dissertação - a influência da expressão dramática na qualida
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Instituto Politcnico de Bragana Mestrado em Animao Artstica
i
A INFLUNCIA DA EXPRESSO DRAMTICA NA QUALIDADE
DE VIDA DE CRIANAS
Um estudo realizado na Urbanizao Quinta de Laes em Oliveira de
Azemis
Tnia Andreia de Oliveira Libras
Trabalho de Projeto da Defesa Pblica apresentado Escola Superior de Educao de
Bragana para a obteno do Grau de Mestre em Animao Artstica
Orientado por
Professor Doutor Joo Lopes Marques Gomes
Bragana
16 Julho de 2012
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A INFLUNCIA DA EXPRESSO DRAMTICA NA QUALIDADE DE
VIDA DE CRIANAS
Um estudo realizado na Urbanizao Quinta de Laes em Oliveira de
Azemis
Tnia Andreia de Oliveira Libras
Trabalho de Projeto da Defesa Pblica apresentado Escola Superior de Educao de
Bragana para a obteno do Grau de Mestre em Animao Artstica
Orientado por
Professor Doutor Joo Lopes Marques Gomes
Bragana
16 de julho de 2012
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s minhas queridas
Crianas do Projeto Solis
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AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Joo Gomes, orientador desta dissertao, profundo
reconhecimento pelo tempo dispensado, interesse, otimismo e confiana depositada.
Os meus sinceros agradecimentos Cmara Municipal de Oliveira Azemis,
nomeadamente Sr. Vereadora da Cultura Dr Gracinda Leal, aos tcnicos do Projeto
Solis, Dr Dora Brando, Dr Mnica Botelho e Dr Susana Almeida pelo apoio e
disponibilidade prestada.
Um reconhecimento particular ao contributo de todas as crianas inseridas no
projeto, pela sua colaborao no desenvolvimento desta investigao.
Um agradecimento especial minha famlia, pais, irmo, cunhada, afilhado e
namorado pelo apoio e encorajamento nos momentos mais difceis deste trabalho.
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RESUMO
A pobreza e a excluso social, so fenmenos que continuam a fazer parte do
nosso quotidiano. Particularmente influenciados pela conjuntura scio-econmica
colocam em evidncia um conjunto de carncias, geralmente associados a um baixo
ndice de escolaridade, ao desemprego ou emprego precrio, s limitaes que o
contexto familiar evidencia, frequentemente afastado de uma participao social ativa, o
que se reflete na falta de qualidade de vida das crianas oriundas de meios degradados.
Foi no sentido de inverter essa tendncia, que foi desenvolvido um trabalho de
investigao-ao, como contributo significativo para o conhecimento e prtica das
artes, uma vez que a Animao Artstica um elemento essencial na construo do eu
e da troca com o outro, pois para alm de facultar a descoberta da prpria identidade ela
permite um enriquecimento da relao com o mundo.
O projeto artstico, realizado com um grupo de 16 crianas da urbanizao
Quint de Laes em Oliveira de Azemis, baseado em particular na prtica de
expresso dramtica, propiciou de forma nica uma experincia de vida, valorizando o
desenvolvimento bio-psico-scio-motor dos seus participantes, o que se traduziu na
evoluo significativa duma integrao e participao baseada na construo e aquisio
de valores, e no sentimento de pertena a uma comunidade.
A metodologia utilizada teve no uso do dirio de bordo e no inqurito por
questionrio uma acentuao particular, tendo o estudo realizado permitido
compreender que a prtica de expresso dramtica pode contribuir para a melhoria da
qualidade de vida pessoal e social das crianas envolvidas nesse processo.
Palavras-chave: educao; animao artstica; expresso dramtica;
pobreza; excluso social.
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ABSTRACT
Poverty and social exclusion, are phenomena that are still part of our daily lives.
Particularly influenced by socio-economic situation put in evidence a number of needs,
usually associated with a low level of education, unemployment or precarious
employment, the limitations that the family context shows, often away from an active
social participation, which reflects the lack of quality of life of children from degraded
means.
In order to reverse this trend, which was developed a research-action, such as
significant contribution to knowledge and practice of the arts, since Animation Artist is
an essential element in the building of the "I" and the exchange with others, because in
addition to providing a discovery of her own identity allows an enrichment of the
relationship with the world.
The art project, conducted with a group of 16 children Quinta urbanization of
populations in Oliveira de Azemis, based in particular on the practice of dramatic
expression, resulted in a unique way to experience life, emphasizing the development
"bio-psycho-socio-motor "of its participants, which resulted in a significant evolution
integration and participation based on the construction and acquisition of values and
sense of belonging to a community.
The methodology used was the logbook and questionnaire survey in a particular
accent, having allowed the study to understand that the practice of dramatic expression
can contribute to improving the quality of personal and social life of children involved
in this process.
Keywords: education, animation art, drama, poverty, social exclusion.
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NDICE GERAL
RESUMO ...
V
ABSTRACT .. VI
Lista de tabelas ... X
Lista de grficos . XII
Lista de figuras .. XIV
Lista de anexos ... XIV
Lista de abreviaturas, siglas e smbolos usados .. XVI
INTRODUO . XVII
CAPITULO I EDUCAO, ARTE E INTEGRAO SOCIAL
1. Educao para a integrao .... 20
1.2 Educao e animao comunitria . 23
1.3 Educao e animao artstica 25
1.4 Expresso dramtica como linguagem artstica . 27
1.5 Pobreza, marginalizao e excluso social . 30
CAPITULO II CARATERIZAO DO CONTEXTO DE ESTUDO
2.- Caraterizao da rea de interveno ..... 33
2.1. Caraterizao geogrfica e scio-cultural 33
2.2. Rede social e projeto de interveno.,.. 34
2.3. Projeto Solis...... 36
2.3.1 Plano de desenvolvimento... 37
2.3.2. Durao, parcerias e equipa tcnica do projeto 38
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2.3.3. Aes do projeto..... 39
2.3.4.Apoio ao realojamento na Urbanizao Quinta de Laes .... 41
2.3.5.Meio envolvente . 42
2.3.6. Diagnstico social . 42
III CAPITULO III METODOLOGIA
3. Caraterizao do estudo e apresentao do problema
45
3.1.Objetivos do estudo ... 46
3.2.Metodologia 47
3.2.1. Observao participativa .
48
3.2.2. Tcnicas e instrumentos de recolha de dados . 48
3.2.3. Inqurito por questionrio ... 49
3.2.4. Papel do investigador .. 49
CAPITULO IV PROJETO DE INTERVENO
4. Projeto de interveno ... 52
4.1.Calendarizao .. 52
4.2.Recolha de dados.... 53
4.3.Caraterizao do pblico alvo ... 55
4.4.Atividades desenvolvidas .. 62
CAPITULO V APRESENTAO E INTERPRETAO DE DADOS
5. Dados preliminares .... 86
5.1 Fases do processo de investigao. 91
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5.2. Apresentao de dados e interpretao dos dados do questionrio .. 92
5.3. Consideraes finais..
101
CONCLUSO . 102
BIBLIOGRAFIA..... 104
ANEXOS .... 115
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INDICE DE TABELAS
Tabela 1
Variao da populao do concelho de Oliveira de Azemis ... 33
Tabela 2 Distribuio do funcionamento das atividades .
52
Tabela 3 Distribuio das seces leccionadas durante o ano 2009/10 ..
53
Tabela 4 Plano de recolha de dados .
53
Tabela 5 Distribuio da frequncia da varivel idade
55
Tabela 6 Distribuio da frequncia da varivel sexo .
56
Tabela 7 Distribuio da frequncia da varivel reside no bairro ...
56
Tabela 8 Distribuio da frequncia da varivel do agregado familiar ...
57
Tabela 9 Distribuio da frequncia da varivel escolaridade .
58
Tabela 10 Distribuio da frequncia da varivel aproveitamento escolar .......
59
Tabela 11 Distribuio da frequncia da varivel ano de entrada no Solis
60
Tabela 12 Distribuio da frequncia da varivel tempos livres ...
61
Tabela 13 Distribuio da frequncia da varivel realizao de atividades
dramticas.
86
Tabela 14 Distribuio da frequncia da varivel realizao de atividades
dramticas .
87
Tabela 15 Distribuio da frequncia da varivel atividade que gostaria de
realizar ...
88
Tabela 16 Distribuio da frequncia da varivel desenvolvimento a nvel
pessoal ......................
90
Tabela 17 Distribuio da frequncia da varivel qualidade de vida da criana ...
92
Tabela 18 Distribuio da frequncia da varivel satisfao pelas atividades
dramticas .
93
Tabela 19 Distribuio da frequncia da varivel satisfao com o
desenvolvimento dos sentimentos dentro do grupo ..
94
Tabela 20 Distribuio da frequncia da varivel satisfao com o apoio dos
amigos
95
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xi
Tabela 21 Distribuio da frequncia da varivel satisfao da manifestao da
comunidade acerca do seu trabalho
96
Tabela 22 Distribuio da frequncia da varivel satisfao pela demonstrao
do seu trabalho a comunidade .
97
Tabela 23 Distribuio da frequncia da varivel grau de influncia da
expresso dramtica no seu bem estar ..
98
Tabela 24 Distribuio da frequncia da varivel grau de influncia do ateli na
sua vida social ...
99
Tabela 25 Distribuio da frequncia da varivel grau de influncia das
atividades no desenvolvimento do sentimento de companheirismo . 100
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INDICE DE GRFICOS
Grfico 1
Distribuio das crianas de acordo com a idade .
55
Grfico 2 Distribuio das crianas de acordo com o sexo ..
56
Grfico 3 Distribuio das crianas de acordo com a sua residncia ..
57
Grfico 4 Distribuio das crianas de acordo com o agregado familiar .
58
Grfico 5 Distribuio das crianas de acordo com a escolaridade ..
59
Grfico 6 Distribuio das crianas de acordo com o aproveitamento escolar .
60
Grfico 7 Distribuio das crianas de acordo com o ano de entrada no Solis
61
Grfico 8 Distribuio das crianas de acordo com atividades de tempos livres .
62
Grfico 9 Distribuio das crianas de acordo com noo de expresso
dramtica ...
87
Grfico 10 Distribuio das crianas de acordo com realizao de atividades
dramticas .
88
Grfico 11 Distribuio das crianas de acordo com tipo de atividades que
gostarias de realizar
89
Grfico 12 Distribuio das crianas de acordo com desenvolvimento a nvel
pessoal ..
90
Grfico 13 Distribuio das crianas de acordo com a sua qualidade de vida ...
92
Grfico 14 Distribuio das crianas de acordo com satisfao com as atividades
dramticas .
93
Grfico 15 Distribuio das crianas de acordo com satisfao de
desenvolvimento de sentimentos no grupo ..
94
Grfico 16 Distribuio das crianas de acordo com a satisfao com o apoio dos
amigos .
95
Grfico 17 Distribuio das crianas de acordo com a satisfao de manifestao
da comunidade acerca do seu trabalho
96
Grfico 18 Distribuio das crianas de acordo com satisfao apresentao do
seu trabalho comunidade
97
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Grfico 19 Distribuio das crianas de acordo com o grau de influncia da
expresso dramtica para o seu bem estar .
98
Grfico 20 Distribuio das crianas de acordo com o grau de influncia do ateli
na sua vida social ..
99
Grfico 21 Distribuio das crianas de acordo com o grau de influncia das
atividades para o desenvolvimento de sentimento de companheirismo
100
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LISTA DAS FIGURAS
Figura 1
Fases do projeto de investigao 54
LISTA DOS ANEXOS
Anexo 1
Sobre Oliveira de Azemis ..
115
Anexo 2 Associao Dianova Portugal ...
116
Anexo 3 Programa Progride ....
120
Anexo 4 Projeto Desenvolvimento sciocomunitrio Solis
121
Anexo 5 Pedido de autorizao a Cmara Municipal ....
122
Anexo 6 Autorizao dos encarregados de educao ....
123
Apndices
Apndice 1 Ficha do aluno ...
124
Apndice 2 Questionrio preliminar
125
Apndice 3 Planificao semanal
127
Apndice 4 Apontamentos da conversa com a responsvel pelo projeto Solis Dr. Dora Brando acerca do aparecimento e desenvolvimento do
mesmo ..
128
Apndice 5 Apontamentos da conversa com assistente social do projeto Solis Dr. Mnica Botelho acerca das atividades, comportamentos, etc ...
130
Apndice 6 Planificao da atividade de Natal ...
132
Apndice 7 Atividade de Natal Rodolfo a rena do nariz vermelho .
134
Apndice 8 Avaliao das crianas na atividade de Natal Rodolfo a rena do nariz vermelho .
135
Apndice 9 Planificao da atividade da Festa do vizinho...
136
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Apndice 10 Atividade da Festa do vizinho Ns, os vizinhos ...
138
Apndice 11 Avaliao das crianas na atividade da festa do vizinho Ns, os vizinhos ...
141
Apndice 12 Tabela de recolha de informao da sesso ..
142
Apndice 13 Tabela de codificao e identificao das crianas ..
143
Apndice 14 Questionrio aplicado no fim do ateli .
144
Apndice 15 Registos fotogrficos da Urb. Quinta de Laes. .
147
Apndice 16 Registos fotogrficos das atividades desenvolvidas no ateli...
148
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ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS USADOS
AA Animao Artstica
Art. Artigo
ATL Atividade de Tempos Livres
CAT Centro de Alojamento Temporrio
C.A.O. Centro de Atividade Ocupacionais
CERCIAZ Centro de Recuperao de Crianas Deficientes e Inadaptadas de Oliveira
de Azemis
CLAS Concelho Local de Ao Social
CMOAZ Cmara Municipal de Oliveira de Azemis
DAS Diviso de Ao Social
ED Expresso Dramtica
EFA Educao e Formao de Adultos
GNR Guarda Nacional Republicana
IP Instituto Portugus
IPSSS Instituto Particular de Solidariedade Social
ISS Instituto de Segurana Social
N Nmero
OAZ Oliveira de Azemis
Ob. Objetivos
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INTRODUO
O presente trabalho de projeto, desenvolvido no mbito do Mestrado em
Animao Artstica da Escola Superior de Educao, Instituto Politcnico de Bragana,
pretende abordar e explorar as temticas subjacentes influncia da expresso
dramtica na qualidade de vida das crianas vtimas de excluso social, sendo este
ltimo, um fenmeno que tem sido alvo da preocupao da comunidade em geral.
A existncia quotidiana exige laos de integrao nos diversos universos que
compem a vida social, sendo a excluso, no apenas individual, mas um fenmeno
social, o que nos leva a pensar que a insero deve atuar a dois nveis, intervindo para
incluir o individuo e disponibilizar a sociedade para o acolher.
A nossa interveno, teve lugar no concelho de Oliveira de Azemis, integrada
no Projeto Solis, promovido pela autarquia, como ao de Apoio ao Realojamento na
Urbanizao Quint de Laes, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida de
uma populao carenciada alterando a influncia negativa que essa realidade tem no
desenvolvimento da populao infantil e juvenil.
Pretende-se, com este estudo, salientar o contributo que a atividade artstica pode
ter na sociabilizao, crescimento pessoal e social das crianas, constituindo a
identificao de um processo, de uma experincia singular, que pode servir de
referncia para outras modalidades de interveno.
O quadro terico em que se baseia o nosso trabalho sustenta tambm que as artes
e em particular a expresso dramtica contribuem para enriquecer e desenvolver vrias
competncias, servindo como um veculo para a sociabilizao, coordenao e
comportamento, contribuindo significativamente para a valorizao dos mtodos
educativos.
Nesse sentido, procurmos conceber e implantar um projeto de Animao
Artstica, atravs da criao de um ateli de Expresso Dramtica dirigido a 16 crianas,
com idades compreendidas entre os 7 e os 16 anos, que enriquecesse o seu
desenvolvimento intelectual, pessoal, afetivo e sobretudo social, incrementando os
sentimentos de autoestima e bem-estar que permitem reagir excluso social.
Tendo por base a metodologia de investigao-ao, procurmos criar mtodos e
estratgias que respondessem s questes iniciais e que so as seguintes:
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- Qual o contributo da expresso dramtica para a melhoria da qualidade de vida
das crianas de meios carenciados?
- At que ponto as atividades dramticas promovem a participao e a
sociabilizao?
Este trabalho encontra-se dividido em 5 captulos que passamos a identificar:
reviso bibliogrfica; metodologia; apresentao e interpretao dos dados;
consideraes finais e concluso.
A primeira parte, composta pelo Captulo I, diz respeito reviso bibliogrfica,
tratando a educao pela arte numa perspetiva artstica e comunitria, como rea de
interveno em meios carenciados.
No Captulo II, feita a caraterizao do contexto do estudo, apresentando o
problema a ser investigado, os procedimentos metodolgicos e os objetivos atingir.
O Captulo III, refere-se apresentao e interpretao de dados com a
apresentao dos resultados tendo por base os inquritos por questionrio e a definio
das atividades no dirio de bordo.
Por fim, no captulo IV e V so referidas as consideraes finais bem como a
concluso.
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CAPTULO I EDUCAO, ARTE E INTEGRAO SOCIAL
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1. Educao para a integrao
A palavra educao, tem resistido a uma definio nica e universalmente aceite,
existindo atualmente diferentes tendncias concebidas luz de conceitos terico-
cientficos que se orientam segundo a perspetiva filosfica quando a instruo e a
cultura, a disciplina que faz o homem (Kant 1781) ou como paideia universal
englobando todos os conhecimentos, sendo uma formao de cultura geral como
atividade intelectual permanente (Aristteles).
J a perspetiva sociolgica defende que a educao um meio que sociedade
dispe para formar os seus membros sua imagem (Durkheim 1925), enquanto na
perspetiva transmissivista, a educao a ao de transmisso do saber cultural de uma
gerao para outra (Roger Gal 1960).
A educao tambm uma renovao contnua que a criana faz luz das
experincias por que passa (Dewey 1910), numa perspetiva desenvolvimentista, ou
ento trata-se de uma conduo para um estado adulto do mundo do amanh, no
tradicional (Paul Osterrieth, 1970), numa perspetiva progressivista.
As perspetivas psicolgicas tentaram entender a educao como sendo a
satisfao das necessidades biolgicas, afetivas, cognitivas, sociais e motoras, de acordo
com um desenvolvimento equilibrado da pessoa (Wallon 1941) verificando-se nas
teorias personalistas uma perspetiva da educao como sendo uma relao dinmica
recproca, em que se verifica uma interao da personalidade do individuo com o meio
scio cultural em que vive (Mounier 1962 e Faure 1968).
Por outro lado, numa perspetiva sistemtica, a educao considerada como a
influncia exercida sobre o indivduo pelas diferentes interaes desenvolvidas entre
diferentes redes humanas e materiais (Berthalantty 1973) no esquecendo a perspetiva
educacional de Plato, concebida como algo que conduz ao desenvolvimento moral e
elevao espiritual.
O termo educao tem a sua raiz no latim educo (educavi, educatam), tendo
dado origem s palavras educat e educere. Educat est ligado ideia de tratar, cuidar,
dispensar, alimentao (herbar quas hummus educat as ervas que a terra alimenta),
tendo assim gerado a palavra educatio, j com o significado de instruo e de ensino
enquanto no termo educere, ligado ideia de criar, de dar luz, de fazer sair, de
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conduzir ao desenvolvimento e evoluo (parvus educere natus o desenvolvimento
dos filhos), se gerou a palavra education.
As linhas de pensamento pedaggico que adotaram este segundo conceito,
conceberam a educao como desenvolvimento ou como modo de evoluo da pessoa.
Todos os sentidos de educao, apesar de diferentes orientaes, tm algo em
comum, um certo significado que os une e que justifica que a todos eles se lhes aplique
uma mesma palavra. Na lngua portuguesa o termo educao significa ensino, formao
e instruo.
Na sua essncia educao significa ensinar e aprender, como fenmeno que nas
sociedades e nos grupos contribui para a sua manuteno e perpetuao, transpondo
para as geraes que se seguem os modos culturais do ser, do estar e do agir,
necessrios convivncia em sociedade, como um processo social, em
desenvolvimento, constituindo no s uma preparao para a vida, mas a prpria vida
(Dewey 1933).
O pensamento pedaggico moderno (Sc. XVI e XVII), muito influenciado pela
revoluo francesa, procurou fazer um apelo s liberdades individuais, inaugurando com
Rousseau uma nova fase na educao que punha em causa a transmisso de saberes
vigentes, tornando-se a mesma, com o aparecimento da escola pblica, obrigatria e
gratuita para todos.
As transformaes polticas, sociais, econmicas e tecnolgicas ocorridas no
sculo XX, fizeram emergir a problemtica da educao e da sua adequao aos novos
tempos, adaptando-se atravs de uma atualizao constante s novas realidades. As
correntes pedaggicas que emergiram do Movimento da Escola Nova, no incio do
sculo passado, com Decroly e Montessori, tiveram a uma influncia significativa no
papel determinante que a escola desempenhou a partir dessa altura no desenvolvimento
da sociedade moderna.
Entendida enquanto processo de socializao a educao, exercida nos
diferentes espaos de convivncia social, seja ela para adequao de um indivduo
sociedade, do indivduo ao grupo ou dos grupos sociedade, coincidindo com o
conceito de socializao (Durkheim 1973) ao considerar que a educao tem a funo
de preparar o homem para viver em sociedade.
A socializao no ser humano, precisa de ser apreendida cabendo esse papel
primordial educao. Tendo a sociedade sofrido transformaes ao longo dos tempos,
tambm a educao mudou procurando responder diretamente s necessidades da
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22
primeira, atravs de uma conceo do homem que, sendo egosta, necessita de ser
preparado para a sua vida na sociedade (Durkheim 1973).
Tambm para Parsons (1964) a educao deve ser entendida como socializao,
como um mecanismo bsico da constituio dos sistemas sociais, de manuteno e de
preparao dos mesmos, em formas de sociedades. Para o mesmo autor com a ausncia
de socializao o sistema social torna-se ineficaz, deixando de estar integrado e de
preservar a sua ordem, o seu equilbrio e os seus limites.
Durkheim (1958) considera que o indivduo socializado o produto das
influncias mltiplas da sociedade e o objetivo da socializao a administrao do
consenso que torna possvel a vida social, acrescentando que, () a educao a ao
exercida pelas geraes adultas para as que no esto ainda amadurecidas para a vida
social (1958: 17).
Nesse sentido, segundo o mesmo autor, a educao consiste na socializao
metdica das novas geraes sendo a sua funo eternizar e reforar a integrao social
pela formao do ser social gerado como () sistema de ideias, de sentimentos e de
hbitos que exprimem em ns, no a nossa personalidade, mas o grupo ou os diferentes
grupos que participamos (Durkheim 1958: 18).
A socializao, segundo Dubar (2005), entendida como processo, atravs do
qual o ser humano desenvolve as suas formas de estar no mundo relacionando-se com o
meio e as pessoas que o rodeiam, tornando-se um ser social. Todavia, a socializao no
tem um carater rgido de estrutura que no transforma, sendo entendida pelo contrrio,
como um processo dinmico, permitindo a construo, desconstruo e reconstruo de
identidades.
Podemos ento considerar, a socializao como um processo fundamental, pelo
qual o sujeito se integra no grupo onde nasceu obtendo os seus valores e costumes, no
apenas como integrao do sujeito na sociedade mas tambm como continuidade dos
sistemas sociais, modelando o seu comportamento em funo das normas da cultura em
que se insere.
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1.2. Educao e animao comunitria
A animao comunitria pode ser considerada uma interveno que tem como
finalidade principal a participao dinmica de uma comunidade, como um conjunto de
cidados que partilham os mesmos interesses, as mesmas heranas e os mesmos
recursos formando um todo coletivo, atividade essa realizada de forma consciente e
crtica, tendo em vista o progresso social e econmico.
Gusfield (1975) props uma distino entre duas formas de usar o termo
comunidade. A primeira prende-se com a noo territorial ou geogrfica em que o
sentimento de comunidade se manifesta atravs dum sentimento de pertena a uma rea
particular ou como estrutura social dentro dessa rea, que pode ser entendida como pas,
regio, cidade, bairro, como prdio e sua vizinhana.
A segunda, tem um carater relacional, que diz respeito rede social e
qualidade das relaes humanas dentro da localizao de referncia. Nesse sentido se
pronunciou tambm Nunes (2000) ao considerar que, para ser apreciada como
comunidade, as pessoas devem tratar-se mutuamente como um fim em si mesmo e no
como meros instrumentos, como membros unidos por laos, afetos e compromisso
mutuo e no como empregados, comerciantes ou consumidores.
Podemos considerar que a animao comunitria est intimamente relacionada
com uma forma de interveno, que tem por objetivo promover o desenvolvimento de
uma comunidade, incentivando os seus membros a gerir os recursos disponveis de
forma participada e dinmica, atravs do exerccio de uma cidadania ativa para a
melhoraria das condies culturais, sociais, econmicas e educacionais dessa mesma
comunidade.
A interveno pode realizar-se com o recurso a um leque amplo de projetos de
animao e desenvolvimento, o que pode englobar vertentes to diversas como a
econmica e laboral, com o lanamento de cooperativas, associaes ou a criao de
meios alternativos de emprego. A vertente educativa e de dinamizao cultural pode
tambm ser uma via de atuao promovendo a sade e a defesa dos consumidores, a
preservao e melhoria do meio ambiente, e ainda, a educao para a ocupao dos
tempos livres e o desenvolvimento dos meios de comunicao social.
A animao comunitria pode tornar-se, deste modo, num instrumento
importante para o exerccio da participao e motivao das pessoas na vida da
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24
comunidade onde se inserem, agindo de forma integrada sobre a realidade local,
fortalecendo a coeso social, o sentimento de pertena e a sua identidade.
Porm, a multiplicidade dos sinais de excluso social devem ser contrariados
pela construo de processos que tornem os atores locais como protagonistas capazes de
identificar e encontrar solues para os seus problemas.
O desafio nesta rea passa tambm por reconhecer as fragilidades do sistema
educativo, que no pode tudo resolver atravs do alargamento da escolaridade
obrigatria, estimulando-se o investimento em novos projetos de educao no formal
ou informal, ao ritmo das exigncias sociais locais.
A animao comunitria aparece assim, como uma forma de educao no
formal, aberta, centrada nos interesses e necessidades das comunidades. Pode ser
encarada como uma ao de grande valor pedaggico que visa despertar a tomada de
conscincia de cada ser humano, contribuindo para o reconhecimento das condies
necessrias atualizao das suas potencialidades e dos mecanismos que impedem ou
facilitam essa realizao.
Por outro lado parece-nos que a vida democrtica exige um esforo educativo
adicional que apele a uma interveno cvica acrescida numa realidade cada vez mais
complexa. A formao para a cidadania surge assim como uma preocupao que
deveria estar generalizada em todos ns, consciencializando os cidados dos seus
direitos mas tambm dos seus deveres, para uma participao mais ativa das populaes
no processo de desenvolvimento das suas comunidades.
O sistema educativo deveria estar tambm, quanto a ns, mais atento ao
desenvolvimento pessoal e aquisio de capacidade crtica dentro num quadro de
educao no formal, que privilegiasse, por exemplo, a educao de adultos e a
formao de jovens adolescentes com dificuldades de insero escolar, em particular.
Como refere Nunes (2000) a animao comunitria projeta e realiza um conjunto
de atividades que visam o crescimento endgeno global e integrado da sociedade tendo
por base iniciativas que destacam o protagonismo das pessoas no desenvolvimento das
suas prprias comunidades.
Consideramos, na sequncia do que acabamos de expor que esta rea tem
justificadamente grande relevncia e reconhecimento a nvel social, acentuando-se cada
vez mais como um domnio de trabalho alargado e heterogneo, distribudo por
diferentes modalidades de interveno, com origem nas iniciativas de inmeras
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instituies sociais, com distintos graus de institucionalizao e pela participao de
animadores com uma formao diversificada e enriquecedora.
1.3. Educao e animao artstica
Para definir arte, como referiu Abel Salazar (1922), seria preciso primeiro
definir vida, o que significaria dizer que seria impossvel definir arte.
O conceito de arte deriva do latim art, que significa tcnica ou habilidade, sendo
entendido como uma atividade humana ligada as manifestaes de ordem esttica, ou
seja, a criao humana com valores estticos (beleza, equilbrio, harmonia, revolta) que
condensam as suas emoes, a sua histria, os seus sentimentos e a sua cultura.
Pode ser considerada a linguagem das emoes procurando transmitir algo que
no se decifra com palavras ou pensamentos.
Segundo Crespi (1997), a arte apresenta-se sob vrias formas, as artes figurativas
exprimem-se atravs de imagens, como a dana, a escultura, a pintura, a fotografia, a
arquitetura e o cinema. Enquanto a literatura, considerada tambm uma forma de arte,
exprime-se atravs da palavra falada e escrita, compreendendo as diferentes formas de
poesia, a narrativa e o teatro, como expresso atravs dos sons nas suas diferentes
formas.
Estas formas de expresso transportam nas imagens, nos sons, na linguagem e no
prprio movimento a complexidade da experincia vivida como forma de expresso
para demonstrar (exprimir, descarregar, purgar) identificando emoes (sentimentos,
afetos, paixes).
A arte, que na opinio de Jos Rgio (1964), a mais completa expresso que o
homem d de si pode ser considerada como uma linguagem e como comunicao,
assim a linguagem das emoes de algo que no se consegue comunicar atravs de
palavras.
Outro aspeto fundamental a relao da arte com a cultura, sendo produto e
responsabilidade de toda a comunidade, a arte tem de ser fruda, sentida e vivida por
todas as pessoas, no podendo existir um verdadeiro desenvolvimento, nem uma
melhoria da qualidade de vida sem o desenvolvimento cultural.
A fruio artstica est tambm ligada atividade ldica, como algo que d prazer
como o jogo, como referia Schiller (1795), ao considerar o jogo identificado com a arte
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como a essncia do humano. Neste sentido poderamos dizer, como Durkheim (1949),
que a arte se aproxima do brincar, no sendo propriamente encarada como trabalho, mas
antes como uma distrao, como uma necessidade de manifestar a atividade humana
sem objetivo, s pelo prazer de a distribuir.
A educao pela arte, de acordo com Read (1958), procurou associar a criao
artstica formao da pessoa defendendo que esse trabalho deveria inicia-se na escola
com os mais pequenos. A imaginao revelada como um fator que reconcilia os
aspetos subjetivos com a beleza objetiva, sendo considerado pelo mesmo autor, que
somos dotados de um esprito que no se satisfaz com uma atividade circunscrita mas
que deseja criar e aventurar-se mais para alm do que lhe do.
Neste sentido a criatividade tem um papel preponderante pois, partindo de ideias e
conceitos j existentes, caracteriza-se pela aquisio de novas combinaes que se
podem aplicar na resoluo de problemas, com a obteno de resultados com valor para
o indivduo e para a sociedade, podendo ser valorizada, tanto no sentido esttico, como
pela distino atravs da construo de novos padres de significado em relao s
ideias mais convencionais (Navega 2000).
A educao artstica, na sequncia do que temos vindo a referir, tem como
finalidade essencial o desenvolvimento integral e harmonioso do indivduo conjugando
as dimenses biolgicas, afetivas, cognitivas, sociais e motoras da personalidade de
forma integrada e atribuindo a cada uma delas o mesmo grau de importncia. Barret e
Landier (1991) defendem que as atividades artsticas favorecem a expresso e a
comunicao, assumindo o corpo nessa correspondncia, um papel preponderante.
Autores como Sokolov (1975), Coopersimth (1976) e Harter (1978),
encontraram na educao artstica aspetos que tm uma relao significativa com o
aumento de autoestima, auto-perceo e auto-realizao, atribuindo-lhes um papel
preponderante na motivao das crianas para as atividades letivas e como ajuda
inestimvel na conquista do sucesso escolar.
A Conferncia Mundial sobre Educao Artstica, realizada pela UNESCO em
Lisboa (2006), veio salientar a importncia desta rea para a formao do indivduo,
tendo publicado no documento Roteiro para a Educao Artstica um conjunto de
recomendaes, em que se destaca a criatividade e a conscincia cultural, como
componentes essenciais de uma formao que conduz ao pleno desenvolvimento do
indivduo, sendo necessria a sua incluso em contextos de aprendizagem para melhoria
da qualidade da educao.
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A educao artstica assim, um elemento essencial da construo do eu e da
troca com o outro, ela permite a descoberta da prpria identidade e favorece a relao
com o mundo, sendo um instrumento privilegiado para a integrao das comunidades
imigrantes, dos grupos culturais minoritrios ou das pessoas portadoras de deficincia.
A legislao portuguesa, de acordo com a Lei de Bases do Sistema Educativo
(Lei 46/86 de 14 de Outubro), veio considerar que a educao artstica passaria a estar
integrada no ensino bsico como forma de sensibilizao para as diversas formas de
expresso esttica, esprito crtico e criatividade, reconhecendo a sua importncia na
promoo da realizao individual em harmonia com os valores da solidariedade social.
De acordo com Robinson (1982) a criatividade no uma faculdade especial de
algumas crianas, ela deve ser estimulada e desenvolvida, de forma a proporcionar
atitudes de participao ativa e inovadora face s necessidades do mundo em que vivem.
O desenvolvimento do pensamento criativo surge assim como pea fundamental
visto que, num mundo em mudana, preciso estar constantemente disponvel perante
novas situaes que exigem respostas divergentes (Aguirred 2005: 173). Tanto o
pensamento como a explorao do corpo devem agir em simultneo, experimentando
diferentes formas artsticas onde se incluem as artes-plsticas, a msica, a dana e o
teatro, experimentao essa que pode ser valorizada atravs de trabalhos integrados que
estabeleam uma relao entre eles.
1.4. Expresso dramtica como linguagem artstica
Um dos aspetos que sobressai da infncia a relao ldica com a realidade. O
jogo dramtico disso um exemplo, a criana vive um mundo diferente usando a
imaginao para representar algo atravs das suas aes.
Representar o que se cria uma parte importante do jogo dramtico, que se
diferencia das outras brincadeiras, pela sua organizao estruturada. Plato insistia que
as lies tomassem a forma de jogo, pois isso ajudaria os pais a ver quais eram as
aptides naturais dos seus filhos.
O jogo pode ser definido, segundo Kamii, como sendo () um conjunto de
atividades s quais o organismo se entrega, principalmente pelo prazer da prpria
atividade( Kamii 1996: 27).
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O seu carter ldico responde s necessidades primordiais do ser humano a
exteriorizao de si no contexto de comunicao e da busca do prazer na construo da
aprendizagem.
Leon Chancerel (1936) afirma que os jogos dramticos so para as crianas um
meio de exteriorizao, pelo movimento e pela voz, dos seus sentimentos profundos e
das suas observaes pessoais aumentando os seus desejos e possibilidades de
expresso.
No jogo do faz-de-conta a criana dedica-se inteiramente a uma atividade,
conquistando a sua autonomia e formando o seu carater atravs das vivncias de fices,
desenvolvendo esquemas prticos que sero necessrios para o seu desenvolvimento.
Sendo ao mesmo tempo atora e espetadora a criana observa a expresso dos outros e
exprime-se at se sentir capaz de atuar em conjunto com eles, no temendo integrar-se
no jogo coletivo.
As aes dramticas so o espelho das aes da vida real. So uma oportunidade
da criana comunicar e experimentar-se com outros, perdendo timidez e o desejo de ser
admirada, o que requer, como referia Piaget (1997), a necessidade de proporcionar aos
mais pequenos os meios para que o real seja assimilado e compreendido, evitando a
mera imitao.
Os jogos dramticos tm particularidades que os distinguem dos outros jogos, so
uma forma de desenvolvimento da criatividade, de explorao do mundo envolvente e
do relacionamento entre intervenientes nas atividades, gerando ideias individualmente e
em grupo.
Nesse sentido, ao trabalhar a imaginao desenvolve-se a personalidade, processo
que acompanhado pelo enriquecimento da expresso oral e fsica, que se manifesta
atravs da representao com a aprendizagem de novas palavras e com diferentes modos
de falar e comunicar.
Mas sobretudo, a expresso ou a capacidade expressiva da criana que
destacada por alguns autores. Aristteles, citado por Sousa (2003) designa a expresso
como katharsis (catarse, sada, alvio, purificao) e associa-a s exteriorizaes
psquicas que uma ao desenrolada num palco provoca nas pessoas que assistem.
Sousa (2003) recorre tambm a Freud, para explicar o significado de expresso e
da energia libertada pela catarse fazendo a comparao com um rio de grande caudal
que brota continuamente de uma fonte situada no inconsciente e que, como todos os
rios, procura o caminho para desaguar no mar (a expresso), fazendo parte do seu
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percurso natural pelo leito os bloqueios (frustraes e conflitos), que causam problemas
de expresso (agressividade), que encontram na energia a possibilidade de os ultrapassar
e eliminar.
No caso da expresso dramtica, rea que faz parte essencial do nosso trabalho,
a natureza do jogo e da expresso est intimamente ligada com o drama, o teatro, a
improvisao e representao de papis. Por um lado, na definio clssica, expresso
tem a sua origem no verbo latino exprimere, que significa fazer sair, revelar-se,
manifestar-se ou exteriorizar, enquanto que, a palavra dramtico teve origem no termo
grego drama, que significa ao.
A expresso dramtica consiste ento na expresso de sentimentos e ideias, num
contexto de jogo que usa a linguagem especfica da ao (dramtica) para dar forma
comunicao.
Segundo Ryngaert (1981), a linguagem dramtica constituda pelos elementos
voz, espao, corpo, tempo, texto e situao dramtica. A utilizao destes elementos
permite a quem joga, comunicar com os outros atravs de papis, expressando-se pela
criao com a produo de uma fico. A reflexo sobre as emoes e a interpretao
do mundo fazem tambm parte deste tipo de atividades.
Como refere Sousa a dimenso conceptual da expresso dramtica, por to
vasta, hoje indiferentemente aplicada, quer se referindo a metodologia educativa,
tcnica de ensino ou a disciplina curricular de curso de formao de atores (2003: 21) .
Read (1943) considera esta rea como um dos melhores mtodos educativos,
fundamental em todos os estdios da educao, pois as suas atividades permitem
compreender e coordenar todas as outras formas de educao pela arte.
A expresso dramtica, segundo Melo (2005), pode traduzir-se como estratgia
de criao numa melhor compreenso das temticas de natureza social, mobilizando os
intervenientes, atravs dos quadros de referncia do passado, para a compreenso e
resoluo dos problemas que a modernidade apresenta.
Como refere Leenhardt so os meios de expresso-oral e corporal to
descuidados e contudo to indispensveis vida adulta () que constituem o principal
benefcio da prtica do jogo dramtico (Leenhardt 1997: 27).
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1.5. Pobreza, marginalizao e excluso social
A pobreza e a excluso social engloba todos aqueles que, como refere Sheppard
(2006), esto numa situao de carncias mltiplas, de desemprego, que se encontram
privados dos seus direitos como cidados e margem dos laos sociais.
De uma forma geral, a excluso social pode considerar-se como uma fase
extrema do processo de marginalizao, entendido como um percurso descendente, ao
longo do qual se verificam sucessivas ruturas do indivduo na sua relao com a
sociedade.
Crucial no processo de marginalizao o afastamento do mercado de trabalho,
atravs do desemprego, com todas as implicaes de carter econmico, social e
cultural que lhe esto associadas, o se pode verificar tambm com os pequenos
agricultores e camponeses, trabalhadores desqualificados ou com empregos precrios.
Podem ento identificar-se tipos de excluso que se relacionam com os aspetos
econmicos, sociais, culturais e patolgicos. Quanto ao primeiro, como j referimos,
surge relacionado com os baixos nveis de instruo e qualificao profissional, com
empregos precrios e instveis, sem contrato e mal renumerados, o que predomina, por
exemplo, na economia informal.
A nvel social, como o prprio nome indica, a causa de excluso situa-se no
domnio dos laos sociais. Carateriza-se pelo isolamento, por vezes associado falta de
autossuficincia e autonomia pessoal, como acontece com os idosos, os doentes
crnicos e os deficientes.
Os fenmenos de excluso cultural esto relacionados com o racismo, a
xenofobia ou certas formas de nacionalismo enquanto os de tipo patolgico referem-se a
problemas de natureza psicolgica ou mental, muitas vezes relacionados com
comportamentos desviantes como a toxicodependncia, o alcoolismo ou a prostituio.
Deve-se a Durkheim (1995) a criao, neste domnio, do conceito de anomia e
que designa um estado do indivduo caraterizado pela falta de objetivos e pela perda de
identidade, o que acontece quando as normas de conduta estabelecidas como regras pela
sociedade para alcanar metas sociais no esto devidamente integradas.
Segundo o mesmo autor, este estado em grande medida originado pelas
intensas transformaes econmicas e polticas que ocorrem nas sociedades modernas
onde o progresso constitui uma ameaa s estruturas ticas e sociais.
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Nesse sentido a excluso social, manifesta-se nas vrias dimenses da vida do
indivduo ao nvel do:
SER, ou seja de personalidade, de dignidade da autoestima e do auto-
reconhecimento individual;
ESTAR, ou seja, das redes de pertena social desde a famlia s redes de
vizinhana, aos grupos de convvio e de interao social e sociedade
em geral;
FAZER, ou seja das tarefas realizadas e socialmente reconhecidas, quer
sob a forma de emprego remunerado, quer sob a forma de trabalho
voluntrio;
CRIAR, ou seja a capacidade de empreender, de assumir iniciativas, de
definir e concretizar projetos, de inventar e criar aes, quaisquer que
elas sejam;
SABER, ou seja do acesso informao necessria tomada de
decises e da capacidade crtica face sociedade e ao ambiente
envolvente;
TER, ou seja do rendimento, do poder de compra, do acesso a nveis de
consumo mdio da sociedade, da capacidade aquisitiva.
Como temos vindo a referir, a excluso social uma situao de no realizao
de algumas ou de todas estas dimenses, apresentando-se como um fenmeno social e
no apenas individual. A conscincia deste processo implica que as modalidades de
interveno para a insero atuem junto do individuo para o integrar, mas tambm,
preparando a sociedade para o acolher.
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CAPTULO II CARATERIZAO DO CONTEXTO DE ESTUDO
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2. Caraterizao da rea de interveno
O presente estudo desenrolou-se no espao de Apoio ao Realojamento da
Urbanizao Quinta de Laes, como j foi referido anteriormente, pelo que, ser
necessrio proceder a uma caracterizao do contexto geogrfico e socioeconmico do
local onde se desenrolou a ao para entendermos mais aprofundadamente os
comportamentos e atitudes manifestadas pelos sujeitos implicados neste trabalho.
Posteriormente trataremos mais detalhadamente o plano de ao social deste
municpio, os seus recursos, servios e parcerias nas diferentes reas de interveno,
com particular destaque para o Projeto Solis, mais concretamente no que respeita ao
de Apoio ao Realojamento na Urbanizao da Quinta de Laes.
2.1. Caraterizao geogrfica e sociocultural
O municpio de Oliveira de Azemis com uma populao aproximada de setenta
mil habitantes, distribuda por 19 de freguesias, est situado na zona norte do pas sendo
um dos concelhos do distrito de Aveiro. Servido por inmeras redes de comunicao
est circunscrito a nordeste pelo municpio de Arouca, a este por Vale de Cambra e
Sever do Vouga, a sul por Albergaria-a-velha, a oeste por Estarreja e Ovar e a noroeste
por So Joo da Madeira e Santa Maria da Feira.
Esta regio tem sofrido ao longo dos tempos sucessivas alteraes da densidade
populacional como se pode verificar na Tabela 1.
Populao do concelho de Oliveira de Azemis (1801 2011)
1801 1849 1900 1930 1960 1981 1991 2001 2011
16 943 16 899 29 506 33 072 46 263 62 821 66 846 70 721 68 825
Tabela. 1 Variao da populao do concelho de OAZ Fonte: Wikipdia
A zona central e as freguesias da zona norte e nordeste so aquelas que tm
sofrido um maior acrscimo de populao, principalmente nas 5 freguesias consideradas
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como urbanas e onde se concentram mais de 50% da populao do Concelho, num
corredor espacial que se distribui entre as cidades de Oliveira de Azemis e de So Joo
da Madeira.
Com uma intensa atividade cultural, dinamizada em grande parte por cerca de
duas centenas de Associaes este concelho tem nos eventos Ciclo da Primavera e
Mercado Moda Antiga dois acontecimentos que atraem ao centro da cidade milhares
de pessoas. A Feira do Livro, o Festival da Juventude, o teatro, as exposies e
espetculos varia, o ndole e completam o leque de propostas ao longo do ano.
No que diz respeito terceira idade, destacam-se inmeras atividades recreativas
e culturais, nomeadamente a Festa Snior, a celebrao do Dia Internacional do Idoso,
os Encontros Interinstitucionais, as Olimpadas Snior e os encontros desportivos.
A msica e em particular o folclore, fazem parte das tradies culturais desta
regio, sendo as festas de Nossa Senhora de La-Salette realizadas todos os anos no
primeiro domingo de agosto, sendo a que tem a maior adeso popular.
Relativamente ao emprego este concelho, bastante industrializado e com
vocao exportadora, concentra a sua atividade econmica principalmente nos setores
do calado, metalurgia, metalomecnica e agroalimentar, enquanto o setor primrio
aquele que emprega uma reduzida parte da populao sendo o desemprego bastante
reduzido em comparao com as mdias nacionais.
2.2. Rede social e projetos de interveno
A rea de ao social do Municpio de Oliveira de Azemis, depende da Diviso
de Ao Social (DAS) tendo esta por funo informar e encaminhar as pessoas para
recursos locais que possam dar resposta aos problemas apresentados, prevenir e criar
respostas concretas a problemas especficos, reabilitar/reinserir as pessoas, famlias e
grupos com problemas e ainda, entre outros, o estudo e identificao de causas da
marginalidade e delinquncia, propondo e desenvolvendo servios sociais de apoio.
Este concelho tem ao seu dispor na rea da infncia e juventude 14 valncias de
creche, 15 de atividades de tempos livres (ATL), 14 valncias do ensino pr-escolar, 1
lar de menores, 1 estabelecimento de educao especial (rea da deficincia), 1 valncia
de formao profissional (rea da deficincia), 1 estabelecimento de ensino pr-
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profissional (rea da deficincia) e 1 valncia de atividades ocupacionais (CAO) na rea
da deficincia.
Relativamente aos equipamentos de apoio a idosos, a maioria das instituies
oferece o servio de Centro de Dia (11) e Servio de Apoio Domicilirio (10). A
valncia de Lar a menos oferecida contando apenas com 5 em todo o concelho.
Existe uma instituio direcionada para o apoio populao portadora de
deficincia, designada por CERCIAZ, estando o seu mbito de atendimento direcionado
para aquelas que se referem aos problemas de natureza intelectual, de audio,
deficincia orgnica ou multideficincia.
A ao social, tem sido considerada como uma rea de interveno prioritria e
em desenvolvimento, visando essencialmente, contribuir de forma ativa para a criao
de um ambiente social saudvel, caraterizado pela solidariedade e minimizao de
carncias dos grupos sociais mais desfavorecidos.
Tem sido prtica do setor de ao social principalmente:
Efetuar estudos que detenham as carncias sociais da comunidade e de grupo
sociais especficos;
Estudar e identificar as causas da marginalidade e delinquncia especficas ou de
maior relevo na rea do municpio, propondo medidas adequadas com vista
sua eliminao;
Desenvolver aes de apoio a grupos de indivduos especficos, s famlias e
comunidade, no sentido de desenvolver o bem-estar social;
Desenvolver e implementar aes de apoio infncia e terceira idade de forma
a melhorar o seu bem-estar;
Acionar todos os mecanismos e recursos disponveis com fim de minimizar a
pobreza e excluso social;
Avaliar e definir estratgias interventivas;
Potenciar agentes e iniciativas de desenvolvimento social local.
Nesta rea, verificou-se no diagnstico social de 2008, que a falta de
equipamentos de apoio populao idosa um problema sentido de igual forma em
todas as freguesias do concelho e que afeta sobretudo aqueles que esto mais
dependentes, o que implica a criao de equipamentos diferenciados, como por
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exemplo, centros de noite, centro de convvio ou servios de apoio domicilirio
integrado.
Todas estas modalidades de interveno fazem parte da Rede Social (Resoluo
do Conselho de Ministros n 197/97), definida como um frum de articulao e
congregao de esforos por parte das entidades pblicas ou privadas, sem fins
lucrativos, para erradicar ou atenuar os fenmenos de pobreza e excluso, contribuindo
para promoo do desenvolvimento social.
Esta abordagem da interveno social baseia-se num trabalho planeado, feito em
parceria, visando racionalizar e trazer maior eficcia ao das entidades pblicas e
privadas que atuam numa mesma unidade territorial, encontrando solues para os
problemas locais, de forma integrada e ajustada s necessidades das populaes
abrangidas.
Deste modo a Rede Social de Oliveira de Azemis, tem promovido diversos
projetos de apoio comunidade englobando os vrios pblicos-alvo onde se incluem
para alm do Projeto Solis, aquele que nos interessa mais particularmente, o Projeto
(Re) Agir, o Projeto (Re) Aprender, o Projeto Importa Incluir, o Projeto Famlia e
Comunidade, o Projeto Soltar Amarras e o Projeto Comossela.
2.3. Projeto Solis
O Projeto Solis, surge no mbito de uma candidatura apresentada e aprovada
pelo Instituto da Segurana Social (ISS, I.P.)1. A Medida 1 abrange 4 reas de
interveno:
1. Acesso de todos os cidados abrangidos pelos projetos e aes aos servios
pblicos e divulgao dos direitos, deveres e benefcios sociais;
2. Apoio melhoria das condies de habitao e das acessibilidades;
3. Qualificao das populaes atravs da melhoria das competncias pessoais,
sociais e profissionais dos indivduos e das famlias;
4. Fomento de iniciativas econmicas de modo a promover a incluso pelo
emprego.
1 Ao abrigo da Medida 1 do Programa para a Incluso e Desenvolvimento Progride.
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Este Projeto de desenvolvimento social, tendo como Entidade Promotora a Cmara
Municipal de Oliveira de Azemis e como entidade executora a Associao Dianova
Portugal.
O projeto composto por vrias aes na rea social, que visam responder ao
levantamento de necessidades inscritas em diagnstico e complementar as aes
definidas no Plano de Desenvolvimento Social, abrangendo, designadamente, as reas
da famlia, da terceira idade, da deficincia, da criao de equipamentos e servios e da
formao/informao das populaes.
2.3.1. Plano de Desenvolvimento Social
Como pudemos analisar no documento Plano de Desenvolvimento Social
concelho local de Ao Social de Oliveira de Azemis (2006:17-34), o combate s
desigualdades sociais e s situaes de excluso exige um planeamento estratgico
numa determinada rea territorial, o que pressupe desenvolver a melhoria da qualidade
de vida da populao de acordo com 4 vertentes fundamentais:
1. Atacar as causas das situaes de disfuncionamento social;
2. Implementar novas metodologias de interveno;
3. Promover melhorias nos nveis de participao da populao;
4. Aumentar a oferta de equipamentos e respostas promotoras e preventivas
no combate pobreza e excluso social.
A partir desta linha orientadora, o plano est estruturado segundo 4 eixos
fundamentais:
EIXO I Intervir ativa e preventivamente nas disfuncionalidades familiares e
situaes vulnerveis pobreza e excluso social, ou seja, melhorar os nveis de
funcionalidade familiar e de integrao social reduzindo os dfices de
competncias a nvel pessoal e familiar. Neste eixo as intervenes esto
organizadas por 3 aes especficas: A primeira tem por objetivo geral que cerca
de 30 famlias com problemas de disfuncionalidade, com crianas at aos cinco
anos beneficiem de um acompanhamento/interveno integrada. A segunda tem
por objetivo que o conjunto de cerca de 40 agregados familiares realojados em
habitao social estejam organizados ao nvel associativo e beneficiem de
acompanhamento especfico para a melhoria dos nveis de integrao social. A
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terceira tem por objetivo que um grupo de cerca de 30 agregados familiares, em
situao de desfavorecimento social, beneficie de aes integradoras e de
promoo de competncias.
EIXO II Melhorar a qualidade de vida dos idosos, no que diz respeito s suas
necessidades essenciais, alimentao, higiene, habitao e sade. Nesse sentido,
procurou-se que as pessoas idosas a viver ss (isoladas ou em casal) e em situao
de desfavorecimento social viessem a beneficiar de apoios diversificados para a
melhoria das suas condies de vida.
EIXO III Promover o aumento de equipamentos e servios de apoio famlia e a
grupos especficos, contribuindo para uma melhoria da cobertura de equipamentos
e servios, sensibilizando e informando as diversas instituies para a criao de
mais servios, ao nvel da juventude, dos idosos, da infncia, da deficincia, da
imigrao e dos sem-abrigo.
EIXO IV Melhorar os nveis de informao e conhecimento da populao
relativamente a temticas relevantes com o objetivo de mobilizar e dinamizar a
comunidade, sendo mais participativa e informada relativamente a temticas
relevantes, nomeadamente atravs da realizao de aes de sensibilizao e
informao.
Segundo o mesmo documento, estes eixos atravessam de forma transversal
problemticas diversificadas, sendo fundamental a sua interao, uma vez que os
problemas que afetam a populao, bem como as suas causas, no so estanques, no se
manifestam de forma isolada e exigem uma interveno multidisciplinar.
2.3.2. Durao, parcerias e equipa tcnica do projeto
O Projeto teve uma rea de interveno concelhia de um perodo de execuo de
4 anos, com incio a 1 de setembro de 2005 e termo a 31 de agosto de 2009, mas
acabando por se prolongar at junho. De facto, a equipa de trabalho encontrava-se
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formada a 1 de setembro, de modo a iniciar a planificao das aes, pois a grande
maioria delas encontra-se ainda em fase de estruturao.
O Projeto surge da conjugao de parcerias com diferentes instituies: Centro
Distrital de Segurana Social de Aveiro; Hospital de S. Miguel; Centro de Sade de
Oliveira de Azemis; Instituto de Emprego e Formao Profissional Centro de
Formao Profissional de Rio Meo; Cruz Vermelha Portuguesa Ncleo de Cucujes;
Centro Social Dra. Leonilda Aurora da Silva Matos Fajes; Guarda Nacional
Republicana; Santa Casa da Misericrdia de Oliveira de Azemis; Centro de Apoio
Familiar Pinto de Carvalho; Cmara Municipal de Oliveira de Azemis.
A equipa tcnica do projeto constituda por 1 Coordenador Tcnico formado
em Poltica Social, 1 Jurista, 1 Tcnico Superior de Servio Social, 1 Tcnico de
servios Gerais e 1 Administrativo. O Tcnico Superior de Servio Social desenvolve o
seu trabalho mais centrado numa ao em particular, a ao 5, ficando responsvel pela
elaborao dos planos integrados das diferentes famlias, levantamento de dados e
coordenao das aes no meio em que iro decorrer. Os outros quatro elementos
formam um grupo mais coeso e dinmico, organizando e delineando estratgias de
divulgao e implementao para as restantes aes do Projeto.
2.3.3. Aes do projeto
O projeto engloba um conjunto diversificado de aes num total de 12. As
primeiras quatro e a ao 12 esto inscritas na rea de interveno 1 (acesso de todos os
cidados abrangidos pelos projetos e aes aos servios pblicos e divulgao dos
direitos, deveres e benefcios sociais).
A primeira ao tem como propsito a implementao de um Centro de
Alojamento Temporrio (CAT), destinado populao flutuante, famlias desalojadas e
outros grupos em situao de emergncia social. Este Centro iniciou oficialmente o seu
funcionamento em maro de 2006. A par do acompanhamento aos indivduos,
desenvolvido pelo Assistente Social do CAT e pela Psicloga, est a ser realizado um
trabalho de divulgao do programa, no sentido de albergar mulheres vtimas de
violncia domstica, podendo acolher tambm os seus filhos.
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40
A ao 2 prev a implementao do Banco Local de Voluntariado do Concelho
de Oliveira de Azemis, de forma a habilitar pessoas interessadas em apoiar atividades
de mbito social.
A ao 3 prev a criao do Servio Itinerante de Atendimento Jurdico na rea
da famlia, de modo a responder s situaes de violncia domstica, dotando os seus
destinatrios de informao necessria tomada de decises conscientes e autnomas
que lhes permitam melhores nveis de informao sobre direitos e deveres de cidadania.
A ao 4 passa pela implementao de um servio de Apoio Domicilirio para
pequenas reparaes domsticas, a Ajuda Lar, como resposta s necessidades de
melhoria do nvel habitacional da populao idosa.
A ao 12 relaciona-se com a dinamizao de aes de Animao Sociocultural,
com vista realizao de atividades diversificadas de cariz ldico, ocupacional,
recreativo e desportivo, destinadas ao fortalecimento das relaes humanas, descoberta
de aptides e participao do pblico alvo na organizao das iniciativas.
Na rea de Interveno 2 (apoio requalificao dos espaos, proteo
ambiental, melhoria das condies de habitao e das acessibilidades) podem
encontrar-se as aes 5, 6 e 7.
Deste modo, a ao 5, relacionada com o Apoio ao Realojamento na
Urbanizao Quinta de Laes, tem como destinatrios as famlias realojadas em
habitao social e destina-se a promover a realizao de cursos de qualificao
complementada com o apoio social integrado, dinamizao de sesses de informao e
formao em diferentes reas, o que contempla tambm a constituio de uma
associao de moradores.
A ao 6 relaciona-se com a Reabilitao Habitacional, atravs da realizao de
obras de melhoria habitacional para a populao idosa e populao portadora de
deficincia.
A ao 7 visa a melhoria das instalaes da Dianova para o funcionamento do
Centro de Alojamento Temporrio.
Na rea de interveno 3 (qualificao das populaes atravs da melhoria das
competncias pessoais, sociais e profissionais dos indivduos e famlias) encontram-se
mais trs aes, isto , as aes 8, 9 e 10.
A ao 8 relaciona-se com a realizao de Aes de Sensibilizao/
Informao/Formao nas reas da sade, procurando realizar programas especficos de
melhoria dos nveis de informao, participao e incluso social.
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A ao 9 passa pela implementao de um Curso de Qualificao na rea do
Apoio Familiar e Apoio Comunidade, com a finalidade de dotar as pessoas de uma
qualificao de nvel 2 inserindo-as na vida ativa.
A ao 10 pretende implementar um Curso de Qualificao na rea da
Jardinagem e Espaos Verdes, dotando os interessados de uma qualificao de nvel 2
com vista sua integrao no mercado de trabalho.
A rea de interveno 4 (fomento de iniciativas econmicas das populaes de
modo a promover a incluso pelo emprego e a fixao das populaes) conta com a
ao 11, que passa pela Implementao de uma Empresa de Insero na rea dos
Servios Domsticos, de modo a aumentar os nveis de competncias pessoais e
socioprofissionais que melhorem as condies de empregabilidade para os grupos mais
desfavorecidos.
2.3.4. Apoio ao realojamento na Urbanizao Quinta de Laes
Este trabalho foi desenvolvido no mbito da ao 5, designado como programa
de Apoio ao Realojamento Social na Urbanizao Quinta de Laes, e contemplou
atividades diversificadas como a instalao e funcionamento de um gabinete de apoio e
acompanhamento social, a realizao de cursos de promoo de competncias, o apoio
ao associativismo e iniciativas na rea da animao sociocultural.
A Urbanizao Quinta de Laes constituda por 5 Blocos de habitao social
e encontra-se integrada num conjunto de residncias que foram vendidos a preos
controlados.
Tendo por base, os acordos de colaborao um primeiro acordo estabelecia a
construo de 78 fogos em situao de realojamento social. Esto apenas concretizados
40, que resultaram de duas fases: 16 em 2002, que correspondem aos Blocos B3 e B4, e
24 em 2003, composta pelos Blocos B5, B6 e B7. Com o Programa Prohabita, que
pretendia eliminar as barracas, similares (pr-fabricados) e habitaes com falta de
infraestruturas e segurana, surgiu um segundo acordo para a construo de 95 fogos
mas ainda sem especificaes definidas de localizao.
De uma forma geral, todas as aes mencionadas esto interligadas entre si
trabalhando em conjunto ou completando o trabalho das outras.
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2.3.5. Meio envolvente
Os blocos de habitao social, de construo recente, so aqueles que se
encontram em melhor estado de conservao, o que no se verifica com a conservao
dos prdios mais antigos nomeadamente ao nvel da pintura exterior.
possvel distinguir os blocos de habitao social dos restantes. Existe uma
diferenciao que visvel na utilizao que os moradores do s suas varandas,
enquanto que dos Blocos B3 ao B7 se verifica uma certa desorganizao, com muita
roupa estendida e amontoada, nos restantes encontramos um maior cuidado na
preservao das habitaes, com a colocao, por exemplo, de plantas ornamentais nas
suas fachadas.
Ao nvel de infraestruturas de apoio esta urbanizao est servida pela ajuda
populao portadora de deficincia (CERCIAZ), pelas foras de segurana (GNR), a
Escola EB 3/Secundria Ferreira de Castro, uma Escola Primria, o Centro de Apoio
Familiar Pinto de Carvalho, que conta com a valncia de Centro de Acolhimento
Temporrio para raparigas e rapazes dos 5 aos 12 anos, a valncia de Creche, Infantrio,
ATL e Lar Feminino de Menores, para raparigas dos 12 aos 18 anos. Esta zona vir
tambm a ser abrangida pelo novo Centro de Sade que se encontra em fase de
construo.
Este conjunto de infraestruturas favoreceu a abertura dos blocos de habitao
social, integrando as crianas na comunidade e criando disponibilidade para os adultos
participarem ativamente nos projetos desenvolvidos na sua rea de residncia.
2.3.6. Diagnstico social
No diagnstico social realizado pela Tcnica Superior de Servio Social,
responsvel pela Equipa da Habitao, verifica-se que as pessoas gostam de viver no
bairro pelo facto de ser essa a sua residncia, mas um nmero significativo delas
manifesta-se insatisfeito com a falta de cumprimento das regras de condomnio.
Em relao s infraestruturas que gostariam de ver implementadas na
urbanizao aparece referida a ocupao de tempos livres e o apoio educativo, enquanto
que, relativamente oferta formativa se destaca o interesse pelos cursos ocupacionais de
artes e ofcios, informtica e cidadania. O interesse por temas como hbitos de higiene,
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alcoolismo, violncia domstica, hbitos alimentares e toxicodependncia, ficou
tambm demonstrado nesse estudo.
No diagnstico social, referido que a Urbanizao Quinta de Laes rene 39
famlias, num total de 144 pessoas. Predominam os agregados com 4 pessoas. Nesta
populao existe uma variedade de tipos de famlias, sendo a de tipo nuclear aquela que
predominante com uma representao de 63%, seguem-se as de tipo extensa e
monoparental com a mesma representao de 13%, as reconstrudas com 5% e as
alargadas e unipessoais com 3% cada. Em termos de idades referido neste documento
que se trata de uma populao jovem sendo predominante aquela que tem menos de 19
anos com 41,4%, enquanto os residentes com idade superior a 60 anos representam
apenas 8.3%, o que significa que mais de 50% da populao se encontra em idade ativa.
relevante a percentagem de populao inativa abrangendo mais de metade da mesma
com 71%. O maior nmero de situaes de inatividade est relacionado com o
desemprego, seguindo-se os problemas de invalidez e a aposentao. A populao, no
seu conjunto, tem problemas relacionados com o analfabetismo, o abandono precoce da
escola e o insucesso escolar. A participao social da populao em atividades no
exterior muito reduzida.
So ainda registados problemas de competncias pessoais, familiares/parentais e
sociais, falta de formao acadmica e dificuldades associados falta de hbitos de
trabalho e comportamentos aditivos. Consequentemente, verificam-se situaes de
disfuncionalidade, desorganizao e m gesto familiar, conflitos de vizinhana com a
ausncia de normas bsicas de convivncia social e uma manifesta resistncia
mudana.
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III - METODOLOGIA
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3. Caracterizao do estudo e apresentao do problema
O presente trabalho de projeto tem como tema principal a influncia da
expresso dramtica na qualidade de vida das crianas, estudo esse que vem de encontro
aos fenmenos de excluso social que se verificam na populao j identificada. A
nossa ao desenvolveu-se no mbito do Projeto SOLIS, como estrutura de apoio ao
realojamento da populao.
medida que nos fomos integrando nessa realidade, constituda essencialmente
por famlias desfavorecidas, verificmos que um dos aspetos que requeria mais ateno
era precisamente a falta de qualidade de vida das crianas, manifestando muitas delas
uma deficiente autoestima, acompanhada por dificuldades de expresso e de
comunicao que acabavam por conduzir ao insucesso escolar.
A famlia tem um papel indispensvel na sociedade, constituindo-se como uma
instituio nuclear que desempenha um papel fundamental na socializao da criana,
promove junto dela a interiorizao de um conjunto de valores, a construo de uma
srie de expectativas, a estruturao de formas de pensamento, a incorporao de
normas de comportamento e desenvolvimento que garantem a sua integrao no todo
social.
Relativamente Urbanizao da Quinta de Laes, verifica-se que grande parte
das famlias manifestam problemas de disfuncionalidade e desagregao, o que se
reflete nas carncias evidenciadas pelas crianas nas suas competncias, visto que os
aspetos normalmente associados ao seu desenvolvimento no se encontram
salvaguardados.
A compreenso desta realidade passa por entender, Campos afirma, que a
excluso social um fenmeno transdisciplinar que diz respeito no s ao acesso a bens
de servios bsicos como existncia de restries ao nvel dos direitos humanos.
(Campos 2004:33)
Seguindo esta ordem de ideias o problema que nos propusemos investigar tem
como ponto de partida a interferncia da excluso social na qualidade de vida das
crianas, tendo a nossa ao sido orientada no sentido de contribuir, atravs das prticas
artsticas de expresso dramtica, para a melhoria da integrao e socializao das
crianas dessa comunidade e do seu desenvolvimento em particular.
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A possibilidade de valorizar a vida das crianas, constitui o centro das nossas
preocupaes tendo a nossa ao sido dirigida para responder, por um lado, s
limitaes que encontrmos, e por outro, aprofundar o conhecimento to necessrio
nossa formao no campo das artes.
3.1. Objetivos do estudo
Com a implementao deste projeto, foi nossa inteno propiciar momentos de
aprendizagem, atravs da experimentao de atividades de expresso/comunicao, que
fizessem apelo criatividade e estimulasse as relaes com os elementos do grupo e
com a comunidade.
Desse modo, tendo sempre em considerao a opinio dos participantes,
procurmos compreender, atravs das suas reflexes de que forma a Animao Artstica
e em particular a Expresso Dramtica, podiam contribuir para a qualidade de vida das
crianas desta comunidade.
Nesse sentido procedemos planificao de atividades dramticas que foram
desenvolvidas no Espao Inter, de acordo com as seguintes finalidades:
Ob1 Aplicar a Expresso Dramtica como via de desenvolvimento intelectual,
pessoal e afetivo das crianas intervenientes neste processo;
Ob2 Contribuir para o aumento dos sentimentos de autoestima, bem-estar e
estmulo das relaes de confiana;
Ob3 Estabelecer relaes de proximidade com a comunidade local atravs de
apresentaes pblicas;
Ob4 Questionar a realidade a partir de improvisaes tendo como suporte as
vivncias pessoais, a observao e interpretao do mundo, e os conhecimentos do
prprio grupo.
O estudo foi realizado com 16 crianas, 10 do gnero feminino e 6 do gnero
masculino, e com idades compreendidas entre os 7 e os 16 anos, todas elas integradas
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no programa de Apoio ao Realojamento Social na Urbanizao Social de Quinta de
Laes.
3.2. Metodologia
Nesse sentido e de acordo com a identificao do contexto da nossa interveno,
considermos que a metodologia de investigao qualitativa seria aquela que estaria
mais adequada essncia do nosso trabalho, visto estar associada descrio,
compreenso e interpretao de fenmenos sociais.
A opo pelo estudo de caso foi aquela que nos pareceu estar mais prxima do
objetivo de estudo, pois prendia-se com o interesse em conhecer e descrever prticas e
concees pessoais, de forma a compreender o processo pelo qual os intervenientes
constroem significados e em que consistem esses mesmos significados, de acordo com
Bogdan e Biklen (1994: 70).
Apesar do padro qualitativo ser dominante tambm recorremos aos aspetos
quantitativos para fundamentar as interpretaes, explicaes e procedimentos, que
envolveram estas crianas ao longo desse processo.
Embora a anlise dos dados das investigaes qualitativas seja essencialmente
de carter descritivo e interpretativo, nada obsta utilizao de tcnicas quantitativas de
anlise e interpretao (Figueira, 2001:344).
Merriam (1991) define estudo de caso qualitativo como sendo uma descrio e
anlise intensiva e holstica de uma nica entidade, fenmeno ou unidade social. No
entanto Yin (2005) refere que no podemos confundir o estudo de caso com a pesquisa
qualitativa, pois uma estratgia de investigao que pode incorporar tcnicas
qualitativas, quantitativas ou mistas, de acordo com a especificidade do fenmeno que
se pesquisa. O estudo de caso pode referir-se a um indivduo, a um acontecimento, a um
programa ou a uma organizao.
A sua utilizao faz sentido se pretendermos investigar relaes entre indivduos
num contexto especfico ou interaes entre participantes numa situao definida, ou
ainda, o comportamento de indivduos num contexto especfico.
Schram (1971) defende que a essncia de um estudo de caso se relaciona com o
esclarecimento de uma deciso ou um conjunto de decises, motivo pelo qual foram
tomadas, como foram implementadas e com que resultados. Deste modo o estudo de
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caso, uma abordagem metodolgica de investigao adequada compreenso,
explorao ou descrio de acontecimentos histricos e contextos complexos, em que
esto envolvidos diversos fatores.
Para vrios autores (Yin, 1994; Punch, 1998; Gomes Flores e Jimenez, 1996;
Coutinho&Chaves, 2002) o estudo de caso considerado mais uma estratgia do que
uma metodologia de investigao. Como refere Goodet&Hatt (1952) o estudo de caso
no uma metodologia especfica mas antes uma forma de organizar dados preservando
o carter nico do objeto social em estudo.
Como refere Godoy (1995), na pesquisa qualitativa o estudo de caso
corresponde a uma anlise intensa e detalhada de uma unidade de estudo o que implica
o exame do ambiente de um sujeito ou situao em particular.
Consideramos que este mtodo foi determinante para conhecer com
profundidade o nosso trabalho, visto que foram utilizados diferentes abordagens da
recolha de dados, que contemplaram a observao direta, os dirios de bordo, os
questionrios, e a consulta de documentao relacionada com este contexto em
particular.
3.2.1. Observao participante
Atravs da observao participante, procurmos proceder a uma anlise
qualitativa do contexto de estudo e entender, dada a posio particular de proximidade
com o campo de pesquisa, a complexidade da situao em que estvamos inseridos.
A importncia da observao participante salientada por Quivy e
Campenhoudt (1998) quando referem que so os nicos mtodos de investigao social
que captam os comportamentos no momento em que eles se produzem. A natureza do
nosso trabalho esteve tambm associada, para alm da integrao na ao, ao
desenvolvimento da componente reflexiva.
3.2.2. Tcnicas e instrumentos de recolha de dados
O investigador recorre a fontes mltiplas de dados e mtodos de recolha
diversificados: observao direta e indireta, registos udio e vdeo, dirios, cartas e
documentos como referem Coutinho e Chaves (2002).
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A recolha de dados neste estudo, foi realizada ao longo de vrios meses em
ambiente natural no Espao Inter.
Como observadora e investigadora, as tcnicas de recolha de dados incluram a
recolha documental, a fotografia, o vdeo, o dirio de bordo, e registos de conversas,
tanto com os sujeitos (objeto de estudo) como com a assistente social, pessoa que
conhecia melhor a sua realidade.
Com estes instrumentos procurmos colher dados que correspondam s
diretrizes que regem o estudo de caso, nomeadamente, a descrio, a reconstruo do
ocorrido e a procura de solues.
3.2.3. Inqurito por questionrio
Foram elaborados dois questionrios (apndice 2 e 14) de forma simples e
objetiva de modo a manter o interesse na sua concluso expressando-se de forma menos
comprometida.
O principal objetivo deste primeiro questionrio, foi tentar perceber se as
crianas tinham algum conhecimento sobre expresso dramtica, se j tinham
participado em atividades deste gnero e se esperavam poder desenvolver alguma
competncia pessoal. Por outro lado pretendeu-se tambm conhecer melhor a realidade
de cada criana.
Procedeu-se ento distribuio do questionrio (apndice 2) pelas 16 crianas
envolvidas tendo sido todos eles entregues depois de preenchidos.
Depois de finalizadas as atividades foi entregue um segundo questionrio com o
intuito de sabermos o seu grau de satisfao em termos pessoais e sociais com a
participao na experincia, todos eles tambm devolvidos atempadamente e em boas
condies.
3.2.4. Papel do investigador
Inicialmente, tnhamos previsto dirigir a nossa investigao para o grupo Nariz
Vermelho que desenvolve o seu trabal