dissertação em condições de iluminação em ambiente de escritórios

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  • 7/26/2019 Dissertao em Condies de Iluminao em Ambiente de Escritrios

    1/138

    Universidade Tcnica de Lisboa

    Faculdade de MotricidadeHumana

    Condies de Iluminao em Ambiente

    de Escritrio:

    Influncia no conforto visual

    Dissertao elaborada com vista obteno do Grau de Mestreem Ergonomia na Segurana no Trabalho

    Orientador: Professor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

    Jri:

    PresidenteProfessor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

    VogaisProfessora Doutora Isabel Maria do Nascimento Lopes NunesProfessor Doutor Paulo Igncio Noriega Pinto Machado

    Aida Maria Garcia Pais

    2011

  • 7/26/2019 Dissertao em Condies de Iluminao em Ambiente de Escritrios

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    Aida Maria Garcia Pais i

    A cincia ser sempre uma busca e jamais uma descoberta. uma viagem,nunca uma chegada.

    (Karl Popper)

  • 7/26/2019 Dissertao em Condies de Iluminao em Ambiente de Escritrios

    3/138

    Aida Maria Garcia Pais ii

    Dedico este trabalho ao meu filho, por me ter

    feito crescer profissionalmente, e ao mesmo

    tempo ter servido de refgio, nos momentos

    amargos que antecederam a sua chegada.

  • 7/26/2019 Dissertao em Condies de Iluminao em Ambiente de Escritrios

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    Agradecimentos

    Aida Maria Garcia Pais iii

    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais que com amor, incentivo e motivao, me acompanharam ao

    longo da minha vida no crescimento pessoal e profissional.

    Ao meu companheiro Pedro que sempre me incentivou e acreditou na

    execuo deste trabalho.

    Ao meu orientador Professor Doutor Rui Melo, pelo incentivo, apoio, dedicao

    e contribuio para a realizao deste trabalho.

    s colegas de trabalho que me apoiaram e encorajaram na realizao deste

    trabalho, em particular Eng Lusa Nobre que me incentivou na escolha do

    tema.

    Aos responsveis pela Higiene, Segurana e Sade no trabalho das empresas

    participantes, e seus colaboradores, que me possibilitaram e apoiaram na

    realizao deste trabalho, em particular Eng Paula Loureno, Dr Carla

    Gonalves, ao Dr.Joo Areosa, Dr Susana Santos.

    Aos colegas do curso pela amizade e companheirismo, em especial Dr

    Estela Garcia.

    minha famlia e amigos que me ajudaram a seguir em frente e a no desistir.

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    Resumo

    Aida Maria Garcia Pais iv

    RESUMO

    Com o aumento da populao laboral na actividade de escritrio surge a

    necessidade de adequar estes espaos ao homem de forma a tornar o

    ambiente de trabalho motivante, e a melhorar o desempenho laboral. A

    adequada iluminao do posto de trabalho um importante factor que contribui

    directamente para a segurana, sade, bem-estar e conforto do trabalhador. As

    condies de iluminao condicionam a percepo do trabalhador face ao

    conforto visual, que se traduz em fadiga visual, stresse esforo fsico.

    Este estudo pretendeu identificar condies anmalas e avaliar as condiesde iluminao que influenciam o conforto visual dos trabalhadores em

    ambientes de escritrio.

    A amostra do estudo constituda por 143 indivduos do sector administrativo,

    de 3 empresas. Os instrumentos usados para recolha de informao foram

    questionrio, checklist, luxmetro e mquina fotogrfica. Para tratar os dados foi

    usado o SPSS, verso 18. Efectuou-se anlise descritiva, anlise de inferncia

    estatstica sendo aplicados os testes de Kruskal-Wallis e de comparaes

    mltiplas. Para a medio da iluminncia e a uniformidade foram seguidas as

    normas europeias EN 12464 (2002), DIN 5035 (1990) e ISO 8995 (2002).

    Os resultados do estudo revelam desconforto visual (fadiga visual, irritabilidade

    ocular, dores de cabea, dores musculares, dificuldade de concentrao e de

    SVC) relacionado com o tempo de trabalho em computador sem pausas, com

    valores de iluminncia inferiores aos valores recomendados e com a existnciade brilhos e reflexos.

    Palavras-chave: iluminao, desempenho conforto visual, brilhos,

    encandeamento, sade visual.

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    Abstract

    Aida Maria Garcia Pais v

    ABSTRACT

    With increasing population in the labor office activity comes the need to adaptthese workplaces to man in order to make the work environment motivating,

    and improve task performance. Adequate lighting of the workplace is an

    important factor that directly contributes to the health, well-being and worker

    comfort. The lighting conditions affect the perception of the worker towards

    visual comfort, which results in eyestrain, stress and physical exertion.

    This study aims to identify anomalous conditions and evaluate the lighting

    conditions that influence the visual comfort of workers in office environments.

    The study sample is composed of 143 individuals from three companies, of the

    administrative sector. The data collection instruments were a questionnaire, a

    checklist, a light meter and a camera. To process the data SPSS software,

    version 18 was used. A descriptive analysis and a statistical inference analysis

    were carried and Kruskal-Wallis tests and multiple comparisons tests were

    applied. For measuring the illuminance and uniformity European standards EN

    12464 (2002), DIN 5035 (1990) and ISO 8995 (2002) were followed.

    The study results revealed visual discomfort (eyestrain, irritated eyes,

    headaches, muscle aches and Computer Visual Syndrome) related to working

    time with computer without breaks, with illuminance below the recommended

    values and with the existence of glare and reflections.

    Key-words: lighting, performance, visual comfort, reflections, glare, visual

    health.

  • 7/26/2019 Dissertao em Condies de Iluminao em Ambiente de Escritrios

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    ndice Geral

    Aida Maria Garcia Pais vi

    NDICE GERAL

    AGRADECIMENTOS ..................................................................................... .............................................. iii

    RESUMO ..................................................................................................................................................... iv

    ABSTRACT .................................................................................................... ............................................... v

    NDICE GERAL ........................................................................................................ .................................... vi

    NDICE DE FIGURAS .......................................................................... ........................................................ ix

    NDICE DE QUADROS .................................................................................. ............................................... x

    NDICE DE TABELAS ...................................................... ........................................................... ................. xi

    NDICE DE GRFICOS ....................................................................... ...................................................... xiii

    NDICE DE EQUAES .................................................. ........................................................... ............... xiv

    INTRODUO ............................................................................................................................................. 1

    1 PARTE REVISO BIBLIOGRFICA ....................................................... .............................................. 51 ASPECTOS LUMINOTCNICOS ................................................... ........................................................ 6

    1.1 ESPECTRO DE EMISSO ELECTROMAGNTICA ........................................................... ....... 6

    1.2 TEMPERATURA DE COR ............................................................ .............................................. 7

    1.3 GRANDEZAS E UNIDADES FOTOMTRICAS .................................................................. ....... 8

    1.3.1 Fluxo luminoso ........................................................... ........................................................ 8

    1.3.2 Intensidade luminosa ......................................................................................................... 8

    1.3.3 Iluminncia ......................................................................................................................... 9

    1.3.4 Luminncia ou Brilho de uma superfcie ............................................................................ 9

    2

    VISO HUMANA E CONFORTO VISUAL .......................................................... .................................. 10

    2.1 O Olho Humano ........................................................ ........................................................... ..... 10

    2.2 Defeitos da Viso ...................................................... ........................................................... ..... 11

    2.2.1 Miopia .............................................................................................................................. 11

    2.2.2 Astigmatismo.................................................................................................................... 12

    2.2.3 Hipermetropia................................................................................................................... 12

    2.2.4 Presbiopia ........................................................................................................................ 13

    2.3 Conforto Visual ......................................................................................................................... 13

    2.4 Sinais e sintomas de desconforto visual ................................................................................... 13

    2.4.1

    Fadiga visual .................................................................................................................... 14

    2.4.2 Viso turva ....................................................................................................................... 14

    2.4.3 Irritabilidade visual ........................................................................................................... 15

    2.4.4 Dores de cabea ........................................................ ...................................................... 16

    2.4.5 Dores musculares ............................................................................................................ 16

    2.4.6 Stress............................................................................................................................... 16

    2.4.7 Dificuldade de concentrao .......................................................... .................................. 16

    2.5 Sndrome de Viso de Computador ........................................................ .................................. 17

    2.6 A Luz e o Metabolismo Humano ................................................... ............................................ 18

    3

    TRABALHO EM AMBIENTE DE ESCRITRIO ................................................. .................................. 20

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    ndice Geral

    Aida Maria Garcia Pais vii

    3.1 Organizao do Trabalho ......................................................................................................... 21

    3.2 Actividade de Escritrio ............................................................................................................ 21

    3.2.1 Actividade na Posio Sentada ....................................................................................... 21

    3.3 Espao de Trabalho ............................................................ ...................................................... 22

    3.4 Posto de Trabalho .................................................................................................................... 23

    3.4.1 Posto de Trabalho com Computador ............................................................................... 24

    4 ILUMINAO EM AMBIENTES DE ESCRITRIO ..................................................... ......................... 25

    4.1 Tipos de Iluminao ............................................................ ...................................................... 25

    4.1.1 Iluminao natural ...................................................... ...................................................... 25

    4.1.2 Iluminao artificial ..................................................... ...................................................... 25

    4.1.2.1 Luminrias ................................................................................................................... 26

    4.1.2.2 Lmpadas .................................................................................................................... 26

    4.2 Sistemas de Iluminao ...................................................... ...................................................... 27

    4.3

    Iluminao Adequada ao Trabalho de Escritrio ...................................................................... 30

    4.3.1 Iluminncia ....................................................................................................................... 31

    4.3.2 Uniformidade .................................................... ........................................................... ..... 34

    4.3.3 Encandeamento ............................................................................................................... 35

    4.3.4 Direco da luz e modelagem ........................................................ .................................. 37

    4.3.5 Aparncia de cor da luz ................................................................................................... 38

    4.3.6 Caractersticas de ecr de computador ........................................................................... 40

    5 ILUMINAO EFICIENTE .................................................... ........................................................... ..... 41

    6 QUALIDADE DO AMBIENTE ............................................................................................................... 42

    2 PARTE TRABALHO PRTICO DE INVESTIGAO ......................................................................... 44

    7 METODOLOGIA ......................................................... ........................................................... ............... 45

    7.1 OBJECTIVOS ........................................................... ........................................................... ..... 45

    7.2 AMOSTRA ................................................................................................................................ 45

    7.3 VARIVEIS ..................................................... ........................................................... ............... 46

    7.4 RECOLHA DE DADOS ....................................................... ...................................................... 46

    7.4.1 Caracterizao do ambiente de trabalho ......................................................................... 48

    7.4.2 Medio da Iluminncia ................................................................................................... 48

    7.4.2.1 Mtodo de Clculo da Iluminncia e da Uniformidade ................................................. 49

    7.4.2.1.1

    Clculo do nvel mdio de iluminncia .................................................................. 49

    7.4.2.1.2 - Clculo da uniformidade da iluminncia ............................................................. 49

    7.4.2.2 - Tcnica de medio .................................................................................................. 50

    7.4.2.2.1 Iluminncia na rea da tarefa ....................................................... ......................... 50

    7.4.2.2.2 Iluminncia na vizinhana imediata da rea da tarefa .......................................... 50

    7.4.2.2.3 Posio da clula fotoelctrica ..................................................... ......................... 51

    7.4.2.3 Resultados das medies .......................................................... .................................. 51

    7.4.3 Aplicao de Questionrio ............................................................................................... 51

    7.4.3.1 Consistncia interna .................................................................................................... 52

    7.5

    TRATAMENTO DOS DADOS ....................................................... ............................................ 53

    7.5.1.1 Teste de Kruskal-Wallis ............................................................................................... 54

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    ndice Geral

    Aida Maria Garcia Pais viii

    7.5.1.2 Teste de comparaes mltiplas ................................................................................. 54

    3 PARTE APRESENTAO E DISCUSSO DE RESULTADOS .................................................... ..... 55

    8 APRESENTAO E ANLISE DE RESULTADOS ..................................................... ......................... 56

    8.1 Anlise Estatstica Descritiva ........................................................ ............................................ 56

    8.1.1

    Caracterizao da amostra .............................................................................................. 56

    8.1.2 Ocupao dos locais de trabalho ..................................................................................... 59

    8.1.3 Actividade laboral ....................................................... ...................................................... 60

    8.1.4 Conforto visual ................................................................................................................. 65

    8.1.5 Caractersticas luminotcnicas do ambiente ..................................................... ............... 70

    8.1.6 Iluminncia e Uniformidade ............................................................ .................................. 75

    8.2 Relaes entre Variveis .......................................................................................................... 78

    8.2.1 Caractersticas dos trabalhadores ........................................................... ......................... 78

    8.2.1.1 Idade Vs Sade ocular ................................................................................................ 78

    8.2.1.2

    Sade ocular Vs conforto visual .................................................................................. 78

    8.2.2 Caractersticas da actividade de escritrio ........................................................ ............... 81

    8.2.2.1 Ajustes da cadeira verificados e a sua frequncia Vs Dores musculares .................... 81

    8.2.2.2 Viso em relao ao ecr do computador Vs Irritabilidade ocular ............................... 82

    8.2.2.3 Tempo de trabalho com computador e pausas efectuadas Vs SVC............................ 82

    8.2.3 Iluminao em escritrios ................................................................................................ 84

    8.2.3.1 Caractersticas das luminrias Vs Encandeamento e brilhos/reflexos......................... 84

    8.2.3.2 Posio das luminrias Vs Brilhos/reflexos e sombras ................................................ 86

    8.2.3.3 Caractersticas das janelas Vs Encandeamento.......................................................... 87

    8.2.3.4 Posio das janelas Vs ocorrncia de Brilhos/reflexos e sombras .............................. 88

    8.2.3.5 Iluminncia mdia na rea da tarefa Vs Percepo do desconforto visual .................. 88

    8.2.3.6 Iluminncia mdia na rea da tarefa Vs Sndrome de viso de computador ............... 91

    8.2.3.7 luminncia mdia na rea da vizinhana Vs Percepo do desconforto visual ........... 93

    8.2.3.8 Iluminncia mdia na rea da vizinhana Vs Sndrome de viso de computador ....... 95

    8.2.3.9 Brilhos/reflexos Vs Sinais e sintomas de desconforto visual ....................................... 96

    8.2.3.10 Brilhos/reflexos Vs SVC .......................................................................................... 98

    4 PARTE CONSIDERAES FINAIS ....................................................... ............................................ 99

    9 CONSIDERAES FINAIS .................................................. ........................................................... ... 100

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................... .................................................... 105

    APNDICES............................................................................................................................................. 110

    APNDICE 1 - CHECKLIST....................................................... ........................................................... ... 111

    APNDICE 2 - QUESTIONRIO ............................................................................................................. 114

    ANEXOS .................................................................................................................................................. 119

    ANEXO 1 FICHA DE REGISTO DE MEDIO DE NVEIS DE ILUMINNCIA .................................... 120

    ANEXO 2 DETERMINAO DOS NVEIS DE ILUMINNCIA CLCULOS ...................................... 122

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    10/138

    ndice de Figuras

    Aida Maria Garcia Pais ix

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1.1 Espectro electromagntico ......................................................... .............................................. 6

    Figura 1.2 Temperatura de cor. ......................................................... ........................................................ 7

    Figura 1.3 Fluxo luminoso ....................................................... ........................................................... ....... 8

    Figura 1.4 Intensidade luminosa ....................................................... ........................................................ 8

    Figura 1.5 Iluminncia ................................................... ........................................................... ................. 9

    Figura 1.6 Luminncia ................................................... ........................................................... ................. 9

    Figura 1.7 Estrutura do olho humano ..................................................................................................... 11

    Figura 1.8 Posio sentada ..................................................... ........................................................... .... 22

    Figura 1.9 Tipo de luminrias ............................................................ ..................................................... 26

    Figura 1.10 Eficincia energtica dos vrios tipos de lmpada .......................................................... .... 27

    Figura 1.11 Iluminao do posto de trabalho ......................................................................................... 28

    Figura 1.12 Sistemas de iluminao ....................................... ........................................................... .... 29

    Figura 1.13 Estudo sobre iluminncia em ambiente de escritrio .......................................................... .... 32Figura 1.14 reas da tarefa (verde e laranja) e da vizinhana (amarelo) ............................................... 34

    Figura 1.15 Encandeamento ................................................... ........................................................... .... 36

    Figura 1.16 Distribuio da luminncia ....................................................................................................... 36

    Figura 1.17 Distribuio das fontes de luz. .................................................................... ........................ 37

    Figura 1.18 Reflexos ............................................................................................ .................................. 38

    Figura 1.19 Sombras ..................................................... ........................................................... .............. 38

    Figura 2.1 Luxmetro ............................................................................................ .................................. 49

    Figura 3.1 Tipo de local em estudo ................................................... ..................................................... 59

    Figura 3.2 Tipo de computadores........................ ........................................................... ........................ 62

    Figura 3.3 Cadeiras existentes nos locais estudados ............................................................................ 64Figura 3.4 Superfcies com brilhos, observadas nos locais estudados. ................................................. 68

    Figura 3.5 Espaos de trabalho com superfcies envidraadas e cores ................................................. 71

    Figura 3.6 Luminrias existentes nos ambientes de escritrio estudados ............................................. 72

    Figura 3.7 Janelas e estores de espaos de trabalho estudados .................................. ........................ 72

  • 7/26/2019 Dissertao em Condies de Iluminao em Ambiente de Escritrios

    11/138

    ndice de Quadros

    Aida Maria Garcia Pais x

    NDICE DE QUADROS

    Quadro 1.1 Caracterizao dos espaos de trabalho de escritrio .................................................... .... 23

    Quadro 1.2 Relao entre os critrios e os sistemas de iluminao .................................................. .... 29

    Quadro 1.3 Intervalos de iluminncia recomendada para classes de tarefas ........................................ 32

    Quadro 1.4 Valores de iluminncia mdia recomendada para tarefas visuais de escritrio .................. 33

    Quadro 1.5 Valores de iluminncia e uniformidade recomendadas ................................................... .... 33

    Quadro 1.6 Variao da aparncia de cor, em funo do nvel de iluminao .................................. .... 39

    Quadro 1.7 Cores e coeficientes de reflexo ou reflectncias recomendados para as superfcies do local

    de trabalho ................................................................................................................................................ 39

    Quadro 1.8 Efeitos psicodinmicos que as vrias cores tm sobre o ser humano ................................ 40

    Quadro 2.1 Variveis em estudo ....................................................... ..................................................... 47

  • 7/26/2019 Dissertao em Condies de Iluminao em Ambiente de Escritrios

    12/138

    ndice de Tabelas

    Aida Maria Garcia Pais xi

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 3.1 Dados da amostra do estudo ...................... ........................................................... .............. 56

    Tabela 3.2 Distribuio (%) dos trabalhadores por antiguidade na actividade de escritrio................... 58

    Tabela 3.3 Distribuio (%) dos trabalhadores pelo regime, turno e tempo de trabalho dirio

    efectivo........................................................ ............................................................ ................................. 61

    Tabela 3.4 Relao entre as distribuies (%) de pausas efectuadas e do tempo de trabalho

    dirio com computador........................................................... ........................................................... .... 62

    Tabela 3.5 Distribuio (%) do tipo de computador e de ecr .................................................. 63

    Tabela 3.6 Relao entre as distribuies da distncia habitual dos olhos do trabalhador ao

    ecr do computador, e a linha da sua viso em relao ao ecr................................................... 63

    Tabela 3.7 Relao entre os ajustes da cadeira verificados pelos indivduos e a frequncia da

    verificao do ajuste..................................................... ........................................................... .............. 64

    Tabela 3.8 Relao entre os problemas oftalmolgicos disgnosticados e a idade dos

    trabalhadores....................................................... ........................................................... ........................ 65

    Tabela 3.9 Distribuio (%) dos brilhos e sombras nos postos de trabalho................................ 66

    Tabela 3.10 Distribuio (%) do tipo de encandeamento, referido pelos ocupantes, nos seus

    postos de trabalho................................................................................................................................. 67

    Tabela 3.11 Distribuio (%) das superfcies com brilhos, identificadas pelos ocupantes, nos

    seus postos de trabalho......................................................... ........................................................... .... 67

    Tabela 3.12 Distribuio (%) da percepo do desconforto visual - sinais e sintomas.............. 69Tabela 3.13 Distribuio (%) da Sndrome de Viso de Computador (SVC)............................... 70

    Tabela 3.14 Distribuio (%) dos brilhos e de encandeamento, tendo em conta o tipo de

    iluminao............................................................................................................................................... 72

    Tabela 3.15 Distribuio (%) do posicionamento das janelas e das luminrias em relao aos

    planos de trabalho................................................................................................................................. 74

    Tabela 3.16 Relao existente entre o posicionamento das luminrias, relativamente ao plano

    de trabalho (pt), e a referncia, por parte dos inquiridos, sobre a ocorrncia de brilhos ............ 74

    Tabela 3.17 Relao existente entre o posicionamento das luminrias, relativamente ao plano

    de trabalho (pt), e a referncia de encandeamento, por parte dos inquiridos .............................. 75

    Tabela 3.18 Distribuio (%) dos valores de iluminncia mdia na rea da tarefa e na rea da

    vizinhana, por classes........................................................................................................... .............. 76

    Tabela 3.19 Distribuio (%) dos valores de uniformidade obtidos nas reas da tarefa e da

    vizinhana............................................................................................................................................... 76

    Tabela 3.20 Distribuio(%) dos sintomas de desconforto visual, tendo em conta os problemas

    oftalmolgicos referidos pelos trabalhadores...................................................................... .............. 79

    Tabela 3.21 Comparaes mltiplas de problemas oftalmolgicos, referidos para a dificuldade

    de concentrao.................................................. ........................................................... ........................ 80

  • 7/26/2019 Dissertao em Condies de Iluminao em Ambiente de Escritrios

    13/138

    ndice de Tabelas

    Aida Maria Garcia Pais xii

    Tabela 3.22 Distribuio (%) de sintomas de SVC, tendo em conta o tempo de trabalho e as

    pausas efectuadas durante o trabalho com computador................................................................. 83

    Tabela 3.23 Comparaes mltiplas entre tempos de trabalho com computador, tendo em

    conta os sinais e sintomas do desconforto visual simultneos ou SVC........................................ 84

    Tabela 3.24 Distribuio (%) da ocorrncia de brilhos e de encandeamento, tendo em conta ascaractersticas das luminrias que iluminam os postos de trabalho.............................................. 84

    Tabela 3.25 Comparaes mltiplas entre luminrias, tendo em conta a referncia a

    encandeamentos........................................................... ........................................................... .............. 86

    Tabela 3.26 Distribuio (%) da ocorrncia de brilhos e de encandeamento, tendo em conta as

    caractersticas das janelas que iluminam os postos de trabalho.................................................... 87

    Tabela 3.27 Distribuio (%) da percepo dos trabalhadores relativamente ao desconforto

    visual, em 3 gamas de iluminncia mdia na rea da tarefa...................................................... .... 89

    Tabela 3.28 Comparaes mltiplas entre as gamas de iluminncias, referidas para a rea da

    tarefa, tendo em conta a ocorrncia de sinais e sintomas...................................... ........................ 90

    Tabela 3.29 Distribuio (%) de sinais e sintomas de SVC, referidos pelos respondentes, em 3

    gamas de iluminncia mdia referidas para a rea da tarefa......................................................... 92

    Tabela 3.30 Comparaes mltiplas entre gamas de iluminncia da tarefa, tendo em conta os

    sinais e sintomas de SVC...................................................... ........................................................... .... 92

    Tabela 3.31 Distribuio (%) da percepo do desconforto visual referida pelos respondentes,

    pelas gamas de iluminncia mdia na rea da vizinhana............................................... .............. 93

    Tabela 3.32 Comparaes mltiplas entre gamas de iluminncias referidas para a rea da

    vizinhana, tendo em conta a percepo do desconforto visual ............................................... 94

    Tabela 3.33 Distribuio (%) de SVC referidos pelos respondentes, em 3 gamas de iluminncia

    mdia referidas para a rea da vizinhana........................................................................................ 95

    Tabela 3.34 Comparaes mltiplas entre gamas de iluminncia referidas para a vizinhaa,

    tendo em conta os sinais e sintomas do SVC............................................................................... .... 96

    Tabela 3.35 Distribuio (%) da frequncia da ocorrncia de sinais e sintomas de desconforto

    visual, tendo em conta a existncia de brilhos e reflexos.................................................. .............. 97

    Tabela 3.36 Distribuio (%) da SVC, em relao referncia de brilhos e reflexos no posto de

    trabalho....................................................... ........................................................... .................................. 98

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    ndice de Grficos

    Aida Maria Garcia Pais xiii

    NDICE DE GRFICOS

    Grfico 3.1 Distribuio (%) dos trabalhadores, por gnero e por classe etria .................................... 57

    Grfico 3.2 - Distribuio (%) dos trabalhadores pela sua lateralidade ..................................................... 58

    Grfico 3.3 Habilitaes literrias ...................................................... ..................................................... 59

    Grfico 3.4 Distribuio (%) dos postos de trabalho por cada tipo de local de trabalho. ........................ 60

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    ndice de Equaes

    Aida Maria Garcia Pais xiv

    NDICE DE EQUAES

    Equao 1.1 Fluxo luminoso ................................................... ........................................................... ....... 8

    Equao 1.2 Intensidade luminosa. .......................................................................................................... 8

    Equao 1.3 Iluminncia ......................................................... ........................................................... ....... 9

    Equao 2.1 Clculo do nvel mdio de iluminncia .............................................................................. 49

    Equao 2.2 Clculo da uniformidade da iluminncia .................................................... ........................ 49

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    Introduo

    Aida Maria Garcia Pais 1

    INTRODUO

    Com a sua benfica aco e suave presena, a luz, desperta-nos a curiosidade

    e estimula-nos a inteligncia e a imaginao. Para muitas civilizaes antigas,

    a luz originava e assegurava o bem-estar e a vida, tendo por isso, sido

    considerada uma ddiva sobrenatural (Bernardo, 2009).

    A luz essencial para a realizao de inmeras tarefas. Na vida domstica ou

    no trabalho, a luz crucial para a nossa segurana. A utilizao de fontes de

    luz adequadas permite criar uma ambincia luminosa correcta, respeitando a

    sade e o conforto visual. Em resumo: luz vida(ADENE, 2009).

    Segundo Anshel (2005a), a viso o nosso primeiro contacto com o mundo.

    a nossa janela para o exterior. Ns usamos os nossos olhos, para interagir com

    o ambiente, mais de um milho de vezes por segundo. O olho uma extenso

    do nosso crebro e a nossa ligao directa entre o ambiente fsico (exterior) e

    a nossa parte psicolgica (interior). Mais de 80% da nossa aprendizagem

    feita atravs da nossa viso e, muitas vezes, s conseguimos acreditar em

    alguma coisa, quando a conseguimos ver. A sensao visual desencadeia-se

    por meio da luz visvel uma poro do espectro de radiao

    electromagntica que estimula o nervo ptico e reflecte a imagem na retina. Os

    olhos podem percepcionar cerca de dez milhes de variaes de luz e sete

    milhes de diferentes tonalidades de cor. A retina, que recebe a luz,

    transforma-a atravs de impulsos nervosos, numa nova imagem, num dcimo

    de segundo.

    Segundo Lorenz (in FGL, 2000), a viso , dos 5 sentidos, o sentido que

    indiscutivelmente mais necessitamos para trabalhar. Assim, uma iluminao

    correcta no local de trabalho tem particular importncia, tal como tm mostrado

    numerosos estudos cientficos, que apontam para uma estreita ligao entre a

    qualidade da iluminao e a produtividade, a motivao e o bem-estar no

    trabalho. Por exemplo, estudos efectuados por Veitch et al (2008) evidenciam

    uma relao entre as condies de iluminao e o bem-estar e o desempenho

    visual. Os resultados obtidos revelam que condies de visibilidade adequadas

  • 7/26/2019 Dissertao em Condies de Iluminao em Ambiente de Escritrios

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    Introduo

    Aida Maria Garcia Pais 2

    aos espaos de trabalho de escritrio facilitam o desempenho das tarefas

    visuais.

    No mundo moderno, a iluminao de um espao de trabalho no deve ter em

    conta apenas aspectos quantitativos. , tambm, necessrio promover osaspectos qualitativos que, ao longo do dia de trabalho, ajudem a criar estmulos

    e situaes de descontraco (Lorenz, inFGL, 2000).

    , por isso, fundamental conhecer os efeitos fisiolgicos e psicolgicos da

    iluminao no organismo humano, e o modo como a luz pode afectar o conforto

    e o desempenho visual (Wout e Bommel, 2006).

    Uma boa iluminao equivale a requisitos de quantidade e de qualidade,

    devendo necessariamente ser adequada tarefa, tendo em vista o conforto e a

    eficincia visual do trabalhador (Piccoli et al, 2004).

    Segundo Grandjean (1984), a partir da segunda metade do Sc. XX assistiu-se

    ao crescimento do sector tercirio, e ao aumento da populao laboral no

    sector administrativo. Assistiu-se ao aumento do nmero e da variedade de

    espaos de escritrio. Deu-se uma reduo de variabilidade das tarefas,

    predominando o trabalho em computador, e o aumento do nmero de horas

    dirias ao ecr do computador. Com esta mudana aparecem os problemas

    visuais ligados s condies de iluminao e de visibilidade inadequadas s

    tarefas desenvolvidas, conduzindo ao aumento de situaes anmalas que

    pem em risco a sade, o conforto e o bem-estar.

    Surge, assim, a necessidade de adequar estes espaos ao homem,

    valorizando caractersticas como o conforto, a sade, a segurana, o bem-estar

    fsico e psicolgico e a esttica, de forma a tornar o ambiente de trabalho

    motivante, e a melhorar o desempenho laboral (Veitch et al, 2008).

    A Ergonomia, ao perspectivar a optimizao das interaces entre o indivduo e

    o meio que o rodeia, segundo critrios de eficcia, eficincia, segurana e

    conforto, torna indubitvel a necessidade de identificar os riscos e os perigos

    para a sade do trabalhador para control-los, eliminando-os ou reduzindo-os.

    A anlise ergonmica feita de forma integrada tendo em conta o Homem, os

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    Introduo

    Aida Maria Garcia Pais 3

    instrumentos, o espao de trabalho, o ambiente fsico e a organizao do

    trabalho (Castillo e Villena, 2005).

    Atendendo a este ponto de vista, a iluminao de primordial importncia, no

    devendo ser descorada.

    As condies de iluminao condicionam a percepo e a sensao do

    trabalhador face ao conforto visual, que se traduz em fadiga visual, stress,

    esforo fsico, desmotivao (Veitchet al, 2008).

    muito importante, por isso, identificar e avaliar as situaes de trabalho

    anmalas, para que se possam corrigir, com vista melhoria das condies de

    trabalho e preveno de riscos para a sade humana.Assim, o presente trabalho pretende identificar e avaliar factores de risco, no

    contexto luminotcnico, que pem em risco a sade visual dos trabalhadores.

    Pretende-se investigar como que as condies de iluminao influenciam o

    conforto visual dos trabalhadores em ambiente de escritrio.

    O trabalho tem o objectivo de estratgico de analisar abordagens gerais de

    conhecimentos, tcnicas e ferramentas dos domnios da luminotecnia em

    ambientes de escritrio, tendo como enquadramento geral o conforto visual e

    bem-estar dos trabalhadores.

    Os objectivos especficos do trabalho so os seguintes:

    - Estudar a percepo dos trabalhadores do desconforto visual;

    - Caracterizar os trabalhadores;

    - Caracterizar a actividade de escritrio;

    - Caracterizar os postos de trabalho;

    - Caracterizar os aspectos luminotcnicos dos locais e postos de trabalho;

    - Medir a iluminncia;

    - Relacionar o trabalho administrativo de escritrio (tempo de trabalho, pausas,

    actividade e tarefas, posto de trabalho) com a percepo do desconforto visual

    (sinais e sintomas);

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    Introduo

    Aida Maria Garcia Pais 4

    - Relacionar caractersticas luminotcnicas com situaes de encandeamento;

    - Relacionar nveis de iluminncias com a ocorrncia de sinais e sintomas de

    desconforto visual;

    - Relacionar a referncia a brilho/reflexos com a percepo de desconfortovisual.

    Esta dissertao tem a seguinte organizao de contedos:

    - Primeira parte, correspondente Reviso Bibliogrfica, onde feito o

    enquadramento terico. Esta parte inclui o desenvolvimento dos seguintestemas: aspectos luminotcnicos, viso humana e conforto visual, trabalho em

    ambiente de escritrio, iluminao em ambiente de escritrio, iluminao

    eficiente e qualidade do ambiente;

    - Segunda parte, onde se apresenta o trabalho prtico de investigao

    realizado. Nesta parte desenvolvida e apresentada a metodologia, que inclui

    os objectivos, a caracterizao da populao e amostra, a definio das

    variveis e dos materiais e mtodos para recolha e tratamento de informao;

    - Terceira parte, correspondente apresentao e discusso de resultados;

    - Quarta parte, onde so apresentadas consideraes finais do estudo e as

    concluses, procurando dar-se destaque aos resultados com maior significado,

    tendo em vista os objectivos do estudo.

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    Reviso Bibliogrfica

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    1 PARTE REVISO BIBLIOGRFICA

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    Reviso Bibliogrfica

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    1 ASPECTOS LUMINOTCNICOS

    A luminotecnia a cincia que estuda as diversas formas de produo,

    controlo e aplicao da iluminao artificial (Nunes, 2006).

    1.1 ESPECTRODEEMISSOELECTROMAGNTICA

    A luz energia radiante capaz de produzir sensaes visuais ou, de outro

    modo, a luz , semelhana do som, do cheiro e do calor, a energia que

    estimula o sentido da viso. A radiao electromagntica visvel a forma deenergia capaz de provocar a viso humana, ao incidir na retina (Pritchard,

    1999).

    A radiao electromagntica visvel caracteriza-se pela sua capacidade de

    estimular o sentido da viso dentro de uma banda de comprimento de onda

    muito estreita, compreendida entre 380 e 780 nm. Esta gama de radiaes est

    compreendida entre as radiaes ultravioletas e as radiaes infravermelhas,

    que no so visveis pela viso humana (Nunes, 2006), como se apresenta noespectro electromagntico apresentado na figura 1.1.

    Figura 1.1 Espectro electromagntico (Fonte: Bartolomeu, 2003)

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    Reviso Bibliogrfica

    Aida Maria Garcia Pais 7

    1.2 TEMPERATURADECOR

    A temperatura de cor utilizada para caracterizar a cor da luz por comparao

    com a cor do corpo negro, a uma determinada temperatura. Por exemplo, a cor

    da chama de uma vela similar de um corpo negro temperatura de 1800 K,

    pelo que se diz que a temperatura de cor da chama de uma vela de 1800 K.

    A temperatura de cor s pode ser aplicada s fontes de luz que tenham

    semelhana com a cor de um corpo negro, como por exemplo a luz das

    lmpadas incandescentes e a luz das lmpadas fluorescentes.

    A cor aparente da luz um conceito que est ligado temperatura de cor (K), e

    que traduz a sensao de tonalidade de cor (Paes, 2008):

    Branca azulada (Fria) T> 6000 K;

    Branca (Intermdia) 3000 K

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    Reviso Bibliogrfica

    Aida Maria Garcia Pais 8

    Observando a figura 1.2, verificamos que a referncia a cores quentes ou

    frias tem o significado inverso ao do valor da temperatura da cor.

    1.3 GRANDEZASEUNIDADESFOTOMTRICAS

    1.3.1 Fluxo luminoso

    O fluxo luminoso a quantidade de luz emitida por uma fonte luminosa, num

    intervalo de tempo (t), em todas as direces, medida logo sada da fonte de

    luz (figura 1.3, equao (1.1)).

    =t

    Wrad (1.1)

    Smbolo:

    Unidade: lmen (lm)

    Energia radiante

    tempoFigura 1.3 Fluxo luminoso (Fonte: Philips, 2005)

    1.3.2 Intensidade luminosa

    A intensidade luminosa corresponde ao fluxo emitido por uma fonte luminosa

    numa s direco, ou seja, constitui uma medida do fluxo emitido numa

    determinada direco, dentro de um ngulo slido unitrio (figura 1.4, equao

    (1.2)).

    =

    (1.2)

    Smbolo: I

    Unidade: candela (cd)

    Fluxo luminoso

    ngulo slido Figura 1.4 Intensidade luminosa (Fonte: Philips,

    2005)

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    Aida Maria Garcia Pais

    1.3.3 Iluminncia

    Quando a luz emitida

    iluminada. Assim, a

    numa superfcie, por

    E =

    Smbolo: E

    Unidade: lu

    Fluxo lumin

    rea

    Lmen / m2= Lux

    1.3.4 Luminncia o

    A luminncia a int

    unidade de superfcie

    Smbolo: L

    Unidade: c

    quadrado (c

    por uma fonte atinge uma superfcie, es

    iluminncia a medida de quantidade

    nidade de rea (S) (figura 1.5, equao

    / S (1.3)

    (lx)

    so Figura 1.5 Iluminn

    2005).

    Brilho de uma superfcie

    nsidade luminosa emitida, transmitida

    (figura 1.6).

    ndela por metro

    d/m2)

    Figura 1.6 Luwww.prof2000.pt/users/e

    Reviso Bibliogrfica

    9

    ta superfcie ser

    de luz incidente

    (1.3)).

    cia (Fonte: Philips,

    ou reflectida por

    inncia (Fonte:ta/Iluminao.htm).

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    10 Aida Maria Garcia Pais

    2 VISO HUMANA E CONFORTO VISUAL

    Segundo Anshel (2005b), os olhos so instrumentos simples concebidos para

    captar a luz. Eles recebem, filtram e conduzem a informao ao crebro, que

    processa as imagens, fazendo a anlise e a interpretao da informao,

    proporcionando-nos a percepo visual do mundo que nos rodeia.

    A interaco com o ambiente que nos rodeia, no qual se inclui o ambiente de

    trabalho, impe o recurso a variados mecanismos de defesa dos olhos e do

    sistema visual.

    Os conhecimentos bsicos sobre a estrutura do olho e do funcionamento dosistema visual so ferramentas importantes que auxiliam a tomada de decises

    inteligentes, tendo em vista, requisitos de visibilidade nos ambientes de

    trabalho.

    2.1 OOLHO HUMANO

    Segundo Anshel (2005c) o olho humano o rgo da viso, no qual uma

    imagem ptica do mundo externo produzida e transformada em impulsosnervosos para ser conduzida ao crebro.

    O globo ocular responsvel pela captao da luz reflectida pelos objectos

    existentes nossa volta. A luz incide, em primeiro lugar, na crnea, que um

    tecido transparente que cobre a ris. Em seguida, a luz passa atravs do humor

    aquoso, penetrando no globo ocular atravs da pupila, atingindo de imediato o

    cristalino, que funciona como uma lente de focalizao, que converge os raios

    luminosos para um ponto focal sobre a retina (figura 1.7).

    na retina, constituda por cones e bastonetes, que se processam os primeiros

    passos do processo perceptivo.

    A retina transmite os dados visuais, atravs do nervo ptico e do ncleo

    geniculado lateral, para o crtex cerebral. No crebro tem, ento, incio o

    processo de anlise e interpretao, que nos permite reconstruir as distncias,

    cores, movimentos e formas dos objectos que nos rodeiam.

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    Figura 1.7 Estrutura do olho humano(Fonte: Portal Dr. Viso, 2006).

    2.2 DEFEITOS DA VISO

    O processo descrito em 2.1 o normal, sendo o que acontece quando o olho e

    o sistema visual funcionam em condies perfeitas.

    No entanto, esta situao nem sempre se verifica. Muitas vezes, acontece algo

    que perturba o funcionamento normal do olho, e que se reflecte em alguns

    defeitos da viso, como por exemplo, a miopia, o astigmatismo, ahipermetropia, a presbiopia. Estes defeitos podem ser consequncia de

    factores como a idade e doenas crnicas (Anshel, 2005c).

    2.2.1 Miopia

    A miopia, ou hipometropia, o distrbio visual que produz uma focalizao da

    imagem antes de ela chegar retina. Uma pessoa mope consegue ver

    objectos prximos com nitidez, mas os distantes so visualizados como seestivessem embaados (desfocados).

    Para uma viso mais precisa, o ponto focal dos raios luminosos deve convergir

    para uma rea prxima dos receptores de luminosidade (localizados na retina).

    No caso da miopia, o ponto focal formado frente da retina.

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    O sintoma precoce da miopia a viso turva de objectos distantes. Outros

    sintomas so o pestanejar permanente, dores de cabea ou tenso ocular

    (Anshel, 2005c).

    2.2.2 Astigmatismo

    O astigmatismo uma deficincia visual, causada pelo formato irregular da

    crnea, ou do cristalino, que leva formao da imagem em vrios focos que

    se encontram em eixos diferenciados. Traduz-se na incapacidade de focar, em

    simultneo, linhas horizontais e verticais. Uma pessoa com astigmatismo v

    todos os objectos prximos e/ou afastados de forma distorcida.

    O astigmatismo hereditrio e pode ocorrer em conjunto com a miopia ou com

    a hipermetropia.

    Os sinais e sintomas so, nos casos mais intensos, viso turva, fadiga ou dores

    de cabea (Gaspar, 2002).

    2.2.3 Hipermetropia

    A hipermetropia traduzida pelo erro de focalizao da imagem no olho,

    fazendo com que a imagem seja formada aps a retina. Isto acontece porque,

    nestes casos, o olho um pouco menor do que o normal.

    O hipermtrope tem, em geral, boa viso ao longe, pois o seu grau, se no for

    muito elevado corrigido pelo aumento do poder diptrico do cristalino,

    processo designado por acomodao. Este processo provoca sintomas de

    desconforto visual, como cansao ou dor de cabea.

    A hipermetropia ocorre quando o ponto mais prximo do olho est mais

    afastado do que no olho normal, devido a uma anomalia do cristalino, uma

    insuficiente curvatura, causando assim, dificuldades em ver ao perto (Anshel,

    2005c).

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    2.2.4 Presbiopia

    A presbiopia , normalmente, conhecida como vista cansada. uma evoluo

    natural da viso causada pela perda de elasticidade do cristalino, que dificulta o

    processo de acomodao, fazendo com que as imagens se formem atrs daretina, e impedindo a focalizao das imagens ao perto. Este processo

    progressivo e atinge as pessoas, normalmente, a partir dos 40 anos, tendendo

    a estabilizar por volta dos 60 anos (Gaspar, 2002).

    2.3 CONFORTO VISUAL

    Uma boa iluminao deve necessariamente ser adequada tarefa, tendo em

    vista o conforto visual do indivduo. As exigncias de quantidade e de

    qualidade da iluminao (iluminncia, luminncia, uniformidade, contraste, cor,

    outros) contribuiro para determinar as condies de visibilidade (Vilar, 1996).

    Factores como a sade, o bem estar, o conforto e a motivao traduzem a

    satisfao dos ocupantes num determinado espao.

    O conforto visual est relacionado com o conjunto de condies, num

    determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver tarefas visuaiscom o mximo de acuidade e preciso visual, com o menor esforo, com o

    menor risco de prejuzos vista e com reduzidos riscos de acidentes (Lamberts

    et al, 1997).

    Alm de afectar a sua segurana e de aumentar o risco de acidente, uma m

    iluminao pode provocar tenses psquicas e fisiolgicas, que se traduzem

    atravs de sinais e sintomas como dificuldade de concentrao na execuo

    das tarefas, stress, dores de cabea, fadiga fsica e nervosa, tendo comoconsequncias finais o absentismo (Lamberts et al, 1997).

    2.4 SINAIS E SINTOMAS DE DESCONFORTO VISUAL

    As condies de iluminao condicionam a percepo e a sensao do

    trabalhador face ao desconforto visual, que se traduz atravs de sinais e

    sintomas de fadiga visual, viso turva, irritabilidade visual, dores de cabea,

    dores musculares, stress, dificuldade de concentrao (Veitch, 2008).

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    Aida Maria Garcia Pais 14

    Seguidamente apresenta-se uma pequena abordagem dos sintomas de forma

    a perceber a relao existente entre a viso e o ambiente.

    2.4.1 Fadiga visual

    A fadiga visual uma manifestao de desconforto, de dor e de irritao visual.

    provocada pelo enfraquecimento dos msculos ligados ao globo ocular,

    responsveis pelo movimento, fixao e focalizao dos olhos (Silva, 1995). O

    termo mdico usado para definir fadiga visual astenopia.

    Astenopatia o termo utilizado para definir queixas relacionadas com erros de

    refraco, provocados pelo desequilbrio do msculo ocular, que incluem dor

    em redor dos olhos, ardor e comicho nas plpebras, fadiga ocular e dores decabea (Anshel, 2005d).

    Os sintomas podem diminuir com a realizao de pausas na actividade visual.

    Se tal no acontece, e se a continuidade do esforo visual prossegue, o

    desconforto visual tende a evoluir para dor ocular e dores de cabea, com

    tenso muscular secundria ao esforo involuntrio. Quando estas pausas no

    ocorrem, o esforo visual inicial de sensao de peso nos olhos progride para a

    sonolncia, com queixas de desconforto, de dor, de irritao visual e de

    dificuldade de concentrao.

    As principais causas de astenopatia so a hipermetropia, o astigmatismo, a

    miopia, o excesso de luz, entre outras (Anshel, 2005d).

    2.4.2 Viso turva

    A acuidade visual a capacidade de distinguir dois pontos situados a uma

    determinada distncia, ou seja, a capacidade de visualizao de detalhes,

    que permite a formao de imagens ntidas.

    A viso turva acontece quando a formao da imagem em frente, ou atrs, da

    retina, impressiona uma imagem desfocada, originando sintomas de viso de

    aspecto bao, ou de falta de nitidez, e dificuldade de concentrao.

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    A acuidade visual, nitidez ou poder de resoluo, pode ainda ser definida

    quantitativa, ou qualitativamente (Gaspar, 2002).

    A acuidade visual afectada pelos seguintes factores:

    o A qualidade do olho, como instrumento ptico (idade, miopia,astigmatismo, presbiopia);

    o O tempo disponvel para a percepo, isto , para a interpretao dos

    estmulos visuais;

    o A presena, ou ausncia, de factores perturbadores (encandeamento,

    grande contraste de cor de fundo);

    o Posicionamento inadequado dos ecrs do computador, em relao sfontes de luz;

    o As condies de iluminao do campo visual.

    2.4.3 Irritabilidade visual

    A irritabilidade visual, ou olho seco, provocada pela falta de humidificao do

    globo ocular, que resulta do pestanejar das plpebras. O pestanejar permite a

    lubrificao do olho, fornecendo oxignio s estruturas externas.

    A concentrao exigida pelo trabalho em ecr de computador faz diminuir a

    frequncia do pestanejar, originando irritabilidade ocular nos utilizadores de

    computador.

    Segundo alguns investigadores (Megaw, 1984 e Zwahlen, 1984), este sintoma

    aumenta a fadiga ocular e mental. A ocorrncia deste sintoma pode estar

    relacionada com a posio dos olhos em relao ao monitor. Desta forma, aconselhvel que o horizonte visual passe por cima do bordo superior do

    monitor, ou seja, o ecr do computador deve ficar por baixo do horizonte visual.

    Isto permite que as plpebras cubram uma maior rea da crnea e diminua a

    exposio da crnea, evitando os brilhos e a fadiga visual.

    A distncia dos olhos ao ecr do computador deve ser de cerca de 30 cm

    (Anshel, 1998).

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    Para alm disso, devem ser feitas pausas regulares e no permanecer com os

    olhos fixos no ecr do computador durante um tempo indeterminado.

    2.4.4 Dores de cabea

    As dores de cabea so uma das queixas relacionadas com sintomas de

    astenopatia ou fadiga visual.

    Este sintoma relaciona-se com algumas condies visuais, como por exemplo

    o astigmatismo, com condies inadequadas do espao de trabalho,

    relacionadas com a existncia de brilhos e reflexos, iluminao insuficiente e

    espaos de trabalho inadequados, e tambm com algumas formas de stress,

    como estados de ansiedade e de depresso (Anshel, 2005d).

    2.4.5 Dores musculares

    As dores musculares, que incluem dores nas zonas cervical, dorsal e lombar da

    coluna vertebral, no fazem parte do mbito dos problemas visuais. No

    entanto, estes distrbios resultam de ms posturas adoptadas, resultantes do

    desenvolvimento de problemas visuais e de ms condies de iluminao

    (Anshel, 2005d).

    2.4.6 Stress

    O stress um sintoma comum, fazendo parte integrante do nosso dia de

    trabalho, tal como em muitos aspectos do nosso quotidiano.

    O stressest normalmente associado tenso muscular, e o stressvisual com

    trabalho com computador.

    O stressafecta facilmente a viso uma vez que o olho e o sistema visual esto

    ligados ao crebro.Em estudos efectuados por Pierce (1966), foi feita a medio do stressvisual

    atravs das ondas cerebrais, usando o electrocardiograma.

    2.4.7 Dificuldade de concentrao

    Analisando os sintomas acima descritos verificamos ser relevante referir a

    dificuldade de concentrao visual como um sintoma por ser um aspecto

    comum maioria dos distrbios visuais referidos.

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    2.5 SNDROME DE VISO DE COMPUTADOR

    Nos dias actuais, o computador tornou-se num equipamento indispensvel,

    quer na actividade laboral, quer no lazer. Pensar na actividade laboral de

    escritrio sem computador praticamente inconcebvel.

    De acordo com Anshel (2005d), dado que o trabalho em computador exige um

    grande esforo visual, problemas visuais e sintomas de desconforto visual

    tornam-se comuns.

    Muitos estudos indicam que os operadores de computadores reportam mais

    problemas relacionados com a viso, do que os trabalhadores quedesempenham actividades de escritrio sem computador. Alguns

    investigadores (Collins et al, 1991; Smith et al, 1981; Yamamoto, 1987) tm

    indicado que esses sintomas visuais ocorrem em 75 a 90% dos indivduos que

    trabalham com computadores.

    A Sndrome de Viso de Computador (SVC), ou Computer Vision Syndrome

    (CVS), surge devido ao esforo visual exigido no trabalho com computador, por

    tempo prolongado, e caracterizada pela ocorrncia de uma srie de

    sintomas em simultneo, relacionados com o desconforto ou cansao visual

    (Anshel, 2005d).

    Os sintomas de CVS incluem: fadiga visual, dores de cabea, viso turva,

    irritao e secura ocular, sensibilidade luz, dores ao nvel da coluna vertebral,

    viso dupla e distoro da cor (Anshel, 2005d).

    A causa destes sintomas est, segundo o autor acima referido, relacionada

    com a combinao de factores externos, como por exemplo, falta de

    iluminao, iluminao mal localizada, mau posicionamento do ecr do

    computador, e de factores internos, relacionados com problemas oculares pr-

    existentes.

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    2.6 ALUZ E O METABOLISMO HUMANO

    A luz, para alm de ter influncia directa na viso humana, tem tambm

    influncia nos ritmos biolgicos internos. A cronobiologia o ramo da cincia

    que estuda os ritmos e os fenmenos fsicos e bioqumicos peridicos, que

    ocorrem nos seres vivos. A variao alternada do claro-escuro a forma bsica

    de marcao do tempo e o seu acompanhamento feito por sensores fsico-

    qumicos e de sistemas humorais e neurais que informam todo o organismo

    sobre a iluminao ambiental presente (Nascimento, 2006).

    Segundo Wout (2004), a confirmao efectuada, em 1834, por German

    Gottfried Treviranus, da existncia de clulas fotoreceptoras sensveis luz, aonvel do crebro, veio permitir a compreenso de muitos efeitos visuais

    influenciados pela iluminao.

    A influncia da iluminao natural nas funes fisiolgicas dos seres vivos

    acontece de duas formas: a exposio aos raios UV da radiao solar, que

    influencia o funcionamento do sistema nervoso, a absoro de vitamina D e a

    defesa imunolgica, e a intensidade da exposio iluminao natural, queinfluencia o ciclo ou ritmo circadiano (Nascimento, 2006). O ritmo circadiano o

    ritmo biolgico de altas frequncias, com ciclos peridicos de 24 horas, que

    afecta numerosas funes do organismo (temperatura corporal, os batimentos

    cardacos, a presso sangunea, a fome) e a alternncia sono-viglia, que

    modelam a nossa resistncia s agresses do mundo exterior (rudo, produtos

    txicos, etc.) (Carvalhais, 2006).

    A glndula pineal localiza-se na base crebro e responsvel pela produo

    da hormona melatonina, a partir de informaes sobre os nveis de iluminao

    recebidos pelas clulas fotoreceptoras existentes na retina (Wout, 2004). A

    produo de melatonina diminui com a idade e tem influncia nos ritmos das

    estaes e sobre o ritmo circadiano, ao nvel do sono-viglia, sobre a regulao

    trmica do corpo e sobre o comportamento sexual (Ballone, 2002). Sob

    circunstncias naturais de um ciclo claro-escuro ocorre uma produo rtmica

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    circadiana de melatonina que tem o seu auge s 4 horas da madrugada,

    entrando em decrscimo e sendo interrompida pela exposio luminosidade.

    Os estudos efectuados por Wout e Bommel (2006) revelam o contributo que a

    descoberta das clulas fotoreceptoras, no olho, tiveram na compreenso dos

    benefcios de uma iluminao adequada no trabalho, tendo em conta os efeitos

    visuais e os efeitos biolgicos (sade, bem-estar, estado de alerta). Assim, de

    forma a manter a estabilidade destes efeitos, necessrio projectar sistemas

    de iluminao que mantenham a quantidade suficiente de iluminao nos locais

    de trabalho, no descuidando a sua qualidade. Esta perspectiva permite, em

    locais sem iluminao natural, adequar a iluminao artificial s tarefas, de

    forma a manter os trabalhadores num estado de alerta activo, e promover a

    sade, o bem estar e o desempenho.

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    3 TRABALHO EM AMBIENTE DE ESCRITRIO

    Segundo Grandjean (1984) o trabalho de escritrio dispe de uma grande

    variabilidade de tarefas: visualizao de documentos, leitura de textos,

    comunicao com os colegas, trabalho em computador e outras, ao longo dodia de trabalho. Esta variabilidade de tarefas diminui a ocorrncia de situaes

    de desconforto.

    A maioria do investimento em escritrios est associada necessidade do

    aumento da produtividade e, consequentemente ao aumento e a uma nova

    organizao espacial. No entanto, com esta mudana surgem novos problemas

    ambientais e o aumento do trabalho em computador, diminuindo a variabilidade

    das tarefas (Grandjean, 1984).

    De acordo com o FGL (2000), nas ltimas dcadas, a actividade de escritrio

    tem sido sujeito a alteraes radicais. Com o avano dos sistemas de

    informao e das tecnologias de comunicao, novas formas de trabalho

    emergem, nos dias de hoje, e o trabalho em computador e o trabalho

    distncia ganham particular destaque no mundo do trabalho.

    A par destas mudanas na actividade surgem novos conceitos de espaos deescritrio, mais flexveis e dinmicos. Espaos estes adaptados s

    necessidades de privacidade, de comunicao e de trabalho em equipa.

    Com este conceito surgem novos equipamentos de mobilirio, que facilitam os

    ajustes individuais, como por exemplo cadeiras, e que se adaptam nova

    perspectiva de trabalho.

    O novo conceito de iluminao acompanha esta mudana, tanto em termos de

    concepo e de equipamentos, como tambm em termos dos requisitos legaisda iluminao adequada. Por exemplo, o novo conceito privilegia o

    cumprimento dos requisitos mnimos de quantidade de iluminao e de

    uniformidade ao nvel do posto de trabalho, surgindo assim os conceitos de

    tarefa e de vizinhana visuais do posto de trabalho, em detrimento da

    manuteno da iluminncia mdia mnima em todo o espao geral de trabalho.

    Estes novos conceitos aparecem nas normas europeias DIN 5035 (1990), EN

    12464 (2002) e ISO 8995 (2002).

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    3.1 ORGANIZAO DO TRABALHO

    O trabalho de escritrio , tradicionalmente, organizado em regime fixo, em

    horrio de trabalho diurno. No entanto, face s necessidades e exigncias do

    trabalho, esta modalidade de organizao do trabalho , em algumas

    empresas, alargado para outro tipo de regime de trabalho. Surgem, assim, as

    modalidades de organizao de trabalho em regime flexvel e rotativo, com

    horrios diurno, nocturno e/ou misto.

    O tempo de trabalho habitual, varia entre as 6h30 e as 8 horas, podendo em

    alguns casos ser superior.

    3.2 ACTIVIDADE DE ESCRITRIO

    As tarefas habitualmente desempenhadas nos actuais espaos de escritrio

    so:

    o Leitura de documentos e escrita em papel;

    o Trabalho em computador (visualizao, leitura e introduo de dados);

    o Apoio ao cliente, via telefnica;

    o Atendimento ao pblico;o Reunies;

    o Formao;

    o Fotocpias, faxes e impresso de documentos.

    3.2.1 Actividade na Posio Sentada

    Segundo, Grandjean (1984), o trabalho contnuo, na posio sentada, obriga a

    movimentos restritos e a posturas rgidas, durante o dia de trabalho, facilitando

    o aparecimento de problemas de desconforto.

    A actividade laboral de escritrio do tipo sedentria, em que a pessoa

    permanece a maior parte do tempo de trabalho na posio sentada (figura 1.8).

    Assim, de forma a prevenir o desconforto postural, a postura sentada deve ser

    dinmica, de forma a permitir o alvio de tenses musculares e permitir a livre

    circulao sangunea ao nvel dos membros inferiores, (Sommerich, 2005).

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    A cadeira disponvel deve ter 3 caractersticas: dar apoio, sustentao e

    permitir o movimento.

    Desta forma, a cadeira deve ser ajustvel a qualquer indivduo. Deve permitir

    os ajustes adequados a uma posio sentada, no posto de trabalho.

    A cadeira disponibiliza os seguintes ajustes:

    o Na altura do assento,

    o Na altura do encosto,

    o Na profundidade do assento,

    o Na inclinao do encosto,

    o Na altura e largura dos braos.

    Dever ter tambm apoio de braos (Karin, s/ data).

    Figura 1.8 Posio sentada.(Fonte: Giroflex, s/ data)

    3.3 ESPAO DE TRABALHO

    De acordo com o citado no FGL (2000), os espaos de trabalho de escritrio

    so normalmente diversos e com alguma complexidade. A tipologia mais

    comum de espaos de trabalho encontrada nas empresas poder ser o

    gabinete, a sala comum e o open-space.

    Estes espaos so definidos por algumas caractersticas, que se apresentam

    no quadro 1.1.

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    Quadro 1.1 Caracterizao dos espaos de trabalho de escritrio (FGL, 2000).

    Caractersticas Espaos de trabalho

    GabineteCombi offices

    Sala comumCellular offices

    Open-Space

    rea (m2) 9 a 12 10 a 50 400 a 1200

    Comprimento (m) 4 a 5 4 a 5,5 20 a 30

    Largura (m) 2,3 a 3 2,5 a 4,5 20 a 40

    N de funcionrios 1 a 2 1 a 6 25 a 100

    Via de acesso ao postode trabalho

    Corredor Corredor No est definido

    Para alm dos espaos referidos, existem outros espaos comuns, como

    espaos de faxes, de impresso e de fotocpias, salas de reunio, salas de

    formao, espaos de refeio e lazer, salas de conferncia.

    3.4 POSTO DE TRABALHO

    Os postos de trabalho, nos espaos de trabalho, podem estar dispostos de

    forma individual ou combinada.

    A forma individual habitualmente encontrada nos 3 espaos caracterizados,

    em que cada posto de trabalho se encontra isolado numa determinada rea de

    trabalho. A forma combinada aparece normalmente em open-spaces, em que

    os postos de trabalho esto organizados em ilhas, com lotao habitual de 2 a

    4 postos de trabalho.

    O posto de trabalho mais comum est equipado com uma secretria (plano de

    trabalho), uma cadeira, um computador fixo de secretria e um telefone.

    Em redor do posto de trabalho podero estar outros postos de trabalho,

    superfcies laterais (paredes), superfcies de separao (biombos), janelas,

    mveis e mesas de apoio. No tecto, encontram-se habitualmente as luminrias

    e as grelhas de ventilao.

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    3.4.1 Posto de Trabalho com Computador

    O trabalho com computador uma actividade comum em ambientes de

    escritrio.

    Habitualmente nos postos de trabalho existe um computador fixo de secretria.No entanto, em alguns postos de trabalho opta-se pelo uso do porttil em

    alternativa ao anterior, podendo tambm existir o uso combinado de ambos, ou

    ainda de vrios computadores em simultneo.

    Os componentes deste posto de trabalho so: o ecr, o teclado e o rato.

    A concentrao visual permanente exigida pelo trabalho em ecr de

    computador faz desta tarefa uma actividade penosa, que pe em risco a sade

    ocular dos usurios, requerendo uma ateno na concepo e na manuteno

    de um ambiente de trabalho adequado.

    Segundo a OSHA (2007), os postos de trabalho com computador devem

    obedecer a alguns princpios tais como:

    o O monitor deve ser regulvel e apresentar uma imagem estvel;

    o A cadeira ser ajustvel estatura do usurio;

    o O computador deve estar colocado numa superfcie estvel, com espaosuficiente para a disposio do teclado, do rato e dos documentos, de

    modo a permitir uma posio confortvel dos punhos;

    o O monitor deve estar posicionado abaixo da linha do horizonte da viso;

    o A distncia entre o utilizador e o monitor deve ser de cerca de 30 cm;

    o O utilizador deve fazer pausas no trabalho prolongado com computador;

    o O monitor deve ter caractersticas anti-reflexo e estar posicionado de

    forma a evitar brilhos no ecr.

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    4 ILUMINAO EM AMBIENTES DE ESCRITRIO

    Seleccionar o tipo de iluminao certa consiste em encontrar o ponto de

    equilbrio entre a performance, o conforto e o ambiente luminoso. Isto significa

    tambm encontrar, ou reunir, os requisitos tcnicos, os nveis de iluminaoestabelecidos e regulamentados, a distribuio harmoniosa dos brilhos directos

    e a limitao dos reflexos, a direco da luz, modelando a cor da luz e as cores

    seleccionadas para a actividade de escritrio.

    4.1 TIPOS DE ILUMINAO

    A iluminao existente nos locais de trabalho pode ser natural e/ou artificial.

    4.1.1 Iluminao natural

    A iluminao natural proporcionada pela existncia de janelas, ou de

    superfcies envidraadas, instaladas nas superfcies laterais das salas ou no

    tecto.

    A entrada da luz solar atravs destas superfcies dever ser regulada, de modo

    a evitar encandeamentos directos ou indirectos (brilhos e reflexos) no ambientede trabalho, devendo por isso estar equipadas com persianas regulveis ou

    cortinas.

    De igual forma, para evitar a incidncia da luz solar, os ecrs de computador

    devem estar instalados perpendicularmente s janelas e nunca, em caso

    algum, o trabalhador deve receber a luz solar directamente nos olhos. Para

    evitar reflexos no ecr do computador, o posto de trabalho deve estar

    posicionado de forma a no ter janelas por trs.

    4.1.2 Iluminao artificial

    A iluminao artificial distribuda por luminrias, que so dispositivos que

    distribuem, filtram ou transformam a iluminao proveniente de uma ou vrias

    lmpadas e que incluem os elementos necessrios para as fixar e proteger e

    para lig-las a uma fonte de energia.

    As luminrias incluem elementos que reflectem ou difundem a luz.

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    4.1.2.1 Luminrias

    Segundo Neto (1980), as luminrias so dispositivos cuja finalidade suportar

    a lmpada e distribuir o fluxo luminoso. Tm tambm a funo de ocultar a

    fonte de luz da viso directa do observador, evitando o encandeamento.

    As luminrias so classificadas segundo o sistema de iluminao obtido na

    distribuio da luz. Dentro das principais caractersticas das luminrias, o

    design, o rendimento, o tipo de lmpadas e a esttica so de extrema

    importncia, sendo necessrio que a luminria proporcione nveis de

    iluminao e conforto visual adequados ao ambiente de trabalho. tambm

    importante que a luminria seja eficiente e que possua elevado rendimento

    energtico, que obtido pela matria-prima utilizada no seu fabrico (por

    exemplo, reflectores de alto brilho) e equipamentos auxiliares (reactores e

    lmpadas).

    As luminrias mais frequentemente usadas em ambientes de escritrio podem

    ser embutidas, fixas ou suspensas (Figura 1.9).

    a) b) c)

    Figura 1.9 Tipo de luminrias: a) Luminria com aletas parablicas em alumnio de alto

    brilho, (Fonte: FGL, 2000); b)Luminria com aletas planas em chapa de ao, (Fonte: Art-

    luz, 2009); c) Luminria com difusor prismtico, (Fonte: FGL, 2000).

    As luminrias parablicas com alto brilho so as que tm um maior rendimento

    energtico para o trabalho de escritrio (Philips, 2005).

    4.1.2.2 Lmpadas

    Segundo Grandjean (1984), a escolha das lmpadas para os locais de trabalho

    deve ter em conta a sua funo e a natureza do trabalho.

    As lmpadas mais usadas nos ambientes de escritrio podem ser do tipo:

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    o Fluorescente tubular;

    o Fluorescente compacto;

    o Halogneo.

    Segundo a OSRAM (2003), a diferenciao das lmpadas feita, no apenas

    pelos diferentes fluxos luminosos que irradiam, mas tambm pelas diferentes

    potncias que consomem. Para poder compar-las necessrio saber quantos

    lmen so gerados por Watt consumido. A esta grandeza d-se o nome de

    eficincia energtica (figura 1.10).

    Figura 1.10 Eficincia energtica dos vrios tipos de lmpada (Fonte: OSRAM, 2003).

    4.2 SISTEMAS DE ILUMINAO

    Segundo FGL (2000), os sistemas de iluminao nos locais de trabalho tm

    como objectivo a iluminao das tarefas a desempenhar. Para alm disso,

    necessrio que estes sejam funcionais e que tenham uma aparncia estticaagradvel, que ajude a proporcionar bem-estar.

    Hoje em dia so concebidos sistemas de iluminao com caractersticas

    prprias, que promovem iluminao adequada s tarefas de escritrio.

    Enquadrados na concepo destes sistemas, existem no mercado produtos

    especficos que possibilitam a adequada iluminao nestes espaos, como por

    exemplo, sistemas de controlo da iluminao, materiais e lmpadas com

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    caractersticas de elevada eficincia e rendimento luminoso, materiais

    supressores de reflexos e brilhos, entre outros (Philips, 2005).

    Segundo FGL (2000), o sistema de iluminao do posto de trabalho, num

    espao de escritrio deve ter em conta 3 critrios (figura 1.11):- Iluminar o espao imediato de trabalho;

    - Iluminar a rea da tarefa;

    - Iluminar o plano ou superfcie de trabalho.

    Figura 1.11 Iluminao do posto de trabalho(Fonte: FGL, 2000).

    Os 3 critrios acima descritos podero estar presentes nos 4 tipos de sistemas

    de iluminao, definidos por (Figura 1.12):

    - Iluminao directa (figura 1.12 - a))

    - Iluminao directa/indirecta (figura 1.12 - b));

    - Iluminao directa/indirecta localizada (figura 1.12 - c));

    - Iluminao combinada (figura 1.12 - d)).

    3 conceitos de iluminao: Espao envolvente

    rea da tarefa

    Superfcie de trabalho

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    a) Iluminao

    directa.

    b) Iluminao

    dir/indirecta.) Iluminao

    ir/indirecta.d) Iluminao

    combinada.

    Figura 1.12 Sistemas de iluminao (Fonte: FGL, 2000).

    Estes critrios e os sistemas de iluminao podem estar relacionados,conforme o apresentado no quadro 1.2.

    Quadro 1.2 Relao entre os critrios e os sistemas de iluminao (Fonte: FGL, 2000).

    Critrios de

    iluminao

    Sistemas de iluminao

    Directa Directa/

    Indirecta

    Directa/

    Indirecta

    Combinada

    Espao de

    trabalho

    rea da tarefa

    Superfcie de

    trabalho

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    4.3 ILUMINAO ADEQUADA AO TRABALHO DE ESCRITRIO

    A iluminao adequada e as caractersticas luminosas do meio envolvente do

    posto de trabalho de escritrio so condies fundamentais para o bom

    desempenho das tarefas visuais, isentas de fadiga visual. As condies de

    iluminao devem contribuir para a sensao de bem-estar e estimular a

    motivao no trabalho (FGL, 2000).

    Uma boa iluminao , no s aquela que fornece a quantidade de luz

    suficiente para a execuo das tarefas, mas, tambm, a que proporciona

    condies de visibilidade que favoream o conforto visual (Boyce e Fiesna,

    2003).

    De acordo com a norma ISO 8995 (2002), a boa iluminao dos locais de

    trabalho essencial para que as tarefas sejam desempenhadas com facilidade

    (sem esforo visual), de uma forma confortvel e em segurana. A iluminao

    deve assegurar aspectos quantitativos e qualitativos exigidos pelo ambiente de

    trabalho, de forma a garantir:

    - conforto visual o trabalhador deve manter a sensao de bem estar

    (sem esforo);

    - desempenho visual o trabalhador dever manter a capacidade de

    execuo da tarefa, com preciso e rapidez, mesmo durante perodos

    longos;

    - segurana visual o trabalhador no deve perder a noo da

    vizinhana e deve manter-se alerta para os perigos.

    O sistema de iluminao adoptado deve ter em considerao critrios de

    quantidade e de qualidade, tais como, iluminncia, uniformidade,

    encandeamento, direco da luz e modelagem, aparncia de cor da luz.

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    4.3.1 Iluminncia

    O valor recomendado para o nvel de iluminao de um dado local funo da

    exigncia visual da tarefa, de factores psicolgicos e fsicos dos indivduos (idade,

    sade visual) e factores econmicos, garantindo os gastos mnimos necessriosna iluminao dos espaos de trabalho.

    A iluminao mnima a fornecer a um plano de trabalho depende das

    caractersticas da tarefa visual (Vilar, 1996):

    contraste necessrio (diferenciando os objectos das superfcies

    vizinhas);

    tamanho do objecto e nvel do detalhe;

    velocidade de percepo do detalhe;

    qualidade da percepo;

    tempo de execuo da tarefa.

    Segundo a FGL (2000), o nvel de iluminao, ou iluminncia, crucial para o

    desempenho das tarefas visuais isentas de erros e de fadiga visual.

    Os nveis adequados de iluminao melhoram a performance visual dos

    trabalhadores que executam as tarefas. Segundo a FGL (2000), existem estudos

    efectuados por cientistas, como por exemplo Wout e Bommel (2006), que

    demonstraram que 50% dos respondentes a um questionrio, consideram 500 lux

    um nvel de iluminncia adequado leitura, enquanto que os restantes 50%

    responderam que este nvel era baixo, preferindo nveis de iluminao mais

    elevados (Figura 1.13).

    Os nveis de iluminao recomendados, de acordo com o grau de exigncia

    visual da tarefa, esto referenciados em tabelas, constantes de documentos

    normativos (Quadro 1.3), como por exemplo normas europeias EN 12464

    (2002), DIN 5035 (1990) e ISO 8995 (2002).

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    Figura 1.13 Estudo sobre iluminncia em ambiente de escritrio. (Fonte: FGL, 2000).

    Quadro 1.3 Intervalos de iluminncia recomendada para classes de tarefas (Norma DIN

    5035 2: 1990).

    Tarefas Iluminncia

    Mnimo p/a locais de trabalho, s/ actividade 100 150 lx

    Classe I: Tarefas visuais simples, s/ gde. esforo 250 500 lx

    Classe II: Observao contnua de detalhesmdios

    500 1000 lx

    Classe III: Tarefas visuais contnuas e precisas 1000 2000 lx

    Classe IV: Tarefas mto. precisas e c/ gde. esforo > 2000 lx

    A norma DIN 5035 2 (1990) descreve os nveis de iluminao

    detalhadamente, mencionando exemplos de actividades.

    Por sua vez, a norma ISO 8995 (2002) apresenta requisitos de iluminao

    interior de locais de trabalho, para diferentes tarefas. Os valores so

    estipulados em funo das exigncias visuais da tarefa, das necessidades

    Estudo sobre os nveis de iluminncia que melhor se adequam leitura nos espaos de escritrio:

    1 Metade dos respondentes satisfeitos com nveis de iluminncia de 500 lx ou mais;

    2 A maioria dos respondentes prefere valores entre 1000 e 3000 lx.

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    fisiolgicas e da necessidade de uma utilizao ptima de energia, ao menor

    custo. Um desempenho visual satisfatrio e o bem-estar dos utilizadores so

    objectivos a prosseguir (Miguel, 2006).

    De modo exemplificativo, e de acordo com as normas ISO 8995 (2002) e EN12464 (2002), apresentam-se os nveis mnimos recomendados de iluminncia

    mdia para as tarefas visuais desempenhadas em salas de escritrio (Quadros

    1.4 e 1.5).

    Quadro 1.4 Valores de iluminncia mdia recomendados para tarefas visuais de

    escritrio (ISO 8995:2002).

    Tarefas de Escritrio Iluminncia mdia da tarefa

    - Arquivo, fotocpias, circulao, etc. 300 lux

    - Escrita, leitura e processamento de

    dados

    500 lux

    - Desenho tcnico 750 lux

    - Unidade de CAD 500 lux

    - Salas de conferncias e de reunio 500 lux

    - Recepo 300 lux

    Quadro 1.5 Valores de iluminncia e uniformidade recomendados para a rea da tarefa

    e da vizinhana em geral, onde se incluem as tarefas de escritrio (ISO 8995:2002 e EN

    12464:2001).

    rea da tar