dissertação, emigração: entre a necessidade e o medo
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(2008 / 2009)Emigração: Entre a necessidade e o medoElaborado por Vítor Martins Pereira, 10ºCT3Escola Secundária Martins SarmentoGuimarães, PortugalTRANSCRIPT
Emigração: Entre a necessidade e o medo
Escola Secundária Martins Sarmento
Curso de Ciências e tecnologia
Filosofia
Elaborado por:
Vítor Pereira 10ºCT3 Nº28
Emigração: Entre a necessidade e o medo 2009
Escola secundária Martins Sarmento Filosofia
Nas sociedades contemporâneas, os emigrantes constituem uma parte
considerável das populações, contribuindo assim para o desenvolvimento não só
económico, como também social dos países.
Apesar disso, a emigração, é sem dúvida um dos principais problemas com que
nos deparamos na actualidade. Todos os dias, milhares de pessoas deixam as suas terras
e famílias e partem para outras tão distantes, em perseguição de um sonho… o sonho de
uma vida melhor, de condições de trabalho dignas, de uma habitação, de felicidade.
A maior parte destas pessoas partem ilegais, sem documentação. Refugiam-se
dentro de um contentor de camião, aventuram-se dentro de um pequeno barco ou
piroga, ou recorrem a redes de auxílio à imigração ilegal. Contudo, só uma pequena
parte destas pessoas consegue atingir o seu objectivo, ficando a maior parte pelo
caminho, “com a esperança nos olhos e arames em volta” (Poema “Kyrie”, Ary dos
Santos), sendo posteriormente deportada para os seus países. Há outras ainda que, na
iminência do paraíso, não resistem e morrem, levando consigo toda a vontade e
esperança que depositaram no seu derradeiro objectivo… a busca de melhores
condições de vida.
Mas porquê tudo isto? Por que razão ambicionar melhores condições de vida
pode causar a morte? Na grande maioria, os imigrantes arriscam-se à imigração
clandestina pelo facto de serem impostas certas condições pelos países acolhedores, a
que estes não são capazes de corresponder. Por exemplo, alguns países impõem como
condição fundamental ao imigrante, o domínio da língua materna desse país… e por
vezes exigem também certas habilitações literárias que o imigrante não domina/possui
(os imigrantes são habitualmente originários de países onde não tiveram oportunidade
de frequentar a escola, e portanto, é bastante difícil garantir as habilitações literárias
exigidas pelo país acolhedor). Na generalidade dos casos, a necessidade sobrepõe-se ao
medo do desconhecido e às consequências… e o imigrante é forçado a optar pela via
ilegal da imigração.
Alguns países como Marrocos e China ganharam o hábito de fazer caça aos que
saem do país, causando muitas vezes várias vítimas mortais. Hoje a expressão
“emigração ilegal”, “conceito que fez do emigrante um criminoso” (http://esquerda.net)
propaga-se, transformando o facto de se sair de um país num acto repreensível.
Poderá a emigração ser considerada ilegal? De facto, não. “Toda a pessoa tem o
direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar
ao seus país” (Artigo 13, alínea 2, Declaração Universal dos Direitos Humanos).
Emigração: Entre a necessidade e o medo 2009
Escola secundária Martins Sarmento Filosofia
Assim, só a imigração pode não ser legal, a entrada num Estado está submetida à
vontade soberana desse Estado.
A imigração ilegal, tem vindo a crescer, constituindo actualmente um próspero
negócio para as redes de tráfico de seres humanos que operam em todo o mundo. A
imigração não é um mal, muito pelo contrário, inúmeros exemplos históricos mostram
que a mesma tem constituído um poderoso meio para o desenvolvimento cultural, social
e económicos da humanidade. No entanto, é de extrema necessidade combater as
causas da imigração que, se vai tornando cada vez mais, a única alternativa para a
sobrevivência das pessoas. “Para isso impõe-se, nesta aldeia global, entre outras as
seguintes medidas: adopção de uma diplomacia preventiva; um maior empenho na ajuda
aos países do hemisfério sul; sanções para com os regimes que não respeitem os direitos
humanos” (http://imigrantes.no.sapo.pt/page4.html).
Por toda a Europa, desde o início da década de noventa assiste-se a crescentes
reacções contra os imigrantes. O que está a provocar o medo pelos imigrantes e as
sucessivas manifestações xenófobas e a discriminação por parte dos cidadãos nativos de
um país em relação aos imigrantes? O medo pelos imigrantes deve-se principalmente ao
receio da diminuição do nível de vida causada pela concorrência feita por trabalhadores
imigrantes aos trabalhadores locais, na qual, estes se oferecem aos patrões para realizar
todo o tipo de trabalhos em condições mais precárias e recebendo vencimentos mais
reduzidos. Para além desta situação, existem na base do xenofobismo e da
discriminação algumas ideias estereotipadas quanto aos imigrantes, que possuem
culturas diferentes.
Na minha opinião, “as sociedades não vivem isoladas umas das outras” (livro
“Pensar Azul”, Filosofia 10ºano, pág.283) e nenhum ser humano pode ser considerado
ilegal e portanto, penso que deveria existir uma maior cooperação entre os países, com
vista a redução do número de mortes, discriminação e violência associadas a imigração
(ilegal ou não) e considero também que se deveria dar uma oportunidade aos imigrantes
clandestinos para se regularizarem e diminuir sucessivamente as condições de trabalho,
habitação e saúde precárias a que se sujeitam pessoas que encontraram na emigração o
único refúgio e que lutam dia após dia para darem um futuro melhor às suas famílias e
terem eles próprios um vida digna.