dissertação vanessa lima

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  • 8/17/2019 Dissertação Vanessa Lima

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    222UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

    DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

    VANESSA CRISTINA OLIVEIRA DE LIMA

    EFEITO GRASTROPROTETOR DE ISOLADOS PROTEICOS DE

    SEMENTES DE Erythr ina velut ina  COM AÇÃO INIBITÓRIA

    SOBRE ELASTASE DE NEUTRÓFILOS EM MODELO DE

    ÚLCERA EXPERIMENTAL

    NATAL/RN

    2014

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     Aos meus amados pais, Deusimar e Irene, dedico.“Porque metade de mim é amor, e a outra metade também”  

    Oswaldo Montenegro

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    incentivar tanto, por ser o cara especial que você é. Espero que esse seja só o começo

    de uma longa e bela jornada. Amo você.

     Agradeço a minha Orientadora, Ana Heloneida, por ter acreditado em mim.

    Obrigada por me fazer sonhar com coisas grandes, e hoje me despertar pra um futuro

    que pouco a pouco vai se concretizando. Hoje devo a você muito do que já construí.

    Poucos professores atentam para o significado que possuem na vida de seus alunos.

    Eu que nunca pensei em chegar aqui, já quero ir mais longe. Obrigada professora, por

    ter mudado minha história.

     Agradeço a Professora Adriana, pela acolhida. Obrigado por ter me recebidotão gentilmente e por ter feito tanto por mim. Pelos ensinamentos não só de bancada,

    mas ensinamentos de vida. Eu espero um dia ser uma professora tão boa quanto você

    é.

    “...Quando tudo parece que estar perdido É nessa hora que você vê

    Quem é parceiro, quem é bom amigoQuem tá contigo quem é de correr

     A sua mão me tirou do abismoO seu axé evitou o meu fim

    Me ensinou o que é companheirismoE também a gostar de quem gosta de mim...” 

     Agradeço as minhas queridas amigas! Da universidade para vida: Raphaela,

    Juliana, Pammela, Fernanda, Sarine, Anny e Theresa. Minhas piris, todos os

    momentos vividos com vocês foram e são muito especiais. Amo vocês! Obrigada pelo

    apoio e incentivo de sempre! Fico muito feliz em compartilhar com vocês mais essa

     vitória, e estar presente nas vitórias de vocês.

     A Bel e a Karol, pela amizade, pela maravilhosa companhia, pelas muitas

    risadas juntas e pelas lamentações também. Passamos pelo estresse das disciplinas, a

    angústia de ter que tirar sempre A para não perder a bolsa, e o perrengue que é ser

    pós-graduando. Meninas espero em um futuro não muito distante, apenas

    comemorarmos! Aos meus colegas de mestrado, Moacir, Ingrid, Márcia, Gabriel,

    Keith, Luiza, pelo aprendizado, pelo crescimento não só intelectual, aprendi muito

    mais com cada um de vocês

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     A Richele, por ter me ensinado muito do que eu sei hoje, ter sido tão paciente e

    sempre disposta a ajudar. Sua colaboração nesse trabalho foi essencial. Obrigada

    amiga e sucesso! A Norberto, pela colaboração e sugestões.

     A Tici (Bebê!!!), pela companhia, pelas conversas, pelos almoços juntas. Espero que

    seus sonhos se concretizem, você merece! A negão (Anderson) por ser tão prestativo e

    paciente e a Jonalson, sempre disposto a ajudar. Sem vocês dois o Laboratório jamais

    seria o mesmo. A Paulinha, Antônio, Luciana, Russi, Serquiz, Patrícia, pela

    convivência, pelas conversas sem futuro, pelas boas risadas, vocês com certeza

    fizeram mais leve meu dia a dia. As meninas do laboratório: Iana, Iane, Ana Glória,

    Espanhola (Guiulliana) e Isabela, obrigada pela companhia.

    “...Na hora que a gente menos esperaNo fim do túnel aparece uma luz

     A luz de uma amizade sinceraPara ajudar carregar nossa cruz

    Foi Deus quem pôs você no meu caminhoNa hora certa pra me socorrerEu não teria chegado sozinho

     A lugar nenhum se não fosse você...” 

     A professora Christina pela imensa colaboração e pelo apoio e todo o pessoal dolaboratório de práticas histológicas. A Ibson, pela ajuda imprescindível nesse

    trabalho. Sou muito grata pela colaboração. A Izael, sempre muito esforçado e

    prestativo, obrigada pela força e pela disposição. Agradeço também a Alexandre e a

    equipe do Biotério da UNP, por gentilmente terem cedido o espaço e as ferramentas

    para o nosso trabalho, obrigada pela ajuda, sou muito grata.

     Aos professores Elizeu, Bruna e Sandra pelo cuidado com que olharam meu trabalho

    e pela valiosa contribuição que fizeram. Agradeço as professoras Aurigena Antunes e

    Liziane Lima por se disponibilizarem a acrescentar ainda mais ao trabalho. Meu

    muito obrigada. A todos os funcionários e professores do departamento de

    Bioquímica da UFRN. Ao programa de Pós-Graduação em Bioquímica. Ao CNPq e a

    Capes pelo auxílio financeiro.

    “...Quando o vento parou e a água baixou 

    Eu tive a certeza do seu amor” Zeca Pagodinho 

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    “Cada um de nós compõe a sua história Cada ser em si

    Carrega o dom de ser capazDe ser feliz”  

     Almir Sater

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    RESUMO 

     A úlcera gástrica é uma patologia inflamatória na qual ocorre um desequilíbrio entre

    os fatores protetores e agressores da mucosa, nos quais a elastase de neutrófilo

    humano (ENH) está inserida e cuja hiperatividade corrobora no processo

    inflamatório. Os inibidores de tripsina e quimotripsina da espécie Erythrina velutina já

    foram anteriormente isolados, e tiveram sua ação anti-inflamatória atestada. Logo,

    esse estudo tem por objetivo avaliar o efeito gastroprotetor por ação inibitória sobre

    ENH de isolados proteicos com atividades antitríptica e antiquimotríptica de

    sementes de  E. velutina  em modelo experimental de úlcera gástrica. Para tal, os

    isolados proteicos foram obtidos por extração, saturação com sulfato de amônio ecromatografia em coluna de afinidade com matriz sepharose, derivatizada com as

    respectivas enzimas imobilizadas inibidas por cada isolado.   Após atestada as

    atividades antitríptica e antiquimotríptica dos isolados, estes foram denominados

    IPAT e IPAQ respectivamente. Foi determinado para IPAT a IC50, a Ki para ENH e a

    estabilidade em diferentes pH e temperaturas. Para avaliar o feito gastroprotetor dos

    isolados proteicos, foram utilizados seis grupos de animais (ratas wistar ; 8 semanas;

    180-220g; n = 6): dois grupos receberam IPAT (0,2 e 0,4 mg/kg), um terceiro gruporecebeu IPAQ (0,035 mg/kg); como controle negativo, um quarto grupo recebeu o

    Cloridrato de Ranitidina (50 mg/kg) como controle positivo; um quinto grupo recebeu

    a solução salina 0,9%; e um último grupo, não sofreu intervenção (Sham). Após

    cinco dias de administração, foi induzida em cinco grupos de animais, a úlcera

    gástrica com etanol 99%. Como resultado, o IPAT apresentou alta afinidade e

    atividade inibitória sobre ENH com valores de Ki de 0,4 µg/mL e uma IC50 de 1,0

    µg/mL, além de estabilidade e em uma ampla faixa de temperatura (37 a 100°C) ede pH (2 a 14). Ambos os isolados proteicos foram eficazes em proteger contra

    danos à mucosa gástrica, principalmente as lesões hemorrágicas, apresentando

    resultados estatisticamente significativos. Além disso, não apresentaram efeitos

    tóxicos aos animais. Dessa forma, IPAT e IPAQ mostraram-se eficientes

    gastroprotetores, despontando como uma terapêutica alternativa na prevenção da

    úlcera gástrica.

    Palavras-chave: Atividade neutrofílica. Mucosa gástrica. Úlcera gástrica. Atividade

    antitríptica. Atividade antiquimotríptica.

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    ABSTRACT

    Gastric ulcer is an inflammatory condition that is a consequence of an imbalance

    between aggressive and protective factors of the mucosa, in which the human

    neutrophil elastase (HNE) is inserted and whose hyperactivity supports the

    inflammatory process. The trypsin and chymotrypsin inhibitors from Erythrina velutina 

    species were previously isolated and had a certified anti-inflammatory action.

    Therefore, this study aims to evaluate the gastroprotective effect by inhibitory action

    on protein isolates from HNE, antitryptic and antichymotryptic activities of E. velutina 

    seeds in experimental gastric ulcer. To this end, the protein isolates were obtained by

    extraction saturation with ammonium sulfate and chromatography on sepharoseaffinity matrix column derivatized with the respective immobilized enzymes inhibited

    by each isolate. After confirmed the isolated activities of antitryptic and

    antichymotryptic, these PIAT and PIAQ were named respectively. PIAT was

    determined for IC50, the Ki for HNE and stability at different pH and temperatures. To

    assess the gastroprotective made of protein isolates, six groups of animals (male

    Wistar , 8 weeks, 180-220g, n = 6) were used: two groups received PIAT (0.2 and 0.4

    mg / kg), a third group received PIAQ (0.035 mg / kg); as negative control, a fourthgroup received ranitidine hydrochloride (50 mg / kg) as a positive control; a fifth

    group received 0.9% saline; and a final group suffered no intervention (Sham). After

    five days of administration, gastric ulcer with 99% ethanol was induced in five groups

    of animals. As a result, the PIAT showed high affinity and inhibitory activity of HNE

    with Ki values of 0.4 mg / ml and an IC50 of 1.0 mg / mL, in addition to stability and a

    wide temperature range (37-100 ° C) and pH (2 to 14). Both protein isolates were

    effective in protecting against damage to the gastric mucosa, mainly hemorrhagiclesions, showing statistically significant results. Besides, the animals did not show

    any toxic effects. Thus, PIAT and PIAQ were effective gastroprotectors, emerging as

    an alternative therapy in the prevention of gastric ulcer.

    Keywords:  Neutrophil activity. Gastric mucosa. Gastric ulcer. Antitryptic activity.

     Antichymotryptic activity.

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    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1. Representação da mucosa gástrica e seus respectivos componentes

    celulares.....................................................................................................................20

    FIGURA 2. Esquema da produção da secreção ácida nas células parietais.............21

    FIGURA 3. Esquema do sistema de proteção antioxidante.......................................29

    FIGURA 4. Erytrina velutina. A) Árvore. B) Flores. C) Sementes..............................40

    FIGURA 5. Erythrina velutina. A) Sementes. B) Cotilédones. C) Farinha..................46

    FIGURA 6. Esquema de extração em tampão e fracionamento com sulfato de

    amônio em três percentuais de saturação (0 –30%, 30 –60%, 60 –90%) das sementes

    de E. velutina..............................................................................................................49

    FIGURA 7. Desenho experimental do modelo de ulceração gástrica........................56

    FIGURA 8. Percentual (%) de Inibição da atividade da tripsina pelo extrato bruto e

    frações proteicas F1, F2, e F3 (saturação com sulfato de amônio em 0  – 30%, 30 – 

    60%, 60 – 90%, respectivamente) de sementes de E. velutina.................................59

    FIGURA 9. A) Perfil cromatográfico da F2 (saturação com 30  – 60% de sulfato de

    amônio) de sementes de Erythrina veluntina em cromatografia de afinidade Tripsina-Sepharose CNBr 4B. B) Eletroforese em gel de poliacrilamida a 12%......................60

    FIGURA 10. A) Estabilidade de IPAT extraído de sementes de Erythrina velutina em

    diferentes condições de pH e B) temperatura............................................................61

    FIGURA 11. Determinação do IC50 e do Ki isolado proteico com atividade antitríptica

    obtido de sementes de Erythrina velutina para HNE..................................................62

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    FIGURA 12. Percentual (%) de Inibição da atividade da quimotripsina pelo extrato

    bruto e frações proteicas F1, F2, e F3 (saturação com sulfato de amônio em 0  – 

    30%, 30 – 60%, 60 – 90%, respectivamente) de sementes de E. velutina................63

    FIGURA 13.  A) Perfil da F2 (saturação com 30  –  60% de sulfato de amônio) de

    sementes de Erythrina velutina em cromatografia de afinidade Quimotripsina-

    Sepharose  CNBr 4B. B) Eletroforese em gel de poliacrilamida a

    12%............................................................................................................................64

    FIGURA 14. Gráfico da plotagem do Índice de Lesão Ulcerativa (ILU) dos grupos

    IPAT 0,2 e 0,4 mg/kg e IPAQ 0,035 mg/kg em relação ao controle positivo (soluçãosalina 0,9%) e ao controle negativo (Cloridrato de Ranitidina) .................................66

    FIGURA15. Estômagos dos animais que receberam os isolados proteicos obtidos de

    sementes de E. velutina, dissecados e abertos pela curvatura maior e lavados com

    solução salina 0,9%, representando cada grupo do experimento (n= 6) ..................67

    FIGURA 16. Cortes histológicos dos estômagos dos animais aos quais administrou-se os isolados proteicos obtidos de sementes de E. velutina, dissecados e abertos

    pela curvatura maior e lavados com solução salina 0,9%, representando cada um

    grupo do experimento (n= 6), corados com HE em aumento de 10 x........................69

    FIGURA 17. Cortes histológicos dos fígados e pâncreas dos animais que receberam

    IPAT (Isolado Proteico com Atividade Antitríptica) obtidos de sementes de E.

    velutina, corados com HE, em aumento de 10 x........................................................70

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    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1. Família de inibidores de proteinases de plantas.....................................39

    TABELA 2. Escores e parâmetros de análise macroscópica do dano epitelial para

    modelo experimental de úlcera gástrica.....................................................................57

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    LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS 

    AINE – Anti-inflamatório Não EsteroideAMPc –  Adenosina 3’,5’ Monofosfato Cíclico 

    BApNa – Nα-Benzoyl-L-arginine 4-nitroanilide hydrochloride

    BSA  – Albumina Sérica Bovina

    CEUA  – Comitê de Ética em Uso animal

    COX – Clicooxigenase

    CRF  – Corticotrofina

    DMSO – DimetilsufóxidoDUP  – Doença da Úlcera Péptica

    EB  – Extrato Bruto

    EGF-R  – Receptor do Fator de Cescimento

    ENH – Elastase de Neutrófilo Humano

    EP1-R  – Receptor da Prostaglandina 1

    ERO  – Espécies Reativas de Oxigênio

    ETI  – Inibidor de Tripsina de Erythrina variegata 

    EvCI  – Inibidor de Quimotripsina de Erythrina velutina 

    EvTI  – Inibidor de Tripsina de Erythrima velutina 

    GPx  – Glutationa Peroxidase

    GR  – Glutationa Redutade

    GSH – Glutationa Reduzida

    GSSG  – Glutationa Oxidada

    HE  – Hematoxilina/Eosina

    HPLC  – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

    IBP  – Inibidor da Bomba de Prótons

    ICMBio/MMa  – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

    IGF-1  – Fator de Crescimento Semelhante a Insulina

    IPAQ  – Isolado Proteico com Atividade Antiquimotríptica

    IPAT  – Isolado Proteico com Atividade Antitríptica

    MPO  – Mieloperoxidase

    NADP – Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Fosfato

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    NADPH  – Nicotinamida Adenina Dinucleotído Fosfato Reduzida

    NC- IUBMB  – Enzyme Nomenclature of the Committee of the International Union of

    Biochemistry and Molecular Biology

    NO  – Óxido Nítrico

    NOS  – Óxido Nítrico Sintase

    NOSe  – Óxido Nítrico Sintase endotelial

    NOSi  – Óxido Nítrico Sintase induzível

    NOSn  – Óxido Nítrico Sintase neuronal

    PAF  – Fator Ativado de Plaquetas

    PG  – Prostaglandina

    SOD  – Superóxido Dismutase

    TFF  – Trefoil Factor Family

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    SUMÁRIO

    1.  INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19 

    1.1  O ESTÔMAGO E A MUCOSA GÁSTRICA ................................................. 19 

    1.2  FATORES DE PROTEÇÃO ......................................................................... 22 1.2.1  Camada de muco e bicarbonato ............................................................ 22 1.2.2  Fatores Epiteliais ................................................................................... 23 1.2.3  Fatores Sub-endoteliais ......................................................................... 25 1.2.4  Sistema Antioxidante ............................................................................. 27 

    1.3  ÚLCERA GÁSTRICA ................................................................................... 29 

    1.3.1  Conceito e etiologia ............................................................................... 29 1.3.2  Sintomatologia e Tratamento ................................................................. 32 

    1.4  PROTEASES ............................................................................................... 35 

    1.5  INIBIDORES DE PROTEASES ................................................................... 37 

    1.6  Erythrina velut ina  ....................................................................................... 39 

    JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 43 

    2.  OBJETIVOS ....................................................................................................... 45 

    2.1  OBJETIVO GERAL...................................................................................... 45 

    2.2  OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 45 

    3.  MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 46 

    3.1  MATERIAL ................................................................................................... 46 3.1.1  Sementes .............................................................................................. 46 3.1.2   Animais .................................................................................................. 46 3.1.3  Reagentes ............................................................................................. 47 3.1.4  Equipamentos ........................................................................................ 48 

    3.2.1  Obtenção do extrato bruto de E. Velutina .............................................. 48 3.2.2  Fracionamento do extrato bruto proteico de sementes de E. velutina porprecipitação com sulfato de amônio ................................................................... 49 3.2.3  Quantificação de proteínas .................................................................... 50 3.2.4  Preparo das soluções usadas como substrato ...................................... 50 3.2.5   Atividade antiquimotríptica ..................................................................... 50 3.2.6   Atividade antitríptica .............................................................................. 51 3.2.7   Atividade antielastásica neutrofílica ....................................................... 51 3.2.8  Cromatografia de Afinidade em Tripsina-Sepharose CNBr 4B .............. 51 3.2.9  Cromatografia de Afinidade em Quimotripsina-Sepharose CNBr 4B ..... 52 

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    3.2.10   Avaliação do grau de pureza e estimativa da massa molecular dosisolados proteicos por eletroforese em Gel de Poliacrilamida Descontínuo eDesnaturante (SDS-PAGE) ................................................................................ 53 3.2.11  Estabilidade em variação de pH ............................................................ 54 3.2.12  Estabilidade térmica .............................................................................. 54 3.2.13  Determinação da IC50 para ENH de IPAT .............................................. 54 3.2.14   Avaliação do efeito gastroprotetor de IPAT e IPAQ ............................... 55 3.2.15   Análise Estatística ................................................................................. 58 

    4.  RESULTADOS ................................................................................................... 59 

    4.1  Determinação da atividade inibitória sobre tripsina das fraçõesproteicas de sementes de Erythrina velut ina  .................................................... 59 

    4.2  Isolamento proteico em cromatografia de afinidade de Tripsina-

    Sepharose CNBr 4B ............................................................................................. 60 

    4.3  Estabilidade de IPAT em diferentes pH e temperatura ........................... 61 

    4.4  Determinação da IC50, da Ki e do mecanismo de inibição do IPAT paraENH 61 

    4.5  Determinação da atividade inibitória sobre quimotripsina das fraçõesproteicas de sementes de Erythrina velut ina  .................................................... 63 

    4.6  Isolamento proteico em cromatografia de afinidade de Quimotripsina-Sepharose CNBr 4B ............................................................................................. 63 

    4.7  Avaliação do efeito gastroprotetor de IPAT e IPAQ em modeloexperimental de úlcera induzida por etanol ...................................................... 64 

    4.7.1   Avaliação Macroscópica ........................................................................ 64 4.7.2   Avaliação Histomorfológica ................................................................... 68 4.7.3   Análise Toxicológica .............................................................................. 70 

    5.  DISCUSSÃO ...................................................................................................... 71 

    6.  CONCLUSÃO ..................................................................................................... 77 

    REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78 

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    1. INTRODUÇÃO

    1.1 O ESTÔMAGO E A MUCOSA GÁSTRICA

    O estômago é a região mais dilatada do tubo digestivo, responsável pela

    formação e processamento do alimento ingerido em um fluido denso e ácido

    conhecido como quimo. Este órgão liquefaz os alimentos, continuando sua digestão

    por meio da produção de ácido clorídrico e das enzimas pepsina, renina e lipase

    gástrica, e da produção de hormônios parácrinos. Anatomicamente, possui uma

    curvatura menor, côncava, e uma maior, convexa, e é dividido em quatro regiões:

    cárdia, fundo, corpo e antropilórico (região pilórica) (GARTNER; HIATT, 2007).

    Na mucosa gástrica, a diversidade de funções das células que compõem o

    tecido gástrico acaba por manter esse epitélio em um ambiente luminal hostil, com

    condições extremas de acidez e presença de proteases agressivas, capazes de

    digerir o próprio tecido que as gerou. Somando-se a tudo isso a contínua exposição

    a patógenos externos possivelmente veiculados por alimentos, alimentos ingeridos a

    altas temperaturas ou alta osmolaridade, álcool, dentre outros. Entretanto, apesar da

    exposição contínua a estes fatores prejudiciais, sob condições normais, uma série

    de mecanismos de defesa evita danos locais e mantem a integridade estrutural e

    funcional dessa mucosa (NAYEB-HASHEMI; KAUNITZ, 2009; TULASSAY;

    HERSZÉNYI, 2010).

     A mucosa gástrica é constituída por três componentes usuais: o epitélio que

    reveste o lúmen, o tecido conjuntivo subjacente chamado de lâmina própria e a

    camada muscular lisa. O epitélio do corpo e do fundo (mucosa oxíntica ou glandular)

    possui vários tipos celulares: células parietais ou oxínticas (presentes no fundo dasglândulas oxínticas), as células principais ou zimogênicas, células mucosas

    superficiais e as células enteroendócrinas secretoras de hormônios. Já a mucosa

    glandular possui células mucosas na região do colo das glândulas gástricas, além de

    células estaminais, que atuam na regeneração do epitélio superficial (Figura 1)

    (GARTNER; HIATT, 2007; GYIRES; NÉMETH; ZÁDORI, 2013).

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    Figura 1: Representação da mucosa gástrica e seus respectivos componentes celulares. Fonte:

    Traduzido de http://higheredbcs.wiley.com/

     As glândulas gástricas produzem aproximadamente 2 a 3 litros de suco

    gástrico por dia, o qual é formado por água, derivada do fluido extracelular do tecido

    conjuntivo e liberada pelas células parietais, ácido clorídrico (HCl) e fator intrínseco

    produzidos pelas células parietais, as enzimas pepsina, renina e lipase gástrica,

    produzidas pelas células principais e o muco solúvel produzido pelas células

    mucosas do colo. Uma pequena absorção dos produtos alimentares ocorre no

    estômago, embora algumas substâncias como álcool, possam ser absorvidas

    diretamente pela mucosa gástrica (GUYTON; HALL, 2009; MILLS;  SHIVDASANI,

    2011).

     A secreção de HCl no estômago tem importante papel na funcionalidade do

    órgão, embora envolvida na patogênese da maioria das doenças de acometimento

    gástrico. Também, está envolvida com a desnaturação proteica, a absorção de ferro,

    cálcio e cobalamina e ainda atua como agente microbicida. O HCl ativa ainda a

    proenzima pepsinogênio, transformando-a na pepsina proteoliticamente ativa,

    gerando as condições de baixo pH necessárias à sua atividade. A liberação de HCl

    pode se dar por fatores psicológicos, sensoriais ou pela presença de alimento no

    http://higheredbcs.wiley.com/http://higheredbcs.wiley.com/

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    trato gastrointestinal, além de moléculas indutoras como a histamina, a acetilcolina e

    o hormônio gastrina (LAINE; TAKEUCHI; TARNAWISKY, 2008).

    Quando as moléculas indutoras se ligam aos receptores na membrana da

    superfície basal das células parietais, ocorre a sinalização para liberação de HCl

    para o canalículo celular, que por estimulação, se abre na membrana apical da

    célula, a qual também possui um sistema túbulo-vesicular rico em bombas de

    prótons (H+/K+-ATPase) secretoras de hidrogênio (H+)  (Figura 2). A atividade da

    bomba protômica é regulada por proteínas quinases, cuja atividade depende das

    concentrações intracelulares de adenosina 3’,5’ monofosfato cíclico (AMPc) e

    diacilglicerol. Uma vez ativada a célula, o sistema túbulo-vesicular funde-se a

    membrana projetando as microvilosidades nos canalículos, aumentando o contato

    dessa porção da membrana com o lúmen gástrico (GANONG, 2006).

    Figura 2: Esquema da

    produção da secreção ácida nas células parietais. Fonte: Traduzido de

    http://z7.invisionfree.com/Farmacoterapia_USP/index.php?showtopic=17 

    Dessa forma, as moléculas de H+/K+-ATPase ficam expostas ao potássio (K+)

    extracelular e passam a trocar H+ por K+. O íon H+ é proveniente da dissociação do

    ácido carbônico (H2CO3), formado a partir da hidratação do gás carbônico (CO2), pelaação da enzima anidrase carbônica. O HCO3

    - assim formado deixa a célula parietal

    http://z7.invisionfree.com/Farmacoterapia_USP/index.php?showtopic=17http://z7.invisionfree.com/Farmacoterapia_USP/index.php?showtopic=17http://z7.invisionfree.com/Farmacoterapia_USP/index.php?showtopic=17

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    através de um antitransportador presente na membrana basolateral que troca o

    bicarbonato por cloreto (Cl-). Por ser o ânion mais abundante no líquido extracelular,

    o Cl- difunde-se para o lúmen a favor do seu gradiente de concentração (GUYTON;

    HALL, 2009).

    1.2 FATORES DE PROTEÇÃO

    1.2.1 Camada de muco e bicarbonato

     A superfície epitelial é recoberta por gel de muco, bicarbonato (HCO3-) e

    fosfolipídios surfactantes, que juntos constituem a primeira linha de defesa da

    mucosa (ALLEN; FLEMSTRÖM, 2005). O muco gástrico consiste de um gel viscoso,

    elástico, aderente e transparente, secretado pela porção apical das células epiteliais

    da superfície da mucosa, formado por aproximadamente 95% de água e 5% de

    mucina, uma glicoproteína rica em resíduos de serina, treonina e tirosina, cuja

    agregação é essencial à característica de gel da estrutura. Sua secreção é

    estimulada pelos hormônios gastrina, secretina e agentes colinérgicos (TULASSAY;

    HERSZÉNYI, 2010).

    Existem quatro tipos de mucinas gelificantes (MUC2, MUC5AC, MUC5B, e

    MUC6) cujas estruturas já foram elucidadas. No estômago, MUC5AC é expressa na

    superfície epitelial das células da cárdia, do fundo e do antro. Já MUC6 é secretada

    na porção média das células glandulares do fundo e do antro. MUC5AC e MUC6 se

    organizam em estratos alternados na formação da camada de muco em humanos. O

    gel mucoso é secretado juntamente com peptídeos de baixo peso molecular

    conhecido como TFF (Trefoil Factor Family ). TFF são partes integrantes das

    vesículas secretoras de muco e desempenham papel na montagem intracelular das

    moléculas de mucina, estabilizando a rede do gel, além de aumentar sua

    viscosidade (THIM; MADSEN; POULSEN, 2002; ZAK; SHAH; BLIN, 2009).

    O HCO3- é secretado pelas células epiteliais e sua função consiste em

    neutralizar os íons H+ que se difundem pela camada de muco aderente, de modo a

    criar um microambiente com pH estável próximo a neutralidade na interface entre o

    muco e a superfície da mucosa. A produção de HCO3- perfaz apenas 10% do total

    de HCl produzido. Apesar da baixa produção de HCO3- em relação à secreção ácida,a viscosidade da barreira de muco retém o HCO3

    -, evitando que o mesmo se difunda

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    na luz estomacal, minimizando assim as perdas. A barreira mucosa também retém a

    pepsina liberada no espaço luminal, impedindo que a enzima alcance a mucosa e

    cause digestão do epitélio (TULASSAY; HERSZÉNYI, 2010).

    Estudos tem mostrado que o cotransporte Na+/HCO3- através da membrana

    basolateral auxilia na captação de bicarbonato. Estudos utilizando a mucosa gástrica

    de ratos e coelhos demonstraram a expressão de trocadores aniônicos de Cl-/HCO3- 

    nas membranas apicais de células epiteliais da superfície gástrica (TAKEUCHI et al . 

    1997; ROSSMANN et al. 1999). No estômago, prostaglandinas estimulam a

    secreção de HCO3- por meio dos receptores EP1 ( prostaglandin E receptor 1). A

    secreção ácida, o fator liberador de corticotropina (CRF), a melatonina, a

    uroguanilina e orexina também estimulam a secreção de bicarbonato (ALLEN;

    FLEMSTRÖM, 2005).

     A eficácia das propriedades protetoras da barreira de muco não depende

    apenas da estrutura do gel, mas também da quantidade ou espessura da camada

    que cobre a superfície mucosa. A espessura da camada de muco por sua vez é

    resultante do balanço entre sua produção e a erosão mecânica causada pelo

    processo digestivo e químico, devido à ação proteolítica, principalmente em relação

    à pepsina luminal. Porém, apesar da presença de fatores agressores ser umaconstante, a camada mucosa mantém uma aderência fisicamente única, não

    sofrendo dispersão, nem alteração das suas propriedades reológicas (TULASSAY;

    HERSZÉNYI, 2010).

     A barreira de muco/bicarbonato é a única barreira pré-epitelial entre lúmen e

    epitélio. Quando este mecanismo de proteção se encontra sobrecarregado ou o

    equilíbrio entre fatores protetores e agressores se rompe, como nas doenças, a

    próxima série de mecanismos de proteção entra em jogo, incluindo a neutralizaçãointracelular do ácido, a rápida reparação epitelial e a manutenção e distribuição do

    fluxo sanguíneo da mucosa (LAINE; TAKEUCHI; TARNAWISKY, 2008).

    1.2.2 Fatores Epiteliais

     A linha de defesa subsequente à barreira de muco é a camada epitelial,

    formada por células que produzem prostaglandinas (PG), proteínas de choque

    térmico, proteínas da família Trefoil Factor Family   (TFF), e catelicidinas. Devido à

    presença de fosfolipídios de superfície, estas células apresentam caráter

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    hidrofóbico, repelindo agentes agressores solúveis em água e em ácido (LAINE;

    TAKEUCHI; TARNAWISKY, 2008). Um estudo demonstrou que a membrana apical

    de uma cultura de células principais apresentou resistência em pH fortemente ácido

    (pH 2,0), enquanto as regiões basais das mesmas células apresentaram

    sensibilidade a condições de pH levemente ácido (pH 5,5), ressaltando a

    importância da justaposição celular como mecanismo de proteção contra a difusão

    de ácido às camadas mais profundas (SANDERS et al., 1985).

     Apesar de constituir uma barreira física que separa o ambiente luminal do

    meio interno do organismo, a camada epitelial deve promover uma permeabilidade

    seletiva, de modo a atender a função fisiológica do órgão (absorção de nutrientes e

    secreções gástricas, por exemplo) e ao mesmo tempo impedir a penetração de

    microrganismos e outros patógenos externos porventura contidos em alimentos. Os

    elementos cruciais que garantem essa função são as junções intercelulares,

    tornando as células epiteliais metabolicamente e eletricamente interligadas,

    fornecendo vias para o transporte transepitelial de forma intercelular e paracelular

    (MATYSIAK-BUDNIK; HEYMAN; MÉGRAUD, 2003).

    Dentre os fatores de proteção produzidos pelas células epiteliais, pode-se

    destacar as proteínas de choque, geradas em resposta ao estresse térmico,oxidativo e agentes citotóxicos (OYAKA et al., 2006). Elas impedem desnaturação

    por conduzir o correto dobramento proteico e a agregação de proteínas, protegendo

    as células contra lesões. Catelicidinas e β-Defensinas são peptídeos catiônicos que

    desempenham um papel no sistema de defesa inato na superfície mucosa,

    prevenindo a colonização bacteriana. Foi demonstrado que esses elementos são

    capazes de acelerar a cicatrização de úlceras (TANAKA et al., 2007). As TFF

    secretadas no muco também asseguram a integridade da mucosa, regulando areepitelização por migração celular, inibindo apoptose e inflamação e protegendo as

    células contra uma série de substâncias tóxicas (HERNANDÉZ et al., 2009).

     A mucosa gástrica também produz as PG PGE2  e PGI2, as quais são

    essenciais para manutenção da integridade da mesma, protegendo contra agentes

    necróticos e ulcerogênicos. Atuando em receptores E2  ligados à proteína G, essas

    prostaglandinas inibem a secreção ácida, estimulam a secreção de muco, HCO3- e

    fosfolipídios, além de aumentar o fluxo sanguíneo e estimular a regeneração

    epitelial. PG também inibem a ativação de mastócitos e leucócitos e a adesão de

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    plaquetas ao endotélio vascular (ATAY; TARNAWSKI; DUBOIS, 2000;

    BRZOZOWSKY et al., 2005).

     A manutenção da integridade epitelial também requer um equilíbrio preciso

    entre proliferação e morte celular. Assim, o epitélio é continuamente renovado por

    um processo de proliferação celular altamente coordenado e controlado, que permite

    a substituição da superfície danificada ou envelhecida por células estaminais. As

    células da mucosa do estômago apresentam altas taxas de rotatividade e morrem

    em poucos dias após a sua formação. A substituição completa do epitélio estomacal

    leva entre três e sete dias, enquanto a substituição de células glandulares pode levar

    meses (MURPHY, 1998).

     A proliferação de células estaminais é controlada pelo receptor do fator de

    crescimento (EGF-R), derivado de saliva, células esofágicas e glândulas duodenais.

    Os principais fatores de crescimento que ativam esse receptor são o fator de

    crescimento transformante α (TGF-α) e o fator de crescimento semelhante à insulina

    1 (IGF-1). A ativação de EGF-R desencadeia a cascata de fosforilação iniciada pela

    proteína cinase ativada por mitógeno, iniciando a ação trófica na mucosa. Além de

    estimularem a proliferação de células epiteliais após um ferimento, também podem

    atuar estimulando a produção de muco e controlando a secreção ácida (LAINE et al.,2007).

    1.2.3 Fatores Sub-endoteliais

     A microcirculação gástrica é formada por uma densa rede capilar que permeia

    a mucosa gástrica desde a lâmina própria até as células epiteliais glandulares

    (Figura 1). No nível da camada muscular da mucosa, vasos capilares oriundos das

    artérias submucosas avançam para dentro do tecido em direção as glândulas

    gástricas, convergindo em vênulas coletoras na região mais luminal da lâmina

    própria subjacente às células mucosas da superfície. As células endoteliais que

    compõem a microcirculação estão interligadas por intermédio de junções aderentes,

    formando uma barreira endotelial que evita a difusão entre os espaços

    intercelulares. Essas células também atuam permitindo a troca de solutos, oxigênio,

    CO2  e nutrientes, com especial atividade na produção de fatores de coagulação,

    substâncias vasoativas, hormônios, fatores de crescimento e citocinas

    (TARNAWSKI; AHLUWALIA; JONES, 2012)

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     A modulação da microcirculação da mucosa gástrica desempenha um papel

    essencial na manutenção da sua integridade, especialmente para o fornecimento de

    oxigênio e nutrientes, e a remoção de substâncias tóxicas. As artérias gástricas,

    mais calibrosas, se ramificam em finos capilares, e penetram na lamina própria, na

    proximidade de células epiteliais glandulares gástricas. Na base das células

    epiteliais da superfície, os vasos capilares convergem em vênulas coletoras (LAINE

    et al., 2007; TULASSAY; HERSZÉNYI, 2010).

    Quando a mucosa gástrica é exposta a uma substância irritante ou quando

    ocorre a difusão do HCl do espaço luminal para o epitélio gástrico, é verificado um

    rápido e acentuado aumento do fluxo sanguíneo na mucosa. Este aumento permite

    a remoção e /ou diluição do ácido difundido ou dos agentes tóxicos e a redistribuição

    sanguínea, tamponando o tecido. O HCO3-  produzido pelas células parietais é

    transportado para corrente sanguínea, alcalinizando o sangue, de modo a neutralizar

    possíveis íons H+  que se difundam. Este fenômeno é conhecido como “Maré 

     Alcalina”. Esta resposta se mostra essencial para a defesa da mucosa porque, uma

    vez abolida por meio de restrição mecânica do fluxo sanguíneo, leva à necrose

    hemorrágica. Esta resposta por hiperemia é mediada por nervos aferentes

    sensoriais (HOLZER, 2006).O aumento do fluxo de sangue da mucosa em resposta à secreção ácida é

    mediado, pelo menos em parte, pelo aumento do óxido nítrico (NO), gerado pela

    enzima óxido nítrico sintase (NOS), a partir do aminoácido L-Arginina. A NOS está

    presente em três isoformas, duas constitutivas, sendo uma neuronal (NOSn) e outra

    endotelial (NOSe), mais importantes no trato gastrointestinal, e uma terceira

    isoforma induzível (NOSi) (BRZOZOWSKI et al., 2004). O NO tem potente efeito

    vasodilatador, além de regular a produção de muco, inibir a agregação de neutrófilose auxiliar no processo de cicatrização da úlcera. NO protege a mucosa gástrica

    contra lesões por etanol e endotelina-1, enquanto que a inibição de sua síntese

    aumenta a lesão gástrica por ativação de mastócitos e liberação de histamina e fator

    ativador de plaquetas (PAF), levando ao aumento da produção de HCl (HOLZER,

    2006).

     A interação de neutrófilos com o endotélio vascular é essencial para seu

    recrutamento à área de injúria. As consequências celulares dessa interação incluem

    a abertura das junções celulares endoteliais e aumento da permeabilidade,

    facilitando a migração neutrofílica para o ponto de injúria, o que, em condições

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    patológicas ocorre de forma descontrolada, levando ao dano vascular agudo por

    ação enzimática da elastase e consequente hemorragia (FRIEDRICH et al., 2011).

    Juntamente com a microcirculação, a inervação gástrica tem fundamental

    importância na manutenção da hemostasia. Vasos da mucosa e submucosa gástrica

    são inervados por neurônios sensoriais aferentes primários e nervos formando um

    denso plexo na base da mucosa. As fibras nervosas desse plexo entram na lâmina

    própria, acompanhando os vasos sanguíneos, e terminam logo abaixo das células

    epiteliais da superfície. Essas terminações nervosas monitoram o conteúdo ácido

    luminal e a difusão de ácidos na mucosa, através de canais sensíveis a ácidos. A

    ativação desses nervos afeta diretamente o tônus das arteríolas da submucosa,

    alterando o fluxo sanguíneo na região. A estimulação dos nervos sensoriais gástrico

    leva à liberação de neurotransmissores como o peptídeo relacionado ao gene da

    calcitonina e a substância P em nervos inseridos ou próximos a grandes vasos da

    mucosa, desencadeado resposta de defesa (HOLZER, 2007).

    1.2.4 Sistema Antioxidante

    Devido às implicações geradas pelas Espécies Reativas de Oxigênio (ERO),as células desenvolveram importantes sistemas antioxidantes de proteção,

    envolvendo componentes enzimáticos e não enzimáticos. Em organismos aeróbios,

    ERO são gerados frequentemente em decorrência do metabolismo do oxigênio,

    processos inflamatórios ou outros eventos não fisiológicos. As ROS incluem todos

    os radicais de oxigênio como hidroxila (OH•), superóxido (O2•-), alquila (L•), alcoxila

    (LO•) e peroxila (LOO•), as quais apesar de apresentarem efeito protetor até certo

    ponto, quando produzidas de forma descontrolada causam danos às membranas,

    alterando sua estabilidade e a permeabilidade e o fluxo de substâncias. ERO

    também podem causar dano ao material genético celular (HELLOU; ROSS; MOON,

    2012).

     A catalase, um dos componentes enzimáticos desse sistema, é uma heme

    proteína heterotetramérica, que contém um grupo porfirina por subunidade. Catalisa

    a redução de peróxido de hidrogênio (H2O2) em água e oxigênio, na qual o NADP,

    produzido da via das pentoses fosfato, se liga aos tetrâmeros da enzima,

    protegendo-a contra inativação causada pelo seu próprio substrato. Localizada nas

    mitocôndrias e nos peroxissomos, a catalase se faz presente em todos os

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    Figura 3: Esquema do sistema de proteção antioxidante. Fonte: PRADO (2013). CAT: Catalase; SOD:

    Superóxido Dismutase; GPx: Glutationa Peroxidade; GSH: Glutationa Reduzida; GSSG: Glutationa

    Oxidada; GR: Glutationa Redutase.

    1.3 ÚLCERA GÁSTRICA

    1.3.1 Conceito e etiologia

     A úlcera gástrica é uma lesão necrótica profunda, que penetra através da

    mucosa, onde tanto os componentes do tecido epitelial quanto conectivo, incluindo

    miofibroblastos subepiteliais, células do músculo liso, vasos e nervos são destruídos.Devido às suas grandes semelhanças com úlceras em outras partes do trato

    digestivo, a úlcera gástrica é frequentemente referenciada com úlceras esofágicas e

    duodenais em conjunto, como a doença de úlcera péptica (DUP). Embora não seja

    tão comum como as úlceras duodenais, úlceras gástricas são frequentemente mais

    propensas a desenvolver malignidade (FREINSTEIN, 2010).

    No estômago, as úlceras localizam-se mais frequentemente no antro (60%) e

    na junção do antro com o corpo (25%). Apesar de sua natureza robusta e

    multifacetada, muitos fatores diretamente relacionados à deficiência na defesa da

    mucosa podem alterar a barreira epitelial e incentivar a formação da lesão, dentre os

    mais importantes estão: secreção ácida, bactérias e seus produtos, anti-

    inflamatórios não esteroides, álcool, espécies reativas de oxigênio, bem como

    diferentes compostos químicos. Seus efeitos sobre a barreira gástrica representam

    importantes mecanismos de patogênese da úlcera gástrica, gastrite crônica e outras

    doenças gástricas (TULASSAY; HERSZÉNYI, 2010).

    Durante décadas a secreção gástrica foi consagrada como agente causador

    da úlcera, uma vez que o manejo terapêutico baseado na sua redução apresentava

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    efeitos satisfatórios, sendo intensamente estudados os mecanismos pelos quais o

    ácido clorídrico produziria a úlcera. Com o advento de novas terapêuticas e a

    descoberta da importância de Helicobacter pylori  na patogênese, retirou-se o foco da

    secreção como agente único, embora a presença de hipersecreção de ácidos

    continua a ser uma condição necessária para a produção da úlcera e uma variedade

    de distúrbios gastrointestinais comuns (GUSTAFSON; WELLING, 2010).

     Apesar de facilitar os processos digestivos e absortivos, a secreção ácida,

    quando em níveis elevados, sobrecarrega o sistema de defesa da mucosa, levando

    ao desenvolvimento, além da úlcera, de doenças como refluxo gastroesofágico e

    esôfago de Barrett. O provável mecanismo da lesão se dá por acesso ao conteúdo

    luminal por canais abertos na camada de muco criados pela relativa alta pressão

    hidrostática intraglandular gerada durante a hipersecreção (JOHANSSON;

    SYNNERSTAD; HOLM, 2001).

    Outro importante agente etiológico é a bactéria H. pylori , apresentando

    prevalências superiores a 90% em países em desenvolvimento e constituindo um

    importante problema de saúde pública. Este bacilo gram-negativo sobrevive mal no

    lúmen gástrico, porém multiplica-se eficientemente na mucosa gástrica e nas

    proximidades, ou até mesmo em anexo a camada epitelial. Por meio da produção deurease, a H. pylori   consegue criar um microambiente neutro em meio à acidez

    gástrica. Os metabólitos da produção de urease são extremamente tóxicos para o

    epitélio gástrico, desencadeando o mecanismo ulcerativo. Dos indivíduos

    acometidos, 10% a 15% desenvolvem úlcera e 1% a 2%, um processo neoplásico

    (HANDA; NAITO; YOSHIKAWA, 2010; ERNEST; GOLD, 2000).

     A utilização de medicamentos do tipo anti-inflamatórios não esteroides (AINE)

    também é um fator que predispõe o processo ulcerogênico. Os AINE estão entre osmedicamentos mais utilizados no mundo sendo que 90% das prescrições são

    destinadas a pessoas com mais de 65 anos devido ao aumento da incidência de

    doenças reumáticas. O principal mecanismo por meio do qual os AINE provocam

    úlceras e complicações gastrointestinais é provavelmente por inibição da

    ciclooxigenase (COX), uma enzima chave na biossíntese de prostaglandinas (PG)

    (LAINE et al., 2007).

    Há duas isoformas da COX, a COX1 e a COX2. A isoforma COX1 é expressa

    na maioria dos tecidos, produzindo as prostaglandinas que desempenham um papel

    essencial na proteção do estômago por estimular a síntese e secreção de muco e

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    HCO3-, o aumento no fluxo de sangue da mucosa e a proliferação epitelial

    (SULEYMAN; AKCAY; ALTINKAYNAK, 2002). A COX2  tem pouca ou nenhuma

    expressão na maioria dos tecidos, mas é rapidamente induzida em resposta a

    estímulos inflamatórios. Por meio do mecanismo dos AINE, inibindo as COX de

    forma não seletiva, cria-se um ambiente gástrico que é mais suscetível ao ataque

    por fatores endógenos e exógenos (BIAS et al., 2004).

    O álcool figura como importante fator etiológico devido ao amplo consumo

    mundial. Entre os vários sistemas de órgãos que medeiam os efeitos do álcool sobre

    o corpo humano, o trato gastrointestinal desempenha um papel particularmente

    importante. O álcool pode interagir diretamente com a mucosa gástrica, ou pode

    atuar por meio de um mecanismo mais geral que afeta a liberação de hormônios e a

    regulação das funções nervosas envolvidas na secreção de ácido. A formação de

    úlcera por efeito do etanol é uma resposta inflamatória, sendo a injúria iniciada pela

    mediação de fatores inflamatórios que induzem vasoconstrição, isquemia e morte

    celular (DUFFIN; SHAW, ROSSI, 2008).

     A administração intragástrica de etanol em ratos produz lesões na mucosa

    gástrica que são comumente utilizadas no estudo da patogênese da doença e

    desenvolvimento de novos métodos terapêuticos. As lesões são produzidas deforma confiável e simples utilizando-se volumes variados de etanol concentrado.

    Dependendo da quantidade administrada, 10 a 40% das regiões glandulares do

    estômago tornam-se cobertas de erosões hemorrágicas quando examinadas cerca

    de uma a duas horas após a indução (SZABO et al., 1985).

     A atividade neutrofílica é outro fator comumente relacionado à injúria gástrica,

    e está intimamente ligado a dano gerado pelo consumo de etanol. Os neutrófilos e

    os fatores deles derivados desempenham um importante papel em diversas formasde modelos de ulceração gastrointestinal e inflamação. O dano epitelial mais

    comumente relacionado à atividade neutrofílica é a isquemia e o dano hemorrágico.

    Fatores expressos pelos neutrófilos como integrinas reagem com moléculas de

    adesão endotelial desempenhando importante papel na infiltração neutrofílica

    (KVIETYS et al., 1990, KUJBIDA et al., 2008).

     A elastase de neutrófilo humano (ENH) presente nos grânulos primários dos

    leucócitos polimorfonucleares, constitui-se, em condições fisiológicas, um importante

    mecanismo de defesa contra microrganismos invasores. Devido à importância de

    manter sua atividade equilibrada, o organismo dispõe de proteínas inibidoras da

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    elastase, como a α1-antitripsina, α2-macroglobulina e o inibidor de leucoprotease

    secretória (SHAPIRO, 2002; SHAPIRO et al., 2003), que limitam a área de ação da

    enzima, devido à sua ubiquidade diminuindo assim a exposição de tecidos

    saudáveis e proteínas de vias biológicas importantes à degradação desnecessária.

    Esse equilíbrio inibidor-elastase é rompido no processo inflamatório, culminando em

    danos teciduais severos (TRAVIS; SALVESEN, 1983; BODE et al., 1989).

    O desenvolvimento de isquêmia-reperfusão causada na mucosa por uma

    injúria externa com consequente ativação neutrofílica, desempenha papel

    fundamental no dano epitelial. Os neutrófilos uma vez ativados liberam enzimas que

    podem levar a alterações na permeabilidade da mucosa. A mieloperoxidase (MPO)

    está relacionada ao dano por sua atuação na geração de ERO (TAKEUCHI et al.,

    1998). Além da MPO, a elastase tem potencial ação lesiva por catalisar a

    degradação da elastina, importante proteína envolvida na integridade da matriz

    tecidual. A redução da atividade anti-inflamatória dos neutrófilos por meio da

    utilização de inibidores externos é vista como uma terapêutica promissora na

    prevenção da úlcera bem como outras doenças inflamatórias (ROCHA et al., 2011).

    1.3.2 Sintomatologia e Tratamento

    O sintoma predominante da úlcera gástrica é a dor epigástrica, a qual pode

    ser acompanhada por outros sintomas dispépticos como inchaço, saciedade precoce

    e náuseas. Entretanto, as úlceras crônicas podem ser assintomáticas; em particular,

    esta ausência de sintomas é observada nas úlceras induzidas por AINE, onde o

    sangramento ou perfuração é a primeira manifestação clínica da doença

    (MALFERTHEINER et al., 2009).

    Por muito tempo a úlcera foi controlada de maneira cirúrgica, o que resultava

    em altas taxas de morbidade e mortalidade. A maioria das cirurgias realizada

    atualmente é de caráter de urgência, devido a hemorragias e perfurações, e

    procedendo-se a cirurgia de controle dos danos, não sendo realizada cirurgia

    redutora de ácido. Devido aos bons resultados do tratamento médico, o tratamento

    cirúrgico da úlcera não complicada tornou-se obsoleto. Hoje, com as terapêuticas

    disponíveis, é possível tratar conservadoramente cerca de 90% dos casos (GOMES;

    MARQUES; PINHEIRO, 2013).

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     A supressão farmacológica eficaz da secreção de ácido iniciou em meados da

    década de 70, com a introdução dos antagonistas de receptores histaminérgicos H2.

     A secreção gástrica de ácido produzido pelas células parietais da mucosa do

    estômago é controlada pela histamina, gastrina, acetilcolina e prostaglandinas (E2 e

    I2). A ligação da histamina, acetilcolina ou gastrina a seus receptores produz a

    ativação de uma bomba de prótons H/K-ATPase, que secreta HCl para a luz do

    estômago, enquanto a ligação das prostaglandinas aos seus receptores diminui a

    produção de ácido gástrico (ARAWAKA et al., 2012).

    Os bloqueadores de receptor histaminérgico H2  agem como antagonistas

    reversíveis de receptores H2  situados no estômago, em vasos sanguíneos e em

    outros locais. Possuem a ação de inibir totalmente a secreção de ácido clorídrico

    induzido por histamina ou gastrina. Exemplos de fármacos amplamente

    comercializados são a ranitidina, a cimetidina e a famotidina. A ranitidina tem ação

    mais prolongada do que a cimetidina, e cinco a dez vezes mais potente. A

    famotidina é três a dez vezes mais potente do que a ranitidina, e também tem a ação

    prolongada (CHUBINEH; BIRK, 2012). Até a década de 90 foram os fármacos mais

    prescritos no mundo, reduzindo as cirurgias em mais de 80% (JAIN et al., 2007).

    Os antagonistas dos receptores H2 foram gradualmente substituídos por umaclasse de drogas inibidoras de ácido mais potente, os inibidores da bomba de

    prótons (IBP). Esses fármacos pertencentes à classe dos benzimidazóis foram

    substituídos, sendo comercialmente conhecidos como omeprazol, lanzoprazol,

    pantoprazol e esomeprazol. Os IBP são medicamentos que bloqueiam seletivamente

    a bomba de prótons (H+, K+-ATPase) da célula parietal, suprimindo a secreção de

    íons hidrogênio para a luz do estômago (NAJM, 2011).

    Em pH neutro, esses fármacos são quimicamente estáveis, lipossolúveis,formando bases fracas e sem atividade inibidora. Ao atingir as células parietais

    gástricas, se difundem para os canalículos secretores onde ficam retidos, tornando-

    se protonados. O agente protonado se rearranja para formar um ácido sulfênico e

    uma sulfenamida. A sulfenamida interage de forma covalente com os grupamentos

    sulfidrila em pontos críticos do domínio extracelular da bomba protômica da

    superfície da membrana (NAJM, 2011).

    Um terceiro grupo de drogas é direcionado para o reforço da barreira mucosa,

    do qual se destaca o misoprostol, um análogo de prostaglandina, único do grupo

    aprovado para comercialização, necessitando de altas dosagens para surtir efeito

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    biológico (MALFERTHEINER et al., 2009). Os análogos das prostaglandinas são

    menos eficazes do que os antagonistas H2. Assim, tem sido recomendado somente

    em pacientes que necessitam do uso de AINE prolongado em função do risco de

    desenvolverem úlcera péptica, principalmente em idosos ou pacientes com

    complicações ulcerosas. Quando a H. pylori está presente, o tratamento enfoca a

    sua erradicação com o uso dessas drogas combinadas com antibióticos (NAJM,

    2011).

    Entretanto, apesar da grande efetividade apresentada pelos antagonistas dos

    receptores H2 e IBP, esses medicamentos podem apresentar alguns inconvenientes

    quando utilizados por longos períodos devido à intensa supressão do ácido. Dentre

    esses efeitos, podemos citar a osteoporose, riscos aumentados de infecções

    entéricas, metabolismo alterado de outros medicamentos, e desenvolvimento de

    pólipos gástricos que podem evoluir para câncer gástrico (CHUBINEH; BIRK, 2012;

    ROHSS; HASSELGREN; HEDENSTROM, 2002).

    Constipação, cefaleia e tonturas são efeitos colaterais advindos do uso de

    antagonistas dos receptores H2. Em pacientes idosos o uso prolongado de

    cimetidina pode provocar confusão e alucinações devido à ação no sistema nervoso

    central. A cimetidina também pode causar efeitos endócrinos como ginecomastia egalactorréia. Cefaleia, diarreia e rash cutâneo, prurido, vertigem, fadiga, obstipação,

    e vômitos, flatulência, artralgia, mialgia são efeitos relatados no uso de IBP.

     Aumento do risco de infecções gastrointestinais pode ocorrer em decorrência da

    redução da produção de ácido. No Brasil, a venda de medicamentos à base de

    misoprostol está restrito e sujeito a controle criterioso devido ao seu uso clandestino

    como agente abortivo (CHUBINEH; BIRK, 2012; FITTIN; WISEMAN, 1996; BALDI;

    MALFERTHEINER, 2003).Uma variedade de produtos botânicos tem sido relatada na literatura pela sua

    atividade antiulcerogênica, sendo esta constatação baseada principalmente na ação

    farmacológica em animais experimentais (GADEKAR et al., 2010). Existem vários

    produtos botânicos com potenciais aplicações terapêuticas, devido à sua alta

    eficácia e baixa toxicidade. Destes, destacam-se substâncias extraídas de plantas,

    isoladas e atestados os seus efeitos biológicos, muitas vezes comprovando o seu

    emprego na medicina popular, como o exemplo do Plaunotol, um diterpeno acíclico

    extraído de uma planta chamada plau noi, muito utilizada como agente

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    3.4.25). Serinoproteases, treoninoproteases e cisteinoproteases são cataliticamente

    muito diferentes das proteases aspárticas e as metaloproteases em que o nucleófilo

    presente no sítio catalítico do primeiro grupo é parte de um aminoácido, enquanto

    que nos dois últimos, é uma molécula de água ativada (HARTLEY, 1960).

    Diferentes tipos de proteases possuem uma proximidade evolutiva visualizada

    por semelhanças estruturais. De acordo com a sequência aminoacídica, as

    proteases podem ser agrupadas em famílias ou clãs. As proteases que

    compartilhavam homologia entre si foram colocadas dentro de uma mesma família, e

    as famílias as quais se acreditava ter um ancestral comum, apesar da divergência

    evolutiva, foram agrupadas dentro do mesmo clã. A clara evidência entre clã e

    família está contida na semelhança da estrutura tridimensional, a qual se relaciona

    diretamente a disposição de resíduos de aminoácidos na cadeia polipeptídica

    (RAWLINGS et al., 1993; BARRETT, 2001).

    De acordo com a reação catalisada, as proteases estão divididas em dois

    grupos: as exopeptidases, que clivam um ou poucos resíduos de aminoácidos da

    extremidade N- ou C- terminal, e as endopeptidases, que atuam em ligações

    internas de cadeias polipeptídicas. Em relação à nomenclatura, o termo

    “proteinases” refere-se apenas às endopeptidases, enquanto que “proteases” e“peptidases” incluem, além das endopeptidases, as exopeptidases. A clivagem das

    ligações peptídicas não é limitada à transformação de proteínas maduras em

    aminoácidos livres, como também é relevante à modificação e maturação proteica

    (BARRETT, 2001).

     As serinoproteases são um grupo diverso de enzimas que são caracterizadas

    pela presença do aminoácido serina no sítio ativo, o qual é formado por uma tríade

    catalítica representada pelos resíduos de Serina, Histidina e Asparagina. Quase umterço das proteases pode ser classificada como serinoproteases e estão presentes

    em importantes processos fisiológicos como digestão, proliferação e diferenciação

    celular, inflamação, reabsorção óssea, coagulação sanguínea e respostas imunes,

    como fatores do complemento B, C e D (SIM; TSIFTSOGLOU, 2004).

    O mecanismo básico de ação de serinoproteases envolve a transferência do

    grupamento acil de um substrato para um grupo funcional da enzima. Os dois

    passos básicos de catálise realizados por este grupo de enzimas incluem, primeiro,

    a formação de um éster entre o átomo de oxigénio de serina e o grupamento acil do

    substrato, o qual produz um intermediário tetraédrico e libera a parte amino do

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    substrato e, em seguida, o ataque da água no intermediário acil-enzima, que quebra

    e libera o produto acídico, enquanto ocorre a regeneração da forma original da

    enzima (ANTÃO; MALCATA, 2005).

    Dentre os exemplos clássicos de serinoproteases, destacam-se a tripsina, a

    quimotripsina e a elastase, que pertencem a uma superfamília de proteínas, que

    parecem ter evoluído de um ancestral comum, por apresentarem semelhanças na

    estrutura e mecanismo de reação e são responsáveis para a digestão inicial de

    proteínas no intestino da maioria dos animais superiores (GARCIAOLMEDO et al.,

    1987).

    In vivo, as serinoproteases atuam clivando cadeias polipeptídicas

    essencialmente intactas em peptídeos curtos, que então sofrem ação de

    exopeptidases para gerar os aminoácidos, os produtos finais de digestão de

    proteínas. As serinoproteases se distuinguem com base na sua especificidade:

    tripsina cliva especificamente na porção C-terminal entre resíduos que possuem

    uma cadeia lateral básica (Lys, Arg); quimotripsina mostra uma preferência para a

    clivagem C-terminal de resíduos de aminoácidos que possuem a cadeia lateral

    hidrofóbica (Phe, Tyr, Leu); e elastase que mostra uma preferência pela clivagem na

    porção C-terminal de resíduos que possuem uma pequena cadeia lateral neutra(Ala, Gly) (RYAN, 1990).

    1.5 INIBIDORES DE PROTEASES

    Qualquer composto que reduza a taxa de catálise de um substrato é, em

    princípio, um inibidor enzimático. Proteínas capazes de formar complexos nas

    enzimas proteolíticas inibindo a atividade das mesmas são denominadas inibidores

    de proteases. Estes são amplamente distribuídos entre plantas, animais e

    microrganismos, podendo possuir massas moleculares que variam entre 10 e 90

    kDa (NEURATH, 1989; RAO et al., 1998).

    Os inibidores de proteases atuam na regulação da proteólise, e são

    importantes para proteger fluídos ou tecidos de degradação por atividades

    proteolíticas indesejadas, principalmente os que estão sujeitos à ação de proteases

    externas, a exemplo do sangue, ácinos pancreáticos e tecidos de armazenamento

    de plantas (NEURATH, 1990). As famílias de inibidores encontrados são específicas

    para quatro classes mecanicistas de enzimas proteolíticas: serina, cisteína,

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    aspárticas e metaloproteases. A expressão dos inibidores varia de acordo com o

    estado fisiológico do organismo. Em plantas, os níveis destes inibidores dependem

    da fase de maturação, localização do tecido, tempo de colheita e de

    armazenamento, como também da variedade da planta, com a possível coexistência

    de diferentes classes de inibidores, bem como uma variedade de isoformas num

    único tecido ou órgão (SANTOS et al., 2012).

    Existem duas amplas classes de inibidores de enzima: Os reversíveis, cuja

    interação com a enzima é estabilizada pela somação de ligações fracas, e os

    irreversíveis, que se ligam a enzima de forma covalente, podendo até destruir o

    grupamento funcional da mesma. Os inibidores que realizam interações reversíveis

    são agrupados quanto ao tipo de interação, esta podendo ser competitiva, não

    competitiva e mista. Inibidores competitivos competem com o substrato pelo sítio

    ativo da enzima por muitas vezes possuir estrutura similar ao substrato. Os

    inibidores não competitivos ligam-se a um sítio distinto do sítio ativo do substrato, e

    diferentemente dos inibidores competitivos, se ligam ao complexo enzima-substrato.

    Já nos inibidores mistos podem se ligar tanto a enzima livre como ao complexo

    (NELSON; COX, 2011).

     As diversas classes de inibidores foram subdivididas em várias famíliasbaseando-se em características tais como homologia entre os membros, relações

    topológicas entre pontes dissulfeto e localização do sítio ativo. A classe de inibidores

    mais bem caracterizada é a das serinoproteases, amplamente distribuída no reino

    vegetal, principalmente em plantas das famílias brassicaceae, curcubitaceae,

    salicicaceae, glycinaceae, leguminosae, solanaceae, fabaceae. Estes inibidores

    foram agrupados em oito subfamílias: Bowman –Birk, Kunitz, Batata I, Batata II,

     Abóbora, Cereal, Taumatina e RagiA1. As mais bem caracterizadas famílias deinibidores de serinoproteases são os inibidores do tipo Kunitz e Bowman-Birk

    (Tabela 1) (HAQ; ATIF; KHAN, 2004; RAMOS et al., 2008).

    Os inibidores de serinoproteases do tipo Kunitz possuem massa molecular de

    18 a 22 kDa, com estrutura primária composta por cerca de 181 resíduos de

    aminoácidos, um único sítio ativo que se liga a tripsina, uma ou duas cadeias

    polipeptídicas e um baixo teor de cistina. Geralmente as pontes dissulfeto são

    estabilizadas por quatro resíduos de cisteína, cuja ligação uma vez rompida,

    acarreta perda da atividade biológica de inibição. Já os inibidores do tipo Bowman-

    Birk apresentam baixa massa molecular, a qual varia entre 8 e 10 kDa, um alto teor

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    de cistina e dois sítios ativos por molécula, cada um com uma afinidade por uma

    faixa de serinoproteases como tripsina, quimotripsina, elastase e calicreína.

    Diferente dos inibidores tipo Kunitz, que são codificados por um único gene, a família

    Bowman-Birk é codificada por pelo menos três genes para a síntese das suas

    isoformas (HABIB; FAZILLI, 2007; BIRK, 1985).

    TABELA 1. Família de inibidores de proteinases de plantas

    Proteinases Classes de inibidores Famílias de inibidores

    Serínicas Inibidores de proteinasesserínicas

    Bowman-Birk

    KunitzBatata I

    Batata II

    Superfamília de Cereais

    Taumatina

    RagiA1/milho

    Cisteínicas Inibidores de proteinases

    cisteínicas

    Fitocistatinas

     Aspárticas Inibidores de proteinasesaspárticas

    Inibidores de proteinasesaspárticas

    Metalo-proteinases Inibidores de metalo-proteinases

    Inibidores de carboxipeptidases A e B

    Fonte: RYAN, 1990

    1.6 Erythrina v elut ina

     A grande diversidade de plantas atualmente conhecidas e utilizadas pelo

    homem é resultado da histórica procura em seu ambiente natural de meios que

    viessem suprir suas necessidades alimentícias, industriais, médicas e até mesmo

    ritualísticas. A partir do século XIX, com o avanço na pesquisa de produtos naturais,

    começou-se a ter ideia do rico arsenal de compostos bioativos presentes na

    natureza, cuja atividade biológica era continuamente confirmada cientificamente

    (MIGUEL; MIGUEL, 2004).

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    Dentre as plantas de interesse científico, o gênero Erythrina destaca-se pelo

    grande potencial para prospecção de moléculas com ampla gama de atividades

    biológicas. É composto por plantas arbóreas da família Fabaceae, subfamília

    Papillionoideae; Compreende cerca de 120 espécies tropicais em regiões quentes,

    temperadas e é dividido em cinco subgêneros e 26 seções. No Brasil, existem 12

    espécies conhecidas, das quais oito estão localizadas no nordeste e em Minas

    Gerais (LORENZI; MATOS, 2008). A espécie E. velutina, popularmente conhecida

    como “mulungu”, “suinã”, “canivete” ou “corticeira”, é um arbusto pequeno, de caule

    tortuoso e flores vermelho-alaranjadas (Figura 4) (EPAMIG, 1993).

    Figura 4: Erytrina velutina. A) Árvore. B) Flores. C) Sementes.

     As várias espécies de Erythrina têm sido amplamente exploradas em estudos

    das mais diversificadas aplicações biológicas. Um estudo sobre a atividade do

    extrato alcóolico de E. velutina no sistema nervoso demonstrou a presença de efeito

    ansiolítico com doses agudas e crônicas do extrato em modelo animal para

    ansiedade, utilizando o teste T-maze (RIBEIRO et al., 2006). Outro estudo realizado

    com a administração intraperitoneal de um extrato aquoso de E. velutina demonstrou

    prolongamento da duração do sono induzido por pentobarbital de sódio em doses

    mais elevadas e bloqueou a aquisição de memória em modelo de choque na pata

    em doses mais baixas (DANTAS et al., 2004). 

    Essa atividade biológica está atrelada à presença de alcalóides e flavonóides,

    particularmente isoflavonóides nas sementes de E. velutina, corroborando assim o

    uso na medicina popular da planta como tranquilizante natural (CHACHA; BOJASE-

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    inflamatório, a ENH, ressalta-se a necessidade de explorar essa ação em outros

    modelos experimentais de inflamação.

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    JUSTIFICATIVA

    Elastase de Neutrófilos Humano (ENH) é uma protease que quando hiperativa

    está envolvida na destruição de tecidos e inflamação que caracterizam muitas

    doenças, incluindo enfisema hereditário, doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose

    cística, síndrome da angústia respiratória do adulto, lesão de isquemia-reperfusão,

    artrite reumatoide e úlcera gástrica. Assim, ENH tem sido objeto de extensa

    pesquisa para identificar inibidores potentes visando combater a sua ação destrutiva

    e inflamatória. A pesquisa na área e a procura dessas moléculas se voltam à busca

    de novas fontes ou a nova aplicação de moléculas já bem estudadas, sejam elas

    sintéticas, recombinantes ou de ocorrência natural (HENRIKSEN, 2014).

    Os inibidores de serinoproteases, moléculas de ocorrência extremamente

    comum, os quais vêm sendo isoladas, purificadas e caracterizadas de um grande

    número de organismos, principalmente de plantas, concorrem como fortes

    candidatos em função de seu amplo espectro de ações heterólogas em processos

    biológicos de interesse científico, dentre eles o processo inflamatório (VALUEVA;

    MOSOLOV, 2004; CHRISTELLER, 2005; HAQ; ATIF; KHAN, 2004). Muitos estudos

    demonstraram que inibidores de serinoproteases têm a capacidade de inibir a ENH.

    Muitos extratos de sementes de leguminosas, tais como aqueles obtidos a partir de

    feijão lima (Phaseolus limensis), feijão comum (Phaseolus vulgaris), feijão adzuki

    (Phaseolus angularis), lentilha (Lens Culinares), ervilha (Pisum sativum) e de

    tamarindo (Tamarindus indica) mostraram ser ricas fontes desses inibidores com

    potencial anti-inflamatório (HOJIMA; PISANO; CHOCRANE, 1983; LARIONOVA,

    1993; FOOK et al., 2005).

    De todos os trabalhos envolvendo E. velutina, os estudos realizados por Mo

    nteiro (2011) e Machado et al., (2013) são de especial interesse. Monteiro (2011)

    purificou um inibidor de quimotripsina com atividade antielastásica, avaliou seus

    parâmetros cinéticos para ENH, tolerância em diferentes pH e temperaturas,

    demonstrou seu potencial anti-inflamatório e sua ação inibitória sobre a ENH, além

    da ausência de toxicidade celular. Machado (2012) purificou um inibidor de tripsina,

    com atividade anti-inflamatória por redução da liberação de citocinas, entretanto suaatividade antielastásica reduzia significativamente junto com a purificação, sendo

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    marcante no isolado proteico com atividade antitríptica. O potencial efeito em

    modelos que envolvam dano tecidual por ação da ENH atestado por esses estudos

    despertou o interesse em utilizar isolados proteicos contendo os respectivos

    inibidores, norteando a elaboração deste trabalho.

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    2. OBJETIVOS

    2.1 OBJETIVO GERAL

     Avaliar o efeito gastroprotetor de isolados proteicos com atividades antitríptica

    e antiquimotríptica de sementes de Erythrina velutina  em modelo experimental de

    úlcera gástrica induzida por etanol.

    2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

      Obter isolados proteicos com atividade antitríptica e antiquimotríptica de

    sementes de Erythrina velutina;

      Caracterizar o isolado proteico com atividade antitríptica quanto a estabilidade

    térmica e a diferentes pHs;

      Estimar a massa molecular das proteínas do isolado proteico com atividade

    antitríptica;

      Caracterizar a especificidade para a enzima elastase neutrofílica do isoladoproteico com atividade antitríptica – IC50 e KI;

      Analisar o dano tecidual da mucosa gástrica de ratas wistar  que receberam os

    isolados proteicos com atividade antitríptica e antiquimotríptica

    macroscopicamente e histomorfológicamente;

      Avaliar a toxicidade resultante da administração dos isolados proteicos com

    atividade antitríptica nas concentrações analisadas. 

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    3. MATERIAL E MÉTODOS

    3.1 MATERIAL

    3.1.1 Sementes

     As sementes de Mulungu (Erythrina velutina) foram gentilmente fornecidas

    pelo banco de sementes da Floresta Nacional de Nísia Floresta, Instituto Chico

    Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio/MMA.

    Figura 5: Erythrina velutina. A) Sementes. B) Cotilédones. C) Farinha. Fonte: Monteiro, 2011.

    3.1.2 Animais

    Ratas (Rattus norvegicus) da linhagem  Wistar , com dois meses de idade,

    pesando entre 180 –220 g foram obtidas no biotério da Universidade Potiguar-

    RN/Brasil. Os animais foram mantidos em gaiolas coletivas com, no máximo, seis

    animais por gaiola, em fotoperíodo de 12/12 horas, à temperatura aproximada de 25

    ± 2 ºC, água e alimentos  ad libitum.  Todos os experimentos envolvendo animais

    estão de acordo com as normas da comissão de ética no uso de animais (CEUA)  – 

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob protocolo de aprovação 042/2009.

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    3.1.4 Equipamentos

      Agitador Magnético Tecnal TE-081;

      Balança analítica eletrônica Tecnal classe II;

      Banho – Maria Tecnal – Te 056;

      Centrífuga HITACHI CR 21;

      Centrífuga Mikro 200R Eppendorf;

      Concentrador 5301 Eppendorff;

      Espectrofotômetro U-2000 (HITACHI);

      Liofilizador L108;

      Leitor de microplaca com incubação (Bio-Tek PowerWave HT - USA);

      Moinho refrigerado TE 631/2 TECNAL;

      Microcentrífuga Eppendorf 5410;

      Microscópio Trifocal Leipzig;

      Estereoscópio;

      Phmetro PHTEK;

      Purificador de água Milli-Q Water System da Millipore Corp. (Bedford, MA,

    USA);

      Sistema de Eletroforese Unidimensional.

    3.2 MÉTODOS

    3.2.1 Obtenção do extrato bruto de E. Velutin a

     As sementes de Mulungu (E. velutina) foram descascadas e os cotilédones

    triturados em um processador refrigerado (6 oC) até a obtenção de uma farinha de

    granulação fina, a qual foi padronizada com uma peneira de 40 mesh. Em seguida, a

    farinha foi homogeneizada em tampão Tetraborato de sódio 20 mM, pH 7,5 na

    proporção 1:10 (p/v) sob agitação constante por 3 horas à temperatura ambiente. O

    homogenato foi centrifugado a 8.000 x g   por 30 minutos a 4 0C. O sobrenadante

    resultante dessa centrifugação foi denominado extrato bruto (EB).

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    3.2.2 Fracionamento do extrato bruto proteico de sementes de E.velut ina  por precipitação com sulfato de amônio

    O extrato bruto foi fracionado por meio da precipitação com sulfato de amônioem três percentuais de saturação: 0 –30%, 30 –60%, 60 –90%. Após cada etapa de

    precipitação, a mistura permaneceu a 4 0C por aproximadamente 24 horas e

    posteriormente foi centrifugada a 8.000 x g  por 30 minutos a 4 0C. Os precipitados

    obtidos foram ressuspensos em tampão Tetraborato de sódio 20 mM, pH 7,5 e

    submetidos à diálise por aproximadamente 48 horas contra o mesmo tampão (Figura

    6). Após a diálise, as frações denominadas como F1(0-30%), F2(30-60%) e F3(60-

    90%) foram congeladas a -20 ºC.

    Figura 6: Esquema de extração em tampão e fracionamento com sulfato de amônio em três

    percentuais de saturação (0 –30%, 30 –60%, 60 –90%) das sementes de Mulungu (E. velutina). A

    extração e o isolamento seguiram a metodologia descrita por Monteiro (2011) e Machado (2012).  

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    3.2.3 Quantificação de proteínas

     As proteínas foram quantificadas pelo método de Bradford (1976), utilizando

    albumina sérica bovina (BSA) como padrão, sendo as leituras das absorbânciasrealizadas em espectrofotômetro em comprimento de onda de 595 nm.

    3.2.4 Preparo das soluções usadas como substrato

     Azocaseína a 1% (substrato proteico para quimotripsina) foi preparada

    pesando-se 1 g de azocaseína, que foi dissolvida em 100 mL de tampão Tris-HCl 50

    mM, pH 7,5 e fervida por cerca de 15 minutos, após resfriamento o volumeevaporado foi completado com água destilada. A solução foi conservada no

    congelador até sua utilização.

    BApNA a 1,25 mM (substrato sintético específico para tripsina) foi dissolvido

    em DMSO (1%, v/v) e o volume completado para 100 mL com tampão Tris-HCl 50

    mM, pH 7,5.

    MeOSucAAPVpNA a 5  mM (substrato sintético para elastase), foi preparado

    uma solução de 15 mM (solução estoque) em DMSO 100%. Posteriormente, para os

    ensaios, foi preparada uma solução de 5 mM diluída em PBS 150 mM, pH 7,4.

    3.2.5 Atividade antiquimotríptica

     As atividades inibitórias sobre a quimotripsina do EB e das frações foram

    determinadas utilizando azocaseína como substrato (XAVIER-FILHO et al., 1989).

     Alíquotas de 10 L de solução de quimotripsina bovina (0,1 mg/mL em tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, contendo CaCl2 20 mM) foram pré-incubadas com tampão Tris-

    HCl 50 mM, pH 7,5, contendo CaCl2 20 mM e 100 L das amostras por 15 minutos a

    37 0C. Após esse período a reação foi iniciada adicionando-se 200 L de azocaseína

    a 1%. Decorridos 30 minutos, a reação foi interrompida adicionando-se 300 L de

    solução de TCA a 20%. A mistura de reação foi centrifugada a 12000 x g   por 10

    minutos e o sobrenadante alcalinizado com NaOH 2 N na proporção de 1:1. A

    absorbância foi medida em espectrofotômetro na faixa de comprimento de onda de

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    440 nm. Provas em branco foram realizadas e os ensaios foram feitos em triplicata.

    Os resultados foram expressos em percentual de inibição.

    3.2.6 Atividade antitríptica

     As atividades antitrípticas do EB e das frações foram determinadas utilizando

    BApNA como substrato (KAKADE et al., 1969). Alíquotas de 10 L de solução de

    tripsina bovina (0,3 mg/mL em tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5) foram pré-

    incubadas, por 10 minutos a 37 0C, com 120 L de HCl 2,5 mM, 270 L de tampão

    Tris-HCl, 50 mM, pH 7,5 e 100 L das amostras. Após esse período a reação foi

    iniciada adicionando-se 500 L de BApNA a 1,25 mM. A reação prosseguiu por mais

    15 minutos nas mesmas condições de incubação, sendo interrompida adicionando-

    se 120 L de ácido acético 30%. A formação de  p-nitroanilida foi monitorada em

    absorbância por espectrofotômetro em comprimento de onda de 410 nm. Provas em

    branco foram realizadas e os ensaios foram feitos em triplicatas. Os resultados

    foram expressos em percentual de inibição.

    3.2.7 Atividade antielastásica neutrofílica

    Para o ensaio de inibição da ENH foi determinada utilizando

    MeOSucAAPVpNA com substrato (JOHANSSON et al., 2002). Alíquotas de 10 µL de

    solução da elastase neutrofílica sintética (0,4 µg/µL em PBS 150 mM, pH 7,4) foram

    pré-incubada com 50 µL de IPAT e IPAQ (10 µg) e 680 µL de tampão PBS 150 mM,

    pH 7,4 por 15 minutos a 37 °C. Em seguida a reação foi iniciada com a adição de 5

    µL de substrato MeOSucAAPVpNA a 5 mM. Após 2 horas a reação foi parada com aadição de 250 µL de ácido cítrico 2%. Os tubos foram centrifugados por 10 minutos

    a 10.000 x g   a 25°C, e então foi realizada a leitura da absorbância no

    espectrofotêmetro a 405 nm. Provas em branco foram realizadas e os ensaios foram

    feitos em triplicatas. Os resultados foram expressos em percentual de inibição.

    3.2.8 Cromatografia de Afinidade em Tripsina-Sepharose CNBr 4B

     A cromatografia foi realizada seguindo metodologia descrita por Machado

    (2012). Cerca de 7 mg da F2 (30-60%), que apresentou a melhor atividade

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    antiríptica, foram aplicados em uma coluna de afinidade, preenchida com resina

    Sepharose derivatizada com tripsina. A coluna foi eluída com tampão Tetraborato de

    sódio 2,0 x 10-2  M, pH 7,5 para a remoção do material não-retido. As proteínas

    adsorvidas na matriz foram eluídas com HCl 5,0 x 10 -3 M e coletadas em alíquotas

    de 5 mL a um fluxo de 2 mL/min. O conteúdo proteico das frações coletadas foi

    acompanhado por espectrofotometria com leituras de absorbância em comprimento

    de onda de 280 nm. As frações obtidas por cromatografia de afinidade foram

    dialisadas contra água, liofilizadas e submetidas a ensaios de inibição de tripsina

    utilizando BApNA, conforme descrito no item 3.2.6. Em seguida o material foi

    congelado e armazenado em freezer a -20°C. Já o material não retido foi utilizado

    para obtenção do isolado proteico com atividade antiquimotripsina.

    3.2.9 Cromatografia de Afinidade em Quimotripsina-SepharoseCNBr 4B

     A cromatografia foi realizada seguindo metodologia descrita por Monteiro

    (2011). O material não retido obtido de duas cromatografias de tripsina-sepharose,

    com cerca de 8,0 mg de proteína, foi aplicado em coluna de afinidade preenchida

    com resina Sepharose derivatizada com quimotripsina. O material foi eluído com

    tampão Tetraborato de sódio 2,0 x 10-2 M, pH 7,5. As proteínas adsorvidas na matriz

    foram eluídas com HCl 5,0 x 10-3 M com volume de fracionamento de 5 mL a um

    fluxo de 2 mL/min. O perfil proteico foi acompanhado pela leitura da absorbância por

    espectrofotometria a 280 nm. As frações obtidas por cromatografia de afinidade

    foram dialisadas contra água, liofilizadas e submetidas a ensaios de inibição de

    quimotripsina utilizando a Azocaseína e de tripsina utilizando o BApNA como

    substratos, descritos no item 3.2.5 e 3.2.6, respectivamente. Assim, denominados de

    isolado proteico com atividade antitríptica (IPAT) e isolado proteico com atividade

    antiquimiotríptica (IPAQ). Em seguida o material foi congelado e armazenado em

    freezer a -20 °C.

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    3.2.11 Estabilidade em variação de pH

    Para avaliar a estabilidade de IPAT à var