhos so postos em
-
40
ao, gerando os comandos que atuam no processo de combate s perdas reais ou
aparentes.
Figura 4.8 - Ciclo "PDCA" Adaptado de Tardelli Filho (2006)
Na avaliao dos resultados do processo, so levantadas as interferncias e as
medies. Com a avaliao, feita a anlise geral do programa de perdas e so
tomadas decises que geram alteraes na operao e assim modificam os processos.
O programa de perdas, uma vez iniciado, deve ser contnuo, pois ao diminuir o nvel de
perdas fica difcil mant-lo e um esforo maior requerido para reduzi-lo ainda mais.
4.4 Modelagem matemtica de sistemas de distribuio de gua
Um modelo matemtico uma representao (ou interpretao), simplificada da
realidade de um sistema (ou fragmento deste), segundo uma estrutura de conceitos
tericos e experimentais. A modelagem matemtica ou computacional trata da
aplicao de modelos matemticos anlise, compreenso e estudo da fenomenologia
de problemas fsicos complexos, e a aplicao de modelos j desenvolvidos, para a
simulao, previso e projees temporais e espaciais, nas reas de engenharia,
cincias exatas, biolgicas, humanas, economia e cincias ambientais. Permite criar
modelos computacionais para situaes nas quais impossvel testar ou medir as
diversas solues possveis ou o custo para a criao de modelos experimentais ou a
soluo analtica invivel (Rios, 1982).
-
41
Em Teoria de modelos um modelo uma estrutura composta por um conjunto universo
e por constantes, relaes e funes definidas neste conjunto universo (Rios, 1982).
No caso da simulao de sistemas de distribuio de gua, as leis fsicas que regem o
fenmeno de escoamento do fluido sob presso, so utilizadas para este fim. Os
modelos de simulao hidrulica so baseados no equacionamento das variveis
envolvidas no processo: vazes nos trechos de rede e presses nos ns entre trechos
consecutivos. A anlise pode ser realizada em regime permanente de escoamento ou
com variaes de vazes e presses ao longo do tempo. Geralmente os modelos que
utilizam o regime permanente, baseiam-se na equao da continuidade nos ns e a
equao da energia ao longo dos trechos. O sistema de equaes obtido resolvido
por meio de linearizaes sucessivas, pelo processo de Hardy-Cross ou Newton-
Raphson (Carrijo, 2004).
At o incio da dcada de 80, os aplicativos desconsideravam os vazamentos nas suas
avaliaes hidrulicas. A Tabela 4.1, mostra alguns mtodos criados ao longo do tempo
para simular os sistemas de distribuio de gua, e um resumo de suas principais
caractersticas. Os trabalhos apresentados na Tabela 4.1, limitam a calibrao do
modelo a coeficientes de rugosidade, demandas e dimetros, no consideram perdas
por vazamentos e demandas dependentes das presses no modelo (Soares, 2003).
O combate aos vazamentos constitui uma tarefa contnua que se inicia na fase de
concepo do projeto da rede, estendendo-se por toda a sua vida til.
Tabela 4.1 - Histrico da calibrao de modelos hidrulicos.
Ano Autor / Autores Proposio
1986 ORMSBEE & WOOD
Propuseram mtodo explicito de calibrao de rede de distribuio
de gua. O processo formulado em termos de fatores de atrito e
de uma reformulao das equaes governantes do escoamento, e
que so resolvidas explicitamente para determinadas situaes
operacionais. Mtodos explcitos, conhecidos como analticos ou
diretos, resolvem um sistema de n equaes no lineares com n
incgnitas, sendo que para cada incgnita requerido medio de
vazo ou presso.
-
42
Tabela 4.1 - Histrico da calibrao de modelos hidrulicos.
Ano Autor / Autores Proposio
1989 ORMSBEE Desenvolve mtodo matemtico implcito para calibrao de redes
de distribuio de gua. O mtodo utilizou um algoritmo de
otimizao no linear juntamente com uma rede complexa,
ajustando os parmetros do modelo para diversas condies de
carga em regime permanente, e para perodo estendido. Os
melhores resultados foram obtidos com o uso de duas etapas para a
calibrao: na primeira os valores de rugosidade calibrados em
regime permanente (elevada perda de carga), e na segunda a
distribuio da demanda foi calibrada baseada em condies no
perodo estendido (baixa perda de carga).
1990 BOULOS & WOOD
Desenvolveram um algoritmo explicito para determinar diretamente
as variveis. Oferecendo uma boa base para a determinao de
valores timos para os parmetros de projeto, operao e
calibrao. Para a resoluo simultnea foi utilizado o mtodo de
Newton-Raphson, para a linearizao dos termos no lineares.
1991
BOULOS &
ORMSBEE
Aperfeioaram o mtodo explicito proposto por ORMSBEE & WOOD
em 1986, estendendo para que diversos testes, sob diferentes
condies de contorno, fossem considerados.
LANSEY & BASNET
Apresentou uma aproximao similar a de ORMSBEE (1989),
segundo a qual o algoritmo de programao no linear incorporou
um modelo de simulao hidrulica. O mtodo pode ser aplicado
tanto no regime permanente quanto no perodo estendido para a
calibrao de coeficientes de rugosidade, abertura de vlvulas e
demandas nos ns.
1994
FERRERI, NAPOLI
& TUMBIOLO
Apresentam uma metodologia para a avaliao dos coeficientes de
rugosidade de tubulaes de uma rede de distribuio de gua
utilizando dados de vazo e presso em determinados pontos de
observao. Os autores utilizaram uma matriz de sensibilidade para
a determinao da rede de amostragem e concluem que o melhor
perodo para a obteno dos dados o noturno.
DATTA &
SRIDHARAN
Apresentaram um mtodo de calibrao de coeficientes de
rugosidade baseado na soluo do problema inverso, expresso
como a minimizao dos quadrados das diferenas dos valores
computados e observados, incluindo pesos nos desvios dos valores
na funo objetivo. A vantagem apontada foi a aplicao do mtodo
para diferentes condies de demanda com variado nmero de
medidas de presso e vazo.
-
43
Tabela 4.1 - Histrico da calibrao de modelos hidrulicos.
Ano Autor / Autores Proposio
1996 SRIDHARN & RAO
Propuseram um mtodo baseado em DATTA & SRIDHARAN
(1994), para calibrao com uma metodologia melhorada para a
determinao dos pesos. Esta baseada na varincia dos valores de
presses e vazes observados e simulados, com uma sistemtica
de dois passos para o procedimento de adoo dos pesos.
1997 SAVIC & WALTERS
Emprega algoritmos genticos como mtodo de busca no processo
de otimizao. O mtodo proposto foi utilizado para a calibrao dos
coeficientes de rugosidade da rede e os resultados comparados
com aqueles obtidos de procedimentos de tentativa e erro,
apresentando a dominncia total dos algoritmos genticos sobre
estes ltimos.
1998 WALTERS Utiliza os algoritmos genticos em seus trabalhos para a
determinao das rugosidades absolutas.
1999 GRECO &
DEL GIUDICE
Apresentam um mtodo de calibrao dos coeficientes de
rugosidade, com o auxilio de uma matriz de sensibilidade para
otimizao no linear, alem de pacotes computacionais para
simulao hidrulica.
2000
De SCHAETZEN et
al.
Avaliou alem da rugosidade absoluta, os dimetros das tubulaes
e as demandas nos ns.
GAMBALE
Avaliou os algoritmos genticos na calibrao de modelos de redes
de distribuio de gua. So realizados estudos quanto a influencia
dos operadores genticos e do nmero de pontos monitorados na
determinao dos coeficientes de rugosidade de uma rede
hipottica. O autor evidenciou a robustez dos algoritmos genticos e
a necessidade de uma rede de amostragem otimizada para a
calibrao.
2001
CHEUNG
Estudo comparativo dos mtodos para calibrao apresentados por
WALSKI (1983), BHAVE (1988) e BOULOS & WOOD (1990). E para
este ltimo trabalho prope melhorias na metodologia como
generalizao do mtodo, antes restrito apenas a uma rede da
literatura, e a incluso de um simulador hidrulico proposto por
SOUZA (1994).
RIGHETTO
Prope uma tcnica de calibrao de modelos de rede de
distribuio de gua, visando determinao das demandas nodais,
rugosidades absolutas e dimetros das tubulaes. O modelo
hidrulico empregado baseia-se no mtodo dos ns e na tcnica
dos elementos finitos, sendo cada trecho da rede considerado como
-
44
Tabela 4.1 - Histrico da calibrao de modelos hidrulicos.
Ano Autor / Autores Proposio
um elemento, em que cada um destes interage diretamente com os
ns de suas extremidades.
BRDYS et al.
Desenvolve um algoritmo para a calibrao dos coeficientes de
rugosidade utilizando tcnica de linearizaes sucessivas em duas
e trs dimenses para a soluo do problema no linear e no
convexo. Houve a descrio das incertezas dos parmetros
utilizados no modelo.
LANSEY
Desenvolveu um procedimento em trs etapas para calibrao, que
considerava a incerteza nos valores observados e simulados e
proporciona o grau de incerteza na soluo final.
2002
LINGIREDDY &
ORMSBEE
Utilizam algoritmos genticos para a avaliao de rugosidades
absolutas e demandas.
KAPELAN, SAVIC &
WALTERS
Desenvolvem um mtodo hbrido, operando no regime transiente. A
proposta utilizar um mtodo de busca global, til para a
varredura do espao de busca, mas que oscila em torno da
soluo tima. Alem da determinao da rugosidade absoluta, o
mtodo tambm til para a deteco de vazamentos.
MALLICK et al.
Desenvolveram uma metodologia para quantificar o impacto
introduzido no modelo devido a simplificao deste na escolha de
setores com coeficientes de rugosidade homogneos. O mtodo
determina o melhor nmero de tubulaes em setor, e o nmero de
setores o qual a rede deve ser dividida, em funo da idade, tipo de
material, dimetro e localizao das tubulaes.
Fonte: (Soares, 2003) adaptada
Considerando que, de uma maneira geral, em uma rede de distribuio de gua, tanto
os vazamentos quanto as demandas dependem das presses variveis no tempo e no
espao, h a necessidade da previso do comportamento das redes nas mais diversas
condies operacionais. Tais previses s podem ser realizadas a contento com o
suporte de modelos matemticos que descrevam adequadamente as leis fsicas que
regem o escoamento no interior dos condutos, bem como as demandas e os
vazamentos, especialmente se a parcela relativa a estes ltimos for expressiva (Gomes
et al., 2007).
A influncia das perdas nos custos finais de operao foi estudada por Colombo &
-
45
(Farley et al., 2003). Os autores demonstraram que os custos dependem de vrios
fatores que incluem o regime da demanda, a distribuio espacial das perdas e a
complexidade do sistema (Carrijo, 2004).
At 1994, havia poucos estudos disponveis de modelagem de perdas. Segundo Farley
et al. (2003), existiam alguns fatores que dificultavam a modelagem de perdas, eram
eles:
O desconhecimento sobre o processo dos vazamentos;
O conhecimento emprico somente do relacionamento entre a ocorrncia de
vazamentos e a presso;
A perda era considerada como uma entidade nica, desconhecendo suas
componentes.
Alguns trabalhos foram apresentados para a incluso dos vazamentos e demandas
dependentes da presso. A Tabela 4.2, contm um resumo de algumas propostas de
mtodos de clculos e de suas principais caractersticas.
Tabela 4.2 - Histrico da calibrao de modelos considerando vazamentos
Ano Autor / Autores Proposio
1998 TUCCIARELLI &
TERMINI
Empregaram um processo de dois passos para a calibrao.
Primeiro a estimativa dos parmetros no modelo (inclusive os
vazamentos) para um dado conjunto de medidas de presso. A
seguir as vlvulas so abertas para a aquisio de um novo
conjunto de medidas. O problema inverso ento resolvido, e o
procedimento novamente repetido at que haja convergncia. A
desvantagem principal do mtodo o grande esforo computacional
necessrio para a inverso de duas matrizes da funo objetivo
para cada conjunto de medidas (resistncias das vlvulas).
1999
TUCCIARELLI,
CRIMINISI &
TERMINI
Utilizou o mtodo de busca simulated annealing, o processo foi
empregado em uma rede real com medidas de presses e vazes
na funo objetivo. Possibilitou a quantificao do total de
vazamentos em diversos setores da rede, com a possibilidade de
utilizar dados relativos a testes noturnos.
2000 AINOLA et al.
Apresenta metodologia para a calibrao de coeficientes de
rugosidade considerando as perdas por vazamentos no modelo,
baseado na setorizao da rede de distribuio de gua quanto a
-
46
Tabela 4.2 - Histrico da calibrao de modelos considerando vazamentos
Ano Autor / Autores Proposio
coeficientes de rugosidade e perdas por vazamentos similares. Na
primeira etapa dos clculos a distribuio das perdas de gua com
a utilizao de uma formulao emprica, que leva em considerao
o comprimento, idade, dimetro e material das tubulaes, alem da
presso atuante. A seguir os coeficientes de rugosidade so
estimados atravs da minimizao de uma funo objetivo que leva
em considerao as presses medidas e calculadas.
2002 SILVA et al.
Propuseram um mtodo interativo para a calibrao em termos de
rugosidade absoluta e parmetros do modelo presso x vazamento
de setores da rede de distribuio de gua da cidade de So Carlos,
SP, Brasil. Primeiro passo consiste em determinar as rugosidades
absolutas das tubulaes e no segundo passo os parmetros de
vazamentos utilizando a rotina computacional desenvolvida por
CALIMAN (2002). Os dados de campo foram obtidos de ensaios
noturnos de campo, em setores com elevada taxa de vazamentos.
Os autores propem um estudo sobre a posio e status das
vlvulas na rede, pois tais componentes podem comprometer a
operao do sistema. A ferramenta de busca apoia-se nos
algoritmos genticos e operadores inerentes da tcnica.
Fonte: (Soares, 2003) adaptada
4.4.1 Montagem da topologia da rede no modelo
A modelagem matemtica de sistemas de abastecimento de gua envolve uma srie de
abstraes. Primeiro as tubulaes e equipamentos reais so representados
graficamente nas plantas cadastrais do sistema de distribuio de gua. As informaes
das demandas e os dados tcnicos so levantados. Ento, as plantas, as informaes e
os dados so convertidos em modelos que simulam o fenmeno de transporte da gua
nas tubulaes, demonstrando o comportamento do sistema de distribuio em
determinada condio de operao. Para aprimorar o resultado, feita a calibrao do
modelo, obtendo dados de campo em pontos arbitrrios do sistema, que so
carregados no modelo (Walski et al., 2003).
Montar, calibrar e utilizar um modelo matemtico de um sistema de distribuio de gua
pode parecer um imenso trabalho logo de inicio, mas qualquer trabalho pode ser
-
47
facilmente executado se dividido em etapas.
No incio da modelagem, necessrio definir qual o propsito para o qual se est
modelando o sistema de distribuio, as intervenes de mdio e longo prazo, e o
planejamento das coletas das informaes de cadastro e de campo.
Um modelo matemtico uma representao da realidade sendo que, quanto melhor
for a qualidade da informao, melhor sero os resultados (Thornton et al., 2008).
A concepo de rede fundamental para construo de um modelo de distribuio de
gua. A rede contm vrios componentes de um sistema, e define como estes
elementos esto interligados Figura 4.9.
Figura 4.9 - Exemplo dos elementos do modelo hidrulico. (EPANET2, 2009)
A rede composta de ns, os quais representam caractersticas de um local especfico
dentro do sistema, e de linhas retas, que definem as relaes entre os ns, ver Tabela
4.3.
Tabela 4.3 - Elementos comuns em modelagem (Walski et al., 2003)
Elemento Tipo Funo no modelo
Reservatrio N Prover gua ao sistema.
Tanque N Estoca o excesso de gua do sistema e devolve nos
horrios de pico de consumo.
Juno N Retira ou coloca vazo de gua no sistema.
Tubulao Linha Conduz gua de uma juno a outra.
Bombas N ou linhas Aumenta a carga hidrulica para sobrepor desnveis
geomtricos ou perda de carga.
Vlvulas de Controle N ou linhas Controla a presso ou vazo no sistema de acordo com
critrios definidos.
-
48
Reservatrios
O reservatrio representa um ponto na borda do modelo, capaz de fornecer ou receber
gua em grande quantidade. Ele um fornecedor ou receptor infinito, teoricamente
mantedor de vazes de entrada ou sada do sistema durante todo o perodo de tempo.
Reservatrios so utilizados no modelo como sendo fontes de gua, onde a carga
hidrulica dada por valores diversos das geradas pelas demandas do sistema. Lagos,
represas, poos profundos e at estaes de tratamento de gua so usualmente
representados por reservatrios. Tambm na modelagem, o fornecimento de gua entre
sistemas de abastecimentos podem ser considerados como reservatrio fornecedor
para um e receptor para o outro.
Para um reservatrio, duas informaes so necessrias: a cota altimtrica do nvel da
gua e a qualidade da mesma. Por definio, o reservatrio no estoca gua, assim
nenhuma informao quanto ao volume disponvel necessria.
Tanques
Um tanque de reservao tambm um ponto da borda do modelo. Difere de um
reservatrio, pois sua carga hidrulica varia de acordo com o consumo de gua. Os
tanques possuem volumes limitados que podem ser repostos ou consumidos durante o
perodo de tempo. Os tanques existem na maioria dos sistemas de distribuio, e sua
representao no modelo geralmente bem fiel ao seu comportamento real.
Numa modelagem esttica, o tanque se comporta identicamente a um reservatrio, uma
vez que o fluxo de gua calculado com sua carga hidrulica constante. J numa
modelagem em tempo estendido, existe a variao de sua carga hidrulica.
Junes
Junes so mais do que simples conexes entre trechos da rede. Definem a posio
de demandas do sistema de abastecimento, podendo esta ser um consumo ou um
fornecimento de gua do sistema. Pode-se utilizar uma juno no final de um trecho,
para ser utilizado como uma descarga ou um consumo localizado. As junes conectam
trechos da topologia da rede que representam as tubulaes. Nas tubulaes reais, as
conexes ocorrem por meio de juntas entre os diversos tubos que compem a
tubulao, e os consumos se distribuem ao longo deles. A importncia das junes na
topologia devida a simplificao causada no modelo, pois concentram nas as
demandas existentes, sem afetar os resultados dos clculos. A caracterstica fsica
-
49
definida numa juno sua cota geomtrica. Este atributo parece simples de ser
atribudo, porm existem algumas consideraes a serem observadas. Isto porque a
presso determinada pela diferena entre a carga hidrulica calculada e a cota
geomtrica, assim atribuir o valor correto da cota geomtrica imprescindvel.
Tubulaes
As tubulaes conduzem a gua de um ponto a outro dentro da rede de distribuio. Os
tubos, de ao e ferro fundido, so fabricados em comprimentos em torno de 6 metros, e
so montados em srie formando a tubulao. Na tubulao, existem vrias conexes,
como cotovelos ou curvas, que causam variaes de direo ou vlvulas que controlam
a vazo em determinados trechos de rede. Para a modelagem, trechos individuais de
rede e suas conexes podem ser combinados em um nico trecho, tendo as mesmas
caractersticas, ou seja, material, dimetro, etc. O comprimento total entre uma juno e
outra representa o percurso completo da gua, mas no necessariamente em linha reta.
O dimetro da tubulao utilizado seu dimetro interno, ou seja, a distncia de um
ponto interno at seu diametralmente oposto na da parede interna. Este valor difere do
dimetro nominal, pois a medida exata depende da classe de presso e material do
tubo.
Perda de carga
As tubulaes possuem uma rugosidade que causa uma perda de carga distribuda ao
longo de sua extenso. Com o passar do tempo, envelhecem e com isso essa
rugosidade pode aumentar, pois podem ocorrer incrustaes e corroso das paredes do
tubo.
Bombas
As bombas so elementos que adicionam energia, ao sistema de modo a aumentar a
carga hidrulica. A bomba empregada para possibilitar que o fluxo de gua na
tubulao vena as perdas de carga e diferenas de cotas geomtricas. A menos que o
sistema seja totalmente operado por gravidade, as bombas fazem parte integrante do
sistema de abastecimento. Nos sistemas de abastecimento de gua, o tipo de bomba
mais frequentemente utilizado a centrfuga. Uma bomba centrfuga tem um motor que
conectado a um rotor que impulsiona a gua pela tubulao. A energia mecnica de
rotao impulsiona a gua na tubulao aumentando a carga hidrulica.
-
50
As caractersticas fsicas das bombas necessrias para a modelagem so obtidas a
partir da sua curva caracterstica. Os parmetros necessrios so: altura manomtrica,
eficincia, potncia e o NPSH (Net positive suction head) requerido.
A curva da altura manomtrica representa o fornecimento de energia ao sistema para
vencer o desnvel geomtrico e as perdas de carga. As outras curvas so utilizadas
para determinar consumo de energia, requisitos do motor e avaliao da cavitao.
Vlvulas
As vlvulas so elementos utilizados para controle operacional e delimitaes de reas
de abastecimento (setores, distritos de medio e controle, etc.) e sua operao
definida segundo as regras operacionais do sistema de abastecimento. Estas
informaes entram no modelo de simulao hidrulico em cada trecho de rede nos
elementos obtidos no levantamento planialtimtrico. A seguir, so citados alguns tipos
de vlvulas: bloqueio, controle de vazo, controle, mantenedora de presso, nvel,
reduo de presso, reteno e ventosas.
Existem aplicativos desenvolvidos para simulao hidrulica, baseados nos
equacionamentos tericos que representam as leis fsicas do comportamento dos
fludos em condutos forados, cujas caractersticas devem ser estudadas e entendidas
para obteno de resultados significativos e otimizados. A Figura 4.10 apresenta uma
possvel sequencia de etapas para a utilizao de um aplicativo simulador hidrulico.
Na etapa um feita a seleo e aprendizado do aplicativo, no qual a simulao ser
feita. Nesta etapa necessrio um treinamento eficaz, pois o bom conhecimento dos
recursos e dos dados de entrada do aplicativo permite um aproveitamento pleno do
mesmo, alm de imprimir maior velocidade criao do modelo.
Na etapa dois realmente executada a simulao, e o primeiro passo selecionar uma
rea discreta do sistema de abastecimento, e estudar suas caractersticas para
conhec-la suficientemente bem, proporcionando um bom domnio do comportamento,
do consumo e das variveis fsicas e temporais envolvidas no transporte da gua pelas
tubulaes. Todos os dados sero carregados no aplicativo.
-
51
Figura 4.10 - Uma possvel seqncia de etapas para a utilizao de um aplicativo simulador hidrulico. (Walski et al., 2003) adaptada.
-
52
. Existem dados que so influenciados por fatores complexos e aleatrios, e que tero
de ser levantados em campo ou estimados, como por exemplo, o perfil de consumo (ou
demanda horria), e o estado fsico atuais da tubulao. As seguintes caractersticas
devem ser levantadas nesta etapa:
Topografia: o levantamento planialtimtrico da rea em estudo obtido no cadastro
tcnico, com a consulta s plantas cadastrais da rede de distribuio existente. No caso
de se tratar de uma rea recm-implantada, pode existir a necessidade do
levantamento no campo de algumas informaes ainda inexistentes no cadastro. Com o
levantamento planialtimtrico, toma-se conhecimento das cotas altimtrica envolvidas, e
do caminhamento das redes de distribuio pela rea em anlise, bem como das
vlvulas existentes. Estas informaes sero carregadas no modelo de simulao.
Extenso de rede: As informaes referentes rede de distribuio, ou seja, extenso,
materiais, dimetros, idade, vlvulas e equipamentos que a compem, so obtidas
tambm no cadastro tcnico das concessionrias.
Tubulaes e seus materiais, dimetros e idades: pela avaliao da idade e do
material de cada trecho rede, feita a avaliao das condies fsicas do mesmo e seu
efeito sobre o fluxo de gua em seu interior. Para isso tomam-se como base as tabelas
existentes e as equaes de perda de carga distribuda e localizada, por exemplo, a
rugosidade que afetada diretamente pela incrustao existente em redes de ferro
fundido com idades avanadas. Uma estimativa da espessura da camada de
incrustao pode ser obtida pela equao de Colebrook-White, que estabeleceram uma
relao linear para levar em conta o aumento da rugosidade, equaes 4.1 e 4.2, com o
passar do tempo (Azevedo Netto, 1998).
= 0 + (4.1)
Onde: 0 a altura da rugosidade; a altura da rugosidade aps t anos; o
perodo de tempo em anos; a taxa de crescimento da aspereza, em m/ano.
2 log = 6,6 (4.2)
Onde: taxa de crescimento da aspereza, em m/ano; o potencial hidrogeninico
mdio das amostras de gua coletadas.
Tipos de clientes: para modelar o comportamento da distribuio de gua em uma
determinada rea, o comportamento da demanda horria de consumo deve ser obtido,
pois atravs de sua variao que os valores das vazes e presses horrias
existentes em cada trecho da rede so calculados. Os clientes so divididos,
regularmente, em: Residenciais, Comerciais, Industriais e Pblicos. E quanto ao seu
-
53
porte em: Comuns e Especiais. Com o perfil de consumo, a demanda horria em cada
trecho calculada.
Demandas: a demanda horria caracterstica de cada cliente. Para sua determinao
necessrio conhecer o perfil de consumo horrio de cada cliente, para isso
necessrio a coleta de dados individuais por meio de registradores eletrnicos
instalados em cada ramal, a Figura 4.11 mostra alguns equipamentos utilizados no
levantamento.
Presses: a presso esttica obtida pela diferena de cotas altimtricas mais a carga
hidrulica do sistema.
Na etapa trs feita a calibrao do modelo com o levantamento de dados em campo,
que sero fornecidos ao modelo, e que por meio de ciclos de interaes matemticas,
adqua s diversas variveis aos valores correspondentes em campo.
Na etapa quatro, depois que todas as informaes relativas rea e de todas as
caractersticas dos elementos e tubulaes que compem o sistema forem definidas, o
modelo pode ser finalmente simulado. O modelo est pronto para o uso e planejam-se
as alternativas previstas para o sistema de abastecimento, como por exemplo, a troca
de redes, ampliao da malha de distribuio, a incluso de um grande
empreendimento imobilirio, etc. Criando assim diversos cenrios que sero utilizados
na etapa cinco e fornecero os resultados que sero utilizados na anlise da rea e
emisso de diagnstico.
Figura 4.11 - Alguns Equipamentos utilizados na coleta de dados
Ex