dissertação geometria riemanniana

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  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    MESTRADO EM MATEMATICA

    MARCIO ROSTIROLLA ADAMES

    Os invariantes de Perelman eYamabe

    Florianopolis - SCJaneiro - 2008

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    MESTRADO EM MATEMATICA

    MARCIO ROSTIROLLA ADAMES

    Os invariantes de Perelman eYamabe

    Dissertacao de Mestrado apresentada ao cursoMestrado em Matematica - Habilitacao Honors Magister

    Departamento de MatematicaCentro de Ciencias Fsicas MatematicasUniversidade Federal de Santa Catarina

    Orientador: Celso M. Doria

    Florianopolis - SCJaneiro - 2008

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    Agradecimentos

    Gracas ao Bom Senhor que me ajudou em muitos momentos neste traba-lho, devido a Ele completei esta dissertacao. Louvado seja o nome do Senhor.

    A Jhuliane pelo carinho e a compreensao, nas noites e finais de semanaque fiquei pesquisando e estudando.

    Agradeco aos meus pais Vitor e Yara pela oportunidade de me dedicaraos meus estudos e apoio e incentivo em tudo o que faco, a minha vo Elcapor tambem me apoiar e incentivar.

    Agradeco ao meu orientador, o professor Celso M. Doria, pela pacienciaquando mudamos o assunto do trabalho e por estar disponvel sempre queprecisei.

    Agradeco aos professores do Departamento que, apesar de nao ter parti-cipacao direta na pesquisa, me ajudaram em algumas duvidas que tive pelocaminho: Ivan, Eliezer, Ruy Charao, Luciano, Marcelo.

    Agradeco ao professor Fernando Coda Marques que, apesar de nao meconhecer pessoalmente, respondeu os emails que lhe enviei e sua ajuda foi degrande valia.

    Agradeco a todos os colegas do mestrado pois sempre que lhes perguntei

    algo tentaram me ajudar, especialmente ao Felipe Vieira pois pensamos juntosem varias questoes e ao Conrado D. Lacerda pelo excelente trabalho sobredistribuicoes.

    Agradeco a CAPES pelo patrocinio que deu a este trabalho, sem o qualseria impossvel completa-lo.

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    Resumo

    Definimos o Laplaciano e a Curvatura Escalar sobre uma variedade Me os invariantes de Yamabe e de Perelman. Provamos que eles sao iguais

    quando o primeiro e nao positivo e que o Invariante de Perelman e igual a+ quando o invariate de Yamabe e positivo.

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    Abstract

    We define the Laplacian and the Scalar Curvature of a manifold M andthe invariants of Yamabe and Perelman. We prove that they are equal when

    the first is non-positive and that Perelmans invariant is equal to +whenthe Yamabe invariant is positive.

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    Sumario

    Introducao 7

    1 Curvatura Escalar 101.1 A conexao de Levi-Civita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101.2 Curvaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    2 O Laplaciano 292.1 Espacos e produtos internos sobreM . . . . . . . . . . . . . . 292.2 O divergente, o gradiente e o Laplaciano . . . . . . . . . . . . 332.3 Generalizando o Laplaciano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

    2.3.1 Integracao a Lebesgue em Variedades . . . . . . . . . . 44

    3 Os invariantes 493.1 Invariante de Perelman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 493.2 Problema de Yamabe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 573.3 A igualdade entre os invariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

    4 Anexo 74

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    Introducao

    O estudo da geometria e muito antigo. Desde os primordios a tarefade medir comprimentos, areas e volumes tem importancia pratica nas mais

    diversas atividades humanas, desde a agricultura ate a fabricacao de vestes.Os elementos de Euclides, que tem mais de 2000 anos, reunem o conhecimentogeometrico que havia sido construido ate a epoca em que foi escrito. Esseconhecimento resolvia muitos problemas envolvendo poligonos e crculos, masnao todos.

    Com o advento do Plano Cartesiano e da Geometria Analtica muitosdos problemas que resistiam as ferramentas da Geometria Euclideana foramresolvidos, mas estas ferramentas sao eficientes apenas no estudo de retas,crculos e algumas curvas simples.

    O Calculo Diferencial e Integral de Newton e Leibniz resolve muitos des-

    tes problemas, calculando comprimentos de curvas, areas de superfcies, evolumes de solidos que possam ser descritos como funcoes. Para tais feitosutiliza-se o conceito de derivacao: no caso de uma funcao f : Rn R, sev, p Rn, a derivada de fno ponto pna direcao de v e denotada por dfp(v)e e dada por

    dfp(v) = limt0

    f(p+ tv) f(p)t

    .

    Note que precisa-se da estrutura de espaco vetorial de Rn a fim de calcularfno ponto p+ tv.

    Considere no entanto o seguinte:

    Exemplo 1. SejamS2 a superfcie de uma esfera e f :S2 Ra funcao quedescreva a temperatura em cada ponto da superfcie. Dado um vetorv noplano tangente a S2 no ponto p qual e a variacao da temperatura em p nadirecao de v?

    As ferramentas de calculo nao sao suficientes para resolver tal problemapois nao sabemos calcularf(p + tv) para nenhumt= 0. Pelo mesmo motivo,as ferramentas do Calculo nao resolvem problemas analogos aos do Exemplo1 para funcoes definidas em superfcies que nao sejam planas.

    7

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    Outro exemplo e a teoria da Relatividade Geral, na qual o espaco-tempo

    tem 4 dimensoes mas nao e plano como R4 e portanto as ferramentas doCalculo sao insuficientes para estuda-lo de forma completa.

    A incapacidade do Calculo para lidar com superfcies que nao sejam pla-nas e apenas um motivo que mostra a importancia de construir uma teoriageral de superfcies (e uma geometria) que independa do espaco ambienteem que ela esta contida. Para tal introduziu-se o conceito de variedade dife-renciavel:

    Definicao 0.0.1. Uma variedade diferenciavel de dimensao n e um espacotopologico de Hausdorff segundo contavel localmente homeomorfo ao Rn talque as aplicacoes de transicao sejam suaves.

    Para mais detalhes sobre esta definicao o leitor pode consultar [2].A maioria dos ob jetos que pensamos intuitivamente como superfcies sao

    variedades diferenciaveis. Existem generalizacoes para as variedades de mui-tos conceitos do Calculo, e com eles podemos derivar e integrar funcoes de-finidas sobre estas variedades. Alem disso, se tivermos uma metrica definidasobre a variedade, isto e, uma maneira de medirmos comprimentos e angulos,podemos fazer geometria sobre a variedade.

    Contudo estudar tais variedades e bastante complexo. Descobrir quaisestruturas podem ser variedades e quais nao, ou tentar extrair caractersticas

    destas variedades, ou dividi-las em classes que tenham alguma caractersticaem comum sao problemas que nao estao completamente resolvidos.

    Mas existem algumas ferramentas que nos permitem entender um poucomais destas variedades. Uma delas sao os invariantes, funcoes que associama cada variedade um numero real (ou um grupo, ou uma variedade, ou umafuncao) e sao invariantes por difeomorfismos 1

    Neste trabalho denotamos por sg a curvatura escalar eg o Laplacianoassociados a metrica Riemanniana g. Definimos dois invariantes:

    O invariante de Perelman

    Definicao 0.0.2. SejamMuma variedade diferenciavel fechada orientadan-

    dimensional, n3. Dada uma metrica Riemanniana g sobre M, denotamoso menor autovalor do operador 4g+ sg por g e o volume deMem relacaoa esta metrica por volg. O invariante de Perelman de M e definidocomo

    (M) := supg

    gvol2

    ng,

    onde o sup e tomado sobre todas as metricas Riemannianas de M.

    1Em topologia diferencial diz-se que duas variedades sao a mesmase elas sao difeomor-fas.

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    E o invariante de Yamabe

    Definicao 0.0.3. Seja M uma variedade diferenciavel fechada de dimensaon3. Definimos oinvariante de Yamabe(tambem conhecido comosigmaconstante) de M como

    Y(M) = sup

    Y= sup

    infg

    M

    sgdgM

    dgn2

    n

    , (1)

    onde o sup e tomado sobre as classes conformes (trataremos sobre estasclasses mais adiante) e o infimo sobre as todas as metricas na classe conforme

    .O primeiro surgiu em uns artigos de Perelman sobre o fluxo de Ricci ([9] e

    [10]) e o segundo em trabalhos de de Kobayashi [6] e Schoen [13] influenciadospelas ideias de Yamabe de encontrar metricas de curvatura escalar constante.

    Assumimos que o leitor tem algum conhecimento sobre variedades di-ferenciaveis e Geometria Riemanniana, os primeiros 5 captulos de [2] e oprimeiro captulo de [3] contem o que assumimos como ja conhecido peloleitor.

    No primeiro captulo definimos a curvatura escalar e introduzimos a notacaopara a metrica e outros objetos em coordenadas locais.

    No segundo captulo definimos a integracao a Riemann sobre variedadese o Laplaciano para funcoes C(M). Em seguida uma rapida apresentacaosobre integracao a Lebesgue em variedades, espacos Lp(M) e teoria das dis-tribuicoes. Por fim generalizamos o Laplaciano para estas funcoes e o escre-vemos em termos dos coeficientes de conexao.

    No terceiro captulo definimos o invariante de Perelman e damos umaformula para encontra-lo. Em seguida estudamos um pouco do problema deYamabe e definimos o invariante de Yamabe. A ultima parte deste trabalho ebaseada no artigo [1] no qual demonstra-se o seguinte fato: Estes invariantessao iguais se o invariante de Yamabe e nao positivo e o invariante de Perelman

    e igual a + se o invariante de Yamabe e positivo. Este fato e um tantosurpreendente pois tais invariantes vem de contextos distintos.

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    Captulo 1

    Curvatura Escalar

    Nosso objetivo neste captulo e definir a curvatura escalar. Para issodefiniremos uma conexao de Levi-Civita. A primeira secao e baseada nocaptulo 2 de [3] e a segunda secao e baseada no captulo 4 de [3].

    1.1 A conexao de Levi-Civita

    Denotamos

    X(M) o conjunto dos campos vetoriais suaves sobre M.

    Definicao 1.1.1. Umaconexao afimem uma variedade diferenciavelMe uma aplicacao

    :X(M) X(M) X(M)denotada por (X, Y)

    XY que, para todo X, Y , Z X(M) e f, gC(M), satisfaz as seguintes propriedades

    1.fX+gYZ=fXZ+ gYZ2.X(Y + Z) =XY + XZ

    3.X(f Y) =fXY + X(f)YPodemos tomar esta definicao localmente:Dados um ponto pMe campos vetoriais X, Y X(M) tomemos uma

    carta local (U, ), com (q) = (x1(q),...,xn(q)). Existem uma vizinhancaVU de pe uma funcao suave f :M [0, 1] tal que f(x) = 1 se xV ef(x) = 0 se xM\U. Assim, para qualquer ponto qV, temos

    fX(f Y) =f2XY + f X(f)Y =XY,

    10

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    portanto a conexao afim depende apenas do valor dos campos XeYem uma

    vizinhanca de p, ou seja, a conexao afim uma definicao local.Escrevendo X=

    i ai

    xi

    e Y =

    jbj

    xj temos

    XY =

    ij

    aibj xi

    xj+

    ij

    ai

    xi(bj)

    xj.

    Fazendo xi

    xj

    =

    kkij

    xk

    (estas funcoes kij sao chamadas de smbolos

    de Christoffel) temos

    XY = k

    ij

    aibjijk

    + X(bk

    ) xk .AssimXY(p) depende de ai(p), bk(p) e das derivadas X(bk)(p) de bk

    segundo X, ou seja, depende apenas do valor do campo Xno ponto p, deuma curva tangente a X no ponto p (pois a derivada X(yk)(p) dependeapenas de uma destas curvas) e do campo Yem uma vizinhanca do pontop.

    Portanto, dados p M, uma curva c(t) : I M que passa por p, umcampo vetorial Xc sobre c e um campo vetorial Y X(M), faz sentidoescreverXcY.

    Teorema 1.1.2. SejaMuma variedade diferenciavel com uma conexao afim. Entao existe uma unica correspondencia que associa a um campo vetorialV ao longo de uma curva diferenciavelc :I M um outro campo vetorialDVdt

    ao longo dec denominado derivada covariante deVao longo dec, tal que,seV, W sao campos de vetores ao longo dec ef e uma funcao diferenciavelemI, temos:

    1. Ddt

    (V + W) = DVdt

    + DWdt

    2. Ddt

    (f V) = dfdt

    V + fDVdt

    3. Se V e induzido por um campo de vetoresY X(M), isto e, V(t) =Y(c(t)), entao DVdt

    =dc/dtY,ondedc/dt= dc

    ddt

    .

    Demonstracao: Vamos supor que existe uma coorespondencia satisfa-zendo 1, 2 e 3. Sejam : UM Rn um homeomorfismo comc(I)U=e (x1(t),...,xn(t)) := c para todo tI. Podemos expressar localmente ocampo V como V =

    jv

    j(t) xj

    (c(t)).

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    Por 1 e 2 temos

    DV

    dt =

    j

    dvj

    dt

    xj +

    j

    vjD

    dt

    xj

    .

    Mas xj

    define um campo vetorial sobre U entao, por 3, temos

    D

    dt

    xj

    =dc/dt

    xj = P

    idxi

    dt

    xi

    xj

    =

    idxi

    dt

    xi

    xj,

    pois c(t) =1(x1(t),...,xn(t)) e da

    dc/dt= d1(x1(t),...,xn(t))/dt= d[1(x1(t),...,xn(t))]

    d

    dt

    =d1

    i

    dxi

    dt

    d

    dxi

    =

    i

    dxi

    dtd1

    d

    dxi

    =

    i

    dxi

    dt

    xi

    PortantoDV

    dt =

    idvj

    dt

    xj +

    ijdxi

    dtvj

    xi

    xj. (1.1)

    Se existe uma correspondencia satisfazendo as condicoes do teorema, aexpressao 1.1 nos mostra que ela e unica.

    Para mostrar que tal correspondencia existe, definamos DVdt

    emUpor 1.1.

    E imediato que 1.1 tem as propriedades desejadas. Se : W Rn e umaoutra vizinhanca coordenada, com W U= e definirmos DV

    dt em W por

    1.1 entao, em W U, ambas as definicoes sao iguais, pela unicidade de DVdt

    emU. Portanto podemos estender esta definicao para todoM, o que concluia demonstracao.

    Definicao 1.1.3. Seja M uma variedade diferenciavel com uma conexaoafim. Um campo vetorial Vao longo de uma curva c: IM e chamadoparaleloquando DV

    dt= 0 para todo tI.

    Teorema 1.1.4. SejaMuma variedade diferenciavel com uma conexao afim. Sejac: IMuma curva diferenciavel emM eV0 um vetor tangente aM emc(t0), t0 I. Entao existe um unico campo de vetores paralelo V aolongo dec, tal queV(t0) =V0.

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    Demonstracao: Suponhamos que o teorema foi provado para o caso em

    que c(I) esta contido em uma vizinhanca coordenada. Entao, no caso geral,temos que o segmento c([t0, t1]) M (ou c([t1, t0])) para qualquer t1 Ipode ser coberto por um numero finito de vizinhancas coordenadas, em cadauma das quaisV pode ser definido por hipotese. Pela unicidade, as definicoescoincidem nas intersecoes nao vazias, o que permite definirV parac([t0, t1]).

    Deste modo podemos definir V(t) para todo tI. Entao basta mostrar-mos o teorema para o caso em que c(I) esta em U, onde (, U) e uma cartade M.

    Seja (c(t) ) = (x1(t),...,xn(t)) a expressao local de c(t) e seja V0 =

    jvj0

    xj

    (c(t0)).

    Suponhamos que existe um V em U que e paralelo ao longo de c comV(t0) =V0. Entao

    jv

    j xj

    satisfaz

    0 =DV

    dt =

    j

    dvj

    dt

    xj +

    ij

    dxi

    dtvj

    xi

    xj.

    Escrevendo xi

    xj

    na base xj

    obtemos xi

    xj

    =

    kkij

    xk

    . Entao obte-mos

    DV

    dt =

    k dvk

    dt +

    ijvj

    dxi

    dtkij

    xk = 0.

    Formamos um sistema den equacoes diferenciais ordinarias emvk(t) parak = 1,...,n

    DV

    dt =

    dvk

    dt +

    ij

    vjdxi

    dtkij = 0. (1.2)

    com a condicao inicial vk(t0) = vk0 . Tal sistema e linear e portanto admite

    uma unica solucao v(t) = (v1(t),...,vn(t)) que esta definida em todo I.DefinindoV(t) =

    kv

    k(t) xk

    , ondev(t) = (v1(t),...,vn(t)) e a solucao daequacao 1.2, temos que V tem as propriedades desejadas e e o unico campoque as satisfaz.

    O campo V(t) encontrado no teorema acima e denominado transporteparalelode V0 ao longo de c.

    Utilizaremos o seguinte produto de campos vetoriais. Sejam (M, , )uma variedade Riemanniana e V, W X(M) definimos a funcaoV, W :M RcomoV, W(x) :=V(x), W(x).

    13

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    Definicao 1.1.5. Seja M uma variedade diferenciavel com uma conexao

    afim e uma metrica Riemanianna, . A conexao e dita compatvelcom a metrica , quando, para toda curva diferenciavel c e quais-quer pares de campos de vetores paralelos P e P ao longo de c, tivermosP(c(t)), P(c(t))= k fixo para todo tI.Teorema 1.1.6. SejaMuma variedade Riemanianna. Uma conexaoemM e compatvel com a metrica se, e somente se, para todo par V e W decampos de vetores ao longo da curva diferenciavelc: IM tem-se

    d

    dtV, W=

    DV

    dt , W

    +

    V,

    DW

    dt

    , tI . (1.3)

    Demonstracao: (=) Supomos que vale 1.3 entao, dados camposparalelos P e P ao longo de c temos

    d

    dtP, P=

    DP

    dt , P

    +

    P,

    DP

    dt

    = 0

    portanto, pelo teorema de existencia e unicidade de EDOs,P, P = kconstante.

    (=) Supomos que e compatvel com a metrica. Escolhamos uma baseortonormal{P1(t0),...,Pn(t0)} de Tc(t0)M. Pelo teorema 1.1.4 estendamoscada um dos vetores Pi(t0) ao longo de c. Como

    e compatvel com a

    metrica temos quePi(t), Pj(t) = ij. Portanto{P1(t),...,Pn(t)} e umabase ortonormal de Tc(t)Mpara todo tI. Deste modo podemos escrever

    V =

    i

    viPi, W =

    i

    wiPi,

    onde vi e wi sao funcoes diferenciaveis em Ipara todo i.Segue-se da que

    DV

    dt =

    i

    dvi

    dtPi+

    i

    vidPidt

    =

    i

    dvi

    dtPi

    DWdt

    = i

    dwidt

    Pi+ i

    wi dPidt

    = i

    dwidt

    Pi.

    AssimDV

    dt , W

    +

    V,

    DW

    dt

    =

    i

    dvi

    dtw i +

    dw i

    dt vi

    = d

    dt

    i

    viwi

    =

    d

    dtV, W.

    14

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    Corolario 1.1.7. Uma conexao

    em uma variedade Riemanniana M e

    compatvel com a metrica se e somente se

    XY, Z=XY, Z + Y, XZ, X, Y , Z X(M).

    Demonstracao: (=) Suponhamos que e compatvel com a metrica.Seja pMe sejam c : IMuma curva diferenciavel comc(t0) =p,t0Ie com dc

    dt

    t=t0

    =X(p). Entao

    X(p)Y, Z= dcdt

    t=t0

    Y, Z= ddt

    Y(c(t)), Z(c(t))t=t0= dY

    dt, Z + Y,dZ

    dt

    t=t0

    =dc/dtY, Z + Y, dc/dtZt=t0

    =X(p)Y, Zp+ Y, X(p)Zp.

    Como p e arbitrario segue o resultado.(=) Sejam P, P campos paralelos sobre uma curva diferenciavel c(t)

    entao

    d

    dtP(c(t)), P(c(t))

    =

    DP

    dt , P + P,

    DP

    dt = 0.Como c(t) e uma curva arbitraria temos queP, P = k fixo, ou seja, aconexao e compatvel com a metrica.

    Podemos pensar, como no corolario anterior, em um campo vetorialXX(M), X =i ai(x) xi como um operador linear X : C1(M) C(M)definido por X(f) =

    iai(x)

    fxi

    . Pensando assim, dados dois campos

    X, Y X(M), faz sentido pensar no operador XY, o qual nao e um campovetorial.Contudo, calculando XY Y Xnuma carta (U, x)

    XY f=X

    j

    bjf

    xj

    =

    ij

    aibjxi

    f

    xj +

    ij

    aibj2f

    xixj,

    Y Xf=Y

    i

    aif

    xi

    =

    ij

    bjaixj

    f

    xi+

    ij

    aibj2f

    xixj,

    15

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    assim

    (XY Y X)(f) =

    ij

    ai

    bj

    xi bi a

    j

    xi

    f

    xj.

    PortantoXY Y X esta unicamente definido em cada carta.Assim dadas cartas (U, x) e (U, x) com U U = temos que

    (XYY X)(f) tem, na intersecao, o mesmo valor em ambas as cartas. Destamaneira podemos definir um campo vetorial XYY Xglobalmente sobreM. Este campo e dado em coordenadas locais por

    (XY Y X)(f) = ij

    ai bjxi bi ajxi fxj .Podemos considerar a operacao [, ] :X(M)X(M) X(M) que associa

    dois campos vetoriais X e Yao campo [X, Y] :=XY Y Xtal operacao echamada colchete, ela e R-linear e [X, Y] =[Y, X].Lema 1.1.8 (Identidade de Jacobi). SejamX, Y , Z campos vetoriais di-ferenciaveis emM entao

    [[X, Y], Z] + [[Y, Z], X] + [[Z, X], Y] = 0

    Demonstracao: Calculando diretamente temos

    [[X, Y], Z] + [[Y, Z], X] + [[Z, X], Y] =[XY Y X , Z ] + [Y Z ZY , X]+ [ZX XZ,Y]

    =XY Z Y XZ ZXY + ZY X+ Y ZX ZY X XY Z+ XZY + ZXY XZY Y ZX+ Y XZ= 0

    Definicao 1.1.9. Uma conexao afim em uma variedade diferenciavel Me dita simetricaquando

    XY YX= [X, Y] para quaisquer X, Y X(M)

    Teorema 1.1.10 (Levi-Civita). Dada uma variedade Riemanianna M,existe uma unica conexao afimemMsimetrica e compatvel com a metricaRiemanianna.

    16

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    17/79

    Demonstracao: Suponhamos que tal conexao afim

    exista. Pelo

    corolario do teorema 1.1.6 temos que

    XY, Z=XY, Z + Y, XZ, (1.4)YZ, X=YZ, X + Z, YX, (1.5)ZX, Y=ZX, Y + X, ZY. (1.6)

    Calculando (1.4) + (1.5) (1.6) usando o fato que e simetrica temos

    XY, Z + YZ, X ZX, Y=XY, Z + Y, XZ + YZ, X+ Z, YXZX, YX, ZY

    =XZZX, Y + YZZY, X+ XY YX, Z + 2Z, YX

    =[X, Z], Y + [Y, Z], X+ [X, Y], Z + 2Z, YX.

    Portanto

    Z, YX= 12{XY, Z + YZ, X ZX, Y (1.7)

    [X, Z], Y

    [Y, Z], X

    [X, Y], Z

    }Pelo isomorfismo canonico entreX(M) eX(M) temos queYX esta uni-camente definido pela equacao 1.7. Assim se tal conexao existir ela e unica.

    Para mostrar a existencia definamos por 1.7. Vamos mostrar que elasatisfaz as propriedades desejadas.

    e simetrica poisZ, XY YX=Z, XYZ, YX

    =1

    2{[Y, X], Z

    +

    [X, Y], Z

    }=

    [X, Y], Z

    comoZ e arbitrario isto demonstra que XYYX= [X, Y], ou seja, e simetrica.

    e compatvel com a metrica pois, calculando diretamente, temosXY, Z + Y, XZ= XY, Z.

    Entao, pelo corolario do teorema 1.1.6, a conexao e compatvel com ametrica.

    17

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    18/79

    A conexao dada pelo teorema anterior e denominada conexao de Levi-

    Civita (ou Riemanianna) de M. Agora calculemos a conexao de Levi-Civita em coordenadas locais. Para tal precisamos conhecer apenas os cam-posij, para 1i, jn, escrevemos:

    xi

    xj =

    k

    kij

    xk.

    Chamamos os coeficientes kijdesta conexao de smbolos de Christoffel.

    Denotamos por gij := xi , xj os coeficientes da matiz da metrica emuma carta local e por gij os coeficientes da inversa da matriz da metrica.

    Pela equacao 1.7, fazendo X=

    xi , Y =

    xj e Z=

    xk , temos1

    2

    xigjk +

    xjgki

    xkgij

    =

    xk,

    xi

    xj

    =

    xk,

    l

    lij

    xl

    =

    l

    lijglk.

    Denotando zk := 12

    xi

    gjk + xj

    gki xk gij

    podemos escrever

    (1ij

    , . . . , nij

    ) g11 . . . g1n...

    . ..

    ...gn1 . . . gnn = (z1,...,zn) =

    (1ij, . . . , nij) = (z1,...,zn)

    g11 . . . g1n

    ... . . .

    ...gn1 . . . gnn

    ,onde (gij) = (gij)

    1 portanto

    mij =1

    2

    k

    xigjk +

    xjgki

    xkgij

    gkm. (1.8)

    1.2 Curvaturas

    Definicao 1.2.1. A curvatura R de uma variedade Riemanniana M euma correspondencia que associa a cada par X, Y X(M) uma aplicacaoR(X, Y) :X(M) X(M) dada, para cada Z X(M), por

    R(X, Y)Z=YXZXYZ+ [X,Y]Z,onde e a conexao Riemanianna de M.

    18

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    19/79

    Proposicao 1.2.2. A curvatura R de uma variedade Riemanianna tem as

    seguintes propriedades:

    1. R e C-bilinear emX(M) X(M), isto e,R(f X1+ gX2, Y1) =f R(X1, Y1) + gR(X2, Y1),

    R(X1, f Y1+ gY2) =f R(X1, Y1) + gR(X1, Y2),

    f, g: M R de classe C e X1, X2, Y1, Y2 X(M).2. Para todo parX, Y X(M), o operador curvaturaR(X, Y) :X(M)

    X(M) e C-linear, isto e,

    R(X, Y)(Z+ W) =R(X, Y)Z+ R(X, Y)W,

    R(X, Y)f Z=f R(X, Y)Z,

    f :M Rde classe C e Z, W X(M).Demonstracao: Para o item 1) basta vermos que, para todo Z

    X(M), temosR(f X1+ gX2, Y1)Z=Y1fX1+gX2ZfX1+gX2Y1Z+ [fX1+gX2,Y1]Z

    =

    Y1(f

    X1Z) +

    Y1(g

    X2Z)

    f

    X1

    Y1Z

    gX2Y1Z+ (fX1+gX2)Y1Y1(fX1+gX2)Z=fY1X1Z+ Y1(f)X1Z+ gY1X2Z+ Y1(g)X2Z

    fX1Y1Z gX2Y1Z (fX1+gX2)Y1(fY1X1+Y1(f)X1+gY1X2+Y1(g)X2)Z

    =fY1X1Z+ Y1(f)X1Z+ gY1X2Z+ Y1(g)X2Z fX1Y1Z gX2Y1Z+ fX1Y1fY1X1Z+ gX2Y1gY1X2Z+ Y1(f)X1Z+ Y1(g)X2Z

    =fY1X1Z fX1Y1Z+ fX1Y1Y1X1Z

    + gY1X2Z gX2Y1Z+ gX2Y1Y1X2Z+ Y1(f)X1Z Y1(f)X1Z+ Y1(g)X2Z Y1(g)X2Z

    =f R(X1, Y1) + gR(X2, Y1).

    Para a segunda igualdade basta notarmos que, para todo Z X(M),R(X, Y)Z=YXZXYZ+ [X,Y]Z

    = (YXZ+ XYZ[X,Y]Z)R(X, Y)Z= (XYZ YXZ+ [Y,X]Z) =R(Y, X)Z (1.9)

    19

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    20/79

    A primeira parte do item 2) vem do fato que

    X(Z+W) =

    XZ+

    XW.

    Para a segunda parte vejamos que

    YX(f Z) =Y(fXZ+ X(f Z))=fYXZ+ (Y f)XZ+ (Xf)YZ+ (Y(Xf))Z.

    Portanto

    YX(f Z) XY(f Z) =f(YX XY)Z+ ((Y X XY)f)Z,assim

    R(X, Y)f Z=f(YX XY)Z+ ([Y, X]f)Z+ f[X,Y]Z+ ([X, Y](f))Z=f R(X, Y)Z

    Lema 1.2.3 (Primeira Identidade de Bianchi). SejamX, Y , Z X(M)entao

    R(X, Y)Z+ R(Y, Z)X+ R(Z, X)Y = 0

    Demonstracao: Pela simetria da conexao de Levi-Civita temos

    R(X, Y)Z+ R(Y, Z)X+ R(Z, X)Y =YXZXYZ+ [X,Y]Z+ ZYX YZX+ [Y,Z]X+ XZY ZXY + [Z,X]Y

    =Y[X, Z] + X[Z, Y] + Z[Y, X]+ [X,Y]Z+ [Y,Z]X+ [Z,X]Y

    =[Y, [X, Z]] + [X, [Z, Y]] + [Z, [Y, X]],

    que e igual a zero pela identidade de Jacobi.

    Proposicao 1.2.4. Sejam X, Y , Z, T X(M)1.R(X, Y)Z, T + R(Y, Z)X, T + R(Z, X)Y, T= 0.2.R(X, Y)Z, T=R(Y, X)Z, T.3.R(X, Y)Z, T=R(X, Y)T, Z.

    20

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

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    4.

    R(X, Y)Z, T

    =

    R(Z, T)X, Y

    .

    Demonstracao: O item 1) segue da bilinearidade do produto internoe da primeira identidade de Bianchi. O item 2) segue da equacao 1.9.

    Para demonstrarmos o item 3) notemos que esta igualdade e equivalenteaR(X, Y)Z, Z= 0 pois, se esta igualdade valer temos

    0 =R(X, Y)(Z+ T), (Z+ T)=R(X, Y)Z, (Z+ T) + R(X, Y)T, (Z+ T)=R(X, Y)Z, Z + R(X, Y)T, Z + R(X, Y)Z, T + R(X, Y)T, T=

    R(X, Y)T, Z

    +

    R(X, Y)Z, T

    .

    Agora provamos queR(X, Y)Z, Z= 0:

    R(X, Y)Z, Z=YXZ XYZ+ [X,Y]Z, Z

    Mas, pelo corolario 1.1.7

    YXZ, Z= YXZ, ZXZ, YZ,

    e

    [X,Y]Z, Z= [X, Y]Z, ZZ, [X,Y]Z= [X,Y]Z, Z= 1

    2[X, Y]Z, Z.

    Logo

    R(X, Y)Z, Z=YXZ, Z XYZ, Z +12

    [X, Y]Z, Z

    =1

    2Y(XZ, Z) 1

    2X(YZ, Z) +1

    2[X, Y]Z, Z

    =1

    2

    [Y, X]

    Z, Z

    +

    1

    2

    [X, Y]

    Z, Z

    = 0,

    o que demonstra 3).Para demonstrar 4) usaremos 1) repetidas vezes

    R(Y, Z)X, T + R(Z, X)Y, T + R(X, Y)Z, T= 0,R(Z, X)T, Y + R(X, T)Z, Y + R(T, Z)X, Y= 0,R(X, T)Y, Z + R(T, Y)X, Z + R(Y, X)T, Z= 0,R(T, Y)Z, X + R(Y, Z)T, X + R(Z, T)Y, X= 0.

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  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    22/79

    Somando as equacoes acima e usando 2) e 3) obtemos

    2R(X, Y)Z, T + 2R(T, Z)X, Y= 0,e, novamente 2), chegamos a

    R(X, Y)Z, T=R(Z, T)X, Y.

    Como a curvatura R e C-trilinear, para descreve-la precisamos apenascalcula-la numa base do plano tangente. Em coordenadas locais{/xi}denotamos

    R xi

    , xj

    xk

    = l

    Rlijk

    xl.

    AssimRlijk sao os coeficientes da curvatura R em uma carta e, dados camposvetoriais

    U=

    i

    ui

    xi, V =

    j

    vj

    xi, W =

    k

    wk

    xi,

    obtemos

    R(X, Y)Z= ijkl Rlijkuivjwk

    xl.

    Para calcularmos a curvatura em termos dos coeficientes da conex ao kijprecisamos apenas calcular os coeficientes da curvatura Rlijk em termos doscoeficientes da conexao. Para tal calculemos:

    R

    xi,

    xj

    xk =

    xj

    xi

    xk

    xi

    xj

    xk+ [

    xi, xj

    ]

    xk

    = xj

    m

    mik

    xm

    xi

    m

    mjk

    xm

    = m

    m

    ik xj

    xm + m

    xj mik xm

    m

    mjk xi

    xm

    m

    ximjk

    xm

    =m

    mik

    l

    ljm

    xl+

    l

    xjlik

    xl

    m

    mjk

    l

    lim

    xl

    l

    xiljk

    xl.

    22

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    23/79

    Portanto

    Rlijk =m

    mikljm

    m

    mjklim+

    xj(lik)

    xi(ljk).

    Tambem denotamos

    Rijks:=

    R

    xi,

    xj

    xk,

    xs

    =

    l

    Rlijkgls,

    portanto

    (Rijk1, Rijk2,...,Rijkn) = (R1ijk , R

    2ijk ,...,R

    nijk)

    g11 . . . gn1... . . . ...g11 . . . gn1

    ,(R1ijk , R

    2ijk ,...,R

    nijk) = (Rijk1, Rijk2,...,Rijkn)

    g11 . . . gn1

    ... . . .

    ...g11 . . . gn1

    ,Rsijk =

    l

    Rijklgls.

    Pela trilinearidade de R e a bilinearidade do produto interno o teoremaanterior e equivalente a escrevermos

    Rijks+ Rjkis + Rkijs = 0

    Rijks=RjiksRijks=RijskRijks= Rksij .

    Definicao 1.2.5. Sejax= znum vetor unitario emTpM; tomemos uma baseortonormal{z1,...,zn1}do hiperplano deTpMortogonal ax. Acurvatura

    de Ricci da metrica, no ponto p, na direcao de x e:Ricp(x) =

    n1i=1

    R(x, zi)x, zi.

    Acurvatura escalarda metrica, , no ponto p e:

    s,(p) =

    j

    Ricp(zj) =n

    j=1

    n1i=1

    R(zi, zj)zi, zj.

    23

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    24/79

    Teorema 1.2.6. A curvatura de Ricci e a curvatura escalar independem da

    base escolhida.

    Demonstracao: Consideremos a aplicacao Q: TpM TpM R defi-nida como

    Q(x, y) = traco da aplicacao zR(x, z)y.Como R e C-linear em cada uma das suas entradas temos que Q e bili-near. Sejamx TpMum vetor unitario e{z1,...,zn1, zn = x} uma baseortonormal de TpM entao, pelo teorema 1.2.4 item 4), temos

    Q(x, y) = i R(x, zi)y, zi=

    i

    R(y, zi)x, zi= Q(y, x),

    isto e, Q e simetrica e portanto so precisamos conhecer Q(x, x) numa baseortonormal para defini-la. Q(x, x) independe da base{z1,...,zn = x} queusamos para calcula-la (por ser um traco); mas Q(x, x) = Ricp(x), entaoRicp(x) independe da base escolhida.

    Por outro lado, podemos associar a forma bilinear Q em TpMuma aplicacaolinear auto-adjunta Ktal que

    K(x), y= Q(x, y).

    Tomando uma base ortonormal{z1,...,zn}, temos

    tr(K) =

    j

    K(zj), zj=

    j

    Q(zj, zj)

    =

    j

    Ricp(zj) =s,(p),

    o que demonstra que s,(p) independe da base escolhida.

    Dada uma metrica , precisaremos, muitas vezes, nos referir a matrizGque a representa a metrica. Por isso usaremos, de agora em diante, a notacaog(, ) (ou simplesmente g) para a metrica. Denotaremos os coeficientes damatriz G por gij e os coeficientes de sua inversa por g

    ij.

    24

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    25/79

    A forma bilinearQe chamada, as vezes, detensor de Ricci. Calculemos

    agora os coeficientes deste tensor numa base ortonormal xi de T M.Q

    xi,

    xj

    =

    l

    g

    R

    xi,

    xl

    xj,

    xl

    =

    l

    Rliljg

    xl,

    xl

    =

    l

    Rlilj =lm

    Riljmgml.

    Observemos que se A : TpMTpM e uma aplicacao linear auto-adjuntae B : TpM TpM R e a forma bilinear tal que B(X, Y) = g(A(X), Y),temos

    uTBv = B(u, v) =g(Au,v) = (Au)TGv=uATGv

    B=ATGAT =BG1,

    onde G e a matriz que representa a metrica.Entao tr(A) =

    ikB

    xi

    , xk

    gik. Portanto, a curvatura escalar e dada

    por

    sg = ijl Rliljgij = ij Rijgij,onde denotamos Rij =

    l R

    lilj .

    Usando a expressao

    Rlijk =m

    mikljm

    m

    mjklim+

    xj(lik)

    xi(ljk).

    dos coeficientes da curvatura em termos dos coeficientes da conexao temos

    sg = ijlm gij mij llm mlj lim+

    xl(lij)

    xi(llj) . (1.10)

    Vamos mostrar que a curvatura escalar e um invariante por ismetrias.Para isso precisaremos do seguinte resultado:

    Teorema 1.2.7. Sejam (M, h) e (N, g) variedades Riemannianas de di-mensao n,g a conexao de Levi-Civita de (N, g) e uma isometria entreelas, entao :X(M) X(M) X(M) dada porXY = d1gdXdYe a conex ao de Levi-Civita em(M, h).

    25

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    26/79

    Demonstracao: Seja (Ui, i) um atlas de M. Entao ((Ui), i

    1) eum atlas deN. As bases dos planos tangentes deMe Nsao, respectivamente,

    x1

    , ..., xn

    e x1

    ,..., xn

    . Podemos considerar um vetor de TpM como uma

    clase de equivalencia de curvas do seguinte modo: o vetor xj

    pode ser vistocomo a classe de equivalencia da curva 1i xj : R M, ondexj(t)p: R Rn e dada por xj(t)p= (x1,...,xj + t,...,xn), (ondei(p) = (x1,...,xj,...,xn))pela relacao kl se, e somente se, (i k)(0) = (i l)(0). Assim

    xj= [ 1i xj] =d[1i xj ] =d

    xj

    .

    Sejam a, b C(M) e X, Y , Z X(M). e uma conexao afim poisvalem as propriedades

    aX+bYZ=d1g(a1)dXdZ+ d1g(b1)dYdZ=a.d1gdXdZ+ b.d1gdYdZ=aXZ+ bYZ

    e

    X(Y + Z) =d1gdXdY + d1gdXdZ=XY + XZ

    e

    X(aY) =d1gdX(a 1)dY=d1[(a 1)gdXdY + dX(a 1)dY]=a.d1gdXdY + X(a)Y =aXY + X(a)Y,

    pois, se X=

    i ui

    xi, temos

    dX(a 1) = i

    ui xi(a 1)

    =limt0

    i

    ui(a 1 1i (xi)1)(x1,...,xi+ t,...,xn)

    =limt0

    i

    ui(a 1i (xi)1)(x1,...,xi+ t,...,xn) =X(a) .

    26

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    27/79

    e simetrica pois, se X= i ui xi e Y = jvj xj , temos

    [dX, dY] =dXdY dY dX=

    ij

    (ui 1)(vj

    1)xi

    (vi 1)(uj 1)

    xi

    xj

    =

    ij

    d

    ui

    vjxi

    vi ujxi

    xj

    =d[X, Y].

    Entao

    h(Z, XY YX) =g(dZ, dXdY dYdX)=g(dZ, [dX, dY]) =g(dZ, d[X, Y]) =h(Z, [X, Y]).

    e compatvel com a metrica h: Sejam c : I R M uma curvadiferenciavel e i : Ui M Rn um homeomorfismo com c(I) Ui= e(c1(t),...,cn(t)) := i c para todo t I. Podemos expressar localmente ocampo Y como Y =

    jv

    j(t) xj

    (c(t)) e, pela equacao 1.1, temos

    D(dY)

    dt =

    i

    d(vj 1)dt

    xj+

    ij

    dci

    dt 1

    (vj 1)g

    xi

    xj

    =d

    i

    dvj

    dt

    xj+

    ij

    dci

    dtvj

    xi

    xj

    =d

    DYdt

    .

    Assim

    d

    dth(X, Y) =

    d

    dtg(dX, dY) =g

    DdX

    dt ,dY

    + g

    dX,

    DdY

    dt

    =h

    DX

    dt , Y

    + g

    X,

    DY

    dt

    ,

    deste modo, pelo teorema 1.1.6, a conexao e compatvel com a metrica.Portanto, pela unicidade da conexao de Levi-Civita, e a conexao deLevi-Civita de (M, h).

    Teorema 1.2.8. Sejam (M, h) e (N, g) variedades Riemannianas e umaisometria entre elas, entao sg = sh.

    27

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    28/79

    Demonstracao: Pelo teorema anterior

    :

    X(M)

    X(M)

    X(M)

    dada porXY = d1gdXdY e a conexao de Levi-Civita em (M, h).Assim, denotando por R e R as curvaturas de N e M respectivamente,temos

    R(X, Y)Z=d1(R(dX, dY)dZ),

    entao, como e uma isometria,

    h

    R

    xi,

    xj

    xk,

    xl

    =g

    R

    d

    xi, d

    xj

    d

    xk, d

    xl

    =g R

    xi

    ,

    x

    j

    xk

    ,

    xl

    Deste modo Rijkl =Rijkl para quaisquer i, j, k,l {1,...,n}.Por outro lado

    h(X, Y) =g(dX, dY) =XTDTGDY

    ondeG e a matriz da metrica,d e a derivada de e D e a matriz Jacobianade (i 1) 1i =I, assim hij =g ij .

    Entaosh=

    ijlmRiljmh

    ml =

    ijlm(Riljmg

    ml) = sg

    28

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    29/79

    Captulo 2

    O Laplaciano

    2.1 Espacos e produtos internos sobreM

    Definiremos o produto interno de duas funcoes f, hC(M) como umaintegral sobre uma variedade Riemanniana (M, g) (que consideraremos orien-tada e fechada), faremos isto usando a n-forma dvol e, com esta, definiremoso que significa integrar sobre Musando o atlas diferenciavel de M.

    Definicao 2.1.1. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana de dimensao n.A forma de volume de uma metrica Riemanniana g e a n-forma dvol quee dada em coordenadas locais por

    dvolg =

    det gdx1 ... dxn,

    para uma base (x1 ,...,xn) de TxM orientada positivamente. Definimos ovolume de (M, g) como

    volg(M) =

    M

    dvolg.

    Teorema 2.1.2. A forma de volumedvol =

    det gdx1

    ...

    dxn independe

    das coordenadas locais; ou seja, dadas coordenadas locais e emx temosdet g()dx1 ... dxn =

    det g()dy1 ... dyn

    Demonstracao: Dadas as coordenadas locais e definimos, paracada i {0,...,n}, as aplicacoes xi :M Rcomo xi :=i e yi :M Rcomo y i :=i , ondei e a projecao na i-esima coordenada. Temos entaoque (x) = (x1(x),...,xn(x)) e que (x) = (y1(x),...,yn(x)). De modo que

    29

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    30/79

    yi =i

    1(x1,...,xn) e xi =i

    1(y1,...,yn), assim podemos nos

    referir a yixj e yixj da:

    dyi =

    j

    y i

    xjdxj e dxk =

    l

    xk

    y ldyl.

    Entao, denotando como o conjunto das permutacoes denelementos, temos:det g()dy1 ... dyn =

    det g()

    j

    y1

    xjdxj ...

    j

    yn

    xjdxj

    = det g()

    (1) i

    y i

    x(i)dx1 ... dxn

    =

    det g()det

    y i

    xj

    dx1 ... dxn.

    Por outro lado, para todo hC(M)

    y ih=

    l

    h

    xlxl

    y i =

    l

    xl

    y i

    xl

    h.

    Assim yi = l xlyi xl e:gij() =

    y i,

    yj

    =

    l

    k

    xl

    y ixk

    yj

    xl,

    xk

    =

    l

    k

    xl

    y ixk

    yjglk().

    Portanto, denotando J :=

    xi

    yj

    , temos g() =JTg()J. Entao:

    det g()dy1 ... dyn =

    det g()det

    y i

    xj

    dx1 ... dxn

    = det(JTg()J)det(J1)dx1 ... dxn=

    det(J)2 det(g())det(J1)dx1 ... dxn

    =

    det(g()) det(J)det(J1)dx1 ... dxn=

    det(g())dx1 ... dxn.

    30

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    31/79

    Definicao 2.1.3. Sejam (M, g) uma variedade Riemanniana, (Uk, k) uma

    carta de M e = xi a base para T Ui associada a esta carta. Dizemosque uma funcao f :M R e integravel se cada f 1k :k(Uk) R forintegravel a Riemann e definimos a integral de f sobre Uk como

    Uk

    f(x)dvolg =

    k(Uk)

    f(x)

    det(g())

    1k dx1...dxn.

    Esta integral esta bem definida pois dadas cartas (Uk, k) e (Ul, l) emum atlas positivamente orientado tais que UkUl=. Sejam =

    xi

    a base de T{Uk Ul} associada a carta (Uk, k) e =

    yi

    a base de

    T{Uk Ul}associada a carta (Ul, l). Denotamos porg() eg() as matrizesque representam a metrica associadas a e respectivamente a aplicacaode transicao kl temos:

    UkUl

    f(x)dvol =

    k(UkUl)

    f(x)

    det(g())

    1k dx1...dxn

    =

    kll(UkUl)

    f(x)

    det(g())

    1k dx1...dxn

    = l(UkUl) f(x)det(g()) det(J(kl)) 1l dy

    1...dyn

    =

    l(UkUl)

    f(x)

    det(g())

    1l dy1...dyn.

    Onde usamos formula de mudanca de variavel (teorema 4.0.4 em anexo) emRn e o fato que a orientacao e positiva.

    Assim, dada uma funcao integravel f : M R com suporte compactoem uma carta Uk, dizemos que

    Mf(x)dvolg =

    Ukf(x)dvolg.

    Definicao 2.1.4. Sejam (M, g) uma variedade Riemanniana,{(Ui, i)} umatlas de M,{ai}1ik uma particao da unidade associada a este atlas e ={

    xi} uma base local para T M. Dizemos que uma funcao f e integravel

    se aif e integravel sobre M para i [1, ...k] e definimos a integral de umafuncao f :M R sobre M como

    M

    f(x)dvolg =k

    i=1

    M

    aif(x)

    det(g())dx1 ... dxn.

    31

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    32/79

    A definicao de f ser integravel independe da particao da unidade e esta

    integral esta bem definida pois, dada outra parti cao da unidade{bi}1iltemos

    ki=1

    M

    aif(x)dvolg =k

    i=1

    M

    lj=1

    bjaif(x)dvolg

    =k

    i=1

    lj=1

    M

    bjaif(x)dvolg

    =

    lj=1

    ki=1

    M

    bjaif(x)dvolg

    =l

    j=1

    M

    bj

    ki=1

    aif(x)dvolg

    =l

    j=1

    M

    bjf(x)dvolg.

    Note, que por temos definido a integral usando a particao da unidade fazsentido escrevermos a integral de um objeto local, como o produto interno

    de campos vetoriais em coordenadas locais.Tambem definimos um produto interno em C(M) por

    f, h=

    M

    f(x)h(x)dvolg.

    Definimos o produto interno de dois campos vetoriais X e Y sobre Mcomo

    X, Y=

    M

    g(X(x), Y(x))dvolg,

    onde g(X(x), Y(x)) :=

    X(x), Y(x)

    . Utilizamos estas duas notacoes du-

    rante o texto. E claro que isto define um produto interno.Sejam 1(M) o conjunto das 1-formas sobre M e o isomorfismo natural

    g :X(M) 1(M), dado em cada plano tangente por g(v) = v ondev(w) =v, w para quaisquer v, w TM. Definimos o produto interno deduas 1-formas v e w como

    v, w=

    M

    g(1g v(x), 1g w

    (x))dvolg.

    E claro que isto define um produto interno.

    32

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    33/79

    Vamos calcular 1(v) e

    v, w

    em coordenadas locais.

    Sejamv, w T M, w =kwk xk e v =jvjdxj . Pela definicao de temos

    wk =dxk(w) =1g (dxk), w=

    ij

    igijwj.

    Onde 1g (dxk) =

    i i

    xi

    . Entao, variando j, formamos o seguinte sistemade equacoes

    i

    igij =

    0 se j=k1 se j =k

    que e denotado matricialmente por (gij)=ek e admite uma unica solucao

    = (gij)1ek=

    i

    gikei.

    Desta forma 1g (dxj) =

    i g

    ij xi

    . Portanto

    1g (v) =1g

    j

    vjdxj

    =

    j

    vj1g (dx

    j) =

    ij

    vjgij

    xi. (2.1)

    Para o produto interno tome duas formas v = jvjdxj e w = kwkdxksobreM

    v, w=

    M

    g

    1g v(x), 1g w

    (x)

    dvolg

    =

    M

    g

    ij

    vjgij

    xi,lk

    wkglk

    xl

    dvolg

    = Mijkl vjgijwkg

    lkgildvol = Mijk vjgijwkikdvolg

    =

    M

    ij

    vjgijwidvolg.

    2.2 O divergente, o gradiente e o Laplaciano

    Em Rn podemos definir um operador : C2(Rn) C(Rn) chamado deLaplaciano da seguinte forma

    33

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    34/79

    f=n

    i=1

    2f(xi)2

    . (2.2)

    Assim, no caso euclidiano, o Laplaciano e dado por

    2

    (x1)2+ ... +

    2

    (xn)2

    .

    Queremos definir o operador Laplaciano sobre C(M). Se o definirmoscomo na equacao 2.2 o nosso operador dependera do sistema coordenadoem questao, mas queremos um operador que independa do sistema de co-ordenadas. Para tal lembremos da equacao classica para o Laplaciano emRn:

    2

    (x1)2+ ... +

    2

    (xn)2 =div grad.Definiremos os operadores grad : C(M) X(M) e div:X(M)

    C(M) em uma variedade Riemanniana de modo que eles independam decoordenadas locais para, atraves destes, definir o Laplaciano.

    Definicao 2.2.1. Sejam (M, g) uma variedade Riemanniana,d : C(M)1(M) a derivada exterior ego isomorfismo canonico entre X(M) e 1(M).O gradiente e o operador grad : C(M) X(M) definido por grad :=1g d.

    Podemos definir o gradiente da mesma maneira em uma variedade di-ferenciavel (sem matrica) mas colocamos uma variedade Riemanniana nadefinicao pois estamos interessados em coordenadas locais.

    Teorema 2.2.2. Em coordenadas locais o gradiente e dado por

    gradf=i,j

    gijif j ,

    ondej =xj = xj

    e(gij) = (gij)1 .

    Demonstracao: Dada f

    C(M) temos

    gradf=1g d(f) =1g

    i

    f

    xidxi

    =

    i

    f

    xi1g (dx

    i) =

    i

    f

    xi

    j

    gji

    xj

    =

    ij

    f

    xigji

    xj =

    ij

    f

    xigij

    xj.

    34

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    35/79

    Que no caso euclidiano e o gradiente usual. Da definirmos grad :=1g

    d

    pois,1g ed independem de coordenadas e coincidem com o gradiente usualem Rn.

    Por outro lado lembremos que no caso de um campo vetorial suave X :Rn Rn o divergente e definido por

    div(X) :=X1

    x1+ ... +

    Xnxn

    e que, dada uma funcao f C0 (Rn), usando integracao por partes temos

    divX, f= Rn i iXi.f= Rn i (f.Xi)xi + Rn i if.Xi=

    i

    Rn1

    (f.Xi)

    +

    dx1...dxi1dxi+1...dxn

    +

    Rn

    i

    if.Xi

    =

    Rn

    i

    if.Xi

    = Rn i if.Xi=X, gradf,pois f tem suporte compacto. Assim o divergente de um campo vetorialXem Rn satisfara,f C0 (Rn), a equacao

    divX, f=X, gradf (2.3)

    SejamX=

    i Xii X(M) e f C0 (M) e (Ui, i) um atlas na varie-

    dade M com particacao da unidade associada{ai}i=1,...,k. Suponhamos queexista uma funcao divXsatisfazendo a equacao 2.3 . Entao, em coordenadaslocais, temos

    35

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    36/79

    X, gradf=

    M

    X, gradfdvol

    =

    U

    i

    Xii,k,j

    gkjkf j

    dvol

    =

    l

    l(Ul)

    alijk

    Xi(kf)gkjgij

    det gdx1...dxn

    =

    l l(Ul)al

    iXi(if)

    det gdx1...dxn

    =l

    l(Ul)

    al1

    det gf

    i

    i(Xi

    det g)

    det gdx1...dxn

    =f, 1det g

    i

    i(Xi

    det g)

    integrando por partes e usando o fato que (gij) e (gij) sao inversas.O que nos motiva a definir o divergente em coordenadas locais da seguinte

    maneira.

    Definicao 2.2.3. O divergente e o operador div:X

    (M)

    C(M), dadolocalmente por

    divX := 1

    det g

    i

    i(Xi

    det g).

    Este operador esta bem definido, pois

    Teorema 2.2.4. A funcaodivXesta bem definida, isto e, dadas coordenadaslocais = (x1,...,xn) e = (y1,...,yn) em um aberto U M, escrevendoX=

    i X

    i xi

    =

    jYj

    yj temos que

    1det g

    i

    xi (Xidet g) = 1det g j

    yj (Yjdet g)Demonstracao: Podemos considerar qualquer funcaof :M R como

    uma funcao que depende das funcoes xi e yj (analogamente ao que fizemosno teorema 2.1.2). Notamos entao que

    i

    Xi

    xi =

    ij

    Xiyj

    xi

    yj =Yj =

    i

    Xiyj

    xi

    36

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    37/79

    portantoj

    Yj

    yj =

    ij

    yj

    Xi

    yj

    xi

    =

    ij

    Xi

    yjyj

    xi+

    ij

    Xi

    yj

    yj

    xi

    =

    ij

    Xi

    yjyj

    xi+

    ij

    Xi

    xi

    yj

    yj

    =

    i

    Xi

    xi. (2.4)

    Por outro lado, denotando (n) como o conjunto das perutacoes de n

    elementos e J :=

    xk

    y l

    , temos J1 :=

    y l

    xk

    da

    yjdet(J1) =

    yj

    (1)

    l

    y l

    x(l) =

    (1) yj

    l

    y l

    x(l)

    =

    =

    (1)

    na=1

    1

    a!(n a)!a

    i=1

    yj

    y(i)

    x((i))

    ni=a+1

    y(i)

    x((i))

    =

    =

    (1)

    na=1

    1

    a!(n a)!a

    i=1

    x((i))

    y(i)

    yj

    ni=a+1

    y(i)

    x((i))

    = 0,

    (2.5)

    pois yi

    yj =ij e, da primeira para a segunda linha, usamos a regra do produto

    varias vezes.

    37

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    38/79

    Usando as equacoes 2.5 e 2.4 temos

    1det g()

    i

    xi(Xi

    det g()) =

    1det g()

    i

    j

    yj

    xi

    yj(Xi

    det g())

    = 1det g()

    i

    j

    yj

    xi

    Xi

    yj

    det g() +

    det g()

    yj Xi

    =

    = 1

    det(J1)

    det g()

    i

    j

    yj

    xi

    Xi

    yj

    det g()det(J1)+

    + Xi

    det g()

    yj det(J1) + Xi

    det(J1)

    yj det g() ==

    1det g()

    j

    i

    Xi

    xi

    det g() +

    yj

    xiXi

    det g()

    yj =

    = 1det g()

    j

    Yj

    yj

    det g() + Yj

    det g()

    yj =

    = 1det g()

    j

    yj

    Yj

    det g()

    .

    Podemos agora definir o Laplaciano.

    Definicao 2.2.5. O Laplaciano e o operador : C(M)C(M) definidocomof= (div gradf).

    Agora escreveremos o Laplaciano em coordenadas locais. Tome f C(M) entao

    f=div(gradf)

    =div i

    gijif j= 1

    det g

    j

    j

    i

    gijif

    det g

    .

    Que no espaco euclideano e o Laplaciano usual.Observe que apesar de estar definido em coordenadas locais o Laplaciano

    independe destas pois div e grad independem das coordenadas locais. OLaplaciano e linear pois:

    38

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    39/79

    Dados f, h

    C(M) e a, b

    R, temos

    (af+ bh) =div grad(af+ bh)

    = 1det g

    j

    j

    i

    giji(af+ bh)

    det g

    = 1det g

    j

    j

    a

    i

    gijif

    det g

    +

    1det g j

    j

    b

    igijihn

    det g

    = adet g

    j

    j

    i

    gijifn

    det g

    +

    bdet g

    j

    j

    i

    gijih

    det g

    =af+ bh.

    Considerando g como o isomorfismo canonico entreX(M) e 1(M).Definimos o seguinte operador:

    Definicao 2.2.6. Definimos : 1(M)C(M) por (w) =div(1g (w)).Como g e uma isometria pela definicao de produto interno em T M

    ,g((X), df) =g(X, gradf) para qualquer campo vetorialXe qualquer funcaof C(M) entao temos que e caracterizado, para quaisquer w 1(M)e f C(M), pela equacao

    w,f=1g (w), gradf=1g (w), 1g df=w, df, (2.6)

    usando o fato que definimos div de modo quegradf, X=f, divX paraquaisquer f C(M) e X X(M).Teorema 2.2.7. Para w =

    i widx

    i 1(M) temos que e dado, emcoordenadas locais, por

    (w) = 1det g

    ij

    j(gij

    det gwi).

    Onde(gij) = (gij)1.

    39

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    40/79

    Demonstracao: Pela equacao 2.1 temos 1g (w) =ijwjgij xi . Por-tanto:(w) =div(1(w)) =div

    ij

    wjgij

    xi

    = 1det g

    ij

    j(gij

    det gwi).

    Agora damos uma segunda definicao de Laplaciano, equivalente a pri-meira.

    Definicao 2.2.8. O Laplaciano e o operador : C(M)C(M) definidocomof=df.

    Como, para todo f C(M) temos df = (div1)((gradf)) =div gradfvemos que as duas definicoes coincidem.

    Ainda notamos, pela equacao 2.6, que e simetrica poisf, g=df, g=df, dg=f,dg=f, g.

    Agora vamos escrever o Laplaciano em termos dos coeficientes da conexao.Para isso precisaremos do seguinte Lema:

    Lema 2.2.9. Sejam (gij) a matriz que representa a metrica em uma base1,...,n e(g

    ij) sua inversa entao temos as duas igualdades

    xigmk=

    jl

    gmlgjk

    xiglj ,

    xigmk =

    jl

    gmjglk

    xiglj .

    Demonstracao: Como (gij) e (gij) sao inversas

    mk=j

    gjkgmj =0 =

    xi

    j

    gjkgmj =

    j

    xigjkg

    mj + gjk

    xigmj,

    entao g11 . . . g1n

    ... . . .

    ...gn1 . . . gnn

    xi

    g1k...

    xi

    gnk

    = g11 . . . g1n... . . . ...

    gn1 . . . gnn

    xi

    gm1

    ...

    xigmn

    ,40

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    41/79

    assim

    xig1k...

    xi

    gnk

    = g11 . . . g1n... . . . ...

    gn1 . . . gnn

    g11 . . . g1n... . . . ...

    gn1 . . . gnn

    xi

    gm1

    ...

    xigmn

    =

    xigmk =

    jl

    gmlgjk

    xiglj

    e

    xigm1

    ...

    xigmn

    =g11 . . . g1n

    ... . . . ...gn1 . . . gnn

    g11 . . . g1n

    ... . . . ...gn1 . . . gnn

    xig1k

    ...

    xignk

    =

    xigmk =

    jl

    gmjglk

    xiglj .

    Como corolario podemos escrever a seguinte derivada em termos da co-nexao

    Corolario 2.2.10. Sejam (gij) a matriz que representa a metrica em umabase1,...,n, (g

    ij) sua inversa eijk , para i,j,k {1,...,n}, os coeficientesda conexao de Levi-Civita (smbolos de Christoffel) entao

    xigim =

    k

    gikmikj

    gjmiji,

    ij

    gij

    xlgij =

    j

    jjl +

    i

    iil.

    41

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    42/79

    Demonstracao: Pelo Lema anterior

    xigim =

    kj

    xigkjg

    ikgjm

    = kj

    xigkjg

    ikgjm +1

    2

    xkgjig

    ikgjm

    12

    xkgjig

    ikgjm +1

    2

    xjgikg

    ikgjm 12

    xjgikg

    ikgjm

    = kj

    1

    2

    xigkjg

    ikgjm +1

    2

    xkgjig

    ikgjm 12

    xjgikg

    ikgjm

    +

    12

    xigkjg

    ikgjm +1

    2

    xjgikg

    ikgjm 12

    xkgjig

    ikgjm

    =

    k

    gikmik

    j

    gjmiij,

    onde usamos a formula 1.8 que da os simbolos de Christoffel em termos dametrica mij =

    12

    k

    xi

    gjk + xj

    gki xk gij

    gkm.Para a outra igualdade basta calcularmos diretamente

    ij

    gij

    xl gij = ij

    12 gij xl gij+ 12gij xi gjl12 gij xi glj+

    1

    2gij

    xlgij1

    2gij

    xigjl +

    1

    2gij

    xiglj

    =

    j

    jjl +

    i

    iil.

    Podemos demonstrar que

    Teorema 2.2.11. Sejam (gij) a matriz que representa a metrica em umabase1,...,n, (g

    ij) sua inversa eijk , para i,j,k {1,...,n}, os coeficientesda conexao de Levi-Civita (smbolos de Christoffel) entao

    u=jkm

    u

    xkgjmkjm

    jk

    gjk 2

    xjxku.

    42

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    43/79

    Demonstracao: Denotando

    :=jkgjk

    2

    xjxku

    jkm uxk gjmkjmtemos=

    jk

    xj

    gjk

    xku

    xjgjk

    xku

    jkm

    u

    xkgjm

    =jk

    xj

    gjk

    xku

    +

    u

    xk

    m

    gjmkjm + gmkjmj

    jkm

    u

    xkgjmkjm

    =jk

    xj

    gjk

    xku

    +

    jmk

    u

    xkgmkjmj

    = jk

    xjgjk xk u +

    ijmk

    12 uxkgmkgij xm g

    ji.

    Mas

    xmlog

    det g=

    1

    2

    1

    det g

    ij

    xmgijCij

    =1

    2

    ij

    Cijdet g

    xmgij

    =1

    2 ij

    gij

    xm gij,

    onde Cij = (1)i+j det(g(i, j)) e g(i, j) e a matriz obtida de g retirando-se alinha i e a coluna j.

    Portanto

    =jk

    xj

    gjk

    xku

    +

    mk

    u

    xkgmk

    xmlog

    det g

    = jk

    xj gjk

    xku + jk

    u

    xkgjk

    1

    det g

    xj det g=

    1det g

    jk

    xj

    gjk

    xku

    det g+

    jk

    u

    xkgjk

    xj

    det g

    = 1det g

    jk

    xj

    gjk

    det g

    xku

    =u.

    43

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    44/79

    2.3 Generalizando o Laplaciano

    Ate agora construmos um operador Laplaciano definido sobre funcoesC(M) contudo precisaremos defini-lo em espacos mais gerais do que essepara calcular o menor auto-valor do operador 4 + sg, ondesg e a curvaturaescalar. Para tal utilizaremos alguns teoremas de E.D.P. sobre operado-res elpticos definidos sobre espacos de Sobolev. Nesta secao definimos taisespacos e construimos uma teoria de integracao a Lebesgue, que pode serencontrada em [12] com mais detalhes.

    2.3.1 Integracao a Lebesgue em Variedades

    Definicao 2.3.1. Uma colecao M de subconjuntos de um conjunto X e ditaser uma -algebra em X se M tem as seguintes propriedades:

    X M. Se AM entao Ac M, ondeAc e o complemento de A em relacao a

    X.

    Se A=n=1An e se An M para todo n N entao A M.Se M e uma -algebra em X, entao (X,M) e dito um espaco men-

    suravel e os elementos de M sao ditos os conjuntos mensuraveis em X.Muitas vezes denotaremos um espaco mensuravel (X,M) apenas por X.

    SeX e um espaco mensuravel,Y e um espaco topologico ef e uma funcaode XemY entaof e dita sermensuravel sef1(V) e mensuravel para todoaberto VY.Definicao 2.3.2. Umamedidae uma funcao, definida em uma -algebraM cuja imagem esta em [0, ] e que e aditivamente contavel, ou seja, se Aie uma colecao disjunta de elementos de M entao

    (i=1Ai) =

    i=1(Ai).

    E (Ai)

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    45/79

    Dizemos que um conjuntoE

    M e mensuravel se a funcao caracterstica

    E :M R deE, definida comoE(x) = 1 sexEeE(y) = 0 seyEc, eintegravel a Riemann e definimos a medida(E) de um conjunto mensuravelE como

    (E) =

    M

    Edvol.

    Entao consideramos a -algebra gerada por estes conjuntos. Note que,utilizando esta medida, temos que a medida de um ponto e zero (pois a funcaocaracterstica deste ponto e integravel a Riemann e sua integral vale zero)entao, como a medida e aditivamente contavel qualquer conjunto enumeravelde pontos tem medida nula.

    Podemos estender nossa -algebra e nossa medida utilizando o seguinteteorema, que esta demonstrado em [12].

    Teorema 2.3.3. Seja (X,M, ) um espaco de medida, sejaM a colecaode todos conjuntosE Xpara os quais existem conjuntosA, B M taisqueAEB e(B A) = 0, definimos(E) =(A). Entao M e uma-algebra e e uma medida emM.

    Seja P e uma propriedade que pode valer ou nao para um ponto xM.Dizemos que P vale quase sempre em M se o conjunto dos pontos onde Pnao vale tem medida nula.

    Com esta medida definiremos uma teoria de integracao a LebesgueDefinicao 2.3.4. Se f :M[0, ) uma funcao da forma

    f=n

    i=1

    iAi,

    onde1,...,n R, comi=j sei=j ; entao dizemos quef e umafuncaosimples.

    Note quef e mensuravel se e somente se os conjuntosAisao mensuraveis.

    Definicao 2.3.5. Seja f : M [0, ) uma funcao simples mensuravel,f= ni=1 iAi . Dado um conjunto E M definimos a integral a Lebesguede f sobre Eem relacao a medida como

    E

    f d=n

    i=1

    i(E Ai).

    A medida de alguns conjuntos pode ser infinita. Para lidarmos com isto,definimos, a. =.a = se a (0, ) e 0. =.0 = 0 e a+ = + a= se a[0, ].

    45

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    46/79

    Definicao 2.3.6. Dado um conjunto E

    M

    definimos a integral a Le-besgue de f :M [0, ) sobre Eem relacao a medida como

    E

    f d= sups

    E

    sd,

    onde s e uma funcao simples menor ou igual que f.

    Denotando

    f+ :=

    f(x), se f(x)0

    0, se f(x)< 0 , f :=

    0, se f(x)0

    f(x), se f(x)< 0podemos definir o que e uma funcao integravel a Lebesgue e a integral deuma destas funcoes como

    Definicao 2.3.7. Dizemos que uma funcao mensuravel e integravel a Le-besgue se

    M

    |f(x)|d

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    47/79

    Teorema 2.3.8 (Teorema da Convergencia Dominada de Lebesgue).

    Seja{fn} uma sequencia de funcoes integraveis a Lebesgue emX, tais quef(x) = lim

    nfn(x)

    existe para todo xX. Se existe uma funcao gI1(M) tal que|f(x)| g(x) n N.

    Entao f I1(M),

    limn

    X|fn f|d= 0 e lim

    n

    Xfnd=

    f(x)d.

    Assim como o conjunto I1(M) das funcoes integraveis em modulo po-demos definir Ip(M), para todo p N, como o conjunto das funcoes men-suraveis tais que

    M

    |f|pd .

    Denotando Ep ={f Lp(M)|

    M|f|p = 0} (o qual e um subespaco

    vetorial) definimos Lp(M) :=Ip(M)/Ep e uma norma da seguinte maneira

    f

    p= M |f|

    pd1/p

    .

    Os espacos Lp(M) sao completos. De fato: Se (fn) e uma sequencia deCauchy de funcoes em Lp(M) entao fn f, onde f e uma funcao men-suravel, e (fn)

    p e uma sequencia de Cauchy. Tome > 0 fixo, entao existeum N0 Ntal que se m, nN0 temos, a menos de um conjunto de medidanula:

    supx

    ((fn(x))p (fm(x))p)

    deste modo|fn(x)|p g(x) := supx{|f1(x)|p,..., |fN01(x)|p, |fN0(x)|p +}para todo n N g : M R e uma funcao integravel (pois e o sup de umnumero finito de funcoes integraveis) assim, pelo Teorema da ConvergenciaDominada de Lebesgue, |fn|p h e h = |f|p pela unicidade do limite.Portanto os espacos Lp(M) sao completos.

    Pode-se mostrar que o unico destes espacos no qual a norma provem deum produto inteno e L2(M) e que Lp(M) e espaco de Banach se p 1 eportanto um espaco de Hilbert se p= 2.

    Podemos definir uma norma em L2(M):

    uL2 = (u, uL2)1/2 =

    M

    u2d

    1/247

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    48/79

    e uma norma em C(M):

    uH1 =u, uH1

    0

    1/2=

    M

    u2d +

    M

    g(gradu, gradu)d

    1/2.

    Estas normas estao associadas, respectivamente, ao seguintes produtosinternos

    u, vL2 =

    M

    uvd

    e ao produto interno de u, vC(M)

    u, vH1 = M

    uvd+ M

    g(1g (du), 1g (dv))d

    =

    M

    uvd+

    M

    g(gradu, gradv)d.

    Pode ser demostrado queC(M) e denso em L2(M) em relacao a norma.L2. Alem disso, em relacao a esta norma, a imersao deC(M) emL2(M)e compacta. Denotaremos o fecho de C(M) em relacao a normauH1 porH1(M).

    Dizemos que H1(M) e H10(M) (f H1(M) com suporte compacto) saoespacos de Sobolev.

    48

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    49/79

    Captulo 3

    Os invariantes

    3.1 Invariante de Perelman

    SejaMuma variedade fechada conexa de dimensaon3 eguma metricaRiemanniana sobreM. Considere o operador 4g +sgI :C(M) C(M)associado a g, onde sg e a curvatura escalar de g eg =divgrad e ooperador de Laplace-Beltrami.

    Denotamos porg o menor autovalor do operador 4g+ sgIque e dado,em termos do quociente de Rayleigh, pelo seguinte teoremaTeorema 3.1.1. O menor autovalorg do operador4g+ sgI e dado por

    g = infu

    M

    [sgu2 + 4|gradu|2]dg

    Mu2dg

    (3.1)

    onde o nfimo e tomado sobre todas as funcoes reais suavesu sobreM. Alemdisso este nfimo e atingido por uma unica funcao uC(M).

    Demonstracao: Podemos escrever, para cada f C(M), este opera-

    49

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    50/79

    dor como

    (4g+ sgI)(f) = 4det g

    j

    j

    i

    giji(f

    det g)

    + sgf

    = 4

    det g

    j

    j

    i

    gij

    if

    det g+ f i

    det g

    + sgf

    =4

    j

    j

    1det g

    i

    gij

    if

    det g+ f i

    det g

    + 4 j j 1

    det gi gij ifdet g+ f idet g + sgf=4

    j

    j

    i

    gij(if)

    4

    j

    j

    i

    giji

    det g

    det g (f)

    + 4j

    j

    1det g

    i

    gij

    det g(if)

    + 4j

    j

    1det g

    i

    giji

    det g(f) + sg(f)

    =4 j

    j i

    gij(if) 4 j

    j i

    gijidet g

    2det g(f) 4

    ij

    gijidet g

    2det gjf+

    4

    j

    j1

    det g

    i

    giji

    det g+ sg

    f

    =4j(gij(if)) + j(bif) + bijf+ cf,utilizando a convencao de somatorio de Einstein e denotando bj =4 i gijidet g2det g,c= 4

    jj

    1det g

    i g

    iji

    det g+ sg.

    Podemos definir uma forma quadratica emC(M) associada ao operador

    4g+ sgIporL(u, v) : =(4g+ sgI)(u), vL2=

    M

    4gijiujv+ j(b

    ju)v+ bjjuv+ cuv

    d

    =

    M

    4gijiujv bjujv+ bjjuv+ cuv

    d.

    O operador 4g+ sgI e elptico1.1A teoria que desenvolvemos aqui pode ser generalizada para operadores elpticos em

    50

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    51/79

    Para cada u

    C(M), u

    = 0, a razao

    J(u) =L(u, u)u, uL2

    e dita o quociente de Rayleigh deL.Vamos minimizar J. Primeiro notamos que J e limitado inferiormente

    pois, como M e compacta,|sg| k para algum k R, entao

    J(u) =L(u, u)u, uL2 =

    (4g+ sg)(u), uL2

    M

    u2d

    =4gradu, graduL2

    Mu2d + Msgu2d

    Mu2d Mku2d

    Mu2d =k.

    Assim faz sentido definirmos

    g = inf uC(M)

    J(u).

    Vamos mostrar que g e um autovalor de 4g+ sgI.Comog e o infimo de J(u) existe uma sequencia{vm} C(M) tal que

    J(vm)g entao, denotando um = vm/vmL2 , temos que J(um) = J(vm)portanto J(um)

    g. E claro que

    um

    L2 = 1. Por outro lado,

    L(um, um) =

    M

    [4g(grad(um), grad(um)) + sgu2m]dg+ k,

    poisL(um, um) =J(um) e J(um)g. EntaoM

    g(gradum, gradum)d 14

    g+ k

    M

    sgu2md

    1

    4

    g+ k (k)

    M

    u2md

    =

    1

    4(g+ k+ k) :=K0.

    C(M) pode ser mergulhada em H1(M), usaremos a mesma notacaopara{un} e sua imagem de{un} em H1(M). Portanto, para todom Ntemos

    umH1 =

    M

    g(gradum, gradum)d +

    M

    u2mdK0+ 1,

    ou seja,{um} e limitada em H1(M).geral. Para ver detalhes sobre a teoria de operadores elpticos consulte [4]

    51

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    52/79

    O espacoH1(M) pode ser compactamente mergulhado (teorema 4.0.6 no

    anexo) em L2(M), portanto a imagem de{um} em L2(M), que denotamospor{wm}, possui uma subsequencia{wm} converge para uma funcao w emL2(M) comwL2 = 1.

    DenotandoQ(u) =L(u, u) temos, para todo m, n N,

    Q

    ul um2

    + Q

    ul+ um

    2

    =

    1

    2(Q(um) + Q(ul)),

    entao

    Qul um

    2 =1

    2

    (

    Q(um) +

    Q(ul))

    Qul+ um

    2 0quando m, l pois

    limm,l

    Q( 12

    (um+ ul)) = limm

    Q(2um) = liml

    Q(ul) =g.

    Deste modo

    Q

    ul um2

    =

    M

    4g

    grad

    ul um

    2

    , grad

    ul um

    2

    d

    + M sg ul um2 2

    d,

    entaoM

    g

    grad

    ul um

    2

    , grad

    ul um

    2

    d=

    1

    4Q

    ul um

    2

    M

    1

    4sg

    ul um

    2

    2d0

    quando m, l pois sg e limitada.Assim

    ul umH1 =ul umL2+

    M

    g (grad(ul um), grad(ul um)) d0

    quando l, m , ou seja,{um} e uma sequencia de Cauchy em H1(M)que e completo em relacao a norma de.H1 portanto um u em H1(M).Os resultados classicos de regularizacao (teorema 4.0.5 no anexo) de EDPsgarantem que u c(M). AssimQ(u) = g e u = w pela unicidade dolimite. Alem disso provamos que existe uma unica funcaou tal queJ(u, u) =g (caso contrario a sequencia (um) poderia nao convergir).

    52

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    53/79

    Vamos mostrar que

    (4g+ sg)u gu= 0pelo metodo usual do calculo variacional. Dado vH1(M), definimos

    f(t) =J(u+ tv).

    Vamos calcular f(0)

    f(0) = limt0

    J(u+ tv) J(u)t

    =limt01

    t M

    (u+ tv)2 d M 4gijiuju+ 4tgijiujv+ 4tgijivju+ 4t2gijivjv bjuju tbjujv tbjvju t2bjvjv+ bjuju+tbjujv+ tb

    jvju+ t2bjvjv+ cu

    2 + 2tcuv+ t2cv2 d

    1t

    Mu2d

    M

    gijiuju + cu2d

    =limt0

    1

    t

    M(u+ tv)2 d

    g+

    M

    4tgijiujv+ 4tgijivju+ 4t

    2gijivjv

    tbjujv tbjvju t2bjvjv+ tbjujv+ tbjvju + t2bjvjv+ 2tcuv+ t2cv2d g 1 + 2t

    M

    uvd+ t2 M

    v2 d=

    M

    4gijiujv bjujv+ bjjuv+ cuv d

    +

    M

    4gijiujv bjvju+ bjjvu+ cuv d 2g

    M

    uvd

    =2L(u, v) 2gu, vL2,poisL(u, v) =L(v, u). Portanto f e diferenciavel no 0.

    Por outro lado, como J(u) e o nfimo, temos

    J(u+ tv) J(u)t

    0 para t >0 eJ(u+ tv) J(u)

    t 0 para t

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    54/79

    E claro que este e o menor autovalor pois, dado um autovetor w, com

    autovalor associado 0 temos

    gJ(w) = 0w, wL2w, wL2 =0.

    Como existe um unico uH1(M) tal que J(u) =g temos que g e umautovalor simples.

    Definicao 3.1.2. SejamMuma variedade diferenciavel fechada orientadan-dimensional, n3. Dada uma metrica Riemanniana g sobre M, denotamoso menor autovalor do operador 4

    g+ sg por g e o volume deMem relacao

    a esta metrica por volg. O invariante de Perelman de M e definidocomo

    (M) := supg

    gvol2

    ng,

    onde o sup e tomado sobre todas as metricas Riemannianas de M.

    Teorema 3.1.3. SejamM eN variedades diferenciaveis e: M N umdifeomorfismo entao (M) = (N), ou seja, e um invariante por difeo-morfismos.

    Demonstracao: Sejam{a1,...,ak} uma particao da unidade associadaao atlas (Ui, i) de M e{b1,...,bl} uma particao da unidade associada aoatlas (Vj, j) deN eg uma metrica Riemanniana sobre N. Entao o pullbackgde g define uma metrica Riemanniana sobre Me, por definicao, (M, g)e (N, g) sao isometricas. As formas de volume sao, respectivamente,

    dvolg =

    det(g)dx1 ... dxn

    edvolg =

    det(g)dy1 ... dyn.

    Pelo teorema 1.2.8sg = sg. Alem disso, dados campos vetoriais X, Yem Mtemos, em Ui

    1

    (Vj),

    g(X, Y) =g(dX, dY) =XTDTGDY

    ondeG e a matriz da metrica,d e a derivada de e D e a matriz Jacobianode j 1i , entao

    det(g) = det(D)

    det(g).

    Alem disso D = ((yi)

    xj ), entao

    (g)ij =

    lr

    xi

    (yl ) glr x

    j

    (yr ) .

    54

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    55/79

    Portanto, para cada u

    C(M) usando a formula de mudanca de

    variaveis (teorema 4.0.4 em anexo) em Rn, temos:

    Lg(u, u) =

    M

    4(gu)u + sgu2dg

    =

    M

    4g(gradgu, gradgu) + sgu2dg

    =

    M

    4g

    u

    xixi

    (yl ) glr x

    j

    (yr )

    xj,u

    xixi

    (yl ) glr x

    j

    (yr )

    xj

    + sgu

    2dg

    = M

    4g u(yl ) glr (yr ) , u(yl )glr (yr ) + sgu2dg=

    ij

    i(Ui1(Vj))

    4g

    u

    (yl ) glr

    (yr ) , u

    (yl ) glr

    (yr )

    +sgu2

    ai(bj )

    1i det(D)

    det(g)dx1...dxn

    =

    j

    j(Vj)

    4g

    u

    (yl ) glr

    (yr ) , u

    (yl )glr

    (yr )

    +s

    gu

    2 1 1j (bj 1j )det(g)dy1...dyn.Por outro lado temos

    u

    (yi ) = limt0 u 1 (yi)1(y1,...,yi+ t,...,yn) = (u

    1)y i

    .

    Tambem temos que o vetor (yf) pode ser visto como a classe de equivalencia

    da curva 1 1j (yf)1 : R M, onde yf : R Rn e dada poryf(t)p= (y1,...,yf+t,...,yn), pela relacaokl se, e somente se, (jk)(0) =(j l)(0). Assim d([1 1j (yi)1]) = [1j yi] = y . Assim:

    g

    u

    (yl )glr

    (yr ) , u

    (yl )glr

    (yr )

    =

    =g

    d

    (u 1)

    y l glr

    (yr )

    , d

    (u 1)

    y l glr

    (yr )

    =

    =g

    (u 1)

    y l glr

    yr,(u 1)

    y l glr

    yr

    .

    55

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    56/79

    Portanto

    Lg(u, u) =

    N

    4g(gradg(u 1), gradg(u 1)) + sg(u2 1)dg=Lg(u 1, u 1).

    Alem dissoM

    u2dg =

    M

    u2

    det(g)dx1 ... dxn

    =

    ij i(Ui1(Vj))(ai(bj )u2) 1i det(D)

    det(g)dx1...dxn

    =

    j

    j(Vj)

    [bj(u2 1)] 1j

    det(g)dy1...dyn

    =

    N

    (u2 1)dg

    eM

    dg =

    M

    det(g)dx1 ... dxn

    = ij i(Ui1(Vj))[ai(bj )sg] 1i det(D)det(g)dx1...dxn=

    j

    j(Vj)

    bj 1j

    det(g)dy1...dyn

    =

    N

    dg.

    Deste modo para cada uC(M) temos outra funcaou 1 C(N)tal que Jg(u1) = Jg(u). Da g g, mas 1 : N M e umdifeomorfismo, entao g g (analogo ao que fizemos acima) = g =g. Portanto para cada g em N temos outra metrica g em M tal queg =g. Da(M)(N), mas1 :NM e um difeomorfismo, entao(N)(M) (analogo ao que fizemos acima) =(M)(N).

    56

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    57/79

    3.2 Problema de Yamabe

    Seja (M, g) uma variedade Riemanniana suave fechada conexa orientavelde dimensao n3 (escreveremos apenas variedade Riemanniana). Conside-remos o conjunto (M) de todas as metricas Riemannianas sobre M (quenao e vazio, pois toda variedade Hausdorff com base enumeravel admite aomenos uma metrica Riemanniana [3]). Podemos definir sobre este conjuntoa relacaocomog g g=ug para algumau : M R+ de classeC.Esta e uma relacao de equivalencia pois

    gg pois a funcao 1 :MR+

    , dada por 1(x) = 1 e de classe C. gh =hg pois u: M R+ de classe C =1/u: M R+ e

    de classe C entao h= ug =g = 1u

    h.

    g h i = g i pois h = ug e i = vh implica em i = (uv)g euv: M R+ e de classe C.

    Definicao 3.2.1. Definimos aclasse conformede uma metricag(M)como

    = [g] ={g(M)|gg}.Se g, g dizemos que g e conformal a g e que e uma classe conformesobreM.

    Em [14] Yamabe conjecturou que:Problema de Yamabe: Para toda variedade compacta Riemanniana(M, g)de dimensao n 3, existe uma metrica conforme a g, denotada por g, decurvatura escalar constante.

    Ao tentarmos formular este problema em termos de EDP chegamos a umaequacao que relaciona o operador de Laplace-Beltrami e a curvatura escalarcom a curvatura escalar de uma metrica gconforme a g. De fato:

    Suponha que (M, g) e uma variedade riemanniana compacta conexa dedimensaon3. Qualquer metrica gconforme ag pode ser escrita na formag = u4/(n2)g para alguma funcao real u suave em M. Denotando r = 4

    n2e usando a equacao 1.8 temos que os smbolos de Christoffelmij da metrica

    57

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    58/79

    sao dados por

    mij = 12 k

    xigjk +

    xjgki

    xkgij

    gkm

    =1

    2

    k

    xi(urgjk) +

    xj(urgki)

    xk(urgij)

    urgkm

    =1

    2

    k

    ur

    xigjk +

    xjgki

    xkgij

    urgkm

    +1

    2 k

    xiurgjk +

    xjurgki

    xkurgij

    urgkm

    =1

    2

    k

    xi

    gjk +

    xjgki

    xkgij

    gkm

    +1

    2ru1

    k

    u

    xigjkg

    km + u

    xjgikg

    km uxk

    gijgkm

    =mij +1

    2ru1

    jm

    u

    xi+ im

    u

    xj

    k

    u

    xkgijg

    km

    .

    Teorema 3.2.2. Se (M, g) e uma variedade Riemanniana de dimensao n,

    g e uma metrica conforme ag, com g= urg, r = 4n2 ,g e o Laplacianoem relacao a metrica g, sg a curvatura escalar de (M, g) e sg a curvatura

    escalar de(M, g) entao

    gu+ n 24(n 1)sgu=

    n 24(n 1) sgu

    n+2n2 .

    Demonstracao: Pela equacao 1.10 da curvatura em termos dos simbo-

    58

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    59/79

    los de Christoffel temos

    sg =ijlm

    gijmij llm mlj lim+ xl (lij) xi (llj)

    =ijlm

    urgij

    xl

    lij+

    1

    2ru1

    jl

    u

    xi+ il

    u

    xj

    k

    u

    xkgijg

    kl

    xi

    llj+

    1

    2ru1

    jl

    u

    xl+ ll

    u

    xj

    k

    u

    xkgljg

    kl

    + mij +12 ru1 jm uxi + im uxj ku

    xk gijg

    km.

    llm+

    1

    2ru1

    ml

    u

    xl+ ll

    u

    xm

    k

    u

    xkglmg

    kl

    mlj +1

    2ru1

    jm

    u

    xl+ lm

    u

    xj

    k

    u

    xkgljg

    km

    .

    lim+

    1

    2ru1

    ml

    u

    xi+ il

    u

    xm

    k

    u

    xkgimg

    kl

    =ur ijlm

    gij xl lij xi llj + mij llm mlj lim+

    r

    2

    ijklm

    urgij

    xl

    u1

    jl

    u

    xi+ il

    u

    xj u

    xkgijg

    kl

    xi

    u1

    jl

    u

    xl+ ll

    u

    xj u

    xkjk

    +

    r

    2

    ijklm

    ur1

    mij gijml

    u

    xl+ mij g

    ijllu

    xm mij gij

    u

    xkglmg

    kl

    +r

    2 ijklm

    ur1 llmgijjm uxi + llmgijim uxj llmgij uxk gijgkm r

    2

    ijklm

    ur1

    mlj gijml

    u

    xi+ mlj g

    ijilu

    xm mlj gij

    u

    xkgimg

    kl

    r

    2

    ijklm

    ur1

    limgijjm

    u

    xl+ limg

    ijlmu

    xj limgij

    u

    xkgljg

    km

    59

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    60/79

    +r2

    4

    ijklm

    ur2

    jmu

    xigijml

    u

    xl+ jm

    u

    xigijll

    u

    xm jm u

    xigij

    u

    xkglmg

    kl

    +r2

    4

    ijklm

    ur2

    imu

    xjgijml

    u

    xl+ im

    u

    xjgijll

    u

    xm im u

    xjgij

    u

    xkglmg

    kl

    +

    r2

    4

    ijklm

    ur2

    u

    xkgljg

    kmgijmlu

    xl+

    u

    xkgljg

    kmgijllu

    xm

    ru

    xk

    gljgkmgij

    u

    xr

    glmgrl

    r2

    4

    ijklm

    ur2

    jmu

    xlgijml

    u

    xi+ jm

    u

    xlgijil

    u

    xm jm u

    xlgij

    u

    xkgimg

    kl

    r

    2

    4

    ijklm

    ur2

    lmu

    xjgijml

    u

    xi+ lm

    u

    xjgijil

    u

    xm lm u

    xjgij

    u

    xkgimg

    kl

    r

    2

    4

    ijklm

    ur2

    u

    xkgljg

    kmgijmlu

    xi+

    u

    xkgljg

    kmgijilu

    xm

    u

    xkgljg

    kmgiju

    xkgimg

    kl=ursg+

    r

    2

    ijklm

    urgij

    xj

    u1

    u

    xi

    +

    xi

    u1

    u

    xj

    xl

    u1

    u

    xkgijg

    kl

    xi

    u1

    u

    xj+ n

    u

    xj u

    xj

    +

    r

    2

    ijklm

    ur1

    lijgiju

    xl+ nmij g

    ij u

    xm kijgij

    u

    xk+ lljg

    ij u

    xi

    +

    r

    2 ijklm ur1

    llig

    ij u

    x

    j

    nllmg

    km u

    x

    k

    lljg

    iju

    x

    i

    mij g

    ij u

    x

    m+

    r

    2

    ijklm

    ur1

    mlmu

    xkgkl lijgij

    u

    xl lilgij

    u

    xj+ llm

    u

    xkgkm

    60

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    61/79

    +r2

    4

    ijklm

    ur2

    giju

    xiu

    xj + ngij

    u

    xiu

    xj gij u

    xiu

    xj

    +

    r2

    4

    ijklm

    ur2

    giju

    xju

    xi+ ngij

    u

    xju

    xi gij u

    xju

    xi

    +

    r2

    4

    ijklm

    ur2

    gkmu

    xku

    xm+ ngkm

    u

    xku

    xm gkm u

    xku

    xm

    r2

    4 ijklm ur2

    gij u

    xj

    u

    xi+ gij

    u

    xi

    u

    xj

    ngkl

    u

    xl

    u

    xk

    r2

    4

    ijklm

    ur2

    n2giju

    xju

    xi+ gij

    u

    xju

    xi gij u

    xju

    xi

    r

    2

    4

    ijklm

    ur2

    giju

    xju

    xi+ ngkm

    u

    xku

    xm giju

    xiu

    xj

    =ursg+

    r

    2

    ijklm

    ur

    2(n 1)u2gij uxj

    u

    xi 2(n 1)u1gij

    2u

    xjxi

    u1gijgkl

    gij

    xl

    u

    xknu1

    gkl

    xl

    u

    xk +

    r

    2

    ijklm

    ur1

    (n 1)mij gij u

    xm (n 1)lligij

    u

    xj

    +

    r2

    4

    ijklm

    ur2

    (n2 + 3n 2)gijuxi

    u

    xj

    =ursg+

    r

    2

    ijklm

    ur

    2(n 1)u2gij uxj

    u

    xi 2(n 1)u1gij

    2u

    xjxi

    u1gkl jjl + iil

    u

    xknu1 glikli giklli

    u

    xk +

    r

    2

    ijklm

    ur1

    (n 2)mij gij u

    xm (n 2)lligij

    u

    xj

    +

    r2

    4

    ijklm

    ur2

    (n2 + 3n 2)gijuxi

    u

    xj

    Onde usamos o corolario 2.2.10.

    61

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    62/79

    sg =ur1sg+

    r

    2

    ijklm

    ur

    2(n 1)

    mij gij u

    xm gij

    2u

    xjxi

    +

    r2

    4

    ijklm

    ur2

    2(n 1)

    1 +2

    r

    gij

    u

    xiu

    xj

    =ursg+

    r

    22(n 1)ur1gu.

    Portanto

    sgur+1 =sgu+4(n 1)n 2 gun 2

    4(n 1) sgun+2n2 =

    n 24(n 1) sgu+ gu.

    Teorema 3.2.3 (Problema de Yamabe (formulacao EDP)). Seja(M, g)uma variedade Riemanniana de dimensaon3. O problema de Yamabe temsolucao se, e somente se, existemu C(M), u > 0 emM e R taisque gu+ n 2

    4(n 1) sgu= un+2n2 . (3.2)

    Demonstracao: (=) Se o problema de Yamabe tem solucao existeuma metrica g=u

    4

    n2 gondeu : M R+ e suave tal que a curvatura escalarde (M, g) e constante entao, pelo teorema anterior 3.2.2, temos

    gu+ n 24(n 1) sgu=

    n 24(n 1) sgu

    n+2n2 =u

    n+2n2 ,

    com = n24(n1)

    sg

    constante.

    (=) Se existem u C(M), u > 0 em M e R que satisfazem aequacao 3.2 entao, para a metrica g=u

    4n2 g que e conforme a g, temos

    un+2n2 =gu+ n 2

    4(n 1) sgu= n 24(n 1) sgu

    n+2n2 ,

    entao, comou >0, n24(n1)sg = portantosg e constante.

    62

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    63/79

    Tinhamos um problema geometrico e o transformamos em um problema

    de EDP. Vamos dar a formulacao variacional deste problema.

    Definicao 3.2.4. Sejam (M, g) uma variedade Riemanniana,a classe con-forme de g e p= 2n

    n2 .Definimos Q : R do seguinte modo: para cada metrica g = up2g

    conforme a g definimos

    Q(g) :=

    M

    sgdg

    M

    dg

    2

    p

    .

    Tambem definimos Qg :{u: M R+, uC(M)} RcomoQg(u) :=Q(u

    p2g).

    De agora em diante usaremos p = 2nn2 . Pelo teorema 3.2.2, denotando

    E(u) :=

    M

    4

    n(n2)(u)u+ sgu2

    dg, temos

    Qg(u) =Q(up2g) =

    M

    sgdg

    Mdg2p

    =

    M

    4(n1)

    n2 (gu)un+2n2 + sgu

    4n2

    u

    2nn2 dg

    Mu

    2nn2 dg

    2p

    =E(u)

    u2p.

    Teorema 3.2.5. Uma funcao u : M R+ de classe C(M) e um pontocrtico deQg se, e somente se, satisfaz a equacao 3.2 com=

    E(u)upp , ou seja,

    gu+ n 24(n

    1)

    sgu=E(u)

    u

    pp

    un+2n2 .

    Demonstracao: Pelo metodo usual do calculo variacional, usando ageneralizacao do binomio de Newton

    (x + y)z =

    k=0

    1

    k!

    k1j=0

    (zj)xzk(y)k,

    63

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    64/79

    tomando uma funcao v

    C(M) e denotando

    = 1

    t(Q(u+ tv)

    Q(u))

    temos

    =

    M4(n1)

    n2 g(u+ tv)(u+ tv) + sg(u+ tv)2dgt

    M(u+ tv)pdg

    2p

    M4(n1)

    n2 (gu)u+ sgu2dgt

    Mupdg

    2p

    =

    M

    updg

    2p

    M

    4(n1)n2g(u+ tv)(u + tv)dg

    t Mupdg

    2

    p

    M(u+ tv)pdg

    2

    p

    +

    M

    updg 2p

    Msg(u+ tv)

    2dg

    t

    Mupdg

    2p

    M(u + tv)pdg

    2p

    M

    (u+ tv)pdg

    2p

    M

    4(n1)n2 (gu)u+ sgu2dg

    t

    Mupdg

    2p

    M(u + tv)pdg

    2p

    =

    M

    updg

    2p

    M

    4(n1)n2g(u)u + 2tg(u)v+ t2g(v)vdgt

    Mupdg

    2p

    M(u+ tv)pdg

    2p

    + M updg2

    p

    Msgu2 + 2tsguv+ t

    2sgv2dg

    t M

    updg 2p M(u + tv)pdg 2p

    M

    k=2

    1

    k!

    k1j=0

    (p j) upk(tv)k + up

    +pup1tv dg 2p .

    M

    4(n1)n2 (gu)u+ sgu2dg

    t

    Mupdg

    2p

    M(u+ tv)pdg

    2p

    =

    M

    updg

    2p

    M

    4(n1)n2g(u)u + 2tg(u)v+ t2g(v)vdgt Mu

    pdg2

    p

    M(u+ tv)pdg

    2

    p

    +

    M

    updg 2p

    Msgu2 + 2tsguv+ t2sgv2dg

    t

    Mupdg

    2p

    M(u + tv)pdg

    2p

    64

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    65/79

    M

    up +pup1tv d 2

    p

    +

    l=1

    1

    l!

    l1i=0

    2

    p i

    M

    up +pup1tv d 2

    pl

    M

    k=2

    1

    k!

    k1j=0

    (p j) upk(tv)k dl

    . M 4(n1)n2 (gu)u+ sgu2dgt

    Mupdg

    2p

    M(u + tv)pdg

    2p

    =

    M

    updg

    2p

    M

    4(n1)n2 g(u)u+ 2tg(u)v+ t2g(v)vdgt

    Mupdg

    2p

    M(u + tv)pdg

    2p

    +

    M

    updg

    2p

    M

    sgu2 + 2tsguv+ t

    2sgv2dg

    t

    Mupdg

    2p

    M(u+ tv)pdg

    2p

    M

    upd

    2

    p

    +2

    p Mupd

    2

    p1

    pt

    Mup1v d

    +

    r=2

    1

    r!

    r1s=0

    2

    p s

    M

    up d

    2pr

    p

    M

    up1tv dr

    +

    l=1

    1

    l!

    l1i=0

    2

    p i

    M

    up +pup1tv d 2

    pl

    M

    k=2

    1

    k!

    k1j=0

    (p j) upk(tv)k dl

    . M 4(n1)n2 (gu)u+ sgu2dgt

    Mupdg

    2p

    M(u + tv)pdg

    2p

    .

    Note que somente os dois primeiros dos termos negativos nao apresentamfatortx, comx2 entao

    65

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    66/79

    d

    dtQ(u + tv)

    0

    =limt0

    Q(u + tv) Q(u)t

    =

    M

    2 4(n1)n2 g(u)v+ 2sguvdg

    Mupdg

    2p

    2

    M

    upd

    1 M

    up1v d

    .

    M

    4(n1)n2 (gu)u + sgu2dg

    Mupdg

    2p

    =2M4(n1)

    n2 g(u) + sgu upp E(u)un+2n2

    vdg

    Mupdg 2pComo v e qualquer de classe C(M) temos que u e um ponto crtico de

    Qg se e somente se

    4(n 1)n 2 g(u) + sgu

    E(u)

    upp un+2n2 = 0.

    Existe uma constante c > 0 tal queu2 cup (pela desigualdadede Holder). Por outro lado M e compacta entao

    |s

    g| e limitada por uma

    constante k entao

    Qg(u) =E(u)

    u2p=

    1

    u2p

    M

    4(n 1)(n 2) g(gradu, gradu) +sgu

    2

    dg

    1u2p

    M

    sgu2dg ku

    22

    u2p kc2.

    Assim, podemos definir a constante de Yamabe como segue:

    Definicao 3.2.6. Seja M uma variedade fechada suave orientada de di-mensao n 3. A cada classe conforme sobre M podemos associar onumero Y, chamado constante de Yamabe da classe , definido como

    Y= infg

    M

    sgdgM

    dgn2

    n

    . (3.3)

    Se existir uma funcao u tal que Qg(u) = Y entao Y e um valor crticode Qg, portanto u

    p2g e uma metrica conforme a g de curvatura escalarconstante E(u)upp . A prova da existencia de tal funcao e devida aos trabalhosde Yamabe, Truddinger, Aubin e Schoen, uma demonstracao completa distoe um panorama historico da solucao pode ser visto em [7].

    66

  • 7/25/2019 Dissertao geometria riemanniana

    67/79

    Definicao 3.2.7. Uma metrica g tal queM

    sgdgM

    dgn2

    n

    =Y,

    onde e a classe conforme de g, e dita um minimizante de Yamabe.

    Lema 3.2.8. SejaM uma variedade diferenciavel fechada conexa suave dedimensao n3. Seg e uma metrica Riemanniana sobreMcom curvaturaescalarsg0 constante entao g e um minimizante de Yamabe.

    Demonstracao: Se g e uma metrica e c >0 entao g =cg e conforme

    a g e os coeficientes da conexao (Simbolos de Christoffel) sao

    mij =12 k

    xicgjk +

    xjcgki

    xkcgij

    1

    cgkm

    =1

    2

    k

    xigjk +

    xjgki

    xkgij

    gkm = mij .

    Assim a curvatura escalar e

    sg

    = ijlm gij mij llm mlj lim+ xl (lij) xi (llj)=

    ijlm

    1

    cgij

    mij

    llm mlj lim+

    xl(lij)

    xi(llj)

    =

    1

    csg.

    Portanto

    Q(g) =

    M

    sgdg

    Mdg2

    p

    =1c

    M

    sgcn2 dg

    Mc

    n2 dg

    n2n

    = c

    n22

    M

    sgdg

    cn22